Auto da Barca do Inferno

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Agrupamento de Escolas D. Sancho II, Alijó E. B. 2, 3 do Pinhão D. Sancho II, Alijó

Auto dA BArcA do Inferno

Ano letIvo 2021-2022Ano letIvo 2021-2022 Ano letivo 2021-2022


Trabalho realizado pelos alunos do 9º P sobre a obra em estudo “Auto da Barca do Inferno” Gil Vicente, com recurso a diferentes ferramentas digitais.


Gil Vicente

Gil Vicente nasceu em 1464 na cidade de Guimarães. Estudou na universidade de Salamanca localizada em Espanha. Teve o seu primeiro casamento com Branca Bezerra. Teve dois filhos. Após a morte da sua esposa, (três anos mais tarde) casou- se novamente com Melícia Rodrigues, com quem teve três filhos. Começou a escrever os seus textos dramáticos entre 1502 a 1536. O seu primeiro trabalho chama-se “Auto da Visitação” ou “Monologo do Vaqueiro”. Fez parte do Humanismo Português. (Um movimento artístico e filosófico que surgiu no século XIV, em Itália. Introduzido em Portugal a partir de 1385.)


Photo by Yzerg


Obras: Auto Pastoril Castelhano; Auto dos Reis Magos; O velho da Horta; Auto da Barca do inferno; Auto da Barca do Purgatório; Auto da Barca do Paraíso; Auto da Sibila Cassandra; Auto da Festa; Auto da índia; Farsa de Inês Pereira; Floresta de Enganos. Algumas Características da sua obra : Sátira Social, uso de alegorias, temática religiosa, texto escrito em versos, teatro moralizante e pedagógico, exaltação das virtudes humanas, condenação dos vícios da sociedade, crítica a indivíduos corruptos da Igreja, personagens de carácter popular. No geral ,não se sabe muito sobre a sua história ou vida pessoal, julga-se que possa ter falecido no ano de 1536, num local desconhecido .


BARCA DO DIABO

BARCA DO ANJO


Photo by Kevin Zaouali

DIABO


Entrevista ao Fidalgo

Um jornalista do Correio da Manhã quis entrevistar o Fidalgo depois de este ter dado entrada no Inferno, para se inteirar de todos os procedimentos que o levaram a tal sítio. Jornalista -Bom dia, Senhor Fidalgo? Fidalgo –Bom dia, Fidalgo de Solar. O que deseja? Jornalista-Peço desculpa, mas creio que “Fidalgo” seja o suficiente para alguém que se encontra neste lugar. Gostaria de lhe colocar algumas questões, se não se importasse, sobre o seu percurso. Fidalgo – Esteja à vontade! Jornalista- Como chegou ao Cais? Fidalgo- Foi o fim dos meus vícios ao longo da vida. Jornalista- No cais, estavam duas barcas. Porque é que se dirigiu à Barca do Inferno? Fidalgo – Inicialmente, pareceu-me ser a melhor. Enorme, cheia de luz e cores. Demasiado atrativa, o que me levou a escolhê-la sem olhar para o lado. Jornalista- E não deu conta de que era o Diabo a comandá-la?


Fidalgo- Bem, não reparei que era Satanás, apesar de ter um aspeto horrível. Jornalista- Ele fez questão que entrasse na Barca? Fidalgo- Sim, ele disse-me que eu merecia ir com ele para o Inferno, pois alegou que eu tinha sido tirano, vaidoso, infiel, presunçoso, ingénuo e altivo. Jornalista- E o senhor confirma esses atributos todos? Fidalgo Bem, pensando bem no assunto, só me lembro de ter sido ingénuo, porque eu sempre acreditei piamente na minha mulher e ela traiu-me muitas vezes. O próprio choro dela era mentira e fingimento. Jornalista- O senhor Fidalgo nada disse em sua defesa? Fidalgo- Sim, referi que eu era um nobre de solar, ou seja, de um estatuto elevado e que tinha quem rezasse por mim na Terra. Jornalista- O que o levou, então, a procurar a barca do Anjo? Fidalgo- Resolvi tentar a minha sorte, por isso perguntei-lhe para onde era a viagem e se eu poderia viajar com ele, só que ele me respondeu que iria para o Paraíso, mas que a Barca era demasiado pequena para um Fidalgo tão grande como eu, assim como para o meu manto, a minha cadeira e o meu pajem. Jornalista-Então, nesse caso, poderia entrar apenas o senhor na Barca. Fidalgo- Eu bem tentei, mas o Anjo parece que ouviu as acusações do Diabo, pelo que reforçou a ideia de que eu jamais poderia ir para o céu. Stéfanie Almeida



Carta do Fidalgo à sua esposa Inferno, Vale do Purgatório, sexta-feira ,13 de outubro de 1750 Querida esposa, Espero que esta carta te encontre de boa saúde. Já eu não posso dizer o mesmo, a “vida” no Inferno não é feita para um nobre. Estou muito cansado, pois, aqui no Inferno há muitos trabalhos pesados aos quais não estava habituado. Parece um círculo sem fim. Estou muito inconformado com as acusações do Diabo. Aquela besta de cornos vermelhos acusou-me de ser um tirano, de ser vaidoso, infiel, altivo e ingénuo. Eu, um homem ingénuo? Um nobre é inteligente, ao contrário de um mero camponês, por exemplo. Para minha defesa, afirmei ser de uma classe social elevada e que tinha deixado alguém na terra a rezar pela minha alma., pois tu ficaste aí a chorar por mim, não foi, minha querida? Fiquei totalmente indignado por o Diabo não ter em consideração o meu estatuto social. Sou um membro da nobreza, uma das pessoas mais importantes da sociedade. Mas, enfim.... Meu amor, após a minha morte, fui ter a um cais onde estavam duas barcas. Uma delas era linda, talhada a ouro e guarnecida de objetos chiques, polidos e atraentes. A outra, era pobre, feita com madeira de eucalipto. Na barca mais atraente estava o Diabo à espera de almas e na mais pobre estava um Anjo solitário.


A primeira barca à qual me dirigi foi à do Diabo. Pobre da minha alma, que mal sabia que estava na barca que me levaria para o Inferno. Depois de falar com a besta, fui à barca da Glória, tentar a minha sorte, mas, o Anjo pouca conversa me deu. Não tive outra opção. Tive que ir para a barca do Inferno. O Diabo obrigou-me a remar até os meus braços não aguentarem mais. O meu destino foi o Vale do Purgatório! Agora vou contar-te um pouco da minha rotina infernal. A hora de dormir é a pior. Durmo num caixão de betão com pregos virados para cima. Como deves calcular, é muito desconfortável. Na minha secção apenas existem mais duas pobres almas. Um caçador e um membro do clero. Como já te disse, tenho trabalhos muito pesados. Todos os dias ao acordar, alimento-me de cubos de fogo, que me escaldam a garganta. Depois do escaldante pequeno almoço, vou trabalhar numa espécie de crematório onde são destruídas as almas penadas. À hora de almoço, vou à cafetaria “Infernal” onde há uma enorme variedade de coisas: olhos, ouvidos, fígados, unhas e o meu favorito- cérebro. Depois do almoço

vou

transformar

as

cinzas

das

almas

em

nuvens

negras,

para serem enviadas para outras terras do Demo. Ao jantar costumo comer dentes cozidos e cabelos.


Ontem à noite, quando fui levar as cinzas às tais outras terras do Demo, lembrei-me que Diabo me dissera no cais que tu me eras infiel, que me traías. Não acreditei em nada do que ele disse. Acredito na tua fidelidade, no teu amor por mim, na tua dedicação ao nosso amor eterno e na tua lealdade no nosso compromisso. Não acredito que me traísses, eu, um nobre de solar, por uma pessoa qualquer. Meu anjo, antes de me despedir, aconselho-te a praticares o bem, para um dia conseguires um lugar no céu, pois deve ser um paraíso, comparado com este inferno. Mas, se se confirmar que me foste, ou és infiel, espero um dia encontrar-te aqui, no Vale do Purgatório. Com muito amor e saudades O teu Fidalgo Ana Rita e Mafalda


Onzeneiro - Mais quisera eu lá tardar… Na safra do apanhar me deu Saturno quebranto.


Parvo. Samica alguém. Anjo. Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste. Tua simpreza t'abaste pera gozar dos prazeres. Espera entanto per i; veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui.

Patrick Pestana


Parvo O Parvo dirigiu-se à Barca do Diabo e este ao forçá-lo a entrar na Barca, o Parvo recuou ,pois percebeu que ia para o inferno. Deste modo, caminhou até à Barca do Anjo, onde este o defendeu dizendo que, por ser um pobre de espírito, os erros que cometera não tinham sido premeditados. Francisca Relvas



RESUMO O Sapateiro chegou ao cais, com um avental e carregado de formas, as quais usava para trabalhar. Dirigiu-se, inicialmente, à Barca do Inferno, pois era a mais bela, e a que mais ostentava riqueza. O Diabo perguntou-lhe qual a razão de ir tão carregado e ele respondeu-lhe que o tinham mandado ir assim. O sapateiro, curioso, quis saber qual o destino da viagem, respondendo-lhe o Diabo de que seria para o lago dos danados, uma vez que ele morrera sem confessar os pecados cometidos, roubara o povo durante 30 anos e era um falso religioso. O sapateiro sentiu-se ofendido e alegou em sua defesa que tinha morrido confessado e comungado, ouvira missas, rezara pelos mortos e dera dinheiro à Igreja. Deste modo, dirigiu-se à Barca do Anjo e manifestou o desejo de nela embarcar, mas o Anjo fez-lhe ver que a carga, que ele levava, era de tal maneira grande

que não caberia naquela que era tão

pequena. Reforçou, ainda, a ideia de que se ele tivesse vivido de uma forma honesta, o lugar teria garantido no céu. O sapateiro, vendo o seu pedido recusado, voltou à barca do inferno com vontade de partir para a terra dos danados. Francisco e Sergio


.


Texto de opinião Na minha opinião, João Antão, sapateiro de profissão, deve ir para a Barca do Inferno, pois cometeu graves pecados em terra. Em primeiro lugar, morreu sem se confessar, ou seja, não teve sequer a preocupação de o fazer, limpando, assim a sua alma. A ser ver, nada tinha feito de errado. Além disso, atendendo à época em questão, deveria saber que qualquer pessoa que não praticasse o Bem na Terra, seria julgado na hora da partida e os maus seriam castigados. Em segundo lugar, era um falso religioso, pois não acreditava em Deus, mas fingia acreditar, dando dinheiro à igreja, ouvindo missas e rezando pelos finados, como se isso fosse o suficiente para ser considerado católico. Em terceiro lugar, roubou por trinta anos o povo, sem qualquer problema de consciência. Por todas as razões apresentadas penso que o lugar do inferno foi o mais indicado para o sapateiro. Matilde, Patrick


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Diário do Frade

Hoje, dia 14 de novembro de 1517, cheguei ao inferno. Está um calor infernal, pois as temperaturas chegam a atingir os 400 graus. Mal aqui cheguei, deparei-me com muitas pessoas do mesmo estatuto social que eu. A maior parte das pessoas é, ou era, melhor dizendo, detentora de grandes fortunas e isso não as ajudou a irem para o céu. Estou mesmo admirado com isso. Durante a noite não consigo dormir. Escuto as vozes e os gritos dos residentes, um som mais alto do que o outro. Às vezes, só pelo grito, consigo distinguir e sentir o sofrimento que estão a ter. Sinto-me desiludido e chateado comigo mesmo, podia ter sido um exemplo para a sociedade, com os recursos que tinha, podia ter feito a diferença com os mais necessitados. Como me sinto arrependido de não ter seguido o caminho certo da glória! Sinto-me culpado pelo sofrimento de alguns que aqui estão. Quantos deles não teriam roubado comida, ou, até dinheiro, só para sustentarem a família? Como eu gostaria de poder voltar atrás no tempo para remendar os erros que cometi. Estou totalmente arrependido das más ações praticadas. Estou a ficar desesperado, não consigo apagar as vozes da minha cabeça.



17 de novembro de 1517

Olá, querido diário, já há alguns dias que não te dou notícias minhas. As vozes continuam a massacrar-me e, por mais que eu tente, não querem desaparecer. Sinto-me desesperado até dizer chega, mas tento aguentar-me em pé. Ontem, chegaram aqui mais quatro pessoas que tinham cometido crimes gravíssimos. Foram logo encaminhados para o purgatório. Hoje, já os ouvi a programarem fugir, parece que querem voltar à terra para se despedirem das suas amadas esposas. Não sei se terão sorte. Sabes, diário, eles vieram ter comigo para os ajudar, mas eu neguei, pois como é que eu, sendo Frade, ia ganhar a confiança do Satanás para assim poder ter acesso aos portões de saída do Pátio Infernal? Além disso, mal me posso mexer com as correntes que tenho no corpo, sim, carrego com vinte quilos noite e dia. Se ainda fossem umas correntes de aço, douradas e com algum estilo, agora são correntes de ferro do século passado. Depois de muito pensar, pensei em denunciá-los para garantir a minha liberdade...e assim fiz, fui contar ao Diabo os planos que eles tinham engendrado para saírem do Inferno. Imagina o que aconteceu, ele tirou-me as correntes e, naquele exato momento, senti-me como se estivesse livre. Quanto aos quatro mafiosos, Satanás carregou-os com correntes de cinquenta quilos e colocou-os nas profundezas do Inferno, para que aprendessem que “com o Diabo não se brinca”.


Agora, que me considero “amigo” do Diabo, já posso fazer coisas que antes me eram interditas. Quando eu tinha as correntes, era um inferno, pois quando eram tarefas pesadas, as correntes não ajudavam muito. Uma vez, caí ao chão, outra, bati com o meu rabo num pedregulho, que fiquei a “arder” durante alguns dias. Quantas vezes, durante a noite, fico a pensar no meu estatuto ….eu que pensava que por ser do Clero já tinha o céu garantido…mas não, vim parar aqui ao inferno e com um rol de atividades que nem te digo!!! Espero que me esqueçam depressa, que é para eu morrer de vez, já estou cansado de estar aqui neste sítio, pois existe muita mágoa, sofrimento e arrependimento. Marta Azevedo


Quadras- Brízida Vaz

Alcoviteira, mulher má que as moças ao público fornecia, as meninas reservava prós Cónegos, E prós cultos da alta burguesia.

Simboliza a feitiçaria popular assim como a degradação moral Muitos “pecados” traz consigo Como se fosse a coisa mais natural.

Ao cais chega carregada Com bagagem até mais não Julgava ir pró mundo dos anjos E dos pecados tivesse perdão.

Patrick Pestana


Matilde Oliveira



Enforcado O Enforcado chegou ao cais com uma corda em torno do seu pescoço. O Diabo convidou-o logo a entrar. O enforcado alegou que já tinha pago pelos crimes que cometera em vida e, além disso, que Garcia Moniz lhe dissera que aquilo que havia sofrido em vida faria dele um santo canonizado Francisca Relvas


Os 4 Cavaleiros Os Quatros Cavaleiros, com uma cruz de Cristo ao peito, dirigiram-se, cantando até à Barca do Anjo. A meio do percurso, o Diabo tentou atraí-los até à sua Barca, mas eles, confiantes, alegaram que tinham morrido a combater os Mouros por Jesus Cristo. Continuaram o seu caminho, ainda, cantando, e assim chegaram à Barca do Anjo, onde os aceitou, dizendo que “quem morre por Cristo merece a paz eterna”, e ,assim ,embarcaram em direção ao Paraíso.

Francisca Relvas

Patrick Pestana


NOVAS CENAS…


Chegam ao cais dois Youtubers, Beatriz e o seu marido Felisberto carregados com telemóveis, câmaras e carregadores. Diabo: Ulá, lá! Bem-vindos ao cais. Vós os que estais a chegar Amigos das redes sociais. Vinde à minha nobre barca ficar. Felisberto: Quem é o Senhor, afinal? Beatriz: É o Diabo, meu amor, O que no mundo o Homem assedia Para a fé abandonar, Não enxergais, tamanha ousadia? Diabo: (dirigindo-se a Felisberto) Olhem só quem ele é! Entrai, entrai, amigo enganador Produzis vídeos e mais vídeos Do povo fazei o vosso mentor. Felisberto : Internet tem aí, Sr. Diabo? Para os meus vídeos divulgar Na plataforma de entretenimento Seguidores tenho para contentar. Diabo: Tenho tudo, amigo Youtuber E mais alguma coisa se for preciso muitos jovens e crianças enganas Que em ti veem um homem de juízo. Felisberto: Então, vamos lá! (Felisberto puxa a mulher para o barca do Diabo.)


Mulher: Não! Na barca Infernal não entro eu! Na vida tudo fiz, Para servir o meu Deus. Fui pobre desde raiz, Mas ele me abençoou. Com a sua ajuda, Vivi como imperatriz. Por isso, eu, Beatriz o meu Senhor, não vou trair, Aí, eu não entro! Nem que vá presa pelo nariz! Beatriz dirige-se à Barca do Anjo. Beatriz: Aqui estou, Anjo de Deus. Na tua barca celeste, poderei entrar? Na vida tudo fiz de bem Até o meu marido aconchegar. Anjo: É bom ver-te ,Beatriz, À tua espera estava eu Ouviste a palavra do Senhor E não a daquele sandeu. Aos pobres deste a mão, E no trabalho fé tiveste não te perdeste na ostentação Levanta-te, o meu visto tu tens. Na minha barca podes entrar. Sem te preocupares!


Felisberto vai da Barca do Diabo para a do Anjo.) Felisberto : Bem-haja, Anjo do senhor! Pelo seu visto, eu lhe agradeço Só tenho um pequeno imprevisto. Levo o meu equipamento, eu te peço. Internet poder-me-ia emprestar? Anjo: Na minha barca isso não pode entrar! Beatriz, talvez não tenhas compreendido Tu entras, mas ele não é aqui preferido. Beatriz: Não poderei ir sozinha! Por favor, deixa-o entrar também! Anjo: O teu amor é um parasita! Que à custa dos outros O que ele queria na vida Era o seu nome ver crescer! Beatriz: Como dizeis? Diabo: AH! AH! AH! Felisberto: Não é verdade, mon amour! Eles querem separar-nos. Diabo: Marketing! Era o que ele queria. Correto, Anjinho? Anjo: Desta vez não mentiste, não! Nós tudo vemos Beatriz! Diabo: Casas de prostituição E em casas de outras mulheres do vosso ofício! Era onde ele andava.


Mulher: O que tu querias, já eu entendi. De mim te aproveitaste, Enricaste à minha custa. Poderei agora entrar, Sr. Anjo? Anjo: Que trazeis contigo? Mulher: Um caderninho para as ideias de vídeos, meu computador e um carregador. Posso levá-los comigo ,Senhor? Anjo: Sê bem-vinda ,Beatriz! (A mulher entra na barca.) ( O Anjo diz para o Homem.) Anjo: Aqui tu não tens lugar. Podes ir, toca a andar! Homem: Ó Diabo, Afinal, sempre aqui embarco Eles não me querem ali. E para me traíres nem hesitaste. ( Diz o Homem aproximando-se da Barca do Diabo.) Diabo: Coitado de ti! Homem: Podias tu ter-me ajudado! Até podias ter estado calado! Diabo: E tu podias bem teres comportado. Mas agora entra! Eu não tenho tempo a perder. Se viveste Santa Vida, Agora vais sofrer! ( O Homem entra na barca.)

Ana Diegas


Cena do Bombeiro Um bombeiro de farda e capacete caminha calmamente. Sujo de pó e de terra , os olhos vermelhos do fumo do fogo que o matara. Dirigindo -se à Barca do Diabo pergunta: Bombeiro- Bom dia, meu senhor, será que me poderia dizer, onde me encontro? Diabo- Ora, meu caro amigo, bombeiro, no cais das almas perdidas estás podes escolher entre uma e a outra mas a melhor é com certeza a do Satanás Bombeiro- Muito obrigado! Tem uma Barca muito bem apetrechada e de luxo. Diabo- Quanto mais brilho tiver, mais almas atraio para mim. O Bombeiro, perante tal afirmação, recua e volta-se para a Barca do Anjo. Nesse mesmo instante, o Diabo sente-se traído. Diabo- Então é assim? Embora vai sem mais nada perguntar? Não crê saber, para onde esta barca irá passear? Bombeiro- Porque lhe perguntaria eu tal coisa? intenções não tenho de nela entrar. uma barca de melhor agrado, além avisto! Amor, paz e alegria espalha pelo ar! Diabo- Mas apenas a minha belíssima barca estas luxúrias todas tem grande dimensão apresenta para te levar até mais além aquela acolá riquezas não mostra se comigo vieres, sentir-te-ás como ninguém.


Bombeiro- joias não me interessam Extravagâncias também não naquela Barca conforto há pra aquecer o meu coração O Bombeiro dirige-se à Barca do Anjo. O Anjo sorri! Anjo- Olá, bondoso homem! À tua espera estava eu Ao saber da tua condição Em terra, esperam-te no Céu. Bombeiro- À minha espera? Anjo- Pessoa de bom coração, a salvar vidas te dedicaste noites longas e dias duros por vários infernos passaste A tua dedicação ao próximo Foi de um verdadeiro campeão Entra, um lugar tenho aqui Nesta Barca da Salvação. Em breve partiremos Para um maravilhoso lugar Assim como todos os que o Bem fizerem O Paraíso merecem ganhar. Bombeiro- Agradeço o seu convite generosidade e reconhecimento O Bem na Terra sempre foi visível No auxílio dado a muita gente. O Bombeiro entrou na Barca do Anjo, em direção ao Paraíso. Lara Pereira


Cena de um Presidente da câmara Chega ao Cais um presidente de Câmara com um saco cheio de dinheiro Presidente – Para onde vai, barca tão singela? Anjo – Ora, bom dia, senhor presidente! O que o traz por cá? Presidente – Esta barca de longe eu vi De cores calmas e perfeita como lugar de sonho para mi! Anjo –Lugar de sonho para ti? Logo tu, que fortunas ao bolso meteste das quais nenhuma te pertencia. Para teres perdão, já é hora tardia. Presidente – Eu? Eu, desta terra sou o defensor Num trabalho em prol do cidadão Numa partilha de paz e amor A todos, fracos e fortes eu dei a mão. Anjo – Tu , defensor? Só se for da tua pessoa! Deixa-me rir de tamanha parvoíce dos outros não queres saber, mas, sim, da tua vida rica na velhice! O presidente vira costas ao Anjo e avista outra barca, mas desta vez diferente. Diabo – A que se deve esta honra? Presidente – Acreditas que o Anjo o meu nome difamou? Corrupto e ladrão a uma vasta lista juntou! Presidente - Uma angariação de fundos fundei para ajudar os mais necessitados casas e hospitais mandei construir para os da guerra aleijados


Anjo – Da qual desviaste um dinheirão? Presidente - Foi só uma vez que meti a mão Pois o lucro era exorbitante A minha casa de um arranjo precisava Para eu viver comodamente. O Diabo – Penso que tenha muita razão De outro modo, aqui não vinhas não Entra, entra, meu fiel amigo e parente uma longa viagem tens tu pela frente. Presidente – Eu aqui não hei de embarcar Nesta Barca infernal Tudo o que na Terra fiz Foi pra bem de todos , não pro mal. Diabo – Aqui é o teu lugar, porque não hás de tu entrar? Envolvido estiveste em processos judiciais, E em negócios imobiliários fraudulentos Acusado foste de corrupção e de crimes Que ao todo foram quinhentos. Presidente – Sempre estive com o meu povo, sempre o ouvi e o ajudei, tudo foi feito por mim e d`acordo com lei. Diabo - Sempre o ajudaste? não digas disparates, entra logo sem demora já vai sendo a hora.

O Presidente aceitou a sentença e partiu na Barca do Diabo. Beatriz e Margarida


Cena de O Juiz O juiz chega ao cais e dirige-se à Barca do Anjo: Juiz-Ora, muito boa tarde, Anjo celestial esta barca para o paraíso vai 0u para o reino do senhor do mal? Anjo-Para o Éden, onde há vida e alegria Onde não há dor, nem doença Onde não entram os da tua categoria. Juiz-Porque diz isso, senhor barqueiro? Anjo-Foste corrupto, mas com isso não te importaste tu, Agora, que a alma não tens limpa Vais para a terra de Berzebu Juiz- Corrupto? Eu? Nem pensar Não me ofendas com tal acusação De todos os males a minha cidade protegi Defendi os pobres e aos ricos dei a mão. Anjo-Como se eu não soubesse que não está a dizer a verdade. Vá até outra barca, porque aqui não entra tanta maldade.


O Juiz dirige-se à barca do diabo Juiz-Já imagino para onde esta barca irá, será que nela terei de embarcar? Pois o Anjo aqui me mandou. Não sei se de mim troçar.

Diabo- Meu caro, isso já era de prever afetaste os direitos fundamentais dos cidadãos acusaste pobres pessoas inocentes não tendo por elas um mínimo de compaixão Juiz-Eu sempre pautei a minha vida pela justiça e pela razão Para muitos pobres ladrões poder livrar da prisão. Diabo- Pensavas tu que me enganavas meu querido juiz, meu subalterno Entra depressa na minha barca Levar-te-ei aos confins do Inferno.

Juiz-Estou tramado! Se assim decidiste….lá terá de ser.

Diogo e José Manuel


Formulário-auto da barca do inferno (office.com)

Gustavo


https://create.kahoot.it/share/aderecos-e-inspiracoes-sobre-a -auto-da-barca-do-inferno/ac69a277-5a0b-4519-8644-4ed31585e01 4 Patrick Pestana

https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=uFM0nf--y0 WoT-Edr0gCxgAUdHzpe-RBtxQLP90pfJZUQUo0TDhBQkJOSDFPRk1UVTNHMlMx OU5TUC4u

Patrick Pestana


FIM


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