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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2016 • DE 04/08 A 17/08
ENTREVISTA
“Eu dediquei um ano da minha vida para isso.”
Luiza de Lima Sodero Em 2015: Etapa Em 2016: Engenharia de Materiais – Poli/USP
JV – Como você conheceu Engenharia de Materiais e se interessou pela carreira? Luiza – No 1o ano do Ensino Médio eu pensa va que queria Direito. Mas fui pesquisando e no 2o ano decidi que queria Engenharia. Qual En genharia? Eu gosto de Química e escolhi Enge nharia Química como primeira opção. Coloquei Engenharia de Materiais como segunda opção. Uma professora lá em Mogi me falou para pen sar em Engenharia de Materiais porque Enge nharia Química é mais sobre processos, tem muito mais Física do que Química. E Materiais tinha muito mais a ver com Química, até porque tem muita pesquisa. Eu passei na minha segun da opção. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Prestei Unicamp, Unesp e o Enem, por causa da UFSCar, que tem o curso de Engenharia de Materiais mais antigo. Como conheceu o Etapa e veio estudar aqui? Eu morava em Mogi das Cruzes, mas minha fa mília é daqui de São Paulo. Minha prima fez um ano de Etapa e disse que tinha gostado bastan te. Eu queria vir para cá e meus pais me deram essa opção. Vim morar com minha avó. Como foi sua adaptação no início do cursinho? Eu estava meio perdida, era um mundo comple tamente novo. Fiquei uns dois meses procuran do o jeito certo de estudar. No começo eu nem almoçava aqui, ia direto para a casa da minha avó. As matérias estavam mais simples, dava para fa zer isso. Só que em casa eu não tinha com quem resolver dúvidas e vi que era melhor ficar aqui. No primeiro semestre eu estudava até 16h, que era
CONTO
A cartomante – Machado de Assis
o tempo para terminar os exercícios. Em agosto comecei a ficar até 18h, 19h.
Como você avaliava sua possibilidade de entrar na Poli? Quando saí do 3o ano eu estava muito confian te. Prestei Fuvest, mas fiquei longe da nota de corte. Fiz 56 pontos e o corte foi 61. Então, não vim muito confiante. Só que, conversando com o pessoal e lendo as entrevistas dos que tinham entrado nas universidades, vi que tinha gente na mesma situação que eu, não tinham passado para a 2a fase em um ano e no outro ano deu. Aí fui me animando, acreditando mais em mim. Do meio para o final do ano você ficou mais confiante? Fiquei, até porque nos simulados eu chegava a 70 acertos e meus amigos costumavam fazer 60. Então, eles diziam: ”Luiza, vai dar pra você, vai dar”. Isso sempre me ajudou muito. Os amigos foram muito importantes aqui. Alguns amigos que fiz no Etapa eu encontrei na Poli. Na verdade, encontro muita gente do Etapa na Poli, isso é muito legal. É só falar que fez Etapa que você faz amizade. É muito gostoso. Você fez Reforço? Fiz o RPE. Qual é a diferença da aula do RPE? No RPE eram mais exercícios. Eu gostava de fazer exercícios de 2a fase, eram mais difíceis. Os professores ensinavam a dar a resposta do modo certo. Achei que o Reforço valeu bastan te, me ajudou pra caramba na parte de Exatas. Em qual matéria você tinha mais dificuldade? Eu nunca gostei de Biologia. Na parte de Botâni ca, com muito nome, ou você sabe ou não sabe.
ARTIGO
ENTREVISTA
Luiza de Lima Sodero
Luiza de Lima Sodero entrou na Poli em Engenharia de Materiais, na Grande Área Química. Apaixonada por Química, ela vê no curso a possibilidade de desenvolver pesquisas e se aprofundar na área de sua preferência. Aqui ela relata como se preparou no cursinho e diz que pretende fazer iniciação científica e estudar francês, preparando-se para o programa de intercâmbios da Poli.
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A bomba atômica
Em quais matérias você tinha mais base? Matemática e Física, com certeza. Até escolhi Engenharia porque gostava bastante de Mate mática. Em Química eu tinha uma base bem forte. Em Humanas também. Em História e Geografia eu me sentia mais confortável. Em quais matérias você procurava mais o Plantão de dúvidas? Eu ia bastante em Matemática e Física. Perto do Enem fui bastante em História. Eu achava que era uma parte em que podia melhorar muito. Nos simulados, quais eram seus resultados? Eu ficava sempre no C mais. O primeiro si mulado depois das férias foi um dos em que eu me saí pior, fiz 60. Deu um baque. Mas acho que essas caídas eram boas também, porque aí ralava bastante para me recuperar. Uma vez eu tirei B, próximo da 1a fase da Fuvest, fiquei superfeliz e pensei: “Estou no caminho certo”. Você assistiu às palestras sobre as obras literárias indicadas pela Fuvest? Nossa, eu fui a todas. Até porque só havia lido duas das obras obrigatórias. Você se preparou com os resumos das obras? Sim, foi o que me ajudou a saber como eles cobravam a literatura nas provas. Tanto que, na 2a fase, até quem leu as obras teve dificulda de porque as perguntas eram muito abstratas. Caiu de um livro que eu tinha lido, mas mesmo assim foi difícil.
PARA PENSAR
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ENTRE PARÊNTESIS
A mais velha toca piano
Desde a escola eu falhava, mas aqui melhorei muito porque parava para estudar mesmo. É uma parte a que eu tive que me dedicar bastante.
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Chico Bacon
SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições
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ENTREVISTA
Você conseguiu resolver as questões com as palestras? Sim, as palestras me ajudaram bastante até na Unicamp. Para relaxar, você tinha alguma atividade, algum hobbie? Foi difícil na reta final, mas no começo eu con seguia deixar o fim de semana para descan sar. Eu voltava para Mogi e passava o domin go em casa com meus pais. Eu sempre gostei de nadar, mas tive de parar. Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Fiz 70. A prova foi um pouco mais difícil, mas eu saí bem confiante. Da 1a para a 2a fase você mudou seu método de estudo ou continuou como antes? Eu comecei a estudar mais as minhas maté rias prioritárias. Matemática, Física e Química. Fiz várias provas do 3o dia da Fuvest. E Portu guês eu não podia deixar de lado. Na primeira prova da 2a fase, Português e Redação, como você foi? Tirei 63,5. Na Redação, 67. Levei um susto com o tema da Redação, Utopia. Para mim o mais difícil de fazer é tema abstrato. Foi exata mente o que aconteceu. Mas eu vim aqui na primeira semana de janeiro e a plantonista me ajudou bastante nessa parte da abstração, ela me deu várias dicas. Na prova geral do segundo dia, qual foi sua nota? Foi 65,63. Eu achei a prova do segundo dia mais difícil do que a do terceiro. Teve bastan te Matemática e era uma Matemática difícil. Mas deu, eu até me surpreendi. E no terceiro dia? Foi minha maior nota, 83,33. No terceiro dia foi muito fácil, comparado com os outros. Todo mundo saiu superconfiante. Aliás, nem tão confiante, porque todo mundo tinha ido bem. Tanto que eu fui bem e mesmo assim minha classificação não ficou assim tão boa. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? 725,6. Sua classificação na carreira? Na carreira Engenharia da Poli, 689. No curso Engenharia de Materiais, 174. Como soube de sua aprovação? Eu estava em casa, em Mogi. Fiquei nessa: “Vou ou não para o Etapa? Se eu não tiver pas sado todo mundo vai estar comemorando e eu vou estar triste”. Aí fiquei esperando em casa. Era para a lista sair às 9 horas, às 9h02min surgiram três solicitações de amizade no Facebook. Achei estranho, como sabem meu nome? Aí minha mãe me ligou: “Luiza, você conseguiu ver?”. E eu: “Não, mãe, não consi go”. Ela falou: “Luiza, você conseguiu!”. Então resolvi vir para o Etapa. Cheguei aqui e já fazia mais de uma hora que tinha saído a lista, mas ainda tinha gente. Peguei a camisa do Virei Bi cho e as meninas da Atlética [da Poli, que vêm para o Etapa acompanhar o dia das listas] me pintaram.
O pessoal da Atlética ainda estava aqui? A bateria também? Eles estavam, eles ficaram bastante tempo. Conheci um pessoal, uma menina de Materiais e uma menina da natação, sou amiga das duas agora. Foi muito bom, ainda bem que eu vim. Nos outros vestibulares, quais foram os resultados? Na Unicamp peguei o noturno. Não olhei mi nha classificação. Na Unesp fiquei bem classi ficada, em 15o lugar para Engenharia Química em Araraquara. Você já conhecia a Poli? Não conhecia, nunca tinha ido. Antes da matrícu la eu fui lá conhecer, só dar uma olhada mesmo. Como foi no dia da matrícula? Foi outro dia superlegal. Fui com os meus pais. Eu estava de viagem marcada para aque le dia, ia para o Rio com eles, de carro. Mas como tinha festa na Poli, falei: “Vamos mais tarde, vamos dar um jeito”. Saindo de São Pau lo, Mogi é caminho para o Rio. Então, eu, toda suja, cheia de lama, tinta, glitter, passei em Mogi, tomei um banho rápido e umas quatro horas depois estávamos no Rio. Que matérias você teve no primeiro semestre? Tive Introdução à Engenharia de Materiais, Introdução à Engenharia Metalúrgica, Introdu ção à Computação, Cálculo I, Física I, Álgebra Linear I. Tive também Introdução a Funda mentos da Química e uma matéria de Civil, que é Representação Gráfica de Projetos, a gente mexe com CAD, essas coisas. Dessas matérias, qual você achou a mais complicada? Eu tive mais dificuldade com Cálculo. Física eu tive que estudar pra caramba. E Repre sentação Gráfica de Projetos é uma matéria bem difícil, mas que no fim compensa por que a gente acaba até imprimindo as coisas que constrói. É uma matéria bem legal, mas assustadora. Na verdade, todas as matérias lá são meio assustadoras, mas é tudo muito compensador. Nas Introduções você não tem que fazer prova, faz projetos. Na Representa ção Gráfica também, você entrega um projeto no final do semestre. De qual matéria você gostou mais? Eu acho difícil falar da Representação Gráfica, porque pastei. Mas valeu muito a pena porque acabei até ganhando um prêmio com ela, em um trabalho em grupo, de quatro pessoas. Além das aulas, o que mais você tem feito na Poli? Estou fazendo natação na Atlética. A natação é uma coisa que eu queria mesmo, queria en trar em um grupo de natação universitária. E a equipe da Poli é campeã, muito boa. Já participou de competições? Participei de algumas competições, uma delas o BixUSP, em Avaré. Não participei do InterUSP, é mais pesado. Tem muita coisa pra fazer! Opção é o que não falta. Eu estava querendo fazer a Poli Júnior, só que com a natação não ia dar para conciliar. Agora no segundo semestre eu vou começar a fazer francês e vou atrás de uma bolsa para iniciação científica.
Você pretende entrar no programa de intercâmbios da Poli? É por isso. No intercâmbio eles gostam mui to que você não tranque matéria e que tenha coisas a mais. Por exemplo, conciliar a Poli com uma iniciação científica e um grupo de extensão é muito importante para ter um di ferencial. O que motiva você a seguir na área de Materiais? Acho que é a parte da pesquisa. Os projetos que fiz, na parte de Materiais, foram pensan do em inovação, então é isso que eu quero: quero mudar alguma coisa, quero descobrir alguma coisa, então acho que Materiais está me levando para o caminho certo. Esperava encontrar isso na Química, mas acho que meu caminho é Materiais mesmo. O que você diz sobre a Poli, sobre a USP? Tudo o que posso dizer é que valeu a pena. Eu conheço pessoas que falam: “Caramba, você está na USP! O que você fez para conseguir?”. Eu dediquei um ano da minha vida para isso, sem pensar em outra coisa. Eu estava seguin do meu sonho, sabe? E consegui. Que dicas você pode dar para o pessoal que está este ano no cursinho? As pessoas dizem que a USP é toda destruí da, mas você vê a Poli e não, não é. É um prédio maravilhoso, todos os departamentos são lindos. Uma coisa que eu recomendo é ir lá ver. Outra coisa: se você decidir por Enge nharia, qual Engenharia? São muitas Engenha rias. Escolhendo uma, você não vai ficar preso a ela. Eu faço Materiais e posso pegar uma pós na Química, ou posso fazer Civil depois. É uma coisa muito aberta, você pode fazer qual quer coisa. Como fica marcado para você o ano passado? Eu fiz amizades de verdade, que me ajudaram muito a confiar em mim mesma. Sou uma pessoa tímida e aprendi com o pessoal do cursinho e agora na Poli a ser mais comuni cativa. As amizades que eu fiz no Etapa são muito importantes para mim e me ajudaram com certeza a passar. O tempo de cursinho é muito cansativo, você se esforça muito e quem não faz cursinho não entende. Você só vai encontrar gente que entende o que é cur sinho no cursinho. Hoje você acha que está diferente de quando começou a estudar aqui? Acho que sim. O ano de cursinho é de muito amadurecimento, cursinho demanda respon sabilidade. Você tem que crescer por você mesma. É esse negócio de que ninguém vai passar na Poli por mim, eu é que vou passar, eu é que tenho de ir atrás das coisas. Eu cresci bastante nisso. O que você tira de lição da experiência do ano passado, com final feliz? Ninguém vai conseguir realizar um sonho sem ir atrás, ninguém vai fazer o que você precisa fazer, ninguém vai estudar por você, ninguém vai fazer a prova por você. Acho que é isso, você tem que se cobrar.
CONTO
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A cartomante Machado de Assis
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amlet observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras. – Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade... – Errou! Interrompeu Camilo, rindo. – Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria... Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois... – Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa. – Onde é a casa? – Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca. Camilo riu outra vez: – Tu crês deveras nessas coisas? perguntou-lhe. Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita coisa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita. Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda esta vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando. Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovin-
ciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante. Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo. – É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição. Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor. Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; – ela mal, – ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as coisas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as coisas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas. Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: – a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo. Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível. – Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a... Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas. No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demo-
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CONTO
ra.” Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas coisas com a notícia da véspera. – Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, – repetia ele com os olhos no papel. Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto. Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, – o que era ainda pior, – eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora.” Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo. “Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...” Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino. Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no
cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça: – Anda! agora! empurra! vá! vá! Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras coisas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: “Vem, já, já...” E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas coisas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: “Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a filosofia...” Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio. A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe: – Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo. – E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não... – A mim e a ela, explicou vivamente ele. A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas
e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso. – As cartas dizem-me... Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta. – A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante. Esta levantou-se, rindo. – Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato... E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço. – Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar? – Pergunte ao seu coração, respondeu ela. Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis. – Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu... A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo. Tudo lhe parecia agora melhor, as outras coisas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo. – Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro. E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer coisa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mes-
CONTO mo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: – Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz. A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela
Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável. Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
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– Desculpa, não pude vir mais cedo; que há? Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: – ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão. Extraído de: Várias histórias.
ARTIGO
A bomba atômica A partir de 1945, com o frio extermínio de 210 000 civis inocentes em Hiroshima, a humanidade passou a viver sob a ameaça da bomba atômica. Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki constituíram a mais incrível e desnecessária atrocidade cometida contra a espécie humana. Eis a história dessa funesta “conquista tecnológica”. C. J. H. Watson
Sobre a cidade japonesa de Nagasaki brota o cogumelo fatídico, assinalando o lançamento da segunda bomba atômica em 9 de agosto de 1945.
A
história da invenção da bomba atômi ca tem algo a oferecer para todos nós. Para o físico nuclear, representa uma odisseia de pesquisas científicas até então sem precedentes, concluída “com êxito”, ape sar dos enormes obstáculos impostos pelo si gilo e pela carência de técnicas e de materiais. Para o engenheiro, constitui-se numa verda deira epopeia tecnológica, durante a qual 1 bi lhão e 400 milhões de dólares foram aplicados em quatro novos processos industriais, cada um deles ameaçado de perto pelo fracasso total. Para o historiador, é uma saga de ma quinações, nas altas esferas de poder, envolta numa atmosfera de suspeitas e hostilidade in ternacional. Para o filósofo, oferece excelente campo de estudo sobre os conflitos de lealda de – as exigências antagônicas feitas ao políti co ou ao cientista por seus próprios instintos e ambições, por seus amigos, pela pátria e, do lado oposto, pela humanidade. Para certos lei tores, é apenas mais uma história de guerra – um drama pungente e emocionante, a cargo de um numeroso elenco, cujos personagens vão desde o mais ardoroso “patriota” até o agente secreto mais pérfido. E, finalmente, para aqueles que têm um mínimo de senti mento humano, é a história da perversão de todos os ideais apregoados pelos meios cien tíficos, induzidos a colaborar na preparação de um dos mais frios e cruéis crimes de guerra conhecidos: o extermínio de Hiroshima e Na gasaki que – obviamente – não foi julgado em Nuremberg. E que até hoje continua impune. Como funcionam as armas nucleares? Os princípios básicos da física nuclear já haviam sido estabelecidos em 1940. Em resumo, os núcleos dos átomos são formados por uma
mistura de prótons e de nêutrons. O número de prótons, variável de 1 a 111, determina o ele mento químico do átomo. Assim, os núcleos do hidrogênio têm 1 próton, os do ferro, 26, os do urânio, 92, e os do plutônio têm 94. O núme ro de nêutrons varia e os núcleos que diferem apenas quanto ao número de nêutrons recebem o nome de isótopos. Dessa forma, sabe-se da existência de três isótopos do hidrogênio, com nenhum, um e dois nêutrons, conhecidos res pectivamente como hidrogênio, deutério e trítio, e de catorze isótopos do urânio, os mais abun dantes dos quais são o U-235 e o U-238, que têm, respectivamente, 143 e 146 nêutrons. A existência esses isótopos e a inexistência de ou tros com diferente número de nêutrons é uma consequência das leis muito peculiares que re gem as forças de coesão dos núcleos. Usando uma linguagem mais acessível: pró tons e nêutrons atraem-se fortemente quando estão muito próximos, ou então ignoram-se, ou, no caso dos prótons, repelem-se uns aos outros. A natureza “tem tido alguma dificulda de” para construir unidades estáveis com esse material tão instável. As únicas combinações viáveis são aquelas em que o núcleo tem mais nêutrons do que prótons, porém não muito mais. O núcleo mais estável é o do ferro (que tem 26 prótons e 32 nêutrons). Via de regra, qualquer reação nuclear (ou seja, o reagrupa mento de prótons e de nêutrons para formar um novo ou novos núcleos) que leve a um nú cleo cujo número de prótons esteja mais próxi mo de 26 resulta numa liberação de energia nu clear. Por conseguinte, pode-se obter energia nuclear de duas maneiras: pela fusão de dois núcleos mais leves que o do ferro (do deuté rio e do trítio, por exemplo, que possuem um próton), ou pela fissão (divisão em duas meta des iguais) de núcleos mais pesados que o do ferro (do urânio-235, por exemplo, que tem 92 prótons). A bomba de hidrogênio baseia-se na primeira opção, a bomba atômica, na segunda. Felizmente para a estabilidade de nosso mundo material, tanto a fusão como a fissão
só ocorrem em circunstâncias excepcionais. A fusão acontece apenas quando os núcleos se chocam com extrema violência. Até recen temente a temperatura exigida para essa fusão (cerca de 100 milhões de graus centígrados) só poderia ser conseguida, em nosso planeta, por intermédio de uma bomba atômica. A fissão, por outro lado, também é um fenô meno excepcional. O universo tem milhares de milhões de anos e, durante sua evolução, quase todos os núcleos capazes de cindir-se esponta neamente já o fizeram. Nos poucos núcleos que restam (como o do rádio, por exemplo), a fissão se processa tão lentamente que não chega a ter utilidade como fonte de energia. Não obstante, como certos núcleos pesados são pouco está veis, o acréscimo de mais um nêutron é sufi ciente para que eles se cindam. O urânio-235 e o plutônio constituem um exemplo típico disso. Como cada fissão liberta dois ou mais nêutrons, é possível produzir uma reação em cadeia: um primeiro nêutron é aprisionado por um núcleo pesado, que se rompe, libertando dois nêutrons que, por sua vez, são capturados por mais dois núcleos, e assim sucessivamente. Essa reação em cadeia, verdadeira explosão populacional dos nêutrons, gera a liberação tremendamente rápida de energia nuclear que ocorre em toda explosão atômica. Como toda explosão populacional, no entanto, ela depen de diretamente da manutenção de uma “taxa de reprodução” de mais de um nêutron para cada nêutron capturado. Dois fatores adversos, no entanto, podem impedir isso. Em primei ro lugar, se a massa do material que contém os núcleos físseis for muito pequena, muitos nêutrons podem escapar para fora da superfí cie, em lugar de serem capturados por outros núcleos de seu interior, para gerar a fissão. Em segundo lugar, se o núcleo que captura um nêu tron não for do tipo certo, ele pode deixar de fundir-se, ou então não se cindir com a devida rapidez. O primeiro fator não chega a ser deci sivo – demonstra simplesmente que a massa do material deve exceder um certo nível crítico.
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ARTIGO
Cogumelo atômico: bomba lançada sobre Hiroshima.
Na prática, as bombas atômicas são dispara das mediante o contato entre duas porções de urânio, cada uma delas um pouco abaixo do ta manho crítico. O segundo fator, entretanto, é absolutamente fundamental, pois o urânio-238 não é físsil. Dessa maneira, até mesmo uma reduzida concentração de U-238 numa porção de U-235 é suficiente para impedir uma reação de explosão em cadeia. Na realidade, o urânio natural consiste de 99,3% de U-238 e apenas 0,7% de U-235. Então, a fim de que o U-235 possa ser utilizado como explosivo nuclear, é necessário separá-lo da quantidade muito maior de U-238. O outro material físsil, o plutônio, não existe na natureza. No entanto, se o U-238 for bombardeado com nêutrons lentos (obtidos pela rápida passagem de nêutrons rápidos através de um “moderador”, feito de água pe sada ou de grafita, num reator nuclear), ele se transforma lentamente em plutônio, que pode, então, ser separado e utilizado como explosivo. A primeira opção (o U-235) foi usada na fabrica ção da bomba que explodiu em Hiroshima, e a segunda, daquela que explodiu em Nagasaki. Em setembro de 1939, praticamente todos esses conceitos já eram de pleno conhecimen to dos físicos nucleares de todas as nações. E, por desgraça, todas as nações cientificamente adiantadas tentaram explorar o potencial mili tar da energia atômica. Os progressos nesse campo, porém, não foram idênticos nos vários países. Na França, quase todo o trabalho foi interrompido com a ocupação alemã. Muitos dos físicos nucleares franceses fugiram para a Inglaterra (transferindo-se mais tarde para o Canadá), inclusive Halban e Kowarski, que mais tarde se tornariam famosos. Na União Soviética, a Academia de Ciências constituiu uma “Comissão Especial para o Problema do Urânio”. Seus planos, porém, foram frustrados pela invasão alemã, que forçou a evacuação do grosso da indústria soviética e de seus centros de pesquisa para a região dos Urais. Isso retardou o programa nuclear russo até o fim de 1942, época em que, através do agente Klaus Fuchs, os soviéticos já vinham receben do informações regulares sobre as pesquisas britânicas e americanas nesse campo. Ao que parece, todavia, foi só em 1945 que a União
Soviética passou a dar prioridade à construção de sua própria bomba atômica. Na Alemanha, o trabalho foi prejudicado pela perda de muitos dos mais talentosos físicos nucleares, durante os expurgos antis semitas, pouco antes da guerra, e pelas dis putas partidárias entre os que sobraram. Não obstante, em meados de 1940, sob o disfarce de um “Instituto do Vírus”, um grupo de físi cos, entre os quais Bothe, Weizsäcker e Hei senberg, fundou um instituto de pesquisas atômicas. Até 1942, o nível de suas pesqui sas correspondia mais ou menos ao nível das pesquisas dos físicos americanos. Em abril de 1942, porém, um grupo de sabotadores anglo -noruegueses destruiu a usina de água pesada em Rjukan (na Noruega), da qual dependia, de maneira vital, o programa de pesquisas dos alemães. Daí para a frente o prosseguimento deste programa não teve andamento. Mes mo assim, os anglo-americanos continuaram a corrida para a construção da arma atômica, alegando que os alemães deviam estar na imi nência de fabricá-la. No entanto, a descoberta de anotações e documentos de Weizsäcker, durante a tomada de Estrasburgo, em 1944, revelou como os alemães ainda estavam atra sados no campo das pesquisas nucleares. Na Inglaterra, a maior parte dos cientistas estava inicialmente engajada em outras ativida des relacionadas com a guerra. Nos primeiros meses, o esforço nuclear dependeu quase que exclusivamente de cientistas refugiados, cuja nacionalidade os impedia de participar de pro jetos militares secretos. Não obstante, os in gleses foram os culpados pelas contribuições mais importantes para o desenvolvimento das armas nucleares em seus primeiros anos. A primeira notícia séria sobre a possibili dade de construção de uma bomba atômica foi dada em fevereiro de 1940 pelos profes sores Peierls e Frisch, que trabalhavam na Universidade de Birmingham. Em seu notá vel Memorandum, de apenas três páginas, eles abordaram os problemas principais para a construção de uma bomba atômica, bem como as possíveis soluções. Salientaram, pela primeira vez, que era indispensável se parar o U-235 do U-238, indicando o método para conseguir isso – a difusão térmica. Cal cularam a “massa crítica” do U-235, obtendo 600 gramas, quantidade posteriormente alte rada para 9 quilos, em função das medidas nucleares mais exatas. A explosão resultante, segundo eles, seria equivalente a cerca de 1 000 toneladas de TNT. Comentaram, tam bém – e isto é muito importante –, os efeitos letais da radiação que seria produzida.
bras, exigindo, para sua construção, materiais que só poderiam ser obtidos após grandes es forços e consideráveis pesquisas. Entremen tes, os físicos franceses Halban e Kowarski, que trabalhavam então na Universidade de Cambridge, demonstraram que seria possível produzir o plutônio, mediante uma lenta rea ção em cadeia no urânio natural, desde que se utilizasse água pesada para moderar a veloci dade dos nêutrons. Seus colegas, Bretscher e Feather, sugeriram a utilização do plutônio como explosivo nuclear. Finalmente, na Uni versidade de Birmingham, Oliphant vinha de senvolvendo uma terceira técnica de separa ção de isótopos – o método eletromagnético. Nem seu processo, porém, nem o do plutônio, pareciam então muito viáveis. Assim, quando o Comitê Maud (criado pelo Ministério da Ae ronáutica para realizar uma investigação sobre as armas nucleares) elaborou seu relatório fi nal, em meados de 1941, manifestou-se favo rável ao método da difusão dos gases. Nessa altura, quase todos os cientistas bri tânicos percebiam que o trabalho em maior escala só poderia ser levado a cabo nos Esta dos Unidos, onde ainda havia todos os recursos de produção necessários. Até 1942, o esforço dos americanos no campo nuclear fora me nos intenso e não apresentara resultados tão “bons” quanto o que se havia desenvolvido na Grã-Bretanha. Na realidade, repetidas vezes eles solicitaram uma cooperação maior para os cientistas britânicos. No verão de 1942, contu do, em decorrência do ataque japonês a Pearl Harbor e do relatório favorável do Comitê Maud sobre a viabilidade das armas atômicas, as pes quisas ganharam um novo ímpeto nos Estados Unidos. O programa americano, conhecido como “Projeto Manhattan” por razões de segu rança, foi posto então sob controle do Exérci to, na pessoa do General Groves. Os recursos que lhe eram destinados passaram, de milha res, para milhões de dólares. Por coincidência, no preciso instante em que a Grã-Bretanha se dispôs a cooperar com o programa nuclear dos Estados Unidos, dois dos cientistas responsá veis pelo mesmo, Conant e Bush, concluíram que a colaboração britânica era perfeitamente dispensável. Essa decisão deu origem, nas rela ções anglo-americanas, a um clima de ressen timento e de reserva que só paulatinamente se desfez, mesmo depois das conversações diretas entre Churchill e Roosevelt, que resul taram na assinatura do Acordo de Quebec, em
A construção da bomba Sob o estímulo do memorando de Peierls e Frisch, as pesquisas britânicas sobre a se paração dos isótopos passaram a merecer um apoio cada vez maior durante o ano de 1940, especialmente sob a direção do Pro fessor Simon, da Universidade de Oxford. Ao final desse ano, concluiu-se que havia outro processo de separação – a difusão gasosa – mais eficiente que a difusão térmica. Por ou tro lado, calculou-se que uma usina capaz de separar U-235 em quantidade suficiente para uma bomba custaria mais de 5 milhões de li
Resultado do 2º bombardeio atômico: Nagasaki, 09.08.1945.
ARTIGO agosto de 1943. Entrementes, prosseguiam nos Estados Unidos as pesquisas sobre todas as técnicas anteriormente citadas: na Universi dade de Colúmbia, Urey e Dunning estudavam a separação de isótopos pela difusão dos ga ses; na Universidade da Califórnia, Lawrence dedicava-se à separação eletromagnética; em Anacostia, Abelson concentrava-se na separa ção térmica, e Fermi, em Chicago, pesquisava a produção de plutônio por meio de nêutrons len tos. Os sucessos e reveses dessas pesquisas constituíam a preocupação máxima do General Groves e de seus assessores científicos. O mé todo de difusão dos gases exigiu a fabricação de uma enorme quantidade de “membranas” – delgadas lâminas metálicas com milhões de pequenos orifícios, pelos quais se difundia o hexafluoreto de urânio – e a construção de uma enorme usina, cujo consumo de energia elé trica seria suficiente para iluminar uma grande metrópole. Em julho de 1944, essa usina, loca lizada em Oak Ridge, no Tennessee, estava pra ticamente concluída (ao custo de 280 milhões de dólares). As dificuldades tecnológicas para a fabricação da “membrana”, no entanto, ainda eram enormes, pondo em risco todo aquele investimento. O método eletromagnético dependia da utilização, em escala industrial, de um delicado instrumental de laboratório. O ele troímã utilizado nas primeiras experiências de Lawrence media alguns poucos centímetros; na usina de separação eletromagnética (tam bém em Oak Ridge), era gigantesco: tinha qua se 40 metros de comprimento por 5 de altura e seu enrolamento elétrico fora feito com 86 000 toneladas de prata, especialmente cedidas pelo Tesouro dos Estados Unidos. Aí também houve problemas: a usina começou a operar em fe vereiro de 1944 e já em julho percebeu-se que tão cedo não seria capaz de produzir U-235 em quantidade suficiente. O processo de difusão térmica mostrou-se inútil como meio de en riquecer o U-235 em grande escala, embora funcionasse bem para pequenas quantidades. Havia finalmente o método do plutônio, que pa
E
recia muito promissor após o êxito da primeira pilha atômica experimental, construída por Fer mi em Chicago, em dezembro de 1942. Essa pilha, a precursora de todos os reatores nuclea res subsequentes, levou à construção de vários gigantescos reatores de produção de plutônio em Hanford, às margens do rio Colúmbia. O primeiro deles foi acionado pelo próprio Fermi, em setembro de 1944, mas parou de funcionar poucas horas depois, em consequência de um fenômeno totalmente inesperado – o chamado “envenenamento nuclear”. No fim, todos os quatro métodos foram utili zados. O método da difusão térmica foi empre gado para elevar o teor de U-235 do urânio de 0,7% para 0,9%. Esse material levemente enri quecido era então levado para a usina de difusão gasosa, que aumentava o conteúdo de U-235 para 20%. Finalmente, utilizava-se a usina ele tromagnética para produzir material com mais de 90% de U-235. Como resultado, em agosto de 1945, após gastarem cerca de 1 bilhão de dó lares, os Estados Unidos dispunham de U-235 em quantidade suficiente para uma arma atômi ca. Quanto ao plutônio, foi difícil prever sua pro dução, visto que a quantidade necessária para a construção de uma bomba era desconhecida até o último instante, chegando-se até mesmo a duvidar que ela explodisse. Por essa razão resolveu-se testar uma bomba, tão logo hou vesse bastante plutônio disponível. O teste foi realizado no deserto de Alamogordo, no Estado do Novo México, em 17 de julho de 1945, sob a supervisão científica de J. Robert Oppenheimer, físico responsável pelo laboratório atômico de Los Alamos. A explosão, que superou tranqui lamente todos os cálculos teóricos, causou um impacto que não seria avaliado apenas em termos de milhares de toneladas de TNT. Vários dos cientistas que presenciaram o teste, hor rorizados com a experiência, convenceram-se de que aquela arma jamais deveria ser utilizada contra seres humanos. A maioria deles, porém, ou pelo menos os que dispunham de influên cias junto às esferas governamentais, não hesi
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Criança vítima da bomba atômica lançada pela Força Aérea Americana sobre Hiroshima, 06.08.1945.
tou em aconselhar o emprego da bomba contra o Japão, como único meio de abreviar a guerra. Apesar dos insistentes protestos de Szilard e de outros renomados cientistas, a decisão final foi tomada pelo presidente Truman, de comum acordo com Churchill. As bombas foram lança das sobre Hiroshima, a 6 de agosto, e sobre Na gasaki, três dias depois. No dia 10 de agosto, o imperador do Japão comunicou sua intenção de render-se. No entanto, o mais provável é que os japoneses teriam-se rendido de qualquer manei ra, sem maior derramamento de sangue.
Argumentou-se, por outro lado, que o em prego da bomba atômica deu credibilidade ao papel das armas nucleares como meio de evitar um conflito mundial. Como se fosse necessário, para isso, sacrificar dezenas de milhares de inocentes civis japoneses, em meio à mais pavorosa de todas as mortes.
A bomba explode em Hiroshima
m 6 de agosto de 1945 um avião de bombardeio americano, Enola Gay, pro cedente de Tinian, nas ilhas Marianas, lançou a primeira bomba atômica. Ela desceu de paraquedas, sendo detonada a 500 metros acima do alvo – Hiroshima. Eram exatamente 8h16min da manhã, a hora mais trágica deste século. Para os que lá estavam e sobreviveram, a lembrança do instante em que o homem, pela primeira vez, desencadeou contra si mesmo as forças naturais de seu universo é de um relâmpago de pura luz, ofuscante e intensa, mas de uma terrível beleza e variedade (...). Se houve algum som, ninguém ouviu. O relâmpago inicial gerou uma sucessão de calamidades. Primeiro veio o calor. Durou apenas um instante mas foi de tal intensidade que derreteu os telhados, fundiu os cristais de quartzo nos blocos de granito, chamuscou os postes telefônicos numa área de 3 quilô metros e incinerou os seres humanos que
se achavam nas proximidades. Tão completa mente que nada restou deles, a não ser suas silhuetas, gravadas a fogo no asfalto das ruas ou nas paredes de pedra. Depois do calor veio o deslocamento de ar, varrendo tudo ao seu redor com a força de um furacão soprando a 800 quilômetros por hora. Num círculo gigantesco de mais de 3 quilôme tros, tudo foi reduzido a escombros. Em poucos segundos, o calor e o venda val atearam milhares de incêndios. Em alguns pontos o fogo parecia brotar do próprio chão, tão numerosas eram as chamas tremulantes geradas pela irradiação do calor. Minutos depois da explosão começou a cair uma chuva estranha. Suas gotas eram grandes e negras. Esse fenômeno aterrador resultava da vaporização da umidade da bola de fogo e de sua condensação em forma de nuvem. À medida que a nuvem, formada de vapor de água e dos escombros pulverizados de Hiroshi ma, atingia o ar mais frio das camadas supe
riores, condensava-se, caindo sob a forma de “chuva negra” que não apagava os incêndios, mas aumentava o pânico e a confusão (...). Depois da chuva veio o vento – o grande vento de fogo –, soprando em direção ao cen tro da catástrofe e aumentando de violência à medida que o ar de Hiroshima ficava cada vez mais quente. O vento soprava tão forte que arrancava árvores enormes nos parques onde se abrigavam os sobreviventes. Milhares de pessoas vagavam às cegas e sem outro ob jetivo a não ser fugir da cidade de qualquer maneira. Ao chegarem aos subúrbios, eram tomadas, a princípio, por negros e não japo neses, tão enegrecidas estavam. Os refugia dos não conseguiram explicar como foram queimados. “Vimos um clarão”, contavam, “e ficamos assim”. Trechos do livro No High Ground, de Fletcher Knebel e Charles Bailey. Extraído de: História do século 20, Abril Cultural.
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(ENTRE PARÊNTESIS)
A mais velha toca piano RESPOSTA Observe que o visitante sabia o número da casa e disse que, sabendo disso e que o produto é 36, ainda não dava para descobrir as idades. Isto significava que o número da casa era 13, pois é a única soma de três inteiros positivos cujo produto é 36 para qual há mais de uma possibilidade (as possibilidades 5 e 6). Com a informação adicio nal de que a mais velha toca piano, ficou claro que há uma mais velha, o que exclui a possibilidade 6. Logo, as idades são 9, 2 e 2. 4, 3, 3
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6, 3, 2
7
10
6, 6, 1
6
9, 2, 2
5
9, 4, 1
4
12, 3, 1
3
18, 2, 1
2
38
36, 1, 1
1
Soma
Possibilidades
11 13 13 14 16 21
As possibilidades para que o produto das idades seja 36, com a respectiva soma, são:
Dois amigos reencontram-se, depois de muitos anos, na casa de um deles. O visitante, após os cumprimentos usuais, inicia o seguinte diálogo: – Soube que você se casou, mas não sei se tem filhos. – Sim, tenho três filhas. Infelizmente não estão aqui para que eu possa apresentá-las. – Posso saber a idade delas? – Para lembrar nossos velhos tempos, vou apresentar-lhe um problema, pois sei que você gosta deles: o produto das idades das minhas três filhas é 36 e a soma das idades delas é o número de minha casa. – Sei o número da sua casa, mas mesmo assim ainda não dá para saber as idades. – Mais um dado: a mais velha toca piano. – Então fica fácil. As idades são... (Para o leitor, o problema consiste em dizer a idade das três filhas.)
PARA PENSAR CHICO BACON/Caco Galhardo
1) No 3o quadrinho, o que indica a fala da atendente: conformidade ou surpresa? 2) Por que o personagem associa o divórcio à carta de alforria?
RESPOSTA 1) Surpresa, afinal o documento a ela entregue não corresponde ao solicitado. 2) A carta de alforria era dada (mas principalmente vendida) aos escravos como certificado de sua liberdade ou libertação. Ao associar o divórcio à liberdade, o personagem ironiza os “prazeres” da vida conjugal.
SERVIÇO DE VESTIBULAR Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
Universidade Federal de Roraima (UFRR)
Período de inscrição: até dia 12 de setembro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22451-900 – Telefone: (21) 3527-1000. Requisito: taxa de R$ 170,00. Cursos e vagas: consultar site www.puc-rio.br Exames: dias 9 e 10 de outubro de 2016.
Período de inscrição: de 08 de agosto a 09 de setembro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: avenida Capitão Ene Garcez, 2 413 – Aeroporto – Boa Vista – RR – CEP: 69310-000 – Telefone: (95) 3621-3108. Requisito: taxa de R$ 90,00. Cursos e vagas: consultar site ufrr.br/cpv Exame: dia 27 de novembro de 2016.
Jornal do Vestibulando
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343