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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2016 • DE 08/03 A 23/03
ENTREVISTA
1o lugar na Poli e na UFSCar, com uma história e tanto. Douglas José do Bonfim não imaginava entrar na USP. Decidiu depois que entrou no Etapa. Fez o Extensivo Noite 10 em 2014 e entrou na Poli na Engenharia Naval. Mas queria Mecânica e voltou ao cursinho em 2015. Agora não só conseguiu a vaga na área desejada como também conquistou a 1a colocação da Poli. Com a nota do Enem, entrou na UFSCar, também em 1o lugar. Veja a seguir a história desse percurso.
Douglas José do Bonfim Em 2015: Etapa Em 2016: Engenharia – Poli
JV – Quando se decidiu por fazer Engenharia Mecânica?
Sua família o apoiou na decisão de deixar uma vaga na USP?
Douglas – Eu sempre quis saber como as coisas funcionam. Fiz curso técnico em Mecânica junto com o Ensino Médio e, quando descobri Engenharia Mecânica, abracei a área.
Sim. Eles sempre me disseram para fazer o que eu gostasse. Não adiantaria eu fazer Engenharia Naval e ser um profissional infeliz. Sempre me apoiaram.
Como veio estudar aqui?
Quais vestibulares de 2016 você prestou?
Eu vim com um amigo que ia começar a estudar aqui e hoje está na USP, na ECA. Conheci o Etapa, gostei e entrei no Noite 10. Eu cheguei olhando para frente. Queria aprender realmente, mas no início do primeiro ano não tinha muito a ideia de prestar Fuvest. Só depois eu passei a visar mais a USP.
Fuvest, Unicamp, Vunesp, todos para Engenharia Mecânica. E Enem. Com o Enem consegui de novo vaga em Engenharia Mecânica na UFSCar, em 1o lugar.
Por que a USP não era seu objetivo no início? Achava que não tinha condições de entrar? A USP sempre foi uma coisa distante para mim. Eu não sabia que, com estudo e muita dedicação, eu conseguiria chegar lá.
Qual era seu objetivo naquela época? Meu intuito na época era entrar em alguma federal. Mas em dois, três meses no Etapa, eu mudei o foco. Falei: “quero mesmo é a USP”.
No primeiro ano no cursinho, qual foi seu resultado na Fuvest? Passei na 2a chamada em Engenharia Naval na Poli. Só que não era o que eu queria. Decidi fazer mais um ano aqui para conseguir o que eu queria, Engenharia Mecânica. Passei também na UFSCar, em Engenharia Mecânica, mas aí eu já estava com foco na USP e não fui para lá.
ENTREVISTA
Douglas José do Bonfim CONTO
Pai contra mãe – Machado de Assis
Você estava motivado ao voltar para o cursinho no ano passado? Comecei bem motivado e com muita humildade porque sabia que, mesmo sendo meu segundo ano no cursinho, eu ainda tinha muita coisa para aprender. Levei tudo com a maior seriedade.
Em 2015 você mudou do Extensivo Noite 10 para o Extensivo Manhã. Por quê?
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O que você fazia nos fins de semana? Fazia o RPE. E mantinha o esquema: depois da aula ia para a empresa estudar. No domingo eu fazia o simulado e tirava um pouco da tarde para descansar.
Como era o seu método de estudo? Geralmente eu estudava as matérias do dia. Quando era uma matéria em que tinha um pouco mais de facilidade, eu diminuía o tempo nessa matéria para pegar outra em que eu tinha mais dificuldade.
Fazia exercícios também? Fazia exercícios. Nunca fui de fazer muito resumo. Eu conseguia aprender muito mais pelos exercícios. Às vezes, eu assistia a uma videoaula, lia algum artigo, alguma coisa assim.
Para me dedicar mais. Quando fiz o Noite 10 eu comecei a trabalhar no meio do ano. Aí dei uma diminuída nos estudos porque não tinha mais tempo. Só no final do ano, quando saí do trabalho, consegui me dedicar mais aos estudos. No ano passado, fazendo o curso de manhã, depois das aulas eu ia estudar na empresa do meu pai, que é aqui perto.
Você fez o Reforço para Engenharia. Como é a aula?
Como você estudava?
Quais foram suas principais dificuldades no ano passado?
Eu ficava estudando lá até 6, 7 horas da noite. Dependendo do dia e do cansaço, depois ia para a academia ou não. Ao chegar em casa eu estudava um pouco mais e dormia por volta das
ENTRE PARÊNTESIS
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11 e meia da noite. Acordava às 5 h da manhã e vinha com meu pai, ele me deixava aqui por volta de 6 e 40.
Cubos e furos
Nas matérias, minha principal dificuldade era em Português. Nunca gostei muito, mas me dediquei bastante para conseguir melhorar. Outra
POIS É, POESIA
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Luís Vaz de Camões (1525?-1580) SOBRE AS PALAVRAS
ARTIGO
Teatro Grego
A aula do RPE é focada mais em exercícios. Você consegue treinar o que viu durante a semana. Às vezes tem um assunto que parece que ficou claro e no RPE você vê que tem um pouco mais a evoluir. Achei muito bom por isso. Conseguia olhar os exercícios de forma diferente.
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Arco-da-velha
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ENTREVISTA
dificuldade foi o cansaço, eu estudava muito e dormia pouco. Cheguei a estudar 13, 14 horas por dia. Mas eu olhava para frente e sabia que tudo aquilo tinha um propósito.
Você tinha dificuldade em alguma matéria?
tante das matérias. Por exemplo, passeando no parque eu ia pensando no que as plantas que via tinham a ver com meu estudo. Mesmo não sentando para estudar, para resolver exercício, eu conseguia fazer meio que uma revisão mental.
Geografia eu precisei focar um pouco mais. Você olha para ela, parece fácil. Mas, depois que começa a entender um pouco mais, você vê que tem muita coisa para estudar. No vestibular, deu diferença eu ter focado mais nessa matéria.
Você teve que abrir mão de alguma atividade para se preparar para os vestibulares?
Quando tinha uma dúvida, o que você fazia?
Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest?
Geralmente eu pegava as resoluções on-line. Se não conseguia sanar a dúvida no Plantão Virtual, eu perguntava a algum professor no intervalo.
Como você ia nos simulados?
No final do ano eu praticamente não fui à academia. Também não tinha tempo para os amigos. Mas valeu a pena, com certeza.
Com o bônus de escola pública minha pontuação foi 84. Nos simulados eu costumava ficar entre 77 e 80.
Geralmente eu ficava entre A e B. Um pouco mais de B do que de A. Tirei alguns C, mas geralmente minha classificação era B.
E na 2a fase de 2016? No primeiro dia, em Português – que era o seu ponto fraco – e Redação você tirou quanto?
E nos simulados do RPE?
Tirei 70 nas questões e 70 na Redação.
Geralmente eu ia um pouco melhor nos simulados do RPE. Tirei alguns A.
No segundo dia, na prova geral, com 16 questões de sete matérias?
O que você achava desses resultados?
A segunda prova eu achei um pouco difícil, mas fui bem, tirei 81,25.
Eu achava que estava legal, principalmente comparando com o ano anterior. Mas dava para melhorar. Eu sempre queria ficar no A, mas com o B eu via que estava dando certo. No final do ano, eu consegui ter notas mais altas, mais concentradas no A.
Qual foi a importância dos simulados na sua preparação para o vestibular? Os simulados eram para treinar, ver se tudo que eu fazia na semana dava resultado. Estudava um pouco mais as matérias em que tinha cometido algum deslize, dava uma revisada, prestava mais atenção nelas. Sempre estava focado em melhorar.
Você leu os livros indicados pela Fuvest como obrigatórios? A única obra que não li toda foi Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. Mas li as análises dos poemas.
Você assistiu às palestras sobre os livros? Todas. Acho que a importância delas é que o professor consegue dar uma visão diferente, porque muitas vezes, lendo o livro, não se entende completamente o que o autor quis transmitir com tal frase, tal passagem. Na poesia, principalmente. A poesia para mim foi um pouco mais difícil. A palestra ajudou muito.
Você tinha alguma atividade para relaxar? Eu fazia academia. Ia todo o dia para dar uma relaxada. E saía com a namorada, com os amigos, para dar uma espairecida e manter o ânimo alto.
Qual época foi mais cansativa? O final do primeiro semestre foi um pouco mais cansativo, mas nas férias eu consegui descansar bem e voltei para o segundo semestre com mais força. Consegui manter o ritmo, até aumentar um pouco.
Você estudou nas férias? Estudei pouco. Tirei para ficar em casa, correr no parque, jogar futebol. Mas não me mantive dis-
E na prova do terceiro dia, das matérias prioritárias da carreira, Matemática, Física e Química? A prova estava bem tranquila. Minha nota foi 89,58.
Alguma surpresa nessas notas? Não. As notas foram as que eu esperava. Eu sabia que o primeiro dia seria o meu pior, então procurei me concentrar ao máximo nele. Para os outros dias, continuei fazendo o que fazia durante o ano.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? 904,6.
Qual foi sua classificação na carreira Engenharia Poli? 1o lugar.
Como ficou sabendo de sua aprovação? Fiquei sabendo pela internet, em casa. Estava sozinho, comecei a pular, a gritar, muito feliz. Liguei para meus pais, para meus amigos. Foi um momento muito legal para mim.
Quando viu seu nome na lista, o que sentiu? Senti alívio e uma sensação de que tudo valeu a pena. Como disse, deixei muitas coisas para trás, mas no final tudo aquilo que eu fiz teve resultado. Foi uma coisa que serviu para me provar que temos que correr atrás dos nossos objetivos. Eu corri atrás e cheguei onde eu queria.
Quando viu que era o 1o colocado, como reagiu? Eu já estava muito feliz com a aprovação. Sempre disse para meus amigos que se passasse em último ia ficar muito feliz também. Ser o primeiro nunca foi meu objetivo. E quando vi a classificação não acreditei. Ser o primeiro foi uma coisa muito grande para mim, uma coisa que me deixou muito feliz.
Qual é sua expectativa neste início na Poli? Eu entro na Poli querendo aprender muito. Eu quero manter, se possível, o mesmo ritmo que tive até agora. A Poli tem muitas extensões, muitos grupos, acho muito legal o trabalho que eles fazem e gostaria de participar de tudo, mas vou ter que escolher onde me focar mais.
Você já tem ideia do que pretende seguir na Engenharia? Pretendo seguir na área de Aerodinâmica dos Fluídos. Ainda estou para decidir entre Aeronáutica ou Automotiva. Mas, basicamente, na área de Aerodinâmica.
Que dicas você pode dar ao pessoal que está começando agora no cursinho e para o pessoal que não passou por pouco e vai tentar novamente? Para quem está entrando agora, a dica é: tenha muita dedicação, não menospreze nada. Você tem muita coisa para aprender. E saiba que ninguém vai poder tirar seu sonho de você. Você é o único responsável por ele. Para quem vai prestar vestibular de novo, a mensagem é: tenha perseverança. E tenha humildade para olhar seus acertos e seus erros, e focar naquilo em que esteve pior. Dois anos de cursinho podem parecer muito, mas o que isso vai representar na sua carreira depois? Praticamente nada.
Como ficam marcados para você os dois anos no cursinho? Foram dois anos de muita luta, muito estudo e muito aprendizado. Conheci professores muito bons, pessoas muito boas e quero levar isso para minha vida. Levar essa busca pelo saber para minha vida. Eu entrei no Etapa sem perspectiva. Aqui eu aprendi a ter perspectivas altas e alcançá-las.
Você tem saudade de alguma coisa do Etapa? Tenho saudade dos professores e dos amigos. Muitos amigos entraram na USP, mas a gente não vai ter o mesmo convívio. E o clima aqui também é muito legal, um clima de muita motivação. As pessoas se mantêm motivadas.
Hoje você acha que está diferente de quando veio para o cursinho? Acho que estou muito mais maduro, no sentido de que eu aprendi que sou o responsável por atingir as minhas metas. Eu sou o único representante dos meus sonhos. Para alcançar minhas metas vou ter que ralar muito, lutar muito. Mas isso só depende de mim.
O que você tira de lição desse tempo que investiu para realizar seu sonho de entrar na Engenharia Mecânica da Poli? Eu acho que a lição é: você tem de acreditar em você. Se realmente tiver confiança e for atrás, conseguirá alcançar coisas com que hoje nem sonha. Coisas muito grandes.
O que mais você quer dizer para nossos alunos atuais? Mantenham-se motivados, sempre estudando, sempre buscando aprender. Tenham força e fé que conseguirão atingir seus sonhos.
CONTO
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Pai contra mãe Machado de Assis
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escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente”, – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutasse. Ora, pegar escravos fugidos era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de
uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem. Cândido Neves, – em família, Candinho, – é a pessoa a quem se liga a história de uma fuga, cedeu à pobreza, quando adquiriu o ofício de pegar escravos fugidos. Tinha um defeito grave esse homem, não aguentava emprego nem ofício, carecia de estabilidade; é o que ele chamava caiporismo. Começou por querer aprender tipografia, mas viu cedo que era preciso algum tempo para compor bem, e ainda assim talvez não ganhasse o bastante; foi o que ele disse a si mesmo. O comércio chamou-lhe a atenção, era carreira boa. Com algum esforço entrou de caixeiro para um armarinho. A obrigação, porém, de atender e servir a todos feria-o na corda do orgulho, e ao cabo de cinco ou seis semanas estava na rua por sua vontade. Fiel de cartório, contínuo de uma repartição anexa ao ministério do Império, carteiro e outros empregos foram deixados pouco depois de obtidos. Quando veio a paixão da moça Clara, não tinha ele mais que dívidas, ainda que poucas, porque morava com um primo, entalhador de ofício. Depois de várias tentativas para obter emprego, resolveu adotar o ofício do primo, de que aliás já tomara algumas lições. Não lhe custou apanhar outras, mas, querendo aprender depressa, aprendeu mal. Não fazia obras finas nem complicadas, apenas garras para sofás e relevos comuns para cadeiras. Queria ter em que trabalhar quando casasse, e o casamento não se demorou muito. Contava trinta anos. Clara vinte e dois. Ela era órfã, morava com uma tia, Mônica, e cosia com ela. Não cosia tanto que não namorasse o seu pouco, mas os namorados apenas queriam matar o tempo; não tinham outro empenho. Passavam às tardes, olhavam muito para ela, ela para eles, até que a noite a fazia recolher para a costura. O que ela notava é que nenhum deles lhe deixava saudades nem lhe acendia desejos. Talvez nem soubesse o nome de muitos. Queria casar, naturalmente. Era, como lhe dizia a tia, um pescar de caniço, a ver se o peixe pegava, mas o peixe passava de longe; algum que parasse, era só para andar à roda da isca, mirá-la, cheirá-la, deixá-la e ir a outras. O amor traz sobrescritos. Quando a moça viu Cândido Neves, sentiu que era este o possível marido, o marido verdadeiro e único. O encontro deu-se em um baile; tal foi – para lembrar o primeiro ofício do namorado, – tal foi a página inicial daquele livro, que tinha de sair mal composto e pior brochado. O casamento fez-se onze meses depois, e foi a mais bela festa das relações dos noivos. Amigas de Clara, menos por amizade que por inveja, tentaram arredá-la do passo que ia dar. Não negavam a gentileza do noivo, nem o amor que
lhe tinha, nem ainda algumas virtudes; diziam que era dado em demasia a patuscadas. – Pois ainda bem, replicava a noiva; ao menos, não caso com defunto. – Não, defunto não; mas é que... Não diziam o que era. Tia Mônica, depois do casamento, na casa pobre onde eles se foram abrigar, falou-lhes uma vez nos filhos possíveis. Eles queriam um, um só, embora viesse agravar a necessidade. – Vocês, se tiverem um filho, morrem de fome, disse a tia à sobrinha. – Nossa Senhora nos dará de comer, acudiu Clara. Tia Mônica devia ter-lhes feito a advertência, ou ameaça, quando ele lhe foi pedir a mão da moça; mas também ela era amiga de patuscadas, e o casamento seria uma festa, como foi. A alegria era comum aos três. O casal ria a propósito de tudo. Os mesmos nomes eram objeto de trocados, Clara, Neves, Cândido; não davam que comer, mas davam que rir, e o riso digeria-se sem esforço. Ela cosia agora mais, ele saía a empreitadas de uma cousa e outra; não tinha emprego certo. Nem por isso abriam mão do filho. O filho é que, não sabendo daquele desejo específico, deixava-se estar escondido na eternidade. Um dia, porém, deu sinal de si a criança; varão ou fêmea, era o fruto abençoado que viria trazer ao casal a suspirada ventura. Tia Mônica ficou desorientada, Cândido e Clara riram dos seus sustos. – Deus nos há de ajudar, titia, insistia a futura mãe. A notícia correu de vizinha a vizinha. Não houve mais que espreitar a aurora do dia grande. A esposa trabalhava agora com mais vontade, e assim era preciso, uma vez que, além das costuras pagas, tinha de ir fazendo com retalhos o enxoval da criança. À força de pensar nela, vivia já com ela, media-lhe fraldas, cosia-lhe camisas. A porção era escassa, os intervalos longos. Tia Mônica ajudava, é certo, ainda que de má vontade. – Vocês verão a triste vida, suspirava ela. – Mas as outras crianças não nascem também? perguntou Clara. – Nascem, e acham sempre alguma cousa certa que comer, ainda que pouco... – Certa como? – Certa, um emprego, um ofício, uma ocupação, mas em que é que o pai dessa infeliz criatura que aí vem, gasta o tempo? Cândido Neves, logo que soube daquela advertência, foi ter com a tia, não áspero, mas muito menos manso que de costume, e lhe perguntou se já algum dia deixara de comer. – A senhora ainda não jejuou senão pela semana santa, e isso mesmo quando não quer jantar comigo. Nunca deixamos de ter o nosso bacalhau... – Bem sei, mas somos três. – Seremos quatro. – Não é a mesma cousa.
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CONTO
– Que quer então que eu faça, além do que faço? – Alguma cousa mais certa. Veja o marceneiro da esquina, o homem do armarinho, o tipógrafo que casou sábado, todos têm um emprego certo... Não fique zangado; não digo que você seja vadio, mas a ocupação que escolheu é vaga. Você passa semanas sem vintém. – Sim, mas lá vem uma noite que compensa tudo, até de sobra. Deus não me abandona, e preto fugido sabe que comigo não brinca; quase nenhum resiste, muitos entregam-se logo. Tinha glória nisto, falava da esperança como de capital seguro. Daí a pouco ria, e fazia rir à tia, que era naturalmente alegre, e previa uma patuscada no batizado. Cândido Neves perdera já o ofício de entalhador, como abrira mão de outros muitos, melhores ou piores. Pegar escravos fugidos trouxe-lhe um encanto novo. Não obrigava a estar longas horas sentado. Só exigia força, olho vivo, paciência, coragem e um pedaço de corda. Cândido Neves lia os anúncios, copiava-os, metia-os no bolso e saía às pesquisas. Tinha boa memória. Fixados os sinais e os costumes de um escravo fugido, gastava pouco tempo em achá-lo, segurá-lo, amarrá-lo e levá-lo. A força era muita, a agilidade também. Mais de uma vez, a uma esquina, conversando de cousas remotas, via passar um escravo como os outros, e descobria logo que ia fugido, quem era, o nome, o dono, a casa deste e a gratificação; interrompia a conversa e ia atrás do vicioso. Não o apanhava logo, espreitava lugar azado, e de um salto tinha a gratificação nas mãos. Nem sempre saía sem sangue, as unhas e os dentes do outro trabalhavam, mas geralmente ele os vencia sem o menor arranhão. Um dia os lucros entraram a escassear. Os escravos fugidos não vinham já, como dantes, meter-se nas mãos de Cândido Neves. Havia mãos novas e hábeis. Como o negócio crescesse, mais de um desempregado pegou em si e numa corda, foi aos jornais, copiou anúncios e deitou-se à caçada. No próprio bairro havia mais de um competidor. Quer dizer que as dívidas de Cândido Neves começaram de subir, sem aqueles pagamentos prontos ou quase prontos dos primeiros tempos. A vida fez-se difícil e dura. Comia-se fiado e mal; comia-se tarde. O senhorio mandava pelos aluguéis. Clara não tinha sequer tempo de remendar a roupa ao marido, tanta era a necessidade de coser para fora. Tia Mônica ajudava a sobrinha, naturalmente. Quando ele chegava à tarde, via-se-lhe pela cara que não trazia vintém. Jantava e saía outra vez, à cata de algum fugido. Já lhe sucedia, ainda que raro, enganar-se de pessoa, e pegar em escravo fiel que ia a serviço de seu senhor; tal era a cegueira da necessidade. Certa vez capturou um preto livre; desfez-se em desculpas, mas recebeu grande soma de murros que lhe deram os parentes do homem. – É o que lhe faltava! exclamou a tia Mônica, ao vê-lo entrar, e depois de ouvir narrar o equívoco e suas consequências. Deixe-se disso, Candinho; procure outra vida, outro emprego.
Cândido quisera efetivamente fazer outra cousa, não pela razão do conselho, mas por simples gosto de trocar de ofício; seria um modo de mudar de pele ou de pessoa. O pior é que não achava à mão negócio que aprendesse depressa. A natureza ia andando, o feto crescia, até fazer-se pesado à mãe, antes de nascer. Chegou o oitavo mês, mês de angústias e necessidades, menos ainda que o nono, cuja narração dispenso também. Melhor é dizer somente os seus efeitos. Não podiam ser mais amargos. – Não, tia Mônica! bradou Candinho, recusando um conselho que me custa escrever, quanto mais ao pai ouvi-lo. Isso nunca! Foi na última semana do derradeiro mês que a tia Mônica deu ao casal o conselho de levar a criança que nascesse à Roda dos enjeitados. Em verdade, não podia haver palavra mais dura de tolerar a dois jovens pais que espreitavam a criança, para beijá-la, guardá-la, vê-la rir, crescer, engordar, pular... Enjeitar quê? enjeitar como? Candinho arregalou os olhos para a tia, e acabou dando um murro na mesa de jantar. A mesa, que era velha e desconjuntada, esteve quase a se desfazer inteiramente. Clara interveio: – Titia não fala por mal, Candinho. – Por mal? replicou tia Mônica. Por mal ou por bem, seja o que for, digo que é o melhor que vocês podem fazer. Vocês devem tudo; a carne e o feijão vão faltando. Se não aparecer algum dinheiro, como é que a família há de aumentar? E depois, há tempo; mais tarde, quando o senhor tiver a vida mais segura, os filhos que vierem serão recebidos com o mesmo cuidado que este ou maior. Este será bem criado, sem lhe faltar nada. Pois então a Roda é alguma praia ou monturo? Lá não se mata ninguém, ninguém morre à toa, enquanto que aqui é certo morrer, se viver à míngua. Enfim... Tia Mônica terminou a frase com um gesto de ombros, deu as costas e foi meter-se na alcova. Tinha já insinuado aquela solução, mas era a primeira vez que o fazia com tal franqueza e calor, – crueldade, se preferes. Clara estendeu a mão ao marido, como a amparar-lhe o ânimo; Cândido Neves fez uma careta, e chamou maluca à tia, em voz baixa. A ternura dos dois foi interrompida por alguém que batia à porta da rua. – Quem é? perguntou o marido. – Sou eu. Era o dono da casa, credor de três meses de aluguel, que vinha em pessoa ameaçar o inquilino. Este quis que ele entrasse. – Não é preciso... – Faça favor. O credor entrou e recusou sentar-se; deitou os olhos à mobília para ver se daria algo à penhora; achou que pouco. Vinha receber os aluguéis vencidos, não podia esperar mais; se dentro de cinco dias não fosse pago, pô-lo-ia na rua. Não havia trabalhado para regalo dos outros. Ao vê-lo, ninguém diria que era proprietário; mas a palavra supria o que faltava ao gesto, e o pobre Cândido Neves preferiu calar a retorquir. Fez uma inclinação de promessa e súplica ao mesmo tempo. O dono da casa não cedeu mais. – Cinco dias ou rua! repetiu, metendo a mão no ferrolho da porta e saindo.
Candinho saiu por outro lado. Nesses lances não chegava nunca ao desespero, contava com algum empréstimo, não sabia como nem onde, mas contava. Demais, recorreu aos anúncios. Achou vários, alguns já velhos, mas em vão os buscava desde muito. Gastou algumas horas sem proveito, e tornou para casa. Ao fim de quatro dias, não achou recursos; lançou mão de empenhos, foi a pessoas amigas do proprietário, não alcançando mais que a ordem de mudança. A situação era aguda. Não achavam casa, nem contavam com pessoa que lhes emprestasse alguma; era ir para a rua. Não contavam com a tia. Tia Mônica teve arte de alcançar aposento para os três em casa de uma senhora velha e rica, que lhe prometeu emprestar os quartos baixos da casa, ao fundo da cocheira, para os lados de um pátio. Teve ainda a arte maior de não dizer nada aos dois, para que Cândido Neves, no desespero da crise, começasse por enjeitar o filho e acabasse alcançando algum meio seguro e regular de obter dinheiro; emendar a vida, em suma. Ouvia as queixas de Clara, sem as repetir, é certo, mas sem as consolar. No dia em que fossem obrigados a deixar a casa, fá-los-ia espantar com a notícia do obséquio e iriam dormir melhor do que cuidassem. Assim sucedeu. Postos fora da casa, passaram ao aposento de favor, e dois dias depois nasceu a criança. A alegria do pai foi enorme, e a tristeza também. Tia Mônica insistiu em dar a criança à Roda. “Se você não a quer levar, deixe isso comigo; eu vou à Rua dos Barbonos.” Cândido Neves pediu que não, que esperasse, que ele mesmo a levaria. Notai que era um menino, e que ambos os pais desejavam justamente este sexo. Mal lhe deram algum leite; mas, como chovesse à noite, assentou o pai levá-lo à Roda na noite seguinte. Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos. As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela Rua e Largo da Carioca, Rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da Rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata. Voltou para a triste casa que lhe haviam emprestado. Tia Mônica arranjara de si mesma a dieta para a recente mãe, e tinha já o menino para ser levado à Roda. O pai, não obstante o acordo feito, mal pôde esconder a dor do espetáculo. Não quis comer o que tia Mônica lhe guardara; não tinha fome, disse, e era verdade. Cogitou mil modos de ficar com o filho; nenhum prestava. Não podia esquecer
CONTO o próprio albergue em que vivia. Consultou a mulher, que se mostrou resignada. Tia Mônica pintara-lhe a criação do menino; seria maior a miséria, podendo suceder que o filho achasse a morte sem recurso. Cândido Neves foi obrigado a cumprir a promessa; pediu à mulher que desse ao filho o resto do leite que ele beberia da mãe. Assim se fez; o pequeno adormeceu, o pai pegou dele, e saiu na direção da Rua dos Barbonos. Que pensasse mais de uma vez em voltar para casa com ele, é certo; não menos certo é que o agasalhava muito, que o beijava, que lhe cobria o rosto para preservá-lo do sereno. Ao entrar na Rua da Guarda Velha, Cândido Neves começou a afrouxar o passo. – Hei de entregá-lo o mais tarde que puder, murmurou ele. Mas não sendo a rua infinita ou sequer longa, viria a acabá-la; foi então que lhe ocorreu entrar por um dos becos que ligavam aquela à Rua da Ajuda. Chegou ao fim do beco e, indo a dobrar à direita, na direção do Largo da Ajuda, viu do lado oposto um vulto de mulher; era a mulata fugida. Não dou aqui a comoção de Cândido Neves por não podê-lo fazer com a intensidade real. Um adjetivo basta; digamos enorme. Descendo a mulher, desceu ele também; a poucos passos estava a farmácia onde obtivera a informação, que referi acima. Entrou, achou o farmacêutico, pediu-lhe a fineza de guardar a criança por um instante; viria buscá-la sem falta. – Mas... Cândido Neves não lhe deu tempo de dizer nada; saiu rápido, atravessou a rua, até ao ponto em que pudesse pegar a mulher sem dar alarma. No extremo da rua, quando ela ia a descer a de S. José, Cândido Neves aproximou-se dela. Era a mesma, era a mulata fujona. – Arminda! bradou, conforme a nomeava o anúncio.
Arminda voltou-se sem cuidar malícia. Foi só quando ele, tendo tirado o pedaço de corda da algibeira, pegou dos braços da escrava, que ela compreendeu e quis fugir. Era já impossível. Cândido Neves, com as mãos robustas, atava-lhe os pulsos e dizia que andasse. A escrava quis gritar, parece que chegou a soltar alguma voz mais alta que de costume, mas entendeu logo que ninguém viria libertá-la, ao contrário. Pediu então que a soltasse pelo amor de Deus. – Estou grávida, meu senhor! exclamou. Se Vossa Senhoria tem algum filho, peço-lhe por amor dele que me solte; eu serei sua escrava, vou servi-lo pelo tempo que quiser. Me solte, meu senhor moço! – Siga! repetiu Cândido Neves. – Me solte! – Não quero demoras; siga! Houve aqui luta, porque a escrava, gemendo, arrastava-se a si e ao filho. Quem passava ou estava à porta de uma loja, compreendia o que era e naturalmente não acudia. Arminda ia alegando que o senhor era muito mau, e provavelmente a castigaria com açoites, cousa que, no estado em que ela estava, seria pior de sentir. Com certeza, ele lhe mandaria dar açoites. – Você é que tem culpa. Quem lhe manda fazer filhos e fugir depois? perguntou Cândido Neves. Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá ficara na farmácia, à espera dele. Também é certo que não costumava dizer grandes cousas. Foi arrastando a escrava pela Rua dos Ourives, em direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta cresceu; a escrava pôs os pés à parede, recuou com grande esforço, inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada, desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O
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senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor. – Aqui está a fujona, disse Cândido Neves. – É ela mesma. – Meu senhor! – Anda, entra... Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves guardou as duas notas de cinquenta mil-réis, enquanto o senhor novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou. O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono. Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Não sabia que horas eram. Quaisquer que fossem, urgia correr à Rua da Ajuda, e foi o que ele fez sem querer conhecer as consequências do desastre. Quando lá chegou, viu o farmacêutico sozinho, sem o filho que lhe entregara. Quis esganá-lo. Felizmente, o farmacêutico explicou tudo a tempo; o menino estava lá dentro com a família, e ambos entraram. O pai recebeu o filho com a mesma fúria com que pegara a escrava fujona de há pouco, fúria diversa, naturalmente, fúria de amor. Agradeceu depressa e mal, e saiu às carreiras, não para a Roda dos enjeitados, mas para a casa de empréstimo, com o filho e os cem mil-réis de gratificação. Tia Mônica, ouvida a explicação, perdoou a volta do pequeno, uma vez que trazia os cem mil-réis. Disse, é verdade, algumas palavras duras contra a escrava, por causa do aborto, além da fuga. Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas verdadeiras, abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto. – Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração. Extraído de: Relíquias da Casa Velha.
(ENTRE PARÊNTESIS)
Cubos e furos Tem-se três cubinhos; nesses cubinhos existem buracos. No primeiro, existe um buraco em forma de cruz; no segundo, em forma de quadrado; e, no terceiro, um em forma de circunferência. Cubinho 1
b
b
Cubinho 2
b
Cubinho 3
b a
a
b
a
b a
V1 (círculo)
Obs.: essa figura que foi construída, virada de modos diferentes, deve fazer o mesmo com os outros cubinhos, e ela deve ficar totalmente dentro dos furos, não podendo ficar nada para fora.
RESPOSTA V3 (quadrado)
Precisa-se construir uma, e somente uma, figura geométrica que, colocada no espaço vazio de um dos cubinhos, feche completamente o buraco, de forma que, ao se colocar água no espaço vazio, essa figura geométrica (volume geométrico) aja como uma rolha, impedindo que a água escape.
V2 (cruz)
a
ARTIGO
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Teatro Grego
A estrutura do Teatro
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Inicialmente, o teatro contava com um ator que se modificava utilizando máscaras. Existia um coro e o diálogo – no princípio, raro – era travado. Posteriormente foram anexadas as máscaras femininas, o que tornava um pouco mais aberta a possibilidade de contato com o humano, e, consequentemente, ampliava as dimensões da trama. Foram introduzidos o se-
Os Grandes Trágicos 1. Ésquilo Nasceu perto de Atenas, cerca de 525 a.C. Militar, lutou contra os persas na Ásia Menor e participou de várias outras batalhas. Como teatrólogo, é considerado o “pai da tragédia grega”. Reformulou os modelos do drama, acrescentando mais um ator (antes se apresentava somente Busto de Ésquilo. um ator, que dialogava com o coro ou corifeu – chefe do coro); dessa forma, centrou o interesse nos atores, reduzindo a função do coro. São atribuídas a ele inúmeras outras modificações, entre elas a introdução da cor nas máscaras, a adoção dos coturnos (sandálias de sola alta que davam maior estatura, servindo para destacar o herói) e as túnicas de mangas largas. Trabalha, sobretudo, os mitos e o destino da coletividade, mas valoriza o indivíduo, sendo Prometeu o símbolo da condição humana. Morreu em 456 a.C., na Sicília. Autor de dezenas de peças, sendo que sete sobreviveram integralmente.
Obras: As suplicantes, Prometeu acorrentado, Os persas, Os sete contra Tebas e a trilogia Oréstia (Agamenon, As coéforas e As eumênidas). Prometeu acorrentado – Tragédia de pouca ação, tem por trama a evolução dos deuses em cumprimento da lei das necessidades. No início, Prometeu é levado pela Força e pela Violência a uma montanha do Cáucaso e lá é amarrado pelo deus ferreiro Hefaísto, que cumpre sua tarefa a contragosto. Quando só, Prometeu dirige-se à Natureza e sobretudo à mãe Têmis ou Terra. O acorrentado possui o dom da previsão e sabia que, se levasse o fogo aos homens, estaria condenado. Mesmo assim, desafiou Zeus (Júpiter) por ter piedade dos homens. Contudo, suportará o fado, seguro do conhecimento de que a Necessidade ou Destino acabará por encerrar sua luta com Zeus e o redimirá do tormento. Logo ao assumir o poder, Zeus pretendia exterminar a humanidade e substituí-Ia por outra população, no entanto, Prometeu tinha outros planos. Primeiro libertou os homens do medo da morte, depois ofereceu-lhes o fogo que, mais tarde, os libertou do temor, tornando-os capazes de criar ferramentas. Oceano (ancião) covardemente lhe indica o caminho da submissão, e Prometeu desdenha os conselhos do ancião. Deixado a sós com as ninfas do mar, o titã expõe com maiores detalhes seu método para salvar a humanidade por meio da arte e da ciência. Ele daria aos homens a Memória. Entra Io em cena, outra vítima dos deuses olímpicos. A donzela é arrastada de um país para outro por uma mosca enviada por Hera (esposa ciumenta de Zeus). Prometeu conta à jovem que Zeus não é eterno. Se ele esposar uma terrena, nascerá uma criança que o destronará. Nesse momento, Hermes (mensageiro) chega com ordens de descobrir o segredo; como Prometeu permanece quieto, Zeus lança mão da força. Raios e trovões são atirados do céu. O final da peça não esgota o mito de Prometeu, fixa o deus destemido e silencioso.
O Teatro na Grécia O teatro grego parece ter origem no culto a Dionísio (deus da orgia, do vinho, da embriaguez e do entusiasmo). As lamentações pela morte do deus eram expressas por seres que representavam as forças instintivas da natureza (sátiros) e eram acompanhadas de vozerios na ressurreição do mesmo deus. Esses rituais – conhecidos como ditirambos – eram repletos de danças, acompanhados de movimentos dramáticos. Sacrificar um animal (geralmente um bode), ou amarrar e espancar um escravo e expulsá-lo da cidade eram, também, traços do ritual. Foi sob a influência dessas evoluções nos rituais que Téspis trabalhou. Seu trabalho foi retomado por outros, entre eles Ésquilo, que estaria destinado a fazer da draRéplica da escultura de Dionísio, deus da festa maturgia uma das mais altas aspirações da humanidade Teatro de Dionísio visto do alto da Acrópole, em Atenas, Grécia. ocidental. e do vinho.
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Existem duas formas de entender a origem histórica do teatro. Uma remonta as raízes ao já estruturado teatro grego, e a outra diz que o teatro não é só o produto da cultura, mas a função natural do ser humano. Do segundo ponto de vista, o teatro teria nascido da evolução do homem. O homem traz em si vontades ou necessidades imperiosas que são capazes de formar mágicas e mistificar qualquer momento da existência. Assim, as necessidades – religiosas, lúdicas, amorosas, ou a luta contra o mal, a vontade de adivinhar – tecem a essência do drama. Antes da Grécia, o mundo da magia cria o ator. O sacerdote é o elo entre o representante e o representado do poder oculto e utiliza-se de todas as artimanhas para prender a atenção do espectador. Quando a prática da magia atinge o clã, está iniciado o drama. A evolução do teatro é gradativa. Os primeiros rituais de magia começam a ampliar a trama e as paixões neles contidas. Mas, até que a evolução da cultura humana se tornasse complexa, as formas do drama eram primitivas. Somente na Grécia houve necessidade de ampliar as determinações do drama e lhe dar contornos definidos. Ao atingir a maturidade, o drama faz a primeira transição do ritual para a arte e dá o primeiro passo para a caracterização do conteúdo amplamente humano. Nasce o teatro, que logo passa a ser a arte primeira. Combina a ação dramática com a poesia e pede auxílio à música, à pintura e à escultura, resultando num poderoso órgão para a expressão da experiência e do pensamento humano.
gundo e terceiro atores (que se multiplicavam pelo uso da máscara), aumentaram-se os personagens mudos, e o efeito de multidões foi obtido por meio do coro. Os figurinos foram enriquecidos e a estatura dos atores, pela utilização de solados altos, Máscara teatral profoi aumentada. Houve duzida em mármore a necessidade da casa no século III a.C. de espetáculos – em Atenas, o teatro abrigava mais de vinte mil pessoas – e aprofundaram-se as técnicas de cenografia e os estudos de acústica.
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Origens do Teatro
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Célia A. N. Passoni
ARTIGO
Nascido provavelmente em 496 a.C., era filho de rico comer ciante de espadas. Desde cedo participou da vida teatral, interpretando papéis femininos (a mulher não tinha acesso ao palco no Teatro Grego). Foi sacerdote e, embora não tivesse predisposição para a política, foi no- Busto de Sófocles. meado duas vezes para a Junta dos Generais que administrava os negócios civis e militares de Atenas. Já velho, uniu-se a uma cortesã, com quem teve um filho. Iofan, seu filho legítimo, temendo que o pai legasse bens para o irmão, moveu uma ação judicial acusando o teatrólogo de senil e incapaz. Levado à presença dos juízes, Sófocles defendeu-se lendo parte da peça Édipo em Colona e foi absolvido. Morreu em 406 a.C., cantando versos de Antígona. Trouxe contribuições fundamentais ao desenvolvimento da tragédia. Suas peças apresentam inovações no campo da cenografia. Reduz o número de integrantes do coro, acrescenta atores. Suas peças têm como tema os mitos simultaneamente divinos e heroicos, sendo que os heróis representam o elo entre o mundo dos homens e dos deuses. A Sófocles pertencem duas das maiores tragédias da literatura dramática mundial: Édipo rei e Antígona, escritas em 442 a.C., em que trabalha dois conflitos básicos, as pretensões rivais do Estado e da consciência individual. Antígona – Tem início quando a jovem entra no palco com um discurso no qual exprime a intenção de enterrar o irmão, embora haja um edito que a proíbe. Depois de discutir com a irmã – Ismena –, corre a fim de prestar ao irmão essa última homenagem. Creonte, sabendo que o morto havia sido enterrado, chama Antígona, que, em vez de fraquejar ante o governante, desafia-o, alegando que as suas leis não eram as dela: “Não fui feita para o ódio e sim para o amor”. Creonte a condena à morte (emparedada em uma caverna e lá abandonada), não ouvindo os rogos da irmã e do próprio filho, Hemon, a quem Antígona era prometida. Sem se arrepender,
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2. Sófocles
mas lamentando o seu destino (era filha de Édipo), a jovem é arrastada para fora de cena. Um coro de senadores também permanece surdo aos apelos, reprovando-a pela audácia. Eles são também Estado. Uma reviravolta processa-se, repentinamente, quando Tirésias – profeta e sacerdote cego – entra em cena e amaldiçoa o ato de Creonte, advertindo-o de que será punido pelos deuses. Embora acredite que Tirésias havia sido subornado, o governante fica perturbado pela profecia do sacerdote. E, embora amargo, submete-se dando ordem para libertar Antígona. A ansiedade o assalta quando percebe seu atraso, e logo são confirmadas as grandes mágoas que o esperam. Antígona preferiu enforcar-se; Hemon, ao ver o corpo da noiva inerte, apunhalou-se; Eurídice, a mãe do rapaz, quando é informada de que perdeu seu único filho, suicida-se. Creonte está destruído e dificilmente conseguirá encontrar qualquer consolo entre os Senadores. Édipo rei – Considerada uma das maiores obras da dramaturgia universal, na qual Sófocles busca desvendar o enigma do destino. O acidente – a morte de Laios – dá-se antes do início da peça. Édipo mata o pai e desposa a própria mãe, Jocasta, sem sabê-lo, e ninguém poderia impedir a consumação da tragédia. Édipo não é culpado, é simplesmente um personagem forte, corajoso, nobre, que busca obstinadamente descobrir a verdade sobre si mesmo. Quando tem início a peça, um grupo de tebanos busca o rei para que afastasse a maldição que está sobre Tebas. Tirésias, o adivinho cego, diz que só será extirpado o mal ao se descobrir quanta desgraça há em volta do rei. Perseverante, vai deduzindo e chegando ao ápice de sua desventura. Édipo foi criado por Políbio e, ouvindo adivinhos do Oráculo dizendo que ele haveria de matar o próprio pai e desposar a mãe, foge atormentado e refugia-se em Tebas, desposando a mulher de Laios, rei tebano assassinado por um desconhecido. Sábio e inteligente, Édipo vai buscar o assassino de Laios e descobre ter sido ele mesmo. Entrementes, ouve de um pastor o relato de sua origem e, finalmente, quando descobre toda a verdade, alucinado, vaza seus olhos para não ver mais as infelicidades que o rodeiam.
na Ásia Menor e depois transferiu-se para a Macedônia, onde se hospedou na corte do rei Arquelau. Morre aí em 406 a.C. A estrutura de suas peças pouco difere daquelas de Ésquilo e Sófocles, escrevendo sobre deuses e heróis da Grécia, refletindo a cultura ateniense de sua época. Introduziu o prólogo – um resumo dos antecedentes, isto é, os acontecimentos que levaram àquele momento trágico. É considerado o autor que humaniza as tragédias, sendo seus personagens homens que agiam e sentiam-se como tal. Escreveu uma centena de peças, das quais conhecemos inteiras um drama satírico – O ciclope – e dezessete tragédias: Alceste, Medeia, Hércules, Os heráclidas, Hipólito coroado, Hécuba, As suplicantes, Andrômaca, As troianas, Íon, Electra, Ifigênia em Táuride, Helena, Orestes, As fenícias, Ifigênia em Áulis e As bacantes. Medeia – Filha do rei Eetes, Medeia é uma princesa que trai seu pai e seu irmão a fim de salvar a vida de Jasão (herói dos Argonautas), com quem se casa. Após anos, já na Grécia, Jasão começa a ficar cansado da mulher e busca outra ligação, mais jovem e mais conveniente politicamente. Quer se casar com a princesa de Corinto e assim se tornar o sucessor do trono. Mas o homem fez seus cálculos sem contar com a esposa. Desprezada, ameaçada de viver no exílio e enlouquecida pelo ciúme, Medeia articula a mais completa vingança. Usando uma veste envenenada, levada pelos seus dois filhos ao palácio real, ela consegue o primeiro trunfo – assassina a princesa e o próprio rei, vítimas dos venenos da mulher. Em seguida, para vingar-se completamente do homem que a humilhou, atrai para si seus dois filhos e os mata.
A Comédia
3. Eurípedes Muito pouco se conhece sobre as origens de Eurípedes. Parece ter nascido em 484 a.C. Foi discípulo de filósofos como Anaxágoras e Protágoras, cujas ideias o influenciaram. Foi também treinado em atividades atléticas, que logo abandonou, preferindo a pintura e a música – Busto de Eurípedes. usando esta para compor a parte cantada de suas tragédias. Sob o governo de Péricles – a quem admirava a ponto de exaltá-lo –, Eurípedes viu Atenas florescer. Acusado pro vavelmente de blasfêmia, foi exilado primeiro
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Após fazer triunfar uma providência moral dos deuses no universo, só restava a Ésquilo fazer com que a vontade deles prevalecesse sobre os homens – volta-se, então, para o drama do homem e começa uma longa série de peças em que trabalha a maldição familiar e a formação do Estado tebano. A maldição começa com Laios, homossexual libertino que rapta um jovem. Pélops, pai do rapaz, amaldiçoa Laios. A maldição realiza-se no mito de Édipo; continua na prole do casamento incestuoso quando os dois filhos de Édipo se matam numa luta obstinada pelo poder. Meditando sobre a primitiva história do homem, repleta de sangue, Ésquilo recusa-se a explicações pré-fabricadas, fazendo registros de parricídios, incestos, fratricídios e conflitos políticos.
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A comédia antiga iniciava-se com uma cena de caráter explosivo, passada entre as personagens, na qual eram expostos o cenário e a história. O coro muitas vezes estava fantasiado. No palco, o coro permanecia durante toda a ação, nela participando com muita liberdade. Um ponto alto da comédia era a disputa. Duas personagens, trocando pontos de vista diferentes, discutiam até a derrota de uma delas – em geral com uma corrente de insultos e injúrias. Enquanto os atores se retiravam do palco, o coro dirigia para a plateia um discurso altamente pessoal (parábase), no qual emitia as opiniões do dramaturgo. Algumas vezes criticava figuras importantes que estavam na plateia, chegando a injúrias. Encerrando o discurso, os atores voltavam em cenas curtas e a peça terminava com a representação das consequências da disputa.
Aristófanes Pouco se sabe sobre a vida do comediógrafo. Sabe-se que foi conservador aristocrático que encarava com irritação todas as rupturas com uma Atenas mais antiga e afortunada que ele dificilmente poderia ter conhecido, já que nasceu por volta de 445 a.C. O ímpeto do seu pensamento levou-o a extremos irracionais com seus constantes ataques ao dramaturgo Eurípedes e ao filósofo Sócrates. Obras: As nuvens (em que satiriza os métodos de Sócrates), As vespas e As rãs.
POIS É, POESIA
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Luís Vaz de Camões (1525?-1580) O fogo que na branda cera ardia, Vendo o rosto gentil, que eu na alma vejo, Se acendeu de outro fogo do desejo, Por alcançar a luz que vence o dia.
A mor, com a esperança já perdida, Teu soberano templo visitei; Por sinal do naufrágio que passei, Em lugar dos vestidos, pus a vida.
E m flor vos arrancou, de então crescida,
Como de dois ardores se encendia, Da grande impaciência fez despejo, E, remetendo com furor sobejo, Vos foi beijar na parte onde se via.
Que mais queres de mim, pois destruída Me tens a glória toda que alcancei? Não cuides de render-me; que não sei Tornar a entrar onde não há saída.
Ua só razão tenho conhecida Com que tamanha mágoa se conforte: Que, se no mundo havia honrada morte, Não podíeis vós ter mais larga vida.
Ditosa aquela flama, que se atreve A apagar seus ardores e tormentos Na vista a quem o Sol temores deve!
Vês aqui alma, vida e esperança, Doces despojos de meu bem passado, Enquanto o quis aquela que eu adoro.
Se meus humildes versos podem tanto Que co desejo meu se iguale a arte, Especial matéria me sereis.
Namoram-se, Senhora, os Elementos De vós, e queima o fogo aquela neve Que queima corações e pensamentos. ***
De vós me parto, ó Vida, e em tal
[mudança Sinto vivo da morte o sentimento; Não sei para que é ter contentamento, Se mais há-de perder quem mais alcança.
Nelas podes tomar de mim vingança; E, se te queres inda mais vingado, Contenta-te coas lágrimas que choro. ***
E spanta crescer tanto o crocodilo Só por seu limitado nascimento; Que se maior nascera, mais isento Estivera de espanto o pátrio Nilo.
Mas dou-vos esta firme segurança: Que, posto que me mate o meu tormento, Por as águas do eterno esquecimento Segura passará minha lembrança.
Em vão levantará seu baixo estilo Vosso pontifical, novo ornamento; Pois no ventre o imortal merecimento Vo-lo talhou, para depois vesti-lo.
Antes sem vós meus olhos se entristeçam, Que com coisa outra alguma se contentem; Antes os esqueçais, que vos esqueçam;
Tardou, mas veio; que a quem mais merece Vir o prêmio mais tarde é sempre certo, Inda que vez alguma venha cedo.
Antes nesta lembrança se atormentem Que com esquecimento desmereçam A glória que em sofrer tal pena sentem.
Os Céus, que do primeiro estão mais perto, Mais devagar se movem. Quem conhece Sobre aquele segredo, este segredo!
***
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(Ah! Senhor D. Antônio!) a dura sorte, Donde fazendo andava o braço forte A fama dos Antigos esquecida.
~
E, celebrado em triste e longo canto, Se morrestes nas mãos do fero Marte, Na memória das gentes vivereis! ***
Apolo e as nove Musas, discantando
Com a dourada lira, me influíam Na suave harmonia que faziam, Quando tomei a pena, começando:
“Ditoso seja o dia e hora, quando Tão delicados olhos me feriam! Ditosos os sentidos que sentiam Estar-se em seu desejo transpassando!” Assi cantava, quando Amor virou A roda à esperança, que corria Tão ligeira que quase era invisível. Converteu-se-me em noite o claro dia; ~ esperança me ficou, E, se algua Será de maior mal, se for possível. Extraído de: “Sonetos”. In: Obras completas. Porto: Lello & Irmão editores.
SOBRE AS PALAVRAS
Arco-da-velha Arco-da-velha e arco-celeste são nomes menos populares do arco-íris. Segundo alguns linguistas, a expressão é uma referência à faixa multicolorida que apareceu no céu logo após o dilúvio bíblico, sendo sinal de que a aliança entre Deus e os homens não havia sido quebrada. Com o passar do tempo, a expressão ampliaria seu sentido, sendo usada para indicar qualquer coisa fantástica, incrível, maravilhosa. Outros estudiosos acreditam que a expressão nasceu a partir de ilustrações medievais que mostravam velhas senhoras, possivelmente bruxas, sentadas sobre o arco-íris. Segundo a superstição popular dos séculos XIII a XVIII, as bruxas faziam do arco um meio de transporte para roubar ouro de um lugar e depositar em outro. Acredita-se, por causa disso, que no final do arco-íris existia um pote de ouro.
Jornal do Vestibulando
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343