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Estamos tão distantes

 André Luis Kawahala e Rita Massarico Kawahala

Houve um tempo em que Adam voltava correndo para casa, após o dia de trabalho. Evelyn não via a hora de estar com o esposo e juntos fazerem algo. Nos primeiros meses de casamento, todo dia era assim. Era só namoro e descobertas. Tudo era bom. O cotidiano não era perfeito, mas não importava. A prioridade era estarem juntos e viver cada um o seu ideal de matrimônio. Agora, passados alguns anos, tudo é bem diferente: cada um procura o seu espaço, o seu tempo e suas próprias prioridades e objetivos. É frio o que antes era febre.

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Talvez você pense: vai acabar esse casamento! Talvez sim. Talvez não. O que acontece com tantos outros casais?

Acabou a novidade? – É a primeira

coisa que muita gente pensa.

Essa é uma meia verdade, no sentido de que a novidade não é um ser autônomo que entra e sai da vida das pessoas quando bem deseja. O novo está em quem deseja se renovar todos os dias. Rotina é indispensável, mas é possível e importante que seja revista e alterada de tempos em tempos. Além disso, mudanças de hábi

tos, comportamentos e ideias são essenciais para o casal. É preciso traçar novas metas e revisar e realinhar as que já estão em andamento. Ter sempre objetivos a curto, médio e longo prazos: da viagem dos sonhos a uma mudança de estilo de vida, passando por tantas outras coisas triviais. Isso tem poder para renovar o casamento.

Acomodação – Sem a novidade, os cônjuges vivem um dia após o outro, sem sentir o sabor da relação conjugal.

As qualidades que tanto atraíram um ao outro vão sendo trocadas pelos defeitos, que acabam muito evidentes. E aí começam a acontecer as “pisadas na bola”, comum em todo relacionamento, que desqualificam a esposa ou o esposo. Acabam não se dando conta de que aquela pessoa ainda é sua melhor opção para conviverem. É necessário ter em conta que os defeitos precisam ser superados e as qualidades precisam ser cultivadas. Ninguém é perfeito! Quando se exercita mutuamente o entendimento, a compaixão e o perdão, gera entre o casal a reciprocidade. É evangélico; não se deve julgar a outra pessoa pelos seus erros, deve-se sempre oferecer o melhor de si, e procurar fazer à outra pessoa tudo o que se gostaria de receber como tratamento (cf. Mt 7,1-12). É o que Jesus pede que seja praticado na vida em comunidade, mas também para os esposos, primeira comunidade de amor da família. No casamento, quem nunca se acomoda tem mais chances de chegar aonde deseja ir.

Lenha na fogueira – Na vida dos casados, nem sempre se sabe definir o amor, mas é preciso entendê-lo como uma opção exclusiva por outra pessoa, que nunca deveria acabar. Já a paixão arrefece mesmo e se esvai depois de um tempo. É preciso colocar lenha na fogueira da paixão, e a origem desse combustível está no desejo de continuar amando.

Uma prática dirigida tanto a Deus quanto ao cônjuge. Assim como cremos em Deus, precisamos manter a fé na pessoa a quem escolhemos para caminhar conosco. Ter esperança de que o cônjuge possa ter atitudes positivas, novos comportamentos e, realmente, surpreender no casamento.

2 - GENTILEZA E CARINHO

O matrimônio não é uma competição onde sempre deve haver um vencedor; então, não há motivos para viver em pé de guerra. Quando alguém decide construir uma vida com outra pessoa, o faz, em geral, de maneira livre. Portanto, não há motivo para não ser gentil, cordial e manter o equilíbrio na forma de agir, ainda que seja mais carinhoso que o outro. Isso é normal. Claro que não estamos falando aqui das situações-limite de abuso e violência. Referimo-nos a casais que estão dentro do padrão de relacionamento.

3 - BUSCAR O DESPERTAR DA PAIXÃO

Não é preciso gastar muito para fazer um dia ou uma noite diferente. Em nossas palestras sobre conjugalidade, costumamos falar dos momentos inesquecíveis que o casal pode criar em casa mesmo. Uma boa bebida, alguns petiscos, uma comida diferente, e a casa pode se transformar num restaurante ou naquele barzinho. Os esposos podem - e devem! – se arrumar e se vestir como se fossem passear para ficar em casa e, assim, agradar um ao outro. Perfumes, aromas, sabores, aparência... Tudo ajuda a mudar o clima. Isso é bom. Demonstra cuidado, atenção e um desejo de seduzir, que é legítimo entre marido e mulher unidos pelo amor. Mas atenção: o recurso à sedução não deve ser, no entanto, banalizado.

4 - FALAR DE SI COM O CORAÇÃO

A sedução não substitui o bom diálogo, que é essencial. Cada um deve expor-se de coração e falar sobre os medos, as vontades, os desejos, os planos e projetos. Isso também é lenha que incendeia o casamento e reacende a paixão. Nada é mais sedutor que conhecer a outra pessoa por inteiro.

A vida a dois não é fácil; é arte, como estamos tentando demonstrar nessa série de artigos. Por isso é que convidamos a exercitar essas e outras dicas que estamos oferecendo para criar a novidade entre o casal. Porque, se o casal for renovado, toda a família será revigorada.

*André Luis Kawahala e Rita Massarico Kawahala, casados há 25 anos, trabalham com casais e famílias há mais de 20 anos e são membros da Pastoral Familiar. Texto publicado na revista Família Cristã, setembro de 2019.

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