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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2015 • DE 15/10 A 28/10
ENTREVISTA
“Tem que tentar controlar o emocional. Confiar em você mesmo faz muita diferença.” Anne Catherine Oliveira Almeida entrou em Administração na FEA-USP. No cursinho ela resolveu as dúvidas que tinha sobre a escolha da carreira. Aqui ela conta como superou suas incertezas e conseguiu ser bem-sucedida no vestibular da Fuvest.
Anne Catherine Oliveira Almeida Em 2014: Etapa Em 2015: Administração – USP
JV – O que levou você a escolher Administração? Anne – Administração é uma área em que você pode fazer muita coisa. Pode trabalhar no mercado financeiro, no RH, etc. Acho que a possibilidade de fazer várias coisas diferentes me levou para Administração. Claro, também a afinidade com a parte de Humanas. Eu gostava de Física, mas gostava bem mais de História e Geografia. Quando via as coisas de História e Geografia eu curtia fazer os testes. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Coloquei Administração só na Fuvest. Prestei Unicamp e Unesp para Engenharia Civil, porque ainda estava em dúvida. Quando entrei no Etapa eu achava que era mais de Exatas. Depois vi que Exatas não era muito para mim.
Sua adaptação no cursinho foi tranquila? Eu gostava bastante do Etapa, tinha bastante gente da minha escola, era bem tranquilo. Como era seu método de estudo? Eu estudava na Federal à noite e fazia o Extensivo à tarde. Acordava por volta de 6 e meia, 7 horas e fazia a lição do dia anterior. Eu procurava não chegar no cursinho sem ter feito a lição da última aula. Eu parava de estudar às 11 horas e saía de casa mais ou menos ao meio-dia. Queria chegar um pouco antes para, às vezes, ir ao Plantão de Dúvidas. Depois de sair do cursinho a que horas entrava na Federal? Chegava depois das 7, um pouco atrasada. As aulas do colégio iam até que horas?
O que motivou você a vir se preparar no cursinho? Muita gente da Federal fala do Etapa.
Até 15 para as 11.
Ao começar aqui, como você via as possibilidades de ser aprovada num vestibular das grandes universidades? Estava preocupada. Durante todo o ano eu fiquei com bastante receio de não passar. Achava que não estava pronta, mas estudei para ver no que dava. Acho que fiquei mais confiante quando passei para a 2a fase da Fuvest. Mesmo assim, continuei com muito medo.
Quando dava tempo, eu tentava aproveitar para resolver exercícios. Todo mundo que fazia Etapa estudava.
ENTREVISTA
Anne Catherine Oliveira Almeida
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ENTRE PARÊNTESIS
Eletrização
Como era esse estudo? Em grupo? Todo mundo se ajudava um pouco, quem não sabia perguntava para alguém. Acho que uma das coisas que ajudaram a levar o ano todo foi que o pessoal se ajudou bastante.
ARTIGO Santos pode se tornar mais suscetível a inundações
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Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Em que matérias sua base era mais forte? Matemática e Química. Em que matérias concentravam suas dúvidas? Você usou o plantão? Eu ia bastante ao plantão para Física e algumas coisas de Matemática. Mas eu olhava bastante aqueles PDFs do site. Como era seu fim de semana? No sábado eu ia para a Federal de manhã e à tarde fazia simulado. À noite, se estava muito cansada, não estudava. No domingo procurava colocar em dia o que não tinha estudado durante a semana. Ou, às vezes, pegava o simulado de sábado para ver o que tinha errado. Nos simulados, quais eram seus resultados? Eu não ia muito bem. A maioria era C menos. Fazia por volta de 55 pontos no simulado da Fuvest. Ficava preocupada porque ouvia que o ideal para passar era tirar acima de C mais. Quando olhava o resultado, via o que tinha errado e sempre estudava mais para tentar não tornar a errar.
PRA PENSAR
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POIS É, POESIA
CONTO
Teoria do medalhão – Machado de Assis
No caminho ou no intervalo das aulas você conseguia estudar?
Nas matérias, quais foram as principais dificuldades que você enfrentou no ano passado? Minha redação não era muito boa e eu também não tinha uma base muito boa em Humanas, apesar de gostar das matérias. Na Federal, de Humanas a gente não teve tanta coisa. No cursinho tinha bastante coisa de Geografia e História que eu nunca tinha visto. Física, também, eu não tive tanto. Algumas coisas eu não sabia, não tinha visto.
Alice na Floresta do Esquecimento
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SERVIÇO DE VESTIBULAR
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Inscrições
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ENTREVISTA
Como você usava os simulados em seus estudos? Tinha vez que eu revia e não entendia a resposta, aí ia aos plantonistas e perguntava. Eu tentava sempre entender por que tinha errado. Ver se tinha errado porque não sabia ou porque não tinha prestado atenção na hora. Como você ia na Redação? Eu não ia muito bem. Cheguei a tirar um D, fiquei muito preocupada. Mas depois melhorei, passei a tirar C menos. Em seus estudos, quais eram as prioridades? Eu gostava bastante de Humanas, mas não sabia várias coisas. Prestava sempre atenção nas aulas, fazia bastante exercício. Eu fazia o que os professores mandavam, mas sentia que não estava sabendo direito e resolvia exercícios a mais. Se percebesse que não estava mesmo sabendo, ia ao plantão ou fazia um resumo para ver se melhorava. Mais no final eu fiz bastante resumo para lembrar o que precisava. Fazer os resumos ajudou? Eu acho que ajudou. Você leu as obras literárias indicadas como obrigatórias pela Fuvest? Não deu para ler todas, mas li os resumos – acho que faltaram uns dois – e vim a todas as palestras sobre os livros. O que você fez nas férias? Eu tentei equilibrar: descansei um pouco e também estudei um pouco umas coisas em que estava mal. Qual a época mais pesada para você no ano passado? Em setembro, outubro eu estava bem cansada. E era a época em que a Revisão ia começar. Como você controlou seu cansaço? Eu descansava mais, acordava um pouco mais tarde. No final do ano eu não acordava mais às 6 e meia – acordava por volta de 7 e meia. Procurava dormir um pouco mais para não estudar quando estava cansada. Você tinha alguma atividade para relaxar? Às vezes dava uma mexida no computador, assistia a um pouco de TV, mas só um pouco mesmo. Às vezes eu saía com as amigas. Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Com o bônus fiz 70 pontos. A nota de corte de Administração foi 52. O que achou de seu resultado? Não esperava. Por mais que não seja a nota de corte mais alta na Fuvest, você fica com
medo de não conseguir por pouco. Conseguir pontos a mais me deixou muito feliz. Mesmo assim, ainda tinha medo da 2a fase, que parecia pior para mim. Nos simulados escritos eu sentia mais dificuldade. Depois da 1a fase você mudou alguma coisa nos seus estudos? Para a 2a fase eu estudei mais as prioritárias do terceiro dia, Matemática, História e Geografia. Mas procurei fazer bastante das outras matérias também. Usei o tempo que eu tinha para resolver o máximo de questões. Fiz mais algumas redações e levei ao plantão, para tentar dar uma melhorada. Fazia os exercícios da apostila e mais para o final peguei algumas provas dos anos anteriores. Como você foi na 2a fase? Fui melhor do que esperava, consegui ficar um pouco acima da média todos os dias. Mais ou menos acima de 60, 60 e pouco. Estava com mais medo do terceiro dia, muito medo de Matemática. Estava difícil, mas deu para responder. Qual foi sua classificação na carreira? 142 [Administração na FEA oferece 210 vagas – 100 no período diurno, 110 no período noturno]. Como soube de sua aprovação na Fuvest? Vi a lista em casa. Depois acabei vindo ao Etapa com umas amigas da Federal. Você já conhecia a FEA? Conheci no dia da matrícula e fiquei bem impressionada. Neste segundo semestre, que matérias você tem? Tenho 10, entre outras, Macroeconomia, Contabilidade de Custos, Comunicação Organizacional, Pesquisa Operacional, Tecnologia da Informação, Estatística. De qual delas você está gostando mais? Eu gosto bastante de Macroeconomia. Também gosto muito de Comunicação Organizacional. Além das aulas, você participa de outras atividades na faculdade? Na FEA tem a Empresa Júnior, a FEA Social, os conselhos ligados ao terceiro setor. Também tem o cursinho da FEA. Essas é que me interessaram mais, mas ainda não participo de nenhuma. Vou tentar no ano que vem. O que você considera um ponto forte na FEA? As pessoas. Elas são bem receptivas, bem legais mesmo. E os professores que são muito bons.
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Você já tem ideia da especialização que irá fazer em Administração? Quando entrei eu pensava bastante em RH, mas não tenho certeza ainda. Vou esperar um tempo para conhecer bem e ver o que eu quero fazer. Com base em sua experiência no cursinho, o que você pode dizer ao pessoal que está se preparando este ano? No ano passado eu achava que não iria conseguir, achava que muita gente estudava mais do que eu. Mas não tem que se deixar tomar pelo desânimo. Se não estiver indo bem, tem de continuar estudando, tentando melhorar. Não pode desistir. Que dica você dá a quem está na dúvida sobre a carreira? Você tem que ver o que gosta mesmo de fazer. Quando eu pensava em Administração, era uma coisa que eu imaginava de certa forma estar fazendo. Eu via que ia gostar mais. Entre trocar uma coisa de que eu tinha mais certeza por uma coisa duvidosa, fui pelo que eu achei que ia gostar mais. E agora você está satisfeita com sua escolha? Estou, sim. No primeiro semestre ainda não sabia se gostava mesmo. Agora, no segundo semestre com matérias mais específicas ficou mais legal. Como você avalia sua vida no ano passado? Foi um ano de muita correria, mas valeu a pena. Vejo que foi um bom ano. Uma experiência positiva. Você mudou de alguma forma do começo no Etapa para hoje? Acho que sim. No cursinho você aprende a focar mais, a aproveitar melhor o tempo, a fazer o tempo render. Que coisas deixaram saudades? Sinto bastante falta de minhas amigas, eu convivia bastante com elas, compartilhava muitas coisas. Estava todo mundo na mesma situação. E sinto falta das aulas bem legais. O que você aconselha a quem não conseguiu vaga e vai prestar novamente este ano? Não desistir. Se não deu certo na primeira vez, você tem que ver o que faltou e arrumar isso. Tem que tentar controlar o emocional. Confiar em você mesmo faz muita diferença. Na prova é você e você, mais ninguém. Isso é importante. O que você tira de lição dessa experiência, entrando no curso que escolheu? Eu tiro a lição de que se realmente se empenhar e buscar as coisas, você consegue o que quer, por mais que seja difícil. Há momentos em que você acha que não vai funcionar, mas tem que continuar tentando. É aí que dá certo.
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343
CONTO
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Teoria do medalhão Machado de Assis Diálogo stás com sono? – Não, senhor. – Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são? – Onze. – Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros... – Papai... – Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas, qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante. – Sim, senhor. – Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade. – Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? – Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo
–E
moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regímen do aprumo e do compasso. O sábio que disse: “a gravidade é um mistério do corpo”, definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que, embora resida no aspecto, é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo, tão somente do corpo, um sinal da natureza ou um jeito da vida. Quanto à idade de quarenta e cinco anos... – É verdade, por que quarenta e cinco anos? – Não é, como podes supor, um limite arbitrário, filho do puro capricho; é a data normal do fenômeno. Geralmente, o verdadeiro medalhão começa a manifestar-se entre os quarenta e cinco e cinquenta anos, conquanto alguns exemplos se deem entre os cinquenta e cinco e os sessenta; mas estes são raros. Há-os também de quarenta anos, e outros mais precoces, de trinta e cinco e de trinta; não são, todavia, vulgares. Não falo dos de vinte e cinco anos: esse madrugar é privilégio do gênio. – Entendo. – Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente; coisa que entenderás bem, imaginando, por exemplo, um ator defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de artifício, dissimular o defeito aos olhos da plateia; mas era muito melhor dispor dos dois. O mesmo se dá com as ideias; pode-se, com violência, abafá-las, escondê-las até à morte; mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante esforço conviria ao exercício da vida. – Mas quem lhe diz que eu... – Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de
ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofreemos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto. – Creio que assim seja; mas um tal obstáculo é invencível. – Não é; há um meio; é lançar mão de um regímen debilitante, ler compêndios de retórica, ouvir certos discursos, etc. O voltarete, o dominó e o whist são remédios aprovados. O whist tem até a rara vantagem de acostumar ao silêncio, que é a forma mais acentuada da circunspecção. Não digo o mesmo da natação, da equitação e da ginástica, embora elas façam repousar o cérebro; mas por isso mesmo que o fazem repousar, restituem-lhe as forças e a atividade perdidas. O bilhar é excelente. – Como assim, se também é um exercício corporal? – Não digo que não, mas há coisas em que a observação desmente a teoria. Se te aconselho excepcionalmente o bilhar é porque as estatísticas mais escrupulosas mostram que três quartas partes dos habituados do taco partilham as opiniões do mesmo taco. O passeio nas ruas, mormente nas de recreio e parada é utilíssimo, com a condição de não andares desacompanhado, porque a solidão é oficina de ideias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade. – Mas se eu não tiver à mão um amigo apto e disposto a ir comigo? – Não faz mal; tens o valente recurso de mesclar-te aos pasmatórios, em que toda a poeira da solidão se dissipa. As livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra razão que me escapa, não são propícias ao nosso fim; e,
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CONTO
não obstante, há grande conveniência em entrar por elas, de quando em quando, não digo às ocultas, mas às escâncaras. Podes resolver a dificuldade de um modo simples: vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais das belas crônicas de Mazade; 75 por cento desses estimáveis cavalheiros repetir-te-ão as mesmas opiniões, e uma tal monotonia é grandemente saudável. Com este regímen, durante oito, dez, dezoito meses – suponhamos dois anos, – reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do vocabulário, porque ele está subentendido no uso das ideias; há de ser naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de clarim... – Isto é o diabo! Não poder adornar o estilo, de quando em quando... – Podes; podes empregar umas quantas figuras expressivas, a hidra de Lerna, por exemplo, a cabeça de Medusa, o tonel das Danaides, as asas de Ícaro, e outras, que românticos, clássicos e realistas empregam sem desar, quando precisam delas. Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação, ou de agradecimento. Caveant, consules é um excelente fecho de artigo político; o mesmo direi do Si vis pacem para bellum. Alguns costumam renovar o sabor de uma citação intercalando-a numa frase nova, original e bela, mas não te aconselho esse artifício: seria desnaturar-lhe as graças vetustas. Melhor do que tudo isso, porém, que afinal não passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos anos, incrustadas na memória individual e pública. Essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar os outros a um esforço inútil. Não as relaciono agora, mas fá-lo-ei por escrito. De resto, o mesmo ofício te irá ensinando os elementos dessa arte difícil de pensar o pensado. Quanto à utilidade de um tal sistema, basta figurar uma hipótese. Faz-se uma lei, executa-se, não produz efeito, subsiste o mal. Eis aí uma questão que pode aguçar as curiosidades vadias, dar ensejo a um inquérito pedantesco, a uma coleta fastidiosa de documentos e observações, análise das causas prováveis, causas certas, causas possíveis, um estudo infinito das aptidões do sujeito reformado, da
natureza do mal, da manipulação do remédio, das circunstâncias da aplicação; matéria, enfim, para todo um andaime de palavras, conceitos, e desvarios. Tu poupas aos teus semelhantes todo esse imenso arranzel, tu dizes simplesmente: Antes das leis, reformemos os costumes! – E esta frase sintética, transparente, límpida, tirada ao pecúlio comum, resolve mais depressa o problema, entra pelos espíritos como um jorro súbito de sol. – Vejo por aí que vosmecê condena toda e qualquer aplicação de processos modernos. – Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a denominação. O mesmo direi de toda a recente terminologia científica; deves decorá-la. Conquanto o rasgo peculiar do medalhão seja uma certa atitude de deus Término, e as ciências sejam obra do movimento humano, como tens de ser medalhão mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo. E de duas uma: – ou elas estarão usadas e divulgadas daqui a trinta anos, ou conservar-se-ão novas: no primeiro caso, pertencem-te de foro próprio; no segundo, podes ter a coquetice de as trazer, para mostrar que também és pintor. De outiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular ideias novas, e é radicalmente falso. Acresce que no dia em que viesses a assenhorear-te do espírito daquelas leis e fórmulas, serias provavelmente levado a empregá-las com um tal ou qual comedimento, como a costureira – esperta e afreguesada, – que, segundo um poeta clássico, Quanto mais pano tem, mais poupa o corte, Menos monte alardeia de retalhos; e este fenômeno, tratando-se de um medalhão, é que não seria científico. – Upa! que a profissão é difícil. – E ainda não chegamos ao cabo. – Vamos a ele. – Não te falei ainda dos benefícios da publicidade. A publicidade é uma dona loureira e senhoril, que tu deves requestar à força de pequenos mimos, confeitos, almofadinhas, coisas miúdas, que antes exprimem a constância do afeto do que o atrevimento e a ambição. Que D. Quixote solicite os favores dela mediante ações heroicas ou custosas é um sestro próprio desse ilustre lunático. O verdadeiro medalhão tem outra política. Longe de inventar um Tratado Científico da Criação dos Carneiros, compra um carneiro e dá-o aos
amigos sob a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos. Uma notícia traz outra; cinco, dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Comissões ou deputações para felicitar um agraciado, um benemérito, um forasteiro, têm singulares merecimentos, e assim as irmandades e associações diversas, sejam mitológicas, cinegéticas ou coreográficas. Os sucessos de certa ordem, embora de pouca monta, podem ser trazidos a lume, contanto que ponham em relevo a tua pessoa. Explico-me. Se caíres de um carro, sem outro dano, além do susto, é útil mandá-lo dizer aos quatro ventos, não pelo fato em si, que é insignificante, mas pelo efeito de recordar um nome caro às afeições gerais. Percebeste? – Percebi. – Essa é publicidade constante, barata, fácil, de todos os dias; mas há outra. Qualquer que seja a teoria das artes, é fora de dúvida que o sentimento da família, a amizade pessoal e a estima pública instigam à reprodução das feições de um homem amado ou benemérito. Nada obsta a que sejas objeto de uma tal distinção, principalmente se a sagacidade dos amigos não achar em ti repugnância. Em semelhante caso, não só as regras da mais vulgar polidez mandam aceitar o retrato ou o busto, como seria desazado impedir que os amigos o expusessem em qualquer casa pública. Dessa maneira o nome fica ligado à pessoa; os que houverem lido o teu recente discurso (suponhamos) na sessão inaugural da União dos Cabeleireiros, reconhecerão na compostura das feições o autor dessa obra grave, em que a “alavanca do progresso” e “o suor do trabalho”, vencem as “fauces hiantes” da miséria. No caso de que uma comissão te leve à casa o retrato, deves agradecer-lhe o obséquio com um discurso cheio de gratidão e um copo d’água: é uso antigo, razoável e honesto. Convidarás então os melhores amigos, os parentes, e, se for possível, uma ou duas pessoas de representação. Mais. Se esse dia é um dia de glória ou regozijo, não vejo que possas, decentemente, recusar um lugar à mesa aos reporters dos jornais. Em todo o caso, se as obrigações desses cidadãos os retiverem noutra parte, podes ajudá-los de certa maneira, redigindo tu mesmo a notícia da festa; e, dado que por um tal ou qual escrúpulo, aliás desculpável, não queiras com a própria mão anexar ao teu nome os qualificativos dignos dele, incumbe a notícia a algum amigo ou parente.
CONTO – Digo-lhe que o que vosmecê me ensina não é nada fácil. – Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário. – E parece-lhe que todo esse ofício é apenas um sobressalente para os deficits da vida? – Decerto; não fica excluída nenhuma outra atividade. – Nem política? – Nem política. Toda a questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma ideia especial a esses
vocábulos, e reconhecer-lhe somente a utilidade do scibboleth bíblico. – Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna? – Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: – ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; – é mais fácil e mais atraente. Supõe que desejas saber por que motivo a 7ª companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão somente pelo Ministro da Guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade. – Farei o que puder. Nenhuma imaginação? – Nenhuma; antes faze correr o boato de que um tal dom é ínfimo. – Nenhuma filosofia? – Entendamo-nos: no papel e na língua alguma, na realidade nada. “Filosofia da história”, por exemplo, é uma locução que deves empregar com frequência,
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mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc. – Também ao riso? – Como ao riso? – Ficar sério, muito sério... – Conforme. Tens um gênio folgazão, prazenteiro, não hás de sofreá-lo nem eliminá-lo; podes brincar e rir alguma vez. Medalhão não quer dizer melancólico. Um grave pode ter seus momentos de expansão alegre. Somente, – e este ponto é melindroso... – Diga. – Somente não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência, contraído por Luciano, transmitido a Swift e Voltaire, feição própria dos céticos e desabusados. Não. Usa antes a chalaça, a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem biocos, nem véus, que se mete pela cara dos outros, estala como uma palmada, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os suspensórios. Usa a chalaça. Que é isto? – Meia-noite. – Meia-noite? Entras nos teus vinte e dois anos, meu peralta; estás definitivamente maior. Vamos dormir, que é tarde. Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale o Príncipe de Machiavelli. Vamos dormir. Extraído de: Papéis avulsos. In: Obra completa. v. II. p. 288-295.
(ENTRE PARÊNTESIS)
Eletrização GARFIELD/Jim Davis
(PUC-SP) Leia com atenção a tira do gato Garfield mostrada ao lado e analise as afirmativas que se seguem. I. Garfield, ao esfregar suas patas no carpete de lã, adquire carga elétrica. Esse processo é conhecido como sendo eletrização por atrito. II. Garfield, ao esfregar suas patas no carpete de lã, adquire carga elétrica. Esse processo é conhecido como sendo eletrização por indução. III. O estalo e a eventual faísca que Garfield pode provocar, ao encostar em outros corpos, são devidos à movimentação da carga elétrica acumulada no corpo do gato, que flui de seu corpo para os outros corpos.
ADORO CARPETES DE LÃ
ADORO ELETRICIDADE ESTÁTICA
Estão certas: a) I, II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) apenas I.
RESPOSTA Alternativa c. Garfield, ao esfregar suas patas no carpete, troca elétrons com ele, adquirindo carga elétrica pelo processo conhecido como eletrização por atrito. Ao encostar em outros corpos, parte da carga adquirida pelo gato flui para estes pelo processo de eletrização por contato.
Folha de S.Paulo
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ARTIGO
Santos pode se tornar mais suscetível a inundações Elton Alisson
O
nível do mar na cidade de Santos, no litoral sul paulista, pode aumentar entre 18 e 30 centímetros até
2050. A combinação dessa elevação do nível do mar com tempestades extremas – previstas para ocorrer com maior frequência e intensidade na região em razão das mudanças climáticas – pode fazer com que as marés induzidas pelas fases da lua se tornem mais altas. Com isso, as inundações causadas pelo avanço do mar na zona costeira da cidade podem ser mais graves e causar maiores prejuízos econômicos. As projeções são de um estudo internacional, realizado por pesquisadores do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com colegas da University of South Florida, dos Estados Unidos, do King’s College London, da Inglaterra, e técnicos da Prefeitura Municipal de Santos. Os resultados do estudo, que fazem parte do projeto “Uma estrutura integrada para analisar tomada de decisão local e capacidade adaptativa para mudança ambiental de grande escala: estudos de casos de comunidades no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos”, apoiado pela FAPESP, no âmbito de um acordo de cooperação com o Belmont Forum, serão apresentados nesta quarta-feira (30/09) a representantes da sociedade civil de Santos. Durante o encontro, os pesquisadores mostrarão às autoridades e lideranças locais projeções de elevação do nível do mar e de impactos econômicos nas regiões sudeste e noroeste de Santos, que já têm sido impactadas pelo aumento do nível do mar. A ideia é que os participantes apontem possíveis medidas de adaptação para minimizar os riscos. “O estudo é inédito por apontar não só como determinadas áreas de Santos poderão ser afetadas por inundações causadas pelo aumento do nível do mar nas próximas décadas, mas também estimar as perdas econômicas”, disse José Marengo, pesquisador titular do Cemaden e coordenador do projeto do lado do Brasil, à Agência FAPESP.
Para fazer as projeções, os pesquisadores usaram uma plataforma, chamada COAST (sigla de Coastal Adaptation to Sea Level Rise Tool), desenvolvida por uma empresa americana. A plataforma é capaz de fazer previsões de danos a ativos econômicos – como, por exemplo, imóveis –, ao longo de um determinado período de tempo, causados por inundações provocadas pela combinação da elevação do nível do mar com a ocorrência de tempestades. Além disso, pode ser usada para calcular os benefícios e custos de diferentes estratégias de adaptação para determinar qual seria a mais indicada.
“A plataforma COAST também está sendo utilizada durante o projeto para fazer projeções de aumento do nível do mar e inundações em Broward, na Flórida, em razão dos furacões que atingem a zona costeira da região, e em Selsey, na Inglaterra, que pode sofrer inundações causadas por tempestades”, disse Marengo. No Brasil, a cidade de Santos, onde está localizado o maior porto da América Latina, foi escolhida devido a sua importância econômica estratégica para o Estado de São Paulo e para o país, e em razão da disponibilidade de dados necessários para a plataforma COAST fazer as projeções. “Há muitos municípios costeiros no Brasil que não dispõem de informações sobre mudanças do nível do mar em séries temporais como temos em Santos”, disse Luci Hidalgo Nunes, professora da Unicamp e uma das pesquisadoras participantes do projeto.
Integração de dados Para fazer as projeções em Santos, a plataforma COAST integra dados de mu-
danças no nível do mar, temperatura, frequência de tempestades e outras variáveis meteorológicas com projeções de alta resolução para cenários climáticos da cidade até 2100. Os dados sobre mudanças no nível do mar em Santos foram obtidos por marégrafos na região, no período entre 1945 e 1990, e por altimetria de satélite, entre 1993 e 2013. As análises dos dados indicaram que no período de 1993 a 2013 o nível do mar em Santos aumentou, em média, 3 milímetros por ano. No período entre 1993 e 2003 o mar na região subiu 2,7 milímetros por ano. Já entre 2003 e 2013, o aumento foi de 3,6 milímetros por ano, apontaram as análises. “Essa elevação do nível do mar na costa de Santos está próxima da média global indicada pela altimetria de satélite para todos os oceanos”, disse Joseph Harari, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP e um dos pesquisadores do projeto. Já a modelagem de eventos extremos no futuro foi feita por meio de modelos regionais do Inpe, rodados com cenários dos modelos do IPCC para fazer projeções de curto, médio e longo prazo para a Baixada Santista. Com base na combinação desses dados, a plataforma COAST estimou a altura que as marés poderão atingir em Santos em 2050 e 2100, em um cenário mais otimista ou pessimista. “Esse tipo de informação era inédita no Brasil. É a primeira vez que esses dados são obtidos”, afirmou Nunes. A fim de calcular os possíveis impactos econômicos causados pelas inundações provocadas pelo aumento da altura das marés por meio da plataforma COAST, os pesquisadores selecionaram as zonas noroeste e sudeste de Santos. A região sudeste, por exemplo – que vai do Boqueirão até a Ponta da Praia –, tem sofrido desde o começo da década de 1940, com a construção da avenida à beira-mar, de erosão costeira (perda de faixa de praia que protege de inundações). Já a região noroeste experimenta inundações durante as marés de sigízia – quan-
ARTIGO do as marés ficam mais altas influenciadas pela atração gravitacional –, especialmente no verão, quando aumenta a frequência de chuvas. “São duas áreas com processos hidrometeorológicos, riscos, usos do solo, respostas geológicas e geomorfológicas, e populações diferentes. Portanto, as medidas de adaptação também serão diferentes”, disse Célia Regina de Gouveia Souza,
pesquisadora do Instituto Geológico de São Paulo. Os dados para estimar as perdas econômicas nas duas regiões, como danos estruturais em edifícios causados pela elevação do nível do mar, foram fornecidos pela prefeitura de Santos, por meio das secretarias de Finanças, Infraestrutura e Edificação, Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Defesa Civil.
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“A participação do poder público é fundamental em um projeto como esse e a prefeitura foi uma grande parceira. Como contrapartida por terem nos fornecido os dados e colaborar conosco no projeto, eles receberão um instrumento de planejamento para gestão costeira muito robusto”, avaliou Souza. Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, set./2015.
POIS É, POESIA
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) XLVI
Deste modo ou daquele modo, Conforme calha ou não calha, Podendo às vezes dizer o que penso, E outras vezes dizendo-o mal e com [misturas, Vou escrevendo os meus versos sem querer, Como se escrever não fosse uma cousa [feita de gestos, Como se escrever fosse uma cousa que [me acontecesse Como dar-me o sol de fora. Procuro dizer o que sinto Sem pensar em que o sinto. Procuro encostar as palavras à ideia E não precisar dum corredor Do pensamento para as palavras. Nem sempre consigo sentir o que sei que [devo sentir. O meu pensamento só muito devagar [atravessa o rio a nado Porque lhe pesa o fato que os homens o [fizeram usar. Procuro despir-me do que aprendi, Procuro esquecer-me do modo de lembrar [que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os [sentidos, Desencaixotar as minhas emoções [verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto [Caeiro, Mas um animal humano que a Natureza [produziu. E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, [nem sequer como um homem, Mas como quem sente a Natureza, e mais [nada. E assim escrevo, ora bem, ora mal, Ora acertando com o que quero dizer, ora [errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá, Mas indo sempre no meu caminho como [um cego teimoso. Ainda assim, sou alguém. Sou o Descobridor da Natureza. Sou o Argonauta das sensações verdadeiras. Trago ao Universo um novo Universo Porque trago ao Universo ele-próprio. Isto sinto e isto escrevo Perfeitamente sabedor e sem que não veja Que são cinco horas do amanhecer E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça Por cima do muro do horizonte, Ainda assim já se lhe veem as pontas dos [dedos Agarrando o cimo do muro Do horizonte cheio de montes baixos.
XLIII
A ntes o voo da ave, que passa e não [deixa rasto, Que a passagem do animal, que fica [lembrada no chão. A ave passa e esquece, e assim deve ser. O animal, onde já não está e por isso de [nada serve, Mostra que já esteve, o que não serve [para nada. A recordação é uma traição à Natureza, Porque a Natureza de ontem não é [Natureza. O que foi não é nada, e lembrar é não ver. Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
XLIX
M eto-me para dentro, e fecho a janela. Trazem o candeeiro e dão as boas noites, E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto: O dia cheio de sol, ou suave de chuva, Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo, A tarde suave e os ranchos que passam Fitados com interesse da janela, O último olhar amigo dado ao sossego [das árvores, E depois, fechada a janela, o candeeiro [aceso, Sem ler nada, nem pensar em nada, nem [dormir, Sentir a vida correr por mim como um [rio por seu leito, E lá fora um grande silêncio como um [deus que dorme.
XLV
Um renque de árvores lá longe, lá para a [encosta. Mas o que é um renque de árvores? Há [árvores apenas. Renque e o plural árvores não são [cousas, são nomes. Tristes das almas humanas, que põem [tudo em ordem, Que traçam linhas de cousa a cousa. Que põem letreiros com nomes nas árvores [absolutamente reais, E desenham paralelos de latitude e [longitude Sobre a própria terra inocente e mais [verde e florida do que isso!
XIII
L eve, leve, muito leve, Um vento muito leve passa, E vai-se, sempre muito leve. E eu não sei o que penso Nem procuro sabê-lo. Extraído de: Poemas completos de Alberto Caeiro. In: Obra poética. Ed. Aguilar, 1965.
PRA PENSAR
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Alice na Floresta do Esquecimento Quando Alice entrou na Floresta do Esquecimento, não esqueceu de absolutamente tudo, apenas de algumas coisas. Ela frequentemente esquecia seu próprio nome e estava especialmente inclinada a esquecer em qual dia da semana estava. O Dragão e o Unicórnio, duas criaturas estranhas, eram visitantes frequentes da floresta. O Dragão mentia às segundas, terças e quartas-feiras e dizia a verdade nos outros dias. O Unicórnio, por sua vez, mentia às quintas, sextas-feiras e sábados, mas dizia a verdade nos outros dias. Um dia Alice encontrou o Dragão e o Unicórnio descansando debaixo de uma árvore. Eles fizeram as seguintes declarações: Dragão: Ontem foi um dos meus dias de mentir. Unicórnio: Ontem foi um dos meus dias de mentir, também. A partir dessas duas declarações, Alice, que era uma menina muito esperta, pôde deduzir qual era o dia da semana. Qual era?
RESPOSTA Dias em que é possível para o personagem afirmar que o dia anterior foi um dia de mentir.
Dia em que os dois personagens podem afirmar que o dia anterior foi um dia de mentir.
Os únicos dias em que o Dragão poderia dizer “ontem foi um dos meus dias de mentir” são segundas e quintas-feiras. Os únicos dias em que o Unicórnio poderia dizer “ontem foi um dos meus dias de mentir” são quintas-feiras e domingos. Assim, o único dia em que ambos podem fazer essa declaração é quinta-feira.
Unicórnio Dragão
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V
M
M
T
S
V M Q
M V Q
M V S
M V S
V V D
SERVIÇO DE VESTIBULAR Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ) Período de inscrição: até 04 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua do Rosário, 90 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20041-002 – Telefone: (21) 2216-2002. Requisito: taxa de R$ 120,00. Cursos e vagas: consultar site www.espm.br/vestibular Exame: dia 08 de novembro de 2015.
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP) Período de inscrição: até 06 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Dr. Álvaro Alvim, 123 – Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP: 04018-010 – Telefone: (11) 5085-4600. Requisito: taxa de R$ 167,00. Cursos e vagas: consultar site www.espm.br/vestibular Exame: dia 08 de novembro de 2015.
Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb) Período de inscrição: até 15 de outubro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Antônio da Veiga, 140 – Victor Konder – Blumenau – SC – CEP: 89012-900 – Telefone: (47) 3321-0200. Requisito: taxa de R$ 90,00. Cursos e vagas: consultar site www.furb.br Exame: dia 08 de novembro de 2015. Leituras obrigatórias: • A hora da estrela – Clarice Lispector. • A majestade do Xingu – Moacyr Scliar. • O cortiço – Aluísio Azevedo.
• O fantástico na ilha de Santa Catarina – Franklin Cascaes. • Várias histórias – Machado de Assis.
Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) Período de inscrição: até 05 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Alfeu Taváres, 149 – Rudge Ramos – São Bernardo do Campo – SP – CEP: 09641-000 – Telefone: (11) 4366-5000. Requisito: taxa de R$ 80,00. Cursos e vagas: consultar site www.metodista.br Exame: dia 08 de novembro de 2015.
Centro Universitário São Camilo Período de inscrição: até 06 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Nazaré, 1 501 – Ipiranga – São Paulo – SP – CEP: 04263-200 – Telefone: 0300-017-8585. Requisito: taxa de R$ 50,00. Cursos e vagas: consultar site www.saocamilo-sp.br Exame: dia 02 de dezembro de 2015.
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Período de inscrição: até 22 de outubro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Sena Madureira, 1 500 – São Paulo – SP – CEP: 04021-001 – Telefone: (11) 3385-4101. Requisito: taxa de R$ 128,00. Cursos e vagas: consultar site vestibular.unifesp.br Exames: dias 11 e 12 de dezembro de 2015.
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Período de inscrição: até 08 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rodovia Pref. Américo Gianetti, 4 143 – Edifício Minas – Belo Horizonte – MG – CEP: 31630-900 – Telefone: (31) 3916-0471. Requisito: taxa de R$ 125,00. Cursos e vagas: consultar site www.uemg.br Exame: dia 06 de dezembro de 2015. Leituras obrigatórias: • Crônicas para ler na escola – Zuenir Ventura. • Olhos d’água – Conceição Evaristo.
Centro Universitário Fundação Santo André (FSA) Período de inscrição: até 06 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Príncipe de Gales, 821 – Vila Príncipe de Gales – Santo André – SP – CEP: 09060-650 – Telefone: (11) 4979-3300. Requisito: taxa de R$ 50,00. Cursos e vagas: consultar site www.fsa.br/vestibular/ Exame: dia 08 de novembro de 2015.
União das Faculdades dos Grandes Lagos (Unilago) Período de inscrição: até 16 de outubro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Doutor Eduardo Nielsem, 960 – Jardim Congonhas – São José do Rio Preto – SP – CEP: 15030-070 – Telefone: (17) 3354-6000. Requisito: taxa de R$ 275,00. Cursos e vagas: consultar site www.unilago.edu.br Exame: dia 15 de novembro de 2015.