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Qual foi a última coisa que seu filho aprendeu com você?
Qual foi a última coisa que o seu filho aprendeu com VOCÊ?
FOTOS: REPRODUÇÃO
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Prof. Marcelo Nakagawa
Na última reunião da escola da minha filha de que eu e minha esposa participamos, a professora explicou o papel e a importância dos pais na educação dos filhos. E mostrou uma ação do Banco Itaú em vídeo, deixando bem claro que não era para ser entendido como propaganda da empresa, em que vários casais foram convidados para falar da dificuldade em lidar com a falta de tempo na criação dos seus filhos. Logo na primeira frase, um desconforto nos pais presentes. A mãe no vídeo diz: eu me sinto culpada por não ter tanto tempo para ficar com eles como eu gostaria… Em poucos segundos, alguns olhos já ficaram marejados. Depois aparece a pergunta: qual foi a última coisa que você ensinou ao seu filho? O silêncio, a dúvida dos pais no vídeo sãocortados pelo choro de culpa escondido de alguns pais presentes na reunião. Mas quando os filhos dos pais no vídeo aparecem contando quantas coisas aprenderam com seus pais, o choro dos pais dos dois lados se funde em uma relação de alívio por se verem livres da culpa auto imposta e de orgulho de serem valorizados, apesar de todas as limitações.
Depois a professora explica que pediu para os nossos filhos desenharem o que tinham aprendido conosco. Mas antes, pediu para que pensássemos o que eles tinham desenhado. Eu não tinha a menor dúvida. Helen, minha filha de sete anos, desenharia a estante de livros que tínhamos montado em quase quatro dias de
trabalho. A estante era enorme, ia até o teto, e as prateleiras formavam o seu nome. Todas as suas centenas de livros, antes amontoadas, agora estavam organizadas por assunto e formavam um colorido onde ainda era possível notar as letras H-E-L-E-N.
Neste momento lembrei de que o melhor presente que podemos dar aos nossos filhos é estar presente. E vários filhos reconhecem isso.
“Eu fui um menino de muita sorte. Como meu pai tinha um horário flexível, ele podia passar muito tempo me ensinando”.
Steve Jobs, da Apple, também sempre reconheceu a importância dos seus pais (adotivos) na sua formação e no seu sucesso. “Ele amava fazer as coisas do jeito certo. Ele se preocupava mesmo com as partes que não se poderia enxergar”, explicou Jobs. E dessa influência paterna veio sua obsessão pelos detalhes e pela mais alta qualidade possível. Entretanto, seu maior aprendizado com Paul Jobs, seu pai, foi acreditar que poderia criar tudo o que desejasse. “Eu tive muita sorte porque quando era uma criança meu pai me fez acreditar que eu poderia construir qualquer coisa…”, relembra no depoimento para sua biografia.
E mesmo o recatado Bill Gates abre seu coração para agradecer e engrandecer seu pai. “Meu pai é o homem que eu aspiro ser. Eu admiro especialmente sua integridade. É uma das pessoas mais sábias e calmas que conheço. E me ensinou muito como pensar”, diz.
Mas nenhum outro empreendedor deixa tão claro o que aprendeu com a presença do seu pai quanto Richard Branson, o mais excêntrico (e feliz) bilionário do mundo. “A frase favorita do meu pai sempre estará comigo. São poucas palavras que resumem sua visão de mundo: A vida não é maravilhosa?”, explica. E finaliza: “Sem o seu amor e apoio incondicional, eu não seria nem a metade do que sou hoje. E ainda espero ser pelo menos a metade do que meu pai foi…”.
Por conhecer histórias assim, sempre entendi que estar presente na vida dos nossos filhos não se limita ao estar fisicamente presente, mas estar presente na construção dos pilares que serão as bases para a
sua felicidade futura.
E então recebo o desenho da minha filha. A estante estava lá. Mas ela explicava que tinha aprendido outra coisa comigo: a ler (e gostar de livros). Eu, que tinha segurado o choro até aquele momento, me juntei aos outros, também emocionados, por descobrirem-se tão bons pais.