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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2015 • DE 29/10 A 11/11
ENTREVISTA
“Quem está lá é gente que passou num vestibular que seleciona por sua dedicação.” Nathan Benigno Sboarine entrou na Poli, em Engenharia de Produção, curso que escolheu ao assistir a uma palestra no Etapa. “O engenheiro de produção é o engenheiro dos engenheiros”, diz, citando um comentário que ouve muito na Poli. Aqui ele conta como se preparou no cursinho durante dois anos, o primeiro junto com o 3o ano do Ensino Médio, quando chegou à 2a fase e no ano passado, quando conseguiu a aprovação.
Nathan Benigno Sboarine Em 2014: Etapa Em 2015: Poli – USP
JV – O que motivou você a escolher Engenharia de Produção como carreira? Nathan – Fiz o primeiro ano de cursinho aqui em 2013, junto com o Ensino Médio, e prestei Fuvest para Engenharia Mecatrônica. Na época era o que eu queria. Fiz um segundo ano no cursinho depois que acabei o Ensino Médio. O que me fez mudar de opinião no ano passado foi uma das palestras a que assisti aqui. Nunca tinha me interessado por Produção, mas achei que o curso era mais o meu perfil. Eles falam na Poli que o engenheiro de Produção é o engenheiro dos engenheiros. É o cara que dá um passo para trás, enxerga o processo global e vai articulando para que as coisas funcionem melhor. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Prestei Unesp e Unicamp para Engenharia de Produção, e o Enem. Pelo Enem, coloquei a Universidade Federal do Rio de Janeiro como primeira opção e a UFSCar como segunda. Como você veio estudar no Etapa? Eu tinha um grupo de amigos que pensavam em prestar Poli e eles optaram por fazer o curso do Etapa junto com o 3o ano. Eles vieram para cá, passaram direto e sempre falavam bem daqui. Comecei a me interessar e foi um caminho natural. Como foi o começo do curso? Eu me adaptei fácil, as aulas são muito legais. Sinto muita falta delas hoje. Os professores têm uma didática muito boa, isso ajudou demais. E tinha meus amigos também, que vieram fazer cursinho comigo no mesmo ano. A minha vida no cursinho foi muito tranquila. Como era seu método de estudos? Não gosto de estudar muito tempo seguido. Acordava cedo, às 5 e meia, vinha para cá e
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CONTO
Civilização – Eça de Queirós
A academia era todo dia? Todo dia. Era um negócio de que eu gostava e que me ajudava. Muita gente me perguntava como eu arranjava tempo. Eu explicava que podia ser que estivesse perdendo tempo de estudo, mas era um tempo em que minha cabeça estava descansando e me fazia muito bem, fazia meu estudo render mais. A matéria chegou a ficar acumulada em alguma época do ano? Acumular de um jeito que fosse assustador, não. Até porque eu dificilmente deixava um exercício para o dia seguinte. Exercício para mim era muito importante. Em quais matérias você tinha uma base mais forte? Tinha uma base muito forte em Português e História. E só. Em Exatas, tinha uma base mais fraca. Quando cheguei aqui percebi que sabia pouco, precisava aprender mais. Os professores são ótimos, comecei a gostar bem mais de Exatas. Aí eu tinha mais vontade de estudar e consegui me dedicar bem. Você se interessava por todas as matérias? Todas têm alguma coisa de que eu gosto. Eu só sentia um pouco de dificuldade em Geografia Física e em Biologia, porque nelas você tem que
POIS É, POESIA
ENTREVISTA
Nathan Benigno Sboarine
depois voltava para casa. Das 2 às 4 da tarde eu estudava sem parar. Exercícios diretos. Normalmente sobrava pouca coisa ou quase nada. Era um estudo que rendia muito bem. Depois, normalmente, ia para a academia ou para a casa da minha namorada. Voltava para casa às 6, 7 da noite. Se precisava terminar uma tarefa, estudava mais uma hora ou duas. No máximo às 10 da noite já tinha terminado tudo.
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Vicente de Carvalho ARTIGO Se cumprido, Código Florestal ajudará país a zerar emissões por desmatamento em 2030
decorar bastante coisa. Não ia tão bem, mas conseguia manter. Você fez aulas do RPE (Reforço para Engenharia)? Sim, nos sábados. Como foram essas aulas? Eram aulas mais focadas nas matérias de Exatas. Eles ensinavam muito como você deve pensar para encarar um exercício que não sabe fazer. Você pode olhar para um exercício e concluir que não tem a menor ideia de como resolvê-lo. Mas depois fala: vou começar a procurar. Esse procurar pistas e insistir no exercício para pelo menos tirar alguma coisa dele, o pessoal aprendia no RPE. Faz diferença. Como você procurava resolver as dúvidas? Quando surgiam dúvidas eu perguntava para o professor depois da aula. E usava bastante o Plantão Virtual, que tem a resolução dos exercícios. Era muito bom, ajudava bastante. E como era seu treino em Redação? Fazia uma por semana. Redação é uma questão de prática, se você faz uma por semana vai estar preparado. Gosto bastante de escrever, é um ponto forte meu. Eu normalmente mostrava as redações para meus amigos e pegava as deles e os ajudava a fazer. Isso era um treino para mim. Eu lia minhas redações e as que achava que estavam ruins, levava ao plantão. Como foi sua frequência nos simulados? Acho que não cheguei a faltar em nenhum. Eu gostava muito de fazer simulados porque era a hora em que eu via se meu trabalho estava funcionando ou não.
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Quais eram seus resultados? Sempre mantive uma boa média nos simulados, nunca tirei menos de 70. Nos simulados do Enem, normalmente tirava A. Nos da Fuvest tirei alguns As, mas a maioria era B ou C mais. Você leu as obras literárias indicadas pela Fuvest? Já tinha lido todas até o fim do 3o ano e no ano passado reli todas. E assisti às palestras. Lendo a obra e indo à palestra não tem como não ir bem nessa parte da prova. O que a palestra agrega para quem já leu a obra? Ler a obra é fundamental. Ver a palestra é muito bom, são professores de literatura formados, profissionais que mostram para você o que aquele livro quer dizer. Passam muitos detalhes que você, leitor leigo, não consegue puxar sozinho. Mas acho os dois lados importantes. Lendo, você tem o panorama geral da obra e monta sua opinião. Aí o professor joga para você um detalhamento da obra de um jeito que dá sentido a ela. Você consegue entender tudo. O que você fez nas férias de julho? De tarefa eu não tinha nada atrasado, não peguei nas apostilas. Saía todo final de semana. Mas aproveitei para reler os livros porque não precisava acordar cedo no dia seguinte. Isso foi bom porque minha cabeça estava descansada, lia tranquilo. E do primeiro para o segundo ano de cursinho minha cabeça mudou muito, principalmente por causa daqui, dos professores, das palestras. Então, foi uma leitura com outros olhos. Ajudou bastante no entendimento das obras. Na prova da 1a fase da Fuvest, qual foi sua pontuação? Fiz 74 pontos na 1a fase. O corte foi 61. Você ficou 13 pontos acima. O que achou desse resultado? Durante a prova fiquei um pouco nervoso porque as questões de Matemática e de Física estavam difíceis, a meu ver. Saí da prova preocupado, mas corrigi no dia e vi que deu 74 pontos. Consegui manter uma média boa. A parte de Exatas pesou um pouco, mas tive como segurar em outras partes da prova. Da 1a para a 2a fase o seu método de estudos mudou? Não, continuou a mesma coisa. Continuei estudando normal. Como tinha ido bem na 1a fase e estava indo bem nos simulados, fiquei tranquilo. Na 2a fase, quais foram suas notas? Tirei 82,25 na média do primeiro dia. A nota em Redação foi 82. Foi meu melhor dia. As questões de Português foram tranquilas e para mim o tema da Redação era bom. Tirou quanto no segundo dia, na prova geral? Tirei 65,63. Foi um dia em que eu fiquei nervoso – e podia ter ido melhor.
E no dia das matérias prioritárias para Engenharia? Tinha mais medo desse último dia. Quando prestei Fuvest no ano anterior eu passei para a 2a fase, fui bem no primeiro dia e razoável no segundo. Se tivesse ido bem no terceiro dia eu seria aprovado. Só que fui mal, tirei 50. Tinha medo de que acontecesse isso de novo. Mas acabei tirando 70,75 – suficiente para me aprovar. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? Fiz 747 pontos. Na carreira, como você se classificou? Fiquei na posição 158 [melhor do que 93% dos que foram para a 2a fase]. Como soube de sua aprovação na Fuvest? Eu estava em casa. Na hora em que vi que tinha passado eu vim correndo para cá e fiquei aqui a tarde inteira. Encontrei meus amigos, a gente fez bastante festa, foi um dia muito legal. Você já conhecia a Poli? Eu tinha ido lá duas vezes. Na primeira vez só olhei os prédios. Na segunda vez era uma visita mesmo, conheci bem, foi legal. Como foi a matrícula? O processo burocrático é demorado, depois foi uma surpresa muito boa. O pessoal é muito receptivo, eles querem você lá, gostam de você de graça. O trote é supertranquilo, respeitoso. Aquele foi um dia muito bom, o pessoal brincou bastante, conheci muita gente. Depois eles já marcaram um dia para sair, para todos se conhecerem melhor. Quais são as matérias que você está estudando? Na Engenharia, todo mundo faz o ciclo básico, que é o Biênio. Tem Cálculo, Física, Álgebra Linear, Resistência dos Materiais, matérias que todo engenheiro tem que ver. Eu gosto muito dessas matérias. São matérias básicas, acho que a gente não vai usar muito no dia a dia de engenheiro, principalmente na área de Produção, mas são matérias que fazem você pensar, desenvolver o raciocínio. Não tenho como explicar de outro jeito. Acho realmente necessárias. As matérias de Produção eu adoro. Teve Economia no primeiro semestre, estou tendo Sistema da Informação, aprendi a criar um site. E estou tendo uma matéria optativa que eu peguei dentro da Produção, que são visitas técnicas em indústrias. Você conhece o trabalho de engenheiros de Produção dentro da indústria. Qual é a matéria mais complicada neste semestre? Eu tenho um pouco de dificuldade com Física, porque é um passo adiante da matéria. Você aprende muita coisa nova, é bem difícil. Os professores são do Instituto de Física. Tenho também um pouco de dificuldade em Cálculo.
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Quais são as matérias de que você gosta mais? Gostei bastante de Economia, de Sistema da Informação e de algumas partes de Cálculo, quando a coisa se torna mais intuitiva e menos algébrica. Você está participando de alguma atividade fora da sala de aula? Frequento bastante o Centro Acadêmico de Produção. Frequento também as aulas da Atlética. Acho que você tem que fazer coisas extra-aula para aguentar aquilo, para dar uma extravasada. Realmente o curso é puxado. Também estudo alemão dentro da Poli. No primeiro semestre eu fazia remo, mas neste segundo semestre estou meio sem tempo. Eu saio de casa às 5 da manhã, tem dia que chego em casa às 10 da noite. De tudo que já conhece na USP, o que você destaca? Eu não sabia que a Poli tinha uma infraestrutura tão boa. Nem parece uma universidade pública. A Poli dá condições de estudar lá, de você se sentir confortável. Tem tudo que a gente precisa para desenvolver projetos. E o lado humano é o grande diferencial da Poli. Quem está lá é gente que passou num vestibular que seleciona pelo conhecimento, pelo esforço, por sua dedicação. Todo mundo, pelo menos, passou um ano da vida se dedicando muito para estar lá. Sem falar que é gente que normalmente tem vontade de fazer as coisas, gosta de estar lá. E a Poli deixa muito espaço para você fazer as coisas. Grêmio, bateria, Atlética, Centro Acadêmico, tudo é comandado pelos alunos. Você já tem ideia do que pretende fazer como engenheiro de produção? No começo, eu queria fazer ou gestão ou trabalhar na parte financeira, em banco. A indústria não chamava muito minha atenção. Quando comecei a fazer a matéria de visitas técnicas mudei de opinião. Hoje me vejo aberto a qualquer uma dessas três áreas – gestão, financeira e indústria. Que dicas você pode dar ao pessoal na reta final para o vestibular? Eu falaria para o pessoal praticar, fazer exercícios. Esquece o cara do seu lado – você não está competindo contra uma pessoa. Você está competindo primeiro contra a nota de corte. Você tem que passar desse número. Para quem vai prestar Engenharia, o que você recomenda? Vale muito a pena estudar Engenharia, vale muito a pena estudar na Escola Politécnica, um lugar em que você vai conhecer um monte de gente diferente, um lugar onde você vai aprender não só a ser um bom profissional, um lugar que abre a sua cabeça. Quem faz Poli ganha vida nova. Como fica marcado para você o ano passado no cursinho? Foi um ano muito bom, eu gostava muito de vir para cá. Eu olho o ano passado com muito carinho, só estou onde estou hoje porque passei por aqui. Conheci profissionais muito talentosos que me ajudaram muito. Tenho uma recordação muito boa do ano passado. Um ano que me fez crescer demais.
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