Ciência, Tecnologia e Cultura: Um Novo Olhar

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Conselho Científico / Editorial Prof. Dr. Carlos Henrique Medeiros de Souza Prof. Dr. Ed Porto Bezerra Prof. Dr. Fabrício M. de Almeida Prof. Dr. Hélio Rosetti Júnior Prof. Dr. Juliano Schimiguel Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Junior Profª Dra. Rita de Cássia Marques Lima de Castro


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Organizadores Djalma de Oliveira Bispo Filho Evandro Paulo Bolsoni

Maringá / Paraná, 2013


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Copyright © 2013. Djalma de Oliveira Bispo Filho, Evandro Paulo Bolsoni Todos os direitos desta edição reservados à Linkania Editora Rua João Maria de Andrade, 273 – Parque da Gávea – Maringá – CEP 87053-338 www.linkania.org


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REVISÃO Cristiane Oliveira Alves / Evandro Paulo Bolsoni PROJETO GRÁFICO E CAPA Evandro Paulo Bolsoni / Gráfica Canadá DIAGRAMAÇÃO E IMPRESSÃO Gráfica Canadá


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B457

BISPO FILHO, Djalma de Oliveira; BOLSONI, Evandro Paulo. Ciência Tecnologia e Cultura: um novo olhar / Djalma de Oliveira Bispo Filho; Evandro Paulo Bolsoni(Org.) Maringá - Pr.: Linkania Editora, Agosto de 2013. 215 p.

1. Ciência . Tecnologia. 3. Cultura. Brasil. I. Título.

CDD 005

Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB-8 nº. 6828

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, total ou parcial, constitui violação da lei n. 9.610/98.


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Sejam bem-vindos a Era das Rupturas

Prof. Ph.D Ricardo Daher Oliveira

O debate acerca de Ciência, Tecnologia e Cultura envolve-nos numa simbiose cujos princípios nos remetem ao fim e que, cujos fins nos remetem aos princípios. Não é fácil afirmar que ciência e tecnologia afetam a cultura visto que ambas emergem antes de tudo do próprio processo cultural. Em um breve resgate histórico, tomemos a “eolípila”, motor a vapor criado por Heron de Alexandria nas primeiras décadas da Era Cristã, por volta do ano 60 d.C. cujo propósito nada mais era do que divertir as crianças. Passados quase 1700 anos, por volta de 1776 o então matemático e engenheiro James Watt, utiliza-se do conceito da máquina a vapor e aplica-o ao processo de manufatura, constituindo-se ali, o marco da Revolução Industrial. Desde então, os processos de criação e inovação passaram a conviver com permanentes rupturas, fossem por revoluções ou mesmo por evoluções. Da utilização do vapor no processo produtivo, ao primeiro voo controlado feito, em 1906, por Santos Dumont foram necessários apenas 130 anos se comparados aos 1700 da máquina a vapor. Neste contexto, uma cena me chama atenção todas as vezes que vejo fotos e filmes relacionados ao voo do 14 Bis, em 1906, no campo de Bagatelle, Paris. Trata-se da expressão das pessoas que ali estavam. Olhavam-se incrédulos para o que acontecia. De um lado, os céticos, com a certeza de que o que viam não


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passava de modismo ou loucura de um homem. De outro, os pessimistas, que certamente alegavam que a altura e a distância percorrida nunca seriam melhorados. E finalmente um outro grupo, os dos otimistas, cujo evento que ali acontecia representava o início de uma nova Era nas relações comerciais e de poder. Passados pouco mais de cem anos do voo do 14 Bis, temos não somente aviões para mais de 500 pessoas, mas foguetes para explorações espaciais, aviões movidos à energia solar, aviões espiões, voos de turismo para fora da atmosfera, desenvolvimento de máquinas com o uso do magnetismo, carro-avião e outras invenções na área cujos observadores, lá em 1906, jamais poderiam imaginar tamanho avanço em tão pouco tempo. E, isto que presenciamos ate aqui é somente o início. O início de uma Era sem espaço para os céticos e pessimistas. Entramos na Era da Nanotecnologia, na Era do DNA, uma Era em que o homem atingirá muito facilmente uma expectativa de vida de 200 anos, onde as viagens interplanetárias terão início, onde os carros com seus sensores e GPS hão de nos conduzir aos locais sem nossas intervenções. Uma Era, em que os diagnósticos e intervenções cirúrgicas serão feitas por robôs injetados em nossas veias. Compraremos células-tronco nas farmácias como compramos, hoje, uma aspirina. E você? Seja cético ou pessimista, saiba que vai acontecer. Nossos dilemas estão apenas começando. Afinal, como se comportará uma sociedade composta de indivíduos com 200 ou 300 anos? Qual será o modelo de educação a ser adotado, qual será o conceito de


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família? Como serão regidos os pactos laborais? Qual será o conceito de riqueza e pobreza? E a Moeda? E a Economia? Certamente que estas e outras dúvidas hão de permear toda a sociedade. Mas o elo criado entre ciência, tecnologia e cultura, já não pode ser rompido. Estagnado, talvez por contingências humanas, mas jamais extinto. E, é sobre as relações existentes entre Ciência, Tecnologia e Cultura que esta obra traz um conjunto de artigos cujo arcabouço teórico aborda temas vitais ao processo de desenvolvimento do conhecimento humano. Temas como: Educação, Pesquisa, Especialização, História/Memória, Vida Saudável, Aprendizagem, Novas Mídias e quebras de paradigmas representam a nata de todo o processo de revisão do pensamento humano. Neste sentido, faço votos de uma boa leitura e que, ao final deste livro, você venha a fazer parte do grupo dos otimistas cujo pensamento edifica a ideia de que a Educação não é a melhor forma, mas a única forma de alcançarmos uma melhor qualidade de vida.


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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar SUMÁRIO CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS.......................................................................................................14 CAPÍTULO 2 ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE: VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NA MODALIDADE A D ISTÂNCIA..............28 CAPÍTULO 3 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET...................................................................................................................................46 CAPÍTULO 4 PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP......................................................................................................................................................72 CAPÍTULO 5 PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?..................................................................................................................90 CAPÍTULO 6 HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES............................................102 CAPÍTULO 7 AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO...............................................................................................................................................................122 CAPÍTULO 8 MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA.....................................132 CAPÍTULO 9 A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS..........................................................................................................................................................142 CAPÍTULO 10 A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS...................................................................................................................................................156 CAPÍTULO 11 MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA...............................................174 CAPÍTULO 12 NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO................................................................................184


TULO

CAPÍ

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EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES DUCACIONAIS


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EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: ANÁLISE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E AS POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS Hélio Rosetti Júnior José Adilson dos Santos Guerra José Maria Vieira da Fonseca Juliano Schimiguel Rita de Cássia Frenedozo Carmem Lúcia Costa Amaral Djalma de Oliveira Bispo Filho

O trabalho educacional apresenta-se como uma atividade complexa e problemática nas suas diversas áreas de abrangências. O conteúdo a ser ministrado nas aulas não pode estar voltado para memorizar conceitos em que o aluno não consegue estabelecer relação com a realidade na qual está inserido, orientados apenas a responder "corretamente" algumas perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os conhecimentos estudados. Vaniel e Bemvenuti (2006) observaram que a maioria dos livros não faz a relação necessária da teoria com a prática, sequer mostram a importância que os conteúdos têm com o cotidiano do aluno. O verdadeiro aprendizado está além da sala de aula e dos livros didáticos. Ocorre no cotidiano, no trabalho, em casa, na comunidade, no cinema, no clube, no lazer, nos momentos de leitura e reflexão, nos jogos e brincadeiras, nos passeios educativos e excursões. Para que se atinja este tipo de formação é necessária uma nova postura do professor, promovendo atitudes criativas e críticas, ao invés de conceber o ensino como um processo de transmissão de informações por meio de “macetes” e de memorização. A prática docente, enquanto atividade de pesquisa, proporciona testar novas possibilidades decorrentes de inquietações e redimensioná-las para que possam contribuir para a construção de conceitos e atitudes a partir dos significados atribuídos aos conteúdos estudados. Segundo Demo (1998), é necessário fazer da pesquisa uma atitude cotidiana no professor e no aluno.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar O objetivo de uma pesquisa pode ser o de testar uma lei científica, ilustrar ideias e conceitos aprendidos nas “aulas teóricas”, descobrir ou formular uma lei acerca de um fenômeno específico, “ver na prática” o que acontece na teoria, ou aprender a utilizar algum instrumento ou técnica de laboratório específico. A seguir, serão abordadas algumas aplicações práticas e epistemológicas da matemática, química e biologia no ensino de ciências. MATEMÁTICA NA PRÁTICA COTIDIANA A matemática como ciência encontra-se no cotidiano das pessoas e das comunidades. Ensinar os fundamentos de matemática tem sido um desafio para o sistema educacional brasileiro. Historicamente, os resultados de desenvolvimento dos alunos têm sido ruins, com elevadas taxas de reprovação e retenção, por conta das enormes barreiras de aproveitamento enfrentadas pelos estudantes. Implementar estratégias educacionais e pedagógicas que levem o ensino de matemática para a maioria dos alunos, vem sendo um desafio para educadores e gestores da educação, na perspectiva de proporcionar a evolução plena dos jovens no contexto educacional brasileiro. Nesse contexto, a escola não pode ignorar as novas linguagens e modelos matemáticos1 tão presentes no mundo dos educandos. Diante disso, é fundamental que as práticas e os conteúdos ministrados em aula estejam em sintonia com as novas exigências do mundo em que vivemos, para que a educação não seja algo distante da vida dos alunos, mas, ao contrário, seja parte integrante de suas experiências para uma existência melhor. Rosetti (2003, p. 35) enfatiza que: Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma competência profissional essencial que supõe não apenas um bom

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Um modelo matemático é uma representação ou interpretação simplificada da realidade, ou uma interpretação de um fragmento de um sistema, segundo uma estrutura de conceitos mentais ou experimentais. Um modelo apresenta apenas uma visão ou cenário de um fragmento do todo. Normalmente, para estudar um determinado fenômeno complexo, criam-se vários modelos. Os modelos matemáticos são utilizados na prática em todas as áreas científicas, por exemplo, na biologia, química, física, economia, engenharia e na própria matemática pura. Para representar um fenômeno físico complexo pode-se utilizar: modelos físicos, modelos matemáticos ou modelos híbridos de variados tipos.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar conhecimento dos mecanismos gerais de desenvolvimento e de aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas. Modelar matematicamente problemas do cotidiano dos alunos tem sido uma boa alternativa para a aprendizagem de matemática. NA ESCOLA Um exemplo já utilizado com êxito dessa ação educacional é a prática de se ensinar geometria com fita métrica e régua no ambiente da escola. Medindo-se as figuras geométricas dos espaços da escola é possível identificar as dimensões dos lados e das áreas dessas figuras. Dessa forma, o piso da sala nos fornece um retângulo, com o qual é possível calcular sua área e quantos alunos, carteiras ou mesas ele pode reunir. A própria mesa do professor pode ser objeto de medida em seu tampo retangular e seus lados, com cálculos de suas dimensões. Exemplo de questões a serem exploradas: Quantos livros podem ser colocados sobre a mesa? Quantas mesas podem ser colocadas na sala de aula? Quantas pessoas cabem na sala? A base do tambor da lixeira nos fornece um círculo. A quadra de esportes poliesportiva nos dá várias figuras com suas marcações. A medição dessas figuras é uma atividade lúdica e envolvente com figuras geométricas. Exemplo de questões a serem exploradas: Quantos alunos podem ser colocados na quadra? Quantos tambores de lixo cabem no espaço para a lixeira? Quantas quadras cabem no terreno da escola? Os jardins podem ter formatos de figuras planas diversas. Tudo isso pode ser reunido em plantas confeccionadas nas aulas, com cálculos das diversas dimensões e aplicações, na prática, das propriedades geométricas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Exemplo de questão a ser explorada: Quantas plantas podem ser colocadas no jardim?2 Esse tipo de aplicação prática e epistemológica3 da matemática promove a curiosidade dos alunos acerca dos estudos das quantidades no mundo em que vivem, com uma visão aplicada da matemática. Dessa maneira, exercícios em casa, com desenho da planta baixa das residências de cada aluno, com as diversas dimensões, fazem com que se leve a matemática para o ambiente do lar dos estudantes, envolvendo também os familiares nessa atividade. Tudo isso permite ao aluno conhecer melhor o espaço onde mora e estuda. Esse trabalho tem a possibilidade de resgatar a autoestima dos alunos, numa disciplina em que os índices de reprovação são elevados com grande desistência no cotidiano escolar. Com o grande avanço tecnológico e a facilidade oferecida pela tecnologia de informação, a utilização de modelos matemáticos deixou de ocorrer esporadicamente para se tornar parte integrante e inseparável da vida do cidadão comum em todos os instantes, em apoio às diversas ações e relações na comunidade. Nesse contexto, a Matemática não pode continuar sendo um fator de exclusão do sistema escolar brasileiro, num contexto informatizado em que as linguagens nos veículos de informação são carregadas de signos lógicos quantitativos. Incrementar os currículos e programar as práticas educacionais no cotidiano das escolas tem o significado de inserir, de forma generosa, uma parcela significativa da nossa população no ambiente numérico da sociedade contemporânea e da vida do nosso país. Com ciência da vida Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (MEC, 1999) propõem que o ensino de ciências deve propiciar ao educando compreender as ciências como construções humanas, entendendo como elas se desenvolvem por acumulação, continuidade 2 Essas questões podem ser debatidas de forma interdisciplinar, envolvendo disciplinas como biologia, química, geografia etc. 3 Aqui no sentido de Epistemologia ou teoria do conhecimento, ciência, conhecimento; um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com a transformação da sociedade (p. 107). Muitos docentes de ciências, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, abordam os conteúdos programáticos de forma fragmentada, sem fazer nenhuma correlação com conteúdos anteriores, levando o aluno a decorar conceitos em que o mesmo não consegue estabelecer nenhuma relação com a realidade na qual está inserido e objetivando apenas a responder "corretamente" algumas perguntas sem fazer nenhuma reflexão sobre os conteúdos estudados. Justificam tal procedimento por muitas vezes estarem sobrecarregados de horas/aula e “sem tempo” para elaborar ações além do conteúdo do livro didático. Em geral acreditam que a melhoria do ensino de ciências passa pela introdução de aulas práticas no currículo e a necessidade de criar laboratórios com equipamentos especiais para a realização de trabalhos experimentais, o que particularmente não concordo. Muitos trabalhos práticos podem ser desenvolvidos em qualquer sala de aula, sem a necessidade de instrumentos ou aparelhos sofisticados, o importante não é a manipulação de instrumentos sofisticados e sim o envolvimento comprometido com a busca de respostas/soluções bem articuladas para as questões abordadas, é encontrar novas maneiras de usar as atividades prático-experimentais de forma criativa e com propósitos bem definidos, mesmo sabendo que isso não é a solução para os problemas relacionados com a aprendizagem de ciências. Considerando a realidade dos professores e alunos, este artigo traz propostas de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula ou em ambiente externo (parques, reservas, museus etc.) com grandes chances de proporcionar o estabelecimento de um programa de investigação no qual alunos e professores possam desenvolver conceitos. As sugestões propostas para um trabalho, além do livro didático, podem ser adaptadas aos diversos níveis de escolaridade. Proposta I - O lixo nosso de cada dia. Objetivo: despertar e conscientizar os alunos sobre a problemática do lixo em sua escola e em sua cidade para que possam agir e buscar soluções.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Atividades: - Sensibilizar a comunidade escolar (direção, coordenações, professores e serviçais) propondo a participação de todos no trabalho a ser realizado. - Levantar a quantidade de lixo (Kg/dia) produzido na escola, durante uma semana. - Confeccionar gráficos que retratem os dados obtidos durante a semana (não divulgar!). - Deixar de proceder a limpeza e coleta do lixo da escola por 48 horas. - Proceder a limpeza e coleta do lixo produzido durante as 48 horas e pesá-lo. - Confeccionar e aplicar um questionário/diagnóstico, no dia seguinte após a limpeza, com objetivo de colher dados a respeito da repercussão do fato. - Análise dos questionários respondidos e divulgação, por meio de gráficos, dos pontos mais relevantes da análise. Aprofundamento do tema: A partir dessa análise, todos os professores que aceitaram a participar do projeto podem solicitar que os alunos tragam informações “ambientais” contidas nas diferentes fontes (internet, jornais, revistas, artigos, resenhas, TV), selecionar alguns desses materiais e explorálos com embasamento científico, por meio de palestras, grupos de discussão ou seminários. Proposta II - GD (Grupo de Análise e Discussão de Textos). Objetivo: Resoluções de problemas e compreensão de processos importantes que envolvem os conteúdos abordados em sala. Atividades: 1 Seleção de textos (artigos, resenhas, revistas, jornais, Web) que envolvam os conteúdos abordados em sala; formação de grupos que irão analisar e discutir com a turma o tema abordado, orientados pelo professor.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 2 Responder perguntas relevantes ao conteúdo ministrado, podendo ser respondido individualmente ou em grupo, para posterior análise do professor, devolução e discussão em sala. Exemplos: - De que modo agem as pílulas contraceptivas conhecidas como “Pílula do Dia Seguinte”? - Por que as células vermelhas do sangue humano não têm núcleo? - O que é a dor? - Como agem os medicamentos no nosso organismo? - Por que não fumar? - Por que as aranhas não se enrolam na própria teia? - O escorpião se suicida na presença do fogo? Proposta III – Ver para crer. Objetivo: proporcionar o contato direto com o(s) objeto(s) de estudo de modo a obter, na prática, o máximo de informações e confirmações relativas aos conteúdos estudados. Atividades: - Formação de um grupo interdisciplinar de professores que possam construir um roteiro prático com objetivo de observar e constatar fatos relacionados aos conteúdos ministrados em sala. - Preparar, com base no roteiro e objetivos, um grupo de monitores que irão auxiliar o professor(a) no trabalho de campo. Sugestão de locais para o desenvolvimento do trabalho: - Visita ao Zoológico. - Visita ao horto florestal. - Visita ao museu de ciências.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar - Caminhadas em trilhas ecológicas. - Observação de costões rochosos. - Observação de um rio na região urbana e na região rural. Química: o surgimento da primeira reação Ninguém sabe quem descobriu o fogo, mas podemos imaginar o sucesso que ele fez. Acredita-se que o domínio do fogo abriu o caminho para a civilização, tendo sido a combustão uma das primeiras reações químicas experimentadas pelo ser humano. As transformações químicas de uma substância em outra sempre fascinaram a humanidade. A partir delas surgiram processos que ajudaram a melhorar a vida no planeta. Os egípcios desenvolveram técnicas de extração de corantes de vegetais e os fenícios, de extração de tintas de moluscos. Muitos outros desses processos foram desenvolvidos nas civilizações pré-históricas, como técnicas primitivas de transformações de matérias, as quais muitas vezes eram executadas como rituais religiosos ou de magia. Essas técnicas ritualísticas foram se somando a conhecimento de diversos sábios dando origem à alquimia. Acredita-se que a palavra “alquimia” tenha se originado nessa época. Alguns consideram que ela teve origem na civilização egípcia, advinda da palavra Khemeia, arte relacionada com mistérios, superstições, ocultismo e religião. Outra hipótese é que tenha surgido da palavra grega Chyma, que significa fundir ou moldar metais. A Química como Ciência experimental Medir, pesar, testar, provar. Esse foi o novo jeito de fazer ciência no estudo da Química que nasceu a partir dos trabalhos de Lavoisier. Foi uma das primeiras grandes mudanças de paradigmas da história da Ciência. Paradigma é o padrão ou modelo que norteia nosso modo de viver, trabalhar, fazer ciência. E é pela mudança de paradigmas que a Ciência se desenvolveu, segundo o físico e filósofo alemão Thomas Kuhn (1922-1996). Essa mudança é chamada de revolução Científica, conforme Reis (1996). Os historiadores divergem quanto ao período e aos fatos que marcaram a Revolução Química. Porém, muitos concordam que essa revolução culminou com a publicação do trabalho de Lavoisier, Traité élémentaire de Chimie (tratado elementar de Química) em 1789. Podemos destacar vários fatores que caracterizaram a revolução no conhecimento químico:

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar •

Aumento no uso preciso de métodos quantitativos (baseados em medidas de quantidade e não simplesmente de qualidade).

Substituição da teoria do flogístico pela teoria da reação com o oxigênio.

Definição de elemento químico, substância e mistura.

Estabelecimento de um novo sistema de nomenclatura química.

Abandono da ideia de ar como elemento.

As explicações que tinham certo caráter “mágico” foram cedendo lugar às explicações científicas, baseadas em experiências. Se considerarmos o trabalho de Lavoisier como marco dessa revolução, a Química tem pouco mais de duzentos anos. É uma Ciência nova. Como vimos, a mudança no modo de estudar os processos químicos que determinou o surgimento da Química como ciência experimental é denominada pelos historiadores de Revolução Química. Essa revolução ocorreu quando os químicos passaram a ter um método característico de investigação, uma linguagem própria e um sistema lógico de teorias para explicar seus processos. O contexto histórico daquela época, caracterizado por profundas mudanças culturais e sociais como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, contribuiu para o estabelecimento da Química como Ciência. Os iluministas defendiam novas formas de compreender o Universo, por novos métodos, como os usados por Lavoisier. E a Revolução Industrial fez que muitas pesquisas científicas fossem financiadas para desenvolver novas tecnologias. Isso contribuiu para que uma comunidade de pesquisadores começasse a adotar uma série de atitudes que caracterizaram o trabalho científico. Outra característica que sempre esteve presente nessa comunidade é o crédito na descoberta científica. A descoberta do oxigênio, por exemplo, foi reivindicada por três químicos: o sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), que gerou tal gás entre os anos de 1770 a 1773; o inglês Joseph Priestley (1733-1804), que preparou o gás em 1774, provavelmente sem conhecer o trabalho de Scheele; e o Francês Lavoisier, que explicou a combustão pelo oxigênio, conforme Feltre (1992). Do que trata a Química, então? A Química estuda as transformações que envolvem matéria e energia. A Química é uma ciência em constante renovação e para nos fazer benefícios só precisa ser tratada com critério e responsabilidade. 23


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Se prestarmos atenção a nossa volta iremos notar que um número imenso de transformações está ocorrendo todo momento. Muitas são naturais, ocorrem sem que o homem tenha que interferir, como a digestão de um alimento em nosso corpo, a formação de petróleo, o amadurecimento de uma fruta na árvore, a decomposição de organismos mortos, o crescimento de um cristal em uma caverna. Outras Transformações só ocorrem com a interferência do homem, como na produção de plásticos que dão origem a utensílios domésticos, fibras têxteis usadas nas confecções, papéis que permitem as escritas, tintas que se aplicam em objetos, aço que produz diversos equipamentos, metais utilizados na fabricação de utensílios, processos de curtição de peles de animais que são transformados em vestimentas e tantas outras coisas definitivamente incorporadas no nosso dia a dia, segundo Wildson (2005). Todas as transformações que modificam a natureza da matéria são por definição de processos químicos, independentemente de serem naturais ou de serem controladas pelo homem. O objetivo de todo químico é entender exatamente como as transformações ocorrem, conhecer os princípios básicos que regem as transformações para prever quando uma transformação é possível ou não e quando sua reprodução em grande escala é viável. Os princípios que iremos investigar são frutos da observação e da experimentação que o homem vem acumulando há séculos, não são verdades absolutas ou acabadas. Há muito ainda o que observar, experimentar e descobrir. É lamentável que nem sempre o bom senso prevaleça e muitas atividades químicas acabem em acidentes e poluição. Mais lamentável ainda é saber que muitos países destinam verbas vultosas à pesquisa de armamentos e quase nada à pesquisa de remédios ou produção de alimentos. Importante é perceber que essa má utilização do conhecimento da Química é um problema político e só será resolvido com a interferência de uma sociedade bem informada e atuante. “A ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade”. Albert Einstein (1879-1955).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar QUÍMICA FORA DA SALA DE AULA - “O QUE É QUÍMICA” ATRAVÉS DO ESTUDO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS Objetivos •

Associar a Química como ciência.

Entender o papel social da Química.

Discutir as funções dos cientistas “Químicos”.

Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações, medidas, notações...

Estudar e compreender as leis, teorias.

Ponto de partida A introdução à química será estudada a fim de permitir que todos os alunos exponham conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um estímulo ao estudo das aplicações científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o tópico da importância da ciência “Química” para com a sociedade. Já o método científico será estudado a fim de permitir que todos os alunos exponham conhecimento prévio do assunto abordado. Nesse sentido, a aula deve funcionar como um estímulo ao estudo das técnicas científicas. No entanto, este tema é excelente para ilustrar o tópico “importância do avanço da ciência Química”, para com a sociedade. Estratégias: • • •

Será pedido para que leiam individualmente um texto introdutório. Após a leitura serão expostos os pontos de vistas e suas opiniões. Deverá ser apresentados locais que se aplicam e a importância da ciência “Química” em nossa sociedade.

Estudar e levantar hipóteses para melhor compreensão de técnicas como observações, medidas, notações...

Estudar e compreender as leis, teorias.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Obs.: a sala será dividida em duas partes em que uma defenderá o uso da ciência e a outra criticará. Motivação O professor se apresentará caracterizado de cientista apresentando a evolução da Química através dos tempos abordando épocas diferentes e variados equipamentos. Já para o método científico o professor levará para a aula copos de vidro contendo: água à temperatura ambiente e outro contendo água com pedras de gelo. Cada equipe deverá apontar os fatos acontecidos (formação de água no lado de fora do copo) e justificá-los por meios científicos4. Conforme Tamir (1991), um dos principais problemas com as atividades práticas de ciências é que se pretende atingir uma variedade de objetivos, nem sempre compatíveis, com um mesmo tipo de atividade. Para que as atividades práticas sejam efetivas em facilitar a aprendizagem, devem ser cuidadosamente planejadas, levando-se em conta os objetivos pretendidos, os recursos disponíveis, as ideias prévias dos alunos sobre o assunto, o tempo necessário para execução das atividades propostas no roteiro e aspectos ligados à segurança (BORGES, 2002). Atualmente, a busca daqueles que investigam novos rumos para o ensino de ciências não está apenas na superação da mera descrição de teorias, experiências, teoremas e postulados científicos, nem na visão somente de que o conhecimento é algo que se estrutura pedagogicamente. As atenções e focos do processo educacional5 estão, hoje, basicamente, voltados para a ideia de cidadania, inclusão e para a formação de professores com novos perfis profissionais, docentes em condições de atuar com uma visão interdisciplinar e transdisciplinar de ciência, própria das múltiplas e variadas formas de se conhecer e intervir na sociedade moderna.

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A aula será realizada ao ar livre onde poderá o aluno associar as transformações que os rodeiam. Esse local é uma área junto a uma estufa que o colégio possui conhecida como “fazendinha”.

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Educação é ato ou efeito de educar, é o processo e desenvolvimento de capacidade física, intelectual e moral do ser humano. Assim, o processo educacional que tem como elementos consagrados o professor, o aluno, a comunidade, o sistema gestor e a família, institucionalizados na escola, necessita de constantes ajustamentos à realidade externa, a fim de cumprir o seu papel na sociedade.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Dessa maneira, as propostas e ações mais adequadas para um ensino de ciências, em sintonia com esse novo direcionamento, devem possibilitar uma aprendizagem comprometida com as dimensões aplicadas, sociais, políticas e econômicas que envolvem as relações entre sociedade, comunidade, escola, ciência e tecnologia. Procura-se, assim, orientar o ensino de ciências para uma discussão mais prática e crítica acerca dos processos de produção do conhecimento científico-tecnológico bem como de seus envolvimentos e relacionamentos na sociedade para a qualidade de vida de cada cidadão.

REFERÊNCIAS BORGES, T.A. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Cad. Brás. Ens. Fís., v. 19, n.3: p.291-313, dez. 2002. 291. FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. São Paulo: Editora Moderna, 1992. MEC PCN Ensino Médio. Brasília: SEMTEC/MEC, 1999. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. REIS, Martha. Química integral. São Paulo: Editora FTD, 1996. ROSETTI JR., Helio. Não Pare de Estudar. Vitória: Oficina de Letras, 2003. TAMIR, P. Practical work at school: An analysis of current practice. In: WOOL-NOUGH, B. (ed.) Practical Science. Milton Keynes: Open University Press, 1991. ZEPPONE, R.M.O. Teoria e práticas Escolares. 1. ed. Araraquara: JM Editora, 1999. SANTOS, Wildson L. P. dos. PEQUIS, Química e Sociedade. Volume Único. São Paulo: Nova Geração, 2005.

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TULO

CAPÍ

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ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE: VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

ENSINO DE MÉTODOS QUANTITATIVOS E AFETIVIDADE: VISÃO DE UMA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Octavio Cavalari Júnior Juliano Schimiguel Djalma de Oliveira Bispo Filho A educação a distância (EAD) é uma realidade no que tange aos métodos e modalidades de ensino, haja vista as necessidades do Estado de elevar a escolaridade de seus cidadãos, como também dos alunos por limitações territoriais ou temporais. Neste capítulo serão discutidas a evolução do ensino na modalidade a distância no panorama mundial e brasileiro e as interações com um curso de especialização nessa metodologia e, mais precisamente, a disciplina de Logística, a qual se utiliza de métodos matemáticos para direcionamentos das estratégias de gestão e do processo decisório. No que tange a EAD ainda existe um longo caminho a percorrer, principalmente no que se refere às pesquisas a respeito de como estimular o aluno por meio de sua emoção e afetividade, no desenvolvimento de seu aprendizado. Na comunicação mediada por tecnologia, própria da EAD, há a necessidade de serem também afetivos, espirituosos, sérios. Substituir as antigas brincadeiras de sala, em expressões que correspondam ao sentido da comunicação que se quer produzir entre aluno, professor e tutor na forma escrita. Consequentemente, é fundamental que se conheça bem o aluno e seu perfil porque algumas formas de comunicação e atitudes podem funcionar de forma equivocada ao se emitir ideias e sentimentos, gerando ruídos de comunicação e não estimulando o propósito educativo (ANDERSON; ELLOUMI, 2011). Assim sendo, a visão do homem dividido, corpo/mente, matéria/espírito, cognição/afeto, tem influenciado o pensamento, o conhecimento e a forma de se ensinar por séculos, e isto afetou o processo educacional, com o domínio do racional sobre o sensorial, o que impede uma compreensão da totalidade do ser humano (LEITE; TASSONI, 2000). O estudo que será apresentado foi realizado por meio da metodologia qualitativa por levantamento bibliográfico, análise documental e de conteúdo do ambiente virtual e, em

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar seguida, trabalhado com focus grupos com os alunos de dez turmas do curso de especialização em gestão pública municipal, para entender suas percepções acerca da metodologia EAD e o aprendizado na disciplina de Logística, tendo como objetivo de pesquisa acompanhar as relações de afetividade e cognição nessa modalidade de ensino. O resultado, que será apresentado na seção do case da Especialização de Gestão Pública Municipal, leva a repensar sobre as tecnologias empregadas na educação a distância e a buscar melhorias nos canais de diálogo, e a afetividade das relações entre a instituição (professor, tutor e equipe multidisciplinar) e alunos em disciplinas que envolvam métodos quantitativos, como é o caso da estudada em Gestão em Logística. 2. HISTÓRICO DO ENSINO A DISTÂNCIA – EAD O ensino a distância é uma metodologia tão atual quanto antiga, segundo relatos de Nunes (2009), a primeira vez que se teve informações sobre EAD foi a partir da publicação na Gazette de Boston, EUA, em 1728, que anunciava aulas ministradas por correspondências. Nunes (2009) ainda destaca que, em meados do século passado, as universidades Oxford e Cambridge, na Grã-Bretanha, ofereceram cursos de extensão a distância. Logo após vieram a Universidade de Chicago e de Wisconsin, nos EUA. Em seguida, em 1924, na Alemanha, é criada a primeira escola de negócios por correspondência. Com o advento da Segunda Guerra Mundial e a necessidade de capacitação dos recrutas, novos métodos foram incorporados a EAD, um deles foi o Código Morse. Contudo, somente a partir de meados dos anos de 1960 é que temos a EAD sendo institucionalizada na educação secundária e superior. No momento, mais de 80 países, nos cinco continentes, adotam a educação a distância nos sistemas formais e não formais de ensino, em todos os níveis de escolaridade, dando acesso à qualificação a milhares de cidadãos (NUNES, 2009). No Brasil, levantamentos históricos nos levam a inferir que a EAD data de pouco antes de 1900, mediante cursos profissionalizantes por correspondência. A partir de 1904, com a consolidação da República, Escolas Internacionais se estabelecem no país com cursos ligados à conquista de emprego principalmente nas áreas de serviços e comércio (ALVES, 2009; SARAIVA, 1996). O grande impulso na educação a distância no Brasil veio acompanhado do rádio; quando em 1923 é fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cuja principal finalidade era a

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar educação popular. Importantes instituições como Instituto Monitor, 1939, e o Instituto Universal Brasileiro, 1941, reforçaram no país a metodologia a distância como elo entre os cidadãos e a qualificação. Posteriormente, o cinema e a TV educativa, mais uma vez veículos de massa, deram novos horizontes a EAD (ALVES, 2009). Na década de 1970, as universidades instalaram seus primeiros computadores que tiveram sua gradativa desvalorização monetária, e em seguida a utilização da internet fizeram com que novos rumos fossem dados ao método de ensino a distância. Contudo, somente a partir da LDB, de 1996, a EAD passou a ser possível em todos os níveis de escolaridade (ALVES, 2009). Atualmente, com a aceleração crescente da educação, temos cada vez mais indistintos os limites entre disciplinas, instituições e espaços geográficos. O acesso à educação, por meio da EAD, por modelos diferenciados como as Universidades Corporativas, Universidades abertas a distância, Teletrabalho e outros faz com que o cenário seja otimista para a utilização da metodologia EAD (LITTO, 2009). Desta forma, pode-se repensar o crescimento do ensino a distância na atualidade como algo inovador, visto que, há algum tempo, essa metodologia tem sido aplicada e adaptada a questões históricas políticas e sociais. 3. METODOLOGIA EAD A educação a distância vem sofrendo, desde seu surgimento, modificações tanto na implementação de novos meios tecnológicos quanto na aplicação de suas metodologias. Para iniciar a discussão acerca do tema, Marques e Cavalcante (2009) apresentaram o decreto nº 2494 de 1998 do Ministério da Educação que norteia a EAD, mostrando-a como uma modalidade de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos didáticos, sistematicamente organizados, apresentados em diversos apoios tecnológicos. Ainda para Moore e Kearsley (1996), pode ser definida como métodos em que as ações dos professores são realizadas à parte das ações dos alunos e para essa comunicação ocorrer são utilizados meios impressos, eletrônicos, mecânicos e outros. Já Moran (1994) aponta que o ensino a distância é a metodologia em que o processo de ensino e aprendizagem é mediado por tecnologias.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Mesmo com várias definições a EAD pode ser vista de uma forma mais simplificada, como sendo a forma de metodologia através da qual aluno e professor não utilizam o mesmo tempo para a promoção do processo de ensino/aprendizagem. Eles utilizam diversos recursos que vão se modificando e reinventando durante sua história. A metodologia EAD, no seu desenvolvimento, utilizou-se de vários recursos o primeiro deles foi a correspondência (PALHARES, 2009), depois o Rádio (DEL BIANCO, 2009), em seguida TV e Cinema (NUNES, 2009), computadores sem rede (VALENTE, 2009), vídeos, conferências (CRUZ, 2009), computadores com conexão a internet (ALVES, 2009) e diversos outros. O que não podemos esquecer e que todos esses meios ainda são utilizados de forma conjunta, dependendo do perfil do público-alvo. 4. AFETIVIDADE E APRENDIZADO Normalmente, as nuances entre afetividade e aprendizagem são discutidas na modalidade presencial, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, visto que é nesse momento inicial que o aluno se depara com as questões formais do ensino. Neste estudo pretende-se, como já dito anteriormente, entender se na modalidade a distância tal fator ainda é preponderante para afinar a cognição dos alunos, facilitando seu aprendizado. Para iniciar a discussão acerca de afetividade e aprendizagem (cognição) um dos primeiros autores que se pode demonstrar é o teórico Jean Piaget (1896-1980). Em seu trabalho, publicado a partir de um curso que ministrou na Universidade de Sorbonne (Paris) no ano acadêmico de 1953-54, "Les relations entre l'intelligence et l'affectivité dans le développement de l'enfant", o autor indica que, apesar de diferentes em sua natureza, a afetividade e a cognição são inseparáveis em todas as ações simbólicas e sensório-motoras. Ele observou que toda ação e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade (ARRANTES, 2002). Ainda seguindo a concordância de Piaget, não existem estados afetivos sem elementos cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando discute os papéis da assimilação e da acomodação cognitiva, afirma que esses processos da adaptação também possuem um lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar o objeto ao self (o aspecto cognitivo é a compreensão/aprendizado); enquanto na acomodação, a afetividade está presente no interesse pelo objeto novo (ARRANTES, 2002). Outro teórico que explica a dicotomia entre os aspectos afetivos e cognitivos é Vygotsky (1996), destacando que a forma de pensar junto com o sistema de conceito que é imposto pelo meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos puramente: o sentimento é entendido por todos sob a forma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa. Assim, não se consegue separar o que se sente do que se aprende. Seguindo esse raciocínio, como indicam Kohl e Rego (2003), a vida emocional está conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral. Para essas teóricas, Vygotsky (1991 apud VAN DER VEER, 1996) considera a valorização do repertório cultural, das experiências e interações com outras pessoas como imprescindível para a compreensão dos processos envolvidos. As emoções seriam, portanto, constituintes do processo dialético com um projeto cognitivo de um sujeito construído também histórica e culturalmente (SERRA, 2005). Com o papel primordial da linguagem e a importância da interação social para o desenvolvimento pleno dos indivíduos, os seres humanos operam com base em conceitos culturalmente construídos que constituem, representam e expressam não só seus pensamentos, mas também suas emoções (KOHL; REGO, 2003, p. 25). Sendo assim, ainda segundo as autoras, a imersão dos sujeitos humanos em práticas e relações sociais define emoções mais complexas e mais submetidas a processos de autorregulação conduzidos pelo intelecto (SERRA, 2005). Os afetos em disciplinas que envolvem a matemática, segundo Gómes Chacón (2003/2000), podem estar ligados a crenças que os alunos têm de forma rígida e negativa sobre a matemática e sua aprendizagem; outro aspecto é que se eles assimilaram que estudar matemática é apenas fazer cálculos, no futuro eles apresentarão resistência em tarefas que exijam pensar. Desta forma, as condições afetivas, históricas, culturais e sociais interferem no aprendizado dos alunos e, como neste trabalho retratamos a realidade da educação a distância, nesse caso também teremos esses fatores contrapondo-se ao processo cognitivo nessa modalidade de ensino.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 5. MÉTODOS QUANTITATIVOS LIGADOS A DISCIPLINAS DE GESTÃO DE LOGÍSTICA As ciências sociais têm por habitual a aplicação de métodos quantitativos no desenvolvimento de disciplinas dos cursos da área de negócios, principalmente nas que pretendem de alguma forma prever, estimar ou acompanhar recursos materiais, tangíveis ou intangíveis, facilitando a atuação profissional e também referências da linguagem e da pesquisa científica. De acordo com Teixeira e Pacheco (2005, p. 60), “a área de métodos quantitativos caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento dessas por meio de técnicas estatísticas”. Os autores reforçam as limitações da área ao defenderem que o uso de método estatístico para a solução de um problema não faz generalizações sobre a resolução de todos os outros problemas de mesma natureza. Para Lima (2005), os métodos quantitativos mais comumente utilizados pelas ciências sociais, em geral, são: a programação linear, a análise insumo-produto, modelos para planejamento e controle de projetos, a teoria da decisão, a análise fatorial, a regressão, a correlação entre variáveis e as séries temporais. Estes costumam ser os temas recorrentes às ementas das disciplinas da área, conforme pode-se verificar na ementa da disciplina de Logística. No estudo deste artigo o foco é na disciplina de Gestão de Logística que para atingir seus objetivos práticos de previsão, demanda quantidades, tempos, melhor trajeto etc. Tornase necessário a utilização dos métodos quantitativos citados acima. 6. PROGRAMA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP Nas sociedades democráticas contemporâneas, eficiência, transparência, controle social e responsabilidade são demandados de todas as esferas da administração pública. A consolidação da democracia pressupõe o empoderamento do cidadão e da sociedade civil, que assumem papel cada vez mais relevante na cobrança de resultados das instituições públicas. Tais resultados devem se traduzir em melhorias efetivas na realidade da população, o que exigirá melhorias contínuas na qualidade dos serviços e na gestão pública (CAVALARI, 2009).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A mudança do papel repercutiu no aparelho do Estado no âmbito federal, estadual e municipal, trazendo demandas gerenciais mais complexas. Isso significa uma administração mais profissionalizada, exigindo gestores com sólida formação teórico-conceitual nas áreas sociais, políticas, econômicas e administrativas. Nesse contexto, o programa nacional de administração publica, PNAP, é um Projeto do Governo Federal que, por meio da CAPES, tem por finalidade fomentar a qualificação da população mediante à metodologia EAD, em que são oferecidos o Curso de Bacharelado em Administração Pública, que está voltado para a formação de egressos capazes de atuar, de forma eficiente e eficaz, no contexto da gestão pública, atendendo às necessidades e ao desenvolvimento da sociedade (CAVALARI, 2009). No estado do Espírito Santo, a Universidade Federal, UFES, optou por oferecer a especialização com ênfase em saúde e o Instituto Federal, IFES, que é o espaço desse estudo, respondeu ao edital para coordenar e ofertar à população a especialização de formação em Gestão Municipal. O curso teve início em maio de 2010 em dez polos de apoio presenciais nos municípios de: Vitória, Vila Velha, Colatina, Afonso Claudio, Mimoso do Sul, Domingos Martins, Santa Tereza, Baixo Guandu, Linhares e Aracruz. Totalizando 420 vagas. Para o ano de 2011 mais quinze polos foram contemplados pelo curso nos municípios: Alegre, Bom Jesus do Norte, Cachoeiro de Itapemirim, Conceição da Barra, Ecoporanga, Itapemirim, Iúna, Mantenópolis, Nova Venécia, Pinheiros, Piúma, Santa Leopoldina, São Mateus, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. Totalizando 600 vagas. No total o PNAP, por meio da CAPES, no IFES irá financiar 1020 vagas para a formação na especialização em Gestão Pública Municipal até o ano de 2012. Nesta pesquisa, foram retratadas as percepções dos alunos dos dez primeiros municípios, os quais já passaram pela disciplina de Logística, que é o foco deste estudo, por se tratar de um conteúdo para cujo alcance do processo decisório é necessário se lançar mão de uma base matemática, por meio de levantamentos estatísticos e equilíbrio entre prazos, custos, disponibilidades e necessidades públicas de produtos ou serviços.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 7. METODOLOGIA DE PESQUISA A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, por meio de um estudo de caso com dimensão etnográfica, tendo como instrumento de pesquisa a observação, focus grupos e análise documental conforme descrito a seguir. A pesquisa para estudar a EAD e afetividade na visão de um curso de especialização foi qualitativa, uma vez que segundo Lüdke e André (1986), “... Envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se reocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. Desta forma, pretende-se obter dados que descrevam a realidade, as necessidades, limitações, vantagens e desvantagens da metodologia EAD para o curso de especialização em Gestão Pública Municipal. O estudo também retrata a dimensão etnográfica, visto que num primeiro momento foi realizada uma descrição dos significados sociais, econômicos e culturais dos alunos da especialização, conforme sugere Lüdke e André (1986) “A pesquisa etnográfica é a descrição de um sistema de significados culturais de um determinado grupo”. O método utilizado foi o estudo de caso que tem a característica de descrever a realidade de um determinado contexto, estudando algo singular como o caso da afetividade em uma disciplina de gestão, a qual utiliza como base para o processo decisório cálculos matemáticos, utilizando variedades de fontes de informação por meio de uma linguagem mais simples (LUDKE, ANDRÉ, 1986). Para o levantamento das informações da pesquisa foram utilizadas quatro tipos de técnicas: a primeira o focus grupos, que é uma técnica de trabalho no qual um grupo é reunido com a finalidade de discutir determinado assunto, situação ou demanda e mediante desse instrumento há a captação imediata e corrente das informações desejadas (LUDKE; ANDRÉ, 1986). O que no caso da pesquisa sugerida é importante, devido à necessidade de levantamento de dados sobre a realidade dos alunos em situações diferenciadas. A segunda técnica é a observação que, ao lado da entrevista, também constitui importante fonte de coleta de dados em abordagens educacionais. A observação também auxilia a aproximação do pesquisador às respostas do problema de pesquisa levantado (LUDKE; ANDRÉ, 1986). No que tange a esse estudo, a aproximação ao objeto de pesquisa

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar significa entender melhor as limitações, necessidades e, assim, propor interações na modalidade de ensino estudada. Em seguida, na pesquisa, foi utilizada a técnica de análise documental e de conteúdo, uma vez que essa tem por finalidade completar as informações obtidas por outras técnicas, trazendo à tona outros aspectos relevantes ao trabalho (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Para finalizar a pesquisa, foi utilizado novamente o focus grupos por meio do recurso tecnológico da Webconferência para alinhar os dados analisados no ambiente virtual com as falas dos alunos nos polos de apoio presencial. 8. CASE DE UM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA O sujeito deste case é o Instituto Federal do Espírito Santo – IFES - foi criado em 23 de setembro de 1909, no governo do presidente Nilo Peçanha. Regulamentado pelo Decreto nº 9.070, de 25 de outubro de 1910, foi inicialmente denominado Escola de Aprendizes e Artífices do Espírito Santo, tendo como propósito a formação de profissionais artesãos, com ensino voltado para o trabalho manual e oferta educacional de cunho assistencialista. Atualmente, são 17 campi em funcionamento e mais um em construção (SUETH, 2009). Como o estudo apresentado está voltado à modalidade a distância, além dessas 17 cidades nas quais já existe a presença física do IFES, a Universidade Aberta do Brasil em parceria com as prefeituras do estado do Espírito Santo, tem polos de apoio presencial a EAD em mais 11 cidades, totalizando 28 polos e esse curso de especialização está presente em 25 deles, tornando-se, assim, nesse momento, o maior curso em quantidade de alunos e abrangência, já ofertado pelo IFES na modalidade EAD. 8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASE REALIZADO As dez turmas analisadas, dos municípios já citados em tópicos acima, têm em sua formação 57% de mulheres e 43% de homens, com faixa etária predominante entre 20 e 50 anos. Desse total 82% residem em área urbana, sendo que 46% dos alunos possuem em suas residências duas pessoas com renda superior a um salário mínimo, e 68% têm renda familiar acima de três salários mínimos.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em relação ao nível de escolaridade, 71% dos alunos são graduados e os demais já possuem algum tipo de pós-graduação. No que tange ao segmento de atuação profissional, 85% dos alunos estão ligados à iniciativa pública, seja ela municipal, estadual ou federal; efetivos ou contratados. Em relação ao tempo de trabalho, identificamos que 29% já possuem mais de 10 anos de atuação em sua profissão, já 17% têm entre cinco e dez anos de experiência profissional e os demais, menos de cinco anos. Dos alunos pesquisados, 80% possuíam, no início do curso, computador em suas residências e 68% tinham acesso à internet banda larga. Quanto à modalidade de ensino, 63% dos discentes nunca haviam feito qualquer curso na modalidade a distância, mas os estudos confirmam que os 68% deles, que optaram agora por fazer um curso nesta modalidade, fizeram tal opção devido ao IFES ser a instituição coordenadora do programa, sendo que 35%, quando questionados das possíveis dificuldades, mostraram-se preocupados com uma possível falta de tempo para a execução de todas as atividades. O que se pode inferir do questionário socioeconômico aplicado, e que teve parcialmente seus dados apresentados acima, é que em parte o público-alvo do programa foi atingindo. Após iniciadas as aulas e decorridas as disciplina de Metodologia de EAD, Metodologia de Pesquisa e a primeira disciplina do módulo básico, a coordenação do curso, o autor deste artigo, agendou reunião com cada polo, em dias e horários distintos, dessa reunião participaram os discentes, o tutor presencial e a coordenação do polo. Em cada uma dessas reuniões, o coordenador elegia entre os presentes, no focus grupos, um relator que iria disponibilizar a ata no ambiente virtual e, logo em seguida, era aberto um fórum no polo a fim de que fosse verificada com os participantes a concordância ou não com os relatos feitos. Apesar das reuniões acontecerem com públicos diferentes e em regiões diferentes, os mesmos pontos foram levantados, entre eles destacam-se: o Falta de aproximação entre tutor e aluno. o Excesso de atividades em período curto de tempo. o Qualidade do material didático. o Dificuldade de adaptação ao método. o Dificuldade de manuseio da tecnologia.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar o Falta de estrutura da biblioteca do polo. o Distância entre a teoria e a prática. o Avaliações essencialmente teóricas. Analisando-se os pontos elencados pelos alunos, podemos descrever que quanto à aproximação aluno e tutor, observou-se que nem o aluno estava habituado a não ter a presença física do professor, assim como o tutor não tinha tanta experiência na modalidade, e isso não permitia a ele, até então, perceber que o diálogo escrito deveria suprir a distância física que o separava do aluno. Em relação ao excesso de atividades e tempo de execução, foi percebido, em questionamentos com os discentes, que até nos modelos presenciais de especialização, nas regiões estudadas, havia o condicionamento a cursos mais tranquilos no ponto de vista didático e acadêmico. A questão da qualidade do material, apresentado nas reuniões, justifica-se pelo fato do mesmo ter sido preparado por comissão da Universidade de Santa Catarina e CAPES, e desse ser de âmbito nacional. As dificuldades de adaptação ao método, pelo que foi diagnosticado, estavam vinculadas, principalmente, à falta de preparo dos alunos em trabalhar com computador e internet, ou seja, recursos tecnológicos, visto que grande parte dos participantes, apesar de ter esses componentes em casa e/ou no trabalho, não o utilizava com frequência no dia a dia. Uma realidade identificada nos polos visitados é a falta de investimento, por parte da prefeitura local, na compra de acervo para as bibliotecas físicas, contudo, essa carência foi amenizada pelo curso, por meio da utilização de uma biblioteca virtual. Durante essas reuniões, outro ponto levantado foi a questão do distanciamento entre teoria e prática, entretanto, no momento dos encontros, o curso ainda estava numa fase muito inicial, o que indica que isso não poderia, naquele momento, servir de parâmetro. O que vale também para as avaliações, haja vista que, inicialmente, algumas teorias deveriam ser consolidadas para futuras aplicações práticas. No que tange ao acompanhamento da disciplina específica de Logística, uma vez que utiliza a matemática como padrão para o processo decisório e para a resolução de estratégias de gestão, foi realizada uma análise documental e de conteúdo do ambiente virtual de aprendizagem. No caso do curso, o IFES utiliza o Moodle por ser um software gratuito e de domínio público.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A disciplina de Logística foi planejada por um professor do instituto, tomando por base o material que o PNAP disponibiliza, mas como foi verificada uma quantidade grande de cálculos matemáticos nesta disciplina, o professor especialista optou por utilizar planilhas de cálculos (BRoffice) para facilitar o aprendizado do conteúdo. Em entrevista com o professor, esse relatou que tentou desenvolver vários tutoriais, nos quais explicava passo a passo como utilizar o aplicativo de cálculo para chegar aos resultados e, assim, alcançar as melhores estratégias de decisões logísticas. Outro ponto que o professor destacou é que buscou trabalhar as atividades em grupos de estudo, a fim de somar as habilidades e diminuir as dificuldades. Desta forma, o aluno tinha como suporte para o desenvolvimento dessa disciplina: material impresso, o Moodle, tutoriais, professor especialista, tutor a distância, tutor presencial e ainda os seus pares, visto que as atividades, em sua maioria, foram realizadas em grupo. Acompanhando os fóruns de dúvidas e as interações entre os alunos, foi constatado que as dificuldades começaram com a utilização da planilha de cálculo do BRoffice, visto que a grande maioria dos alunos, nos dez polos, não tinha familiaridade com esse software gratuito; desta forma, tiveram problemas com instalação, utilização e entendimento da ferramenta. Assim, não era apenas o entendimento dos resultados proporcionados pelas planilhas e a utilização dos resultados encontrados que dificultavam o aprendizado, mas também a operacionalidade do sistema. No período de entrega das atividades, a pedagoga do curso, após acompanhar essa situação, solicitou ao professor especialista que facultasse a entrega por meio de outros aplicativos de cálculo também, o que foi aceito e realizado pelo especialista. Durante a realização das Webconferências com os alunos dos polos citados, alguns outros pontos foram levantados acerca do acompanhamento da disciplina: o Dificuldade de baixar os tutoriais, devido à velocidade da internet no interior do estado. o Dificuldade de fazer a junção entre os resultados matemáticos das planilhas e quais decisões deveriam ser tomadas. o Os alunos se preocuparam muito em cumprir as atividades para obtenção das notas e não acessaram outras partes do material, que eram necessárias para o desenvolvimento da disciplina.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar o Falta de acompanhamento dos tutores presencial e a distância durante o desenvolver da disciplina. o Os alunos, em geral, não conseguiram fazer a concretização de como iriam utilizar na prática os pontos estudados. o Os alunos entenderam que o conteúdo da disciplina foi muito amplo, entrando em detalhes que não cabem aos gestores. o Colocaram que acharam abusivo o número de atividades. o Não conseguiram desenvolver melhor a disciplina devido ao tempo da mesma, ou seja, a carga horária deveria ter sido maior. o Outros pontos isolados foram colocados, mas, neste estudo, daremos enfoque aos pontos comuns entre os polos estudados. O que se pode entender e concluir a partir dos pontos apresentados, é que os alunos, com o desenvolvimento das disciplinas, passam a se preocupar unicamente com as atividades, haja vista que essas serão a base para a construção de sua média e, em vários momentos, deixam de lado informações importantes para execução de cada disciplina e aquisição de conhecimento. No caso da disciplina de Logística, o professor, no vídeo de apresentação da disciplina, deixou clara a necessidade da leitura do material teórico, que todos os alunos receberam impresso, para que houvesse o link entre teoria, cálculos e prática. Contudo, se for analisada a estatística de utilização desse recurso em específico, apenas 15 % deles o acessou, o que possivelmente dificultou o alcance do objetivo geral da disciplina. Em relação à velocidade da internet, apesar de não ser um recurso que possa ser manobrado pela equipe gestora do curso, esse ponto será mais bem analisado na reoferta de cursos nas regiões com problemas, ou ainda, deverão ser lançados recursos que atendam a todas as cidades e infraestruturas no planejamento das disciplinas nessa modalidade de ensino. A falta de acompanhamento dos tutores, quando verificado, nos deixou preocupados, visto que, uma das preocupações da equipe gestora é que as disciplinas ocorram de forma que a afetividade estivesse presente em todo o curso e, um dos fatores, o qual maximiza essa presença, é a interação constante dos tutores com os alunos. Esse problema foi gerado por dois aspectos: primeiro, grande parte dos tutores também não tinha domínio de planilhas de cálculos; segundo, que essa disciplina foi a única no curso com a necessidade dessa competência, o que terá que ser reforçado para a próxima turma.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Quanto ao número de atividades, o professor tentou diminuir ao máximo as áreas de abrangência da disciplina, contudo, como o material disponibilizado pelo PNAP era muito generalista, ele não teve como não atuar nos pontos principais para os quais a teoria apontava. Já em relação à carga horária, ela é uma realidade de cursos de especialização, normalmente o tempo por disciplina é reduzido e não se consegue trabalhar com todos os pontos, o que é uma realidade também dos cursos presenciais. Durante o contexto teórico deste artigo, foi introduzido um breve histórico da EAD no cenário mundial e brasileiro e percebe-se, pelos argumentos apresentados, que apesar dessa metodologia existir há muito tempo, ela ainda precisa ser melhor divulgada e trabalhada dentre a população. Outro ponto que se pode analisar, é que, particularmente no Brasil, os avanços dessa metodologia estão associados a veículos de massa de comunicação, como rádio, TV, internet, o que pode indicar a utilização desses recursos como meios para ampliar a aplicação da modalidade a distância. O case do curso de especialização do PNAP apresentado, leva a inúmeros questionamentos, que vão desde a preocupação com os recursos tecnológicos, como também um estudo sobre a necessidade de aproximação entre aluno e tutor, por meio do diálogo, do discurso escrito e da afetividade, que são pontos para um próximo estudo desses autores. Pelos pontos relatados por esse estudo de caso, ressaltamos que além da preocupação com a utilização de maneira adequada dos recursos tecnológicos visando potencializar o ensino, deve-se também ter cuidado com a necessidade de aproximação entre aluno e tutor por meio do estreitamento do diálogo, do discurso escrito e da afetividade nas relações que são pontos para um próximo estudo. Apesar dos avanços informacionais ligados à educação na modalidade a distância, os pontos têm que ser apreciados, uma vez que nesse método existe o autoaprendizado, destacado neste artigo, o que dá margem a um pensamento diferenciado na didática e no formato sistêmico do curso. Trazendo a discussão de Gómez Chacón (2003/2000) acerca de alguns afetos que os alunos trazem para a sala, o que mais facilmente se conseguiu destacar foi o do pré-conceito em relação a cálculos. O pensar, que é atribuído após o cálculo acabado, (visto que o cálculo era desempenhado pelo aplicativo) se tornou tarefa pesada para boa parte dos alunos, no que

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar se refere ao pensar em como utilizar os resultados para tomada de decisões estratégicas para logística na área pública. O ocorrido fez com que o professor, além dos tutores e colegas, em diversos momentos, tivessem que intervir e tentar, durante o andamento da disciplina, outros métodos para que o objetivo fosse cumprido (aprendizado). Assim, consideramos que além das dificuldades oriundas dos recursos tecnológicos também temos as de caráter emocionais e afetivas quando na disciplina de logística fazemos a combinação entre os métodos quantitativos e as decisões que podem ou devem ser tomadas pelos gestores. REFERÊNCIAS ALVES, J. R. M. A História da EAD no Brasil, educação a distância: o estado da arte. Person: São Paulo, 2009. ANDERSON, T. ; ELLOUMI, F. Theory and practice of online learning. Canadá. Athanasca University, 2004. Disponível em: <http://cde.athabascau.ca/online_book/>. Acesso em: 11 abr. 2011. ARANTES, V. Cognição, afetividade e moralidade. São Paulo, 2001. Educação e Pesquisa, 26(2): 137-153. ARANTES, V.; SASTRE, G. Cognición, sentimientos y educación. Barcelona, 2002. Educar, v. 27. BANCO MUNDIAL (2006). Brasil: elementos de uma estratégia de cidades. Document of the World Bank. Relatório No 35749-BR. Brasília: Banco Mundial/Departamento do Brasil, novembro

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TULO

CAPÍ

03

ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO QUANTITATIVO: UMA ABORDAGEM SOBRE A COLETA, TABULAÇÃO E ESTÉTICA DE DADOS E O SERVIÇO WEB GOOGLE DRIVE SPREADSHEET Evandro Paulo Bolsoni Desirre Marques Brandão Marcos de Souza Ao se ter a pesquisa científica como objeto de estudo, optou-se inicialmente por apresentar o conceito de Método Científico. Descartes – Filósofo, Físico e Matemático da Era Moderna - ao apresentar seu discurso sobre Método Científico afirmou: Não se deve aceitar jamais com verdadeira alguma coisa de que não se conheça a evidência como tal, isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, incluindo apenas, nos juízos, aquilo que mostrar de modo tão claro e distinto ao espírito que não subsista dúvida alguma. (MICHEL, 2009, p.34) Assim, o método tenta captar e compreender a realidade, estabelecendo formas de como se chegar a um resultado. Esse percurso de construção dará origem à pesquisa científica. Michel (2009) e Richardson (2010), afirmam que a metodologia é o processo pelo qual se busca respostas para resolução de problemas, necessidades e dúvidas. Dentre os vários métodos de pesquisa existentes e de suas várias divisões didáticas, este artigo dará um destaque mais amplo à Pesquisa Quantitativa que, segundo Michel (2009), parte do princípio de que tudo é quantificável. Tal modalidade de pesquisa quantifica desde a coleta de dados até o tratamento dessas informações. Wainer (2010) afirma ainda que tal modalidade realiza a comparação de resultados e utiliza técnicas estatísticas e escala numérica. Fixando a atenção neste momento nas Tecnologias de Informação e Comunicação TICs, por meio de serviços hoje disponibilizados na internet, acredita-se que existem mecanismos facilitadores que auxiliem no momento da coleta, tabulação e a análise de dados, bem como na estética da pesquisa de uma forma geral, principalmente na construção de tabelas e gráficos. Assim, tais serviços agilizariam o processo de pesquisa, principalmente se esta for de caráter quantitativo. O serviço Google Drive SpreadSheet, de responsabilidade da empresa Google é

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar um dos serviços disponibilizados na internet e que está acessível para ser utilizado por qualquer pessoa, para armazenamento de dados virtuais, criação, alteração e compartilhamento de documentos, inclusive de forma colaborativa e simultânea. Portanto, a partir das expectativas geradas pela utilização das tecnologias como meio de facilitar a pesquisa, sugere-se a seguinte problemática: De que forma seria possível coletar, tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e eficiente na elaboração de artigos científicos baseados na metodologia de pesquisa quantitativa? Este artigo tem como objetivo apesentar o ambiente Google Drive como meio tecnológico de facilitação no processo de pesquisas científicas de caráter quantitativo. Justificase a importância desse tema, uma vez que a cada ano, é exigido dos pesquisadores, tanto alunos de pós-graduação quanto professores universitários, um número considerável de publicações e produções científicas, tanto para validar o curso no qual estão inseridos, como para ampliar as pesquisas sobre um determinado assunto de qualquer área do conhecimento. Portanto, observando que a produção científica é uma exigência para o funcionamento de cursos, como também o momento de investigação e produção de conhecimento acerca de um determinado objeto de estudo, momento este que se valida um pensamento empírico, as ferramentas tecnológicas podem facilitar e agilizar o processo de produção científica. Inicialmente, será apresentada as modalidades de pesquisa, em especial a metodologia de Pesquisa Quantitativa. Em seguida, será apresentado o ambiente Google Drive, especificamente sua ferramenta SpreadSheet – “Formulários” como um importante instrumento tanto para coleta de dados como organização, geração de estatísticas, estética na formatação de gráficos e planilhas, que pode otimizar tempo de construção de um trabalho científico. 1. METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA Por Método, Michel (2009) enfatiza que se trata de um conjunto de procedimentos sistemáticos, utilizado para a obtenção de um resultado desejado, caracterizado por se assemelhar a um norteador de processo investigativo, levando o pesquisador a uma resposta, uma solução. Richardson (2010) corrobora com Michel (2009) acrescentando ainda que a partir dos resultados obtidos por meio da pesquisa, pode-se interpretá-los fundamentando-os em teorias existentes.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Uma das características básicas do Método Científico, de acordo com

Mazzotti;

Gewandsznajder (1999) é o fato de se resolver problemas através de hipóteses, que devem ser testadas por meio de observações ou experiências. Segundo Marques (2010), “Pesquisa é buscar um centro de incidência (...) um pólo preciso das muitas variações de saberes que se irradiam a partir de um mesmo ponto” (p.93). Tabela 1: Métodos de pesquisa

Método Dialético

Característica Usa a discussão e argumentação dialogada, a provocação. Investiga casos isolados, grupos, pessoas,

Estudo de caso

para entendê-los nos seus próprios termos, sua cultura, contexto. Analisam fenômenos, situações a partir de

História de vida e História oral

depoimentos falados e escritos de pessoas cujo testemunho pessoal auxilia na compreensão do tema de estudo. Procura entender os fenômenos sociais

Funcional

através da análise isolada e integrada das partes que o compõem.

Matemático

Através de operações matemáticas e estatísticas, busca soluções exatas. Através de técnicas estatísticas e

Estatístico

matemáticas, busca soluções por mostragem.

Histórico-evolutivo Experimental Observacional Comparativo

Analisa e compara situações e sua evolução ao longo do tempo. Submete o objeto de estudo à influência de variáveis. Usa os sentidos, a observação para capitação da realidade. Usa a comparação como medida de

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar observação entre grupos, políticas, fatos, variáveis, comportamento, processos, táticas, vendas, etc. Econométrico

Análise qualitativa e quantitativamente variáveis econômicas. Quantifica opinião, atitudes, motivos,

Survey

através de amostragem.

Fonte: (Michel, 2009, p.59) A pesquisa, conforme aponta Michel (2009), é a descoberta científica da realidade e atividade básica da ciência, sendo etapa anterior à geração e transmissão do conhecimento. Partindo do princípio proposto pela autora, de que a realidade não é aparente inicialmente, chega-se ao pressuposto de que explicações sobre a realidade nunca se findam. Portanto, observa-se que a metodologia orienta o pesquisador na preparação de um trabalho científico que somente é assim denominado por se tratar em um percurso prédeterminado, mas que a priori, surgiu de uma inquietação, de um palpite ou conjuntura. Pesquisa, portanto, é o mesmo que “procura”, é a busca por respostas para alguma questão, como afirma Kuark (2010). Ela ainda enfatiza que é por meio da pesquisa que se produz ciência e consequentemente, conhecimento. A Ciência foi sendo dividida durante sua evolução em áreas de conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Sociais, Biológicas, Exatas etc., e essas ainda podem ser subdivididas. Assim, a Ciência é “o conjunto de conhecimentos racionais – certos ou prováveis – obtidos metodicamente” (KAUARK, 2010, p. 88) e trabalhados de forma particular (MARX, HILLIX, 1963). 2. TIPOS DE PESQUISA E SUAS ESTRUTURAS Aqui, será discutida a estruturação didática que Michel (2009) propôs para a pesquisa. Ela divide a pesquisa tanto apontando os meios e quanto os fins. A tabela 2 abaixo evidencia tal divisão:

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Tabela 2: Classificação da pesquisa Quanto aos meios Pesquisa bibliográfica Pesquisa prática Pesquisa de campo Pesquisa empírica

Quanto aos fins Pesquisa básica Pesquisa aplicada Pesquisa de inovação tecnológica Pesquisa descritiva

Pesquisa-ação Fonte: Michel, 2009, p. 45 2.1 PESQUISAS QUANTO AO MEIO Michel (2009) salienta que a pesquisa será classificada como meio quando o seu propósito for identificar, mostrar a forma de atuação do pesquisador, o modo de caminhar do trabalho. Nesta classificação, a pesquisa funciona como instrumento para se obter respostas e soluções, indicando como o trabalho foi realizado. A autora propõe a seguinte divisão: Pesquisas Bibliográfica, Pesquisa Teórica, Pesquisa Prática ou Experimental, Pesquisa de Campo, Pesquisa Empírica, Pesquisa-Ação. A Pesquisa Bibliográfica é a fase inicial da pesquisa que busca o levantamento bibliográfico sobre o tema, com o propósito de encontrar informações para definição dos objetos, determinação do problema e definição dos tópicos do referencial teórico. É considerada uma forma de pesquisa porque implica em leitura sobre o assunto, embora não seja o propósito final da pesquisa (MICHEL, 2009, p. 40). Gil (1993) destaca que essa metodologia proporciona maior familiaridade com o problema, e se pode destacá-lo mais durante a construção das hipóteses. O autor enfatiza que essa pesquisa tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições. A pesquisa teórica é atividade de pesquisa que se preocupa em mensurar, desmontar, criticar e reconstruir teorias existentes a partir de críticas e comparações entre autores diferentes. Baseia-se em verdades imperativas, oriundas de estudos anteriores, escusando o

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar método e valorizando o uso da razão e da lógica. Apesar disso, ela não admite a especulação pura e simples, e busca através de procedimentos fundamentais para um quadro teórico de referência: (a) domínio dos clássicos de determinada disciplina; (b) domínio da bibliografia fundamental, pela qual atualizamo-nos na produção existente sobre o assunto; (c) visão crítica, por meio da qual se instala a discussão aberta com o caminho básico do crescimento científico. (MICHEL, 2009) Michel (2009) conceitua a Pesquisa Prática ou Experimental como pesquisas que se realizam a partir de testes práticos de ideais e proposições discutidas na teoria. Este tipo de pesquisa implica na simulação de um ambiente laboratorial para verificação das teorias e é utilizada nas áreas de ciências básicas naturais e biologia, como biologia, química, física. Na Pesquisa de Campo, utiliza-se a coleta de dados em ambiente natural, com o objetivo de observar, criticar a vida real, com base na teoria, para averiguar como a teoria se comporta na vida real. Checando a teoria na prática, permite responder ao problema e atingir os objetivos, conforme aponta Michel (2009). Kauarkm (2010) destaca que o objetivo desse tipo de pesquisa é adquirir maior familiaridade com o problema. Para sua construção, envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão etc. A Pesquisa Empírica é voltada para a face experimental dos fenômenos. É aquela que maneja dados e fatos concretos. Procura traduzir os resultados em dimensões mensuráveis. Por esse motivo, tende a ser quantitativa, na medida do possível. O seu grande valor é trazer a teoria para a realidade concreta. Cria modelos a partir de apreciações de experiências. Não, necessariamente, os experimenta ou os aplica a realidade (MICHEL, 2009). Pesquisa-Ação, conforme aponta Michel (2009), é um tipo de investigação social com base empírica, concebida e realizada em estrita associação com uma ação ou com resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os participantes representativos na situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Kauark (2010) destaca que esse é um tipo de pesquisa concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 2.2 PESQUISA QUANTO AOS FINS De acordo com a pesquisadora e autora do livro Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências, Michel (2009), a classificação de pesquisa quanto aos fins será utilizada para obtenção de resultados, que acarretará como características para refletir, traduzir o propósito do trabalho e direcionar o que se deve realizar durante o processo de pesquisa. Ainda em suas considerações, Michel (2009) aponta quatro tipos de pesquisas quanto aos fins: Pesquisa Básica, Pesquisa Aplicada, Pesquisa de Novas Tecnologias e Pesquisa Descritiva. Para Michel (2009, p.43), a especificidade da Pesquisa Básica não possui o propósito da aplicabilidade imediata: Não tem propósito de aplicabilidade imediata; é generalista; voltada para descoberta de fenômenos naturais e físicos; (teoricamente) não tem comprometimento com a ética, nem com a geração de retornos financeiro, nem de aplicação imediata; seu propósito é apenas com a geração do conhecimento novo. A pesquisa básica procura os princípios, os fundamentos do mundo, das coisas, do seu funcionamento; sua intenção é desvendar características, propriedades básicas dos fenômenos. Já a Pesquisa Aplicada, de acordo com Michel (2009, p.44): Tem como objetivo a aplicação, a utilização dos conhecimentos e resultados adquiridos na pesquisa básica; volta-se mais para o aspecto utilitário da pesquisa. A pesquisa aplicada procura transformar o conhecimento puro em elementos, situações destinadas a melhorar a qualidade de vida da humanidade. Implica na ação do homem sobre as descobertas para criação de produtos, serviços, visando à qualidade de vida na terra. Com relação à Pesquisa de Inovação tecnológica, Michel (2009, p.44), caracteriza a Pesquisa Básica como: Pertence ao ramo do conhecimento aplicado, e, para muitos, não é considerado ciência. Utiliza os conhecimentos resultantes das pesquisas básicas e aplicada para interesses tecnológicos, industriais. É a transformação do produto já criado em produtos tecnológicos, comercializáveis, melhorados. A tecnologia se caracteriza pela ação de melhoria de um produto existente, em termos de praticidade, modernização, conservação, produção em alta escala, aperfeiçoamento, incremento de tecnologia, avanços de produtos existentes. A pesquisa é um processo essencialmente calculado na base científica, mas visa a interesses de comercialização e lucro (estudo de formas de conservação, reprodução em larga escala, estudos de compatibilidade, embalagem e distribuição do remédio ou vacina inventado). A pesquisa descritiva se propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com a precisão possível, observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o ambiente

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar exerce sobre eles. Não interfere no ambiente; seu objetivo é explicar os fenômenos, relacionado-os com o ambiente. Trata, em geral, de levantamento de características de uma população, um fenômeno, um fato, ou o estabelecimento das relações entre variáveis controladas. Está relacionada diretamente com a pesquisa qualitativa, na medida em que levanta, interpreta e discute fatos e situações (MICHEL, 2009, p.44). Dentre os tipos e estrutura apresentadas no capítulo, sistematicamente destacados no estudo da autora Michel (2009), observou-se que suas metodologias e características peculiares são divididas quanto aos meios e fins. Será apresentado no capítulo seguinte o conceito sobre Pesquisa Quantitativa, tais como sua diferenciação da pesquisa qualitativa. 3. PESQUISA QUANTITATIVA Richardson (2010), e Zetti (1996) afirmam que o método quantitativo tenta garantir inicialmente a precisão de resultados e margem de segurança quanto às inferências. Michel (2009) acrescenta que tal pesquisa surge do princípio de que tudo pode ser quantificável e que informações e opiniões podem ser traduzidas em forma de números. Poppoer (1972) corrobora com Michel (2009) e vai além: acrescenta que os resultados da pesquisa quantitativa permitem verificar a ocorrência ou não das hipóteses iniciais. Richardson (2010) evidencia as grandes diferenças entre à pesquisa qualitativa e a quantitativa, que de acordo com o referido autor, baseiam-se na interação entre pesquisador e objeto de estudo. Isso porque a pesquisa quantitativa muito raramente escuta o participante após a coleta de dados. A fala de Serapione (2000) vai ao encontro da fala de Richardson (2010), já que o autor propõe uma conceituação dessas duas perspectivas, conforme se observa na tabela abaixo (Tabela 3). Tabela 3: Métodos quantitativos e qualitativos Métodos Quantitativos: positivismo

Métodos qualitativos: fenomenologia e

lógico

compreensão

• são orientados à busca da magnitude e das • analisam o comportamento humano, do causas dos fenômenos sociais, sem interesse ponto de vista do ator, utilizando a pela dimensão subjetiva e utilizam procedi- observação naturalista e não controlada; mentos controlados;

• são subjetivos e estão perto dos dados

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar • são objetivos e distantes dos dados (perspectiva de dentro, insider), orientados (perspectiva externa, outsider), orientados à ao descobrimento; verificação e são hipotético-dedutivos;

• são exploratórios, descritivos e indutivos;

• assumem uma realidade estática;

• são orientados ao processo e assumem

• são orientados aos resultados, são uma realidade dinâmica; • são holísticos e replicáveis e generalizáveis.

não generalizáveis.

Fonte: Serapione (2000, p. 191). Como enfatizou Serapioni (2000), a metodologia quantitativa desconsidera a dimensão subjetiva e geralmente, se utiliza de um procedimento controlável, assim como também apresenta Zotu (1996). De acordo com Richardson (2010, p.89), a pesquisa quantitativa é permeada por três estágios sendo i) planejamento ii) coleta de dados iii) análise da informação que, com suas características específicas, respondem e auxiliam etapas de sua pesquisa. No planejamento da pesquisa, a utilização de um questionário prévio no momento da observação ou entrevista pode contribuir para delimitar o problema estudado e a informação coletada, permitindo identificar casos representativos ou não representativos em nível grupal ou individual. Na coleta de dados, o questionário prévio pode ajudar a evitar perguntas rotineiras e a identificar características objetivas, como, por exemplo, geopolíticas de uma comunidade, que podem influir no contexto da pesquisa. Assim, como enfatiza Richardson (2010, p. 89) "Na análise da informação, as técnicas estatísticas podem contribuir para verificar informações e reinterpretar observações qualitativas, permitindo conclusões menos objetivas". Para os autores Kauark, Manhães e Souza (2010), em sua obra intitulada “Metodologia da Pesquisa - Um guia prático” uma pesquisa é quantitativa, quando a mesma pode ser quantificável, traduzindo assim seu conteúdo em números, opiniões e informações para que possam ser classificadas e posteriormente analisadas. Ainda para os autores, técnicas estatísticas como percentual, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de regressão são necessários para tabulação dos dados coletados.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Segundo Martins; Bicudo (1989, apud KAUARK; MANHÃES; SOUZA, 2010), o processo de pesquisa quantitativa pode ser resumido em estudos que lidam com fatos, advento de observação sistemática, delimitada e mensurável. Atualmente, com as TICs, realizar uma pesquisa quantitativa se torna uma prática mais ágil e eficiente. No próximo capítulo, será apresentado o ambiente Google Drive, em especial a ferramenta “Formulários”, utilizada para elaboração, coleta, tabulação e geração de estatísticas para uma pesquisa quantitativa.

4. SERVIÇO GOOGLE DRIVE SPREADSHEET - FORMULÁRIOS PARA COLETAS,TABULAÇÕES, ESTATÍSTICAS E ESTÉTICA DE DADOS Para acessar o ambiente de Formulários do Google Drive, é necessário possuir uma conta Google6 - conta esta que oferta diversos serviços na web. Após efetivar o login (entrar) no Google Drive, estarão disponíveis serviços como criação de arquivos de texto, planilha, apresentação, desenho e, dentre eles, a criação de formulários, muito utilizado em pesquisas, mas que antes desta ferramenta, eram produzidas em papel. O ambiente ainda permite realizar upload e download de diversos formatos de arquivos, organizar os diretórios, compartilhar documentos/diretórios e sincronizar os documentos com dispositivos móveis. A seguir, será apresentado como resultado dessa pesquisa a utilização do Google Drive como coletas, tabulações e estéticas de dados utilizando a ferramenta SpreadSheet - Formulário. Após acessar o ambiente através do endereço eletrônico drive.google.com e realizar o login, será apresentado ao usuário uma interface amigável, de fácil usabilidade e navegação. Para criar um documento novo de formulário, basta clicar no botão "Criar" localizado no lado esquerdo superior da tela e selecionar a opção Formulário.

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Empresa Norte-Americana que disponibiliza diversos serviços web. www.google.com.br

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Figura 01 - Criar novo documento Formulário Fonte: Google Em seguida, o ambiente apresentará uma mensagem de boas vindas, quando for a primeira vez que for utilizada, e será apresentada as principais funcionalidades da ferramenta, dentre elas, destacam-se em forma de manual eletrônico as opções: 1. Crie - Crie formulários rapidamente com atalhos do teclado e alterações salvas automaticamente; 2. Compartilhe Construa formulários com outras pessoas em tempo real; 3. Envie - Convide participantes para responder por e-mail ou por redes sociais; 4 Análise - Envie as respostas para uma planilha para realizar análises detalhadas.

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Figura 02 - Tela de boas vindas Fonte: Google A tela para construção de formulários web se torna fácil de utilizar, seu ambiente possui características de menus similares a outras ferramentas de pacote Office. Todas as inserções e alterações de dados são salvas automaticamente e ficam armazenadas na estrutura da conta do usuário do Google Drive.

Figura 03 - Visão geral da ferramenta formulário Fonte: Google Durante a construção do formulário, se faz necessário definir e preencher os campos “título do formulário” e a “descrição” do mesmo. Uma vez definido o título, se torna fácil localizar o documento para visualização ou alteração do mesmo na estrutura do Google Drive. Já o campo “descrição”, pode ser utilizado, por exemplo, como uma espécie de “carta ao

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar respondente” de sua pesquisa. Dessa forma, pode-se escrever sob a pretensão e objetivos da pesquisa. Na construção dos campos de perguntas, a ferramenta permite elaborar e utilizar diferentes tipos de componentes, esses por sua vez, refletem diretamente na forma como as perguntas são disponibilizadas para o usuário final. Ao construir uma pergunta, podem-se utilizar os campos: “texto”; “texto parágrafo”; “múltipla escolha”; “caixa de seleção”; “escolha de uma lista”; “escala”; “grade”. Outro fato importante é a possibilidade de definir as perguntas como “campo obrigatório”, assim o respondente somente consegue avançar ou concluir o questionário se responder todas as perguntas de cunho obrigatório destacados com um asterisco na cor vermelha. A ordem sequencial das perguntas também pode ser alterada a qualquer momento de edição, basta somente arrastá-las e posicioná-las na ordem correta. A qualquer momento pode-se editar qualquer pergunta ou mesmo excluí-las.

Figura 04 - Escolha do tipo de pergunta a ser construída Fonte: Google A pergunta deve ser elaborada utilizando o campo “Título” da pergunta. Além disso, é possível descrever um texto auxiliar para maiores esclarecimentos ou para facilitar o entendimento da pergunta no campo “Texto de ajuda”. As perguntas construídas utilizando o tipo “Texto” permite que o respondente preencha o campo livremente utilizando um pequeno espaço de área para resposta. Este campo é ideal para utilizar como item de identificação, desta forma, o pesquisador pode-se

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar solicitar o e-mail do respondente para retornar os resultados obtidos com a pesquisa. A pergunta pode se tornar campo obrigatório ao marcar a opção “Pergunta obrigatória”.

Figura 05 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto Fonte: Google Perguntas elaboradas utilizando o campo “Texto parágrafo” são ideais para respostas abertas, em que serão considerados relatos ou experiências do respondente. Tanto a pergunta “Texto” quanto “Texto parágrafo” não geram gráficos e estéticas, pois não trabalham com dados quantificáveis.

Figura 06 - Elaboração de pergunta utilizando campo Texto parágrafo Fonte: Google A elaboração de perguntas utilizando o campo “Múltipla escolha” permite ao respondente marcar somente uma opção como resposta. Já ao pesquisador, este pode adicionar quantas opções achar necessária. O campo pode ser utilizado, por exemplo, com perguntas do tipo: "Qual seu sexo", "Qual a faixa etária que pertence" ou "Quantas horas diárias você dedica à pesquisa".

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Figura 07 - Elaboração de pergunta utilizando campo Múltipla escolha Fonte: Google A construção de uma pergunta do tipo “Caixa de Seleção” permite ao respondente marcar mais de uma opção como resposta, porém, o resultado em percentual ultrapassa o totalizador de 100% devido ao fato de que vários usuários podem marcar várias opções como resposta. O tipo de pergunta se torna ideal do tipo: "Quais os tipos de pesquisas que costuma realizar?" tendo como opções de respostas "Bibliografia Histórica Documental Descritiva Experimental". O pesquisador pode adicionar, editar ou excluir quantas opções achar necessárias.

Figura 08 - Elaboração de pergunta utilizando campo Caixa de seleção Fonte: Google

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A opção “escolha” de uma lista permite ao respondente marcar somente uma opção como resposta. A mesma apresenta valores preenchidos pelo pesquisador e se torna ideal quanto o quantitativo de opções para resposta é muito grande. Por exemplo: "Em qual estado brasileiro reside? ".

Figura 09 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escolha de uma lista Fonte: Google O tipo de pergunta “Escala” permite ao pesquisador adicionar opções de intervalos, notas ou escalas para determinado tipo de pergunta na qual o respondente pode variar sua resposta de acordo com um conceito pré-estabelecido. Exemplificando, "O que acha do artigo?", variando uma escala de 1 a 5, sendo 1 para bom e 5 para excelente.

Figura 10 - Elaboração de pergunta utilizando campo Escala Fonte: Google

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Já a elaboração de questionários utilizando o tipo de pergunta “Grade”, possibilita o respondente marcar várias opções de respostas fazendo um cruzamento entre linhas e colunas disponibilizadas pelo pesquisador. Por exemplo: "Quantos artigos foram publicados no ano de 2010: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10; 2011: ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10; 2012 ( ) menos de 5 ( ) menos de 10 ( ) acima de 10?

Figura 11 - Elaboração de pergunta utilizando campo Grade Fonte: Google O formulário permite ao pesquisador adicionar quantas perguntas forem necessárias, independente do tipo. À medida que tal necessidade apareça, basta clicar no botão “adicionar novo item”.

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Figura 12 - Adicionar um novo item Fonte: Google Além disso, para que determinado questionário não fique extenso, pode ser inserida quebra de páginas por determinado assunto, por exemplo. Para cada sessão do formulário, o pesquisador pode preencher um novo cabeçalho identificando aquela sessão. Por fim, se faz necessário preencher uma página de confirmação em que o respondente visualizará a mensagem ao completar a pesquisa. Neste momento, o pesquisador pode ativar ou desativar três caixas: “Mostrar link para enviar outra resposta”; “Publicar e mostrar um link para os resultados deste formulário”; “Permitir que os participantes editem as respostas após o envio”.

Figura 13 - Página de confirmação Fonte: Google

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A todo o momento no processo de construção ou edição do formulário, o pesquisador pode visualizar como o formulário ficará disponível na Web. Para isso, basta clicar na opção de menu “Visualizar” > “Formulário publicado”. Mediante ao término da construção ou edição do formulário de pesquisa, utilizando o serviço Google Drive, pode-se realizar a divulgação do questionário nas Redes Sociais Digitais Google+, Facebook e ou Twitter ou através do serviço de correio eletrônico Gmail para que os respondentes possam participar. Desta forma, o pesquisador deve clicar no botão destacado ao final do formulário chamado “Enviar formulário”.7

Figura 14 - Configurações de compartilhamento Fonte: Google Consequentemente, após o prazo de aplicação do formulário de pesquisa científica determinado pelo pesquisador, o mesmo pode acessar, mesmo antes do término, o resumo das respostas. Este apresenta um resumo de todas as respostas separadas pelas perguntas que é visualizado em forma de dados, gráficos e estatísticos em porcentagens. Para isso, basta clicar no menu “Respostas” > “Resumo das respostas”. A modalidade de gráfico de pizza apresenta os resultados em forma de imagem, juntamente com as respostas e a respectiva qualidade de opções marcadas pelos respondentes. Além disso, apresenta o percentual de cada resposta. Este gráfico é utilizado no tipo de pergunta de Múltipla escolha. 7

Formulário utilizado para produção desse artigo científico está disponível <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZp6p5xWw/edit?usp=sharing >

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através

do

link:


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

Figura 15 - Gráfico Pizza Fonte: Google Os resultados apresentados utilizando “Caixas de seleção” apresentam os resultados utilizando gráfico de linhas, tais como as opções e quantidades de respostas, além do percentual.

Figura 16 - Gráfico de Linhas Fonte: Google Já a apresentação dos resultados em colunas, são exibidos para perguntas do tipo “Escolha de lista” que apresentam como dados a quantidade de opções marcadas e o percentual. 8

8

Para visualizar todas as respostas do exemplo deste artigo, acesse o link: <https://docs.google.com/forms/d/1x76q7F3iQtW7LNwqz4BvvFFwrlJe01ZSqHZ-p6p5xWw/viewanalytics>

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Figura 17 - Gráfico de Colunas Fonte: Google Para o pesquisador fazer cruzamento de dados, o mesmo ainda pode ter acesso a uma planilha com todos os dados cadastrados e fazer os cálculos estatísticos de forma manual. Para isso, o proprietário do formulário deve clicar no menu “Respostas > Ver respostas”.

Figura 18 - Planilha de Coleta de Dados – Respostas Fonte: Google

5. DISCUSSÃO Dentre os tipos e características apresentados sobre pesquisas, quanto aos meios e aos fins, abordados pela autora Michel (2009), especificada no capítulo dois, e quanto às características de pesquisas quantitativas apresentadas no capítulo três, realizou-se a descrição do ambiente Google Drive e a ferramenta Formulários, no qual percebeu que todos as

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar ferramentas desse meio tecnológico podem ser utilizadas na construção de um instrumento de coleta de dados, além de auxiliar no tratamento dos dados pelo pesquisador. Destaca-se que, mesmo sendo um meio tecnológico que possibilita obtenção de dados numéricos para uma pesquisa quantitativa, quando a pesquisa possui características Bibliográficas, sugere-se o uso da ferramenta “Formulários” com perguntas abertas utilizando “Texto Parágrafo”. Mesmo que não haja dados numerais para estatísticas e não atenda as especificações de uma Pesquisa Quantitativa, as informações registradas ou mesmo relatas contribuem para uma pesquisa científica. Referente à Pesquisa Teórica, que busca discutir teorias existentes, pode-se desenvolver um formulário utilizando os campos Caixa de Seleção, por exemplo, para comparação de autores; Múltiplas Caixas para dados estipulados; Perguntas abertas para coleta de opiniões. Por fim, a ferramenta Escala também se adéqua a esse tipo de pesquisa, podendo realizar uma pesquisa de grau de escala ou por determinada preferência. A Pesquisa Prática ou Experimental, que envolve testes práticos com base nas teorias estudadas, pode ser utilizada como ambiente de registro das informações ou resultados parciais/finais de um grupo específico que esteja participando direta ou indiretamente da pesquisa. Todas as funcionalidades da ferramenta Formulários podem ser utilizadas nessa pesquisa. Já a Pesquisa de Campo, que tem como objetivo observar e criticar a vida real com base nas teorias abordadas se limita ao meio externo, sendo um pouco inviável a utilização de um ambiente virtual. Porém, a pesquisa pode ser elaborada no Google Drive, posteriormente impressa e levada para campo. Após coleta de dados manual, os mesmos podem ser cadastrados pelo pesquisador no ambiente, possibilitando assim, todos os benefícios como geração de gráficos e percentuais. Caso contrário, a pesquisa também pode ir a campo utilizando recursos tecnológicos como notebook's, tablet's ou celulares com acesso à internet para recolhimento de dados. A Pesquisa Empírica, que manipula dados e fatos concretos em sua essência, trabalha resultados quantitativos. Sugeri-se a criação de perguntas com características fechadas. Dessa forma, os campos “Grade”, “Escala”, “Escolha de Lista” e “Múltiplas Caixas” são as opções ideais, pois, além da coleta de dados, apresenta resultados gráficos e estatísticos.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar De acordo com a Pesquisa-Ação, por tratar em uma ação para resolução de problemas coletivos, as ferramentas de cunho fechado serão as mais ideais para alcançar determinado objetivo. De acordo com os conceitos apresentados sobre Pesquisa Básica, voltada para descoberta de fenômenos naturais e físicos; Pesquisa Aplicada, que utiliza dos dados da Pesquisa Básica a fim de transformar conhecimento em melhoria na qualidade de vida da humanidade; Pesquisa de Inovação Tecnológica que utiliza conhecimentos resultantes das pesquisas básicas e aplicada para interesses tecnológicos e a Pesquisa Descritiva, que propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, possibilita utilizar todas as ferramentas disponibilizadas na ferramenta Formulário do ambiente Google Drive. Independentemente do tipo de pesquisa a ser realizado utilizando as TICs como o ambiente Google Drive, especificamente a ferramenta Formulário, estatísticas e dados armazenados estarão disponíveis a qualquer momento para os pesquisadores. Todos os campos e funcionalidades podem ser utilizados, desde perguntas abertas para coleta de relatos ou perguntas fechadas utilizando diferentes opções para determinada coleta de dados. Com base nos conceitos teóricos abordados sobre Metodologia da Pesquisa Científica, percebe-se um vasto número e diferentes tipos e estruturas de pesquisas, possibilitando assim, ao pesquisador, encontrar a melhor solução sobre qual modelo de pesquisa irá utilizar para solução de determinado problema abordado na metodologia. A resolução PJR/JL - Resolução CFE nº 05/83 – de 10/03/83, segue como marco incentivador para que as Instituições de Ensino Superior, especificamente pós-graduação Stricto sensu atendendo às exigências do MEC - Ministério da Educação para o devido funcionamento e credenciamento de cursos, venham a produzir mais e mais pesquisas científicas, ampliando o potencial de produção como o conhecimento sobre um objeto de estudo, seja ele de qual área do conhecimento for. Sobre a Pesquisa Quantitativa, constatou-se que refere-se a uma pesquisa em que o objetivo é quantificar dados. Dessa forma, informações podem ser traduzidas em números nos quais para obter resultados consideráveis e cruzamento de informações, faz-se necessário ao pesquisador. Como característica dessa modalidade de pesquisa, destaca-se a necessidade de conhecimento sobre estatística e de algumas de suas subdivisões, por exemplo: percentual, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação e análise de regressão para a tabulação de dados coletados. Tais dados coletados permitem ao pesquisador verificar a ocorrência ou não da hipótese da pesquisa.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar O ambiente Google Drive, utilizando a ferramenta “Formulário”, possibilita ao pesquisador realizar coletas de dados de forma ágil, eficiente e fácil, quebrando assim, paradigmas de tempo, espaço geográfico, mão de obra e reduzindo ao mínimo taxa de erros ao se tratar de Pesquisa Quantitativa. Cabe ao pesquisador elaborar um questionário com perguntas fechadas e de bom entendimento para o pesquisado. Além dos benefícios citados, a ferramenta “Formulário” permite ao pesquisador em uma interface amigável e sem muitos esforços, ter acesso aos dados, gráficos e percentuais que são gerados de forma automática, sem necessariamente ter que realizar os gráficos e porcentagens de forma manual, agilizando assim o processo de pesquisa. A qualquer momento, mesmo durante a pesquisa, o pesquisador pode acompanhar os resultados tendo acesso aos dados, gráficos e percentuais de cada pergunta. Em contra partida, pontos negativos também podem ser apresentados na utilização da ferramenta “Formulário”, por exemplo, se a amostragem da pesquisa envolver pessoas que não possuem acesso à internet ou mesmo conhecimento para operacionar um dispositivo tecnológico. Dessa forma, cabe ao pesquisador realizar um trabalho manual, desde a coleta de dados por meio de formulários impressos até ao cadastro fidedigno dos dados, para assim, posteriormente ter acesso aos gráficos e percentuais. De fato, o uso da ferramenta “Formulário” possibilita ao pesquisador, dentre seus objetivos e metodologia planejada, coletar, tabular, gerar estatísticas e gráficos de forma ágil e eficiente na elaboração de artigos científicos. Especificamente, quando utilizada a metodologia baseada em Pesquisas Quantitativas, resulta-se em um aproveitamento maior que os outros tipos de pesquisas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Resolução CFE nº 05/83. Fixa normas de funcionamento e credenciamento dos cursos de pós-graduação stricto sensu. Brasília, 1983. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994. KAUARK, Fabiana Silva da; MANHÃES, Fernanda Castro. SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. Metodologia da Pesquisa. Um Guia Prático. Edição 1, Itabuna - BA, Via Litterarum Editora, 2010, 100p. MARQUES, Mario Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 3 ed. Unijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000. MAZZOTTI, Alda Judith Alves; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. São Paulo: Pioneira Thomson Leaning, 1999. MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: Métodos e Técnicas. 3 ed. 11 reimpr. São Paulo: Atlas, 2010. SERAPIONI, Mauro. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em saúde: algumas estratégias para a integração. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2000, vol.5, n.1, pp. 187-192. ISSN 1413-8123. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7089 .pdf >. Acesso em: 24 abr. 2013. /

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TULO

CAPÍ

04

PAISAGEM, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

PAISAGEM,

MEMÓRIA

E

IDENTIDADE:

AS

CASAS

DOS

IMIGRANTES JAPONESES COMO SÍMBOLO DO LUGAR E DE REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE REGISTRO-SP Alessandro Aoki Há pouco mais de cem anos atrás, um novo contingente étnico pisava no território brasileiro, cujos traços físicos e costumes divergiam radicalmente, assim era a raça japonesa. No ano de 2008, completou cem anos de imigração japonesa no Brasil e várias festividades foram realizadas para comemorar essa passagem, que carrega uma bagagem contendo uma infinidade de acontecimentos históricos, marcados pela organização, disciplina e trabalho. A saga do imigrante japonês no Brasil irá ganhar maior destaque no cenário das colonizações, que ocorreram alguns anos após o fracasso das primeiras imigrações. Com a colonização, os imigrantes ganharam suporte da companhia de terras japonesa, que foram responsáveis pela organização e fornecimento de infraestrutura necessária para que o imigrante se fixasse na nova terra. O palco dessa colonização foi a região do vale do Ribeira, localizado a sudeste do estado de São Paulo, que recebeu os primeiros imigrantes japoneses. Foi o ponto de partida para a disseminação e criação de uma identidade brasileira. Essa distribuição da população japonesa pelo território contribuiu com o passar dos anos para que novos elementos culturais fossem introduzidos e passados por gerações por intermédio dos descendentes. Esse fato imprimiu uma paisagem cultural à luz da permanência e das atividades desenvolvidas ao longo de um século. A paisagem resulta dessa interação do imigrante japonês com o seu habitat, que além de tudo é também representativo, pois contém elementos marcantes que remetem aos acontecimentos passados e refletem a atual configuração espacial. Visando as questões relacionadas com a representação cultural por meio de um contingente de imigrantes japoneses é que se propõe o presente trabalho, buscando uma análise reflexiva sobre a construção identitária ao longo dos anos que foi responsável por criar um conjunto de valores expressos por meio das experiências vivenciadas por esses. Para isso, resgatamos as antigas casas dos japoneses como meio de expressar as relações que esse grupo

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar tem com o lugar em que vive e constitui um habitat carregado de representações no espaço e tempo. 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: DO LUGAR À CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL É por meio dos princípios que norteiam o conceito de lugar nos estudos geográficos, que se tem um conjunto de relações que envolvem os laços afetivos, sentimentais, ou seja, as vivências desse grupo de imigrantes determinarão um conjunto de valores e significados únicos. É dessa dimensão de lugar que os indivíduos se familiarizam, pois seu significado remete ao pertencer, tem todo um significado pessoal e entre pessoas, sejam elas vizinhas, familiares, ou mesmo uma sociedade. Sobre o aspecto do lugar como espaço de significados é que Mendes (2008, p.140) faz a seguinte colocação: O lugar é um produto das relações humanas e entre o ser humano e a natureza, construído por relações sociais que se realizam no plano vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e sentidos que são produzidos pela história e pela cultura de uma dada sociedade, constituindo identidade, uma vez que é nesse espaço onde o homem se reconhece porque é o lugar da vida. O pertencer ou fazer parte de algum lugar possui valores expressados por meio de símbolos representados em abstrações, exaltando assim o sentimento, e a outros grupos, que a partir do aspecto visual reconhecem diferentes culturas. Ainda que no plano fenomenológico os símbolos sejam uma forma de expressar sentimentos, valores pessoais, ou em grupo num dado lugar, são também representações passíveis de visualização, pois podem ser percebidos aos olhares de qualquer pessoa. Por exemplo, quando avistamos uma cerimônia de um grupo religioso, ou mesmo o estilo arquitetônico das casas voltado à etnia oriental, subentendendo as origens, são representações

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar de suma importância, pois adquirem valores maiores que o material, torna-se sentimental transcendendo os sentidos. Tuan (1980) assinala a importância dos sentidos na percepção para o reconhecimento dos elementos constituintes do meio ambiente, valorizando a visão como sentido mais importante para o homem uma vez que permite maiores detalhes do foco em vista. Dos

cinco

sentidos

tradicionais,

o

homem

depende

mais

conscientemente da visão do que dos demais sentidos para progredir no mundo. Ele é predominantemente um animal visual. Um mundo mais amplo se abre e muito mais informação, que é espacialmente detalhada e específica, chega até ele através dos olhos, do que através dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato. A maioria das pessoas, provavelmente considera a visão como sua faculdade mais valiosa e preferiria perder uma perna ou tornar-se surda ou muda a sacrificar a visão (TUAN, 1980, p.7). Seja visual ou subjetiva a construção do lugar, o importante é que os valores são expressos pelo conjunto de atividades de certo grupo de indivíduos que ao longo do tempo conseguem transmitir toda a experiência acumulada às próximas gerações, e consequentemente as marcas deixadas continuam e as que estão sendo construídas tornam-se complementares, dando um sentido de produção e reprodução espacial. O lugar torna-se uma representação espacial de um grupo por meio do modo de vida que exerce, construindo uma rede de relações com o meio ambiente, envolvendo a sociedade e natureza. Desta interação é que se resulta a paisagem, contendo uma infinidade de traços num determinado espaço, e que o tempo é responsável pelas transformações do ambiente. Quando se fala em paisagem, não limitamos apenas as características visíveis, mas também as perceptíveis, pois os elementos que os constituem possuem representações além do campo material, que muitas vezes são reconhecidos apenas pelos grupos que têm relação direta com esse meio. O que seriam essas características visíveis numa paisagem? Para a Geografia, partindo da individualidade dos objetos observados, podem ser considerados os elementos naturais,

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar como o solo, o clima, a vegetação predominante, o tipo de rocha. E também os fatores que representam as atividades humanas, como o trabalho, a economia, a política etc. E quais seriam as características perceptivas? Podem ser considerados os modos de vida de diferentes grupos sociais, o que envolve os aspectos culturais, como a religião, as tradições, as cerimônias festivas, as técnicas empregadas no trabalho etc. Contudo, são imagens que acarretam valores para quem está envolvido nesse meio, para o observador, muitas vezes, não há tal importância, pois lhe falta a experiência da vivência. Portanto, para analisar a paisagem total é necessário fazer as correlações dos diferentes elementos que a compõe, pois há elementos contidos que são decisivos para diferenciar de outras paisagens, uma vez que muitas características podem ser comuns a outras. Para isso partimos do pressuposto das imigrações japonesas no Brasil como fator constitutivo de relações sociais de um grupo étnico que se consolidou à luz da organização do trabalho, e que imprimiu com o passar dos anos uma paisagem tipicamente oriental na região do vale do Ribeira, sudeste do estado de São Paulo. 3. O PROCESSO MIGRATÓRIO: A SAGA DOS JAPONESES EM TERRAS BRASILEIRAS O ponto de partida para a entrada dos nipônicos ao Brasil estava num acordo assumido entre os dois países, sendo que o Brasil assumiria toda a despesa de viagem, em contrapartida os imigrantes japoneses teriam que cumprir um contrato de trabalho nas fazendas. Esta situação é ilustrada com detalhes por Sakurai (2000, p.208), afirmando que: Para dar início oficial à imigração japonesa para o Brasil, acerta-se que o governo brasileiro pagaria a passagem de terceira classe em navios que partem do porto de Kobe para o de Santos, em São Paulo. As despesas de viagem são repassadas aos fazendeiros que depois as deduzem do pagamento dos trabalhadores. O acordo inclui ainda as condições para a imigração de japoneses: a vinda de famílias com pelo menos três pessoas aptas para o trabalho, não importa o sexo e a idade, e o contrato como colono numa fazenda de café pelo período de dois anos. É uma relação de trabalho assalariado, com a

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar particularidade do colonato paulista da época do café, que permite o cultivo de culturas intercalares como as do milho e feijão, cujo excedente pode ser comercializado pelo imigrante. O destino das famílias japonesas já estava estabelecido antes da saída do Japão: é uma agricultura no interior do estado de São Paulo. Há de se ressaltar que antes de se realizar a viagem para o Brasil, havia alguns problemas, tais como das despesas do navio, apesar de serem reembolsadas posteriormente pelo governo brasileiro, e outra, pela dificuldade de encontrar pessoas dispostas a emigrar. A companhia imperial de emigração e imigração, a chamada Koukoku Shokumin Gaisha, uma empresa a serviço do governo japonês, foi a responsável pelos acordos com o governo brasileiro, se comprometendo com o envio dos futuros trabalhadores na lavoura do café. Apesar de todos os trâmites já estarem acertados entre os dois países, a companhia imperial de emigração e imigração, liderada pelo então presidente Ryu Mizuno, enfrentou dificuldades para emigrar. Estava difícil recrutar famílias dispostas a se aventurarem em terras desconhecidas e a única solução foi fazer arranjos entre familiares ou parentescos distantes, pois já não havia mais tempo, devido à data já estabelecida. Segundo Dezem (2006, p.6): A dificuldade das companhias de emigração em arregimentar famílias legítimas, levou a formação de “famílias compostas”, formadas na maior parte das vezes por elementos que não possuíam laços consangüíneos; muitas famílias possuíam grau de parentesco distante ou agregados. Outra situação ocorreu em relação à liberação do navio Kasato Maru, que só poderia embarcar mediante o pagamento em dinheiro no valor de 100 mil ienes para a seção de emigração do ministério das relações exteriores. Esse fato gerou a insatisfação de muitos japoneses já prontos para seguir viagem, o que causou mais preocupação para a companhia. Mizuno não conseguiu de imediato adquirir o valor integral, porém obteve êxito em seu ideal, pois adquiriram, por meio do empréstimo da viúva do Barão japonês, a metade do

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar valor exigido (50 mil ienes), o qual foi somado aos 30 mil ienes retirados do cofre que estava no navio, dinheiro que eram dos emigrantes, que foi solicitado por motivos de urgência. Somente, então, em abril de 1908, Mizuno consegue a liberação do navio com o pagamento de 80 mil ienes, que foi conseguido graças à interferência e cooperação do então deputado japonês Doi, que tornou possível a viagem que se deu pelo embarque no Porto de Kobe, com 11 dias de atraso, partindo no dia 28 de abril de 1908, e chegando ao Porto de Santos em 18 de junho de 1908, conforme ilustra a figura a seguir.

Figura 1- Rota da Viagem Fonte: <http://images.google.com.br>

As famílias que compunham a tripulação eram oriundas de diferentes regiões do Japão, e o maior contingente eram os pertencentes à ilha de Okinawa, ao Sul do país, conforme o quadro 1.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar N° Pessoas

Províncias de Origem

324

Okinawa

172

Kagoshima

78

Kumamoto

42

Hiroshima

30

Yamaguchi

21

Aichi

14

Kochi

10

Miyaqi

09

Niigata

03

Tóquio

78

Não divulgados

Total - 781 Quadro 1- número de imigrantes e seus respectivos locais de origem Fonte: adaptado Rezende (1991) Contudo, a viagem teve uma longa duração passando pelos continentes Asiático e Africano até que chegasse ao Brasil, trazendo num total de 158 famílias, dentro do perfil exigido pelo governo brasileiro de no máximo três pessoas por família aptas para o trabalho. Essa exigência por parte do governo brasileiro já era anterior, remetia ao tempo das emigrações italianas. De acordo com Sakurai (2000, p.208): A exigência da imigração familiar é decorrência da experiência anterior com os imigrantes italianos, vindos também para os cafezais de São Paulo. As fugas das fazendas e, portanto o não cumprimento do contrato significa prejuízos para os fazendeiros, que querem evitar a repetição da experiência com os italianos. A imigração em família é entendida por eles como um fator de retenção e de não abandono do contrato.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Apesar dos fazendeiros paulistas crerem que essa nova modalidade de imigração, por meio da convocação por famílias, os prenderia ao trabalho, estava equivocado, pois como já dito anteriormente, para o governo japonês sua população iria ser seu representante no exterior, o que leva consequentemente a acreditar que sua emigração ao Brasil faria desse um morador permanente. Porém, a ideia do imigrante era de regressar a sua terra natal com a economia que poderiam fazer ao longo dos anos com as atividades que viessem a exercer no Brasil. Resumidamente, aconteceu que antes mesmo de embarcarem a bordo do Kasato Maru, os japoneses firmaram acordo com a empresa imperial de emigração e imigração, no qual previa um contrato de seis meses. Contudo, ao chegar ao Brasil, havia outro contrato estabelecendo sua permanência na lavoura de café em troca da amortização das despesas de viagem. Porém, toda a economia dos imigrantes estava depositada na companhia japonesa de imigração, que por sua vez custeou a viagem. É nesse momento que gera preocupações por parte dos japoneses, pois a empresa estava falida, e esses valores depositados serviriam para o sustento no período inicial do trabalho. Enfim, os valores não foram repassados pela companhia segundo a afirmação de Mizuno, responsável pela embarcação. Os imigrantes perceberam que foram enganados pela companhia japonesa, situação que gerou inquietações e revoltas, e até suicídio de uma pessoa durante a viagem. Portanto, uma vez já em terras brasileiras não podiam mais regressar, o caminho foi dirigirem-se às fazendas, onde deu início ao trabalho nos cafezais. Não só o fato já citado foi um impacto aos imigrantes, pois ainda tinham que viver numa terra de adversidades, tanto no meio físico como no meio humano. Para Sakurai (2000, p.210), As reações dos japoneses perante o Brasil é de total estranhamento a tudo que os rodeia. O clima, a língua, a alimentação e, sobretudo, as condições de trabalho provocam nesses imigrantes uma desilusão, especialmente sobre o sonho de retorno. Essas hostilidades levaram a não assimilação, trazendo problemas em adaptar-se ao território brasileiro, a esse fato uma série de consequências negativas viriam fazendo com que cada vez mais o imigrante japonês ficasse isolado pelo preconceito, sentindo-se inferior.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Para a grande maioria, esse sentimento gera um estado de profunda angústia. A predisposição desses imigrantes de abrir mão daquilo que consideravam importante no Japão, não significava que estivessem a salvo de uma angustiante depressão, provocada por uma série de fatores, a cada confronto com a sociedade receptora. Seria o caso de certas restrições quanto à naturalização e aquisição de cidadania, da escolha ocupacional, diferenças e obstáculos provenientes de sua língua, suas religiões, seu modus-vivendi, isso sem mencionar os chamados movimentos antijaponeses (TSUKAMOTO, 1973, p.25). A mentalidade do imigrante, assim como foi em outros países que se deslocaram, era de retorno assim que conseguisse cumprir seu objetivo de juntar um valor considerável, objetivo esse que era diferente aos propósitos da companhia e do governo japonês, que era de colonizar construindo um habitat permanente. Diante da realidade contrária, teriam que conviver com todo o problema da falta de dinheiro e o preconceito por serem apenas substitutos dos europeus, teriam que ficar nas mãos dos fazendeiros, esses por sua vez, cientes da situação, fariam de tudo para mantê-los o máximo possível no trabalho. Assim, as condições de trabalho nas fazendas de café não permitiram a poupança que se esperava na chegada (SAKURAI, 2000, p.211). E isso foi cada vez mais frustrando os imigrantes, que culminou em revoltas e muitos fugiram das fazendas, pois suas dívidas nunca eram quitadas apesar de todo o empenho no trabalho, sendo considerado um modelo de imigrante (MARTINS, 1973, p.27). Contudo, a imigração de 1908 foi carregada de muitos erros de ambos os países, o Japão, por ter confiado a imigração a uma companhia falida e sem estrutura organizacional, e do outro, o Brasil, que não estava preparado para receber imigrantes tão diferentes em todos os sentidos: físico e cultural, que acabou gerando preconceitos, pois eram mal vistos pelas elites, sendo apenas um recurso de mão de obra em substituição aos europeus, esses que eram preferidos devido à política de branqueamento da população. Enfim, aliado às condições precárias que passavam nas fazendas, e às dificuldades impostas pelos fazendeiros quanto ao salário, fizeram com que os nipônicos se evadissem do trabalho, se dispersando por outras regiões. Foram resultados negativos para os dois países que só retomaram as imigrações dois anos depois em 1910.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Uma nova imigração ocorrerá sob a tutela de uma empresa, a qual será fiscalizada pelo governo japonês, nos moldes de colonização para povoamento, que será o primeiro passo para a formação da identidade cultural japonesa no Brasil, que diferente dos tempos de imigração, os japoneses mudarão sua mentalidade, deixarão de pensar em retornar ao Japão. 3. O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE JAPONESA EM REGISTRO A colonização foi uma nova alternativa do governo japonês em povoar as terras brasileiras, após o fracasso com as primeiras imigrações que deixaram uma má impressão para os fazendeiros de café. Novamente é realizado um acordo entre os dois países, fato que foi favorecido porque na época ocorria a Primeira Guerra Mundial e envolvia a Itália, um país que o Brasil tinha preferência pelos imigrantes devido à política de branqueamento da população. Essa nova etapa do movimento migratório japonês ao Brasil teve como lugar escolhido a região do Vale do Ribeira, pouco povoada que oferecia condições naturais para se concretizar os planos do governo japonês e assim dar início ao povoamento que já vinha almejando há anos. O núcleo de colonização em Registro surge em 1914, com a concessão de mais porções de terras pelo município de Iguape, no qual se instalou algumas poucas famílias, ainda em fase de estruturação. Seis anos mais tarde, em 1918, foi criada a K.K.K.K. (Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha) Companhia Ultramarina de Empreendimentos S.A., filial da Companhia Imperial, que passou a ser responsável direta pela colonização da região. Nascia, assim, a experiência da colonização nipônica na região, que diferia totalmente das experiências anteriores, na

medida

em

que

surgiu

com

apoio

governamental

e,

fundamentalmente, sob a coordenação de uma organização poderosa como a Companhia Imperial (BRAGA, 1999, p.64). A K.K.K.K. escolheu Registro como sua sede administrativa, pois estrategicamente o local oferecia condições naturais favoráveis para a navegação através do leito fluvial do rio

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Ribeira de Iguape. Dessa forma, construíram um Porto Fluvial e um conjunto de Galpões, no qual incluía a maior fábrica de beneficiamento de arroz da América Latina (HANDA, 1987, p.346). Segue a figura ilustrando a chegada de embarcações ao Porto fluvial do K.K.K.K. em Registro por volta de 1920.

Foto 1- Porto Fluvial de Registro Fonte: Álbum Colônia Iguape, 1933 A função que a Companhia assumiu limitava-se a organizar todo um amparo às famílias recém-chegadas e às já assentadas, fornecendo desde loteamentos rurais, assistência médica e profissional, até a comercialização da produção gerada pelas famílias que se destinavam ao trabalho na lavoura. A Kaigai orientou a colonização de forma mais completa possível. Além de responsável pelo loteamento das terras, introduziu famílias de agricultores e promoveu a distribuição de lotes por venda. Prestou assistência contínua aos colonos nos primeiros anos de sua estada na região, preocupando-se para que encontrassem condições de trabalho satisfatórias no novo ambiente e, também, para que a eventual

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar produção das colônias pudesse encontrar escoamento e mercados (PETRONE, 1966, p.156). Além dessas medidas estruturais citadas acima, tomadas pela empresa, outras mais serão realizadas, como abertura de caminhos vicinais, ligando as colônias e as estradas que interligariam cidades entre outras. Numa região despovoada como o vale do Ribeira, onde se localizam essas colônias, a presença dos japoneses se fez notar por benfeitorias, como estradas de rodagem, construídas com recursos e sob a responsabilidade da companhia. A mais importante, de 34 quilômetros de extensão, liga Registro a Juquiá, sem contar as estradas entre as colônias e o porto de Registro. Como se pode perceber, esse núcleo colonial é organizado de forma a tirar o máximo proveito dos recursos humanos e ambientais, com o claro objetivo de compatibilizar o espírito comunitário com o caráter de empreendimento empresarial com fins lucrativos (SAKURAI, 2000, p.224). Contudo, a organização da companhia foi de grande êxito, conseguiu fixar muitas famílias, dando início ao processo de povoamento tutelado na baixada do Ribeira, conforme previsto nos planos do governo japonês. O único caso em que se verificou formação de verdadeira comunidade é o caso das colônias japonesas, as mais homogêneas e melhor organizadas e orientadas. Tal fato se deve a organização da companhia ultramarina de Empreendimentos, o KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha), que em acordo com o governo Paulista, recebeu terras para que se iniciasse o processo de povoamento (PETRONE, 1966, p.114). De fato o plano da companhia deu certo, e assim o Brasil continuaria a receber novas imigrações, e seria em meados dos anos 1920 que iriam ocorrer os maiores fluxos de caráter permanente.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 5. REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DAS CASAS DOS IMIGRANTES JAPONESES A casa tem um valor memorável para a cultura japonesa, pois traz lembranças de um passado que foi construído por um pequeno contingente étnico que viria ao Brasil com intenções de permanecer provisoriamente, até que conseguisse a economia almejada para retornar. Esse objetivo temporário tornou-se permanente, e assim se deu início à constituição de uma nova identidade. A casa é também um lugar, pois existiu uma relação social firmado nos princípios de união e amizade, cuja organização do trabalho se fez nos moldes cooperativistas, beneficiando o grupo envolvido. Dessa forma, representou não só as relações sociais, mas também econômicas e políticas, pois as atividades desenvolvidas ao longo dos anos garantiram aos nipônicos um status de reconhecimento enquanto contingente étnico. Monbeig (1957, p.151) já frisava que o município de “Registro é a área onde mais notável se fez sentir a influência da colonização japonesa”. De fato toda a construção do município se deu sob a égide de um grupo liderado pelo governo japonês e a companhia de empreendimentos, que trouxeram os imigrantes que a partir daí deram início à jornada de vida que os levaria à formação de uma sólida identidade cultural. Esse lugar construído pelos japoneses refletiu o modo de vida que levara no país de origem, levando a reprodução do seu antigo lar e no novo, que seria para sempre sua moradia. Dessa forma, as experiências vividas na terra natal foram fundamentais para construir no Brasil um espelho das antigas condições de vida. Pode-se dizer que as antigas casas dos imigrantes possuem valores tanto visuais como subjetivos, pois quem observa logo percebe que os traços arquitetônicos remetem ao estilo oriental, e que as experiências de vida enquanto moradores dessas casas representaram um passado de dificuldades, trabalho, cooperação, sempre com muito esforço. Foram também palco das cerimônias religiosas ou mesmo comemorativas, ainda as reuniões de trabalho e as associações administrativas sempre estiveram ligadas à figura do habitat, sendo esse o centro de todas as relações sociais, numa espécie de comunidade fechada. O habitat é por excelência a essência de toda a construção cultural que se fez na cidade de Registro, pois a figura nipônica é o principal agente de produção espacial, e responsável pela paisagem humanizada. Segundo Petrone (1966, p. 163):

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Geograficamente tais fatos tiveram maior importância nas paisagens, especialmente na presença da casa, mas também na formação de um grupo etnicamente diferenciado do conjunto da população da Baixada, com bagagem social e material peculiar, em síntese constituindo um fato novo, com repercussões apreciáveis nos quadros geográficos da região com apreço.

Foto 2- Casa de imigrante japonês encontrada abandonada, sofrendo com a ação do tempo Fotografia: Alessandro Aoki (2008)

A foto 2 ilustra uma casa de imigrantes japoneses localizada na zona rural, como a grande maioria que ainda se encontra construída e inabitada, porque a maioria dessas casas já não existe por conta do abandono ou venda da propriedade. A foto 3 também retrata uma casa nos mesmos moldes da anterior, porém estava habitada e as características ainda se mantêm originais da época, com exceção da organização interna da casa que foi reformada, uma vez que o material utilizado era menos resistente.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Estes lugares representam uma volta às origens numa época que ainda as hostilidades físicas eram as maiores dificuldades para se construir e trabalhar.

Foto 3- Antiga casa reformada e habitada, mantendo as características originais Fotografia: Alessandro Aoki (2008) Essas casas são legítimas representações de um passado recente de formação de um território e de uma nova identidade em terras brasileiras, e que carrega consigo um conjunto de valores culturais de um grupo de japoneses instalados há quase cem anos em Registro. A imigração japonesa para o Brasil foi responsável pelo atual reconhecimento como contingente étnico que se radicou no país e formou uma das maiores colônias no município de Registro. E os resultados dessa permanência foram os legados culturais, representados por meio das antigas casas, que foram moldadas seguindo a arquitetura oriental, como uma forma de se sentir mais próximo à terra natal. É uma expressão cultural, uma vez que as relações humanas são realizadas num contexto de formação de uma paisagem humanizada, e que envolvem um determinado

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar contingente racial que passa a dominar um cenário repleto de hostilidades naturais, e que a necessidade de manutenção à vida levou a construírem um espaço que se tornaria anos mais tarde um lugar que representaria todo o grupo através do legado histórico deixado por meio das casas, que nos dias atuais, não têm sido valorizadas pelas gerações posteriores, o que pode caracterizar futuramente na perda da memória cultural.

6. REFERÊNCIAS ALBÚM Colônia Iguape: 1913-1933. BRAGA, Roberto. Raízes da questão Regional no Estado de São Paulo: Considerações sobre o Vale do Ribeira. Revista Geografia: Unesp, Rio Claro, vol.24(3): 43-68 Dezembro, 1999. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. No Rancho Fundo: espaços e tempos no mundo rural. Uberlândia-MG: Editora EDUFU, 2009. HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: História de sua vida no Brasil. São Paulo: Centro de Estudos Nipo–Brasileiros, 1987. MARTINS, José de Souza. A imigração e a crise no Brasil Agrário. São Paulo-SP: Editora São Paulo, 1973. MONBEIG, Pierre. Novos Estudos de Geografia Humana Brasileira. São Paulo-SP: Editora Difel,1957. PETRONE, Pasquale. A Baixada do Ribeira: Estudo de Geografia Humana. Boletim nº 14, São Paulo–SP. 1966. ROTA do Imigrante. Arquivo disponível em: <http//: www.imagesgoole.com>. capturado em: 15 jul. 2009. SAKURAI, Célia. Imigração Japonesa para o Brasil. Um exemplo de Imigração Tutelada – 1908-1941. In: XXII Encontro Nacional da ANPOCS. 22, 1998, Caxambu. Anais. CaxambuMG, 1998. p. 1-21. TSUKAMOTO, Ruth Youko. A Teicultura no Brasil: Subordinação e Dependência. 1994. 225f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de São Paulo: São Paulo-SP, 1994.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar TUAN, Yi-Fu. Topofilia: Um estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente. São Paulo-SP: Editora Difel, 1980.

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TULO

CAPÍ

05

PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE?


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

PROCESSO SOUS VIDE EM BATATAS E CHUCHUS, SERÁ ESTA UMA TÉCNICA QUE INFLUÊNCIA NO SHELF LIFE? Rosana de Fátima Capelo Valdirene F. Neves dos Santos

A história do Sous Vide iniciou-se na França na década de 1970, quando o chef Georges Pralaus descobriu que ao colocar o alimento em embalagens plásticas a vácuo e cozinhá-lo lentamente em temperatura precisamente determinada, poder-se-ia obter um produto com maior rendimento e um sabor infinitamente superior. Na metade da década de 1980, quando a alta gastronomia se tornou famosa nos serviços de bordo nos trens na França, chefs de cozinha mudaram seu foco para a qualidade, foi quando Bruno Goussault, também conhecido como um dos fundadores do Sous Vide refinou os parâmetros de cozimento e a relação entre tempo, temperatura e validade dos alimentos. Desde então, o Sous Vide tornou-se um método de cozimento celebrado pelos melhores chefs de Cozinha da Europa, os quais empregam esta técnica de cozimento em seus notáveis restaurantes (RHODEHAMEL, 1992). O processo Sous Vide consiste em um método profissional em que se emprega embalagem a vácuo com controle de temperatura designada pela característica individual de cada alimento que poderá ser desde carnes até massas. O alimento passa por um tratamento térmico comparável às condições da pasteurização, na qual ocorre um choque térmico. As temperaturas podem atingir 54°C a 72°C para o cozimento e 0°C a 2°C para o resfriamento, nesses dois processos tais temperaturas reduzem as formas vegetativas de bactérias patogênicas e o produto poderá ser conservado por 3 a 4 semanas e os benefícios para a produção são: minimização para o desperdício, redução da equipe de funcionários, serviço mais rápido, maior planejamento de produção. O resultado é um produto final com textura superior com boas qualidades organolépticas (RHODEHAMEL, 1992). Os métodos de produção de alimento dentro das indústrias, hotéis e catering evoluíram durante longo período na França. As cozinhas foram equipadas para atender à demanda dos cardápios, centralizando o sistema de produção da tecnologia avançada com a entrada do sistema Sous Vide (ADAMS, 1983).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Sabe-se que a técnica Sous Vide ainda é pouco disseminada no Brasil, todavia, pode ser encontrada em alguns restaurantes gastronômicos. A literatura descreve que os legumes pré-processados embalados sob vácuo, técnica comumente utilizada no Brasil, quando comparados com o método Sous Vide, este último otimiza o tempo de vida útil do produto “shelf life” (BETISY,1990). Considerando que algumas regiões brasileiras devido às condições climáticas desfavoráveis, carecem de certos tipos de legumes em alguns períodos do ano, logo a técnica Sous Vide parece viabilizar o consumo e o preço dos produtos às pessoas que residem nessas regiões. Uma vez que não foram encontrados trabalhos utilizando a técnica Sous Vide em batatas e chuchus pré-processados no Brasil, justificamos o presente trabalho. OBJETIVOS Objetivo Geral - Avaliar se a técnica Sous Vide aumenta o tempo de durabilidade de amostras de batatas e chuchus pré-processados, quando comparada com amostra de batatas e chuchus préprocessados embalados sob vácuo. Objetivo Específico - Avaliar a contagem microbiológica do produto mediante a técnica Sous Vide e compará-la com os pré-processados embalados sob vácuo. Analisar e comparar os valores microbiológicos padronizados pela legislação brasileira com os valores encontrados por meio da contagem microbiológica mediante a técnica Sous Vide. METODOLOGIA Delineamento do Estudo: Trata-se de um estudo descritivo de natureza transversal realizado em uma empresa de Hortifrúti de produtos processados na região metropolitana de São Paulo no ano de 2010, durante o período de janeiro a março, com enfoque no processo Sous Vide. O termo de consentimento livre e esclarecido foi obtido dos diretores responsáveis pela empresa de Hortifrúti de produtos processados.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Seleção das amostras Foram selecionados os legumes (batatas e chuchus) com boas características considerando: tamanho uniforme, cores vivas, para não comprometer a qualidade dos mesmos.

Critérios de Exclusão Os legumes que se apresentaram com características diferentes dos critérios estabelecidos foram excluídos da amostra os chuchus amarelados, pequenos e batatas pequenas com pintas ou deformadas. Critérios sensoriais esperados nas análises Quanto a análises sensoriais espera-se coloração adequada e textura “ao dente” para todos os legumes após as duas técnicas empregadas. EQUIPAMENTOS

UTILIZADOS

NO

PROCESSO

SOUS VIDE E PRÉ-

PROCESSADOS EMBALADOS SOB VÁCUO Utilizou-se banho-maria (Hot Box) adaptado para o estudo com uma largura de 50, P 45 C 70 com capacidade de 150 litros. Dois tanques de inox para a cloragem e metabissulfito capacidade de 150 litros e um descascador de inox para o descasque dos legumes. 1)

Descrição

do

Método

Utilizado

nos

legumes

pré-processados

Embalados a Vácuo: Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, estes foram colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo cortados em cubos de 2 cm. Depois foram colocados em conservante de metabissulfito, sendo a concentração de 40g de metabissulfito para 150 litros de água. Nesse processo, objetivou-se eliminar o escurecimento dos legumes em contato com o oxigênio. Os legumes (chuchu e batata) foram embalados a vácuo em embalagens de 500 gramas e levados para refrigeração a

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 4ºC, considerando o tempo de vida de útil “shelf life” de até sete dias de acordo com os dados apontados pela literatura, após este período as amostras foram direcionadas ao laboratório de análise microbiológica a fim de serem analisados os parâmetros de coliformes totais a 35°C, coliformes fecais a 45°C e Salmonella SP. 2) Descrição do Método utilizado do Processo Sous Vide na amostra de legumes O método Sous Vide consistiu em três estágios: preparo para a embalagem, cozimento e finalização. Após a seleção dos legumes de acordo com os critérios de seleção, esses foram colocados dentro do descascador de inox para realização da retirada das cascas. A seguir, os legumes foram imersos em cuba com 150 litros de água e 400 ml dióxido de cloro para a higienização e toalete, ocorreu ainda a retirada de algumas manchas que permaneceram da etapa anterior do processo. Na sequência, os legumes foram conduzidos ao corte, sendo cortados em cubos de 2 cm, depois foram embalados a vácuo em pacotes de 500 gramas. A quantidade total de amostra analisadas nessa etapa consistiram em 6 pacotes com 500 gramas para cada produto (batata e chuchu), sendo dois pacotes separados para o 1º teste e 4 pacotes separados para o 2º teste. Após essa etapa todos os pacotes foram conduzidos ao banho-maria, sendo a temperatura da água utilizada no momento da pesquisa entre 70ºC a 75ºC, durante a etapa dos legumes imersos em banho-maria, diversos tempos distintos foram utilizados, conforme descritos abaixo no tópico 1º teste e 2º teste. Após a retirada do banho-maria foi realizado choque térmico com água e gelo a 3ºC por 5 minutos até que o produto atingisse a temperatura de 20ºC e na sequência as embalagens foram conduzidas ao refrigerador, mantendo-se em temperatura de 4ºC por até 20 dias. 1º TESTE: Dois pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas) foram submersos à análise em banho-maria a 75ºC, em períodos de tempos diferenciados como segue: escala 1(1 hora), escala 2 (2 horas), escala 3 (02h30min). Termostato e termômetro foram utilizados continuamente na avaliação da temperatura durante as três escalas. A quantidade de água utilizada no banho-maria em todas as escalas correspondia a 120 litros. Após os períodos respectivos, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo para o

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar resfriamento, até atingir 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara fria, mantidos em temperatura de 4ºC por período de 20 dias. Passados os 20 dias, verificou-se que os pacotes processados com escala de tempo de 1 hora e 2 horas apresentaram colorações esbranquiçadas e consistências cruas, logo, os mesmos foram rejeitados na análise. Os pacotes dos legumes da escala 3 (02h30min) apresentaram melhor coloração, sendo aprovados para a etapa seguinte de reaquecimento. Observou-se após o reaquecimento que os pacotes com escala 3 (02h30mim), apresentaram textura crocante e melhor coloração, resultado este superior às outras amostras testadas, porém, na etapa do reaquecimento as amostras da escala 3 ainda não haviam atingido a textura e coloração esperada de acordo com a técnica Sous Vide, sendo assim, essa amostra foi rejeitada e adotou-se um período de tempo superior ao da escala 3 (02h30min) para a avaliação dos outros legumes. 2º TESTE No 2º teste a partir das experiências anteriores, optou-se pela escala de tempo de 3 horas em que se utilizou quatro pacotes com 500 gramas de cada produto (chuchus e batatas). As embalagens foram imersas no banho-maria a 75ºC e maiores cuidados foram adotados quanto à homogeneização no cozimento, para tal, colocou-se os cubos lado a lado dentro de cada pacote mantendo as embalagens dos legumes completamente submersas em banho-maria com o auxílio de uma grade após a região marginal da cuba com água. Após o período determinado, as embalagens foram colocadas imediatamente em água com cubos de gelo com temperatura de 2ºC por 5 minutos, para o resfriamento, até que os produtos atingissem a temperatura de 20ºC. Posteriormente, todos os pacotes foram levados para a câmara fria, mantidos em temperatura de 5ºC por período de 20 dias. No segundo dia um dos pacotes de cada produto fora conduzido ao laboratório de microbiologia da empresa “FOOD SAFETY” para identificação da contagem microbiológica do produto. No vigésimo dia, outro pacote foi conduzido a esse mesmo laboratório de microbiologia para contagem de coliformes totais e fecais, bolores e leveduras, Salmonella e Bacillus cereus. Esses cuidados e testes foram utilizados a fim de avaliar o binômino: tempo e temperatura, no tocante à textura “apropriada” e “shelf life” do produto analisado.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Para avaliação do produto final considerou-se os resultados das análises microbiológicas, bem como suas características físicas e organolépticas. Segue detalhamento no quadro abaixo os resultados microbiológicos: RESULTADOS: Características

Teste 1

Teste 1

Teste 1

Teste 2

Sensoriais

1 hora

2 horas

02h30mim

3 horas

Cor

Branco

Branco

Branco

Pouco esbranquiçado

Sabor “cozido”

Não

Não

Sim

Sim

Sabor “cru”

Sim

Sim

Não

Não

Sabor estranho

Não

Não

Não

Não

Aparência apropriada

Não

Não

Não

Sim

Quadro 1- Características sensoriais de batatas embaladas de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)

Características

Teste 1

Teste 1

Teste 1

Teste 2

Sensoriais

1 hora

2 horas

02h30mim

3 horas

Cor

Esbranquiçado Esbranquiçado

Esbranquiçado

Pouco esbranquiçado

Sabor “cozido”

Não

Não

Sim

Sim

Sabor “cru”

Sim

Sim

Não

Não

Sabor estranho

Não

Não

Não

Não

Aparência apropriada

Não

Não

Não

Sim

Quadro 2- Características sensoriais de chuchus embalados de acordo com a Técnica Sous Vide em diferentes escalas de tempo Fonte: Capelo & Santos (2010)

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

Microorganismo

Valores de tolerância

Segundo dia

Vigésimo

segundo a RDC nº 12

após processo

dia após

para amostra (g)

processo

Coliformes 45° (Fecais)

10 2

< 3 UFC/g

< 3 UFC/g

Coliformes 35° (Totais)

--------

460 UFC/g

< 3 UFC/g

Staphylococcus Coag. positiva

10 3

< 100 UFC/g

< 100 UFC/g

Bacillus cereus

10 3

< 100 UFC/g

< 100 UFC/g

Ausente

Ausente

Ausente

Salmonella sp (25)

Quadro 03 - Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em batatas em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010) Valores de Microorganismo

tolerância

Segundo dia após

Vigésimo dia após

segundo a RDC

processo

processo

nº 12 para amostra (g)

Coliformes 45° (Fecais) Coliformes 35°(Totais) Staphylococcus Coag.

10 2

11 UFC/g 2

-------

11.10 UFC/g

< 3 UFC/g < 3 UFC/g

3

< 100 UFC/g

< 100 UFC/g

10 3

< 100 UFC/g

< 100 UFC/g

Ausente

Ausente

Ausente

10

positiva Bacillus cereus Salmonella sp (25)

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Quadro 4- Comparação da análise microbiológica do método Sous Vide em chuchus em cubos no segundo e vigésimo dia após o processo com a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010) Valores de tolerância Microorganismo

segundo a

Segundo dia após

Vigésimo dia

RDC nº 12

processo

após processo

< 3 UFC/g

1,1.10 UFC/g

--------------

4,6.102 UFC/g

1,1.103 UFC/g

Ausência

Ausência

Ausência

para amostra (g) Coliformes Fecais 45°

102

C/g Coliformes Totais 35°C/g Salmonella sp (25/g)

Quadro 5 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de batatas em cubos pré-processadas após 7 dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010) Microorganismo

Valores de

Segundo dia após

Vigésimo dia

tolerância segundo

processo

após processo

a RDC nº 12 para amostra (g) Coliformes 45°C/g (Fecais)

102

< 3 UFC/g

1,1.10 UFC/g

(Totais)

-----------

4,6.102 UFC/g

1,1.103 UFC/g

Salmonella sp

Ausência

Ausência

Ausência

Coliformes 35°C/g

(25/g)

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Quadro 6 - Comparação da análise microbiológica do método a vácuo de chuchus em cubos pré-processadas após sete dias do armazenamento com os valores padronizados aceitáveis pela Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 Fonte: Capelo & Santos (2010) DISCUSSÃO De acordo com a análise sensorial, a textura apropriada no final da última etapa dos legumes seria a textura “ao dente”, assim sendo, observa-se no quadro 1 e 2 que no primeiro teste, o tempo e temperatura não foram suficientes para atingir essa textura, porém o pacote da escala 3 (02h30min) não ficou muito esbranquiçado. No entanto, o resultado obtido no teste realizado na escala 3 não permitiu obter conclusões definitivas com relação ao tempo/temperatura e durabilidade do produto, isto porque durante o teste, não se teve o cuidado de colocar os cubos lado a lado, para a homogeneização do cozimento fato este que colaborou para aparência esbranquiçada posteriormente. O cozimento tem por função valorizar as características organolépticas dos produtos e garantir sua conservação. Sendo a técnica de cozimento em banho-maria apropriada para manter a uniformidade no processo de cocção. A valorização das características organolépticas resulta da preservação, modificação ou mesmo do desaparecimento de certas propriedades funcionais e dos componentes bioquímicos dos produtos. O calor é um dos fatores, preponderantes em todas essas reações e transformações e o domínio do binômio tempo/temperatura para cada produto (GOUSSAULT, 1996). De acordo com Paschoalino (1987), a exposição prolongada a uma temperatura moderadamente elevada (70-75°C) confere um fortalecimento significativo da consistência em legumes em conserva. Esse resultado seria por causa da ativação das enzimas pectina-metilestérases que provocam a desesterificação das substâncias pécticas das paredes celulares, favorecendo assim para formação de pontes de cálcio entre substâncias pécticas e, consequentemente, maior rigidez na consistência. Em relação às análises microbiológicas observou-se que no vigésimo dia do método Sous Vide houve uma diminuição na contagem de coliformes fecais e totais, talvez pela competição de outras espécies de bactérias que não foram analisadas. Observou-se também que no método pré-processado a vácuo de sete dias houve um aumento na contagem de coliformes fecais quando comparado com o vigésimo dia do Sous

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Vide, justificando então que no presente estudo o método Sous Vide mostrou-se mais eficiente no shelf life. Um estudo conduzido por Amstrong (2003) analisou com técnicas rigorosas, a aceitação sensorial dos produtos Sous Vide durante o armazenamento pelos consumidores. Os resultados indicaram que a aceitação dos produtos a base de vegetais continuou mesmo após armazenamento por 20 dias. Esses valores, resultantes dessa pesquisa, ultrapassam o prazo de vida útil estipulado pela ANVISA (2001) sob a técnica Sua Vide e são resultados do desenvolvimento eficaz da receita e do tratamento térmico durante o processamento e armazenamento desses produtos. Os métodos mais populares de Sous Vide são: cozinhar e esfriar ou cozinhar e congelar, posteriormente são selados a vácuo, pasteurizados e rapidamente esfriados para evitar a exploração de Clostridium perfringens até serem reaquecidos para servir. Listeria é um patógeno não formador de esporos mais resistente ao calor, sendo capaz de crescer em temperaturas de geladeira. Uma vez mantido o alimento a vácuo previne-se a recontaminação após a cocção, mas esporos de Clostridium botulinum, Clostridium perfringes e Bacillus cereus podem sobreviver ao tratamento do calor da pasteurização (SVETLANA, 1999). A técnica de processamento de Sous Vide é utilizada na indústria alimentícia para estender a validade de produtos comestíveis quando embalados a vácuo, são mantidos a uma temperatura abaixo de 3,3°C apresentando garantia por shelf life de 3 a 4 semanas (ROCA, 2005). Conclui-se que o processo Sous Vide em batatas e chuchus pré-processados embalados, mostrou-se eficiente em relação à análise sensorial e microbiológica de acordo com os critérios preconizados pela Anvisa (2001) para coliformes fecais, coliformes totais e Salmonella sp, os autores sugerem que sejam realizadas novas pesquisas na avaliação de outros agentes além dos preconizados pela legislação como bactérias psicotroficas, contagem de bactérias lácteas e por serem embalados a vácuo a contagem de esporulados como do gênero Bacillus e Clostridium. Agradecimentos: Reinaldo Lima dos Santos e Rosemeire Francisca Neves Pereira pelo apoio ministrado a essa pesquisa.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar REFERÊNCIAS ADAMS. Jebeles exigences thermiques des fruits et légumes destinés à la congélation lors de l’opération de blanchiment. Révue Générale du froid. Paris, 1983, 73 :(1), 21-25. AMSTRONG, G. A. Sensory Quality/ Consumer Acceptance of foods processed by the Sous Vide, 2003. ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº12, de 02 de janeiro de 2001: aprova regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimento. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,10 janeiro 2001.Seção 1. BETISY, B. Sous Vide: What’s all the excitement about? Food Technology, 1993, pp. 92-93. GOUSSAULT, B. Cuissons à juste température. Actualités Technique et Industrielles, Paris, 1996. PASCHOALINO. J. E. Branqueamento de hortaliças destinadas ao congelamento. Coleção ITAL, Campinas, 1987, 17:(2) ,101-117. RHODEHAMEL E. FDA’s. Concerns with Sous Vide Processing. Food Technology, 1992. (pp.73-83). ROCA, J. Sous Vide Cuisine. Montagud Editores, (pp.15-30) Paris, 2005. SVETLANA. R.R. Develloping a HACCP plan for extended shelf-life cook-chill ready –to-eat meals. Food Australia, 51, 1999, (pp.430-433).

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TULO

CAPÍ

06

HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

HISTÓRIAS DAS TECNOLOGIAS NO BRASIL: ALGUNS APORTES

Rodrigo de Moura Domingues Renato de Sá Lima

A humanidade deve se glorificar ou se condenar com a criação da tecnologia? Pois o mesmo equipamento tecnológico que serve para criar serve também para ferir ou matar. O enfoque deste artigo será voltado para a tecnologia móbile existente em nossa sociedade, atualmente a necessidade e dependência dessa tecnologia são predominantes não só em nosso país, mas no mundo todo. No Brasil como em qualquer outro país a tecnologia está presente e chegou após a globalização, e não é difícil reconhecer a sua importância. A história da tecnologia pode ser contada de várias maneiras, dependendo do foco, que marcaram a evolução, é importante conhecer a história da informática para entender como evoluímos, onde estamos e para onde caminhamos (MEIRELLES, 1994). Atualmente, a tecnologia mobile está crescendo muito em uso conjunto com a WEB (World Wide Web), hoje não precisamos mais estar em casa ou no escritório para enviar ou acessar um e-mail, está tudo mais dinâmico, podemos, por exemplo, comprar qualquer coisa praticamente por um celular ou tablet, que tenha acesso à internet e esses equipamentos são mais potentes que alguns dos computadores que temos em casa. Segundo o IBGE (2009), o número de domicílios que possuíam somente telefone móvel foi de 2,5 milhões, de 2004 para 2009. A proporção de domicílios que possuíam somente telefone móvel celular passou de 16,5% para 41,2%. Em 2009 pessoas que já utilizaram a internet com dez anos ou mais foi de 67,9 milhões, teve uma crescente de 21,5%, representando 12,0 milhões de pessoas com relação a 2008 (55,9). Em 2005 eram 31,9 milhões de usuários da internet, nesse período observou-se um aumento de 112,9%. Sendo que esses dados são somente de computadores de mesa ou portátil (laptop, notebook, palmtop, pocket PC, handheld), conforme dados do (IBGE, 2009).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em nossa sociedade é comum pensar em tecnologia de forma simples, porém é algo muito mais amplo e deve ficar claro que o conhecimento tecnológico não é algo que se resume ao uso e conhecimento sobre redes sociais. A Tecnologia acompanha a evolução da humanidade, a necessidade de uma nação, como na década de 1940 quando houve uma grande mudança na tecnologia, porém com um enorme preço a se pagar. Será que no futuro, para que haja novamente uma grande mudança, precisaremos pagar com um valor de igual tamanho? EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS Segundo Meirelles (1994), em 1937 um jovem professor de matemática de Harvard, Howard Aiken, submeteu ao homem forte da IBM, Thomas Watson, a ideia de fabricar um computador eletromecânico - o MARK I-, construído então com o auxílio da IBM e da Marinha Americana. O MARK I é o primeiro projeto de computador de que se tem notícia, apesar de ainda eletromecânico e de só ter sido apresentado em 1944, após a guerra; media 2,5 metros de altura por 18 de comprimento, tinha 750.00 partes e mais de 700 quilômetros de cabos. O primeiro computador eletrônico digital foi o ABC (Atanasoff Berry Computer), criado pelo professor de matemática John Atanasoff. O protótipo desenvolvido a partir de 1937 foi demonstrado em 1939 e foi o primeiro a usar válvulas para circuitos lógicos. Porém, não foi completado e abandonou-se sua construção em 1942, somente em 1973, por meio de uma demanda judicial de patentes, é que o ABC foi oficialmente reconhecido como o protótipo pioneiro. Em 1940 Hitler teria rejeitado financiar o projeto de Konrad Zuse para construir o Z4, mas vários historiadores afirmam que o Z3, construído na Alemanha por Zuse em 1941 foi o primeiro computador eletrônico digital de uso genérico a ser completado e operacionalizado, e que teria sido usado durante a segunda Grande Guerra. Nessa mesma época, 1943, a Inglaterra, através de Alan Turing, construiu dez Colossus I - um computador eletrônico digital que já usava válvulas e teve o seu uso dedicado para decifrar códigos militares, em especial o da máquina de código alemã - Enigma, conforme Meirelles (1994). Durante a década de 1940, impulsionada pelo esforço da guerra, a tecnologia avançou muito rápido e muitas pessoas trabalhavam com ideias semelhantes.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em 1946 foi apresentando o primeiro "grande" computador eletrônico: ENIACElectronic Numeric Integrator and Calculator, que ocupava mais de 170 metros quadrados, pesava 30 toneladas e funcionava com 18.000 válvulas, 10.000 capacitores além de milhares de resistores e relés, os quais consumiam cerca de 150.000 watts para executar cinco mil adições ou subtrações por segundo. A preparação do ENIAC para cálculos demorava semanas, pois a programação era feita através de fios, e não funcionava por muitos minutos seguidos, pois havia vários componentes delicados, que quebravam com facilidade. Seu valor foi estimado em meio milhão de dólares, muito pouco eficiente se comparado com as atuais calculadoras que custam alguns dólares. Tendo como base o ABC, John Mauchly e J. Presper Eckert, da universidade da Pensilvânia, reduziram para 30 segundos os cálculos de trajetória de mísseis sendo que antes levavam cerca de 1.000 segundos. Chegava a ser em algumas operações, mil vezes mais rápido que o MARK I (MEIRELLES, 1994). O nome seguinte da história dos computadores é John Von Neumann que, juntamente com Arthur Burks e Herman Goldstine, desenvolveu entre 1945 e 1950 a lógica dos circuitos, os conceitos de programa e operações com números binários e o conceito de que tanto instruções como dados podiam ser armazenados e manipulados internamente. Suas ideias e conceitos ainda são utilizados 45 anos depois nos computadores e microcomputadores recémlançados. O EDSAC - Electronic Delay Storage Automatic Computer, construído na Inglaterra em 1949, foi um dos primeiros a utilizar o conceito de programa armazenado, e em alguns meses depois o EDVAC - Electronic Discrete Variable Automatic Computer, desenvolvido na Pensilvânia com a consultoria de Von Neumann, professor da Universidade de Princeton. O EDVAC usava 10% do volume de equipamento do ENIAC e tinha cem vezes mais memória. Após o lançamento do ENIAC (1946), John Mauchly e J. Presper Eckert deixaram a Universidade da Pensilvânia para fundar sua empresa. No dia 14 de junho de 1951, a divisão UNIVAC da Remington Rand entrou para o US Bureau of Census, o mesmo Serviço de recenseamento Americano que já havia motivado Hollerith, o primeiro UNIVAC I. O UNIVAC I (Universal Automated Computer) foi o primeiro a usar os conceitos de Von Neumann e a ser produzido em escala comercial. Seu tamanho já era razoável se comparando com o ENIAC - a UCP ocupava pouco mais de 20 metros quadrados e pesava cinco toneladas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Foram comercializados 15 computadores UNIVAC I, em 1952. O segundo UNIVAC I, foi vendido em 1954 à GE - General Electric - para processar sua folha de pagamento. Em 1953, foi lançado o IBM 701, mas o maior sucesso comercial da década de 1950 ficou com o modelo lançado em 1954, o IBM 650, teve uma quantidade de 50 unidades vendidas inicialmente, mesmo com seu valor alto, mas o seu desempenho era superior a todos os outros computadores concorrentes. A IBM comercializou mais de 1.000 unidades do modelo 650 (MEIRELLES, 1994). GERAÇÕES E ETAPAS DA EVOLUÇÃO DOS COMPUTADORES Podem ser consideradas gerações de equipamentos as máquinas que tiveram mudanças muito radicais de arquitetura e tecnologia incorporadas ao sistema (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Ainda existe certo consenso na definição das três primeiras gerações, os autores e historiadores de informática ainda não chegaram a um acordo quanto às datas de início da primeira geração e de término da terceira. Como consequência, para alguns ainda estamos na terceira geração e para outros já entramos na quinta geração (MEIRELLES, 1994). Primeira Geração - Válvulas Os computadores da primeira geração eram todos baseados em tecnologia de Válvulas e essa tecnologia foi até 1959. Esses grandes computadores eram difíceis de manusear e consumiam grande quantidade de energia. As válvulas eram bem frágeis, queimavam com poucas horas de uso. Outra característica dessa geração é que sua programação se dava em linguagem de máquina. O EDVAC, o Whirlwind e o IBM 650, foram os que mais se destacaram dessa geração (MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007; MEIRELLES, 1994). Segunda Geração – Transistores Nos equipamentos da segunda geração, a válvula foi substituída pelo transistor, tecnologia usada entre 1959 e 1965. O transistor foi desenvolvido no Bell Laboratories, por William Shockley, J. Bardeen e W. Brattain em 1947.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Seu tamanho era cem vezes menos que o da válvula, não precisava de tempo para aquecimento, consumia menos energia, era mais rápido e muito mais confiável. A linguagem de programação na época era o ASSEMBLY. Entre essa geração e a seguinte, a IBM desenvolveu o modelo "T5" foi o mais confiável da época, trata-se do IBM 1401 e seu sucessor o IBM 7094, já totalmente transistorizado, suas medidas eram cerca de 1.5 metros de altura por 1,2 de comprimento, sua memória tinha a capacidade de 4 Kbytes. Entre os modelos 1401 e 7094, a IBM vendeu mais de 10.000 computadores (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994). Terceira Geração - Circuitos Integrados A Terceira geração começa com a substituição dos transistores pela tecnologia de circuitos integrados - transistores e outros componentes eletrônicos miniaturizados e montados num único chip. Esse chip já conseguia calcular em nanosegundos (bilionésimos). A IBM contribuiu com o lançamento dessa nova geração de computadores com o modelo IBM S/360, esse modelo tinha seis modelos básicos e várias opções de expansão que realizava mais de dois milhões de adições por segundo e cerca de 500 mil multiplicações, esses modelos eram todos transistorizados. O IBM S/360 possuía microcircuitos, também conhecidos como CI - Circuito Integrado, que eram do tamanho de um grão de arroz. Eles possibilitaram o aumento da capacidade de trabalhos de computadores, cuja tecnologia recebeu o nome de SLT - Solid Logic Technology (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007; MEIRELLES, 1994). Entre 1965 e 1975 ocorreu um desenvolvimento significativo nos minis, respondendo a demanda por máquinas de menor porte e processadores menos centralizados. Em 1965, começa a terceira geração e para muitos vai até hoje, se tratando que os equipamentos evoluíram; mas para alguns autores localizam a quarta geração de 1970 ou 1971 até hoje, devido à importância de maior escala de integração alcançada pelos CIs de LSI. Finalmente, a outra corrente usa o mesmo argumento da anterior, mas considerando que a miniaturização de fato ocorreu com o VLSIs, definindo a quarta geração a partir de 1975, com o advento dos microprocessadores e dos microcomputadores.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar MICROCOMPUTADORES Em 1997 foi um ano marcante para a história da tecnologia, nesse ano surgiram os microcomputadores em escala comercial e seu microprocessador era um milésimo do preço de um UCP em 1960. Com essa tecnologia, que permitiu reunir num único chip todos os elementos que compunham as UCPs, foi iniciada a fabricação dos primeiros microcomputadores no final da década de 60, os computadores estavam bem mais baratos e com uma capacidade extensa para realizar aplicações e sua capacidade continua a aumentar. Com esse barateamento, muito mais empresas que não tinham condições de disputar um espaço no mercado começaram a lançar seus produtos. Em 1969, a empresa Intel lança Intel 4004 de 4-bits - um Ci com 2.250 transistores (equivalente ao ENIAC de 1946). O 4004 foi muito usado e viabilizou as calculadoras eletrônicas do início da década de 70. Já em 1974 foi lançado o modelo Intel 8080. Entre 1971 e 1975, foram lançados vários kits (conjuntos de componentes) e foram comercializados em um escala pequena, porque as grandes empresas que lideravam o mercado não se interessaram nos mínis, acreditando que não existia espaço para micros. Em 1976, Steve Jobs e Sthephen Wozniak criaram a Apple I, numa garagem de fundo de quintal. Seu primeiro lote de 50 unidades foi vendido em 1976 e suas vendas ficaram perto de 200 unidades. Um ano depois em 1977, com um projeto melhor, surge o Apple II, a aceitação foi muito grande desse modelo, pois contavam com a ajuda do Mike Markkula, ex-engenheiro e executivo de marketing da Intel, juntos transformaram a microempresa em uma grande indústria. Ainda em 1977, além do Apple II, foi lançado o TRS-80 modelo I da Radio Shack (Tandy Coporation) e o PET - Personal Electronic Transactor da Commodore. Em 1981, a IBM entrou no mercado dos microcomputadores, lançando um computador com tecnologia 16bits, que em pouco tempo se tornou um padrão. Dois anos depois, lançaram mais um novo modelo, o PC-XT com winchester opcional. Em 1984, a IBM já detinha mais da metade de todo o mercado dos microcomputadores.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A Apple, em 1984, revolucionou o mercado com um novo conceito de software e interface com o usuário, outro lançamento importante foi o IBM PC-AT em agosto de 1984, nessa época o PC já era o padrão para micros. A Compaq começa a se destacar e assume a terceira posição no mercado de micros, depois da IBM e Apple. Ela domina o mercado de micros portáteis e torna pioneira com os lançamentos do Compaq 386 em 1986 e do Compaq 486 em 1989. Nesse mesmo ano a Intel lançou seu processador 80486, com um processador matemático embutido (MEIRELLES, 1994). No ano seguinte quem participa ativamente do mercado é a Microsoft com o lançamento do Windows 2.0, um sistema operacional com interface melhorada e habilidade para ter acesso à memória estendida. Em 1991, a Microsoft melhora seu sistema DOS com a versão 5.0. A Apple lança seu notebook Macintosh, Powerbooks que oferecia um disco rígido embutido e fax/modem. Apple e IBM se juntam contra a Microsoft, formando uma sociedade para o uso e desenvolvimento de um PC que poderia utilizar produtos de ambos, tanto do PC (DOS/Windows) quanto do MAC. Começa também estudos sobre o desenvolvimento do LINUX, pelo estudante finlandês Linus Torvalds. A Intel, em 1992, lança o primeiro chip Pentium, um dos nomes de processadores mais conhecidos da história, e assim dá início a uma família de processadores. O processador Pentium era capaz de processar até 100 milhões de instruções por segundo. A Microsoft desenvolve o Windows NT, uma plataforma para soluções em Rede Cliente/Servidor. Em 1996, é lançado o Windows 95, que em aproximadamente dois meses teve mais de quatro milhões de cópias vendidas. No ano seguinte a Intel lança o Pentium MMX, em maio do mesmo ano lança o Pentium II. Dois anos depois é lançado o Windows 98 pela Microsoft, sendo como principal novidade sua integração com a Internet e incorporava o IE quatro (internet Explorer). Em 2000, a novidade fica por conta da Intel, com seu processador Pentium quatro. Surge pela Apple o sistema operacional MAC OS X, sistema com interface gráfica e baseado em UNIX. Um ano depois a Microsoft lança o sistema operacional Windows XP um dos sistemas mais usados até hoje.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A Microsoft lança seu novo sistema operacional Windows Vista em 2007, um ano depois a Apple lança o Iphone. Já em 2009 é lançado pela Microsoft o Windows 7, bem semelhante em termos de interface com o Windows Vista, mas a semelhança fica apenas aí, pois o Windows 7 é muito mais rápido e com grandes melhorias na estrutura. Em 2010, a Apple lança o Iphone, dispositivo em formato de prancheta com funcionalidades de um smartphone e notebook (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). HISTÓRIA DA TECNOLOGIA NO BRASIL Segundo Meirelles (1994), em 1961 chega ao Brasil o primeiro computador um UNIVAC 1105, ainda com válvulas para o IBGE. De acordo com o departamento de informática (DIN) que pertence a UEM, (Universidade Estadual de Maringá), o primeiro computador nacional foi o "Patinho feio" feito em 1972, na USP (Universidade de São Paulo), seguindo em 1974, do projeto G-10 na USP e na PUC do Rio de Janeiro, incentivado pela marinha de guerra. Em 1972, surge o CAPRE (Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico) com o objetivo de propor uma política governamental de desenvolvimento do setor. A primeira empresa Brasileira de computadores foi criada em 1974, e se chamava COBRA (Computadores Brasileiros S.A.). Iniciou-se em 1976, com a restauração da Capri e a criação de uma reserva de mercado na faixa de minicomputadores, para empresas nacionais, além da instituição do controle de importações. A partir de 1979, a intervenção governamental foi intensificada, com a extensão da reserva de mercado para microcomputadores e com a criação da SEI (secretaria especial de informática) ligada ao Conselho de Segurança Nacional, que é então, o órgão superior de orientação, planejamento, supervisão e fiscalização do setor. Em 1981, o Brasil já tinha um mercado forte em informática e começaram a serem produzidos os primeiros computadores nacionais. O modelo TRS-80, D-8000 da Dismac que foi lançado em 1981. Entre 1980 e o final de 1981, foram também lançados os modelos: C-300 da Cobra, S700 da Prológica e os modelos da SID, Polymax, Novadata e HP.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em 1982, foram lançados mais alguns modelos como: CP-500 da Prológica e o DGT100 da Digitus. A empresa Apple dominou o mercado brasileiro entre 1983 e final de 1985, logo em seguida passou a serem os modelos da IBM-PC, fabricados em 1983, pela Softee, Microtec e Scopus. No ano de 1981, quando a microinformática foi introduzida no Brasil, não chegava a mil unidades, dez anos depois em 1991, seus números já ultrapassavam 3 (três) milhões de micros, dos mais diferentes tipos, porte, configuração e preços (MEIRELLES, 1994). No mesmo ano (1981), a microinformática teve um crescimento explosivo, o número de fabricantes pulou de 10 para mais de 100 e os modelos disponíveis praticamente dobraram, isso no final da década de 80. O número de fabricantes chegou a 110 em 1987 e só começou a diminuir em 1992. Este número é somente dos fabricantes nacionais, se forem incluídos as multinacionais do setor, esse número pula para aproximadamente 300 e se forem incluídas as empresas de serviços, esse número pode chegar a mais de 1000. Tabela 01 - mercado nacional de micros Mercado Nacional de Computadores Ano

Venda

Aumento

Venda

Anual

Anual

Acumulada

1980

1.000

1981

2.000

1982

Vida Útil

Base Ativa total

em anos

1.000

7.0

1.000

100%

3.000

6.8

3.000

12.000

500%

15.000

6.6

15.000

1983

35.000

192%

50.000

6.2

50.000

1984

70.000

100%

120.000

6.2

120.000

1985

130.000

86%

250.000

6.0

250.000

1986

230.000

77%

480.000

5.8

480.000

1987

310.000

35%

790.000

5.6

790.000

1988

400.000

29%

1.190.000

5.4

1.200.000

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 1989

460.000

15%

1.650.000

5.2

1.500.000

1990

400.000

-13%

2.050.000

5.0

1.800.000

1991

400.000

0%

2.450.000

4.8

2.000.000

1992

400.000

0%

2.850.000

4.6

2.100.000

1993

500.000

25%

3.350.000

4.4

2.200.000

1994

600.000

20%

3.950.000

4.2

2.500.000

1995

750.000

25%

4.700.000

4.0

2.800.000

1996

900.000

20%

5.600.000 menos de 4.0

3.500.000

Fonte: MEIRELLES, 1994 Como mostrado na tabela, as vendas em 1986 foram mais de 200.000 unidades e com um crescimento significativo e com grande potencial de utilização dos micros como ferramenta de trabalho pessoal, profissional ou empresarial. Algo que foi significantemente mostrado é a vida útil dos micros, sua vida física pode chegar a dez anos, mas em média é menor. A vida útil considerada nos cálculos da tabela começa em sete anos em 1980 e vai diminuindo até menos de quatro anos em 1996. O mercado vem crescendo em várias outras direções tanto no número de fabricantes ou fornecedores como no volume de vendas de periféricos e serviços em geral (MEIRELLES, 1994).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Cronologia - História da Informática no Brasil Tabela 02 - Cronologia 1917

A IBM inicia suas operações no Brasil. Através de um contrato de prestação de serviços, surge no Brasil a empresa norte americana Computing Tabulating Recording Company, que em 1924, sob a liderança de Thomas J. Watson foi registrada nos Estados Unidos como International Business Machines Corporation (IBM).

1924

A IBM é autorizada a operar no Brasil por um decreto assinado pelo presidente Arthur Bernardes.

1939

Inaugurada no Brasil a primeira fábrica da IBM fora dos Estados Unidos, localizada no bairro de Benfica, no Rio de Janeiro.

1957

Chegou um Univac-120, o primeiro computador no Brasil, adquirido pelo Governo do Estado de São Paulo, era usado para calcular todo o consumo de água na capital. Ocupava o andar inteiro do prédio onde foi instalado. Equipado com 4.500 válvulas fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo.

1959

A empresa Anderson Clayton compra um Ramac 305 da IBM, o primeiro computador do setor privado brasileiro. Dois metros de largura, um metro e oitenta de altura, ocupava um andar inteiro da empresa. A empresa foi uma das primeiras fora dos Estados Unidos a usar esse computador.

1961

(Zezinho) - Como trabalho de fim de curso de engenharia eletrônica no ITA e auxílio financeiro do CNPq de 350 dólares, quatro alunos, José Ellis Ripper, Fernando Vieira de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA e professor Richard Wallauschek construíram o "Zezinho". Com os recursos disponíveis não foi possível construir um computador com grande capacidade de memória, o painel tinha dois metros de largura por um metro e meio de altura, foram utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional,

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar produzidos pela Ibrape, uma subsidiária da Philips, tinha capacidade para fazer vinte operações. Era um computador didático, para uso em laboratório. Ganhou, entretanto, lugar na história como o primeiro computador não comercial transistorizado totalmente nacional projetado e construído no Brasil, embora um sucesso foi desmontado pelos alunos das turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos para novas experiências. A Fábrica da IBM, em Benfica-RJ, inicia a montagem de computadores da linha 1401. 1964

01/Dezembro - Criado o Serpro - Serviço Federal de Processamento de Dados, empresa pública criada para modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da administração pública.

1968

1º CNI - Congresso Nacional de Informática.

1969

24/Julho - Criada a Prodesp - Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo.

1971

Entra em operação a fábrica da IBM na cidade de Sumaré/SP.

1972

05/Abril - Criado a Capre - Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico, órgão governamental cujo objetivo inicial era promover o uso mais eficiente dos computadores na administração pública e traçar uma política tecnológica para a área de informática. Julho - Construído o "Patinho Feio" no Laboratório de Sistemas Digitais LSD da Escola Politécnica da USP, foi concebido como um trabalho de fim de curso. O Patinho Feio é tido como o primeiro computador, documentado e com estrutura de computação clássica, desenvolvido no Brasil. Tinha um metro de comprimento, um metro de altura, 80 centímetros de largura, pesava mais de 100 quilos e possuía 450 pastilhas de circuitos integrados, formando três mil blocos lógicos distribuídos em 45 placas de circuito impresso. A memória podia armazenar 4.096 palavras de 8 bits, ou seja, 4K. O Patinho feio se tornou um marco inicial porque gerou massa crítica para a consolidação da indústria de informática no Brasil.

1974

18/Julho - Fundação da COBRA - Computadores e Sistemas Brasileiros Ltda. A Cobra foi a primeira empresa brasileira a desenvolver, fabricar e

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar comercializar computadores. 1975

Fundação do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis na Escola Politécnica da USP. Junho - Fundação da Scopus, uma das principais empresas de informática do Brasil. Empresa criada por um grupo de ex-professores da Poli-USP que trabalharam no desenvolvimento do minicomputador G-10. Agosto - Lançamento da revista Dados & Idéias. Revista lançada pelo Serpro para mostrar a realidade tecnológica no Brasil. Periodicidade bimestral.

1976

Março - Lançado o DataNews, tablóide quinzenal especializado no noticiário sobre informática, editado pela ComputerWorld do Brasil. Fundada a Prológica em São Paulo, um dos maiores fabricantes de equipamentos de processamento de dados, entre eles o Sistema-700 e CP500, ambos micros de 8 bits e o SP-16, compatível com PC-XT.

1978

Janeiro - Fundada a SID - Sistemas de Informação Distribuída S/A. Julho - Fundado em Porto Alegre a SBC - Sociedade Brasileira de Computação. A SBC é uma instituição acadêmica que incentiva e desenvolve pesquisa científica na área da computação no Brasil.

1979

09/Outubro - Criado a SEI - Secretaria Especial de Informática. Após ampla reestruturação dos órgãos governamentais responsáveis pelo setor de informática, a Capre foi substituída pela SEI na formulação da Política Nacional de Informática. Fundada a Elebra Informática S/A, grande fabricante de impressoras, entre elas a matricial Emília.

1980

Pela primeira vez um microcomputador era vendido em um grande magazine. Entre vitrinas com eletrodomésticos, ofertas de cama, mesa e banho, miudezas, câmaras fotográficas e calculadoras, o Mappin da Praça Ramos, no centro de São Paulo, vendia o D-8000, microcomputador da Dismac. Lançado pela Cobra na SUCESU de 1980 o primeiro minicomputador totalmente projetado, desenvolvido e fabricado no Brasil a alcançar o

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar mercado, o Cobra 530. 1981

Fundação da Microdigital foi, na primeira metade da década de 80, o maior fabricante nacional de microcomputadores. Famosa pelos seus micros da linha Sinclair como o TK-85, TK-90X e TK-95. Desenvolvido o Sistema 700 da Prológica, microcomputador de uso profissional de 8 bits. Outubro - Lançamento da revista Microsistemas, primeira publicação brasileira dedicada exclusivamente aos microcomputadores. 16 - 23/Outubro - Realizada a I Feira Internacional de Informática no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi/SP, teve 117.253 visitantes e 183 expositores. Foi um evento paralelo à realização do XIV CNI Congresso Nacional de Informática. 23/Outubro - Inaugurado o 1º laboratório de microinformática no Brasil, instalado numa sala dentro da biblioteca da Faculdade de Economia e Administração da USP, tinha cinco microcomputadores D-8000, cedidos pela Dismac. O laboratório era aberto a todos os alunos da universidade.

1982

Fevereiro - Fundado o IBPI - Instituto Brasileiro de Pesquisa em Informática, instituto criado para o ensino de profissionais de informática, no Rio de Janeiro/RJ.

1983

Março - Lançado o microcomputador EGO pela empresa Softec, primeiro microcomputador brasileiro a utilizar a tecnologia dos microprocessadores de 16 bits, compatível com o IBM PC, era baseado no microprocessador 8080 da Intel e clock de 5 MHz.

1984

Lançado pela Telesp - Companhia Telefônica do Estado de São Paulo o primeiro sistema de videotexto brasileiro. O teste piloto ocorreu de 1982 a 1984 com 1.500 assinantes da Telesp. 29/Outubro - Sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática, estava criada a reserva de mercado de informática no Brasil.

1985

Agosto - Fundada a Gradiente Informática, fabricante do Expert, microcomputador de 8 bits da linha MSX.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 1986

09/Setembro - Fundada em São Paulo a ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software.

1987

Criação da Fácil Informática, empresa desenvolvedora do editor de textos Fácil. 24 - 27/Março - 1º FENASOFT - Feira Nacional do Software, no Riocentro, Rio de Janeiro.

1995

26 - 29/Setembro - Realizado a COMNET Fenasoft Brazil´95 no Pq. Anhembi em São Paulo, evento internacional de telecomunicações e redes. Realizado o I CONIP - Congresso Nacional de Informática Pública, em São Paulo. Fórum para discussão e apresentação do uso da tecnologia da informação no serviço público.

Fonte: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 16 fev. 2012. TECNOLOGIAS MÓVEIS NO BRASIL Atualmente, existem diversos dispositivos móveis no Brasil com velocidades muito superiores se comparados com os primeiros microcomputadores no Brasil. Sua popularidade só está aumentando, porém a tecnologia é muito nova para os brasileiros e precisa de várias melhorias. Como atualmente há diversos dispositivos no mercado, o enfoque será três dispositivos: Celular, Notebook e Tablet. O tablet é o dispositivo mais novo no Brasil, um aparelho com as funções de um celular e notebook juntos. Notebook: microcomputador com processamento variado, cuja principal virtude é a possibilidade de ser levado para qualquer lugar, pode ser usado com praticamente todos os sistemas operacionais do mercado. Existem diversos tipos de modelos e diferentes tipos de marcas (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Tablet: é um microcomputador do tamanho de uma prancheta. Nesse dispositivo, o usuário não precisa de um mouse, pode ser acessado com uma caneta específica ou com suas próprias mãos (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Existem diferentes tipos de sistemas operacionais para o tablet, mas os mais usados atualmente são o Android da Google, e o IOS da Apple.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Celular: apesar de ser um telefone, é possível tê-lo como periférico integrado ao computador por conexão Wireless, para transmitir e receber qualquer tipo de dados. Assim como o tablet, os sistemas operacionais mais usados são o Android e o IOS, (MANZANO N.G. L.; MANZANO N.G. I., 2007). Todos esses dispositivos têm uma rede sem fio chamada Wireless, pois não bastaria ser portátil e não conter um recurso de transmissão de dados sem fio, isso perderia quase todo o sentido atual da portabilidade. A rede wireless é essencial para esses dispositivos, pois não há a necessidade de se conectar a cabos. Outro recurso importante é o Bluetooth, um fato curioso é sobre o seu nome, ele foi escolhido em homenagem ao Rei da Dinamarca conhecido como Rei Harald Bluetooth, esse apelido foi lhe dado por causa da sua arcada dentaria azulada. A tecnologia Bluetooth é basicamente um padrão para comunicação sem fio com baixo custo e curto alcance, com ele é possível conectar a qualquer dispositivo com um chip Bluetooth (MANZANO N.G.L.; MANZANO N.G.I., 2007). Meirelles (1994) classifica esses dispositivos entre Micro Pessoal pequeno e Micro Pessoal Médio/pequeno, pois têm seu trabalho reduzido e operam com energia própria, (bateria recarregável) para permitir a portabilidade sua principal característica (MEIRELLES, 1994). O Brasil está procurando se adaptar à tecnologia móvel, a demanda é muito grande de usuários para esses dispositivos, e está crescendo a cada dia que passa. A grande “Roda” para essa tecnologia se chama Internet (World Wide Web), talvez junto com os microcomputadores, são as duas invenções da informática mais importantes de todos os tempos. Dados do IBGE (2009) mostram a crescente dessa tecnologia, essa pesquisa foi realizada durante três meses.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Gráfico 01 – computador de mesa e portátil

O IBGE investigou 58,6 milhões de domicílios em 2009 durante três meses. A quantidade deles que tinham microcomputadores foi de quase 35,0% (20,3 milhões), 27,4% tinham acesso à internet (16,0 milhões). A região sudeste tem a maior proporção de domicílios com microcomputador 43,7% e com microcomputadores com acesso à internet 35,4%, região norte 13,2%, Nordeste Nord 14,4% são as regiões com menor número de microcomputadores com acesso à internet por domicílio. A região Sul possui 32,8% e o Centro-Oeste, Centro 28,2%. Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009. No mesmo período, o cres crescimento cimento da proporção de domicílios que possuíam microcomputador com acesso à Internet foi de 19,2 pontos percentuais: de 8,5% para 27,7% (IBGE, 2009). A internet junto com a tecnologia móvel se torna uma combinação muito poderosa, juntas elas possibilitam diversas opções de uso para o usuário. Hoje as pessoas não precisam estar “presas” em um escritório ou casa ligada a “cabos”, para transmitir ou receber dados, assim como fazer uma compra online, os dispositivos móveis

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar dão ao usuário uma sensação de estarem “livres”, é possível estar conectado em praticamente qualquer canto do Brasil sem o uso de cabos. Por meio do desenvolvimento deste trabalho, mostrou-se o grande crescimento histórico da tecnologia mundial e brasileira. A tecnologia está cada vez mais presente em nosso dia a dia, acompanhando a necessidade de uma nação que está em constante evolução, cada vez dando mais conforto e comodidade às pessoas. Mas esse conforto se torna em pouco tempo uma dependência, a quantidade de pessoas dependentes em tecnologia é cada vez maior, e isso pode se tornar um problema no futuro. Precisa-se atentar à parte psicológica dessa dependência, para não formarmos cidadãos incapazes de ter uma vida social normal, atualmente existem muitas pessoas que preferem conversar por meio das mídias sociais do que pessoalmente. O estudo mostra também que a tecnologia da informática está cada ano mais forte, o mercado se adequando para suportar a demanda de usuários, mas se compararmos o Brasil com outros países também desenvolvidos deixa muito a desejar, a tecnologia pode ser mais bem aproveitada, sendo investida melhor na educação computadorizada, pois só melhorando a educação se melhora um país. Concluindo, o crescimento da tecnologia existe e usuários usufruem também, mas precisa melhorar sua infraestrutura, dando aos usuários uma maior qualidade. O Brasil está no caminho certo para as melhorias é difícil acompanhar todas essas evoluções, a velocidade com que se muda é muito grande, praticamente todo ano tem alguma mudança significativa no mundo tecnológico.

REFERÊNCIAS IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Síntese de Indicadores 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad _sintese_2009.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012. MANZANO N.G.L; MANZANO N.G.I. Informática básica: Estudo dirigido de Informática básica 7. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2007.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar MEIRELLES, F.S. Informática: Novas Aplicações com Microcomputadores. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. UEM. Universidade Estadual de Maringá. História dos Computadores Brasileiros. Disponível em: <http://www.din.uem.br/museu/hist_nobrasil.htm>. Acesso em: 9 out. 2012.

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AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

AS NOVAS TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO UM ATRATIVO NA PRÁTICA DO ENSINO

Renato de Sá Lima Juliano Schimiguel

Cerca de 60 anos atrás a maioria das pessoas que necessitavam se comunicar com seus amigos ou parentes, até mesmo profissionalmente, necessitavam basicamente enviar uma carta. Por intermédio dos correios, essa mesma carta poderia levar dias e até meses para que chegasse ao seu destino. Nessa época, as pessoas costumavam dizer que o tempo demorava a passar. A devolutiva desta correspondência, caso fosse respondida instantaneamente, era praticamente o mesmo tempo de envio, ou seja, perdia-se certo tempo só no envio de retorno desta carta, no máximo dentro desses envelopes poderiam conter fotos ou qualquer objeto que se assemelhe a uma folha de papel.

Figura 1 – Modelo de envelope clássico para correspondência Fonte: correios.com.br Claro que por meio de encomendas era possível enviar algo de maior volume e peso, com o passar do tempo surgiu o aparelho telefônico que revolucionou o mercado das comunicações, no seu início somente pessoas com grande poder aquisitivo tinham condições

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar de possuir; governos e instituições de ensino também, mas era algo que os populares ainda não tinham acesso com grande facilidade. Para quem até então estava acostumado a levar meses para se ter uma resposta de uma pergunta qualquer que fosse enviada por correio, o telefone mudou a vida das pessoas. E embora isso possa soar como algo estranho, no Brasil a telefonia se popularizou em meados da década de 70 e 80, enquanto isso países como Estados Unidos, Japão, Inglaterra estavam passos adiante com o início daquilo que seria futuramente chamado de internet. Mas embora o telefone fosse algo incrível, não era possível visualizar as pessoas, ou enviar qualquer tipo de informação, logo surgiu o fax, a ideia era que documentos pudessem ser enviados “instantaneamente” de um lado para outro do mundo, governos, empresas, comércios tiraram vantagens sobre os outros graças a esses recursos na época.

Figura 2 – Telefone do início do século XX Fonte: telefoneantigo.com.br Ainda assim, na área da educação, era algo somente usado em diretorias de ensino, secretarias de educação. Estudantes não tinham este tipo de contato com recursos tecnológicos, no máximo giz, apagador e quadro negro. Com o início dos anos 90 outro meio de comunicação surgiu para ainda mais agilizar a vida das pessoas, o “Pager”, aparelho que recebia mensagens e comunicava ao seu usuário, hoje algo tão popular quanto um SMS. Para que este equipamento funcionasse era necessário que a pessoa, interessada em enviar a mensagem, ligasse a uma central telefônica, que logo após esse contato enviaria a mensagem

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar em forma de texto, este aparelho veio a surgir da clara necessidade de se comunicar com pessoas que estivessem em trânsito, ou seja, fora dos seus escritórios, casas ou instituições de ensino.

Figura 3 – Pager Motorola Fonte: Motorola.com Mas ainda existia a necessidade da resposta na comunicação móvel nesta época, logo em seguida surgiu o tão popular, atualmente, telefone celular, embora seu alto custo para a época fosse uma repulsa aos mais necessitados, sua praticidade e comodidade de sempre ser localizado onde estiver fizeram deste aparelho sinônimo de sucesso, em dias atuais é impensável imaginar um cidadão que esteja em um grande centro que não possua um aparelho celular. Segundo o IBGE (2009), 94 milhões de pessoas de dez anos ou de mais idade declararam possuir telefone móvel celular. Seu grande número se deve à praticidade de um usuário possuir uma linha telefônica sem que pague o custo de uma mensalidade por isso, os chamados telefones pré-pagos. Sobre este contexto evolutivo da tecnologia móvel, surge a usabilidade da internet sobre esses equipamentos, aparelhos telefônicos celulares na verdade possuem um amontoado de ferramentas tecnológicas que permite que seu usuário possa realizar as mais diversas atividades no mesmo aparelho. Uma consequência da popularização tecnológica é o baixo custo de um aparelho telefônico com acesso à internet, hoje chamado de Smartphone. Seu custo varia de R$ 200 reais a até R$ 2 mil reais em grandes centros comerciais como o bairro da

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Santa Efigênia na cidade de São Paulo, o que para muitos há alguns anos atrás poderia ser chamado de artigo de luxo hoje é dado como presente a crianças em datas comemorativas como dia das crianças ou até no natal. Outro aparelho que surgiu durante esse processo de evolução tecnológica é o tablet, dispositivo com características semelhantes a um computador, mas com o foco direcionado a visualização de arquivos multimídia e acesso àinternet. No seu início, ostablets tinham como objetivo ser um aparelho para leitura de livros digitais, os chamados e-books. Logo com maior necessidade de leitura de outros tipos de documentos, visualização de arquivos de vídeo e áudio, serviços foram incluídos, inclusive acesso à internet, e hoje é o gadgetspreferido da maioria dos empresários, crianças e de pessoas com necessidade de estar conectado ou “on-line” no mundo digital. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CENÁRIO ATUAL Com todo o histórico sobre a evolução dos dispositivos de comunicação tecnológicos, para o que é hoje a internet, a rede mundial de computadores, outro universo paralelo vem se destacando na vida dos brasileiros já há algum tempo que são as mídias sociais. Para um rápido conhecimento do que é uma mídia social, devemos compreender primeiro o que é uma rede social. Segundo Souza e Queila (2008), as redes sociais são estruturas sociais compostas por pessoas ou organizações. Essas por sua vez, estão conectadas por um ou vários tipos de relações. Pessoas que fazem parte da mesma rede social compartilham valores e interesses em comuns. Logo as mídias sociais compartilham o mesmo objetivo, porém com o seu foco sobre a internet. Como dito anteriormente, pessoas demandavam de um grande tempo para que pudessem se comunicar, por meio de cartas, mensagens, ou de maneira mais rápida com o telefone, logo, com as mídias sociais, estreitaram ainda mais os laços e as distâncias, fazendo com que pessoas se relacionem através deste meio, compartilhando fotos, vídeos, textos e músicas. Mas para a sua funcionalidade ser um sucesso, dependia da disponibilidade ao acesso àinternet para a população. Segundo o IBGE (2009), no país, em um período de três meses, 67.893.000 pessoas acima dos dez anos de idade tiveram acesso à internet, destaque para a região Nordeste, com 13.522.000 pessoas e Sudeste 33.531.000 pessoas. Dessas mídias sociais

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar as mais utilizadas pelos brasileiros são: Facebook 86%, Orkut 63%, Google+ 33% e Twitter com 32%, segundo pesquisa publicada pelas empresas Hi-Mídia e a M.Sense (2012). Vale ressaltar que o usuário pode ter mais de um perfil criado em mais de uma mídia social. Logo, um perfil pode ser considerado que é uma página que contém informações sobre aquela pessoa, sejam informações verídicas ou não, embora pareça algo estranho, muitas pessoas com as mais diversas justificativas acabam criando “perfis” com informações fora da realidade ou simplesmente um perfil falso chamado de “Fake” e é muito mais comum do que muitos podem imaginar. O conceito de mídias sociais é reunir amigos, colegas de trabalho, ou até mesmo um meio de se promover perante os “amigos em comum”, seja profissionalmente ou pessoalmente. Além do círculo de amizades criado ou interligado graças a este recurso, outras ferramentas como compartilhamento de imagens, vídeos e músicas são comuns em ambientes como este. O principal objetivo de muitos usuários é levar a vida real para o mundo digital. E quando se diz “levar o mundo real para o mundo digital”, não é um exagero provocado por uma expressão. Até pouco tempo atrás era comum pessoas chegarem de seu trabalho, da escola, cursinho ou faculdade e ao adentrarem em suas residências, se dirigirem direto ao televisor, hoje o que acontece é que ao momento que este indivíduo adentra a sua residência, o primeiro equipamento que é ligado passou a ser o computador. Com os avanços tecnológicos recentes supracitados, além do próprio computador, dispositivos móveis como tablets, smartphones, notebooks e netbooks, agora ficam conectados 24 horas do dia, ou seja, simplesmente é comum pessoas estarem conectadas todas as horas do dia, o que é muito comum entre jovens de 12 a 25 anos, justamente em fase escolar. Assim como encontros entre grupos de jovens para saírem e se divertirem em um sábado a noite qualquer. Outro fator tem chamado a atenção de pesquisadores e educadores já há algum tempo, que é utilizar desta “dependência digital” dos jovens para promover encontros educacionais ou até mesmo a prática do ensino sobre a ferramenta. A prática do ensino a distância não é algo tão recente assim, muito popular na década de 60 e 70 do século passado, cursos por “correspondência” capacitaram diversos profissionais nas mais variadas áreas. Embora seja visto por alguns como uma prática de estudo em que não se absorve quase nada, este ponto de vista é facilmente derrubado por quem de fato adota esta prática de ensino para se tornar um excelente profissional, ou seja, para que se obtenha resultados o estudante necessita de muita dedicação e disciplina.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar A educação a distância (EAD) pode ser considerada de forma simplificada como a educação na qual tanto professores como alunos estão dispersos geograficamente e mediados por algum recurso tecnológico. Esta modalidade de educação é dividida em etapas sendo definidas por recursos tecnológicos em que utilizavam, conforme Dias e Leite (2007), cartas, manuscritos, televisão, rádio e internet. Com o foco sobre o meio de comunicação internet, podemos citar alguns ambientes virtuais de aprendizagem, os chamados AVA’s (Ambiente Virtual de Aprendizagem), como Moodle, Blackboard, Teleduc e Eureka, dentre esses ambientes alguns são pagos e outros gratuitos sendo o único custo ode mantê-lo on-line, ou seja, disponível na internet ou além de mantê-lo on-line é também pagar sobre o direito de uso, como no caso do BlackBoard, por exemplo. Os AVA’s trouxeram uma grande vantagem tecnológica sobre os meios de aprendizagens comuns principalmente sobre o ensino superior, em que alunos que habitam regiões remotas, mas ainda assim possuem acesso à internet, podem frequentar as aulas sem sair do conforto de suas casas e se deslocar por grandes distâncias. Algumas definições de determinados autores: AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo. [...] Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma opção de mídia que está sendo utilizada para mediar o processo ensino-aprendizagem à distância (PEREIRA, 2007, p. 4-5). Sistema informatizado, projetados para promover interação entre professores, alunos e quaisquer outros participantes em processos colaborativos que envolvam ensino e aprendizagem via Internet (SANTOS, 2006, p. 18). Consistem em conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao processo ensino-aprendizagem. Os principais componentes incluem sistemas que podem organizar conteúdos, acompanhar atividades e,

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar fornecer ao estudante suporte on-line e comunicação eletrônica (PEREIRA, 2007, p. 6). AVAs vai além da idéia de um conjunto de páginas educacionais na Web ou de sites com diferentes ferramentas de interação e de imersão (realidade virtual). Entendemos que um ambiente virtual de aprendizagem é um espaço social, constituindo-se de interações cognitivo-sociais sobre ou em torno de um objeto de conhecimento: um lugar na Web, “cenários onde as pessoas interagem”, mediadas pela linguagem da hipermídia, cujos fluxos de comunicação entre os interagentes são possibilitados pela interface gráfica (VALENTINI; SOARES, 2005, p.19). O termo AVA deve ser usado para descrever um software baseado em servidor e modelado para gerenciar e administrar os variados aspectos da aprendizagem, como disponibilizar conteúdos, acompanhar o estudante, avaliar o processo de ensino-aprendizagem entre outros (PEREIRA, 2007, p. 6). Contudo, podemos afirmar que com o objetivo de promover os estudos por meios tecnológicos, podemos afirmar que o uso de mídias sociais é algo muito bem visto, principalmente pela grande dependência que o público-alvo tem sobre ela. Algumas empresas utilizam das mídias sociais para promover seu negócio, seus produtos; ou pessoas comuns se apropriam para reclamar, promover discussões de produtos e serviços. Porém, por outro lado, algumas pessoas utilizam destes recursos para tirarem proveito de algumas situações como, escapar de uma blitz da polícia, por exemplo, ou denegrir imagens de pessoas e empresas, que é algo muito comum. Embora já existam ferramentas próprias para o uso na educação, outras vêm surgindo com muita popularidade, por exemplo, as ferramentas Google; Google Docs, Google Acadêmico, Google Driver, Google tradutor e Google e-mail (gmail). Ferramentas de fácil usabilidade, disponível na internet 24 horas por dia e além de todos os outros benefícios, é gratuito. Computação nas nuvens pode ser um termo inédito para alguns, muitos de nós já

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar utilizamos desta “prática” há algum tempo, mas não possuem ciência da usabilidade. Quando muitos de nós não possuíamos um dispositivo para transferir de um lugar para outro, um “pen drive”, muito simplesmente enviávamos e-mails a nós mesmos para que em outra localidade pudéssemos obter este documento de volta, logo com o benefício das ferramentas Google não é mais necessário todo este trâmite, o mesmo possui um sistema de disco virtual que armazena qualquer tipo de dado até uma determinada capacidade, trabalhos podem ser editados por dois ou mais pessoas simultaneamente, a publicação de materiais e a disponibilidade a todos é algo simples de se realizar, ou seja, praticamente todas as ferramentas que uma AVA possui, o Google disponibiliza. Conforme os últimos avanços tecnológicos, a popularização da internet no Brasil e o fácil acesso a dispositivos físicos está cada vez mais evidente que em um futuro breve todos nós seremos reféns do uso da tecnologia informatizada em todas as nossas tarefas do dia a dia. Hoje essa dependência pode ultrapassar próximo aos 80%, em grandes centros como na região sudeste, se tratando principalmente de educação, escolas particulares estão cada vez mais e mais adaptadas a este novo universo tecnológico que é imposto a todos nós diariamente, alunos já frequentam salas de aula com dispositivos móveis e informatizados com acesso à internet, ou seja, hoje já fazemos parte de um mundo conectado à internet e este “mundo” não pode parar mais. Em salas de aulas espalhadas não só pelo sudeste, o conteúdo dedeterminadas aulas fica disponibilizado por meio de equipamentos tecnológicos como tablets, smartphones e qualquer outro dispositivo eletrônico que possua acesso à internet e possa ser utilizado como uma ferramenta a mais dentro da sala de aula. Sobre as mídias sociais, podemos afirmar que está encravada sobre os jovens que frequentam ambientes de ensino e é o principal meio de comunicação entre eles. Justamentepor essa dependência, é de suma importância que seja aproveitada essa necessidade de estar conectado à internet e unir essa dependência com o interesse desses jovens em sala de aula. A maioria dos ambientes virtuais de aprendizagem hoje não oferece uma interface tão atraente e também outros recursos a não ser aqueles que a ferramenta possui, ou seja, um editor de texto, editor e visualizador de um vídeo, por exemplo, para que isso seja possível, é necessário depender de ferramentas secundárias comoYoutube, por exemplo. Logo as ferramentas Google acrescentam de maneira fantástica a prática das atividades em sala de aula, aumenta a interação entre os usuários e transformam o que pode ser uma tarefa maçante em

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar uma tarefa que além das obrigações acadêmicas acrescente como um conteúdo de interesse pessoal, ou seja, algo que possa ser aproveitado em seu trabalho, ambiente profissional, ou em qualquer atividade pessoal. Com o grande número de usuários as mídias sociais como Facebook, por exemplo, a junção dessas duas ferramentas pode ser algo ainda mais atraente para o aluno realizar suas tarefas com maior participação e ainda obedecendo aprazos. Embora mídias sociais possam acarretar algum tipo de problema, por exemplo, o seu uso inadequado, ou até mesmo aumentar a dependência tecnológica da ferramenta, caso não seja elaborado um bom planejamento, atividades com objetivo e conscientização por parte dos usuários, esta ferramenta tem todos os ingredientes básicos para se tornar funcional, logo para isto basta planejamento, conscientização e compromisso. REFERÊNCIAS ACESSO à Internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal, IBGE. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ acessoainternet/defaulttab_hist.shtm>. Acesso em: 15 out. 2012. BRASIL já o terceiro em número de usuários no Facebook, Jornal o Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/tecnologia/brasil-ja-terceiro-em-numero-de-usuarios-nofacebook-4680865>. Acesso em: 15 out. 2012. O NÚMERO de usuários de celular sobe 87%. Jornal O Estadão. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,numero-de-usuarios-de-celular-sobe-87em-2009-aponta-ibge,34458,0.htm>. Acesso em: 15out. 2012. SANCHO, Juana M: HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2008. SANTOS, N. Estado da Arte em Espaços Virtuais de Ensino e Aprendizagem. Revista de Informática na Educação. Nº 4, abril 1999. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. Revisada e Atualizada. São Paulo: Cortez, 2007.

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MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

MATEMÁTICA: UMA BREVE INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA Keiji Nakamura

Numa manhã quente e úmida de agosto de 1900, o professor David Hilbert, da Universidade de Göttingen, prostou-se frente aos matemáticos que lotavam a sala de conferências do Congresso Internacional, realizado no Sorbonne, em Paris. Hilbert já era considerado um dos maiores matemáticos da época e havia preparado uma palestra ousada. Falaria sobre o desconhecido, e não sobre o que já fora aprovado. Essa abordagem era contrária a todas as convenções habituais, e a plateia pôde notar o nervosismo na voz de Hilbert quando ele começou a esboçar sua visão sobre o futuro da matemática. Disse: “Quem de nós não gostaria de levantar o véu que esconde o futuro, vislumbrando os próximos avanços de nossa ciência e os segredos de seu desenvolvimento nos séculos que virão”? Para anunciar o novo século, Hilbert desafiou a plateia com uma lista de vinte e três problemas que, segundo ele, ditariam o novo rumo dos exploradores matemáticos do século XX. De todos eles, apenas um, o oitavo, chegou aos nossos dias sem solução: a hipótese de Riemann. Assim, o mistério dos números primos passou a ser considerado o maior problema matemático de todos os tempos. -Farei um pequeno comentário de alguns problemas propostos e destinados aos professores do ensino fundamental e médio para preparar e melhorar seus alunos para a, quase extinta, carreira em matemática. O problema um: Provar a hipótese co Continuum (HC) de Cantor. Foi solucionado parcialmente pelo matemático Georg Cantor (1845-1918), com três paradoxos ocorridos em momentos diferentes, que ficaram marcados fortemente na História da Matemática. Mas, o que é um paradoxo? Um paradoxo é uma afirmação que não nos parece contraditória em si mesma, mas que contraria fatos ou pressupostos tidos como verdadeiro. 133


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em matemática, quando se anuncia um paradoxo tem-se que algo não está sendo compreendido ou suficientemente explicado pelos conhecimentos já existentes. Em especial a matemática se alimenta substancialmente todas as vezes que um paradoxo é anunciado. Isto se dá, porque logo em seguida à provisória crise que se instala, segue-se uma incessante busca de explicação, gerando assim novos conceitos e propriedades importantes que vão enriquecer a ciência. Nesse processo, pode-se observar a evolução do senso comum para o que podemos chamar de senso científico. O primeiro Paradoxo de Zenão. Zenão foi um filósofo grego que viveu por volta de 450 a.C. Muito do que é tratado como matemática hoje em dia era conteúdo de filosofia na Grécia. A corrente dos pitagóricos acreditava na existência de uma unidade de medida absoluta (mônada). Assim, uma quantidade de tempo, por exemplo, poderia ser subdividida em certo número de unidades de tempo que a comporiam. Essa unidade, por sua vez, não poderia mais ser subdividida. Havia muita dúvida sobre isso já que apesar da crença pitagórica não ser aceita por todos, não se tinha um argumento convincente para negá-la. Zenão jogou por terra a afirmação dos pitagóricos mostrando que se admitirmos a existência de uma unidade absoluta cairá num absurdo. O segundo: paradoxo de Cantor. Um conjunto pode ter o mesmo número de elementos que seu subconjunto próprio? Essas questões não foram superadas sem traumas na matemática. Galileu (1564-1642) já falava em correspondência biunívoca entre naturais e os números pares. A questão do número de elementos de um conjunto infinito voltou fortemente à baila no século XIX com grande avanço da Análise Matemática.

Bolzano preferiu olhar esse fato como uma

característica especial dos conjuntos infinitos. Georg

Cantor (1845-1918) mostrou

que infinito

podia

ser perfeitamente

compreensível, na verdade, não existia apenas um infinito, mas sim um infinito de infinitos. Em 1883, a comparação entre quantidades de elementos de conjuntos infinitos através da seguinte definição: “dois conjuntos têm o mesmo número de elementos quando existe uma bijeção entre seus elementos”.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar “Hipótese contínua”: haverá algum infinito menor dos números inteiros e o infinito maior dos números decimais? “Tema: Hipótese Contínuo, um problema com o qual, Georg Cantor, se debateu durante o resto de sua vida”. Richard Dedekind (1831-1916), em 1872, percebeu em um ensaio denominado “Continuidade e números irracionais” que: 1. Existem mais pontos na reta do que números racionais. 2. Então, o conjunto dos números racionais não é adequado para aplicarmos aritmeticamente a continuidade da reta. 3. Logo, é absolutamente necessário criar novos números para que o domínio numérico seja tão completo quanto à reta, isto é, para que possua a mesma continuidade da reta. No “Corte de Dedekind” mostrou que não é nada mais do que ampliar o domínio numérico que era conhecido pelos Gregos, juntando os números racionais uma nova categoria de números – os números irracionais – que vêm preencher os buracos cuja existência os gregos já haviam constatado. Ao conjunto dos números racionais e irracionais, Dedekind dá o nome de conjunto dos números reais e à reta contendo os racionais e irracionais de reta numerada real.

Problema dois: Para demonstrar a consistência dos axiomas da Aritmética.

Acredito que David Hilbert, com os vinte e três problemas, queria reconstruir um grande projeto para conjunto finito de elementos. Hilbert acreditava que a linguagem era suficientemente poderosa para desvendar todas as verdades da matemática. Por isso mostrou não ter dúvidas que todos os seus problemas não tardariam a ser resolvidos e que a matemática seria finalmente baseada em fundamentações lógicas inabaláveis. Infelizmente, no dia de uma palestra científica que não era considerada digna de ser transmitida, outro matemático iria despedaçar o sonho de David Hilbert e instalar a incerteza no coração da matemática. O homem responsável por destruir a crença de Hilbert foi o matemático Kurt Gödel (1906 – 1978), 25 anos. Gödel estudou a matemática na Universidade de Viena, na Áustria, mas passava a maior parte do seu tempo entre “o círculo de Viena”, nos

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar seus debates mostrou que iria revolucionar a matemática. Ele propôs a resolver o difícil teste de matemática: queria resolver o segundo problema de Hilbert e encontrar uma base lógica para toda a matemática. Em 1931, Gödel demonstrou o “Teorema de Incompletude” que em matemática tem um interessante resultado chocante. Chocou toda a comunidade. Ele demonstrou que toda matemática matematizada formalmente tem postulados, Axiomas e Teoremas. A partir de certo tamanho tem proposição dentro do sistema que não pode ser decidível, não é uma falha, isto é, uma característica do sistema formal a partir de certo tamanho. Temos outros exemplos, a conjectura de Goldbach ou a Hipótese Riemann, veio provar-se verdadeira ou impossível de provar? Gödel lentamente refugiava-se da sossegada e próspera Princeton de seus demônios, este pessimismo transformou em paranoia. Preferiu junto à praia, junto ao oceano caminhar sozinho e viver no seu interior. Nos anos 50, desde cedo, Paul Cohen ganhou competições e prêmios matemáticos. A hipótese do Contínuo de Cantor, este foi o problema que Georg Cantor não conseguiu resolver. Questiona-se se existe ou não um conjunto infinito de números menores do que o conjunto de todos os números inteiros, mas pequeno do que o grupo de todos os números decimais. Com arrogância própria da juventude, Paul Cohen, com 22 anos, decidiu que era capaz de solucioná-lo. Cohen surgiu um ano depois com a descoberta extraordinária de que ambas as respostas podiam ser verdadeiras. Existia em matemática na qual a hipótese do contínuo era verdadeira: não existia uma matemática em que a hipótese do contínuo era verdadeira. Não existia um conjunto entre os números inteiros e os números decimais. Mas existia uma matemática igualmente consistente em que a hipótese do contínuo podia ser falsa. Aqui existia um conjunto entre os números inteiros e números decimais. Era uma solução incrivelmente ousada. A demonstração de Cohen parecia ser verdadeira, mas o seu método era tão inovador que ninguém tinha a certeza absoluta. Existia apenas uma pessoa em cuja opinião todos confiavam. Depois da comunicação, Gödel deu o seu aval de forma pouco comum, pedindo-

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar lhe o Artigo colocando-o no correio na segunda-feira seguinte, dizendo que sim, que estava correto. A partir daí, tudo mudou. A prova de Paul Cohen, jovem matemático da Universidade de Stanford, empregou um método novo e engenhoso para provar que o Axioma da escolha era independente dos demais axiomas da teoria dos conjuntos, e que, com efeito, a hipótese do continuum era independente de todos os axiomas reunidos, inclusive a escolha. Cohen concluiu esse procedimento por meio da prova do complemento do resultado estabelecido anos antes por Gödel. A prova de Cohen demonstrou definitivamente que a verdade da hipótese do continuum de Cantor não podia ser estabelecida dentro do atual sistema de axiomas da teoria dos conjuntos. Isso não significa necessariamente que o resultado da incompletude de Gödel se explicasse à hipótese do continuum ainda era possível que outro sistema de axiomas pudesse dar margem a uma prova, quer da veracidade ou da negação da hipótese. O que a prova de Cohen nos mostrou foi que, no atual sistema de axiomas, a hipótese em questão poderia ser tomada tanto como verdadeira quanto como falsa, e nenhuma nova contradição iria resultar. Portanto, depois de todos aqueles anos de trabalho árduo para descobrir se Cantor estava certo ou errado, a hipótese do continuum permanece um enigma. David Hilbert morreu em 1943. Apenas dez pessoas compareceram ao funeral do matemático mais famoso de seu tempo. Domínio da Europa, o centro mundial da matemática durante 500 anos, chegava ao fim. Estava na altura de passar o testemunho matemático ao novo mundo. De fato, era a vez deste sítio, o Instituto de Estudos avançados instalou-se em Princeton em 1930. Com término da Segunda Guerra Mundial, a Europa e os demais países da Ásia envolvidos tiveram de reconstruir suas cidades e restaurar as indústrias. O fluxo de matemáticos, de cientistas e técnicos, entre os países, tornou-se muito grande e globalizada, tornou-se uma necessidade. O sistema Métrico decimal passou a ser utilizado por todos os países. O Instituto dos Estados Avançados instalara-se em Princeton a ideia de reproduzir a atmosfera acadêmica para atrair muitos dos melhores matemáticos europeus para a América.

137


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Nesse período, o grupo francês chamado Nicolas Bourbaky reescreveu matemática conhecida até então, com movimento educacional que valorizava a linguagem matemática e suas estruturas. Nicolas Bourbaky não existe nem nunca existiu, Bourbaky é de fato um pseudônimo de um grupo de matemáticos franceses liderado por André Weil, que decidiram escrever um relato coerente da matemática do século XX, normalmente, os matemáticos gostam de ter os seus nomes nos teoremas, mas para o grupo bourbaky, os propostos do projeto eram mais importantes do que os desejos de glória pessoal. Depois da Segunda Guerra, o testemunho Bourbaky foi passado à geração seguinte de matemática francesa, e o seu membro mais brilhante era Alexander Grothendiech. Grothendiech brilhou nos seus famosos seminários, nos anos 50 e 60. Ele tinha um carisma incrível e a capacidade fabulosa para ver uma pessoa jovem e de alguma forma saber que tipo de contributo é que essa pessoa podia dar para esta visão incrível que ele tinha sobre aquilo que a matemática podia ser.

E esta visão permitiu-lhe ultrapassar algumas ideias

realmente difíceis. Grothendieck interessado nas estruturas escondidas que servem de base para toda a matemática. Só quando chegamos à arquitetura mais básica é que os padrões da matemática tornam-se claros. Grothendiechh produziu uma nova e poderosa linguagem para ver essas estruturas a uma nova luz. Era como se vivêssemos num mundo de preto e branco. E é uma linguagem que os matemáticos usam desde então, para resolver problemas na teoria dos números, geometria e de física fundamental. Assim, os textos de matemática, física, química e outros que dispunham de linguagem própria passaram a se utilizar da representação simbólica da matemática, que se tornou a Rainha das ciências exatas e acabou conquistando as demais ciências. A demanda tecnológica, em meados do século passado, fez com que os textos dos livros de Matemática fossem adaptados, pois até o final da década de 50, estes dividiam-se em três grandes áreas: a Análise, a Álgebra e a Geometria.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Da Análise Matemática surgiu o Cálculo Diferencial e Integral com tratamento vetorial e com funções de várias variáveis reais, com largas aplicações nas engenharias, nas economias e arquiteturas; a Álgebra e a geometria fragmentaram-se gerando a Álgebra Linear, a Geometria Analítica com tratamento vetorial de R3; os tipos de Geometrias, projetiva, descritivos e outras, na parte da Trigonometria, uma propriedade fundamental das funções trigonométricas é que elas são periódicas. Por isso são adaptadas para descrever os fenômenos de natureza periódica, oscilatória ou vibratória, com os quais ajudam no universo: movimento do planeta, som, corrente elétrica alternada, circulação de sangue, batimento cardíaco etc. Levou os textos matemáticos a se adaptarem a essas aplicações da Matemática. A informática, criada logicamente pelos matemáticos, teve um desenvolvimento excepcional e determinou uma grande demanda de textos matemáticos aplicados a essa área. Os textos matemáticos, ao serem aplicados às engenharias, às arquiteturas, às músicas, às informáticas e as demais ciências, perderam as estruturas originais e começaram a surgir representações simbólicas distintas em todas as ciências a tal ponto que algumas áreas da Matemática, quando representadas por símbolos distintos, parecem representar conhecimentos diferentes e não aplicações de um mesmo conhecimento. Por exemplo, a Álgebra Booleana, a Lógica Clássica, os Circuitos Digitais são representações distintas dos anéis binários. Na realidade são casos particulares e aplicações do estudo da estrutura dos Anéis, que é uma parte da Álgebra. Kurt Gödel em 1940 e Paul Cohen, em 1963, realizaram uma verdadeira revolução na Teoria dos Conjuntos. Refere-se à hipótese do Contínuo (HC) uma cojectura de Cantor, que, no conjunto R dos números reais, qualquer subconjunto infinito é enumerável ou equipotente a R, muitas tentativas foram feitas para provar HC ou não HC, mas Gödel e Cohen descobriram que se admite que os Axiomas ZF (Teoria de Zemelo –Fraenkil) . Em 1963, Cohen inventou um novo método de formação de modelos de Teoria dos conjuntos, chamando <forcing> de uma flexibilidade notável, o que leva a uma infinidade de <teorias dos conjuntos> incompatíveis duas a duas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Unificação na Matemática Naturalmente, não queremos ser interpretados nesse texto e eleger “culpados”, quando negamos alguns feitos anteriores de propostas pedagógicas. A intenção de apresentar ideias novas aos alunos de licenciatura em Matemática das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira Unisepe/Registro, sempre foi a de proporcionar novas ideias, necessariamente que envolvam ideias de como a ciência se desenvolve (matemática). Mas as ideias novas que trato aqui na palestra são ideias unificadoras vindo da matemática moderna tratada nos anos 70, tiradas da teoria dos conjuntos, álgebra ou topologia, ao dominá-las o aluno deve tornar-se mais capaz de entender o sentido de argumentos expostos em casos particulares. Essa busca de unificação da matemática, cujo objetivo é em parte estético, tem o fim prático de ajudar a por sob controle de quantidades de conhecimento detalhado, para ajudar a memória e também repor ao cérebro essas quantidades de conhecimento que está em falta. Excluem-se da escola os que não conseguem aprender, excluem-se do mercado de trabalho os que não têm capacidade técnica porque antes não aprenderam a ler, escrever e contar, e excluem-se, finalmente, do exercício da cidadania, esses mesmos cidadãos, porque não conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre, democrática e participativa (VICENTE BARRETO, 2000).

REFERÊNCIAS ACZEL, Amir O. O mistério do Alef: A matemática, a cabala e a procura pelo infinito. Editora Globo. 2003. DE MAIO, Waldemar. Fundamentos de Matemática. Espaços Vetoriais: aplicações lineares e bilineares. LTC editora: Rio de Janeiro, 2007. DOS SAUTOY, Marcus: A música dos números primos: a história de um problema não resolvido na matemática/ Marcus Du Sautoy, tradução: Diego Alfaro. Jorge Zahar, Ed.: Rio de Janeiro, 2007. GRIFFITHS & HILTON. Tradução de ELZA F. GOMIDE. Matemática clássica: Uma interpretação contemporânea. Por H. B. Griffiths e P.J. Hilton. São Paulo. Edgard Blücher, Ed. Da Universidade de São Paulo. 1975. Volume 1, 2 e 3. 140


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar PIRES, Rute da Cunha. Tese do título de Doutor em Educação Matemática: A presença de Nicolas Bourbaky na Universidade de São Paulo. PUC/SP: São Paulo: 2006. SOCIEDADE Brasileira de Educação Matemática. SBM. Novembro de 1995. Nº 5 Ano 3.

141


TULO

CAPÍ

09

A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Carlos Eduardo Pinto Ana Aparecida Assis Antônio Honório Siqueira Priscilla Mendes Vieira Rhaíra Ponchet

Criada na década de 1960 a Internet teve um início restrito e destinado somente ao seguimento militar, governamental e acadêmico. Permanecendo assim por aproximadamente vinte anos. Em meados da década de 1990, com a sua regulamentação, a Internet começou a ser explorada comercialmente, popularizou-se por meio de pequenos programas gráficos, pequenas redes, antes operadas isoladamente, interligaram-se a uma única rede surgindo assim a Web 2.0 como hoje conhecemos. Atualmente, as redes sociais têm adquirido importância crescente na sociedade moderna como ferramenta de informação, eficiência e flexibilidade no processamento das transições de dados sendo tão inovadora e desconhecida da maioria das empresas. Com os mercados cada vez mais competitivos as micro e pequenas empresas estão se despertando para adaptar-se às novas tecnologias. As mídias sociais contribuem como uma expansão e explosão para um mundo tecnológico avançado e continuam a crescer gradativamente como uma avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes sociais. Segundo dados do SEBRAE, do ano de 2007, existem 5,1 milhões de empresas no Brasil, sendo que 98% são micro e pequenas empresas, o conceito de micro e pequena empresa é variável de acordo com o ramo de atividade, ficando assim estabelecido: microempresa no comércio e serviços até 9 funcionários, para a indústria até 19 funcionários, a pequena empresa comércio e serviços 10 a 49 funcionários, para indústria de 20 a 99

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar funcionários. Há também a classificação quanto ao faturamento microempresa até 360 mil reais, a pequena empresa faturamento superior a 360 mil reais até 3,6 milhões de reais anuais. Longenecker

(1997)

declara

que

as

pequenas

empresas

contribuem

inquestionavelmente para o bem-estar econômico da nação. Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços. Conforme Rosenblom (2002), o uso da Internet para tornar produtos e serviços disponíveis de tal forma que o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras tecnologias capacitadoras possa comprar e complementar a transação de compra por meios eletrônicos. Desse modo, podemos observar na região do Vale do Ribeira-SP, a estratégia de marketing e os elementos que as micro e pequenas empresas mais utilizam são o preço e o produto, deixando a promoção e o ponto de venda menos valorizados, porque demanda muito valor para propagandas. As redes sociais vêm contrapondo a este canal de relacionamento com o consumidor, proporcionando feedback instantâneo entre a empresa e o cliente. Contudo, estamos na era do marketing on-line uma ferramenta auxiliadora para as micro e pequenas empresas, tendo a necessidade de atuar de forma conjunta e associada. Esse artigo visa analisar as mídias sociais como um ambiente corporativo e produtivo sobre a perspectiva de vários autores e reforçando o conceito de colaboração mútua a fim que as micro e pequenas empresas possam sobreviver e se manterem nesse mundo tecnológico. O presente trabalho tem como objetivo estudar a preocupação com a imagem na Web, os riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta de marketing. Como justificativa o tema é muito atual para a área acadêmica, visto que estudar a influência das redes sociais no Vale do Ribeira-SP, região esta que está às margens da BR 116, por onde passa quase toda a produção nacional de diversos produtos, pode trazer grandes benefícios para o mercado e a vida acadêmica.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 2. AS REDES SOCIAIS

As redes sociais consistem em uma ferramenta que conecta pessoas e organizações através do computador. As redes sociais tiveram início por volta do ano 1999, com um jovem estudante de Stanford, que criou uma rede para downloads de música, esse foi o start, o início das redes que conhecemos hoje. Atualmente, temos mais de 100 tipos de redes sociais, elas estão divididas da seguinte forma: redes sociais (interação entre pessoas); produção de conteúdo (colaborativo livre); agregadores e indexadores (relevância de conteúdo) e mundos virtuais (interação social). Hoje a maior rede social, o Facebook, já contabiliza 39,8 milhões de usuários em todo o Brasil, números esses de dezembro de 2011. Com essa nova ferramenta, surgem inúmeras oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas que vislumbram a Internet como cenário de atuação, podendo beneficiar-se desta nova estratégia de marketing. As mídias sociais contribuem para a expansão e explosão de um mundo tecnológico avançado, e continuam a crescer gradativamente como uma avalanche abrangendo várias faixas etárias e diversas classes sociais. Rosenblom (2002) considera que embora a Internet tenha sido concebida como um mecanismo de troca de informações, ela pode ser usada como um “canal de marketing eletrônico” para compras. O uso da Internet pode tornar produtos e serviços disponíveis, de tal forma que, o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras tecnologias capacitadoras, possam comprar e complementar a transação por meios eletrônicos. Outra rede social também muito utilizada pelas organizações é o Twitter, que é um microblog, com apenas 140 caracteres, ou seja, somente para mensagens curtas, os consumidores utilizam esta ferramenta para dar suas opiniões em relação a produtos e serviços prestados. Muitas empresas hoje já monitoram o Twitter para medir o nível de satisfação de seus consumidores, o tempo entre a opinião do consumidor e a resposta da organização varia entre 5 minutos a 2 horas, o Brasil já tem cerca de 33,3 milhões de usuários desta rede.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 3. O MARKETING E AS REDES SOCIAIS

Segundo Churchill, Gilbert e Peter (2000), a tecnologia da informação é especialmente benéfica para os profissionais de marketing cujos produtos e serviços baseiam-se em informações. A Internet é útil em todo o processo de marketing, os sites da Web também são um meio de comunicação com clientes existentes e potenciais, uma vez que as organizações podem oferecer informações sobre si mesmas e seus produtos, e cultivar relacionamentos comerciais de longo prazo.

Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam ao bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 2009, p.15).

Las Casas (2009) comenta que a presença de computadores na comercialização revolucionou o marketing a tal ponto, que hoje dois fatores têm sido mencionados com frequência: rapidez e flexibilidade. A informação passou a ser componente importante na estratégia e é considerado um diferencial. Globalização, planos econômicos, qualidade, valorização do consumidor/colaboradores e modismos da administração são fatores importantes que influenciam o marketing no Brasil.

O uso da Internet como um canal de marketing ainda é muito novo e embrionário para ter um registro confiável estabelecido. Cinco vantagens são frequentemente mencionadas sobre os canais de marketing

baseados

na

Internet: Escopo

e

alcance

global;

Conveniência/processamento rápido das transações; Eficiência e

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar flexibilidade no processamento de informações; Gestão baseada em dados e capacidade de relacionamentos; Menores custos com vendas e distribuição (ROSEMBLON, 2002 p. 377-378).

Kotler (1998) conceitua o marketing on-line como o que pode ser atingido por uma pessoa, via computador e modem, a vários canais on-line: marketing comercial em que o internauta paga por ele. Ex.: jornais, revistas, site personalizados etc. Ou ainda a Internet, sendo uma teia global que liga todas essas informações. Os benefícios do marketing on-line aos consumidores são: conveniência, informação e menor exposição a vendedores e a fatores emocionais. E para as empresas são: adaptações rápidas às condições de mercado, custos menores, desenvolvimento de relacionamentos com os clientes e tamanho da sua audiência.

4. REDES SOCIAIS E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

As redes sociais como o Twitter, Orkut e Facebook, entre outras, valem ouro. São ferramentas cada vez mais populares na Internet e um fenômeno tão recorrente e forte que não pode passar despercebido pelas empresas. Muitas das micro e pequenas empresas estão cada vez mais aderindo a esta nova ferramenta, que pode proporcionar o reconhecimento da sua marca, inovação e prospecção de novos clientes. Hercheui (2012) em seu artigo considera quatro benefícios fundamentais das mídias sociais para as organizações: melhora da relação com os consumidores; redução dos custos de comunicação; ampliação de acesso da empresa a conhecimento e a profissionais especializados; aumento da capacidade de inovação da empresa. Longenecker (1997) comenta que especificar qualquer padrão de tamanho para definir pequenas empresas é algo necessariamente arbitrário, porque as pessoas adotam padrões diferentes para propósitos diferentes. Mesmo os critérios usados para medir o tamanho dos negócios variam, alguns critérios são aplicáveis a todas as áreas industriais, enquanto outros são relevantes para certos tipos de negócios.

147


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar As pequenas empresas contribuem inquestionavelmente para o bem-estar econômico da nação. Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços. Elas oferecem contribuições excepcionais, na medida em que fornecem novos empregos, introduzem inovações, estimulam a competição, auxiliam as grandes empresas e produzem bens e serviços com eficiência.

Marketing de pequenas empresas consiste daquelas atividades que se relacionam diretamente à identificação de mercados-alvos; à determinação de potencial do mercado-alvo, e a preparação, a comunicação

e

a

satisfação

plena

desses

mercados

(LONGENECKER, 2004 p. 190).

As estratégias de marketing são essenciais as micro e pequenas empresas e evoluiu dessas atividades: a segmentação de mercado, a pesquisa de mercado, a previsão de venda; já a teoria dos 4Ps, são tratadas como marketing mix da empresa. Para se ter sucesso nas redes sociais é importante que as micro e pequenas empresas tenham um plano de marketing definido, colocar temas que chamem a atenção do seu públicoalvo, publicar assuntos relacionados ao dia a dia e abordagens relevantes aos mais diversos temas.

Ainda

buscando

o

sucesso

e

popularidade

nas

redes,

a

comunicação,

regularidade/atualização, o profissionalismo e a qualidade são tópicos que devemos prestar bastante atenção, porque o mau uso destas variáveis pode acarretar em problemas no plano de marketing.

5. METODOLOGIA

Nos dias atuais é fundamental o relacionamento no ambiente corporativo, pois visa manter a imagem de uma empresa junto a seu público de interesse de diversas classes sociais, conforme Charoux (2006), a metodologia deve ser entendida como um elemento facilitador da

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar produção de conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar o entendimento do processo de busca de respostas e o adequado posicionamento de informações sobre o que se ignora. Para Severino (2007), várias são as modalidades de pesquisa que pode praticar o que implica coerência epistemológica, metodológica e

técnica para o seu adequado

desenvolvimento que, segundo Reich (1999), é uma oportunidade para aprender e quem sabe modificar a realidade nas organizações; por isso, colher e analisar dados sobre a empresa-alvo é a tarefa mais importante. Desta forma, Reich (1999) utiliza uma postura de ouvir o que as pessoas têm a dizer e participar de eventos sem a preocupação de que isto possa influenciar os respondentes ou processos em andamento, assim, Severino (2007) aborda que são várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas.

5.1 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO DO ESTUDO

As mídias sociais estão interligadas com grupos de pessoas em que facilita a maneira de encontrar pessoas para que se possam obter informações de interesse em seu produto, afinal cada mídia social funciona de uma maneira, mantendo uma constante troca de informações instantâneas proporcionando um retorno imediato. Por sua vez, Charoux (2006), em decorrência do tipo de pesquisa, diz que são escolhidas as melhores ferramentas para o trabalho, isto é, as técnicas de coleta de dados que melhor se ajustam à natureza da tarefa que, aborda Roesch (1999), engloba toda a organização, como no caso de propostas de reestruturação organizacional, normalmente em empresas de pequeno e médio porte. Fundamentalmente, considera a efeito uma solicitação de dados a um aglomerado de micro e pequenas empresas que atuam nas redes sociais com referência ao problema em tela para, posteriormente, mediante a análise qualitativa, chegar às conclusões, proporcionalmente, e às informações conquistadas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar O foco da pesquisa está concentrado em dez micro e pequenas empresas instaladas no mundo virtual das cidades Registro, Juquiá e Cajati como canais de informações e divulgações dos seus produtos com o consumidor. O questionário foi devidamente aplicado com as micro e pequenas empresas inclusas nas redes sociais.

5.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA

De acordo Charoux (2006), conforme o tipo de questionamento formulado, a pesquisa pode ser classificada como: exploratória, descritiva e experimental ou casual. Quanto a sua finalidade, pode ser classificada como: quantitativa ou qualitativa, como destaca Severino (2007), que são várias as modalidades de pesquisa que se pode praticar o que implica coerência epistemológica, metodológica e técnica para o seu adequado desenvolvimento. Como ferramenta de obtenção de informações empregar-se-á o questionário pela facilidade de utilização, podendo ser direcionado a um vasto número de micro e pequenas empresas que atuam simultaneamente no mundo virtual, que discorre Roesch (1999). A pesquisa qualitativa é apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um programa ou plano, ou mesmo quando é o caso da proposição de planos, ou seja, quando se trata de selecionar metas de um programa. Para o objetivo proposto à investigação adotou-se um estudo qualitativo para avaliar as prerrogativas do uso da Internet como forma de comunicação entre a empresa com o consumidor e induzir a empresa na era da informação. A principal forma de conduzir a pesquisa qualitativa é descobrir quantas micro e pequenas empresas compartilham uma característica ou um grupo de características, especialmente projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 5.3 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Santos e Filho (2003) comentam que o método como já exposto anteriormente, é o caminho a ser trilhado pelos pesquisadores na busca do conhecimento. Existe o método geral, aplicado a toda e qualquer área do conhecimento humano, e o método particular específico para cada campo da ciência, com suas próprias especificidades. Já Rudio (2004) conceitua “coleta de dados” como a fase do método de pesquisa, cujo objetivo é obter informações da realidade, conforme relata Oliveira (2001), verifica-se que a fase prática da pesquisa inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta de dados previstos, e sua execução obedece a várias características. Para Oliveira (2001), são várias as fases para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação, comenta Rudio (2004), que pelo fato de serem muito frequentemente empregados nas ciências comportamentais, vamos apenas considerar, em nosso estudo, o questionário e a entrevista. Para esta pesquisa qualitativa foi utilizado o questionário, que tem por objetivo realizar medições de variáveis ou conceitos. Na elaboração dos questionários foram utilizadas perguntas abertas.

6. ANÁLISE DOS DADOS

Todas as informações obtidas por meio das entrevistas e da aplicação dos questionários aqui serão levadas em consideração para a análise dos resultados. Observa Roesch (1999) que as perguntas abertas em questionários são a forma mais elementar de coleta de dados qualitativos, ainda descrevendo sobre a análise Symon & Casell citado por Roesch (1999) enfatizam que é um processo de interpretação que impede a ideia de objetividade científica implícita na confiabilidade e viabilidade.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Foram analisadas dez empresas nos ramos de confecções, perfumaria, cosméticos, medicamentos, imobiliário, consultoria e estética, nas cidades de Juquiá, Registro e Cajati, entre os dias de 06 a 16 de abril do corrente ano. Foi utilizado um questionário com seis questões de respostas abertas, em que as empresas foram questionadas quanto ao tempo de uso das redes sociais, os fatores que levaram à utilização dessa ferramenta, os benefícios percebidos, eventuais problemas e o custo que a empresa teve para estar presente nas redes sociais. Foi observado na primeira pergunta que entre as dez empresas pesquisadas somente três utilizam as redes sociais, por um período recente, entre 02 a 06 meses. Já as outras sete empresas fazem uso desta ferramenta há um tempo maior, entre 02 a 03 anos de forma bem atuante, sempre atualizando os perfis e postagens, mesmo as que ainda não têm tanto tempo nesta rede, também utilizam de postagens e atualização para que consigam sempre estar visíveis aos possíveis consumidores. Na segunda questão foram analisados os fatores que levaram o uso desta ferramenta, tendo como as respostas de ser vantajoso ter um perfil ativo na rede; rapidez de retorno em relação às postagens de fotos, mensagens e produtos; grandes números de pessoas que se relacionam por meio da rede; melhor contato com os clientes. Citado por cinco empresas o objetivo de fazer propaganda utilizando a rede como forma de informar os possíveis clientes em relação aos produtos expostos, houve relatos de uma empresa de perfumaria que costuma postar produtos, e que os clientes que naquele momento não podem comparecer na loja ou mesmo de outras cidades, chegam a reservar os produtos ou mercadoria, outro fator descrito pelas empresas foi divulgar a marca, a divulgação também foi observada na análise dos questionários, ou seja, a divulgação da marca e nome da empresa, visto que as empresas estão buscando se tornar conhecidas para poder competir com o mercado globalizado. Um fator notado nas empresas pesquisadas foi que várias citaram a utilização das redes sociais para a propaganda, mas considerando o conceito de propaganda sendo alguma atividade promocional que se pague por ela por um período determinado, essas empresas não estão fazendo propaganda e sim uma forma de publicidade sendo considerada como uma comunicação não paga de informações sobre a empresa, produto e ou serviço.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Em relação aos benefícios sentidos, ao serem tabulados os dados, a rapidez foi a mais citada, novos negócios, aumento da carteira de clientes, atração de novos clientes, possíveis clientes. Dentro desta questão, três empresas ainda não observaram benefícios e resultados desta ferramenta. Um ponto bastante questionado neste trabalho foi a marca, os riscos que a rede pode oferecer em relação à privacidade de nome, logomarca e imagem, devido à ação de hackers, vírus e outros perigos incutidos na rede. Mas de maneira surpreendente todos os dez entrevistados relataram não terem tido nenhum tipo de problema desta natureza. Entre as redes mais usadas o Facebook é o grande preferido, sendo que as empresas que ainda não estão nesta rede, já se projetam migrar devido ao grande boom de usuários que essa rede social está acomodando no mundo. Quanto aos custos para a manutenção da empresa na rede, a maioria relata não ter despesa alguma, somente uma empresa no ramo de perfumaria pontuou que mantém um administrador de sites para a manutenção da sua Fanpage.

Empresas

Ramo de atividades

Cidade

Rede social

Ampla RH

Consultoria

Registro

Facebook

Cor e Canela Perfumaria

Salão de Beleza

Juquiá

Facebook

D&M Imóveis

Imobiliária

Cajati

Facebook/Twiter

Dalva Moda Íntima

Artigos em geral

Juquiá

Msn

Delírio Perfumaria

Perfumaria

Registro

Facebook

Drogaria Silveira II

Medicamentos

Registro

Facebook

Fascínio Modas

Confecções

Juquiá

Facebook/Msn

Jhony Modas

Confecções

Juquiá

Facebook/Msn

Peralta Modas

Confecções

Juquiá

Orkut

Soul and Beauty

Clínica de Estética

Registro

Facebook

6.1 Quadro - 1 Demonstrativo da Pesquisa Fonte: Dados da pesquisa 2012

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar As redes sociais são hoje o boom do momento com milhões de pessoas no mundo conectadas as outras em tempo mais do que real. O Brasil tem cerca de 40 milhões de usuários ligados nestas redes sociais. A região do Vale do Ribeira-SP, com cerca de 140 mil habitantes, considerando a grande expansão da Internet, mas ainda sem dados estatísticos sobre o número de usuários das redes sociais. Estudar a influência das redes sociais nas micro e pequenas empresas do Vale do Ribeira-SP, com o objetivo principal de pesquisar a preocupação com a imagem na Web, os riscos para a marca e legitimidade das micro e pequenas empresas que usam esta ferramenta de marketing. Após a análise dos dados coletados, podemos concluir que as empresas não estão preocupadas com a imagem, todas as empresas pesquisadas relataram não terem tido problemas com a sua imagem nas redes sociais, observamos que dependendo do ramo de atividade, a venda não é tão relevante, mas sim, buscam estar posicionadas na mente do consumidor. Encontramos algumas dificuldades no referencial teórico devido ao tema proposto ser bastante inovador e inédito na coleta dos dados, que num primeiro momento seria via rede social, mas logo esbarrado na falta de retorno das mensagens, buscamos outro caminho para a coleta que se deu por meio de entrevistas pessoais e via telefone. Há muito que se pesquisar sobre a questão de redes sociais e suas influências nas micro e pequenas empresas, apontamos como sugestões observar o tempo para pesquisar a população-alvo, cidade e ramos de atividades, e algo a notar, também, seria a metodologia, talvez por meio de uma pesquisa quantitativa poderia se obter melhores resultados.

REFERÊNCIAS

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155


TULO

CAPÍ

10

A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INTERNET: NOVOS SABERES E NOVOS PARADIGMAS Enzo Bertazini Juliano Schimiguel Hélio Rosetti Junior Djalma de Oliveira Bispo Filho

A Internet integra parte significativa do cotidiano das pessoas. Ela é usada para atividades pessoais, corporativas e governamentais. A Educação como um todo também se vale desta importante ferramenta como pode ser observado pelo levantamento feito pela Abed (ABED, 2006) junto a Instituições de Ensino credenciadas a ministrarem cursos no formato Ead, bem como empresas que utilizam este formato educacional para a formação, qualificação e treinamento de seus funcionários, parceiros e clientes. O presente trabalho visa debater detalhes da aprendizagem no ambiente da internet, com suas consequências e desdobramentos, em comparação com as formas tradicionais de se aprender. O Mapeamento do Censo EAD.BR (ABED, 2006) verificou a evolução em todos os níveis educacionais. As instituições a distância ministram 1.752 cursos. Os de especialização formam o maior grupo com 37% de todos os cursos, seguido pelos de graduação com 26,5%, ou então por um grupo que pode ser composto pelos cursos de graduação mais os tecnólogos ou de complementação pedagógica, que ainda assim ficam com 34,6%. Conforme as instituições de ensino que responderam ao censo, a idade do aluno é mais avançada do que na educação presencial, sendo que a idade predominante é a de mais de 30 anos e com o maior número de matrículas em torno de 72% (ABED, 2006). O censo mostra ainda que a evasão média apurada entre as 129 instituições que responderam a essa questão é de 18,5%. Os motivos mais frequentes apontados pelos alunos para a evasão, na análise das instituições, são a falta de dinheiro e de tempo (indicados por mais da metade), mas os problemas referentes ao desconhecimento do método ou ao seu estranhamento não são desprezíveis, sendo citados por um terço das instituições (ABED, 2006). Esta característica muitas vezes vem acompanhada de outras como: aluno trabalhador, com família constituída e há muitos anos afastado do sistema educacional. Isto implica não só 157


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar em pré-requisitos e perspectivas diferentes por parte destes alunos quanto ao curso que abraçaram, mas também de estilos e condições de aprendizagem centradas em também diferentes relações com os saberes (CHARLOT, 2001; DOUADY, 1995). Estes aspectos impõem mudanças, inovações na prática pedagógica do professor universitário e das ferramentas utilizadas em um ambiente EAD. A informação digitalizada circula mais rapidademente, se reproduz e pode ser apresentada em diversas interfaces. Nesse contexto, Web sites e ambientes virtuais de aprendizagem vêm ganhando espaço e credibilidade como ferramentas de apoio ao ensino e aprendizagem, por facilitarem a organização, a interatividade e a colaboração entre alunos e professores (RECUERO, 2002). Duffy e Savery (1995) consideram que o conhecimento resulta do entendimento das interações com o ambiente social, ou seja, os alunos interpretam as informações à medida que as experimentam dentro de um contexto significativo. Regras, leis e enunciados, separados de um contexto, têm pouco ou nenhum significado para os alunos. Dessa forma, construir espaços de formação é um desafio que não se limita a simples incorporação de conteúdos digitais no ambiente de aprendizagem. Deve-se também considerar a aprendizagem como uma produção resultante não só dos conteúdos disponibilizados em um ambiente, mas também das atividades de exploração conduzidas através da interação, dos processos colaborativos e da contextualização do conhecimento (MORÁN, 2002). A EAD apresenta-se como uma estratégia para a construção de conhecimentos em que a construção do conhecimento ocorre em virtude da interação do indivíduo com o que ele conhece, sendo sempre uma construção nova, uma nova interpretação que ele é capaz de fazer, partindo de conhecimentos pré-estabelecidos (FRANCO et al., 2006). Para Estabel et al (2006), Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são portas de entrada para a inserção de indivíduos no ambiente digital, sendo necessário definir, de forma criteriosa, a escolha de um ambiente com recursos de interação para favorecer o processo de aprendizagem atuando o professor, como mediador no processo de cooperação. Segundo resultados da 21ª Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP-CIA, 2010), em 2010 existia 77 milhões de computadores em uso no Brasil (dois para cada cinco habitantes). A previsão para os próximos anos indica que teremos as seguintes quantidades: em 2012, 100 milhões de computadores (um para cada dois habitantes)

158


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar e em 2014, 140 milhões (dois para cada três habitantes). O uso da Internet também não para de crescer em quantidade de usuários, sites e infraestrutura. É fato que estamos imersos em um mundo cada vez mais dominado pelas tecnologias. A escola como instituição social, sofre intervenção do contexto no qual se insere e, se a sociedade moderna está definida e estruturada pela tecnologia, todas as suas instituições passam a ser delineadas com parâmetros tecnológicos. A escola tem uma estrutura tradicionalmente conservadora, porém, é impossível recusar o conhecimento tecnológico trazido pelos estudantes, quando jovens, que convivem com a técnica no seu meio social, e pelas empresas de informática, produtoras de instrumentação para aprendizagem em todas as áreas. Em contrapartida, o grande número de alunos que estudam pelo sistema de EAD não possui toda essa vivência digital. OBSERVAÇÕES ACERCA DA APRENDIZAGEM NOS DIAS DE HOJE Conforme De Aquino (2008), o mundo moderno, de modo geral, e o mundo dos negócios, de modo particular, exigem das pessoas um constante aprendizado, para que elas obtenham cada vez mais sucesso ou, no mínimo, não se sintam marginalizadas e sem oportunidades. Estamos na era do “Lifelong Learning” ou educação continuada ou aprendizagem continuada. Segundo a enciclopédia digital de construção coletiva do conhecimento (WIKIPEDIA, 2011), aprendizagem continuada é o fornecimento ou a utilização de ambas as oportunidades formais e informais de aprendizagem ao longo da vida das pessoas, a fim de promover o desenvolvimento e melhoria contínua dos conhecimentos e habilidades necessárias para o emprego e a realização pessoal. Esta definição compartilha uma conotação de mistura com outros conceitos educacionais, como a Educação de Adultos, Formação de Adultos, Educação Continuada, Educação Permanente e outros termos que se relacionam com a aprendizagem fora do sistema formal de ensino. Segundo o Banco Mundial (THE WORLD BANK, 2011), a aprendizagem continuada é essencial para os indivíduos manterem o ritmo com o mercado de trabalho mundial. Nesta visão, as pessoas devem adaptar-se constantemente às novas condições de vida, tecnologia e exigências de trabalho. Isso requer o aprendizado de habilidades que ajudam o indivíduo a se ajustar a um mundo em constante mudança. A abordagem do Banco Mundial para a aprendizagem continuada envolve uma combinação de competências. O Banco Mundial define

159


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar os conhecimentos e as competências necessárias para a aprendizagem ao longo da vida incluindo a base de habilidades acadêmicas, como a alfabetização em língua estrangeira, matemática e ciência, e habilidades, a capacidade de usar tecnologias de informação e comunicação. Os trabalhadores devem usar essas habilidades de forma eficaz, agir de forma autônoma e reflexiva, e juntar-se e funcionar em grupos socialmente heterogêneos. Já a UNESCO (UNESCO, 2011) apoia uma visão mais humanista da aprendizagem em comparação com a abordagem econômica do Banco Mundial. Esta visão está centrada no desenvolvimento integral do indivíduo. O relatório intitulado Aprender a Ser: O mundo de hoje e amanhã da Educação (FAURE et al., 1972) argumenta que a ênfase deve estar em aprender a aprender e não sobre a adequação entre a escolaridade e as necessidades do mercado de trabalho. O relatório afirma: O objetivo da educação é permitir ao homem ser ele mesmo [...] e o objetivo da educação em relação ao progresso econômico e de emprego devem ser não tanto a preparar [...] para uma vocação específica para a vida toda, como otimizar a mobilidade entre as profissões e oferecer estímulo permanente ao desejo de aprender e treinar a si mesmo. O conhecimento é composto de diferentes tipos: Saber sobre, Saber fazer, Saber ser, Saber onde encontrar e saber transformar (SIEMENS, 2011). Revistas, livros, bibliotecas, museus fornecem conhecimento nos níveis "sobre" e "fazer". Saber ser, saber onde encontrar e saber transformar são compreensões de nível superior e se dá por meio da reflexão e aprendizagem informal. Os sistemas tradicionais de ensino, no qual o professor é a única fonte de conhecimento, são pouco adequados para preparar as pessoas para trabalhar e viver em uma economia do conhecimento. O quadro 01 mostra as relações entre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem contínua e os papéis desempenhados por alunos e professores.

160


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Aprendizagem Tradicional

Aprendizagem Contínua Os educadores são os guias de fontes de

O professor é a fonte de conhecimento

conhecimento

Os alunos recebem o conhecimento do

As pessoas aprendem fazendo

professor Os alunos trabalham sozinhos

As pessoas aprendem em grupo e do outro

Os testes são indicados para impedir o

A avaliação é usada para guiar estratégias de

progresso, quando os alunos têm

aprendizagem e de identificar caminhos para

dominado completamente um conjunto

a aprendizagem futura

de competências. Todos os alunos a aprender a mesma

Educadores

desenvolver

coisa

aprendizagem individualizada

planos

de

Os educadores estão aprendendo ao longo Professores recebem formação inicial

da

vida.

A

mais ad hoc de formação em serviço

desenvolvimento

formação

inicial

profissional

e

contínuo

estão ligados Os alunos são identificados e autorizados

As pessoas têm acesso a oportunidades de

a continuar mais tarde a educação

aprendizagem ao longo da vida O aprendizado é colocado em prática

Quadro 01: Comparação entre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem contínua Fonte: Adaptado de THE WORLD BANK (2011)

Há mais de um tipo de aprendizagem. Em 1956 Benjamin S. Bloom e outros membros da Associação Americana de Psicologia, identificaram três domínios de atividades educacionais: •

Cognitivo: habilidades mentais (conhecimento).

Afetivo: o crescimento de sentimentos ou áreas emocionais (atitude).

Psicomotor: manual ou habilidades físicas (habilidades).

161


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar O domínio cognitivo, segundo Bloom (1974), envolve o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades intelectuais. Isso inclui a retirada ou o reconhecimento de fatos específicos, padrões processuais e dos conceitos que servem para o desenvolvimento das capacidades intelectuais e competências. Há seis categorias principais: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. As categorias podem ser consideradas como graus de dificuldades. Ou seja, as primeiras devem, normalmente, ser dominadas antes que as próximas possam ter lugar. O domínio afetivo inclui a maneira como lidamos com as coisas emocionalmente, como sentimentos, valores, apreciação, entusiasmos, motivações e atitudes. Há cinco categorias principais: internalização, organização (de valores), avaliação, resposta e recepção. O domínio psicomotor inclui o movimento físico, coordenação e utilização das áreas de habilidades motoras. O desenvolvimento dessas habilidades requer prática e é medido em termos de velocidade, precisão, distância, procedimentos ou técnicas de execução. Há seis categorias principais: reflexos, movimentos básicos, habilidades de percepção, habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal. Esta taxonomia dos comportamentos de aprendizagem pode ser pensada como "os objetivos do processo de aprendizagem". Isto é, após um episódio de aprendizado, o aluno deve ter adquirido novas competências, conhecimentos e/ou atitudes. Bloom e seus colegas deram ênfase ao domínio cognitivo e estabeleceram uma hierarquia de objetivos educacionais, que é geralmente referida como a Taxonomia de Bloom. Esta taxonomia tenta dividir objetivos cognitivos em subdivisões que vão desde as habilidades de pensamento de ordem inferior até as habilidades de pensamento de ordem superior, conforme mostrado na Figura 1. Habilidades de Pensamento de Ordem Superior AVALIAÇÃO SÍNTESE ANÁLISE APLICAÇÃO COMPREENSÃO CONHECIMENTO Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior

Figura 1- Taxonomia de Bloom Fonte: Adaptado de Churches (2011a)

162


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar As divisões apresentadas não são absolutas e há outros sistemas ou hierarquias que foram criados no mundo da educação e da formação. No entanto, a taxonomia de Bloom é facilmente compreendida e é provavelmente a mais aplicada hoje em dia. No ano de 2001 Anderson e Krathwohl (2001) publicaram a revisão sobre a taxonomia de Bloom exclusivamente sobre o aspecto cognitivo. Esta nova taxonomia reflete, segundo Churches (2010), uma forma mais ativa de pensar. Habilidades de Pensamento de Ordem Superior CRIAR AVALIAR ANALISAR APLICAR COMPREENDER RECORDAR Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior Figura 2- Taxonomia de Bloom Revisada Fonte: Adaptado de Churches (2011a) Umas das principais mudanças desta taxonomia é a utilização de verbos no lugar dos substantivos utilizados na taxonomia de Bloom. Outra mudança foi na ordem das categorias. Na figura 2 é representada esta nova taxomonia com os seus domínios. Cada uma das categorias possui verbos-chave associados a ela e que são relacionados. A seguir são listadas as categorias das habilidades de pensamento inferior para as habilidades de pensamento superior segundo a taxonomia de Blom revisada: •

Recordar - reconhecer, descrever, identificar, recuperar o nome, localizar, encontrar.

Compreensão - Interpretar, resumir, concluir, parafrasear, classificar, comparar, explicar, modelar.

Aplicar - realizar, desempenhar, utilizar, executar.

Analisar - Comparar, organizar, desconstruir, atribuir, delinear, encontrar, estruturar, integrar.

Avaliar - Rever, formular hipóteses, criticar, experimentar, julgar, provar, detectar, monitorar.

163


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar •

Criar - desenhar, projetar, planejar, construir, produzir, desenvolver, elaborar. Segundo Anderson e Krathwohl (2001), a criatividade é superior à avaliação no

domínio cognitivo. Os verbos citados anteriormente descrevem muitas atividades, ações, processos e objetivos que temos em nossa prática diária em sala de aula. Não satisfazem, no entanto, os novos objetivos, processos e ações que, devido ao surgimento e à integração das TIC, estão presentes em nossas vidas e na vida dos alunos, nas aulas e, gradativamente, em quase todas as atividades que realizamos diariamente. Segundo Churches (2011a), é necessário preparar nossos alunos para o futuro, temos de prepará-los para a mudança, ensiná-los a questionar e pensar, para se adaptar e modificar, para filtrar, peneirar e classificar. Eles nascem em um mundo em que a única constante é a mudança, eles estão imersos em tecnologia e ainda não sabem como essa tecnologia é ubíqua. O impacto da colaboração em suas várias formas tem uma crescente influência na aprendizagem. Muitas vezes isso é facilitado pelos meios digitais e cada dia se torna mais valiosa nas salas de aula permeada por estes meios (CHURCHES, 2011a). A colaboração pode assumir diversas formas e seu valor pode variar muito. Muitas vezes isso é independente do mecanismo usado para ajudar. A colaboração é essencial no século XXI. Considerando a taxonomia de Bloom, as inclusões das TIC nos ambientes de ensino e aprendizagem, a colaboração, tão necessária e requisitada no século XXI, conforme Churches (2011a) propõe uma modificação na taxonomia revisada de Bloom de modo a adequá-la às TIC e ao uso cada vez mais comum da Web. Ele passou a chamá-la de Taxonomia Digital de Bloom. TAXONOMIA DIGITAL DE BLOMM Utilizando as mesmas categorias encontradas na taxonomia revisada de Bloom inclui agora as atividades “digitais” que passam a compor as mesmas (CHURCHES, 2011b). Estas categorias passam a ser listadas e explicadas começando pelas de Habilidades de Pensamento de Ordem Inferior. •

RECORDAR: lembrar está no menor nível da taxonomia, mas é fundamental para a aprendizagem. Ela não tem que necessariamente ocorrer como uma atividade

164


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar independente, ela é aumentada sendo aplicada em atividades de ordem superior. A chave para este elemento da taxonomia para a mídia digital é a recuperação do material. O aumento na quantidade de conhecimento e informação significa que é impossível e impraticável para o aluno (ou professor) tentar se lembrar e manter todos os conhecimentos atuais relevantes para a sua aprendizagem. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 2. Verbos

Explicação

Utilizar

Análogo a um anúncio, mas em formato digital.

vinhetas Destacar

O marcador é uma ferramenta essencial em “suítes” de produtividade de software como o Microsoft Office ou Office.org. Ao incentivar os alunos a escolher e destacar as palavras-chave e frases, elas reforçam a recordação e memória.

Marcar

Neste processo, os alunos marcam sites, recursos e arquivos para uso futuro.

favoritos

Eles também podem organizá-los mais tarde.

Redes sociais

Onde as pessoas desenvolvem redes de amigos e parceiros, estabelecer e criar laços entre pessoas diferentes. Elas podem tornar-se um elementochave da colaboração e networking.

Construção

É uma versão online de marcação ou locais favoritos, mas mais avançado,

coletiva

porque ele pode tirar proveito de outros marcadores e etiquetas. Enquanto

repositórios

as habilidades de pensamento de ordem superior para colaborar e

favoritos

compartilhar, podem e fazem uso dessas habilidades, este é o mais simples

(social

de usar, como realizar uma simples listagem de sites que são salvos em uma

bookmarking)

linha, ao invés de armazenadas localmente no seu computador.

Buscar,

Motores de busca agora são elementos-chave na investigação do estudante.

pesquisar

Esta habilidade não refina a busca para além da palavra-chave ou termo usado.

Verbos-chave de RECORDAR: Reconhecer, listar, descrever, identificar, recuperar, denominar, localizar, utilizar vinhetas, destacar, marcar favoritos, redes sociais, construção coletiva de repositórios favoritos, buscar, pesquisar. Quadro 2- Verbos para RECORDAR

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Fonte: Adaptado de Churches (2011b) •

COMPREENDER: a compreensão constrói relações e conhecimento. Os alunos compreendem conceitos e processos e podem explicá-los ou descrevê-los. São capazes de resumir e reformular com suas próprias palavras. Compreender é estabelecer relações e construir significados. Compreendendo: construindo o significado de diferentes tipos de funções, seja ela escrita ou gráfica. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 3.

Verbos

Explicação

Busca

Esta é uma melhoria na categoria anterior. Os estudantes devem ter uma

Avançada

e compreensão mais profunda para criar, modificar e refinar as pesquisas para

Booleana

atender às suas necessidades.

Notícias,

Este é o uso mais simples de um blog, em que o aluno "fala", "escreve" ou

comentários,

"digita" um diário pessoal ou blog em uma tarefa específica. Isso mostra uma

editar Blogs

compreensão básica da atividade que está sendo relatada. O blog ajuda a desenvolver o pensamento de ordem superior, quando usados para discutir e colaborar.

Categorizar

Classificar e organizar arquivos, sites e materiais de uso em pastas. Isso pode

ou etiquetar

ser feito por meio da organização, estruturação e atribuição de palavraschave de dados online no cabeçalho da página Web (meta-tags). Os alunos precisam compreender o conteúdo das páginas para marcá-las.

Comentar

Há uma variedade de ferramentas que permitem aos usuários comentar e fazer anotações em páginas Web, pastas pdf e outros documentos. O usuário desenvolve o entendimento, basta comentar sobre as páginas. Isso é potencialmente mais eficiente, porque pode ser “linkados” e indexados.

Assinar

Assinar o RSS de um site utiliza a marcação em suas diversas formas e leva uma simples leitura a um nível superior. O ato de inscrição, por si só, não demonstra ou desenvolve a compreensão, mas muitas vezes o processo de releitura do que foi postado conduz a uma maior compreensão.

Verbos-chave de COMPREENDER: Interpretar, resumir, concluir, parafrasear, classificar, comparar, explicar, exemplificar, fazer buscas avançadas, fazer pesquisas

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar booleanas, editar blogs, "Twittar" (usando o Twitter), categorizar tag, comentar, anotar, assinar. Quadro 3- Verbos para COMPREENDER Fonte: Adaptado de Churches (2011b) •

APLICAR: aplicar significa realizar ou recorrer a um processo para o desenvolvimento de uma representação ou uma implantação. Aplicar relaciona e refere-se a situações em que o material estudado é utilizado no desenvolvimento de produtos, tais como modelos, apresentações, entrevistas e simulações. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 4.

Verbos Operar

Explicação e Refere-se à ação de iniciar um programa. É operar e manipular hardware e

executar

software para alcançar um objetivo básico ou resultado.

Jogar

É crescente a presença dos jogos como um meio educativo. Alunos que conseguem manipular ou utilizar um jogo mostram compreensão de processos e tarefas, e aplicação de habilidades.

Enviar compartilhar

e Refere-se a carregar um material para sites de compartilhamento. Estas são formas simples de colaboração, habilidade do pensamento de ordem superior.

Editar

Em muitos aspectos, a edição é um processo ou procedimento utilizado por um editor.

Verbos-chave para APLICAR: Implementar, desempenhar, usar, executar, operar, jogar, enviar, compartilhar, editar. Quadro 4- Verbos para APLICAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b) •

ANALISAR: analisar é quebrar em partes ou conceitos e determinar como eles se relacionam e interagem uns com os outros, ou uma estrutura completa, ou uma finalidade específica. Ações mentais deste processo incluem diferenciar, organizar e distribuir, assim como a habilidade de estabelecer diferenças entre os componentes. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 5.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Verbos

Explicação

Recombinar

As misturas são formadas pela integração de várias fontes de dados em uma

(Mashing) [8]

única fonte. Este é um processo complexo, mas quando houver uma maior evolução de sites, se tornará uma opção cada vez mais fácil e disponível para analisar as informações.

“Linkar”

É identificar e construir os “links” para o interior de documentos ou para sites externos, documentos e páginas da Web.

Engenharia

É análogo ao desconstruir. Também muitas vezes associada a "cracking", sem

Reversa

as implicações negativas associadas a esta.

“Cracking”

É necessário conhecer muito bem a aplicação ou sistema que se está “craqueando”, para analisar seus pontos fortes e fracos e, em seguida, explorá-los.

Verbos-chave para ANALISAR: comparar, organizar, desconstruir, atribuir, desenhar, localizar, organizar, integrar, recombinar, “linkar”, validar, fazer engenharia reversa, "cracking" e mapas mentais. Quadro 5: Verbos para ANALISAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b) •

AVALIAR: avaliar é fazer julgamentos com base em critérios, normas ou padrões utilizando testes ou uma avaliação crítica. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 6.

Verbos Blog Videolog

Explicação / A utilização destes recursos muitas vezes facilita a reflexão, comentários ou críticas construtivas. Quando os alunos comentam e respondem as publicações, eles devem avaliar o material dentro de um contexto e responder a este.

Postar

Fazer e postar comentários em blogs, participar de grupos de discussão, participar de discussões em fóruns, são elementos cada vez mais comuns e que os estudantes usam todos os dias. Os bons trabalhos (publicações), bem como as boas críticas, não são respostas de uma simples linha, pelo contrário, são elaborados e construídos para avaliar o tema ou conceito.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Moderar

Refere-se a fazer uma ação de alto nível, em que o avaliador deve ser capaz de avaliar uma publicação ou comentário sob diversas óticas, avaliar seu mérito, valor ou relevância.

Colaborar

e A colaboração é um recurso cada vez mais importante da educação. Em um

trabalhar em mundo cada vez mais centrado na comunicação, colaboração promovendo a rede

inteligência coletiva é fundamental. A colaboração efetiva envolve avaliar os pontos fortes e habilidades dos participantes e valor das contribuições que fazem. Trabalhar em rede é um recurso de colaboração, permitindo o contato e a comunicação com pessoas adequadas, através de redes de parceiros.

Teste

(de Testar aplicações, processos e procedimentos são elementos-chave no

versões)

desenvolvimento de qualquer ferramenta. Para ser eficaz no ensaio ou teste, deve-se ter a capacidade de analisar o objetivo/função da ferramenta ou processo, como esta deveria trabalhar e como ela está trabalhando no momento do teste.

Validando

Com a abundância de informações disponíveis para os alunos juntamente com a dificuldade de verificar sua autenticidade, os estudantes de hoje e de amanhã devem ser capazes de validar a veracidade das suas fontes de informação. Para isso deve ser capaz de analisar e avaliar essas fontes e fazer julgamentos com base nelas.

Verbos-chave para AVALIAR: revisar, formular hipóteses, criticar, experimentar, julgar, testar, detectar, monitorar, comentar em um blog, revisar, moderar, colaborar, trabalhar em rede, reelaborar. Quadro 6- Verbos para AVALIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b)

CRIAR: criar é juntar os elementos para criar um todo coerente e funcional ou reorganizar os elementos em um novo padrão ou estrutura. As adições digitais para esta categoria são listadas e explicadas no Quadro 7.

169


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Verbos

Explicação

Programar

Quer seja criando seus próprios aplicativos, macros de programação, desenvolvendo jogos ou aplicações multimídia em ambientes estruturados, os alunos estão criando uma rotina, os seus próprios programas para atender às suas necessidades e objetivos.

Filmar,

animar, Isto tem a ver com a tendência crescente de utilizar e

transmissão

de

vídeo, disponibilizar na Web ferramentas multimédia e de edição

transmissão

de

áudio, multimídia. Os alunos muitas vezes capturam, criam, mixam e

mixagem e remixagem

remixam conteúdos para criar produtos únicos.

Dirigir e produzir

Dirigir ou produzir uma obra ou se envolver em um processo criativo, requer que o aluno tenha visão, entenda os componentes e os agregue em um produto consistente.

Postar (publicar)

Seja através da Web ou a partir de computadores em casa, a editoração eletrônica, geração digital de formatos de mídia está aumentando. Isto requer uma boa visão do todo, não só o conteúdo a ser publicado, mas também o processo e o produto. Relacionado a este conceito estão também a criação de vídeo (para blogs), blogs, bem como criação, modificação e aperfeiçoamento de Wikis.

Verbos-chave para CRIAR: projetar, construir, planejar, produzir, desenvolver, desenhar, elaborar, programar, filmar, animar, escrever em blogs, vídeo-blogs, mixar, remixar, participar de um wiki, publicar "videocasting”, “podcasting”, dirigir, transmitir. Quadro 7- Verbos para CRIAR Fonte: Adaptado de Churches (2011b) A proposta de Churches (2011a) permite uma visão mais detalhada sobre a Web e os recursos nela disponíveis que podem ser empregados na educação formal em qualquer nível; pelas empresas na formação, qualificação e treinamento de funcionários, parceiros e clientes ou até mesmo na autoaprendizagem. Muitas destas novas atividades digitais (verbos) são feitas de forma automática e quase sempre sem uma reflexão sobre as suas potencialidades no que tanje à construção do conhecimento.

170


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Assim, cabe aos educadores refletir sobre isto e tentar adaptar as atividades educacionais a este novo paradigma. Da mesma forma, cabe aos profissionais da Educação procurar meios de satisfazer o anseio dos alunos com relação aos conteúdos a serem estudados/aprendidos e seu crescimento como indivíduos.

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G.

Knowing

Knowledge.

Disponível

em:

<http://knowingknowledge.com/2006/10/knowing_knowledge_pdf_files.php>. Acesso em: 02 abr. 2011. THE WORLD BANK, Lifelong Learning in the Global Knowledge Economy: Challenges for Developing Countries. Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/INTLL/Resources/Lifelong-Learning-in-the-GlobalKnowledge-Economy/lifelonglearning_GKE.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2011. WIKIPEDIA. Wikipedia. Lifelong Learning. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Lifelong_learning>. Acesso em: 04 abr. 2011. UNESCO. Report to UNESCO of the International Commission on Education for the Twenty

-

First

Century,

UNESCO

Publishing.

Disponível

<http://www.unesco.org/education/pdf/15_62.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2011.

172

em:



TULO

CAPÍ

11

MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

MERCADO FINANCEIRO E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Helio Rosetti Júnior Juliano Schimiguel Antônio Henrique Pinto Djalma de Oliveira Bispo Filho

Conhecer as operações financeiras tem sido uma necessidade no mundo moderno conectado com a economia global. Cotidianamente são passadas, nos veículos de comunicação, informações sobre as operações financeiras regionais, nacionais e internacionais, demandando das pessoas conhecimentos e competências sobre as variações e indicadores desse vasto mundo financeiro. Entender o mercado financeiro com seus produtos e serviços, identificando seus signos, pode proporcionar facilidades no trato com o dinheiro, por pequena que seja a quantia. A eficiência do funcionamento do mercado financeiro é fundamental para o crescimento das economias modernas. Quando é eficiente, facilita o acesso das empresas a recursos mais baratos, estimulando a produção e o consumo de mercadorias. As famílias também se beneficiam de uma remuneração melhor para os recursos poupados e têm mais acesso a financiamentos a juros mais baixos, o que possibilita maior flexibilidade na decisão de poupar ou consumir (PACHECO; OLIVEIRA, 2010). Dessa maneira, compreender informações desse mundo das finanças possibilita que o indivíduo possa fazer escolhas mais qualificadas, com resultados benéficos para sua vida financeira pessoal. O mercado financeiro permite a realização de trocas de diversas formas de ativos, que representam reserva de valor. Um problema típico de um investidor é decidir como compor da melhor maneira possível seu portfólio, ou seja, o conjunto de ativos que ele possui. Por

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar representarem uma reserva de valor, esses ativos podem ser vendidos futuramente para financiar gastos em bens e serviços (HILLBRECHT, 1999). Visando a realização das trocas de ativos financeiros, é necessária a compreensão do significado e valor dos ativos, bem como as consequências dessas operações na vida das pessoas e das comunidades. Essa compreensão ocorrerá na medida em que as pessoas apresentam uma educação financeira, distinguindo assim os produtos no mercado, para uma decisão financeira mais sustentável. Porém, como nossa limitada educação financeira faz do crédito um conceito vago e abstrato para a maioria das pessoas, é em torno do mau uso deste que as instituições financeiras montam sua estratégia e realizam seus lucros no Brasil (CERBASI, 2009). Dessa forma, como qualquer investimento, as aplicações e operações financeiras demandam que as pessoas dediquem algum tempo para a escolha da melhor opção que se encaixe em suas necessidades (LUQUET, 2007). O entendimento dos mecanismos e dos signos do mundo financeiro facilita essa reflexão para uma operação bem-sucedida em tempos de amplo acesso ao crédito. Cabe ressaltar que: Nunca os jovens tiveram tanto acesso a serviços bancários e também nunca estiveram tão endividados. É o que aponta o estudo realizado pela agência Namosca, especialista no universo jovem. A pesquisa mostrou que 86% dos jovens entrevistados possuem contacorrente, 77,3% conta-poupança, 76,4% cartão de crédito, 84,9% cartão de débito e 62,3% cartão de lojas (CREDINFO, 2012). Este artigo tem por objetivo debater e refletir sobre os conhecimentos dos jovens acadêmicos de cursos superiores de tecnologia sobre aspectos de finanças assim como sobre o mercado financeiro. Neste estudo, procurou-se identificar a percepção e atitudes desses jovens com o mercado financeiro no que tange às operações financeiras básicas no dia a dia e suas consequências. A pesquisa foi feita no estado do Espírito Santo, Brasil, envolvendo faculdades particulares de ensino tecnológico, no ano de 2010. O questionário da pesquisa foi aplicado via Internet numa amostra de aproximadamente 400 alunos majoritariamente moradores de áreas urbanas da região.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Os dados resultantes dos instrumentos de pesquisa aplicados indicaram que os estudantes demonstram dificuldades no que se refere ao entendimento de gráficos representativos da bolsa de valores e da mesma forma na compreensão das séries e dos valores financeiros informados na mídia. O mundo do trabalho tem demandado habilidades financeiras dos estudantes, sinalizando para uma formação acadêmica que inclua o jovem no mundo das operações com ativos de finanças e entendimento dos códigos relacionados às moedas e seus desdobramentos (ROSETTI; SCHIMIGUEL, 2011). Os estudantes indicaram ainda dificuldades em utilizar a Internet para operações financeiras, apontando para a necessidade de aprimoramento o uso da grande rede de computadores para desenvolvimento de habilidades financeiras. Vale ressaltar que a quantidade de alunos pesquisados representa aproximadamente um terço do total do corpo discente das instituições, por ocasião da aplicação dos instrumentos, distribuídos em turnos de trabalho e períodos, compondo assim uma amostra significativa dessa população. DADOS DA PESQUISA SOBRE MERCADO FINANCEIRO Aqui será descrito e analisado o resultado da pesquisa realizada, com suas respectivas representações gráficas. Acerca de gráficos e bolsa de valores, a pergunta foi: consegue entender um gráfico de evolução da bolsa de valores? As respostas foram: 2% responderam “muito”. 15% responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 1. Nota-se que uma grande maioria, de 83% dos alunos, respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos da bolsa de valores. Gráfico 1 – Consegue entender um gráfico de evolução da bolsa de valores

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

7% 31%

22%

Nada/Nunca Muito pouco Pouco Razoável Muito

19%

21%

Fonte: os autores Quando questionados: sabe analisar as séries de valores numéricos diários da bolsa de valores? As respostas dos alunos foram as seguintes: 2% responderam “muito”. 15% responderam “razoável”. 20% marcaram “pouco”. 25% “muito pouco” e 38% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 2. Percebe-se que uma grande maioria, com 83% dos alunos, respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre séries de valores diários da bolsa de valores.

Gráfico 2 – Sabe analisar séries de valores numéricos da bolsa de valores

15%

2% 38%

Nada/Nunca Muito pouco Pouco Razoável

20%

Muito 25%

Fonte: os autores Na pergunta: entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s? As respostas foram as seguintes: 14% responderam “muito”. 31% responderam “razoável”. 22%

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar marcaram “pouco”. 24% “muito pouco” e 9% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 3. Nota-se que uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito pouco ou nada no noticiário financeiro na mídia. Gráfico 3 – Entende o noticiário financeiro nos jornais, rádios e TV´s

9%

14%

24%

Nada/Nunca Muito pouco Pouco Razoável

31%

Muito 22%

Fonte: os autores Quanto ao acesso à Internet, foi questionado: Tem acesso à Internet? As respostas dos alunos foram: 81% responderam “muito”. 13% responderam “razoável”. 5% marcaram “pouco”. 1% “muito pouco” e 0% “nada/nunca”, conforme o Gráfico 4. Nota-se que uma grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no acesso à Internet. Gráfico 4 – Tem acesso à Internet 1% 0%

5%

13% Nada/Nunca Muito pouco Pouco Razoável Muito

81%

Fonte: os autores

179


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Quanto ao acesso a sites financeiros, perguntou-se: acessa sites financeiros? As respostas foram: 5% responderam “muito”. 9% responderam “razoável”. 24% marcaram “pouco”. 24% “muito pouco” e 38% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 5. Percebe-se que uma grande maioria, de 86% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou nada sobre acessar sites financeiros. Gráfico 5 – Acessa sites financeiros

9%

5% 38%

Nada/Nunca Muito pouco Pouco Razoável

24%

Muito 24%

Fonte: os autores Na pergunta: efetua operações financeiras e bancárias na Internet? As respostas dos alunos foram: 13% responderam “muito”. 12% responderam “razoável”. 13% marcaram “pouco”. 15% “muito pouco” e 47% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 6. Nota-se que uma grande maioria, de 75% dos alunos, respondeu pouco, muito pouco ou nada sobre efetuar operações financeiras na Internet. Quase a metade dos alunos, com 47%, responderam nunca utilizar a Internet nas operações citadas. Gráfico 6 – Efetua operações financeiras e bancárias na Internet

13% Nada/Nunca

12%

47%

Muito pouco Pouco Razoável

13%

Muito 15%

Fonte: os autores

180


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Na pergunta: sabe o que é spread bancário? As respostas foram: 3% responderam “muito”. 3% responderam “razoável”. 7% marcaram “pouco”. 12% “muito pouco” e 75% responderam “nada/nunca”, conforme o Gráfico 7. Percebe-se que uma grande maioria, com 75% dos alunos, respondeu “nada” saber sobre spread bancário. Gráfico 7 – Sabe o que é spread bancário

7%

3%

3% Nada/Nunca

12%

Muito pouco Pouco Razoável Muito 75%

Fonte: os autores Nota-se que uma parcela ínfima, de 3%, respondeu conhecer muito sobre spread, o que indica baixíssimos conhecimentos da maioria dos alunos sobre os ganhos do sistema bancário. A maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre evolução dos gráficos da bolsa de valores, apontando dificuldades no entendimento desses modelos matemáticos representativos de contextos financeiros. Assim, apesar de esses gráficos serem frequentes nos meios de comunicação, a correta leitura dos seus significados mostra-se precária por parte dos jovens estudantes universitários. Uma significativa maioria, com 83% dos alunos, respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre séries de valores diários da bolsa de valores. Estes dados de percentuais destacam que os números relativos à bolsa de valores são pouco entendidos pelos alunos pesquisados, indicando um grande distanciamento entre os números do mercado financeiro e os jovens em seus cotidianos. Dessa forma, é necessário que os valores quantitativos dos órgãos financeiros sejam devidamente explicados e discutidos com esses estudantes, visando um entendimento pleno do contexto econômico em que estão inseridos.

181


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Uma maioria, de 55% dos alunos, respondeu entender pouco, muito pouco ou nada no noticiário financeiro na mídia. Assim, apesar de serem bombardeados diariamente com informações e notícias financeiras, os estudantes pesquisados não conseguem, pela falta de entendimento, correlacionar essas informações com suas vidas, suas finanças, seus trabalhos e suas comunidades. Portanto, como se pode constatar, a globalização, a inserção da economia brasileira no cenário mundial e a estabilização econômica ocasionaram profundas mudanças no mercado brasileiro, e o resultante desenvolvimento de novos instrumentos financeiros e a sua complexidade demonstram que os indivíduos e suas famílias necessitam compreender, cada vez mais, os conceitos financeiros, para embasar as suas decisões de investimento e de financiamento, e maximizar o seu bem-estar econômico e social (SAITO; SAVOIA; PETRONI, 2006). Percebe-se que uma grande maioria, com 81% dos alunos, respondeu “muito” no acesso à internet. Uma significativa maioria respondeu saber pouco, muito pouco ou nada sobre acessar sites financeiros. Pode-se notar, dessa maneira, que mesmo tendo amplo acesso à Internet, os jovens fazem muito pouco uso da rede mundial para operações financeiras, bem como acessar páginas financeiras para obtenção de informações. Percebe-se, a partir desses dados, que as facilidades tecnológicas não estimulam necessariamente o acesso às informações de finanças, com marcante desinteresse por esse tipo de assunto. Com isso, fica evidente a necessidade de se trabalhar a educação financeira nesse segmento populacional, com vistas a uma plena inclusão desses jovens no ambiente profissional e das operações financeiras. Verifica-se, ainda, que quase a metade dos alunos respondeu nunca utilizar a Internet nas operações bancárias. Dessa forma, mesmo as operações bancárias, tão necessárias no cotidiano, são feitas de forma não tecnológica por significativa parcela dos jovens, mesmo que a grande maioria utilize a Internet intensamente para outras atividades. Finalmente, verifica-se que a maioria, com ¾ do total, não sabe o que é spread bancário. Isso indica que os jovens não têm conhecimentos acerca da remuneração e da lucratividade dos sistemas financeiros.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar REFERÊNCIAS CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira pessoal na prática. Rio de janeiro: Elsevier, 2009. CREDINFO. Acesso bancário gera endividamento de jovens. Obtido do endereço: <http://www.credinfo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17786:aces so-bancario-gera-endividamento-de-jovens&catid=1:canoticias&Itemid=100049>. Acesso em: 30 mar. 2012. HILLBRECHT, Ronald. Economia Monetária. São Paulo: Atlas, 1999. LUQUET, Mara. Guia Valor Econômico de Finanças Pessoais. São Paulo: Globo, 2007. OLIVEIRA, Gilson; PACHECO, Marcelo. Mercado financeiro. São Paulo: Fundamento, 2010. ROSETTI JUNIOR, Helio; SHIMIGUEL, Juliano. Características dos docentes que atuam na área de matemática financeira e finanças em cursos de graduação tecnológica na rede particular. Cuadernos de Educación y Desarrollo. Espanha, Vol 3, Nº 31, Setembro, 2011. SAITO, A.; SAVOIA J.; PETRONI, L. A educação financeira no Brasil sob a ótica da Organização de Cooperação e Desenvolvimento econômico – OCDE. IX SEMEAD. Administração no Contexto Internacional. Seminários em Administração FEA-USP. Agosto, 2006.

183


TULO

CAPÍ

12

NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCACÃO


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar

NORMOSE INFORMACIONAL E A EDUCAÇÃO Carlos Henrique Medeiros de Souza Larissa Cristina Cruz Brum Fernanda Castro Manhaes

As TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação possibilitam que novos hábitos, estereótipos e consensos se alterem nesse novo ambiente, transformando formas de pensar, agir ou falar, afetando comportamentos que muitas vezes podem desencadear numa “normose informacional” ou “anomalias da normalidade”. NORMAL X ANORMAL O termo Normose, sugerido pelo filósofo francês Jean Yves Leloup (1997), define um tipo de patologia moderna caracterizada pela aceitação de comportamentos pessoais, ou seja, aquilo que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, é considerado normal e, por conseguinte serve de guia para o comportamento de um grupo como o todo. Remete à perigosa realidade em que o hábito nocivo torna-se a norma de consenso. Sendo assim, o que podemos considerar comportamento “anormal”? Por quais critérios podemos diferenciar o indivíduo do comportamento “normal”? A Normalidade, segundo Ballone (2006), é um estado padrão, normal, que é considerado correto, justo sob algum ponto de vista. É o oposto da anormalidade. A normalidade muitas vezes se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele que contraria esta maioria. Também se dá por um resultado padrão ao realizar uma operação com alta probabilidade de se repetir. De acordo com Atkinson (1995), a palavra “anormal” significa, “afastado da norma” (p. 487) e apesar de não existir um diagnóstico completamente satisfatório para definir o comportamento anormal, o autor estabelece quatro critérios que podem ajudar nesse diagnóstico: - Frequência Estatística: o comportamento anormal é estatisticamente infrequente ou desvia-se da norma.

185


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar - Desvio das normas sociais: Cada sociedade tem seus padrões e normas de comportamento aceitáveis. As ideias de normalidade e anormalidade diferem de uma sociedade para outra, e ao longo do tempo dentro da mesma sociedade. - Comportamento mal-adaptativo: Muitos cientistas sociais acreditam ser este o critério mais importante na definição da anormalidade. Neste caso, o comportamento afeta o bem-estar do indivíduo ou do grupo social. De acordo com esse critério, o comportamento é anormal se é “mal-adaptativo” e se tem efeitos adversos sobre o indivíduo ou sobre a sociedade. - Sofrimento Pessoal: Nesse critério, são considerados os sentimentos subjetivos do indivíduo, em vez de seu comportamento. Ocasionalmente, o sofrimento pessoal pode ser o único sintoma de anormalidade; o comportamento do indivíduo pode parecer normal para o observador casual. Para o mesmo autor (1995, p.488), anormalidade é ainda mais difícil de definir que a normalidade, porém algumas qualidades podem representar traços que a pessoa normal possui em um maior grau que o indivíduo diagnosticado como anormal. São elas: - Percepção eficiente da realidade. Os indivíduos normais são regularmente realistas na avaliação de suas reações e capacidades e na interpretação do que ocorre no mundo à sua volta. - Autoconhecimento. Os indivíduos normais têm alguma consciência de seus próprios motivos e sentimentos. - Capacidade para exercer o controle voluntário sobre o comportamento. Os indivíduos normais sentem-se confiantes acerca de sua capacidade para o controle do próprio comportamento. - Auto-estima e Aceitação. Os indivíduos normais têm alguma apreciação de seu próprio valor e se sentem aceitos por aqueles à sua volta. Sentem-se confortáveis com outras pessoas e são capazes de reagir espontaneamente nas situações sociais. - Capacidade para formar relacionamentos afetivos. Os indivíduos normais são sensíveis aos sentimentos dos outros e não fazem exigências excessivas sobre outras pessoas para a gratificação de suas próprias necessidades. - Produtividade. Os indivíduos normais são capazes de catalizar suas capacidades para a atividade produtiva.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar DEFINIÇÃO DE NORMOSE Segundo Weil e Crema (1997), os primeiros autores a trabalhar o termo “normose” ou “anomalias da normalidade” no Brasil, define-o como o “resultado de um conjunto de crenças, opiniões, atitudes e comportamentos considerados normais, logo em torno dos quais existe um consenso de normalidade, mas que apresentam conseqüências patológicas e/ou letais” (p.22). Contudo, não duvidam dos benefícios que essa nova fase cultural pode proporcionar. Porém, alertam para os perigos que a cultura informacional, especialmente a informática, podem trazer aos indivíduos nessa nova fase, em que impera um constante fluxo de informações que pode ocasionar certos aspectos destrutivos. Ao fenômeno que descreve a onda de busca e uso indiscriminado da informação ele, decidiu chamar de “normose informacional”. Em seu livro “Normose, a Patologia da Normalidade”, Crema e Weil (1997) discutem a origem do termo forjado a partir das palavras “normal” + “neurose”. O termo “neurose”, do grego neûron + -ose (sufixo de terminologia científica, usado em Medicina usado para formar substantivos que denotam estado mórbido, doença), Freud entendia como o resultado de um conflito entre o Ego e o Id (inconsciente), ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou ter sido). Originalmente, o termo foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar desordens de sentidos e movimento causadas por efeitos gerais do sistema nervoso. Diferentemente daquilo que o senso comum expressa, a neurose não é sinônimo de loucura. A psicologia moderna trata-a como uma reação exagerada do sistema nervoso em relação a uma experiência vivida. Tem suas características baseadas na ansiedade, infelicidade pessoal e comportamento mal-adaptativo do indivíduo. Geralmente acontece quando o sistema nervoso de uma pessoa reage com exagero a uma determinada experiência já vivida. Uma pessoa neurótica passa a ter reações e comportamentos diferentes: fica muito ansiosa, evita sair de casa para ir a determinados lugares, tem medo de certas situações, imagina situações que podem fazer mal, ficam deprimidos mais constantemente e catalizam mais preocupações. Em suma, uma pessoa neurótica sente tudo o que uma pessoa normal sente no seu dia a dia, mas sempre exageradamente (ATKINSON, 1995).

187


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Sendo assim, a fórmula: “normal + neurose = normose”, determina a doença da normalidade, na qual várias atitudes e comportamentos ditos como normais na realidade são anormais. São executados sem que os seus atores tenham consciência de sua natureza patológica, isto é, são de natureza inconsciente (CREMA; WEIL, 1997). De acordo com os autores (1997), alguns exemplos de normoses são: considerar como normal o uso das guerras para resolver conflitos e desavenças entre nações, o consumo de álcool, drogas ou cigarro, o uso de agrotóxicos e inseticidas, os costumes alimentares errôneos e até mesmo os paradigmas e fantasias que acabam sendo adotados pelos indivíduos. Crema e Weil (1997) afirmam que a normose é a doença que faz com que o indivíduo aceite comportamentos nocivos ou aja por sobre um plano ilusório de uma maneira normal. O sujeito se acostuma tanto com determinada situação que nem pensa em questioná-la. Ela passa a

fazer

parte

do

cotidiano,

mesmo

trazendo

prejuízos

significativos.

Refere-se a um mal que atinge a sociedade como um todo, uma vez que, os indivíduos que nela convivem tornam-se vítimas de maus hábitos e modismos que denigrem cultura e valores sociais. Acrescenta ainda que, num mundo repleto de superficialidades, tornou-se comum assimilar referências vazias e sem sentido. Obsessão por consumo e manutenção de "status" são algumas condutas sutilmente interiorizadas, mesmo sem significado real para nosso próprio crescimento. Adquirimos padrões duvidosos apenas porque são considerados normais. Substituímos inconscientemente nossos próprios valores, aderindo às transformações de uma maneira inerte - normal. Na visão de Hermógenes (2000), esse novo fenômeno vem causando a perda da identidade do indivíduo. Ele explica que a pessoa normótica é “mesmificada” pelo fato de estar sempre ajustando-se ao coletivo na suas mais diversas maneiras de pensar, agir e consumir. O indivíduo entroniza os mesmos valores que a maioria das pessoas adota, sendo incapacitado de analisar e decidir por suas próprias crenças. (...) o normótico é um robô acionado pela batuta do marketing. Inconsciente da importância do viver livre e autêntico, está perdido de si mesmo, deixando-se ser arrastado pela pressão da cultura de sua época (p.31).

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Mesmo diante do caráter um tanto empírico da Normose, Weil (2000) deixa claro que para o domínio da ciência, as hipóteses apresentadas por ele devem ser confirmadas pelas metodologias convenientes. O que se observa é que o termo traduz em sua essência a realidade presenciada pela sociedade da informação do terceiro milênio e que muitos ensaios a respeito do assunto já vem tomando suas proporções no meio acadêmico. Principalmente em se tratando da Normose Informacional face à nova cultura – a cultura informática, que já escreve nas linhas da sua trajetória alguns aspectos “normóticos” apresentados em pesquisas relacionadas ao tema. COMPORTAMENTOS NORMÓTICOS Quando nos deparamos com as tecnologias, compartilhamos alguns sentimentos como: encantamento, curiosidade, impaciência, medo, solidão, prazer etc. Isso é perfeitamente compreensível por sermos seres humanos e termos um aparato psicológico que reage de formas diferentes diante do desconhecido. Para Castells (1999), as mudanças sociais são tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica, e será neste contexto de mudanças confusas e incontroladas que as pessoas tenderão a agrupar-se em torno de “identidades primárias” as quais trarão segurança pessoal e mobilização coletiva nestes tempos conturbados. Souza (2003) nos oferece a seguinte reflexão quanto a essa constante: O avanço da tecnologia promove um redemoinho cultural nas interrelações de todos os sistemas do planeta, provocando uma reorganização, um redimensionamento nas relações dos indivíduos na sociedade (p.53). (...) vivemos hoje em uma sociedade com uma cultura mediática/ mediatizante, onde as mídias desempenham, a função de formadoras de opiniões, alteram hábitos e costumes, influenciam nas mais distintas

áreas,

seja

do

entretenimento, etc (p.57).

189

conhecimento,

da

economia,

do


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Um dos principais efeitos do ciberespaço é acelerar cada vez mais o ritmo da alteração tecno-social (Lévy, 1993).

Reforçando essa ideia, Souza (2003) citando Paiva (2002)

apresenta a seguinte reflexão: “Estamos imersos na era das redes digitais hipervelozes, que disponibilizam incessantemente, informações de acesso imediato, em uma ambiência de usos partilhados e interatividade” (p.42). Nesse ínterim verifica-se que a velocidade e o dinamismo com que modificam pessoa, lugar e tempo, criando novas ambiências, hábitos e especialmente estruturação linguística estão se incorporando e criando fatos emergentes que não há como ignorar ou simplesmente evitar. “As tecnologias se sucedem uma a uma e o novo de hoje é fruto de um amadurecimento, de uma evolução que se desenvolve progressivamente, (...) o novo de hoje é o avançado do ontem e o ultrapassado do amanhã”(SOUZA, 2003, p. 51). Alguns podem considerar que as novas tecnologias surgem como um meio de inventar necessidades aparentemente desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis e que leva o normótico de forma inconsciente, a um modo de vida estressado, apressado, rotineiro, excessivamente barulhento e repleto de "novidades". O indivíduo adquire um novo produto lançado no mercado e quando ele está aprendendo a usá-lo em sua essência, o mesmo já se tornou obsoleto e, novamente se permite ser influenciado pela mídia. Nesse ritmo frenético e consumista, não sobra muito tempo para o questionamento da real necessidade dos mesmos. O resultado é sempre igual: a mídia o impulsiona com as promessas de satisfação, fazendo com que o normótico entre num processo compulsivo que só termina quando consegue conquistar seu novo modelo (SOUZA, 2003). No caso da cultura informacional, há um consenso quanto à normalidade do uso das TICs e em especial, a informática. Utilizar o computador para buscar informações pode trazer consequências sérias e em algumas vezes até letais (WEIL, 2000). Dessa forma, a cultura informacional pode ser facilmente incluída no rol dos hábitos classificados como normose. Com relação aos aspectos patogênicos, a normose informacional pode ser dividida em dois tipos de doenças diferentes: a informatose e a cibernose. A “informatose” é um termo criado por Weil (2000) para designar distúrbios ou mesmo doenças causadas por excesso de fluxo de mensagens informacionais em relação a um só receptor ou simplesmente do uso da informática em certas condições.

190


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar No caso dos internautas, muitos se encontram constantemente na situação de se depararem com milhares de indicações, referências e informações diversas a respeito de cada assunto que estão pesquisando. Eles ficam com a constante ilusão de que podem tudo conhecer. Ficam então num ambiente bem parecido a de jogadores de cassino que nunca perdem a esperança de ganhar e que praticamente nunca ganham (p.61). Quanto ao termo “cibernose”, ele foi criado por um psicosociólogo francês, Van Bockstaele, para designar nós de estrangulamento nas comunicações durante uma situação experimental que ele chamava de socioanálise – um método de dinâmica de grupo. O termo foi retomado nos estudos recentes para designar situações de perturbações de comunicações, com efeitos patogênicos sobre o sistema nervoso ou funções mentais, causados na sua maioria pelo uso de aparatos tecnológicos. Weil (2000, p. 100) fez uma lista das consequências patológicas geradas pelo acúmulo de informações ou mesmo o uso excessivo da informática. De acordo com os estudos realizados pelo doutor em psicologia, a Informatose pode causar: 1) Isolamento e desmembramento familiar: situação na qual os membros da família desapercebem sua falta de comunicação e relação afetiva uns com os outros; 2) Dissonância cognitiva: A psicologia moderna chama de dissonância cognitiva a discrepância entre o nosso nível de aspiração de realizar determinada tarefa e nossa verdadeira capacidade para realizá-la. Esta dissonância cria tensões que se repetidas constantemente podem levar ao estresse e suas consequências psicossomáticas. A tentativa de apreender muitas informações ao mesmo tempo prejudica a capacidade de fixação mnemônica dessas informações e, consequentemente, a consolidação do aprendizado. No caso dos internautas, muitos se deparam com a infinidade de indicações, referências e informações diversas a respeito de cada assunto que estão pesquisando e ficam com a constante ilusão de que podem tudo conhecer; 3) A ligação sutil computador–ser humano: o fato de manipular um computador por muito tempo diariamente passa a sensação de que a máquina se transformou

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar num prolongamento do ser humano e da sua ação intelectual. Isso infere a questão da vantagem benéfica do computador; 4) A Neurose do Virtual: doença que afeta os internautas que perderam contato com a realidade do cotidiano ou que apresentam dificuldades neste sentido. Perderam de certa forma sua visão de mundo, transformando o real em virtual; 5) Divulgação da violência: a divulgação expressiva da violência através de noticiários, programas, vídeo games e sites da Internet contribuem de forma significativa para seu aumento. As consequências da cibernose devido ao uso do computador e outros componentes eletrônicos podem provocar distúrbios nas comunicações e relações humanas além de atrofiar suas funções. 1)

Desquilíbrio dos hemisférios cerebrais: nossa educação se tornou apenas uma instrução intelectual, consistindo em armazenar quantidade enorme de informação ou treinando o raciocínio lógico matemático. Todas estas funções estão ligadas ao hemisfério esquerdo do cérebro. A criatividade, ligada ao hemisfério direito, é pouco estimulada pela informática. Na educação, as crianças e adolescentes veem atrofiadas as funções ligadas ao hemisfério direito e se tornam dependentes do computador;

2)

Atrofia da função numérica da mente humana: o uso da máquina de calcular ou do computador para realizar operações aritméticas simples é cada vez mais frequente entre os indivíduos pensantes, em especial, os estudantes. O uso da tecnologia dessa forma, diminui a habilidade da realização de um cálculo mental sem ajuda de uma máquina.

3)

Frustrações nas comunicações e relações humanas: refere-se à perda de liberdade causada pelo uso das TICs, especialmente o celular. Não se sabe mais o que é urgente ou vital. Seu uso causa interrupções na comunicação intelectual e afetiva.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Mesmo diante dos abrangentes aspectos que permeiam esta discussão, Weil (2000) afirma que as patologias anteriormente descritas não podem ser atribuídas simplesmente à informática e à sua tecnologia, mas sim ao modo de uso destas pelos indivíduos. Elas se tornam normóticas na medida em que os comportamentos que as geram são considerados como normais pela maioria da população, embora sejam elas destrutivas da saúde física e ou mental e, às vezes, letais. Pode parecer um paradoxo, mas para evitar ser alvo dos distúrbios que a normose informacional pode causar é preciso ter acesso à informação. Só que deve ser uma informação preventiva de forma a ser um alerta para a sociedade. No âmbito educacional, Weil (2000) recomenda incluir discussões que vão despertar a atenção das pessoas para uma visão crítica daquilo que assiste, lê, acessa e busca na web, considerando especialmente os benefícios e perigos da informática e das TICs em geral. Relatos de uma Sociedade Normótica Quando os maiores filósofos e pensadores da sociedade da informação expressaram suas ideias e previsões futuristas a respeito das consequências benéficas ou não das TICs, não estavam baseados em relatos científicos ou até mesmo experiências comprovadas. Por não se tratar de um acontecimento isolado, o desenvolvimento acelerado das TICs trouxe, e ainda traz consigo, um elevado nível de incertezas. Poucos autores tiveram (ou ainda têm) condições de dirigir-se simultaneamente a um público de especialistas e de leigos para traduzir as questões centrais do momento atual sem cair em visões estereotipadas ou tecnicistas (NEGROPONTE, 1995). Mesmo em se tratando de reflexões propostas a uma, duas décadas ou até mesmo um século atrás verifica-se que muitas delas hoje são bases de pesquisa e relatos comprovados no meio acadêmico. Muitos apontam para o risco iminente de práticas e comportamentos que podem levar o indivíduo às patologias e distúrbios. Alguns destes já se comprovam em algumas pesquisas realizadas até o presente momento: 1) Tecnoestresse: Uma pesquisa divulgada em março de 2008 pela presidente do International Stress Management Association (ISMA-BR) no Brasil constatou que 60% dos profissionais sentem-se estressados com o uso excessivo de tecnologia. Os setores de TI e de

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar finanças concentram um número 40% superior de pessoas estressadas do que as áreas de saúde, educação, administração pública e serviços. De acordo com a pesquisadora Ana Maria Rossi, após um levantamento feito com 1,2 mil pessoas entre 25 e 55 anos profissionalmente ativas, concluiu-se que estamos na era do “Tecnoestresse”, em que a pessoas encontram-se cada vez mais dependentes da velocidade da tecnologia diante de seus processos de trabalho. “Quando elas não podem contar com isso, o nível de estresse é altíssimo”. Para os entrevistados, a perda de dados no computador é uma situação mais estressante do que a troca de emprego, que é classicamente uma das situações de maior ansiedade na conjuntura profissional. Outra causa de estresse tecnológico ainda se dá por causa da sobrecarga de informações e as mudanças tecnológicas constantes que aparecem. O mais interessante ainda é que o notebook aparece em primeiro lugar em relação aos instrumentos tecnológicos que mais geram estresse. Isso, devido ao uso excessivo ou problemas de conexões. O celular e o computador tradicional vêm em segundo e terceiro lugar, respectivamente, pelos mesmos motivos. Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/01/shtml.> 2) Autodiagnóstico pela Internet: Outra pesquisa britânica realizado pela empresa de serviços financeiros Birmingham Midshires com mais de duas mil pessoas em 2007, mostrou que 94% dos usuários de Internet no país usam a rede como fonte de conselhos que vão de questões médicas e legais a dicas de relacionamento pessoal. Esse estudo foi realizado com mais de duas mil pessoas, e concluiu ainda que em assuntos financeiros, os internautas britânicos preferem recorrer ao computador que aos amigos, parentes e especialistas. O mais surpreendente foi descobrir que, metade dos internautas ouvidos no estudo passa entre 30 minutos e duas horas em cada busca por conselhos específicos na Internet. Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/2007/Internetconselho.html> 3) Dependência tecnológica: O estudo encomendado pela empresa de softwares Nasstar à empresa de pesquisas de opinião ICM (2007), revelou que 50% dos britânicos com idades entre 25 e 34 anos disseram que não poderiam viver sem acesso a e-mail. Segundo os autores da pesquisa, este grupo está adotando a comunicação eletrônica como forma de manter contato com o escritório e com os amigos. Contrariando expectativas, as novas tecnologias não foram monopolizadas pelos mais jovens. Entre adolescentes, 41%

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar disseram contar com o e-mail. Entretanto, no grupo de adultos com idades entre 35 e 44 anos, 44% disseram que o e-mail era vital. Variações entre os sexos surpreenderam por serem pequenas: 41% das mulheres disseram que achariam difícil viver sem e-mail. Entre os homens, 38% admitiram que teriam dificuldades sem acesso ao correio eletrônico. Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/pesquisa_mv. shtml> 4) Desperdício de tempo: Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha pela instituição YouGov em 2007, diz que 70% dos 34 milhões de internautas do país perde quase um terço do seu tempo online em buscas que não têm objetivo definido. Outra pesquisa encomendada pelo site “moneysupermarket.com” analisou os hábitos de 2.412 internautas britânicos adultos e concluiu pela amostra que os trabalhadores britânicos desperdiçam em média dois dias de trabalho por mês com buscas inúteis na Internet. Os homens seriam o grupo mais afetado pelo problema, que analistas de hábitos na Internet batizaram com a sigla WILF, juntando as primeiras letras da frase "o que eu estava buscando?" em inglês ("what was I looking for"). O estudo também indica que quanto mais velho, mais propenso a buscas inúteis é o internauta. Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007Internetbuscasebc. shtml> 5) Autoestima e controle da vida: O estudo realizado por pesquisadores de universidades da Escócia em 2008, classificou os usuários da Internet em três categorias: relaxados, orientados e estressados. Os "estressados" se sentem pressionados a responder todos os e-mails na medida em que eles chegam e não usam o correio eletrônico como um instrumento útil para a vida pessoal e para o trabalho. Os "relaxados" olham o e-mail quando bem entendem e não se deixam pressionar por pessoas que estão distantes. Já os "orientados" sentem alguma necessidade de usar o e-mail, sempre respondem às mensagens imediatamente e esperam o mesmo das outras pessoas. O estudo ainda analisa a influência que a autoestima e o controle sobre a própria vida tem nos hábitos de ler e-mails, usando escalas definidas pela psicologia tradicional. Indica que muitas das pessoas que disseram ter pouco controle sobre a própria vida estão na categoria dos

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar "estressados" com e-mail. Já a baixa autoestima é uma característica mais presente entre os "orientados", aqueles que sentem alguma pressão ao olhar seus e-mails. A pesquisa cita outro estudo feito em 2001, que mostra que, após pararem suas atividades para ler um e-mail, as pessoas demoram, em média, 1 minuto e 4 segundos para lembrar o que estavam fazendo. Enquanto essa contínua mudança pode parecer benéfica em termos de se conseguir administrar atividades múltiplas, aumentando assim a produtividade, o lado ruim disso é que o ritmo acelerado de trabalho pode ter efeitos negativos na saúde. A pesquisa foi feita com questionários respondidos por 177 pessoas – a maioria em profissões acadêmicas ou que envolvem comunicação e criatividade. Nestas atividades, que em geral requerem bastante concentração, o e-mail tem potencial para ser uma grande fonte de distração. Entre os entrevistados, 64% disseram checar seus e-mails pelo menos uma vez por hora e 35% afirmaram que olham o correio eletrônico a cada 15 minutos. No entanto, os cientistas acreditam que a frequência pode ser ainda maior, já que outras pesquisas mostram que muitas pessoas nem percebem mais o ato. Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/email_dg.shtml> 6) Ansiedade, distração e baixo rendimento escolar pelo uso intenso de mensagens de texto (SMS): Um estudo dirigido pela pesquisadora e psicóloga Sherry Turkle e publicado em 2008 mostra que apesar da ascensão do uso intenso de mensagens de texto ser muito recente para produzir qualquer tipo de dados conclusivos sobre os efeitos na saúde, alguns dados já apontam preocupação entre psicólogos e educadores. Turkle dirige um departamento do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts) e concentra seus estudos na relação entre tecnologia e psicologia. Coordenou um estudo que pesquisou as mensagens de texto entre adolescentes em uma área de Boston por três anos e verificou que os jovens americanos enviaram e receberam 2.272 mensagens de texto por mês durante o quarto trimestre de 2008, de acordo com a empresa de estatísticas Nielsen. São quase 80 mensagens por dia, mais do que o dobro das enviadas em 2007. Sherry Turkle afirma que o uso excessivo de mensagens de texto acarreta em ansiedade, distração na escola, queda nas notas escolares e estresse."Entre as tarefas do adolescente estão a separação dos seus pais, e encontrar a paz e tranquilidade para se tornar a pessoa que você decide querer ser. O fenômeno das mensagens de texto atinge ambas."

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Para a paz e tranquilidade, ela diz que se algumas coisas próximas a você estão vibrando a cada dois minutos, isso torna muito difícil para tranquilizar a mente."Se você está em comunicação constante, a pressão para as respostas acabam imediatamente com isso. Então se você está no meio de uma reflexão, esquece isso. Michael Hausauer (2008), psicoterapeuta de Oakland, na Califórnia, diz que adolescentes têm um "interesse impressionante para saber o que está acontecendo nas vidas de seus colegas, acompanhada de uma terrível ansiedade sobre a existência de um retorno. Por essa razão, a rápida ascensão das mensagens de texto tem potencial para ser um grande benefício - ou um grande dano. Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u571886.shtml> 2-Normose Informacional na Educação O papel da Pedagogia na visão de Crema (DD), enquanto ciência do ensino e da formação do ser, deve ser repensada diante no novo cenário que se apresenta. Ele lembra que há muito, as pessoas conscientes estão se perguntando: O que é uma pessoa educada? O que é um

país

desenvolvido?

Onde

falhamos

tão

essencialmente?

Se no século XX presenciamos horrorizados a duas guerras internacionais e a outras centenas de guerras menores; se iniciamos o século XXI com a face do terror e os seus sinistros desdobramentos, é evidente que a educação convencional tem fracassado diante das questões fundamentais da existência humana. Citando Dellors (1997), num documento proposto pela Unesco, o autor aponta quatro pilares de uma nova educação integral: educar para conhecer; educar para fazer; educar para conviver e educar para ser. Alerta para a necessidade de conspirar por uma nova pedagogia, que desenvolva um processo de alfabetização psíquica, facilitando o desenvolvimento da inteligência emocional, simbólica e relacional. E, também, de uma alfabetização na qual os valores fundamentais dos indivíduos sejam cultivados e o aprendiz possa fazer render os seus talentos vocacionais. Santo (2009), pesquisando há mais de três décadas alunos do curso de pedagogia da PUC-SP, observou que a maioria dos alunos chega absolutamente “vazia” de conhecimentos esperados para sua idade e frequentemente sem saber o porquê da eleição da área escolhida,

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar resultando na mudança de curso ou até mesmo de Instituição após o primeiro ano. Ou, pior ainda, o curso é feito tão somente no sentido de “obter um diploma”. Tais ocorrências deixam claro o que Freire (1979) considerava fundamental no processo educativo: “conscientizar antes de alfabetizar”. Tal conscientização implicaria num processo de integração do aluno em seu “mundo-vida”. Ele não se limitou numa análise básica da educação e da pedagogia, mas mostrou uma teoria de como elas devem ser compreendidas teoricamente e como se devem agir através de uma educação denominada Libertadora. Para ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da realidade e na práxis o poder da transformação. Santo (2009) reflete que as escolas perderam o sentido fundamental de focar-se num ser humano pleno e de preocupar-se com a iniciação do jovem em seu autoconhecimento. Assim, considerando a Normose de uma forma geral na Educação, podemos dizer que é o processo de massificação da maioria das escolas que induz os jovens a serem “iguais” à maioria e tornar-se um universitário de forma mais relevante nas carreiras que “oferecerem maiores possibilidades de ganho”. Ramos (1997) suscitou em poucas palavras os objetivos fundamentais de uma educação superior pautada na formação de jovens: (...) formar pessoas preparadas para intervir de forma crítica e criativa na sociedade em construção acelerada, pessoas disponíveis para a mudança, com capacidade de aprender diariamente com os fatos novos que vivenciam, com capacidade de se desenvolver, concomitantemente, com a sociedade em que interagem, são objetivos da educação (p. 02).

O pressuposto descrito pelo autor acima a respeito dos objetivos da educação abre a discussão para uma formação voltada para a sociedade da informação de hoje. A forma de educar e informar uma geração net, ainda se encontra numa incógnita e requer estudos mais aprofundados sobre o tema. É o que afirma Freire (2006), referindo-se a essa nova geração:

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Estamos prestes a receber a geração Net chegando às instituições de Ensino Superior do Brasil (hoje, com mais duas mil instituições, aproximadamente 25% públicas e 75% particulares), os nascidos nos anos noventa do século passado chegando aos anos 20 do século XXI. Educar a geração Internet será um privilégio e um desafio. Hoje, e principalmente no futuro, o professor deverá estar preparado para atender uma geração que tem a sensibilidade audiovisual extremamente desenvolvida. Esta geração não consegue prestar atenção, motivar-se e aprender em uma aula expositiva, mas prefere aprender experimentando, explorando, trabalhando em equipe, pesquisando na Internet (p. 01). O sentido de aprendizado que se busca com a Internet está caracterizado no uso mais amplo da palavra, de acordo com Rego (2004 p. 72), "(...)quando Vygostsky fala em aprendizado ele se refere tanto ao processo de ensino quanto ao processo de aprendizagem, pois ele não acha possível tratar destes dois aspectos de forma independente". Conforme destaca Borges (2000), “(…) Internet é uma nova forma de realizar o trabalho pedagógico e, portanto, estará cada vez mais influenciando o processo educacional […] e atribuindo novos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estar redefinindo sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordem global das relações humanas, e assim, estará gerando uma nova transformação da realidade sócio-histórico-cultural”(p. 62). O mesmo autor (2000) destaca ainda que, o uso da Internet deve ser feito como um suporte na construção de conhecimentos, assim nos remete para ações mediadas e compartilhadas das informações disponíveis consolidando um ambiente digital de produção ou reconstrução de informações contidas na Internet. Destaca que, se não for usada pelo exposto, apenas estaremos subutilizando este recurso inovador, e nada contribuindo para formar sujeitos críticos e reflexivos, sem desenvolver habilidades e competências para se fazer uma leitura ou releitura do mundo. O estudo de Borges (2000, p.63-64) aponta para um referencial importante sobre o uso da Internet como meio auxiliar na construção coletiva de conhecimentos no ensino superior: a) A Internet é um ambiente virtual mediador entre as necessidades de aprendizagem, funcionando como apoio instrumental e facilitador da interação social para que os educandos

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar possam construir pontes de análise, tomada de consciência, compreensão e aumento de sua competência científica; b) A Internet caracteriza-se pela flexibilidade, possibilitando ao educando estabelecer os caminhos pelos quais irá buscar as informações ou com quem dialogará sobre o tema pesquisado, tendo a chance de encontrar e comparar várias versões que possibilitarão a formação de sua própria opinião; c) A Internet pode revelar uma nova relação entre educando e educador na medida em que libera o educando do princípio ideológico de que o saber reside unicamente na experiência do educador; d) A Internet pode converter-se em um elemento cultural, presente na prática pedagógica, conduzindo o processo para uma visão do educador que se adapta ao contexto de aprendizagem do educando e permite a este dar curso ao plano pedagógico e dimensionar a participação do educador em seu processo de aprendizagem. A Internet possibilita o desenvolvimento da autonomia e a autoregulação do comportamento por parte do próprio educando. Neste ínterim, o uso da Internet no meio educacional reforça a concepção da mediação pelo docente contribuindo para a melhoria da qualidade do aprendizado e consequentemente, sua prática docente. Quanto ao uso das informações contidas na Internet, este deve ser mediatizado pelo professor nos trabalhos com seus alunos a fim de oferecer um aprendizado mais eficiente a partir de um ambiente interacionista na construção coletiva de conhecimentos significativos. O professor para isto deve internalizar novas ferramentas no seu trabalho (DELL'AGLIO, 2002). A reflexão que Lévy (1999, p.158) fez sobre o devem dos sistemas de educação e formação na cibercultura apoia-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber. A esse respeito, o autor realiza algumas constatações:

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar 1) Envolve a velocidade do surgimento e da renovação dos saberes e do know-how; Ele afirma que pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira. 2) Concerne à nova natureza do trabalho, na qual a parte de transação de conhecimentos não para de crescer; Trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos. 3) Flexibilidade intelectual no ciberespaço; O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas: a memória (bancos de dados, hipertextos, fichários digitais [numéricos] de todas as ordens), a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), os raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos). Para o mesmo autor (1999), o professor deve atuar incentivando uma aprendizagem coletiva, centrando sua atividade no acompanhamento e na gestão das aprendizagens. Cabe aos professores participar, instigar a discussão, acompanhar e analisar a construção do conhecimento por meio da participação individualizada e de grupo de cada sujeito nos espaços de interação disponibilizados no ambiente (SCHLEMMER, 2000). Assim, ao criar novas formas de atuar no ensino superior, o docente busca mudar a sua prática, desafiando o aluno a pensar e ao mesmo tempo compartilhar suas ideias e experiências adquiridas em direção a formulação de conceitos formais (SCHLEMMER, 2000). O autor Law (1995, p.07), elabora um referencial para identificar um ambiente denominado construtivista no que diz respeito ao uso da Internet: - ocorrer a aprendizagem ativa e contextualizada, pautada na cooperação, colaboração e autoregulação; - destinar ao professor responsável andaimes que facilitam a prática de acordo com a ZDP de cada aluno e promovam a construção do conhecimento realizado na colaboração entre os alunos (significado socialmente negociado);

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar - sugerir atividades que não controlem a aprendizagem, ao contrário que deem suporte e a nutram, incentivando a construção do conhecimento pelo aluno; - oferecer condições para que o aluno se engaje em seu processo intencional de aprendizagem, especialmente ao encorajar as estratégias de exploração dos erros uma vez que os "erros são estímulos positivos que criam perturbações, gerando desequilíbrio necessário para a autoreflexão e reestruturação conceitual". Vários autores fazem ponderações relacionadas às mudanças geradas pelas TICs nas atividades de ensino e pesquisa científica. A literatura tem ressaltado os avanços das TICs como ferramentas poderosas nas atividades científicas, transformando-as em estruturas dinâmicas e competitivas. De acordo com Young (1996), em “Histórico das pesquisas sobre vício e comportamento patológico na Internet”, 68 % dos 312 estudantes pesquisados reportaram um declínio nos hábitos de estudo, devido ao uso excessivo da Internet. Os sujeitos argumentaram que isto se deve ao fato de que a informação na Internet é muito desorganizada e não relacionada ao currículo escolar. Apesar dos méritos da Internet quanto a ser uma ferramenta ideal de pesquisa, os estudantes navegam por sites irrelevantes, engajam-se em Chats de fofoca, e jogam jogos interativos acarretando custos à atividade produtiva. Segundo Abels, Liebscher, Denman (1996), embora exista uma expectativa muito grande quanto ao uso das redes eletrônicas e de que não restam dúvidas quanto às influências destas nas necessidades e usos da informação, os autores alegam que três fatores são determinantes na adoção ou não das TICs, que são eles: 1) Fatores relacionados ao sistema – estão relacionados ao sistema são atribuídos as questões de acessibilidade (proximidade, primeira experiência, facilidade de uso e disponibilidade de equipamentos); 2) Fatores pessoais e profissionais - são atribuídos as questões de comportamento de busca da informação, em que estão incluídas as diferenças entre áreas do conhecimento, tarefas desenvolvidas e utilidades percebidas. 3) Fatores institucionais - estão relacionados à infraestrutura, no que se refere aos investimentos e à manutenção em equipamentos, redes e à realização de treinamentos.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Ferreira (1996), da mesma forma, diagnosticou barreiras e dificuldades para a busca e uso da informação em redes eletrônicas, classificando-as de forma sintética nos seis (6) blocos descritos a seguir: • problemas pessoais: relacionados ao desconhecimento e/ou dificuldades dos usuários no uso das tecnologias; • problemas físicos: relacionados aos fatores ambientais, à localização física, às barreiras legais e políticas, à disponibilidade de equipamentos; • problemas tecnológicos: relacionados à velocidade de desenvolvimento de novos produtos e aplicativos, aos equipamentos, às plataformas utilizadas, às conexões, à ausência de padronização; • problemas linguísticos: relacionados aos usos particulares de cada língua, à compreensão de idiomas nacionais e estrangeiros, à complexidade da informação; • problemas econômicos: relacionados ao custo de equipamentos e hardwares e softwares, às instalações; • problemas informacionais: relacionados às dificuldades para identificar, selecionar, acessar, utilizar e recuperar informações relevantes dentro de uma gama enorme de informações disponibilizadas num ambiente como a Internet. Com essa preocupação, o autor argumenta que o problema que pais e educadores têm que enfrentar consiste em ajudar os aprendizes a aprender a buscar o equilíbrio na dieta mental. Na imensidão da Internet, além da face construída com seriedade, os navegantes encontram regiões “obscuras”. Vivemos no interior de uma cultura que prima pela preservação de modelos, cultivando olhares desconfiados ao diferente e ao desviante. Nossa ética é a da normalidade, ou seja, “se todos fazem é legítimo!” Esse senso de orientação sufoca a responsabilidade pessoal, favorecendo relações de dependência. Baseado num levantamento de artigos de outros autores como DeSieno (1995), Schwimmer (1996) e Harrison e Steohen (1996), elaborou-se uma relação das dificuldades de incorporação das redes, em especial à Internet nas atividades do mundo acadêmico: • Dificuldades de infraestrutura: referindo-se aos investimentos, à manutenção, aos treinamentos e outros;

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar • Subutilização dos equipamentos: referindo-se ao uso dos equipamentos limitados à mera função de uma máquina de datilografia; • Resistência ao novo por parte dos integrantes da academia: referindo-se à percepção de que a tecnologia requer esforço e tempo para que os benefícios possam ser obtidos; • Temores e fobias associados ao uso dos computadores e redes: desencadeados pelas mudanças sociais que acarretam o uso das novas tecnologias; • Percepção de que as tecnologias são desenvolvidas para o mercado e não para as atividades de ensino e pesquisa; • Dificuldades de compartilhamento de informações entre colegas e outras instituições e o público em geral; • A estrutura etária dos corpos docentes de várias disciplinas científicas em que os departamentos e faculdades estão regidos; • Percepção de que a adoção de novas tecnologias possa significar desemprego e redução de pessoal. Meadows (2001, p.8-9) em seu artigo sobre a transição do periódico do meio impresso para o eletrônico discorre sobre alguns problemas a serem considerados ao analisar o uso dos periódicos eletrônicos, levantando os seguintes aspectos: • Acesso: A tecnologia de informação não é tão amigável para os usuários; os usuários reclamam da demora para baixar e imprimir um documento, e em certos horários o acesso à rede e bem difícil em alguns países. Tais “dificuldades aparentemente triviais podem ser altamente desmotivadoras para os usuários”. • Natureza do sistema de periódicos científicos: Periódicos são baseados em dados, agregam pacotes de informação fornecidos pelos autores em fascículos convenientes para distribuição e não atendem às particularidades dos usuários. “O que os usuários querem é uma versão personalizada que leve em conta tanto o usuário em particular quanto a tarefa em particular. A personalização será mais fácil na versão on-line mas a existência de formato impresso e eletrônico dificulta a operacionalização de versões personalizadas.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar • Indicadores de uso: Ao se analisar o uso de recursos on-line algumas ideias podem ser obtidas em estudo de usos de recursos impressos. O autor aponta que vale ressaltar dois resultados destes estudos. O primeiro é a diferença entre pesquisa dirigida (direct serch) e a consulta aos documentos (browsing). A maioria dos pesquisadores usa ambas as abordagens para acesso à literatura, dependendo de seus objetivos imediatos. O problema no momento é que a maioria dos recursos de ajuda aos usuários está relacionada com a pesquisa dirigida. Na busca eletrônica há necessidade de mais assistência, pois apesar de todos recursos de ajuda (help), o usuário ainda prefere uma abordagem de busca mais simples quando procuram informação, baseando-se em respostas para guiá-los como proceder. A apresentação eletrônica com documentos ou telas de ajuda fica distante das expectativas dos mesmos. • Mudança na visão do usuário: Os usuários estão começando a perceber e a entender algumas diferenças entre comunicação eletrônica e impressa. Para eles o mundo on-line é visto como um espaço contínuo de informação, enquanto o impresso é fragmentado. E isto poderá levá-los a rever seus modelos de busca de informações, como, por exemplo, deixarem de consultar fontes secundárias (tais como bases de dados de resumos), desde que a literatura primária esteja prontamente disponível on-line e seja de fácil utilização. “A extensão e o tipo de publicações eletrônicas que os leitores examinam podem exceder o que eles normalmente manuseiam no mundo impresso e a distinção tradicionalmente feita entre comunicação formal e informal pode começar a desaparecer”. • Cópia: Os usuários têm o hábito de fotocopiar material impresso e isto poderá não ser possível com total facilidade em alguns destes periódicos eletrônicos, o que pode provocar uma reação adversa por parte dos usuários. Meadows (2001, p.10) revela que as reações anteriormente discutidas podem ser classificadas em dois níveis: problemas de baixo e alto nível. Segundo esse autor, “o primeiro se refere a questões de barreiras e dificuldades em manusear informações on-line, enquanto que o segundo se dá em um nível mais conceitual do desejo de um indivíduo ou grupo de usar formas eletrônicas de publicação”. Para o mesmo autor , apesar dos problemas de primeiro tipo parecerem comuns, eles poderão interferir no uso de recursos informacionais on-line. Já quanto ao “desejo de ler

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar periódicos eletrônicos” este depende, em parte, da motivação. E a motivação pode não ser somente um ato individual, pois poderá ser influenciada pelas atitudes de um grupo, como acontece em algumas áreas do conhecimento. Na Física, os pesquisadores parecem ser mais receptivos, pois desenvolveram um sistema de troca de pré-impressos em um ambiente impresso e, consequentemente, são pioneiros no uso de pré-impressos eletrônicos. Pesquisadores de áreas de pesquisa, sem a tradição de troca de pré-impressos em ambiente impresso, parecem estar, segundo Meadows (2001), menos interessados no desenvolvimento de pré-impressos eletrônicos. Meadows (2001) também ressalta que publicações impressas e eletrônicas estarão convivendo paralelamente por muito tempo, e que agora os usuários têm duas opções de uso, e o que eles escolherem dependerá de preferências pessoais e das características do grupo de pares. Souza (2003), revisando estudos com relação ao uso da informação eletrônica envolvendo professores, pesquisadores e profissionais, apontou algumas conclusões gerais: • Existem diferenças entre as áreas temáticas na forma como cada grupo tem se adaptado ou apreciado o acesso on-line aos documentos de seu interesse; • Podem-se observar diferenças entre acadêmicos e outros profissionais; • Existem diferenças muito substanciais entre diferentes indivíduos; • Existe consenso quanto ao grau de frustração e de tempo perdido por causa da inadequação de sistemas de busca, da ineficiência da interface com o usuário, e do volume de material inútil; • O papel é o suporte preferido por alguns usuários para alguns propósitos. Alguns dados recentes corroboram aquilo que os autores já vêm há algumas décadas alertando. Um estudo realizado pela University College of London (2008) e disponível no site da “www.bbc.co.uk” sob o título do artigo “Alfabetização digital e alfabetização informativa não caminham de mãos dadas”, apontam os seguintes resultados com relação aos jovens adolescentes de hoje, definidos como “geração google”: 1) Os jovens da geração google não são necessariamente eficientes em fazer pesquisas pela Internet - Entre as crenças que os pesquisadores chamam de "mitos", está a de que as

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar novas gerações são mais eficientes que as anteriores em obter informações na Internet. "Este é um mito perigoso. Alfabetização digital e alfabetização informativa não caminham de mãos dadas", diz o estudo, segundo o qual muitos jovens não são capazes de filtrar o imenso arsenal de dados da rede. 2) Ineficiência na busca por informações - A preferência por textos resumidos e buscas por palavra é "uma norma para todos". "A sociedade (como um todo) está se emburrecendo". A "geração Google" é afeita à prática de "copiar e colar" informações para suas pesquisas, e prefere plataformas interativas de informação que o consumo passivo delas. 3) Dificuldade em desenvolver habilidades seqüenciais - A questão mais ampla é saber se habilidades seqüenciais, necessárias para a leitura, também estão sendo desenvolvidas. De acordo com Silva et al., (2003) “estamos no meio de uma revolução tecnológica”, apesar de todas as vantagens oferecidas e disponibilizadas pelas TICs, apesar de todo o avanço tecnológico na busca de alternativas de uma divulgação mais flexível, ágil, abrangente, a custo menor, que permitiria uma interação maior entre emissor e receptor, ainda registram-se uma série de entraves e elementos inibidores nesse processo. Afirmam ainda que no modelo tradicional, os esforços são canalizados para uma ou poucas fontes particulares de informação e a aprendizagem é motivada consumindo as exigências do curso, sendo especificado o conteúdo a aprender. A riqueza da Web em termos de recursos de informação sugere que os esforços para a aprendizagem sejam bastante explorados e que a aprendizagem seja intencional, motivada por um interesse pessoal do estudante. Se o relativo caos da rede parece, a princípio, gerar problemas, como “se perder” nos retalhos inumeráveis de informação sem uma organização lógica, a produção de conhecimento em resposta a desafios que surgem é garantia de que os estudantes vão além de comunicação simples de conhecimento. Com um acesso mais amplo a recursos de aprendizagem e informação dispensados pela rede, e com um enfoque na produção de conhecimento em lugar da sua simples assimilação, a direção mais prometedora é a do aprendizado cooperativo, particularmente se as ferramentas estão disponíveis para apoiar o trabalho colaborador.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Diante da discussão apresentada, surgem perguntas e a tomada de consciência de que os desafios continuam. Tedesco (2001) diz que as tecnologias “nos dão informações e permitem a comunicação, condições necessárias do conhecimento e da comunidade”. Ele alerta, contudo, que “a construção do conhecimento e da comunidade é tarefa das pessoas, não dos aparatos”. A contribuição da tecnologia é permitir que o tempo “que agora é utilizado para transmitir ou comunicar, seja dedicado à construção de conhecimentos e vínculos, sociais e pessoais, mais profundos”. Determinar a distribuição natural não somente de informação na rede, mas também do esclarecimento ou da investigação das pessoas, torna possível forjar vínculos com recursos pessoais externos na perseguição de metas educacionais. Isto leva a sala de aula verdadeiramente para fora dos limites da instituição e aprofunda a diversidade de perspectivas que podem ser usadas, agarrando algum domínio de conhecimento. Estudantes universitários, nessa perspectiva, assumem o papel de estudiosos juniores que exploram amplamente e interagem com coestudiosos ocupados em perseguições semelhantes. REFERÊNCIAS ATKINSON R.L.; ATKINSON R.C.; SMITH E.E.; Ben D.J. Introdução à Psicologia. São Paulo: Ed. Artes Médicas, 1995. BALLONE, GJ - Normose; patologia do normal - in. PsiqWeb, Internet, disponível em: <http:// www.psiqweb.med.br> 2006. BORGES, M.A.G. A compreensão da sociedade da informação. Ciência da Informação: Brasília, v. 29, n. 3, p. 25-32, 2000. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A Era da Informática: Economia, Sociedade e Cultura. Rio de Janeiro: ed. Paz e Amor, 1999. DOWBOR, L. A educação frente às novas tecnologias do conhecimento. Artigos on-line, 2000. EVANS, J. R.; MATHUR, A. The Value of Online Surveys. Internet Research, v. 15, n. 2, 2005. FERREIRA, S. M. S. P. Novos paradigmas da informação e novas percepções do usuário. R. Ciência da Informação, v. 25, n. 2, 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=0100-1965&Ing=pt&nrm=iso>.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar FREIRE, Jerônimo. Por onde caminha o Ensino Superior no Brasil?. 22ª Conferência Mundial do ICDE (Conselho Internacional de Educação a Distância): RJ, 2006. Disponível em: <http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=12942> FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. HERMÓGENES, José: Saúde Plena: Yogaterapia, Nova Era: Rio de Janeiro, 2000 LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: ed. 34, 1999. _____. O que é o virtual ?. São Paulo: Editora 34, 1996. _____. Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro, ed. 34, 1993. McLUHAN, Marshall. A Aldeia Global. São Paulo: Cultrix, 1999. MEADOWS, A. J. Os periódicos científicos e a transição do meio impresso para o eletrônico. Revista de Biblioteconomia, (25), n.1, Brasília, (5-14), 2005. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 6. ed. São Paulo: Cortez UNESCO, 2002. _____. Cultura de massas no século XX: neurose. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. RAMOS, Lúcia Maria P. A. A Intervenção da Psicologia Actual na Formação de Professores de Hoje (para o sucesso educativo de todos). Revista Millenium, nº 8, out 1997. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/va8_psic.htm> 11 ago. 2007. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. SANTO, Ruy Cezar. Educação em Comunhão – Normose. Disponível em : <http://educacaoemcomunhao.com/2009/04/normose.html> 2009. SCHAFF, Adam. A sociedade informática: as conseqüências sociais da segunda revolução industrial. São Paulo: ed. Brasiliense, 1995. SCHLEMMER, E. ; MALLMANN, Marly Therezinha ; DAUDT, S. B. D. Ambiente Virtual de Aprendizagem: uma experiência no ensino superior. In: V Congresso Iberoamericano de Informática Educativa RIBIE, 2000. Disponível em : <http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie2000/papers/181/index.htm>

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar SCHWIMMER, B. Anthropology on the internet: a review and evaluation of networked

resources. Current Anthropology, 17:561-568, 1996. SILVA, et al. A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003. SILVA, S. M. et al. O Uso do Questionário Eletrônico na Pesquisa Acadêmica: Um Caso de Uso na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, II Semead – Seminários em Administração do Programa de Pós-Graduação em Administração da FEA/USP, 1997. SOUZA, C. H. M. Comunicação, Educação e Novas Tecnologias. Campos dos Goytacazes: ed. FAFIC/Grafimax, 2003. SOUZA, C. H. M. e COSTA, M.A.B. Abordagens antropológicas do ciberespaço e da cibercultura. In: Revista TB, Rio de Janeiro, 2005. TEDESCO, Juan Carlos. O novo pacto educativo. São Paulo: Ática, 2001. WEIL, Pierre. A normose Informacional. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 61-70, maio/ago. 2000. _____. LELOUP, Jean Yves e CREMA, Roberto. Normose: a patologia da normalidade. São Paulo, ed. Thot, 1997. ______. Mudança de sentido: o sentido da mudança. Rio de Janeiro, ed. Rosa dos Tempos, 2000. _______. Tecnologias e organizações para o século XXI: a nova cultura organizacional holística. Rio de Janeiro, ed. Rosa dos Tempos, 1997. WEITZEL, Simone R. Revendo critérios referentes à revista eletrônica. In: FERREIRA, Sueli M. S. P.; TARGINO, Maria das Graças. Preparação de revistas científicas – teoria e prática. Reichmann e Autores: São Paulo,(161-193), 2005. WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de Informação: como transformar informação em compreensão. São Paulo: Cultura, 1991.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar RESUMO DOS AUTORES: ALESSANDRO AOKI Mestre em Geografia, Pesquisador em Fenômenos Migratórios, Cultura e Meio Ambiente. Professor do curso de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira – FVR/UNISEPE. ANTÔNIO HENRIQUE PINTO Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo. Docente e pesquisador nas áreas de Formação de Professores de Matemática, Currículo e Práticas Pedagógicas no Ensino de Matemática, História da Educação e Educação Profissional. Doutorado em Educação (FEUnicamp), Mestrado em Educação (CE-UFES), Graduado em Licenciatura de Matemática. Docente do Programa de Mestrado Profissional Educação em Ciências e Matemática (IFES). Coordenador de Grupo de Pesquisa História, Currículo e Formação de Professores. Coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática do IFES/Vitória-ES (2007 a 2012). Coordenador da Área de Matemática do PIBID-Iniciação à Docência. Trabalhos publicados sobre formação de professores, currículo e história da educação. CARLOS EDUARDO PINTO Graduação em Administração pela Universidade Federal do Paraná (1988) e Mestrado em Administração pela Universidade de Extremadura (2003) reconhecido pela Universidade Federal de Santa Catarina. É Avaliador do Basis INEP-MEC nos instrumentos de avaliação de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de Cursos Bacharelado e Tecnologia. Atualmente é sócio proprietário da Ampla RH Consultoria, professor e coordenador de Curso das Faculdades Integradas do Vale do Ribeira - FIVR, responsável pelo Núcleo de Responsabilidade Social das FIVR, atuando principalmente nas seguintes áreas 1. Administração 2. Gestão Empresarial. 3. Marketing 4.Recursos Humanos. CARLOS HENRIQUE MEDEIROS DE SOUZA Doutorado em Comunicação e Mídia (UFRJ). Mestrado em Educação, pós-graduação em gerência de informática e pós-graduação em produção de software (UFJF). Licenciado em Pedagogia (UNISA). Bacharel em Direito, Bacharel em Informática (CES/JF). Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Coordenador da PósGraduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Cognição e Linguagem (PGCL/ UENF). Diretor da ANINTER (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Sociais e Humanidades (mandato 2012-2014). Avaliador de cursos do Conselho Estadual de Educação (CEE/RJ). Avaliador de cursos e institucional do INEP/MEC, desde 2004. Diretor Financeiro da ANINTER-SH (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociais). Associado ao CRA/MG, CEAD, ABED e a SBC. Atuou como Diretor Acadêmico na Universidade Salgado de Oliveira. Tem experiência nas áreas da Educação, da Ciência Jurídica, Administração (SiG/ Gestão de Processos/ Gestão da Informação, Logística, Marketing e Gestão Empresarial), Inteligência Coletiva, entre outras. Autor de vários livros e artigos científicos nas áreas de TICs, Educação e Ciberespaço. CARMEM LÚCIA COSTA AMARAL Graduação em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1984), mestrado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Química Orgânica pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é avaliador do Ministério da 211


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar Educação e professor titular III da Universidade Cruzeiro do Sul. Tem experiência na área de química e de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino-aprendizagem de química, relação CTS no ensino de química, temas transversais, ambiente virtual e jogos pedagógicos no ensino de química. DESIRRE MARQUES BRANDÃO Graduada em Letras (Português/Literatura) pelo Centro Universitário São Camilo-Espírito Santo desde 2003, realizei a Especialização Lato-Sensu em 2005 das Faculdades Integradas de Jacarepaguá em Letras/Literatura. No ano de 2007 ingressei em mais uma formação superior, Fisioterapia, também no Centro Universitário São Camilo, concluindo no ano de 2010 o bacharelado. Professora da Rede Pública Municipal de Atílio Vivacqua desde o ano de 2005 atuo com turmas da Educação Básica (séries finais), utilizando ferramentas tecnológicas para um ensino mais atraente e que valorize o conhecimento que os nativos digitais já possuem. Também atuo como Fisioterapeuta, principalmente atendendo as áreas de Fisioterapia Dermato-Funcional, Traumato-Ortopédica e Domiciliar. Tenho interesse em estudos focados nas áreas de Saúde Pública, Relacionamento Interpessoal, Análise do Discurso e Educação. Atualmente, sou aluna regular do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF e do curso de especialização em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES. ENZO BERTAZINI Graduação em Engenharia Elétrica Ênfase em Eletrônica pelo Centro Universitário da FEI (1982) e Mestrado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2006). Atualmente é professor titular da Universidade Santa Cecilia e Professor do Ensino Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia São Paulo. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Controle de Processos Eletrônicos, Retroalimentação. FERNANDA CASTRO MANHÃES Pós-doutoranda em Cognição e Linguagem na Universidade Estadual do Norte FluminenseUENF, Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade Autônoma de Assunção UAA, Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte FluminenseUENF, Licenciada em Pedagogia, Licenciada em Educação Física, Pós-graduada em Natação e Hidroginástica, Pós-graduada em Educação Física Escolar. Atualmente é Diretora Acadêmica e Coordenadora do curso de Educação Física da Faculdade Metropolitana São Carlos FAMESC. Docente da rede Estadual de Ensino /RJ e Professora das disciplinas pedagógicas (Bolsista FAPERJ Apoio Acadêmico) na UENF. Tem experiência nas áreas de Educação Básica, Ensino Superior, Práticas Educativas, Gestão Educacional e Acadêmica, Educação, Pesquisa Educacional e Novas Tecnologias. HÉLIO ROSETTI JÚNIOR Graduação em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo- UFES (1979), especialização em Modelagem Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava (1991) - atual Unicentro-PR, especialização em Administração Pública pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (1991), especialização em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1992), Mestrado em Administração com 212


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar foco em Gestão Financeira pela Universidade de Brasília - UnB (2001). Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL (2010). Atualmente é Professor efetivo do Instituto Federal do Estado do Espírito Santo (IFES) atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Ciências, Matemática, Educação Matemática, Cálculo, Equações Diferenciais, Cálculo Numérico, Tecnologia, Mercado, Trabalho, Mundo do Trabalho, Risco, Gestão Financeira, Estratégia, Estatística e Estatística Aplicada. Professor orientador do curso de Especialização PROEJA-IFES. Professor Orientador de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática - EDUCIMAT/IFES. Membro do Comitê de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do IFES. JOSÉ ADILSON DOS SANTOS GUERRA Graduação em Licenciatura Plena em Química pelo Centro Universitário Amparense (2006), mestrado em Ensino de Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul (2011) e pós-graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Nove de Julho (2013). Atualmente é professor Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, responsável técnico - Rovi Plaza Hotel, professor - Colégio Atuante e professor - Colégio Reino de Educação Básica. , atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, saúde e higiene, ensino de ciências, ensino experimental, educação ambiental e conhecimento científico. JOSÉ MARIA VIEIRA DA FONSECA Graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1983) e mestrado em Zoologia de Vertebrados pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2003). Doutorando em Educação pela UNICSUL - SP. Tem experiência na formação fundamental e superior, nas disciplinas biologia, zoologia de invertebrados e vertebrados, anatomia humana, embriologia e genética. Professor efetivo do CEFET-MG. Delegado regional na III Conferência Nacional do Meio Ambiente/2008. JULIANO SCHIMIGUEL Doutorado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2006), Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP (2002) e Graduação de Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1999). Atualmente é Professor Permanente do Programa de Doutorado/Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP) e Professor do Centro Universitário Anchieta - UNIANCHIETA (Jundiaí, SP). Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Interação HumanoComputador (IHC) e Engenharia de Software, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento web, design e avaliação de interfaces, sistemas de informação geográfica, geoprocessamento, análise de sistemas, UML, UP, ensino-aprendizagem de tecnologias e matemática, conteúdos digitais interativos, objetos de aprendizagem, ambientes virtuais e colaborativos, jogos para o ensino, etc. KEIJI NAKAMURA Mestrado em Mestrado Profissional em ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Atualmente é efetivo - Faculdades Integradas do Vale do Ribeira. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Prática de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: computador, aluno, transformação, discussões, atividades, classificação e qualidade.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar LARISSA CRISTINA CRUZ BRUM Graduação em Letras (Português e Inglês) pela Universidade Salgado de Oliveira (2006), PósGraduação em Docência Superior, Planejamento Educacional e Língua Inglesa. Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009). Atualmente é professor da Faculdade Metropolitana São Carlos e professora da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no quadro permanente do Instituto Federal Fluminense. MARCOS DE SOUZA Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF - Universidade Estadual Norte Fluminense. Possui graduação em Sistemas de informação pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo, Especialista em Desenvolvimento de sistemas WEB pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, pós-graduado em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário São Camilo Espírito Santo e pós-graduado em Informática na Educação pelo Instituto Federal do Espírito Santo. OCTAVIO CAVALARI JÚNIOR Doutor em Ensino de Ciências e Matemática, com concentração em Tecnologias pela Universidade Cruzeiro do Sul, mestre em Ciências Contábeis com área de pesquisa em Administração Estratégica pela FUCAPE (2007), especialista em Metodologias e Práticas do Ensino Superior pela FASE (2010), graduado em Administração Geral pela Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (2004). Atualmente é professor de Gestão Empresarial do IF-ES em regime de professor visitante de pós-graduação da FUCAPE, Funcab e Unesc. Tem experiência na área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: marketing, Gestão de Pessoas, Gestão do Conhecimento Organizacional e Liderança. RENATO DE SÁ LIMA Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, Pós-graduado em Psicopedagogia, Graduado em Processamento de Dados, Professor da Faculdade Peruíbe, Faculdades Integradas do Vale do Ribeira, Instituto tecnológico do Vale do Ribeira (ITEC), Analista de Sistemas e de Telecomunicações, Empresário da área de Telecomunicações. RITA DE CÁSSIA FRENEDOZO Graduação em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professora titular de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP). Professora do curso de Ciências Biológicas - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Campus São Paulo). Ministra disciplinas da área da Ecologia Geral, Avaliação de Impacto Ambiental e de Ecologia de Ecossistemas. Orienta nos Programas de Mestrado/Doutorado Acadêmicos em Ensino de Ciências e no Mestrado em Química Ambiental e orienta trabalhos no Mestrado Profissionalizante de Ensino de Ciências e Matemática. Tem experiência profissional em Recuperação de Áreas Alteradas e Avaliação de Impactos Ambientais. Na pesquisa, atua na área de Ecologia Aplicada e Manejo de Ecossistemas, com interesses principais: ecologia de fragmentos, áreas degradadas por minerações, fenologia de plantas e educação ambiental.

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA: Um Novo Olhar VALDIRENE F. NEVES DOS SANTOS Graduação em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP2002) , mestrado (2007) e doutorado (2012) em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN (2010) e em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE2008).Possui 09 anos de experiência atuando em Nutrição clínica e parte de sua carreira atuou como Coordenadora de equipe. Possui 7 anos de experiência em administração de restaurante institucional. Atualmente é professora da Faculdades Integradas do Vale do Ribeira (UNISEPE) e da Universidade Paulista (UNIP). Sua contribuição científica inclui trabalhos em periódicos científicos nacionais e estrangeiro, artigo para revista de divulgação além de palestras e minicursos de nutrição em entidades filantrópicas. A pesquisadora é consultora da Associação Brasileira de Nutrição- ASBRAN. Possui experiência na área de Nutrição, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição enteral, avaliação nutricional, saúde coletiva e nutrição domiciliar.

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