TFG FAU USP 2015. Casa da Maternidade Livre.| Evelin Vieira|.

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CASA DA MATERNIDADE LIVRE

EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A

EVELIN VIEIRA ORIENTAÇÃO: ALEXANDRE DELIJAICOV

TFG | FAU USP | 2015

CULTURA DO PARTO NATURAL


Membros da banca examinadora Alexandre Delijaicov

Professor Orientador

FAU USP

Antonio Carlos Barossi

Professor Convidado

FAU USP

Ruth Hitomi Osava

Professora Convidada

EACH USP

Data da defesa 03 de julho de 2015 FAU Cidade Universitรกria, Rua do Lago 876. Sรฃo Paulo- SP. Sala 807


Projeto apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do diploma de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

Vieira, Evelin Caroline de Souza. “Casa da Maternidade Livre: Equipamento público para a cultura do parto natural”. Trabalho Final de Graduação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. jul 2014/ jul 2015.



Apresentação

O termo “parto natural humanizado” é utilizado nesse caso com a finalidade de definir o parto por via vaginal em que as escolhas e o protagonismo da mulher são respeitados, a mesma e seus acompanhantes são tratados com dignidade por parte dos profissionais envolvidos e são realizadas o mínimo de intervenções quanto for possível. 1

Utilizo ao longo do trabalho a expressão “parto natural” para me referir a esse tipo de atendimento. Frequentemente suprimo o termo “humanizado” no desenvolvimento do trabalho, uma vez que o pressuposto de um primeiro tratamento não humanista, degradante e supressor dos direitos individuais, deve passar longe de toda a proposição e ser a priori tratado como imoral.

Compreendida como parte de uma rede, que integrará a trama de equipamentos de saúde municipais, a Casa da Maternidade Livre deve atuar junto a população como um local de acolhimento e orientação quanto aos assuntos ligados ao ciclo do nascimento – gestar, parir e cuidar. O centro de suas atividades, que diz respeito à saúde pública, é o acompanhamento do parto natural humanizado¹, livrando-o de intervenções desnecessárias e garantindo à mulher e à criança a fruição deste momento protegida da violência obstétrica, da tecnocracia e da busca por alta produtividade que permeia os serviços hospitalares e induz a prática de cirurgia cesariana eletiva. Ao redor dessa prática orbitarão atividades educativas, culturais, esportivas e de lazer, que atingem um espectro social amplo, notavelmente as crianças e jovens, empreendendo uma gradativa mudança de consciência frente a questões tão estruturais quanto o nascimento, a vida, o corpo e a existência humana, contribuindo para uma construção viva e coletiva do “espaço onde queremos nascer”.



Agradeço, Ao meu orientador Alexandre, que com a dedicação e ética de um grande educador esteve sempre pronto a boas conversas, capazes de esclarecer meus pensamentos, desde no que diz respeito a temas transversais à vida humana até no que concerne ao exercício pragmático do projeto de arquitetura; À professora Ruth Osava, que com a naturalidade de quem domina um universo de conhecimento, e fala a alguém que começa agora a pesquisá-lo, me ofereceu respostas antes mesmo de eu fazer as perguntas. Conhecê-la foi sem dúvida um feliz encontro que o tema que escolhi para meu trabalho me proporcionou; Ao Barossi, cujo comprometimento com essa escola e o ensino de arquitetura é inspiração para todos os estudantes. Nossa conversa durante o TFG 1 me ajudou a tomar importantes decisões para encaminhar o TFG 2 e seu entusiasmo, ao me questionar sobre eu acreditar na qualidade do meu trabalho, intensificou minha dedicação;

À minha Mãe, meu exemplo de caráter e boa vontade, cujo integral apoio foi determinante para eu estar concluindo minha graduação na FAU USP; Ao meu pai, meu primeiro professor; aos meus irmãos Matheus e Jorge, pelo dia a dia, e a Giullia, por me fazer sorrir, mesmo estando cansada ou apreensiva. Ao André Pacheco, por estar ao meu lado sempre pronto a ajudar e me incentivar nos momentos de insegurança e ser minha melhor companhia nos momentos de tranquilidade.

À Bárbara Toaliar, que além de compartilhar seu conhecimento a respeito de arquitetura e o serviço público se tornou uma amiga e me introduziu ao tema, e a causa de que trato neste trabalho; Aos meus amigos e amigas, especialmente Evelyn Alves, Fernanda D’ângelo, Larissa Moser e Tatiane Teles. Cada uma a seu momento e modo me apoiou ao longo de minha formação profissional e humana até agora. Sei que vocês continuarão neste caminho comigo e para todas nós ele será pleno.


Sumário 1

Considerações iniciais Objeto Objetivo Justificativa Contextualização na cidade de São Paulo

5 Programa O Programa Panorama sobre o parto no Brasil Casa Ângela Centro de Parto do Sapopemba Demandas da parturição: Espaço Revisão do programa de CPN: Componentes, Ambientes e Blocos Componentes Equipamentos Pessoas [ Usuários e Equipe] Ambientes Ficha Síntese

25 Lugar Matriz de possibilidades espaciais Singularidade como modelo Bases: Administração prevista Quadro atual: Hospitais e CPNs Critérios para a escolha do lugar para a Casa da Maternidade Livre


31 Construção Exercício livre de desenho

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Síntese projetual Referência zero [Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros] Programa da intervenção Descrição do terreno Programa de necessidades para a Área adotada DesenhosTécnicos Ensaios Tridimensionais [Maquete física, maquete eletrônica e desenho de criação]

92 Glossário 94 Referências



Considerações iniciais “Onde nascemos?”, anuncia o tema dessa pesquisa que pretende empreender questionamentos e proposições, no âmbito do estudo de arquitetura e urbanismo, acerca do espaço onde ocorre o parto da sociedade paulistana no final do século XX e início do século XXI. A aproximação desse tipo de uso do espaço através do exercício de desenho arquitetônico para a cidade de São Paulo enquadra o trabalho na temática do meta-projeto, ou o estudo do programa arquitetônico de equipamentos públicos em rede, sendo o elemento central da discussão a “Casa de Parto Natural”.

Objeto Casa de Parto Natural: Equipamento de saúde voltado para o atendimento ao parto de mulheres cuja gravidez apresenta baixo risco de intercorrências negativas. Nesses casos o nascimento pode acontecer nesta instituição, cujas instalações são mais simples que as de um hospital – guardando grande proximidade a um ambiente domiciliar coletivo – contando com o apoio de profissionais de Enfermagem e Obstetrícia e uma ambulância 24 horas para remoção ao hospital mais próximo em caso de eventuais complicações.

Objetivo O objetivo desse TFG é estabelecer, no âmbito da pesquisa acadêmica da FAUUSP, uma exploração metaprojetual da “Casa de Parto Natural”, contribuindo assim para a cultura de projeto de equipamento público. Enquanto trabalho que finaliza o curso de Arquitetura e Urbanismo, ele tem como meta reunir e consolidar conhecimentos obtidos ao longo do mesmo, de modo a se tornar um espelho de meu percurso pela graduação.

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Justificativa A prática de cirurgia cesárea, que deveria, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) representar 15% dos casos de nascimento – ou seja, aqueles em que houver complicações que impedem a realização do parto natural – é hoje realizada na maioria dos casos no Brasil representando 52% dos nascimentos¹. A desinformação acerca das vantagens do parto normal e a indução operada pela sociedade e liderada pela classe médica durante o pré-natal faz com que mesmo parturientes que desejam realizar parto normal acabem solicitando a cesariana em seu plano de parto. O pressuposto de que o parto poderá apresentar intercorrências contribuiu para a adoção de medidas assistenciais ao parto normal adequadas apenas ao parto complicado. Tal modelo apresenta desvantagens, a saber: Transformação de um evento fisiológico normal em um ato medicalizado, induzindo a intervenções inadequadas – que podem ser prejudiciais a saúde da mulher e da criança – de modo sistemático, negligenciando o componente emocional daquele evento, diminuindo ou ignorando o protagonismo da mulher em relação ao nascimento de seu próprio filho; Concentração de parturientes saudáveis em hospitais tecnicamente bem equipados, com os custos decorrentes (seja para a parturiente que terá os serviços custeados através de plano de saúde ou recursos particulares, seja para o estado que mantem os hospitais públicos através do SUS), tornando algumas vezes essa rede insustentável e ocupando leitos que deveriam ser destinados às parturientes em gravidez de risco. Por sua vez, o relatório da OMS2 acerca do parto natural preconiza que a mulher deve dar a luz em um local mais próximo possível de sua própria casa e sua própria cultura. O parto poderia até mesmo acontecer em sua casa. No entanto, aplicando a recomendação ao caso brasileiro temos que as grandes proporções das cidades e suas irregularidades ambientais, físicas e econômicas corroboram para que se estabeleça um tipo de unidade de saúde pública capaz de oferecer atendimento ao parto normal de maneira natural e humanista.É desejável portanto que exista um atendimento institucionalizado de acesso público e de alcance o mais periférico possível. Desde o final da década de 19903 o Brasil regulamentou um serviço para atender exclusivamente o parto normal pelo sistema único de saúde (SUS), os CPN, centros de parto normal. No entanto a sua incipiência junto a rede é preocupante, principalmente no que concerne aos CPNs extra-hospitalares. A definição de CPN será explorada na composição do programa de necessidades.

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Dados estatísticos extraídos da pesquisa “Nascer no Brasil” realizada pela Fundação Oswaldo Cruz de fevereiro de 2011 a outubro de 2012. As informações foram publicadas no Caderno de Saúde Pública volume 30. Suplemento 1, Rio de Janeiro 2014 e está disponível on line na plataforma scielo. [ http://www.scielo.br/] 1

Informação extraída do Relatório da Organização Mundial da Saúde: “Assistencia ao Parto Normal: Um Guia Prático”, 1996. 2

Centro de Parto Natural (CPN) é o serviço de saúde regulamentado pela Portaria nº 985/GM, de 05 de agosto de 1999 do Ministério da Saúde. 3


Contextualização na cidade de São Paulo

Em março de 2014 a imprensa (folha uol) divulgou que a prefeitura irá criar sete novas casa de parto na cidade, vinculadas a maternidades de referencia, a saber: Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto, Hospital Municipal Waldomiro de Paula, Hospital Municipal Prof. Mario Degni, Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, Hospital Municipal M’ Boi Mirim, Hospital Amparo Maternal, Santa Casa de São Paulo, Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros.[http://maternar. blogfolha.uol.com.br/2014/04/01/prefeiturade-sp-vai-criar-sete-centros-para-o-partonormal/. Consultado em julho 2014]. 4

A adoção da cidade de São Paulo como limite espacial da proposição se justifica pelos fatores: A alta incidência de cesarianas no Estado, tornando São Paulo uma amostra crítica das cidades brasileiras, no que diz respeito a este tema; Em São Paulo o SUS dispõe apenas da Casa de Parto do Sapopemba enquanto CPN extra-hospitalar, porém em dezembro de 2013 a prefeitura de São Paulo criou a lei 15.945 dispondo acerca das CPN no município e em março de 2014 a imprensa divulgou que a prefeitura irá criar oito novas casas de parto [CPN da Rede Cegonha]na cidade4, vinculadas a maternidades de referência; Em uma Casa de Parto a atuação profissional da Obstetriz é fundamental, não só por sua competência técnica, mas por seu comprometimento ideológico com a causa do parto normal. Extinta no Brasil na década de 19705, a categoria profissional foi retomada em 2005 com a criação do curso de Obstetrícia na EACH-USP6. A existência desse curso na USP corrobora para a adoção de São Paulo como cidade piloto para a implantação de uma rede de casas de parto natural.

Informação obtida no site do curso de Obstetrícia da EACH USP: http:// www.each.usp.br/obstetricia/curso.htm [Consultado em junho de 2014] 5

Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, cuja sede fica no Campus USP Leste.

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Programa O Programa Panorama sobre o parto no Brasil

Embora não seja uma citação literal vale destacar o alinhamento dessas colocações com as idéias contidas na publicação “Conversa com Estudantes” de Louis I. Kahn. 1

Consultar Brenes, A. C., 1991 e Mott, M. L, 2002. 2

A inclusão no programa da casa é feita gratuitamente para gestantes carentes da comunidade e as gestantes de outras regiões custeiam o atendimento. 3

A prerrogativa desse estudo é que a Arquitetura não se faz a partir de programa de necessidades estabelecido por um termo definido, mas sim das necessidades espaciais que emanam de determinada prática social¹. Assim, como é o espaço de nascer hoje – problematização – e como será o espaço de nascer que desejamos – projeto – derivam da forma como essa atividade é conduzida em cada um dos casos. Através de um processo que se inicia em 1808 com a criação do curso de “Arte obstétrica” nas escolas de medicina brasileiras o designo sobre a atividade da parturição vai passando das mãos da parteira-leiga para as mãos dos médicos². Tanto estas, que atendem nas casas das parturientes, quanto as parteiras diplomadas, que chegam de outros países e aqui estabelecem suas casas de maternidade, tem sua ação coibida pelo poder instituído. Ao governo interessava a implantação de uma política sanitarista, a redução da mortalidade infantil e o controle de registros de nascimentos, o que era facilitado quando a criança nascia em um espaço institucionalizado, o hospital. Essa instituição era também desejada pela classe médica, é claro, não só para consolidar o parto como sua atribuição exclusiva em detrimento do parto domiciliar apoiado por parteiras leigas ou diplomadas, mas também para ampliar a presença do corpo feminino em seu domínio espacial e assim estudá-lo. A hospitalização amparada na inserção de medicamentos e tecnologia como rotina da parturição, a chamada “cascata de intervenções” – que se consolidou a partir da metade do século XX não só no Brasil como em boa parte do mundo – contribuiu ativamente para a opressão do corpo feminino. Tal opressão pode ser velada pela desinformação a respeito dos procedimentos por parte da mulher e sua família, mas também pode culminar em casos de violência obstétrica, que vai desde a proibição criminosa da presença de acompanhante na sala de parto quanto a prática de injúrias verbais e físicas.

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A humanização, ou “renaturalização” do parto foi um conceito que começou a ser difundido em todo o mundo a partir da década de 1970, Nota-se que o termo não se refere aos mesmos conceitos desde o início, mas sim de um processo em desenvolvimento: A técnica de parto Leboyer defendida pelo francês Friederick Leboyer, que chega ao Brasil em 1974, valoriza a criação de uma atmosfera tranquila para o parto, porém estava centralizada na atenção a criança, em detrimento à mulher. O também francês Michel Odent introduz o uso da banheira com água morna para o parto com menor impacto de mudança de ambiente para o bebê e o alívio da dor para a parturiente. O parto vertical, ou de cócoras teve no Dr. Moysés Paciornik, ginecologista e pesquisador de práticas indígenas – índios Caigangangues –, um de ser principais defensores, criando até mesmo uma cadeira para parto4. Destaca-se também a atuação da alemã Ângela Gehrke, que chega ao Brasil e lança bases para a construção da atual Casa Ângela. Vale notar que é também na década de 1970 que a categoria “obstetriz” é desregulamentada no país, o que prejudica até mesmo esta profissional pioneira. Esse exercício profissional fica restrito a atuação de médicos ou enfermeiras obstetrizes. Ainda em tempo, em 1998 é fundada a pioneira casa de parto do Sapopemba, e em datas próximas são criados CPNs em outros estados brasileiros Podemos afirmar que o tema é recente em termos de políticas públicas, já que é só no início dos anos 2000 que o ministério da saúde começa a traçar medidas pró-humanização do atendimento ao parto.

Como ressalva vale lembrar que a pesquisa na área médica, farmacológica e de tecnologia hospitalar e muito importante. Suas medidas, quando adotadas adequadamente, são capaz de interferir efetivamente na redução de taxas de morbidade da parturiente e da criança. A cesariana é uma intervenção cirúrgica virtuosa quando se trata de um parto patológico. É a adoção de métodos desenvolvidos para tratar patologias como “procedimento padrão” para todas as mulheres, até mesmo as saudáveis, que é aqui criticada. Sobre o tema vale ler o artigo “Antes da hora: Cesarianas desnecessárias contribuem para o nascimento de bebês imaturos”5.

Casa Ângela A Casa Ângela é uma casa de parto localizada na Zona sul de São Paulo, cuja inciativa de construção e gerenciamento são fruto da iniciativa privada sem fins lucrativos. A alemã Angela Gehrke, parteira por formação, chega ao Brasil em 1983 para trabalhar na área de saúde da Associação Comunitária Monte Azul, na zona sul de São Paulo. Em 1997 inaugura-se a primeira casa de parto da associação, porém em 1999 a mesma e fechada, e, adoecida, Ãngela falece no ano 2000. Ressalta-se que ao final de sua carreira Ângela encontra

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A cadeira desenvolvida pelo médico, com a ajuda de seu filho, remonta a uma prática de parto muito antiga da humanidade. Ver o artigo “Parto de Cócoras – Ancestral e Moderníssimo” 4

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Citado na bibliografia


dificuldades legais para o exercício profissional, devido a forte pressão política para a desarticulação de suas atividades. Em um processo que se inicia em 2004, e, após atribulações de ordem jurídica e financeira, é empreendida a construção de nova Casa, a “Casa Ângela”. Havia um entendimento que a Secretaria Municipal de Saúde atuaria em parceria com a mesma, no entanto esta expectativa não foi atendida. Assim, a entidade está funcionando no endereço atual desde 2009, construída adequadamente à legislação tomando como modelo a portaria e a Casa de Parto do Sapopemba. Além dos espaços preconizados pela portaria a mesma conta com um importante salão de uso múltiplo, para reuniões, palestras, cursos e entrevistas. No início do desenvolvimento do trabalho pude realizar visita técnica na entidade, o que foi extremamente proveitoso não só para o entendimento do programa como para a compreensão da atmosfera que a casa de parto pretende criar. A visita consistiu na participação de uma atividade de recepção de gestantes e uma posterior visita guiada a todos os ambientes da casa com documentação fotográfica, e conversa com a gerência de enfermagem da casa e mulheres participantes do programa. > Casa Ângela, no nível mais baixo da rua fica o acesso da ambulância, e no nível mais alto a entrada social. A instituição está localizada próximo a estação Giovanni Gronchi do metrô [Foto da autora]

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< Foto: SalĂŁo de uso mĂşltiplo da casa Ă‚ngela, montando para uma atividade de acolhimento de novas gestantes [Foto da autora] < Foto: Quarto de parto. [Foto da autora]

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Centro de Parto de Sapopemba Fundado em 1998 O CPN Sapopemba é a única entidade do gênero extra-hospitalar que atende pelo SUS em São Paulo. O processo de construção do conceito desta instituição está intrinsecamente ligado à causa do parto natural, e a atuação humanista dos profissionais envolvidos, não só aqueles cuja função é a assistência direta ao parto, mas também dos funcionários de apoio como jardineiros, zeladores, seguranças, cozinheiros e faxineiros. Este princípio que pode ser percebido em conversa com a obstetriz Ruth Osava, uma das fundadoras e a diretora por cinco anos da unidade, é desejável para a efetiva contribuição da entidade junto à população. Atualmente a Casa do Sapopemba e administrada por entidades parceiras da prefeitura, e tem aceitação considerável, destacando-se a significativa adesão por parte da classe média. No entanto a sua divulgação junto às pacientes do SUS é baixa, o que reduz sua procura para níveis abaixo da capacidade. Não obstante, não se considera que a demanda pelo parto na Casa de Parto seja insuficiente para justificar a criação de uma rede, muito pelo contrário, a rede proposta neste estudo tem por objetivo não só o atendimento mas também a difusão da prática do parto natural junto a população brasileira.

> Foto: Quarto de parto da casa de parto de sapopemba. [Divulgação jornal estadão]

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< Foto: Sala de atendimento ao recém nascido da casa de parto de sapopemba. [Divulgação jornal estadão]

Demandas da parturição: Espaço O hospital é, e deve ser, um edifício regido por uma lógica de assepsia, ordenação técnica e funcionalidade. Muito embora a “humanização” do atendimento seja uma proposta difundida hoje, nos hospitais privados e no SUS, é na necessidade pragmática de promover a “cura” ao maior número de “pacientes” possíveis que o hospital se fundamenta. Em uma sala de parto convencional o mesmo é tratado como uma cirurgia, mesmo que se dê por via vaginal. A atividade é centralizada na figura do médico, seguido pela atuação da equipe. A atuação, poder de decisão e os movimentos da parturiente são reduzidos. Neste caso ela permanece durante o parto em posição ginecológica sob uma mesa de parto, com acessos em suas veias para receber, entre outros medicamentos para acelerar o processo, ocitocina sintética que emula um hormônio que o corpo pode produzir sozinho. Não é permitido que ela caminhe por outros espaços, já que seu corpo foi esterilizado pois frequentemente é feita uma episiotomia de rotina e se necessário são usados instrumentos cirúrgicos. Uma vez que o tempo e a ação do parto é domínio da equipe, e não do corpo da mulher, a cesariana eletiva é constantemente adotada como método mais adequado, o tempo para a mesma ocorrer é marcado: o corpo é o suporte para um evento cirúrgico. Isso resulta em salas de parto assépticas, sem janelas, cujo espaço é calculado apenas para que a equipe de saúde se movimente ao redor da mesa de parto.

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> Parturiente em posição supina com campo estéril sobre o ventre, que a impede de vizualizar o próprio corpo.

> Foto de sala para o parto convencional. Intensa iluminação, grande quantidades de equipamentos e espaço reduzido corroboram para o estresse psicológico da parturiente [foto disponível na internet sem crédito indicado].

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Revisão do programa de CPN: Componentes, Ambientes e Blocos A portaria nº 985/GM emitida pelo ministério da saúde em 05 de agosto de 1999 dispõe acerca da criação dos Centros de Parto Normal-CPN, no âmbito do Sistema Único de Saúde/SUS. A mesma se submete ainda à Resolução da Agência de Vigilância Sanitária RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. O termo CPN se refere tanto a unidades autônomas, geralmente chamadas “Casas de parto” quanto aquelas que configuram um dos serviços hospitalares. Este deve prestar atendimento humanizado e de qualidade exclusivamente ao parto normal sem distorcias. O Papel sistêmico que o mesmo deve assumir, no âmbito da rede já estabelecida, está previsto nessa legislação: § 2º O Centro de Parto Normal deverá estar inserido no sistema de saúde local, atuando de maneira complementar às unidades de saúde existentes e organizado no sentido de promover a ampliação do acesso, do vínculo e do atendimento, humanizando a atenção ao parto e ao puerpério.

Apesar disso o número de CPN extra-hospitalares no Brasil, 15 anos após sua regulamentação, pode ser considerado muito reduzido, sendo essas instituições responsáveis por uma parcela muito pequena dos partos realizados através do SUS e numa área de abrangência reduzida podemos afirmar que sua função está sendo cumprida apenas de maneira pontual, e não sistêmica como deveria acontecer. Como parte do SUS o CPN deve estabelecer vínculo com as Unidades Básicas de Saúde ao seu entorno, fornecer aos órgãos pertinentes informações estatísticas quanto a mortalidade materna e neonatal e funcionar em parceria com o nível de referência secundário a fim de garantir o atendimento adequado à parturiente em casos excepcionais. Muito embora os CPN como unidades isoladas estejam previstos pela legislação, essa última condição corrobora para a previsão de CPN intra-hospitalares. O projeto arquitetônico do CPN deve atender ao Art. 4º dessa portaria e deve ainda respeitar as exigências das normas técnicas para estabelecimentos de saúde (dimensionamento, instalações prediais, manejo de resíduos).

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Componentes Equipamentos

O Art. 5º descreve os equipamentos mínimos que o CPN deve possuir: 1. Mesa para exame ginecológico 2. Berço comum 3. Mesa auxiliar 4. Cama de PPP (Pré parto, parto e pós parto) 5. Cadeira para acompanhante 6. Mesa de cabeceira 7. Fita métrica 8. Escadinha de dois degraus 9. Duas cadeiras 10. Estetoscópio de Pinard 11. Estetoscópio clínico 12. Esfigmomanômetro 13. Material de exames 14. Amnioscópio 15. Sonar 16. Cardiotocógrafo 17.  Aspirador de secreções 18. Berço aquecido

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19. Fonte de oxigênio 20. Balão auto-inflável com reservatório de oxigênio e válvula de segurança 21. Máscaras para neonatos 22. Laringoscópio 23. 02 (duas) lâminas de laringoscópio retas (nºs 0 e 1) 24. Cânulas orotraqueais 25. Extensões de borracha 26. Oxímetro de pulso 27. Sonda de aspiração traqueal 28. Incubadora de transporte 29. Fonte de oxigênio na viatura 30. Ambulância

O conhecimento destes itens, sua forma e funções , foi um fator importante para o entendimento do programa. Em visita à Casa Ângela, Hospital Mario Degni e Hospital Leonor Mendes de Barros acessei alguns destes objetos e consultei os profissionais quanto ao uso. Os itens de 1 a 9 são próximos a nossa realidade, deve ter atenção no dimensionamento dos espaços para que as pessoas se movimentem com conforto ao redor deles. Os itens 10 a 17 tem tamanhos reduzidos, e em geral ficam em armários e gavetas à mão da equipe. Pude notar que bancadas de preparo de medicação dentro do quarto são bem vindas, com balanças para pesar o recém nascido próximo à mãe e acompanhantes. A portaria não cita, mas certamente ela irá dispor balanças para a criança e para a mulher. A fonte de oxigênio, item 19, pode tanto ser em torpedos quanto estar projetada na rede de infraestrutura do edifício (régua de gases). A última opção é a melhor alternativa, pois o torpedo de tamanho reduzido passa a validade mais rapidamente e tem que ser dispensado. Os itens de 20 a 29 são utilizados apenas em casos de emergência, e ficam na sala de assistência ao RN ou em um carrinho de emergência. Outros artigos que devem fazer parte dos materiais da casa de parto são: – Espelhos pequenos: Para a parturiente, com a ajuda de sua obstetriz, observar o próprio corpo. Essa recomendação foi feita pela obstetriz Jeanne Calixtro que gentilmente se prontificou a tirar minhas dúvidas a respeito do dia da dia de sua profissão. – Espelhos grandes para a parturiente observar as mudanças de seu corpo. – Banquetas de parto e cadeiras auxiliares (cavalinho); Espaldares, “balanços” de tecido , bolas suíças e outros itens ligados ao universo da fisioterapia. – A banheira não é item obrigatório, mas desejável quando possível, e seu projeto deve dar ênfase a assepsia, evitando cantos difíceis de limpar, e permitir a circulação ao seu redor. – Armário destinado a guarda de pertences da parturiente.

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> Ilustrações de objetos que podem auxiliar o conforto da mulher em trabalho de parto.

Banqueta e cavalinho. Cadeira de parto com corda para exercícios.

Barras ou espaldar e bola suiça.

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> Parto na banheira, com a obstetriz e acompanhantes ao redor, auxiliando a mulher. > Presença de acompanhante, se for um desejo da parturiente, em todos os momentos do parto.

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Pessoas Enquanto as pessoas não estão lá o equipamento é um espaço. Só será lugar no momento em que as atividades começam a ser desempenhadas, ele é ativado pela comunidade que o ocupa: os usuários e a equipe.


Usuários Espera-se que a casa não só ofereça cuidados à parturiente mas também a seus acompanhantes e a comunidade em geral, especialmente jovens, de acordo com determinados níveis de acesso

> Usuários e atividades desempenhadas nos ambientes.

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Equipe Quando é traçado um estudo sobre a implantação de equipamento público institucional o seu custo de manutenção é um fator a ser observado de forma ainda mais atenciosa que o custo de implantação. No montante do custo de manutenção é o quadro de funcionários o item mais significativo, portanto, ainda que esse trabalho não toque a questão orçamentária, iremos tratar brevemente das atividades que esses funcionários irão desempenhar, e seus regimes de trabalho. A portaria define uma equipe mínima constituída por um enfermeiro, com especialidade em obstetrícia, um auxiliar de enfermagem, um auxiliar de serviços gerais e um motorista de ambulância, além de uma possível equipe complementar composta por médicos e permitindo a presença da parteira tradicional, sob a condição de sua presença ser culturalmente determinante para a presença da parturiente no CPN.

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Vale notar que o cargo de “enfermeiro com especialidade em obstetrícia” pode, no que diz respeito a prática profissional, atualmente ser preenchido por uma obstetriz, enquadramento profissional que em 1999 não existia. Assim, em 7 de janeiro de 2015 o ministério da saúde aprovou a portaria nº11 que inclui a Obstetriz como profissional habilitada para compor o quadro de funcionários. A brevidade desse artigo deixa algumas dúvidas no que diz respeito ao dimensionamento dessa equipe, certamente uma terceira legislação deveria constar na elaboração do programa: a legislação trabalhista. Como a interpretação da mesma geraria pesquisa demasiadamente complexa, recorri a profissionais da área a fim de sanar dúvidas a respeito do dimensionamento da equipe. Através de conversa com a Professora Ruth Osava, a obstetriz Jeanne Calixto, e a obstetriz de plantão no CPN do Hospital Leonor Mendes de Barros quando o visitei, pude apurar que a equipe listada na portaria não se enquadra nos padrões de divisão de tarefas entre categorias profissionais hoje preconizada pelo COREN¹. Esta pesquisa focal me conduziu ao dimensionamento da seguinte equipe, para a casa de parto com até 5 salas de parto: ¹ Conselho regional de enfermagem.

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Ambientes Os ambientes do CPN são definidos pelo Art. 4º: Atendimento 1. Sala de exame e admissão de parturientes; 2. Quarto para pré-parto/ parto/ pós- parto – ppp 3. Área para lavagem das mãos; 4. Área de prescrição; 5. Sala de estar para parturientes em trabalho de parto e para acompanhantes; 6. Área para assistência ao rn [recém nascido]. Apoio: 7. Banheiro para parturientes com lavatório, bacia sanitária e chuveiro com água quente; 8. Copa/cozinha; 9. Sala de utilidades; 10. Sanitário para funcionários e acompanhantes; 11. Depósito de material de limpeza; 12. Depósito de equipamentos e materiais de consumo; 13. Sala administrativa; 14. Rouparia / armário.

O termo área se refere a funções que podem ser incluídas nas salas. A área para assistência ao rn pode ser dentro do quarto PPP, e a área de prescrição também, no entanto essa última poderia ficar num espaço denominado “posto de enfermagem e obstetrícia”, onde as profissionais teriam maior conforto para cuidar de prontuários e documentos. Na revisão destes ambientes foram propostos novos e definidos blocos, ou , grandes grupos de ambientes. Esses grupos são compostos por espaços servidos e servidores, e transitórios a eles estão os espaços de circulação e as áreas livres propiciadoras de encontros e estar contemplativo. São eles: Acolhimento Atendimento Parturição Apoio e administração Serviços

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Ficha Síntese A conclusão deste estudo metaprojetual é a proposição da fichas síntese, programa de necessidades por bloco para uma melhor fruição e organização dos espaços por parte dos usuários e funcionários.

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> Se considerarmos um lote de cerca de 850 m², ele poderá ter 20 m x 42,5 m ou algumas variáveis em torno deste número. Deve-se evitar ter a frente de lote inferior a 15 m, uma vez que em um lote muito estreito não é possível projetar as salas de parto de frente para os ambientes de trabalho da enfermagem e ainda assim guardar todos os recuos necessários.

[LEGENDA DAS INSTALAÇÕES DE VIGILÂNCIA – RDC 50] HF = ÁGUA FRIA HQ = ÁGUA QUENTE FO = OXIGÊNIO FV L = VÁCUO DE LIMPEZA FA I = AR COMPRIMIDO INDUSTRIAL AC = AR CONDICIONADO

CD = COLETA E AFASTAMENTO DE EFLUENTES DIFERENCIADOS EE = ELÉTRICA DE EMERGÊNCIA ED = ELÉTRICA DIFERENCIADA E = EXAUSTÃO ADE = A DEPENDER DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS.

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Lugar O pensamento arquitetônico geralmente parte do estudo do lugar onde o objeto arquitetura estará situado. O presente trabalho é um caso específico, em que o ponto de partida foi a discussão do programa arquitetônico para a atividade da parturição. Como o pensamento em rede era um dos pressupostos iniciais do trabalho, a idéia de modelo vinha sendo pesquisada, com a possibilidade de uma padronização. A transposição do programa obtido para uma situação espacial foi precedida por um processo que pode ser entendido em duas fases: “Matriz de possibilidades espaciais” e “Singularidade como modelo”.

Matriz de possibilidades espaciais

> Matriz de características de um lote.

A hipótese levantada foi a de tentar traçar perfis possíveis de terrenos, a fim de restringir alguns “modelos”, através do cruzamento de características físicas que envolvem um lote e seu entorno.

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< A combinação de características, para o lote plano, resultam em 36 tipos de lote. Prosseguindo com o exercício para as demais características teríamos no total 108 tipos.

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Apenas com essas características – que estão longe de abarcar toda a complexidade de um lote – temos 108 tipos de lote. Agrupá-los ou diferenciá-los resultaria em um trabalho vão e impreciso. Esse exercício serviu para reiterar a importância da escolha de um lugar, e a singularidade do lugar no espaço e no tempo. Assim, partiu-se para a escolha de um lugar especial, que poderia receber a “casa da maternidade livre” um projeto piloto de casa de parto em novos moldes – que serviria de modelo para a rede a ser formada subsequentemente – não no que concerne a suas formas ou soluções de projeto, mas sim a seus conceitos e representatividade para a área.

Singularidade como modelo Bases: Administração prevista A escolha da localização da "casa de parto piloto" parte da análise da rede de saúde implantada e planejada. Assim, verifica-se a localização dos equipamentos de saúde centrais e periféricos – hospitais de referência a unidades básicas de saúde – e das casas de parto natural já implantadas públicas e privadas. A base zero é o sistema de espaços livres e a hidrografia da cidade, bem como a rede metropolitana de transportes.

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Rede Hospitalar Hospital Federal Hospital Estadual Hospital Municipal Hospital Privado

Bases: Mapa de rede hospitalar 2013, [Infocidade] Mapa de rede viรกria estrutural [PDE]


O perímetro de jurisdição de cada esfera do poder público também foi verificado, e concluiu-se que a rede deve ser traçada em nível de subprefeitura-municipal – muito embora ela deva se relacionar diretamente ao planejamento das regionais de saúde – estadual – e esteja vinculada ao SUS cujo aporte de recursos tem procedência federal. Sua administração deve ser realizada por parte do programa saúde da família, já que está ligado as questões de saúde da mulher e planejamento familiar. Sendo um equipamento de saúde com um importante viés sóciocultural e educativo, a mesma deve captar sempre que possível estabelecer parcerias com a secretaria de assistência social, de educação e de cultura a fim de promover, complementarmente ao atendimento ao parto: Visitas periódicas de equipe de nutrição e psicologia; Atividades físicas e ao ar livre, direcionadas tanto para as gestantes quanto para as mulheres que planejam engravidar em breve; Atividades educativas e culturais sobre o tema do nascimento, programadas com alunos de ensino fundamental e médio da região e com a comunidade; Acompanhamento de assistência social para as parturientes envolvidas em casos de alta vulnerabilidade social e drogadição. < Mapa da cidade de São Paulo da Rede Hospitalar.

Quadro atual: Hospitais e CPNs Inicialmente foram consultadas, junto a Secretaria Municipal de Saúde, maiores informações a respeito da notícia já citada sobre a criação de oito novos CPNs, vinculados fisicamente a hospitais de referência na cidade. Uma primeira aproximação do lugar seria conhecê-los e propor a casa de parto nas imediações de um desses hospitais, em substituição a essa “nova ala” de CPN intra-hospitalar. O arquiteto da autarquia hospitalar municipal, Marcelo Augusto de Oliveira, me recebeu para uma conversa onde fez uma explanação e tirou dúvidas sobre a administração de hospitais em que foi possível apurar que tal notícia a respeito de CPNs se referia a reformas pontuais em alguns ambientes dos hospitais citados. Certamente, embora não sejam dispensáveis, essas medidas são insuficientes para reverter o quadro crítico da parturição no país. Junto ao arquiteto visitei o Hospital Mario Degni cujo projeto é um padrão aplicado em mais dois casos de hospitais públicos em São Paulo, o que inicialmente poderia ser um ponto positivo para a escolha do local. No entanto as dificuldades administrativas e a disputa por espaço que é travada entre os serviços do hospital me levaram a reforçar a afirmativa de que a casa de parto modelo deve ser independente física e administrativamente dos hospitais.

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Bases: Mapa de Unidades Básicas de Saúde 2012 {[Infocidade] Mapa de regionais de saúde [http://www.prefeitura.sp.gov.br/ Secretaria Municipal de saúde]


Não obstante existem hoje significativos CPNs intra hospitalares, que não seriam dispensáveis caso houvesse a instalação das Casas de Parto aos moldes do que este trabalho apresenta. Teríamos no nosso caso uma segunda camada, ainda mais capilar, para as mulheres que buscam se envolver em um projeto de parto natural.

Critérios para a escolha do lugar para a Casa da Maternidade Livre Para que esse modelo seja capaz de representar um grupo de escolhas satisfatórias de projeto na escala regional é necessário cercar as possibilidades de adoção de um terreno através de alguns critérios.

< Unidades básicas de saúde por subprefeituras e distritos. < Regionais de saúde- planejamento estadual-,

1. O critério principal e condicionante é a proximidade de um hospital-maternidade, quanto melhor se o mesmo for referência para a rede em parto de média e alta complexidade. Essa escolha não se justifica apenas para viabilizar possíveis transferências de parturiente caso um parto se inicie como o esperado na casa de parto e em seu decorrer se transforme num evento patológico, mas também para que o hospital e a casa de parto possam se conectar e cooperar. Assim, se a gestante procura o hospital para acompanhar sua gestação, o mesmo deve, além de fornecer o atendimento para exames prénatal e informá-la sobre a possibilidade do parto natural, normal ou cirúrgico, apresentando-a à possibilidade de fazer um acompanhamento também na casa de parto, onde ela pode parir se no decorrer de sua gravidez ela apresentar as condições necessárias. Quando o primeiro contato é com a casa de parto e a gestante ainda não está realizando o acompanhamento pré-natal ela deve ser orientada sobre a importância desses exames, e sua admissão para o programa de parturição na casa de parto será condicionado pela existência e resultados desses exames. 2. Em seguida avalia-se a acessibilidade do equipamento através da verificação do sistema de transportes metropolitanos de alta capacidade – metrô e trem – e de média – linhas de ônibus – e das transposições de grande barreiras intra-urbanas¹. Averígua-se se existe, ou se é viável projetar, uma conexão satisfatória entre a área residencial, a casa de parto e o hospital. Por último, é desejável, uma fruição do espaço ao entorno do terreno proposto, capaz de discernir características quanto a sua vida urbana. 3. A densidade e populacional e índice de vulnerabilidade social da vizinhança dos hospitais, sendo prioritário instalar os equipamentos em áreas densas e eventualmente contemplando uma comunidade mais vulnerável, a fim de que este possa servir pessoas com diferentes experiências de vida, funcionando como um espaço de prática da cidadania e coletividade.

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MAPA DE LOCALIZAÇÃO CPNs INTRA-HOSPITALARES, CASA ÂNGELA E CASA DE PARTO DO SAPOPEMBA

Rio Tietê Ri

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FONTE: GOOGLE EARTH [Legenda]

3- Hospital Amparo Maternal

6- Hospital Estadual Vila Alpina

Rua Loefgreen, 1901. Vila Clementino

Rua Francisco Falconi, 1501. Vila Alpina

CPN intra-hospitalar

CPN intra-hospitalar

1- Casa de Parto de Sapopemba (SUS)

4- Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros

7- Hospital Santo Antônio

Rua São José das Espinharas, 400, Sapopemba

Avenida Celso Garcia, 1477. Belenzinho

CPN extra-hospitalar 2- Casa Ângela Rua Mahamed Aguil, 34, Jd. Mirante

CPN intra-hospitalar

Rua General Sócrates, 145. Penha de França CPN intra-hospitalar

5- Hospital Municipal M’ Boi Mirim

Casa de Parto da associação comunitária Monte Azul

Estrada do M’Boi Mirim, 4901. Jardim Ângela

Acesso parcialmente gratuíto, entidade sem ns lucrativos

CPN intra-hospitalar

Casas de Parto extra hospitalares [A de Sapopemba a única do SUS e a Casa Ângela tem acesso filantrópico para os casos indicados]. Centros de Parto Normal intra-hospitalares em hospitais públicos. [Eventualmente os dados podem estar incompletos, devido a dificuldade de encontrar uma base integrada de informações oficiais da prefeitura¹]

Pela matéria jornalística: De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, a cidade tem três maternidades com CPN (Centro de Parto Normal). São eles: Hospital Amparo Maternal, Hospital Municipal M´Boi Mirim e Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, que é gerido pelo Estado. [http://www.maesdepeito. com.br/]. Por indicação da professora Ruth Hitomi Osava destaco também os Hospitais: Vila Alpina e Santo Antônio. 1


Construção Essa frente foi criada para explorar referências de projeto arquitetônico, a fim de estabelecer subsídios para o entendimento material do que seria desejável para o projeto da casa de parto. O estudo de projetos notáveis e a realização de visitas técnicas são os dois exercícios dessa fase. Quanto aos projetos estudados são objetos de pesquisa tanto espaços públicos notáveis mesmo que não necessariamente abriguem atividades de saúde, passando pelo estudo de desenho de residências brasileiras, e de casas de parto no Brasil e em outros países, verificando aspectos desejáveis para a produção dos modelos. Os projetos estudados podem ser consultados nas referências da síntese projetual, porém deve-se frisar a importância da visita realizada na Casa Ângela, para a criação do meu primeiro imaginário quanto a casa de parto. Em seguida fui ao hospital Mario Degni, onde pude ver espaços não muito adequados aos conceitos que apresento, uma vez que o hospital acumulou muitas funções de modo a ter pouco espaço para cada atividade. O CPN do Leonor Mendes de Barros ocupou inicialmente parte do térreo do hospital, e está hoje em um andar superior, os quartos e banhos são grandes, porém o espaço para funcionários é improvisado. Como o desenvolvimento do programa possibilitou um ponto de vista de dentro para fora do edifício foi proposto um exercício inverso, de fora para dentro que consistiu na escolha de residências paulistas notáveis e um redesenho das mesmas para adequá-las ao uso de uma casa de parto. Tal exercício possibilitou o estabelecimento de características arquitetônicas que foram observadas no desenvolvimento do projeto: Áreas livres externas e internas – transição e permanência; Diferentes usos do espaço – gradação entre os níveis de acesso; Materiais – cor e textura, assepsia e acolhimento; Forma e sua percepção de dentro para fora, de fora para dentro; Técnica construtiva – adequação à arquitetura pública e a escala. Destaco entre as casas estudadas nesse exercício uma casa de Rino Levi, que tem nos pátios e áreas ajardinadas seu principal elemento organizador e que utiliza os elementos vazados na composição dos níveis de transparência, conceitos que levei para o meu projeto.

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Recepção

Serviços nas extremidades na casa de parto facilita o uxo de lixo/ carga e descarga

Elemento vazado: Graus de transparência

Rota de emergência

Jardins fazem a transição entre os espaços

Dormitórios se transformariam em salas de parto

Acesso usual Acesso serviço

O olho percorre todo o espaço central

[Estudo livre da organização dos espaços proposta pelo arquiteto Rino Levi na residência Castor Delgado Perez] [ Fonte: “Rino Levi : arquitetura e cidade”, 2001] Aspectos estudados: Serviços nas laterais, pátios internos organizadores dos níveis de acesso. Núcleo íntimo ao fundo da construção: Dormitórios ou na casa de parto, núcleo da parturição, tem a sua privacidade garantida, porém é necessário pensar, no caso da casa de parto, em rotas de emergência.

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> Vista central da sala integrada aos jardins laterais

> Vista de um dos jardins sob as pĂŠrgulas

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Síntese projetual Podemos afirmar brevemente, em conformidade com as recomendações do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) que o processo projetual organiza-se em três etapas interdependentes: estudos iniciais, anteprojeto, projeto. A intenção desse trabalho é ser um estudo detalhado, se aproximando sempre que possível do anteprojeto¹, atendendo os parâmetros legais de urbanização, código de obras, vigilância sanitária, acessibilidade e segurança.

> Croqui: “Alegoria da cidade”: O rio, transporte; a ponte, equipamento; a torre, habitação.[ Conceito abordado em aula pelo professor Alexandre Delijaicov]

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Referência zero

Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros Administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, o Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros presta assistência especializada em Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia através do SUS. Atualmente é referência em atendimentos de alta complexidade relacionado a complicações no parto e gestação e dispõe desde 2010 de um Centro de Parto Normal. No que concerne a administração o hospital está dentro da Coordenadoria Regional Sudeste, que compreende as subprefeituras de Aricanduva/ Formosa/Carrão, Ipiranga, Jabaquara, Mooca, Penha, Vila Mariana e Vila Prudente/Sapopemba. O mesmo foi adotado como hospital de referência pelas seguintes justificativas: Fundado como hospital escola, de viés assistencialista apoiado pela cúria metropolitana o hospital funciona com o sistema “portas abertas”, ou seja, recebe pacientes sem prévia reserva de vaga. Sua taxa de cesariana gira em torno de 40% dos nascimentos, o que é muito se comparado ao desejável, mas pouco em comparação com hospitais privados, ainda mais por tratar-se de um serviço de referencia para risco.

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Uma casa de parto em sua área de influencia poderia, gradativamente, atender e ampliar a demanda por parto natural na área, e o espaço hoje usado no hospital para CPN ser reduzido, ou substituído por mais leitos de atendimento de urgência. O mesmo conta ainda com o trabalho de um voluntariado, o que sugere um vínculo comunitário interessante, e seu perfil social perdura, muito embora além da população carente, hoje haja maior procura por um público de classe média e de imigrantes estrangeiros, especialmente bolivianos, chineses e africanos de um modo geral¹. Vale lembrar que a proximidade com a religiosidade deve ser vigiada, a fim de evitar interferência de caráter doutrinário na tomada de decisão alinhada com as escolhas individuais e as evidencias científicas. Sua capacidade de atender população da região leste e central o torna estratégico, em visita à instituição fui informada que a maioria das pacientes não é residente do Belém e Brás.Na escala metropolitana é possível afirmar que o hospital oferece acesso facilitado tanto a região central quanto a zona leste. Localizado na Av. Celso Garcia, e a menos de um quilometro a pé da estação de metro Belém, seguindo pela Av. Álvaro Ramos.

Entorno do hospital

>> Próximas páginas: Desenho sobre informações do Mapa Digital da Cidade. >> Próximas páginas: Foto digital e identificação das principais vias.

O uso do solo ao entorno do hospital- um raio de cerca de dois quilômetros – é composto por: Áreas industriais, sobretudo as margens da Marginal Tietê e da Radial Leste; O Parque estadual do Belém, em terreno antes ocupados pela Febem, atual fundação casa, o que conta com uma fábrica de cultura. Esse novo uso é simbolicamente estimulante para mais ações do poder público na região; A favela Nelson Cruz, com cerca de 600 famílias, e significativo número de cortiços, sobretudo ao longo da Avenida Celso Garcia, certamente a sua reurbanização é desejável para um entendimento global da requalificação da região; No trecho encerrado pela Av. Álvaro Ramos, Av. Salim Farah Maluf, Av. Celso Garcia e a linha férrea, denominado Chácara Tatuapé, pode-se observar uma malha viária regular, com residenciais unifamiliares térreas ou assobradadas, edifícios multifamiliares de três ou quatro andares com térreo comercial e edifícios altos residenciais e comerciais, principalmente ao longo da Av. Álvaro Ramos.

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12

b 13

14

11

a 9 10 8

1- Área de projeto 2- Casario degradado 3- Posto de gasolina 4- Edifício de uso misto 5- Estação Belém-Linha 3 do Metrô 6- Hospital Avicena 7- Colégio Agostiniano São José 8- EMEI Guilherme Rudge 9- PraçaGuilherme Rudge 10- Hosp. Santa Virgínia 11- Hospital e Maternidade Estadual Leonor Mendes de Barros 12- Pq. Estadual do Belém (a) Fábrica de Cultura (b) ETEC Pq. Belém 13- 81º Dep. de Polícia 14- Favela Nelson Cruz (ZEIS 4)

7

3

4 1

2

Área de interesse Equipamentos / Seviços Hospitais Áreas verdes Favela (ZEIS 4)

5

6

40

[Base: Mapa Digital da Cidade]


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[Base: Ortofoto digital elaborada pela empresa paulista de planejamento metropolitano- EMPLASA. Fonte: CESAD USP]

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Programa da intervenção Segundo o zoneamento do plano estratégico regional de 2004, trata-se de uma zona mista de densidade demográfica e construtiva alta, assim, ainda que se encontre dificuldade para encontrar terrenos livres para implantar a Casa do nascimento livre, seu potencial enquanto bairro contribui para a escolha. Através de percursos a pé, parâmetros aproximados de área e pesquisa cartográfica, foram levantados possíveis terrenos vazios ou com edificação de baixo gabarito e fachada degradada, indicando sub-utilização. Lotes em esquina foram priorizados, a fim de oferecer maiores possibilidades de hierarquia de acessos e facilitar a criação de rotas de emergência. Afortunadamente um terreno com características ideais foi encontrado, com a ressalva de estar muito próximo a linha do metrô – agravando o desconforto acústico que deverá ser vencido pelo projeto – o terreno se tornou assim fundador de uma nova proposição de programa de necessidades.

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Descrição do terreno Proximidade da estação de metrô


C B

A

Foto Panorâmica Direção da Foto

43


Rua Toledo Barbosa

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Foto Panorâmica Direção da Foto

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Av. Álvaro Ramos

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Foto Panorâmica Direção da Foto

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Foto Panorâmica Direção da Foto

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Proximidade do hospital e maternidade Leonor Mendes de Barros

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Foto Panorâmica Direção da Foto

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Parque estadual do Belém

Área de projeto

Hospital e maternidade Leonor Mendes de Barros

Estação de Metrô Belém

Programa de necessidades para a Área adotada Na minuta do novo zoneamento, em conformidade com o Plano diretor estratégico de 2013 o terreno está classificado como Zona especial de interesse social 3 (ZEIS 3)definida como: As ZEIS 3 se localizam prioritariamente nas áreas centrais da cidade, principalmente nas Macroáreas de Estruturação Metropolitana e de Qualificação da Urbanização Consolidada. Nas ZEIS 3 deve-se, conforme o caso, recuperar áreas urbanas deterioradas e aproveitar terrenos e edificações não utilizadas ou subutilizadas para a construção de novos empreendimentos com HIS [habitação de interesse social], HMP [habitação de mercado popular] ou atividades não residenciais. [Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/]

Os dados de urbanização para o lote são os que seguem:

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< Minuta do PDE 2014 para a área: ZEIS 3


Conceitualmente essa Casa se assemelha a uma residência, em sua função interior de recepção e acolhimento, de atuar como ponto de referência para as pessoas, mas não no campo do urbano, quando o domicilio se caracteriza por sua relação de privacidade, diferente da cidade que deve ser coletiva. Na analogia do rio, ponte e torre é a Casa de parto uma ponte, e não uma torre como a residência familiar. No entanto, unindo a sua proximidade com o “rio”, a linha 3 do metrô, a Radial Leste e um córrego paralelo, a Avenida Celso Garcia, e o uso proposto pela prefeitura, pareceu conveniente prover à área um uso misto:

“Equipamento no térreo, habitação na torre” O programa de necessidades da Casa de Parto foi estudado, sua sintaxe compreendida, o lugar que receberá o projeto é conhecido – e entende-se por conhecido saber não só o seu logradouro, mas também as dinâmicas urbanas que o rodeiam – e criou-se um repertório a respeito das materialidades que ele poderá assumir. A seguir o projeto é apresentado, e os aspectos de programa, lugar e construção previamente estudados são indicados no desenho

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Caderno de Projeto Memorial descritivo Situação e Áreas Livres Um grande desafio para este projeto foi conter no mesmo lote a habitação e o equipamento e ainda assim comunicar ao usuário a diferenciação os limites de atuação de cada edifício. Assim, foi proposta para a Casa da Maternidade Livre uma estrutura modular com fachada alinhada com a rua Toledo Barbosa e acesso privilegiado pela esquina desta rua com a avenida Álvaro Ramos. A torre de habitação segue o mesmo módulo estrutural, porém está rotacionada em relação a rua, seguindo o alinhamento da divisa de fundo do terreno. Tal decisão provém de dois fatores: Minimizar estreitamentos ao fundo do terreno, que já é uma área que merece atenção visto que está em contato com a linha do metrô e CPTM; Criar para o transeunte que avista o edifício de longe, a sugestão de que há algo entre a torre e o edifício térreo, ao longo da av. Álvaro Ramos. A tensão entre os edifícios gera interesse, na abertura, para a Praça do Amanhecer e na inflexão, para a via de pública para tráfego de pedestres, assim chamada Travessia, que faz o caminho entre a rua, o acesso de serviços do uso institucional, e dá acesso ao edifício residencial. Ainda falando de acessos, a entrada principal da Casa da Maternidade livre fica na esquina, onde foi configurada como espaço de transição uma soleira. Este espaço de permanência coberto e transitório entre a rua e o interior do edifício, deverá criar uma harmonia entre a rua e o saguão principal, atraindo o usuário a uma primeira visita. O balcão de recepção e informações foi posicionado a fim de criar privilegiada visual desta soleira. A conversa entre as esquinas côncava e convexa do cruzamento, e ruído que se cria com a presença do posto de gasolina na esquina oposta do equipamento, sugere o seguinte plano diretor para o entrono: O posto de gasolina poderia dar lugar a uso institucional, preferencialmente pela localização, a uma creche de até 3 pavimentos. Na esquina convexa há um edifício interessante, térreo comercial e 3 pisos habitacionais. Estes últimos parecem ocupados, porém o térreo está sempre fechado, assim como boa parte dos térreos ao longo da Álvaro Ramos sentido muro do metrô/ CPTM. Além disto, tais edifícios estão degradados.

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Sugere-se para a área que os edifícios componham um bloco de uso misto, com comercio e serviços no térreo e habitação a partir do primeiro pavimento seguindo o gabarito do edifício de esquina. Na esquina oposta côncava, tratamento de fachada também interessante, há uma lanchonete muito frequentada como local de almoço e bar. Para ela estima-se que continue na área, compondo com o térreo da esquina côncava um nicho de serviços. Voltando ao lote de projeto, toda a área externa é composta pelos jardins e hortas,excedendo o mínimo previsto pelo código de obras de 15% da área do terreno livre de pavimentação ou construção. Ainda assim será previsto para área pavimentada o uso de piso drenante cujo aspecto não difere visualmente muito do concreto e rugosidade já garante segurança contra escorregamentos. Esse aspecto visual de concreto desejado para a pavimentação externa deverá permitir uma percepção dos calçamentos do equipamento como parte da calçada pública, permitindo que as pessoas transitem por suas calçadas cobertas e frequentem a praça.

Sistema estrutural e vedações Para a estrutura do edifício foram adotados: Pilares de concreto moldado in loco e laje nervurada executada com formas plásticas reutilizáveis. Para as vedações serão utilizados blocos de alvenaria e elemento vazado cerâmico. Apesar da construção em concreto moldado in loco não desempenhar tanta precisão como o pré-moldado ele apresenta a vantagem de ser um a técnica tradicional em São Paulo, ou seja, há grande disponibilidade de empresas e mão de obra habilitadas a executá-la. Além disto, é uma técnica rápida, cujos custos não são elevados e logística não é complexa, se comparada ao aço ou pré-moldado de concreto, e permite flexibilidade de planta, o que não ocorre com a alvenaria estrutural. O bloco cerâmico para a vedação se compatibiliza satisfatoriamente com a estrutura de concreto e confere qualidade térmica e acústica ao edifício. Os blocos vazados, ou cobogós, foram utilizados como elemento de tratamento das fachadas e como um modo de estabelecer níveis de permeabilidade ao olhar, especialmente na Casa da Maternidade Livre.

Cobertura A laje de cobertura da Casa da Maternidade Livre pode ser vista a partir das varandas do edifício habitacional. Isto corroborou para a proposição de um piso elevado na laje, acessível pela circulação vertical da habitação ou por uma escada metálica na fachada leste da Casa, acessada através da praça ou da calçada coberta.

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Recursos de infraestrutura Prevê-se para o conjunto um sistema de captação e aproveitamento de águas pluviais. O objetivo desse sistema é não só minimizar o uso de água tratada para fins não potáveis, mas também contribuir com o estabelecimento de uma nova relação dos usuários e funcionários do equipamento com as águas. A implementação desse sistema se justifica visto que o edifício: É térreo, portanto o recalque da água armazenada demanda baixo gasto inicial; Possuí considerável extensão de cobertura ; Como estão previstos jardins e horta eles poderiam ser irrigados por essa água, poupando o uso de águas servidas. Ressalta-se que para a efetividade e segurança do sistema todas as torneiras de água de reuso devem receber comunicação visual adequada e a equipe de cozinha deve ser alertada quanto à importância de correta higienização de alimentos irrigados com a água de reuso, sobretudo se forem ser consumidos crus. Assim, Conforme a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 357 de 17 de março de 2005 a água de reuso deve, após o tratamento, atender aos requisitos de qualidade classe 2: águas que podem ser destinadas à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto.

Acabamentos Mas fachadas haverá uma composição entre os painéis de cobogós de cerâmica vermelha e revestimento cerâmico. A fim de conferir resistência e baixíssima demanda por manutenção na fachada foi adotado, para as superfícies das fachadas o revestimento de pastilha cerâmica 5 cm x 5 cm em cor clara, a fim de não concorrer visualmente com cobogó. Para o piso das áreas internas da Casa da Maternidade Livre serão utilizados cimento queimado que confere resistência e estanqueidade às superfícies e revestimento cerâmico com acabamento natural nas áreas molhadas e de parturição. As paredes de alvenaria serão revestidas em massa e pintadas com tinta antibacteriana em todos os ambientes, exceto áreas molhadas que devem ser azulejadas.

Portas e Caixilhos Na Casa da Maternidade Livre as portas são de madeira, serão revestidas em fórmica para os ambientes da parturição, ambientes de limpeza e cozinha, a fim de conferir maior segurança biológica. Como a circulação de macas será muito eventual, não estão previstos bate macas. Nos ambientes onde indicado a porta terá bandeira fixa e vidro, a fim e permitir maior penetração de luz indireta. No equipamento são utilizados caixilhos de vidro temperado tipo pele de vidro, com esquadrias de alumínio pintado em branco, bem como caixilhos simples de alumínio pintado em branco para as áreas molhadas.

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Iluminação e ventilação natural O código de obras estabelece uma área mínima de insolação e ventilação para cada ambiente em função do uso e tempo de permanência no mesmo. De maneira sintética definimos: Áreas de permanência, ou seja, ambientes servidos e espaços de transição: Abundantemente iluminados, com vista direta para a luz do sol. Quando a ventilação natural não suprir as necessidades mínimas, deve ser previsto ar condicionado e insuflamento de ar. Áreas de baixa ou nenhuma permanência, os espaços servidores: Sempre que possível devem ser iluminados e ventilados naturalmente, quando não houver ventilação de ao menos 0,40 m² deve-se realizar exaustão mecânica.

Forro, Iluminação artificial e energia elétrica No saguão e salas de uso múltiplo não haverá forro, as instalações elétricas correrão por tubulação aparente com acabamento fosco. Nos demais ambientes prever forro falso finalizado em “junta baguete”. Nos ambientes servidos as luminárias serão embutidas no forro e os dutos de energia elétricos deverão estar embutidos na alvenaria. Recomenda-se que os quartos de parto e salas de banho possuam conjuntos de luminárias que possas sem ligadas e desligadas por setor, já que durante o dia a iluminação natural será abundante nestes ambientes, e a noite a parturiente pode preferir sensação de penumbra ou iluminação abundante.

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Desenhos TĂŠcnicos



CASA DA MATERNIDADE LIVRE Acolhimento 01 Recepção 02 Info/Agendamento/ retirada de exames 03 Saguão

USO INSTITUCIONAL [creche]

Atendimento Sala de Uso múltiplo coletiva Sala de uso multiplo individual Sala de exame e admissão de parturientes Sala de amamentar Sanitário para funcionários e acompanhantes

AV EN

04 05 06 07 08

ID

Quarto de parturição Sala de banho Posto de enfermagem e serviços Área para lavagem das mãos Assistência emergencial ao recém nascido Alojamento Compartilhado Sala de utilidades Depósito de material de limpeza Depósito de equipamentos e materiais de consumo Rouparia / armário Sala de estar da parturição

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09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

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Parturição

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Cozinha e copa de distribuição Refeitório Administração Estar assistencial Estar apoio Vestiário funcionários (1 fem e 1 masc) 9

10

26

38

30 31 32 33 34 35 36 37 38 39

Hall da circulação vertical Saguão e espaço de convívio Paraciclos Alpendre Apoio da horta comunitária Sanitário Limpeza geral [água de reuso] Apoio para eventos Depósito de lixo Inspeção reservatório de água (recalque)

5

10

20

17 15

29

13

31

EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL

ESTAÇÃO BELÉM DO METRÔ

PRAÇA 33

35

34

36

CASA DA MATERNIDADE LIVRE

4

5

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37

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PLANTA - TÉRREO ARQUITETURA 744

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TERMINAL DE ÔNIBUS [Norte]

RESIDENCIAL

3

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Vaga da Ambulância Depósito de lixo (reciclável, comum e séptico) Depósito de gases Central de materiais esterilizados

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Serviços 26 27 28 29

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Apoio e administração

36 S

DO AMANHECER

L2


40

CASA DA MATERNIDADE LIVRE a. p.

40 Terraço a. p.

RESIDENCIAL 41 Pavilhão 41

PLANTA - 1º PAVIMENTO 747.5 ARQUITETURA

0

5

10

20 m

CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL


50 44

46

42 48

45

47

49

43

PLANTA - TIPO

RESIDENCIAL 42 43 44 45 46 47 48 49 50

Sala de Estar Cozinha e copa Dormitório 1 Dormitório 2 Dormitório 3 Banheiro Corredor Lavanderia Varanda

ARQUITETURA

750.5 A 807.5

0

5

10

20 m

CASA DA MATERNIDADE LIVRE

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EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL


PAVIMENTO TÉCNICO 810.5 COBERTURA 813.5

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EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL


VISTA NORTE 0

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VISTA SUL 0

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VISTA LESTE 0

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CASA DA MATERNIDADE LIVRE

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EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL


VISTA OESTE 0

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CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL


CORTE L2 0

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CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A

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CULTURA DO PARTO NATURAL


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CORTE L1 ARQUITETURA PLANTA - TIPO LAYOUT

CORTE L1 CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL

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CORTE L1 ARQUITETURA PLANTA - TIPO LAYOUT

CORTE T CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL

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PLANTA - TÉRREO LAYOUT 744

CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL

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PLANTA - TIPO LAYOUT

750.5 A 807.5

CASA DA MATERNIDADE LIVRE EQUIPAMENTO PÚBLICO PARA A CULTURA DO PARTO NATURAL

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Estudos Tridimensionais


Maquete Física

Maquete Eletrônica

Desenhos de Criação

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Fotografia Fotofau Assessoria tÊcnica Cândida Maria Vuolo

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Esquina de acesso principal ao equipamento


Espaรงo interno do quarto de parto

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Recinto criado pela praça do amanhecer e a parte sem saída da Av. Álvaro Ramos. É desejável que os imóveis hoje degradados deêm lugar a uso misto, com comércio e serviços no térreo e habitação nos andares superiores.


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Notas de projeto e Referências Elemento vazado na composição de fachada Arquitetura: Oswaldo Bratke No projeto do Edifício Renata Sampaio Ferreira Bratke utiliza o elemento vazado para compor a fachada. A distinção entre os dois volumes, vertical e horizontal, se faz não só pela diferença de proporções mas pela sutil diferença entre os elementos adotados para cada um deles. No conjunto proposto neste trabalho buscou-se uma relação parecida, porém utilizou-se o mesmo elemento para a torre e para o equipamento, o marco de distinção entre os usos se faz pela laje que se projeta como uma calçada coberta.

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Pátios organizadores dos espaços e setorização dos usos Arquitetura: José Forjaz José Forjaz, arquiteto português radicado em Moçambique setoriza de forma muito interessante os espaços da Igreja batista Mbabane ao redor de um jardim. A princípio pode até parecer contraditório associar um equipamento público do estado laico a um espaço de prática religiosa, mas a associação não é com o caráter doutrinário da religião, e sim seu caráter comunitário, atuando como um ponto de referência para a cidade, e de internamente organizar espaços com diferentes níveis e acesso, do mais público com acesso livre ao mais administrativo com acesso restrito.

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Elemento vazado para compor níveis de transparência Arquitetura: Oswaldo Bratke Os elementos vazados são uma marca da arquitetura de Oswaldo Bratke. Em suas residências o arquiteto utiliza o recurso para estabelecer níveis de transparência, compondo interessantes efeitos com a luz natural. Igualmente as pérgulas áreas de luz e sombra que conferem aos espaços uma atmosfera sensível e agradável. [ Residência na praia de pernambucosuperior, e residência jardim Guedala- inferior].

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Vegetação delimitando espaços em áreas internas Arquitetura: Eduardo de Almeida Na residência Max Define, Eduardo de Almeida configura sob a escada um jardim, que emoldura a escada no sentido longitudinal, e ao delimitar um percurso ao redor da escada ele marca o local onde acessá-la. No projeto da Casa da Maternidade Livre a vegetação dos quartos de parto, da circulação da área de parturição e do jardim entre a Casa e a torre de habitação tem essa função de compor os níveis de permeabilidade ao olhar e de acesso, junto com as peles de vidro e cobogós.

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Conceito de Intervalo – A soleira Livro Lições de Arquitetura - Herman Hertzberger Esta publicação é por completo um recurso muito valioso para o estudante de arquitetura, destaco o conceito de intervalo, utilizado no acesso principal da Casa da Maternidade Livre: “ A Soleira fornece a chave para a transição e a conexão entre áreas com demarcações territoriais divergentes e, na qualidade de um lugar por direito próprio, constitui, essencialmente, a condição espacial para o encontro e o diálogo entre áreas de ordens diferentes”. Fazendo as vezes do alpendre da casa brasileira- este que também tem função de conforto térmico protegendo a fachada norte de insolação direta- a soleira de acesso à Casa deverá fazer essa conciliação entre o externo e o interno.

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Considerações Finais

Entre as escolas de arquitetura brasileiras que pude apurar que já tiveram o tema casa de parto como objeto de estudo destaco a da Universidade Federal de Santa Catarina, com a atuação do professor Américo Ishida. 1

A proposição e realização do trabalho final de graduação é geralmente uma atividade muito conectada a personalidade do autor, e no meu caso isso não foi diferente. Adotei um tema pouco comum, até o momento, entre estudantes de arquitetura¹, que ainda não havia sido objeto de estudo para conclusão do curso na FAU mas que me tocou enquanto estudante e humanista. Não obstante pude buscar nas aulas e trabalhos desenvolvidos durante a minha formação parte do conhecimento necessário para desenvolver o estudo. Outra parte, fundamental, foi entrar em contato com outras disciplinas profissionais, a fim de entender as necessidades de uma casa de parto, o que me parece também uma experiência interessante, a de ouvir. Na medida em que o objetivo inicial foi um metaprojeto, o processo de construção de um método para desenvolver o projeto foi sempre um ponto focal do trabalho. Os estudos de referências e a instrumentação acerca da rede já estabelecida e projetada não estariam completos sem um exercício de desenho e por isso a adoção de um lugar com a inclinação necessária para que a casa de parto se estabelecesse foi, ao que me parece, decisão acertada. Creio que a incorporação do uso habitacional no programa para o lote foi também uma feliz escolha, já que este já estava próximo a uma estação de metrô, formando-se a triáde transporte- equipamento- habitação e se manteve uma conformidade a legistação urbana e as propostas do novo plano diretor. Por fim, tenho a expectativa que temas análogos surjam nos próximos semestres na FAU e em outras escolas, seja no trabalho final de graduação ou nas disciplinas, e que estas pesquisas possam, dentro em breve, contribuir com a causa do parto natural, tão cara à qualidade de vida da mulher brasileira, e por conseguinte de todo o país.


Glossário Doula A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.

Episiotomia

A episiotomia é um corte cirúrgico realizado na região do períneo (músculo entre a vagina e o ânus). A justificativa para sua realização é ampliar o canal do parto para facilitar a passagem do bebê, evitando uma possível laceração irregular, no entanto, esse procedimento é, frequentemente nos serviços de saúde, adotado sistematicamente para todos os partos, ainda que não haja nenhuma evidencia científica de uma possível laceração.

Medicina baseada em evidências (MBE)

Movimento da área da saúde que visa promover a aplicação de métodos científicos para todas as atividades médicas e afins, coibindo ações e procedimentos tradicionalmente estabelecidos que ainda não foram submetidos ao escrutínio sistemático científico.

Ocitocina sintética A ocitocina é um hormônio naturalmente produzido pelo organismo feminino saudável para gerar as contrações do útero durante o trabalho de parto e a liberação do leite durante a amamentação. Frequentemente a administração da versão sintética desse hormônio é utilizada como recurso para acelerar o processo de parto.

Parto Leboyer Um dos primeiros estudos de parto sem violência feito com pouca luz, para não incomodar o bebê; silêncio, principalmente depois do nascimento; massagens nas costas do bebê para estimular seus pulmões; banho do bebê perto da mãe, que pode ser dado pelo pai; ambiente quente, como o


abdômen da mãe, a fim de atenuar o impacto da diferença entre o mundo intrauterino e o extrauterino;

Parturiente Diz-se da mulher que se encontra em trabalho de parto ou acabou de dar à luz.

Parturição O O terceiro período do parto é o estágio de parturição, ou seja, o momento do nascimento da criança. Neste trabalho é usado como metonímia de todo o processo. terceiro período do parto é o estágio de parturição,

Parteira leiga Parteira leiga, matrona ou aparadeira é a mulher que auxilia o parto porém não possui educação formal.

Parteira diplomada Profissional com educação formal, graduada em enfermagem com especialização em obstetrícia ou graduada em obstetrícia.

Parturejar Ato de dar a luz, o fazer do parto.

Violência obstétrica Tratamento desumanizado, abuso da medicalização e patologia dos processos naturais, causando a perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando negativamente na qualidade de vida das mulheres.

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Referências Bibliografia de Arquitetura Forjaz, José. "José Forjaz Arquitecto: Ideias e projectos".2010. Hertzberger, Herman. “Lições de Arquitetura”. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Levi, Rino. "Rino Levi: Arquitetura e cidade". São Paulo: Romano Guerra, 2001 Segawa, Hugo."Oswaldo Arthur Bratke" São Paulo: Pro Editores, 1997. Kahn, Louis I. “Conversa com estudantes”. Barcelona: Editora Gustavo Gili. 2002. (original: “Conversations with students”. New York: Rice University School of Architecture, 1998)

Artigos Científicos área da Saúde Brenes, Anayansi Correa. “História da parturição no Brasil, século XIX”. Cad. Saúde Pública vol.7 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 1991. Cecatti,José Guilherme; Faúndes, Aníbal.“A operação Cesárea no Brasil. Incidência, tendências, causas, conseqüências e propostas de ação”. Cad. Saúde Pública vol.7 no.2 Rio de Janeiro, Abr/Jun 1991. Diniz, Carmen Simone Grilo. “Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento” Ciência e Saúde Coletiva. vol.10 no.3 Rio de Janeiro Jul./Set. 2005. Fundação Oswaldo Cruz. “Nascer no Brasil” fevereiro de 2011 a outubro de 2012. Caderno de Saúde Pública volume 30. Suplemento 1, Rio de Janeiro 2014.

Giraldi,Alice e Zorzetto, Ricardo. " Antes da hora: Cesarianas desnecessárias contribuem para o nascimento de bebês imaturos”. São Paulo, Revista da Fapesp nº228, Fev. de 2015. Mott, Maria Lúcia. “Assistência ao parto do domicílio ao hospital (1830- 1960)” São Paulo, dez. de 2002.

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Artigos de Revistas e sites Valadares, Marco Aurélio. “Parto de Cócoras - Ancestral e Moderníssimo “ Jornal bem nascer – ONG Bem nascer, 2001. [http://www.nucleobemnascer.com/] Balogh, Giovanna. “Prefeitura vai criar sete centros de parto normal” janeiro de 2015 [http://www.maesdepeito.com.br/]. Balogh, Giovanna. “Prefeitura ainda não tem prazo para construir centros de parto normal”. Abril de 2015 [http://www. folha.uol.com.br/].

Documentos Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Ministério da Saúde. Portaria nº 985/GM, de 05 de agosto de 1999. Organização Mundial da Saúde: “Assistencia ao Parto Normal: Um Guia Pratico”, 1996.

Bases Plano Diretor Estratégico de 2014. http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/principal-pde/. (Consultado entre julho de 2014 e julho de 2015) Minuta de zoneamento do Plano diretor estratégico de 2014. http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-zoneamento/. (Consultado entre julho de 2014 e julho de 2015) Mapa digital da cidade http://www3.prefeitura.sp.gov.br/DU0107_MDC/paginaspublicas/index.aspx. (Consultado entre julho de 2014 e julho de 2015)

Sites (Consultados entre julho de 2014 e julho de 2015) http://www.rehuna.org.br/ http://www.casaangela.org.br/ http://www.abenfosp.com.br/materiais_tecnicos.html http://www.each.usp.br/obstetricia/each.html. http://www.cientistaqueviroumae.com.br/ http://estudamelania.blogspot.com.br/ http://www.amigasdoparto.com.br/

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