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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2017 • DE 20/04 A 03/05
CURSO – PSICOLOGIA
“Eu passei muito tempo me preocupando, porque tinha dificuldade em muitas matérias.” Beatriz Gameiro Perez entrou no curso de Psicologia na USP. Tem interesse tanto na área clínica como na área jurídica. Aqui ela conta como, depois de não passar na 1a fase da Fuvest, veio se preparar no cursinho. Mostra seu método de estudo e as dificuldades que teve de superar. Apesar de ter tido muitas dúvidas durante o ano foi muito bem nos vestibulares.
Beatriz Gameiro Perez Em 2016: Etapa Em 2017: Psicologia – USP
JV – Quando surgiu o interesse por Psicologia?
Fale mais sobre seu método de estudos.
Beatriz – No 1o ano do Ensino Médio eu estava ansiosa sobre o que ia fazer, comecei a pesquisar e Psicologia me chamou a atenção por abranger tudo pelo que eu tinha curiosidade.
No primeiro mês eu ia para o Centro Cultural depois das aulas, mas logo percebi que era melhor ficar aqui por causa dos plantonistas. Minhas dúvidas eram muitas e o plantão era 10. Eu ficava aqui à tarde estudando. Começava pelas matérias de que eu gostava mais e depois enfrentava as mais difíceis. Só saía às 6 horas, 6 e meia, quando terminava as matérias do dia.
Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares para Psicologia? Prestei PUC São Paulo, Unesp, Federal de Santa Catarina e Enem.
Na Federal de Santa Catarina a entrada não é pelo Enem? Tem a opção do Enem, mas são poucas vagas. Pelo Enem eu passei na UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Você prestou vestibular direto do Ensino Médio? Prestei mas não cheguei até a 2a fase da Fuvest.
Como conheceu o Etapa e veio estudar aqui? o
Alguns amigos já tinham feito Etapa. No 3 ano uma amiga sugeriu fazer o Semi, mas não deu para vir. Resolvi cursar o Extensivo e ficar o ano inteiro só focada nisso.
Como estava seu ânimo ao entrar no cursinho? Muito animada. Estava empenhada, superfocada. Antes do início das aulas do cursinho, já no dia 3 de janeiro, comecei a fazer resumos de todas as matérias. Aqui, anotava toda a aula do professor e, quando ia estudar, pegava a matéria que eu sentia que era mais difícil e fazia outro resumo e os exercícios.
ENTREVISTA
Beatriz Gameiro Perez
CONTO
O enfermeiro – Machado de Assis
1
Em quais matérias você tinha mais dificuldade? Eu sempre tive mais dificuldade em Física, Química e Biologia. No começo do ano tinha muita dificuldade em Química, mas os professores foram dando a matéria de um jeito tão bacana que parecia a coisa mais fácil do mundo. Depois eu tinha mais dificuldade em Geografia, sempre tive. Química e Física eu aprendi muito, levei numa boa, mas Geografia era a matéria que me dava mais medo.
No fim de semana você estudava? Eu comecei o Reforço para Medicina no sábado, mas depois preferi ficar em casa fazendo matéria atrasada. Sempre sobrava uma coisinha ou outra e eu ia atrás das matérias em que estava sentindo mais dificuldade. Principalmente em Física, que me pegava desde o Ensino Médio. Corria atrás dos exercícios. Foi o que eu fiz na maior parte do ano. Isso no período da manhã, porque à tarde tinha simulado.
No domingo você estudava também?
Descobrimentos do Brasil
3
5 6
Nos simulados da Fuvest, quantas questões você acertava? Normalmente acertava 68, 69, por aí.
Você treinava Redação? Eu comecei superempenhada também em Redação, fazia duas por semana. Aí eu vi que Redação era importante, mas também tinha as outras matérias. Passei a dosar melhor o tempo, fazia uma redação a cada 15 dias. Dos simulados, não deixei de fazer nenhuma. Em setembro, outubro voltei a fazer com mais frequência.
Você continuou se mantendo nas faixas altas em Redação? Na verdade, eu comecei com C mais, até C menos. No segundo semestre é que consegui tirar o primeiro A. Isso me animou mais. Falei: “Está dando certo, vou continuar fazendo redação”.
Em quais matérias você recorria mais ao Plantão de Dúvidas? Em Matemática eu fui bastante. Geografia também. Mas fui mais em Redação. O plantão era maravilhoso. A plantonista conhecia meu jeito e onde tinha que melhorar o texto.
Você leu as obras literárias indicadas pela Fuvest como obrigatórias?
POIS É, POESIA
Álvares de Azevedo (1831-1852)
SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições
ENTRE PARÊNTESIS
N dias
A maior parte em C mais e B. Cheguei a A em Redação. Além da faixa, eu sempre procurava ver o número de acertos.
Tinha estudado muito no colégio. Quando mudou a lista no ano passado, fiquei em choque.
Era algo mais tranquilo.
ARTIGO Sete planetas parecidos com a Terra são descobertos
Nos simulados, em que faixas você se colocava?
7
8 8
2
CURSO – PSICOLOGIA
Falei: “Vou correr atrás”. Só que aí o Etapa me tranquilizou nas palestras. Eles sabiam o que falar. Não estou perdida, não foi só para mim que mudaram as obras. Só faltou ler Mayombe, mas li o resumo... e Mayombe caiu nas duas fases da Fuvest. Tinha feito uns exercícios de Mayombe na sexta-feira antes da 1a fase da Fuvest. Caiu o mesmo exercício, o mesmo trecho. Na 2a fase foi uma parte mais complicada, mas eu lembrava. Eu assisti às palestras, que foram ótimas, os professores tinham orientado, deu para entender direito as obras, fiquei mais confiante.
Você veio para o cursinho decidida a se empenhar nos estudos. Conseguiu manter o ritmo ao longo do ano? Perto das férias de julho eu já estava ficando cansada e foi acumulando matéria. Chegou uma hora que eu vi que não conseguia terminar os exercícios do dia. Via na agenda que tinha mais coisas para fazer do que coisas feitas. Foi a pior época.
O que você fez nas férias? Na primeira semana eu saí muito com as amigas e comecei as aulas para tirar minha carta de motorista. Na segunda semana, como eu tinha deixado alguma coisa atrasada, recomecei a estudar, mas não era nada pesado, umas duas, três horas por dia. Era assim: “Agora não estou fazendo nada, vou fazer uns exercícios, só para ir voltando”. Descansei bem e voltei com o mesmo ânimo de antes. Cheguei aqui no cursinho renovada.
Você tinha alguma atividade para relaxar? Antes das férias eu saía bastante, gostava de festas, mas não era toda semana. E sempre gostei muito de assistir séries. Toda noite eu colocava alguma coisa. Não dava para assistir tudo, dormia na metade. No segundo semestre, nas aulas para tirar carta de motorista, mudava o foco durante uma hora por dia, distraía a cabeça.
Teve algum período mais difícil durante o ano? Na semana do Enem eu tremi na base: “Será realmente que o que eu aprendi aqui é o que vai cair? É aquela ansiedade, estava preocupada”.
E como foi no Enem? Eu corrigi e vi que o resultado do Enem era o resultado que eu tinha tirado nos simulados o ano inteiro. Comecei a acreditar em mim: “Se deu certo numa prova, por que não dará certo nas outras?” E aí foi mais embalo.
No Enem, qual foi sua nota geral? 740.
Você prestou vários vestibulares. Em qual você achava que tinha mais chance de ser aprovada? Achava que tinha mais chance de ser aprovada na PUC. Na minha cabeça, particular era mais fácil. Realmente foi, passei em 2o lugar lá.
Em relação à Fuvest, você tinha mais preocupação com a 1a ou com a 2a fase? Com a 1a fase, porque foi minha barreira no 3o ano do Ensino Médio. Umas cinco semanas antes da prova da Fuvest eu comecei a fazer as cinco provas anteriores da 1a fase. E aí eu vi
que meu desempenho estava bom, nos anos anteriores eu fazia 75 pontos.
Na 1a fase da Fuvest 2017, qual foi sua pontuação? Fiz 69 pontos.
O que achou desse resultado, já que ficou 11 pontos acima do corte (58)? Fiquei muito feliz. As notas de corte caíram neste ano e eu fiquei em cima do corte de Medicina. Não acreditava. Minha meta era tirar 65, já que em 2015 o corte tinha sido 62 e eu queria ter uns 3 pontos de folga.
Para a 2a fase mudou alguma coisa no seu método de estudos? Meio que mudou tudo. Foquei em fazer exercícios, principalmente da Fuvest, para me acostumar com a prova. Fiz mais de Matemática, Biologia e História, que eram minhas matérias prioritárias no terceiro dia da 2a fase. E Português. Também fiz exercícios da PUC e da Unesp, que eu ia prestar.
Em relação ao tempo de estudos, mudou também? Foi mais a fórmula de estudo, porque eu tinha me acostumado a ir embora do cursinho às 6 e meia, 7 horas, e tentei me manter nesse horário. Fazia o que dava. O que não dava, paciência.
para minha mãe, que estava viajando. Ficamos chorando juntas. Aí vim correndo para cá. Foi superlegal. Ganhei camiseta, escreveram USP na minha testa.
Como foi na matrícula? Fui com minha mãe, mas ela ficou só um pouco. Logo os veteranos começaram a brincar, a tirar fotos. Foram muito legais. Fizeram várias atividades. São muito respeitosos. Se você não quiser fazer, não precisa. Mas eu quis participar de tudo. Muito legal.
E o trote? Eles nos pintaram, fomos sujas para o bandejão, lá eles colocaram música, a gente dançou bastante, foi meio que uma festona. Foi superlegal, já deu para conhecer os veteranos e o pessoal da minha sala. Ótimo.
Como foi a primeira semana de aula? É uma semana de recepção, com várias atividades para a gente conhecer a USP. Atividades para nos integrar, atividades em grupo para a gente conhecer outros bichos. Teve apresentações de entidades, deu vontade de fazer parte de tudo, da bateria, da Atlética. Eu quero entrar em várias entidades.
O que você conheceu na USP que chamou sua atenção?
Foi meu pior dia. O que me salvou foi Redação. Tirei 70 na Redação e 42 nas questões. Média final 56.
Eu estou achando muito bacana que a gente não fica restrita ao curso. Vou ter aula em vários lugares e posso pegar matérias optativas. Sempre gostei muito de literatura, posso ter esse contato na USP, não é uma coisa restrita. Posso fazer cursos de línguas lá. Estou achando isto maravilhoso.
No segundo dia é a prova geral, com 16 questões de sete matérias. Tirou quanto?
Você tem ideia do que pretende seguir na Psicologia?
Fui bem melhor do que esperava, tirei 68. Faltou responder uma questão, mas saí tranquila. O que eu consegui fazer era coisa que eu tinha visto no cursinho, não era nada de outro mundo.
Acho a área clínica muito legal, mas me falaram que está meio saturada. Eu tenho bastante interesse, curiosidade na área jurídica, não é uma área muito explorada e me chama a atenção. Dá para ajudar muita gente.
E no terceiro dia, das matérias prioritárias para Psicologia – História, Biologia e Matemática –, como foi?
Que dicas você pode dar a quem está neste ano se preparando para os vestibulares?
Quais foram suas notas na 2a fase? No primeiro dia, na prova de Português e Redação?
Eu estava morrendo de medo de História, mas foi tudo bem, tirei 62, deu certo.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação na Fuvest? Foi 660. Na carreira eu fiquei na 18a colocação.
Você já disse que na PUC foi a 2a colocada em Psicologia. E nos outros vestibulares que prestou? Na Unesp, campus de Assis, fiquei em 4o lugar, na Universidade Federal de Santa Catarina em 12o, e na Universidade Estadual de Londrina em 14o.
Como você ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest? Uma amiga estava dormindo na minha casa no dia da lista. Eu não queria vir para cá. Quando saiu a lista não queria ver o meu nome e também não queria deixar que ela olhasse. Um amigo nosso ligou para ela e contou que eu tinha passado. E ela falou: “Bia, você passou”. Comecei a chorar, mas sem acreditar porque não havia visto meu nome. Quando vi, liguei
Não perder o foco. Não esquecer o objetivo principal, porque vale muito a pena. Hoje eu sei disso porque deu certo. E ninguém precisa ser perfeito. Eu passei muito tempo me preocupando, porque tinha dificuldade em muitas matérias. Calma, não precisa perder seus cabelos.
Hoje você acha que está diferente de quando começou a estudar no cursinho? Com certeza. Lógico, a gente apanha um pouco, mas foi muito importante fazer o cursinho. Os professores são ótimos. Eu saí do Ensino Médio criança ainda, não sabia estudar por conta própria. Aqui eu aprendi a organizar minha rotina e acho que isso vai fazer toda diferença agora.
O que lhe dá saudades do ano passado? Principalmente dos professores, da dinâmica das aulas e dos amigos, que para mim fizeram muita diferença. Gente na mesma situação que eu, com as mesmas dúvidas e medo de não passar. A gente ia se incentivando de uma forma ou de outra. Isso é bom, saber que você não está sozinha.
CONTO
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O enfermeiro Machado de Assis
P
arece-lhe então que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se não for menos; estou desenganado. Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras coisas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui. Não me peça também o império do Grão-Mogol, nem a fotografia dos Macabeus; peça, porém, os meus sapatos de defunto e não os dou a ninguém mais. Já sabe que foi em 1860. No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-me teólogo, – quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava, delicadamente, casa, cama e mesa. Naquele mês de agosto de 1859, recebeu ele uma carta de um vigário de certa vila do interior, perguntando se conhecia pessoa entendida, discreta e paciente, que quisesse ir servir de enfermeiro ao Coronel Felisberto, mediante um bom ordenado. O padre falou-me, aceitei com ambas as mãos, estava já enfarado1 de copiar citações latinas e fórmulas eclesiásticas. Vim à Corte despedir-me de um irmão, e segui para a vila. Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúrdio2, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dois deles quebrou a cara. Respondi que não tinha medo de gente sã, menos ainda de doentes; e depois de entender-me com o vigário, que me confirmou as notícias recebidas, e me recomendou mansidão e caridade, segui para a residência do coronel. Achei-o na varanda da casa estirado numa cadeira, bufando muito. Não me recebeu mal. Começou por não dizer nada; pôs em mim dois olhos de gato que observa; depois, uma espécie de riso maligno alumiou-lhe as feições, que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos enfermeiros que tivera prestava para nada, dormiam muito, eram respondões e andavam ao faro3 das escravas; dois eram até gatunos! – Você é gatuno? – Não, senhor. Em seguida, perguntou-me pelo nome: disse-lho e ele fez um gesto de espanto. Colombo? Não, senhor: Procópio José Gomes Valongo. Valongo? achou que não era nome de gente, e propôs chamar-me tão somente Procópio, ao que respondi que estaria pelo que fosse de seu agrado. Conto-lhe esta particularidade, não só porque me parece pintá-lo bem, como porque a minha resposta deu de mim a melhor ideia
ao coronel. Ele mesmo o declarou ao vigário, acrescentando que eu era o mais simpático dos enfermeiros que tivera. A verdade é que vivemos uma lua de mel de sete dias. No oitavo dia, entrei na vida dos meus predecessores, uma vida de cão, não dormir, não pensar em mais nada, recolher injúrias, e, às vezes, rir delas, com um ar de resignação e conformidade; reparei que era um modo de lhe fazer a corte. Tudo impertinências de moléstia e do temperamento. A moléstia era um rosário delas, padecia de aneurisma, de reumatismo e de três ou quatro afecções menores. Tinha perto de sessenta anos, e desde os cinco toda a gente lhe fazia a vontade. Se fosse só rabugento, vá; mas ele era também mau, deleitava-se com a dor e a humilhação dos outros. No fim de três meses estava farto de o aturar; determinei vir embora; só esperei ocasião. Não tardou a ocasião. Um dia, como lhe não desse a tempo uma fomentação4, pegou da bengala e atirou-me dois ou três golpes. Não era preciso mais; despedi-me imediatamente, e fui aprontar a mala. Ele foi ter comigo, ao quarto, pediu-me que ficasse, que não valia a pena zangar por uma rabugice de velho. Instou5 tanto que fiquei. – Estou na dependura6, Procópio, dizia-me ele à noite; não posso viver muito tempo. Estou aqui, estou na cova. Você há de ir ao meu enterro, Procópio; não o dispenso por nada. Há de ir, há de rezar ao pé de minha sepultura. Se não for, acrescentou rindo, eu voltarei de noite para lhe puxar as pernas. Você crê em almas de outro mundo, Procópio? – Qual o quê! – E por que é que não há de crer, seu burro? redarguiu vivamente, arregalando os olhos. Eram assim as pazes; imagine a guerra. Coibiu-se das bengaladas; mas as injúrias ficaram as mesmas, se não piores. Eu, com o tempo, fui calejando, e não dava mais por nada; era burro, camelo, pedaço d’asno, idiota, moleirão, era tudo. Nem, ao menos, havia mais gente que recolhesse uma parte desses nomes. Não tinha parentes; tinha um sobrinho que morreu tísico, em fins de maio ou princípios de julho, em Minas. Os amigos iam por lá às vezes aprová-lo, aplaudi-lo, e nada mais; cinco, dez minutos de visita. Restava eu; era eu sozinho para um dicionário inteiro. Mais de uma vez resolvi sair; mas, instado pelo vigário, ia ficando. Não só as relações foram-se tornando melindrosas, mas eu estava ansioso para tornar à Corte. Aos quarenta e dois anos não é que havia de acostumar-me à reclusão constante, ao pé de um doente bravio, no interior. Para avaliar o meu isolamento, basta saber que eu nem lia os jornais; salvo alguma notícia mais importante que levavam ao coronel, eu nada sabia do resto do mundo. Entendi, portanto, voltar para a Corte, na primeira ocasião, ainda que tivesse de brigar com o vigário. Bom é dizer (visto que faço uma confissão geral) que, nada gastando e tendo guardado integralmente os ordenados, estava ansioso por vir dissipá-los aqui.
Era provável que a ocasião aparecesse. O coronel estava pior, fez testamento, descompondo o tabelião, quase tanto como a mim. O trato era mais duro, os breves lapsos de sossego e brandura faziam-se raros. Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de ódio e aversão. No princípio de agosto resolvi definitivamente sair; o vigário e o médico, aceitando as razões, pediram-me que ficasse algum tempo mais. Concedi-lhes um mês; no fim de um mês viria embora, qualquer que fosse o estado do doente. O vigário tratou de procurar-me substituto. Vai ver o que aconteceu. Na noite de vinte e quatro de agosto, o coronel teve um acesso de raiva, atropelou-me, disse-me muito nome cru, ameaçou-me de um tiro, e acabou atirando-me um prato de mingau, que achou frio; o prato foi cair na parede, onde se fez em pedaços. – Hás de pagá-lo, ladrão! bradou ele. Resmungou ainda muito tempo. Às onze horas, passou pelo sono. Enquanto ele dormia, saquei um livro do bolso, um velho romance de d’Arlincourt, traduzido, que lá achei, e pus-me a lê-lo, no mesmo quarto, a pequena distância da cama; tinha de acordá-lo à meia-noite para lhe dar o remédio. Ou fosse de cansaço, ou do livro, antes de chegar ao fim da segunda página adormeci também. Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele, que parecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o. Quando percebi que o doente expirava, recuei aterrado, e dei um grito; mas ninguém me ouviu. Voltei à cama, agitei-o para chamá-lo à vida, era tarde; arrebentara o aneurisma, e o coronel morreu. Passei à sala contígua, e durante duas horas não ousei voltar ao quarto. Não posso mesmo dizer tudo o que passei, durante esse tempo. Era um atordoamento, um delírio vago e estúpido. Parecia-me que as paredes tinham vultos; escutava umas vozes surdas. Os gritos da vítima, antes da luta e durante a luta, continuavam a repercutir dentro de mim, e o ar, para onde quer que me voltasse, aparecia recortado de convulsões. Não creia que esteja fazendo imagens nem estilo; digo-lhe que eu ouvia distintamente umas vozes que me bradavam: assassino! assassino! Tudo o mais estava calado. O mesmo som do relógio, lento, igual e seco, sublinhava o silêncio e a solidão. Colava a orelha à porta do quarto na esperança de ouvir um gemido, uma palavra, uma injúria, qualquer coisa que significasse a vida, e me restituísse a paz à consciência. Estaria pronto a apanhar das mãos do coronel, dez, vinte, cem vezes. Mas nada, nada; tudo calado. Voltava a andar à toa, na sala, sentava-me, punha as mãos na cabeça; arrependia-me de ter vindo. – “Maldita a hora em que aceitei
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CONTO
semelhante coisa!’’ exclamava. E descompunha o padre de Niterói, o médico, o vigário, os que me arranjaram um lugar, e os que me pediram para ficar mais algum tempo. Agarrava-me à cumplicidade dos outros homens. Como o silêncio acabasse por aterrar-me, abri uma das janelas, para escutar o som do vento, se ventasse. Não ventava. A noite ia tranquila, as estrelas fulguravam, com a indiferença de pessoas que tiram o chapéu a um enterro que passa, e continuam a falar de outra coisa. Encostei-me ali por algum tempo, fitando a noite, deixando-me ir a uma recapitulação da vida, a ver se descansava da dor presente. Só então posso dizer que pensei claramente no castigo. Achei-me com um crime às costas e vi a punição certa. Aqui o temor complicou o remorso. Senti que os cabelos me ficavam de pé. Minutos depois, vi três ou quatro vultos de pessoas, no terreiro, espiando, com um ar de emboscada; recuei, os vultos esvaíram-se no ar; era uma alucinação. Antes do alvorecer curei a contusão da face. Só então ousei voltar ao quarto. Recuei duas vezes, mas era preciso e entrei; ainda assim, não cheguei logo à cama. Tremiam-me as pernas, o coração batia-me; cheguei a pensar na fuga; mas era confessar o crime, e, ao contrário, urgia fazer desaparecer os vestígios dele. Fui até a cama; vi o cadáver, com os olhos arregalados e a boca aberta, como deixando passar a eterna palavra dos séculos: “Caim, que fizeste de teu irmão?’’ Vi no pescoço o sinal das minhas unhas; abotoei alto a camisa e cheguei ao queixo a ponta do lençol. Em seguida, chamei um escravo, disse-lhe que o coronel amanhecera morto; mandei recado ao vigário e ao médico. A primeira ideia foi retirar-me logo cedo, a pretexto de ter meu irmão doente, e, na verdade, recebera carta dele, alguns dias antes, dizendo-me que se sentia mal. Mas adverti que a retirada imediata poderia despertar suspeitas, e fiquei. Eu mesmo amortalhei o cadáver, com o auxílio de um preto velho e míope. Não saí da sala mortuária; tinha medo de que descobrissem alguma coisa. Queria ver no rosto dos outros se desconfiavam; mas não ousava fitar ninguém. Tudo me dava impaciências: os passos de ladrão com que entravam na sala, os cochichos, as cerimônias e as rezas do vigário. Vindo a hora, fechei o caixão, com as mãos trêmulas, tão trêmulas que uma pessoa, que reparou nelas, disse à outra com piedade: – Coitado do Procópio! Apesar do que padeceu, está muito sentido! Pareceu-me ironia; estava ansioso por ver tudo acabado. Saímos à rua. A passagem da meia-escuridão da casa para a claridade da rua deu-me grande abalo; receei que fosse então impossível ocultar o crime. Meti os olhos no chão, e fui andando. Quando tudo acabou, respirei. Estava em paz com os homens. Não o estava com a consciência, e as primeiras noites foram naturalmente de desassossego e aflição. Não é preciso dizer que vim logo para o Rio de Janeiro, nem que vivi aqui aterrado, embora longe do crime; não ria, falava pouco, mal comia, tinha alucinações, pesadelos... – Deixa lá o outro que morreu, diziam-me. Não é caso para tanta melancolia. E eu aproveitava a ilusão, fazendo muitos elogios ao morto, chamando-lhe boa criatura, impertinente, é verdade, mas um coração de
ouro. E, elogiando, convencia-me também, ao menos por alguns instantes. Outro fenômeno interessante, e que talvez lhe possa aproveitar, é que, não sendo religioso, mandei dizer uma missa pelo eterno descanso do coronel, na igreja do Sacramento. Não fiz convites, não disse nada a ninguém; fui ouvi-la, sozinho, e estive de joelhos todo o tempo, persignando-me7 a miúdo. Dobrei a espórtula8 do padre, e distribuí esmolas à porta, tudo por intenção do finado. Não queria embair9 os homens; a prova é que fui só. Para completar este ponto, acrescentarei que nunca aludia ao coronel, que não dissesse: “Deus lhe fale n’alma!’’ E contava dele algumas anedotas alegres, rompantes10 engraçados... Sete dias depois de chegar ao Rio de Janeiro, recebi a carta do vigário, que lhe mostrei, dizendo-me que fora achado o testamento do coronel, e que eu era o herdeiro universal. Imagine o meu pasmo. Pareceu-me que lia mal, fui a meu irmão, fui aos amigos; todos leram a mesma coisa. Estava escrito; era eu o herdeiro universal do coronel. Cheguei a supor que fosse uma cilada; mas adverti logo que havia outros meios de capturar-me, se o crime estivesse descoberto. Demais, eu conhecia a probidade do vigário, que não se prestaria a ser instrumento. Reli a carta, cinco, dez, muitas vezes; lá estava a notícia. – Quanto tinha ele? perguntava-me meu irmão. – Não sei, mas era rico. – Realmente, provou que era teu amigo. – Era... Era... Assim, por uma ironia da sorte, os bens do coronel vinham parar às minhas mãos. Cogitei em recusar a herança. Parecia-me odioso receber um vintém do tal espólio; era pior do que fazer-me esbirro11 alugado. Pensei nisso três dias, e esbarrava sempre na consideração de que a recusa podia fazer desconfiar alguma coisa. No fim dos três dias, assentei num meio-termo; receberia a herança e dá-la-ia toda, aos bocados e às escondidas. Não era só escrúpulo; era também o modo de resgatar o crime por um ato de virtude; pareceu-me que ficava assim de contas saldas. Preparei-me e segui para a vila. Em caminho, à proporção que me ia aproximando, recordava o triste sucesso; as cercanias da vila tinham um aspecto de tragédia, e a sombra do coronel parecia-me surgir de cada lado. A imaginação ia reproduzindo as palavras, os gestos, toda a noite horrenda do crime... Crime ou luta? Realmente, foi uma luta em que eu, atacado, defendi-me, e na defesa... Foi uma luta desgraçada, uma fatalidade. Fixei-me nessa ideia. E balanceava os agravos12, punha no ativo as pancadas, as injúrias... Não era culpa do coronel, bem o sabia, era da moléstia, que o tornava assim rabugento e até mau... Mas eu perdoava tudo, tudo... O pior foi a fatalidade daquela noite... Considerei também que o coronel não podia viver muito mais; estava por pouco; ele mesmo o sentia e dizia. Viveria quanto? Duas semanas, ou uma; pode ser até que menos. Já não era vida, era um molambo13 de vida, se isto mesmo se podia chamar ao padecer contínuo do pobre homem... E quem sabe mesmo se a luta e a morte não foram apenas coincidentes? Podia ser, era até o mais provável; não foi outra coisa. Fixei-me também nessa ideia...
Perto da vila apertou-se-me o coração, e quis recuar; mas dominei-me e fui. Receberam-me com parabéns. O vigário disse-me as disposições do testamento, os legados pios14, e de caminho ia louvando a mansidão cristã e o zelo com que eu servira ao coronel, que, apesar de áspero e duro, soube ser grato. – Sem dúvida, dizia eu olhando para outra parte. Estava atordoado. Toda a gente me elogiava a dedicação e a paciência. As primeiras necessidades do inventário detiveram-me algum tempo na vila. Constituí advogado; as coisas correram placidamente. Durante esse tempo, falava muita vez do coronel. Vinham contar-me coisas dele, mas sem a moderação do padre; eu defendia-o, apontava algumas virtudes, era austero... – Qual austero! Já morreu, acabou; mas era o diabo. E referiam-me casos duros, ações perversas, algumas extraordinárias. Quer que lhe diga? Eu, a princípio, ia ouvindo cheio de curiosidade; depois, entrou-me no coração um singular prazer, que eu, sinceramente buscava expelir. E defendia o coronel, explicava-o, atribuía alguma coisa às rivalidades locais; confessava, sim, que era um pouco violento... Um pouco? Era uma cobra assanhada, interrompia-me o barbeiro; e todos, o coletor, o boticário, o escrivão, todos diziam a mesma coisa; e vinham outras anedotas, vinha toda a vida do defunto. Os velhos lembravam-se das crueldades dele, em menino. E o prazer íntimo, calado, insidioso15, crescia dentro de mim, espécie de tênia moral, que por mais que a arrancasse aos pedaços, recompunha-se logo e ia ficando. As obrigações do inventário distraíram-me; e por outro lado a opinião da vila era tão contrária ao coronel, que a vista dos lugares foi perdendo para mim a feição tenebrosa que a princípio achei neles. Entrando na posse da herança, converti-a em títulos e dinheiro. Eram então passados muitos meses, e a ideia de distribuí-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou como da primeira vez; achei mesmo que era afetação. Restringi o plano primitivo: distribuí alguma coisa aos pobres, dei à matriz da vila uns paramentos novos, fiz uma esmola à Santa Casa de Misericórdia, etc.: ao todo trinta e dois contos. Mandei também levantar um túmulo ao coronel, todo de mármore, obra de um napolitano, que aqui esteve até 1866, e foi morrer, creio eu, no Paraguai. Os anos foram andando, a memória tornou-se cinzenta e desmaiada. Penso às vezes no coronel, mas sem os terrores dos primeiros dias. Todos os médicos a quem contei as moléstias dele, foram acordes16 em que a morte era certa, e só se admiravam de ter resistido tanto tempo. Pode ser que eu, involuntariamente, exagerasse a descrição que então lhes fiz; mas a verdade é que ele devia morrer, ainda que não fosse aquela fatalidade... Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da montanha: “Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados.” Extraído de: Várias histórias.
CONTO
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VOCABULÁRIO (1) Do verbo enfarar, entediado, aborrecido, enjoado. (2) Esquisito, excêntrico, extravagante. (3) À cata de, atrás de. (4) 1.(fig.) Estímulo, incitação; 2.(formal) Aplicação que se faz à pele com o líquido medicamentoso para lenitivo.
(5) Do verbo instar, pedir, solicitar, insistir. (6) Estar na miséria, estar em perigo de morte. (7) Benzendo-se, fazendo o sinal da cruz. (8) Gratificação, gorjeta. (9) Enganar, iludir, seduzir. (10) 1. Arrogância, altivez, orgulho; 2. Reação impetuosa, investida.
(11) Meirinho, agente da polícia. (12) Ofensas, injúrias. (13) Farrapo. (14) Piedosos. (15) Traiçoeiro, pérfido. (16) Concordes, harmônicos, acordantes.
ARTIGO
Sete planetas parecidos com a Terra são descobertos
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ão sete, um praticamente do tamanho do outro. E a Branca de Neve da história não é apenas uma princesa, mas uma estrela. São exoplanetas (além do Sistema Solar) rochosos, com dimensões parecidas com as da Terra – um um pouco maior, outro um pouco menor – e potencial para abrigar formas de vida. O anúncio da importante descoberta foi feita no dia 22/02 pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. O sistema está na constelação de Aquário, a cerca de 40 anos-luz da Terra, o que não é considerado distante em termos astronômicos. “É um recorde na descoberta de planetas rochosos, ou seja, planetas com superfície sólida. Pela primeira vez, sete planetas rochosos foram descobertos de uma só vez”, disse Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. Os planetas orbitam a estrela anã Trappist-1 e a orientação das órbitas dos sete permite que os cientistas os estudem em detalhes. Segundo a Nasa, alguns deles podem ter temperaturas que permitam a existência de água na forma líquida, até mesmo em oceanos. Três dos planetas estão no que os cientistas chamam de “zona habitável”, ou seja, que podem oferecer suporte a algum tipo de vida. Os planetas receberam os nomes de Trappist-1b, 1c, 1d, 1e, 1f, 1g e 1h. “Esses planetas potencialmente podem ter vida, mas não necessariamente. Há alguns problemas, como o fato de estarem muito próximos da estrela anã. Por isso, podem receber radiação muito energética da estrela e isso poderia dificultar a existência de vida”, disse Melendez. Os planetas foram identificados ao passarem em frente à estrela. “A estrela Trappist-1
é muito pequena e, por ter pouco brilho, um planeta facilmente poderia escurecê-la. Quando o planeta transita em frente à estrela, ou seja, quando passa na linha de visada entre a Terra e a estrela-mãe, isso causa uma pequena diminuição na luz da estrela. E, pelo fato dessa estrela ser muito pouco brilhante – ela tem um brilho intrínseco muito baixo –, então é mais fácil detectar planetas em sua órbita”, explicou Melendez, que coordena o Projeto Temático “Espectroscopia de alta precisão: impacto no estudo de planetas, estrelas, a galáxia e cosmologia”.
Astrônomos identificaram anteriormente sistemas com sete planetas mas esse é o primeiro com tantos planetas com tamanho parecido com o da Terra. A suposta existência de água está baseada na distância dos planetas à Trappist-1 que, diferentemente do Sol, é uma estrela considerada extremamente fria. E é pequena: tem o tamanho aproximado de Júpiter, ou cerca de 8% do Sol. O nome da estrela agora descoberta vem de Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope (Trappist), telescópio instalado no Chile. Em maio de 2016, pesquisadores que trabalham com o instrumento identificaram três possíveis planetas no sistema da Trappist-1. Com a ajuda de diversos outros telescópios terrestres, incluindo o Very Large Teles-
cope do European Southern Observatory, e do Spitzer – telescópio espacial que funciona pela detecção de radiação infravermelha –, os cientistas confirmaram a existência de dois dos planetas observados em 2016 e de outros cinco. Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature simultaneamente ao anúncio feito pela Nasa em Washington. Novos estudos serão feitos no sistema para tentar determinar se e quais dos planetas são ricos em água na forma líquida. Seis dos planetas tiveram suas massas estimadas pelos pesquisadores. Quanto ao sétimo, ainda sem massa estipulada, pode ser um objeto gelado. “Para estudar esses planetas com maior nível de detalhe serão necessários, provavelmente, telescópios maiores do que o Spitzer. O Spitzer talvez possa ajudar um pouco mais, mas ele não terá a capacidade necessária para conhecer a atmosfera desses planetas”, disse Melendez. Melendez é o único astrônomo brasileiro participante da missão Fast Infrared Exoplanet Spectroscopy Survey Explorer (FINESSE). Lançada pela Nasa em 2016, a missão tem o propósito de observar mais de 200 exoplanetas que realizam trânsitos no infravermelho, entre os 0.7 e os 5.0 micrometros, com um espectrógrafo muito estável e preciso. Cada exoplaneta será observado em diversos pontos da sua órbita em torno da respectiva estrela hospedeira. Os espectros obtidos ajudarão a identificar as espécies químicas que compõem a atmosfera do exoplaneta, temperaturas, pressões, camadas de inversão e padrões de circulação atmosférica. Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, fev./2017.
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ARTIGO
Descobrimentos do Brasil Rogério F. da Silva
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o decorrer do ano dois mil, ocorreram obediência2. Assim, mudando o que deve ser numerosas manifestações e, entre esmudado, e guardadas as devidas proporções, tas, a publicação de livros e artigos reé sempre conveniente lembrar que uma festa, lativos às comemorações dos quinhentos anos uma efeméride, constitui-se também em uma do chamado Descobrimento do Brasil. Desde manifestação de poder perante terceiros. Asentão tivemos a oportunidade de dispor de texsim, as comemorações não são apenas uma tos dos mais renomados especialistas sobre definição e afirmação de identidade, como as Grandes Navegações, de biografias dos natambém se prestam a uma manifestação de vegadores que desbravaram mares até então força e, enquanto tal, podem ser utilizadas em desconhecidos, a análises primorosas sobre o vários sentidos e com alvos diferenciados. que alguns autores consideram a “certidão de A afirmação de uma identidade traz consigo nascimento”1 daquilo que viria a ser o Brasil (a especulações sobre o conteúdo desta identicarta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão oficial dade. Em nosso caso, o que significa afirmar: da frota comandada por Pedro Álvares Cabral). “Somos brasileiros?”. Ocupamos um espaço, Cabe a eles o espaço que merecidamente consituamo-nos num determinado intervalo de quistaram e, por nossa parte, realizaremos altempo e etnicamente definimo-nos por um gumas reflexões em torno da questão. conjunto de negações: não somos indígenas, Tal comemoração corresponde a uma efe não somos africanos, não somos europeus, méride, ou seja, um fato importante ocorrido não somos asiáticos e, ao mesmo tempo, soem uma determinada data [em nosso caso, mos um pouco de cada um destes grandes 22.04.1500] e, nesse sentido, enquanto tal, é passível de mais de uma interpretação. Gos taríamos de destacar pelo menos duas que consideramos importantes: a primeira, certamente, associa-se à definição e afirmação de uma identidade, a segunda, como uma demonstração de força, de poder. Comemora-se para trazer ou ressaltar à memória dos contemporâneos um evento – um aniversário – que confere um sentido de coesão social e identidade ao grupo que se sente envolvido afetiva e emocionalmente com o aniversariante. Por sua vez a dimensão festiva de comemoração expressa também uma demonstração de força, como se fosse um granRepresentação artística da chegada dos portugueses ao Brasil. de “Potlatch”. A cerimônia do Potlatch, comum entre os indígenas da cosgrupos étnicos3. Este pedaço de terra cometa do Pacífico da América do Norte (na região çou a se configurar há pelo menos trezentos que corresponde aos espaços entre os atuais anos, numa época em que se ocorria na Euestados de Washington e Alasca), consistia ropa a formação dos Estados Nacionais, que, basicamente numa grande festa patrocinada de alguma forma, servia como modelo a ser pelo anfitrião, preparada antecipadamente por seguido. Como nação independente, no início um longo intervalo de tempo e que virtual do século XIX, o país afirma-se no contexto de mente consumia todo o trabalho do grupo uma onda de nacionalismo associado às ideias ao qual o anfitrião pertencia. No dia da festa, de um grupo étnico coeso, com ancestrais todo o produto do esforço era prodigamente comuns que remontam a um passado remodistribuído entre os convidados. As cometo. À falta destes elementos que remontam morações se passavam como se o anfitrião, por intermédio dos presentes que distribuía aos seus convidados, afirmasse: “Sou suficientemente poderoso para presentear e dar de comer a todos vocês”. Ao término de um Potlatch, o anfitrião era socialmente reconhecido como alguém muito poderoso ao qual os convidados deviam alguma forma de 1 Fernando Antonio Novais. “A ‘certidão de nascimento ou de batismo’ do Brasil”. In: Fernando Antônio Novais. Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005. p. 237-244.
2 Cf. Entre outros: 1) Ruth Benedict. Padrões de cultura. Tradução de Alberto Candeias. Lisboa: Livros do Brasil, s/d. 2) Homer Garner Barnett. “Potlatch”. In: Benedicto Silva (Org.). Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1986. p. 949-950. 3 Fernando Antonio Novais. “América, descoberta, colonização e suas consequências nos sistemas de comunicação”. In: Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho (Org.). Perturbador mundo novo: história, psicanálise e sociedade contemporânea, 1492, 1900, 1992. São Paulo: Escuta, 1994. p. 261-273.
ao passado como cavaleiros medievais, a um Carlos Magno, um Cid, um Ivanhoé, um Guilherme Tell, um Egmond, nosso romantismo foi buscar em um idílico indígena, em uma dócil mucama, em um bravo Zumbi, em um ousado bandeirante, os fundamentos e o cimento de uma nacionalidade, que, diga-se de passagem, era fundada em paradigmas étnicos europeus. À força de tantas comemorações, de tantas repetições, o que era uma alusão, uma remota memória, foi adquirindo contornos de verdade. A história presta-se então a uma finalidade: ser a “biografia da nação”. Foi o pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937), fazendo reflexões a respeito do papel do “Risorgimento” na fundação da “nação italiana”, que, de uma forma exemplar, apontou para as mazelas de se considerar que uma nação estava adormecida num passado remoto, e, a partir daí, se construir uma história como “biografia nacional”4. Nessa tarefa, procuram-se juntar elementos, eventos, sinais que sirvam de testemunho e justificariam a nacionalidade nascente. A constituição desta biografia requer o esforço de gerações, de tal forma que, ao passar do tempo, à força de constante repetição, com graus variados de acuidade e sofisticação, forjam-se estereótipos e passa-se a dar consistência a um corpo que há pouco inexistia. Caio Prado Júnior (1907-1990), muito apropriadamente, chamou este procedimento de anacronismo. Conhecemos o presente e então projetamos no passado tudo aquilo que de uma forma ou de outra teria levado ao desenlace do presente. Como se o presente estivesse há muito contido no passado5. Por todas estas razões, gostaríamos de salientar, nesse sentido, como soa no mínimo estranho a expressão “Descobrimento do Brasil”.Tudo se passa como se, em mil e quinhentos, já existisse um Brasil que bastava unicamente ser descoberto. Para aqueles que ainda acreditam nisso seguem-se, entre outros possíveis, alguns senões. Por um longo período – superior a cento e cinquenta anos (1621-1774), a metrópole criou neste espaço duas unidades político-administrativas, a saber: Estado do Maranhão e Grão Pará e Estado do Brasil. Um ato administrativo do Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, colocou um ponto final nesta divisão. Observa-se que se tivesse sido mantida esta divisão, Portugal teria duas colônias na América, o Brasil e o Maranhão e Grão-Pará, cada um com suas 4 Antonio Gramsci. El Risorgimento. Buenos Aires: Granica, 1974. p. 91. 5 Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo. 7. ed.São Paulo: Brasiliense, 1963.
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6 Sérgio Buarque de Holanda. “O novo descobrimento do Brasil: a herança colonial – sua desagregação”. Apud Sérgio Buarque de Holanda (Org.). História geral da civilização brasileira. Tomo II. O Brasil monárquico. v. 1. O processo de emancipação. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1965. p. 16. 7 Manuel Emílio Gomes de Carvalho. Os deputados brasileiros nas Cortes de Lisboa. Brasília: Senado Federal, 1979.
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Aspecto do centro histórico de Salvador (Bahia).
mamos de Brasil. Desde já, deve-se frisar que, considerados os séculos de colonização e de Estado independente, estes “descobrimentos” do Brasil são relativamente recentes. Os “descobridores” do Brasil foram muitos, seria difícil constituir um elenco completo. No plano das ideias, destaquemos alguns daqueles que, por suas reflexões e seus respectivos trabalhos, na verdade mereceriam encontrar-se no rol de “descobridores” do Brasil. Um dos mais importantes, neste contexto, foi José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), que possuía uma perspectiva de estadista não só no que diz respeito ao rompimento com Portugal, mas também como deveria configurar-se o novo estado exemplificado, por exemplo, em suas explícitas posições contra a escravidão8. João Capistrano de Abreu (1853-1927) foi o historiador que nos chamou a atenção de que existia um Brasil para além do litoral, um imenso interior inexplorado9. Neste mesmo sentido, têm importância os trabalhos de Euclides da Cunha (1866-1909), chamando a atenção para a existência do mundo do Sertão para além da 8 José Bonifácio de Andrada e Silva. Projetos para o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. 9 João Capistrano de Abreu. Capítulos de história colonial, 1500-1800 & Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963.
vida urbana em desenvolvimento10. Gilberto Freyre (1900-1987), por sua vez, chamou-nos a atenção sobre a importância da miscigenação, que deu origem a uma nova sociabilidade, diferente daquela do europeu colonizador. Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), inquieto com as questões de identidade, procurou destacar as peculiaridades da colonização portuguesa, quando comparada a de outros povos na formação daquilo que chamamos de Brasil11. Caio Prado Júnior (1907-1990), Celso Furtado (1920-2004) e Fernando Novais12, cada um à sua maneira vieram destacar a inserção deste pedaço do mundo na economia mundial. Evidentemente, este rol é incompleto, mas, de forma sucinta, procura sugerir que o “descobrimento” é um tema aberto e que há ainda muito por “descobrir” quando nos pomos a refletir sobre este país-continente chamado Brasil. 10 Euclides da Cunha. Os Sertões: campanha de Canudos. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963. 11 Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963. 12 Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011; Celso Furtado. Formação econômica do Brasil. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963; Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1981.
(ENTRE PARÊNTESIS)
N dias Depois de N dias um estudante observa que: 1) choveu 7 vezes de manhã ou à tarde; 2) quando chove de manhã, não chove à tarde; 3) houve 5 tardes sem chuva; 4) houve 6 manhãs sem chuva. N é igual a quanto?
RESPOSTA Somando os períodos sem chuva com os períodos com chuva, teremos a soma total dos períodos (manhãs + tardes) observados; logo, teremos 2N. Assim, 2N = 7 + 5 + 6, isto é, N = 9 dias.
respectivas histórias de descobrimento e independência. Deve-se lembrar também que, às vésperas da Independência, não se tinha claro o desfecho das desavenças entre a América Portuguesa e Portugal. De certa maneira, uma determinada política das Cortes Gerais Constituintes Portuguesas (1820-1822), de alguma forma, “inventou” o Brasil e os brasileiros. Para a maioria dos políticos de então, o contencioso principal dizia respeito a uma política específica das Cortes Gerais Constituintes em relação ao status que o Brasil possuía desde 1815 como um Reino Unido a Portugal. Influentes deputados portugueses faziam questão de negar este status. Por sua vez, os próprios deputados que saíram da América Portuguesa para tomar assento nas Cortes, eles mesmos, não se consideravam brasileiros. Eram oriundos de regiões que possuíam pouco contato entre si, possuíam problemas específicos e, não obstante, seus anfitriões portugueses tratavam-nos como brasileiros. Veja-se, por exemplo, a famosa afirmação do deputado Diogo Antônio Feijó, representante da província de São Paulo nas Cortes Gerais em 1822: “Não somos deputados do Brasil (...), porque cada província se governa hoje independente”6. Observa-se que políticos da estatura de Diogo Feijó, àquela altura, não tinham consciência de que estavam representando um “Brasil”, e sim, no limite, uma província do Reino Unido. Nesse sentido, alguns maus-tratos sofridos pelos deputados oriundos deste lado do Atlântico deram-lhes consciência de que eram, afinal, brasileiros e que, portanto, deveria existir alguma coisa chamada Brasil7. Talvez, desta forma, tenha mais sentido afirmar a exis tência de “descobrimentos” do Brasil, do que propriamente “um descobrimento”. Este plural é importante, pois nos sugere a ideia de que “descobrir que existia um Brasil” teria sido tarefa de muitos, que aos poucos vieram conferir conteúdo ao que cha-
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POIS É, POESIA
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Álvares de Azevedo (1831-1852) Namoro a cavalo
E u moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada, Pôs lá no fim da rua do Catete A minha Dulcinéa namorada.
Alugo (três mil réis) por uma tarde Um cavalo de trote (que esparrela!) Só para erguer meus olhos suspirando À minha namorada na janela... Todo o meu ordenado vai-se em flores E em lindas folhas de papel bordado, Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, Algum verso bonito... mas furtado. Morro pela menina, junto dela Nem ouso suspirar de acanhamento... Se ela quisesse eu acabava a história Como toda a Comédia – em casamento... Ontem tinha chovido... Que desgraça! Eu ia a trote inglês ardendo em chama, Mas lá vai senão quando uma carroça Minhas roupas tafuis encheu de lama... Eu não desanimei! Se Dom Quixote No Rocinante erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada... Mas eis que no passar pelo sobrado, Onde habita nas lojas minha bela, Por ver-me tão lodoso ela irritada Bateu-me sobre as ventas a janela...
O cavalo ignorante de namoros Entre dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada... Dei ao diabo os namoros. Escovado Meu chapéu que sofrera no pagode, Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode. Circunstância agravante. A calça inglesa Rasgou-se no cair, de meio a meio, O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!...
Adeus, meus sonhos!
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deus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade! E tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade! Misérrimo! votei meus pobres dias À sina doida de um amor sem fruto, E minh’alma na treva agora dorme Como um olhar que a morte envolve em luto. Que me resta, meu Deus? morra comigo A estrela de meus cândidos amores, Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores!
Dinheiro Oh! argent! Avec toi on est beau, jeune, adoré; on a consideration, honneur, qualités, vertus. Quand on n’a point d’argent, on est dans la dépendance de toutes choses et de tout le monde.* (Chateaubriand)
S em ele não há cova – quem enterra
Assim grátis, a Deo? O batizado Também custa dinheiro. Quem namora Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio? Demais, as Dânaes também o adoram... Quem imprime seus versos, quem passeia, Quem sobe a Deputado, até Ministro, Quem é mesmo Eleitor, embora sábio, Embora gênio, talentosa fronte, Alma Romana, se não tem dinheiro? Fora a canalha de vazios bolsos! O mundo é para todos... Certamente Assim o disse Deus mas esse texto Explica-se melhor e doutro modo... Houve um erro de imprensa no Evangelho: O mundo é um festim, concordo nisso, Mas não entra ninguém sem ter as louras.
*Tradução – “Oh! Dinheiro! Contigo se é bom, jovem, adorado; se tem consideração, honra, qualidades, virtudes. Quando não se tem absolutamente dinheiro, está-se na dependência de todas as coisas e de todo mundo.” Extraído de: Melhores poemas de “Lira dos vinte anos”, Ed. Núcleo, 1994.
SERVIÇO DE VESTIBULAR Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg) Período de inscrição: via internet até dia 21 de junho de 2017 e pessoalmente até dia 23 de junho de 2017. Endereço da faculdade: Rua Vergueiro, 1 951 – Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP: 04101-000 – Telefone: (11) 2187-1230. Requisito: taxa de R$ 65,00. Cursos e vagas: consultar site www.eseg.edu.br/vestibular Exame: dia 24 de junho de 2017.
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Período de inscrição: até dia 15 de maio de 2017. Somente via internet. Endereço da faculdade: Av. General Carlos Cavalcanti, 4 748 – Praça Santos Andrade – Ponta Grossa – PR – CEP 84030-900 – Telefone: (42) 3220-3000. Requisito: taxa de R$ 141,00.
Cursos e vagas: consultar site http://portal.uepg.br/ Exames: dias 09 e 10 de julho de 2017. Leituras obrigatórias: • Amar, verbo intransitivo – Mário de Andrade. • A morte e a morte de Quincas Berro D’água – Jorge Amado. • Livro sobre nada – Manoel de Barros. • O filho eterno – Cristóvão Tezza. • O ovo apunhalado – Caio Fernando Abreu.
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Período de inscrição: até dia 04 de maio de 2017. Somente via internet. Endereço da faculdade: Av. Madre Benvenuta, 2 007 – Itacorubi – Florianópolis – SC – CEP: 88035-001 – Telefone: (48) 3321-8000. Requisito: taxa de R$ 95,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.udesc.br
Jornal do Vestibulando
Exame: dia 04 de junho de 2017. Leituras obrigatórias: • As fantasias eletivas – Carlos Henrique Schoereder. • Esaú e Jacó – Machado de Assis. • Olhos d’água – Conceição Evaristo. • Quarenta dias – Maria Valéria Rezende. • Vitória Valentina – Elvira Vigna.
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) Período de inscrição: até dia 08 de maio de 2017. Somente via internet. Endereço da faculdade: Avenida Transnordestina, s/n – Novo Horizonte – Feira de Santana – BA – CEP: 44036-900 – Telefone: (75) 3161-8000. Requisito: taxa de R$ 110,00. Cursos e vagas: consultar site www.uefs.br Exames: dias 02 e 03 de julho de 2017.
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343