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A obesidade infantil e o papel dos pais

 Édler C. B. Terracciano

Oaumento exponencial no número de obesos em todo o mundo elevou a preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS), comunidade científica e profissional da área de saúde. Em 2018 a OMS divulgou que teremos em 2025, cerca de 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso, sendo mais de 700 milhões com obesidade. Hoje já temos um dado alarmante: um em cada oito adultos no mundo é obeso. Apenas em quatro décadas o número de crianças e adolescentes obesos saltou de 11 milhões para 124 milhões.

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MAS AFINAL, O QUE É OBESIDADE?

“Podemos definir obesidade como uma enfermidade multifatorial, que pode ser consequência de diversos fatores: genéticos, fisiológicos, ambientais e psicológicos, proporcionando o acúmulo excessivo de energia sob a forma de gordura no organismo.”

As alterações genéticas que são raras são defeitos no gene que promove a expressão de leptina, hormônio secretado principalmente pelo tecido adiposo, conhecido como hormônio da saciedade. Sua função é atuar no hipotálamo e ativar neuropeptídeos que são responsáveis pela sensação de saciedade, além de inibir outros neuropeptídeos que são responsáveis pela sensação de fome. Quando o indivíduo tem um defeito genético e não produz quantidades suficientes de leptina, este terá hiperfagia, sensação de fome o tempo todo.

Desde a gestação,os hábitos da mãe têm fator importante, pois a ingestão calórica materna, o fumo da mãe e o diabetes da mesma na gravidez influenciam o tamanho, formato e a composição corpórea do feto. O sono tem papel fundamental no controle do balanço energético, é responsável pela restauração mental e fisiológica durante a vigília. O indivíduo que dorme abaixo do determinado para a sua faixa etária, secreta menos leptina pelo tecido adiposo, que é secretada na fase de sono profundo, sendo assim, tem maior sensação de fome durante o dia. Além de que, o indivíduo que dorme pouco ou mal tende a realizar menos atividades físicas durante o dia, reduzindo o gasto calórico.

Um estudo da UNIFESP mostrou que quase 50% dos anúncios da categoria de alimentos em programas para crianças ou adolescentes são a respeito de guloseimas, sendo que a soma de propagandas de alimentos e boa qualidade não chegam a 10% do total.

Mas sabemos também que a alimentação das crianças é reflexo da alimentação dos adultos que estão a sua volta, ou seja, em casa e na escola. O mundo agitado e voraz dos adultos nesta evolução tecnológica e virtual em que vivemos, reflete diretamente na alimentação das crianças, que muitas vezes acabam recebendo alimentos altamente processados, gordurosos, sem

nutrientes e vitaminas necessárias; ocasionando crianças obesas, com baixa imunidade e enfermas. Oferte frutas ao invés de sucos industrializados com alto teor de açúcar. Crie o hábito de introduzir legumes e saladas coloridas nas refeições, evitando fast–food, bolachas recheadas, salgadinhos e frituras. Uma dieta equilibrada conjuntamente com atividades físicas é o melhor recurso para criarmos crianças sadias e saudáveis.

O sedentarismo favorece de modo direto o baixo gasto calórico acentuando o balanço energético positivo. As atividades de lazer das crianças se modificaram sobremaneira nos últimos 20,30 anos; onde brincar de pega-pega, esconde-esconde, paralítico, stop, amarelinha, caça – caçador, subir em árvores, corridas de bicicletas, carrinho de lomba, jogos com bola que geravam um grande gasto calórico, foram substituídos por vídeo game, televisão, celular e computadores.

Dados recentes publicados na revista Internacional Journal of Cancer mostram que crianças que nascem com peso abaixo de 2,5kg tem probabili

dade grande de ter um IMC acima de 25 kg/m2, favorecendo a lipogênese, pois durante a gestação ocorreu uma oferta calórica e nutricional pobre da mãe para o feto. Crianças que nascem com peso acima de 4,5 kg tendem a ter IMC de sobrepeso quando adultos. No Brasil 9,4% das meninas e 12,4% dos meninos são considerados obesos, de acordo com dados da OMS.

Como o sobrepeso infantil está intimamente ligado a fatores externos, é de extrema importância o papel de um profissional de educação física que auxilie tanto no processo de emagrecimento, quanto na orientação a atividade física tirando a criança da frente de aparelhos eletrônicos e promovendo nela a vontade de praticar atividades físicas. Devemos entrar no universo mágico e divertido das

crianças, para poder inspirar nelas o hábito das atividades físicas e lúdicas. Ao invés de dizer para elas ficarem correndo em volta de uma quadra poliesportiva, que elas não veem nenhuma graça, estimular nelas brincadeiras em que elas tenham que correr para salvar o herói dos vilões, para encontrar o tesouro escondido e outras tantas.

O futuro das crianças depende diretamente do meio em que vivem e dos hábitos que adquirem neste meio, portanto papais, prestem atenção nos seus filhos e lhes dêem toda atenção necessária, no futuro, eles lhe serão gratos.

Édler C.B. Terracciano é Educador Físico CREF2/6419-G. Atende a domicílio e no Espaço de Reabilitação. Especialização em Fisiologia do Exercício Especialização em Administração e Marketing Esportivo Especialização em Obesidade e Emagrecimento Personal Trainer Certificação em eletroestimulação muscular – EMS Formação em HIIT. Espaço de Reabilitação – Fisioterapia e Pilates - Rua Madre Verônica, 311, sala 507 Centro Clínico São Miguel, Gramado (RS).

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