Samuel Maciel/ Hiper
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Jornalismo da Famecos 5 estrelas no Guia do Estudante
Porto Alegre, janeiro/fevereiro 2011, Ano 13 – Nº 84
Júlia Ramos/ Hiper
DESAFIO: como corrigir erros do Enem? Pág. 3 Fotos Arquivo Pessoal/ Tonico Alvarez
Padre Rubem dos Santos
Uma missão na Vila Fátima 36 anos atrás, jovens gaúchos descobriram a Praia do Rosa, a 70 quilômetros de Florianópolis. Era assim o Jardim do Éden
O refúgio da juventude nos verões de chumbo
Página 2 Joana Barboza/ JM
Em busca da liberdade, eles descobriram a Praia do Rosa na ditadura militar Página 6
Eles seguem no páreo
Turfe está esquecido da mídia Hipódromo do Cristal fora dos holofotes Página 9
A garotada dos anos 70 esquecia a ditadura militar em uma prancha nas ondas do litoral catarinense durante o veraneio
abertura Júlia Ramos/ Hiper
hipersider Bem-vindos Fique ligado: as aulas na PUCRS começam dia 1° de março, uma terça-feira. Para durante o Carnaval e recomeçam na Quarta-Feira de Cinzas. Complementação e recursos referentes à matrícula serão recebidos de 2 a 15 de março. Aproveitamento de disciplinas, de 2 a 21 de março. Inscrições ao Programa de Crédito Educativo da PUCRS, de 9 a 31 de março. Recepção especial aos calorouros, dias 16 e 17 de março. Bom retorno.
Elson Sempé Pedroso/ Hiper
Camila premiada A jornalista Camila Rodrigues, 23 anos, formada pela Famecos em 2009, emplacou seu primeiro ano como repórter fotográfica do Correio do Povo de Porto Alegre com dois prêmios. Conquistou o primeiro lugar em fotografia, com o trabalho Sem Barreiras, no Prêmio Brasil de Esporte e Lazer, entregue pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva, em Brasília, em 16 de dezembro. Três dias antes, em Porto Alegre, ela foi um dos vencedores da 12ª edição do Prêmio de Jornalismo Ministério Público do Rio Grande do Sul, com fotos que documentaram reportagem sobre apreensão de caça-níqueis, publicada no Correio em 15 de Camila Rodrigues outubro. Camila aprendeu fotografia como estagiária do Hipertexto desde a entrada da faculdade em 2005. Permaneceu no jornal até sua formatura, chegando ao cargo de editora de Fotografia. O professor Elson Sempé Pedroso balança de tanto orgulho e alegria.
Projeto Rondon O Projeto Rondon já analisou as inscrições das universidades para atuação em julho de 2011 e a PUCRS foi contemplada com quatro equipes. Estará na Operação Arara Azul no município de Bodoquena, Mato Grosso do Sul, de 8 a 24 de julho: na Operação Oiapoque, no município de Oiapoque, Amapá, de 9 a 25 de julho, na Operação Peixe-boi, município de Manaquari, Amazonas, de 8 a 24 de julho, e na Operação Tuiuiú, no município de Glória d’Oeste, Mato Grosso, de 16 de julho a 1º de agosto.
1) Travessia para Guaíba Um barco Catamarã deverá estar disponível, em março ou abril, para fazer a travessia entre Porto Alegre e Guaíba. Será que o transporte hidroviário de passageiros, agora, se concretizará entre as duas cidades? Nos últimos 30 anos, o assunto esteve em pauta inúmeras vezes com anúncios de planos e projetos sem que a opção de transporte fosse viabilizada. Uma nova tentativa avança, com licitação vencida pela empresa Ouro e Prata que já tem experiência também em transporte fluvial na Amazonia.
2) ... mas o preço Mas o grande entrave mesmo é o custo. Apesar do tempo de viagem na via fluvial ser bem menor – 20 minutos contra 50 minutos via rodoviária – o valor estimado da passagem é de R$ 7, enquanto a tarifa do ônibus comum é de R$ 3,05 e do ônibus direto está em R$ 6,50. A empresa promete uma tarifa inicial menor em torno de R$ 5.
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Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
Rubem dos Santos, 72 anos, dá paz aos aflitos e apoia as reivindicações da comunidade
O padroeiro da Vila Fátima veio de Bagé Padre desempenha missão social e evangelizadora Por Natália Otto A Vila Fátima, localizada na zona leste de Porto Alegre, é assim chamada em homenagem à santa Nossa Senhora de Fátima, mas seu padroeiro tem outro nome. Desde sua chegada na região, em 1987, Rubem dos Santos é o padre da comunidade. Mas este é apenas um dos papéis que ele desempenha. Em sua sala apertada e escura, o bageense de 72 anos recebe os moradores aflitos. Eles lhe pedem conselhos de todos os tipos, bênçãos que transcendem a religião. Sobre a mesa, santos cujos olhos se fecharam e retalhos de jornais antigos, páginas amareladas indicando também a cegueira do governo. “O governo nos abandonou”, lastima. Sua voz é sempre muito baixa, quase um sussurro, é preciso aproximar-se para ouvir o que tem a dizer. Nascido em 18 de setembro de 1938, em Bagé, Rubem dos Santos veio para Porto Alegre aos 14 anos. O encontro da vocação foi tardio, entrou para o seminário apenas em 1978. Antes, estudou Economia e trabalhou no judiciário. “Mas sempre com o objetivo de ajudar a juventude”, ressalta. Com esta meta, Santos entrou para a Igreja e chegou a morar por um ano no Amazonas, na cidade de Altamires, à beira do rio Xingu. Apenas depois
de já ter feito a eucaristia é que o religioso veio para a Vila Fátima, onde encontrou um cenário de completo descaso. A comunidade abriga aproximadamente 200 mil pessoas. Tráfico, fome, falta de saneamento, luz e asfalto são alguns dos problemas enfrentados pelos moradores todos os dias, e combatidos há anos pelo padre. Da pequena igreja onde acontece a missa de sexta-feira à casinha de dois andares na qual atende os habitantes, quase todas as construções da área passaram pelas mãos do religioso. “Eu construí tudo isso”, conta, mas não há presunção em sua voz. O tudo a qual se refere ainda é muito pouco. “Antes, aqui não existia nada”. Os feitos de Santos não passam despercebidos pela população local. Ninguém se esquece da odisséia do religioso pela Prefeitura de Porto Alegre, Câmara dos Vereadores e a Secretaria do Desenvolvimento, nos idos de 2002, para cobrar o asfaltamento das ruas. Depois de muita insistência, as exigências foram atendidas, mas do jeito torpe da política brasileira: a fim de economizar asfalto, as obras estreitaram as ruas. “Agora, não passam nem carros”, reclama Santos, e conta que, às vezes, é preciso que crianças o guiem pelas ruelas estreitas da vila, para que ele chegue
ao endereço de determinados fiéis que aguardam seu auxílio. Ao abrir a porta de ferro que leva à Casa da Criança, o padre é recebido com uma fila de abraços dos pequenos residentes. Todo agradecimento é pouco ao homem que carregou as tábuas de madeira responsáveis pela estrutura do local, considerada “a menina dos olhos da região”. A casa, construída com o dinheiro vindo de doações, acolhe jovens dos sete aos 14 anos no turno inverso da escola. “É a única maneira de mantê-las longe do tráfico”, confessa. Hoje, o padre tem um novo projeto, construir uma Casa do Idoso, para abrigar os anciões da região. “Aqui, quem mais sofre são as crianças e os velhos. O resto se vira”, explica. “Os idosos ficam sozinhos a maior parte do tempo, e na maioria das vezes têm dificuldades físicas e psicológicas e precisam de acompanhamento”. O plano, pronto há quatro anos, transita entre as secretarias da Capital, sem nunca ser posto em prática. Mas ele não desiste. “Esse ano ainda sai”, acredita. E desce pelas ruelas que ele mesmo ajudou a pavimentar, em sua peregrinação não de santo, mas de homem – embora já não seja mais possível dizer ao certo, tão tênue tornou-se a linha divisora dos dois.
ensino Samuel Maciel/ Hiper
A novela do Enem 2010 Por Cairo Fontana e Walter Ferrera O que deveria ser o portal do paraíso acabou se transformando em verdadeiro inferno para mais de 3 milhões de estudantes que se submeteram às provas do Enem 2010. Criado em 1998 com o objetivo de avaliar a qualidade geral do ensino médio no país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem suscitado polêmica desde que passou a ser adotado como referência para o ingresso em universidades públicas e privadas. Com erros que vão desde impressão e diagramação das provas até a aplicação, a edição 2010 virou novela. Foram identificados pelos estudantes problemas nos cadernos de provas e nos gabaritos. Um dos erros detectados foi a inversão dos cabeçalhos. No caderno de perguntas, as questões de 1 a 45 referiam-se à Ciências Humanas
e, do número 46 até 90, à Ciências da Natureza. Na folha destinada as respostas, os gabaritos estavam invertidos. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os estudantes foram alertados a tempo pelos fiscais, porém muitos deles davam informações desencontradas, o que acabou por expor uma nova problemática: a falta de preparo para aplicação dos testes. O treinamento realizado pelos aplicadores de provas se resumiu a uma hora de conversa, apenas uma hora antes do início da prova. Alguns, por exemplo, desconheciam o preenchimento das atas onde deveriam constar informações como o número de candidatos presentes. Após uma avalanche de equívocos, a juíza Karla de Almeida Miranda Maia, da 7ª Vara Federal do Ceará, determinou a imediata suspensão do Enem 2010 em todo o Brasil. A alegação foi de que os
estudantes foram prejudicados pelo erro de impressão nas provas. O MEC conseguiu derrubar a liminar e, com isso, o Ministério pôde divulgar o gabarito dia 12 de novembro, uma sexta-feira. Para muitos educadores o problema quanto a aplicação do Enem não se concentra unicamente em erros de origem técnica, mas também estrutural, devido a enorme diversidade da cultura brasileira. “A maior dificuldade do Enem não está no seu processo de aplicação, mas no próprio princípio que o determina: a uniformidade de avaliação num mundo multicultural”, pondera Vera Rudge Werneck, doutora em Filosofia pela PUC-RJ . Para Fernando Antunes, 33 anos, a prova não pode ser desmerecida apenas por falhas técnicas, suas vantagens ao ensino superior devem ser observadas com mais cuidado. “Mesmo os impactantes
incidentes que ocorreram nos dois últimos exames, o que tirou certa credibilidade da banca organizadora e demais segmentos que fazem parte da realização da prova, acho que estes problemas se devem a má administração de algumas autoridades”, afirma. Porém, a repercussão pode trazer benefícios, como a revisão e vigilância constantes sobre seus organizadores. Durante o primeiro dia de provas, a presença de três fiscais, sendo um deles homem, era exigida pela coordenação, o que foi cumprido. No segundo dia, entretanto, muitos dos registrados para a função se ausentaram, o que causou a falta de um fiscal por sala e uma cooperação maior entre eles. Segundo Bárbara Zorzetto, aluna de História na FAPA e uma das fiscais, o treinamento dos voluntários foi escassa. Trancados desde as 10 da manhã do dia da prova, eles
foram privados de alimentação e poucas instruções foram repassadas quantos às diferenças nas versões da prova. “Na minha sala não teve problema, a não ser a troca do título das questões na folha de respostas, mas nos foi passado que era para responder desse jeito. Muitos colegas de outras comentaram que estavam faltando questões ou com questões trocadas”, confirma. Apesar das discrepâncias e consequências da avaliação, é reconhecida a importância que o exame apresenta aos jovens de baixa renda e à população adulta de pouca instrução. “A economia do país avança e o governo deve expandir novas oportunidades aos brasileiros em todas as classes. Criar e incentivar meios para o acesso a educação de nível técnico e superior acelera a diminuição das diferenças sociais, culturais e econômicas do povo”, diz Fernando.
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
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Opinião EDITORIAL
2011, um ano decisivo Por Fernando Soares
seguem intocadas por pura falta de vontade. Outra questão relativa à comunicação que deve ganhar corpo nos próximos 12 meses refere-se à elaboração dos Conselhos de Comunicação Social (CCS) nas esferas federal e estadual. Essa possibilidade suscita debates intensos nos últimos tempos. É possível que o CCS torne-se um aliado à democracia, configurando-
Os formandos do Jornalismo
Os oito anos de governo Lula proporcionaram conquistas importantes ao país, como a estabilização da economia e a ascensão social de milhões de brasileiros. Fatores que refletem os elevados índices de aprovação da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, enquanto presidente, Lula, proferiu uma série de declarações infelizes sobre o trabalho da imprensa, evidenciando, por vezes, uma faceta
Ano novo, governantes novos. Envolvida pelas promessas eleitorais, a população renova sua expectativa de que velhos problemas serão solucionados ou, pelo menos, amortizados. Com os jornalistas não é diferente. A categoria entra 2011 com uma ponta de esperança de que a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão seja restituída. Lívia Stumpf/ Hiper O pesadelo da desregulamentação da atividade jornalística iniciado em 17 de junho de 2009 pode chegar ao fim. Após a equivocada decisão do Superior Tribunal Federal (STF), o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-PE) protocolou uma Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC) que restabelecesse a necessidade da graduação para os profissionais da área. Projeto semelhante, de autoria do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), criado à mesma época, foi aprovado em julho de 2010. Um ano e meio deRenovam-se as esperanças com Dilma presidente e Tarso governador pois da proposta de Valadares, enquanto deputados e se em um canal importante junto à agressiva pouco condizente com sua senadores se mobilizam em tempo população e apurando irregularidades personalidade. recorde para decidir o aumento dos cometidas por determinados veículos. Postura distinta adotará sua supróprios salários, a PEC 33/09 teve Ao mesmo tempo, a intervenção do cessora. Em seus discursos iniciais, sua votação adiada várias vezes. Estado, em alguns casos, pode ser a presidente Dilma Rousseff felizQuando entrou na pauta do Senado, apenas um eufemismo para restrição mente seguiu uma linha diferente faltou quórum. A matéria segue sem da liberdade de expressão. Basta ob- de seu antecessor. Dilma, que lutou data definida para apreciação. Situa- servarmos países vizinhos como Ar- intensamente contra a opressão e ção que, infelizmente, se repete com gentina e, principalmente, Venezuela, censura, prometeu que não cerceará tantas outras decisões importantes onde a participação governamental a liberdade dos jornalistas e destacou para o país. As necessárias reformas pouco colaborou para a melhoria de que prefere o barulho da imprensa ao política e tributária, por exemplo, qualidade do jornalismo. silêncio das ditaduras. Ainda bem.
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Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil. Site: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hipertexto/ 045/ index.php
Diretora da Famecos: Mágda Cunha Coordenador de Jornalismo: Vitor Necchi Produção dos Laboratórios de Jornalismo Gráfico e de Fotografia. Professores Responsáveis: Celso Schröder, Elson Sempé Pedroso, Ivone Cassol, Juan Domingues, Luiz Adolfo Lino de Souza e Tibério Vargas Ramos.
Reitor: Ir. Joaquim Clotet Vice-reitor: Ir. Evilázio Teixeira
Estagiários matriculados e voluntários Edição e diagramação: Fernanda Grabauska,
Jornal mensal dos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
O Curso de Jornalismo da Famecos formou 55 profissionais no dia 18 de dezembro: Turma da manhã: Joana Pretto Cavinatto (juramentista) Renata Lopes da Silva Thaís dos Santos Trapp Edmar Martins Gomes Karoline Guedes Bernardo Thaís Monteiro Longaray de Moraes Marcia Gomes Dalmolin Gabrielle de Abreu Oliveira Flavia Pereira Ferreira Bibiana Hegele Bolson Giovanni Caprio Neto Otto Herok Neto (orador) Fabricio dos Santos Lunardi Rafaella Batista Fraga Kellen Pacheco Moraes Paula Candiago Soprana Daniela Curtis do Lago Luiza Carmona Calheiros Daniela de Seixas Grimberg Luana Duarte Fuentefria Carolina Tavaniello Pinto de Morais Guilherme Dal Sasso Bernhard Friedrich Schlee Roberto Cabral Azambuja Juarez Sant’Anna Neto Gabriela Rizek Boni Karine Carvalho Tavares
Camila Cardoso Soares Jenifer Remião Caetano Juliano Fernandes Soares Lucas Melgar Braz (recebeu diploma do pai Luiz Braz, jornalista e vereador) Julia Gus Brofman Turma da noite: Ana Cecília Bisso Nunes Denise Karina Ernest Frizzo Claudio Goldberg Rabin (orador) Mateus Correa Frizzo Camila Konrath Pereira Lucas de Souza Cardoso Auã Gill Gonçalves Andrea Lontra de Oliveira (pai Paulo Boeira de Oliveira, jornalista, entregou diploma) Bruno Schmitz Felin Laila Rodrigues Garroni Jessica Gustafson Costa Alice Klein Silva Angela Miller da Rosa Gabriela Rodrigues Gabriela Pereira Carpes Jamille Ariane Callai Anelise Donazzolo Simone Silveira Cardoso Ellen Doris Volff Dick Rafael Nakatsui Fabiana Baldo Gabrielle Degiampietro Vaz (recebeu diploma do pai João Bosco Vaz, jornalista e vereador) Luana Brasil Dias
Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem 5.000 Leonardo Pietrowski, Luísa Silveira e Marja Camargo. Editores de Fotografia: Bolívar Abascal Oberto, Bruno Todeschini e Lívia Stumpf. Redação: André Vitor Pasquali, Bruna Suptitz, Brunna Weissheimer, Cairo Fontana, Clareana Ferreira, Daniela Boldrini, Fernanda Keller, Fernando Severo, Marco Antônio de Souza, Natália Otto, Pedro Henrique Tavares, Rafael Sanchez, Sabrina Ribas, Suzy Scarton e Walter Ferrera. Repórteres Fotográficos: Aya Kishimoto,
Bolívar Oberto, Bruno Todeschini, Camila Cunha, Daniela Grimberg, Daniela Kalicheski, Fábio Henrique Gonçalves, Felipe Dalla Valle, Gabriel Ludwig, Gabrielle Toson, Guilherme Santos, Isabella Sander, Jéssica Barbosa, Jonathan Heckler, Julia Ramos, Júlia Tarragó, Lívia Auler, Lívia Stumpf, Luiza Lorentz, Mariana Amaro, Mariana Fontoura, Mauricio Krahn, Maria Helena Sponchiado, Nicole Pandolfo, Pedro Sampaio, Raquel Damo, Samuel Maciel, Thiago Couto, Vanessa Freitas e Vivian Lengler.
política
Nomes de rua e homenagens ocupam a maioria da pauta dos vereadores 55% dos projetos aprovados da Câmara de Porto Alegre em 2010 têm esse conteúdo Por Brunna Weissheimer e Fernanda Keller
quantidade de ruas conhecidas por letras do alfabeto ou números. “É uma questão de cidadania. O vereO ano de 2010 marca o meio ador defende o direito do cidadão do mandato dos vereadores esco- que precisa ter direito ao enderelhidos em 2008. Durante quatro ço. É um princípio de dignidade”, anos, os eleitos fiscalizam os atos completa. “A própria imprensa, às do poder Executivo e assumem o vezes, menospreza essa história de papel de mediadores das demandas dar nome as ruas, até porque não da comunidade diante sabem o que é não “A imprensa ter um endereço”, se dos órgãos estaduais e federais. Nesse pemenospreza defende Carpes. ríodo, não existe uma porque não sabe Desde 2007, a Câquantidade mínima mara Municipal resde projetos a serem o que é não ter tringe as homenagens, apresentados por parum endereço” estabelecendo “quotas lamentar. A cargo da rígidas para cada veCâmara Municipal, podem ser reador propô-las”, esclarece Luiz realizadas sessões especiais em Afonso de Melo Peres. Sofia Cavelocais da cidade e ainda audiências don (PT) afirma que em 4 anos, o públicas para o debate de questões vereador pode criar um título de de interesse da comunidade. cidadão, um troféu e duas comenA atuação dos vereadores é, às das, ou seja, uma homenagem a vezes, muito criticada por causa de cada ano. “O vereador tem a maior alguns projetos criados. Muitas pro- parte do seu trabalho na função de posições, nome técnico que identi- fiscalizar. A avaliação em relação a fica genericamente as iniciativas um ato de tramitação, função fislegislativas, não passam de trocas calizadora, toma mais tempo, pois de nomes de rua ou homenagens e precisa, às vezes, de atendimentos a são consideradas irrelevantes pela grupos, reuniões e essa função não população. Dados levantados pela é quantificada. Tem que relativizar, reportagem apontam que de 129 existem projetos bastante compleprojetos encaminhados ao Plenário xos, geram polêmicas e duram anos. Municipal para votação em 2010, O Plano Diretor tomou um ano 37 são homenagens e 35 aprovados inteiro. Resumindo, não dá para são mudanças de nomes de ruas. quantificar”, pondera a vereadora. Juntos, somam mais da metade Tanto o chefe de gabinete de das proposições. O detalhamento Juliana Brizola (PDT), Jucelino dos projetos pode ser conferidos Rosa dos Santos, quanto a assesno site da Câmara Municipal (www. sora parlamentar de Adeli Sell camarapoa.rs.gov.br). (PT), Leila Mattos, concordam que Para Luiz Afonso de Melo Peres, é importante a Câmara Municipal diretor legislativo da Câmara Mu- valorizar o trabalho de determinanicipal de Porto Alegre, “a questão da pessoa para sua comunidade, acerca da relevância dos projetos o que justificaria as homenagens apresentados remete a um juízo realizadas. Além disso, por não muito particular, porque às vezes gerar tantas discussões, esse tipo de aquilo que nos parece desimpor- projeto logo é aprovado. “Quando tante, pode ser importante para é sugerida uma homenagem, para uma determinada parcela ou setor pessoas ou instituições, é difícil da população”. O diretor exempli- algum vereador ir contra. Então, fica com diversas ruas na capital sua tramitação é acelerada e o Pledenominadas por letras do alfabeto nário aprova rápido”, diz Jucelino. ou por apelidos que dificultam a en- A vereadora Fernanda Melchionna trega de correspondências. Além de (PSOL) tem uma posição diferente. facilitar o funcionamento da cidade, “Acho uma pena que a política, receber um nome oficial para a rua infelizmente, em grande medida, faz o cidadão se sentir incluído na tenha se transformado na arte comunidade. de valorizar projetos e interesses Walton Carpes, assessor par- privados, muitas vezes alheios lamentar do vereador João Carlos às necessidades da cidade”, diz Nedel, defensor dos projetos que Fernanda. “Não significa que não dão nomes às ruas, explica que tenha de haver homenagens, mas Porto Alegre tem aproximadamente a disparidade entre nomes de rua, 17 mil ruas e mais de duas mil não homenagens e projetos que de fato possuem nome. Carpes mostra o vão melhorar a vida da população material que comprova a grande é gritante”, conclui.
Tonico Alvarez/Divulgação Câmara
Plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre muitas vezes enfrenta votações polêmicas
Como tramitam os projetos na Câmara O processo legislativo inicia quando o vereador protocola o projeto, que recebe um tratamento para adequação técnica da redação. “É necessário também um parecer prévio da Procuradoria da Câmara quanto aos aspectos de constitucionalidade e legalidade”, explica Luiz Afonso de Melo Peres, da Diretoria Legislativa da Câmara Municipal. Na sequência, a proposição é lida em plenário e permanece durante duas sessões disponível para um debate preliminar. A seguir, o projeto é distribuído para receber o parecer das Comissões Permanentes da Casa, especializadas nas diversas áreas da administração
pública e em disposições legais, definidas nos âmbitos municipal, regional e federal. A próxima fase é denominada “Ordem do Dia”. Nessa etapa, o projeto está em condições de ser votado em plenário. A escolha dos projetos a serem votados em cada sessão depende de acordo dos líderes de bancada. Mas, para chegar à Ordem do Dia, a demora é de cerca de três a quatro meses. Melo Peres comenta ainda que “este prazo não é estanque, porque podem ocorrer incidentes durante a tramitação, como pedidos de diligência, destinados a buscar informações externas para melhor instrução do
processo, reuniões com setores da sociedade que vão ser atingidos pelo projeto, entre outros”. O diretor Legislativo acrescenta que há projetos de grande complexidade, como orçamentos e revisões do Plano Diretor que demandam tempo maior até a sua conclusão. A assessora Leila Mattos destaca que a principal função dos parlamentares é fiscalizar e legislar sobre os projetos e ações do Executivo. Acrescenta que “claro que é bom que os vereadores tenham projetos importantes para a cidade. Tem alguns que utilizam suas cotas e não apresentam mais nada. Mas são os vereadores que nós elegemos.”
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
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especial
VISÕES DO MUNDO EM EXPOSIÇÃO As imagens povoam a vida das pessoas. Desde que a fotografia caiu no gosto popular e teve seus instrumentos transformados em bens de consumo fácil, todo mundo virou fotógrafo. Mas há um campo dessa prática social, a fotografia, que tem uma preocupação especial com o significado dos registros e os trata a partir de códigos que acabam por constituir uma linguagem. O fotojornalismo é uma atividade comprometida com a realidade, embora esta seja sempre vista a partir do ponto de vista de quem empunha a câmera. Dentro do curso de Jornalismo, a fotografia representa apenas uma das diversas áreas de interesse, mas de grande poder. A síntese oferecida pelo esforço de recorte e significação feito pelo fotógrafo possibilita ao leitor ver a informação de uma vez só, em um único lance de olhar, ao mesmo tempo em que permite a contemplação, um retorno reiterado sobre as informações visuais congeladas no
tempo. Mas para atingir o poder de síntese, o domínio da técnica e a proximidade ao “momento decisivo” de Cartier-Bresson, é preciso muita dedicação, estudo e especial talento de percepção e abstração. Neste caminho estão alguns alunos do curso de jornalismo da Famecos que aceitaram o desafio de construir discursos com imagens, de aprender o que parece fácil e natural, mas cuja eficácia está longe de ser facilmente obtida. Alguns resultados estão na Galeria dos Arcos, na Usina do Gasômetro, de janeiro a março, e nestas páginas, que registram o início de percursos brilhantes. Quem são eles? Prestem atenção nos créditos das fotografias. Logo eles estarão em letras miúdas coladas nas fotos dos grandes jornais da cidade e do país.
Pregação, Guilherme Santos
Por Elson Sempé Pedroso, professor de Fotojornalismo
Ercy Thorma e Antônio Gonzalez, Bolívar Abascal Oberto
Linhas do Tempo, Guilherme Santos
Esforço, Bruno Todeschini
hiper Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011 6 texto
Ponto de Vista, Lívia Stumpf
O Pulo do Gato, Samuel Maciel
especial
A Ferro e Fogo, Guilherme Santos
Movimento mágico, Mariana Fontuoura
Celebração, Jonathan Heckler
Ouro Preto, Felipe Dalla Valle
Brasil às Avessas , Jonathan Heckler Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
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esporte
O campeão de 1929 está de volta Cruzeiro de Porto Alegre volta à Primeira Divisão em 2011 com estrutura e time reforçados Fernanda Meneghetti/JM
Cruzeiro da capital foi o primeiro clube gaúcho a viajar para a Europa, em 1953, e voltou em 1960. Caiu no ostracismo e agora se ergueu das cinzas Por Fernanda Meneghetti Depois de 32 anos fora da primeira divisão do futebol gaúcho, o Cruzeiro de Porto Alegre, campeão gaúcho da temporada de 1929, está de volta ao convívio dos grandes. O azul e branco da Colina Melancólica, estádio acima do Olímpico, no meio dos cemitérios, entrou em agonia quando seu campo foi vendido, transformando-se no Cemitério João XXIII. Ficou combalido em sua nova casa, no Alto Petrópolis, mas não morreu. O primeiro time gaúcho a viajar para a Europa em 1953, voltando em 1960, se ergue das cinzas. Voltarão os clássicos da capital Inter-Cruz e Gre-Cruz que terminaram no fim dos anos 60. Após realizar uma vitoriosa campanha na série B estadual de 2010, o estrelado conquistou a chance de retornar à elite. Os dirigentes e funcionários avisam que ele pode surpreender os adversários. O clube quer fazer uma boa campanha, se manter na primeira divisão, melhorar a estrutura e aumentar o orçamento em 2011. O Cruzeiro garantiu a vaga na primeira divisão antes do último duelo. No dia 16 de junho, o tradicional time de Porto Alegre derrotou o Brasil de Farroupilha. Com
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campo encharcado e arbitragem de Leonardo Gaciba, as duas equipes somaram cinco gols no Estrelão, na zona norte de Porto Alegre. No primeiro tempo da partida, o time da casa ensaiou uma goleada, fazendo 3 a 0. Mas os visitantes reagiram, marcaram dois gols e a partida se tornou dramática. “Quando acabou a partida, foi uma explosão de alegria”, comenta o presidente do clube Dirceu de Castro. O dirigente afirma que o apoio do torcedor foi fundamental para a equipe superar as dificuldades e garantir a classificação. “Nos preparamos muito bem. Viemos de uma derrota e sabíamos que a vitória nos daria a classificação. Era o jogo para entrar na história do clube. Havia uma mobilização total, mas o tempo não nos ajudou. Esperávamos mais pessoas, mas os mais de mil torcedores contribuíram para empurrar o time”, disse. O roupeiro Telmo Wonsik se orgulha de ter presenciado este momento do clube. “Sou o único que participou de 100% dos jogos. Estava muito apreensivo antes de conquistar a vaga. Acompanhei o time e posso garantir que não tinha clima de euforia antes de garantir a classificação. Depois, foi uma vibração intensa”, relembrou.
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
No dia 26 de junho, a equipe do técnico Benhur Pereira conquistou mais uma alegria. Na última partida da competição, o time enfrentou o Lajeadense e fez 3 a 0 em pleno estádio Florestal, em Lageado, e confirmou o título de Campeão Gaúcho da Série B 2010. Quando entraram em campo, ambas as equipes já haviam garantido o acesso à Série A. O Lajeadense tinha a vantagem de empatar sem gols, já que havia empatado em Porto Alegre por 1 a 1 e apresentava melhor campanha. Porém, o Cruzeiro, mesmo desfalcado, obteve uma vitória expressiva no campo do adversário. Logo após o jogo, os dirigentes começaram a fazer o planejamento para 2011. Para iniciar a preparação, o técnico caxiense Joel Cornelli, 43 anos, foi contratado para comandar o time na Copa Ênio Costamilan, que começou no dia 8 de agosto. “Poucos dias após a última partida já começamos a operação 2011. Analisamos os jogadores na Copa Ênio Costamilan. Nosso treinador avaliou o nosso plantel e para fazer uma seleção”, comentou. O novo treinador teve até o dia 24 de outubro para observar o elenco. Nessa data, o Pelotas venceu o Cruzeiro-PA por 1 a 0 e eliminou o time de Joel.
Presidente do estrelado promete surpreender Após um longo período afastado da primeira divisão, o presidente Dirceu de Castro garante que o Cruzeiro entra na disputa para surpreender, mas mantém os pés no chão. “Primeiro é brigar para não cair, essa é a nossa meta. Mas vamos formar um time competitivo, pois queremos surpreender”. Em outubro, a Federação Gaúcha de Futebol definiu que o Cruzeiro jogará contra a dupla Gre-Nal no estádio Passo D’Areia e contra os demais clubes no Estrelão. A primeira partida está marcada para o dia 16 de janeiro, quando enfrenta o Internacional. Mesmo com um estreia complicada, a torcedora Bruna Selau está animada. “É empolgante ver o Cruzeiro na primeira divisão. Espero que a torcida compareça aos jogos. O clube é um dos mais tradicionais de Porto Alegre tenho certeza que fará um belo campeonato com o apoio do torcedor”, afirmou a estudante de educação física.
Para fazer uma boa campanha em 2011, o presidente pretende reforçar o time. Os custos com o plantel serão mais elevados, mas Dirceu afirma que o orçamento também vai crescer. Além dos patrocínios, o clube conta com a verba da televisão repassada pela Federação Gaúcha de Futebol. “Muda os custos, mas as verbas melhoram. Tem o dinheiro da televisão e os patrocínios. São seis vezes mais orçamento. Estamos organizados para não fazer nenhuma loucura e dar alegrias aos torcedores”. O roupeiro espera uma melhor condição de trabalho. Telmo Wonsik acredita que as mudanças serão significativas. “Muda muito. Na segunda divisão, se vai com o que tem. Na primeira, é promessa de melhorias. Acredito que teremos mais material. Antes, o time utilizava o mesmo uniforme, pois as vestimentas eram lavada. Agora, teremos um bom patrocínio, vamos ter mais uniformes”, imagina.
lazer Fotos Joana Barboza/ JM
Hoje há corridas de cavalo apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, em Porto Alegre, quase sem nenhum registro na imprensa
Velho turfe ainda leva centenas de pessoas ao Hipódromo do Cristal
MODALIDADES DE APOSTAS
O esporte mais tradicional do mundo segue no páreo Por Joana Barboza Soa o primeiro alarme. É o sinal para os desavisados. Os cavalos, guiados por seus diminutos jóqueis, são posicionados nos boxes. Os expectadores das arquibancadas correm para perto da pista. A sirene toca mais uma vez; é dada a largada. Esse mesmo ritual acontece hoje apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. Antes havia mais corridas, as noturnas e nos fins de semana, como em complexos maiores, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, que acontecem páreos até quatro vezes por semana. Na capital gaúcha, o hipódromo tem duas pistas em circuito oval, uma por fora, de areia, e outra por dento, de grama. Apesar de ser considerado mais apreciado pela elite, o turfe é até bem democrático. Na arquibancada, pelos rostos que torcem pelo cavalo escolhido, é possível observar desde pessoas humildes até donos de haras. O presidente da comissão de
corridas do Jockey Clube da cidade de São Vicente, em São Paulo, Sílvio Senna, vê uma explicação para o fascínio ainda causado nas pessoas as corridas de cavalo. “O turfe é emocionante, não só pela beleza da disputa de um dos animais mais harmoniosos da natureza, mas também porque representa um desafio para quem aposta”, afirma o também responsável pelo Blog do Senna. No entanto, este esporte e lazer, um dos esportes mais tradicionais do mundo, luta para seguir no páreo. Pessoas continuam indo prestigiá-lo, porém não mais como antigamente. Em Porto Alegre, milhares adeptos lotavam o Hipódromo Cristal no Prêmio Bento Gonçalves e outros menos famosos. Hoje, apenas algumas centenas de pessoas ocupam as arquibancadas. Embora a atividade de criação seja tradicionalmente exercida por pessoas de classes abastadas, pelos altíssimos custos que requer, as apostas são efetuadas por turfistas de todas as classes, mesmo com pequenas quantias.
Tipo de apostas mais comuns: - Vencedor: também conhecida como ponta, é a aposta direta no cavalo ganhador. - Placê: vale se o cavalo apostado chegar em primeiro ou segundo lugar. - Dupla: o apostador deve selecionar dois animais, sendo que um deles deve chegar em primeiro e o outro em segundo lugar, independente da ordem. - Exata: também conhecida como dupla-exata, consiste em acertar o primeiro e o segundo colocados na ordem correta de chegada. - Trifeta: são os três primeiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples - Quadrifeta: são os quatro primeiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples.
Eles continuam fiéis ao esporte dos aristocratas
A mídia esqueceu o jóquei clube O espetáculo oferecido pelos jóqueis clubes do Brasil passa por uma fase turbulenta em sua história. A falta de divulgação resultante da inexistência de marketing das próprias entidades organizadoras de corridas, somadas à redução paulatina de público leitor, afastou as grandes mídias impressas, o que por sua vez fez com que o esporte não seja mais tão noticiado. Jornalista especializado, Senna acredita que essa crise dá-se,
também, devido “ao amadorismo da maioria dos gestores, do advento de muitas modalidades de apostas (loterias, bingos) e da falta de renovação de público (hoje a frequência é majoritariamente de pessoas com mais de 50 anos).” O proprietário Jornal do Turfe, Marcus Rizzon, afirma que o público só vai aos Grandes Prêmios. “O turfe decaiu nas últimas duas décadas, perdeu público, não teve renovação e perdeu espaço na
mídia aberta. Os criadores e proprietários resistem pela paixão. As pessoas confundem o esporte com jogo de azar. O que poucos sabem é que a promoção de corridas de cavalos e venda de apostas em território brasileiro é regida por lei federal”, destaca o jornalista que resiste contra a decadência dos jóqueis clubes, editando há 16 anos um semanário com tiragem de seis mil exemplares e distribuição gratuita.
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
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férias Foto Divulgação
Praia do Rosa, a mais bela catarinense Gaúchos se refugiaram no litoral de Santa Catarina durante a ditadura
Por Pedro Henrique Tavares Abençoado por Deus e bonito por natureza. Usar um clichê como esse trecho da letra de Jorge Ben Jor é o mais adequado para traduzir a beleza da Praia do Rosa, um verdadeiro paraíso que se conserva em meio a urbanização. A natureza desta praia catarinense, localizada a 70 quilômetros da capital, Florianópolis, respira alimentada por um povo de raízes bastante distintas do universo ecológico. Esta história começou a ser escrita há 36 anos. De Porto Alegre, partiram os aventureiros que começaram a trilhar os caminhos para praia que hoje é considerada uma das 30 baías mais belas do mundo. Eram jovens em busca de ondas perfeitas, estudantes que preferiam se recolher à tranquilidade da natureza inexplorada, fugindo da dura repressão promovida pelos militares. A nostalgia provocada pelos verões em Garopaba motivou novas descobertas. Nelson Soares, hoje dono de Pousada na Praia, relata
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que depois que foi encontrada a Praia Vermelha, continuou-se em um caminho na busca de novos lugares. “Não tinha trilha nem nada, quando encontramos o Rosa foi paixão a primeira vista”, conta. Surfadas as ondas do desbravamento, surgiram os primeiros empreendimentos. O jornalista Rogério Monteiro, formado pela Famecos, conta que uma das principais motivações para se adquirir um terreno na Praia do Rosa era a baixa valoração. “A terra era muito barata naquela época, eu, por exemplo, comprei esta terra onde hoje tenho minha pousada com a minha mesada”, relata o também atual dono de pousada. No entanto, os pioneiros da praia não tiveram apenas contemplação e surfe. As dificuldades eram um desafio constante para quem quis se estabelecer no Rosa. Monteiro conta que, no início, não havia luz, nem água. “Foi um tempo difícil. A água vinha em carro de boi, armazenada em tonéis”, explica. Hoje, o Rosa pertencente ao município de Imbituba e conta com
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
Jornalismo praiano
mais de 300 pousadas. Nos dias atuais em que grandes construções dominam as praias mais conhecidas do Sul do país, a Praia do Rosa impressiona pela preservação da A paixão pelo jornalismo nunca abandonou Rogério Monteiro. Antes de natureza, resultante de uma consse estabelecer na Praia do Rosa, ele trabalhou nos jornais Folha da Tarde e ciência ecológica que prosperou Zero Hora. Apesar de morar no litoral catarinense, Monteiro decidiu que e resistiu até agora. Por exemplo, não iria largar a profissão. Assim surgiu a revista Rosa Shock. não é permitida a construção de Monteira relata que, no início, gostava apenas de escrever notas a casas em uma área acima de 30% respeito de assuntos pontuais em uma folha e deixava algumas cópias do terreno e com mais de pelos estabelecimentos Arquivo Pessoal dois andares. da praia. Mais tarde, Monteiro e Soares o negócio começou a contam que, nos primeitomar corpo quando ros tempos, o Rosa era lhe propuseram que um local de plantadores transformasse a inide mandioca, que tornaciativa em uma revista. va muitos locais descam“Um amigo deu a ideia pados e sem arborização. de fazer uma revista. Atualmente, andar pelas Pensei, por que não?” estradas de chão batido Hoje a revista Rosa significa se maravilhar Shock conta com cerca com a crescente quande 200 anunciantes e tidade de árvores que com seu toque especompõe a paisagem. “Dicial de bom humor faz Os fundadores da Praia do Rosa nos anos 70 ferente de outros lugares, matérias a respeito do as árvores têm crescido muito aqui cotidiano do Rosa, dando dicas para turistas, indicando os melhores resnos últimos tempos, principalmente taurantes e as pousadas. “Temos dois números por ano, durante o verão, depois que pararam as plantações porque é a época de maior movimento. A revista é de distribuição gratuita de mandioca”, relata Soares. e tem repercussão bastante satisfatória”, relata Monteiro.
férias Divulgação Ricardo Jaegger
ARTIGO
OSPA sem Karabtchevsky Por Guilherme Bartz
Maestro Isaac Karabtchevsky à frente da OSPA
Lembro-me da estréia do maestro Isaac Karabtchevsky à frente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), no dia 14 de março de 2003. O teatro na Avenida Independência estava lotado e a expectativa do público deixava o ar mais pesado. A primeira obra executada naquele concerto, em tom solene, foi o Hino Nacional, seguido da abertura O Guarani, de Carlos Gomes, outro “hino” representativo do Brasil. Após assistir a extensa apresentação, o público deixou o teatro satisfeito com a regência competente de Karabtchevsky. Naquela noite de 2003, ficou claro para todos que a OSPA entrava numa nova era. Mas, o que se ouviu também naquele concerto, além da excelente música, foram as palavras emocionadas do presidente da orquestra Ivo Nesralla, que exultou a vinda do maestro internacional e reforçou que, em breve, a OSPA ganharia sua nova sede. Os ouvintes mais antigos lembraram, naquela noite, que a história da sede inédita, na verdade, já vinha sendo contada há mais tempo... O fato está virando uma lenda urbana porto-alegrense. De 2003 para cá, pouca coisa mudou. A cada
ano se promete para “o ano que vem” o novo teatro. Importantes questões ambientais e fatos esquisitos sempre surgem como empecilhos para a construção do empreendimento. Assim, há anos, a OSPA vem “improvisando”, para usar um termo musical. Antes tocava no teatro da Independência: as audições sofriam intervenções de buzinas de automóveis que não afinavam com a música. Desde 2008, a orquestra evoluiu: ensaia romanticamente com os pombos numa sala provisória no Cais do Porto. O fato é que uma sala de concertos construída especialmente para a OSPA faz muita falta. Não há como formar uma orquestra distinta sem uma sede apropriada. Um salto havia sido dado em 2003, com a vinda de Karabtchevsky. Os porto-alegrenses souberam reconhecer isso. Porém, parece que até o grande regente se entediou na espera pelo novo teatro. Agora, perdemos o maestro e sequer vislumbramos o primeiro tijolo do empreendimento. Espero que a vinda de Tiago Flores na função de diretor artístico traga mais renovação aos vários projetos da OSPA. Até quando ouviremos repetidamente “Nonas Sinfonias” e “Concertos de Brandemburgo” em salas eternamente provisórias?
Oficinas de Verão para bixos na Famecos Felipe Dalla Valle/ Hiper
Aprovados no vestibular de verão conheceram os estúdios da faculdade Por Natália Otto e Marco Souza O clima de férias não impediu que em 16 de dezembro, 15 jovens – em sua maioria recém formados no Ensino Médio – viessem à Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS para as Oficinas de Verão. O evento teve como objetivo ambientar os calouros no local que frequentarão a partir de março de 2011. Os bixos conheceram professores, os futuros colegas, as instalações da Famecos e os alunos veteranos, além de realizarem oficinas práticas. “A transição do colégio para a faculdade é uma mudança muito grande”, explica o professor da Famecos, Fábian Chelkanoff. “A idéia é que os calouros passem por algumas experiências que eles vão enfrentar no futuro”. O dia começou às 9h da manhã, quando os novos alunos foram recepcionados pelos professores Fábian Chelkanoff e Cristiane Mafacioli. “Quem faz parte deste dia volta em março diferente”, Chelkanoff diz aos calouros. “Já
conhece a Famecos, o estilo. Enfim, as coisas ficam mais fáceis”. Depois da introdução, na qual os professores falaram sobre o amor à Comunicação e o que é “ser Famecos”, a relações-públicas e ex-aluna Maíra Rolim conversou com os aprovados no vestibular de verão sobre mídias digitais, em especial as redes sociais. Depois da palestra, os calouros seguiram para um tour pela faculdade, visitando estúdios de vídeo e áudio, o saguão e, por fim, o bar. Após um intervalo para o almoço, os estudantes foram ao estúdio de TV para fazer a oficina de captação de vídeo com celular, com os professores Cláudio Mércio e Roberto Tietzmann. A seguir, os calouros se dirigiram ao estúdio de Fotografia Publicitária para realizar a oficina de Fotografia. A professora Cristina Lima apresentou aos alunos os principais equipamentos e técnicas da foto publicitária, enfocando também as demais áreas – Jornalismo, Relações Públicas e Produção Audiovisual.
Professores recepcionaram os calouros nas férias, foi um primeiro contato com a faculdade A última oficina foi a de produção de áudio, com o professor Ticiano Paludo. Os calouros foram convidados a montar um programa de rádio sobre suas primeiras impressões sobre a Famecos. A satisfação foi unânime: “só tenho
mais vontade de vivenciar todas essas experiências”, comenta a bixo de Relações Públicas, Natália dos Reis Ferreiro. Às 17h30min, as Oficinas de Verão terminaram com a entrega de certificados aos participantes
e muita expectativa por parte dos calouros. “Mal posso esperar para que as férias terminem e eu possa voltar”, diz Bruna Lauermann, caloura de Jornalismo. “Quero aproveitar todas essas oportunidades”, comenta animada.
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2010
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12 ponto final
Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011
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Crônica O intervalo tem seu valor Por Suzy Scarton Férias é sinônimo de praia, ou para aqueles alunos que não moram na cidade onde estudam, é o momento de retorno à casa dos pais. Rever amigos, criar novas histórias. Os melhores momentos da vida acontecem durante as férias. A rotina é quebrada e tudo é completamente incerto, cada dia pode representar uma aventura diferente, um acontecimento novo e emocionante. O sentimento de liberdade que surge durante três meses de recesso não se compara a qualquer outro que exista no ano.
Janeiro e fevereiro trazem um novo começo, uma chance de mudar o que esteve errado, o que esteve fora de ordem no ano que passou. Quem nunca fez uma lista de resoluções de ano novo no dia primeiro de janeiro e a encontrou esquecida em uma gaveta, em meados de abril? Esses rituais de começo de ano, e ainda eventos como o Planeta Atlântida e o Carnaval, dão um sabor especial à época de veraneio, aos gloriosos meses de férias. Entretanto, há um fator que faz muita diferença nessa exaltação das férias. Sabemos que é provisório. Sabemos que em março, as aulas estarão lá, nos esperan-
do. Sabemos que haverá mais trabalhos, mais provas, mais preocupações – e já na metade de fevereiro ou ainda em janeiro, ansiamos por isso. Queremos de volta nossa rotina, aquela que desprezamos tanto, porque a rotina nos dá certeza que estamos seguindo em frente, caminhando por um objetivo, uma recompensa que chega ao final do ano. O início de ano é época de descanso e de renovação, esperado pela grande maioria dos estudantes. Mesmo que os estudantes conciliem faculdade com trabalho, estar de férias da faculdade significa ter alguns meses de puro sossego. O trabalho, seja
ele qual for, engloba algumas horas do dia. Entretanto, ao se voltar para casa, é possível se desligar. Ninguém fica insone ao pensar no trabalho do dia seguinte, nas noites gastas planejando trabalhos ou estudando. Férias da faculdade significam deitar no sofá depois do almoço e simplesmente esquecer que o mundo existe. As férias se tornam tão interessantes porque representam uma pausa antes de mais, antes da continuação da vida como a conhecemos. É o louco intervalo de duração determinada, o qual se torna especial por ser assim: determinado, temporário, efêmero. Breve.
Mazembe atropela sonho colorado Fracasso: Internacional finalizou o Mundial de Clubes na terceira colocação Por Fernando Soares Kabangu, Kaluyituka e Kidiaba. O torcedor colorado jamais esquecerá esses nomes. Os três jogadores do Mazembe, da República Democrática do Congo, protagonizaram a derrota mais dolorosa da centenária história do Internacional. Ao perder na semifinal do Mundial para a equipe congolesa, por 2 a 0, o clube gaúcho viu o sonho do bicampeonato se esfacelar. Nem a conquista do terceiro lugar, após vitória sobre o Seongnam, da Coreia do Sul, atenuou o tamanho do fracasso. Na noite de 14 de dezembro, o Internacional entrou em campo no Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, objetivando dar o primeiro passo para a conquista de seu segundo título mundial. O adversário era o campeão africano, o Mazembe, que havia derrotado o Pachuca, do México, na fase anterior. No entanto, o que era para ser o início de uma caminhada vitoriosa tornou-se um pesadelo. Mesmo sem exibir o futebol vistoso que culminou no título da Libertadores, em agosto, a equipe dominou as ações no primeiro tempo, mas todas as chances pararam nas mãos do goleiro Kidiaba. Os africanos, desordenados em campo, deixavam enormes brechas na defesa, perdiam todas as divididas aéreas e cometiam erros primários de marcação. A fragilidade do time congolês dava a impressão de era questão de tempo para o colorado tirar o zero do placar. Além disso, parecia que o time gaúcho estava jogando no Beira-Rio, pois contava com milhares de torcedores nas arquibancadas. Estima-se que cerca de 10 mil colorados viajaram ao Oriente Médio. Antes do jogo contra o Inter, Lamine N’Diaye, técnico da equipe de Congo, anunciou que estava preparando uma surpresa para a equipe gaúcha. Celso Roth, comandante colorado, desdenhou e rebateu dizendo
que “quem muito anuncia, pouco faz”. E no Internazionale, de Milão, não se confirmou. Inter confirmou o favoritismo e derrotou segundo tempo N’Diaye pôs seu plano em Ainda havia a decisão do terceiro lugar para com facilidade o Seongnam, da Coreia do prática. O Mazembe começou a explorar o ser jogada. A melancolia tomou conta dos Sul. Na final, outro passeio contra o carrasco lado direito da defesa do Internacional e jogadores. Um dia depois do revés, o atacante colorado, o Mazembre. em ambas partidas, propôs um jogo baseado na velocidade de Rafael Sóbis, aos prantos na beira da piscina vitórias por 3 a 0. O Inter acabou a competição em terceiro do hotel, teve de ser consolado por torcedoseus jogadores. Aos 7 minutos da etapa complementar, res. “O clima é de velório”, definiu o vice- lugar, com a vitória sobre os sul-coreanos, Kabangu recebeu a bola dentro da área, presidente de futebol Fernando Carvalho. por 4 a 2. Alecsandro, duas vezes, Tinga e dominou-a e desferiu um chute indefensável Os colorados afogaram as mágoas fazendo D’Alessandro, que foi considerado o terceiro no canto esquerdo de Renan. O Mazembe compras nos suntuosos shoppings árabes e melhor jogador da competição, marcaram para o colorado. Não serviu nem como concomeçava a construir uma vitória histórica. O aproveitaram a viagem para passear. Na outra semifinal, a equipe italiana da solo. tempo passava, o time desperdiçava chances, o nervosismo tomava conta dos Karim Sahib/ AFP jogadores colorados, o goleiro Kidiaba praticava milagres debaixo das traves e a torcida se impacientava. O centroavante Alecsandro, alvo preferencial das vaias em Porto Alegre, foi apupado também em solo árabe. Aos 38 minutos, novamente pelo flanco direito, Kaluyituka sepultou de vez qualquer chance de reação do Internacional. O atacante marcou o segundo gol do Mazembe, após pedalar sobre Guiñazu e chutar no lado direto de Renan, que aceitou de longe. 2 a 0 Mazembe, para delírio do endiabrado Kidiaba, que quicava intensamente no gramado, imitando um jacaré, animal símbolo da equipe. Uma zebra histórica. Pela primeira vez, uma equipe sul-americana não jogaria a final da competição. Chegou o tempo da África, como diz a música tema da Copa do Mundo da África do Sul cantada pela colombiana Shakira. Na terra dos xeques, deu tudo errado para o Internacional. A sonhada final contra a Inter escondeu tanto o futebol no Brasileiro que não encontrou em Abu Dhabi