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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2016 • DE 08/03 A 23/03
ENTREVISTA
1o lugar na Poli e na UFSCar, com uma história e tanto. Douglas José do Bonfim não imaginava entrar na USP. Decidiu depois que entrou no Etapa. Fez o Extensivo Noite 10 em 2014 e entrou na Poli na Engenharia Naval. Mas queria Mecânica e voltou ao cursinho em 2015. Agora não só conseguiu a vaga na área desejada como também conquistou a 1a colocação da Poli. Com a nota do Enem, entrou na UFSCar, também em 1o lugar. Veja a seguir a história desse percurso.
Douglas José do Bonfim Em 2015: Etapa Em 2016: Engenharia – Poli
JV – Quando se decidiu por fazer Engenharia Mecânica?
Sua família o apoiou na decisão de deixar uma vaga na USP?
Douglas – Eu sempre quis saber como as coisas funcionam. Fiz curso técnico em Mecânica junto com o Ensino Médio e, quando descobri Engenharia Mecânica, abracei a área.
Sim. Eles sempre me disseram para fazer o que eu gostasse. Não adiantaria eu fazer Engenharia Naval e ser um profissional infeliz. Sempre me apoiaram.
Como veio estudar aqui?
Quais vestibulares de 2016 você prestou?
Eu vim com um amigo que ia começar a estudar aqui e hoje está na USP, na ECA. Conheci o Etapa, gostei e entrei no Noite 10. Eu cheguei olhando para frente. Queria aprender realmente, mas no início do primeiro ano não tinha muito a ideia de prestar Fuvest. Só depois eu passei a visar mais a USP.
Fuvest, Unicamp, Vunesp, todos para Engenharia Mecânica. E Enem. Com o Enem consegui de novo vaga em Engenharia Mecânica na UFSCar, em 1o lugar.
Por que a USP não era seu objetivo no início? Achava que não tinha condições de entrar? A USP sempre foi uma coisa distante para mim. Eu não sabia que, com estudo e muita dedicação, eu conseguiria chegar lá.
Qual era seu objetivo naquela época? Meu intuito na época era entrar em alguma federal. Mas em dois, três meses no Etapa, eu mudei o foco. Falei: “quero mesmo é a USP”.
No primeiro ano no cursinho, qual foi seu resultado na Fuvest? Passei na 2a chamada em Engenharia Naval na Poli. Só que não era o que eu queria. Decidi fazer mais um ano aqui para conseguir o que eu queria, Engenharia Mecânica. Passei também na UFSCar, em Engenharia Mecânica, mas aí eu já estava com foco na USP e não fui para lá.
ENTREVISTA
Douglas José do Bonfim
Comecei bem motivado e com muita humildade porque sabia que, mesmo sendo meu segundo ano no cursinho, eu ainda tinha muita coisa para aprender. Levei tudo com a maior seriedade.
Em 2015 você mudou do Extensivo Noite 10 para o Extensivo Manhã. Por quê?
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Fazia o RPE. E mantinha o esquema: depois da aula ia para a empresa estudar. No domingo eu fazia o simulado e tirava um pouco da tarde para descansar.
Como era o seu método de estudo? Geralmente eu estudava as matérias do dia. Quando era uma matéria em que tinha um pouco mais de facilidade, eu diminuía o tempo nessa matéria para pegar outra em que eu tinha mais dificuldade.
Fazia exercícios também? Fazia exercícios. Nunca fui de fazer muito resumo. Eu conseguia aprender muito mais pelos exercícios. Às vezes, eu assistia a uma videoaula, lia algum artigo, alguma coisa assim.
Você fez o Reforço para Engenharia. Como é a aula?
Como você estudava?
Quais foram suas principais dificuldades no ano passado?
Eu ficava estudando lá até 6, 7 horas da noite. Dependendo do dia e do cansaço, depois ia para a academia ou não. Ao chegar em casa eu estudava um pouco mais e dormia por volta das
Cubos e furos
Teatro Grego
A aula do RPE é focada mais em exercícios. Você consegue treinar o que viu durante a semana. Às vezes tem um assunto que parece que ficou claro e no RPE você vê que tem um pouco mais a evoluir. Achei muito bom por isso. Conseguia olhar os exercícios de forma diferente.
Nas matérias, minha principal dificuldade era em Português. Nunca gostei muito, mas me dediquei bastante para conseguir melhorar. Outra
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Luís Vaz de Camões (1525?-1580)
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SOBRE AS PALAVRAS
ARTIGO
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O que você fazia nos fins de semana?
Para me dedicar mais. Quando fiz o Noite 10 eu comecei a trabalhar no meio do ano. Aí dei uma diminuída nos estudos porque não tinha mais tempo. Só no final do ano, quando saí do trabalho, consegui me dedicar mais aos estudos. No ano passado, fazendo o curso de manhã, depois das aulas eu ia estudar na empresa do meu pai, que é aqui perto.
ENTRE PARÊNTESIS
CONTO
Pai contra mãe – Machado de Assis
Você estava motivado ao voltar para o cursinho no ano passado?
11 e meia da noite. Acordava às 5 h da manhã e vinha com meu pai, ele me deixava aqui por volta de 6 e 40.
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Arco-da-velha
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ENTREVISTA
dificuldade foi o cansaço, eu estudava muito e dormia pouco. Cheguei a estudar 13, 14 horas por dia. Mas eu olhava para frente e sabia que tudo aquilo tinha um propósito.
Você tinha dificuldade em alguma matéria?
tante das matérias. Por exemplo, passeando no parque eu ia pensando no que as plantas que via tinham a ver com meu estudo. Mesmo não sentando para estudar, para resolver exercício, eu conseguia fazer meio que uma revisão mental.
Geografia eu precisei focar um pouco mais. Você olha para ela, parece fácil. Mas, depois que começa a entender um pouco mais, você vê que tem muita coisa para estudar. No vestibular, deu diferença eu ter focado mais nessa matéria.
Você teve que abrir mão de alguma atividade para se preparar para os vestibulares?
Quando tinha uma dúvida, o que você fazia?
Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest?
Geralmente eu pegava as resoluções on-line. Se não conseguia sanar a dúvida no Plantão Virtual, eu perguntava a algum professor no intervalo.
Como você ia nos simulados?
No final do ano eu praticamente não fui à academia. Também não tinha tempo para os amigos. Mas valeu a pena, com certeza.
Com o bônus de escola pública minha pontuação foi 84. Nos simulados eu costumava ficar entre 77 e 80.
Geralmente eu ficava entre A e B. Um pouco mais de B do que de A. Tirei alguns C, mas geralmente minha classificação era B.
E na 2a fase de 2016? No primeiro dia, em Português – que era o seu ponto fraco – e Redação você tirou quanto?
E nos simulados do RPE?
Tirei 70 nas questões e 70 na Redação.
Geralmente eu ia um pouco melhor nos simulados do RPE. Tirei alguns A.
No segundo dia, na prova geral, com 16 questões de sete matérias?
O que você achava desses resultados?
A segunda prova eu achei um pouco difícil, mas fui bem, tirei 81,25.
Eu achava que estava legal, principalmente comparando com o ano anterior. Mas dava para melhorar. Eu sempre queria ficar no A, mas com o B eu via que estava dando certo. No final do ano, eu consegui ter notas mais altas, mais concentradas no A.
Qual foi a importância dos simulados na sua preparação para o vestibular? Os simulados eram para treinar, ver se tudo que eu fazia na semana dava resultado. Estudava um pouco mais as matérias em que tinha cometido algum deslize, dava uma revisada, prestava mais atenção nelas. Sempre estava focado em melhorar.
Você leu os livros indicados pela Fuvest como obrigatórios? A única obra que não li toda foi Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. Mas li as análises dos poemas.
E na prova do terceiro dia, das matérias prioritárias da carreira, Matemática, Física e Química? A prova estava bem tranquila. Minha nota foi 89,58.
Alguma surpresa nessas notas? Não. As notas foram as que eu esperava. Eu sabia que o primeiro dia seria o meu pior, então procurei me concentrar ao máximo nele. Para os outros dias, continuei fazendo o que fazia durante o ano.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? 904,6.
Qual foi sua classificação na carreira Engenharia Poli? 1o lugar.
Você assistiu às palestras sobre os livros? Todas. Acho que a importância delas é que o professor consegue dar uma visão diferente, porque muitas vezes, lendo o livro, não se entende completamente o que o autor quis transmitir com tal frase, tal passagem. Na poesia, principalmente. A poesia para mim foi um pouco mais difícil. A palestra ajudou muito.
Você tinha alguma atividade para relaxar? Eu fazia academia. Ia todo o dia para dar uma relaxada. E saía com a namorada, com os amigos, para dar uma espairecida e manter o ânimo alto.
Qual época foi mais cansativa? O final do primeiro semestre foi um pouco mais cansativo, mas nas férias eu consegui descansar bem e voltei para o segundo semestre com mais força. Consegui manter o ritmo, até aumentar um pouco.
Você estudou nas férias? Estudei pouco. Tirei para ficar em casa, correr no parque, jogar futebol. Mas não me mantive dis-
Como ficou sabendo de sua aprovação? Fiquei sabendo pela internet, em casa. Estava sozinho, comecei a pular, a gritar, muito feliz. Liguei para meus pais, para meus amigos. Foi um momento muito legal para mim.
Quando viu seu nome na lista, o que sentiu? Senti alívio e uma sensação de que tudo valeu a pena. Como disse, deixei muitas coisas para trás, mas no final tudo aquilo que eu fiz teve resultado. Foi uma coisa que serviu para me provar que temos que correr atrás dos nossos objetivos. Eu corri atrás e cheguei onde eu queria.
Quando viu que era o 1o colocado, como reagiu? Eu já estava muito feliz com a aprovação. Sempre disse para meus amigos que se passasse em último ia ficar muito feliz também. Ser o primeiro nunca foi meu objetivo. E quando vi a classificação não acreditei. Ser o primeiro foi uma coisa muito grande para mim, uma coisa que me deixou muito feliz.
Qual é sua expectativa neste início na Poli? Eu entro na Poli querendo aprender muito. Eu quero manter, se possível, o mesmo ritmo que tive até agora. A Poli tem muitas extensões, muitos grupos, acho muito legal o trabalho que eles fazem e gostaria de participar de tudo, mas vou ter que escolher onde me focar mais.
Você já tem ideia do que pretende seguir na Engenharia? Pretendo seguir na área de Aerodinâmica dos Fluídos. Ainda estou para decidir entre Aeronáutica ou Automotiva. Mas, basicamente, na área de Aerodinâmica.
Que dicas você pode dar ao pessoal que está começando agora no cursinho e para o pessoal que não passou por pouco e vai tentar novamente? Para quem está entrando agora, a dica é: tenha muita dedicação, não menospreze nada. Você tem muita coisa para aprender. E saiba que ninguém vai poder tirar seu sonho de você. Você é o único responsável por ele. Para quem vai prestar vestibular de novo, a mensagem é: tenha perseverança. E tenha humildade para olhar seus acertos e seus erros, e focar naquilo em que esteve pior. Dois anos de cursinho podem parecer muito, mas o que isso vai representar na sua carreira depois? Praticamente nada.
Como ficam marcados para você os dois anos no cursinho? Foram dois anos de muita luta, muito estudo e muito aprendizado. Conheci professores muito bons, pessoas muito boas e quero levar isso para minha vida. Levar essa busca pelo saber para minha vida. Eu entrei no Etapa sem perspectiva. Aqui eu aprendi a ter perspectivas altas e alcançá-las.
Você tem saudade de alguma coisa do Etapa? Tenho saudade dos professores e dos amigos. Muitos amigos entraram na USP, mas a gente não vai ter o mesmo convívio. E o clima aqui também é muito legal, um clima de muita motivação. As pessoas se mantêm motivadas.
Hoje você acha que está diferente de quando veio para o cursinho? Acho que estou muito mais maduro, no sentido de que eu aprendi que sou o responsável por atingir as minhas metas. Eu sou o único representante dos meus sonhos. Para alcançar minhas metas vou ter que ralar muito, lutar muito. Mas isso só depende de mim.
O que você tira de lição desse tempo que investiu para realizar seu sonho de entrar na Engenharia Mecânica da Poli? Eu acho que a lição é: você tem de acreditar em você. Se realmente tiver confiança e for atrás, conseguirá alcançar coisas com que hoje nem sonha. Coisas muito grandes.
O que mais você quer dizer para nossos alunos atuais? Mantenham-se motivados, sempre estudando, sempre buscando aprender. Tenham força e fé que conseguirão atingir seus sonhos.