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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2015 • DE 29/10 A 11/11

ENTREVISTA

“Quem está lá é gente que passou num vestibular que seleciona por sua dedicação.” Nathan Benigno Sboarine entrou na Poli, em Engenharia de Produção, curso que escolheu ao assistir a uma palestra no Etapa. “O engenheiro de produção é o engenheiro dos engenheiros”, diz, citando um comentário que ouve muito na Poli. Aqui ele conta como se preparou no cursinho durante dois anos, o primeiro junto com o 3o ano do Ensino Médio, quando chegou à 2a fase e no ano passado, quando conseguiu a aprovação.

Nathan Benigno Sboarine Em 2014: Etapa Em 2015: Poli – USP

JV – O que motivou você a escolher Engenharia de Produção como carreira? Nathan – Fiz o primeiro ano de cursinho aqui em 2013, junto com o Ensino Médio, e prestei Fuvest para Engenharia Mecatrônica. Na época era o que eu queria. Fiz um segundo ano no cursinho depois que acabei o Ensino Médio. O que me fez mudar de opinião no ano passado foi uma das palestras a que assisti aqui. Nunca tinha me interessado por Produção, mas achei que o curso era mais o meu perfil. Eles falam na Poli que o engenheiro de Produção é o engenheiro dos engenheiros. É o cara que dá um passo para trás, enxerga o processo global e vai articulando para que as coisas funcionem melhor. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Prestei Unesp e Unicamp para Engenharia de Produção, e o Enem. Pelo Enem, coloquei a Universidade Federal do Rio de Janeiro como primeira opção e a UFSCar como segunda. Como você veio estudar no Etapa? Eu tinha um grupo de amigos que pensavam em prestar Poli e eles optaram por fazer o curso do Etapa junto com o 3o ano. Eles vieram para cá, passaram direto e sempre falavam bem daqui. Comecei a me interessar e foi um caminho natural. Como foi o começo do curso? Eu me adaptei fácil, as aulas são muito legais. Sinto muita falta delas hoje. Os professores têm uma didática muito boa, isso ajudou demais. E tinha meus amigos também, que vieram fazer cursinho comigo no mesmo ano. A minha vida no cursinho foi muito tranquila. Como era seu método de estudos? Não gosto de estudar muito tempo seguido. Acordava cedo, às 5 e meia, vinha para cá e

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CONTO

Civilização – Eça de Queirós

A academia era todo dia? Todo dia. Era um negócio de que eu gostava e que me ajudava. Muita gente me perguntava como eu arranjava tempo. Eu explicava que podia ser que estivesse perdendo tempo de estudo, mas era um tempo em que minha cabeça estava descansando e me fazia muito bem, fazia meu estudo render mais. A matéria chegou a ficar acumulada em alguma época do ano? Acumular de um jeito que fosse assustador, não. Até porque eu dificilmente deixava um exercício para o dia seguinte. Exercício para mim era muito importante. Em quais matérias você tinha uma base mais forte? Tinha uma base muito forte em Português e História. E só. Em Exatas, tinha uma base mais fraca. Quando cheguei aqui percebi que sabia pouco, precisava aprender mais. Os professores são ótimos, comecei a gostar bem mais de Exatas. Aí eu tinha mais vontade de estudar e consegui me dedicar bem. Você se interessava por todas as matérias? Todas têm alguma coisa de que eu gosto. Eu só sentia um pouco de dificuldade em Geografia Física e em Biologia, porque nelas você tem que

POIS É, POESIA

ENTREVISTA

Nathan Benigno Sboarine

depois voltava para casa. Das 2 às 4 da tarde eu estudava sem parar. Exercícios diretos. Normalmente sobrava pouca coisa ou quase nada. Era um estudo que rendia muito bem. Depois, normalmente, ia para a academia ou para a casa da minha namorada. Voltava para casa às 6, 7 da noite. Se precisava terminar uma tarefa, estudava mais uma hora ou duas. No máximo às 10 da noite já tinha terminado tudo.

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Vicente de Carvalho ARTIGO Se cumprido, Código Florestal ajudará país a zerar emissões por desmatamento em 2030

decorar bastante coisa. Não ia tão bem, mas conseguia manter. Você fez aulas do RPE (Reforço para Engenharia)? Sim, nos sábados. Como foram essas aulas? Eram aulas mais focadas nas matérias de Exatas. Eles ensinavam muito como você deve pensar para encarar um exercício que não sabe fazer. Você pode olhar para um exercício e concluir que não tem a menor ideia de como resolvê-lo. Mas depois fala: vou começar a procurar. Esse procurar pistas e insistir no exercício para pelo menos tirar alguma coisa dele, o pessoal aprendia no RPE. Faz diferença. Como você procurava resolver as dúvidas? Quando surgiam dúvidas eu perguntava para o professor depois da aula. E usava bastante o Plantão Virtual, que tem a resolução dos exercícios. Era muito bom, ajudava bastante. E como era seu treino em Redação? Fazia uma por semana. Redação é uma questão de prática, se você faz uma por semana vai estar preparado. Gosto bastante de escrever, é um ponto forte meu. Eu normalmente mostrava as redações para meus amigos e pegava as deles e os ajudava a fazer. Isso era um treino para mim. Eu lia minhas redações e as que achava que estavam ruins, levava ao plantão. Como foi sua frequência nos simulados? Acho que não cheguei a faltar em nenhum. Eu gostava muito de fazer simulados porque era a hora em que eu via se meu trabalho estava funcionando ou não.

SERVIÇO DE VESTIBULAR

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Inscrições

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ENTREVISTA

Quais eram seus resultados? Sempre mantive uma boa média nos simulados, nunca tirei menos de 70. Nos simulados do Enem, normalmente tirava A. Nos da Fuvest tirei alguns As, mas a maioria era B ou C mais. Você leu as obras literárias indicadas pela Fuvest? Já tinha lido todas até o fim do 3o ano e no ano passado reli todas. E assisti às palestras. Lendo a obra e indo à palestra não tem como não ir bem nessa parte da prova. O que a palestra agrega para quem já leu a obra? Ler a obra é fundamental. Ver a palestra é muito bom, são professores de literatura formados, profissionais que mostram para você o que aquele livro quer dizer. Passam muitos detalhes que você, leitor leigo, não consegue puxar sozinho. Mas acho os dois lados importantes. Lendo, você tem o panorama geral da obra e monta sua opinião. Aí o professor joga para você um detalhamento da obra de um jeito que dá sentido a ela. Você consegue entender tudo. O que você fez nas férias de julho? De tarefa eu não tinha nada atrasado, não peguei nas apostilas. Saía todo final de semana. Mas aproveitei para reler os livros porque não precisava acordar cedo no dia seguinte. Isso foi bom porque minha cabeça estava descansada, lia tranquilo. E do primeiro para o segundo ano de cursinho minha cabeça mudou muito, principalmente por causa daqui, dos professores, das palestras. Então, foi uma leitura com outros olhos. Ajudou bastante no entendimento das obras. Na prova da 1a fase da Fuvest, qual foi sua pontuação? Fiz 74 pontos na 1a fase. O corte foi 61. Você ficou 13 pontos acima. O que achou desse resultado? Durante a prova fiquei um pouco nervoso porque as questões de Matemática e de Física estavam difíceis, a meu ver. Saí da prova preocupado, mas corrigi no dia e vi que deu 74 pontos. Consegui manter uma média boa. A parte de Exatas pesou um pouco, mas tive como segurar em outras partes da prova. Da 1a para a 2a fase o seu método de estudos mudou? Não, continuou a mesma coisa. Continuei estudando normal. Como tinha ido bem na 1a fase e estava indo bem nos simulados, fiquei tranquilo. Na 2a fase, quais foram suas notas? Tirei 82,25 na média do primeiro dia. A nota em Redação foi 82. Foi meu melhor dia. As questões de Português foram tranquilas e para mim o tema da Redação era bom. Tirou quanto no segundo dia, na prova geral? Tirei 65,63. Foi um dia em que eu fiquei nervoso – e podia ter ido melhor.

E no dia das matérias prioritárias para Engenharia? Tinha mais medo desse último dia. Quando prestei Fuvest no ano anterior eu passei para a 2a fase, fui bem no primeiro dia e razoável no segundo. Se tivesse ido bem no terceiro dia eu seria aprovado. Só que fui mal, tirei 50. Tinha medo de que acontecesse isso de novo. Mas acabei tirando 70,75 – suficiente para me aprovar. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? Fiz 747 pontos. Na carreira, como você se classificou? Fiquei na posição 158 [melhor do que 93% dos que foram para a 2a fase]. Como soube de sua aprovação na Fuvest? Eu estava em casa. Na hora em que vi que tinha passado eu vim correndo para cá e fiquei aqui a tarde inteira. Encontrei meus amigos, a gente fez bastante festa, foi um dia muito legal. Você já conhecia a Poli? Eu tinha ido lá duas vezes. Na primeira vez só olhei os prédios. Na segunda vez era uma visita mesmo, conheci bem, foi legal. Como foi a matrícula? O processo burocrático é demorado, depois foi uma surpresa muito boa. O pessoal é muito receptivo, eles querem você lá, gostam de você de graça. O trote é supertranquilo, respeitoso. Aquele foi um dia muito bom, o pessoal brincou bastante, conheci muita gente. Depois eles já marcaram um dia para sair, para todos se conhecerem melhor. Quais são as matérias que você está estudando? Na Engenharia, todo mundo faz o ciclo básico, que é o Biênio. Tem Cálculo, Física, Álgebra Linear, Resistência dos Materiais, matérias que todo engenheiro tem que ver. Eu gosto muito dessas matérias. São matérias básicas, acho que a gente não vai usar muito no dia a dia de engenheiro, principalmente na área de Produção, mas são matérias que fazem você pensar, desenvolver o raciocínio. Não tenho como explicar de outro jeito. Acho realmente necessárias. As matérias de Produção eu adoro. Teve Economia no primeiro semestre, estou tendo Sistema da Informação, aprendi a criar um site. E estou tendo uma matéria optativa que eu peguei dentro da Produção, que são visitas técnicas em indústrias. Você conhece o trabalho de engenheiros de Produção dentro da indústria. Qual é a matéria mais complicada neste semestre? Eu tenho um pouco de dificuldade com Física, porque é um passo adiante da matéria. Você aprende muita coisa nova, é bem difícil. Os professores são do Instituto de Física. Tenho também um pouco de dificuldade em Cálculo.

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Quais são as matérias de que você gosta mais? Gostei bastante de Economia, de Sistema da Informação e de algumas partes de Cálculo, quando a coisa se torna mais intuitiva e menos algébrica. Você está participando de alguma atividade fora da sala de aula? Frequento bastante o Centro Acadêmico de Produção. Frequento também as aulas da Atlética. Acho que você tem que fazer coisas extra-aula para aguentar aquilo, para dar uma extravasada. Realmente o curso é puxado. Também estudo alemão dentro da Poli. No primeiro semestre eu fazia remo, mas neste segundo semestre estou meio sem tempo. Eu saio de casa às 5 da manhã, tem dia que chego em casa às 10 da noite. De tudo que já conhece na USP, o que você destaca? Eu não sabia que a Poli tinha uma infraestrutura tão boa. Nem parece uma universidade pública. A Poli dá condições de estudar lá, de você se sentir confortável. Tem tudo que a gente precisa para desenvolver projetos. E o lado humano é o grande diferencial da Poli. Quem está lá é gente que passou num vestibular que seleciona pelo conhecimento, pelo esforço, por sua dedicação. Todo mundo, pelo menos, passou um ano da vida se dedicando muito para estar lá. Sem falar que é gente que normalmente tem vontade de fazer as coisas, gosta de estar lá. E a Poli deixa muito espaço para você fazer as coisas. Grêmio, bateria, Atlética, Centro Acadêmico, tudo é comandado pelos alunos. Você já tem ideia do que pretende fazer como engenheiro de produção? No começo, eu queria fazer ou gestão ou trabalhar na parte financeira, em banco. A indústria não chamava muito minha atenção. Quando comecei a fazer a matéria de visitas técnicas mudei de opinião. Hoje me vejo aberto a qualquer uma dessas três áreas – gestão, financeira e indústria. Que dicas você pode dar ao pessoal na reta final para o vestibular? Eu falaria para o pessoal praticar, fazer exercícios. Esquece o cara do seu lado – você não está competindo contra uma pessoa. Você está competindo primeiro contra a nota de corte. Você tem que passar desse número. Para quem vai prestar Engenharia, o que você recomenda? Vale muito a pena estudar Engenharia, vale muito a pena estudar na Escola Politécnica, um lugar em que você vai conhecer um monte de gente diferente, um lugar onde você vai aprender não só a ser um bom profissional, um lugar que abre a sua cabeça. Quem faz Poli ganha vida nova. Como fica marcado para você o ano passado no cursinho? Foi um ano muito bom, eu gostava muito de vir para cá. Eu olho o ano passado com muito carinho, só estou onde estou hoje porque passei por aqui. Conheci profissionais muito talentosos que me ajudaram muito. Tenho uma recordação muito boa do ano passado. Um ano que me fez crescer demais.

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


CONTO

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Civilização Conto que originou o romance A cidade e as serras Eça de Queirós I u possuo preciosamente um amigo (o seu nome é Jacinto) que nasceu num palácio, com quarenta contos de renda em pingues1 terras de pão, azeite e gado. Desde o berço, onde sua mãe, senhora gorda e crédula de Trás-os-Montes, espalhava, para reter as Fadas Benéficas, funcho2 e âmbar, Jacinto fora sempre mais resistente e são que um pinheiro das dunas. Um lindo rio, murmuroso e transparente, com um leito muito liso de areia muito branca, refletindo apenas pedaços lustrosos de um céu de verão ou ramagens sempre verdes e de bom aroma, não ofereceria, àquele que o descesse numa barca cheia de almofadas e de champanha gelado, mais doçura e facilidades do que a vida oferecia ao meu camarada Jacinto. Não teve sarampo e não teve lombrigas. Nunca padeceu, mesmo na idade em que se lê Balzac e Musset, os tormentos da sensibilidade. Nas suas amizades foi sempre tão feliz como o clássico Orestes. Do amor só experimentara o mel – esse mel que o amor invariavelmente concede a quem o pratica, como as abelhas, com ligeireza e mobilidade. Ambição, sentira somente a de compreender bem as ideias gerais, e a “ponta do seu intelecto” (como diz o velho cronista medieval) não estava ainda romba nem ferrugenta... E todavia, desde os vinte e oito anos, Jacinto já se vinha repastando de Schopenhauer, do Ecclesiastes, de outros pessimistas menores, e três, quatro vezes por dia, bocejava, com um bocejo cavo3 e lento, passando os dedos finos sobre as faces, como se nelas só palpasse palidez e ruína. Por quê? Era ele, de todos os homens que conheci, o mais complexamente civilizado – ou antes aquele que se munira da mais vasta soma de civilização material, ornamental e intelectual. Nesse palácio (floridamente chamado o Jasmineiro) que seu pai, também Jacinto, construíra sobre uma honesta casa do século XVII, assoalhada a pinho e branqueada a cal – existia, creio eu, tudo quanto para bem do espírito ou da matéria os homens têm criado, através da incerteza e dor, desde que abandonaram o vale feliz de Septa-Sindu, a Terra das Águas Fáceis, o doce país ariano. A biblioteca – que em duas salas, amplas e claras como praças, forrava as paredes, inteiramente, desde os tapetes de Caramânia até ao teto, donde, alternadamente, através de cristais, o sol e a eletricidade vertiam uma luz estudiosa e calma – continha vinte e cinco mil volumes, instalados em ébano, magnificamente revestidos de marroquim4 escarlate. Só sistemas filosóficos (e com justa prudência, para poupar espaço, o bibliotecário apenas colecionara os que irreconciliavelmente se contradizem) havia mil oitocentos e dezessete! Uma tarde que eu desejava copiar um ditame de Adam Smith, percorri, buscando este economista ao longo das estantes, oito metros de economia política! Assim se achava formidavelmente abastecido o meu amigo Jacinto

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de todas as obras essenciais da inteligência – e mesmo da estupidez. E o único inconveniente deste monumental armazém do saber era que todo aquele que lá penetrava, inevitavelmente lá adormecia, por causa das poltronas, que, providas de finas pranchas móveis para sustentar o livro, o charuto, o lápis das notas, a taça de café, ofereciam ainda uma combinação oscilante e flácida de almofadas, onde o corpo encontrava logo, para mal do espírito, a doçura, a profundidade e a paz estirada de um leito. Ao fundo, e como um altar-mor, era o gabinete de trabalho de Jacinto. A sua cadeira, grave e abacial5, de couro, com brasões, datava do século XIV, e em torno dela pendiam numerosos tubos acústicos, que, sobre os panejamentos6 de seda cor de musgo e cor de hera, pareciam serpentes adormecidas e suspensas num velho muro de quinta. Nunca recordo sem assombro a sua mesa, recoberta toda de sagazes e sutis instrumentos para cortar papel, numerar páginas, colar estampilhas, aguçar lápis, raspar emendas, imprimir datas, derreter lacre, cintar documentos, carimbar contas! Uns de níquel, outros de aço, rebrilhantes e frios, todos eram de um manejo laborioso e lento; alguns, com as molas rígidas, as pontas vivas, trilhavam e feriam; e nas largas folhas de papel Whatman em que ele escrevia, e que custavam quinhentos réis, eu por vezes surpreendi gotas de sangue do meu amigo. Mas a todos ele considerava indispensáveis para compor as suas cartas (Jacinto não compunha obras) assim como os trinta e cinco dicionários, e os manuais, e as enciclopédias, e os guias, e os diretórios, atulhando uma estante isolada, esguia, em forma de torre, que silenciosamente girava sobre o seu pedestal, e que eu denominara o Farol. O que, porém, mais completamente imprimia àquele gabinete um portentoso caráter de civilização eram, sobre as suas peanhas7 de carvalho, os grandes aparelhos, facilitadores do pensamento – a máquina de escrever, os autocopistas, o telégrafo Morse, o fonógrafo, o telefone, o teatrofone, outros ainda todos com metais luzidios, todos com longos fios. Constantemente sons curtos e secos retiniam no ar morno daquele santuário. Tique, tique, tique! Dlim, dlim, dlim! Craque, craque, craque! Trrre, trrre, trrre!... Era o meu amigo comunicando. Todos esses fios mergulhados em forças universais transmitiam forças universais. E elas nem sempre, desgraçadamente, se conservavam domadas e disciplinadas! Jacinto recolhera no fonógrafo a voz do Conselheiro Pinto Porto, uma voz oracular e rotunda no momento de exclamar com respeito, com autoridade: – Maravilhosa invenção! Quem não admirará os progressos deste século? Pois, numa doce noite de S. João, o meu supercivilizado amigo, desejando que umas senhoras parentas de Pinto Porto (as amáveis Gouveias) admirassem o fonógrafo, fez rom-

per do bocarrão do aparelho, que parece uma trompa, a conhecida voz rotunda e oracular: – Quem não admirará os progressos deste século? Mas, inábil ou brusco, certamente desconcertou alguma mola vital – porque de repente o fonógrafo começa a redizer, sem descontinuação, interminavelmente, com uma sonoridade cada vez mais rotunda, a sentença do conselheiro: – Quem não admirará os progressos deste século? Debalde Jacinto, pálido, com os dedos trêmulos, torturava o aparelho. A exclamação recomeçava, rolava, oracular e majestosa: – Quem não admirará os progressos deste século? Enervados, retiramos para uma sala distante, pesadamente revestida de panos de Arrás. Em vão! A voz de Pinto Porto lá estava entre os panos de Arrás, implacável e rotunda: – Quem não admirará os progressos deste século? Furiosos, enterramos uma almofada na boca do fonógrafo, atiramos por cima mantas, cobertores espessos, para sufocar a voz abominável. Em vão! Sob a mordaça, sob as grossas lãs, a voz rouquejava, surda mas oracular: – Quem não admirará os progressos deste século? As amáveis Gouveias tinham abalado, apertando desesperadamente os xales sobre a cabeça. Mesmo à cozinha, onde nos refugiamos, a voz descia, engasgada e gosmosa: – Quem não admirará os progressos deste século? Fugimos espavoridos para a rua. Era de madrugada. Um fresco bando de raparigas, de volta das fontes, passava cantando com braçados de flores: Todas as ervas são bentas Em manhã de S. João... Jacinto, respirando o ar matinal, limpava as bagas lentas do suor. Recolhemos ao Jasmineiro, com o sol já alto, já quente. Muito de manso abrimos as portas, como no receio de despertar alguém. Horror! Logo da antecâmara percebemos sons estrangulados, roufenhos: “admirará... progressos... século!...” Só de tarde um eletricista pode emudecer aquele fonógrafo horrendo. Bem mais aprazível (para mim) do que esse gabinete temerosamente atulhado de civilização – era a sala de jantar, pelo seu arranjo compreensível, fácil e íntimo. À mesa só cabiam seis amigos que Jacinto escolhia com critério na literatura, na arte e na metafísica, e que, entre as tapeçarias de Arrás, representando colinas, pomares e pórticos da Ática, cheias de classicismo e de luz, renovam ali repetidamente banquetes que, pela sua intelectualidade, lembravam os de Platão. Cada garfada se cruzava com um pensamento ou com palavras destramente arranjadas em forma de pensamento. E a cada talher correspondiam seis garfos, todos de feitios dissemelhantes e astuciosos – um para as ostras, outro para o peixe, outro para as carnes, outro para os legumes, outro para a fruta, outro para o queijo. Os copos, pela diversidade dos contornos e das cores, faziam, sobre a toalha mais reluzente que esmalte, como


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ramalhetes silvestres espalhados por cima de neve. Mas Jacinto e os seus filósofos, lembrando o que o experiente Salomão ensina sobre as ruínas e amarguras do vinho, bebiam apenas em três gotas de água uma gota de Bordéus (Chateaubriand, 1860). Assim o recomendam Hesíodo no seu Nereu, Díocles nas suas Abelhas. E de águas havia sempre no Jasmineiro um luxo redundante – águas geladas, águas carbonatadas, águas esterilizadas, águas gasosas, águas de sais, águas minerais, outras ainda, em garrafas sérias, com tratados terapêuticos impressos no rótulo... O cozinheiro, mestre Sardão, era daqueles que Anaxágoras equiparava aos retóricos, aos oradores, a todos os que sabem a arte divina de “temperar e servir a ideia”; e em Síbaris, cidade do viver excelente, os magistrados teriam votado a mestre Sardão, pelas festas de Juno Lacínia, a coroa de folhas de ouro e a túnica milésia que se devia aos benfeitores cívicos. A sua sopa de alcachofras e ovas de carpa; os seus filetes de veado macerados em velho Madeira com purê de nozes; as suas amoras geladas em éter, outros acepipes ainda, numerosos e profundos (e os únicos que tolerava o meu Jacinto) eram obras de um artista, superior pela abundância das ideias novas – e juntavam sempre a raridade do sabor à magnificência da forma. Tal prato desse mestre incomparável, parecia, pela ornamentação, pela graça florida dos lavores, pelo arranjo dos coloridos frescos e cantantes, uma joia esmaltada do cinzel de Meurice ou Cellini. Quantas tardes eu desejei fotografar aquelas composições de excelente fantasia, antes que o trinchante as retalhasse! E esta superfinidade do comer condizia deliciosamente com a do servir. Por sobre um tapete, mais fofo e mole que o musgo da floresta da Brocelanda, deslizavam, como sombras fardadas de branco, cinco criados e um pajem preto, à maneira vistosa do século XVIII. As travessas (de prata) subiam da cozinha e da copa por dois ascensores, um para as iguarias quentes, forrado de tubos onde a água fervia; outro, mais lento, para as iguarias frias, forrado de zinco, amônia e sal, e ambos escondidos por flores tão densas e viçosas, que era como se até a sopa saísse fumegando dos românticos jardins de Armida. E muito bem me lembro de um domingo de maio em que, jantando com Jacinto um bispo, o erudito bispo de Chorazim, o peixe emperrou no meio do ascensor, sendo necessário que acudissem, para o extrair, pedreiros com alavancas. II Nas tardes em que havia “banquete de Platão” (que assim denominávamos essas festas de trufas e ideias gerais), eu, vizinho e íntimo, aparecia ao declinar do Sol, e subia familiarmente ao quarto do nosso Jacinto – onde o encontrava sempre incerto entre as suas casacas, porque as usava alternadamente de seda, de pano, de flanelas Jaegher, e de foulard das Índias. O quarto respirava o frescor e aroma de jardim por duas vastas janelas, providas magnificamente (além das cortinas de seda mole Luís XV) de uma vidraça exterior de cristal inteiro, de uma vidraça interior de cristais miúdos, de um toldo rolando na cimalha8, de um estore9 de sedinha frouxa, de gazes que fran(*) Conforme o texto da Gazeta de Notícias

ziam e se enrolavam como nuvens, e de uma gelosia10 móvel de gradaria mourisca. Todos estes resguardos (sábia invenção de Holland & Cia., de Londres) serviam a graduar a luz e o ar – segundo os avisos de termômetros, barômetros e higrômetros, montados em ébano, e a que um meteorologista (Cunha Guedes) vinha, todas as semanas, verificar a precisão. Entre estas duas varandas rebrilhava a mesa de toalete, uma mesa enorme de vidro, toda de vidro, para a tornar impenetrável aos micróbios, e coberta de todos esses utensílios de asseio e alinho que o homem do século XIX necessita numa capital, para não desfear o conjunto suntuário da civilização. Quando o nosso Jacinto, arrastando as suas engenhosas chinelas de pelica e seda, se acercava desta ara – eu, bem aconchegado num divã, abria com indolência uma revista, ordinariamente a Revista Eletropática, ou a das Indagações Psíquicas. E Jacinto começava... Cada um desses utensílios de aço, de marfim, de prata, impunham ao meu amigo, pela influência onipoderosa que as coisas exercem sobre o dono (sunt tyrannia rerum) o dever de o utilizar com aptidão e deferência. E assim as operações do alindamento de Jacinto apresentavam a prolixidade, reverente e insuprimível, dos ritos de um sacrifício. Começava pelo cabelo... Com uma escova chata, redonda e dura, acamava o cabelo, corredio e louro, no alto, aos lados da risca; com uma escova estreita e recurva, à maneira do alfanje11 de um persa, ondeava o cabelo sobre a orelha; com uma escova côncava, em forma de telha, empastava o cabelo, por trás, sobre a nuca... Respirava e sorria. Depois, com uma escova de longas cerdas, fixava o bigode; com uma escova leve e flácida acurvava as sobrancelhas; com uma escova feita de penugem regularizava as pestanas. E deste modo Jacinto ficava diante do espelho, passando pelos sobre o seu pelo, durante catorze minutos. Penteado e cansado, ia purificar as mãos. Dois criados, ao fundo, manobravam com perícia e vigor os aparelhos do lavatório – que era apenas um resumo dos maquinismos monumentais da sala de banho. Ali, sobre o mármore verde e róseo do lavatório, havia apenas duas duchas (quente e fria) para a cabeça; quatro jatos, graduados desde zero até cem graus; o vaporizador de perfumes; a fonte de água esterilizada (para os dentes); o repuxo para a barba; e ainda torneiras que rebrilhavam e botões de ébano que, de leve roçados, desencadeavam o marulho e o estridor de torrentes nos Alpes... Nunca eu, para molhar os dedos, me cheguei àquele lavatório sem terror – escarmentado12 da tarde amarga de janeiro em que bruscamente, dessoldada a torneira, o jato de água a cem graus rebentou, silvando e fumegando, furioso, devastador... Fugimos todos, espavoridos. Um clamor atroou o Jasmineiro. O velho Grilo, escudeiro que fora do Jacinto pai, ficou coberto de empolas13 na face, nas mãos fiéis. Quando Jacinto acabava de se enxugar laboriosamente a toalhas de felpo, de linho, de corda entrançada (para restabelecer a circulação), de seda frouxa (para lustrar a pele) bocejava, com um bocejo cavo e lento.

E era este bocejo, perpétuo e vago, que nos inquietava a nós, seus amigos e filósofos. Que faltava a este homem excelente? Ele tinha a sua inabalável saúde de pinheiro bravo, crescido nas dunas; uma luz da inteligência, própria a tudo alumiar, firme e clara sem tremor ou morrão14; quarenta magníficos contos de renda; todas as simpatias de uma cidade chasqueadora e céptica; uma vida varrida de sombras, mais liberta e lisa do que um céu de verão... E todavia bocejava constantemente, palpava na face, com os dedos finos, a palidez e as rugas. Aos trinta anos Jacinto corcovava15, como sob um fardo injusto! E pela moralidade* desconsolada de toda a sua ação parecia ligado, desde os dedos até à vontade, pelas malhas apertadas de uma rede que se não via e que o travava. Era doloroso testemunhar o fastio com que ele, para apontar um endereço, tomava o seu lápis pneumático, a sua pena elétrica – ou, para avisar o cocheiro, apanhava o tubo telefônico... Neste mover lento do braço magro, nos vincos que lhe arrepanhavam16 o nariz, mesmo nos seus silêncios, longos e derreados, se sentia o brado constante que lhe ia na alma: “Que maçada! Que maçada!” Claramente a vida era para Jacinto um cansaço – ou por laboriosa e difícil, ou por desinteressante e oca. Por isso o meu pobre amigo procurava constantemente juntar à sua vida novos interesses, novas facilidades. Dois inventores, homens de muito zelo e pesquisa, estavam encarregados, um em Inglaterra, outro na América, de lhe noticiar e de lhe fornecer todas as invenções, as mais miúdas, que concorressem a aperfeiçoar a confortabilidade do Jasmineiro. De resto, ele próprio se correspondia com Édison. E, pelo lado do pensamento, Jacinto não cessava também de buscar interesses e emoções que o reconciliassem com a vida penetrando à cata dessas emoções e desses interesses pelas veredas mais desviadas do saber, a ponto de devorar, desde janeiro a março, setenta e sete volumes sobre a evolução das ideias morais entre as raças negroides. Ah! nunca homem deste século batalhou mais esforçadamente contra a seca de viver! Debalde! Mesmo de explorações tão cativantes como essa, através da moral dos negroides, Jacinto regressava mais murcho, com bocejos mais cavos! E era então que ele se refugiava intensamente na leitura de Schopenhauer e do Ecclesiastes. Por quê? Sem dúvida porque ambos esses pessimistas o confirmavam nas conclusões que ele tirava de uma experiência paciente e rigorosa, “que tudo é vaidade ou dor, que quanto mais se sabe, mais se pena, e que ter sido rei de Jerusalém e obtido os gozos todos na vida só leva a maior amargura...” Mas por que rolara assim a tão escura desilusão – o saudável, rico, sereno e intelectual Jacinto? O velho escudeiro Grilo pretendia que “Sua Excelência sofria de fartura!” III Ora justamente depois desse inverno, em que ele se embrenhara na moral dos negroides e instalara a luz elétrica entre os arvoredos do jardim, sucedeu que Jacinto teve a necessi-


CONTO dade moral iniludível de partir para o Norte, para o seu velho solar de Torges. Jacinto não conhecia Torges, e foi com desusado tédio que ele se preparou, durante sete semanas, para essa jornada agreste. A quinta fica nas serras e a rude casa solarenga17, onde ainda resta uma torre do século XV, estava ocupada, havia trinta anos, pelos caseiros, boa gente de trabalho, que comia o seu caldo entre a fumaraça da lareira e estendia o trigo a secar nas salas senhoriais. Jacinto, logo nos começos de março, escrevera cuidadosamente ao seu procurador Sousa, que habitava a aldeia de Torges, ordenando-lhe que compusesse os telhados, caiasse os muros, envidraçasse as janelas. Depois mandou expedir, por comboios rápidos, em caixotes que transpunham a custo os portões do Jasmineiro, todos os confortos necessários a duas semanas de montanha – camas de penas, poltronas, divãs, lâmpadas de Carcel, banheiras de níquel, tubos acústicos para chamar os escudeiros, tapetes persas para amaciar os soalhos. Um dos cocheiros partiu com um cupê, uma vitória, um breque, mulas e guizos. Depois foi o cozinheiro, com a bateria, a garrafeira, a geleira, bocais de trufas, caixas profundas de águas minerais. Desde o amanhecer, nos pátios largos do palacete, se pregava, se martelava, como na construção de uma cidade. E as bagagens, desfilando, lembravam uma página de Heródoto ao narrar a invasão persa. Jacinto emagrecera com os cuidados daquele êxodo. Por fim, largamos numa manhã de junho, com o Grilo, e trinta e sete malas. Eu acompanhava Jacinto, no meu caminho para Goães onde vive minha tia, a uma légua farta de Torges: e íamos num vagão reservado, entre vastas almofadas, com perdizes e champanha num cesto. A meio da jornada devíamos mudar de comboio – nessa estação que tem um nome sonoro em ola e um tão suave e cândido jardim de roseiras brancas. Era domingo de imensa poeira e sol – e encontramos aí, enchendo a plataforma estreita, todo um povaréu festivo que vinha da romaria de S. Gregório da Serra. Para aquele trasbordo18, em tarde de arraial, o horário só nos concedia três minutos avaros. O outro comboio já esperava, rente aos alpendres, impaciente e silvando. Uma sineta badalava com furor. E, sem mesmo atender às lindas moças que ali saracoteavam, aos bandos, afogueadas, de lenços flamejantes, o seio farto coberto de ouro, e a imagem do santo espetada no chapéu – corremos, empurramos, furamos, saltamos para o outro vagão, já reservado, marcado por um cartão com as iniciais de Jacinto. Imediatamente o trem rolou. Pensei então no nosso Grilo, nas trinta e sete malas! E debruçado da portinhola avistei ainda junto ao cunhal da estação, sob os eucaliptos, um monte de bagagens, e homens de boné agaloado que, diante delas, bracejavam com desespero. Murmurei, recaindo nas almofadas: – Que serviço! Jacinto, ao canto, sem descerrar os olhos, suspirou: – Que maçada! Toda uma hora deslizamos lentamente entre trigais e vinhedo; e ainda o sol batia nas vidraças, quente e poeirento, quando chega-

mos à estação de Gondim, onde o procurador de Jacinto, o excelente Sousa, nos devia esperar com cavalos para treparmos a serra até ao solar de Torges. Por trás do jardim da estação, todo florido também de rosas e margaridas, Jacinto reconheceu logo as suas carruagens, ainda empacotadas em lona. Mas quando nos apeamos no pequeno cais branco e fresco – só houve em torno de nós solidão e silêncio... Nem procurador, nem cavalos! O chefe da estação, a quem eu perguntara com ansiedade “se não aparecera ali o Sr. Sousa, se não conhecia o Sr. Sousa”, tirou afavelmente o seu boné de galão. Era um moço gordo e redondo, com cores de maçã camoesa19, que trazia sob o braço um volume de versos. “Conhecia perfeitamente o Sr. Sousa! Três semanas antes jogara ele a manilha com o Sr. Sousa! Nessa tarde, porém, infelizmente, não avistara o Sr. Sousa!” O comboio desaparecera por detrás das fragas altas que ali pendem sobre o rio. Um carregador enrolava o cigarro, assobiando. Rente da grade do jardim, uma velha, toda de negro, dormitava agachada no chão, diante de uma cesta de ovos. E o nosso Grilo, e as nossas bagagens?... O chefe encolheu risonhamente os ombros nédios. Todos os nossos bens tinham encalhado, decerto, naquela estação de roseiras brancas que tem um nome sonoro em ola. E nós ali estávamos, perdidos na serra agreste, sem procurador, sem cavalos, sem Grilo, sem malas. Para que esfiar miudamente o lance lamentável? Ao pé da estação, numa quebrada da serra, havia um casal foreiro à quinta, onde alcançamos, para nos levarem e nos guiarem a Torges, uma égua lazarenta, um jumento branco, um rapaz e um podengo20. E aí começamos a trepar, enfastiadamente, estes caminhos agrestes – os mesmos, decerto, por onde vinham e iam, de monte a rio, os Jacintos do século XV. Mas, passada uma trêmula ponte de pau que galga um ribeiro todo quebrado por fragas (e onde abunda a truta adorável) os nossos males esqueceram, ante a inesperada, incomparável beleza daquela serra bendita. O divino artista que está nos Céus compusera, certamente, esse monte numa das suas manhãs de mais solene e bucólica inspiração. A grandeza era tanta como a graça... Dizer os vales fofos de verdura, os bosques quase sacros, os pomares cheirosos e em flor, a frescura das águas cantantes, as ermidinhas branqueando nos altos, as rochas musgosas, o ar de uma doçura de Paraíso, toda a majestade e toda a lindeza – não é para mim, homem de pequena arte. Nem creio mesmo que fosse para mestre Horácio. Quem pode dizer a beleza das coisas, tão simples e inexprimível? Jacinto adiante, na égua tarda, murmurava: – Ah! que beleza! Eu atrás, no burro, com as pernas bambas, murmurava: – Ah! que beleza! Os espertos regatos riam, saltando de rocha em rocha. Finos ramos de arbustos floridos roçavam as nossas faces, com familiaridade e carinho. Muito tempo um melro nos seguiu, de choupo21 para castanheiro, assobiando os nossos louvores. Serra bem acolhedora e amável... Ah! que beleza! Por entre estes “Ahs!” maravilhados chegamos a uma avenida de faias, que nos pare-

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ceu clássica e nobre. Atirando uma nova vergada ao burro e à égua, o nosso rapaz, como o seu podengo ao lado, gritava: – Aqui é que estemos! E ao fundo das faias havia com efeito um portão de quinta, que um escudo de armas de velha pedra, roída de musgo, grandemente afidalgava. Dentro já os cães ladravam com furor. E mal Jacinto, e eu atrás dele no burro de Sancho, transpusemos o limiar solarengo, correu para nós, do alto de uma escadaria, um homem branco, rapado como um clérigo, sem colete, sem jaleca, que erguia para o ar, num assombro, os braços esgazeados. Era o caseiro, o Zé Brás. E logo ali, nas pedras do pátio, entre o latir dos cães, surdiu uma tumultuosa história que o pobre Brás balbuciava, aturdido, e que enchia a face de Jacinto de lividez e de cólera. O caseiro não esperava Sua Excelência. Ninguém esperava Sua Excelência. (Ele dizia sua inselência.) O procurador, o Sr. Sousa, estava para a raia desde maio, a tratar a mãe que levara um coice de mula. E decerto houvera engano, cartas perdidas... Porque o Sr. Sousa só contava com Sua Excelência, em setembro, para a vindima. Na casa nenhuma obra começara. E infelizmente para Sua Excelência os telhados ainda estavam sem telhas, e as janelas sem vidraças... Cruzei os braços, num justo espanto. Mas os caixotes – esses caixotes remetidos para Torges, com tanta prudência, em abril, repletos de colchões, de regalos22, de civilização?... O caseiro, vago, sem compreender, arregalava os olhos miúdos, onde já bailavam lágrimas. Os caixotes?! Nada chegara, nada aparecera. E na sua perturbação o Zé Brás procurava entre as arcadas do pátio, nas algibeiras das pantalonas... Os caixotes? Não, não tinha os caixotes! Foi então que o cocheiro de Jacinto (que trouxera os cavalos e as carruagens) se acercou, gravemente. Esse era um civilizado – e acusou logo o governo. Já quando ele servia o senhor Visconde de S. Francisco se tinham assim perdido, por desleixo do governo, da cidade para a serra, dois caixotes com vinho velho da Madeira e roupa branca de senhora. Por isso ele, escarmentado, sem confiança na Nação, não largara as carruagens – e era tudo o que restava a Sua Excelência: o breque, a vitória, o cupê e os guizos. Somente, naquela rude montanha, não havia estradas onde elas rolassem. E como só podiam subir para a quinta em grandes carros de bois – ele lá as deixara em baixo, na estação, quietas, empacotadas na lona... Jacinto ficara plantado diante de mim, com as mãos nos bolsos: – E agora? Nada restava senão recolher, cear o caldo do Zé Brás, e dormir nas palhas que os fados nos concedessem. Subimos. A escadaria nobre conduzia a uma varanda, toda coberta, em alpendre, acompanhando a fachada do casarão e ornada, entre os seus grossos pilares de granito, por caixotes cheios de terra, em que floriam cravos. Colhi um cravo. Entramos. E o meu pobre Jacinto contemplou, enfim, as salas do seu solar! Eram enormes, com as altas paredes rebocadas a cal que o tempo e o abandono tinham enegrecido, e vazias desoladamente nuas, oferecendo


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CONTO

apenas como vestígio de habitação e de vida, pelos cantos, algum monte de cestos ou algum molho de enxadas. Nos tetos remotos de carvalho negro alvejavam manchas – que era o céu já pálido do fim da tarde, surpreendido através dos buracos do telhado. Não restava uma vidraça. Por vezes, sob os nossos passos, uma tábua podre rangia e cedia.

Paramos, enfim, na última, a mais vasta, onde havia duas arcas tulheiras para guardar o grão; e aí depusemos, melancolicamente, o que nos ficara de trinta e sete malas – os paletós alvadios, uma bengala e um Jornal da Tarde. Através das janelas desvidraçadas, por onde se avistavam copas de arvoredos e as serras azuis de além-rio, o ar entrava, montesino e largo, circulando plenamente

como em um eirado, com aromas de pinheiro bravo. E lá de baixo, dos vales, subia, desgarrada e triste, uma voz de pegureira23 cantando. Jacinto balbuciou: – É horroroso! Eu murmurei: – É campestre! (continua no próximo número)

VOCABULÁRIO (1) férteis, fecundas, produtivas. (2) erva-doce. (3) profundo, cavernoso. (4) pele de cabra ou bode, tingida do lado da flor, já preparada para artefatos. (5) própria de abade. (6) disposição harmoniosa do tecido em decoração ou no vestuário. (7) pequeno pedestal sobre o qual se assenta imagem, busto, etc. (8) saliência da parte mais alta da parede, onde assentam os beirais do telhado.

(9) cortina para janelas, que se enrola e desenrola por meio de um mecanismo apropriado. (10) grade de ripas de madeira cruzadas intervaladamente, que ocupa o vão de uma janela. (11) sabre de folha curta e larga. (12) experiente, experimentado, escaldado. (13) bolhas provenientes de queimaduras. (14) extremidade carbonizada de torcida ou de mecha. (15) curvava.

(16) repuxavam, fazendo dobras ou rugas em; puxavam. (17) que tem aspecto ou feitio de solar. (18) o mesmo que transbordo – baldeação. (19) variedade de pera ou maçã. (20) cão para caça de coelhos. (21) árvore de flores pequenas e casca rugosa e que fornece madeira alva, leve e macia; álamo. (22) presentes, prazeres, gostos, alegrias. (23) pastora.

POIS É, POESIA

Vicente de Carvalho (1866-1924) Pequenino morto

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ange o sino, tange, numa voz de choro, Numa voz de choro... tão desconsolado... No caixão dourado, como em berço de ouro, Pequenino, levam-te dormindo... Acorda! Olha que te levam para o mesmo lado De onde o sino tange numa voz de choro... Pequenino, acorda!

Que caminho triste, e que viagem! Alas De ciprestes negros a gemer no vento: Tanta boca aberta de famintas valas A pedir que as fartem, a esperar que as [encham... Pequenino acorda! Recupera o alento, Foge da cobiça dessas fundas valas A pedir que as encham.

Como o sono apaga o teu olhar inerte Sob a luz da tarde tão macia e grata! Pequenino, é pena que não possas ver-te... Como vais bonito, de vestido novo Todo azul celeste com debruns de prata! Pequenino, acorda! E gostarás de ver-te De vestido novo.

Vai chegando a hora, vai chegando a hora Em que a mãe ao seio chama o filho... A [espaços, Badalando, o sino diz adeus, e chora Na melancolia do cair da noite; Por aqui, só cruzes com seus magros braços Que jamais se fecham, hirtos sempre... É a [hora Do cair da noite...

Como aquela imagem de Jesus, tão lindo Que até vai levado em cima dos andores, Sobre a fronte loura um resplendor fulgindo, – Com a grinalda feita de botões de rosas Trazes na cabeça um resplendor de flores... Pequenino, acorda! E te acharás tão lindo Florescido em rosas!

Pela ave-maria, como procuravas Tua mãe!... Num eco de sua voz piedosa; Que suaves cousas que tu murmuravas, De mãozinhas postas, a rezar com ela... Pequenino, em casa, tua mãe saudosa Reza a sós... É a hora quando a procuravas... Vai rezar com ela!

Tange o sino, tange, numa voz de choro, Numa voz de choro... tão desconsolado... No caixão dourado, como em berço de ouro, Pequenino, levam-te dormindo... Acorda! Olha que te levam para o mesmo lado De onde o sino tange numa voz de choro... Pequenino, acorda!

E depois... teu quarto era tão lindo! Havia Na janela jarras onde abriam rosas: E no meio da cama, toda alvor, macia. De lençóis de linho no colchão de penas. Que acordar alegre nas manhãs cheirosas! Que dormir suave, pela noite fria. No colchão de penas...

Tange o sino, tange, numa voz de choro, Numa voz de choro... tão desconsolado... No caixão dourado, como em berço de ouro, Pequenino, levam-te dormindo... Acorda! Olha que te levam para o mesmo lado De onde o sino tange numa voz de choro... Pequenino, acorda! Por que estacam todos dessa cova à beira? Que é que diz o padre numa língua estranha? Por que assim te entregam a essa mão [grosseira Que te agarra e leva para a cova funda? Por que assim cada homem um punhado apanha De caliça, e espalha-a, debruçado à beira Dessa cova funda? Vais ficar sozinho no caixão fechado... Não será bastante para que te guarde? Para que essa terra que jazia ao lado Pouco a pouco rola, vai desmoronando? Pequenino, acorda! – Pequenino!... É tarde... Sobre ti cai todo esse montão que ao lado Vai desmoronando... Eis fechada a cova. Lá ficaste... A enorme Noite sem aurora todo amortalhou-te. Nem caminho deixam para quem lá dorme, Para quem lá fica e que não volta nunca... Tão sozinho sempre por tamanha noite!... Pequenino, dorme! Pequenino, dorme... Nem acordes nunca! Extraído de: Poemas e canções, Ed. Saraiva, 1962.


ARTIGO

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Se cumprido, Código Florestal ajudará país a zerar emissões por desmatamento em 2030 Elton Alisson

O

sensor MODIS, do Inpe, e estatísticas de produção agropecuária e de florestas plantadas do IBGE. Com base nessa combinação de dados, o modelo fez projeções do uso da terra no Brasil até 2050. A fim de validar o modelo, os pesquisadores compararam as projeções de taxas de desmatamento e de produção agrícola no Brasil no período de 2000 a 2010 com dados oficiais do IBGE. As diferenças entre os dados do IBGE e as projeções feitas por meio do modelo foram menores do que 10%, afirmou Câmara, que é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). foto: Leandro Negro/Ag. FAPESP

Brasil pode zerar em 2030 suas emissões de gases de efeito estufa causadas pelo desmatamento da Amazônia se o Código Florestal for cumprido. A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com colegas dos Institutos de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Internacional para Análises de Sistemas Aplicados (IIASA, na sigla em inglês), da Áustria, além do Centro para Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC). Resultado do projeto REDD-PAC, financiado pela International Climate Initiative, do Ministério do Ambiente da Alemanha, com apoio da FAPESP, por meio do projeto “Land use change in Amazonia: institutional analysis and modeling at multiple temporal and spatial scales”, o estudo foi apresentado durante dois encontros realizados nos dias 6 e 7 de outubro, na sede da Fundação, sobre temas que serão debatidos durante a 21a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP21), prevista para ser realizada em dezembro, em Paris. Os resultados do estudo contribuíram para embasar as metas de redução voluntária de emissões de gases de efeito estufa (INDC, na sigla em inglês) que o Brasil levará à COP21, apresentadas pela presidente Dilma Rousseff no final de setembro, em Nova York, durante a Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015. “O Código Florestal poderá ajudar a zerar as emissões de gases de efeito estufa pelo desmatamento da Amazônia se for cumprido. O Brasil não precisa mais de legislação ambiental para conter o desmatamento da Amazônia. Só precisa cumprir a que já tem”, disse Gilberto Câmara, pesquisador do Inpe e coordenador do projeto, durante o encontro. Os pesquisadores fizeram projeções sobre como o novo Código Florestal poderá influenciar o uso futuro da terra no país, levando em contas políticas internas e a demanda mundial e nacional por produtos agropecuários brasileiros, além do potencial produtivo de cada região e as restrições ambientais. Para isso, eles adaptaram um modelo econômico global, chamado GLOBIOM – desenvolvido pela IIASA para fazer projeções de mudanças de uso da terra no mundo causadas pela competição entre agricultura, pecuária e bioenergia –, para construir um mapa de uso da terra no Brasil no ano 2000. O mapa combina informações sobre vegetação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados fornecidos pela Fundação SOS Mata Atlântica, além de mapas de cobertura de terra fornecidos pelo

Estudo apresentado no auditório da FAPESP foi realizado por pesquisadores brasileiros e do exterior e embasa proposta que o país levará à COP21.

“O Prodes [projeto do Inpe que realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal] calculou que, em 2010, foram desmatados 16,5 milhões de hectares na Amazônia Legal, enquanto o modelo estimou que foram 16,9 milhões de hectares”, comparou.

Projeções até 2050 A fim de estimar como o novo Código Florestal pode influenciar o uso da terra no Brasil entre 2020 e 2050, os pesquisadores fizeram projeções de diferentes cenários. Um dos cenários não considerou a aplicação do Código Florestal. O segundo cenário foi concebido levando em conta a plena aplicação do Código, que estabelece que não poderá haver mais desmatamento ilegal no país e prevê a recuperação de áreas de reserva legal, assim como o repasse de quotas de reserva ambiental por quem tem mais quotas de florestas do que reserva legal, além da anistia de pequenas fazendas e a obrigatoriedade do cadastro rural ambiental para regularizar as propriedades rurais. Num terceiro cenário, considerou-se que somente produtores agrícolas poderiam com-

prar quotas de reserva ambiental. O quarto cenário, também com o Código Florestal, foi projetado supondo que somente os pequenos produtores agrícolas teriam que recuperar suas reservas legais. E, no quinto cenário, excluiram-se as quotas de reserva ambiental. As projeções indicaram que, em um cenário de plena aplicação do Código Florestal, o reflorestamento no Brasil poderá chegar a 11 milhões de hectares até 2050. “O número mais conservador seria da ordem de 10 a 12 milhões de hectares recuperados. Não por acaso, foi esse último número que o Brasil apresentou em sua INDC”, disse Câmara. Em relação à produção agropecuária, em todos os cinco cenários projetados a área cultivada no Brasil crescerá nas próximas décadas, saltando de 56 milhões de hectares em 2010 para 92 milhões de hectares em 2030, podendo chegar a 114 milhões de hectares em 2050. Em contrapartida, as terras destinadas à pastagem poderão ter uma diminuição significativa nas próximas décadas, caindo de 10 milhões de hectares em 2030 comparado com 2010 e mais 20 milhões de hectares até 2050, indicaram as projeções. O modelo considerou dados do Ministério da Agricultura que estimam, a cada ano, a redução de, aproximadamente, 1 milhão de hectares destinados à pecuária como consequência da melhoria das práticas e aumento da produtividade. “O Código Florestal e a legislação ambiental não são fatores limitantes ao crescimento da agropecuária brasileira”, avaliou Câmara. De acordo com as projeções, a aplicação plena do Código Florestal também poderá contribuir para uma maior redução das emissões totais de gases de efeito estufa pelo Brasil. A combinação de reflorestamento com redução do desmatamento, por força do Código Florestal, poderá fazer com que as emissões por desmatamento no Brasil cheguem a 110 milhões de toneladas de CO2 em 2030 – uma queda de 92% em relação a 2000 quando dois terços das emissões de CO2 do país eram provenientes, principalmente, do desmatamento da Amazônia. Com isso, o país passaria a zerar suas emissões por desmatamento a partir de 2030, apontou Câmara. “A redução do desmatamento está comprando o tempo para o Brasil tornar sua matriz energética mais limpa e conseguir descarbonizar sua economia. A diminuição das emissões de gases de efeito estufa pelo país depende, agora, do uso de combustíveis renováveis, e não mais da Amazônia ”, avaliou Câmara.


ARTIGO

8 Matriz Energética

Na avaliação de Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), a meta estipulada na INDC brasileira de aumentar a participação da bioenergia na matriz energética brasileira para, aproximadamente, 18% até 2030, com o objetivo de diminuir as emissões do setor de energia, é muito conservadora e pouco ambiciosa. “Só de etanol de cana-de-açúcar o Brasil já produz 18% e estamos com um potencial ocioso no setor, com várias usinas falindo por terem se endividado com a sinalização de que o etanol poderia aumentar sua participação na matriz energética brasileira”, disse Souza durante um workshop sobre a COP21 para jornalistas, realizado no dia 6 de outubro, na FAPESP. “Não há desculpa para o Brasil, país reconhecido como pioneiro no uso de bioenergia,

não estar usando mais combustível renovável – principalmente etanol de cana-de-açúcar – em sua matriz energética”, afirmou.

Biodiversidade O estudo coordenado por Câmara também avaliou o impacto da implantação do novo Código Florestal na diminuição da perda de biodiversidade no Brasil. De acordo com as projeções dos pesquisadores, o Código pode contribuir para reduzir o número de espécies ameaçadas no Brasil e de perda de habitats. As principais áreas sob ameaça de perda de habitats, segundo o estudo, são a Caatinga – que poderá perder até 2050 mais de 51% de suas florestas intocadas e importantes para biodiversidade, mas que atualmente não estão protegidas – e o Cerrado, que poderá perder mais de 20% de sua área total também de grande importância para a biodiversidade, aponta o estudo.

“Temos muito mais incertezas do que certezas em relação a como a biodiversidade, em toda a sua complexidade, será afetada pelas mudanças climáticas”, disse Luciano Verdade, professor da USP e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA), durante o evento sobre a COP21 realizado na FAPESP no dia 7 de outubro. “Mas já sabemos que não só as mudanças climáticas, como também o uso da terra, causam alterações no padrão de distribuição e de abundância de espécies selvagens. O que é difícil avaliar, ainda, são os impactos da interação desses dois fatores – as mudanças climáticas e de uso da terra – na biodiversidade”, afirmou Verdade. O relatório “Modelling land use changes in Brazil: 2000-2050”,resultado do projeto REDD-PAC, pode ser acessado em www.redd-pac.org. Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, out./2015.

SERVIÇO DE VESTIBULAR Universidade de Caxias do Sul (UCS) Período de inscrição: até 06 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Francisco Getúlio Vargas, 1 130 – Caxias do Sul – RS – CEP: 95070-560 – Telefone: (54) 3218-2100. Requisito: taxa de R$ 70,00. Cursos e vagas: consultar site www.ucs.br Exame: dia 22 de novembro de 2015.

Faculdade de Tecnologia (Fatec) Período de inscrição: até 11 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: praça Coronel Fernando Prestes, 30 – Bom Retiro – São Paulo – SP – CEP: 01124-060 – Telefone: (11) 3322-2200. Requisito: taxa de R$ 75,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibularfatec.com.br Exame: dia 06 de dezembro de 2015.

Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) Período de inscrição: até 19 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Independência, 2 293 – Bairro Universitário – Santa Cruz do Sul – RS – Telefone: (51) 3717-7300. Requisito: taxa de R$ 70,00. Cursos e vagas: consultar site www.unisc.br Exame: dia 28 de novembro de 2015.

Porto Alegre – RS – CEP: 90619-900 – Telefone: (51) 3320-3500. Requisito: taxa de R$ 100,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.pucrs.br Exames: dias 05 e 06 de dezembro de 2015.

Branco, 3 972 – Bairro Assunção – São Bernardo do Campo – SP – CEP: 09850-901 – Telefone: (11) 4353-2900. Requisito: taxa de R$ 90,00. Cursos e vagas: consultar site www.fei.edu.br Exames: dias 05 e 06 de dezembro de 2015.

Faculdade Cásper Líbero

Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)

Período de inscrição: até 30 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Paulista, 900 – Bela Vista – São Paulo – SP – CEP: 01310-100 – Telefone: (11) 3170-5757. Requisito: taxa de R$ 140,00. Cursos e vagas: consultar site www.casperlibero.edu.br Exame: dia 13 de dezembro de 2015. Leituras obrigatórias: • Viagens na minha terra – Almeida Garret. • Papéis avulsos – Machado de Assis. • A cidade e as serras – Eça de Queiroz. • Capitães da Areia – Jorge Amado. • Toda poesia – Paulo Leminski.

Faculdade Adamantinense Integrada - Medicina (FAI) Período de inscrição: até 19 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Nove de Julho, 730 – Adamantina – SP – CEP: 17800-000 – Telefone: (18) 3502-7010. Requisito: taxa de R$ 327,00 para Medicina; para os demais cursos, taxa de R$ 20,00. Cursos e vagas: consultar site www.vunesp.com.br Exame: dia 19 de dezembro de 2015.

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)

Centro Universitário da FEI

Período de inscrição: até 25 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Ipiranga, 6 681 – Partenon –

Período de inscrição: até 27 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: av. Humberto de Alencar Castelo

Período de inscrição: até 09 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: praça Mauá, 1 – Mauá – São Caetano do Sul – SP – CEP: 09580-900 – Telefone: (11) 4239-3000. Requisito: taxa de R$ 70,00. Cursos e vagas: consultar site www.maua.br Exame: dia 14 de novembro de 2015.

Universidade Presbiteriana Mackenzie Período de inscrição: até 19 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua da Consolação, 930 – Consolação – São Paulo – SP – CEP: 01302-907 – Telefone: (11) 2114-8000. Requisito: taxa de R$ 100,00. Cursos e vagas: consultar site www.mackenzie.br Exame: dia 02 de dezembro de 2015.

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (Belas Artes) Período de inscrição: até 26 de novembro de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Dr. Álvaro Alvim, 90 – Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP: 04018-010 – Telefone: (11) 5576-7300. Requisito: taxa de R$ 80,00. Cursos e vagas: consultar site www.belasartes.br Exames: dias 03 ou 05 de dezembro de 2015.


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