O MANIFESTO e-SKILLS Introdução especial por: Don Tapscott, Autor de Wikinomics
Com a participação de figuras de renome das esferas do governo, educação, política, investigação e indústria
O MANIFESTO e-SKILLS Introdução especial por: Don Tapscott, Autor de Wikinomics
Com a participação de figuras de renome das esferas do governo, educação, política, investigação e indústria
PR E Â MBULO Apesar da atual turbulência económica e financeira, a transição para uma economia digital baseada no conhecimento e impulsionada pela inovação está em franca aceleração. A capacidade das empresas europeias para competir e inovar está a tornar-se cada vez mais dependente da utilização estratégica e eficaz das novas tecnologias da informação e da comunicação. Esta nova revolução industrial coloca os profissionais altamente qualificados e conhecedores das TIC numa posição de vantagem, deixando as pessoas que possuem qualificações insuficientes e inadequadas ainda mais vulneráveis. À medida que emergem no mundo poderosos concorrentes e mercados, a indústria está cada vez mais a procurar talentos e recursos onde estes se encontram disponíveis; as competências digitais são cruciais para a competitividade da Europa enquanto região. A crise revelou graves vulnerabilidades nas nossas economias e mercados de trabalho. Num momento em que a taxa de desemprego excede 10%, continuamos a não produzir profissionais detentores de competências digitais em número suficiente. Ilustrando esta ideia, o número de diplomados em TIC aumentou a um ritmo constante até 2005, mas tem decrescido desde então e a percentagem de estudantes femininas continua a ser desesperadamente baixa. Os dirigentes empresariais advertem que podemos enfrentar agudos défices de competitividade e inovação que obstarão ao crescimento a longo prazo. Não só precisamos de profissionais de TIC, mas também de líderes, gestores e empreendedores com competências digitais em todas as profissões e em todos os setores. A Europa permanece numa boa posição para enfrentar os desafios futuros. A Comissão Europeia propôs uma estratégia a longo prazo em matéria de competências digitais e uma Agenda Digital com vista a criar as condições que têm de ser reunidas para explorar o potencial das TIC. Os progressos realizados têm sido positivos mas não são suficientes: precisamos de acelerar e intensificar os nossos esforços. Perante os níveis de desemprego sem precedentes e as previsões de uma conjuntura económica sombria, a Comissão Europeia apresentará novas propostas para uma nova política industrial que impulsione o crescimento em 2012. Este Manifesto contém muitas ideias importantes de dirigentes cruciais nas esferas do governo, da educação, da política, da investigação e da indústria. Reflete as principais componentes do desafio das competências digitais para a Europa e oferece conselhos extremamente úteis sobre o que necessita de ser feito. Sinto-me profundamente grato para com eles por partilharem o seu saber, experiência e energia ao contribuírem para uma visão comum e um plano de ação. O Manifesto é uma chamada à ação da parte de todos nós.
Antonio Tajani
Vice-Presidente da Comissão Europeia Responsável pela Indústria e Empreendedorismo PREÂMBULO
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IN TRODUÇÃO Criação de capacidade digital na Europa Por Don Tapscott A Europa encontra-se num momento crítico. Os desafios da dívida soberana, o desemprego entre os jovens, o mal-estar económico, a agitação social, a falta de inovação, a paralisia institucional e outros problemas estão todos relacionados. Não apenas na Europa, mas em todo o mundo, a economia industrial e muitas das suas instituições começam a malograr. Vemos indústrias em crise, governos incapazes de agir, pedras basilares da comunicação social, como os jornais, em declínio, serviços financeiros instáveis e sistemas de transporte e instituições para a cooperação global e resolução de problemas em dificuldades. Temos de repensar e reconstruir muitas das organizações e instituições que nos prestaram bons serviços durante décadas, mas que chegaram agora ao fim dos seus ciclos de vida. Ao mesmo tempo, os contornos de novas empresas, indústrias e de uma nova civilização estão a tornar-se claros. A sociedade tem agora a plataforma mais poderosa de sempre para reunir as pessoas, as competências e os conhecimentos necessários para assegurar o crescimento, o desenvolvimento social e um mundo justo e sustentável. Mercê da revolução digital, os velhos modelos industriais estão a transformar-se radicalmente e abundam novas possibilidades. A internet está a evoluir rapidamente para se tornar um meio cada vez mais poderoso de comunicação e um motor crucial da inovação e da criação de riqueza que faz descer dramaticamente os custos de colaboração e, como tal, permite mudanças profundas na forma como orquestramos a capacidade da sociedade para inovar, para produzir bens, serviços e riqueza e até para criar valor público. Tão aceleradas como o ritmo da mudança são as suas consequências. A revolução digital traz consigo a promessa de transformar as nossas economias e sociedades no sentido da prosperidade, do desenvolvimento social e da estabilidade. As empresas e as comunidades estão a cooperar de novas formas em termos de preocupações, esforços e desafios comuns. As pessoas em todo o lado estão a colaborar como nunca até aqui para reinventar as nossas instituições e sustentar o nosso planeta, a nossa saúde e a nossa existência. Da educação e da ciência a novas abordagens ao envolvimento dos cidadãos e à democracia, estão em curso novas e vibrantes
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O Manifesto e-Skills
iniciativas, que incorporam um novo conjunto de princípios para o século XXI - colaboração, transparência, partilha, interdependência e integridade. Mas há um problema sério. Existe, em toda a Europa, um fosso crescente de capacidades digitais entre as exigências da transformação digital, por um lado, e as competências, saberes e capacidades da força de trabalho, por outro. Como sublinha o Manifesto e-Skills, apesar dos níveis médios de desemprego de 22% entre os jovens europeus, os empregadores invocam regularmente que são incapazes de preencher postos de trabalho vagos que exigem competências técnicas e científicas. Este défice tornar-se-á mais agudo. Um estudo recente pan-europeu da London School of Economics (LSE) indica que existe uma escassez de competências grave entre os jovens da Europa, apesar da visão popular de que eles são “nativos digitais”. Além disso, a LSE afirma que o progresso na aquisição de competências digitais entre a população estagnou nos últimos anos. O conceituado Relatório Livingstone-Hope, publicado no Reino Unido, é consentâneo com este ponto de vista, confirmando que os currículos escolares não refletem nem compreendem as necessidades da indústria. Por exemplo, as escolas oferecem competências básicas, como processamento de texto, ao invés dos conhecimentos mais profundos, mais críticos e mais necessários sobre a vasta gama de ferramentas tecnológicas, sobre informática e sobre programação. Os dados mais recentes do Eurostat, publicados em 2009, indicam que, nos vinte e sete Estados-Membros da União Europeia, apenas 14,3 pessoas em mil, na faixa etária dos 20 aos 29 anos, estão a estudar disciplinas científicas e técnicas no primeiro nível do ensino superior. Estamos perante um paradoxo: os jovens são utilizadores particularmente empenhados das TIC; os indivíduos entre os 16 e os 24 anos usam a internet entre cinco e sete vezes por semana. Apesar disso, menos de 30% dos rapazes e 15% das raparigas planeiam seguir estudos relacionados com as TIC a nível superior. O divórcio com as áreas científicas e técnicas começa a partir do final do 1.º ciclo do Ensino Básico e no 2.º ciclo do Ensino Básico. Tem impacto sobre a oferta subsequente de jovens talentos que ingressam no ensino superior nesta área e, posteriormente, no nível de competências digitais disponíveis no mercado de trabalho. É necessário estabelecer metas e introduzir mudanças ambiciosas em todo o sistema de ensino para atender às necessidades dos jovens europeus, de modo a influenciar positivamente a perceção e, em consequência, a motivação e o sucesso em matérias científicas e técnicas na vida académica, e a prepará-los melhor para a vida profissional mais tarde.
INTRODUÇÃO
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O défice de capacidades digitais é um problema épico Trata-se de um problema de proporções épicas, porque a literacia, as capacidades e as competências tecnológicas são essenciais para todas as indústrias. A globalização e a revolução digital estão a transformar radicalmente os velhos modelos de inovação, produção, distribuição e praticamente de todas as outras atividades económicas da era industrial. Como venho escrevendo há muitos anos, as empresas que se transformam através da tecnologia são mais inovadoras porque os modelos de talento em rede registam melhores desempenhos. Têm melhores relações com os clientes, pois os media sociais trazem os clientes ao interior das fronteiras de uma rede de negócios. A internet, a mobilidade e o crescimento dos chamados “grandes volumes de dados” e da próxima geração da análise de dados permitem que as empresas incrementem o seu desempenho e ganhem vantagem competitiva. O resultado é que, por razão da falta de conhecimento e de competências digitais necessárias entre a força de trabalho, as empresas, os governos e outras instituições na Europa estão a ficar para trás. Mas constata-se um outro problema - o desemprego entre os jovens, estimado em mais de 22% na Europa. Este número tem vindo a aumentar consistentemente nos últimos 10 anos. Na Grécia e em Espanha, o desemprego entre os jovens escalou para perto de 50%. Muitas pessoas atribuem a responsabilidade à tecnologia, mas não é este o caso. A última onda tecnológica consistiu na automatização - em geral, com o objetivo de reduzir custos, mais concretamente o número de efetivos. Mas agora, com a maturação da revolução digital, o poder da tecnologia reside em aumentar, e não apenas automatizar, as capacidades humanas. Os computadores tornaram-se ferramentas de comunicação e partilha de informação, conhecimento e inteligência humana. Já não são fundamentalmente instrumentos de automatização. Além disso, no mercado global, são ferramentas para criar empresas e economias competitivas e, consequentemente, novos postos de trabalho. É certo que novas formas de colaboração poderão tornar certos empregos redundantes ou levar as empresas a transformar e a reduzir a sua força de trabalho. Mas existe um argumento mais forte no sentido em que as tecnologias da informação podem ajudar a impulsionar novas empresas em fase de arranque, reforçando as suas capacidades inovadoras, e em que as pequenas empresas em início de atividade são, por seu turno, as criadoras de emprego mais fiáveis. Em 2007, um estudo de referência da Fundação Kauffman nos Estados Unidos revelou que a criação de empregos é principalmente originada pelas novas empresas, ou seja, pelo empreendedorismo: oito milhões dos doze milhões de novos postos de trabalho foram criados por empresas em arranque com menos de cinco
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O Manifesto e-Skills
anos de existência. Os dirigentes governamentais estão a laborar num erro quando esperam que sejam as maiores e mais bem-sucedidas empresas de um país a criar emprego. Pelo contrário, a internet inaugura uma nova era em termos de espírito empresarial e novos projetos de negócios. As pequenas empresas podem ter muitas das mesmas capacidades das grandes empresas, sem as principais responsabilidades: burocracia, cultura de legado, sistemas e velhos métodos de trabalho, todos eles fatores potencialmente impeditivos de inovação. A inovação aberta, onde o talento não tem de se confinar aos limites da instituição, beneficia todas as organizações e os maiores beneficiários podem ser as pequenas empresas. À medida que cada vez mais pequenas empresas exploram a Internet para obter novos recursos, podem ganhar um acesso sem precedentes aos mercados globais anteriormente usufruídos apenas pelas grandes empresas. O setor das TIC tem sido sempre impulsionado pela iniciativa empresarial. Outras indústrias estão cada vez mais a adotar este modelo. Por conseguinte, as competências empresariais e de inovação serão elementos essenciais no futuro das competências digitais. “As competências e o desenvolvimento da força de trabalho são a moeda de troca do futuro económico da Europa”, destaca Jan Muehlfeit da Microsoft e copresidente da Associação Europeia de Competências Digitais. O empreendedorismo cria emprego. Os modelos de colaboração e de negócios em rede facilitam o empreendedorismo competitivo. Estas verdades aplicam-se tanto à indústria das TIC em si, como à economia no seu todo. Mas há um ingrediente que falta. Se quisermos combater o desemprego estrutural, a Europa precisa de políticas governamentais que criem o contexto para que tal seja possível. As oportunidades oferecidas pelas tecnologias são universais e os empresários na Europa enfrentam a competição global. Um empresário na Índia ou na China pode tirar igualmente partido da externalização global, dos conhecimentos especializados internacionais e do acesso aos clientes que utilizam várias e novas plataformas em linha. No entanto, os postos de trabalho, desproporcionalmente, serão criados nos lugares onde a cultura, as instituições e o talento sejam favoráveis à introdução de inovações no mercado. É essencial que a Europa passe para a linha da frente das competências digitais mais valorizadas nesta competição global e que construa uma força de trabalho que inclua empresários e gestores em cujo ADN esteja enraizado um profundo know-how da tecnologia e da cultura da revolução digital. Para fomentar o empreendedorismo e o crescimento do emprego, os governos têm de investir na educação para criar uma força de trabalho detentora de competências digitais avançadas. Têm de evitar o protecionismo e garantir que INTRODUÇÃO
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os mercados globais não se fechem aos empreendedores. Os governos podem incentivar a investigação e desenvolvimento através de incentivos fiscais e de outra natureza e tornar mais fácil o acesso das novas empresas ao capital de risco e ao apoio à comercialização. Os dirigentes de cada país poderiam organizar debates de ideias em matéria digital e lançar desafios para envolver os cidadãos na reflexão sobre formas de promover o empreendedorismo. Para que a Europa crie e retenha empregos no mercado global emergente, os governos têm de deixar de depender das grandes empresas tradicionais e tornar-se paladinos do empreendedorismo. Têm de o fazer nas escolas, na comunicação social e em todas as outras instâncias e oportunidades. Todos os países europeus precisam de uma campanha de “Emprego através do Empreendedorismo Digital”, lançada por parcerias multiparticipadas e centrada na construção de competências digitais e de capacidades para dinamizar a criação e o crescimento de novas empresas. No entanto, na Europa de hoje, mais de 300 milhões de pessoas estão marginalizadas na economia digital. A aquisição de competências digitais poderia aumentar a oferta de trabalhadores qualificados, aumentar as oportunidades de emprego e dar à Europa a injeção de produtividade de que ela tanto necessita. Os trabalhadores devem continuar a desenvolver as competências que já possuem para garantir que permanecem competitivos no complexo e exigente mercado de trabalho do século XXI. Os níveis salariais dos profissionais possuidores de competências digitais são muito mais elevados do que os dos trabalhadores com níveis mais baixos de qualificações. Mas devem ser implementadas estratégias e técnicas de gestão sólidas para garantir que as competências digitais sejam plenamente exploradas a fim de facilitar uma inovação eficaz baseada em TIC e impulsionar a recuperação económica e o crescimento da produtividade. São vários os níveis críticos em que o know-how se torna necessário: • Todos os trabalhadores têm de possuir um certo nível de proficiência, competência e conhecimento sobre as ferramentas do nosso tempo, pois estas estão a tornar-se fundamentais para a execução eficiente de todas as funções profissionais. • Os gestores e os executivos devem, eles próprios, possuir competências digitais. Trata-se de um pré-requisito para compreender de que modo os novos meios podem transformar uma organização com vista ao sucesso. Em comparação com outras partes do mundo, os executivos europeus têm sido mais lentos na adoção do uso pessoal de computadores. Deveriam, pelo contrário,
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O Manifesto e-Skills
constituir um exemplo pois definem a cultura empresarial à imagem do seu próprio comportamento. A formação dos executivos e a liderança digital são fatores fundamentais. • Temos de desenvolver uma reserva de conhecimento especializado muito mais profunda ao nível dos tecnólogos profissionais que são necessários às empresas e aos governos programadores, analistas e engenheiros e arquitetos de sistemas, para construir e gerir os seus ambientes de TIC. • O próprio setor das TIC requer um novo nível de talento - profissionais que possam competir no mercado global. A Europa precisa de uma força de trabalho de classe mundial de técnicos, inventores e tecnólogos sofisticados e de ponta. Dado o crescimento extraordinário de centros de inovação desde Silicon Valley a Bangalore, Pequim e Seul, esta necessidade é premente. • O problema do défice de talento no domínio das TIC é a ponta do icebergue da área designada por CTEM. Quer isto dizer que a Europa tem de desenvolver as suas capacidades, de modo geral, na ciência, na tecnologia, na engenharia e na matemática. Nada disto equivale a dizer que somente o ensino técnico seja importante ou, já agora, que as “competências”, definidas de forma tradicional, sejam a única coisa que conta; muito pelo contrário, é necessária uma abordagem ao ensino mais equilibrada em termos de ciências / humanidades. O ensino superior nas artes liberais ainda tem um papel a desempenhar. No passado, uma pessoa concluía uma formação e estava lançada na vida, necessitando apenas de se manter um pouco “a par” da evolução na sua área profissional. Hoje, quando se forma, está lançada durante, digamos, quinze minutos. Para quem optou por um curso técnico, no primeiro ano de estudos, metade do que aprendeu poderá já estar obsoleto quando chega ao quarto ano. É evidente que continua a ser necessária uma base de conhecimentos; não se pode depender do Google para conduzir todas as atividades e comunicações. Mas o que mais conta é a capacidade para aprender ao longo da vida, pensar, pesquisar, encontrar a informação, analisar, sintetizar, contextualizar e avaliar criticamente; para aplicar a pesquisa à resolução de problemas; para colaborar e comunicar. Isto é particularmente importante para os estudantes e empregadores que competem numa economia global. Hoje em dia, os mercados de trabalho são globais e, tendo em conta modelos de negócio em rede, os trabalhadores do conhecimento enfrentam a concorrência em tempo real. Os trabalhadores e os gestores têm de aprender, de se adaptar e de apresentar resultados como nunca antes.
INTRODUÇÃO
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Assim, quando se usa o termo “competências digitais” neste Manifesto, não se pretende simplesmente descrever as capacidades limitadas para usar certas ferramentas digitais, mas sim o conhecimento profundo e a aptidão para aprender ao longo da vida sobre todas as áreas relevantes da revolução digital, as suas tecnologias, aplicações, usos e oportunidades de transformação.
Que deve então ser feito? Para explorar o potencial da revolução digital e acompanhar a competição global, a Europa necessita de transformar as qualificações, conhecimentos e capacidades da força de trabalho. Trabalhando em conjunto, a indústria, a educação e os governos têm o poder de assegurar ações de longo prazo e o sucesso que criará emprego, competitividade e crescimento da produtividade. Os trabalhadores europeus precisam das ferramentas para participarem na vaga de oportunidades orientadas para a inovação que emanará das empresas digitalmente motivadas. Isto aplica-se a todos os setores da economia. Temos de garantir que todos os trabalhadores, e não apenas os jovens, possuam as competências digitais necessárias para participar nesta era de inteligência conectada em rede. A educação é agora um processo para toda a vida. Todos os cidadãos devem poder aceder facilmente a oportunidades de formação em TIC, e a Semana e-Skills Europeia desempenha um papel fundamental neste processo. Centra-se nos objetivos delineados na Comunicação de 2007 da Comissão Europeia, “Competências Digitais para o século XXI.” Implica a integração das competências digitais no ensino básico e secundário. Temos de reforçar o ensino da ciência, especialmente da matemática e da física. Os jovens devem entender que as competências digitais lhes oferecem mais e melhores opções de carreira. As fronteiras entre o ensino superior e a indústria continuarão a esbaterse. Isto é positivo; facilita uma maior harmonização entre os requisitos da indústria e da investigação. Ajuda a formar profissionais de TIC com competências digitais relevantes. Este facto, por sua vez, promete criar maior valor empresarial. Ao mesmo tempo, a Europa deve igualmente centrar-se mais na questão de aproveitar melhor o talento existente. As competências digitais são um excelente complemento do perfil de qualquer profissional experiente. Um estudo conduzido pela IDC revela que 90% de todos os empregos até 2015 exigirão competências digitais básicas. O pleno potencial da administração em linha só se concretizará quando a população europeia estiver conectada à internet e possuir competências digitais. Precisamos de formação em literacia digital para grupos em risco de exclusão. Mesmo na reforma, os idosos beneficiam de
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mais e melhores competências digitais na gestão diária da sua saúde e dos seus assuntos financeiros e pessoais. Verifica-se uma necessidade urgente de combater a preocupante tendência de decréscimo do número de mulheres que trabalham na área das TIC. Este fator dificulta o crescimento económico, e todos os países devem tomar medidas para corrigir o desequilíbrio de género. A subrepresentação das mulheres nos estudos e carreiras em TIC resulta numa lacuna enorme de talento nas empresas e economias ligadas às TIC. A resposta aos desafios que se colocam à Europa em termos de competências digitais exigirá uma melhoria significativa das práticas de gestão para capitalizar vastas oportunidades empresariais e de negócios. Precisamos de combinar a tecnologia com outras competências empresariais. O Innovation Value Institute identificou que, em muitas empresas, os departamentos de Informática estão em sub-rendimento e os diretores das empresas não estão dispostos a financiar a inovação. Há indícios que sugerem que as organizações de topo que revelam maiores capacidades de inovação são aquelas em que as práticas empresariais e as TIC se combinam. Promover as normas europeias em matéria de competências digitais e certificação reforçará o perfil do profissionalismo em TIC e aumentará o interesse pela aquisição de competências digitais avançadas. Definirá os conhecimentos, qualificações e competências tanto no setor público, como no setor privado. Este aspeto fortalece o papel das universidades europeias na oferta de profissionais de TIC e gestores detentores de competências digitais na Europa. As competências para o sucesso na indústria de TIC terão de evoluir e de se harmonizar com novos fluxos de crescimento. Neste Manifesto, as partes interessadas e os defensores da estratégia europeia em matéria de competências digitais estão prontos para desempenhar o seu papel na criação de uma parceria europeia para a inovação na educação. A inovação no ensino das TIC e no desenvolvimento das competências digitais é de importância primordial.
Don Tapscott é um autor de sucesso, tendo mais recentemente (com Anthony D. Williams) escrito a obra Macrowikinomics Está atualmente a conduzir investigação sobre novos modelos para a resolução de problemas e governação globais.
INTRODUÇÃO
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ÍNDICE Preâmbulo
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Introdução: Criação de capacidade digital na Europa
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Índice
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Visão Geral: O panorama mais vasto: uma busca renovada da excelência e da inovação
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Capítulo 1: Educação inovadora: a força de trabalho futura da Europa
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Capítulo 2: Explorar e aproveitar o talento
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Capítulo 3: Para uma função das Tecnologias de Informação orientadas para o valor
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Capítulo 4: Libertar o pleno potencial das mulheres na Europa
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Capítulo 5: Visão para o futuro
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Biografias dos colaboradores
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Referências bibliográficas
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ÍNDICE
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VISÃO GER AL : O panorama mais vasto: uma busca renovada da excelência e da inovação Pelo Doutor Bruno Lanvin O conceito de Europa, enquanto “utopia realista”, enfrenta atualmente o seu primeiro verdadeiro teste de fogo. Embora inegavelmente global, a crise presente está a assumir diferentes formas e contornos em várias partes do mundo. Foi a primeira vez, na história moderna, que uma crise eclodiu num momento em que a principal economia produtora não corresponde à principal economia consumidora. É igualmente a primeira vez, na história moderna, em que estão a ser construídas vantagens competitivas internacionais com base em fatores que muito pouco têm a ver com os recursos naturais, a geografia e “vantagens tecnológicas duradouras”.
Um novo sentido de urgência Num ambiente em tão acelerada mudança, a Europa encontra-se sob pressão para identificar as bases da sua prosperidade futura. Ao longo da última década, a Europa tomou opções estratégicas nesta matéria: estas incluem a construção de uma economia competitiva e inclusiva e a assunção de uma posição cimeira, em termos de proteção ambiental e inovação. A crise atual torna essas opções simultaneamente mais dispendiosas e mais valiosas. Se algo mudou na Europa em relação à problemática das competências digitais, foi o sentido de urgência de que esta agora se reveste: as taxas de desemprego continuam a crescer na Europa, ao passo que, nos Estados Unidos e noutras partes do mundo, parecem ter passado o seu ponto mais alto (ver diagrama seguinte). Taxas de desemprego da UE-27, AE-17, EUA e Japão, corrigidas de sazonalidade, janeiro de 2000 – janeiro de 2012 AE-17
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No entanto, a verdadeira urgência resulta das elevadas taxas de desemprego entre os jovens europeus (definidos na faixa etária dos 15 aos 24 anos). Em janeiro de 2012, os dados agregados (ver diagrama seguinte) apontam para taxas de desemprego de 22,4 % entre os jovens na UE-27 e de 21,6 % na zona euro. Em janeiro de 2011, eram de 21,1 % e 20,6 % respetivamente. As taxas mais baixas verificaram-se na Alemanha (7,8 %), na Áustria (8,9 %) e nos Países Baixos (9,0 %) e as mais elevadas na Eslováquia (36,0 %), na Grécia (48,1 % em novembro) e em Espanha (49,9 %). Dados idênticos apontam para taxas de desemprego de 8,3 % nos EUA e de 4,6 % no Japão. Taxas de desemprego entre os jovens, UE-27 e AE-17, corrigidas de sazonalidade, janeiro de 2000 – janeiro de 2012 AE-27
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UE-17
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Fonte: Eurostat 2012
A este sentido de urgência corresponde uma impressão cada vez mais forte de que novas técnicas de produção, novos padrões de consumo e novos comportamentos proporcionam terrenos férteis para gerar uma “retoma que seja fonte de emprego” na Europa sem comprometer a sua ambição de ser líder mundial em material de produtividade, inovação e inclusão. É aqui que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e as competências digitais se tornam um elemento central das análises e políticas futuras visando gerar uma retoma sustentável que seja fonte de emprego na Europa.
Um novo leque de oportunidades Ao longo dos últimos dez anos, o mundo passou de um total de 12 mil milhões de mensagens eletrónicas por dia a 247 mil milhões, de 400.000 mensagens de texto a 4,5 mil milhões e de uma média de 2,7 horas por semana em linha ao número assombroso de 18 horas: num mundo assim, as competências individuais, sociais, profissionais e de gestão necessitam de ser redefinidas e ajustadas.
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Os novos desenvolvimentos, no domínio da informação e das redes (incluindo computação em nuvem, grandes volumes de dados, meios sociais, internet móvel e convergência, para referir apenas alguns), criam a necessidade de novas competências, assim como oportunidades extraordinárias para os primeiros a gerá-las e a dominá-las. Mais adiante neste documento, apresentamos dados sobre os níveis de oferta e procura atuais e projetados em matéria de competências digitais. Estes revelam um défice persistente no conjunto da Europa: o paradoxo de elevadas taxas de desemprego combinadas com uma significativa oferta de postos de trabalho não ocupados na “esfera das competências digitais” continua a ser um dos mais impressionantes no panorama laboral europeu. Atravessamos um momento em que a decisão sobre a perspetiva mais estratégica para abordar a questão das competências digitais é tão valiosa como as ferramentas e os processos a adotar para a resolver. Sendo a competitividade global crescentemente impulsionada pelo conhecimento e pela inovação, torna-se claro que a Europa precisa de tirar partido dos seus pontos fortes (como sejam o setor das TIC e a economia do conhecimento) para desenvolver vantagens comparativas sustentáveis na arena internacional. Todavia, adaptar a qualidade e estrutura da sua força de trabalho aos desafios e oportunidades decorrentes do advento dessa economia do conhecimento global continua a ser um desafio que, a ficar sem resposta, poderá prejudicar o futuro de outros esforços realizados para moldar o futuro da Europa enquanto potência global e um modelo de “competitividade com inclusão”. É em nada menos do que isto que consiste o desafio das competências digitais.
Um elo em falta crítico, interna e externamente Existe um consenso alargado entre as partes interessadas de que as competências digitais são cruciais para impulsionar a competitividade, a produtividade e a inovação, assim como o profissionalismo e empregabilidade da força de trabalho europeia. Verifica-se uma necessidade de garantir que o conhecimento, os saberes, as competências e a criatividade dos gestores e dos profissionais e utilizadores das TIC cumpram os mais elevados padrões globais e que eles estejam permanentemente atualizados num processo de efetiva aprendizagem ao longo da vida. A Europa necessita de pessoas que detenham competências digitais tanto para criar as infraestruturas como para usá-las. Uma sociedade possuidora de competências digitais é, assim, precursora de uma sociedade baseada
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no conhecimento. Na ausência de competências digitais suficientes ao nível da população europeia, os investimentos realizados e planeados em infraestruturas (designadamente, a banda larga) não produzirão plenos retornos. Do ponto de vista da indústria, é igualmente claro que um défice substancial e continuado de profissionais de TIC prejudica seriamente o sucesso da economia europeia. Afeta o desenvolvimento das indústrias de tecnologia de ponta e abranda a celeridade da inovação, o que por sua vez influencia o emprego e a produtividade nas indústrias relacionadas. Em consequência, o défice de profissionais de TIC debilita a capacidade da Europa para competir a nível global. Internamente, tais défices constituem igualmente uma ameaça à consecução de um Mercado Único Digital.
As competências digitais são essenciais à competitividade, ao crescimento e ao emprego na Europa Em setembro de 2007, na sequência de alargadas consultas e discussões com partes interessadas e Estados-Membros, no contexto do Fórum Europeu das Competências Digitais, a Comissão Europeia adotou uma Comunicação sobre “Competências digitais no século XXI: Incentivar a competitividade, o crescimento e o emprego”, que preconiza uma estratégia europeia a longo prazo em matéria de competências digitais. Essa estratégia foi bem recebida pelos Estados-Membros nas Conclusões do Conselho “Competitividade” de novembro de 2007. As partes interessadas aprovaram igualmente uma agenda de longo prazo para as competências digitais. A indústria das TIC criou o Comité Diretor sobre Competências Digitais com vista a contribuir para a implementação da estratégia. Um estudo relacionado apurou que as políticas nacionais em matéria de TIC tendem a centrar-se no desenvolvimento de competências básicas em TIC do ponto de vista do utilizador. O desenvolvimento de competências profissionais a nível de TIC é frequentemente considerado como parte de uma política de formação profissional contínua. Concluiu-se que nove países adotavam políticas destinadas a desenvolver competências em comércio eletrónico. Vinte e seis países aplicavam políticas concebidas para promover competências digitais do ponto de vista do utilizador, enquanto em onze países (Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Malta, Espanha, Portugal, Roménia, Reino Unido e Turquia) as políticas visavam especificamente o desenvolvimento de competências digitais profissionais. Têm-se registado progressos substanciais na implementação da estratégia em matéria de competências digitais da UE. Foi desenvolvido um Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais e foi criado um portal
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europeu de carreiras no domínio das competências digitais, juntamente com várias parcerias multiparticipadas de alto nível. Desde então, foram lançadas novas atividades. Estas incluem ações relacionadas com a oferta e a procura (incluindo o desenvolvimento de cenários prospetivos) para melhor prever as mudanças, o desenvolvimento continuado do Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais, e a promoção de incentivos financeiros e fiscais relevantes. Neste sentido, a Semana e-Skills pan-europeia representou uma campanha de sensibilização em larga escala para promover as competências digitais, partilhar experiências, fomentar a cooperação e mobilizar parceiros. Numa altura em que a Europa ainda se debate para encontrar uma saída da crise, as perceções de 2007 assumem uma nova importância: o desemprego especificamente no setor das TIC manteve-se sempre muito abaixo da taxa de desemprego global. Isto indica que o estímulo ao crescimento do setor das TIC (e das competências digitais) merece ser considerado como um instrumento político contra-cíclico para gerar a referida retoma que seja fonte de emprego.
Novas dimensões na corrida global ao talento Uma forte tendência que afeta a procura de competências digitais é a externalização global. Uma análise das balanças comerciais revela que a Europa importa mais bens de TIC e exporta mais serviços de TIC, ao passo que exporta produtos e serviços de TIC mais dispendiosos e importa bens e serviços menos dispendiosos. É, por conseguinte, claro que a Europa necessita de profissionais com elevadas competências digitais que possam contribuir para a inovação, especialmente na área dos serviços. Ao longo da última década, a Europa não tem registado grande sucesso em atrair talento no domínio das TIC. A externalização e a deslocalização não são soluções imunes ao futuro para o défice de competências digitais na Europa. Quando usados em excesso, estes métodos prejudicam a qualidade dos produtos e serviços inovadores. Além disso, existem indicadores claros de que os países que até agora têm suplantado o défice de profissionais de TIC na Europa – designadamente a China e a Índia – enfrentarão, eles próprios, em breve, défices graves em termos de competências digitais. Para além de garantir competências digitais profissionais suficientes na Europa, será importante reforçar as competências da força de trabalho atual. Hoje em dia, contribui para esta ”globalização dos mercados digitais” a crescente mobilidade de indivíduos altamente qualificados. As redes
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globais de informação, a telepresença, as equipas virtuais que operam através de fronteiras geográficas e fusos horários, estão a criar novos ambientes de trabalho em que a atração dos talentos certos está a tornar-se uma preocupação estratégica. “A corrida para reforçar os níveis de competências e fortalecer a excelência académica avança a pleno gás: estão a aumentar substancialmente em todo o mundo os gastos com o ensino superior e com a pesquisa e desenvolvimento – sobretudo nos países emergentes”.
Chegou o momento de uma ação direcionada Usando o paradigma da “pirâmide de competências” do eLab do INSEAD, torna-se claro que a Europa necessita de abordar novos desafios em cada um dos seus três planos: (1) literacia e competências fundamentais, incluindo competências digitais, matemática e ciências; (2) competências profissionais necessárias ao mercado de trabalho e adquiridas através da educação formal, mas também cada vez mais “on the job”; (3) talentos da economia do conhecimento global (ECG) que são menos tangíveis mas que envolvem a chefia de equipas e a capacidade de prever a mudança e que são críticos para a inovação. Embora a Europa registe melhores resultados do que muitos dos seus concorrentes, no que toca às competências fundamentais e profissionais, não atinge a excelência em nenhum dos três planos (ver infra).
Plan o1
Plan o2
Plan o3
Talentos da economia do conhecimento global: O terceiro plano (superior) inclui as competências mais subtis – mas menos quantificáveis – necessárias para chefiar e gerir equipas multiculturais, trabalhar em equipas virtuais e enfrentar, prever e impulsionar a mudança. Estas competências são críticas para a Talentos inovação e para enfrentar novos desafios e problemas. da ECG
Competências profissionais
Competências profissionais: O segundo plano (central) refere-se aos conhecimentos e capacidades que devem ser adquiridos para obter qualificações para empregos específicos. Muitas destas competências podem ser geradas através da educação formal (designadamente, escolas de engenharia, faculdades de direito e universidades). Contudo, uma parte cada vez maior destas competências é adquirida “on the job”.
Literacia e competências fundamentais (Matemática, Ciências e Literacia Digital)
Literacia e competências fundamentais: O primeiro plano (inferior) da Pirâmide de Competências inclui as competências e conhecimentos essenciais de que um indivíduo necessita para viver nas sociedades modernas. Incluem não apenas literacias tradicionais (designadamente competências de escrita e leitura e matemáticas básicas), mas também, cada vez mais, a literacia digital.
Fonte: Lanvin, B. and Fonstad, N. (2009), “Who Cares? Who Dares? providing the skills for an innovative and sustainable Europe” INSEAD eLab, Março 2009.
Em 2009, o INSEAD atribuiu à Europa a classificação B em competências fundamentais, B menos em competências profissionais e C em talentos ECG. Desde então, a situação não se alterou significativamente. Mas não há
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qualquer razão para que a Europa fique para trás: a Finlândia, a Dinamarca e a Suécia, por exemplo, registam altas classificações nos indicadores globais. Embora a formação “on the job” seja uma componente essencial da solução, os sistemas educativos detêm a chave. Os sistemas educativos europeus, desde o ensino básico ao universitário, necessitam de uma transformação sistemática para melhor integrarem a literacia digital nos currículos. Esta transformação exigirá uma estreita cooperação entre a educação e a indústria, um entendimento da necessidade de reformas fundamentais e investimentos significativamente mais avultados. A Europa investe muito menos no ensino superior do que os Estados Unidos e o Japão. Um estudo recente da Economist Intelligence Unit (EIU) identificou os Estados Unidos, Singapura, o Reino Unido, a Irlanda e a Coreia do Sul como os países com melhor desempenho no desenvolvimento do talento certo em TIC. A EIU sugere que a chave do sucesso destes países reside na vigorosa aposta no alargamento das inscrições em cursos superiores, incluindo as ciências e a engenharia. Dispõem ainda de universidades ou institutos tecnológicos de classe mundial que apetrecham os tecnólogos com competências empresariais e de gestão e não apenas com competências técnicas.
Cumprir a Agenda Digital para a Europa Em 2010, a Comissão Europeia adotou formalmente a Agenda Digital para a Europa da vice-presidente Neelie Kroes, preconizando sete áreas de ação prioritárias: a criação de um Mercado Único Digital, maior interoperabilidade, reforço da confiança e da segurança da Internet, acesso muito mais rápido à Internet, mais investimento em pesquisa e desenvolvimento, aumento da literacia digital e da inclusão, aplicação das tecnologias da informação e comunicação à abordagem dos desafios que a sociedade enfrenta, como sejam as alterações climáticas e o envelhecimento da população. Os benefícios incluem, a título exemplificativo, maior facilidade nos pagamentos e faturação eletrónicos, rápida difusão da telemedicina e iluminação energeticamente eficiente. A Comissão Europeia: • Promoverá a liderança eletrónica e o profissionalismo nas TIC para aumentar o contingente europeu de talentos e as competências e mobilidade dos profissionais das TIC na Europa.
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• Apoiará o desenvolvimento de ferramentas em linha para identificar e reconhecer as competências dos profissionais e utilizadores das TIC associados ao Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais e ao EUROPASS. • Promoverá uma maior participação das mulheres na força de trabalho no setor das TIC. • Tornará a literacia digital uma prioridade nos regulamentos do Fundo Social Europeu (2014-2020). • Proporá indicadores em toda a UE de competências digitais e literacia mediática. Para implementar estes esforços, os Estados-Membros deveriam: • Implementar políticas de longo prazo em matéria de competências e literacia digitais. • Integrar o e-learning nas suas políticas de modernização da educação e da formação, incluindo currículos, avaliação de resultados de aprendizagem e desenvolvimento profissional dos professores e formadores. É relativamente simples ver de que forma a tipologia acima descrita (pirâmide de competências) pode ser diretamente relacionada com cada um destes pontos de ação. Será um desafio fazê-lo consistentemente ao nível das instituições europeias e dos governos nacionais.
A inovação para a excelência e a excelência para a inovação Nos últimos anos, vários intervenientes (em particular, o setor empresarial) têm feito ouvir a sua voz a voz, fazendo recomendações para ações imediatas, algumas das quais se enumeram em seguida. A nível da UE e dos Estados-Membros, as autoridades deverão lançar campanhas de sensibilização, conduzidas por parcerias público-privadas que realcem as oportunidades de carreira disponíveis aos estudantes de matemática, ciência ou tecnologia. Estas campanhas deverão igualmente frisar o défice de competências digitais de que a UE atualmente enferma – e as implicações do crescente fosso entre oferta e procura.
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Todas as escolas básicas e secundárias deverão ser equipadas com ligação à Internet de alta velocidade até 2015, e todos os alunos deverão receber formação no uso da Internet de forma responsável e segura. As atividades extracurriculares, como sejam visitas a laboratórios, dias abertos ao público em empresas, visitas de investigadores, deverão ser intensificadas. As oportunidades de estágios para proporcionar aos estudantes orientações relativamente ao “conhecimento com valor de mercado” deverão ser alargadas em dois momentos-chave: quando os adolescentes decidem que estudos pretendem seguir quando terminam o ensino secundário e no início das licenciaturas universitárias, quando os alunos tomam decisões sobre a carreira por que desejam enveredar. A médio prazo, deverá ter-se em conta o seguinte: • Deverá realizar-se um trabalho estatístico exaustivo sobre os défices de competências em TIC de molde a identificar lacunas de competências específicas. O Eurobarómetro deverá desenvolver relatórios anuais, realizando um levantamento das perceções dos empresários relativamente às competências digitais necessárias nos próximos três a cinco anos. • Deverão introduzir-se incentivos aos professores para que atualizem a sua formação em TIC e modernizem os seus métodos de ensino de modo a integrar o ensino/aprendizagem digital. Poderão ser introduzidos certificados comprovando as competências digitais dos professores. • A Comissão Europeia deverá lançar e financiar concursos interescolares de matemática e ciências em toda a Europa para premiar a excelência. Além disso, é claro que o desafio das competências digitais será qualitativo e quantitativo. A Europa necessita de um contingente de profissionais de TIC altamente qualificados que responda às necessidades dos empregadores. O modelo tradicional “educar e depois trabalhar” torna-se cada vez menos relevante perante o aumento da volatilidade do mercado. Os empregadores e os educadores devem trabalhar em estreita colaboração, a fim de criar um quadro de aquisição de competências mais ágil (ou seja, aprender a aprender). Uma estratégia em matéria de competências digitais impulsionada pela UE não pode ser simplesmente uma questão a curto prazo. Existe um
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problema evidente de oferta e procura relativamente às competências digitais que se agudizará cada vez mais. A procura de competências em matéria de infraestruturas tecnológicas tradicionais aumentará, assim como de competências necessárias a uma força de trabalho colaborativa baseada no conhecimento. No entanto, todas estas recomendações são ultrapassadas pelo “imperativo de inovação global” que a Europa enfrenta. As competências digitais são uma componente crucial do ecossistema da inovação; por outras palavras, a Europa tem de se apetrechar com a excelência em competências digitais a fim de se manter à cabeça da corrida global pela inovação. De modo simétrico, a Europa necessita de melhorar o seu sistema de educação e formação para gerar e atrair mais talento, mais investigadores e mais profissionais e gestores altamente qualificados. No ensino superior, assim como na formação ao longo da vida e no ensino básico, a Europa precisa de inovar para atingir a excelência.
Esgotou-se o tempo de espera A Europa, enquanto região, deve ser imaginativa e apoiar fortemente as políticas traçadas para responder às deficiências em termos de competências digitais, que representam um problema estrutural e não cíclico. A crise atual complicou, de algum modo, o debate, uma vez que níveis mais baixos de procura conduziram a indicadores enganosos de que o défice de competências digitais poderia estar a diminuir. Contudo, esta ideia é ilusória: se as empresas, os governos e os sistemas educativos europeus não reagirem rapidamente, este défice tornar-se-á ainda mais flagrante quando a retoma ganhar ímpeto. As economias europeias que não tirarem partido da crise para fortalecer a sua capacidade para produzir mais profissionais e gestores detentores de competências digitais serão marginalizadas na corrida pela competitividade global baseada no conhecimento e impulsionada pela inovação. Procura de Competências do Mercado
Oferta e procura de competências a nível global
Oferta de Competências do Mercado Cenário 2: Melhoria dos currículos de competências digitais
Défice de competências
Oferta de Competências do Mercado Cenário 1: Não são tomadas medidas
Tempo
Pré-crise
Crise
Pós-crise
Fonte: Lanvin, B. and Fonstad, N. (2010), “Strengthening e-Skills for Innovation in Europe”, INSEAD eLab, 2010.
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Perante o desafio imediato que o desemprego entre os jovens apresenta atualmente na Europa, a urgência da tomada de medidas assume um novo significado. Assistimos apenas ao começo da revolução digital: o seu futuro deverá ser fortemente explorado no sentido dos objetivos alargados da Europa (competitividade inclusiva, crescimento sustentável e inovador), mantendo-se ao mesmo tempo firmemente escorada na satisfação das necessidades e expetativas atuais dos cidadãos europeus. Proporcionar-lhes a capacidade de adquirir competências digitais é um ingrediente fundamental deste complexo edifício.
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Capítulo 1: Educação inovadora: a força de trabalho futura da Europa Desde a publicação da primeira edição do Manifesto eSkills em 2010, embora a crise económica tenha tido um impacto significativo sobre os níveis de emprego – especialmente entre os jovens – há um aspeto que praticamente não se alterou: o desfasamento entre as competências que são desenvolvidas através do sistema educativo e o tipo de competências que o exercício das profissões exige. Existe, todavia, um paradoxo, como afirmámos na primeira edição deste manifesto: “Os jovens são utilizadores de TIC particularmente empenhados; na faixa etária dos 16 aos 24 anos, usam a Internet entre cinco e sete vezes por semana. Apesar disto, são menos de 30% os jovens do sexo masculino e 15% os jovens do sexo feminino que planeiam optar por cursos relacionados com as TIC no ensino superior.” O divórcio das disciplinas científicas e técnicas começa cedo (desde o fim do ensino básico e o princípio do ensino secundário) e o seu impacto faz-se sentir na subsequente oferta de jovens talentos que ingressam no ensino superior, nesta área, e subsequentemente no nível de competências digitais disponíveis na força de trabalho. Torna-se necessário definir metas ambiciosas e introduzir mudanças em todo o sistema educativo, a fim de satisfazer as necessidades dos jovens europeus, de modo a influenciar positivamente a perceção e, portanto, a motivação e consecução nas disciplinas científicas e técnicas, na vida académica, e a prepará-los melhor para a vida profissional futura.
Défice de competências entre os estudantes A política europeia preconiza objetivos louváveis em termos de dotar os jovens das competências de que necessitam para o mundo do trabalho, a fim de atingir uma “taxa de emprego a nível da UE entre as mulheres e os homens de 75% do grupo etário entre os 20 e os 64 anos até 2020.” A iniciativa “Novas Competências para Novos Empregos”, lançada em novembro de 2010, tem como objetivos específicos: • Promover uma melhor projeção das necessidades futuras em termos de competências.
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• Desenvolver uma melhor correspondência entre as competências e as necessidades do mercado de trabalho. • Colmatar a lacuna entre os mundos da educação e do trabalho. Dado que os jovens que terão vinte anos de idade em 2020 frequentam atualmente o ensino básico, isto implica que o sistema educativo já deveria estar hoje a apetrechar as crianças e os jovens com competências digitais para o momento em que eles integram o mercado de trabalho em 2020. Com este fim, a recomendação europeia sobre Competências-chave para a Aprendizagem ao Longo da Vida, publicada em 2006, aponta para duas áreas prioritárias de competência tecnológica: “competências básicas em ciências e tecnologia” (incluindo conhecimentos teóricos e uso de ferramentas tecnológicas), assim como a “competência digital” na utilização de ferramentas da TIC para fins de trabalho, lazer e comunicação. Dados do Eurostat recolhidos para o “Painel de Avaliação da Agenda Digital” apontam para níveis de competência preocupantes dos jovens no uso de ferramentas digitais. Ainda existe um grupo persistente de jovens que não usam regularmente a Internet, particularmente aqueles que possuem níveis baixos de educação formal – uma média de 13% dos jovens com baixa educação formal não usam regularmente a Internet – atingindo 50% em alguns países, como a Roménia. Apenas 25% dos jovens em toda a UE afirmam possuir níveis “elevados” de competências básicas em termos de Internet, sendo que níveis elevados significam a capacidade de executar cinco ou seis tarefas, incluindo o uso de um motor de pesquisa para encontrar informação; enviar uma mensagem eletrónica com ficheiros anexos; colocar mensagens em salas de conversação, grupos de notícias ou qualquer fórum de discussão em linha; usar a Internet para efetuar telefonemas; utilizar a partilha de ficheiros parceiro-a-parceiro para permuta de filmes, música, etc.; criar uma página web. Uma vez que estes níveis “elevados” de competências não incluem as competências profissionais mais básicas em TIC, como sejam as redes sociais, a manutenção de caráter informático do estabelecimento de redes ou a programação elementar, este panorama é provavelmente desastroso para a geração atual que se deparará, ao entrar no mercado de trabalho, com a exigência, na maioria dos empregos, de competências digitais,
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especialmente quando o Observatório Europeu de Ofertas de Emprego indica que as profissões informáticas constituem uma das principais oportunidades de emprego para os jovens altamente qualificados.
Política em matéria de competências básicas em TIC Apesar do défice claro de competências entre os alunos, comparado com as expetativas, a competência básica em TIC é bastante encorajada no sistema educativo de um ponto de vista estratégico. É normalmente tratada de forma holística a vários níveis da educação: desde as competências dos professores às competências dos alunos, à segurança eletrónica e às TIC para a inclusão das pessoas com necessidades especiais, assim como o fosso digital. Estas políticas abordam igualmente o fornecimento de infraestruturas, assegurando que as escolas tenham acesso a tecnologias relevantes, como quadros interativos, netbooks, em alguns casos, além de laboratórios informáticos mais tradicionais (quer fixos, quer móveis). Os conteúdos digitais são igualmente uma prioridade na maioria dos países europeus, desde comunidades de prática em linha para professores e alunos até à disponibilização de manuais escolares eletrónicos ou bancos de dados de recursos. Os Relatórios Nacionais “Insight 2011”, da European Schoolnet, preparados pelos Estados-Membros europeus, indicam muitas políticas e práticas relevantes dos Ministérios da Educação nacionais que encorajam o desenvolvimento de competências básicas nas TIC e o reconhecimento de que a literacia digital é uma componente fundamental dos conceitos modernos de literacia. Existe uma variedade de abordagens à implementação do ensino da literacia e competência digitais, a nível nacional, desde um currículo autónomo em matéria de TIC, normalmente focado nas competências em TIC do ponto de vista do utilizador, até à incorporação das TIC em todas as disciplinas. Alguns países (nomeadamente a Alemanha) e regiões têm recorrido ao uso da certificação por terceiros para validar a competência em TIC, designadamente através da Carta Europeia de Condução em Informática. No entanto, até ao momento, a maioria não tem tornado o combate ao fosso digital num objetivo-chave e a maneira como as escolas implementam na realidade as políticas de topo dos governos varia consideravelmente. Isto explica, sem dúvida, em grande medida, a disparidade entre os objetivos políticos e a subsequente realidade observada relativamente aos níveis de competência dos alunos.
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Existe, assim, a necessidade de persistir nas políticas atuais para garantir que os métodos e as ferramentas em matéria de TIC penetrem nos setores corretos do sistema educativo, mas também para colocar uma ênfase reforçada nas abordagens de integração das TIC. Além disso, deve ser dada maior atenção ao problema do fosso digital, para assegurar que todos os alunos adquiram um bom nível de competências básicas em TIC, independentemente dos seus antecedentes. No entanto, a questão da competência dos professores continua a representar uma grande barreira: não existe uma norma comum europeia relativa às competências dos professores em TIC, ao passo que as normas globais não se aplicam necessariamente ao contexto europeu. Os Ministérios da Educação estão, por conseguinte, a examinar a necessidade de estabelecer uma norma própria que deverá estar em harmonia com o Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais. As iniciativas multiparticipadas, como o Laboratório da Sala de Aula do Futuro, que permite aos professores experimentar pedagogias inovadoras, apoiadas pela tecnologia, são fundamentais para a sua aquisição de competências digitais.
Os objetivos são suficientemente ambiciosos? Os objetivos atuais delineados no Quadro de Referência Europeu das Competências-chave, embora úteis enquanto ponto de partida para a literacia digital básica de todos os cidadãos, não reconhecem suficientemente as competências digitais específicas necessárias ao mundo do trabalho. Pelo contrário, funcionam como um conjunto de competências a nível básico, que são úteis para um certo número de atividades, mas não preparam convenientemente aqueles que poderão seguir percursos de formação ou educação em TIC mais sofisticados, na área da Informática. Este problema é endémico em todos os Estados-Membros europeus. O relatório Livingstone-Hope observa: “As indústrias são prejudicadas por um sistema educativo que não compreende as suas necessidades. Esta situação é agravada mercê de um currículo escolar centrado nas TIC para o exercício de funções administrativas e não nas competências de programação e informática mais rigorosas que as indústrias tecnológicas de ponta, como jogos de vídeo e efeitos visuais, requerem. Em simultâneo, os jovens e os seus professores necessitam de possuir uma maior consciencialização das perspetivas de emprego nestas indústrias e das qualificações que lhes podem abrir essas portas. As disciplinas CTEM – ciência, tecnologia, engenharia e matemática – e as artes são fundamentais ao sucesso.”
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O relatório recomenda em seguida que seja dada à Informática, enquanto disciplina, uma importância igual às outras ciências, como física e matemática, lecionadas a partir dos onze anos como parte do currículo geral no ensino básico. Em resultado desta chamada à ação, o governo do Reino Unido tomou a medida de substituir as aulas tradicionais em TIC (baseadas numa abordagem à competência digital) pela Informática, centradas na programação, na conceção de sítios Web e no desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis.
Da matemática e da física à programação Um desafio crucial da transição de uma competência básica em TIC para as competências digitais é o sucesso em matemática e física. São essenciais bons conhecimentos de matemática, especialmente a compreensão da álgebra e dos algoritmos, para o desenvolvimento de conhecimentos mais aprofundados em programação e informática. Estudos empreendidos pela Microsoft Teaching and Learning indicam que a matemática é tipicamente uma das áreas em que menos se utilizam métodos de ensino inovadores. Do mesmo modo, os conhecimentos e competências em física são essenciais para a criação de redes e aplicações informáticas. O nível relativamente baixo de sucesso e interesse por estas matérias entre os estudantes europeus é preocupante no que respeita à aquisição de competências digitais de nível superior. A pesquisa realizada pela rede Eurydice sobre estes tópicos aponta para a ausência de políticas, a nível nacional, em muitos países da Europa, para prestar apoio aos alunos com fraco aproveitamento. Os países que registam as taxas mais altas de sucesso em ciência e matemática no Programa de Avaliação Internacional dos Alunos da OCDE (PISA) beneficiam, por norma, da existência de robustos sistemas que garantem que aqueles que experimentam dificuldades nestas disciplinas são suficientemente apoiados para reforçar o seu desempenho. Além disso, o estudo Eurydice realça que o papel específico das TIC na matemática é, o mais das vezes, negligenciado. “O uso das TIC em matemática é obrigatório na maioria dos países. No entanto, apesar da sua disponibilidade genérica, os computadores são raramente usados durante as aulas de matemática. Esta contradição indica uma incapacidade para tornar a matemática relevante, associando-a a uma tecnologia que os estudantes usam no seu quotidiano.” Finalmente, a matemática e a física, em particular, suscitam um baixo nível de interesse por parte das raparigas. Os exemplos e modelos usados nestas
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disciplinas são, em regra, muito mais atrativos para os rapazes do que para as suas congéneres do sexo feminino. Este facto dissuade frequentemente as raparigas de seguirem matemática e física no ensino secundário, funcionando como uma barreira ao estudo da Informática no ensino superior e, subsequentemente, a carreiras na indústria das TIC. Um fator de peso neste desafio, conclui o estudo Eurydice, é a falta de ênfase em preocupações relativas à diversidade durante a formação de professores antes da entrada em serviço: “Lidar com a diversidade – ou seja, lecionar um conjunto diverso de alunos, tendo em conta os interesses diferentes de ambos os sexos – e evitar os estereótipos de género na interação com os alunos são as competências menos abordadas nestes programas.” Estas preocupações apontam para a necessidade de reforçar a qualidade do ensino-aprendizagem nas disciplinas de matemática e física, implementando abordagens mais inovadoras, baseadas em tecnologias modernas, e dando muito mais atenção às questões de igualdade de género.
As ciências informáticas enquanto disciplina É revelador que exista uma notória escassez de dados recentes a nível de toda a Europa sobre o papel da Informática, enquanto disciplina específica nos programas curriculares. Atualmente, um dos relatórios nacionais Insight aflora este tópico mas apenas quando ligado a uma política mais alargada relativa às TIC na educação. Estes relatórios nacionais tornam claro que a Informática – quando integradas no currículo – é quase sempre opcional. Uma rara exceção verifica-se na Suíça, onde se tornou uma disciplina obrigatória em 2008, com a menção explícita de que a compreensão técnica das TIC constitui um aspeto importante a partir do 3º ciclo do ensino básico. Outro exemplo interessante é a Áustria, onde as TIC para o exercício de funções profissionais são explicitamente mencionadas nos objetivos nacionais, assim como “competências digitais” muito para além da competência digital básica, incluindo “ciências informáticas práticas”. A informática é uma disciplina autónoma a partir do 3º ciclo do ensino básico. As competências adquiridas são certificadas por organismos de qualificação externos, como a CECI, mas igualmente pela indústria, com certificações atribuídas pela Cisco, Microsoft, SAP, Novell e Oracle – para além de
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competências técnicas básicas. São especialmente impulsionadas através de uma componente do “eLearning Cluster” específico para as escolas. Chipre implementa igualmente a Informática ao nível do 3º ciclo do ensino básico, tornando obrigatória uma introdução ao tópico no primeiro ano do referido nível. Nos dois anos seguintes do 3º ciclo do ensino básico, os alunos podem optar por seguir módulos em Informática, aplicações e redes (as últimas apoiadas pela Cisco Networking Academy). Nas escolas exclusivamente técnicas, é oferecido um currículo opcional de três anos para formação de técnicos em engenharia informática, cobrindo todos os domínios da Informática. Vários outros países dispõem de opções técnicas semelhantes, através do sistema de ensino profissional, embora os números de alunos nestes cursos optativos sejam frequentemente baixos e registem uma participação extremamente reduzida das mulheres. É evidente que o estudo aprofundado de tópicos da Informática – desde algoritmos a programação e criação de redes – proporciona uma preparação mais útil para prosseguir o estudo de disciplinas técnicas a nível universitário, seja enveredando por percursos académicos seja por profissionais. Existem exemplos de abordagens a nível inferior para integrar a Informática e a tecnologia no ensino: • O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveu o “Scratch”, uma linguagem de programação para crianças. As escolas em toda a União Europeia estão a usá-la a partir do 1.º ciclo do ensino básico. As comunidades Scratch são particularmente ativas no Reino Unido e em Portugal, entre outros países. • Nos Países Baixos, a colaboração SURFNET/Kennisnet, desde 2004, introduziu diversas ferramentas TIC nas escolas (designadamente o concurso “Make a Game”). Outra abordagem interessante tem sido implementada numa base de voluntariado pelas escolas profissionais, no ensino secundário, onde é possível usar a certificação da indústria, como a IC3 e a CECI e a certificação da Microsoft para acumular créditos com vista a concluir com sucesso o percurso escolar. • A pesquisa sobre Ensino-Aprendizagem Inovador (EAI), apoiada pelo programa da Microsoft “Partners in Learning”, analisa o imperativo de preparar os jovens para o século XXI, um objetivo que,
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na opinião de muitos, requer a transformação fundamental das oportunidades educativas, juntamente com a integração da tecnologia no ensino-aprendizagem. A Pesquisa EAI centra-se nas práticas de ensino que revelaram possuir fortes elos com os resultados de aprendizagem do século XXI. Os resultados demonstraram que a maioria dos alunos continua a desempenhar papéis tradicionais de consumidores de informação, e não de solucionadores de problemas, inovadores e produtores. Ainda que a utilização das TIC no ensino esteja a tornar-se mais comum, a utilização das TIC pelos alunos na sua aprendizagem continua a ser uma exceção em muitas destas escolas. Chegou igualmente o momento de passar de “focos de boas práticas” para uma abordagem mais integrada ao ensino-aprendizagem da Informática. Os sistemas educativos na União Europeia têm de examinar a necessidade de impulsionar a Informática e de incluir nos currículos a aquisição de competências em TIC muito mais sofisticadas. Não há necessidade de esperar pelo 2º ou 3º ciclos do ensino básico para introduzir tópicos de Informática – existem igualmente métodos simples que podem ser aplicados desde os primeiros níveis de escolaridade.
Os modelos de referência afastam os jovens das TIC À medida que os alunos crescem, os modelos de referência, como sejam professores, encarregados de educação, orientadores profissionais e até figuras mediáticas, funcionam como estímulos fundamentais para as opções de carreira dos jovens. As raparigas, em particular, dependem especialmente do apoio de modelos de referência mais velhos para tomarem decisões relativas às suas carreiras futuras e, por conseguinte, ao tipo de estudos que pretendem seguir a nível universitário. O gráfico seguinte compara opiniões de alunas, de trabalhadores da Cisco na área das TIC e de encarregados de educação e professores.
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O que envolvem os empregos em rede Internet 100 %
50 %
0%
desenvolver software conhecer clientes
ajudar outras pessoas tornar o mundo melhor
Percentagem de empregos em rede Internet que envolvem cada atividade segundo a Cisco Alunas do sexo feminino que consideram que a maioria dos empregos em rede Internet envolve cada atividade Encarregados de educação/professores que consideram que a maioria dos empregos em rede Internet envolve cada atividade Fonte: WHITE PAPER Women and ICT: Why are girls still not attracted to ICT studies and careers? European Schoolnet, 2009
Fica claramente demonstrado que a perceção dos encarregados de educação e dos professores é particularmente irrealista no que toca às carreiras em TIC: menos de 35% acreditam que os empregos em rede no domínio dac TIC têm um efeito positivo sobre o mundo em geral e a grande maioria considera que os trabalhadores de TIC não passam muito tempo a conhecer outras pessoas, designadamente clientes. Deste modo, transmitem informações irrealistas aos jovens que poderão basear as suas decisões a respeito de carreiras nessas informações. Existe, por conseguinte, uma necessidade fundamental de contribuir para melhorar as informações sobre carreiras que chegam aos professores e aos encarregados de educação relativamente às TIC, para que o fluxo de jovens que ingressam neste domínio possa alargar-se.
Colmatar o fosso entre educação e emprego Um dos maiores desafios das competências digitais é encurtar a distância entre a educação e o mundo do trabalho. As reformas do ensino básico e secundário são na maioria das vezes motivadas pela necessidade de a sociedade apetrechar as crianças de um corpo de conhecimentos que lhes permita desempenhar um papel enquanto cidadãs informadas mais tarde na vida. Em muitos países, vigora uma atitude de ceticismo a respeito da necessidade de envolver a indústria e atender às suas necessidades de desenvolver as competências dos jovens para o exercício das suas profissões. Esta assenta na convicção de que o sistema educativo deve ser mais do que apenas uma via para futuros empregos. É, sem dúvida, verdade que os jovens precisam de adquirir conhecimentos como um fim em si e de aprender um conjunto alargado de matérias que também reforcem
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a qualidade de vida, assim como as oportunidades de emprego. O diagrama seguinte ilustra a visão de “via para o talento” que a indústria considera essencial para resolver o desfasamento em termos de competências. Análise de Livingstone-Hope das Competências para as Indústrias de Jogos de Vídeo e Efeitos Visuais: Objetivos e via para o talento
Objetivos
Assegurar um fluxo constante de talento de alto nível da educação para a indústria
Assegurar o acesso a formação de alta qualidade para reforçar as competências da força de trabalho Prestadores de Formação
Via para o Talento
Escolas
Institutos Politécnicos Universidades
Indústria
Fonte: The Livingstone-Hope Skills Review of Video Games and Special Effects, 2011
No entanto, a balança pendeu possivelmente demais nesta direção – os jovens estão a ser particularmente afetados pelo impacto da crise económica – e, por conseguinte, deve ser dada maior atenção às competências necessárias a assegurar empregabilidade. Os países que têm sofrido menos com a crise – como os Países Baixos, a Alemanha e a Áustria – são igualmente aqueles que colocam uma ênfase mais forte na ligação entre medidas de empregabilidade para os jovens, designadamente estágios de trabalho, e o envolvimento das entidades patronais na formação. Este ponto de vista é apoiado pelo estudo recente do Dr. Anthony Mann, da Education and Employers Taskforce, do Reino Unido, que observa que “a análise da OCDE demonstra que os países com sistemas educativos que oferecem uma conjugação da aprendizagem académica com estágios de trabalho associados a percursos profissionais (como o sistema de estágios do tipo alemão) registam normalmente uma taxa de desemprego muito menor entre os jovens”. O relatório deste autor afirma ainda: “A realidade britânica revela relações positivas, estatisticamente significativas, entre o número de contactos
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com empregadores (como debates sobre carreiras ou experiência de trabalho) que um jovem experiencia na escola (entre os catorze e os dezanove anos) e a sua confiança (entre os dezanove e os vinte e quatro anos) numa progressão em direção a de objetivos de carreira.” Os atores das indústrias de TIC e outras necessitam de colaborar mais estreitamente com os sistemas educativos para assegurar que o envolvimento dos empregadores e a orientação profissional sejam realistas e frequentes. Grandes iniciativas, como a Semana e-Skills e o projeto inGenious, procuram colmatar o fosso a nível da Europa de um modo sistemático. A Semana e-Skills da Comissão Europeia reúne todos os parceiros com vista a empreender coletivamente uma sensibilização para as carreiras em TIC e proporcionar oportunidades de formação e educação aos jovens, além de outros objetivos visando os profissionais e as PME. Esta ação conjugada cria um impacto que é mais do que a soma das suas partes – e necessita de ser sustentada a longo prazo para que esse impacto seja o maior possível. Relativamente ao desafio mais alargado das ciências e da tecnologia, financiado em 50% através do 7º Programa-Quadro de investigação da Comissão Europeia e em 50% pela indústria, “o inGenious é uma iniciativa conjunta lançada pela European Schoolnet e pela Mesa Redonda dos Industriais Europeus, que visa reforçar o interesse dos jovens europeus pela educação e carreiras em ciência e tecnologia e, deste modo, contribuir para colmatar o défice futuro de competências. Todas as ações realizadas no âmbito do inGenious asseguram que as iniciativas de cooperação entre a educação e a indústria melhorem a imagem das carreiras no domínio das CTEM entre os jovens e os encorajem a refletir sobre o vasto espectro de interessantes oportunidades que as CTEM podem trazer às suas vidas futuras.”
Recomendações: Em suma, embora muito tenha sido conseguido, ainda existe um longo caminho a percorrer. As questões seguintes são consideradas prioritárias: • Melhorar a aplicação prática das competências digitais em todo o sistema educativo. Melhorar o nível de competência dos professores no terreno através do estabelecimento de um Quadro de Referência das Competências Digitais compatível com a acreditação de professores para garantir que os estudantes e as escolas obtenham o pleno benefício dos investimentos em infraestruturas no domínio das TIC.
CAPÍTULO 1: EDUCAÇÃO INOVADORA
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• Garantir que as competências digitais são lecionadas e desenvolvidas desde o ensino básico e secundário, desenvolvendo o seu ensino até à Informática. É necessário aumentar a oferta de Informática que leva à obtenção de competências digitais ao nível mais elevado, bem como das competências digitais mais básicas. • Intensificar o ensino das ciências – especificamente da matemática e da física, aumentando o foco na igualdade de género e o apoio aos alunos com mais dificuldades, assim como implementando métodos mais inovadores. • Resolver o problema do conhecimento sobre carreiras, assegurando o envolvimento dos empregadores na tomada de decisões sobre orientação profissional – sensibilizar os modelos de referência principais dos alunos, dos encarregados de educação e dos professores, assim como dos próprios alunos, através destes programas. • Aumentar o número de parcerias multiparticipadas que associem parceiros da indústria e da educação para que respondam coletivamente ao desafio colocado pelas carreiras e pela aquisição de competências em Informática. • Continuar a fazer das competências digitais e das suas medidas de apoio uma prioridade política essencial para garantir ações a longo prazo que possam trazer a mudança necessária ao sistema educativo.
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Capítulo 2: Explorar e aproveitar o talento O talento escasseia a nível global. Esta escassez agudizar-se-á com o tempo. Existem dois grandes problemas que intervêm nesta situação: Muitos europeus estão marginalizados no que diz respeito à economia digital - aliciá-los para que adquiram competências digitais poderá reforçar a oferta de trabalhadores qualificados. Com decisões políticas arrojadas em todos os países europeus, a Europa poderia dar um passo em frente para colmatar esta escassez. Estas pessoas incluem mulheres, idosos, pessoas com deficiência e os infoexcluídos. Os trabalhadores qualificados existentes não são utilizados em todo o seu potencial. Os níveis salariais dos profissionais possuidores de competências digitais são elevados e a especificidade das empresas requer muitas vezes a sua reconversão profissional para que integrem com eficácia novos postos de trabalho. É necessário adotar estratégias e técnicas de gestão para assegurar que as competências digitais são plenamente exploradas para aumentar a produtividade europeia e facilitar a inovação efetiva baseada em TIC.
Estender a mão aos excluídos A focalização de medidas nos infoexcluídos contribuirá para resolver o défice – os programas de formação para grupos tradicionalmente excluídos têm um impacto comprovado sobre a capacidade destas pessoas para obterem novos empregos. Este grupo continua a ter uma dimensão significativa na Europa e, em alguns casos, estas pessoas sentem-se inclusivamente felizes por escaparem às pressões da vida moderna trazidas, como desconfiam, pela tecnologia. No entanto, esta visão do mundo funciona como uma barreira à participação numa sociedade cada vez mais digital. As competências e o envolvimento digitais abrem as portas ao desenvolvimento económico e social, assim como às oportunidades de aprendizagem. Tornam-se necessárias ações mais vigorosas para lidar com estas pessoas infoexcluídas – e também para reforçar as competências da população mais geral que, embora “incluída”, não se sente suficientemente confiante e proficiente para explorar a tecnologia em benefício próprio na vida quotidiana e no exercício das suas profissões.
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Segundo a deputada ao Parlamento Europeu, Edit Herczog: “A falta de mulheres nos campos das ciências e da investigação é, há já bastante tempo, um facto conhecido. O número de pessoas que expressa as suas preocupações sobre esta matéria e insiste na necessidade de uma tomada de ação imediata está a crescer de minuto a minuto. Por mais premente que seja esta questão, um outro assunto, de certo modo relacionado (ou mais específico), tem sido em larga medida descurado. A falta de mulheres no domínio das TIC tem recebido pouca ou nenhuma atenção. A literatura e a pesquisa sobre este tópico específico, de relevância para a UE, são limitadas. Se metade dos 500 milhões de europeus não for incluída e não beneficiar delas, o resultado será um desequilíbrio em termos de género e idade, assim como a injustiça social em grande escala. Nós, enquanto decisores políticos, devemos tomar todas as medidas para minimizar este problema.” A ideia estereotipada de que as TIC são um campo reservado aos homens, particularmente os jovens, constitui um desafio para a indústria das TIC. Resulta num desequilíbrio na indústria, na economia em geral e mesmo na sociedade. Todos os tipos de pessoas têm oportunidades neste setor se adquirirem competências digitais. Verifica-se igualmente um desafio particular na área das PME baseadas nas TIC, onde se regista uma baixa diversidade em termos dos indivíduos que as dirigem.
Boas intenções Mas poderá este facto representar uma motivação e não um fator de exclusão? Existem algumas discrepâncias importantes entre o que os trabalhadores no setor descrevem e o que os modelos de referência – especialmente os encarregados de educação e os professores – pensam. Estes assumem erroneamente que os profissionais de TIC estão sozinhos, a escrever linhas de códigos de programação, num escritório mal iluminado, sem oportunidades de autonomia e criatividade. Transmitem esta perceção negativa aos jovens e a outras pessoas que têm pouco contacto com verdadeiros profissionais de TIC. Os decisores políticos e o setor privado têm de unir esforços para enfrentar este desafio. “Este poderá ser um bom ponto de ligação para um trabalho sobre políticas que visem envolver também outras gerações e grupos etários mas, neste caso em particular, em lugar de competências digitais, o que é necessário é uma atitude positiva e entusiasmo em relação à tecnologia e ao setor,” afirma Edit Herczog, deputada ao Parlamento Europeu.
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A investigação indica igualmente que a falta de modelos de referência positivos, na comunicação social e na cultura em geral, dissuade as raparigas de considerar seriamente carreiras em TIC. É raro encontrar diversidade a nível de programadores e especialistas em TIC no cinema e na televisão – quer se trate de ficção ou não-ficção. Este facto perpetua a perceção de que as TIC oferecem “empregos para os rapazes” e de que as mulheres e outros grupos excluídos não têm qualquer papel na indústria. Sobre a questão dos cidadãos idosos, Edit Herczog fala em imigrantes digitais, como sendo as pessoas que não nasceram num mundo facilitado pela web. Sublinha a deputada: “As TIC são, normalmente, alvo de excessiva mistificação, entre os adultos e os idosos, também conhecidos como imigrantes digitais. Poderão continuar a implementar-se programas e ações de formação para os apoiar e ajudar a compreender que se trata de uma ferramenta que auxilia a adquirir e a trocar informação, não tão diferente como isso da rádio ou da televisão. A principal diferença é que é mais rápida e mais rica do que tudo o que existiu até agora na história da humanidade. Oferece oportunidades a todos os grupos etários: desde coisas triviais, como ler as notícias, consultar uma receita ou reservar bilhetes para o teatro a manter contacto com as pessoas amadas, partilhar fotografias ou organizar umas férias em família numa questão de minutos. A capacidade de usar competências digitais para arquivar e encontrar documentos, incluindo boletins clínicos, ou de procurar serviços de emergência ou de saúde baseados nas TIC, pode reduzir a sensação de vulnerabilidade e traduzir-se numa independência a longo prazo.” É normal, entre os idosos, encontrar resistência às ferramentas TIC, pois eles consideram que se desenvencilharam na vida sem elas, e até com sucesso. No entanto, as gerações mais velhas podem certamente beneficiar de mais competências digitais – quer seja no trabalho quer na vida pessoal. Estando a força de trabalho europeia a envelhecer rapidamente, as competências digitais podem proporcionar uma excelente suplemento ao perfil de um profissional experiente, aumentando a relevância das suas restantes competências num mercado de trabalho em transformação. Outros grupos excluídos nas comunidades podem beneficiar de modelos de educação não formal. Os telecentros comunitários com base nas TIC constituem um excelente canal, a nível europeu, em termos de literacia digital e educação de adultos para grupos-alvo desfavorecidos. Começam com competências digitais básicas, visando o desenvolvimento pessoal, a cidadania ativa, a inclusão social,
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e avançam mais tarde – mercê da crescente recessão económica – para a empregabilidade. Os telecentros são normalmente gratuitos, abertos e locais – oferecendo aprendizagem informal e oportunidades de ligação em rede, que são atrativas para os infoexcluídos. Disponibilizar as tecnologias digitais a estes grupos constitui um importante contributo para restituir estes grupos excluídos ao seio da sociedade mais alargada. A empregabilidade é um conceito vital. As qualificações básicas necessárias a habilitar as pessoas para o mundo do trabalho abrangerão cada vez mais as competências digitais. Com o tempo, se ignorarmos este problema, uma crescente subclasse digital deixará marcas permanentes na sociedade. Os telecentros funcionam normalmente nas bibliotecas públicas, nas escolas e nos centros comunitários e são frequentemente geridos por organizações voluntárias ou comunitárias – são acessíveis publicamente e ajudam as pessoas a aceder a computadores, à Internet e a outras tecnologias digitais que lhes permitem recolher informações, criar, aprender e comunicar com os outros. Existem hoje mais de 100.000 telecentros em toda a Europa. No entanto, verifica-se a necessidade de sincronizar as iniciativas nacionais a nível europeu. Foi com isto em mente que foi criado o Telecentre-Europe com o fim de coordenar as iniciativas nacionais – os países que coordenaram os seus esforços registam maiores sucessos no aproveitamento dos recursos disponibilizados pelos seus governos. O Telecentre-Europe tem igualmente um papel a desempenhar como intermediário da partilha de informações entre os países, possibilitando assim que a Europa, no seu todo, dê resposta às suas necessidades evolutivas em termos de TIC.
Questões de produtividade Passando à questão de um melhor aproveitamento do talento qualificado em TIC, um estudo da London School of Economics identificou inúmeros desafios. Os profissionais qualificados em TIC são difíceis de integrar no mercado de trabalho, porque são caros, e graças à especificidade de muitas empresas, ainda necessitam de reconversão profissional quando contratados. Podem igualmente ser difíceis de integrar na hierarquia institucional e, por esta razão, levantam problemas organizacionais. Mas, hoje em dia, não há nenhuma empresa
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que possa dispensar as competências digitais, que são absolutamente fundamentais para garantir a eficiência das operações. Há indicadores que sugerem que as empresas europeias são menos capazes de aproveitar as competências digitais para fins de produtividade. As provas são muitas vezes circunstanciais: por exemplo, os níveis salariais dos profissionais detentores de competências digitais não são tão elevados como seria de esperar, perante as afirmações generalizadas de que estes candidatos rareiam no mercado de trabalho. Existem indícios diretos que revelam que as empresas norte-americanas na Europa são mais eficientes a obter ganhos de produtividade através das TIC do que as empresas nacionais – quer contratem o talento localmente ou no estrangeiro. Isto implica que a diferença se deve a práticas e capacidades organizativas e de gestão. Existe igualmente uma disparidade clara entre as empresas europeias. As grandes empresas estão perfeitamente cientes da necessidade de competências digitais quando contratam novos profissionais, ao passo que, no caso das PME, não é tanto assim – apesar de haver fortes indícios de que as PME podem beneficiar substancialmente com o uso eficaz das TIC. O setor público, todavia, exige competências digitais. Apesar disto, existe um consenso geral de que a disponibilidade de talento qualificado no domínio digital na Europa é insuficiente para satisfazer os objetivos socioeconómicos da União Europeia, assistindose a sinais de alarme emitidos pelos dirigentes empresariais, pelos analistas e pelos governos a respeito deste problema. Entre 41% e 56% das firmas em todos os setores informam que estão atualmente a recrutar especialistas em TIC e implicam que muitos destes empregos sejam “difíceis de preencher”. Uma investigação empírica da OCDE e do Fórum Europeu das Competências Digitais sustenta este ponto de vista. O défice poderá ser colmatado através de duas vias de ação: reforçar a formação profissional (ou fortalecer a força de trabalho através da imigração, ou externalizar) e melhorar a utilização de pessoal treinado ou suscetível de ser treinado. Em suma, o foco atual da Europa incide sobre o aumento das reservas de talento – mas também é preciso fazer muito mais para o aproveitar.
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Da sala de aula ao local de trabalho As inovações tecnológicas estão a moldar o futuro do trabalho. Reconhecemos, todavia, uma crescente clivagem entre aqueles que dispõem de acesso, competências e oportunidades para singrar no novo mercado de trabalho e aqueles que não dispõem. As competências digitais são fundamentais para a preparação para o trabalho e para o sucesso profissional na Europa numa variedade de profissões. Se analisarmos a origem da procura, a resposta poderá residir, em parte, no papel crítico que a tecnologia hoje desempenha nas pequenas e médias empresas que constituem a espinha dorsal da economia. Num estudo global conduzido por Vanson Bourne, 60% das PME identificaram o uso da tecnologia informática como o fator decisivo para que os seus negócios prosperassem ou apenas sobrevivessem. Além disso, 73% das PME acreditam que a tecnologia deve ajudar o seu pessoal a trabalhar em qualquer lugar, em qualquer momento. As competências digitais para a nova economia constituem, por conseguinte, uma prioridade para os governos, para a indústria e para as instituições de ensino. O mundo das TIC está em acelerada transformação. Aqueles que descobrirem e dominarem as competências necessárias para colmatar a lacuna de competências assegurarão o seu futuro e o futuro das suas empresas. Estas tendências globais em termos de tecnologia e inovação devem refletir-se na oferta educativa através de soluções de aprendizagem flexíveis para as escolas e para os professores que contribuam para o envolvimento inicial e continuado dos jovens e dos aprendentes ao longo da vida de forma a os dotarem das competências que a nova economia exige. Olhando para o exemplo da transição para a computação em nuvem, a maioria das empresas desejará educar os seus profissionais de TIC com o fim de reforçar as capacidades e competências dos seus quadros para se anteciparem à mudança. Os Diretores de Sistemas de Informação que pretendem gerar mais valor empresarial por meio das TIC, têm necessariamente de estar na linha da frente da educação visando competências em computação em nuvem – tanto para seu benefício, como dos seus profissionais de TIC. A natureza do trabalho está em transformação. A evolução de novas oportunidades de emprego, associada às tecnologias em nuvem e ao roteiro de competências relevantes, foi descrita num relatório sobre aprendizagem da Microsoft, intitulado “A computação em nuvem: O que os profissionais de TIC precisam de saber”. O ambiente em nuvem emergente oferece a quem detem capacidades e competências certas a oportunidade de consolidarem e desenvolverem os seus negócios.
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A qualificação para o futuro e as mudanças no mercado de trabalho são igualmente vertentes abordadas no recente relatório da London School of Economics “Modelação da Nuvem. Efeitos do emprego em dois setores exemplares no Reino Unido, Alemanha, Itália e EUA”. O estudo revela que a computação em nuvem resultará em alterações de gestão em todos os setores da indústria e que os gestores terão de adotar um perfil profissional empresarial/tecnológico mais híbrido para alcançar sucesso. O potencial de crescimento associado às novas tecnologias prevê que, no Reino Unido, por exemplo, entre 2010 e 2014, a taxa de crescimento nos empregos relacionados com a computação em nuvem, no setor dos serviços de smartphone, seja de 349%. As competências em TIC estão a tornar-se mais preponderantes no mercado de trabalho e as implicações associadas em termos de gestão são evidentes. Estar a par destas tendências e adquirir competências para o século XXI torna-se especialmente relevante para os jovens europeus de hoje, que enfrentam um verdadeiro fosso de oportunidades. Perante uma taxa de desemprego entre os jovens sem precedentes na Europa, o desenvolvimento de novas competências e acreditação será fundamental para ajudar os jovens a satisfazer as novas exigências do mercado de trabalho e a aproveitar novas oportunidades de emprego. A indústria das TIC tem um papel a desempenhar a todos os níveis, em parceria com outras partes interessadas, a fim de assegurar que as competências em TIC, tanto de nível básico como de nível avançado, criem uma via clara para oportunidades de emprego. A iniciativa do Reino Unido “Britain Works” constitui um exemplo de uma parceria público-privada escalável que responde a este imperativo de reforço de qualificações. Através de uma série de parcerias com organizações não-governamentais (ONG), centros de aprendizagem comunitários e autoridades públicas, o programa “Britain Works” visa ajudar meio milhão de pessoas a encontrar emprego, durante três anos, nas áreas da economia que conduzam à retoma. O programa já ajudou 300.000 jovens a arranjar trabalho através de formação e de estágios em TIC num conjunto de setores, desde as indústrias de transformação aos serviços e ao próprio setor de TIC.
Deficiências de gestão A prevalência do autodidatismo entre funcionários e de indicadores da dimensão da formação em serviço aponta para uma necessidade de formação que extravasa o âmbito normal das instituições educativas e dos organismos de formação.
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Uma pesquisa econométrica recente do Centro de Desempenho Económico da London School of Economics indicou que as práticas de gestão diferem significativamente em relação ao uso das TIC, sendo que as empresas europeias registam um desempenho mais fraco do que as suas concorrentes norte-americanas dentro dos mesmos mercados. Na sua maioria, estas empresas usam tecnologias idênticas e contratam a sua força de trabalho junto do mesmo contingente de profissionais. Tratando-se de estudos agregados que recorrem a dados de amostra de um grande número de empresas, as correlações são extremamente significativas mas a explicação destas diferenças é vaga. No entanto, uma outra pesquisa recente da London School of Economics (LSE) sobre as práticas de gestão quer de pequenas, quer de grandes empresas, no setor aeroespacial, oferece um melhor indicador sobre quais as práticas que diferem e permite compreender um pouco melhor de que forma os profissionais possuidores de competências digitais são geridos. Podemos constatar, por exemplo, que os salários e outros incentivos são superiores nos EUA, para os utilizadores de competências digitais, tanto de nível alto como médio, e podemos colocar a hipótese de os tipos de tarefas que executam por rotina utilizarem melhor essas competências. É matéria que merece reflexão. Os desafios da Europa em termos de competências digitais são quantitativos e qualitativos. Esta revelação ilumina uma fratura até agora desconhecida na cadeia de valor da Europa. Os países com melhor desempenho registam uma proporção muito mais pequena de empresas mal geridas. Nos países com as maiores proporções de empresas mal geridas, prevalece a opinião geral de que a qualidade da gestão não é uma prioridade elevada. A melhoria das práticas de gestão terá um efeito continuado sobre a melhoria do desempenho. Verifica-se uma considerável falta de consciência entre os gestores a respeito das qualidades de gestão; os dados revelam que os gestores não procuram comparar as suas práticas de gestão com as de outras empresas, nem mesmo no seu próprio setor. Embora o nível geral de competências na economia tenha de melhorar, especialmente nos países da UE com níveis baixos de qualificações, como o Reino Unido, a Grécia e Portugal, a diferença mais significativa reside na forma como as TIC são usadas. Os níveis salariais e a produtividade estão mais diretamente relacionados com o número de tarefas para que um computador é utilizado no trabalho do que com a mera presença de computadores no local de trabalho ou o nível de competências básicas dos funcionários.
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O desafio da Europa em termos de competências digitais é também um desafio para a gestão. Assim, devemos desviar o nosso foco do ensino das competências em TIC para o ensino das competências de gestão. Os decisores políticos fariam bem se refletissem sobre isto a fim de evitar uma afetação errónea de recursos.
A inovação requer gestão Este desafio de gestão é exacerbado pelo impacto cultural de introdução de inovação nos processos empresariais. Embora as competências estejam incorporadas nos indivíduos, só fazem sentido na sua aplicação a funções empresariais. Aliás, à parte as tarefas de rotina associadas ao tratamento padronizado da informação, as atividades inovadoras no uso das TIC são frequentes e comuns e requerem flexibilidade tanto da parte da organização, como do indivíduo. Segundo as palavras de um grupo de analistas altamente respeitados da economia e gestão das TIC: “As empresas não se limitam a ligar os computadores ou o equipamento de telecomunicações e a atingir a qualidade dos serviços ou ganhos de eficiência. Pelo contrário, passam por um processo de co-invenção, por vezes demorado e difícil. Os vendedores de TIC inventam tecnologias; não implicam mas apenas facilitam a sua aplicação; os utilizadores de TIC devem co-inventar aplicações. A co-invenção, como toda a invenção, contém elementos de processo e de produto. Do lado da co-invenção de processos, o uso eficaz das TIC envolve com frequência mudanças nas organizações.”
Casamento perfeito: o melhor talento para as melhores empresas O melhor talento busca as melhores organizações. Os incentivos que levam as pessoas a adquirir competências existem igualmente em função das oportunidades de trabalhar no tipo de organizações flexíveis que valorizam essas competências. Esta relação entre as capacidades das organizações e os incentivos às pessoas está na base dos fenómenos mais superficiais que são medidos: números de pessoas qualificadas na força de trabalho e práticas de contratação das empresas. Isto implica não só que as pessoas desejarão adquirir competências mais adequadas e de nível mais avançado, mas que as empresas em melhores condições para explorar essas competências deverão ser capazes de oferecer salários mais altos e melhores incentivos pelo trabalho inovador.
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Este aspeto é claramente demonstrado pelos dados comparativos sobre níveis salariais. Num mercado cada vez mais global, o talento europeu no domínio das competências digitais buscará organizações que ofereçam as melhores oportunidades. Existe um perigo real de estas oportunidades se encontrarem cada vez mais fora das fronteiras da Europa. Assim, à medida que a Europa refina os seus processos de desenvolvimento das competências digitais, transforma-se num exportador líquido de competências digitais, em lugar de um centro regional de inovação de alto valor. Embora constitua um resultado infeliz, não deixa de ser realista.
Das palavras à ação Hoje em dia, as TIC permeiam praticamente todos os aspetos das nossas vidas. Estão inextricavelmente ligadas ao nosso desejo de uma economia próspera e competitiva, de preservação do nosso meio ambiente e de uma sociedade mais democrática, aberta e inclusiva. No entanto, este desejo apenas se tornará realidade se todos os cidadãos forem mobilizados e capacitados para impulsionar e participar em pleno na nova sociedade digital. A manutenção do status quo não é uma opção. Capacitar as pessoas para o mundo digital de hoje significa um conjunto de aspetos fundamentais. A capacitação significa que temos um determinado número de direitos enquanto utilizadores e consumidores no novo ambiente em linha; a capacitação significa também que temos acesso a redes de banda larga com e sem fios resistentes e fiáveis. Mas, acima de tudo, a capacitação significa competências digitais, por outras palavras, que todas as pessoas têm as qualificações e as capacidades para tirar partido das oportunidades da era digital. Tendo em conta a abordagem holística necessária para capacitar eficazmente todos os europeus a nível digital, existe a necessidade de estabelecer uma agenda estratégica que permita uma análise regular do seu progresso. Consequentemente, parece apropriado definir metas políticas concretas que nos permitam controlar e avaliar constantemente a adequação das nossas ações políticas para alcançar os objetivos políticos mencionados. A este respeito, a Agenda Digital para a Europa propõe um conjunto de metas de inclusão digital, como seja a de aumentar a utilização regular da Internet de 60% para 75% até 2015 (e de 41% para 60%, no caso das pessoas desfavorecidas) e reduzir
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para metade até 2015 (para 15%) a proporção da população que nunca utilizou a Internet. Todos os adultos têm de poder dispor de acesso fácil às oportunidades de formação nas TIC. A este respeito, a ação política proposta que permitiria a consecução das metas referidas seria a criação de um Plano de Ação para as Competências e Literacia Digitais. Esta iniciativa compreenderia o desenvolvimento de parcerias multiparticipadas e incentivos a iniciativas do setor privado para prestar formação a todas as pessoas empregadas, as quais teriam de ser articuladas, de modo holístico, com iniciativas realizadas no setor educativo. O potencial da Europa reside nas competências da sua população e das suas organizações. Sem uma infraestrutura presente a todos os níveis, o uso das TIC só pode ser limitado, como, sem competências, o valor económico e social decorrente desse uso será também limitado. Se ignorada, a falta de competências nas TIC tornar-se-á o óbice que impedirá a Europa de ser competitiva na economia global. No que toca aos desafios da produtividade e à potenciação do investimento no talento tecnológico, as ações seguintes são de importância capital: • Maior focalização na gestão tecnológica e na consciencialização de boas práticas gerais de gestão. Os gestores precisam de um nível superior de educação para alcançar esta consciencialização e de aplicar sistematicamente os seus conhecimentos, e os governos devem encorajar as empresas mal geridas para que adquiram melhores competências. Isto implica dois aspetos: mais gestores requerem uma educação de nível superior e a educação em gestão deverá incluir formação sobre a natureza da tecnologia e formas de melhor aproveitar a prestação dos trabalhadores com competências digitais. • Os trabalhadores qualificados deverão ser encorajados a sentirem-se envolvidos na organização, comungando dos seus objetivos e sendo capazes de participar nas suas atividades. É demasiado frequente que as atividades do pessoal qualificado se limitem a funções estritamente técnicas, não lhes sendo dada a oportunidade de aplicar os seus conhecimentos, de modo alargado e de formas inovadoras que reforcem a produtividade.
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• Garantir que as pessoas detentoras de competências digitais disponham de condições de emprego proporcionalmente melhoradas. As práticas remuneratórias e, em particular, a diferença desfavorável entre as pessoas qualificadas e as pessoas menos qualificadas mas com antiguidade no serviço constituem desincentivos para que os jovens trabalhadores se esforcem para reforçar o seu nível de competências. Embora as empresas invoquem que se deparam com uma oferta de emprego não satisfeita, são poucas as provas de que a procura conduza ao aumento dos níveis salariais na Europa para a generalidade dos trabalhadores que possuem competências digitais. • Transformar as perspetivas de carreira para as pessoas detentoras de competências digitais: as TIC estão profundamente integradas nas organizações de maior sucesso. No entanto, o pessoal digitalmente qualificado raramente pode, e mais raramente ainda, é encorajado a lançar-se nas carreiras empresariais mais atrativas nas empresas europeias. • Os governos têm de garantir que a sua utilização das competências digitais é exemplar, que as suas atividades de administração em linha são de qualidade superior e que investem em experiências e modelos de boas práticas que possam ter uma influência mais alargada nas práticas organizativas na economia. • Assegurar que as competências básicas são de qualidade comparável entre os mercados de trabalho de modo que os empregadores possam conhecer melhor quais as capacidades dos candidatos a emprego. Os trabalhadores beneficiarão igualmente de um entendimento mais claro das expetativas de trabalho através de credenciais e perfis profissionais articulados. • O crescimento da produtividade através das competências digitais opera-se de duas maneiras básicas: através da flexibilidade de adaptação rápida e económica a novas práticas e através da inovação. A agenda futura das competências digitais deverá centrar-se nestas capacidades e instilar entusiasmo por estas capacidades na educação, nos serviços das administrações centrais e em programas de sensibilização pública. Os factos e as implicações são claros. Encorajamos fortemente os decisores políticos, a indústria, o sistema educativo, os especialistas de recursos humanos e os líderes institucionais a que sigam este conselho e atuem em conformidade.
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Capítulo 3: Para uma função das Tecnologias da Informação orientadas para o valor A função das Tecnologias da Informação constitui um elo crítico entre a indústria das TI e os outros setores de atividade que ela serve – e é uma fonte vital de inovação. A função da TI cria uma ligação e uma plataforma facilitadora na cadeia de valor das organizações, agindo como base da atividade empresarial. Apoia as organizações na combinação de pessoas, processos e tecnologias para automatizar os processos empresariais e produzir soluções que permitam às organizações e aos utilizadores atingir desempenhos eficientes e inovadores. Em última análise, o papel da função das TI é converter o investimento em TI na forma de pessoas, processos e tecnologias, em valor empresarial, com a ajuda de utilizadores digitalmente literatos. Um euro gasto na àrea das TIC deveria resultar em mais do que um euro em valor empresarial. Mas resulta? E saberemos sequer como medi-lo? Em termos latos, a àrea das TI tem dificuldade em dar resposta a estas questões. Os Diretores de Sistemas de Informação de muitas organizações são incapazes de medir com rigor e articular o valor empresarial produzido pelas TI. Isto é frequentemente descrito como o Paradoxo da Produtividade das TI que foi definido por Robert Solow quando afirmou: “Vejo computadores por todo o lado exceto nas estatísticas de produtividade.” Este facto deixa os dirigentes empresariais frustrados e cria desconfiança entre as chefias e a função das TI. Em alguns casos, leva a que a função das TI seja relegada para a posição de fornecedora operacional do negócio e não de parceira estratégica. Se a função das TI for capaz de responder com sucesso a este problema, existe então uma oportunidade de trazer as TI para a linha da frente da indústria. Além da deficiente perceção das TI no seio das organizações, é igualmente alarmante que a prática profissional das TI seja muitas vezes entendida negativamente. Os analistas da indústria lamentam com frequência as fracas oportunidades de progressão nas carreiras, a imagem de fanatismo ligada aos especialistas de informática, a ênfase míope na tecnologia, a crescente padronização e declínio da importância estratégica da TI nas organizações. Perante tal cenário, é fácil compreender por que razão nos deparamos com
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números insuficientes de estudantes na Europa em cursos de TI. E no entanto impulsionada pela lei de Moore, as TI são talvez o recurso empresarial mais vibrante ao dispor da indústria e das organizações dos nossos dias. As consequências da fraca reputação das TI, tanto a nível das organizações como da sociedade, são patentes: números insuficientes de pessoas com qualificações adequadas ingressam e permanecem na profissão e, em resultado, as empresas europeias debatem-se para beneficiar da capacidade de inovação das TI. Por conseguinte, esta situação tem impactos adversos na competitividade da Europa na arena global. Podemos estar perante um círculo vicioso. A incapacidade das TI para demonstrar valor empresarial está a obstar à sua importância estratégica no seio das organizações e, portanto, ao nível de investimento que recebe. Quanto mais baixa se entender a sua importância, menos recursos são investidos nela e menos oportunidades de carreira existem. Este facto, por sua vez, tem impacto sobre os números de indivíduos que desejam seguir uma carreira nesta área, o que, em última análise, limita as disponibilidades de competências de que as empresas podem tirar partido para realizar um valor acrescido. No entanto, a situação não é completamente negativa. Há grandes empresas europeias que estão a adotar as TI com sucesso em todas as vertentes da sua atividade. Este capítulo ilustrará vários desses exemplos e analisará ainda o conjunto de práticas e competências necessário para permitir esse sucesso. No final do capítulo, faremos recomendações e indicaremos ações que deverão ser seguidas para acelerar esta tendência no panorama mais vasto da Europa.
As TI são importantes? Martin Curley, Diretor dos Laboratórios Intel na Europa e codiretor do Innovation Value Institute (IVI), reconhece o desafio e afirma: “As TI estão a afirmar-se como uma das forças mais dominantes na transformação das empresas e da sociedade atuais. Cada vez mais assistimos à concertação entre a lei de Moore e todos os tipos de negócios, criando grandes oportunidades empresariais, mas também desafios.” Embora a tecnologia, impulsionada pela lei de Moore, esteja a avançar a um ritmo muito acelerado, as práticas utilizadas para gerir e aplicar as TI parecem registar um atraso significativo. São prova disto as preocupações regularmente expressas por muitos diretores executivos,
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bem como em artigos frequentemente citados, que tentam abordar a questão “As TI são importantes?” Continua a existir claramente a necessidade de demonstrar melhor a ligação entre o investimento em TI e o resultado do valor empresarial.
Uma espiral descendente O Innovative Value Institute identificou que, em muitas empresas, os departamentos de TI estão a registar um desempenho insuficiente e que a gestão das empresas não demonstra vontade em financiar a inovação. Nestas organizações, a ênfase da função das TI é inteiramente operacional e o potencial das novas tecnologias não é reconhecido. Por exemplo, em empresas deste tipo, o objetivo solitário de introduzir a computação em nuvem é entendido como a sua capacidade para melhor gerir as operações de TI normais, contrariamente ao seu potencial enquanto facilitadoras da inovação. Para resolver esta situação e travar o declínio estratégico da TI, os Diretores de Sistemas de Informação têm de demonstrar com maior eficácia o valor potencial das TI. Além disso, necessitam de pessoas com a combinação certa de competências e conhecimentos para pôr em prática esta visão.
Corrigir perceções erróneas a respeito das TI A solução para conseguir as pessoas certas é a oferta de indivíduos adequadamente qualificados. Trata-se de um desafio no panorama industrial presente. Existe, por vezes, entre os jovens, a conceção errada de que os profissionais de TI trabalham em empresas de TI. A realidade é que são menos de 50% da totalidade dos profissionais de TI os que são empregues na indústria de TI. A maioria trabalha dentro das funções de TI de organizações voltadas para o utilizador final. Outra perceção incorreta é que uma carreira em TI será orientada para a tecnologia. Quando olhamos para as TI, num sentido lato, são cada vez menos as pessoas que são tecnólogas puras. A tendência é no sentido de uma fusão entre a tecnologia e outras competências empresariais. Em termos simples, a ênfase puramente na tecnologia está a declinar. Existem indícios que sugerem que as organizações de topo são mais capazes de inovar quando a atividade empresarial e as TI coincidem. As TI são prioritariamente facilitadoras e o seu potencial, enquanto fonte de vantagem competitiva, concretiza-se melhor quando combinado com a inovação
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empresarial e não isoladamente. Para facilitar esta inovação, verifica-se uma necessidade crescente de indivíduos que combinem competências empresariais e em TI. Contudo, atualmente, a oferta destes profissionais não está a satisfazer a procura da indústria e está a perder-se competitividade e oportunidades. Este facto tem um impacto de longo alcance sobre a economia e, o que é igualmente importante, sobre o bem-estar da sociedade. Estudos recentes indicaram um declínio do número de alunos de TI. Os alunos de TI são apenas uma fonte potencial de uma força de trabalho possuidora de competências digitais; isto reflete preocupações com a perceção pública mais alargada das TI. É indispensável reverter esta tendência. O papel das TI nas organizações de topo europeias está a evoluir aceleradamente; a importância dos não-tecnólogos é cada vez maior. Além disso, à medida que as tecnologias mais recentes, como a computação em nuvem, facilitam a democratização das TI, prevê-se que a capacidade dos indivíduos para explorarem as TI no setor empresarial cresça fortemente nos próximos anos. Por exemplo, a crescente sofisticação e facilidade de utilização das plataformas enquanto serviço facilitarão a construção de soluções de TI inovadoras, fora do ambiente tradicional das TI. Mas tal requer indivíduos adequadamente qualificados com a combinação relevante de TI e conhecimentos empresariais. Uma lacuna considerável que pode ser colmatada é a que se refere à educação em gestão no domínio das TI e relacionada com a inovação em TI, a qual deverá ser incluída nos programas de mestrado em Administração Empresarial nas principais escolas de gestão de empresas.
A importância das TI Michael Gorriz, Presidente da EuroCIO, a Associação Europeia de Diretores de Informação, e Diretor de Informação da Daimler, explica: “No seio das organizações de maior dimensão, tanto as TI como a Gestão de Informação desempenham um papel cada vez mais importante. Talvez esta realidade não seja muito bem compreendida pelo mundo exterior. As grandes organizações deixariam de funcionar se os seus sistemas de TI entrassem em rutura. Uma rutura prolongada levaria inevitavelmente à rutura do negócio. Em grandes organizações, as ramificações para os intervenientes seriam de proporções sísmicas.” Michael Gorriz apresenta uma perspetiva positiva do modo como as TI podem ser usadas de forma inovadora na Daimler: “Neste aspeto, a Daimler não é diferente. As TI fazem parte integrante de toda a estrutura organizativa. A TI estão envolvidas em todos os processos de negócio
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primários e secundários. Ainda antes de a primeira peça de metal ser usada, um novo Mercedes-Benz já percorreu milhões de quilómetros de testes no computador. Os nossos automóveis são concebidos, construídos e desenvolvidos tridimensionalmente no computador. Isto inclui ensaios de choque e resistência, além de simulações de condução. Só através destas simulações podemos prever o comportamento de um novo modelo.” O mesmo se passa na linha de produção da Mercedes-Benz – é tudo modelado em 3D. Em consequência, alterações não previstas em termos de construção tornaram-se raras. As TI participam na entrega, na reciclagem, na gestão de peças sobresselentes, no comércio, no marketing, na assistência ao cliente e nas atividades de reparação. Na realidade, as TI são um motor da eficiência empresarial. Cada vez mais clientes estão a personalizar os seus automóveis, a solicitar orçamentos e a organizar testes de condução em linha. Deste modo, as competências digitais são fundamentais para a eficiência operacional. Cada vez mais serão críticas para a inovação, uma vez que as TI estão a tornar-se um diferenciador essencial no tocante a novos produtos e serviços. De modo idêntico, na Intel, as tecnologias da informação e comunicação são o centro nevrálgico da empresa e cada vez mais a sua força pois os sistemas de TI automatizados contribuem para permitir que as fábricas mundiais da Intel fabriquem e despachem mais de mil milhões de peças de alta qualidade e alta tecnologia por ano. O ritmo da inovação nas empresas como a Intel, em que carteiras de produtos completas são reinventadas quase numa base anual, é fundamentalmente facilitado pelas TI. As equipas de design em todo o mundo, ligadas pelas TI, contribuem para a ajudar a Intel e empresas de todos os setores da economia a inovar continuamente. A Daimler oferece outro bom exemplo das TI enquanto facilitadoras da inovação empresarial. Com o car2go, é redefinido o transporte individual nas zonas urbanas. Pela primeira vez, os clientes podem alugar viaturas “Smart Fortwo” em qualquer ponto da cidade, a todas as horas do dia e a tarifas por minuto atrativas. Através do telemóvel ou da Internet, é possível localizar, alugar espontaneamente – mesmo para uma viagem apenas de um sentido – ou reservar com antecedência viaturas disponíveis. A tecnologia das comunicações móveis, suplementada pelas TI de ponta, permite que um processo de aluguer único e simples seja realizado com a maior facilidade. Neste caso, as soluções de TI inovadoras constituem o motor de todo um novo conceito de mobilidade e, por conseguinte, um poderoso exemplo de negócio.
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A organização de TI da Intel, em conjunto com o Corporate Affairs Group da Intel, criou uma plataforma global para disponibilizar conteúdos multimédia enriquecidos para o ensino da Ciência e da Matemática a crianças em todo o mundo. A Organização de TI não só criou uma plataforma avançada (www.skool.com), que serve mais de vinte países a nível mundial, em várias línguas, como criou igualmente um modelo de negócio único baseado numa parceria público-privada para assegurar a sustentabilidade da plataforma. A introdução pelas TI da Disney da fotografia digital nos parques temáticos da empresa, que encontrou inicialmente resistência por parte da indústria, é outro exemplo do modo como a organização das TI pode manter a liderança e ajudar uma empresa não só a sobreviver, mas a prosperar. O uso da fotografia digital nos parques temáticos ofereceu à Disney a oportunidade de multiplicar as receitas com os visitantes dos parques, intensificando ao mesmo tempo a sua experiência. É estimulante e inspirador tomar conhecimento de usos das TI tão inovadores. No entanto, a Daimler, a Intel e a Disney não estão isoladas na exploração das TI, nas suas organizações respetivas, para conseguir valor empresarial e facilitar a inovação. Outras organizações de topo na Europa estão a adotar estratégias semelhantes. Mas todas estas organizações enfrentam o mesmo problema de grave escassez de profissionais adequadamente qualificados.
As competências digitais nas empresas voltadas para o utilizador final Como vê então as competências digitais uma organização centrada nas TI como a Daimler? Michael Gorriz explica: “Temos três categorias de pessoas que trabalham em TI. Em primeiro lugar, temos os tradicionalmente chamados profissionais de TI, que trabalham no departamento de TI. No caso da Daimler, compreendem 2% da força de trabalho. Noutras organizações, a proporção é mais elevada, podendo chegar aos 10% nos serviços financeiros. Em segundo lugar, existe um grupo mais vasto de utilizadores intensivos dos sistemas de TI. São pessoas que trabalham, por exemplo, na engenharia, na logística, nas finanças e na administração. Todos utilizam as TI como parte essencial das suas funções. O último grupo compreende todas as outras pessoas que usam sistemas normalizados de TI, como a Intranet, o correio eletrónico e sistemas de informação e apoio aos processos. Requerem competências digitais genéricas ou
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formação especial nos sistemas que usam. Torna-se claro que, em todos os segmentos da organização, existe hoje uma necessidade de que os funcionários possuam competências digitais avançadas.” Parcerias multiparticipadas em toda a Europa estabeleceram de comum acordo definições harmonizadas de competências digitais para os profissionais de TI. Atualmente, estão a ser concebidos programas de mestrado. Mas para instituir ainda mais este modelo de competências digitais, é necessário que mais empresas e estabelecimentos de ensino se envolvam nele e o apoiem. Infelizmente, é evidente, nas três categorias, um défice de pessoas, ou mais precisamente, um défice de pessoas com as competências digitais adequadas. Naturalmente, todos os jovens são capazes de jogar jogos de computador ou usar ferramentas de redes sociais. Contudo, muitos jovens encontram dificuldades quando têm de trabalhar com um sistema de TI padronizado assim que integram a força de trabalho. A este nível, a promoção e o uso de uma certificação inicial, como o modelo da Carta Europeia de Condução Informática (CECI), representariam um grande passo em frente. Seria vantajoso para os alunos, para as organizações e para a sociedade em geral que todas as pessoas adquirissem estas competências digitais básicas. Para além do processamento de texto e folhas de cálculo, devemos considerar a inclusão de conhecimentos elementares sobre o uso de sistemas administrativos empresariais. Contribuir-seia, assim, para melhorar o profissionalismo e a mobilidade de emprego. No caso dos profissionais de TI, constatamos uma série de problemas. Não só temos uma escassez de pessoas que estudam Informática, gestão da informação e estudos afins (prevê-se uma escassez de 10-15%, dependendo do cenário económico, em 2015), como observamos, noutras disciplinas, que é dada muito pouca atenção às TI. Em todas as matérias tradicionais, são necessários conhecimentos de TI a fim de trabalhar profissionalmente, em especial nas áreas que envolvem inovação. Isto aponta para um desfasamento entre o que as instituições de ensino oferecem e aquilo de que os empregadores necessitam. Ainda que as universidades promovam as competências digitais numa variedade de formas, temos de assegurar que os currículos acompanham a rápida evolução do ambiente de TI. As redes sociais e a computação em nuvem existem há relativamente pouco tempo, mas já estão a ter um impacto significativo nas nossas vidas. Precisamos de incluir as competências digitais no nosso plano de aprendizagem ao longo da vida.
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Uma grande organização como a Daimler tem a vantagem de colaborar diretamente com as universidades. Criar formação ou cursos para os funcionários é uma forma de responder aos desafios que a Daimler enfrenta. Mas a Daimler acredita que é indispensável fazer mais. “Precisamos que a sociedade forme trabalhadores com as competências digitais necessárias, sejam eles “utilizadores avançados” ou “profissionais de TI”, sublinha Michael Gorriz. “Não se trata apenas de um requisito de uma grande empresa, mas de um pré-requisito para a transição para uma sociedade baseada no conhecimento.” Existe ainda uma questão que se prende com a pesquisa sobre sistemas de informação. Grande parte da investigação sobre os sistemas de informação é atualmente realizada na universidade; os departamentos de pesquisa sobre sistemas de informação adotam a perspetiva da ciência comportamental. Embora esta pesquisa seja valiosa, não é suficiente. A Ciência do Design está hoje a emergir como um paradigma de pesquisa que pode fornecer novas ferramentas e artefactos para ajudar as TI e os executivos das empresas em atividade a gerir e a criar valor a partir das TI de forma mais sistemática. O Innovative Value Institute baseia a sua atividade central de investigação na ciência do design e cria ferramentas e programas de formação para executivos de TI ativos. Um aspeto único desta atividade de pesquisa é que grande parte da pesquisa regista contributos de executivos de TI ativos em numerosas empresas que congregam os seus conhecimentos com vista à evolução da profissão de executivo de TI. Esta congregação de conhecimentos é codificada e encapsulada num quadro e repositório vivos, denominado Quadro de Maturidade da Capacidade em TI (IT-CMF). Em virtude da natureza viva do repositório de conhecimentos, as ofertas de formação podem ser prestadas espontaneamente a partir do repositório para fornecer ensino e formação que acompanhem o ritmo cada vez mais acelerado das mudanças tecnológicas. Este esbatimento das fronteiras entre o ensino e a indústria é uma tendência que provavelmente registará novos avanços nos próximos anos, uma vez que facilita uma maior aproximação entre os requisitos da indústria e os resultados da investigação, com o objetivo de formar profissionais de TI com as competências digitais relevantes que, por seu turno, criem um acréscimo de valor empresarial.
Competência digital Além dos défices de competências discutidos anteriormente, também há indícios crescentes de uma falta de alinhamento entre as ofertas de ensino
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e as exigências da indústria. Além disso, a falta de maturidade da profissão de TI significa que não há comparabilidade a nível das organizações - e muito menos a nível europeu - entre as diferentes competências de TI e os conhecimentos dos profissionais de TI. Esta situação é insustentável. Os riscos para a sociedade de diferentes interpretações de competências em TI estão a aumentar à medida que elas vão permeando cada vez mais todos os aspetos da vida moderna. Um passo fundamental no combate a esta situação é a introdução de um quadro consistente para definir as competências digitais em toda a Europa. Será assim possível que as escolas, os estabelecimentos de ensino superior, os empregadores, os trabalhadores, as empresas de formação e as agências de recrutamento funcionem de maneira mais articulada. Usando esta abordagem, as organizações podem definir funções profissionais em termos das competências relevantes em TI necessárias. Os profissionais podem definir-se a si mesmos em função das competências de TI que possuem. E os professores podem proporcionar transparência nas competências oferecidas pelos seus respetivos cursos, facilitando assim o planeamento da formação e das carreiras. As versões iniciais do Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais (QRCD) demonstraram o seu potencial para funcionar como uma pedra de Roseta das Competências Digitais em toda a Europa. Facilitar a mobilidade profissional será o resultado final, por possibilitar um entendimento consistente entre as organizações e através das fronteiras. Para que o seu pleno potencial seja concretizado, todos os principais interessados - a indústria (tanto as organizações de TI como as voltadas para o utilizador final), os agentes educativos (públicos e privados) e os governos (europeu, nacionais e locais) - devem adotar urgentemente as suas principais medidas. São necessárias outras ações nesta área com carácter de prioridade. Sem essa coerência, é provável que os modelos organizacionais, locais, nacionais e europeus surjam desfasados e, consequentemente, dificultem a mobilidade e a progressão nas carreiras dos trabalhadores europeus. O recente projeto de investigação sobre o Profissionalismo em TIC da DG Indústria e Empresas, conduzido pelo IVI e pelo Conselho das Sociedades Profissionais de Informática Europeias aprovaram a adoção do QRCD. Foi igualmente recomendado que as competências individuais e as capacidades organizacionais fossem associadas, o que é tratado em maior detalhe na secção seguinte.
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Inovação e valor Valor e custo são, naturalmente, dois conceitos diferentes. Como Oscar Wilde disse: “Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo e o valor de nada.” Muitos Diretores de Informação terão decerto alguém em mente quando refletem sobre esta citação. Existe uma ênfase enorme sobre o custo em relação às TI. Não está correlacionado com a economia porque se trata de um fenómeno persistente. A ênfase tem de incidir mais no valor a fim de desencadear os benefícios da inovação impulsionada pelas TI. O desafio de criar inovação facilitada pelas TI não depende apenas das competências digitais; existe um dilema maior que deve ser resolvido. A solução deve abranger pessoas, processos e tecnologias. Ou seja, os Diretores de Informática e os Diretores Executivos devem olhar para o panorama mais vasto da avaliação da capacidade organizacional das TI, em vez de considerarem a soma das competências individuais dos seus funcionários. Compreender a maturidade de uma organização nesta matéria oferece perceções sobre que estratégias e táticas podem ser implementadas a fim de aumentar o valor empresarial das TI criado a partir dos recursos humanos, técnicos e operacionais de uma organização. Os quadros de capacidades em TIC podem ser usados para identificar défices em termos de capacidades de TI organizacionais. Um resultado possível de um tal processo de avaliação poderá identificar uma necessidade de desenvolver proficiência acrescida em competências profissionais específicas a ser satisfeita através da formação direcionada dos trabalhadores ou através de atividades de recrutamento / externalização. Desta forma, os quadros de capacidades e competências no domínio das TIC podem complementar-se perfeitamente entre si para ajudar a criar maior valor empresarial para as organizações. Por esta razão, existe uma forte relação simbiótica entre os quadros de referência de capacidades organizacionais, como o IT-CMF, e os quadros de referência de competências digitais individuais, como o QRCD.
Novas responsibilidades A função de TI encontra-se numa conjuntura importante. A convergência das tendências importantes da indústria, tais como a computação em nuvem, a democratização das TI e a inovação de serviços, tem um impacto sobre o papel do Diretor de Informática. Serão necessárias mudanças significativas para que este papel continue válido nas empresas de amanhã.
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Independentemente do nível de maturidade da organização, o papel fundamental das TI nas organizações significa que o foco do Diretor de Informática deve, em primeiro lugar, incidir sobre o estabelecimento de uma base sólida de conformidade e prestação eficaz do serviço. Sem a capacidade de oferecer níveis de serviço consistentes, o Diretor de Informática não será capaz de progredir na cadeia de valor. No entanto, a forma como o Diretor de Informática gere a capacidade operacional básica das TI (ou seja, “manter as luzes acesas”) transformar-se-á provavelmente à medida que transitarmos para um modelo utilitário dos serviços em nuvem. Haverá uma ênfase crescente na gestão das relações com terceiros, em lugar da gestão interna dos recursos, para prestar este serviço. Na realidade, parece provável que muitas organizações adotem um modelo de nuvem híbrido, conservando capacidades internas de provisão dos seus processos e atividades mais sensíveis, usando um ecossistema de fornecedores externos para processos de negócio voltados para o cliente. Administrar esta transição exigirá mudanças nos perfis de qualificação, tanto dos Diretores de Informática, como dos profissionais de TI que trabalham nestas funções. Ao longo do tempo, com a atribuição de níveis crescentes de responsabilidade em termos das TI operacionais a fornecedores externos, os Diretores de Informática, tornaram-se suscetíveis de fazer incidir cada vez mais o foco em atividades de valor acrescentado – usando as TI como uma alavanca para facilitar a inovação na organização. No entanto, a maneira como esta inovação é criada, consumada e gerida é suscetível de se alterar significativamente. Por exemplo, ao invés de a inovação impulsionada pelas TI ter predominantemente origem no seio destas, a crescente sofisticação e facilidade de uso das soluções de plataforma enquanto serviço facilitarão a conceção e construção de soluções fora da função de TI. Para assegurar consistência, qualidade e coerência, bem como a interação com sistemas de TI centrais ao negócio, os Diretores de Informática devem trabalhar para encorajar o desenvolvimento de tais soluções nas empresas e geri-las. Isto exigirá uma mudança significativa no papel dos Diretores. Estima-se que, atualmente, existam quatro programadores voltados para o utilizador final por cada profissional de TI. Até à data, a maioria dos Diretores de Informática tem-se centrado no controlo e limitação dos danos potenciais destes utilizadores finais. À medida que o poder potencial das novas plataformas emerge, o papel do Diretor de Informática deve evoluir, para incluir e capitalizar esta reserva de recursos potenciais, pois a sua proximidade ao negócio e os seus números relativos significam que eles representam uma oportunidade para novas fontes de inovação. Claramente, tal exigirá uma mudança em termos das competências digitais dos Diretores de Informática, dos profissionais de TI e destes “programadores voltados para o utilizador final”. Mais claramente ainda, a necessidade de “pensadores
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duplos”, aqueles que podem combinar as TI e o conhecimento empresarial, tende a crescer dramaticamente. Os educadores têm um papel importante a desempenhar nesta evolução no local de trabalho, para garantir que se operem mudanças correspondentes na forma como a próxima geração é ensinada, para que haja uma oferta adequada de pessoas convenientemente qualificadas para satisfazer esta crescente procura. O desafio consiste em abordar a forma como os estudantes de TI são ensinados, assim como a oferta de competências relevantes em TI aos estudantes de outras áreas. Sem estas mudanças, as empresas europeias, tanto grandes, como pequenas, não capitalizarão o potencial criativo destas tecnologias, debilitando a capacidade da Europa para competir enquanto economia global que faz uso intensivo do conhecimento.
O Diretor de Informática é crucial O Diretor de Informática tem um papel fulcral na implementação da mudança necessária no seio da organização, mas o ambiente apresenta desafios. As TI nem sempre recebem o reconhecimento necessário a nível da administração pelo seu potencial contributo, muitas vezes mercê de uma falta de entendimento das TI entre os membros dos órgãos dirigentes. De modo semelhante, existe com frequência uma preocupação exclusiva, a nível executivo, em reduzir custos com as TI e não em inovar através das TI. Esta preocupação é muitas vezes causada pela incapacidade dos responsáveis para demonstrar o valor criado pelas TI. O problema agrava-se por falta das competências empresariais relevantes na gestão das equipas de TI. O potencial contributo das TI é muitas vezes mal entendido a nível de direção devido ao desconhecimento dos seus membros sobre TI. Por um lado, os Diretores de Informática veem-se perante o desafio de ensinar os membros da administração, em muitos casos, desconhecedores, para que estes entendam melhor o valor que as TI poderão ter para a sua empresa. Os Diretores Financeiros podem aprender que a redução de custos por si só não é a solução para conseguir um departamento de TI inovador. Por outro lado, os Diretores de Informática enfrentam o desafio, nos próximos anos (não obstante a enorme escassez de pessoas com as qualificações certas), de demonstrar o valor acrescentado das TI para revitalizar o negócio. Tudo leva a crer que a comunidade de Diretores de Informática tenha compreendido este sinal, já que começou a implementar iniciativas com o objetivo de corrigir o problema. Em primeiro lugar, o IVI
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(incluindo muitas empresas de ponta no domínio das TI e que utilizam a TI) desenvolveu um quadro e um programa educativo para apoiar os diretores de TI, na demonstração do valor criado pelas TI. Mais de 500 executivos de TI a nível global participaram nesta formação e encontra-se em curso um novo programa de Mestrado em Gestão de TI para a Criação de Valor. Paralelamente, a Associação Europeia de Diretores de Informática começou a desenvolver o seu próprio programa educativo, diretamente centrado nos requisitos do lado da procura, para preencher algumas das vagas mais urgentes num conjunto de funções-chave. O primeiro lote de alunos já começou a participar nos programas e a comunidade de Diretores de Informática conseguiu convencer algumas escolas de gestão empresarial e universidades técnicas europeias de prestígio a cooperar neste programa. Uma das dimensões interessantes do programa é que os estudantes podem participar nele em qualquer das instituições de ensino parceiras em diferentes países, mas todos receberão um único certificado comum. Já foi tomada a decisão de harmonizar o curso com o Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais, conduzindo ao que poderão ser os primeiros exames certificados neste âmbito. Embora estas iniciativas reflitam passos importantes na melhoria da gestão das TI, nenhuma delas é suscetível de fazer avançar o suficiente para aumentar significativamente o número de estudantes de TI, nem para ajudar outras profissões a compreender melhor as TI. São indispensáveis ações adicionais para alcançar uma solução que seja satisfatória para a Europa.
Recomendações A Associação Europeia de Diretores de Informática e o Innovation Value Institute recomendam o seguinte: Reforçar a adoção do Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais. O QRCD (e os resultados dos projetos associados de definição de perfis funcionais em TIC) deverá ser promovidos a nível da indústria e das indústrias utilizadoras de TI, assim como das PME e dos governos. Quanto mais vasto for o campo de aplicação do QRCD, maior é a sua potencial capacidade para normalizar competências, perfis funcionais e ensino, apoiando assim a contínua profissionalização das TI. Em paralelo, deverá levar-se a cabo um maior refinamento dos perfis funcionais em matéria de TIC, em cooperação com as principais
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partes interessadas que empregam trabalhadores de TI. Os programas curriculares em matéria de competências digitais devem ser atualizados e as instituições de ensino devem ser apoiadas, em toda a Europa, para a criação de programas de educação e formação conciliado com o QRCD. É importante facilitar uma plataforma educativa comum para as pessoas que trabalham em TI. Atualmente, os empregadores e os profissionais têm dificuldade em compreender os resultados produzidos pelos diferentes cursos, especialmente entre os países. A conciliação com o QRCD facilitaria substancialmente a transparência nesta matéria. Fortalecer a educação em TI para os profissionais de outras áreas. As TI desempenham um papel vital praticamente em todas as profissões e o entendimento dos sistemas de TI, nas suas esferas de ação particulares, é essencial para exercer eficientemente uma profissão. Contudo, as instituições de ensino, em muitos casos, não estão a conciliar os currículos com os requisitos da indústria e torna-se necessário mais trabalho para garantir que os estudantes aprendam, por exemplo, de que forma as TI são aplicadas nas suas respetivas profissões, que sistemas estão disponíveis e de que modo as suas funções podem ajudar a melhorar os sistemas. Hoje em dia, as TI são uma componente de tal forma vital, em tão grande número de funções, que os estudantes têm de aprender as competências relevantes para que possam integrarse rapidamente no local de trabalho. A transição para a computação em nuvem é suscetível de reforçar ainda mais a importância desta tendência, à medida que os programas voltados para o utilizador final assimilam o poder potencial das novas tecnologias emergentes (por exemplo, através de plataformas enquanto serviço). Desenvolver laços mais estreitos entre a indústria e as instituições de ensino. Os setores industrial e educativo têm de cooperar mais estreitamente. Trata-se de uma área em que já foram dados passos importantes, mas ainda existem muitas insuficiências. Por exemplo, o Innovation Value Institute adotou uma abordagem aberta à inovação ao construir um repositório vivo de conhecimentos e currículos integrados, baseados no envolvimento continuado, na sua criação, de múltiplas empresas, universidades e organismos governamentais. Do mesmo modo, os programas educativos que a Associação Europeia de Diretores de Informática está a desenvolver incluem Diretores de Informática e outros participantes da indústria nas respetivas direções de curso a fim de assegurar que os conteúdos programáticos reflitam as necessidades da indústria.
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Infelizmente, esta prática não encontra eco a nível geral. As celebridades das TI são raramente aceites como professores de TI, em universidades prestigiadas ou chamadas a influenciar a conceção de programas de estudo relevantes. Este facto contrasta negativamente com outras profissões, como o direito, a medicina e a engenharia, em que especialistas experientes desses setores são convidados a assumir tais papéis. Dito isto, estas profissões poderiam igualmente beneficiar ainda mais do envolvimento de peritos em TI, relevantes nos seus programas de estudo, para facilitar o desenvolvimento curricular de competências em TI pertinentes. Melhorar as relações e o entendimento entre a equipa executiva e a função de TI. Muitas organizações sofrem de más relações entre a função de TI e a equipa de quadros superiores de gestão. Este aspeto constitui um obstáculo à produtividade e à inovação mas pode também funcionar como uma fonte de risco (por exemplo, se os quadros superiores criarem precedentes apoiando o seu mais recente dispositivo de alta tecnologia na rede interna). Uma série de comunicações políticas e iniciativas semelhantes, dirigidas aos quadros superiores, empreendidas ou apoiadas pela Comissão Europeia, poderão contribuir para uma maior consciencialização e compreensão da importância das TI para criar valor e inovação. O papel potencial das TI alterou-se dramaticamente, mas os quadros superiores em algumas organizações continuam a centrar-se na produtividade e no custo das TI e não no seu potencial para facilitar a inovação. O apoio da Comissão nesta área poderá contribuir para fomentar um reconhecimento acrescido, entre os principais parceiros do papel mais importante das TI nas empresas europeias. Estas comunicações políticas poderão igualmente abordar outros tópicos essenciais, como a governação da informação, a análise estratégica ambiental das TI e as relações entre a administração e as TI, ajudando assim a chamar a atenção dos quadros superiores das empresas para estes temas que estão a tornar-se cada vez mais pertinentes para todas as empresas e não apenas para as empresas de TI. Promover as TI junto dos jovens. O nível de interesse por cursos de TI nas escolas está a decair. Esta tendência é alarmante e deve ser travada. Além disso, verifica-se uma necessidade particular de sensibilizar e educar os jovens a respeito do papel crescente das TI em todas as indústrias e não apenas na indústria de TI. Atividades recentes empreendidas pela comunidade de Diretores de Informação em escolas, identificaram conceções seriamente erróneas sobre o papel desempenhado pelas TI. Sem uma compreensão correta das muitas e diversificadas opções de carreira disponíveis nas TI, o nível de interesse entre os
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jovens é suscetível de diminuir, o que representa uma verdadeira ameaça à capacidade competitiva da Europa a longo prazo. Para realizar a mudança ao nível mais relevante, os esforços deverão concentrar-se nas escolas do ensino secundário e possivelmente até nas escolas primárias. A atividade da Semana e-Skills Europeia já desempenha um papel vital na transformação das mentalidades. Mais ações concertadas entre a indústria, os governos e instituições de ensino específicas poderão ajudar a consolidar ainda mais este trabalho e a apoiar os objetivos-chave da Agenda Digital para a Europa. Estas recomendações estão em forte sintonia com os pontos de ação identificados num recente projeto de pesquisa, conduzido pelo IVI e pelo CEPIS, o qual foi encomendado pela Comissão Europeia com o fim de desenvolver um quadro europeu do profissionalismo em TIC. Embora esse projeto se tenha centrado exclusivamente nos profissionais de TI, a importância de desenvolver competências digitais relevantes constituiu um fator determinante no desenvolvimento do quadro proposto. Da perspetiva da indústria de TIC, a Comissão Europeia deu importantes passos positivos. Existe um forte apoio a estas iniciativas. O setor das TIC reconhece a importância de continuar e reforçar estas iniciativas ao longo do tempo, dado, em particular, o valor potencial que será oferecido à indústria. A tarefa de alinhar e mobilizar a indústria, os governos e as instituições de ensino constitui um desafio importante e é aqui que as respetivas partes interessadas devem assumir a responsabilidade. A investigação sugere um défice de competências de 10%-15% de profissionais de TI, em 2015, e um crescente desencanto com o tema das TI entre os jovens. Aliada ao crescente desfasamento entre a educação e a prática das TI e a falta de competências digitais nas profissões de outras áreas, torna-se claro que a escala do problema que a Europa enfrenta é enorme. Dado o papel das TI como facilitadora da inovação empresarial, o apelo à ação colaborativa e coordenada em matéria de competências digitais é claro. Para evitarmos que a Europa continue a perder competitividade económica, todas as partes interessadas devem encarar este apelo à ação com seriedade e intervir sem demora.
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Capítulo 4: Libertar o pleno potencial das mulheres na Europa “Esqueça-se a China, a Índia e a Internet: o crescimento económico é impulsionado pelas mulheres.” The Economist, 15 de abril de 2006 De acordo com a declaração da União Europeia sobre o envelhecimento da população ativa, “a partir de 2012 a população ativa europeia começará a diminuir, enquanto que a população com idade superior a 60 anos continuará a aumentar em cerca de dois milhões de pessoas por ano, de acordo com um cenário que leva em conta os aumentos prováveis das taxas de imigração e natalidade”. Serão necessários mais profissionais com múltiplas qualificações a fim de satisfazer as necessidades do mundo empresarial já que será menor o número de trabalhadores que terão de preencher a mesma quantidade de postos de trabalho, e a única forma coerente de fazê-lo será através do uso eficiente das TIC. Mas devem colocar-se questões importantes: onde estão as mulheres? Qual o seu desempenho? Qual será o seu futuro papel nas TIC? Este capítulo apresentará alguns factos cruciais, analisará os números e explanará por que razão chegou agora o momento de fazer pender o mundo em direção à igualdade de género. Na conclusão deste capítulo, serão apresentadas algumas recomendações sobre a melhor forma de avançar no sentido de garantir o envolvimento das mulheres e o reconhecimento do pleno valor do seu contributo para a economia digital.
Estatísticas, projetos e iniciativas As estatísticas revelam que o abismo entre os géneros começa cedo no sistema de ensino das TIC. O fosso aumenta nos níveis mais altos do ensino secundário e é ainda mais acentuado no ensino superior. Esta lacuna perpetua-se na força de trabalho profissional. O primeiro estudo abrangente sobre o interesse dos jovens, as suas atitudes, valores e planos relacionados com a ciência e a tecnologia na perspetiva do aprendente - que realçam a importância para a aprendizagem da ciência e da tecnologia foi realizado entre 2003 e 2006 pelo Centro Norueguês de Educação em Ciências da Universidade de Oslo, na Noruega. O ROSE - The Relevance
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of Science Education (A Relevância do Ensino das Ciências) - recolheu dados junto de mais de 40.000 estudantes de quinze anos de idade, em quarenta países. A Relevância do Ensino das Ciências Turquia Grécia Portugal Espanha Polónia Rep. Checa Letónia Estónia Eslovénia Áustria Alemanha Irlanda Escócia Irlanda do N. Inglaterra Finlândia Islândia Suécia Dinamarca Noruega 0%
20%
40%
60%
80%
100%
Raparigas que desejam um emprego na área das tecnologias. Rapazes que desejam um emprego na área das tecnologias. Fonte: Projeto ROSE - A Relevância do Ensino das Ciências, 2010
Esta pesquisa comparativa internacional revelou que, na maioria dos países europeus, muito poucas raparigas considerariam tornar-se cientistas. Na verdade, muito poucas raparigas nos países europeus estão interessadas em conseguir empregos na área das tecnologias. Esta atitude é confirmada pelos baixos índices de matrículas universitárias entre as raparigas. Estas representam apenas 10% a 30% dos estudantes em cursos de TIC e menos de 20% dos profissionais em carreiras baseadas nas TIC. A investigação sobre ciência e engenharia revela tendências semelhantes em termos do número de mulheres na Europa: a proporção de mulheres formadas em informática em toda a Europa decaiu de 25%, em 1998, para 22% em 2006, números que denotam debilidades, quando comparados com o Canadá (27%), os EUA (28%) e a Coreia do Sul, onde 38% dos licenciados em TI são mulheres. Estas tendências preocupantes ainda hoje persistem na Europa. As carreiras académicas das mulheres continuam a caracterizar-se marcadamente por uma forte segregação vertical. A proporção de mulheres aumenta de apenas 31% da população estudantil, do primeiro
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nível, para 36% de alunos de licenciatura e de doutoramento, mas depois cai novamente para 33% do pessoal académico de grau C, 22% do grau B e apenas 11% do grau A (o chamado “diagrama de tesoura”).
100 %
Proporções de homens e mulheres numa carreira académica típica em ciência e engenharia. Homens 2006
50 %
0%
Mulheres 2006 ISCED 5A Estudantes
ISCED 5A Licenciados
ISCED 6 Estudantes
ISCED 6 Licenciados
grau C
grau B
grau A
Fonte: Estatísticas de Educação (Eurostat): base de dados WIS (DG Investigação) Definição dos graus: A: O único nível / cargo mais elevado em que a investigação é normalmente realizada. B: Investigadores que trabalham em cargos não tão altos como a posição mais elevada (A) mas superiores aos dos titulares de doutoramentos recentemente qualificados. C: O primeiro nível/cargo para que um doutorado seria normalmente recrutado. ISCED 5A: Programas de ensino superior que dotam de qualificações suficientes para ingressar em programas e profissões de investigação avançados com elevados requisitos em termos de competências. ISCED 6: Programas de ensino superior que conduzem a uma qualificação avançada em investigação (doutoramento). Campos educativos em CET = 400 Ciências, matemática e informática + 500 Engenharia, indústrias transformadoras e construção civil. Campos científicos em CET = Engenharia e Tecnologia + Ciências Naturais.
Os cinco países europeus onde a percentagem de mulheres, no pessoal académico de grau “A”, é a mais elevada são: a Roménia, a Letónia, a Bulgária, a Finlândia e Portugal. Em contraste, Malta, o Luxemburgo, o Chipre, a Irlanda, a Bélgica, a Grécia e a Holanda apresentaram as percentagens mais baixas. As proporções variaram entre 32% na Roménia e 2% em Malta. Esta sub-representação das mulheres nos estudos e carreiras em TIC resulta num enorme défice de talento, nas empresas e economias de TIC. Em termos de concorrência geográfica entre os continentes, encontramos a maior percentagem de mulheres em ciência e engenharia na América do Norte / Central, seguida pela Europa Central / Oriental, a América do Sul e a Oceânia. A Europa Ocidental ocupa uma posição mais atrasada, em quinto lugar.
CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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Proporções das Mulheres em Relação aos Homens na Ciência e Engenharia em 2008 Ciência e Engenharia 2008
1 2 3 4 5 6 7 8
A nível mundial América do Norte / Central Europa Central / Oriental América do Sul Oceânia Europa Ocidental Médio Oriente Ásia África
Mulheres Nº % 1.058.156 39,4 296.894 48,2 92.228 46,9 62.298 44,7 21.909 43,0 268.182 41,8 85.572 40,3 226.337 28,0 4.736 24,5
Homens Nº % 1.625.546 60,6 318.714 51,8 104.391 53,1 77.082 55,3 29.003 57,0 373.963 58,2 126.983 59,7 580.850 72,0 14.560 75,5
Número total 2.683.702 615.608 196.619 139.380 50.912 642.145 212.555 807.187 19.296
Fonte: NSF Science and Engineering Indicators, 2008
A Europa Ocidental ocupa uma posição mais forte se se considerar o número de engenheiras. No que diz respeito à percentagem de mulheres entre a força de trabalho total, a Europa Ocidental ocupa a quarta posição depois da Europa Central / Oriental, da América do Sul e da Oceânia. A falta de mulheres que obtêm qualificações relacionadas com as TI tem um impacto direto sobre a proporção de mulheres que são hoje empregues como profissionais de TI. Embora as mulheres que obtêm qualificações relacionadas com as TI no ensino secundário sejam em número reduzido, como indicam observações realizadas no Reino Unido, o desempenho das mulheres supera consistentemente o dos seus homólogos masculinos. Portanto, é razoável presumir que, se as mulheres se sentissem mais inclinadas a participar em carreiras TI, a qualidade e a dimensão do contingente de talento disponível aos empregadores nesta área aumentariam consideravelmente. Nos últimos anos, a Accenture realizou uma série de estudos no Dia Internacional da Mulher destacando o papel crescente que as TIC desempenham na liderança feminina de sucesso, assim como a importância crescente que a liderança das mulheres desempenha no seio das empresas. Em média, cerca de 4000 mulheres executivas de médias e grandes empresas, em cerca de 20 países, participaram nos inquéritos anuais em linha. O estudo revelou que as mulheres eram mais resistentes e “no mundo atual de incerteza económica e intensa competitividade, as organizações que se munam de resiliência ao nível dos seus novos postos de chefia terão uma clara vantagem.”
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O Manifesto e-Skills
Mais de oito em dez mulheres afirmaram que estavam dispostas a aprender e a usar novas tecnologias, como blogues ou redes sociais, como meio de alcançar o sucesso futuro. Mais de 76% das mulheres previram um elevado grau de importância na alavancagem destas tecnologias. 66% das mulheres declararam que esperavam que as relações geridas através da tecnologia viessem a transformar-se significativamente no futuro. Quando se trata da situação da força de trabalho feminina na Europa (UE 27), 31,6% das pessoas que trabalham no setor das TIC são mulheres. Participação de mulheres nas TIC na UE-27, 2010 Maior
Menor
Lituânia
45.1%
Áustria
30%
Bulgária
43.9%
Irlanda
30%
Letónia
37.8%
Eslováquia
29.3%
Roménia
36.2%
Suíça
29.1%
Croácia
35.4%
Reino Unido
28.5%
Chipre
35.5%
Dinamarca
28.2%
Alemanha
34.3%
República Checa
26.5%
Polónia
34.2%
Turquia
25.1%
34%
Islândia
24.6%
Países Baixos
23.4%
Finlândia Grécia
33.7%
Fonte: Global Contact, França, 2012, com base na OCDE, EuroStat e IESF.
A maior participação das mulheres no setor das TIC (> 35%) na UE-27, em 2010, verificou-se nos seguintes países: • Lituânia: 45,1% • Bulgária: 43,9% • Letónia: 37,8% A menor participação das mulheres no setor das TIC na UE-27, em 2010, verificou-se nos seguintes países: • Dinamarca: 28,3% • República Checa 26,5% • Países Baixos 23,4%
CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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Uma tendência preocupante para os decisores é o facto de o número de mulheres no setor das TIC ter diminuído na Europa (UE 27) de 32,7%, em 2008, para 31,6%, em 2010. Em alguns Estados-Membros da UE, como o Luxemburgo e a Itália, registou-se um aumento de mulheres que trabalham na área das TIC, de 5,2% e 1,8% respetivamente, enquanto noutros países, como a Letónia, Portugal e a Dinamarca, o número de mulheres no setor das TIC diminuiu consideravelmente em 6,1%, 5% e 3,2% respetivamente. Esta grave disparidade deve ser examinada em maior profundidade para entender as razões subjacentes. Este entendimento deverá conduzir então à apresentação de propostas fundamentadas e à implementação de ações adequadas para minimizar a clivagem entre a percentagem mais alta e a mais baixa. O inquérito sobre Competências Digitais Profissionais Europeias, realizado pelo CEPIS, em 2011, junto de 2000 profissionais de TI, em vinte e oito países da Europa, confirmou as tendências acima referidas e a representação insuficiente do sexo feminino nas TIC. Existem apenas dois perfis em que as mulheres estão representadas em mais de 20%: Gestão e Controlo de Qualidade em TI: 30% e Formação em TI: 41%. Além disso, a proporção de mulheres profissionais de TI é inferior a 10% em vários perfis: Gestão de Segurança em TI, Gestão de Redes e Engenharia de Sistemas de TI. CEPIS - Conselho Europeu das Sociedades Profissionais de Informática Europa (média) Formador em TI Gestor e Auditor de Qualidade em TI Gestor de TI Criador de Software Arquiteto de Sistemas de TI Gestor de Segurança em TI Gestor de Redes Engenheiro de Sistemas de TI 0%
50%
100%
Profissionais do sexo feminino Profissionais do sexo masculino Fonte: CEPIS: Inquérito sobre Competências Digitais Profissionais Europeias. Relatório Europeu 2011
Em termos de recomendações para o futuro, o CEPIS formulou claramente a necessidade de “medidas urgentes para corrigir o desequilíbrio de género em todos os países e aumentar a participação das mulheres nas carreiras em TIC. A continuação e ampliação das iniciativas existentes com ênfase em modelos de referência e programas de orientação devem ser reproduzidas
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O Manifesto e-Skills
e reforçadas. Os Estados-Membros devem oferecer incentivos fiscais às empresas que adotem a equidade de género como parte da sua cultura empresarial, práticas de contratação e programas de progressão na carreira”. Em relação ao aumento do nível geral de competências digitais na Europa, a investigação tem demonstrado que a aprendizagem informal continua a ser a principal fonte de aquisição de competências digitais para as mulheres; a autoaprendizagem e as instituições de ensino formalizadas figuram em segundo e terceiro lugar. Os homens dão prioridade à autoaprendizagem em relação à aprendizagem informal e à educação formalizada. Nos últimos anos, tanto agentes públicos como privados, educadores e ONG têm realizado algumas iniciativas interessantes para apoiar ações e projetos, visando motivar as raparigas e as mulheres para melhorar e atualizar as suas competências: O projeto de grande sucesso do Fraunhofer IAIS, “Roberta – girls discover robots”, financiado pelo Ministério Federal Alemão da Educação e Investigação (2002-2006) criou vinte e três Centros Roberta na Alemanha, entre 2005 e 2008. Através de “Roberta-Goes-UE”, foram criados 12 Centros Regionais Roberta na Áustria, Itália, Suécia, Suíça e Reino Unido. Várias centenas de professores e cerca de 5000 crianças receberam formação na Alemanha e cerca de 5000 raparigas já participaram em toda a Europa. Os cursos Roberta têm muitas vezes funcionado como ponto de partida para as raparigas criarem equipas de robótica que participam em concursos de robôs, como o RoboCupJunior ou o FIRST Lego League. Em termos de feedback, 94% dos participantes no projeto Roberta afirmaram que gostaram dos cursos, 88% recomendá-los-iam aos amigos e 74% voltariam a frequentá-los. O Fraunhofer IAIS e o ECWT estão a trabalhar para encontrar uma solução para o desenvolvimento e a ampliação da rede de robótica para raparigas em toda a Europa. A nível nacional, o projeto com o maior alcance e sucesso documentado é Computer Clubs for Girls (CC4G) no Reino Unido, que inspira raparigas com idades entre os dez e os catorze anos a que considerem um futuro relacionado com as TI, dando vida à tecnologia através de projetos baseados na música, na moda e em celebridades. Incorporando recursos em linha, de ponta, a versão mais recente foi desenvolvida pela Aardman, famosa pela produção de Wallace e Gromit. Mais de 135.000 raparigas em 3800 escolas participaram no CC4G desde 2005. Como resultado, 84% afirmam que se sentem mais inclinadas
CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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a prosseguir estudos, ou carreiras em TI. Com um patrocínio de € 600, uma escola pode ter um clube CC4G a funcionar em linha, em período pós-escolar, durante um ano. Os patrocinadores apoiam com frequência um clube local, de modo que por vezes marcam aí presença para encorajar o trabalho das raparigas. Não é necessário possuir conhecimentos de TI especializados e podem envolver-se organizações de todos os tipos. A nível europeu, o Conselho Europeu das Sociedades Profissionais de Informática (CEPIS), em colaboração com a Semana e-Skills Europeia de 2010, lançou um novo Prémio CEPIS para as Mulheres em TIC, para estimular as jovens mulheres a seguir cursos e carreiras relacionadas com as TIC e a não os abandonar. O prémio é baseado num concurso paneuropeu sobre competências digitais para as mulheres. Em 2010, Anna Voríšková, de catorze anos de idade, da República Checa, ganhou uma bolsa de estudo no valor de €1000 pelo seu sítio Web (http://www. folmici.cz/) e projeto de blogue. A segunda classificada foi Louisa Luciani, da Suécia, pela sua criação de clubes informáticos e trabalho exemplar em prol da participação das mulheres no setor das TIC. Em 2012, as vencedoras do prémio foram Afroditi Gkertsi, Eirini Kokkinidou e Anastasia Zarafidou, da Grécia, com “Beat Robotics” e a segunda classificada foi Sarka Vavrova, da República Checa, com “Timekeeper”. Relativamente a grupos de mulheres mais marginalizados, registam-se igualmente alguns casos entusiasmantes. As mulheres representam mais de metade dos imigrantes da Europa. “Mulheres Imigrantes, Competências Digitais e Empregabilidade na Europa”, um estudo realizado em 2009 pelo TASCHA, e financiado pela Microsoft, analisou os efeitos de programas de formação em competências digitais conduzidos por ONG sobre a empregabilidade e a inclusão social das mulheres imigrantes na Hungria, na Itália, nos Países Baixos, na Roménia e em Espanha. A pesquisa foi conduzida como parte do compromisso de longa data “Unlimited Potential” da Microsoft, para investir no desenvolvimento de competências digitais na Europa através de parcerias com ONG e iniciativas de formação comunitária, visando atingir as pessoas que não são servidas pela tecnologia. O estudo analisou 530 mulheres imigrantes e identificou de que modo o acesso às TI é fundamental para melhorar a condição social e económica e encontrar emprego. Cerca de um terço das mulheres imigrantes possui competências básicas em termos de informática e Internet. 32% têm conhecimentos de informática intermédios e 22% têm competências de Internet intermédias. Pouco mais de 20% das mulheres reportaram não possuir quaisquer competências digitais. O estudo conclui que as
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O Manifesto e-Skills
mulheres imigrantes enfrentam uma “dupla desvantagem” no mercado de trabalho, em primeiro lugar enquanto mulheres e, em segundo lugar, enquanto imigrantes. A fim de superarem as principais barreiras à empregabilidade, é-lhes necessário: aprender línguas, possuir conhecimentos sobre questões de emprego, receber ajuda para alargarem as suas redes sociais e disporem de oportunidades de formação. Outro bom exemplo é a iniciativa da European Alliance on Skills for Employability (Aliança Europeia para as Competências em prol da Empregabilidade), em parceria com a Microsoft, o Grupo Adecco e State Street: o Prémio Competências em prol da Empregabilidade de 2011. Além dos prémios “Capacitação dos Jovens através das Competências e “Envelhecimento Ativo através da Aprendizagem das TI”, foi criado um prémio especial “Capacitar as Mulheres através da Tecnologia”, para celebrar utilizações excecionais e eficazes da formação e do desenvolvimento de competências em TIC por ONG, com vista ao reforço das perspetivas de emprego e à melhoria da inclusão digital e social. O primeiro prémio de € 5000 foi atribuído à organização lituana Langas i ateiti – “Windows to the Future” – pelo seu programa demonstrando a formação de sucesso em informática e informação de raparigas e mulheres com ligações às empresas e à comunidade. A Langas i ateiti, chefiada pela sua Diretora Loreta Križinauskienė, prestou formação a 45.000 mulheres, nos últimos cinco anos.
É este o momento de fazer pender a balança para a igualdade de género Para entender a importância crescente de novas competências no século XXI, em comparação com aquelas que dominaram o século XX, temos de compreender que teve lugar uma mudança significativa no mundo. Passámos de uma existência predominantemente analógica para uma totalmente digital. Josephine Green, diretora principal de Tendências e Estratégia da Philips Design, desde 1997, pediu-nos para considerar uma mudança da tecnologia como motor para a tecnologia enquanto facilitadora, por outras palavras, do mundo em pirâmide (pyramid world) para o mundo em panqueca (pancake world). No século XX, a economia baseava-se em mercados de massa, economias de escala e produtos massificados para impulsionar o crescimento. Foi uma era de tecno-mercado com um comando e uma estrutura de controlo do topo para a base – uma pirâmide. O século XXI tem a ver com inovação social.
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As pessoas estão agora habilitadas pela tecnologia para criar as suas próprias vidas e conceber o seu próprio estilo de vida. A World Wide Web permite que as pessoas acedam a todos os planos da inovação. Não se trata de consumir o que quer que seja, trata-se de coexistir. O nosso mundo é definido pela gestão e comunicação interculturais, fortemente baseadas em Comunidades de Prática (CoP) e no uso das TIC. É um ecossistema impulsionado pela personalização individualizada. Uma vez que a “Geração Net” (também conhecida como Geração Y, ou dos Nativos Digitais, ou do Milénio) está a começar a desempenhar cargos de gestão, as suas características, assim como seu estilo de aprendizagem, devem ser levados em consideração, para que o fenómeno da participação feminina mínima seja combatido com sucesso. Esta é a geração dos MP3 players, das mensagens instantâneas, dos jogos em linha e da partilha de ficheiros parceiro-a-parceiro. Esta é a geração que acredita firmemente que “a cultura pode ser ensinada” e é mais defensora de modelos de RH orientados para as pessoas do que para os produtos. Os principais aspetos destes modelos são as teorias da motivação e do progresso no seio da organização. Mais do que nunca, o mundo de hoje valoriza a diversidade, a inclusão e a igualdade de género. Enquanto os homens eram os agentes da mudança da era industrial, no mundo de hoje as mulheres podem desempenhar um papel crucial na inovação. John Hagel III, copresidente do Deloitte Center for the Edge, sedeado em Silicon Valley, que realiza investigação original e desenvolve argumentos de peso em prol do novo crescimento empresarial, concorda com esta visão: “Na economia digital, do conhecimento, o capital humano substitui os recursos naturais como a base para o crescimento. As empresas e os países que estarão na linha da frente no século XXI serão aqueles que forem mais capazes de explorar a inovação e a criatividade do seu povo. As mulheres são, sem dúvida, uma força crescente na criação de uma reserva de talentos”. São introduzidos novos conceitos, como o Retorno Social do Investimento, e são necessários diferentes tipos de competências. No “mundo em pirâmide”, as competências necessárias incluem: gestão, planeamento, orçamentação, medição, avaliação, organização, estruturação e controlo. No “mundo em panqueca”, as competências requeridas são: inovação, questionamento, desafio, sonho, imaginação, experimentação, aprendizagem e empreendedorismo. Uma Sociedade do Conhecimento Ecológica - uma agenda política em matéria de TIC até 2015 para a futura sociedade europeia do conhecimento
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O Manifesto e-Skills
- apresentada pelo Governo sueco, durante a Presidência sueca da UE em 2009, destacou como um dos dez requisitos fundamentais para o futuro uma ênfase no investimento numa política de infraestruturas imateriais para a Europa - investimento em capital social. Esta mudança de ênfase harmoniza-se bastante com o desejo expresso das mulheres de trabalhar em áreas e profissões que beneficiem diretamente a sociedade e/ou as pessoas e contribuam para fixar as mulheres na área da engenharia. Existe hoje um forte reconhecimento dos claros argumentos empresariais em favor da diversidade. O Estudo “As Mulheres São Importantes” de 2009 e “Liderança Centrada” de 2010, ambos conduzidos pela McKinsey, concluíram que os atributos essenciais da liderança representada pelas mulheres – estímulo intelectual, inspiração, tomada de decisões participativa e definição de expetativas / recompensas - eram fundamentais para sair da recessão e caminhar na direção do sucesso na complexa economia atual em crise financeira. O Fórum Económico Mundial revela que os países que são modelos em termos da distribuição equitativa de recursos entre homens e mulheres, independentemente do seu nível de recursos, apresentam melhores resultados do que aqueles que não o fazem. Na sua pesquisa de 2011, a Catalyst verificou uma diferença de 26% em termos de retorno sobre o capital investido entre as empresas do quartil superior, com 19-44% de mulheres em posições de liderança, e as empresas do quartil inferior, sem registo da presença de mulheres. O Dr. Erkki Ormala, Vice-Presidente do Ambiente Empresarial da Nokia Corporation e Presidente da DIGITALEUROPE salientou, na Conferência da Semana e-Skills de 2011 sobre Competitividade, Crescimento e Emprego, em 13 de Dezembro de 2011 em Bruxelas, que “ter mais mulheres envolvidas no desenvolvimento tecnológico é uma verdadeira fonte de inovação.” A Nokia aponta para três objetivos no aumento da participação das mulheres: • Para liderar – o talento para liderar a transformação no mercado digital. • Para construir capacidades organizacionais – o talento com os conhecimentos, as competências e as experiências para realizar a diferenciação competitiva para a Nokia.
CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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• Para oferecer uma experiência diversificada ao utilizador – o bilinguismo de género para lançar soluções atraentes no mercado.
Os media sociais Hoje, as mulheres dominam totalmente os media sociais: em cada faixa etária, as mulheres superam os homens no uso da tecnologia das redes sociais. Em termos de uso do tempo, as mulheres dominam o espaço dos media sociais. Se o Facebook fosse um país, seria o terceiro maior do mundo. O segmento de maior crescimento no Facebook corresponde às mulheres entre os 55 e os 65 anos de idade. 57% dos utilizadores do Facebook e do Twitter são mulheres. 86% das mulheres nos EUA têm o seu próprio sítio em meios sociais e 72% entram em linha, todos os dias. 80% das mulheres que usam meios sociais tornaram-se fãs de produtos e marcas. Quando foi criada a página das Mulheres da UE no Facebook, associada ao seminário Mulheres para um Crescimento Inteligente, da Assembleia da Agenda Digital, em junho de 2011, recebeu, num mês, mais de 14.500 visitas e 95 pessoas “gostaram”. Ao mesmo tempo, o LinkedIn gerou mais de 100 grupos de membros e quinze discussões num mês, e o Twitter @EUWomen atraiu 158 tweets e noventa e um seguidores no período anterior à Assembleia da Agenda Digital. Nas suas previsões de Médio Prazo, até 2020, o Cedefop (Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional) sublinha que, estando os postos de trabalho a tornar-se cada vez mais intensivamente dependentes do conhecimento e das competências, precisamos de aproveitar o potencial da população inativa, em particular das mulheres, cujas qualificações superam as dos homens. De modo geral, os índices de participação feminina no mercado de trabalho são inferiores aos dos homens. No entanto, estão a crescer à medida que os níveis de qualificação melhoram, ao passo que os índices de participação dos homens estão em declínio. A hierarquia entre os diferentes níveis de qualificação é comum a ambos os géneros. No entanto, os índices de crescimento são geralmente mais elevados no caso das mulheres do que no caso dos homens, o que indica que as mulheres serão provavelmente no futuro mais qualificadas (formalmente) do que os homens, exceto no tocante ao nível de qualificação média, em que os índices de crescimento são maiores para os homens do que para as mulheres. Por outro lado, prevê-se que a proporção da força de trabalho com qualificações de baixo nível diminua em toda a Europa. Este declínio
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O Manifesto e-Skills
será mais acentuado para as mulheres do que para os homens. Estas tendências gerais são observadas em quase todos os países. Outra mudança setorial que aponta para uma necessidade crescente de força de trabalho feminina é a tendência continuada para o emprego nos serviços, especialmente os serviços comerciais. Prevê-se que os serviços empresariais e outros assistam a um crescimento de cerca de sete milhões de empregos. Projetam-se igualmente aumentos significativos na distribuição e transporte. O projetado crescimento moderado do emprego em serviços não-comerciais resulta da considerável criação de postos de trabalho na área da saúde e da educação que, no entanto, será parcialmente compensada pela reduzida procura de mão-de-obra na administração pública devido às restrições orçamentais esperadas.
Inovações de género Nos últimos anos, a compreensão do valor acrescentado da dimensão de género na investigação melhorou. Verifica-se um número crescente de investigadores que usam o género, de modo prospetivo, para servir como um recurso para estimular novos conhecimentos e tecnologias. O projeto em curso “Inovações de Género”, iniciado na Universidade de Stanford, é desenvolvido em colaboração com um grupo de peritos sobre a “Inovação através do Género”, criado pela Comissão Europeia e reunindo especialistas dos vinte Estados-membros da União Europeia, sob a liderança da Universidade Técnica de Berlim e do Fraunhofer Gesellschaft. O projeto desenvolve métodos de análise de género para cientistas e engenheiros e apresenta estudos de caso como exemplos concretos de como a análise de género conduz à inovação em três áreas principais: ciências, saúde e medicina, e engenharia.
Recomendações Chegou o momento de dedicar mais espaço e recursos ao reforço da dimensão do género, das TIC, na Europa. O sucesso da implementação da Agenda Digital para a Europa e da Estratégia Europa 2020 dependerá, em grande medida, de a Comissão Europeia e as partes interessadas encontrarem formas e meios de integrar, através de uma colaboração multiparticipada conjunta, uma massa crítica de mulheres na Europa no acesso, conceção, investigação, inovação, produção e utilização das TIC, entre 2011 e 2020. CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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Todo o setor de TI precisa de trabalhar em conjunto para criar uma reserva de talento feminino futuro para a indústria, tendo em consideração todo o ciclo de vida. Ao mesmo tempo, temos igualmente de nos concentrar na incentivação das mulheres que já estão a trabalhar na indústria para que permaneçam e tenham sucesso. As bases para este trabalho colaborativo a nível europeu foram lançadas na Conferência Mulheres na Ciência, na Inovação e na Tecnologia na Era Digital, organizada pela DG Sociedade da Informação, pela Presidência Húngara da UE e pela ECWT, em 7-8 de março de 2011 em Budapeste, acolhida pela Vice-Presidente, Neelie Kroes, da Comissão Europeia, responsável pela Agenda Digital, com a adoção da “Declaração de Budapeste do Centenário do Dia Internacional da Mulher de 2011.” A Declaração do Dia Internacional da Mulher é baseada no Documento de Tomada de Posição da ECWT sobre a Preparação para a Agenda Digital e o processo de consulta em linha que decorreu de fevereiro até finais de junho de 2011. Enfatiza a importância da implementação de uma infraestrutura europeia multiparticipada e sustentável e no alinhamento dos principais intervenientes públicos e privados, instituições do ensino superior e ONG com vista a um Plano de Ação sobre o Género para a Agenda Digital.
Componentes Abordadas
A Declaração de Budapeste foi confirmada pela Assembleia da Agenda Digital em 16-17 de junho de 2011, em Bruxelas, que sublinhou que “o reforço das competências digitais e a integração do talento feminino em todas as atividades das TI deve ser um dos Pilares da Agenda Digital.” -
Investir cedo nos jovens e, em particular, nas raparigas Adotar o género integrando melhores práticas e modelos de referência Promover uma Agenda Digital sensível ao género Promover o capital humano e investir nas mulheres Aplicar uma melhor gestão baseada em indicadores de diversidade Observar / reportar progressos na implementação de medidas de qualidade de género
Fonte: Relatório. Assembleia da Agenda Digital. 2011 Seminário 22 Mulheres para o Crescimento Inteligente
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O Manifesto e-Skills
TIC para os Desafios Sociais
Reforço das Competências Digitais
Pesquisa e Inovação
Internet Muito Rápida
Confiança e Segurança
Interoperabilidade e Normas
Mercado Único Digital
Pilares da Agenda Digital
Futuro Digital
O passo final para a aplicação efetiva da Declaração de Budapeste consiste em conseguir apoio para a Declaração na audiência parlamentar da UE prevista para o outono de 2012 e na adoção de uma resolução que leve à sua integração no programa HORIZON 2020 da Comissão Europeia durante o período de 2014 a 2020. As recomendações do Centro Europeu para as Mulheres e a Tecnologia incluem as seguintes ações: • Criar um plano de ação europeu de longo prazo com o envolvimento e o empenho das partes interessadas para a promoção das mulheres e da agenda das competências digitais. A avaliação comparativa e a monitorização anual dos resultados têm de fazer parte integrante do plano. • Alargar o Diretório Europeu das Mulheres e das TIC - aprovado pela Associação Europeia de Competências Digitais em janeiro de 2010, de modo a servir como um ponto de informação sobre as mulheres e as competências digitais na Europa (políticas nacionais, melhores práticas, investigação, desde o recrutamento até à recompensa do desempenho e da aquisição de competências ao seu uso, etc.). • Promover um estudo sobre as melhores práticas das ONG que prestam formação em competências digitais na Europa. • Assegurar que as parcerias multiparticipadas estabelecidas para melhorar a educação e envolvimento dos jovens na ciência, tecnologia, engenharia e matemática coloquem uma ênfase suficiente na questão de género.
CAPÍTULO 4: LIBERTAR O PLENO POTENCIAL DAS MULHERES NA EUROPA
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Capítulo 5: Visão para o futuro Em 2012, a Europa continua a sentir uma necessidade extrema de crescimento da produtividade. Mesmo que, neste momento, os sintomas agudos da crise financeira tenham diminuído, os males subjacentes não estão sanados. Um exemplo crítico deste facto são as taxas de desemprego entre os jovens dos países europeus que têm aumentado de forma constante nos últimos anos. Os números mais graves em termos de desemprego dizem respeito a jovens com menos de 25 anos de idade. Na Grécia, o desemprego disparou para 47,2% e, em Espanha, atingiu um pico de 48,3%, de acordo com os dados mais recentes do Eurostat. Esta tendência alarmante está a afetar muitos dos jovens europeus com bons níveis de educação. Estes números são também uma consequência das mudanças verificadas nos ambientes de trabalho e emprego na Europa, da transformação global acelerada e do declínio parcial de muitas indústrias tradicionais. Serão necessárias medidas de austeridade e de redução de custos nas empresas públicas e semipúblicas, bem como nos setores privados, mas não serão de modo algum suficientes para criar um futuro próspero para a Europa. O crescimento terá de ser gerado pela inovação e pela iniciativa empresarial. Ao mesmo tempo, as sociedades europeias enfrentam vários desafios fundamentais a longo prazo, como sejam a adaptação a uma sociedade em processo de envelhecimento e a prestação de cuidados de saúde mais inteligentes e eficazes. Outros desafios incluem mecanismos para melhorar a eficiência energética e o consumo, o abastecimento de água e a gestão do tráfego e da poluição nas cidades em crescimento. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são justamente entendidas neste contexto como um agente ativo da transformação da economia e da sociedade. Daí que a pergunta-chave se torne: como pode a Europa promover as competências digitais certas na União Europeia, não só para permitir a aplicação das TIC, mas também para criar inovação e novas indústrias e mercados prósperos com base nas TIC? “As competências e o desenvolvimento da força de trabalho são a moeda de troca do futuro económico da Europa”, destaca Jan Muehlfeit da Microsoft e copresidente da Associação Europeia de Competências Digitais. “Na plataforma global, os decisores políticos têm identificado a inovação tecnológica como sendo crucial para explorar o potencial humano.
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Consideram também as novas tecnologias como fundamentais para fazer avançar as prioridades nacionais da saúde e da educação, para a independência energética e o combate às alterações climáticas”, afirma. Olhemos, em primeiro lugar, para a própria inovação. A inovação não passa por inventar algo de novo, mas por criar novo valor. Nas palavras de Peter F. Drucker, o pai da gestão moderna, é o ato de dotar os recursos de uma nova capacidade para criar valor (Innovation and Entrepreneurship, 1985). Uma característica definidora das TIC é a sua crescente conectividade, a produção exponencial de dados e a crescente interdependência dos seus elementos técnicos – sejam eles software, serviços, dados ou dispositivos. A inovação no domínio das TIC apresenta algumas particularidades que determinam a procura de competências: Acelerada: Não há outra indústria que apresente ciclos curtos de inovação comparáveis. Embora o setor das TIC esteja dependente de desenvolvimentos a longo prazo, como as novas normas de redes móveis ou a pesquisa fundamental sobre tecnologias de armazenamento ou design de processadores, o mercado das TIC é acelerado, especialmente em termos de produtos de consumo e serviços. Isto leva a uma permanente exigência para manter as competências, em especial as de ordem técnica, atualizadas à luz do seu tempo de vida limitado. Interdependente: As TIC estão profundamente interligadas. A inovação no domínio das TIC raramente ocorre de forma isolada. Conceitos como estratégias de plataforma são essenciais para a indústria. Nesta conformidade, a procura de competências não é determinada apenas por novos desenvolvimentos técnicos, mas também, e fortemente, pela dinâmica do mercado. Isto também inclui a necessidade de competências estratégicas relacionadas com a tecnologia. Social: As TIC deram origem a fenómenos sociais como o desenvolvimento colaborativo, as redes sociais, o crowdsourcing e muitos mais. Do mesmo modo que são uma tecnologia interdependente, as TIC estão cada vez mais a transformar a interação social, as organizações e os processos de trabalho. Assim, também as TIC deram origem à procura de competências no seu ponto de intersecção com a sociedade e o ambiente jurídico e no seio das organizações, particularmente no que diz respeito à conceção de sistemas de serviços baseados nas TIC, ao envolvimento dos utilizadores ou à conformidade legal.
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Verdadeiramente global: O setor das TIC tem sido uma das primeiras indústrias verdadeiramente globalizadas, impulsionando, ao mesmo tempo, a globalização, como o ex-diretor geral da IBM, Sam Palmisano, exprimiu no seu artigo de 2006 sobre Assuntos Externos “A empresa globalmente integrada”. As TIC tornaram possível a colaboração global em tempo real e a interação de serviços. Em contrapartida, permitiram igualmente a aquisição global de talento e a distribuição mundial de tarefas. Isto levou a uma situação em que alguns aspetos das TIC são locais - em especial aqueles que se encontram na intersecção com a sociedade, os utilizadores e as organizações - e alguns estão cada vez mais concentrados e são geograficamente independentes. Por exemplo: os serviços da Google a mais de 100 países são prestados a partir de apenas dez centros de dados em grande escala instalados em todo o mundo. O mesmo se aplica à concentração de desenvolvimento e pesquisa no domínio das TIC. É essencial para a Europa manter-se na vanguarda das competências em TIC mais valorizadas nesta competição global. Empreendedora: O setor das TIC tem sido sempre impulsionado pela ação empresarial. Atores globais, como o Facebook ou a Google, foram novas empresas em arranque há menos de uma década. A inovação nas TIC é cada vez mais impulsionada pela inovação aberta e determinados processos, como a gestão de empresas formadas a partir de grandes empresas e de empreendimentos externos, assim como o crescimento através de fusões e aquisições, são comuns na indústria. Outras indústrias estão cada vez mais a adotar este modelo. Um bom exemplo reside nos fabricantes de automóveis europeus. A Daimler e a BMW estão a impulsionar a inovação nos serviços de mobilidade em empreendimentos externos e a apoiar igualmente novas empresas. Transformadora e perturbadora: Nenhuma outra tecnologia alguma vez teve um impacto maior sobre a indústria e o setor de serviços. Permite vagas de inovação, não só com produtos e serviços novos, mas também pela criação de um novo sistema nervoso dentro das empresas para transformar os processos e os modelos organizacionais. Ao proporcionar a base para modelos de negócio inteiramente novos, as TIC têm o potencial de conturbar e reinventar as indústrias. Com base nestes fatores importantes, não se justifica uma perspetiva das competências digitais tacanha e exclusivamente orientada para a tecnologia. A IBM, por exemplo, expressou este ponto de vista através do termo SSME (Service Science, Management & Engineering
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– Ciência, Gestão e Engenharia dos Serviços), identificando que são necessárias competências de gestão, técnicas e de engenharia para conceber os sistemas de serviços do futuro, baseados nas TIC. Sendo uma tecnologia integradora, as TIC precisam de ser apoiadas por pessoas detentoras de um conjunto de competências integradas. Impõe-se um esforço concertado de todas as partes interessadas para resolver esta questão. A educação está no centro da solução. É óbvio que a disciplina académica das ciências da computação ou Informática é essencial, mas só em parte pode enfrentar os desafios delineados. Temos também de integrar o ensino das competências digitais e o ensino baseado nas TIC de modo mais aprofundado e holístico nos nossos sistemas educativos e de aprendizagem ao longo da vida, incluindo competências e qualificações empresariais e de gestão. Não se trata de um desafio isolado mas, sim, de um desafio para qualquer profissional ligado às TIC ao longo da sua vida profissional, como observa Michael Gorriz, diretor-geral da Daimler: “A possibilidade de adquirir e desenvolver ainda mais as competências digitais certas para os profissionais de TIC e também para os executores de tarefas estruturadas deverá tornar-se o padrão normal na nossa sociedade. Este fator não é apenas necessário no seio das organizações de maior dimensão, mas também para construir e desenvolver a Europa passo a passo, rumo a uma sociedade inovadora ou o que por vezes se designa como uma “sociedade do conhecimento”.”
Aqui fica o aviso Há fortes razões económicas, a par com os desafios da sociedade, que criam um inegável imperativo de a Europa levar a cabo o desenvolvimento de competências digitais e do papel das TIC na educação. Um fator de influência a este respeito é a dificuldade de atrair grupos de estudantes mais alargados - em especial as mulheres – para cursos no domínio das TIC e a percursos profissionais baseados nas TIC. Tem sido igualmente difícil transmitir o amplo impacto das TIC a futuros alunos e as competências integradas que definirão o futuro da profissão na área das TIC, apesar do facto de a maioria dos jovens europeus usar diariamente ferramentas TIC em muitas áreas da sua vida. No contexto atual, a Europa corre o risco de não dispor de uma casta de futuro talento eficaz nesta área e indústria de importância crucial do século XXI. A realidade pode ser esta por várias razões. Em primeiro lugar, a aprendizagem através das TIC não está suficientemente integrada nos currículos do ensino
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básico e secundário na Europa. É durante esta fase de desenvolvimento que se forma a motivação para futuros estudos e se adquirem competências iniciais. O potencial de utilização das TIC no ensino básico e secundário a uma escala muito maior e integrada com o currículo permanece largamente inexplorado. As TIC podem apresentar muitas oportunidades aos educadores para desenvolverem modelos pedagógicos inovadores, em especial através de uma maior aproximação entre o ambiente educativo e os problemas do mundo real. Podem constituir exemplos disto o uso de dados abertos em tempo real sobre informação ambiental ou de tráfego numa aula de geografia, o acesso a documentos históricos em bibliotecas digitais numa aula de história ou a realização da análise de dados com base em dados realistas em grande escala em matemática. Outra razão é que, tradicionalmente, as ciências da computação no sistema de ensino superior na Europa são puramente matemáticas e técnicas. Os estudos neste campo excluem as competências digitais cruciais anteriormente descritas, designadamente as que se relacionam com a dimensão social das TIC, o empreendedorismo e a inovação, bem como competências empresariais de âmbito genérico. Estas competências são geralmente adquiridas na vida profissional, após a formação. No entanto, algumas universidades reconhecem este desafio. Por exemplo, a Universidade de Warwick oferece aos estudantes a oportunidade de seguir um programa de curta duração em ‘Competências-Chave”. Este défice de competências digitais no ensino básico, secundário e superior europeu é, em grande medida, responsável pela falta de profissionais especializados em TIC e criou um ambiente no mercado de trabalho das TIC em que as credenciais académicas tradicionais são de importância limitada para a empregabilidade. Na realidade, muitos profissionais de TIC possuem licenciaturas em áreas diferentes das ciências da computação. As competências em TIC são demonstradas através do sucesso profissional, dos percursos de carreira ou simplesmente invocadas sem que haja a possibilidade formal de as avaliar e verificar.
Chegou agora o momento de passar à prática Neste Manifesto, os líderes nas suas áreas respetivas propõem um conjunto de ações concretas para abordar a questão da oferta de profissionais de TIC, que por sua vez ajudará a rejuvenescer e promover tanto um setor das TIC saudável, como uma força de trabalho mais alargada possuidora de competências digitais:
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Começar pelo ensino básico e secundário A aquisição de competências digitais desde cedo na vida, começando na escola do 1.º ciclo do ensino básico até ao início da carreira universitária de um estudante, tem o poder de transformar o indivíduo. Os estudantes tornam-se mais capazes de gerir e capitalizar informações. Desenvolvem, assim, uma mentalidade inovadora, que será um trunfo cada vez mais importante quando ingressam no mercado de trabalho. As iniciativas da indústria em escolas e universidades para professores e alunos, como a Imagine Cup da Microsoft, o programa World Ahead da Intel ou a Science Fair do Google põem em destaque o apoio da indústria de TIC, bem como o interesse de alunos e estudantes. A título de exemplo, mais de 300.000 estudantes de 142 países participaram no concurso Imagine Cup de 2009-2010. Um elemento decisivo em tais iniciativas é o uso da criatividade e do espírito empreendedor dos estudantes, expondo-os simultaneamente a problemas que podem ser resolvidos com a ajuda das TIC. Um outro passo em frente seria a integração destes elementos de aprendizagem nos currículos, apoiando a inovação organizacional nas instituições de ensino (por exemplo, explorando novos espaços e tópicos de aprendizagem), impulsionando efetivamente a inovação na educação por meio das TIC. Aumentar a atratividade das carreiras em TIC A atratividade das TIC como um campo geral da atividade profissional e como um percurso de carreira faz parte integrante da ação de transformação da educação e consolida-a. Impõe-se a realização de um mapeamento mais transparente das vastas oportunidades e progressão nas carreiras no campo das TIC para que os cidadãos europeus sintam que estão preparados para incorporar as competências digitais nas suas carreiras. Uma destas medidas foi o lançamento do Portal Europeu de Carreiras no Domínio das Competências Digitais visando contribuir para alinhar as competências certas com os postos de trabalho certos, além de destruir parte do estigma em torno das carreiras nas TIC. Nesse sentido, é imperativo que se dê um passo para alterar a perceção da TI e das competências digitais entre os jovens, as mulheres e a força de trabalho envelhecida. Um método específico seria envolver, assim como elevar o seu perfil, os embaixadores digitais na Europa enquanto modelos de referência ativos no setor das TIC, bem como as pessoas de comunidades relacionadas, como Diretores de Informação, empresários digitais e cientistas de renome. Se não empregarmos este tipo de estratégias, o nosso melhor talento perder-se-á certamente em setores alternativos ou noutras regiões do mundo. Os estereótipos existentes em relação aos profissionais das TIC, se não forem obviados, obstruirão o crescimento do setor de
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serviços de TIC e dificultarão a inovação empresarial em quase todas as organizações. As medidas com vista ao progresso deverão ter em conta o papel ativo que as mulheres podem desempenhar em matéria de TIC. Uma boa ilustração deste aspeto é o Código das Melhores Práticas das Mulheres em TIC, uma iniciativa de Neelie Kroes, Vice-Presidente da Comissão Europeia e Comissária responsável pela Agenda Digital, que apresenta o primeiro conjunto de iniciativas concretas para melhorar a experiência das mulheres em carreiras nas TIC. Muitos parceiros do setor universitário e da indústria das TIC subscreveram-no. Aumentar e alargar a colaboração entre as universidades e a indústria das TIC No mundo das TIC em acelerada evolução, que é largamente determinado pela atividade empresarial e de mercado, o meio universitário tem de manter uma estreita ligação com a indústria. Os programas impulsionados pela indústria envolvendo universidades, como a IBM Academic Initiative ou a Microsoft’s Academic Alliance, são instrumentos importantes neste contexto. Um primeiro elemento consistiu na oferta de produtos e serviços gratuitos ou de custo reduzido às universidades. Novos desenvolvimentos incluem o provisionamento de capacidades de centros de dados à escala industrial e ambientes analíticos de grandes volumes de dados, como na Iniciativa Conjunta Universitária de Computação em Nuvem da IBM e do Google. Além disso, a indústria das TIC tem participado em centros de pesquisa, no seio das universidades, e no intercâmbio de pessoal e novas formas de colaboração. Um exemplo disso é a Universidade Aalto finlandesa, criada em colaboração com a Nokia Corporation e outros parceiros da indústria, que oferece Fábricas de Serviços e Design conjuntas para apoiar a atividade empresarial dos estudantes e o seu envolvimento em projetos de inovação. O setor das TIC está igualmente envolvido no aconselhamento às universidades sobre formas de melhorar e ampliar as ciências da computação e os programas de ensino relacionados. Um exemplo disso é a iniciativa IBM Service Science, que promove programas curriculares para a inovação em matéria de TIC em sistemas de serviços complexos como a saúde ou a energia. Têm sido conduzidos recentemente debates no âmbito das Jornadas Académicas da IBM sobre formas de introduzir a análise de grandes volumes de dados nas universidades. Além de colaborações entre o meio universitário e a indústria em áreas como a ciência e o empreendedorismo, verifica-se igualmente uma necessidade de uma melhor colaboração entre os organismos privados de formação em TIC, a indústria e as universidades. Este aspeto prende-se
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com o tópico da certificação mencionado anteriormente, a qual deve ser oferecida como um complemento das formações académicas. As principais competências que são objeto de certificação são aquelas que dizem respeito a uma procura específica do mercado, como seja a maturidade em métodos de desenvolvimento de software, a formação em produtos ou as linguagens de programação específicas. A certificação pode complementar uma formação académica mais exaustiva com elementos específicos que permitam que um empregador avalie a maturidade de um profissional para uma determinada tarefa, tecnologia ou ferramenta na área das TIC. A certificação, tal como é aqui descrita, também aborda os problemas de gestão da qualidade e do mercado de TIC em acelerada evolução, em que as qualificações específicas têm uma vida útil limitada. Promover normas de certificação europeias A melhoria da imagem dos profissionais de TIC acrescenta um novo estímulo e o dinamismo no sentido da aquisição de competências avançadas em TIC. Quando consideramos o investimento na aprendizagem de competências num determinado setor, a acreditação é um marco de referência muito importante porque promove a mobilidade dos profissionais e fornece a base para o desenvolvimento de estruturas de carreira aliciantes. O desenvolvimento do Quadro Europeu de Referência das Competências Digitais (QRCD) oferece uma referência única a nível europeu, consensual entre múltiplos parceiros, relativamente às competências dos profissionais de TIC entre os Estados-Membros e todos os setores da indústria. O quadro de referência tem potencial para se tornar uma importante mais-valia europeia, oferecendo uma orientação básica, clara e sólida para as empresas que têm de tomar decisões sobre questões de gestão de talentos, designadamente o recrutamento, o planeamento de percursos profissionais, a formação e a avaliação do desempenho do seu pessoal. Articula os conhecimentos, as qualificações e as competências que a prática profissional das TIC requer e aplica em todos os setores públicos e privados. O trabalho ambicioso na base do lançamento pelo INSEAD das diretrizes do Currículo Europeu de Competências Digitais, harmonizado com o QRCD, reconhece os profissionais de TIC através de um currículo uniformizado. Reforça-se, assim, o papel das universidades europeias no fornecimento de profissionais de TIC e de gestores possuidores de competências digitais na Europa. Trata-se, na verdade, de um passo na direção certa. Adaptação da oferta à procura Os governos, a indústria e as universidades, em igual medida, devem trabalhar em estreita cooperação para assegurar que a Europa esteja dotada
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das competências digitais avançadas, necessárias em áreas emergentes, como a computação em nuvem, as TI ecológicas, a segurança eletrónica, a interoperabilidade e os serviços de saúde em linha. As competências para o sucesso na indústria das TIC terão de evoluir e de se harmonizar com os novos fluxos de crescimento. O impacto das competências digitais em setores como a saúde transformará e melhorará a nossa forma de abordar alguns dos maiores desafios da sociedade.
Fomentar Parcerias para a Inovação no Ensino das TIC e no Desenvolvimento de Competências Digitais na Europa Como vimos, avizinham-se desafios importantes em termos da visão das Competências Digitais do futuro. Estes podem resumir-se do seguinte modo: 1. Criar as competências digitais integradoras necessárias às profissões do futuro no domínio das TIC; 2. Reforçar o papel das TIC e da aprendizagem baseada nas TIC no ensino primário e secundário para suscitar um maior interesse e motivação para as carreiras nas TIC; 3. Alargar os programas curriculares de ciências de computação ou Informática e de disciplinas afins e torná-los inovadores com vista a enfrentar os desafios do futuro em matéria de TIC, o que implica superar a ênfase predominantemente técnica da disciplina; 4. Criar novos modelos de parceria entre a indústria e as universidades, em especial para promover o envolvimento dos alunos na inovação baseada nas TIC e no apoio à aprendizagem empresarial; 5. Complementar as qualificações académicas com qualificações não formais orientadas pela indústria de acordo com normas aceites em toda a Europa e sistemas de certificação. Várias organizações europeias estão empenhadas na melhoria do ensino das TIC e das competências digitais de pontos de vista diferentes. Estas incluem, em particular, mas não de forma limitativa: O Instituto Europeu de Tecnologia e Inovação (EIT) – Laboratórios de TIC, a European e-Skills Association (EeSA), O European Learning Industry
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Group (ELIG), a European Foundation for Management Development (EFMD), a European Schoolnet (EUN), e a DIGITALEUROPE. Todas estas organizações colocam a ênfase em áreas específicas, designadamente: competências digitais e certificação uniformizadas (EeSA), inovação e tecnologias de aprendizagem na aquisição de competências digitais (ELIG), aspetos de gestão e empreendedorismo nas competências digitais (EFMD), programas escolares que promovam competências digitais (EUN), a excelência científica no ensino das TIC (EIT) e a representação global da indústria das TIC (DIGITALEUROPE). Cada uma destas componentes contribui para os objetivos mais amplos definidos no presente manifesto e impulsiona de modo mais alargado a estratégia em matéria de competências digitais da Comissão Europeia a nível das bases. Preparada para empreender os próximos passos, a Europa e os Estados-Membros devem agora dar seguimento às recomendações que foram aqui apresentadas. Verifica-se uma necessidade extrema de parcerias no sentido da inovação no ensino das TIC e em matéria de competências digitais na Europa. Impõe-se um investimento concertado em grande escala por todas as partes interessadas para garantir que a Europa possa beneficiar plenamente da melhoria da competitividade, de um crescimento mais forte e de mais e melhores empregos. Para concretizar esta ambição, as ações devem basear-se nas componentes descritas neste manifesto. Chegou o momento de juntar todas as peças. A Europa de 2020 é o próximo horizonte. Neste manifesto, nós, que apoiamos e defendemos Estratégia Europeia das Competências Digitais, estamos prontos para desempenhar o nosso papel na criação de uma parceria europeia para a inovação na educação - na sequência do apelo que a Comissária da Agenda Digital, Neelie Kroes, formulou em Berlim, em dezembro de 2011, na Conferência Online Educa. A inovação no ensino das TIC e no desenvolvimento das competências digitais deverá tornar-se o objetivo prioritário para o futuro. A conferência organizada pela Presidência dinamarquesa, em 27-28 de fevereiro de 2012, foi talvez a que mais se aproximou das duas palavras que melhor sintetizam esta visão: “Mentalidades Digitais” ou “Pensamento Digital” é, na realidade, neste momento crítico, o que é necessário para impulsionar o crescimento e o emprego na Europa.
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BIOGRAFIAS DOS COLABORADORES Pilar del Castillo Vera
Deputada ao Parlamento Europeu Pilar del Castillo é deputada ao Parlamento Europeu em representação de Espanha. Ex-ministra da Educação, Cultura e Desporto de 2000 a 2004, a Dra. del Castillo Vera foi eleita para o Parlamento Europeu pela primeira vez em 2004. É membro do Partido Popular que, por sua vez, integra o Partido Popular Europeu. É coordenadora do grupo do PPE na Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), suplente na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários, membro da Delegação para as relações com a República Popular da Índia e suplente na Delegação à Comissão Parlamentar Mista UE-Croácia. É, desde junho de 2009, presidente da Fundação Internet Europeia e membro da Rede de Políticas Transatlânticas (TPN) e do Fórum Europeu da Energia (EEE). Pilar del Castillo é também membro do Fórum Knowledge4Innovation (K4I) e Presidente do Grupo de Trabalho Permanente em matéria de Energia da Rede Europeia de Ideias.
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Professor Martin Curley
Vice-Presidente e Diretor, Laboratórios Intel Europa, Intel Corporation Martin Curley é diretor dos Laboratórios da Intel na Europa e engenheiro-chefe principal da Intel Corporation. A Intel Labs Europe é uma organização de rede de 24 laboratórios Intel e mais de mil investigadores / desenvolvedores na Europa, com a missão de contribuir para o fomento da pesquisa da Intel e para a Competitividade / Sociedade europeias. Mais recentemente, Martin foi diretor global de Inovação em TI da Intel Corporation. Anteriormente, Martin Curley ocupou uma série de cargos de chefia em Gestão e Automatização em TI na Intel, tanto nos EUA, como na Europa, assim como cargos de gestão e investigação na General Electric (Irlanda) e na Philips (Holanda). Martin Curley é autor ou coautor de três livros sobre gestão de tecnologia para a criação de valor, inovação e empreendedorismo. Martin é ainda Professor de Inovação Tecnológica e Empresarial da Universidade Nacional da Irlanda, Maynooth, e tem sido professor convidado do MIT Sloan. É cofundador / diretor do Innovation Value Institute, contribuindo para a orientação de um consórcio único de inovação aberta entre os setores académico e industrial, visando reforçar a gestão e inovação em TI. Martin é atualmente presidente do Grupo de Estratégia e Política de Inovação Aberta da UE, além de ser membro do Painel de Alto Nível da UE sobre a Medição da Inovação.
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Eva Fabry
Diretora do Centro Europeu para as Mulheres e a Tecnologia (ECWT) Eva Fabry é uma das fundadoras do ECWT e sua atual diretora. É ainda Presidente da Rede Global Mulheres e Tecnologia (GWT) e Responsável de Assuntos Europeus do Centro Regional para a Inovação Papirbredden Innovasjon. Desde 2000, Eva tem-se envolvido intensamente na construção da rede internacional da Federação Nacional Sueca para Centros de Recursos para Mulheres (tendo pertencido à Direção entre 2000 e 2007) e na Associação Europeia WINNET (2006-2007). Desde 2005, Eva faz parte do Comité Diretor da Taskforce Internacional para as Mulheres e as TIC (ITF) e é reconhecida como uma líder na Comunidade de Competências pela Aliança Global para as TIC e o Desenvolvimento da ONU (GAID). Eva desempenhou um papel crucial na criação do Centro Europeu para as Mulheres e a Tecnologia (ECWT) e foi nomeada diretora em julho de 2008. Eva é igualmente Gestora de Projetos do Diretório Europeu das Mulheres e das TIC, criado pela Comissão Europeia em outubro de 2009.
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Dr. Michael Gorriz
Diretor de Informação e Gestor de Tecnologia de Informação, Daimler AG Em janeiro de 2008, o Dr. Michael Gorriz assumiu a posição de Diretor de Informação (CIO) e Gestor de Tecnologia da Informação (ITM) na Daimler AG. É responsável pela estratégia, planeamento e desenvolvimento de todos os sistemas de TI, bem como pela operação de todos os centros de dados e redes de comunicação na Daimler AG. O Dr. Gorriz é diretamente responsável perante Wilfried Porth, Administrador da Daimler para os recursos humanos. O Dr. Michael Gorriz iniciou a sua carreira na empresa aeroespacial alemã Messerschmitt-Bölkow-Blohm GmbH, mais tarde conhecida como a subsidiária da Daimler-Benz, DASA, que se fundiu recentemente com a EADS. No início de 2000, o Dr. Gorriz transferiu-se para a área de Gestão de TI da Daimler como Vice-Presidente dos Sistemas Empresariais de TI, onde foi adicionalmente promovido a Diretor de Informação da Mercedes-Benz Cars and Vans em 2005. Nesta função, o Dr. Gorriz assumiu a direção dos sistemas de TI a nível mundial no seio da divisão Mercedes-Benz Cars and Vans na Daimler AG. Em 2009, as revistas alemãs CIO e Computerwoche elegeram o Dr. Michael Gorriz “Diretor de Informação do Ano” a nível de grandes empresas.
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Peter Hagedoorn
Secretário-Geral, EuroCIO Peter Hagedoorn trabalha na área das TI há cerca de 20 anos. Em 2000, tornou-se Diretor de Informação e Vice-Presidente da Hagemeyer (uma empresa multinacional de comercialização holandesa), e subsequentemente Diretor de Informação e Vice-Presidente Principal da Océ NV. Em 2004, Peter, juntamente com diversos Diretores de Informação holandeses, criou a Platforma CIO holandesa, a sociedade de Diretores de Informação, e foi presidente da organização durante cinco anos. Foi igualmente membro do Conselho Consultivo da EuroCIO durante este período. Em 2005, Peter recebeu o prémio Diretor de Informação do Ano, em reconhecimento dos seus inestimáveis contributos. Desde 2008, Peter tem sido consultor de várias entidades públicas e privadas, tendo desempenhado, entre outras, as funções de Diretor Executivo da empresa de consultores de gestão 3Align e copresidente do Comité Executivo da Associação Europeia das Competências Digitais. Em novembro de 2011, Peter Hagedoorn foi nomeado pela Direção como o primeiro secretário-geral da Associação Europeia de Diretores de Informação (sucessora da EuroCio).
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Edit Herczog
Deputada ao Parlamento Europeu Edit Herczog ingressou no MSZP (Partido Socialista Húngaro) em 1989. De 1998 a 2004, foi deputada à Assembleia Nacional Húngara. Desde 2007, Edit pertence à Direção do Partido Socialista Húngaro. Edit Herczog foi eleita deputada ao Parlamento Europeu em 2004 e tornou-se subsequentemente membro efetivo da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores, e membro suplente da Comissão da Indústria, Investigação e Energia e da Comissão do Controlo Orçamental. Edit Herczog ocupa atualmente a posição de membro efetivo da Comissão da Indústria, Investigação e Energia e posições de membro suplente das Comissões do Controlo Orçamental e dos Orçamentos. É ainda tesoureira do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu. Além disso, Edit Herczog pertence à presidência do Fórum Europeu da Energia, da Fundação Europeia da Internet, do Grupo Kangaroo, do Fórum para o Futuro da Energia Nuclear e da Rede da Política Transatlântica.
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John Higgins, CBE
Diretor-Geral DIGITALEUROPE John Higgins foi nomeado Diretor-Geral da DIGITALEUROPE, a associação das indústrias de tecnologia digital da Europa, em novembro de 2011, após nove anos a dirigir a sua associação filiada do Reino Unido, Intellect. John Higgins trabalha na área das TI há mais de 20 anos.. Em 1995, foi nomeado Diretor Executivo da Rocket Networks, uma empresa dot. com sediada na Califórnia que implementou os primeiros estúdios de gravação em linha do mundo. Regressou ao Reino Unido em 1998 e tornou-se Diretor-Geral da Associação de Serviços Informáticos e Software, uma das predecessoras da Intellect. John Higgins é membro do conselho diretivo da Universidade de Warwick e presidente do seu conselho fiscal. É igualmente presidente do conselho de ação política global da Associação Mundial de Serviços de TI, WITSA, e membro da direção de e-skills, o conselho do setor de competências digitais do RU. Foi distinguido com dois prémios pessoais pelos seus contributos excecionais; em primeiro lugar, para o setor associativo em 2004 e, posteriormente, para a indústria de TI em 2008. Recebeu da rainha o título de Commander of the British Empire (CBE), em 2005, pelos serviços prestados à indústria de TI no Reino Unido.
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Alexa Joyce
Diretora Principal de Desenvolvimento Empresarial European Schoolnet Alexa Joyce é Diretora Principal de Desenvolvimento Empresarial na European Schoolnet, a rede de Ministérios da Educação de 30 países europeus, e as suas funções consistem em gerar novas e importantes parcerias e orientar uma iniciativa importante de I&D na área do ensino das STEM, chamada inGenious (www.ingenious-science.eu). Alexa Joyce trabalha há 13 anos no campo da educação, com particular ênfase na ciência, tecnologia, engenharia e matemática, assim como no papel da tecnologia no apoio à reforma educativa dos processos de ensino-aprendizagem. É igualmente Consultora Executiva do programa Hewlett-Packard STEM+ Catalyst, e pertence ao Comité Executivo da Associação Europeia de Competências Digitais. Reviu e assinou importantes documentos políticos, como o Manifesto e-Skills e o livro branco da Cisco sobre as Mulheres e as TIC, entre outros. O seu principal interesse incide em projetos de investigação sobre a educação na Europa, mas exerceu também atividades de consultoria para a OCDE, a IUPAC e a UNESCO (Paris, França, e Banguecoque, Tailândia) sobre educação global, bem como educação na região da Ásia-Pacífico.
BIOGRAFIAS DOS COLABORADORES
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Werner Korte Diretor, empirica
Werner B. Korte partilha a direção de empirica (www.empirica.com) com Simon Robinson e é responsável pela gestão de muitos dos maiores projetos de pesquisa e desenvolvimento em matéria de competências digitais e avaliação de políticas, de novas formas de trabalho, da sociedade da informação, de indicadores estatísticos para a referenciação das competências digitais e noutros domínios. Projetos recentes de relevância sob a sua responsabilidade incluem “Competências TIC”, o estudo sobre “Acompanhamento da Oferta e da Procura de Competências Digitais na Europa “(2009-2010), e o estudo “eSkills 21” sobre “Avaliação da Implementação da Comunicação em Competências Digitais para o Século XXI” para a DG ENTR (2010). Werner Korte também realizou estudos sobre “Perfis Nacionais das Competências Digitais” e “Estatísticas de Qualificações” para os Cisco Systems e - a partir de 2012 - ocupa as funções de coordenador de projeto dos estudos da DG ENTR sobre “Visão, Roteiro e Cenários Prospetivos das Competências Digitais” e “Rótulos de qualidade para a formação com vista à promoção das competências digitais”.
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Dr. Bruno Lanvin
Secretário-Geral, INSEAD eLab O Doutor Bruno Lanvin foi executivo superior no Banco Mundial e na Organização das Nações Unidas e é atualmente Diretor Executivo do eLab da INSEAD. O seu trabalho centra-se na competitividade, inovação, competências e reforma governamental. É de longa data o seu envolvimento com o Fórum Económico Mundial (participando, em particular, na criação e produção anual do Índice de Prontidão para a Conectividade e do Relatório sobre a Tecnologia de Informação Global desde 2001). Tem desempenhado papéis de proa no trabalho da INSEAD sobre inovação (desenvolvimento do Modelo da Prontidão para a Inovação (IRM), personalização do Índice de Inovação Global (GII), criação de competências para a inovação – além do seu trabalho para a Comissão Europeia e para as Cimeiras Europeias dos Negócios desde 2009). Durante os vinte anos em que colaborou com a Organização das Nações Unidas, ocupou vários cargos superiores, incluindo o de Chefe de Gabinete do Diretor-Geral da ONU em Nova Iorque, Diretor de Planeamento Estratégico e, mais tarde, Chefe da Unidade de Competitividade Comercial das PME da UNCTAD/SITE. Frequente orador principal em encontros de alto nível, o Dr. Lanvin é consultor de várias empresas e governos a nível mundial sobre questões estratégicas.
BIOGRAFIAS DOS COLABORADORES
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Andrea Parola
Diretor-Geral da European e-Skills Association (EeSA) Andrea Parola é consultor, estabelecido em Bruxelas. Atualmente é Diretor-Geral da Associação Europeia das Competências Digitais (EeSA), uma plataforma multiparticipada, sediada em Bruxelas. A EeSA funciona como a plataforma de referência europeia no desenvolvimento de competências e qualificações em TIC para profissionais, praticantes e cidadãos de todos os setores da sociedade, com o fim de construir uma Europa mais inclusiva, competitiva e inovadora. A EeSA promove o intercâmbio de ideias, de ações de sensibilização e de boas práticas na Europa e apoia o desenvolvimento de ferramentas e metodologias para a governação das competências digitais. Andrea dirige ainda, na qualidade de Diretor-Geral, a empresa que criou em 2009, EU Strategy sprl, que se dedica a assuntos públicos e ações de defesa.
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Dr. Richard Straub
Secretário-Geral, European Learning Industry Group Nos seus trinta e dois anos com a IBM, o Dr. Richard Straub ocupou importantes funções executivas internacionais, como Diretor-Geral Adjunto da PC Europe e Diretor Global de Aprendizagem. Em 2006, iniciou uma nova carreira trabalhando com organizações sem fins lucrativos - como executivo a tempo parcial e empreendedor social. Atualmente é membro do comité executivo da European Learning Industry Group (EFMD) e Secretário-Geral do European Learning Industry Group (ELIG). Além disso, manteve um papel consultivo estratégico na Indústria de Educação Global da IBM. Na sua qualidade de empreendedor social, Richard fundou, em 2008, a Sociedade Peter Drucker da Áustria e, em 2010, a Sociedade Peter Drucker da Europa. É presidente de ambas. A Sociedade Peter Drucker tem por missão servir de catalisador para a melhoria da gestão como função vital na sociedade moderna. A Sociedade Drucker organiza anualmente o Fórum Mundial Peter Drucker em Viena, um evento já consagrado, cuja quarta edição será realizada em novembro de 2012.
BIOGRAFIAS DOS COLABORADORES
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Don Tapscott Don Tapscott é uma das maiores autoridades a nível mundial em inovação, meios de comunicação e o impacto económico e social da tecnologia, e é consultor de dirigentes empresariais e governamentais em todo o mundo. É autor ou coautor de 14 obras amplamente difundidas, incluindo o êxito de vendas de 1992 Paradigm Shift. O seu sucesso de 1995, The Digital Economy, revolucionou o pensamento em todo o mundo a respeito da natureza transformadora da Internet e, dois anos mais tarde, definiu a Geração Net e o “fosso digital” em Growing Up Digital. A sua obra de 2000, Digital Capital, introduziu ideias que fizeram escola, como a “teia dos negócios” e foi descrita pela BusinessWeek como “pura iluminação.” Wikinomics: How Mass Collaboration Changes Everything (Wikinomics: A Nova Economia das Multidões Inteligentes) foi o livro sobre gestão mais vendido nos Estados Unidos em 2007 e está traduzido em mais de 25 línguas. The Economist caracterizou a sua obra mais recente, Macrowikinomics: Rebooting Business and the World, como uma “história de destruição criativa ao estilo de Schumpeter” e o Huffington Post afirmou que o livro “não passa de uma estratégia para consertar um mundo destruído”. Ao longo de 30 anos, Don Tapscott introduziu muitos conceitos pioneiros que fazem parte do entendimento contemporâneo. Em 2011, Don Tapscott foi mais uma vez nomeado para a Lista Definitiva dos 50 Pensadores Mais Influentes do Mundo Empresarial a nível global, ficando em nono lugar na lista. Foi ainda classificado em segundo lugar como Pensador Mais Prestigiado do Mundo sobre Globalização e o livro Macrowikinomics ficou na segunda posição como Melhor Livro de Gestão dos Últimos Dois Anos. É membro do Fórum Económico Mundial e Professor Adjunto de Gestão na Universidade de Toronto. É difícil imaginar alguém que tenha sido mais prolífico, profundo e influente a explicar a revolução digital e o seu impacto no mundo.
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John Vassallo
Vice-Presidente, Assuntos da UE, Consultor Geral Associado John Vassallo dirige a equipa Reguladora e de Assuntos Empresariais Europeus da Microsoft em Bruxelas. O seu cargo foi criado para promover o diálogo da empresa com as instâncias reguladoras e políticas da UE. John Vassallo foi anteriormente Presidente da AmCham EU, a organização que representa 140 empresas de filiação norte-americana nas Instituições Europeias e governos da UE em Bruxelas. De 1993 a 1997, John foi Embaixador da União Europeia em Malta, na OTAN e na Bélgica, onde negociou o momento da adesão do seu país à UE e à OTAN. Em seguida, tornou-se Consultor Chefe e Diretor da General Electric no Gabinete de Assuntos Europeus, sediado em Bruxelas, cargo que ocupou até ingressar na Microsoft em 2008.
BIOGRAFIAS DOS COLABORADORES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Este Manifesto é produzido pela European Schoolnet e pela DIGITALEUROPE, integrado na Semana e-Skills Europeia. A Semana e-Skills Europeia é uma iniciativa da Comissão Europeia e é financiada ao abrigo do seu Programa-Quadro para a Competitividade e a Inovação (PCI) que tem como objetivo estimular a competitividade das empresas europeias.
Edição European Schoolnet (EUN Partnership AISBL), Rue de Trèves 61, Bruxelas, 1040, Bélgica Revisão Caroline Bergaud, Natalia Kurop, Alexa Joyce e Colleen Wood Design, DTP e impressão Josworld, Bélgica, e Hofi Studio, República Checa Coordenação de tradução Danosh Nasrollahi
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Colaboradores Pilar del Castillo Vera Martin Curley Eva Fabry Michael Gorriz Peter Hagedoorn Edit Herczog John Higgins CBE Alexa Joyce Werner Korte Bruno Lanvin Andrea Parola Richard Straub Don Tapscott John Vassallo ISBN 9789490477301 - EAN: 9789490477301 Tiragem 14.000 exemplares
Publicado em junho de 2012. Os pontos de vista expressos nesta publicação são os dos seus autores e não necessariamente os da European Schoolnet, da DIGITALEUROPE, da Associação Europeia das Competências Digitais ou da Comissão Europeia. Este livro é publicado nos termos e condições da licença Creative Commons License Attribution 3.0 Unported (CC BY 3.0) (http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/).
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O MANIFESTO e-SKILLS Não apenas na Europa, mas em todo o mundo, a economia industrial e muitas das suas instituições começam a enfrentar o fracasso. Em simultâneo, estão a desenhar-se os contornos de novas empresas e de uma nova civilização. Por esta razão, a Europa encontra-se num momento crítico, confrontada, como está, com um crescente divórcio, em termos de capacidades digitais, entre as necessidades de transformação digital, por um lado, e as competências, o saber-fazer e as aptidões da força de trabalho, por outro. A fim de explorar o potencial da revolução digital e acompanhar a competitividade global, a Europa necessita urgentemente de construir uma força de trabalho detentora de competências digitais. Trabalhando em conjunto, a indústria, a educação e os governos têm o poder de assegurar ações de sucesso a longo prazo que criem emprego, competitividade e crescimento. Este Manifesto é um projeto que procura contribuir para que isto aconteça. Baseia-se num largo espectro de perspetivas e a sua leitura é obrigatória para aqueles que têm interesse na aquisição, fomento e retenção de talento digital no século XXI.
“O défice de capacidades digitais é um problema épico. Hoje em dia, os mercados de trabalho são globais e tendo em conta modelos de negócio em rede, os trabalhadores do conhecimento enfrentam a concorrência em tempo real. Os trabalhadores e os gestores têm de aprender, de se adaptar e de apresentar resultados como nunca antes.” Don Tapscott
Don Tapscott é uma das maiores autoridades a nível mundial em inova-
ção, meios de comunicação e o impacto económico e social da tecnologia, e é consultor de dirigentes empresariais e governamentais em todo o mundo. Don Tapscott é um autor muito vendido de 14 livros sobre tecnologia nos negócios e na sociedade, mais recentemente (em parceria com Anthony D. Williams) de Macrowikinomics que The Economist caracterizou como uma “história de destruição criativa ao estilo de Schumpeter” e sobre o qual o Huffington Post afirmou que “não passa de uma estratégia para consertar um mundo destruído”. Don está atualmente a conduzir investigação sobre novos modelos de resolução de problemas e governação a nível mundial.