Entrevisto do Vestibulando - 1517

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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2016 • DE 18/08 A 31/08

ENTREVISTA

“Não era um sonho só meu, era um sonho da família inteira.” Daniel Pinheiro Tassi entrou na USP em Relações Internacionais, carreira que escolheu no 2o semestre do ano passado. Fez o cursinho junto com o Ensino Médio. Dedicou-se muito a superar dificuldades que tinha em matérias de Exatas. Apesar do tempo restrito, criou uma rotina de estudos que se estendia aos finais de semana. Foi aprovado na Fuvest e Unesp.

Daniel Pinheiro Tassi Em 2015: Etapa Em 2016: Relações Internacionais – USP

JV – O que o levou a escolher Relações Internacionais como carreira? Daniel – O processo de escolha foi bem difícil. Meu pai é advogado e entrei no Etapa querendo Direito. Nas palestras sobre profissões eu vi que não era o que eu realmente queria e passei para Economia, mas percebi que tem muita Exatas e eu não sou muito bom nessa parte. Aí vi que Relações Internacionais agrupava tópicos de que eu gostava.

Quando você mudou para Relações Internacionais? Eu tomei essa decisão em agosto, quando fui à feira de profissões da USP. Eu tinha um certo medo em relação ao mercado de trabalho porque em Relações Internacionais você não tem uma formação específica em uma área. Mas, conversando com um aluno do 3o ano, ele disse que muitas pessoas pensam que é só diplomacia, mas a carreira é ampla, com uma área de atuação enorme. Então eu perdi o medo.

Além da Fuvest, que vestibulares você prestou? Prestei Unesp para Relações Internacionais, Unicamp para Economia, porque não tem RI lá, e Enem.

Pelo Sisu, com a nota do Enem, você procurou vaga em que curso? Para ficar em São Paulo, escolhi Farmácia na USP. No cursinho eu gostei bastante de Química e Biologia, então era uma segunda opção.

ENTREVISTA

Daniel Pinheiro Tassi

ARTIGO O uso da bioinformática no estudo de doenças complexas

E em Humanas?

Sim, fui aprovado em Farmácia na USP pelo Sisu e em Relações Internacionais pela Fuvest.

Em Humanas eu lia os resumos. Se tivesse dificuldade em uma matéria, dava uma lida na apostila.

Você começou o ano confiante? Eu não estava muito confiante. Sabia que todas as carreiras que me atraíam eram bem concorridas, mas fui indo, eu não deixaria de prestar esses cursos por causa disso.

Como era seu método de estudo?

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Quais matérias tinham prioridade maior em seus estudos? Física era a prioridade maior, depois Química. Matemática vinha na terceira posição e Biologia em quarto.

Eu focava mais nas matérias de Exatas, em que tinha mais dificuldades. Como não tinha muito tempo chegava em casa depois da aula e estudava Exatas e também Biológicas. Só mais para a 2a fase eu dei uma estudada maior na parte de Humanas.

Você treinava Redação?

Quais eram suas maiores dificuldades?

Não fiz todos. Chegou um momento no primeiro semestre em que eu acumulei muita matéria para estudar e tive que abrir mão de simulados.

Organizar minha rotina de estudos do Etapa. No início foi difícil conciliar escola e cursinho. Tanto que eu entrei aqui tirando notas boas nos simulados e depois foi piorando porque não conseguia acompanhar. No segundo semestre, depois do período de férias, eu voltei mais motivado e consegui encontrar minha rotina de estudos.

Qual era sua rotina? Eu chegava em casa e fazia os exercícios da parte de Exatas – fazia tudo da matéria do dia – e também de Biológicas. Exercícios escritos eu fazia só os de Exatas. Eu sabia que os exercícios escritos são os mais difíceis e se conseguisse fazer esses exercícios conseguiria resolver tranquilo os da 1a fase da Fuvest. No fim de semana eu dava uma revisada na teoria.

ENTRE PARÊNTESIS

CONTO

Vestida de preto – Mário de Andrade

Em Farmácia você foi aprovado também?

Árvores ARTIGO Guimarães Rosa: poeta dos sertões, criador de língua

Eu fazia uma vez por mês, mas não conseguia trazer para o plantão por causa do tempo. Às vezes eu mostrava para o meu pai. Ele dava uma avaliada, me ajudou bastante nessa parte.

Você fez todos os simulados?

Você estudava em casa ou no Etapa? Em casa.

Em média, quanto tempo você estudava por dia? Uma hora e meia, duas horas. Chegava em casa umas 7 e meia e estudava mais ou menos das 8 até as 10 horas.

No final de semana o que você fazia? No primeiro semestre, no sábado tinha o JADE de manhã e simulado à tarde. No final do primeiro semestre e no segundo semestre eu estudava todo fim de semana. No domingo ficava das 10 da manhã até umas 6 da tarde estudando.

POIS É, POESIA

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Augusto dos Anjos – (1884-1914)

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SERVIÇO DE VESTIBULAR

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Inscrições

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ENTREVISTA

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Nos simulados, quais eram seus resultados? Eu comecei com C mais, no final do primeiro semestre caí para C menos. No segundo semestre comecei com C menos e fui aumentando para C mais. Cheguei a tirar A em Humanas, em uma prova do Enem e outro em Redação.

Você leu as obras obrigatórias indicadas pela Fuvest?

No segundo dia, na prova geral, você tirou quanto? Minha nota foi 56,25. Eu estava esperando uma prova mais fácil, mas eles puxaram muito.

E no terceiro dia, das matérias prioritárias da carreira, Geografia e História? Tirei 58,33, na faixa do esperado. Eu sabia que seria uma prova difícil, porque eles pegam tópicos bastante específicos e aí é complicado.

O que você faz na empresa júnior? A empresa trabalha com projetos de internacionalização, análise mercadológica, é mais uma consultoria. Eu trabalho na diretoria financeira e jurídica, cuido da parte de contratos, fluxo de caixa. Fora isso, a gente está fazendo projeto de internacionalização de uma joalheria.

Você participa de mais alguma atividade?

Fiquei em 20o lugar. De 48 vagas.

Na Atlética eu pratico alguns esportes, tênis e tênis de mesa. Estou na bateria também. No segundo semestre eu quero participar do Educar para o Mundo, um coletivo de extensão universitária que trabalha na questão da imigração em São Paulo, em oficinas de centros de referência aos imigrantes, explicando a legislação, tudo mais, inserindo os imigrantes na nossa cultura.

Como soube de sua aprovação na Fuvest?

Até agora, do que você mais gostou no curso?

As palestras destacam os pontos que passam despercebidos pela gente, e os professores também falam das partes mais importantes dos livros.

Eu estava com meus pais em casa. Quando vi o resultado eu não acreditei, saí gritando... E ainda foi na turma do diurno, em que eu achava que não ia entrar. Foi uma alegria indescritível. O fato de ter passado na USP é incrível.

Nas férias, o que você fez?

O que você sentiu naquele momento?

Eu continuei estudando e comecei a pegar um ritmo. Não era um ritmo que eu conseguisse manter depois, mas peguei um ritmo.

É gratificante você dar orgulho para sua família, muito gratificante. No dia parece que a Terra virou paraíso. Uma sensação muito boa. Não era um sonho só meu, era um sonho da família inteira, eles estavam comigo desde o início, sempre me apoiando.

A grade curricular ter matérias de que eu realmente gosto é muito interessante. Eles pegam tópicos como União Europeia, eu amo esse tópico e espero conseguir trabalhar lá um dia. Eles trabalham com coisas em que eu tenho muito interesse. Tanto que na votação da saída do Reino Unido da União Europeia eu fiquei a madrugada inteira lendo na internet. Trabalhar com uma coisa que você gosta de estudar é gratificante.

Não consegui ler todas. Não li Til e Memórias de um sargento de milícias. Eu me arrependo muito, perdi ponto por causa disso. As questões que eu mais errei na 1a fase foram as baseadas nos livros. Li todos os resumos, mas mesmo assim a leitura das obras é imprescindível.

Você assistiu às palestras sobre os livros? Vi todas as palestras.

Qual é a importância das palestras?

Você teve que abrir mão de alguma atividade para se preparar para os vestibulares? Abri mão do inglês. Fazia à noite, depois das aulas. No ano retrasado eu estudava à tarde, depois mudei para a manhã. Seria muito cansativo fazer escola, cursinho e inglês. Não dava.

Você já voltou a fazer inglês? Estou achando mais interessante começar outras línguas. Faço francês na Poli. No Poliglota.

Você prestou USP, Unicamp e Unesp. Onde você achava que tinha mais possibilidades de ser aprovado? Na Unesp. Tem o curso de RI em Franca e em Marília. Eu prestei para Franca. Sabia que tinha mais chance porque a prova da Unesp, digamos, seria um pouco mais fácil do que as outras, e também tinha reserva para escola pública. Na Unesp eu passei em 6o lugar.

Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Com o bônus de escola pública fiz 65. A nota de corte foi 60. Saí da prova achando que não ia passar. E me surpreendi quando saiu o resultado. a

Para a 2 fase você mudou alguma coisa no seu método de estudo? Eu dei prioridade para as matérias de Humanas, porque sabia que a prova do terceiro dia, com Geografia e História, pega assuntos mais aprofundados.

Na 2a fase, no primeiro dia a prova é de questões de Português e Redação. Como você foi? Eu estava achando que seria meu pior dia porque, além de dormir mal naquela noite, tinha as questões de Literatura, em que teria dificuldade, e a Redação, em que também eu não estava muito confiante. Mas foi o meu melhor dia. Por incrível que pareça, tirei 63 na prova. Na Redação tirei 76.

Na escala de zero a 1000, qual foi sua pontuação? Com o bônus fiquei com 677,7 pontos.

E sua classificação na carreira?

Como foi no dia da matrícula? Os veteranos foram muito receptivos. A gente meio que fez uma rodinha de conversas, apresentação e tal, foi muito legal. Aí eu percebi que não estou estudando com os melhores de São Paulo, estou estudando com os melhores do Brasil, tem gente do país inteiro lá, por causa do Sisu. Também fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que já são formadas e estão no curso, como segunda graduação.

O pessoal que está fazendo a segunda graduação em Relações Internacionais, que graduação eles fizeram antes? Tem duas pessoas de Medicina, dois engenheiros, tem um jornalista da Globo, formado pela ECA, um em Cinema, Artes Cênicas. Bem variado.

Como foi o seu primeiro semestre na faculdade? É um mundo novo, no início eu fiquei bastante deslumbrado e tive um pouco de dificuldade para organizar a rotina de estudos. Mas aos poucos fui conseguindo. As matérias são bastante interessantes, os professores incentivam você a pesquisar e a fazer iniciação científica.

Quais matérias você teve? Tive cinco matérias: Instituições de Direito, Métodos Empíricos de Pesquisa I, Microeconomia, Introdução à Ciência Política para Relações Internacionais e História das Relações Internacionais. A base do curso é formada por essas matérias. São quatro pilares que eles falam que o curso tem: História, Direito, Ciências Políticas e Sociologia, e Economia.

Além das aulas, você está participando de outras atividades na USP? Estou participando da empresa júnior. RI-USP Júnior.

O que você destaca na parte humana e na parte de infraestrutura do Instituto de Relações Internacionais? Da parte humana, os veteranos são muito prestativos, me ajudam sempre. Eu sinto que estou num lugar livre de preconceitos e tudo mais. E a parte física é fora de série. É um prédio novo, bem equipado, tem projetor em todas as salas, ar condicionado. O instituto está bem equipado, com certeza.

Qual é a sua maior motivação para continuar em Relações Internacionais? Eu acredito em uma visão mais cosmopolita do mundo. Acredito que não devem existir fronteiras. Isso se enquadra perfeitamente com minha visão de mundo e me dá suporte para estudar agora e trabalhar com isso futuramente.

Como ficou marcado para você o ano no cursinho? Foi um ano de autoconhecimento e de amadurecimento. Também foi um ano de união com meus colegas, sempre a gente estava se ajudando. Então, foi um ano fora de série. Uma luta difícil, complicada, mas no final tudo valeu a pena.

Dá para sentir saudades do ano passado? Eu sinto falta da didática dos professores daqui, porque eles realmente são muito bons, fora de série. É até complicado sair do Etapa, onde tudo é bom, as matérias são bem explicadas e ir para um lugar em que você vai enfrentar outras dificuldades.

O que você diz a quem vai prestar vestibular este ano? Quais são suas dicas para a reta final? Eu acho importante organizar a rotina de estudos e não desanimar, ser resiliente sempre. De vez em quando eu ia mal no simulado, mas é bola pra frente, é lutar e vai indo. Tem uma frase do Winston Churchill de que eu gosto muito: “O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.Toda vez que você perder, ou se sentir derrotado, levante e lute mais forte.


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