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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2016 • DE 29/09 A 12/10
ENTREVISTA
“A Revisão foi o período em que mais produzi.” Heloisa Lescova Silva entrou em Direito na USP, pelo Enem. Ela havia feito 640 pontos na Redação do Enem antes do cursinho e passou a 960 no ano passado. Acabou entrando duas vezes na USP. Pela Fuvest entrou na FEA. Na entrevista que segue ela diz: “No ano passado, se você me falasse que eu passaria em dois cursos da USP, eu riria de você”. Apesar das dúvidas que tinha sobre a carreira a seguir, está feliz na São Francisco. Segundo ela, Direito é um curso em que “você entra com a cabeça aberta e faz o seu caminho”.
Heloisa Lescova Silva Em 2015: Etapa Em 2016: Direito – USP Contábeis – USP
JV – Você prestou quais vestibulares?
Como é que você começou no cursinho?
Heloisa – Prestei Fuvest e Mackenzie para Ciências Contábeis, PUC para Economia e fiz o Enem, que foi o que me garantiu a aprovação para Direito na São Francisco. Fui aprovada em todos.
Eu sabia que seria bem difícil. Esperava passar, mas confiante, confiante, eu não estava. Tinha tomado uma paulada na Redação do Enem em 2014, com 640 pontos, e depois tomei outra aqui. Minha primeira nota no simulado de Redação foi um D. Foi a melhor coisa que podia acontecer. Você acorda, vê que não é fácil e fala “vamos estudar para dar tudo certo”. Foi muito bom mesmo. Tanto que eu acho que foi a Redação do Enem 2015 que me colocou na São Francisco.
Por que tantos cursos diferentes? Prestei para vários cursos porque estava meio perdida ainda.
Na USP, você foi aprovada para dois cursos, Direito e Ciências Contábeis. Por que escolheu Direito? Em Direito eu posso depois ir para o Tributário, se quiser. Contabilidade seria restrito. Direito me dá mais caminhos; posso fazer mais coisas.
Hoje você acha que Direito foi a escolha certa? Eu estou feliz. Uma coisa legal do Direito na São Francisco é que você vai com a cabeça aberta e posso ver com o que me identifico e aí fazer o meu caminho. O curso é muito amplo.
Você prestou vestibular direto do 3o ano? Sim e minha nota foi péssima. Fiz 44 pontos na 1a fase da Fuvest.
Como foi sua experiência no cursinho? Vim com uma amiga; os irmãos dela fizeram Etapa. Eu tinha uma imagem diferente do que seria um ano de cursinho. E foi muito bom, porque precisava de mais bagagem teórica para passar no vestibular. E outra coisa que o Etapa me deu foi tempo para ver o que eu iria fazer.
CONTO
O tesouro – Eça de Queirós ARTIGO Universidades paulistas lideram pesquisa em cosméticos no mundo
Chegava aqui de manhã, almoçava por aqui mesmo, dava um tempinho e ia para a Sala de Estudos, ficava até umas 5, 6 horas. Voltava para casa e sempre acabava lendo alguma coisa. É muito importante saber o que está acontecendo no mundo, em especial para Humanas. No sábado, às vezes eu vinha para cá à tarde. Chegava à 1 hora, ficava até 5, 6 horas.
Você pegava a matéria do dia? Eu pegava a matéria do dia. Acho muito válido pegar a matéria do dia porque está tudo fresco. Procurava começar com as matérias de Exatas. Às vezes intercalava com Humanas.
Como era sua preparação para Redação? No começo do ano, até maio, dava para fazer uma redação por semana. Depois eu fazia uma a cada 15 dias. Quando apertou um pouco mais
ARTIGO
ENTREVISTA
Heloisa Lescova Silva
Como era seu método de estudo?
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A era das explorações
No ano passado, como os simulados sinalizaram sua situação para o vestibular? Eu achava os simulados bem difíceis. Mas é muito importante fazer. Vocês têm muita experiência nisso, sabem o que vai cair. Foi ficando mais possível. Eu preferia fazer no domingo de manhã porque dava uma respirada no sábado e organizava a matéria da semana. Com o tempo você vai pegando a manha das questões, vê questões que se repetem nos simulados e que vão aparecer no vestibular.
Em que faixas você ficava nos simulados? No primeiro simulado da Fuvest eu cheguei a 67, mas minha média no ano foi 65, 62; C menos. Nos simulados do Enem eu ia melhor. Matemática do Enem eu achava bem interessante, conseguia geralmente C mais. Era a parte de que eu gostava. Na Redação comecei a ir melhor e na parte de Humanas também era C mais ou B.
Você frequentava o Plantão de Dúvidas? Sim. Química era meu calcanhar de Aquiles. Em Física e Matemática eu tentava não ir muito. Só ia quando não conseguia entender a resolução porque eu gostava e achava que aprendia muito no Plantão. Em Redação também ia bastante.
ENTRE PARÊNTESIS
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POIS É, POESIA
Casimiro de Abreu (1839-1860)
eu fazia uma por mês. Mas vi que estava ficando muito largada e em setembro, meio de setembro, voltei a fazer uma a cada 15 dias.
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Quem é quem? SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições
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ENTREVISTA
Você leu as obras indicadas como obrigatórias pela Fuvest? Sim. Algumas eu já tinha lido no Ensino Médio. Outras eu li aqui mesmo, na Sala de Estudos. Em casa eu lia bastante e no fim de semana, nos sábados em que não descansava, pegava para dar uma lida. Leitura obrigatória é uma coisa que vale a pena fazer em casa. Algumas obras não dá para ler no metrô porque dispersa totalmente.
Qual a diferença entre ler a obra e, além de ler, também assistir à palestra sobre ela? Nas palestras os professores focam o que de fato é cobrado. Você ler é uma coisa, li, ok, gostei. Agora, para analisar o contexto histórico da obra, pegar detalhes e traços dos personagens, em que você não tinha reparado, é preciso ir às palestras. Nelas, quando o professor fala, você fica assim: “Como é que não pensei nisso antes?”. Foi um reforço muito bom para a leitura obrigatória.
Qual foi a época mais cansativa? Logo antes das férias. Estava bem cansada. Na Revisão também estava cansada, mas com um ânimo muito grande. A Revisão foi o período em que mais produzi. Eu acho que um diferencial do Etapa é a Revisão ser mais longa, dá tempo de pegar muita coisa. A Revisão foi muito produtiva.
Você tinha alguma atividade para relaxar? Eu acho que tão importante quanto estudar é investir tempo em alguma coisa que vai lhe dar uma aliviada. Gosto muito de correr. Durante a semana, quando dava, eu corria com meu irmão à noite. No fim de semana era uma horinha minha de fato. Eu achava um tempo válido.
Você teve que abrir mão de alguma atividade durante a preparação para o vestibular? Abri mão de bastante coisa, em especial de fazer algumas coisas com minha família. Eles saíam, eu ficava em casa. E parei meu curso de Inglês.
Em qual faculdade você achava que tinha mais chance de ser aprovada? Eu me sentia mais confiante em relação ao Mackenzie. Se no meio do ano passado você me falasse que eu passaria em dois cursos da USP, eu riria de você.
Você também foi aprovada na USP para Ciências Contábeis. Qual foi sua pontuação na 1a fase da Fuvest? Com bônus foi 56. Foi uma nota abaixo do que eu estava acostumada a fazer. Mas o nervoso me pegou. Achei a parte de Matemática muito difícil.
Da 1a para a 2a fase você mudou seu método de estudo? Peguei mais Química, em que sempre tive dificuldade. Peguei bastante Física também. Em Literatura deu para revisar e terminar de ler o que não tinha lido ainda.
Quais foram suas notas no Enem, por área? Na parte de Humanas eu errei cinco das 45 questões, foi satisfatório. Em Português acho que fiz 39 de 45. Em Ciências da Natureza, parte em que eu tinha dificuldade, fiquei bem satisfeita, acertei 34 de 45. Em Matemática fiz 30. Eu gostava muito de Matemática, mas deixei para o final porque quis priorizar Redação.
Na Redação você tirou quanto? Acho que fiz 960 em Redação.
Na São Francisco, pelo Enem, qual foi sua classificação? Fiquei no 21o lugar. Eram 92 vagas pelo Sisu.
Como ficou sabendo de sua aprovação para o curso de Direito da USP? Eu estava naquela ansiedade e fiquei abrindo o site a partir da meia-noite do dia em que ia sair o resultado. Fiquei acordada até 4 da manhã, não saiu. Dormi, acordei às 9 horas e vi pelo celular que tinha saído. Meu irmão estava em casa, minha mãe também. Foi uma festa, com choro.
O que você sentiu naquele momento? Você sente que encerrou um ciclo.
Você já conhecia a São Francisco? Não. Só conheci quando começaram as aulas, porque a matrícula pelo Sisu foi na Cidade Universitária, não na faculdade.
O trote também foi na Cidade Universitária? Sim. Eu me senti superacolhida, tomei trote de veteranas que foram supereducadas, elas perguntaram à minha mãe se podiam pintar meu cabelo, minha roupa. Guardo minha camiseta até hoje, toda pintada. Incrível, muito divertido.
Como foi o primeiro contato com a faculdade? Eu parei na frente da São Francisco e não acreditei que ia estudar lá. Foi uma coisa. Entrei pela porta principal, olhei as arcadas, um dos lugares mais bonitos que já vi, não dá para entrar e não parar. Aquele prédio tem muita história. Muitos presidentes, muitas personalidades, muita gente que foi importante, que é importante.
Que matérias você tem neste semestre? Tenho Direito Romano, Teoria Geral do Estado 2 – uma matéria bem densa, mas é incrível –, no primeiro semestre tive Economia Política, que agora é uma optativa minha, tenho Introdução à Sociologia, Direito Privado, Direito Penal, tenho Introdução ao Estudo do Direito – uma matéria que incentiva a pensar no Direito, por que isso, por que aquilo.
com gente já no 1o ano, vê histórias reais e dramas que nem imagina que poderiam existir. No mês passado foi uma mulher do Congo, casada com um brasileiro, que queria se divorciar. Tem casos que abrangem Penal, são meio pesados. Já atendi uma mulher que morava em abrigo, separada de duas filhas que também estavam em abrigos. Foi bem triste. Ela queria a guarda das crianças e não ia conseguir.
O que mais você fez este ano? Participei do BichUSP, no time de rugby, saí agora no segundo semestre porque não estava dando muito certo, os horários de treino. Fui também ao InterUSP, bem legal.
Do que você mais gostou até agora na São Francisco? Eu gosto da diversidade da São Francisco, tem lugar para todo mundo. Gosto de saber que tem uma clínica de Direito Ambiental e uma clínica que cuida de pessoas em situação de cárcere. Tem o núcleo dos estudos internacionais, e tem até o núcleo dos estudos bíblicos. Lá, você procura uma extensão, tem. Coisa incrível.
Você ainda acha que é Direito Tributário que vai seguir ou está em aberto? Está em aberto. Eu fico muito feliz em ter escolhido Direito por isso.
Que dicas você pode dar a quem vai prestar vestibular este ano? A Revisão é muito importante. Vale a pena pegar a sério a Revisão, ela é muito produtiva. Nesta altura do campeonato acho que está bem claro para todo mundo que é necessário estudar. Mas não deixe de investir um pouco de tempo em fazer alguma coisa por você, para você. O que é muito diferente de você sabotar o seu estudo.
Hoje, como você avalia o ano passado? Nossa, eu cresci muito. Foi um ano em que de fato aprendi a me escutar mais. Eu procurava ficar aqui todas as tardes, mas tinha tarde em que eu sabia que não ia produzir. Então, voltava para casa, dormia uma hora, ou passava na casa dos meus avós. No cursinho eu aprendi muito sobre matérias e aprendi muito também como pessoa. Aqui eu me comprometi comigo mesma.
O que você pode dizer a quem prestou vestibular no ano passado e ficou no “quase”? O quase é meio caminho andado. É só ajustar detalhes. Vá atrás do que você errou. Eu acho que a gente aprende muito mais depois que erra. Veja as matérias em que você precisa crescer. São rebarbas a aparar.
Qual matéria você está achando mais difícil?
O que você tira de lição dessa experiência que terminou tão bem?
Estou achando Teoria Geral do Estado bem difícil. Minha matéria preferida é Introdução ao Estudo do Direito, bem teórica, bem densa.
Tiro de lição que vale a pena confiar e se esforçar se é uma coisa que você realmente quer. Você tem que abdicar de certas coisas, mas no final vai dar certo.
Na primeira prova da 2a fase, Português e Redação, qual foi sua nota?
Você está participando de alguma atividade fora de sala de aula?
Eu tirei 7,5 na Redação. No segundo dia minha nota foi 54,69. No terceiro dia, 38.
Eu faço uma extensão de assistência gratuita a pessoas de baixa renda. Você tem contato
O que mais você quer dizer aos nossos alunos atuais? Só desejar boa sorte.
CONTO
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O tesouro Eça de Queirós I
O
s três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados. Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levara vidraça e telha, passavam eles as tardes desse inverno, engelhados nos seus pelotes de camelão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve, iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas que, esfaimadas como eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos. Ora, na primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto as três éguas pastavam a relva nova de abril – os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferro. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro! No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosamente as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsilha, a comprar três alforjes de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam desde a véspera: a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos alforjes e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua. – Bem tramado! – gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até à fivela do cinturão. Mas Guanes não se arredava do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos
a pele negra do seu pescoço de grou. Por fim, brutalmente: – Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave! – Também eu quero a minha, mil raios! – rugiu logo Rostabal. Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam. E cada um em silêncio, agachado ante o cofre, cerrou a sua fechadura com força. Imediatamente Guanes, desanuviado, saltou na égua, meteu pela vereda de olmos, a caminho de Retortilho, atirando aos ramos a sua cantiga costumada e dolente: Olé! Olé! Sale la cruz de la iglesia, Vestida de negro luto...
II Na clareira, em frente à moita que encobria o tesouro (e que os três tinham desbastado a cutiladas) um fio de água, brotando entre rochas, caía sobre uma vasta laje escavada, onde fazia como um tanque, claro e quieto, antes de se escoar para as relvas altas. E ao lado, na sombra de uma faia, jazia um velho pilar de granito, tombado e musgoso. Ali vieram sentar-se Rui e Rostabal, com os seus tremendos espadões entre os joelhos. As duas éguas retouçavam a boa erva pintalgada de papoulas e botões-de-ouro. Pela ramaria andava um melro a assobiar. Um cheiro errante de violetas adoçava o ar luminoso. E Rostabal, olhando o Sol, bocejava com fome. Então Rui, que tirara o sombrero e lhe cofiava as velhas plumas roxas, começou a considerar, na sua fala avisada e mansa, que Guanes, nessa manhã, não quisera descer com eles à mata de Roquelanes. E assim era a sorte ruim! Pois que se Guanes tivesse quedado em Medranhos, só eles dois teriam descoberto o cofre, e só entre eles dois se dividiria o ouro! Grande pena! Tanto mais que a parte de Guanes seria em breve dissipada, com rufiões, aos dados, pelas tavernas. – Ah! Rostabal, Rostabal! Se Guanes, passando aqui sozinho, tivesse achado este ouro, não dividia conosco, Rostabal! O outro rosnou surdamente e com furor, dando um puxão às barbas negras: – Não, mil raios! Guanes é sôfrego... Quando no ano passado, se te lembras, ganhou os cem ducados ao espadeiro de Fresno, nem me quis emprestar três para eu comprar um gibão novo! – Vês tu? – gritou Rui, resplandecendo. Ambos se tinham erguido do pilar de granito, como levados pela mesma ideia, que os deslumbrava. E, através das suas largas passadas, as ervas altas silvavam. – E para quê – prosseguia Rui. – Para que lhe serve todo o ouro que nos leva? Tu não o ouves, de noite, como tosse? Ao redor da palha em que dorme, todo o chão está negro do sangue que escarra! Não dura até às outras neves, Rostabal! Mas até lá terá dissipado os bons dobrões que deviam ser nossos, para levantarmos a nossa casa, e para tu teres ginetes, e armas, e trajes nobres, e o teu terço de solarengos, como
compete a quem é, como tu, o mais velho dos de Medranhos... – Pois que morra, e morra hoje! – bradou Rostabal. – Queres? Vivamente; Rui agarrara o braço do irmão e apontava para a vereda de olmos, por onde Guanes partira cantando: – Logo adiante, ao fim do trilho, há um sítio bom, nos silvados. E hás de ser tu, Rostabal, que és o mais forte e o mais destro. Um golpe de ponta pelas costas. E é justiça de Deus que sejas tu, que muitas vezes, nas tavernas, sem pudor, Guanes te tratava de “cerdo” e de “torpe”, por não saberes a letra nem os números. – Malvado! – Vem! Foram. Ambos se emboscaram por trás de um silvado que dominava o atalho, estreito e pedregoso como um leito de torrente. Rostabal, assolapado na vala, tinha já a espada nua. Um vento leve arrepiou na encosta as folhas dos álamos – e sentiram o repique leve dos sinos de Retortilho. Rui, coçando a barba, calculava as horas pelo Sol, que já se inclinava para as serras. Um bando de corvos passou sobre eles, grasnando. E Rostabal, que lhes seguira o voo, recomeçou a bocejar, com fome, pensando nos empadões e no vinho que o outro trazia nos alforjes. Enfim! Alerta! Era, na vereda, a cantiga dolente e rouca atirada aos ramos: Olé! Olé! Sale la cruz de la iglesia, Toda vestida de negro... Rui murmurou: – Na ilharga! Mal que passe! – O chouto da égua bateu o cascalho, uma pluma num sombrero vermelhejou por sobre a ponta das silvas. Rostabal rompeu de entre a sarça por uma brecha, atirou o braço, a longa espada – e toda a lâmina se embebeu molemente na ilharga de Guanes, quando ao rumor, bruscamente, ele se virara na sela. Com um surdo arranco, tombou de lado, sobre as pedras. Já Rui se arremessava aos freios da égua – Rostabal, caindo sobre Guanes, que arquejava, de novo lhe mergulhou a espada, agarrada pela folha como um punhal, no peito e na garganta. – A chave! – gritou Rui. E arrancada a chave do cofre ao seio do morto, ambos largaram pela vereda – Rostabal adiante, fugindo, com a pluma do sombrero quebrada e torta, a espada ainda nua entalada sob o braço, todo encolhido, arrepiado com o sabor do sangue que lhe espirrara para a boca; Rui, atrás, puxava desesperadamente os freios da égua, que, de patas fincadas no chão pedregoso, arreganhando a longa dentuça amarela, não queria deixar o seu amo assim estirado, abandonado, ao comprido das sebes. Teve de lhe espicaçar as ancas lazarentas com a ponta da espada – e foi correndo sobre ela, de lâmina alta, como se perseguisse um mouro, que desembocou na clareira onde o sol já não dourava as folhas. Rostabal arremessara para a relva o sombrero e a espada; e debruçado sobre a laje escavada em tanque,
CONTO
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de mangas arregaçadas, lavava, ruidosamente, a face e as barbas. A égua, quieta, recomeçou a pastar, carregada com os alforjes novos que Guanes comprara em Retortilho. Do mais largo, abarrotado, surdiam dois gargalhos de garrafas. Então Rui tirou, lentamente, do cinto, a sua larga navalha. Sem um rumor na relva espessa, deslizou até Rostabal, que resfolegava, com as longas barbas pingando. E serenamente, como se pregasse uma estaca num canteiro, enterrou a folha toda no largo dorso dobrado, certeira sobre o coração. Rostabal caiu sobre o tanque, sem um gemido, com a face na água, os longos cabelos flutuando na água. A sua velha escarcela de couro ficara entalada sob a coxa. Para tirar de dentro a terceira chave do cofre, Rui solevou o corpo – e um sangue mais grosso jorrou, escorreu pela borda do tanque, fumegando. Agora eram dele, só dele, as três chaves do cofre!... E Rui, alargando os braços, respirou deliciosamente. Mal a noite descesse, com o ouro metido nos alforjes, guiando a fila das éguas pelos trilhos da serra, subiria a Medranhos e enterraria na adega o seu tesouro! E quando ali na fonte, e além rente aos silvados, só restassem, sob as neves de dezembro, alguns ossos sem nome, ele seria o magnífico senhor de Medranhos, e na capela nova do solar renascido mandaria dizer missas ricas pelos seus dois irmãos mortos... Mortos como? Como devem morrer os de Medranhos – a pelejar contra o Turco! Abriu as três fechaduras, apanhou um punhado de dobrões, que fez retinir sobre as pedras. Que puro ouro, de fino quilate! E era o seu ouro! Depois foi examinar a capacidade dos alforjes – e encontrando as duas garrafas de vinho, e um gordo capão assado, sentiu
uma imensa fome. Desde a véspera só comera uma lasca de peixe seco. E há quanto tempo não provava capão! Com que delícia se sentou na relva, com as pernas abertas, e entre elas a ave loura, que recendia, e o vinho cor de âmbar! Ah! Guanes fora bom mordomo – nem esquecera azeitonas. Mas por que trouxera ele, para três convivas, só duas garrafas? Rasgou uma asa do capão: devorava a grandes dentadas. A tarde descia, pensativa e doce, com nuvenzinhas cor-de-rosa. Para além, na vereda, um bando de corvos grasnava. As éguas fartas dormitavam, com o focinho pendido. E a fonte cantava, lavando o morto. Rui ergueu à luz a garrafa de vinho. Com aquela cor velha e quente, não teria custado menos de três maravedis. E pondo o gargalo à boca, bebeu em sorvos lentos, que lhe faziam ondular o pescoço peludo. Oh vinho bendito, que tão prontamente aquecia o sangue! Atirou a garrafa vazia – destapou outra. Mas, como era avisado, não bebeu, porque a jornada para a serra com o tesouro requeria firmeza e acerto. Estendido sobre o cotovelo, descansando, pensava em Medranhos coberto de telha nova, nas altas chamas da lareira por noites de neve, e o seu leito com brocados, onde teria sempre mulheres. De repente, tomado de uma ansiedade, teve pressa de carregar os alforjes. Já entre os troncos a sombra se adensava. Puxou uma das éguas para junto do cofre, ergueu a tampa, tomou um punhado de ouro... Mas oscilou, largando os dobrões, que retilintaram no chão, e levou as duas mãos aflitas ao peito. Que é, D. Rui? Raios de Deus! Era um lume, um lume vivo, que se lhe acendera dentro, lhe subia até às goelas. Já rasgara o gibão, atirava os passos incertos, e, a arquejar, com a língua pendente, limpava as grossas bagas de um suor horrendo que o regelava
como neve. Oh Virgem Mãe! Outra vez o lume, mais forte, que alastrava, o roía! Gritou: – Socorro! Alguém! Guanes! Rostabal! Os seus braços torcidos batiam o ar desesperadamente. E a chama dentro galgava – sentia os ossos a estalarem como as traves de uma casa em fogo. Cambaleou até à fonte para apagar aquela labareda, tropeçou sobre Rostabal; e foi com o joelho fincado no morto, arranhando a rocha, que ele, entre uivos, procurava o fio de água, que recebia sobre os olhos, pelos cabelos. Mas a água mais o queimava, como se fosse um metal derretido. Recuou, caiu para cima da relva, que arrancava aos punhados, e que mordia, mordendo os dedos, para lhe sugar a frescura. Ainda se ergueu, com uma baba densa a escorrer-lhe nas barbas: e de repente, esbugalhando pavorosamente os olhos, berrou, como se compreendesse enfim a traição, todo o horror: – É veneno! Oh! D. Rui, o avisado, era veneno! Porque Guanes, apenas chegara a Retortilho, mesmo antes de comprar os alforjes, correra cantando a uma viela, por detrás da catedral, a comprar ao velho droguista judeu o veneno que, misturado ao vinho, o tornaria a ele, a ele somente, dono de todo o tesouro. Anoiteceu. Dois corvos, de entre o bando que grasnava além nos silvados, já tinham pousado sobre o corpo de Guanes. A fonte, cantando, lavava o outro morto. Meio enterrada na erva negra, toda a face de Rui se tornara negra. Uma estrelinha tremeluzia no céu. O tesouro ainda lá está, na mata de Roquelanes. Extraído de: Massaud Moisés. O conto português. Cultrix/Editora da Universidade de São Paulo.
VOCABULÁRIO assolapado: oculto, dissimulado. botelhas: garrafas, frascos. camelão: tecido grosseiro de pelo de cabra. cerdo: porco. chouto: trote miúdo. círios: velas de cera. côdea: casca, crosta. cofiava: do verbo cofiar – alisar (barba), afagar. cutiladas: a golpes de espada, facão, cutelo. desabrida: violenta, grosseira. desanuviado: tranquilo, sereno, calmo.
engelhados: encolhidos, contraídos, enrugados. escarcela: bolsa de couro que se prendia à cintura. guedelha: cabelo desgrenhado e longo. lume: fogo, luz, clarão. maquias: antiga medida de cereais, correspondente a 4,5 litros. maravedis: antigas moedas góticas. pelotes: antigos casacos sem mangas que se traziam por baixo das capas.
retouçavam: do verbo retouçar – pastar, pascer. robles: carvalhos. rufiões: brigões, bandidos. silvados: matagais. sítio: lugar, local. sôfrego: ambicioso, ávido. solarengos: donos de solar. torpe: vil, desonesto, nojento. tortulhos: cogumelos.
Biografia José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de novembro de 1845. Após os primeiros estudos, realizados no Porto, segue em Coimbra o curso de Direito, numa altura em que estão em moda as ideias de Comte e Proudhon. A Questão Coimbrã, deflagrada em 1865, entre românticos comandados por António de Castilho e realistas chefiados por Antero de Quental, encontra-o à margem dos acontecimentos. Formado, depois de algum tempo em Évora, fixa residência em Lisboa, participa do grupo do Cenáculo (1868), viaja para o Egito no ano seguinte e colabora nas Conferências do Casino Lisbonense (1871). Segue para Leiria como administrador do Concelho, onde colhe inspiração para O crime do padre Amaro, que viria a ser publicado em 1875. Resolve abraçar a carreira diplomática e vai servir em Havana (1873), Bristol (Inglaterra) e Paris (1878), onde se casa e passa a gozar de tranquilidade necessária à prossecução de sua obra literária, e onde falece a 16 de agosto de 1900. Cultivou o romance (Mistério da estrada de Sintra, em colaboração com Ramalho Ortigão, 1871; O primo Basílio, 1878; O mandarim, 1879; A relíquia, 1887; Os Maias, 1888; A ilustre casa de Ramires, 1900; A correspondência de Fradique Mendes, 1900; A cidade e as serras, 1901; A capital, 1925; O Conde d’Abranhos, 1925; Alves e Cia., 1925), o conto (Contos, 1902), crônica, literatura de viagens e hagiografias (Uma campanha alegre, 2 vols., 1890-1891; Cartas de Inglaterra, 1903; Prosas bárbaras, 1905; Ecos de Paris, cartas familiares e bilhetes de Paris, 1907; Notas contemporâneas, 1909; O Egito, 1926; Últimas páginas, 1912), etc.
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Universidades paulistas lideram pesquisa em cosméticos no mundo Elton Alisson
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s Universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) estão entre as instituições científicas mais produtivas na pesquisa em cosméticos no mundo ocupando, respectivamente, a 1a e a 8a colocações. As constatações são do estudo State of Innovation 2016, realizado pela área de negócios de propriedade intelectual e ciência da Thomson Reuters. O estudo apontou que a USP publicou 177 artigos científicos indexados na Web of Science relacionados a cosméticos no período entre 2005 e 2015, à frente da Food and Drug Administration (FDA) – a agência regulatória de alimentos e fármacos dos Estados Unidos –, com 108 publicações; da empresa norte-americana de bens de consumo Procter & Gamble (P&G), com 103 artigos; e da Harvard University, com 83 publicações. Já a Unicamp publicou 78 trabalhos científicos no mesmo período e superou a University of California Los Angeles (70) e a University of California San Francisco (68). “O Brasil, historicamente, sempre teve uma participação importante no setor de cosméticos globalmente [o país é o terceiro maior mercado consumidor de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China]. Isso acaba se refletindo nas pesquisas realizadas na área no país”, disse Ricardo Horiuchi, especialista em inovação, propriedade intelectual e ciência da Thomson Reuters, à Agência FAPESP. Há dez anos o Brasil não figurava nem entre os dez países com maior participação em congressos científicos internacionais de cosmetologia – a área da ciência farmacêutica dedicada à pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos –, relembra Patricia Maia Campos, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. Esse cenário, contudo, começou a mudar com a instituição de centros de pesquisa na área no país, como o Núcleo de Estudos Avançados em Tecnologia de Cosméticos (Neatec) da FCFRP, fundado em 1998 e do qual Campos é coordenadora, que começaram a interagir mais com empresas do setor, apontou a pesquisadora. Por meio de parcerias com indústrias de cosméticos e instituições de pesquisa internacionais na área, os pesquisadores da instituição têm realizado uma série de projetos de pesquisa e desenvolvimento de formulações cosméticas inovadoras, estudos de caracterização de pele e de cabelos e de eficácia clínica de formulações, entre outras linhas de pesquisa. As parcerias resultaram na publicação de 67 artigos em revistas indexadas por pesquisadores do Neatec nos últimos 10 anos e na
obtenção de cinco patentes, das quais três estão depositadas no Brasil, uma registrada e em licenciamento e outra depositada no exterior. “As parcerias com as empresas estimulam a realização de pesquisas aplicadas que podem resultar em inovações”, avaliou Campos. Uma das inovações desenvolvidas por pesquisadores do Neatec em parceria com a fabricante brasileira de produtos veterinários Ourofino, foi um produto à base de uma microalga (a Spirulina), obtida pela empresa por meio de processos biotecnológicos, que consegue manter a hidratação e controlar a oleosidade da pele ao mesmo tempo. A aplicação resultou em uma patente depositada pela Ourofino nos Estados Unidos e na Europa. Por meio de um projeto de pesquisa que realiza atualmente com apoio da Fapesp, Campos pretende desenvolver um produto fotoprotetor à base da microalga. “Isso seria uma nova aplicação para a Spirulina e poderia resultar em outra patente”, indicou.
Já por meio de um projeto de pesquisa anterior, também realizado com apoio da Fapesp, a pesquisadora e colaboradores desenvolveram um filtro solar à base de ginkgo biloba e algas marinhas vermelhas que, além de proteger contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta, melhora a textura e elasticidade da pele, estimula a renovação celular, hidrata e diminui as rugas (leia mais em http://agencia.fapesp. br/15079). O produto também rendeu uma patente e despertou a atenção de pesquisadores do Centre de Recherches et d’Investigations Épidermiques et Sensorielles da empresa francesa Chanel, com quem acabaram firmando uma parceria. “Atualmente, além da Chanel e da Ourofino, também temos parcerias com a L’Oréal e outras empresas francesas, além da Nikkol, do Japão, a Galena, no Brasil, e com universidades da França, Alemanha e Portugal”, elencou Campos. Já a Unicamp também possui parcerias com a L’Oréal e a Natura e tem aumentado o número de licenciamentos de tecnologias oriundas de projetos realizados na universidade com aplicações em cosméticos e diversas outras áreas.
A fim de dar maior visibilidade a essas tecnologias que estão protegidas por meio de patente ou registro em um sistema computacional, a agência de inovação da universidade – a Inova Unicamp – criou um repositório de informações em sua página na internet com informações sobre cada uma das tecnologias, listadas por categoria. Em cosméticos, por exemplo, a instituição possui um portfólio de 29 tecnologias. Entre elas uma partícula em escala nanométrica (equivalente à bilionésima parte do metro), que possui óleo de buriti e ceramidas em sua composição e promete aumentar a eficácia contra a queda de cabelos. “Com a disponibilização do nosso portfólio de patentes na internet, conseguimos registrar um recorde de 15 licenciamentos em 2015”, disse Milton Mori, diretor executivo da Inova Unicamp.
Inovação aberta Essa prática de “inovação aberta” já adotada pela Unicamp e a USP, em que corporações, universidades, órgãos governamentais e institutos de pesquisa firmam parcerias a fim de lançar novos produtos e tecnologias no mercado, tem se tornado cada vez mais comum e impulsionado a inovação no mundo, aponta o estudo da Thomson Reuters. Na área de cosméticos, por exemplo, a P&G, a USP, o FDA e a Harvard University, por exemplo, firmaram um acordo para melhorar o processo de produção de produtos cosméticos. Já a Ford, a University of Michigan e o Politecnico di Torino, na Itália, se uniram para desenvolver tecnologias na área automotiva, destaca o estudo. “Observamos que há um número crescente de patentes em cotitularidade [nas quais uma empresa divide a titularidade com uma universidade ou instituição de pesquisa], o que demonstra uma maior aproximação entre esses dois mundos que antes eram muito distantes”, afirmou Horiuchi. “Além disso, também estamos identificando muitos artigos em que pesquisadores de empresas e de universidades e instituições de pesquisa dividem a autoria”, ressaltou. O estudo apontou que o volume total de patentes em todo o mundo cresceu 13,7% em 2015. Já o volume total de novas pesquisas científicas em 12 áreas analisadas – aeroes-pacial e defesa; automotiva; biotecnologia; cosméticos e bem-estar; alimentos, bebidas e tabaco; eletrodomésticos; tecnologia da informação; equipamentos médicos; óleo e gás; farmacêuticos; semicondutores e telecomunicações – apresentou uma queda de 19% no ano passado e de 27% desde 2009.
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ARTIGO
O aumento do número de patentes em 2015 foi impulsionado pelos setores aeroespacial e de defesa (15%), dispositivos médicos (27%) e eletrodomésticos (21%). O setor de biotecnologia foi o único que registrou uma desaceleração no número de patentes, com uma retração de 2% em 2015, apontou o estudo. O declínio das publicações científicas sugere uma potencial desaceleração da inovação no futuro porque tipicamente precedem descobertas que podem resultar em novas tecnologias e inovações, aponta o estudo.
“As patentes costumam ser oriundas de pesquisa básica, geralmente realizada em universidades e instituições de pesquisa, que vai sendo aprimorada até chegar a um ponto mais maduro em que uma empresa começa a se interessar e a desenvolver tecnologias a partir de seus resultados”, avaliou Horiuchi. “Se o número de publicações de resultados de pesquisas básicas realizadas na universidade começar a cair, isso pode impactar na geração de inovação no futuro”, apontou o especialista. Em sua sétima edição, o estudo anual baseia-se em dados globais de propriedade inte-
lectual, tais como depósito de patentes e publicações científicas em todo o mundo como indicadores de inovação em 12 áreas tecnológicas. Os dados do estudo foram compilados usando as plataformas Derwent World Patents Index – um banco de dados mundial de patentes – e a Web of Science – conjunto de bases de dados de publicações científicas –, administradas pela Thomson Reuters. Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, jun./ 2016.
A era das explorações
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os dias de hoje, ao presenciarmos o desenvolvimento acelerado da tecnologia a serviço do homem e a relação cada vez mais íntima entre os centros de pesquisa e o consumo quase que imediato dos avanços tecnológicos, corremos o risco de acreditar que tal procedimento sempre existiu e que a teoria e a prática sempre caminharam juntas. Todavia, isso está bem longe da verdade, sobretudo se procurarmos conhecer como se processou a época das Grandes Descobertas nos séculos XV e XVI. Durante muito tempo, a Europa Ocidental manteve contatos frequentes com o norte da África e com a Ásia, sobretudo na região do Oriente Médio. No entanto, o avanço dos turcos otomanos convertidos ao islamismo – avessos a contatos com os cristãos – e o controle muçulmano do norte da África e sul da península Ibérica, em certo sentido, provocaram um isolamento da Europa Ocidental em relação a outras regiões. Acrescente-se a esse quadro a Peste Negra (1347-1351) que, segundo estimativas, fez 25 milhões de vítimas apenas na Europa. A peste, explicada como um castigo de Deus, fez crescer o temor em relação ao que estava fora de seus horizontes. Para alguns, existiam zonas tórridas (ou seja, lugares que, por serem tão quentes, tornavam impossível a existência humana) e monstros marinhos que devoravam os eventuais aventureiros; para outros, o mundo era plano como uma mesa e, a partir de um determinado ponto, chegar-se-ia ao “fim do mundo”. Os conhecimentos geográficos eram rudimentares e aquilo que se estudava nas universidades não possuía aplicação prática. Entretanto, tal isolamento levou a um recrudescimento da necessidade de produtos que vinham de fora da Europa e, em certo sentido, empurrou os europeus para além de seus limitados horizontes. Quando somos informados pelos meios de comunicação sobre os projetos espaciais e suas realizações, podemos ser induzidos a acreditar, por analogia, que tenha existido um “projeto” ou “plano” que levou às Grandes Descobertas. Na verdade, esse “projeto” é uma construção intelectual que os historiado-
res fazem, hoje, para tornar inteligível aquele passado. É muito provável que a empresa dos descobrimentos tenha se tornado possível graças a uma certa conjugação de elementos – necessidades econômicas, zelo religioso, avan ços técnicos, iniciativas empreendedoras – em que o ensaio e o erro estiveram muito mais pre sentes do que um “plano” propriamente considerado. Neste contexto destaca-se o pioneirismo de Portugal na história das explorações deste período, que se inicia ainda no século XV (1415) quando uma frota portuguesa comandada pelos filhos do rei D. João I – Dom Pedro, Dom Duarte e Dom Henrique tomam Ceuta, na costa do Marrocos, inaugurando aquilo que foi conhecido como o “Périplo Africano”, ou seja, a rota que explorando a costa africana viria resultar na ultrapassagem do Cabo das Tormentas (1488) pela expedição de Bartolomeu Dias, no sul da África [teve seu nome mudado para Cabo da Boa Esperança] e que culminou com a expedição de Vasco da Gama (1498) que atingiu Calicute, na Índia. Dois anos depois, a frota de Pedro Álvares Cabral (1500) atingia as costas daquilo que conhecemos hoje por Brasil. Vale a pena conhecer o documento datado de 1508, transcrito a seguir, que ilustra como o comércio dos venezianos [intermediários que monopolizavam as relações entre o Oriente muçulmano e o Ocidente europeu] foi dura mente afetado pelas iniciativas portuguesas.
Lisboa, rival de Veneza1 A descoberta da rota para as Índias pelos portugueses fez Veneza perder seu monopólio na venda de especiarias na Europa. Esse acontecimento foi duramente sentido pelos seus mercadores. Em Veneza, um mercador anota no mês de junho de 1508: “E aproximava-se o tempo da espera das notícias de Portugal a respeito da chegada de suas caravelas (das Índias) e esperava-se essa notícia com muito medo e apreensão; e, por causa disso, não havia trocas nem que fosse por um ducado.” (1) P. Sardella. Nouvelles, et Spéculations à Venise au début du XVI o siècle. Paris: Armand Colin, 1948. p. 34-36.
A 10 de agosto escreve: “Na feira alemã em Veneza, não há muitos negócios. E isto pelo fato de que os alemães não queriam fazer compras pelos altos preços correntes e os venezianos não queriam baixar os preços, devido à pouquíssima quantidade de especiarias que havia em Veneza. Estimava-se que na cidade não havia 250 cargas de pimenta-do-reino, 800 milheiros2 de gengibre, 15 de noz-moscada e 15 de cravos-da-índia, e de todas as outras especiarias ninguém se lembrava de ter existido tão pouco. E na verdade havia tão poucas trocas que jamais se poderia ter previsto. E isso provinha do fato de que os alemães não compravam o que precisavam naquele momento, pois não sabiam o que as caravelas portuguesas das Índias trariam de especiarias...” A 6 de outubro do mesmo ano, chega à Veneza a notícia de que, em Lisboa, das 22 caravelas portuguesas que foram às Índias, uma não havia voltado. Essa notícia, relata o mesmo mercador, “... fez baixar muito os preços de todas as especiarias, assim como das outras mercadorias complementares desse comércio, deixando os mercadores desesperados, pois não sabiam mais como agir, visto que os árabes, para favorecer o seu comércio, espalhavam falsas notícias a respeito de pretensas vitórias contra os portugueses, ao passo que as notícias de Portugal davam conta de que havia sido tomado um navio árabe carregado com especiarias e tendo a bordo vários mercadores ricos.” No ano seguinte, no mês de agosto de 1509, a notícia da chegada em Lisboa das caravelas portuguesas carregadas de pimenta-do-reino e de outras especiarias não fez baixar os preços. Nosso mercador escreve então: “Na cidade, havia pouquíssima quantidade de todas as especiarias, de sorte que seu preço não poderia baixar. No entanto, se não tivesse havido a notícia destas chegadas em Lisboa, todas as especiarias teriam alcançado preços altíssimos e a cidade de Veneza teria feito um tesouro. Na verdade, os nobres e os mercadores venezianos ficaram como que atordoados com essas notícias, com pouca esperança de retomar o seu tráfico de especiarias e de mau humor.” (2) Um milheiro é igual a 1 000 libras venezianas, ou seja, 480 kg.
POIS É, POESIA
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Casimiro de Abreu (1839-1860) Minh’alma é triste
M inh’alma é triste como a rola aflita
Que o bosque acorda desde o alvor da [aurora, E em doce arrulo que o soluço imita O morto esposo gemedora chora. E, como a rola que perdeu o esposo, Minh’alma chora as ilusões perdidas, E no seu livro de fanado gozo Relê as folhas que já foram lidas. E como notas de chorosa endeixa Seu pobre canto com a dor desmaia, E seus gemidos são iguais à queixa Que a vaga solta quando beija a praia. Como a criança que banhada em prantos Procura o brinco que levou-lhe o rio, Minh’alma quer ressuscitar nos cantos Um só dos lírios que murchou o estio. Dizem que há, gozos nas mundanas galas, Mas eu não sei em que o prazer consiste. – Ou só no campo, ou no rumor das salas, Não sei porque – mas a minh’alma é triste!
II
M inh’alma é triste como a voz do sino
Carpindo o morto sobre a laje fria; E doce e grave qual no templo um hino, Ou como a prece ao desmaiar do dia.
Se passa um bote com as velas soltas, Minh’alma o segue n’amplidão dos mares; E longas horas acompanha as voltas Das andorinhas recortando os ares.
Oh! quantas vezes a prendi nos braços! Que o diga e fale o laranjal florido! Se mão de ferro espedaçou dois laços Ambos choramos mas num só gemido!
Às vezes, louca, num cismar perdida, Minh’alma triste vai vagando à toa, Bem como a folha que do sul batida Boia nas águas de gentil lagoa!
Dizem que há gozos no viver d’amores, Só eu não sei em que o prazer consiste! – Eu vejo o mundo na estação das flores Tudo sorri – mas a minh’alma é triste!
E como a rola que em sentida queixa O bosque acorda desde o albor da aurora, Minh’alma em notas de chorosa endeixa Lamenta os sonhos que já tive outrora. Dizem que há gozos no correr dos anos!... Só eu não sei em que o prazer consiste. – Pobre ludíbrio de cruéis enganos, Perdi os risos – a minh’alma é triste!
III
M inh’alma é triste como a flor que morre
IV
M inh’alma é triste como o grito agudo Das arapongas no sertão deserto; E como o nauta sobre o mar sanhudo, Longe da praia que julgou tão perto!
A mocidade no sonhar florida Em mim foi beijo de lasciva virgem: – Pulava o sangue e me fervia a vida, Ardendo a fronte em bacanal vertigem.
Pendida à beira do riacho ingrato; Nem beijos dá-lhe a viração que corre, Nem doce canto o sabiá do mato!
De tanto fogo tinha a mente cheia!... No afã da glória me atirei com ânsia... E, perto ou longe, quis beijar a s’reia Que em doce canto me atraiu na infância.
E como a flor que solitária pende Sem ter carícias no voar da brisa, Minh’alma murcha, mas ninguém entende Que a pobrezinha só de amor precisa!
Ai! loucos sonhos de mancebo ardente! Esp’ranças altas... Ei-las já tão rasas!... – Pombo selvagem, quis voar contente... Feriu-me a bala no bater das asas!
Amei outrora com amor bem santo Os negros olhos de gentil donzela, Mas dessa fronte de sublime encanto Outro tirou a virginal capela.
Dizem que há gozos no correr da vida... Só eu não sei em que o prazer consiste! – No amor, na glória, na mundana lida, Foram-se as flores – a minh’alma é triste!
Extraído de: Eu e outras poesias. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1965.
(ENTRE PARÊNTESIS)
Quem é quem? Amélia, que está sentada de costas para Maria, está à esquerda de Rosa. Helena não está tomando chá. Maria está à esquerda da moça que está de costas para Rosa. Pergunta-se: a) b) c) d) e)
Quem está sentada na mesa indicada pelo número 1? Qual moça ainda não está tomando chá? Quem se senta na mesa número 3? O garçom está na direção de qual das moças? Qual moça não foi citada nos itens acima?
RESPOSTA Amélia está na mesa 1 ou na mesa 4. Se Amélia está na mesa 1, então Maria está na mesa 2 e Rosa, na mesa 3. Nesse caso, Helena está na mesa 4, o que é absurdo, pois sabe-se que Helena não está tomando chá. Logo, Amélia está na mesa 4. Assim, Maria está na mesa 3; Rosa, na mesa 2; e Helena, na mesa 1. a) Helena b) Rosa c) Maria d) Rosa e) Amélia
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SERVIÇO DE VESTIBULAR Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Período de inscrição: até 07 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua João Rosa Góes, 1761 – Vila Progresso – Dourados – MS – CEP: 79825-070 – Telefone: (67) 3410-2002. Requisito: taxa de R$ 80,00. Cursos e vagas: consultar site www.cs.ufgd.edu.br/vestibular/2017 Exame: dia 20 de novembro de 2016. Leituras obrigatórias: • Livros: __ Águas – Manoel de Barros. __ A Retirada da Laguna – Visconde de Taunay (2016, Centenário da Retirada da Laguna). __ Cantos de terra – Emmanuel Marinho __ O fim do homem soviético – Svetlana Alexievich (Prêmio Nobel de Literatura em 2015). __ Refugiados – Em busca de um mundo sem fronteiras – Ricardo Bown. • Poema: __ “Navio negreiro” – Castro Alves. • Conto: __ “Amor” (do livro Laços de família, Clarice Lispector). • Teatro: __ Quase ministro – Machado de Assis. • Filmes: __ A poeira: uma história do Pantanal Gênero: Ficção. Tempo de duração: 14 min. Ano de lançamento: 2007. Direção: Augusto Proença e Hélio Godoy. __ Em nome da lei Gênero: ação, drama, suspense. Tempo de duração: 1h35min. Ano de lançamento: 2016. Direção: Sérgio Rezende. __ O menino e o mundo Gênero: animação. Tempo de duração: 1h25min. Ano de lançamento: 2014. Direção: Alê Abreu.
Período de inscrição: até 13 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Campus Reitor João David Ferreira Lima, s/n – Trindade – Florianópolis – SC – CEP: 88040-900 – Telefone: (48) 3721-9000. Requisito: taxa de R$ 125,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular2017.ufsc.br Exames: dias 10, 11 e 12 de dezembro de 2016. Leituras obrigatórias: • Além do ponto e outros contos – Caio Fernando Abreu. • As fantasias eletivas – Carlos Henrique Scroeder. • Auto da compadecida – Ariano Suassuna. • Esaú e Jacó – Machado de Assis. • Olhos d’água – Conceição Evaristo. • Quarenta dias – Maria Valéria Rezende. • Vitória Valentina – Elvira Vigna.
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Período de inscrição: até 07 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Av. Madre Benvenuta, 2007 – Itacorubi – Florianópolis – SC – CEP: 88035-001 – Fone: (48) 3321-8000. Requisito: taxa de R$ 95,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.udesc.br Exame: dia 27 de novembro de 2016. Leituras obrigatórias: • As fantasias eletivas – Carlos Henrique Schoereder. • Esaú e Jacó – Machado de Assis. • Olhos d’Água – Conceição Evaristo. • Quarenta dias – Maria Valéria Rezende. • Vitória Valentina – Elvira Vigna.
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Período de inscrição: até 05 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua Guarani – Nossa Sra. do Perpetuo Socorro – Telêmaco Borba – PR – CEP: 84265-150 – Telefone: (42) 3272-1261. Requisito: taxa de R$ 135,00 (candidato concorrente) e R$ 100,00 (candidato treineiro). Cursos e vagas: consultar site www.cps.uepg.br/vestibular Exames: dias 11 e 12 de dezembro de 2016. Leituras obrigatórias: • Amar, verbo intransitivo – Mário de Andrade • A morte e a morte de Quincas Berro D’água – Jorge Amado • Livro sobre nada – Manoel de Barros • O filho eterno – Cristóvão Tezza • O ovo apunhalado – Caio Fernando Abreu
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) Período de inscrição: até 10 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua Quirino de Andrade, 215 – Centro – São Paulo – SP – CEP: 01049-010 – Telefone: (11) 5627-0245/7036. Requisito: taxa de R$ 170,00. Cursos e vagas: consultar site www.vunesp.com.br Exames: • 1a Fase: dia 13 de novembro de 2016. • 2a Fase: dias 18 e 19 de dezembro de 2016.
Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein Período de inscrição: até 07 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Av. Prof. Francisco Morato, 4 293 – Butantã – São Paulo – CEP: 05521-200 – Telefone: (11) 2151-1001. Requisito: taxa de R$ 160,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.pucsp.br
Jornal do Vestibulando
Exame: dia 15 de novembro de 2016. Leituras obrigatórias: • A cidade e as serras – Eça de Queirós; • Claro enigma – Carlos Drummond de Andrade; • Iracema – José de Alencar; • Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis; • Sagarana – João Guimarães Rosa.
Faculdade São Leopoldo Mandic (SLMandic) Período de inscrição: até 09 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua José Rocha Junqueira, 13 – Ponte Preta – Campinas – SP – CEP: 13045-755 – Telefone: (19) 3211-3600. Requisito: taxa de R$ 300,00 para Medicina e R$ 150,00 para Odontologia. Cursos e vagas: consultar site www.slmandic.edu.br/vestibular Exame: dia 16 de outubro de 2016.
Universidade Estadual de Goiás (UEG) Período de inscrição: até 10 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Quadra R-18 – Lote 15, R. R-18, s/n – St. Oeste – Goiânia – GO – CEP: 74125--180 – Telefone: (62) 3328-1179. Requisito: taxa de R$ 80,00. Cursos e vagas: consultar site www.estudeconosco.ueg.br Exame: dia 20 de novembro de 2016.
Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Período de inscrição: até 13 de outubro de 2016. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua Itapeva, 432 – Bela Vista – São Paulo – SP – CEP: 01332-000 – Telefone: 0800-770-0423 Requisito: taxa de R$ 150,00. Cursos e vagas: consultar site www.fgv.br/processoseletivo Exames: Administração de Empresas: • dia 04 de dezembro de 2016. Economia: • 1a Fase: dia 20 de novembro de 2016 • 2a Fase: dia 11 de dezembro de 2016 Direito: • 1a Fase: dias 13 e 15 de novembro de 2016 • 2a Fase: dias 12 e 16 de dezembro de 2016 Leituras obrigatórias: • A cidade e as serras – Eça de Queirós. • Capitães da areia – Jorge Amado. • Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida. • Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis. • O cortiço – de Aluísio Azevedo. • Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade. • Vidas secas – Graciliano Ramos.
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