mercado de ferro de Fortaleza
Em qualquer país ou cidade do mundo, a compreensão de sua civilização e sua formação enquanto sociedade, dada pelo compartilhamento de relações e na emergência de suas propriedades, o Mercado de Ferro seria tratado com um respeito completamente diferente do encontrado nestas plagas. Seria um monumento, um patrimônio, e antes de tudo, um equipamento central na efervecência cultural da cidade. Este Mercado é um raro exemplar da arquitetura de ferro mundial. Poucas cidades se dão ao luxo de possuir um edifício como este e, as que o possuem, o preservam e o mantém como a uma jóia preciosa. Contudo, o que acontece em Fortaleza é a consolidação de uma mutilação decorrente de uma época de menor racionalidade, em nome de uma muito recente identificação incapaz de garantirlhe a integridade física, quanto mais o devido reconhecimento. Mercado de Ferro em sua localização e conformação originais
Os exemplos a seguir tratam de cidades mais antigas que Fortaleza e que demonstram o respeito por suas edificações que são semelhantes ao Mercado de Ferro tanto por sua época de fabricação quanto por seus sistemas construtivos.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
Devido ao fato de Fortaleza ter uma história relativamente recente - se comparado com os países europeus - e pelo desenvolvimento desta história não ter se dado pelo dinheiro de abonados empreendedores fabris e sim por simples comerciantes - a cidade acabou por possuir edifícios de arquitetura menos efusiva - também em comparação com a tão rica história da arte européia - gerando um certo preconceito por parte de seus próprios habitantes. Um sentimento, talvez, como uma “alma de vira-lata”, utilizando o termo cunhado por Nelson Rodrigues, em que se respeita a história e o patrimônio de outros locais e despreza-se o próprio. Porém, tal relativa juventude deve ser vista no sentido contrário ao apresentado. Uma cidade nova tem o privilégio de ainda não ter perdido a memória de seus primórdios, podendo e devendo conservar sua história com mais fidelidade, no intuito de se perpetuar até as futuras gerações. Ora, 1880 é recente em relação à Roma, porém, em relação à Fortaleza, estamos à época de sua consolidação enquanto urbe.
setor/// COORDENAÇÃO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL | coordenador/// ALÊNIO CARLOS | autores/// JOÃO LUCAS VIEIRA
O respeito pela história é dever inerente à cultura de qualquer sociedade e serve não somente como sinalizador de “onde viemos”, mas também como balizador de “para onde vamos”. Os marcos na história ajudam a quantificar e qualificar sua evolução e servem de referência para que se situe temporalmente a cidade independentemente de sua idade.
mercado dedeferro Fortaleza
introdução
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Inaugura-se o edifício no natal do ano 1916, com grande aceitação da sociedade da época. A partir da necessidade de restauração, devido ao estado em que se encontrava, unido à necessidade de estacionamentos para carros na região e com o intuito de adaptar o mercado às necessidades atuais, pois o antigo mercado praticamente deixou de funcionar, devido à aparição de novas galerias de alimentação no bairro e nos centros comerciais, chegou-se à proposta geral de restauração do edifício, com a criação de três andares de estacionamento no subsolo e uma galeria comercial semi-enterrada, deixando para uma segunda fase a reabilitação do próprio mercado enquanto espaço comercial. Atualmente, o projeto de reabilitação criou um elegante e sensível marco onde se pode apreciar o monumento a partir de um entorno moderno e cômodo no qual a vanguarda atual une-se ao Modernismo do passado. O projeto contemporâneo serve como um elegante contraponto ao edifício histórico e deixa o protagonismo do monumento intacto, criando-se um espaço onde se permite relaxar, ver e escutar com qualidade de vida as atrações do centro da cidade. Este projeto foi ganhador do prêmio “Europa Nostra”, como patrimônio cultural europeu em 2003, na categoria “obras de restauração”.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
O Mercado de Colón se situa na primeira expansão da cidade de Valência, e fica entre as ruas Cirilo Amorós, Conde Salvatierra, Marténez Ferrando e Jorge Juan. Encrava-se no no núcleo de uma das zonas de maior atividade comercial da cidade e se constitui atualmente o centro vital da cidade de Valência. Foi resposta para a necessidade de um mercado para o abastecimento daquela área, que estava em crescimento. Então, a partir do projeto do arquiteto D. Francisco Mora, que, influenciado pelas correntes modernistas catalãs de Doménech i Montaner, Puig e Cadafalch, etc, projeta um grande espaço longitudinal de três naves de treliças metálicas, fechando seus extremos com duas portadas de tijolo e pedra, como se fosse um arco do triunfo, com grande ornamentação e policromia, arrodeando o conjunto com um fechamento formado por uma base de pedra arrematada por um artístico portão.
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Mercado de Colón em seus primórdios
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MERCADO DE COLÓN Valência, Espanha
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Mercado de Colón após as obras de restauro e requalificação
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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mercado dedeferro Fortaleza 03|21
Entrada do mercado San Miguel
Comidinhas do mercado
O Mercado de San Miguel é um lugar histórico e monumental, carregado de reminiscências literárias. Localizado no coração de Madri antiga, está na zona de maior personalidade da cidade e de maior oferta comercial, cultura e lazer. Agora escreve nova página de sua história com o objetivo de aglutinar os melhores comerciantes, profissionais, espertos e entusiastas de suas respectivas especialidades. São aqueles cuja oferta justifica o deslocamento até o centro de Madri, mas sem abandonar sua vocação de mercado tradicional enfocado nas compras diárias. Uma oferta vinculada à qualidade, ao frescor e à temporalidade dos alimentos, respondendo ao recente interesse pela Gastronomia que se converteu em um autêntico feito cultural. O Mercado de San Miguel pretende chegar a ser um Centro de Cultura Culinária,onde o protagonista é o produto e onde tenham presença ativa todos os grandes feitos e acontecimentos do universo da alimentação. Um lugar de encontro, dirigido ao cliente, ao profissional, ao gourmet, ao que busca informação. Um lugar onde, além de fazer compras cotidianas, se possa participar em atividades, degustar o que se vai levar para casa ou, simplesmente, passear e tomar algo. Um mercado tradicional com as vantagens dos novos tempos.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
O mercado é formado por um andar térreo com estrutura metálica de suportes de ferro fundido e um sótão para armazéns.
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O mercado de San Miguel é o único mercado de ferro em Madri que chegou a nossos dias, já que desapareceram os formidáveis exemplos de La Cebada e de Los Mostenses. É considerado Bem de Interesse Cultural, na categoria Monumento. Situa-se na praça de San Miguel com suas fachadas voltadas para praça Conde de Miranda e para a Cava de San Miguel. Sua construção, sob a direção de Alfonso Dubí y Díez, concluiu-se em 1916.
mercado dedeferro Fortaleza
MERCADO DE SAN MIGUEL Madri, Espanha
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Interior do Mercado San Miguel em toda sua efervecência
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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mercado dedeferro Fortaleza 05|21
vista interna mostrando o detalhe da estrutura metálica
Em 1540, após o rompimento com a Igreja Católica, o Rei Henrique VIII dissolveu as propriedades monásticas do país e grande parte das terras da Abadia de “Covent Garden” foi concedida a John Russell - o 1 o Conde de Bedford, e as terras permaneceram com a família até 1918. Em 1547, o Rei Edward VI concedeu o restante das terras de “Covent Garden” a Edward Seymour, duque de Somerset. Que depois foi decapitado por traição e as terras ficaram para a 4a geração do Conde de Bedford, que em 1630, contrataram o arquiteto Inigo Jones para urbanizar a área e construir habitações para “gentlemans”. Inigo inspirou-se nas grandes “Piazzas” e edifícios Italianos e contruiu a “Piazza de Covent Garden”, a primeira quadra aberta de Londres. A região tornou-se uma área de entretenimento, onde artistas se apresentavam e a boemia se reunia, atraindo artistas, poetas e escritores. Em 1650, foi levado o abacaxi para “Covent Garden” e este tornou-se o primeiro produto a ser cultivado e comercializado com regularidade pelos próximos 250 anos, tornando-se símbolo da região, sendo utilizado pelos arquitetos que construíam no local como simbólico item decorativo.
Apple Market com sua venda de artesanatos dentro do mercado
Em 1666, um violento incêndio destruiu o mercado rival de “Covent Garden” e este tornou-se o principal mercado de frutas e verduras de Londres, comercializando com todo o mundo através do rio Tamisa.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
A área do “Convent Garden Market” foi ocupada desde o século I d.c., pelos romanos, quando Londres ainda se chamava Londinium. No século VII passou a ser um porto Saxão, que foi abandonado após as invasões Vikings, no século IX. A denominação “Convent Garden” vêm do período do reinado do Rei John, no século XIII, quando a área, de 40 acres, servia de jardim de cozinha do Convento de St. Peter at Westminster. Durante os sete séculos seguintes a região tornou-se a maior produtora de frutas e verduras frescas de Londres, tornando-se conhecida por isso.
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É possível exemplificar a retomada de utilização de áreas históricas e sub-utilizadas, com o fomento do uso através da participação de artistas eruditos e populares, que geram um atrativo especial para a população, mostrando que o processo pode ser feito de forma gradual, a partir do interesse coletivo, numa formação ascendente, guiada pelo uso e pelas apropriações.
mercado dedeferro Fortaleza
COVENT GARDEN Londres, Inglaterra
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Dentre os atrativos do Covent Garden Market, existe uma programação cultural anual entre música clássica, teatro, balé, ópera, artistas de rua, bares, lojas e restaurantes que potencializam o sucesso do local como pólo atrativo de pessoas, gerando sua total revitalização e re-inserção no cotidiano londrino.
Músicos de apresentando no interior do mercado
Artistas de rua se apresentando na praça em frente aos pavilhões metálicos
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
Em 1973, iniciou-se o restauro do edifício principal do mercado. Em 1980, foi reaberto como o primeiro centro de compras especializado da Europa.
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Durante esse período, a área foi se tornando zona de prostituição e jogos. Em 1974, os comerciantes foram removidos para outra região e o local ficou abandonado. Houveram projetos de reabilitação, em que se construiriam edifícios novos e se alargariam as vias principais, mas a comoção pública conseguiu salvar uma lista de 250 edifícios históricos.
mercado dedeferro Fortaleza
07|21 Em 1918, após o final da primeira grande guerra, o mercado foi passado para “Covent Garden State Company”.
A construção levou mais de dois anos, extrapolando o prazo estipulado para o empreiteiro José Augusto de Araújo. O custo também foi onerado pelas modificações introduzidas por Vauthier, para adequar o empreendimento ao clima tropical: 390:315$136 (trezentos e noventa milhões, trezentos e quinze mil, centro e trinta e seis contos de réis), quase cinco milhões de réis além do orçamento fixado pela Câmara.
Vista para o interior do mercado mostrando sua coberta em telha cerâmica
O mercado de São José ocupa uma área coberta de 3.541 metros quatrados. Mede 48,88 m de frente por 75,44 m de fundo. O prédio é formado por dois pavilhões, com 377 compartimentos de diversos produtos; 27 pedras de peixe; 34 barracas internas – para vender comidas e caldo de cana – e outras 70 espalhadas pela calçada do pátio. Atualmente, são 545 boxes no total. Artesanato em barro, corda e palha fazem do mercado polo de atração turística. É, também, ponto tradicional do comércio de pescado. Semanalmente são vendidos ali, cerca de 1,3 toneladas de peixe e 400 kg de crustáceos. Em 1787, o local onde está instalado, na Praça Dom Vital ou Praça do Mercado, no Bairro de São José, chamava-se Ribeira de São José. Ali se mantinha um pequeno comércio de verduras e frutas. Em 1817, o local era descrito assim: “Um mercado junto de uma igreja, onde são oferecidos montões de raízes de mandioca, bananas, ananases, cajus, mangas e laranjas.” Hoje, o mercado comercializa, além do artesanato variado, de peixes e crustáceos, charque, outras carnes e cereais. Antes de tornar-se Ribeira de São José, o local era denominado Terreno dos Coqueiros, depois Ribeira dos Peixes. Pertencia a Belchior Alves Camelo e à sua mulher, Joana Bezerra, que os doou, por escritura lavrada em 16 de abril de 1655, aos padres capuchinhos.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
A arquitetura em ferro é típica do século XIX. A inspiração veio do mercado público de Grenelle, em Paris. O projeto, elaborado por encomenda da Câmara Municipal do Recife, provavelmente é de Victor Lenthier, engenheiro da casa, à época. O detalhamento ficou a cargo do engenheiro Louis Léger Vauthier, contratado também para acompanhar a execução das estruturas de metal na França. A inauguração se deu às 11 horas do dia 7 de setembro de 1875, uma quinta-feira. É um dos monumentos pernambucanos, reconhecido e tombado pelo Patrimônio Histórico.
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Vitral da entrada principal do Mercado São José
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MERCADO DE SÃO JOSÉ Recife, Brasil
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Vista do exterior do mercado
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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mercado dedeferro Fortaleza
09|21 Ao longo de mais de 125 anos de história, o Mercado de São José sofreu várias reformas. A primeira delas, em 1906, levou dez meses. Em 1941, foram substituídas as venezianas de madeira e vidro por combogós de cimento, mais duráveis. Em novembro de 1989, um incêndio destruiu parte do mercado, danificando-lhe a estrutura. A reconstrução somente veio a ocorrer quatro anos mais tarde. A obra durou um ano e, em 12 de março de 1994, ele foi reinaugurado com grande festa. Em 1998, o mercado foi novamente restaurado.
De um lado, temos a intenção do poder municipal em implantar um novo uso para o Mercado da Aerolândia, o que enseja, além do restauro do mesmo (com seu consequente desmonte), oportunidade para uma reflexão a respeito das demandas da comunidade e sobre os processos que levaram o edifício ao estado de ruína no qual se encontra. Além disso, uma vez encontrando-se fora da zona de influência de um bem tombado, o novo equipamento proposto ganharia muito em liberdade de desenvolvimento, podendo inclusive ser o carro chefe de uma proposta maior para a comunidade da Aerolândia, que responderia à carências econômicas, educacionais e/ou sociais identificadas na área. De outro lado, além do suporte histórico que nos mostra que os fatos marcantes para o edifício datam de antes de sua amputação, temos manifesta claramente na instrução de tombamento da metade dos Pinhões a solicitação de que estudos devem ser elaborados no sentido de verificar a possibilidade de junção das estruturas hoje desmembradas. Por último, muito embora tenha sido concebido como um edifício de partes intercambiáveis, com eixos de simetria que poderiam proporcionar uma facilidade em sua montagem, expansão e divisão, o antigo Mercado de Ferro de Fortaleza foi concebido como um edifício único e sua harmonia arquitetônica se denigre com a divisão sofrida. Isto pode ser facilmente observado quando investimos atenção na observação da não tão bem sucedida simetria que se conseguiu alcançar nos Pinhões. Nesta metade, encontramos diferenças significativas entre as fachadas norte e sul, resultando em adaptações improvisadas que para além de enfeiar tão belo exemplar da arquitetura de ferro, faz-se esvair sua originalidade e o retalha ainda mais.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
O projeto aqui apresentado surge através de uma conjunção de fatores que, se bem aproveitados e articulados, podem render frutos incomensuráveis para o engrandecimento da cidade.
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Diferenças encontradas entre as fachadas norte e sul. Acima, norte: adaptação. Abaixo, sul: montagem correta
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projeto MERCADOFortaleza, DE FERRO Ceará
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Erros de encaixe e adaptações feitas na estrutura original para compensar o desmonte
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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Implantação da metade da Aerolândia
Assim sendo, optamos por utilizar a área do atual Mercado dos Pinhões para a implantação do que denominamos “Mercado de Ferro de Fortaleza”, com o transporte e montagem do pavilhão da Aerolândia, retomando seu corpo original. Para viabilizar tal implantação, seria necessária a desapropriação de pequena parte de um dos terrenos identificados como vazios urbanos, trasladando o pavilhão dos Pinhões um pouco mais para o oeste, próximo à rua Gonçalves Ledo, onde se procederia a junção. Tal traslado, para além de viabilizar a implantação, faz referência à proporção que o antigo Mercado Público guardava em relação à rua Floriano Peixoto, onde se situava.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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Na metade dos pinhões, entretanto, encontramos um pavilhão melhor conservado, que passou por uma obra de restauro em 1998. É implantado em uma praça (Visconde de Pelotas) e guarda considerável distância para as edificações circunvizinhas, o que lhe garantiria imponência, não fosse o fato de quase toda a área da praça ter sido asfaltada e transformada em circulação de veículos e estacionamento. Entretanto, esta implantação aliada à presença de vazios urbanos nos terrenos lindeiros abre um leque de possibilidades e potencialidades para o projeto de junção. Além do mais, é fato notório que nos Pinhões temos uma situação de uso muito mais consolidada, onde as atividades de mercado convivem com eventos culturais promovidos pela própria prefeitura, além da feira de frutas, legumes e verduras que acontece ao seu redor, atividades essas que muito se beneficiariam com esta proposta de “expansão”.
mercado dedeferro Fortaleza
12|21 Partindo do desejo de unir os irmãos um dia apartados, procedeu-se uma análise dos sítios onde se encontram. Na metade da Aerolândia, podemos perceber uma situação urbana frágil, onde o mercado encontra-se implantado à beira de uma rodovia federal com intenso tráfego de veículos, em um bairro com pouca infraestrutura e de difícil acesso. O mercado é implantado em uma praça onde também se localiza uma quadra poliesportiva (equipamento público que não se repete no bairro), sendo ladeado por uma densa ocupação. Não temos nesse caso uma condição favorável à junção dos pavilhões. De todo modo, é questioável o sentimento de identificação do bairro para com a edificação, haja vista que, após o desmonte e retirada, em 1938, da praça Carolina (praça dos correios), a metade em questão foi primeiramente locada na praça São Sebastião, cedendo lugar em 1968 para um mercado de mesmo nome e indo parar no bairro da Aerolândia. Desta data para cá, apenas podemos observar sua degradação e perda de originalidade, levantando a questão de se o apego da população local à edificação provém de seu caráter histórico ou do fato de o mesmo ser um dos únicos equipamentos públicos de porte e importância suficientes para ser uma âncora de investimentos municipais, o que deve ser investigado mais a fundo.
praça Visconde de Pelotas
mercado dedeferro Fortaleza
rua tenente benévolo
rua pereira filgueiras
Mercado dos Pinhões Vazio urbano
Poligonal de entorno do tombamento Vazio urbano a ser desapropriado
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rua joão cordeiro
rua gonçalves ledo
rua nogueira acioli
rua dom joaquim
situação atual
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Nova praça Visconde de Pelotas Nova implantação para os pavilhões (Mercado de Ferro) Zona de estar com mesas sombreadas por pérgulas Mural com jardim vertical e arte urbana Bicicletário
rua gonçalves ledo
rua nogueira acioli
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Área para piqueniques Passagem elevada para pedestres Estacionamentos paralelos à via Ciclovia Zona de estar com bancos sombreados por vegetação
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situação proposta
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mercado dedeferro Fortaleza
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É criada ainda uma via de circulação de veículos automotores junto às casas da face sul da praça, que além de servir como via de serviço (facilitando cargas e descargas ao Mercado), facilitando o escoamento e a circulação dos que trafegam pelas ruas Nogueira Acioly e Gonçalves Ledo, fornecendo-lhes também algumas vagas de estacionamento. Esta via, assim como trechos das outras supracitadas, formariam uma grande passagem elevada, no mesmo nível da praça, privilegiando modos não motorizados de circulação. Gonçalves Ledo e Nogueira Acioly poderiam contar, ainda, com um alargamento e arborização de suas calçadas, prospecção em busca de pavimentações antigas e implantação de ciclovias, estas últimas a serem integradas com as que já foram propostas para a avenida Monsenhor Tabosa e imediações. Para a vizinhança,em especial para as edificações voltadas para a praça,sugere-se um tratamento das fachadas, que deve incluir estudos e prospecções afim de descobrir e recuperar alguns exemplares que ainda guardem feições de originalidade. Especial atenção deve ser dada ao anexo do Mercado, edificação construída junto à face sul da praça Visconde de Pelotas e que apresenta uma tentativa pueril de inspiração nas linhas do pavilhão metálico, compondo um arremedo em alvenaria que resulta em poluição visual inaceitável.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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Ao lado do Mercado, junto ao restante dos terrenos vazios, é criada uma outra zona de estar, desta vez sombreada por pérgulas metálicas e equipadas com bancos e mesas em diversos arranjos, que deve servir de apoio a futuras atividades desenvolvidas no edifício (como a venda de “comidinhas”, a exemplo do que se faz no Mercado de San Miguel). Por estar situada junto a um muro de divisa de terreno (que provavelmente subirá alto e cego), sugere-se a implantação de um grande mural de arte urbana entremeado por jardins verticais. Ainda junto a esta área sugere-se localizar o estacionamento de bicicletas e uma zona para piqueniques.
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15|21 Pelo outro lado, ganhamos a condição de legitimar a condição de praça que foi esquecida e enterrada sob asfalto, descortinando um espaço capaz de abrigar não só a feira-livre existente, mas podendo expandi-la, agregando também a venda de discos, livros, antiguidades e tudo o que for interessante. Também se possibilita a realização de eventos culturais ainda maiores, que podem utilizar tanto a área livre da praça como o plator criado à frente do Mercado, em que o mesmo possa atuar tanto como pano de fundo, quanto como parte da platéia. A praça criada, tem ainda como objetivo equilibrar condicionantes um tanto díspares: ao mesmo tempo que procura se mostrar como uma esplanada em referência ao Mercado de Ferro, necessita proteger os usuários da insolação direta, permitindo seu uso durante todo o dia. Opta-se, então, por uma distribuição da vegetação num decrescente de densidade, diminuindo à medida em que se aproxima do Mercado e se afasta da rua Nogueira Acioly, criando uma promenade que se traduz no descortinamento progressivo do patrimônio para quem por ali circula, ladeada por zonas de estar dinâmicas e fluidas.
+ EUGÊNIO MOREIRA + TIAGO SOUZA | data/// AGOSTO 2013
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A proposta aqui apresentada visa estudar a viabilidade da junção das duas metades do antigo Mercado de Ferro de Fortaleza, recompondo uma edificação de caráter ímpar e importância inegável, tratando-a com o devido respeito. Para tanto, foram estudados aspectos referentes à sua implantação e a equipamentos e funções a serem distribuídos em seu espaço circundante. Aspectos relativos ao projeto de restauro em si são aqui representados de maneira esquemática, haja vista a complexidade que o tema apresenta, sendo observadas uma série de incongruências entre o que se pode encontrar na iconografia antiga e o que se observa na atual montagem dos pavilhões. Tais aspectos merecem pesquisas mais aprofundadas e que já foram iniciadas por esta secretaria, podendo ser apresentadas em estudo posterior.