Entrevista do Vestibulando - 1515

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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2016 • DE 30/06 A 13/07

ENTREVISTA

“Os professores eram incríveis. Eles me fascinavam. Sinto muita falta das aulas.” Johnatan Padovez Gonçalves entrou na Medicina Pinheiros. Para isso, dedicou-se muito no ano passado: “Foi muito cansativo, mas a vitória é tão recompensadora que faria de novo, de novo, de novo”, diz ele, que nesta entrevista conta como se preparou para os vestibulares e detalha o novo currículo do curso, que desde o início busca integrar os fundamentos da Medicina com a atividade clínica.

Johnatan Padovez Gonçalves Em 2015: Etapa Em 2016: Medicina – USP/Pinheiros

JV – Quando você escolheu a carreira de Medicina? Johnatan – Desde o 9o ano, com 14 anos, pensava em fazer Medicina. Sentia admiração pela profissão. As matérias que eu teria na faculdade eram mais condizentes com meu perfil. Além disso, minha mãe é enfermeira e sempre tive muito contato com a área da saúde.

Você chegou a pensar em outra carreira? Não tem nada a ver, pensei em ser ator. Estava entre ser ator ou fazer Medicina. Aí fiz teatro. Era uma coisa de que eu gostava muito, mas percebi que era um hobby, mais do que uma profissão. Sou um apreciador, procuro ver muitas peças.

Além da Pinheiros, em quais faculdades você foi aprovado? Na 1a chamada fui aprovado na USP, na Famerp e na Unesp. Passei na Unicamp na 2a chamada.

Você fez o Ensino Médio onde? Na Federal.

Você fez curso técnico em quê? Em Eletrotécnica.

Por que essa opção? Por acidente. Eu não fazia ideia, tinha quatro opções de técnico, pedi para minha irmã escolher para mim. Ela sugeriu Eletrotécnica. Foi assim. Não gostei do curso, mas me ajudou em Física e completou muito meu Ensino Médio. A escolha da minha irmã foi excelente. Eletrotécnica é o único curso que não tem TCC. Meu 4o ano foi uma tranquilidade.

ENTREVISTA

Johnatan Padovez Gonçalvez

ARTIGO O papel do imigrante na evolução do Brasil

Medicina é um curso bastante concorrido e exige muita dedicação. Quando cheguei no cursinho eu vi que seria muito difícil e achava que não era capaz.

Durante o cursinho, como era sua rotina? Eu moro em Santo Amaro e minha mãe me levava até o metrô Santa Cruz. Eu vinha de metrô só duas estações. Isso me auxiliava pra caramba. Tinha aula das 7h05min até meio-dia e meia. Ia para casa e começava a estudar às 14h. Eu tinha que terminar às 17h porque minha aula começava às 18h50min e a Federal é bem longe. Era pouco tempo de estudo, mas era um estudo muito concentrado, totalmente voltado para os exercícios.

Nessas três horas você estudava o quê? As matérias do dia. Estabeleci uma grade, dividi as seis aulas que eu tinha no dia pelas três horas. Meia hora para cada uma. É importante equilibrar porque na 1a fase 1 ponto é 1 ponto. Seja de História, seja de Matemática. Não basta você acertar 10 de Matemática e zero de História. É muito mais pertinente acertar 8, 8. Uma coisa que eu fazia muito era começar pela matéria que achava mais difícil. Começava por Matemática, que me exigia muita atenção. Deixava por último as matérias de que eu gostava mais, Biologia e História.

Como você ia nos simulados? Tirei 67 em quase todos os simulados da Fuvest e na prova da 1a fase tive a mesma nota. Com 67

POIS É, POESIA

1

Mário de Andrade (1893-1945)

3 4

... Mona Lisa

eu sabia que com o bônus de escola pública estaria na 2a fase. É preciso ter um parâmetro e ver quanto você está progredindo. Nesse sentido, os resultados de simulados são extremamente pertinentes.

Que faixa era isso? C menos e C mais. Não tirei nenhum D e só tirei B no simulado da 1a fase da Unesp. No simulado que fiz da 2a fase da Fuvest eu tirei 10 na Redação. Foi meu único A no ano inteiro. Fiquei muito motivado.

Como era seu fim de semana? No sábado eu tinha aula na Federal às 7 da manhã. A primeira aula era de Matemática, a matéria que eu acho mais difícil. À tarde eu tinha simulado aqui. Chegava em casa por volta das 7 da noite bastante cansado. Eu gostava muito de Humanas, então ficava vendo os vídeos de História na área do aluno.

No domingo, o que você fazia? Minha semana era muito cheia e eu precisava de um tempo para relaxar. Mas eu ficava muito incomodado quando não estava entendendo alguma matéria. Quando tinha deficiência em algum ponto, era no domingo que eu resolvia.

Você leu as obras indicadas pela Fuvest e pela Unicamp como obrigatórias? Eu li todas as obras da Fuvest durante as férias, antes de começar o cursinho. Vim com todas as obras lidas porque na minha rotina provavelmente não caberia ler um livro.

ENTRE PARÊNTESIS

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VOCÊ SABIA QUE...

CONTO

O viúvo – Artur Azevedo

Quando começou no Etapa no ano passado, como avaliava suas possibilidades de entrar em Medicina?

Jardineiro

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SERVIÇO DE VESTIBULAR

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Inscrição

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ENTREVISTA

Você assistiu às palestras sobre as obras?

Como soube de sua aprovação na Fuvest?

Assisti a todas e para a 2a fase vi os vídeos.

Eu olhei na internet em casa.

Qual a diferença entre só ler a obra e além de ler assistir à palestra?

Como você reagiu ao ver seu nome na lista?

Uma diferença tremenda. Eu acho que uma coisa complementa a outra. A palestra pontua coisas que eu sozinho não teria percebido. As obras da Unicamp eu não li, mas as palestras foram excelentes. Português foi minha maior nota na Unicamp. Com certeza eu consegui resolver as questões de Literatura por causa das palestras.

Você treinava Redação? Fiz todas as redações do mês e procurava sempre levá-las aos plantonistas. Em cada apostila há uma proposta de Redação. Eu tirava 6, 7.

O que você fez nas duas semanas de férias do meio do ano? Na primeira semana eu descansei. Na segunda semana eu estudei. O dia inteiro.

Quantos pontos – incluindo o bônus – você obteve na Fuvest [corte de Medicina foi 73]? Consegui 76 pontos.

Para a 2a fase você manteve o ritmo de estudos, focou mais nas matérias prioritárias? Mudei bastante. Eu estava descansado, consegui fazer os exercícios. Durante o ano não tinha feito o suficiente. O fim da primeira revisão foi concomitante com o fim do meu Ensino Médio, fiquei em casa e estudei muito. Foi quando treinei questão escrita. Escrevi muito, escrevi, escrevi, escrevi. E fiz quatro provas antigas da 2a fase da Fuvest e duas da Unicamp.

No primeiro dia da 2a fase da Fuvest, prova com questões de Português e Redação, qual foi o resultado? Minha nota em Português foi 67. Na Redação tirei 64.

No segundo dia, na prova geral, você tirou quanto? Foi a minha menor nota, 65,63. Matemática estava bem difícil. Deixei duas questões em branco. Eu acho que isso foi reflexo da falta de exercício durante o ano. Outra coisa: Biologia, em que eu tinha mais facilidade, não foi cobrada. Teve uma única questão que nem foi inteira, apenas um item.

E no terceiro dia, das matérias prioritárias da carreira? Eu consegui fazer as questões, foi a minha melhor nota, 85,42. Tive muita tranquilidade.

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? 819, com o bônus.

E sua classificação na carreira? 166o lugar.

Na Unicamp, qual foi sua classificação? Fiquei na 156a colocação. A 2a chamada foi até 156 ou 164, não sei ao certo. Passei na 2a chamada.

E na Unesp? Fiquei em 17o, última vaga de escola pública. Na classificação geral fiquei na 661a posição.

Se não passasse na Pinheiros, qual seria sua opção? Eu iria para a Famerp. Por ter família próxima a São José do Rio Preto e gostar muito da cidade eu já tinha decidido. Inclusive, quando saiu a lista da Fuvest eu já estava matriculado, já tinha arrumado as malas para ir morar lá.

Não foi com calma. Foi assustado. Aí foi uma gritaria. Minha avó, minha mãe, queriam ligar para todo mundo. Para meus pais foi uma felicidade extrema.

No dia da matrícula, como foi o trote na Pinheiros? Você não é obrigado a passar pelo trote e eles não fizeram nem a proposta de cortar o cabelo. Levaram a tinta e os próprios calouros se pintaram. Quem queria, nenhum veterano obrigou.

Você já conhecia a Pinheiros? Conheci no dia da matrícula. Acho que se tivesse conhecido antes eu teria estudado muito mais porque é um lugar belíssimo. Fiquei extremamente surpreso, extasiado. A estrutura da faculdade é o que me deixa mais encantado. O que gosto mais é da biblioteca. É incrível.

Tem mais alguma coisa que destaca da Pinheiros e da Cidade Universitária, onde você tem bastante matéria neste primeiro semestre? Eu não sabia que teria aula em dois lugares, na Dr. Arnaldo e na Cidade Universitária. A Cidade Universitária é belíssima, muito arborizada, um ambiente acolhedor. Você entra em contato com pessoas de outros cursos e acho que isso é um dos diferenciais da USP.

Na parte humana, o que você destaca na Pinheiros? Os veteranos foram muito acolhedores, eles ajudam nas matérias se você tiver dúvida. Eu me identifiquei demais com os calouros, são pessoas incríveis. Os professores são ótimos, apesar de termos tido alguns problemas, porque desde o ano passado o curso está na transição para o currículo novo e estão mudando um pouco a forma como davam aula. Nesse sentido está um pouco complicado.

Como está sendo o novo currículo na sua faculdade? A proposta do novo currículo é a integração entre as matérias e o básico clínico. Que é associar os conceitos básicos, que têm muita resistência dos alunos, porque você entra na Medicina achando que já vai medicar no 1o ano. Mas você precisa de um grande fundamento para entender a parte clínica depois. A proposta do novo currículo é exatamente essa, integrar o conteúdo básico e trazer o clínico novo. Um período de adaptação traz alguns problemas, mas é bom para quem está na Pinheiros e vai ajudar a construir esse currículo, porque nesse momento de adaptação os alunos têm muita voz.

Que matérias você tem neste primeiro semestre? Não tem exatamente uma matéria semestral. São blocos de matérias, as unidades curriculares. Nos primeiros dois meses tivemos uma matéria que se chama Fundamentos das Ciências Médicas, que compreende Bioquímica, Biofísica e Biologia Celular. Também há o UC2, a segunda unidade curricular, que é Fundamentos Morfofuncionais da Medicina. Tem Anatomia, Histologia e alguma coisa de Biofísica e Biologia Celular, com foco maior para Histologia e Anatomia.

Este semestre é dividido entre essas duas unidades curriculares ou tem mais matérias? Tem mais matérias. Uma nova matéria interessante que começou agora é Discussão Integra-

da de Casos. Nela a gente vê autópsia, discute casos clínicos de verdade, tem que relacionar tudo que está aprendendo com a patologia que vê. Essa é a matéria que os alunos acham a mais fabulosa. Outra matéria é Fundamentos da Pesquisa Científica, em que temos aula de Epidemiologia e desenvolvemos um projeto de pesquisa em grupo. É para introduzir os alunos no ambiente da pesquisa. Agora começou também a matéria Processos de Saúde, Doença, Cuidado. É uma matéria de humanização. É tirar a visão paternalista da Medicina e trazer uma visão mais humanizada.

Você está participando de alguma atividade extracurricular? Uma coisa importante que a faculdade oferece são as ligas. Ainda não entrei em nenhuma, a maior parte das ligas só deixa você entrar no 2o ano. Porém, você pode fazer os cursos introdutórios. São aulas na própria faculdade de temas diversos. Eu fiz o curso da Medicina do Sono porque é uma área pela qual me interesso. E dou plantão no cursinho que tem na faculdade, que é o MedEnsina, que usa o material do Etapa. Ter feito o Etapa para mim é muito bom porque tenho bastante familiaridade com as apostilas.

De qual matéria você está gostando mais até agora? Eu gosto muito de Histologia.

Qual matéria é a mais difícil? Fundamentos da Pesquisa é difícil porque tem Estatística e eu não gosto muito de Matemática. Antes da faculdade, às vezes você fala: “Tenho que aprender isso e não vai me servir para nada”. Olha, se você quer Medicina, repense, porque qualquer coisa vai ter uma aplicabilidade imensa lá. Matemática principalmente.

Você tem ideia da área que pretende seguir? Eu realmente não sei qual área quero porque a cada momento me encanto com uma coisa diferente. A Medicina é muito ampla. Dizem que é no internato que você acaba definindo a área que vai seguir.

Como fica marcado para você o ano passado? O ano do vestibular foi muito importante para mim porque fez com que eu tivesse que lidar com grandes conteúdos de matéria num tempo limitado. Mas você consegue se adaptar, estruturar rotinas. Foi muito cansativo, mas a vitória é tão recompensadora que faria de novo, de novo, de novo.

Que lembrança deixou o cursinho? Tenho saudade das aulas, os professores eram incríveis. Eles me fascinavam. Adorava. Mesmo as matérias de Exatas, em que já tinha uma base mais forte, eu achava incrível aprender. Sinto muita falta das aulas. E adorava as palestras de Literatura. Sinto muita falta. De verdade.

O que você tira de lição dessa experiência? O ano passado foi o ano em que eu lutei para reconhecer minhas próprias conquistas. Nem sempre valorizei o que eu conseguia, sempre achei que era insuficiente, até me deparar com o resultado final. Aprendi a reconhecer que o pouco que você cresce ou que você acha pouco é muito. E é bastante significativo.

Você quer dizer mais alguma coisa para nossos alunos? Acho necessário dizer que cada pessoa tem o seu tempo. Não se compare com as outras pessoas e reconheça o quanto você cresceu, o quanto você amadureceu e o quanto está mais perto de realizar o seu sonho.


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