www.exame.com
nov/2014
r$29,90
2014
Capa com
15 ANOS
guia exame 2014 | sustentabilidade
MAteRIAl RecIclAdo
Pesquisa exclusiva revela as áreas em que as empresas mais avançaram em sustentabilidade — e o que falta melhorar
As iniciativas mais inovadoras em gestão de água, energia, resíduos,
biodiversidade e muito mais
SuStentabilidade 61 empresas
as lições das maiS SuStentáveiS do braSil em 19 SetoreS
FIBRIA i A Empresa Sustentável do Ano SUSTENTA2014_CAPAASS.indd 1
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SUMÁRIO
Germano Lüders
Marcelo Castelli, presidente da Fibria: decisão acertada de mudar o tom das relações da empresa com os índios e o MST
9 CArTA Ao LEITor 12 EXAME.CoM
16 20 30 36
METoDoLoGIA
CrITérIoS as melhores empresas por setor e os destaques em dez categorias passaram por quatro etapas de avaliação
rESULTADoS
LEvANTAMENTo o Guia EXAME de Sustentabilidade mostra em que as empresas progrediram no último ano — e os aspectos que precisam ser melhorados daqui para a frente
rETroSpECTIvA
15 ANoS as empresas brasileiras avançaram bastante, mas ainda há muito trabalho a ser feito
ArTIGo
JohN ELkINGToN Para uma das maiores autoridades mundiais em sustentabilidade, o Brasil pode se destacar nessa área
40 46 53 149
ENTrEvISTA
ChrISTINE BADEr segundo a professora da Universidade Colúmbia, só idealismo não basta quando o assunto é sustentabilidade
EMprESA Do ANo
FIBrIA a maior fabricante de celulose do mundo decidiu melhorar a relação com os vizinhos — e isso trouxe muitos benefícios para o negócio
AS MAIS SUSTENTávEIS As melhores empresas classificadas por setor
DESTAQUES por TEMA As melhores empresas classificadas por categoria
170 prEpArE-SE pArA 2015 Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 3
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Sumário ▼ Por setor Agronegócio
Bunge ............................................................ 54 Amaggi ........................................................... 56 Odebrecht Agro.................................. 57
AutoindústriA
Volvo .................................................................. 58 Eaton .................................................................60
Bens de cAPitAL
Tetra Pak ....................................................... 64 Weg ..................................................................... 68
▼ Por categoria Schneider Electric ........................... 88 Whirlpool ..................................................... 89
energiA
AES ......................................................................90 Ampla ................................................................92 Coelce .............................................................. 93 CPFL................................................................... 94 EDP ...................................................................... 95 Elektro.............................................................. 96 Itaipu ...................................................................97 Light .................................................................. 98
Alcoa................................................................ 118 Anglogold Ashanti ....................... 119 Aperam.........................................................120 Vale .................................................................... 121 Votorantim Metais ..........................122 Yamana ......................................................... 123
direitos humAnos
PAPeL e ceLuLose
gestão dA águA
Fibria ................................................................ 124
Klabin .............................................................126
Avon..................................................................150
ÉticA e trAnsPArÊnciA
L’Oréal.............................................................152 Ambev ........................................................... 154
QuÍmicA
gestão dA BiodiversidAde
serviços de sAúde
gestão de resÍduos
Danone ....................................................... 156 Basf .................................................................. 130 Grupo Rio Quente ........................ 100 Braskem ...................................................... 131 gestão de Dow Brasil ..............................................132 fornecedores Unilever .......................................................... 70 White Martins....................................133 Camargo Corrêa .............................. 158 Brasil Kirin.................................................... 72 infrAestruturA
Bens de consumo
hoteLAriA
Cola-Cola ...................................................... 73 Grupo Boticário ................................... 74 Kimberly-Clark ...................................... 75 Natura................................................................76
CCR .................................................................... 102 Ecorodovias .......................................... 104
construção civiL
Itaú Unibanco ......................................106 Bradesco ....................................................108 Grupo BB e Mapfre ......................109 HSBC................................................................. 110
Even .....................................................................78
consuLtoriA, gestão e ti
Promon ........................................................... 80 Ecofrotas .......................................................82 EY ........................................................................... 83
eLetroeLetrônicos
Philips ............................................................... 84 Embraco........................................................ 86 HP............................................................................87
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instituições finAnceirAs
mAteriAL de construção
Beraca ............................................................ 128
Sabin ................................................................ 134 Grupo Fleury......................................... 136 Hospital Albert Einstein .........137 Hospital Sírio-Libanês.............. 138
teLecomunicAções
Algar Telecom .................................... 140 Telefônica Vivo................................... 142
Coca-Cola .................................................160
governAnçA dA sustentABiLidAde
Brasil Kirin................................................. 162
mudAnçAs cLimáticAs
BRF ....................................................................164
Masisa ............................................................... 112 Duratex ...........................................................114
trAnsPorte e LogÍsticA
reLAção com A comunidAde
minerAção e siderurgiA
Pme
reLAção com cLientes
ArcelorMittal ...........................................116
Grupo Libra ............................................144 Zanzini ...........................................................146
Bunge ............................................................. 166 AES .................................................................... 168
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Fundada em 1950 nov/2014
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2014
VICTOR CIVITA (1907-1990)
Capa com
15 ANOS
MAteRIAl RecIclAdo
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, José Roberto Guzzo
Presidente Abril Mídia: Fábio Colletti Barbosa Presidente Editora Abril: Alexandre Caldini
Pesquisa exclusiva revela as áreas em que as empresas mais avançaram em sustentabilidade — e o que falta melhorar
As iniciativas mais inovadoras em gestão de água, energia, resíduos,
biodiversidade e muito mais
SuStentabilidade
Diretor-Superintendente de Assinaturas: Dimas Mietto Diretor de Marketing Corporativo: Ricardo Packness Diretora de Mobilidade: Sandra Carvalho Diretora de Publicidade Corporativa: Ivanilda Gadioli Diretor Editorial: José Roberto Guzzo Diretor-Superintendente: Rogério Gabriel Comprido
61 empresas
maiS as lições das SuStentáveiS do braSil em 19 SetoreS
FIBRIA i A Empresa Sustentável do Ano
Diretor de Redação: André Lahóz Redator-Chefe: Tiago Lethbridge
Coordenação Cristiane Mano e Ana Luiza Herzog edição Ernesto Yoshida e Gladinston Silvestrini reportagem e pesquisa Aline Scherer, Beto Gomes, Caroline Marino, Daniela Rocha, Dubes Sônego, Flávia D’Angelo, Flávia Furlan, Gabriel Ferreira, Gabriella Sandoval, Gustavo Magaldi, Helô Reinert, Jane Mesquita, Katia Simões, Lia Vasconcelos, Lívia Andrade, Lucas Rossi, Lucy Cardia, Maria Alice Rosa, Mariana Segala, Maurício Oliveira, Michele Tieppo, Priscila Machado e Renata Vieira assessoria tÉCniCa Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (GVces/FGV-Eaesp) Equipe Mario Monzoni e Aron Belinky (coordenação), Fernanda Macedo, Helton Barbosa e Iago Rodrigues (pesquisa) arte Diretora Roseli de Almeida Editora Carmen Fukunari Designer Patrícia Morante (colaboração) FotograFia Editor Germano Lüders Equipe Iara Brezeguello (coordenação), Fabiana Nogueira, Gabriel Correa, Luis Eduardo de Souza e Ricardo Alves (pesquisa)
Editores Executivos: Cristiane Mano, Eduardo Salgado, José Roberto Caetano Editores: Ana Luiza Herzog, Ernesto Yoshida, Fabiane Stefano, Giuliana Napolitano, Gladinston Silvestrini, Lucas Amorim Repórteres: Aline Scherer, Ana Luiza Leal, Daniel Barros, Flávia Furlan, Humberto Maia Junior, Jane Mesquita,
Lucas Rossi, Maria Luíza Filgueiras, Renata Vieira, Tatiana Bautzer, Thiago Bronzatto, Verena Fornetti, Vicente Vilardaga Sucursal no Rio de Janeiro: Roberta Paduan (editora), Bruno Villas Bôas (repórter) Núcleo de Revisão: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador), Gilberto Nunes, Maurício José de Oliveira, Raquel Siqueira, Regina Pereira, Rosana Tanus Diretora de Arte: Roseli de Almeida Editora de Arte: Carolina Gehlen Designers: Andréa Naliato, Marília dos Santos Reis, Martha Tadaieski Cooke, Renata Toscano Infografa: Maria do Carmo Benicchio (editora) Edições Especiais: Carmen Fukunari (editora) Núcleo de Tablets: Suely Andreazzi (editora), Camila Santiago, Claudia Marianno, Darlene Cossentino, Marília Gomes (designers) Núcleo de Vídeos: Teresa Morrone (repórter), Henrique Donadio, Maythê Coelho (produtores multimídia) Fotografa: Germano Lüders (editor), Iara Brezeguello (coordenadora), Fabiana Nogueira, Gabriel Correa, Luis Eduardo de Souza, Ricardo Alves (pesquisadores) CTI: Leandro Almario Fonseca (chefe) EXAME.com Diretora: Kátia Militello Editor Sênior: Maurício Grego Editores: Renato Santiago de Oliveira Santos, Talita Abrantes, Tatiana Vaz Editores Assistentes: Camila Pati, Diogo Max, Guilherme Dearo, João Pedro Caleiro, Priscila Yazbek, Priscila Zuini Repórteres: Beatriz Souza, Camila Lam, Claudia Gasparini, Daniela Barbosa, Firas Freitas, Gabriela Ruic, Karin Salomão, Karla Mamona,
Luciana Carvalho, Luísa Melo, Marcelo Poli, Marilia Almeida, Martina Cavalcanti, Saulo Pereira Guimarães, Vanessa Barbosa, Victor Caputo Desenvolvedores Web: Felipe Giglio, Marcus Cruz, Maurício Pilão Infografstas: Juliana Pimenta, Rodrigo Sanches Produtores Multimídia: Fábio Teixeira, Gustavo Marcozzi www.exame.com.br PUBLICIDADE UN NoTíCIAS E NEGóCIoS – Diretora de Publicidade: Selma Souto Pequenas e Médias NEGóCIoS – Gerente: Daniela Serafm Executivos de Negócios: Amanda Lima, Andrea Balsi, Caio Souza, Camila Folhas, Cristiano Persona, Danilo Martinez, Débora Tieme Mochida, Elaine Marini, Gabriela Peress, Juliana Vicedomini, Júlio Tortorello, Karina Nadotti, Marlene Torres, Márcio Bezerra, Roberta Fairbanks MARKETING – Diretora: Simone Souza CIRCULAÇÃo – Gerente: Ícaro de Freitas EVENToS – Gerente: Carolina Fioresi MARKETING PUBLICITÁRIo – Gerente: Tiemy Akemine DIGITAL: Renata Simões PUBLICIDADE REGIoNAL – Diretor: Jacques Ricardo Gerentes: Grasiele Pantuzo, Ivan Rizental, Kiko Neto, Mauro Sannazzaro, Sonia Paula, Vania Passolongo PUBLICIDADE RIo DE JANEIRo – Diretora: Andrea Veiga PUBLICIDADE INTERNACIoNAL: Alex Stevens ASSINATURAS – Atendimento ao Cliente: Daniela Vada CIRCULAÇÃo AVULSAS – Gerente: Paula Fernandes APoIo – PLANEJAMENTo, CoNTRoLE e oPERAÇÕES – Gerente: Adriana Favilla PRoCESSoS – Gerente: Ricardo Carvalho DEDoC e ABRIL PRESS: Elenice Ferrari PESQUISA e INTELIGÊNCIA DE MERCADo: Andrea Costa CIRCULAÇÃo: Andrea Abelleira RECURSoS HUMANoS – Gerente: Marizete Ambran TREINAMENTo EDIToRIAL: Edward Pimenta Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 18o andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000 Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: www.publiabril.com.br
PUBLICAÇÕES DA EDIToRA ABRIL: Almanaque Abril, AnaMaria, Arquitetura & Construção, Aventuras na História, Boa Forma, Capricho, Casa Claudia, Claudia, Contigo!, Elle, Estilo, Exame, Exame PME, Guia do Estudante, Guias Quatro Rodas, Info, Men’s Health, Mundo Estranho, National Geographic, Nova, Placar, Playboy, Publicações Disney, Quatro Rodas, Recreio, Runner’s World, Saúde, Superinteressante, Tititi, Veja, Veja BH, Veja Brasília, Veja Rio, Veja São Paulo, Vejas Regionais, Viagem e Turismo, Vip, Você RH, Você S/A, Women’s Health Fundação Victor Civita: Gestão Escolar, Nova Escola GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2014 (EAN 13789361409873 ) é uma publicação anual da Editora Abril. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. EXAME não admite publicidade redacional.
Serviço ao Assinante: Grande São Paulo: (11) 5087-2112 Demais localidades: 0800-7752112 www.abrilsac.com Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121 Demais localidades: 0800-7752828 www.assineabril.com.br IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL: Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, CEP 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP
revisão Coordenação Ivana Traversim Revisores Eduardo Teixeira Gonzaga, Gilberto Nunes, Maurício José de Oliveira, Raquel Siqueira, Regina Pereira, Rosana Tanus (equipe), Mariana Carvalho e Talitha Paratela (colaboração) tratamento de imagem Coordenação Leandro Almario Fonseca Equipe Anderson Freire, Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes e Paulo Garcia Martins Capa Carmen Fukunari (colagem)
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Presidente: Fábio Colletti Barbosa Diretor de Finanças e Gestão: Fábio Petrossi Gallo Diretor-Superintendente da Gráfca: Eduardo Costa Diretora de RH: Claudia Ribeiro Diretor Corporativo de TI: Claudio Prado Conselho de Administração: Giancarlo Civita (Presidente), Andre Coetzee, Hein Brand, Roberta Anamaria Civita, Victor Civita Neto
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CARTA AO LEITOR
Germano LüDerS
Centro de distribuição da Natura: a empresa de cosméticos é a que mais vezes esteve presente neste guia
Podemos, sim, fazer a diferença
O
brasil acaba de sair da mais acirrada campanha presidencial em décadas — e lamentavelmente perdemos uma fantástica oportunidade de discutir seriamente os temas da sustentabilidade que interessam ao país. Sustentabilidade virou quase unanimidade da boca para fora, o que não deixa de ser um avanço. Nenhum líder, seja na vida pública, seja nas empresas, renega abertamente os preceitos do desenvolvimento sustentável. Mas raramente se vai além do discurso vazio, como vimos nos debates eleitorais. O resultado, infelizmente, é
que continuamos sem saber ao certo o que a presidente Dilma Roussef vai nos propor nesse front para os próximos quatro anos. Como nota John Elkington, considerado por muitos o principal nome da sustentabilidade no mundo, em um artigo escrito com exclusividade para esta 15a edição do Guia EXAME de Sustentabilidade, o Brasil estaria em condições de liderar uma nova onda de inovações de que urgentemente necessitamos. Mas precisamos, antes de tudo, acreditar que podemos fazer a diferença. A boa notícia é que as empresas — ou pelo menos as que constam neste
guia — parecem ter consciência de que não temos tanto tempo assim para nos mexer. As iniciativas vão, a cada ano, se tornando mais sofsticadas e inovadoras, como se pode ver nas páginas seguintes. As empresas, claro, não vão resolver sozinhas os problemas que temos. Mas elas são parte importante da solução, ao lado de uma sociedade civil que também se mostra bem mais preocupada com o futuro. Que tenhamos a cada dia mais e melhores histórias para contar — e que nossos líderes políticos também se mostrem à altura do desafo que temos à frente. Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 9
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exame digital acesse eXame.com e veja reportagens, artigos, galerias de fotos e outras informações exclusivas para a internet que complementam o conteúdo do anuário
Fibria: a fabricante de celulose foi eleita a empresa mais sustentável do ano
15 ANOS
PrÊmio
Elas dão o ExEmplo A cerimônia de premiação das empresas mais sustentáveis do Brasil de 2104 em 19 setores aconteceu na noite de 5 de novembro no Hotel Unique, em São Paulo. Veja na galeria de fotos as companhias com as melhores práticas, segundo o Guia EXAME de Sustentabilidade, que também elegeu a Fibria, fabricante de celulose, como a Empresa Sustentável do Ano. http://abr.ai/1oPBqBI
Economizar água é a solução Os dados sobre a quantidade de água disponível no planeta preocupam. Você sabia que 97,5% de toda água é salgada? E que apenas 1% do que sobra de água doce está acessível em lagos e rios? Se a socie dade souber economizar, po rém, essa escassez poderá se transformar em abundância. Veja fatos e dicas do Instituto Akatu sobre a água da Terra. http://abr.ai/1wC5z6s
economia
Eficiência EnErgética é o combustívEl da vEz Em um mundo de pressões crescentes sobre os recursos naturais, a busca pela efciência ener gética é uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento econômico e social de muitos países. E de forma sustentável. Descubra a po sição do Brasil no ranking de efciência ener gética, que analisou 16 economias do mundo. http://abr.ai/1rUSmEB
desemPenho
desafios
os paísEs mais vErdEs
um futuro mais limpo? As tecnologias verdes serão essenciais para a revolução da sustentabilidade no século 21. Na lista, entram fon tes de energia renováveis, como a eólica, e equipamen tos para o reúso da água. O The Global Cleantech Innovation Index 2014 traz os países campeões na adoção dessas tecnologias. Confra. http://abr.ai/1txE4Nw
Alemanha: um dos países que mais investem em energia eólica
hOmAS trutSchel/Getty imAGeS
escassez
BreNt lewiN/Getty imAGeS
DANilO VerpA/FOlhApreSS
China: país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de eficiência energética
Quais países são referên cia em sustentabilidade? A resposta está no Environ mental Performance Index, ranking elaborado a cada dois anos por uma equipe de especialistas das uni versidades americanas Ya le e Colúmbia. O Brasil ocu pa o 77o lugar no estudo, que classifcou 178 países com base em 20 indicado res, distribuídos em nove categorias. Quem está na liderança da lista é a Suíça. http://abr.ai/1nJxIc4
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pESqUISA critérios
A escolhA dAs
melhores
Flavio Santana/BioFoto
Em sua 15a edição, o Guia EXAME de Sustentabilidade apresenta as 61 empresas mais sustentáveis do país, as 19 melhores por setor e os destaques em dez categorias
Cerimônia de premiação do guia: o evento reúne desde 2000 as empresas mais sustentáveis do país
P
elo oITAVo Ano consecuTIVo, A escolhA dAs empresAs eleITAs para o Guia EXAME de Sustentabilidade teve como base uma metodologia elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabi lidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Pau lo. Neste ano, 228 companhias preencheram o questio nário. Pela segunda vez, as empresas com melhor pontua ção foram organizadas em setores — incluindo uma pre miação para pequenas e médias empresas. Nesta edição,
o resultado fnal é uma lista das 61 empresas que mais se destacam no Brasil por suas políticas e práticas em sus tentabilidade, refetido por seu desempenho em todos os aspectos contemplados no questionário. Também serão apresentados a Empresa Sustentável do Ano — eleita pe lo anuário desde 2008 — e os destaques em dez temas chave relacionados à sustentabilidade empresarial. A análise para a escolha das empresas teve quatro etapas. Veja a seguir cada uma delas.
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A seleçãO pAssO A pAssO primeirA etApA
terceirA etApA
As empresas preencheram um ques tionário, elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, disponível em EXAME.com (www.exame.com.br). O questionário é dividido em quatro partes de mesmo peso, descritas a seguir:
Considerando a pontuação no questio nário e uma apuração jornalística sobre as participantes, os integrantes do con selho deliberativo (veja quadro abaixo) e a redação do guia defniram a lista das 61 empresas a serem destacadas. Foi selecionada a melhor empresa em cada um dos 19 setores levando em conta o desempenho nas quatro dimensões (as demais empresas aparecem em seu res pectivo setor por ordem alfabética). Foram eleitas também empresasdesta que em cada um dos seguintes temas chave: Direitos Humanos, Ética e Trans
Preenchimento do questionário
Dimensão geral
De zero a 100 pontos O que é: 23 questões a respeito de compromissos, transparência, conduta, governança e engajamento com as partes interessadas.
Dimensão econômica
De zero a 100 pontos O que é: 16 questões sobre planeja mento estratégico, gestão de riscos e oportunidades, tratamento de ativos intangíveis e desempenho da empresa.
Dimensão social
De zero a 100 pontos O que é: 40 questões sobre políticas e práticas de relacionamento com dife rentes públicos, como funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, sociedade e governo.
Dimensão ambiental
De zero a 100 pontos O que é: 52 questões (55 para insti tuições financeiras) que avaliam o compromisso com a preservação am biental, com medidas como gestão do uso de água e de emissão de resíduos.
seGUndA etApA
Análise do desempenho
Foi calculado o desempenho das em presas em cada uma das dimensões e foram selecionadas para a etapa se guinte aquelas que obtiveram uma pon tuação acima da média mais um desvio padrão em todas as dimensões.
Aprovação do conselho
parência, Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade, Gestão de Resí duos, Gestão de Fornecedores, Go vernança da Sustentabilidade, Mu danças Climáticas (inclui gestão de energia), Relação com a Comunida de e Relação com Clientes.
QUArtA etApA
Escolha da Empresa Sustentável do Ano
Com base nas empresas destaca das em cada setor, e por um crité rio jornalístico, a redação de EXAME selecionou o maior desta que — que recebe o prêmio de Em presa Sustentável do Ano.
O perfil dOs cOnselheirOs Quem são os integrantes do conselho deliberativo desta edição do Guia EXAME de Sustentabilidade
Carlos Eduardo Lessa Brandão
Coordenador do Grupo de Estudos de Governança e Ética do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e vice-presidente do Conselho de Stakeholders do Global Reporting Initiative (GRI)
Graziella Comini
Coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da USP
Hélio Mattar
Fundador e diretor-presidente do Instituto Akatu, ONG que estimula o consumo consciente
Marcelo Sodré
Professor de direito do consumidor e de direito ambiental da PUC de São Paulo
e membro do conselho do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
Regina Célia Esteves de Siqueira
Diretora-presidente do Centro Ruth Cardoso e da ONG Comunitas. Membro do conselho social da Fiesp e do conselho de educação da CNI
Reginaldo Magalhães
Doutor em Ciência Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Uniethos, entidade ligada ao Instituto Ethos
Tasso Azevedo
Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, rede de ONGs dedicada à discussão das mudanças climáticas
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 17
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pESqUISA critérios
para entender a ficha
participação no anuário
Veja as informações que mostram o perfil e o desempenho das empresas mais sustentáveis do Brasil presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 22,7 bilhõEs dE REAis
2004
Os anos em que a empresa foi destaque no guia
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 6 700
desempenho dez indicadores-chaVe(1)
dimensão geral
perfil da empresa
Receita líquida publicada em Melhores e Maiores, de EXAME, ou informada pela companhia
72,5
ACiMA dA MédiA
AbAiXO dA MédiA
diREitOs huMAnOs
dimensão econômica
étiCA E tRAnspARênCiA
77,2
gEstãO dA águA gEstãO dA biOdivERsidAdE
dimensão social
notas nos questionários
REgulAR
gEstãO dE fORnECEdOREs
83,4
Cada dimensão vale de zero a 100 pontos
gEstãO dE REsíduOs gOvERnAnçA dA sustEntAbilidAdE MudAnçAs CliMátiCAs
dimensão ambiental
RElAçãO COM A COMunidAdE
77,9
RElAçãO COM CliEntEs
O desempenho em cada um dos 10 indicadores-chave foi calculado com base na média das empresas que passaram para a segunda etapa do processo, resultando nos intervalos abaixo(1) ACiMA dA MédiA
REgulAR
AbAiXO dA MédiA XX% (2) = MédiA 0
20
40
Direitos Humanos
39%
Ética e Transparência Gestão da Água
60
23%
Gestão da Biodiversidade
25%
32%
41% 39%
Gestão de Fornecedores Gestão de Resíduos
Relação com a Comunidade Relação com Clientes
49%
46%
32%
20%
38%
44%
27%
39%
77%
72%
61%
82%
91%
54%
54%
55%
40%
40%
67%
86%
54%
42%
47%
77%
100
58%
46%
Governança da Sustentabilidade Mudanças Climáticas
56%
45%
34%
65%
52%
29%
80
62%
74%
60%
59%
52%
69%
58%
74%
87%
96%
65% 68%
1. Foi aplicado o seguinte critério: “superior” — pontuação igual ou superior à média (+) um desvio-padrão; “inferior” — pontuação igual ou inferior à média (-) um desvio-padrão; “média” — pontuação entre as duas faixas acima. 2. Os números em negrito representam a pontuação média em cada tema-chave
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pESqUISA resultados
Daniel Cymbalista/Pulsar imagens
Represa do Sistema Cantareira: a forte estiagem em várias cidades do país e, sobretudo, na maior delas, São Paulo, colocou o tema da água no cerne da agenda nacional
20 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Uma corrida sem linha de
chegada A pesquisa do Guia EXAME de Sustentabilidade 2014, maior levantamento de responsabilidade corporativa do país, revela que ainda há muito por fazer — e as empresas estão dispostas a continuar avançando | renata vieira
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 21
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pESqUISA resultados
AlexAndre BAttiBugli
A
forte estiagem pela qual passaram várias cidades brasileiras ao longo de 2014 — e pela qual ainda passa a maior metrópole do país, São Paulo — colocou o tema da água no cerne da agenda nacional. Há alguns meses, o défcit na geração de energia das hidrelétricas por causa do baixo nível dos reservatórios fez o governo federal recorrer às termelétricas, alternativa mais poluente. O temido racionamento de energia elétrica foi evitado, mas restou um problema — e dos grandes: falta de água na torneira. O Sistema Cantareira, por exemplo, que abastece quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, chegou a registrar um volume de água de apenas 3,5% de sua capacidade. Segundo a ONG The Nature Conservancy, a demanda da cidade por água já ultrapassa 4% a quantidade disponível nos reservatórios. A boa notícia é que o empresariado brasileiro está cada vez mais comprometido com o uso sustentável desse recurso. “A indústria precisa tomar a dianteira desse processo de mudança no padrão de consumo”, afrma Mário Pino, responsável pela área de desenvolvimento sustentável da petroquímica Braskem. “Quanto menos água usarmos, mais poderá ser destinada ao consumo doméstico.” Os dados do Guia EXAME de Sustentabilidade 2014, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país, confrmam essa tendência. O guia analisou as informações das 228 empresas que preencheram todo o questionário preparado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (GVces). No que se refere ao reaproveitamento de água, a proporção das empresas que reutilizam até metade do que gastam em seus processos produtivos dobrou: atualmente, quase 13% delas reúsam de 25% a 50% de água. No ano passado, o percentual registrado foi de 6%. “Temos tornado nossos processos mais efcientes para captar cada vez menos água da natureza”, diz Beatriz Oliveira, gerente
corporativa de meio ambiente da fabricante de bebidas Ambev. Além de diminuir 11% sua pegada hídrica — ou seja, quanto utiliza de água na produção de bebidas — de 2013 a 2014, a empresa iniciou no ano passado uma parceria com a Alumar, consórcio composto das mineradoras Alcoa, Rio Tinto Alcan e BHP Billiton, em São Luís, no Maranhão. Desde então, a Alumar reúsa todo o esgoto tratado da fábrica da Ambev na cidade. Só de janeiro a setembro deste ano, a fabricante de bebidas já destinou mais de 720 milhões de litros de água limpa para a Alumar, o equivalente ao abastecimen-
to de uma cidade de 170 000 habitantes por um mês. No ano passado, foram transferidos mais de 900 milhões de litros, cerca de 40% de toda a água que a Alumar consumiu no período. “Além de ampliar as metas de redução de consumo interno, nós expandimos a consciência da economia e do reúso para além dos muros da empresa”, afrma Beatriz. Em São Paulo, a fabricante de medicamentos Eurofarma também trilha esse caminho. O complexo industrial de Itapevi, o maior da companhia, já consegue reaproveitar 35% da água consumida. Parte disso está sendo destinada à prefeitura —
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Operação do laboratório Eurofarma: a empresa reaproveita 35% da água consumida, mas quer chegar a 70%
necessariamente, um retrocesso nas práticas sustentáveis. O fato é que 44 novas companhias preencheram o questionário — e a entrada de inician tes costuma puxar a média do desem penho para baixo. Outro ponto impor tante é o crescimento da participação de pequenas e médias empresas, cujo faturamento anual vai de 150 milhões a 500 milhões de reais. Diferentemen te das maiores empresas do país — que já têm programas de sustentabilidade muito estruturados —, muitas das pe quenas e médias companhias ainda estão em fase inicial de implementação de suas práticas e, por consequência, de obtenção de resultados ligados a elas. Ainda assim, a notícia é animado ra: em 2012, as pequenas e médias eram apenas 26. Neste ano, o guia re gistrou 61 participantes dessas cate gorias. São mais empresas de menor porte tentando trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável. pegada de carbono
A proporção das empresas que reutilizam até metade do que gastam de água em seus processos produtivos dobrou em 2013 são 160 000 litros de água tratada do ados para a lavagem de ruas e praças e para a irrigação de jardins do muni cípio. “Estamos aptos a doar mais água se a prefeitura precisar, e nossos estu dos indicam que podemos atingir 70% de reaproveitamento no futuro, inclu sive em outras fábricas”, diz Maria Del
Pilar Muñoz, diretora de sustentabili dade e novos negócios da companhia, que já estuda mais parcerias para do ação de água tratada em 2015. Do ano passado para cá, algumas das questões aplicadas às empresas parti cipantes do guia registraram quedas de percentual — mas isso não signifca,
A pesquisa revelou também que entre os maiores compromissos assumidos pelas companhias está o inventário de emissões de gases de efeito estufa. Há cinco anos, cerca de 54% delas reali zavam esse tipo de levantamento. Ho je, mais de 72% das companhias já contabilizam suas emissões. “É um percentual bem alto dentro de um te ma importantíssimo”, diz Aron Be linky, pesquisador da GVces responsá vel pela metodologia deste guia. A trading de grãos Amaggi é um exem plo de companhia que começou recen temente a se preocupar com o tema. Ela passou a adotar o GHG Protocol Agrícola — primeiro guia para cálculo de emissões especialmente desenvol vido para o setor agropecuário — e já contabilizou o que emitiu em 2013. “Até então, tínhamos difculdade de calcular nossa pegada de carbono por que não havia uma metodologia ade quada à nossa indústria”, diz Juliana Lopes, diretora de sustentabilidade do grupo Amaggi. “Em 2015, vamos reu nir todas as áreas para comparar as emissões de 2013 e 2014 e estabelecer nossas primeiras metas de redução.” Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 23
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pESqUISA resultados
os Destaques Da pesquisa Em 2014, 228 empresas responderam às questões do Guia EXAME de Sustentabilidade — um número 24% maior do que o de 2013. A entrada de iniciantes no processo, aliada a um aumento no número de empresas pequenas e médias, cujos práticas de sustentabilidade são menos avançadas, ajuda a explicar o progresso modesto de alguns indicadores
Dimensão geral Expressam o compromisso de sustentabilidade num documento público
Têm comitê de sustentabilidade e responsabilidade social que se reporta ao conselho de administração
Estabelecem compromisso formal para o combate à corrupção por meio de políticas corporativas específicas
2011
51,3%
2011
30,4%
2011
49,4%
2012
59,4%
2012
27,6%
2012
58,5%
2013
56%
2013
35,3%
2013
51,6%
2014
54,4%
2014
33,3%
2014
51,3%
Dimensão econômica 70,3%
Quantificam aspectos socioambientais nas projeções financeiras de custos e despesas
2011
Consideram critérios socioambientais no processo de gestão de riscos
69,4%
76,4% 2012
78,5%
2013
86,2%
2011
75% 2014
82,5%
2012
2013
82% 2014
Dimensão ambiental ▼ Elaboram inventário de emissão de gases de efeito estufa
78,0%
72,8%
▼ Têm política corporativa de responsabilidade pela proteção ou conservação da biodiversidade
▼ Estabelecem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa
72,4%
64,6% 56,1%
60,2%
54,9%
56,1% 48%
48,9%
48,7%
32,3% 2011
2012
2013
2014
2011
2012
2013
2014
2011
2012
2013
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Dimensão social Têm compromisso formal com a erradicação de todas as formas de discriminação
Mapeiam e monitoram suas operações visando prevenir a exploração sexual de crianças e adolescentes
Usam critérios sociais para seleção e monitoramento de fornecedores
2011
89,9%
2012
95,9%
2013
91,3%
2014
89,9%
2012
31,7%
2013
35,3%
2014
37,7%
2011
89,9%
2012
89,4%
2013
84,2%
2014
82,5%
▼ Atuam na prevenção à poluição e impactos ambientais decorrentes de suas instalações e operações
87,8% 75,9%
2011
82,6%
26%
2011
▼ Avaliam impactos ambientais diretos e indiretos de suas atividades
83,8% 69,6%
2012
2013
2014
2011
75,6%
2012
77,7% 77,6%
2013
2014
Felizmente, esse primeiro passo da Amaggi já foi dado pela maioria das empresas. Agora uma nova etapa vem se mostrando necessária: identifcar os riscos e as vulnerabilidades do negócio diante das mudanças climáticas. A proporção das empresas que levam isso em consideração aumentou de 45%, em 2010, para 50%, em 2014. A fabricante de papel e celulose Klabin, que já faz inventários de emissões desde 2004 — e defne continuamente metas de redução —, elaborou no ano passado seu primeiro estudo sobre o tema. A Klabin tem cerca de 453 000 hectares de forestas — que se dividem entre áreas de plantio de pinus e eucalipto e de mata nativa preservada —, área equivalente a quase três vezes a cidade de São Paulo. “Alterações na temperatura e no regime de chuvas afetam diretamente nosso negócio, e não podemos ignorar que elas vêm ocorrendo”, afrma Julio Nogueira, gerente corporativo de meio ambiente da Klabin. “Se o aquecimento global se agravar e a legislação ambiental apertar, estaremos preparados.” A companhia também criou, em 2013, um novo departamento, voltado para a ecofsiologia forestal, que vai medir o impacto do efeito estufa no crescimento e no desenvolvimento de suas árvores. A pesquisa do guia também mostra que cada vez mais as empresas têm se dedicado a mensurar o que, a princípio, não costumava ser transformado em números. A ideia é ultrapassar as barreiras dos tradicionais modelos de prestação de contas — os relatórios contábeis e administrativos — e elaborar documentos que integrem e correlacionem outros tipos de capital além do financeiro: o humano, o social, o intelectual e o natural. O percentual de companhias que buscam avaliar os ativos intangíveis já alcança 45%, ante os 35% registrados há cinco anos. É o caso do banco Itaú Unibanco, que lançou em 2013 um novo modelo de relatório de desempenho, com base nas diretrizes do Conselho Internacional de Relatório Integrado (IIRC, em inglês). É o que vem sendo chamado no mercado de “relatório integrado” e, para fazê-lo, o banco precisou mobilizar todos os de-
1. O indicador foi usado a partir de 2011 Fonte: EXAME/GVces
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pESqUISA resultados partamentos da companhia. “Uma em presa não se defne apenas pelo dinhei ro que entra e sai. Temos de mostrar os diversos fatores que impactam o negó cio”, afrma Denise Hills, superinten dente de sustentabilidade do Itaú Uni banco. Além de informações básicas, como lucro líquido e carteira de crédi to, o relatório qualifca e quantifca as pectos como valor de marca e horas investidas em treinamentos para os funcionários. “Temos outros públicos além de investidores e acionistas. A so ciedade quer ter acesso a esse tipo de informação”, diz Denise.
Um dos assuntos que não evoluíram tão rapidamente nos últimos anos en tre as empresas que participam do guia foi a presença feminina em cargos de liderança. Apenas 8% das companhias têm um quadro de mulheres superior a 40% em cargos de diretoria. O núme ro é maior do que o registrado em 2009 — que era de apenas 6% —, mas ainda muito baixo quando se fala em igual dade de gênero no mundo corporativo. Nos cargos de gerência, houve um re trocesso: em 2009, 31% das empresas tinham mais de 40 mulheres a cada 100 homens nesses cargos. Neste ano, esse percentual caiu para 23%. Apesar dis so, há bons exemplos a ser seguidos. A farmacêutica Pfizer conseguiu, nos últimos cinco anos, aumentar 76% a presença de mulheres em cargos de gerência e 218% em cargos de gerência sênior. Hoje, elas já estão em maior número do que os homens nessas duas funções. Considerando o total de mu lheres em cargos de liderança, incluin do as diretorias — ainda predominan temente masculinas —, elas represen tam 50% dos executivos, ante apenas 23% de presença que tinham há seis anos. Isso só foi possível depois de um amplo trabalho de conscientização realizado pelo programa Diversidade e Inclusão, importado da matriz, nos Estados Unidos, em 2008. Uma série de workshops, palestras e dinâmicas foi realizada com gestores para escla recer e quebrar preconceitos. Além disso, a Pfizer instituiu uma regra:
Germano Lüders
presença feminina
Funcionárias da farmacêutica Pfzer: os esforços para aumentar o número delas na liderança já deram resultado
quando há uma vaga em aberto, é con dição sine qua non que haja mulheres na disputa. “Uma organização prepa rada para a diversidade passa a prio rizar a capacidade e o talento do can didato, independentemente de gêne ro, condição física ou cor”, diz Irene Shirai Camargo, diretora de recursos humanos da companhia. As práticas de governança corpora tiva também precisam avançar. Se gundo o levantamento do guia, apenas três em cada cinco empresas separam os papéis do conselho de administra ção e da diretoria executiva, algo con siderado básico e altamente recomen
dado pelos manuais de boas práticas que regem o tema. “O sistema de to mada de decisões deve evitar ao má ximo a concentração de poder porque isso infuencia muito no sucesso ou não das estratégias de negócio”, afr ma Carlos Eduardo Lessa Brandão, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e conselhei ro do guia. Quando o assunto é a ava liação dos conselhos de administra ção, o cenário também está aquém do ideal: de cada três empresas que pos suem conselho, apenas uma faz ava liações regulares do desempenho des se grupo. “Uma empresa que dá valor
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Carlos Ivan/ag. o globo
Operação da fabricante de papel e celulose Klabin: ações para que o negócio não sofra com as mudanças climáticas
As práticas de governança precisam avançar: apenas três em cada cinco empresas separam os papéis do conselho e da diretoria executiva à boa governança não corre riscos não gerenciados, é mais competitiva, é transparente nas informações e, consequentemente, solidifca sua boa reputação no mercado”, diz José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria, fabricante de celulose escolhida como empresa sus-
tentável de 2014 neste guia. Nascida em 2009 da fusão entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel, a Fibria é um dos raros exemplos de empresas brasileiras que de fato avaliam seus conselhos. A crise pela qual passava a Aracruz em 2008, antes da fusão, ajuda a explicar o zelo da Fibria pela go-
vernança. O assunto virou uma obsessão depois de a Aracruz perder mais de 2 bilhões de dólares por causa de operações de alto risco no mercado de câmbio. A Fibria já está em seu quinto ciclo anual de avaliações. “Anualmente, cada conselheiro expressa, num questionário formal, suas opiniões sobre o modus operandi do conselho. Um consultor independente analisa essas informações e ajuda o grupo a promover melhorias”, afrma Penido. A expectativa é que, a exemplo da Fibria, mais empresas percebam o valor estratégico da governança e se dediquem a aprimorá-la. Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 27
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É só o
começo Em 15 anos de publicação deste guia, as empresas brasileiras evoluíram da simples flantropia à criação de negócios sustentáveis | aline SCHeReR
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Painéis solares da concessionária CPFL: ao investir em energia renovável, a empresa coloca a sustentabilidade no centro do negócio
CPFL EnErgia/divuLgação
E
m 2000, o brasil vivia um bom momento na economia. Seis anos após o início do Plano Real, a infação estava sob controle, o desemprego caía e o PIB tinha uma expansão anual de 4,3% — uma enormidade ante uma previsão de crescimento de menos de 0,3% neste ano. Lá fora, havia tensão no ar. O preço do petróleo atingia o nível mais alto em dez anos e jovens ao redor do mundo protestavam contra a globalização e o abismo entre países ricos e pobres. Entre as empresas mais avançadas, começava a ganhar corpo a ideia de responsabilidade social e cidadania corporativa. Foi nesse cenário que nasceu o Guia de Boa Cidadania Corporativa, que EXAME lançou para mostrar as boas práticas de empresas preocupadas em estreitar seu relacionamento com as comunidades nas quais atuam. Com o amadurecimento do conceito de que a responsabilidade corporativa se assenta no tripé formado pelas dimensões econômica, ambiental e social, a publicação, em 2007, passou a se chamar Guia EXAME de Sustentabilidade — nome com o qual completa agora 15 anos, consolidando-se como a maior publicação sobre o tema no país. Ao longo de uma década e meia, muita coisa mudou. As iniciativas, em geral, começaram com viés flantrópico e assistencialista. Depois, passaram a envolver transparência e ética no relacionamento com seus públicos. Em seguida, as questões ambientais passaram a fazer parte do planejamento estratégico e da inovação de produtos. Agora, cada vez mais, as empresas buscam aliar sustentabilidade à governança e à criação de novos negócios. Um exemplo dessa evolução é a produtora e distribuidora de energia elétrica CPFL, que fgurou em
11 das 15 edições do guia entre as empresas com melhores práticas. No início, as iniciativas da companhia na área se resumiam a ações sociais, como descontos em conta de luz e doações a hospitais filantrópicos. Nos últimos anos, a empresa decidiu mudar seu foco. “Percebemos que, antes de fazer donativos, é melhor fazer a gestão direito”, diz Wilson Ferreira Júnior, presidente da CPFL Energia. Um sintoma de que havia algo errado era o fato de muitos dos hospitais benefcentes não conseguirem pagar em dia a conta de luz. Em vez de doar equipamentos, a empresa passou então a orientar a gestão dos hospitais, padronizando processos e racionalizando o uso dos recursos. Resultado: a inadimplência dos hospitais com a própria CPFL caiu 77%. Outro exemplo da nova estratégia são os investimentos em geração de energia eólica, solar e por biomassa. A CPFL Renováveis, unidade responsável pelos negócios nessa área, criada há apenas três anos, já representa um quarto do lucro operacional do grupo — numa demonstração de que sustentabilidade pode, sim, ser um bom negócio. da periferia ao centro
Um ponto que, ao longo de 15 anos, fcou cristalino para muitas empresas é que sustentabilidade não é um assunto periférico para fcar circunscrito a um departamento — deve permear toda a empresa, tornando-se parte essencial de sua gestão. Essa é uma ideia que logo foi compreendida por Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos, fundadores da fabricante de cosméticos Natura, presente em 14 das 15 edições do guia (só fcou de fora em 2006, quando não participou do processo seletivo). Já na década de 90 os três empresários chegaram à conclusão de que a longeviNovembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 31
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anos
Tempos de mudança Alguns fatos relacionados à sustentabilidade que marcaram o
2005
Entra em vigor o Protocolo de Kyoto, criado oito anos antes, com a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos países ricos em 5% até 2012. O protocolo, que recebeu adesão de 180 países, deu origem ao mercado de créditos de carbono. No Brasil, a Bovespa lança o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), inspirado na metodologia do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, criado em 1999, em Nova York.
2000 Nasce o Guia EXAME de Boa Cidadania Corporativa, com base em indicadores de responsabilidade social divulgados pelo Instituto Ethos. O guia destaca dez empresas que são referência no tema. No mundo começa a repercutir a ideia do tripé da sustentabilidade, elaborada pelo sociólogo inglês John Elkington em 1998: a tese é que todo negócio deve levar em conta seus impactos ambientais, sociais e econômicos. A ONU lança as Metas do Milênio, que estabelecem compromissos de desenvolvimento sustentável. Empresas 2001 brasileiras começam a adotar a certificação ISO 14001, relacionada a práticas de gestão ambiental.
2002
Três empresas brasileiras aderem ao Global Reporting Initiative (GRI), metodologia para a publicação de relatórios de sustentabilidade desenvolvida cinco anos antes na Holanda. O Carbon 2003 Disclosure Project, criado por 35 fundos
internacionais, faz a primeira consulta a grandes empresas para conhecer suas ações em relação às mudanças climáticas. O objetivo é realizar investimentos na área.
O indiano C.K. Prahalad, 2004 professor da Universidade de Michigan, lança o livro A Riqueza na Base
da Pirâmide — Como Erradicar a Pobreza com o Lucro, que fala do potencial dos bilhões de consumidores de baixa renda.
SUSANA GONZAleZ/GeTTY IMAGeS
dade da Natura só seria possível se a companhia se tornasse uma agente de transformação social e levasse em conta a interdependência dos dife rentes fatores na tomada de decisões. “Essas crenças serviram de base para uma série de atitudes e até hoje con tinuam nos guiando”, diz Guilherme Leal. Em 2000, a Natura começou a usar insumos da biodiversidade bra sileira, ensinando índios e sertanejos da Amazônia a fazer a coleta susten tável de plantas como o cupuaçu. Em 2005, trocou suas embalagens de plástico derivado do petróleo por ou tras de material renovável. O ápice desse processo foi o lançamento, no ano passado, de uma linha de cos méticos que usa 70% menos plástico, emite 60% menos carbono e permite que os consumidores utilizem o pro duto até a última gota. “Agora, nosso objetivo é ir além de neutralizar os efeitos negativos de nossa atividade e defnir métricas que possam men surar os impactos positivos que geramos para o meio ambiente e a sociedade”, diz Leal. Apesar dos avanços, os especialis tas afrmam que há muito a ser feito. “Existem coisas essenciais que ainda são vistas como opcionais, como re duzir a emissão de gases e reciclar os resíduos”, diz Aron Belinky, coor denador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getu lio Vargas, que presta assessoria pa ra a elaboração deste guia. Não há tempo a perder. Segundo uma esti mativa da consultoria McKinsey, até 2030, o mundo deve ganhar mais 3 bilhões de consumidores da classe média. Ao mesmo tempo, abremse possibilidades para as empresas que se anteciparem a esse cenário. “Cres cerá a demanda por produtos mais duráveis que usem menos recursos e a oferta de bens e serviços que pos sam ser compartilhados”, diz Helio Mattar, conselheiro do guia e presi dente do Instituto Akatu pelo Con sumo Consciente. “Há grandes opor tunidades para a expansão dos mer cados e a criação de novos nichos.” Sorte de quem souber aproveitar.
KAZUHIRO NOGI/AFP PHOTO
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Brasil e o mundo – e o Guia EXAME de Sustentabilidade – ao longo dos últimos 15 anos
A pedido do 2006 governo inglês, o economista Nicholas Stern
Terremoto e tsunami no Japão 2011 atingem a usina de Fukushima e provocam o pior acidente nuclear desde a tragédia
2007
O anuário é rebatizado de Guia EXAME de Sustentabilidade e passa a analisar as empresas com base numa metodologia desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVCes) de São Paulo. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o IPCC, causa comoção ao lançar um relatório sobre o papel determinante da ação do homem no aquecimento global.
2009 AdoConferência Clima,
organizada pela ONU na Dinamarca, reúne milhares de líderes de vários países, do mundo corporativo e da sociedade civil na tentativa de costurar um acordo global de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa. O evento, porém, fracassa.
LuiZ RoBeRto Lima/FutuRa PRess
20 empresas-modelo em sustentabilidade, o guia passa a eleger a Empresa Sustentável do Ano. A Natura é a primeira a ganhar o reconhecimento. Vinte e duas empresas brasileiras aderem ao Protocolo de Gases de Efeito Estufa — o GHG Protocol —, programa em vigor no mundo desde 2001, que estabelece uma metodologia para medição de emissões atmosféricas.
de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O desastre reacende as discussões sobre os benefícios e os riscos da energia nuclear mundo afora. No Brasil, o Ibama concede uma das licenças ambientais mais polêmicas e dá sinal verde às obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.
Uma plataforma da British Petroleum explode no golfo 2010 do México e causa o pior vazamento de petróleo da história do mundo.
tom WiLLiams/Getty imaGes
de 2008 Além escolher
BuDa menDes/Getty imaGes
publica um relatório de mais de 700 páginas sobre o impacto do aquecimento global na economia. O relatório conclui que ações imediatas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa poderiam custar 1% de toda a riqueza produzida no mundo na época. Mas ignorar o problema poderia custar, segundo Stern, 20 vezes mais caro.
DaviD Levenson/Getty imaGes
o
O Brasil sedia a 2012 Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20. No Congresso, depois de dez anos de discussões, é aprovado o novo Código Florestal, que estabelece regras de exploração da terra e indica onde a vegetação nativa deve ser preservada.
Guia EXAME de Sustentabilidade passa a analisar 2013 Oo desempenho das empresas participantes por setores
de negócio. A publicação também destaca companhias que são referência em temas importantes, como mudanças climáticas, relacionamento com clientes, gestão da água e gestão da biodiversidade. guia, publicação pioneira no país ao tratar o tema da social nas empresas, completa 15 anos. 2014 Oresponsabilidade
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ARTIGO tendência
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Elkington: para ele, as empresas terão de contabilizar em seus balanços os impactos negativos provocados por suas atividades
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o Brasil E a quEstão CruCial do
futuro Em um artigo escrito para EXAME, o britânico John Elkington, um dos mais respeitados especialistas mundiais em sustentabilidade, afrma que os próximos anos exigirão das empresas mais ambição, transparência e objetivos agressivos. A boa notícia: o Brasil pode se destacar nessa área
Carlos rosillo El Pais Photos / NEwsCom / Glow imaGEs
é
um privilégio escrever para a 15a edição do Guia EXAME de Sustentabilidade. O Brasil atravessou um período interessante na política presidencial, mas — exceto pela abortada disputa de Marina Silva ao cargo — a questão da sustentabilidade, tal como vem sendo promovida ao longo dos anos por EXAME, não pesou tanto quanto muitos teriam desejado. Com o privilégio de ter visitado e trabalhado no Brasil por muitos anos, esta me pareceu uma oportunidade perdida para explorar, como o primeiro país dos Brics, novos caminhos na abordagem da questão crucial do futuro. Evidentemente, os políticos olham para a agenda de mudanças de um modo diferente de líderes empresariais e investidores. Para os governos, os motivos para adotar mudanças podem incluir considerações políticas, econômicas, sociais e morais. Para os investidores, e a maioria dos presidentes e diretores fnanceiros, porém, o foco principal está no negócio. E essa realidade prendeu a maioria dos líderes empresariais no mundo do economista Milton Friedman — ele afrmava que o negócio do negócio
era apenas fazer negócios. Depois vieram conceitos como ecoefciência, sustentabilidade, tripé da sustentabilidade (social, ambiental e econômico) e valor compartilhado. Como resultado, observamos uma mudança do foco no risco para o foco na oportunidade. Por baixo dessas tendências, há, porém, uma mudança mais ampla e mais profunda. Desafos que, um dia, foram
tado por baixo do sistema por pressões demográfcas e ambientais, particularmente o aquecimento global. Dentro da panela de pressão, desafos cada vez mais interligados, entre os quais segurança energética, segurança alimentar, segurança hídrica e segurança climática, estão começando a ferver. Infelizmente, a ‘tampa’ que procura conter essas pressões está enfraqueci-
Serão privilegiadas as empresas que aprenderem com a natureza e a operar na emergente economia circular simplesmente previstos e debatidos agora estão começando a pesar como realidades do dia a dia do mercado. O Fórum Econômico Mundial — entre outras organizações — salienta o fato de que tanto empresas como investidores acreditam estar vivendo uma ‘nova normalidade’. Suas conclusões sugerem que a economia mundial está se tornando uma espécie de panela de pressão. O “calor” está sendo aumen-
da por fatores como uma governança global precária e um aumento da disparidade de riqueza em muitos países. E os resultados provavelmente incluirão, cada vez mais, estresses, tensões e confitos geopolíticos. Mas para cada risco há uma oportunidade de negócio. É o que defendi em meu novo livro, lançado neste ano, The Breakthrough Challenge: How to Connect Today’s Profts with Tomorrow’s Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 37
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Loja da Puma na Alemanha: em 2011, a empresa calculou o impacto ambiental negativo de suas operações e chegou à cifra de 145 milhões de euros
Bottom Line (“O desafo transformador: como conectar os resultados de hoje com os lucros de amanhã”, numa tradução livre para o português, ainda sem versão no Brasil), escrito em parceria com Jochen Zeitz, ex-presidente mundial da marca esportiva alemã Puma e atual presidente do B Team, grupo que reúne 14 líderes infuentes com uma missão nada modesta: criar um plano B para o capitalismo. Nós concluímos que as questões cruciais do futuro serão pautadas por uma ambição maior e objetivos mais agressivos por parte das empresas. Em nossas palavras: ‘Sua evolução será potencializada por uma transparência radicalmente maior do mercado. Ela buscará formas inovadoras de capital e valor, usando números e algoritmos que pareceriam estranhos
à maioria dos analistas fnanceiros e diretores fnanceiros de hoje. Será integrada de novas maneiras, ligada a medições mais amplas sobre a saúde e o bem-estar de indivíduos e ecossistemas. Privilegiará empresas que aprendam com a natureza e operem na emergente economia circular’. O conceito se apoia pesadamente na noção do tripé da sustentabilidade, que cunhei há 20 anos. A ideia básica era que nós criamos — ou destruímos — valor em múltiplas dimensões. Meu objetivo era simples: salientar a importância de levarmos em conta os impactos econômicos, sociais e ambientais mais amplos, para o bem ou para o mal. Por extensão, observamos a evolução de expressões como retorno social sobre investimento, valor mes-
clado (introduzido por Jed Emerson), valor compartilhado (defendido por Michael Porter e Mark Kramer) e lucros e perdas ambientais. A Puma, que lançou sua primeira rodada de resultados de lucros e perdas ambientais em 2011, procurou precificar o impacto ambiental negativo gerado por todas as suas operações e fornecedores em áreas cruciais, como emissão de gases de efeito estufa, uso de água, uso da terra, poluição do ar e geração de lixo. O número resultante desse cálculo foi espantoso: 145 milhões de euros — ou cerca de metade dos lucros da Puma naquele ano. Essa primeira rodada de avaliação revelou que a cadeia de fornecedores fora responsável por 94% — ou 137 milhões de euros — do impacto ambiental total da empresa. Curiosamente, mais da metade dos impactos ambientais foi associada à produção de matérias-primas, incluindo couro, algodão e borracha, nas profundezas da cadeia de fornecedores. Particularmente danosas, aliás, eram as operações para a produção de couro na Amazônia e em seu entorno. Ampliando o escopo da iniciativa, a companhia controladora da Puma — a Kering, que possui cerca de 20 marcas badaladas do mundo da moda, entre elas Gucci e Stella McCartney — diz que o processo será implementado em todas as suas principais marcas esportivas e de luxo até 2016. Com o tempo, tais estudos terão consequências. Talvez não para empresas pioneiras, como a brasileira Natura, mas para qualquer companhia que queira competir em cadeias globais de suprimento. Quando EXAME publicar sua 16a edição do Guia de Sustentabilidade, eu espero ler sobre um espectro muito mais amplo de empresas brasileiras que não estão só reagindo a pressões externas mas também liderando cada vez mais a mudança global.” John Elkington cunhou a expressão tripé da sustentabilidade — a ideia de que todo negócio deve observar seus impactos econômicos, sociais, ambientais. Ele também é presidente da Volans, empresa com sede em Londres dedicada a impulsionar inovações sociais e ambientais, e cofundador da consultoria SustainAbility
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Christine Bader, que dá aulas sobre direitos humanos e negócios na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos: ela batizou os profissionais de sustentabilidade das empresas de “idealistas corporativos”
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O trabalho dos profssionais de sustentabilidade nas empresas é incremental — não vamos mudar o mundo
Pragmatismo e
paciência A americana Christine Bader já conduziu os programas de sustentabilidade da petroleira BP em países asiáticos. Hoje, dá palestras sobre como os profssionais à frente desse tema nas empresas devem atuar para realmente fazer a diferença — só idealismo, afrma ela, não funciona | Mariana sEgala
A
AmericAnA christine BAder se encantou pela British Petroleum em 2000, quando, prestes a concluir um MBA na Universidade Yale, nos Estados Unidos, ouviu o britânico John Browne, na época presidente mundial da petroleira, discursar sobre a estratégia da empresa para reduzir sua emissão de gases causadores de efeito estufa. Ainda naquele ano, ela começou a trabalhar na companhia coordenando as ações de responsabilidade corporativa da BP em alguns de seus projetos de grande porte na Indonésia e na China. A paixão de Christine pela empresa perduraria nos anos seguintes, período em que a BP, graças a Browne, ganharia a fama — ainda que questionada por muitos — de ser uma petroleira à frente de seu tempo e de suas concorrentes. Um refexo disso é que a sigla BP foi transformada no
slogan “Beyond Petroleum” (em português, “Além do petróleo”), numa alusão às investidas da companhia na seara das energias renováveis. Em 2009, porém, Christine pediu demissão, desestimulada pela gestão do novo presidente mundial, Tony Hayward (Browne havia renunciado ao cargo dois anos antes). Ela sairia antes de a BP provocar um dos maiores desastres ambientais de todos os tempos, ao derramar 800 milhões de litros de óleo no mar do Golfo do México, nos Estados Unidos, em 2010. Hoje palestrante e professora de um curso de direitos humanos e negócios na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, Christine lançou neste ano The Evolution of a Corporate Idealist: When Girl Meets Oil (“A evolução de uma idealista corporativa: quando a garota conhece o petróleo”, sem tradução para o português), livro no qual analisa o real papel e o poder de infuência dos profssio-
nais de sustentabilidade nas empresas. Na entrevista que segue, ela fala sobre o que aprendeu sobre responsabilidade corporativa em seus tempos de BP — empresa que, ironicamente, ficou marcada pelo desastre ambiental. Em seu livro, a senhora batizou os profssionais que trabalham com responsabilidade social e sustentabilidade nas empresas de “idealistas corporativos”. Por quê? Um idealista corporativo é alguém que quer causar impacto positivo no mundo. Ele observa o alcance, a escala e o volume de inovação de uma grande empresa e enxerga ali a oportunidade de colocar tudo isso para funcionar a favor da responsabilidade social. Algumas pessoas da área não gostam da palavra idealista. Consideram-se pragmáticas. Mas insisto no adjetivo porque, para mim, há uma boa dose de idealismo nesse trabalho. Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 41
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ENTrEvISTA carreira Tanto idealismo quanto há nos Esse texto é muito ou sociais ativistas ambientais deixounas o ONGs? quefalso trabalham teatro, 001 que era Umpersonagem dia perguntei002 a uma ativista ambiental se ela aceitaria trabalhar em do dramaturgo uma empresa. Ela respondeu que não se achava capaz de estar envolvida com os dilemas de uma companhia, mesmo sabendo que poderia ser parte da solução deles. Todos nos questionamos sobre que oração rezar. Os ativistas têm um papel importante, mas estão do lado de fora das corporações. Há quem considere importante e legítimo estar do lado de dentro, onde, entre outras coisas, é possível tentar evitar que os problemas comecem.
Mas eram projetos nos quais seu papel era estratégico... Sim. Em muitas empresas há profssionais de responsabilidade social ou de sustentabilidade cujo trabalho está focado em ações flantrópicas ou circunstanciais, e elas vão desaparecer diante da primeira crise ou mudança na gestão. Mas também há muita gente fazendo trabalhos como os que eu fz, essenciais para o resultado das empresas. Seu livro sugere que os idealistas corporativos acabam tendo
ODD ANDERSEN/AFP PHOTO
E há espaço para idealistas no mundo corporativo? Comecei trabalhando na BP na Indonésia, num projeto de extração de gás natural. Era um local remoto, cheio de desafos e fragilidades ambientais e sociais. Mas havia um entendimento na BP de que tínhamos de fazer tudo certo. Caso contrário, o sucesso comercial do negócio estaria ameaçado. Depois, tive outra experiência semelhante com a BP na China, onde a empresa frmou uma joint venture para instalar uma operação petroquímica. A fábrica fcava numa cidade a 90 quilômetros de Xangai, onde viviam cerca de 30 000 pessoas. Só na construção, nós empregaríamos 15 000 pessoas. Então, de novo, a liderança estava ciente de que era preciso investir tempo e dinheiro no bem-estar dos trabalhadores e das comunidades para que o projeto decolasse.
John Browne, ex-presidente mundial da BP: durante sua gestão, a petroleira ganhou fama de “verde”
de abdicar de seus ideais para promover mudanças nas empresas. Isso não é ruim? Não acredito que as pessoas devam deixar seus ideais de lado quando decidem trabalhar em uma empresa. Mas um idealista corporativo precisa ser pragmático e estratégico em relação a seus valores — ou a como transformá-los em ações que uma empresa poderá realmente executar. Entrei na BP convencida de que mudaria o mundo. Na Indonésia e na China, vi que era possível alinhar os interesses da companhia com os das comunidades. Deixei a BP em 2008, e o desastre provocado pela empresa no Golfo do México, em 2010, me
fez questionar os nove anos que trabalhei lá. Se algo como aquilo ainda podia acontecer, será que realmente tive algum impacto na empresa? E qual foi sua conclusão? Que o trabalho de profssionais como eu nas companhias é incremental — que não vamos mudar o mundo de uma vez nem vamos mudar as empresas todas de uma vez. Parte do trabalho de um idealista corporativo é reconhecer isso e dosar a impaciência. Não consegui transformar a BP, é claro. Mas fz diferença para aquelas comunidades na Ásia e sei que meu trabalho foi crucial para o sucesso dos dois projetos.
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Se os cidadãos estão de olho, se a mídia é forte, a atuação de uma empresa pode ser diferente
De tempos em tempos, vemos grandes empresas, que têm estratégias bem consolidadas de sustentabilidade, com operações em vários países, cometer deslizes. Por que acha que isso acontece? Olhando para trás, percebo que meus projetos na BP eram alvo de um escrutínio absurdo. Havia ONGs e defensores dos direitos humanos olhando muito de perto o que estávamos fazendo. Havia investidores preocupados, já que os riscos sociais e ambientais eram enormes. Havia uma conjunção perfeita de fatores que levaram a liderança da companhia a dar a mim e a meus colegas carta branca
LYLE RATLIFF/REuTERs
Vazamento da BP no Golfo do México: um dos maiores desastres ambientais de todos os tempos
disso. Acredito que só resolveremos os grandes problemas do mundo se reconhecermos como eles são difíceis. O problema com os departamentos de comunicação e de marketing das empresas é que eles se sentem muito desconfortáveis ao falar de qualquer coisa que não seja uma história positiva. Já os idealistas corporativos acreditam que contar uma história de maneira transparente gera credibilidade e ajuda a encontrar parceiros para solucionar os problemas. Se algo dá errado, fca claro que a empresa já tinha consciência de que a questão era espinhosa. Quando uma companhia se esforça para mostrar que tudo é róseo — e sabemos que não é — e há um problema, o estrago para sua reputação é terrível.
para investir na mitigação desses riscos. Claramente isso não aconteceu no Golfo do México. Se os cidadãos estão de olho, se a mídia é forte, o comportamento de uma corporação pode ser diferente. O que não é uma desculpa para as empresas agirem mal quando ninguém está vendo — algo que não é aceitável nem sustentável. A senhora menciona os embates que os profssionais de sustentabilidade travam com os colegas das áreas de comunicação e de marketing... É claro que o mundo precisa ouvir histórias inspiradoras das empresas. Mas não acho crível quando elas só falam
Na BP, a senhora trabalhou com dois presidentes bem diferentes. Quanto a troca de uma liderança pode jogar por terra todo o trabalho de um idealista corporativo? No livro, publiquei um manifesto dos idealistas corporativos. Um dos itens diz que as mudanças de gestão e as crises fnanceiras de uma companhia devem ser irrelevantes se o profssional de sustentabilidade conseguir inserir seu trabalho no cerne do negócio. Muitas das atividades que desenvolvi na BP ainda estão em funcionamento hoje, pois eram sinônimo de boa gestão de riscos. Vou citar outro item do manifesto: o que é bom para a sociedade é bom para minha empresa. Portanto, mudanças de gestão não devem interferir tanto no trabalho de um idealista corporativo.
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EMPRESA SUSTENTÁVEL DO ANO
FiBria em
Paz com os vizinhos Decidida a se livrar de uma herança maldita — os confitos intermináveis com comunidades próximas às suas operações —, a fabricante de celulose Fibria coloca o diálogo com esses públicos no centro de sua estratégia de negócio | Lucas rossi
germano Lüders
O
mineiro José Penido, de 66 anos, Presidente do conselho de administração da Fibria, fabricante brasileira de celulose que é a maior de seu setor no mundo, trabalha em uma sala confortável no 6o andar de um prédio na região da avenida Paulista, em São Paulo. Em frente à sua mesa, há algumas fotografas penduradas na parede: a de um índio, a de uma senhora numa lavoura, a de duas pessoas segurando potes de mel e a de um homem com uma coruja. Do lado direito da sala, próximo a uma mesa de reuniões, há mais retratos: o de um casal ao lado de uma casa simples de tijolos aparentes e o de uma plantação de eucalipto. As fotografas não foram escolhidas aleatoriamente para decorar o ambiente. Todas elas têm uma relação intrínseca com a rotina de Penido, que nos últimos cinco anos foi pautada, sobretudo, pelo desejo de superar um desafo: melhorar o relacionamento da Fibria com seus vizinhos — índios, sem-terra, descendentes de quilombolas, pescadores e outras comunidades pobres que vivem às margens das dezenas de operações da empresa espalhadas nos estados de Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso do
Marcelo Castelli, presidente da Fibria: “O maior risco para nosso negócio estava do lado de fora da cerca”
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A EMprESA SUSTENTávEL Do ANo
Produção de mel em Capão Bonito, no interior de São Paulo: desde 2010, a Fibria incentiva o empreendedorismo nas comunidades que cercam suas operações
germano Lüders
Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Não se trata de uma meta trivial, e uma cifra prova isso. Só nos últimos três anos, a Fibria investiu quase 70 milhões de reais na empreitada. “Nenhuma outra empresa do setor já conduziu um projeto de relacionamento com diferentes públicos tão ambicioso quanto o nosso”, afrma Penido. Há verdade por trás das palavras do executivo. “Não se trata de uma ação pontual, assistencialista, mas de uma estratégia ousada de uma empresa que, mais do que compartilhar valor, quer ser admirada”, diz o economista Sérgio Besserman, que é membro independente de um comitê que tem como função avaliar e criticar as políticas de sustentabilidade da Fibria. Há, porém, outra verdade que também merece ser dita. Para nenhuma outra companhia do setor de papel e celulose do país, a necessidade de desenvolver uma ação para melhorar a relação com as comunidades vizinhas à operação se impôs de maneira tão urgente e inexorável. A Fibria, que faturou 7 bilhões de reais em 2013, foi criada em 2009, quando a VCP, braço de papel e celulose do Grupo Votorantim, comprou a também brasileira Aracruz. Nascia ali não só a maior empresa de celulose do mundo como também uma das companhias com um dos maiores imbróglios sociais a ser resolvidos. Afnal, além de ser reconhecida, aqui e no exterior, pela qualidade de suas forestas, fábricas e processos de inovação tecnológica, a Aracruz também estava sempre sob os holofotes por razões menos nobres: confitos intermináveis por causa de terra com populações indígenas e grupos do MST no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia. E as brigas, que manchavam sua reputação, geravam péssimas consequências para o negócio. A empresa era alvo constante de incêndios criminosos em suas forestas e de invasões às fábricas e ao porto. Em 2010, ano seguinte à compra, cerca de 320 000 metros cúbicos de madeira oriundos de forestas da Aracruz foram roubados, totalizando um prejuízo de 13 milhões de reais para a Fibria. E a perspectiva de que as perdas fnancei-
fbria
ras aumentariam no futuro eram concretas: devido a seus embates com os índios tupiniquins e guaranis, no Espírito Santo, a Aracruz nunca havia conseguido que suas forestas de eucalipto fossem certifcadas de acordo com os princípios do Conselho de Manejo Florestal, instituição internacional que criou o padrão de exploração sustentável, mais conhecido como FSC. A em-
presa tinha se virado até ali sem o selo verde, um atributo quase indispensável para exportar para países ricos. Logo após a compra, no entanto, a liderança da Fibria recebeu de alguns clientes internacionais o recado de que a falta do FSC poderia inviabilizar futuros negócios. “Éramos muito efcientes da cerca para dentro, e a maior ameaça a nosso negócio estava do lado de fora da com-
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para estreitar laços
principais diretores estavam realmente convencidos da importância da mudança e do trabalho que ela daria. Para isso, poucos meses após a compra da Aracruz, em 2010, ele colocou todo o grupo num jato e o levou para conhecer o problema de perto. Funcionou: ao sobrevoar as áreas de forestas da Aracruz, os executivos depararam com inúmeros clarões e dezenas de fornos para a produção de carvão — uma atividade ilegal, que empregava não só milhares de adultos miseráveis como também crianças. “Foi importante conhecer essas realidades para ter certeza de que assumir uma postura legalista não resolveria o problema”, diz Castelli. Logo após a imersão, a empresa tomou uma de suas primeiras decisões emblemáticas: desistiu de brigar na Justiça e botou fm a uma novela de cerca de três décadas ao ceder 11 000 hectares de suas terras para a demarcação da reserva dos índios tupiniquins e guaranis, próximos à fábrica da Aracruz, no Espírito Santo. Com a medida, dois anos depois a Fibria fnalmente obteve o FSC para as forestas da antiga Aracruz. “O selo foi concedido porque a medida deixou claro que a abordagem da empresa não seria mais a de confronto”, afrma Mauricio Voivodic, secretário executivo do Imaflora, uma das entidades certifcadoras do FSC no Brasil.
Conheça a estratégia da Fibria para se relacionar com as comunidades no entorno de suas operações Para resolver os conflitos que tinha com as comunidades próximas a suas fábricas e plantações de eucalipto, em 2010 a liderança da Fibria mudou a maneira de se relacionar com esses públicos: em vez do confronto, o diálogo. Veja em detalhes a abordagem que a empresa adotou para lidar com as cerca de 800 comunidades que estão no raio de, no máximo, 3 quilômetros de distância de suas operações nos 242 municípios onde atua
Diagnóstico Um dos 73 consultores contratados pela Fibria visita a comunidade durante um mês. Nesse período, ele faz um diagnóstico da economia local, identifica quem são as principais lideranças entre a população e produz um relatório para a empresa. Nesse time, há profissionais especializados no trato com indígenas, quilombolas e pequenos agricultores, entre outros grupos Diálogo Nos três meses seguintes, a comunidade é convidada a participar de reuniões para discutir como gostaria que fosse o desenvolvimento do local no futuro. Nesse momento, ideias para impulsionar a economia local — com negócios que já existam, como a produção de farinha e mel, ou que possam ser criados — vêm à tona parceria Uma vez que a comunidade define um negócio que gostaria de apostar, como a produção de mel, a Fibria dá apoio aos moradores para que se associem por meio de uma cooperativa. A ideia é que, dessa forma, a comunidade reduza os custos de produção e possa negociar com compradores de maior porte
recomeço
orçamento Um consultor de negócios bancado pela Fibria monitora a estruturação do plano de negócios. A empresa então avalia como pode contribuir financeiramente. Só no ano passado, mais de 31 milhões de reais foram investidos em itens como um píer para pescadores e um viveiro comunitário de mudas
panhia”, afrma o paulista Marcelo Castelli, presidente da Fibria. Foi naquele momento que Penido entendeu que a Fibria só seria bem-sucedida se conseguisse se livrar desse passivo social herdado da Aracruz. Para isso, no entanto, a empresa precisaria estar disposta a estabelecer uma maneira radicalmente diferente de se relacionar com todas as partes inte-
ressadas no negócio. A Fibria defniu esse novo modelo, e a consistência com que adotou suas premissas ao longo dos últimos cinco anos foi fator decisivo para que fosse apontada como Empresa Sustentável do Ano pelo Guia EXAME de Sustentabilidade 2014. O primeiro passo dado por Penido nessa empreitada foi se certifcar de que os conselheiros da Fibria e seus
Foi em 2010 que a Fibria decidiu também colocar um ponto-fnal em outra querela. Por mais de uma década, a Aracruz disputou com o MST uma fazenda invadida na região da cidade de Prado, na costa sul da Bahia. A estratégia usada para lidar com o problema, malsucedida até então, era entrar com processos de despejo. E, enquanto eles se arrastavam na Justiça, os ânimos dos dois lados se exaltavam. Penido foi então a Salvador para se reunir com líderes do MST da Bahia. A empresa estava disposta a ceder terras, mas, depois de três encontros, Penido se viu frustrado. As negociações não avançavam porque havia muita desconfança em relação à empresa, e o executivo logo percebeu que, a despeito de sua boa vontade, seria
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prosa, só polícia”, diz o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que foi um dos fundadores do MST na Bahia e também acompanhou as negociações. “Mas a sensibilidade da empresa e sua disposição para o diálogo foram fundamentais para reverter a situação.” O plano da Fibria não se limitou a ceder terras e a bancar a construção de infraestrutura. Pelo contrário. Desde o início a liderança da empresa teve consciência de que, além de botar um ponto-fnal no imbróglio com os índios e o MST, suas ações com a vizinhança teriam de ser mais abrangentes e duradouras. Portanto, ainda em 2010, quatro consultores foram contratados para fazer um diagnóstico da situação das comunidades que vivem ao redor dos 242 municípios onde a empresa atua em cinco estados. Defnido um raio de, no máximo, 3 quilômetros de distância das operações, foram descobertas 800 comunidades. Desde então, 400 já entraram na mira da Fibria da seguinte maneira: no primeiro mês, um consultor contratado pela empresa visita a comunidade e faz um diagnóstico de como ela sobrevive. Nos três
O plano da Fibria não se limitou a ceder terras. Desde o início a liderança da empresa teve consciência de que suas ações com a vizinhança teriam de ser abrangentes e duradouras lias, que vivem da produção e da comercialização de farinha de mandioca, frango e pimenta. No local, a Fibria também construiu uma escola agrícola que atende mais de 300 pessoas por ano. Desde então, a relação entre a empresa e o MST nessa região tornou-se amistosa. No dia 23 de julho de 2013, o movimento ofereceu a Penido, Castelli e outros executivos da Fibria uma galinhada. A cena seria impensável anos antes, quando os encontros entre a empresa e o movimento aconteciam nos tribunais. “Naquela área não existia
meses seguintes, a população é convidada a discutir negócios que poderiam impulsionar seu desenvolvimento econômico. Defnido o caminho a ser trilhado, a empresa incentiva a formação de uma cooperativa e patrocina a aquisição de itens essenciais para que a atividade prospere. Só no ano passado, foram mais de 31 milhões de reais investidos. Em Alcobaça, na Bahia, a empresa fnanciou a construção de uma fábrica de produção de farinha de mandioca no valor de 900 000 reais. Com isso, a renda média dos coopera-
Invasão do MST em 2006 a uma operação da Aracruz, no Rio Grande do Sul: situação que a Fibria deseja que fque no passado
Jefferson Bernardes/Preview.com
preciso encontrar um interlocutor para ajudar nas conversas. O nome que veio à tona foi Paulo Kageyama, um respeitado professor da Esalq, a escola de agronomia da Universidade de São Paulo. Kageyama deu aula para muitos dos engenheiros forestais da Fibria. E também tinha um longo relacionamento com o MST, por assessorá-lo no uso de técnicas para a produção de alimentos em assentamentos. O professor aceitou intermediar a negociação e, não sem surpresa, soube que teria carta branca para formatar um projeto de uso da terra que não sofreria interferências da empresa. “Foi algo surpreendente: nunca imaginei que um suposto inimigo faria uma proposta tão inusitada”, diz Kageyama. Nos momentos mais decisivos da conversa, Penido e João Pedro Stédile, principal liderança do MST, estiveram presentes. O resultado concreto da negociação foi um assentamento sustentável. Ele engloba sete acampamentos, que somam cerca de 11 000 hectares em cinco fazendas da Fibria — que representa pouco mais de 1% da área total de forestas que a empresa possui. Neles moram 1 844 famí-
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dos aumentou 25%. O objetivo da empresa é que, até 2025, 70% das atividades de geração de renda que ela apoia sejam autossustentáveis. É uma meta ambiciosa: hoje, cerca de 10% das comunidades que receberam consultoria da Fibria para estruturar negócios estão se virando sem a ajuda da empresa. “Parece pouco, mas isso já foi 5% há cinco anos”, diz Fausto Camargo, gerente de sustentabilidade da Fibria e responsável pelo projeto. Em 2009, quando comprou a Aracruz, a Fibria não herdou apenas um
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Luciano Penido, presidente do conselho da Fibria: foi dele a decisão de acabar com as brigas da empresa com o MST e os índios
passivo social, mas também uma dívida de mais de 2 bilhões de dólares, fruto de operações de alto risco que a empresa adquirida realizou no mercado de câmbio. Hoje, depois de anos de um regime fnanceiro severo e da venda de muitos ativos, o endividamento da empresa, que já foi mais de cinco vezes superior à sua receita, foi reduzido a pouco menos da metade. “A situação está controlada e vai permanecer assim”, diz Guilherme Cavalcante, diretor fnanceiro e de relações com investidores da Fibria. O mercado concorda.
Recentemente, agências de rating como Moody’s e Fitch fzeram elogios à operação da Fibria e melhoraram sua nota de risco. Em público, Penido e Castelli são cuidadosos ao se referir às iniciativas de sustentabilidade da empresa, mas é inegável que eles estão orgulhosos do que ela conquistou até agora também nessa seara. Isso não signifca, porém, que eles não saibam que a questão pode sofrer revezes. Afnal, todas as conquistas realizadas até agora estão ancoradas em relações humanas, e essas são mais suscetíveis a
intempéries do que as de outras naturezas, como a fnanceira. Fotos de executivos da empresa em clima de festa com líderes do MST já foram publicadas em jornais e geraram desconforto por parte dos antigos inimigos da Fibria. Ainda assim, há um consenso de que muito chão já foi percorrido e de que as desavenças do passado fcarão no passado. “Estamos seguros de que escolhemos o caminho certo e, por isso, estamos animados e vamos continuar nele”, diz Carlos Alberto Roxo, diretor de sustentabilidade da Fibria. Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 51
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as empresas mais
sustentáveis
em 19 setores fibria empresa sustentável do ano agronegócio...........................................................................54 autoindústria .......................................................................58 Bens de capital ...........................................................64 Bens de consumo..........................................70 Construção civil.......................................................78 Consultoria, gestão e ti......................................................................................80 eletroeletrônicos.................................................84 energia................................................................................................................90 Hotelaria ................................................................................................100
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infraestrutura....................................................................102 instituições fnanceiras......106 material de construção......1 1 2 mineração e siderurgia........1 1 6 papel e celulose.....................................................124 Química .......................................................................................................128 serviços de saúde....................................134 telecomunicações ...................................140 transporte e logística.............144 pme................................................................................................................................146
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AGRONEGóCIO
BUNGE presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2002
2003
receita líquida em 2013 34 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 18 350
Encurtando o caminho ao mercado europeu Com seu novo porto no Pará, a empresa de alimentos Bunge reduz 20% a distância para exportar grãos à Europa — e evitará 100 000 viagens de caminhão | michele tieppo
U
ma das maiores empresas de agronegócio do Brasil, a Bunge comercializa anualmente cerca de 20 milhões de toneladas de grãos, adquiridos de 20 000 fornecedores. Para movimentar essa produção, realiza 900 000 viagens de caminhão, 170 000 de trem e 350 de barcaça. A logística, portanto, é fundamental para a empresa, que precisa investir continuamente nessa área e torná-la mais efciente. Um exemplo foi a inauguração, em abril deste ano, de um terminal portuário em Barcarena, no Pará. O empreendimento, que custou 700 milhões de reais, permitirá que grãos produzidos no Centro-Oeste e destinados ao mercado europeu sejam escoados por hidrovia. Os ganhos serão expressivos. O novo terminal pode receber até 100 comboios de 20 barcaças por ano. Com isso, cerca de 100 000 viagens de caminhão poderão ser eliminadas. Os grãos chegarão à Europa percorrendo uma distância 20% menor e com redução de 20% nas emissões de carbono, em comparação com os embarques pelos portos de Santos e Paranaguá — as principais rotas usadas pela Bunge antes da construção do terminal em Barcarena. Para ter esse ganho logístico e ambiental, a Bunge precisou dar atenção a um problema: pequenos produtores
de grãos estão se instalando de forma desordenada ao longo da rodovia BR-163, que liga o Centro-Oeste ao Norte. Para reduzir os impactos, a Bunge firmou uma parceria com a ONG The Nature Conservancy. O objetivo é monitorar os produtores em relação às boas práticas, barrando fornecedores que violem normas ambientais e trabalhistas. Esse trabalho é crucial para que a rota pelo Norte se consolide como via preferencial para
a exportação de soja que atenda às exigências de sustentabilidade do mercado europeu. “Quanto maior o conhecimento das condições socioambientais das áreas produtivas que nos abastecem, maior será o acesso a mercados”, diz Raul Padilla, que assumiu a presidência da Bunge Brasil em maio. “Temos uma visão clara sobre sustentabilidade. Nossa meta é fazer do Brasil a operação mais efciente da Bunge no mundo.”
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
78,7 dimensão econômica
89,7 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
89,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
85,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
54 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Germano Lüders
Raul Padilla, presidente da Bunge: investimentos em eficiência da logística são cruciais
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 55
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AGRONEGócIO
AmAggi presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 11,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 000
Atestado de boas práticas A Amaggi investe em certifcação internacional para evitar o risco de ter seus produtos barrados no exterior por questões sociais ou ambientais | michele tieppo
D
esde que iniciou suas atividades, em 1977, produzin do sementes no Paraná, a Amaggi conseguiu dar um grande salto nos negócios. A expansão começou no fm dos anos 70, quando a empresa, criada pelo gaúcho André Maggi, comprou terras em Mato Grosso e passou a produzir grãos. Ho je é um dos maiores produtores de soja do mundo e, além do agronegó cio, atua em logística, transporte fu vial, administração portuária e gera ção de energia. A expansão dos negó cios trouxe como consequência o aumento da responsabilidade social e ambiental. Ciente de seu papel, a Amaggi foi a primeira empresa de agronegócio no mundo a receber, em 2011, a certifcação da Round Table on Responsible Soy, organização inter nacional que atesta a produção sus tentável de soja. No ano passado, a Amaggi deu um passo adiante e obte ve a certifcação da RTRS para 165 000 toneladas de soja própria e 373 000 toneladas de 54 fornecedores. Outra iniciativa foi a adesão à GHG Protocol, ferramenta criada pela americana World Resources Institu te (WRI) para medir as emissões de gás de efeito estufa. Segundo a WRI, a agropecuária é responsável por 13% das emissões globais — o Brasil é o se gundo país que mais lança gases no se
tor, atrás apenas da China. Para evitar o risco de restrições comerciais pelos compradores estrangeiros, a Amaggi, que obtém mais de 80% da receita com vendas para o exterior, tornou se a primeira empresa de agronegó cio no país a publicar o inventário de emissão de gases conforme as diretri zes da WRI. “O reconhecimento dos riscos das alterações climáticas faz com que a companhia invista cada vez mais na produção sustentável”,
diz Juliana Lopes, diretora de susten tabilidade da Amaggi. Para garantirse como boa fornecedora internacional, a Amaggi terá de se adaptar à ferra menta da WRI. Afnal, por diferença de metodologia — antes, por exemplo, a empresa não contabilizava os gases lançados pelo transporte terceirizado —, houve aumento de quase 75% nas emissões em 2013 ante o ano anterior. “Vamos baixar esse número de forma transparente”, afrma Juliana.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
78,1 dimensão econômica
75,2 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
79,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
84,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
56 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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ODEBRECHT AGROinD. presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 14 100
Estreitando os laços com comunidades do interior Com nove fábricas instaladas em pequenos municípios, a Odebrecht Agroindustrial busca participar da vida local apoiando projetos escolhidos pela população | michele tieppo
Q
uando foi criada, em 2007, para atuar na produção de etanol e açúcar, a Odebrecht Agroindustrial, que então se chamava ETH Bioenergia, tinha uma meta: ser sustentável. Afnal, seu principal negócio é a geração de energia limpa e renovável, e faz todo o sentido cuidar do meio ambiente. Desde o início, a companhia assegurou que 100% da colheita de cana de seus fornecedores fosse feita de forma mecanizada, evitando assim as queimadas, que degradam o solo e poluem o ambiente. “Não podemos diminuir a qualidade de vida das próximas gerações. Esse é o nosso princípio”, afrma Genésio Couto, vice-presidente de sustentabilidade da Odebrecht Agroindustrial. Com produção de 1,8 bilhão de litros de etanol na última safra, a empresa tem nove unidades industriais em quatro estados, instaladas em municípios distantes dos grandes centros. Ao todo, 200 000 pessoas vivem nessas localidades, das quais mais de 14 000 trabalham na companhia. Ciente de sua importância para o desenvolvimento desses municípios, a Odebrecht iniciou há cinco anos o programa Energia Social, com o objetivo de fortalecer os laços com as comunidades. Por meio da gestão participativa, com representantes da prefeitura e da co-
munidade, o programa discute e patrocina ações de cultura, educação, saúde, segurança e meio ambiente. Até agora, foram investidos 15 milhões de reais na implantação de 57 projetos, que vão desde a capacitação de padeiros e pedreiros — uma vez que faltam esses profssionais quando as cidades começam a crescer — até obras de saneamento. Ao todo, 20 000 pessoas foram benefciadas pelas ações. Um dos desafos para a continuidade do
programa é o mau momento do setor de etanol, que se queixa da baixa remuneração em razão do controle de preço da gasolina pelo governo federal. Em 2013, a Odebrecht Agroindustrial teve um prejuízo de 1,3 bilhão de reais. Uma consequência é que, neste ano, ela deverá reduzir 15% seus investimentos. “Para ampliar nossas ações nas comunidades, precisamos recuperar nossa capacidade de investimento”, diz Couto.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
79,6 dimensão econômica
67,8 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
76,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
72,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 57
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10/31/14 5:13 PM
AUTOINDÚSTRIA
VOLVO presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2002
2003
receita líquida em 2013 2,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 700
A efciência produtiva mora nos detalhes Em uma década, pequenas mas constantes melhorias na fábrica em Curitiba ajudaram a Volvo a cortar pela metade a emissão de gases de efeito estufa | Michele Tieppo
N
em sempre é preciso realizar grandes investimentos para tornar uma empresa mais amigável ao meio ambiente. A experiência da montadora sueca Volvo mostra que é possível diminuir os gastos de energia e a emissão de gases causadores de efeito estufa com pequenas modifcações nas linhas de produção. A empresa vem aplicando essa mentalidade em sua fábrica em Curitiba, de onde saem os ônibus e os caminhões vendidos no mercado brasileiro. “Os responsáveis de cada área procuram onde é possível alguma melhoria ambiental, por menor que seja”, diz Carlos Morassutti, vice-presidente de RH e assuntos corporativos da Volvo. Em uma década, a soma de avanços até certo ponto modestos obtidos dessa forma diminuiu 63% a energia necessária para fabricar um veículo. No mesmo período, a empresa cortou pela metade a emissão de gás carbônico na atmosfera. Boa parte desses resultados decorre de iniciativas simples. Recentemente, a empresa passou a aproveitar o calor gerado pelas máquinas de usinagem de motores para esquentar a água dos chuveiros no vestiário dos funcionários, antes aquecida a gás. Agora a montadora está implantando um projeto semelhante para usar a energia térmica produzida por diferentes
equipamentos para levar água quente à cozinha industrial da empresa. Outro exemplo: a Volvo identifcou que, em determinadas etapas da fabricação, as máquinas ficavam ligadas o tempo todo, mesmo quando não havia veículos passando pela linha de montagem. Isso acontecia porque, uma vez desligados, esses equipamentos demoravam para entrar em funcionamento novamente, prejudicando a produtividade. Em junho do ano pas-
sado, a Volvo realizou uma adaptação no maquinário, que agora pode permanecer desligado quando não está sendo usado. Além disso, a companhia vem aprimorando a reciclagem de materiais. Hoje, mais de 90% dos resíduos de matérias-primas — como aço, ferro e plásticos — são reprocessados na própria fábrica. Dessa forma, em vez de ser descartados, retornam para a produção. É um detalhe a mais para tornar a operação mais efciente.
deseMpenho dez indicadores-chave(1)
diMensão geral
68,3 diMensão econôMica
68,3 diMensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,4
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
diMensão aMbienTal
86,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
58 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorVOLVO.indd 58
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Leandro Fonseca
Carlos Morassutti, vice-presidente da Volvo: 63% menos energia para fabricar cada veículo
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 59
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AUTOINDÚSTRIA
EATON presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 3,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 5 000
A melhor vitrine são as próprias fábricas Com sete unidades industriais no Brasil, a americana Eaton mostra que o uso efciente de recursos como água e energia deve começar dentro de casa | michele tieppo
H
á mais de 100 anos a americana eaton fornece tecnologia de gerenciamento de energia para clientes do mundo todo nos setores automotivo, de aviação, de construção e para indústrias em geral. A empresa tem sete fábricas no Brasil e acompanhou de perto o aumento da demanda local por produtos menos agressivos ao meio ambiente. A lista de produtos inclui motores híbridos, elétricos e hidráulicos que ajudam a economizar combustível e reduzem a emissão de gases de efeito estufa por caminhões, ônibus e carros, bem como sistemas de alta pressão hidráulica em aeronaves, que reduziram o peso e melhoraram a efciência do combustível. Fabricando esses tipos de produto, seria inadmissível se a empresa não colocasse em prática as próprias soluções de efciência energética. “Nossas fábricas são a maior vitrine. Precisamos ser efcientes para provar aos clientes que temos boas soluções”, afrma João Vicente Faria, presidente da Eaton para a América Latina. Não faltam bons indicadores para exibir. O consumo de água nas fábricas brasileiras, por exemplo, caiu 15% em 2013, com ações que vão desde a instalação de torneiras automáticas nos sanitários até a troca do sistema de refrigeração, que era feita com água e
passou a ser realizada com ar. O consumo de energia também diminuiu — queda de 28% em 2014. A capacidade dos fornos é verifcada continuamente e, quando um equipamento não é usado em 100% de sua capacidade, deve ser desligado e o trabalho é direcionado para outra unidade da Eaton. A mesma medida é válida para diminuir a emissão de gases nocivos. Com menos fornos ligados, há menos emissão — o volume caiu 5% em 2013.
Segundo Faria, ser sustentável custa caro, pois nem todas as tecnologias estão disponíveis em larga escala. O desafo é fazer os clientes compreender a importância de pensar no longo prazo, em vez de adotar soluções ambientalmente corretas apenas para cumprir a legislação. “Empresas que olham a sustentabilidade como uma vantagem competitiva, e não como uma obrigação, vão emergir como líderes na próxima década”, diz Faria.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
64,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
76,3 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
74,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
60 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorEATON.indd 60
10/29/14 4:34 PM
1098583-BASF S_A-1_1-1.indd 61
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1104298-EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S_A-2_1-1.indd 62
29/10/2014 19:25:02
1104298-EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S_A-2_1-1.indd 63
29/10/2014 19:25:04
BENS DE CAPITAL
TeTra Pak presença no guia
2000
2001
2002
receita líquida em 2013 ni
2003
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 800
Agora só falta achar o alumínio verde
Com a substituição do plástico comum pelo polietileno obtido da cana, a fabricante de embalagens Tetra Pak avança no uso de materiais renováveis | maria alice rosa
A
sueca tetra pak, fabricante de embalagens para leite, sucos e outros alimentos, estima que seus produtos estejam presentes em 95% dos lares no Brasil. Só no ano passado, vendeu 13 bilhões de embalagens no país. Essa onipresença traz um desafio: minimizar o impacto ambiental dos produtos. Neste ano, a Tetra Pak deu um passo importante nessa área ao introduzir uma mudança imperceptível para o consumidor, mas que contribui para preservar o meio ambiente: a proporção de materiais renováveis em cada embalagem subiu de 75% para 82%. O avanço é resultado do uso de polietileno verde, resina obtida da cana-de-açúcar. “Somos a primeira empresa do grupo no mundo a utilizar o plástico verde”, diz Marcelo Queiroz, presidente da Tetra Pak no Brasil. “O objetivo é chegar algum dia a 100% de materiais renováveis.” A empresa não estabeleceu uma data para atingir essa meta. Não será uma tarefa simples. As embalagens da Tetra Pak são compostas basicamente de três tipos de material: papel-cartão, polietileno e alumínio. O papel-cartão é feito de papel certifcado, obtido com o uso sustentável de recursos naturais. O polietileno foi substituído pelo plástico verde desenvolvido pela petroquímica Braskem.
Falta achar um substituto renovável para o alumínio — ele tem na embalagem a função de servir de barreira contra a luz e o oxigênio, que aceleram a degradação dos alimentos. Além de avançar na busca de materiais mais amigáveis para a natureza, outra frente de atuação da Tetra Pak é promover a reciclagem. Nos últimos dez anos, a empresa dobrou o volume de embalagens recicladas. Em 2013, foram coletadas e processadas 71 000
toneladas, 9% mais do que no ano anterior. Para ampliar esse volume, a empresa apoia 600 cooperativas de catadores no país, fornecendo equipamentos e capacitando a mão de obra. Esse é um trabalho fundamental para a sustentabilidade do negócio da Tetra Pak. “Os consumidores estão cada vez mais conscientes”, diz Queiroz. “Em um futuro próximo, eles deixarão de comprar produtos cujas embalagens não sejam 100% recicláveis.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
73,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
80,8 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
82,9
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
88,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
64 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Leandro Fonseca
Marcelo Queiroz, presidente da Tetra Pak: apoio a 600 cooperativas de catadores no país
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 65
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29/10/2014 19:01:44
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BENS DE CAPITAL
WEG presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 29 000
Como fazer mais com menos energia
A fabricante de motores Weg tornou-se uma das primeiras empresas no país a aplicar normas internacionais de gestão energética | maria alice rosa
E
m condições normais, tudo o que é executado com método costuma trazer resul tados melhores do que aquilo que é feito aleatoriamente ou de for ma pouco organizada. Por isso, há cerca de dois anos os executivos da fabricante de motores elétricos Weg, de Jaraguá do Sul, no interior catari nense, decidiram avaliar a aplicação de um conjunto de normas para a ges tão efciente de energia — chamadas ISO 50 001, as regras foram publica das internacionalmente em 2011 para funcionar como uma espécie de pa drão de qualidade no uso de energia para as empresas. “Até então, vínha mos adotando medidas pontuais para melhorar nossa efciência energética”, diz Antônio Cesar da Silva, diretor de marketing corporativo da Weg. “Com as novas normas, vimos a oportuni dade de sistematizar as ações para melhorar a gestão de energia.” A empresa decidiu testar as regras da ISO 50 001 na maior de suas fábri cas de motores elétricos, em Jaraguá do Sul. Os resultados mostraram um consumo de energia 17% menor nos laboratórios de testes e 13% menor nas linhas de produção. A economia foi obtida com a aplicação de medidas que vão desde o treinamento de fun cionários para identifcar eventuais desperdícios de eletricidade até a
substituição de equipamentos por outros mais efcientes. A fábrica na qual o trabalho foi executado se tor nou, em 2012, a primeira no Brasil que obteve a certifcação ISO 50 001 — até hoje, apenas 13 empresas brasileiras receberam o certifcado. A experiência inspirou a criação, no ano passado, de um programa de ef ciência energética que já começou a ser aplicado em três fábricas do grupo — um levantamento mostrou que, nes
sas unidades, o gasto de energia para obter 1 real em receitas operacionais líquidas caiu cerca de 16% após a ado ção das medidas. Em 2014, o projeto está sendo ampliado para mais 15 fá bricas de motores e oito unidades onde a empresa produz equipamentos de automação e energia. “Estávamos jo gando energia fora e não enxergáva mos”, diz Silva. “O programa de ef ciência é um marco importante na es tratégia de sustentabilidade da Weg.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
71,1
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
85,1 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
75,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
69,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
68 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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BENS DE CONSUMO
Unilever presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 15,7 bilhões de reais
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOr 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 13 500
Só com o carimbo de boas práticas A Unilever desenvolve um trabalho com seus fornecedores para atingir a meta de 100% de matéria-prima agrícola com certifcação de origem até o fm da década | beto gomes
A
anglo-holandesa unilever chega à casa de milhões de consumidores brasileiros com mais de 700 produtos alimentícios, de limpeza e cuidados pessoais. A variedade da linha vai da margarina ao sabão em pó e também pode ser medida pela enorme cadeia de fornecedores envolvidos. São mais de 5 000 parceiros, dos quais 340 responsáveis pelo fornecimento de embalagens e insumos para a fabricação dos produtos. A seleção e a avaliação dessas empresas são feitas por meio de um sistema que inclui programas de qualidade e processos que consideram a adoção de boas práticas socioambientais. No caso dos fornecedores de insumos agrícolas, o trabalho envolve também um programa de certifcação da matéria-prima. A Unilever incentiva seus parceiros a obter certifcação de organizações reconhecidas. Em 2013, por exemplo, dois fornecedores de soja obtiveram a chancela da Roundtable on Responsible Soy (RTRS), entidade internacional que atesta a adoção de boas práticas no cultivo do grão — foram os primeiros processos de certifcação de produtores de soja não geneticamente modifcada do Brasil. Outros insumos fazem parte da lista de matérias-primas sustentáveis da Unilever. Hoje, 100% do óleo de palma
adquirido pela empresa no país provém de fontes rastreáveis e certifcadas. Frutas e vegetais, papel e papelão seguem o mesmo caminho e devem atingir 100% de certifcação até o fm do ano. “Garantir a origem de matérias-primas agrícolas é um desafio para qualquer empresa, ainda mais num país com a dimensão do Brasil”, afirma Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. “Não temos a pretensão de nos tornar os melhores
nas questões de sustentabilidade, mas queremos liderar uma mudança em todo o setor, mesmo que tenhamos de transferir tecnologia para outras empresas.” Hoje, 40% dos insumos agrícolas da Unilever brasileira vêm de fontes certifcadas. Há três anos, esse índice era de 20%. “Já atingimos algumas metas antes do prazo e tudo indica que, em 2020, chegaremos a 100% das matérias-primas com certifcação de origem”, diz Fernandez.
Desempenho Dimensão geral
Dez inDicaDores-chave(1)
76,8
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
Dimensão econômica
78,0
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
Dimensão social
91,3
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
Dimensão ambiental
86,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
70 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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LEANDRO FONSECA
Fernando Fernandez, presidente da Unilever: “Queremos ser os líderes de uma mudança no setor”
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 71
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BENS DE CONSUMO
BRASIL KIRIN presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 4 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 11 500
Um refresco nas embalagens
Em 2013, a Brasil Kirin poupou 4 000 toneladas de resinas plásticas ao diminuir a quantidade de matéria-prima nas garrafas de água e refrigerante | dubes sônego
U
ma das principais preocupações da área de sustentabilidade da indústria de refrigerantes é dar um destino adequado às embalagens de seus produtos depois de consumidos. Não é para menos: garrafas plásticas vazias boiando em rios e córregos compõem hoje uma das cenas clássicas da má gestão do lixo nas grandes cidades do país. A fabricante de bebidas Brasil Kirin vem buscando resolver o problema atacando em duas frentes. Uma delas é fazer parcerias com cooperativas de catadores para incentivá-los a recolher o material descartado pelos consumidores. A outra é diminuir a quantidade de matéria-prima utilizada na produção das embalagens, trabalho que começou a ser desenvolvido em 2012. O princípio por trás dessa iniciativa é bastante óbvio: a melhor maneira de lidar com o lixo é produzi-lo em menor quantidade — além de tornar mais sustentável a produção de embalagens, a empresa reduz custos. No ano passado, a Brasil Kirin calcula ter poupado aproximadamente 4 000 toneladas de resinas plásticas — esse volume corresponde à quantidade adicional de matéria-prima que seria consumida caso as embalagens não tivessem sido modifcadas. O resultado foi obtido com a diminuição da altura da tampa, que há dois anos fcou
25% menor, e com a fabricação de garrafas de plástico mais fino. Agora a empresa enfrenta o desafo de encontrar novas maneiras de seguir reduzindo a quantidade de plástico nas garrafas. “Chegamos ao limite do que dá para fazer sem comprometer a resistência das garrafas”, diz Juliana Nunes, vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade da empresa. Isso traria problemas no transporte e na armazenagem para distribuidores,
varejistas e consumidores. Não quer dizer que não seja possível fazer embalagens ainda mais econômicas — mas isso vai exigir investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Para isso, a Brasil Kirin frmou uma parceria com o Laboratório Nacional de Biociências, de Campinas, especializado na aplicação de biotecnologia no desenvolvimento de produtos e processos. “Estamos pesquisando novos materiais e formatos”, diz Juliana.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
85,1
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
89,3 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
74,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
72,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
72 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorBRASILKIRIN.indd 72
10/29/14 8:46 PM
CoCa-Cola presença no guia
2000
2001
receita líquida em 2013 ni
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 66 000
Em busca dos frutos da floresta
A Coca-Cola transformou moradores de comunidades extrativistas da Amazônia em fornecedores de matéria-prima para sua nova linha de sucos | dubes sônego
H
á pouco mais de um ano, funcionários do Instituto Coca-Cola, braço de responsabilidade social da maior fabricante de refrigerantes do planeta, começaram a percorrer a Amazônia. Sua missão: encontrar comunidades extrativistas que pudessem fornecer açaí para a Del Valle, marca de sucos da Coca-Cola. A fruta, que cresce naturalmente às margens dos rios da região, havia sido escolhida como um dos principais ingredientes de uma bebida que a empresa se preparava para lançar. A busca resultou num contrato com cerca de 600 famílias espalhadas por 50 comunidades no município de Manacapuru, na região metropolitana de Manaus, e em Carauari, cidade com menos de 30 000 habitantes banhada pelo rio Solimões, no interior amazonense. Não foi fácil fazer comunidades ribeirinhas se tornarem fornecedoras da multinacional. “Tivemos de superar vários obstáculos”, diz Marcos Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola. “Poderíamos comprar o açaí de grandes produtores que atuam na região, mas preferimos um caminho que pudesse levar desenvolvimento sustentável ao interior do Amazonas.” Para viabilizar o projeto, o primeiro desafo foi dotar as comunidades com a infraestrutura mí-
nima para garantir a qualidade das frutas. Com o apoio do governo estadual, a Coca-Cola obteve do Banco da Amazônia linhas de crédito para a construção de pequenas agroindústrias para processar o açaí nas proximidades dos locais da colheita — para manter o sabor e as qualidades nutricionais, o açaí precisa ser transformado em polpa e pasteurizado em até 24 horas após a colheita. Depois, foi preciso contratar empresas de refrigera-
ção para que a polpa pudesse ser armazenada. Em outras palavras, a decisão de comprar açaí dos pequenos produtores começou a movimentar a economia local. “Não é apenas mais um negócio para a Coca-Cola”, afrma Simões. “Esse projeto mostra que é possível unir os objetivos da empresa a um programa capaz de promover transformações sociais.” O planejamento da companhia prevê o uso de outros produtos nativos da Floresta Amazônica.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
77,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
74,9
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
82,5
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
79,6
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 73
SUSTENTA2014_SetorCOCACOLA.indd 73
10/29/14 5:28 PM
BENS DE CONSUMO
Grupo BoTiCÁrio presença no guia
2000
2001
2002
receita líquida em 2013 ni
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 7 000
Expansão do negócio sem abrir mão da beleza Com sua nova fábrica na Bahia, o Grupo Boticário, do setor de cosméticos e perfumaria, avança no uso mais efciente dos recursos naturais | helô reinert
H
á dois anos, o grupo boticário, um dos maiores do Brasil em produção e venda de produtos de beleza, adotou um lema que tenta traduzir a essência de seu negócio: “Beleza é o que a gente faz”. Na mesma época, o grupo defniu sua estratégia de sustentabilidade e elegeu os temas prioritários. Um deles é a ecoefciência, o uso efciente de recursos naturais. “A meta é que a preservação do meio ambiente seja incorporada ao dia a dia de nosso negócio”, diz Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário. Um exemplo da aplicação desse conceito é a nova fábrica do Boticário, inaugurada em setembro em Camaçari, na Bahia. A fábrica, que recebeu um investimento de 380 milhões de reais e aumentou 50% a capacidade de produção do grupo, abastecerá as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. A nova unidade foi planejada de modo a possibilitar melhor uso dos recursos naturais. A parede e o telhado da fábrica, por exemplo, foram pintados de branco, o que permite maior refexão da luz solar — e diminui até 20% a temperatura interna, reduzindo o consumo de energia com ar-condicionado. Os chuveiros no banheiro dos funcionários são aquecidos por painéis solares e aproveitam água de reúso. No estacionamento, há vagas pre-
ferenciais para os empregados que dão carona aos colegas. Para reduzir a emissão de gases e estimular a economia local, os fornecedores do material de construção da fábrica foram contradados na própria região. A outra fábrica do Boticário, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, não foi esquecida. Ela foi reformada e ganhou um novo espaço, o centro de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, cujo
prédio é parcialmente iluminado por energia solar. Além disso, a empresa substituiu o telhado dos três prédios do complexo industrial por chapas que permitem a passagem de luz natural. Os chillers (equipamentos usados para resfriar a água utilizada nos processos de produção e na climatização) foram substituídos por modelos americanos mais modernos. Tudo isso ajudou a empresa a reduzir 20% o consumo de energia.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
77,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
67,8
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
76,8
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
88,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
74 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorBOTICARIO.indd 74
10/29/14 5:35 PM
Kimberly-ClarK presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,6 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 000
Economia até a última gota
A fabricante de papel Kimberly-Clark tem uma meta ambiciosa para sua unidade em Mogi das Cruzes — reciclar toda a água utilizada na produção | dubes sônego
A
s fabricantes de papel no mundo inteiro estão numa corrida para tornar o setor ambientalmente mais sustentável. Uma das principais metas é diminuir, até o fm do ano que vem, de 30 000 para 25 000 litros a quantidade média de água utilizada para produzir 1 tonelada de papel. Será um objetivo ambicioso o bastante? A fábrica da Kimberly-Clark em Mogi das Cruzes, no interior paulista, mostra que é possível ir bem mais longe. Em 2013, a empresa precisou de aproximadamente 5 000 litros de água para fabricar 1 tonelada de papel. Trata-se de um dos melhores indicadores entre as unidades do grupo, que possui fábricas em 38 países. “Na companhia, estamos praticamente empatados com as unidades israelenses como as mais sustentáveis no uso da água”, afrma Marco Antonio Islazji, diretor de assuntos corporativos da Kimberly-Clark. Em 2012, a unidade da Kimberly-Clark em Mogi das Cruzes já era bastante efciente para os padrões mundiais, gastando em média 12 000 litros de água por tonelada de papel produzida. Foi quando a matriz da empresa anunciou a intenção de fazer um estudo mundial sobre a pegada hídrica da empresa — em outras palavras, o impacto que suas atividades têm so-
bre as fontes de água. “Decidimos aproveitar a oportunidade para descobrir como melhorar nossos indicadores”, diz Islazji. O trabalho foi realizado no ano passado, em parceria com a organização não governamental TNC. Com base no estudo, a Kimberly-Clark identifcou onde poderia diminuir ainda mais o consumo de água, substituindo equipamentos e controlando vazamentos, por exemplo. Também foi iniciado um projeto de reci-
clagem. Hoje, a fábrica reutiliza 55% da água captada para a produção. Foi o sufciente para esgotar as ambições da Kimberly-Clark? Ainda não. Em 2015, a empresa pretende investir num projeto para reciclar praticamente toda a água que entra na fábrica. “Com isso, acabaremos quase completamente com a captação de água na bacia do rio Tietê, que nos abastece”, diz Janaína Karen Rodrigues, gerente ambiental da Kimberly-Clark.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
71,2
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
75,0 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
85,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
80,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 75
SUSTENTA2014_SetorKIMBERLYCLARK.indd 75
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BENS DE CONSUMO
NATURA presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 6 700
Fazer o básico não é mais o bastante
A Natura traçou um objetivo ambicioso: em vez de reduzir os efeitos negativos, quer que seu negócio de cosméticos cause um impacto positivo no meio ambiente | dubes sônego
É
comum encontrar empresas preocupadas em diminuir ou neutralizar os efeitos negativos causados por seus negócios ao meio ambiente. A Natura, uma das principais fabricantes de cosméticos do mercado brasileiro, decidiu, desde o ano passado, perseguir uma meta bem mais ambiciosa: produzir um impacto ambiental positivo. É como se, a partir de agora, a Natura se comprometesse a reforestar áreas maiores do que o necessário para compensar a emissão de gases causadores de efeito estufa em suas operações, devolver aos rios efuentes mais limpos do que a água captada para uso em sua linha de produção ou criar modelos de negócios para tornar a exploração comercial de forestas mais rentável do que se fossem desmatadas. O novo conceito é a base de um documento consolidado em abril deste ano com a visão de sustentabilidade da empresa para 2050, além de um conjunto de compromissos a ser buscados até 2020. O plano de ação da Natura foi dividido em três áreas: gestão e organização, cuja meta é incorporar o novo conceito na administração da empresa; rede de relações, com a qual pretende contribuir para incentivar o impacto positivo nos públicos com os quais a Natura se relaciona, como os fornecedores; e mar-
cas e produtos, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento de um comportamento sustentável entre os consumidores. “Estamos trabalhando agora para desdobrar nossos compromissos em estratégias, políticas e projetos que possam ser incluídos no planejamento estratégico dos próximos anos”, diz Denise Alves, diretora de sustentabilidade da Natura. Pelo menos em parte, o discurso começa a sair do papel. Um exemplo
foi a criação do Movimento Natura 2.0, uma plataforma online concebida para facilitar o encontro de pessoas interessadas em participar de ações de impacto socioambiental, como plantar árvores ou prestar algum tipo de serviço voluntário. “Não vai ser fácil gerar o impacto que desejamos”, afrma Denise. “Algumas coisas temos noção de como devem ser feitas, mas, em muitos casos, vamos precisar ser bastante inovadores.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
73,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
81,4
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
81,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
82,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
76 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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10/29/14 5:54 PM
1104334-QUIMICA AMPARO LTDA-1_1-1.indd 77
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coNSTrUção cIvIL
EvEn presença no guia
2000
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor 2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,5 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 700
Para fcar de bem com a vizinhança
A Even criou um programa para aliviar os transtornos que a construção de um edifício causa a quem mora nas proximidades de seus canteiros de obra | dubes sônego
S
empre que começa a erguer um novo edifício, a construtora Even, de São Paulo, mobiliza um pelotão de funcionários para bater à porta dos moradores que vivem em um raio de até 1 quilômetro do canteiro de obras. Nas visitas, o grupo avisa sobre o início da construção, os eventuais transtornos e como as pessoas podem entrar em contato com a Even caso queiram fazer reclamações ou dar sugestões. O programa, batizado Ação Vizinho, tem o objetivo de atenuar os inevitáveis incômodos de uma obra. A circulação de caminhões com os materiais, sempre que possível, ocorre nos horários que menos atrapalhem a vizinhança. As demolições são feitas de forma a gerar a menor quantidade possível de poeira. Para compensar os aborrecimentos dos moradores, a construtora muitas vezes reforma calçadas, planta árvores e recupera praças na região. Cuidar do relacionamento com a vizinhança é um dos focos da política de sustentabilidade da Even, que começou a tomar forma em 2006. Desde então, a empresa já implantou um programa para selecionar fornecedores, que devem cumprir determinados requisitos ambientais, e um plano de remuneração de executivos atrelada a metas de sustentabilidade — uma
delas é a permanência da empresa no Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&F Bovespa, que reúne as empresas de capital aberto com as melhores práticas de gestão ambiental. A Even também investiu em tecnologias para que suas obras recebessem o certificado Aqua, concedido pela Fundação Vanzolini, que garante que o edifício foi construído de forma sustentável. Segundo Mauro Terepins, presidente da Even, os imóveis certi-
fcados podem proporcionar uma economia de 40% na conta de energia elétrica e uma diminuição de 20% no consumo de água em comparação com as construções convencionais. Para orientar os clientes sobre como aproveitar as tecnologias disponíveis nos imóveis, a Even realiza encontros periódicos. “Os encontros começam durante a obra e se estendem até o fm do período de garantia. Tudo isso pode levar sete anos”, diz Terepins.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
79,9
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
71,2 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
68,8
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
75,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
78 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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10/29/14 6:06 PM
Germano Lüders
Mauro Terepins, presidente da Even: orientação para que os clientes poupem água e energia
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 79
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10/29/14 6:06 PM
CONSULTORIA, GESTÃO E TI
PROMON presença no guia
2000
2001
2002
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2003
receita líquida em 2013 677 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 980
Solução ambiental com impacto social Para possibilitar a reciclagem das embalagens de um cliente, a área de consultoria do Grupo Promon criou um modelo que benefcia cooperativas de catadores | GUSTAVO MAGALDI
A
política nacional de resíduos sólidos, instituída em 2010, impôs às indústrias de bens de consumo o desa fo de estabelecer um processo — co nhecido como logística reversa — que lhe permita recuperar um volume de lixo reciclável correspondente ao que as empresas colocaram no mercado nas embalagens de seus produtos. Isto é, para cada quilo de plástico, papel, vidro ou papelão que acompa nha comidas, bebidas, brinquedos e outros artigos, os fabricantes têm, com a nova lei, a obrigação de enca minhar para a reciclagem 1 quilo do mesmo material, evitando assim o descarte em lixões e aterros sanitá rios. O Grupo Promon, que atua em projetos de infraestrutura, de tecno logia da informação e de consultoria, encarou esse desafo para resolver o problema de um cliente industrial de grande porte que queria não apenas cumprir a lei mas ir além e gerar be nefícios sociais e econômicos para a cadeia de reciclagem. Para alcançar esse objetivo, a estra tégia foi investir em cerca de 30 coope rativas de catadores, oferecendo ca pacitação e equipamentos mais mo dernos para elevar a produtividade da prétriagem dos resíduos. Papéis, papelão, vidro e metais seguem para indústrias de transformação, que rea
proveitam o material. Já o plástico é processado e reciclado para se trans formar numa resina que é revendida por três a quatro vezes o valor da matériaprima. Essa foi a chave para agregar valor ao negócio e conseguir pagar a conta das etapas anteriores da cadeia. “Esse modelo de logística re versa se diferencia dos outros porque, desde sua concepção, considerou o impacto positivo que poderia propor cionar na cadeia de reciclagem”, diz
Luiz Fernando Rudge, presidente do Grupo Promon. A empresa também desenvolveu, em 2013, um modelo de tratamento em série de água e efuen tes para uma nova fábrica de vidros. Com a adoção de um sistema fechado que capta água de chuva e elimina completamente o descarte dos efuen tes, o empreendimento deixa de con sumir 2,5 milhões de litros de água a cada 28 horas de operação, o sufcien te para encher uma piscina olímpica.
DeSeMpenhO DIMenSãO GerAL
Dez InDIcADOreS-chAVe(1)
77,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
DIMenSãO ecOnôMIcA
73,4 DIMenSãO SOcIAL
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
91,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
DIMenSãO AMbIenTAL
68,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
80 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorPROMON.indd 80
10/29/14 6:14 PM
Germano Lüders
Luiz Fernando Rudge, presidente do Grupo Promon: projeto de reciclagem de embalagens
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 81
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10/29/14 6:14 PM
coNSULTorIA, GESTão E TI
Ecofrotas presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 174 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 700
Mais etanol nas frotas corporativas A Ecofrotas, especializada em gestão de frotas, desenvolve uma metodologia que possibilita a venda de créditos de carbono com a adoção do etanol | GUSTAVO MAGALDI
O
s benefícios ambientais do uso do etanol em automóveis já foram comprovados em diversos estudos. Isso, porém, não é sufciente para que muitas empresas deixem de optar pela gasolina caso o preço compense. Pensando nisso, a gaúcha Ecofrotas, que atua na área de gestão de frotas empresariais, desenvolveu a primeira metodologia internacional para a geração de créditos de carbono com a substituição da gasolina pelo etanol em veículos fex. A primeira empresa a aderir à metodologia, em 2013, foi a farmacêutica paulista Biolab, que tem cerca de 1 000 funcionários usando veículos a serviço regularmente. Logo depois, outros três clientes passaram a usar somente etanol em suas frotas, o que é controlado por um sistema de pagamento utilizável em 16 000 postos credenciados no país. Um ano depois, as quatro companhias, além da própria Ecofrotas, geraram créditos equivalentes a 2 195 toneladas de carbono que deixaram de ser emitidas — o correspondente ao carbono liberado na atmosfera por cerca de 1 000 brasileiros em um ano. Parece pouco, mas os ganhos não são apenas ambientais. “Procuramos demonstrar a nossos clientes que a adoção do etanol, apesar de poder representar um gasto maior num primeiro
momento, após um ano se reverte na geração dos créditos de carbono, em ganhos de imagem e também no engajamento dos funcionários”, afrma Amanda Kardosh, gerente de sustentabilidade da Ecofrotas. “Esses créditos podem ser vendidos em mercados voluntários de carbono, gerando receita, ou usados para compensar emissões de outras áreas, reduzindo sua pegada ambiental.” Em média, as frotas gerenciadas pela empresa ob-
têm uma redução de 20% nas emissões de gás carbônico. Além do uso de etanol, contribuem para esse resultado algumas medidas simples, como a manutenção periódica dos motores e a calibragem semanal dos pneus. O próximo desafo é disseminar essa iniciativa para outras empresas clientes. Há muito trabalho pela frente. Atualmente, a Ecofrotas gerencia as frotas de 13 500 empresas em todo o país, somando 750 000 veículos.
DeSeMpenhO DIMenSãO GerAL
Dez InDIcADOreS-chAVe(1)
63,6
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
DIMenSãO ecOnôMIcA
79,8
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
DIMenSãO SOcIAL
72,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
DIMenSãO AMbIenTAL
84,0
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
82 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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10/29/14 9:04 PM
EY
presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,3 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 900
O desafo é fazer as compras certas A consultoria EY criou uma metodologia para formar cadeias sustentáveis de suprimento e aplica seu conhecimento no planejamento da Olimpíada do Rio de Janeiro | gustavo magaldi
A
preparação para os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, envolverá 540 processos de compra, os quais representarão um desembolso total estimado em 1,3 bilhão de reais. Apenas em produtos, o evento exigirá a aquisição de 48 000 toalhas, 88 000 lâmpadas, 120 000 cadeiras, 10 000 televisores e 1 milhão de itens de prática esportiva, entre outros. Dada a magnitude das compras, a aplicação de critérios sustentáveis para a escolha dos fornecedores é decisiva para minimizar os impactos ambientais negativos e aumentar os impactos sociais e econômicos positivos do evento. Esse é o princípio que norteia a consultoria que a EY, antes conhecida como Ernst & Young, está prestando ao Comitê Organizador da Olimpíada. Desde abril deste ano, a empresa ajuda o comitê a formar uma cadeia sustentável de suprimentos, desenvolvendo uma metodologia para a contratação dos fornecedores. O primeiro passo do trabalho da EY foi a defnição de categorias de compras e critérios baseados em requisitos de sustentabilidade. Agora estão sendo realizadas ofcinas com empresas interessadas, que são orientadas sobre como podem identifcar e gerir os impactos sociais e ambientais de seus produtos e serviços. Essa é uma
preparação para um período crítico do processo, já que 80% das compras serão realizadas entre este ano e 2016. Ao fm da Olimpíada, a EY será a responsável por fazer o relatório fnal dos impactos e do legado do evento. “Quando falamos de uma compra sustentável, precisamos olhar para todo o ciclo de vida do produto, desde sua fabricação até seu descarte, que ocorrerá depois dos jogos”, diz Jorge Menegassi, presidente da EY no Brasil e
na América Latina. Antes de começar o trabalho olímpico, a EY realizou uma pesquisa e um fórum de discussões sobre boas práticas de compras com 21 companhias de diferentes setores, reconhecidas por sua atuação em sustentabilidade. Os resultados desse trabalho serviram de base para a elaboração de um manual de critérios de sustentabilidade para processos de compra, disponível a qualquer empresa interessada.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
89,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
74,5 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
78,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
67,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 83
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ELETROELETRÔNICOS
PHILIPS presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2002
reCeiTa LÍQuiDa em 2013 ni
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número De funCionários 2 500
Não basta ser verde. Tem de ser barato
A Philips sabe que não adianta fazer produtos ecoefcientes se ninguém puder pagar por eles. Um exemplo são as lâmpadas LED — o preço caiu 70% em dois anos | aline scherer
H
á quatro anos, a holandesa philips traçou uma meta: até 2015, obter metade de suas vendas globais com produtos ambientalmente mais efcientes. De acordo com os critérios da empresa, para receber o selo verde um produto precisa reunir pelo menos três de seis características: consumir menos energia elétrica, ser mais leve, utilizar menos material na embalagem, não usar substâncias nocivas, facilitar a reciclagem e durar mais. Com a criação de novas tecnologias e o aumento da escala de produção, a empresa conseguiu bater a meta já em 2013 — dois anos antes do previsto. A Philips não divulga números específicos da subsidiária brasileira, mas sabe-se que o país contribuiu para o bom desempenho da marca, especialmente em iluminação. Nessa área, 70% da receita vem de produtos ecoeficientes, como as novas lâmpadas LED — que consomem até 80% menos energia do que as incandescentes. Além disso, as novas lâmpadas podem durar de 15 a 20 anos, ante apenas um ano, em média, das incandescentes. O problema das novas lâmpadas é que elas custam, no mínimo, dez vezes mais do que as comuns. “É importante que um produto seja sustentável, mas, se for muito caro, não resolve”, diz o holandês Henk de Jong, presi-
dente da Philips para a América Latina. “Por isso temos nos esforçado bastante no Brasil para baixar os preços.” Os avanços são notáveis. Em 2012, as lâmpadas LED da marca custavam 90 reais. Hoje, são vendidas por menos de 30 reais. A Philips considera que essas lâmpadas podem ajudar o Brasil a reduzir o consumo de energia — a iluminação é responsável por quase 20% do uso de eletricidade no país. Por seu baixo gasto de
energia e sua maior vida útil, a tecnologia LED é usada para iluminar estádios como o Maracanã, no Rio de Janeiro. A mesma tecnologia está presente em 16 campos de futebol de várzea em 11 cidades do país, benefciadas por um projeto da Philips de doação de materiais a comunidades carentes. O objetivo da ação é incentivar a prática noturna de esportes em locais de baixa renda, proporcionando mais segurança aos moradores.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
67,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
81,0 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
77,5
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
80,6
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
84 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Germano Lüders
Henk de Jong, presidente da Philips: novas lâmpadas gastam menos energia
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ELETroELETrôNIcoS
EMBRACO presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 ni
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 12 200
Aqui nada se perde, tudo se transforma A fabricante de compressores Embraco criou uma unidade de negócios para aproveitar sucatas. Neste ano, 60 000 geladeiras velhas serão recicladas | maurício oliveira
C
onsiderado o pai da química moderna, o francês Antoine Lavoisier formulou no século 18 um princípio que o imortalizaria nas aulas de ciências: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. No Brasil, um dos melhores exemplos da aplicação desse princípio é a Embraco, líder mundial no mercado de compressores herméticos — equipamentos responsáveis pela produção do frio em um sistema de refrigeração. A empresa reaproveita 96% dos resíduos sólidos de seus processos industriais e tem estrutura para coletar e processar 2 milhões de compressores por ano, reaproveitando 99% de cada peça. As experiências com a gestão de resíduos têm dado tão certo que a Embraco decidiu dar um passo além: criou neste ano uma nova unidade de negócios, batizada Nat.Genius, voltada exclusivamente para a reciclagem. A ideia é recorrer a parcerias com outras empresas para criar novos produtos, como equipamentos de ventilação feitos com rotores e estatores retirados dos motores elétricos dos compressores ou pás fabricadas com o reaproveitamento de chapas de metal e peças de geladeiras. Ao dar um destino adequado a eletrodomésticos e equipamentos de refrigeração que chegam ao fm de sua vida útil, a Em-
braco agrega valor a materiais que seriam descartados ou vendidos como sucata. Dessa forma, a empresa amplia a aposta no conceito de economia circular — a utilização de resíduos de uma indústria como matéria-prima para outras cadeias produtivas. “O nome que criamos para o projeto, Nat. Genius, é uma citação e uma homenagem à genialidade da natureza. Ela nos ensina como temos de agir”, diz Roberto Campos, presidente da Em-
braco. Baseando-se na tradição da companhia em pesquisa e desenvolvimento, uma área que conta com 500 profssionais, o projeto de expansão do Nat.Genius prevê a instalação de cinco unidades no Brasil e nos outros seis países em que a empresa está presente. Com o novo projeto, a quantidade de produtos reciclados pela Embraco deve atingir 12 000 toneladas neste ano — incluindo o reaproveitamento de 60 000 refrigeradores.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
64,9
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
84,8 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
84,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
66,9
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
86 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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HP
presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 5,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 8 000
Em busca de um novo modelo de negócios
A HP aposta no conceito de economia circular e na parceria com fornecedores para reduzir o consumo de recursos e aumentar a efciência dos produtos | beto gomes
N
o último fórum econômico mundial, em janeiro deste ano, a Fundação Ellen MacArthur, do Reino Unido, divulgou um relatório sobre o potencial da economia circular — modelo que propõe o desenvolvimento de produtos que possam ser totalmente reutilizados no processo produtivo como matéria-prima. O estudo estima que o reaproveitamento de resíduos pode reduzir os gastos das indústrias em 1 trilhão de dólares por ano até 2025. Em muitos países, há corporações que já caminham nessa direção. No Brasil, um exemplo é a fabricante de eletroeletrônicos HP. “Desde os anos 90, olhamos para o ciclo de vida do produto de forma integrada”, diz Luciano Corsini, presidente da HP. “Nossa preocupação começa na pesquisa e no desenvolvimento e vai até a reutilização de cartuchos e impressoras antigos na fabricação de novas peças.” O coração do sistema é o complexo de Sorocaba, no interior paulista, onde a empresa tem uma fábrica e um centro de reciclagem. “Tudo o que fazemos é pensado para reduzir o consumo de recursos, na fabricação, distribuição, entrega ou reciclagem.” Dentro dessa estratégia, a HP ampliou em 2013 a parceria com 30 fornecedores para melhorar o reaproveitamento de matéria-prima reciclada
e a reinserção de materiais no processo produtivo, desde pallets usados na entrega de peças até ferramentas de aço criadas para novos produtos. Em um ano, a economia com essas e outras ações foi superior a 700 000 dólares. Ao mesmo tempo, os produtos fcaram mais efcientes. O consumo de energia de impressoras e computadores atuais, por exemplo, é 50% menor do que o dos modelos produzidos cinco anos atrás. A linha de servidores
Moonshot, lançada em 2013, consome 89% menos energia e custa 77% menos do que modelos convencionais. Essa economia foi comprovada dentro de casa. Recentemente, a HP desligou todos os servidores que hospedavam seu portal global e, com a migração para o sistema Moonshot, conseguiu manter no ar um site que recebe 300 milhões de visitas por mês com o consumo de energia elétrica equivalente ao de apenas 12 lâmpadas de 60 watts.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
63,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
78,8 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
77,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
91,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 87
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ELETroELETrôNIcoS
Schneider electric presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 1,5 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
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2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 250
Uma prova ambiental para os fornecedores Desde o ano passado, a Schneider Electric só compra peças e matérias-primas de quem se comprometer a seguir sua política de sustentabilidade | lia vasconcelos
A
fabricante de equipamentos elétricos Schneider Electric impôs, há pouco mais de um ano, um desafo a seus fornecedores. Para fechar contratos, a multinacional francesa vai levar em consideração algo além de preços competitivos, qualidade e prazos de entrega adequados — seus parceiros terão de provar que os componentes e as matérias-primas foram produzidos de modo a causar o menor impacto possível ao meio ambiente. A exigência faz parte da política de sustentabilidade adotada pela Schneider Electric no país em 2013, quando aderiu a um programa do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) para mapear as emissões de gases causadores de efeito estufa em toda a cadeia de produção. “Nossa intenção é manter uma cadeia produtiva lucrativa e sustentável”, afirma Rogério Zampronha, presidente da Schneider Electric no Brasil. “Para isso, precisamos selecionar fornecedores que sigam nossos princípios ambientais.” Fabricantes de chapas e peças plásticas e metálicas utilizadas pela Schneider foram os primeiros a ser convocados para cumprir as novas exigências. Até o fm do ano, a meta da empresa é que 60% dos principais fornecedores tenham concluído um
documento conhecido como inventário de emissões, que mostra a quantidade de gases de efeito estufa emitida por eles na atmosfera. Para ajudá-los na tarefa, a Schneider bancou os serviços de assessoramento da consultoria KPMG. Além disso, também forneceu um software para coletar e analisar informações sobre o consumo de energia elétrica e água, a geração de resíduos e a emissão de gases de efeito estufa. O mapeamento do
impacto ambiental na cadeia de fornecedores não é a única iniciativa de sustentabilidade da Schneider Electric no Brasil, onde atua desde a década de 40. Nos últimos cinco anos, a empresa deu cursos de eletricidade básica a mais de 15 000 pessoas que vivem em comunidades carentes. Até 2016, a meta é chegar a 40 000 pessoas. “Queremos colaborar para a formação de profssionais para o setor”, afrma Zampronha.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
72,8
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
67,0 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
76,5
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
79,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
88 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
SUSTENTA2014_SetorSCHNEIDER.indd 88
10/29/14 9:06 PM
Whirlpool presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 19 500
Para poupar cada gota do líquido precioso Em tempos de escassez hídrica, a Whirlpool economiza água em suas fábricas de eletrodomésticos — e tenta convencer o consumidor a fazer o mesmo | maurício oliveira
M
aior fabricante de eletrodomésticos do mundo, a americana Whirlpool está empenhada em economizar água, tema que ganhou relevância neste ano com a escassez hídrica que afetou várias regiões do país. As ações da empresa nessa área se dão em diversas frentes. Na fábrica de Rio Claro, no interior paulista, onde são desenvolvidos os novos modelos de máquinas de lavar roupas, o consumo de água chega a 39 milhões de litros por ano. Para evitar o desperdício, 100% da água é tratada e reutilizada. Na fábrica de Manaus, a instalação de um sistema para captação da água da chuva permite que cerca de 120 000 litros por mês deixem de ser retirados dos poços que abastecem a unidade. Além de economizar água nas fábricas, a Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, busca conscientizar os brasileiros de que o consumo médio atual, de 250 litros diários por pessoa, é mais do que sufciente para manter um bom padrão de vida — de acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para satisfazer suas necessidades de higiene e consumo. Uma das apostas da Whirlpool para reduzir o consumo é a difusão de um produto ainda pouco adotado no país, a lavadora de lou-
ças — só 2% das residências brasileiras contam com esse eletrodoméstico, ante 50% na Argentina, por exemplo. “Uma torneira aberta na cozinha gasta 3,5 litros por minuto, enquanto uma máquina precisa de apenas 4,5 litros de água para lavar a louça do café da manhã, do almoço e do jantar de uma família com quatro pessoas”, diz Armando Ennes do Valle Jr., vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Whirlpool Latin
America. Para comprovar os efeitos de uma mudança de hábito, a empresa patrocinou uma experiência da concessionária paulista Sabesp na cidade de São Roque. Ali, 90 casas reduziram 30% o consumo de água depois de passar a usar a máquina de lavar louças. A experiência foi repetida em Florianópolis, com resultados semelhantes, e agora a Whirlpool deve transformar essa ação em uma campanha permanente.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
68,6 dimensão econômica
87,5 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
77,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
72,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 89
SUSTENTA2014_SetorWHIRLPOOL.indd 89
10/29/14 6:47 PM
ENERGIA
AES brASil presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 14 bilhões de reais
A MAIS SUSTENTávEL Do SEToR
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 8 250
Por um lugar ao sol na matriz elétrica
O grupo AES Brasil, do setor elétrico, quer diversifcar suas fontes de geração de energia. O primeiro passo é a construção de uma usina solar no interior paulista | PRISCILA MACHADO
N
os próximos anos, uma das prioridades da AES Brasil — grupo de origem americana que atua em geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, atendendo quase 8 milhões de clientes nas regiões Sul e Sudeste — é investir em fontes alternativas. Atualmente, o grupo tem capacidade instalada de cerca de 3 300 megawatts no país. A meta é praticamente dobrar essa capacidade até 2016 investindo em energias sustentáveis. Como parte desse objetivo, a AES Tietê, geradora do grupo que abastece o estado de São Paulo, participou no fm de outubro do primeiro leilão de reserva de geração de energia solar no país. O plano é construir uma usina solar com capacidade de cerca de 30 megawatts com investimento de 55 milhões de dólares. “Esse é só o primeiro projeto”, diz Britaldo Soares, presidente da AES Brasil. “Estamos avaliando a competitividade dessa fonte de energia, mas estamos nos preparando para investir mais.” Globalmente, a AES Corporation tem investido em energias alternativas há muitos anos, principalmente eólica e solar. No Brasil, a geração da companhia se concentra em usinas hidrelétricas, que, como toda fonte renovável, pode passar por momentos de instabilidade, como a provocada
neste ano pela prolongada estiagem. “Nessas situações, outras fontes alternativas, como a solar, são bem-vindas, especialmente após a consolidação, nos últimos anos, da fonte eólica como uma opção competitiva no país”, diz Soares. A estratégia da AES é instalar usinas solares junto às hidrelétricas para aproveitar as sinergias e reduzir os custos operacionais. Sua primeira usina solar fcará ao lado da hidrelétrica de Água Vermelha, que a
empresa opera no rio Grande, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. A ideia é aproveitar a mesma subestação e os aparelhos de automação da hidrelétrica. Em relação às usinas eólicas, o grupo, por enquanto, não tem nenhum investimento no Brasil. “Nessa área, nosso foco é investir em alguma aquisição ou parceria em projetos e usinas existentes nas regiões Nordeste ou Sul, onde estão as usinas mais competitivas”, diz Soares.
DeSeMPenHO DIMenSãO geRAL
Dez InDICADOReS-CHAve(1)
86,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
DIMenSãO eCOnôMICA
90,9 DIMenSãO SOCIAL
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
88,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
DIMenSãO AMbIentAL
86,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
90 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Leandro Fonseca
Britaldo Soares, presidente da AES Brasil: usinas solares ao lado das hidrelétricas
Novembro 2014 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 91
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10/29/14 6:52 PM
ENERGIA
AMPLA presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 4 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 150
Um sistema inteligente para cobrar a conta de luz A partir de 2015, os clientes da distribuidora de energia Ampla na cidade de Búzios poderão escolher as tarifas mais adequadas a seus hábitos de consumo | priscila machado
A
ampla, distribuidora de energia elétrica que atende 7 milhões de consumidores em 66 municípios do Rio de Janeiro, iniciou há três anos um projeto de “cidade inteligente” no balneário de Búzios. A ideia é usar a cidade como um laboratório para testar tecnologias que, no futuro, poderão ser disseminadas em outras regiões. Uma das medidas implantadas é a instalação, nas residências, de medidores inteligentes, que possibilitam leitura automática do consumo, controle da qualidade e realização de cortes e religamentos de forma remota, sem necessidade de deslocar funcionários ao local. Agora a Ampla se prepara para testar mais um serviço que permitirá ao cliente gerenciar o próprio gasto de energia: a tarifa multi-horário. Como os medidores inteligentes possibilitam uma medição precisa do consumo ao longo do dia, a Ampla poderá estipular valores de cobrança diferentes conforme o horário. A ideia é estimular as pessoas a consumir menos energia no horário de pico, das 18 às 21 horas, quando o sistema fca sobrecarregado. Os 10 000 clientes da Ampla em Búzios poderão optar pela adesão ou não ao novo sistema de tarifação, que deverá estar disponível em 2015. Serão oferecidos três valo-
res: a tarifa será mais cara das 18 às 21 horas, mais barata das 22 às 17 horas e terá um valor intermediário 1 hora antes ou depois do horário de pico. O percentual de desconto ainda está sendo negociado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para a agência reguladora, domingos e feriados deveriam ser considerados fora do horário de pico, mas, em um balneário como Búzios, o consumo aumenta justamente nesses dias, por
causa do fluxo de turistas. A tarifa multi-horário já é oferecida pela Ampla a seus maiores clientes empresariais. “O sistema elétrico sobrecarregado gera a necessidade de construção de novas hidrelétricas ou o uso de termelétricas”, diz Marcelo Rebolledo, presidente da Ampla “Nessa situação, um estímulo fnanceiro para os consumidores residenciais economizarem no horário de pico é uma medida mais do que oportuna.”
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
86,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
73,3 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
90,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
83,6
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
92 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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CoelCe presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 200
Quanto menor a conta de luz, menor o risco
Com programas como descontos em troca de lixo reciclável e substituição de aparelhos elétricos inefcientes, a Coelce incentiva os clientes a gastar menos | priscila machado
O
ceará é um dos estados com menor renda per capita do Brasil — um terço do valor médio de São Paulo. Diante dessa realidade, a distribuidora Coelce, que fornece energia elétrica a 3 milhões de clientes em 184 municípios cearenses, defniu a sustentabilidade como um dos pilares de seu negócio. Para a companhia, apoiar programas que promovam a eficiência energética e propiciem mais renda para a população carente é uma questão de sobrevivência. “Temos um papel crítico na sociedade, e a sustentabilidade entra como ponto estratégico”, afrma Abel Rochinha, presidente da Coelce. Entre os projetos criados com esse espírito está o Energia Social, que gera renda para comunidades carentes por meio de ações como capacitação em técnicas de artesanato e empreendedorismo. No ano passado, esse programa benefciou dez comunidades e gerou mais de 450 000 reais para as famílias atendidas. Outra iniciativa é o Ecoelce, que troca lixo reciclável por descontos na conta de luz. O cliente cadastrado pode entregar seu lixo em qualquer dos 100 pontos de coleta distribuídos por 29 municípios do estado. Os resíduos são pesados e o valor do bônus é creditado na conta de eletricidade do cliente. Desde 2007, o
programa resultou na coleta de 17 000 toneladas de resíduos, que se converteram em descontos de 2,3 milhões de reais para quase 500 000 clientes. Na mesma direção, a Coelce investiu 8,4 milhões de reais em programas de efciência energética em 2013. Neste ano, por meio do projeto Troca Efciente, a distribuidora sorteou 4 000 geladeiras para a população de baixa renda. Além disso, oferece desconto de até 40% a clientes que troquem
eletrodomésticos antigos por aparelhos mais efcientes. Para ter direito ao subsídio, o cliente deve entregar o equipamento antigo e doar parte do valor economizado a um dos projetos sociais apoiados pela Coelce. Com iniciativas como essas, a empresa afrma ter reduzido de 80% para 14% a taxa de inadimplência em uma das comunidades atendidas na periferia de Fortaleza. “Isso mostra que estamos no caminho certo”, diz Rochinha.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
87,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
70,9 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
91,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
89,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 93
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10/29/14 7:00 PM
ENErGIA
CPFL ENERGIA presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 15 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 8 200
Alternativas para gerar mais lucros A CPFL ampliou os investimentos em fontes renováveis de energia elétrica e impôs metas de sustentabilidade a seus executivos — e está ganhando com isso | aline scherer
N
os últimos anos, a cpfl energia — concessionária que atua na geração, distri buição e comercialização de energia elétrica — resolveu focar seu crescimento nos projetos que envol vem energias alternativas. Para cui dar de seus esforços nessa área, o grupo criou em 2011 a empresa CPFL Renováveis e intensifcou a constru ção de pequenas centrais hidrelétri cas, passou a operar parques eólicos, fez parcerias com usinas sucroal cooleiras para gerar energia com bio massa e começou a implantar uma usina solar. Os investimentos nos úl timos dois anos somam 1,8 bilhão de reais e já estão dando retorno. Em apenas três anos, a CPFL Renováveis já representa 25% do Ebitda (o lucro antes de juros e impostos) do grupo, formado por 33 empresas. Com a in corporação, neste ano, da companhia catarinense Desa, que tem pequenas centrais hidrelétricas, usinas eólicas e uma usina solar em cinco estados, a CPFL Renováveis tornouse a empre sa brasileira com mais contratos de energia elétrica gerada por fontes alternativas às grandes hidrelétricas e termelétricas, com 8,2% de partici pação nesse mercado. Hoje, a CPFL Renováveis produz 1 773 megawatts, quase três vezes a capacidade que ti nha na época de sua fundação.
Uma medida que pode impulsionar ainda mais a atuação do grupo em energias renováveis foi a inclusão, no ano passado, de critérios de sustenta bilidade nas metas dos executivos — agora eles podem deixar de ganhar de 10% a 25% da remuneração variável caso os objetivos ligados aos temas socioambientais não sejam cumpri dos. Outra aposta da CPFL nessa área é a criação de uma empresa de con sultoria em efciência energética para
auxiliar empresas com alto consumo de eletricidade a melhorar os proces sos e a reduzir os gastos. “Energia é um bem que custa dinheiro e explora recursos naturais”, diz Wilson Ferrei ra Júnior, presidente da CPFL Ener gia. “Se ajudamos a cortar gastos, sal vamos recursos naturais.” A criação da nova companhia, ainda sem nome defnido, foi aprovada pelo conselho de administração do grupo e deverá entrar em operação no início de 2015.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
80,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
77,6 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
75,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
94 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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EDP
presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7,3 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 2 800
Muito além de barragens e turbinas
Para assegurar a operação de suas novas usinas hidrelétricas, a concessionária EDP está investindo 430 milhões de reais em programas socioambientais | priscila machado
A
té 2018, a edp, empresa que atua nas áreas de geração, distribuição e comercialização de energia, passará a operar três novas usinas hidrelétricas, que aumentarão sua capacidade de produção de eletricidade quase 30% em relação à quantidade atual. Juntas, as hidrelétricas de Santo Antônio do Jari (na divisa do Amapá com o Pará), Cachoeira Caldeirão (no Amapá) e São Manoel (entre Mato Grosso e o Pará) poderão gerar mais de 1 gigawatt de energia, o sufciente para suprir uma cidade com mais de 1,5 milhão de habitantes. Além de administrar as questões comerciais e operacionais dessas obras, a EDP tem o desafo de minimizar os impactos nos ecossistemas locais e evitar confitos comuns em regiões onde são instalados empreendimentos desse porte. Por isso, somente em programas socioambientais, a companhia está investindo 430 milhões de reais nesses três projetos. As três usinas estão sendo construídas em sociedade com a chinesa China Three Gorges Corporation (CTG). A usina de Jari é a que se encontra em estágio mais adiantado — com mais de 95% das obras físicas executadas, deve fcar pronta em 2015. Uma das providências adotadas pela EDP é a construção de uma vila com 34 casas para
abrigar as famílias que serão afetadas pela inundação causada pelo reservatório da usina na Vila de Iratapuru, no município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá. A EDP está investindo 80 milhões de reais para a construção da vila, o que inclui obras de saneamento e iluminação pública, ruas, posto de saúde, posto policial, quadras esportivas e campo de futebol. Segundo Miguel Setas, presidente da EDP, a estratégia da companhia de
buscar um relacionamento próximo com a população atingida por suas usinas é essencial para evitar litígios e pedidos de embargo das obras. “O sucesso de nossos empreendimentos depende, em grande parte, dos investimentos em projetos socioambientais para minimizar os danos”, diz Setas. “Se uma obra do porte de Jari fosse embargada, isso poderia representar um impacto de até 150 milhões de reais a nossos acionistas.”
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
90,2
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
81,6 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
85,8
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 95
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ENErGIA
ElEktro presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 3,7 BILhõES DE REAIS
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 3 700
Um empurrão para a economia das cidades A distribuidora Elektro usa seu poder de compra para fomentar a economia em sua área de concessão. Hoje, 75% dos negócios são feitos com parceiros locais | priscila machado
A
ELEKTRO, DISTRIBUIDORA DE ENERGIA que atua no in terior de São Paulo e no nor te de Mato Grosso do Sul, atendendo mais de 6 milhões de con sumidores em 228 municípios, tem investido na qualifcação de seus for necedores para obter serviços e ma teriais de melhor qualidade a meno res custos. Com esse objetivo, reali zou no ano passado uma série de workshops em parceria com o Sebrae, entidade de apoio a micro e pequenos empresários, para capacitar fornece dores em áreas como gestão de pes soas, qualidade, marketing, fnanças e planejamento. Ao fm do encontro, as empresas receberam relatórios in dividualizados e orientações e dicas sobre visão estratégica. A iniciativa deu tão certo que empresas de outros segmentos, como restaurantes e con fecções, também passaram a buscar a capacitação e a consultoria oferecidas pela Elektro e pelo Sebrae. “O interes se das companhias que desejam se instalar em nossa área de concessão, inclusive de setores que nada têm a ver com nosso negócio, é um reconhe cimento da sociedade de que estamos no caminho certo”, diz Marcio Fer nandes, presidente da Elektro. O desenvolvimento de parceiros locais para fomentar a economia das cidades é um dos pilares da política
de sustentabilidade da Elektro. Atual mente, os fornecedores locais repre sentam mais de 75% do valor das com pras anuais da Elektro, o equivalente a 363 milhões de reais. Para estimular ainda mais os negócios com empresá rios locais, a concessionária descen traliza os contratos de baixo valor — compras de até 2 000 reais podem ser realizadas pelos escritórios locais, sem burocracia. Os grandes fornece dores também recebem atenção da
Elektro — nesse caso, para continuar como parceiros da empresa. Em 2013, a Elektro realizou uma análise anti corrupção em todos os contratos aci ma de 1 milhão de reais. A avaliação inclui o exame do envolvimento dos parceiros com órgãos governamen tais. Neste ano, a análise anticorrup ção será ampliada para todos os con tratos acima de 400 000 reais, o que garantirá que 80% dos fornecedores passem por essa avaliação.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
89,3
AcImA DA méDIA
REGULAR
ABAIxO DA méDIA
DIREITOS hUmANOS
dimensão econômica
93,5 dimensão social
éTIcA E TRANSpARêNcIA GESTãO DA áGUA GESTãO DA BIODIvERSIDADE GESTãO DE fORNEcEDORES
85,7
GESTãO DE RESíDUOS GOvERNANçA DA SUSTENTABILIDADE mUDANçAS cLImáTIcAS
dimensão ambiental
83,8
RELAçãO cOm A cOmUNIDADE RELAçãO cOm cLIENTES
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
96 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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ITAIPU BINACIONAL presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 8,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 3 200
Uma usina que também faz carros
Além de gerar energia limpa, a Itaipu Binacional investe em formas sustentáveis de utilização da eletricidade que produz | maurício oliveira
G
erar energia limpa, por si só, é uma atividade benéfica para o meio ambiente, mas a Itaipu Binacional — operadora da usina hidrelétrica inaugurada há duas décadas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai — decidiu ir além e investir também em formas sustentáveis de utilização da energia que produz. Um dos projetos mais signifcativos nesse sentido é o desenvolvimento de veículos movidos a eletricidade. Nos últimos oito anos, mais de 80 protótipos saíram do centro de pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos instalado em Foz do Iguaçu, no Paraná, incluindo automóveis, caminhões, ônibus e utilitários 4x4. Parte desses protótipos foi incorporada à frota da empresa e está circulando, em fase de testes, em municípios como Curitiba, Brasília e Búzios. “Monitoramos todos os itens de desempenho para aperfeiçoar cada vez mais a tecnologia”, diz Margaret Grof, diretora fnanceira da Itaipu. O projeto de desenvolvimento de veículos elétricos da Itaipu começou em 2000 e contou com uma série de parcerias com montadoras como Fiat, Renault, Iveco e Agrale, além de universidades e institutos de pesquisa. “O foco de todas essas parcerias sempre foi desenvolver uma tecnologia brasileira nessa área. É a missão na
qual estamos empenhados”, afrma Margaret. Um dos principais desafos é a produção de uma bateria — o “coração” de um carro elétrico — nacional e reciclável, que funciona com uma matéria-prima abundante na natureza: o sódio, que nada mais é do que o sal de cozinha. Por enquanto, é preciso importar essa bateria, mais leve e menos agressiva ao meio ambiente do que as convencionais, que usam chumbo ou lítio. Outra frente
de atuação da Itaipu é o estabelecimento de uma rede de reabastecimento de veículos elétricos no país. Um passo importante nessa direção foi a recente parceria com o Centro de Excelência da Indústria de Mobilidade, de Portugal, país que está em um estágio mais avançado do que o Brasil no desenvolvimento de veículos elétricos. O projeto, batizado Mobilidade Elétrica Inteligente, prevê uma série de ações conjuntas até 2020.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
73,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
84,3 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
79,0
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 97
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ENERGIA
LIGHT presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7,6 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 300
O milagre da conversão dos “gatos” em clientes
A Light planeja investir 2 bilhões de reais até 2018 para combater os furtos de energia, que hoje drenam 16% da energia distribuída pela empresa no Rio de Janeiro | lia vasconcelos
E
is um exemplo de como a malandragem é prejudicial para a sociedade: a Light, dis tribuidora de energia que aten de 4 milhões de consumidores em 31 cidades do Rio de Janeiro, calcula que perde 2,5 bilhões de reais em receitas a cada ano por causa dos “gatos”, co mo são chamadas as ligações irregu lares feitas por quem não quer pagar a conta de luz. O dinheiro faz falta para cobrir os custos e remunerar os investimentos da empresa, e o prejuí zo acaba sendo repartido com todos os consumidores (os que pagam a con ta direitinho, é claro). Nas estimativas da Light, os furtos drenam 16% da energia que distribui — entre os clien tes residenciais, esse índice chega a 42%, o correspondente ao consumo do estado do Espírito Santo durante um ano inteiro. Se não fossem essas perdas, a tarifa cobrada dos consumi dores poderia cair até 16%. Não se trata de um problema mera mente fnanceiro. As ligações clandes tinas difcultam o planejamento, cau sam sobrecargas na rede e aumentam o desperdício, uma vez que os consu midores que não pagam a conta não têm motivos para poupar energia. Mais do que isso, essas pessoas perma necem à margem da sociedade — a fatura de energia elétrica é um docu mento importante para quem precisa
apresentar um comprovante de resi dência. “A conta de luz traz cidada nia”, diz Paulo Roberto Ribeiro Pinto. “É fundamental ter todos os consumi dores cadastrados.” Lidar com o pro blema é a prioridade da empresa, que planeja investir 2 bilhões de reais em ações de combate ao furto de energia até 2018. Uma das iniciativas é o pro jeto Light Legal. A empresa selecionou 29 regiões onde ocorrem mais “gatos” em sua área de atuação e passou a en
viar equipes a esses locais, com a mis são de estabelecer um canal de rela cionamento com a comunidade e esti mular os clandestinos a regularizar a situação. A perda de energia nas áreas atendidas caiu de 45% para 20% desde agosto de 2012, quando o projeto foi criado. Hoje, mais de meio milhão de pessoas são atendidas pelo Light Le gal. Até o fm de 2014, a previsão é que seja implantado em mais dez áreas, alcançando 620 000 clientes.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
78,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
73,9 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
82,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
71,6
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
98 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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1103022-FUNDACAO MOVIMENTO DIREITO E CIDADANIA FUNDACAO MDC-1_1-1.indd 99
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HOTELARIA
GRUPO RIO QUENTE presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 320 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 2 200
Educação ambiental para as novas gerações Os programas educacionais são a base da política de sustentabilidade do Grupo Rio Quente, que administra oito hotéis e um parque aquático em Goiás | lucy cardia
P
oucos negócios dependem tanto da preservação ambiental quanto os que ex ploram a natureza como atra ção turística. Por isso, a sustentabili dade é um aspecto crucial na gestão do Grupo Rio Quente. A empresa ad ministra oito hotéis e um parque aquático na cidade de Rio Quente, no sul de Goiás, no coração de uma região banhada por 18 fontes de águas ter mais formada por outros quatro mu nicípios: Caldas Novas, Marzagão, Piracanjuba e Morrinhos. As princi pais iniciativas da empresa na área estão relacionadas a programas de educação ambiental para clientes, funcionários, fornecedores e a comu nidade. Em 2014, essas ações envolve ram mais de 40 000 pessoas. Uma das principais iniciativas são os dias te máticos, que ocorrem em 12 datas em comemoração ao meio ambiente a cada ano. Em cada uma dessas oca siões, cerca de 3 000 pessoas recebem informações sobre ações ambientais e participam de atividades de lazer, como caminhadas ecológicas, ofcinas de reciclagem, plantio de mudas e boia cross, como são chamadas as des cidas com boia pelos 14 quilômetros de rios termais da região. Outro exemplo de projeto educa cional é o EcoAulas, que neste ano abriu as portas do parque aquático da
empresa para mais de 900 crianças da comunidade, que puderam participar de atividades de educação ambiental e de brincadeiras nas piscinas. Em 2015, esse projeto deve crescer — a meta é levar o EcoAulas às escolas e ampliar para 2 400 o número de crian ças participantes. “O objetivo é au mentar a integração com a comunida de”, diz Ronaldo Pacheco, diretor executivo do Grupo Rio Quente. Os programas educativos não são as úni
cas iniciativas na área ambiental — a empresa também investe para dimi nuir o impacto de sua operação na natureza. Uma das medidas foi a ins talação de painéis solares nos hotéis para aquecer a água dos chuveiros em 1 200 apartamentos, o que diminuiu o consumo de energia elétrica em 43 560 quilowattshora por mês. Isso representa uma redução de 5,4% em relação ao que seria gasto sem o apro veitamento da energia solar.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
77,9
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
94,4 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
71,9
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
100 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Germano Lüders
Ronaldo Pacheco, diretor executivo do Grupo Rio Quente: investimento em energia solar
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INfrAESTrUTUrA
CCR
presença no guia
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor 2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 6,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 8 700
Educação que benefcia a sociedade e os negócios Programa do Grupo CCR contribui para a formação de futuros motoristas e para a queda dos índices de acidentes nas estradas | gustavo magaldi
O
grupo ccr, uma das maiores concessionárias de infraestrutura do mundo, administra 3 284 quilômetros de dez rodovias nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. Neste último estado, aliás, assumiu em março sua mais recente concessão, um trecho de 847 quilômetros da BR-163 que passa por 20 cidades, com população total de mais de 1,3 milhão de habitantes. Essa região, cuja economia é baseada no agronegócio e no turismo, é o maior desafo atual na agenda de sustentabilidade da CCR, cujo objetivo é reduzir os impactos sociais, econômicos e ambientais de suas atividades. O programa Estrada para a Cidadania, já implantado nas outras nove rodovias administradas pela CCR, é uma das principais iniciativas com esse propósito. Desde sua criação, em 2002, ele já levou conceitos de educação de trânsito, cidadania e meio ambiente para 1,5 milhão de alunos do ensino fundamental de escolas públicas em 117 municípios. Além das atividades em sala de aula, feitas com material didático próprio, o programa busca orientar a comunidade. Em 2013, uma das ações realizadas foi a entrega de 95 000 cartinhas a motoristas, com dicas de segurança no trânsito produzidas por crianças par-
ticipantes do programa. “O objetivo é valorizar a formação do cidadão e do futuro motorista para que as novas gerações possam ter um trânsito melhor, em que respeito e solidariedade convivam com preservação ambiental e cidadania”, diz Renato Vale, presidente do Grupo CCR. A companhia acredita que o Estrada para a Cidadania seja um dos responsáveis pela queda no número de acidentes em suas rodovias, de 50% nos
últimos dez anos, sendo 11% apenas em 2013. Mais recentemente, a CCR ampliou sua presença em outras áreas de infraestrutura, como mobilidade urbana (lidera o consórcio que opera a Linha Amarela do metrô de São Paulo) e aeroportos (administra o terminal de Confns, em Minas Gerais). “O próximo desafo é aprimorar os programas de sustentabilidade para atender também as populações no entorno dessas operações”, diz Vale.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
83,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
88,8
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
81,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
72,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 fonte: GVCes
102 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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LEANDRO FONSECA
Renato Vale, presidente da CCR: número de acidentes nas estradas caiu pela metade em dez anos
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INFRAESTRUTURA
ECORODOVIAS presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 5 800
Efciência energética com retorno garantido
Investimentos da concessionária Ecorodovias na modernização de estradas geram benefícios ambientais e aumentam a segurança dos motoristas | gustavo magaldi
E
m outubro de 2013, entrou em operação o primeiro posto ecoefciente do serviço de atendimento ao usuário da Ecorodovias, empresa que administra 1 768 quilômetros em seis concessões rodoviárias nas regiões Sul e Sudeste. Localizado no município de Rio Grande, na BR-392, estrada que atravessa o Rio Grande do Sul, o posto passou a gerar a própria energia elétrica por meio de um aerogerador e placas fotovoltaicas, equipamentos que aproveitam dois recursos abundantes na região: o sol e os ventos. Na rodovia dos Imigrantes, que liga a cidade de São Paulo ao litoral do estado, a energia solar alimenta call boxes (telefones de emergência que os motoristas podem usar para comunicar panes mecânicas ou acidentes) e câmeras de monitoramento, além de responder por 20% do consumo de eletricidade de uma praça de pedágio na cidade de São Bernardo do Campo. Nos últimos dois anos, a Ecorodovias também substituiu aparelhos de ar condicionado por modelos mais modernos e lâmpadas de vapor de mercúrio por iluminação LED, totalizando investimentos superiores a 10 milhões de reais em seu programa de efciência energética. “Como temos contratos de longo prazo, de 20 a 30 anos, esses investimentos se pa-
gam com facilidade, pois permitem um consumo signifcativamente menor de energia”, diz Marcelino Rafart de Seras, presidente da Ecorodovias. Em 2013, a empresa gastou 2,7 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento. As soluções mais inovadoras, como a adoção de sistemas eólicos e solares, sempre são testadas em um projeto piloto antes de ser gradualmente estendidas para toda a malha. Essas iniciativas fazem parte
de um conjunto de compromissos e metas ambientais, como reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Em 2013, o volume emitido foi 6% menor do que no ano anterior. Além do ganho ambiental, as ações contribuem para aumentar a segurança dos usuários de suas rodovias. Na BR-101, o número de acidentes caiu 13% após a instalação das lâmpadas LED, que aumentam a luminosidade e duram mais do que as lâmpadas convencionais.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
81,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
69,3 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
61,4
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
75,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
104 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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1104300-LIBRA TERMINAIS S.A.-1_1-1.indd 105
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INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Itaú UNIBaNCO presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 121,3 BIlhõeS De ReAIS
2004
2005
2006
2007
A MAIS SUSTENTávEL Do SEToR 2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 96 000
Educação para baixar a taxa de inadimplência Apostando em créditos menos arriscados e em programas de educação fnanceira, o Itaú Unibanco reduz o índice de atrasos nos pagamentos dos clientes | daniela rocha
O
ITAÚ UNIBANCO, MAIOR BANCO DO PAÍS em patrimônio, chegou ao fim de 2013 com sua menor taxa de inadimplência de clientes desde a fusão entre as duas instituições, em 2008. O índice de atrasos nos pagamentos acima de 90 dias caiu para 3,7%, ante 4,8% no ano anterior. Um dos fatores para isso é a ênfase que o banco passou a dar a produtos como crédito imobiliário e consignado, em lugar de outros mais arriscados, como empréstimo pessoal. “Isso não signifca que estamos emprestando menos, mas com melhores garantias”, diz Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco. “A queda no índice de inadimplência nos últimos cinco anos é resultado não somente de uma reconfguração de risco e crédito mas também da intensifcação das iniciativas de educação fnanceira.” Logo após a fusão, o banco reformulou seu programa de educação fnanceira para os funcionários. “Ao perceber a importância do uso consciente do dinheiro, eles têm condições de oferecer as soluções mais adequadas aos clientes”, diz Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Itaú Unibanco. Segundo ela, 80 000 funcionários (de um total de 96 000) já passaram por treinamentos. Em dois anos, houve um aumento
de 37% na contratação de previdência privada e de 56% na poupança dos funcionários. Esses números mostram que a educação fnanceira tem surtido efeito — em geral, as pessoas que conseguem guardar dinheiro são as que estão com suas obrigações em dia. Após essa experiência positiva, o Itaú Unibanco decidiu desenvolver um programa de educação fnanceira para as mais de 600 empresas clientes que contam com postos de atendi-
mento do banco. Os gerentes gerais dos postos participaram de um curso para se tornar multiplicadores. O resultado é signifcativo. Entre agosto de 2012 e março deste ano, a parcela de clientes com previdência privada subiu de 17% para 26%. No mesmo período, houve queda de 2,5 pontos percentuais na inadimplência acima de 90 dias. “Vamos manter esse plano de incentivar o crédito consciente e reduzir a inadimplência”, diz Setubal.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
90,5
ACIMA DA MéDIA
RegUlAR
ABAIxO DA MéDIA
DIReITOS hUMANOS
dimensão econômica
86,9 dimensão social
éTICA e TRANSPARêNCIA geSTãO DA ágUA geSTãO DA BIODIveRSIDADe geSTãO De fORNeCeDOReS
87,2
geSTãO De ReSÍDUOS gOveRNANçA DA SUSTeNTABIlIDADe MUDANçAS ClIMáTICAS
dimensão ambiental
83,2
RelAçãO COM A COMUNIDADe RelAçãO COM ClIeNTeS
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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Germano Lüders
Roberto Setubal, presidente do Itaú: funcionários ajudam a difundir o crédito consciente
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INSTITUIçÕES FINANCEIRAS
Bradesco presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 114,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 100 500
Muito prazer em não te ver O banco Bradesco investe em canais digitais para manter os clientes longe da fla dos caixas. O custo das operações cai e incentiva a inclusão bancária | daniela rocha
Q
uem já pegou fila em banco sabe que essa é uma das experiências mais desgastantes que existe. Para o banco, também não há nenhuma vantagem em ter vários clientes de cara amarrada dentro das agências. Se é ruim para os dois lados, por que não minimizar o problema? Pensando nisso, o Bradesco, segundo maior banco do país em patrimônio, vem investindo em tecnologias para manter o maior número possível de clientes longe da fla dos caixas, garantindo maior comodidade. Os serviços criados com esse objetivo já estão disponíveis também para os correntistas de baixa renda, o que ajuda a promover a inclusão bancária. Um exemplo é a DigiConta, uma conta gratuita que é movimentada exclusivamente por canais como internet, celular e máquinas de autoatendimento. Há também a Cesta Celular, na qual o cliente recebe 100% do valor da tarifa mensal — que fca em 25 ou 33 reais — em créditos para celular. “A ideia é estimular as pessoas a usar o celular e a internet para realizar as transações bancárias”, diz Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo do Bradesco. Para o banco, a redução das despesas é signifcativa. O custo das transações nos canais digitais equivale a cerca de 5% das feitas nas agên-
cias. Os clientes — de todas as faixas de renda — estão comprando a ideia. No ano passado, o Bradesco registrou 867 milhões de operações pelo celular e 4,2 bilhões pela internet — número maior do que o das operações nas agências, que foi de 2,1 bilhões. Para manter os canais digitais, o Bradesco precisa realizar investimentos em tecnologia da informação — neste ano, serão quase 5 bilhões de reais. “Temos um comitê de inovação
que desenvolve as melhores alternativas para garantir mais segurança e acessibilidade”, diz Angelotti. Os investimentos contemplam tecnologias para promover a inclusão de pessoas com deficiência. Entre as soluções criadas pelo banco está o Mouse Visual, um software que capta os movimentos da cabeça para controlar o cursor e permite que uma pessoa com defciência motora nos braços ou nas mãos acesse sua conta pela internet.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
88,3 dimensão econômica
80,8 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
88,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
76,0
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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grupo bb e Mapfre presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 14 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 6 600
Menos “juridiquês” no mercado de seguros
O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre incorpora temas de sustentabilidade nas avaliações de risco e busca simplifcar a linguagem para atrair clientes | daniela rocha
O
grupo segurador banco do brasil e Mapfre apostou em 2013 no treinamento de seus inspetores para que passassem a levar em conta aspectos de sustentabilidade nas avaliações de risco nas propostas de seguro. Essa iniciativa foi adotada inicialmente na área de grandes riscos, que engloba clientes de setores sensíveis, como aeronáutico, químico, de metais, alimentos e energia — segmento responsável por 1,2 bilhão de reais em prêmios emitidos pelo grupo no ano passado. Os formulários de avaliação de riscos, antes muito técnicos, incorporaram novos temas e ganharam uma dimensão mais ampla. São detectados, por exemplo, possíveis impactos do crescimento populacional, da intensifcação da urbanização, da pressão sobre os recursos naturais e das mudanças climáticas. Além disso, são verifcadas possíveis defciências na governança das empresas clientes. “Ao adotarem o conceito da sustentabilidade no dia a dia, os inspetores podem identifcar novos riscos e oportunidades para o negócio de seguros”, diz Fátima Lima, diretora de sustentabilidade do Grupo BB e Mapfre. “Ao mesmo tempo, os segurados, ao compreenderem melhor os fatores de risco, podem aperfeiçoar sua gestão.” Até agora, mais de 26 000
vistorias já foram feitas com esse viés sustentável. As informações contidas nos relatórios estão sendo analisadas para tornar os produtos mais adequados a cada setor atendido pelo grupo. No varejo, uma iniciativa do BB e Mapfre obteve reconhecimento no ano passado. O projeto Traduzindo o Segurês foi um dos vencedores da premiação anual da DMA, associação internacional de marketing direto. A comunicação com os clientes das áreas
de seguro residencial e de automóveis eliminou termos técnicos e jurídicos, passando a usar uma linguagem mais clara e objetiva, em um ambiente virtual exclusivo para cada segurado. Resultados: a impressão de papel caiu 88%, e o índice de renovação de seguros cresceu 30%. “A simplifcação da linguagem fortalece o relacionamento da companhia com os clientes e contribui para a universalização do acesso aos seguros”, diz Fátima.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
86,1
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
85,1 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
83,7
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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INSTITUIçÕES FINANCEIRAS
HSBC presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 17,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 22 000
Um passo avante no combate à corrupção Em resposta a um caso que atingiu sua imagem global, o grupo inglês HSBC aprimora seus controles internos e treina os funcionários para evitar casos de suborno | daniela rocha
H
á dois anos, o presidente mundial do grupo fnanceiro inglês HSBC, Stuart Gulliver, veio a público para pedir desculpas pela falha em evitar que as contas do banco fossem usadas para lavagem de dinheiro por grupos ligados ao narcotráfco e ao terrorismo em países como México e Estados Unidos. O escândalo abalou a imagem do grupo e o obrigou a rever seus processos de controle. Como resultado, desde 2012 todas as partes ligadas ao HSBC — de empregados a fornecedores — são submetidas a processos mais rígidos para assegurar que as exigências legais e o código de conduta do grupo sejam cumpridos. Essa política trouxe refexos na operação brasileira. No ano passado, por exemplo, o HSBC Brasil realizou um novo treinamento anticorrupção, chamado Tolerância Zero ao Suborno, que envolveu 17 845 funcionários, mais de 80% de seu quadro. Todos receberam orientações sobre seus papéis e responsabilidades para mitigar riscos, e evitar problemas e condutas inadequadas. Neste ano, o HSBC deu mais um passo adiante ao criar uma área dedicada ao tema, responsável por fazer auditorias e mapear os potenciais riscos do relacionamento do banco com os diferentes públicos. “A prevenção, a transparência e o combate à corrup-
ção fazem parte da visão de longo prazo do banco”, afrma Linko Ishibashi, superintendente executiva de sustentabilidade do HSBC. Dentro da mesma lógica de cuidar da perenidade de seu negócio, o HSBC alterou no ano passado o modelo de recompensa de seus gerentes de relacionamento. “As metas não estão mais atreladas ao número de produtos e serviços vendidos, mas à qualidade do relacionamento com os clientes”,
diz Linko. Na prática, os gerentes são avaliados agora pelas vendas de boa qualidade que realizam. Por exemplo, conta pontos a indicação de um plano de Previdência Jovem para um cliente que deseje planejar a educação dos flhos. Ou de um seguro de vida para quem queira proteger a família no caso de uma eventualidade. “O importante é conhecer o cliente para poder propor a solução mais adequada em cada caso”, afrma Linko.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
65,8
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
86,5 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
81,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
MASISA presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2002
2003
receita líquida em 2013 504 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 900
A meta é conectar a cadeia produtiva Plano de ação da Masisa envolve vários públicos que se relacionam com a empresa e tem foco na capacitação de profssionais e no crescimento do setor moveleiro | beto gomes
E
m meados de 2013, a subsidiária brasileira da chilena Masisa, uma das líderes em produção e comercialização de painéis de madeira na América Latina, resolveu olhar para sua cadeia de relacionamentos e identifcar os gargalos da empresa e do setor. A análise trouxe à tona problemas conhecidos do segmento moveleiro, mas revelou também algumas questões que nunca haviam sido trabalhadas em profundidade pelo setor. A avaliação deu origem a um projeto que culminou na criação de seis frentes de trabalho — uma para cada público, como funcionários, clientes e fornecedores — e recebeu o nome de Cadeia da Prosperidade. “O objetivo é conectar toda a cadeia e fazê-la andar na mesma direção e velocidade para que todos cresçam de forma sustentável”, afirma Marise Barroso, presidente da Masisa no Brasil. Uma ação que ilustra bem esse conceito é a parceria que a empresa frmou com o Senai do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo para a criação e a ampliação de cursos gratuitos para marceneiros. Cerca de 1 500 pessoas foram capacitadas em 2013 e outras 2 000 serão formadas neste ano. A meta é atingir um total de 6 000 novos profssionais até 2015. “A falta de mão de obra qualifcada é um
dos principais gargalos do setor. Muito tempo atrás, a indústria automobilística fez a mesma coisa com os mecânicos e hoje não tem mais esse problema”, diz Marise. Os cursos também dão noções de fnanças e gestão de negócios. Com isso, ajudam os formandos que queiram abrir a própria marcenaria. “Criamos uma rede que benefcia vários agentes da cadeia, especialmente os fabricantes de móveis e as pessoas que buscam novas perspectivas profs-
sionais”, afirma Marise. Em 2014, a novidade foi a criação de um curso de marcenaria exclusivo para mulheres, com material didático específco e novas disciplinas, como cidadania e autoestima. O próximo passo é ambicioso. Executivos da matriz, no Chile, estão trabalhando na criação de uma metodologia para calcular os impactos socioambientais da empresa. “Queremos saber qual é o custo dos impactos de nossas ações”, diz Marise.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
88,4
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
79,4 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
85,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
69,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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Germano Lüders
Marise Barroso, presidente da Masisa: curso de capacitação para 6 000 marceneiros
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MATERIAL DE CONSTRUçãO
DURATEX presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 3,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 11 700
Transformar o lixo em matéria-prima Reduzir o envio de resíduo industrial para aterros é uma das metas da fabricante de painéis de madeira Duratex. Em 2013, ela reciclou um terço de seu lixo | renata vieira
E
m julho de 2013, a duratex, fabricante de louças, metais sanitários e painéis de madeira, inaugurou em Itapetininga, no interior paulista, sua 15 a fábrica no país. A nova unidade aumentou 30% a capacidade produtiva de chapas de madeira usadas na fabricação de móveis, mas trouxe um aumento de apenas 1,3% no total de lixo industrial gerado pela Duratex. Isso foi possível porque a nova fábrica nasceu pronta para economizar. “Em Itapetininga, utilizamos equipamentos mais modernos e efcientes no reaproveitamento das sobras da produção”, diz João Redondo, gerente de sustentabilidade da Duratex. Em comparação com as demais fábricas do grupo, a nova unidade gera 22% menos resíduos e consome 30% menos água em seus processos. A preocupação com os resíduos também está presente na fábrica da cidade paulista de Agudos. Ali, mais de 17 000 toneladas de lixo que seriam enviadas a aterros foram usadas em 2013 na produção de um composto orgânico que serve de adubo nas unidades forestais da Duratex. Essa iniciativa ajudou a empresa a diminuir 12% do volume de resíduos enviados a aterros e a aumentar o índice de reciclagem — quase um terço do lixo é reaproveitado. “Nossa produção está
crescendo, mas estamos empenhados em gerar menos resíduos e em reaproveitá-los”, diz Antônio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex. Outro desafio é reduzir o uso de formaldeído, componente básico da resina empregada nos painéis de madeira. A substância é emitida continuamente, na forma de gás, que pode ser tóxico tanto para quem fabrica a chapa quanto para o consumidor fnal de móveis. No Brasil, a concentração
de formaldeído não pode passar de 30 miligramas por 100 gramas do produto fnal — acima do nível permitido na Europa, que é de 8 miligramas por 100 gramas. “Não há evidências de que a concentração permitida no Brasil seja prejudicial à saúde”, afrma Oliveira. “Mesmo assim, nossa meta é produzir uma chapa sem resina. Ainda não conseguimos, mas já investimos mais de 100 milhões de reais em pesquisas com esse objetivo.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
86,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
82,5
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
73,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
64,7
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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1099011-NEW SPACE PROCESSAMENTO E SISTEMAS LTDA-1_1-1.indd 115
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MINERAÇÃO E SIDERURGIA
ARCELORMITTAL presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 16,6 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 11 000
Multiplicando os ganhos na fabricação de aço A siderúrgica ArcelorMittal inicia um projeto para aproveitar os gases da queima do carvão vegetal usado no processo produtivo para gerar energia elétrica | maria alice rosa
A
siderúrgica arcelormittal, maior produtora de aços longos e planos da América Latina, colocou em operação neste ano em sua usina em Juiz de Fora, Minas Gerais, um projeto piloto para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 650 000 toneladas por ano a partir de 2015. Esse volume supera o ganho ambiental em emissões proporcionado hoje pelo uso de carvão vegetal nos altos-fornos da siderúrgica — o carvão vegetal é obtido de eucalipto produzido em área de reforestamento do próprio grupo. Agora, uma nova tecnologia permitirá aproveitar a energia térmica gerada no processo de carbonização da madeira, transformando o calor em energia elétrica — ao mesmo tempo, evitando a emissão de gases estufa em um volume 130% maior do que o atual. Além dos ganhos ambientais, a ideia é obter benefícios econômicos. “Estamos preparando um projeto de venda de crédito de carbono com base nesse novo sistema”, diz Benjamin Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal Brasil. O projeto piloto começou no ano passado com a importação de equipamentos da Itália e é desenvolvido em parceria com a Cemig, concessionária de energia de Minas Gerais. Se tudo correr conforme previsto e a nova tec-
nologia for adotada em escala industrial, o potencial de geração é estimado em 30 megawatts, energia sufciente para abastecer cerca de 17 000 residências. Muitas outras ações na área de sustentabilidade estão em andamento. Uma das mais importantes envolve o tratamento de água na usina de Tubarão, a maior do grupo, no Espírito Santo. Ali, a água do mar é captada para uso no resfriamento dos equipamentos. Depois de utilizada, a
água retorna ao mar com as características originais. Outro destaque é a reutilização de 97% da água doce consumida na produção. “Em uma fábrica capaz de produzir 7,5 milhões de toneladas de aço por ano, obter esse ganho ambiental é um orgulho”, diz Baptista Filho. A usina de Tubarão, além disso, é autossufciente em energia — ela é abastecida por termelétricas que usam os vapores e os gases gerados no processo de produção do aço.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
69,6
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
84,6 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
75,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
88,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
116 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Leandro Fonseca
Benjamin Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal: ganhos extras com a redução de emissões
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MINERAÇÃO E SIDERURGIA
ALCOA presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 6 000
Para deixar tudo como estava antes
A americana Alcoa investe em uma técnica de reabilitação de áreas mineradas no Pará e, de quebra, cria uma alternativa de renda para a comunidade | caroline marino
A
americana alcoa, uma das maiores produtoras de alumínio do planeta, explora há cinco anos no município de Juruti, no oeste do Pará, uma das maiores reservas de bauxita do mundo. Como toda atividade de mineração, a extração da bauxita causa impactos no meio ambiente, uma vez que exige a remoção da vegetação e da camada superior do solo, afetando a fauna e a fora. Para recuperar as áreas mineradas e recriar um ambiente com ecossistema semelhante ao original, a Alcoa está aplicando uma técnica conhecida como nucleação. O método consiste em depositar montes de galhos e solo orgânico nas áreas onde foi desenvolvida a atividade de mineração e implantar poleiros para que os pássaros façam a semeadura natural. A ideia é recriar as bases naturais para o desenvolvimento da fora e da fauna. No local, são plantadas espécies forestais nativas e criadas microbacias de retenção de água para evitar a erosão e garantir a umidade do solo no período de seca. Após a implantação do projeto, 72 espécies de vegetais foram encontradas nos locais da restauração, além de insetos e animais. Atualmente, 150 hectares de áreas mineradas estão em processo de reabilitação seguindo essa técnica e passam por monitora-
mento periódico. Além dos ganhos ambientais, o projeto, que começou em 2009 e recebeu 700 000 reais de investimentos, proporciona uma alternativa de renda para 183 famílias de associações de produção de mudas na região amazônica. As comunidades são treinadas e recebem assistência técnica para o cultivo de mudas de espécies forestais, frutíferas e ornamentais. Desde o início do projeto, a Alcoa adquiriu 322 000 mudas dessas
associações, gerando uma renda de 568 000 reais. Segundo a Alcoa, o modelo adotado em Juruti diminui 40% os custos de reabilitação de áreas mineradas e tem potencial de ser replicado em grande escala. “Até 2030, o plano é que, para cada área que abrirmos para a mineração, uma seja reabilitada”, diz João Batista de Menezes, diretor de sustentabilidade da Alcoa. “Temos o compromisso de amenizar o impacto ambiental da mineração.”
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
78,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
92,7 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
91,8
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
87,7
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
118 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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ANGLOGOLD ASHANTI presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,2 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 200
Poupando recursos a 800 metros no subsolo A instalação de tratamento de efuentes no subterrâneo ajuda a mineradora AngloGold Ashanti a economizar água sufciente para suprir 2 000 pessoas por dia | beto gomes
N
a atividade de mineração, a água é um dos principais insumos e está presente em quase todas as etapas do processo produtivo. Por isso, controlar o consumo desse recurso é um desafio para muitas empresas que buscam reduzir custos e minimizar o impacto em fontes hídricas. Na sul-africana AngloGold Ashanti, que opera duas minas de ouro subterrâneas no Brasil, essa questão vem sendo tratada com prioridade. As minas em solo brasileiro estão a cerca de 800 metros de profundidade, e o trabalho abaixo da superfície exige esforço e cuidado redobrados. A principal mina, na cidade mineira de Sabará, incorporou uma solução que virou modelo para outras unidades da multinacional. Em 2013, a empresa investiu na instalação de uma estação subterrânea de tratamento de efuentes, que permitiu reutilizar a água, gerando uma economia de 229 000 litros por dia — o sufciente para suprir as necessidades diárias de 2 000 pessoas. “No setor de mineração, essa é a única estação subterrânea de tratamento que conheço no mundo”, diz Helcio Guerra, presidente da AngloGold no Brasil. O novo sistema também aumentou 7% o índice de reaproveitamento de água na mina, atingindo 921 000 litros por hora neste ano. Outro bene-
fício foi a redução de 58% no volume de água bombeada para o reservatório, o que também teve um impacto positivo no consumo de energia. “Em nossa estratégia, a sustentabilidade tem o mesmo peso que o fator econômico-financeiro”, afirma Guerra. “Além das questões ambientais, temos como valor central o investimento em segurança no trabalho.” De acordo com o executivo, nos últimos dez anos a AngloGold não registrou
nenhum caso novo de silicose, doença pulmonar decorrente da aspiração da poeira de metais pesados, como chumbo e quartzo. Esse é um problema importante para o setor e pode até levar o trabalhador à morte. “Temos um centro de referência em pneumologia em Nova Lima (cidade mineira onde fca a sede da empresa no Brasil), e todos os funcionários da mina recebem acompanhamento médico constante”, afrma Guerra.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
73,9
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
75,2 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
79,8
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
82,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 119
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MINErAção E SIDErUrGIA
APERAM presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 2 100
Tolerância zero para os resíduos industriais Em seis anos, a siderúrgica Aperam reduziu pela metade a geração de resíduos na fabricação de aço. A meta é zerar os restos do processo produtivo | maria alice rosa
A
fabricante de aço inoxidável aperam tem um objetivo ambicioso para os próximos anos: eliminar totalmente os resíduos do seu processo produtivo. Preparando-se para essa era, a empresa até evita usar a palavra “resíduo” para designar os materiais que sobram do processo siderúrgico — prefere utilizar o termo “coproduto”. A nova nomenclatura, mais do que um detalhe semântico, dá a dimensão da cultura que a Aperam quer imprimir cada vez mais em todas as suas áreas de gestão. “Hoje entendemos que nosso trabalho não é lidar com resíduos, e sim reduzir o consumo ao mínimo, reutilizar tudo ao máximo e reciclar de maneira sustentável o que não puder ser aproveitado de cada um dos coprodutos”, diz Ilder Silva, diretor de recursos humanos e sustentabilidade da Aperam. Na prática, ainda há um bom caminho a ser trilhado para alcançar essa meta — no ano passado, a siderúrgica reaproveitou 83% de seus resíduos. Mas os avanços são notáveis. Em 2008, a Aperam gerava 160 quilos de resíduos por tonelada de placa de aço produzida. Hoje, gera entre 76 e 84 quilos — metade da quantidade de seis anos atrás. Uma das iniciativas que contribuíram para esse resultado foi uma parceria com uma das fornece-
doras, a mineradora baiana Ferbasa, que reaproveita a lama grossa expelida durante o processo de produção do aço inoxidável. “Poderíamos simplesmente estocar essa lama como um subproduto, pois não temos como utilizá-la em nosso processo de produção, mas passamos a enviá-la para a Ferbasa”, diz Silva. A mineradora usa esse material na produção de ferro-cromo, que depois é fornecido para a Aperam. Outra iniciativa que aju-
dou a Aperam a melhorar o uso dos recursos é a redução de 50% no consumo de ácido clorídrico no processo produtivo graças ao desenvolvimento de uma nova substância — um tipo de reagente químico que diminui a necessidade desse insumo na siderurgia. “Nosso grande desafo é organizar os processos de forma que todas as áreas da empresa contribuam com seu conhecimento para o uso mais efciente dos recursos naturais”, diz Silva.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
68,5 dimensão econômica
67,0 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
81,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
83,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
120 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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VALE presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 104,4 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 83 300
O desafo de extrair a riqueza da Amazônia
Prestes a iniciar a exploração de uma nova mina na região de Carajás, a Vale quer aplicar métodos mais sustentáveis que desenvolveu nas últimas três décadas | caroline marino
D
escobrir como extrair minério de ferro no coração da floresta amazônica, causando o menor impacto possível ao meio ambiente, tem sido uma das preocupações da mineradora Vale desde que começou a explorar as reservas na região de Carajás, no interior do Pará, em 1985. Agora, as tecnologias desenvolvidas na região ao longo das últimas três décadas estão sendo aplicadas na nova mina que a empresa está abrindo na região, no município de Canaã dos Carajás. O investimento no local chega a quase 20 bilhões de reais, o que inclui a construção de uma usina de benefciamento do minério — a operação deve começar em 2016. Quando tudo estiver funcionando, a capacidade de produção será de 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. “Hoje em dia, seria impossível levar adiante um projeto como esse sem considerar as questões de sustentabilidade”, diz Vania Somavilla, diretora de RH, saúde e segurança, sustentabilidade e energia da Vale. Uma das principais inovações adotadas no projeto é a utilização de um método de benefciamento mais efciente do que o convencional. Normalmente, o minério extraído é processado com a utilização de grande quantidade de água. Em Canaã dos
Carajás, no entanto, a Vale vai aplicar uma tecnologia que vem sendo testada na região desde 2008. Nela, o minério bruto é benefciado com o uso da umidade natural. Com isso, será necessário 90% menos água do que no método convencional. O volume de água poupado passa de 1,5 milhão de metros cúbicos por mês, o sufciente para abastecer uma cidade de 400 000 habitantes. A Vale também encontrou um modo de diminuir o consumo de
combustíveis. Numa mina comum, o minério bruto é transportado até as usinas de benefciamento em grandes caminhões fora de estrada — no caso de Canaã dos Carajás, seriam necessários cerca de 300 desses veículos. A Vale, porém, decidiu que o transporte será feito por meio de esteiras movidas por motores elétricos. Com isso, a emissão de gases causadores do efeito estufa será quase 80% menor do que com o uso de caminhões.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
82,2 dimensão econômica
69,7 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
79,3
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
75,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 121
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MINERAÇÃO E SIDERURGIA
VOTORANTIM METAIS presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,3 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 800
A dor de cabeça que virou fonte de lucros
Ao investir na reciclagem do principal resíduo gerado por suas fábricas, a Votorantim Metais transforma um passivo ambiental em novos produtos | caroline marino
U
ma das maiores fabricantes de zinco do mundo, a Votorantim Metais sabe do impacto de sua atividade no meio ambiente. Por isso trabalha para minimizar os efeitos negativos — e, se possível, transformá-los em novos negócios. O melhor exemplo é a reciclagem do pó de aciaria elétrica, um resíduo perigoso gerado pelas siderúrgicas. Até pouco tempo atrás, esse material era depositado num aterro e monitorado periodicamente. Há três anos, a Votorantim Metais começou a aliviar essa dor de cabeça ao investir 521 milhões de reais em um projeto de reciclagem de metais em sua fábrica em Juiz de Fora, Minas Gerais. A tecnologia implantada permite reciclar o zinco contido no pó de aciaria. Esse processo já responde por 20% da produção de zinco da fábrica. E não vai parar por aí, já que a unidade tem capacidade para tratar até 85% do pó de aciaria elétrica gerado — pela própria fábrica e por outras siderúrgicas — no Brasil. Além de transformar rejeitos em novos produtos — a meta é zerar os resíduos da atividade produtiva até 2020 —, a empresa busca estreitar o relacionamento com as comunidades no entorno de suas fábricas no país — são quatro unidades de zinco, quatro de alumínio e três de níquel, além de
11 minas. “Nossa atividade é muito mal percebida. Quando se fala em mineração, o que vem à mente das pessoas são buracos e fumaça”, diz Tito Botelho, presidente da Votorantim Metais. A companhia quer mudar essa percepção. “O objetivo é afetar o mínimo possível o ambiente e contribuir para o desenvolvimento humano e econômico da região em que trabalhamos.” Uma das ações nesse sentido é o programa Ecos da Mata, que desde 2010
apoia projetos em nove municípios da zona da mata mineira. O programa, que recebeu investimento de 3 milhões de reais, engloba três frentes: formação de gestores públicos, capacitação de empreendedores para o turismo rural e ecológico e realização de fóruns para elaborar um plano de desenvolvimento regional. “Agora a ideia é apoiar outros municípios, mesmo que não tenham relação direta com nosso trabalho”, diz Botelho.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
89,6
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
94,8
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
84,3
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
72,7
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
122 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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YamaNa presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita bruta em 2013 1,6 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 3 000
Mais do que nunca, a ordem é economizar
Enquanto aguarda a aprovação do novo marco regulatório do setor, a mineradora Yamana mira a redução do consumo de energia e o aumento da efciência | caroline marino
E
m junho de 2013, a presidente dilma rousseff enviou ao Congresso um projeto de lei que estabelece o novo marco regulatório da mineração, em substituição ao atual código mineral, criado há quase meio século. A proposta do governo prevê novas regras para a concessão de lavras e o aumento da alíquota da contribuição que as empresas recolhem como royalties pela exploração dos recursos minerais. O projeto do governo já recebeu cerca de 400 emendas e não há sinal de um desfecho próximo. Essa indefnição trava os investimentos e atrapalha os planos da canadense Yamana, que atua no Brasil na pesquisa e na extração de ouro, com seis unidades em operação. Há notícias de que a empresa está tentando vender suas minas no Brasil (procurada, a empresa negou sua intenção de sair do país). Em meio a esse clima de incerteza, a estratégia da companhia, mais do que nunca, é enxugar os custos e buscar a efciência. Exemplo disso é um levantamento realizado neste ano por uma subsidiária da Yamana, a MMIC, que identifcou 22 oportunidades para economizar materiais na exploração de suas minas em Goiás. “O foco é economizar energia elétrica e diesel, dois pontos-chave para a sustentabilidade de nosso negócio”, diz Ana Lucia Martins, vice-
-presidente de segurança, saúde, meio ambiente e relações com comunidades da Yamana. A empresa investiu 1 milhão de dólares para elaborar um projeto que pretende aumentar a produtividade da moagem do minério, etapa responsável por significativo consumo de energia. Para economizar diesel, a empresa está melhorando as pistas de acesso às minas, o que aumentará a produtividade dos caminhões no
transporte de minério. A estimativa é que, até 2015, haverá uma redução de 2,7% no uso de diesel e de 2,5% em energia elétrica. Isso representará uma economia de 910 000 litros de combustível e 6 500 megawatts-hora de energia (o sufciente para suprir as necessidades de 3 600 famílias). “Esses ganhos serão proporcionados por ações que dependem essencialmente de melhoria da gestão, com custo próximo a zero”, diz Ana Lucia.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
71,0 dimensão econômica
69,2
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
79,2
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,5
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 123
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PAPEL E cELULoSE
FIBRIA presença no guia
2000
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor 2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7,1 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 3 900
O compromisso é fazer mais com menos A fabricante de celulose Fibria estabeleceu há três anos metas a alcançar até 2025 para se tornar mais sustentável. Na maioria delas, conseguiu avanços | lívia andrade
M
aior produtora mundial de celulose de fbra curta de eucalipto — usada na fabricação de papéis para higiene pessoal e impressão —, a Fi bria estabeleceu há três anos um con junto de metas a perseguir até 2025 para se tornar mais sustentável. São seis metas com índices que devem ser atingidos ano a ano. “Na maioria das metas, tivemos importantes avanços”, diz Marcelo Castelli, presidente da Fibria. Uma delas é aumentar a pro dutividade e reduzir um terço a área necessária para a produção de celulo se. O desafo é, por meio do melhora mento genético do eucalipto, sair da média atual de 10 toneladas de celu lose por hectare ao ano para 15 tone ladas. Para isso, a companhia aposta nos “clones de elite”, os melhores clones selecionados em viveiros de pesquisa a cada dez anos. Os investi mentos nessa área resultaram no ano passado em 18 novas patentes em bio tecnologia. Outro compromisso de longo prazo é reduzir 91% dos resí duos sólidos destinados a aterros. A meta para o ano passado, de 10% de redução, foi atingida. Os resíduos, que incluem os restos do processo de lim peza da madeira e os rejeitos indus triais, vão para uma central de com postagem e depois voltam para a fo resta para corrigir a acidez do solo.
A Fibria avançou também no plano de recuperar 40 000 hectares de fo restas até 2025. No ano passado, res taurou mais de 5 000 hectares. Dobrar a absorção de carbono foi a única me ta não atingida em 2013 — a venda de ativos forestais no Rio Grande do Sul difcultou o cumprimento do objetivo. As últimas duas metas de longo prazo tratam da relação com as comunida des no entorno das operações. A pri meira é tornar autossustentáveis 70%
dos projetos de geração de renda apoiados pela empresa. Para isso, a Fibria investiu no ano passado quase 32 milhões de reais em ações de estru turação das comunidades. Por fm, a Fibria pretende alcançar um índice de 80% de aprovação nas comunidades. Em 2013, a taxa foi de 72,5%. “Não queremos chegar a 100% porque seria utópico”, diz Castelli. “Estaríamos maximizando os fatores sociais em detrimento dos outros resultados.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
90,9
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
87,6 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
80,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
76,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
124 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Germano Lüders
Marcelo Castelli, presidente da Fibria: obter 100% de aprovação das comunidades é utopia
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PAPEL E CELULOSE
KLABIN presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 5 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
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2012
2013
2014
número de funcionários 11 300
Madeira certifcada ao acesso dos pequenos Com o apoio da fabricante de papéis Klabin, um grupo de pequenos agricultores do Paraná obteve a certifcação FSC de boas práticas no manejo forestal | lívia andrade
A
certificação do forest stewardship Council (FSC), organização não governamental que atesta boas práticas no manejo florestal, é um anseio de muitos produtores forestais, mas, até recentemente, o selo era acessível apenas a grandes silvicultores. A história começou a mudar em 2009, quando um grupo de empresas de papel e celulose, incluindo a paulista Klabin, se uniu ao FSC Brasil, à organização ambiental WWF e à Universidade de Viçosa para criar um padrão de manejo forestal em pequena escala, em propriedades com até 480 hectares. “Não havia uma padronização para quem precisava se certifcar em grupo”, diz Ivone Namikawa, coordenadora de sustentabilidade forestal da Klabin. Criado o novo padrão, a Klabin iniciou um projeto piloto para certifcar um grupo de produtores forestais da região do Médio Tibagi, no Paraná. A Klabin apresentou a proposta, e 150 fornecedores manifestaram interesse em participar do projeto. “O problema era a falta da cultura do associativismo”, diz Ivone. A maioria dos produtores tinha difculdade de trabalhar em grupo e foi preciso fazer um trabalho de conscientização para mostrar que a falta de empenho de um poderia colocar em risco a certifca-
ção de todos. Uma equipe da Klabin, com o auxílio de uma consultoria, atuou nesse processo. No fm, só 41 dos 150 produtores interessados conseguiram a certifcação. Muitos foram eliminados na fase de auditoria, quando foram detectados problemas. Algumas propriedades, por exemplo, tinham fossa negra, um buraco na terra para descarte dos resíduos. Era preciso substituí-la por uma fossa séptica, sistema com um fltro para depu-
rar os efuentes. “A Klabin bancou a certifcação, mas os produtores fcaram responsáveis pelos custos de adequação da propriedade”, diz Ivone. Nesse primeiro trabalho, a área certifcada foi de 7 000 hectares. Com o selo, os produtores podem ampliar seu mercado. “A Klabin compra a madeira fna. A madeira certifcada de maior espessura é vendida para outras empresas, pois tem grande valor para a indústria moveleira”, diz Ivone.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
77,0 dimensão econômica
83,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
79,5
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
80,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
126 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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1105321-MELHORES E MAIORES NACIONAL-1_1-1.indd 127
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QUÍMICA
BERACA presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor
2002
2003
receita líquida em 2013 172 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 321
O primeiro passo é garantir a água A fabricante de produtos químicos Beraca desenvolve um projeto de apoio a comunidades de baixa renda no Piauí por meio de acesso a água potável e educação | katia simões
E
m 2012, o município de curimatá, no sul do Piauí, viveu a maior seca dos últimos 50 anos. Seus 10 000 moradores sofriam com a falta de água até mesmo para beber. Esquecida no mapa, distante 775 quilômetros de Teresina, capital do estado, Curimatá teve, no entanto, a sorte de ser a terra natal de uma família que, anos antes, mudara para São Paulo e conhecera Ulisses Sabará, presidente da indústria química paulista Beraca. O principal negócio da Beraca são produtos e serviços para tratamento de água. Condoído com a realidade dos moradores de Curimatá, o empresário decidiu ajudar. “Apesar de fcar muito próxima a um cinturão agrícola, a cidade carecia de tudo. Decidimos enviar caminhões-pipa e ajudar uma escola local”, diz Sabará. Foi o primeiro passo para a criação de um projeto batizado de Pace (Piauí, Água, Cidadania e Ensino). Perto da escola foi perfurado um poço e construída uma estação de tratamento de água para a comunidade. A escola foi reformada e ganhou uma biblioteca. O projeto chamou a atenção de um dos clientes da Beraca, o grupo francês de cosméticos Estée Lauder, que decidiu enviar recursos para furar mais quatro poços em Curimatá. Além disso, a Beraca melhorou a infraestrutura de outras
três escolas, construiu uma creche e criou um centro de apoio a crianças e adolescentes, onde são oferecidos reforço escolar e cursos como dança, música, inglês e empreendedorismo. O projeto estimula os jovens a continuar os estudos, abrindo uma perspectiva de vida melhor em uma das regiões mais pobres do país. Mas o primeiro passo é garantir o acesso a água potável — segundo algumas estimativas, o tratamento de água pode
aumentar até 50% a expectativa de vida de uma população. A Beraca atua nessa área distribuindo cloro e derivados para empresas de setores como saneamento, bebidas e agronegócio. A empresa estima que 47 milhões de pessoas no país — quase um quarto da população — consumam água tratada com seus produtos. “Em muitos casos, somos a única empresa a oferecer acesso a água potável em cidades muito pequenas”, diz Sabará.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
68,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
92,4 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
91,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
90,4
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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Germano Lüders
Ulisses Sabará, presidente da Beraca: água tratada para 47 milhões de brasileiros
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QUÍMICA
BASF presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 7,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 400
Uma fábrica inteira passada a limpo A Basf decidiu rever todos os processos de sua unidade em São Bernardo do Campo para descobrir o que era possível melhorar para torná-la mais sustentável | katia simões
H
á pouco mais de dois anos, a alemã basf, uma das maiores empresas químicas do mundo, decidiu passar uma fábrica inteira a limpo. O objetivo era avaliar todos os processos industriais e descobrir onde era possível fazer alterações que deixassem sua operação mais sustentável. Para o projeto, o primeiro do gênero conduzido pela multinacional no mundo, foi escolhida a unidade de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, onde são fabricadas tintas automotivas, industriais e decorativas, entre outras linhas de produtos. Técnicos da Fundação Espaço Eco, instituída pela Basf para cuidar da área de sustentabilidade, fzeram um mapeamento completo dos impactos ambientais gerados pelo consumo de água, de energia elétrica e de matérias-primas na fábrica, além do volume de resíduos produzidos e reciclados. “Ao mesmo tempo, tivemos de criar um programa de treinamento para conscientizar os funcionários sobre a importância do que estávamos fazendo”, diz Antonio Carlos Lacerda, vice-presidente de tintas e soluções funcionais, automotivas e de construção da Basf para a América Latina. “Queríamos mostrar a eles que, para ser sustentável, é preciso mudar o jeito de pensar e de agir.” Trabalham na
unidade de São Bernardo do Campo cerca de 1 200 funcionários. Os resultados indicaram que havia, de fato, muita margem para aumentar a efciência. O trabalho resultou em alterações que proporcionaram, em dois anos, uma economia estimada em mais de 6 milhões de litros de água. A energia poupada chegou a 2 200 megawatts-hora, o sufciente para abastecer, durante um ano, aproximadamente 900 residências com quatro
moradores cada uma. A redução na emissão de gases causadores de efeito estufa foi de 8%. Um exemplo de mudança que permitiu à fábrica operar com mais efciência foi a reorganização da logística para os 300 caminhões que saem diariamente da empresa em São Bernardo do Campo — hoje, a escolha da rota é feita com o auxílio de um software, que avalia qual caminho permitirá diminuir os gastos de combustível e as emissões de gases estufa.
desempenho dez indicadores-chave(1)
dimensão geral
72,5 dimensão econômica
77,2 dimensão social
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
83,4
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,9
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
130 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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BRASKEM presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 24,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 4 900
Atrás de uma revolução verde na petroquímica A Braskem aplica 200 milhões de reais ao ano em inovação. Uma das metas é desenvolver matérias-primas derivadas da cana-de-açúcar para substituir o petróleo | katia simões
A
inovação pode ajudar as empresas a encontrar caminhos para se tornar mais produtivas e sustentáveis. Essa é a lógica que a petroquímica Braskem vem seguindo nos últimos anos. A empresa aplica, em média, 200 milhões de reais ao ano em pesquisas — parte considerável dos recursos é direcionada ao desenvolvimento de substâncias de origem renovável para substituir os derivados de petróleo na composição de plásticos, como os polímeros feitos com derivados da cana-de-açúcar. Um exemplo: só em Campinas, no interior paulista, foram investidos 30 milhões de reais num laboratório recém-inaugurado, no qual há 33 profssionais dedicados a projetos em áreas como biotecnologia e processos químicos para o desenvolvimento dos produtos verdes. Nem tudo é feito exclusivamente dentro de casa. Em setembro, a Braskem deu mais um passo nessa estratégia ao anunciar um acordo de cooperação tecnológica com a empresa americana de produtos renováveis Amyris e com a fabricante francesa de pneus Michelin. Juntas, as três empresas querem criar uma substância importante na fabricação de pneus — o isopropeno —, com base no açúcar de cana e de matérias-primas derivadas da celulose.
Hoje, a Braskem tem uma capacidade de produção de 200 000 toneladas por ano de matérias-primas derivadas da cana. Ainda é pouco para uma empresa que pode processar 16 milhões de toneladas de produtos feitos de petróleo em 36 fábricas distribuídas no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha. O futuro do plástico renovável, porém, é promissor. Atualmente, a Braskem mantém 24 laboratórios pelo mundo conduzindo estudos que
podem levar ao desenvolvimento de 270 novos produtos — a previsão é que muitos cheguem ao mercado até 2020. “A Braskem tem como missão ser uma empresa líder no desenvolvimento de polímeros verdes”, diz Jorge Soto, diretor de desenvolvimento da petroquímica. “E tão importante quanto isso é que essas inovações possam trazer resultados para os clientes. Para nós, uma ideia criativa só faz sentido quando traz benefícios reais.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
83,4
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
82,8 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
56,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
74,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 131
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QUíMIcA
DOW BRASIL presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários ni
Água fresca gastando menos
A Dow desenvolveu um sistema de fltros que promete diminuir em 40% os custos de tratamento de água. A tecnologia começou a ser usada no litoral paulista | kAtiA simões
D
urante décadas, os filtros de barro eram uma das poucas opções ao alcance dos brasileiros para tornar própria para consumo a água captada em fontes, poços e riachos. Efcazes, baratos e de manutenção simples, muitos desses objetos ainda hoje são usados nas casas de milhares de pessoas que não têm acesso a água tratada. Recentemente, uma versão mais moderna dessa tecnologia foi desenvolvida pela americana Dow. Trata-se de uma substância capaz de fltrar e eliminar, segundo a empresa, 99,9% dos micro-organismos presentes na água que podem causar doenças. Não é só isso: esse fltro — que a Dow chama de ultrafltro — pode ser usado em estações de tratamento de grande porte, substituindo estruturas que tomam mais tempo e ocupam mais espaço, como os tanques de decantação e de tratamento químico usados para purifcar a água. No Brasil, a primeira delas começou a funcionar em abril na Riviera de São Lourenço, praia do município de Bertioga, no litoral norte de São Paulo. A estação tem capacidade para tratar 90 metros cúbicos de água por segundo, o sufciente para atender a uma população de 10 000 pessoas — a obra foi construída em parceria com a Sabesp, concessionária paulista de água e saneamento.
Embora o custo de construção de uma estação de tratamento com o ultrafltro seja igual ao de uma convencional, sua operação é cerca de 40% mais barata, segundo a Dow. A diferença se deve principalmente à diminuição nos gastos com produtos químicos e à redução do desperdício de água e de energia. Essa tecnologia é um dos negócios que a empresa considera mais promissores no mercado brasileiro. “O desenvolvimento de
produtos e serviços para o tratamento de água vem ganhando peso na empresa”, diz Pedro Suarez, presidente da Dow na América Latina. O mesmo sistema de tratamento usado na Riviera de São Lourenço pode servir, por exemplo, para tornar potável a água do mar ou para tratar esgoto. É uma boa aposta da Dow, considerando que a escassez hídrica, segundo várias previsões, tende a se tornar um fenômeno cada vez mais frequente no mundo.
desempenho dimensão gerAl
dez indicAdores-chAve(1)
74,6
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômicA
82,3 dimensão sociAl
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
85,0
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão AmbientAl
87,0
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
132 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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WHITE MARTINS presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 2,6 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 5 200
Um gás na efciência ambiental dos clientes
A White Martins busca soluções para uma dupla necessidade do mercado: aumentar a efciência das operações sem provocar uma alta nos custos | katia simões
O
setor industrial no brasil enfrenta um desafo: cumprir os requisitos ambientais cada vez mais rígidos estabelecidos pela legislação ou pelas exigências do mercado, mas sem que isso provoque aumento dos custos e perda da rentabilidade do negócio. Ajudar os clientes a solucionar esse tipo de problema é um dos objetivos da fabricante americana de gases industriais White Martins no Brasil. A empresa mantém no país uma equipe de 30 engenheiros com a principal tarefa de estudar as necessidades dos clientes e, depois, nos laboratórios, investigar como atendê-las a um custo compatível. “Muitas vezes, precisamos trabalhar duro para que o mercado aceite tecnologias e processos inovadores, que mudam a forma como a produção deles é organizada”, afrma Domingos Bulus, presidente da White Martins. “Afinal, ninguém quer colocar dinheiro em uma solução que não seja duradoura e não traga resultados efetivos.” Uma das tecnologias desenvolvidas pela empresa é a reciclagem do dióxido de carbono, um dos gases causadores do efeito estufa. A White Martins capta o gás que é produzido pelas operações de seus clientes e o recicla para ser utilizado em setores como o de alimentos e bebidas, papel e celu-
lose e petróleo. No Brasil, a empresa mantém dez unidades de reciclagem do dióxido de carbono — desde 2010, elas já captaram mais de 800 000 toneladas do gás, que de outra forma seriam lançadas na atmosfera. A preocupação com a sustentabilidade não se limita aos negócios dos clientes. A White Martins também vem investindo em efciência ambiental em suas próprias fábricas. A empresa conta com uma equipe de 120
profssionais dedicados a aperfeiçoar processos e a detectar oportunidades para aumentar a efciência operacional, fazendo cada vez mais com menos recursos. Em 2013, o trabalho dessa equipe resultou em 449 iniciativas, que geraram uma economia de 1,4 milhão de litros de combustível, 14 000 quilowatts-hora de energia elétrica e 115 000 litros de água, além de dar destinação ambientalmente correta a 15 000 toneladas de resíduos.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
68,8 dimensão econômica
79,7
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
77,2
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
80,3
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 133
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SERVIÇoS DE SAúDE
Sabin presença no guia
2000
A MAIS SUSTENTáVEL Do SEToR 2001
2002
2003
receita líquida em 2013 270 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 1 800
Crescimento saudável com a força das mulheres
Apoiado em mão de obra com predomínio feminino, o laboratório Sabin inicia um novo ciclo de governança para garantir a longevidade e ampliar mercados | gabriella sandoval
C
riado pelas bioquímicas janete vaz e Sandra Costa, o laboratório Sabin começou a operar em 1984 com apenas dois funcionários. Passados 30 anos, o caminho trilhado pelas jovens em preendedoras resultou em uma rede formada por 138 unidades, onde tra balham 1 800 funcionários. No ano passado, a empresa realizou 20 mi lhões de exames e faturou 270 mi lhões de reais — a meta é aumentar a receita 30% neste ano. Completar três décadas de vida com saúde fnancei ra exigiu da empresa um planejamen to que se intensificou nos últimos cinco anos, quando Janete e Sandra deram início a um novo processo de governança corporativa. Sob a orien tação de consultores da Fundação Dom Cabral, as sócias decidiram con centrar forças nas decisões estraté gicas, deixando a condução da em presa nas mãos da bioquímica Lídia Abdalla, nomeada no início deste ano a nova presidente executiva do Sabin. Lídia, que começou na empresa como trainee há 15 anos, é a personifcação de um dos pilares da política de sustentabilidade do Sabin: a valoriza ção das mulheres. Elas representam 75% do quadro de funcionários e ocu pam 78% dos cargos de chefa. Lídia assume agora seu maior desafo: con quistar novos mercados, preservando
os princípios que nortearam o Sabin nos últimos anos, entre os quais o investimento contínuo nas pessoas — todos os funcionários, por exemplo, têm previdência privada e partici pação nos resultados. Manter esse padrão de benefícios não é uma tarefa simples em uma em presa cuja força de trabalho cresceu 43% no ano passado em razão da am pliação dos negócios. Maior laborató rio de análises clínicas do Centro
Oeste, o Sabin vem investindo nos últimos três anos em sua expansão nacional. O laboratório está hoje pre sente no Distrito Federal e em Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Ama zonas e Pará. “Temos muito espaço para crescer, mas precisamos garantir que esse processo ocorra de forma es truturada e sustentável”, diz Lídia. “Planejamos entrar em novos merca dos, mas o foco agora é fortalecer a marca onde já estamos presentes.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
87,3
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
94,4
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
92,9
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
89,0
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
134 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Germano Lüders
Lídia Abdalla, presidente do Sabin: de trainee ao comando da empresa em 15 anos
Novembro 2014 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 135
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SERVIÇoS DE SAúDE
GRUPO FleURy presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,7 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 8 800
Um laboratório de boas ideias
O Grupo Fleury incentiva os funcionários a dar sugestões para melhorar os processos de negócios. Em 2013, o programa gerou economia de 4 milhões de reais | gabriella sandoval
O
grupo fleury, um dos maiores prestadores de serviços de saúde do Brasil, busca na colaboração de funcionários e fornecedores soluções que melhorem seus processos e serviços. Hoje, eles têm acesso à Central de Ideias, uma espécie de rede social corporativa, em que as melhores sugestões são contempladas com moedas virtuais que depois podem ser trocadas por prêmios. Só no ano passado, o sistema na intranet registrou mais de 4 900 participações. Das 533 ideias aprovadas, 98 foram colocadas em prática, proporcionando uma economia de 4 milhões de reais para a empresa. “Em 2012, geramos menos da metade desse valor, o que comprova o amadurecimento das ideias e a efcácia na identifcação de oportunidades”, diz Daniel Périgo, gerente de sustentabilidade do Grupo Fleury. Na prática, as ideias já serviram para que a empresa deixasse de imprimir automaticamente os resultados de exames de análises clínicas, economizando energia, tinta e papel, e passasse a adotar o serviço de entregas por bicicleta para transportar documentos em São Paulo. Até o fm de junho, os ciclistas já haviam percorrido um total de 4 000 quilômetros, evitando a emissão de quase 300 quilos de dióxido de carbono — o equivalente ao vo-
lume gerado por um carro num deslocamento de 1 500 quilômetros. Depois de conseguir o engajamento dos funcionários, o Fleury tem agora o desafo de retê-los. Atualmente, o grupo passa por um período de consolidação das aquisições realizadas nos últimos anos — 27 empresas foram compradas entre 2002 e 2012. No ano passado, o Fleury fechou com 159 unidades de atendimento em seis estados e no Distrito Federal. Uma das metas
é reduzir a taxa de rotatividade, hoje em torno de 27%, para 12% nos próximos cinco anos. Para isso, o Fleury lançou um plano que prevê, entre outras medidas, a revisão das formas como atrai e recompensa seus profssionais. “Quase 80% de nossos funcionários têm contato direto com os clientes”, diz Carlos Marinelli, presidente do Fleury. “A gestão de pessoas deve ser olhada com atenção, pois é parte estratégica de nosso negócio.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
86,7 dimensão econômica
74,8
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
79,1
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
75,1
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
136 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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Hospital albert einstein presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,8 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 10 600
Um hospital de ponta a serviço da comunidade Programa criado e gerido pelo Hospital Albert Einstein presta atendimento a mais de 10 000 crianças na segunda maior favela da cidade de São Paulo | gabriella sandoval
R
econhecido por sua excelência em saúde, o Hospital Albert Einstein se destaca também pelas iniciativas na área de responsabilidade social. No ano passado, o programa mantido pelo hospital desde 1997 na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, recebeu o aval da Joint Commission International, um dos mais respeitados órgãos de certifcação de qualidade das instituições de saúde no mundo. “Mostramos que é possível oferecer a comunidades carentes um serviço de qualidade pautado nas melhores práticas”, afrma Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Albert Einstein. Construído no centro de Paraisópolis — a segunda maior favela de São Paulo, com cerca de 60 000 moradores —, o ambulatório do programa atende 10 000 crianças por ano. Encaminhadas por Unidades Básicas de Saúde e por serviços de proteção, como o Conselho Tutelar, elas recebem atendimento médico e têm acesso a exames, vacinas, medicamentos, cirurgias e acompanhamento nutricional. No ano passado, por exemplo, 106 crianças diagnosticadas com baixa acuidade visual receberam óculos com lentes corretivas. “Os casos de cegueira poderiam ser reduzidos pela metade se fossem tomadas medidas
preventivas efcientes ainda durante a idade escolar”, diz Lottenberg. A área de 5 500 metros quadrados construída em Paraisópolis também oferece atividades como orientação para gestantes, música, esportes e capacitação nas áreas de moda e gastronomia. Incluindo esses serviços, o programa prestou 274 000 atendimentos em 2013. No atendimento ambulatorial, o estreitamento das relações entre o hospital e o sistema público de
saúde vem dando mais celeridade aos tratamentos, mas o próprio Einstein reconhece que é preciso melhorar a comunicação com as Unidades Básicas de Saúde — não é raro que pacientes com doenças crônicas sejam encaminhados ao ambulatório com quase 14 anos, a idade-limite dos benefciários do programa. É uma medida que ajudaria a aproximar mais a comunidade da excelência em saúde à qual todos deveriam ter acesso.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
82,8
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
75,8 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
79,6
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
81,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
Novembro 2014 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 137
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SERVIÇoS DE SAúDE
Hospital sírio-libanês presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1 bilhão de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 5 200
A ambição é inspirar o setor de saúde O hospital Sírio-Libanês adota uma agenda internacional para reduzir o impacto de suas atividades em dez temas, incluindo tecnologias de construções sustentáveis | beto gomes
A
té 2017, o hospital síriolibanês, de são paulo, pretende dobrar sua capacidade de atendimento. A construção de uma nova unidade na capital paulista e de três novos edifícios ao lado da sede, no bairro da Bela Vista, ampliará o número de leitos de 372 para 727. As salas cirúrgicas subirão das atuais 19 para 33 e a média de internações deverá aumentar de 18 800 para 40 000 por ano. Alguns andares das três novas torres já estão em funcionamento e a previsão é que as obras sejam concluídas em 2015. A expansão inclui investimentos em tecnologia para reduzir o impacto ambiental das atividades. As novas instalações do hospital, que estão em processo de certifcação Leed — selo que atesta a adoção de boas práticas na construção —, contam com tecnologias para reduzir o consumo de recursos naturais. A nova central de água gelada, por exemplo, permitirá diminuir o consumo de energia em 40%. A construção de um edifício sustentável faz parte de um plano abrangente, orientado por uma iniciativa chamada Hospitais Verdes e Saudáveis, lançada em 2011 pela rede internacional Health Care without Harm (Saúde sem Dano). Essa rede global de hospitais e serviços de saúde propõe uma agenda de sustentabilidade
com uma série de ações em dez temas centrais. “É uma agenda complexa, e alguns compromissos são difíceis de ser atingidos”, diz Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Sírio-Libanês, um dos primeiros hospitais no país a subscrever a agenda, em 2012. Dos dez itens propostos pela agenda, seis já estão bem encaminhados no Sírio-Libanês (como as ações para avaliar as substâncias químicas de alto risco e encontrar substitutos
mais seguros), dois contam com ações em fase de planejamento e dois não serão atingidos no curto prazo — a substituição de produtos alimentícios industrializados por alimentos mais saudáveis e a gestão de produtos farmacêuticos de forma mais segura. “Ainda precisamos encontrar soluções para encaminhar essas questões, mas nosso grande desafo é promover essa agenda sustentável para todo o setor de saúde”, diz Vecina.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
75,2 dimensão econômica
66,2
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
80,9
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
70,8
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
138 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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TELECOMUNICAÇÕES
ALGAR TELECOM presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 765 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOr
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 2 300
Um programa que vale por três A operadora de telefonia Algar Telecom desenvolve um projeto de reciclagem de materiais que alia objetivos ambientais, educacionais e sociais | lucy cardia
M
uitas empresas costumam definir prioridades para sua atuação na área de sustentabilidade — a ênfase pode recair, por exemplo, na preservação do meio ambiente, no incentivo à educação ou no apoio a comunidades carentes. A Algar Telecom, operadora de telefonia com sede na cidade mineira de Uberlândia, achou uma forma de atender a essas três áreas com um único projeto. Trata-se do Ecobanner, por meio do qual a empresa recolhe lonas acrílicas usadas em outdoors, painéis e placas publicitárias nas cidades que compõem sua área de cobertura. O material coletado serve de matéria-prima para bolsas, estojos, porta-cartões, lixeiras e sacolas, produzidos por cooperativas ou organizações sociais. Parte da lona recolhida é entregue aos detentos do presídio Jacy de Assis, em Uberlândia, que a usam para fabricar material escolar depois encaminhado a alunos das escolas da rede pública. A preocupação em coletar material que seria descartado e encontrar modos de reaproveitá-lo segue uma lógica semelhante à de outro projeto da empresa, que recolhe as coberturas de fbra de vidro dos telefones públicos danifcados e dá novo destino a elas — algumas são reformadas e doadas a sitiantes, que as utilizam como co-
medouros de animais, ou então são adaptadas para servir de coletores de baterias e pilhas. Outro pilar da política da Algar Telecom é o uso do que a empresa chama de “poder de convencimento” — a capacidade que ela tem de exercer algum tipo de pressão sobre seus 4 000 fornecedores para que adotem práticas sustentáveis. “Quando fechamos um contrato de compra, exigimos que os fornecedores se comprometam a
manter programas de sustentabilidade”, afrma Divino Sebastião de Souza, presidente da Algar Telecom. Além disso, os fornecedores precisam designar representantes para participar de um treinamento a distância sobre os princípios ambientais seguidos pela empresa. “Já avançamos bastante nesse tipo de relacionamento com os fornecedores”, diz Souza. “O próximo passo é criar um programa semelhante para nossos clientes.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
87,4
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos
dimensão econômica
84,6 dimensão social
ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
87,4
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
90,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
140 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2014
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leandro fonseca
Divino Sebastião de Souza, presidente da Algar Telecom: os fornecedores devem adotar práticas sustentáveis
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TELECOMUNICAÇÕES
Telefônica ViVO presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 35,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
número de funcionários 18 400
Fazer mais do que a obrigação
Em 2012, a Telefônica Vivo assumiu o compromisso de levar internet a escolas rurais. Era o início de um programa de inclusão digital que hoje benefcia 23 000 alunos | lucy cardia
U
ma das principais iniciativas de responsabilidade social da Telefônica Vivo, maior operadora de telecomunicações do país, acontece longe dos grandes centros urbanos. É o programa Escolas Rurais Conectadas, que pretende melhorar a qualidade da educação no campo por meio da inclusão digital. A iniciativa surgiu de uma obrigação imposta pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às empresas Vivo e Telefônica durante a fusão das operações das duas companhias, em 2012. “A exigência era que levássemos internet a um total de 100 escolas rurais”, diz Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica Vivo. “Mas vimos uma boa oportunidade de causar um impacto positivo na qualidade da educação no interior do país e decidimos ir além do que nos foi pedido.” Além de fornecer acesso à rede — essa era a única exigência da Anatel —, a Telefônica Vivo doou notebooks com material didático e treinou professores para que eles pudessem tirar proveito do conteúdo online e aplicá-lo em sala de aula. A Escola Municipal Zeferino Lopes de Castro, na zona rural de Viamão, no interior gaúcho, foi escolhida para ser um laboratório do programa. A escola recebeu conexão ultrarrápida em fibra óptica, e
todos os professores e alunos ganharam netbook ou tablet. Os professores foram treinados para ajudar os 106 alunos a participar de projetos nos quais aprendem noções de programação de computadores e robótica. Proporcionar acesso às escolas em localidades remotas também foi uma das exigências do edital do leilão de telefonia celular de quarta geração (4G), realizado neste ano. E, novamente, a Telefônica Vivo decidiu fazer
mais do que a obrigação. Além de levar internet a mais de 4 000 escolas rurais, a companhia está capacitando os professores para que possam usar novas tecnologias em sala de aula, benefciando 23 000 alunos em nove estados. A empresa não pretende parar por aí. Até o fm de 2015, a meta é levar conexão à internet a um total de 22 000 escolas rurais pelo país e oferecer 10 000 vagas em cursos de formação online para professores.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
67,1 dimensão econômica
92,5
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
68,3
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
65,2
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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TRANSPORTE E LOGíSTIcA
GRUPO LIBRA presença no guia
2000
2001
2002
2003
receita líquida em 2013 1,1 bilhão de reais
2004
2005
A MAIS SUSTENTávEL DO SETOR 2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
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2014
número de funcionários 3 400
Uma contribuição para arejar os portos O Grupo Libra, de logística, investe em equipamentos elétricos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa em suas operações portuárias | helô reinert
O
grupo libra, um dos maiores operadores portuários e de logística do Brasil, atua nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, que estão entre os mais movimentados do país. Sozinha, a empresa movimenta 9% dos contêineres nos portos brasileiros. Para transportar as cargas, usa vários equipamentos que funcionam a óleo diesel — a queima do combustível fóssil gera 62% das emissões de gases de efeito estufa do Grupo Libra. Reconhecendo o problema, a empresa traçou no ano passado a meta de, até 2017, diminuir em 40% a emissão de gases no terminal do Rio de Janeiro e em 50% no Porto de Santos. Uma das medidas para alcançar o objetivo é a substituição de empilhadeiras a óleo diesel por equipamentos que operam com uma fonte mais limpa, a eletricidade. As novas máquinas, importadas da China, custaram 93 milhões de reais e chegaram ao país no fm de setembro. Esses equipamentos emitem 90% menos carbono do que os antigos. “São um reforço e tanto para cumprirmos nossa meta de redução de emissões”, diz Marcelo Araújo, presidente do Grupo Libra. Para que a incorporação dos novos equipamentos não afete a produtividade — o Grupo Libra detém vários recordes de efciência em movimen-
tação de contêineres —, é crucial que a empresa continue investindo em capacitação. No ano passado, 93% dos funcionários cumpriram a meta de participar de pelo menos 24 horas de treinamento. Os programas tratam de temas-chave, como excelência operacional, gestão de pessoas e, claro, sustentabilidade. “Sem criar uma cultura, não é possível que a área de compras encomende o equipamento mais efciente, seguro e sustentável”, diz
Araújo. Graças aos investimentos em treinamento, o Grupo Libra registrou no ano passado redução de 72% no número de acidentes com afastamento em relação ao ano anterior. Há, contudo, um aspecto que a empresa precisa melhorar: o índice de rotatividade, que foi de quase 19% em 2013. Para fazer um diagnóstico sobre as razões dessa alta taxa, a empresa formou um grupo de trabalho, que deve elaborar um plano de ação.
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
83,3 dimensão econômica
59,0
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
78,3
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
86,9
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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Leandro Fonseca
Marcelo Araújo, presidente do Grupo Libra: troca de empilhadeiras a diesel por elétricas
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PME
ZANZINI presença no guia
2000
2001
A MAIS SUSTENTávEL Do SETor 2002
2003
receita líquida em 2013 86 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
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2014
número de funcionários 370
Vivendo o dia a dia com a comunidade
Instalada em uma pequena cidade do interior paulista, a fabricante de móveis Zanzini investe em ações que são aprovadas por 98% dos moradores | beto gomes
D
a pequena cidade de dois córregos, no interior paulista, a fabricante de móveis Zanzini comercializa produtos feitos com painéis de madeira para todo o Brasil e para o Mercosul. O grande alcance de suas atividades, no entanto, está ali mesmo, nos limites de um município com pouco mais de 26 000 habitantes. Fundada em 1965, a Zanzini investiu ao longo do tempo na construção de uma relação próxima com a população local e mostrou que não é preciso ser uma grande corporação para colocar a sustentabilidade na ordem do dia. Com iniciativas pontuais e programas permanentes, a Zanzini envolve funcionários, fornecedores, estudantes, o setor público e outras empresas em ações que buscam minimizar problemas sociais e ambientais do município. O resultado desse trabalho pode ser medido pelo nível de satisfação da comunidade com a companhia. Em 2013, uma pesquisa mostrou que 98% dos moradores de Dois Córregos estão satisfeitos com a atuação da Zanzini, e 100% acham que a empresa é importante para a cidade. “O fato de ser uma companhia pequena, em um lugar onde todo mundo se conhece, ajuda bastante. Mas não é isso que determina nosso valor na área de sustentabilidade”, diz Denise Zanzini, presiden-
te da empresa. “Fazemos pequenas ações que, juntas, comprovam que isso é algo genuíno na Zanzini.” Parte da avaliação positiva se deve à ação mais longeva da empresa, o Projeto Reciclo, que desde 2001 incentiva a população a coletar resíduos para a reciclagem. A estrutura de prensagem montada na fábrica de móveis responde por 20% do material reciclado na cidade — mais de 2 700 toneladas passaram por ali desde o
início do projeto. Em 2013, esse trabalho gerou uma receita de 70 000 reais, reinvestidos em cursos para os funcionários. Eles decidem o que fazer com o dinheiro. Pode ser um curso de idiomas, pós-graduação ou mesmo algo que não tenha nada a ver com o negócio da Zanzini. “Tivemos um funcionário, por exemplo, que foi estudar enfermagem”, diz Denise. Para ela, isso não é problema. “Se for bom para ele, vai ser bom para a gente também.”
desempenho dimensão geral
dez indicadores-chave(1)
52,0 dimensão econômica
71,3
acima da média
regular
abaixo da média
direitos humanos ética e transparência gestão da água gestão da biodiversidade gestão de fornecedores
dimensão social
91,7
gestão de resíduos governança da sustentabilidade mudanças climáticas
dimensão ambiental
77,6
relação com a comunidade relação com clientes
1. A avaliação foi feita separadamente para cada tema, levando em conta a média e a diversidade de desempenho das empresas. Leia os detalhes na pág. 17 Fonte: GVCes
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Germano Lüders
Denise Zanzini, presidente: projeto de reciclagem e cursos para os funcionários
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as empresas mais
sustentáveis
por categoria Direitos Humanos ............................................................................... 150 Ética e transparência .................................................................. 152 gestão da Água ..................................................................................... 154 gestão da Biodiversidade ................................................. 156 gestão de Fornecedores ..................................................... 158 gestão de resíduos ....................................................................... 160 governança da sustentabilidade ........................ 162 mudanças climáticas ................................................................... 164 relação com a comunidade ........................................ 166 relação com clientes ................................................................. 168
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: DIREITOS HUMANOS
Evento promovido pela Avon no Parque do Ibirapuera, em São Paulo: a empresa de cosméticos tem várias iniciativas voltadas para seu principal público
avon
Sem medo de ser mulher
A fabricante de cosméticos Avon desenvolve várias ações para combater a violência doméstica e a violação dos direitos das mulheres | flávia d’angelo
Divulgação
C
ombater a cultura de violência contra as mulheres. Esse é o objetivo de uma campanha global criada há dez anos pela americana Avon, maior empresa de cosméticos do mundo. No Brasil, o projeto foi lançado em 2008 com o nome Fale Sem Medo e já recebeu investimentos de mais de 10 milhões de reais em ações de prevenção e combate à violência doméstica. Uma das iniciativas desenvolvidas por aqui são pesquisas para identifcar a percepção dos brasileiros em relação à Lei Maria da Penha, instituída em 2010 para coibir a violência contra as mulheres. O mais recente levantamento, do ano passado, incluiu pela primeira vez a opinião dos homens. “A pesquisa mostrou que a maioria dos homens conhece essa lei de forma superfcial”, diz David Legher, presidente da Avon Brasil. O estudo revelou, por exemplo, que 56% dos homens admitem já terem sido violentos com suas parceiras, 89% consideram inaceitável que sua mulher não mantenha a casa em ordem e 46% não admitem que ela use roupas justas
ou decotadas. “A cultura machista ainda é muito grande”, diz Legher. “Identificamos que muitas pessoas estão imersas em um ambiente de violência doméstica mas não têm noção disso.” Para conscientizar os brasileiros sobre o tema, a Avon tem realizado várias ações. Neste ano, em parceria com o fundo de investimento social Elas, voltado para a valorização feminina, a empresa selecionou 31 projetos ligados à defesa dos direitos das mulheres. Esses projetos receberão auxílio de um fundo constituído com doações da Avon e de consumidores que compraram itens de uma linha de acessórios criada para arrecadar recursos para a campanha — até agora, o fundo captou 3,1 milhões de reais. Outra iniciativa é ajudar na divulgação do telefone 180, que recebe denúncias de violação dos direitos das mulheres. O telefone está sendo estampado nos catálogos de produtos da Avon. “A cada 20 dias distribuímos 6 milhões de folhetos”, diz Lírio Cipriani, diretor do Instituto Avon, braço social da empresa. “O poder de disseminar informações é nossa maior força.”
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: ÉTICA E TRANSpARêNCIA
L’ORéAL
Fábrica da L’Oréal no Rio de Janeiro: todos os funcionários precisam ler e assinar o código de ética da empresa
Um ingrediente que não pode faltar A francesa L’Oréal, do setor de cosméticos, incorpora diretrizes anticorrupção em seu código de ética e cria um canal para receber denúncias de irregularidades | flávia d’angelo
FELIPE VARANDA
C
om mais de 77 000 funcionários no mundo, dos quais 2 700 no Brasil, a multinacional francesa de cosméticos L’Oréal foi uma das primeiras empresas a criar um código de ética, há mais de uma década. O documento, publicado em 35 línguas, foi redigido com a ajuda dos empregados. “Eles trabalharam na concepção do código e na defnição dos valores, contribuindo com exemplos práticos”, diz Didier Tisserand, presidente da L’Oréal Brasil. O documento foi lançado em 2000, atualizado em 2007 e deve ganhar uma nova edição ainda neste ano. Os pilares, contudo, serão preservados: o respeito às pessoas, às leis e aos costumes locais. Todo funcionário admitido na empresa recebe o código, que deve ser lido, discutido com o gestor direto e assinado. Além disso, o novo funcionário participa de um treinamento online sobre o tema e é avaliado semestralmente. Com todos esses cuidados, a L’Oréal, não por acaso, fgura há vários anos na lista das “empresas mais éticas do mundo” elaborada pelo Instituto Ethisphere, organiza-
ção internacional que avalia companhias de 36 setores em 100 países. No ano passado, em uma nova iniciativa para reforçar seu compromisso com a ética, a L’Oréal incorporou a prevenção contra a corrupção às suas diretrizes para orientar condutas não só internamente como também nas negociações e parcerias com o público externo. Como parte desse processo, a empresa criou um canal exclusivo para receber denúncias, batizado de Voz Ativa. Gerenciado por uma empresa terceirizada, o serviço fca disponível 24 horas por dia, por telefone e pela internet. A ideia é que o novo canal seja imparcial e assegure o anonimato dos autores das denúncias. A confdencialidade impede a divulgação do número de denúncias, mas Tisserand afirma que todas elas são investigadas e, se necessário, aqueles que se desviam da conduta esperada sofrem punições. “A ética está no centro de nossa estratégia, pois entendemos que só é possível alcançar o sucesso nos negócios seguindo princípios como integridade, respeito e coragem”, diz Tisserand.
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: GESTãO DA áGUA
AmbeV
O que vem antes da geladinha A fabricante de bebidas Ambev vendeu 11,8 bilhões de litros de cerveja em 2013. A continuidade do negócio depende de preservar a principal matéria-prima: a água | lia vasconcelos
Evento promovido pela Ambev: a estratégia da empresa para preservar as bacias hidrográficas que abastecem suas fábricas é mobilizar a população
DIVULGAÇão/AmbeV
A
fabricante de bebidas ambev produz cerca de 30 marcas de cerveja e bebidas não alcoólicas em 29 fábricas espalhadas pelo Brasil. No ano passado, vendeu 11,8 bilhões de litros de cerveja e 4,6 bilhões de litros de refrigerante. Boa parte disso, claro, é água — que precisa ser de boa qualidade. “A água está no centro das ações de sustentabilidade da Ambev. E não poderia ser diferente, já que ela é a principal matéria-prima de nossos produtos”, diz o presidente da companhia, João Castro Neves, que em 1o de janeiro de 2015 assumirá o comando na América do Norte da Anheuser-Busch InBev, grupo controlador da Ambev. O maior exemplo da preocupação da Ambev com a água é o programa batizado de Movimento Cyan, lançado há quatro anos pela empresa para conscientizar as pessoas sobre o uso racional desse recurso. A principal ação do movimento é o Projeto Bacias, cujo objetivo é melhorar a gestão e as condições dos recursos hídricos. O projeto já contemplou duas grandes bacias que
abastecem fábricas da Ambev. Na bacia dos rios Corumbá e Paranoá, no Distrito Federal, o projeto mobilizou cerca de 8 000 pessoas por meio de ofcinas e outros eventos e resultou no plantio de 6 000 mudas de espécies nativas, usadas no reforestamento de uma área de 8 700 metros quadrados. Já na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no estado de São Paulo, o trabalho tem como principal conceito o pagamento por serviços ambientais. Ou seja, os produtores locais que adotarem práticas de conservação em suas propriedades, como recuperar áreas degradadas, preservar os remanescentes forestais e realizar o manejo adequado do solo, podem receber uma compensação fnanceira pelos benefícios prestados à sociedade. Até agora, 20 propriedades rurais estão envolvidas no projeto. “Os resultados obtidos até aqui mostram que estamos no caminho certo”, diz Castro Neves. “Esses avanços evidenciam que o trabalho em rede, que busca a mobilização da sociedade, é a melhor maneira de transformar o mundo em um lugar melhor.”
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: GESTãO DA BIODIvERSIDADE
Danone
Produção de Danoninho em Poços de Caldas (MG): mais do que uma mistura de leite, açúcar e morango
Muito além de um potinho A Danone realizou um detalhado estudo sobre o Danoninho para conhecer os impactos de seu processo de produção no meio ambiente | gabriel ferreira
alexanDre BattiBugli
C
ada vez que uma criança abre um pote do tradicional Danoninho, fabricado pela francesa Danone desde 1972, seus pais não têm noção do impacto que aquela mistura de leite, açúcar e morango tem no meio ambiente. Mas os executivos da empresa sabem agora quais são os cuidados necessários para que o inocente potinho não represente um risco à biodiversidade. Ao longo do ano passado, a fabricante de produtos lácteos realizou um detalhado estudo para avaliar os impactos da produção de Danoninho nos recursos naturais. Como resultado da pesquisa, realizada em conjunto com a organização socioambiental Ipê, a Danone passou a fazer investimentos e parcerias com fornecedores para adotar ações que ajudem a preservar os recursos naturais. “Em razão do estudo, passamos a olhar a sustentabilidade sob uma nova perspectiva, buscando encontrar sua correlação com nossos negócios”, afirma Dario Marchetti, presidente da Danone Brasil. A escolha do Danoninho para a realização do
estudo foi feita tanto pela força e exposição da marca como pelo fato de seu processo de produção envolver a maior parte dos recursos usados pela empresa em toda a sua linha. “O Danoninho é um recorte que permite conhecer nossa cadeia por completo”, diz Adriana Matarazzo, diretora de sustentabilidade da Danone. O estudo sobre o Danoninho já resultou, por exemplo, em investimentos de 29 milhões de reais nos rios da região de Poços de Caldas, em Minas Gerais, onde fica a fábrica, para melhorar a qualidade da água — um recurso de grande impacto na produção. Outra matéria-prima analisada foi o morango, principal fruta utilizada na fabricação do Danoninho. Uma dificuldade é o fato de o morango ser produzido, principalmente, em pequenas propriedades. Para aprimorar o cultivo, a Danone iniciou um projeto piloto em parceria com a americana Cargill e coordenado pela Esalq, a faculdade de agronomia da Universidade de São Paulo. O objetivo é diminuir o uso de agroquímicos e aumentar a qualidade do morango.
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as mais sustentรกveis por categoria
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CATEGORIA: GESTÃO DE FORNECEDORES
Camargo Corrêa
Rastreando desde o berço Ao monitorar a madeira comprada de seus fornecedores, a construtora Camargo Corrêa reduz o risco de danos à imagem por uso de material extraído ilegalmente | gabriel ferreira
D
Divulgação
Lote de madeira comprado pela construtora Camargo Corrêa: programa de rastreamento permitiu uma economia de 1,6 milhão de reais no ano passado
esde o início das obras da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, em 2008, o empreendimento, que deve fcar pronto em 2016, causou muita polêmica em razão de seus impactos socioambientais. Foi essa obra que a construtora Camargo Corrêa escolheu para testar um programa de aquisição de madeira sustentável. O objetivo é eliminar a compra de madeira proveniente de áreas de desmatamento. Para saber de onde vem o material que utiliza em suas obras, evitando o risco de autuação por órgãos ambientais, a Camargo Corrêa investiu 100 000 reais na implantação de um sistema de rastreamento que cobre a maior parte dos 30 000 metros cúbicos de madeira que compra por ano para suas obras, a um custo de mais de 20 milhões de reais. Ao monitorar a distância a ser percorrida pela madeira desde sua origem até o local da obra, a construtora pode escolher os fornecedores mais próximos, o que ajuda a reduzir o custo de logística. No ano passado, a economia foi de 1,6 milhão de reais. “Muita gente acha
que investir em sustentabilidade só gera custos, mas, no nosso caso, conseguimos diminuir as despesas”, diz Kalil Farran, gerente executivo de sustentabilidade da Camargo Corrêa. Mais do que o valor economizado, que parece irrisório para um grupo que fatura quase 20 bilhões de reais por ano, o programa de aquisição de madeira sustentável é estratégico para evitar danos à reputação em caso de compra de madeira extraída ilegalmente. Hoje, mais de 80% da madeira comprada pela Camargo Corrêa já segue os critérios de sustentabilidade estabelecidos pela companhia. Para chegar aos 100%, a ideia é investir cada vez mais na conscientização dos fornecedores. “Buscamos infuenciar os fornecedores para que adotem práticas e processos alinhados às nossas diretrizes de sustentabilidade”, diz Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa. Esse processo de conscientização envolve o apoio para que os fornecedores obtenham certifcações internacionais, como o selo de boas práticas da Forest Stewardship Council.
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: GESTãO DE RESíDUOS
CoCa-Cola
Uma força para quem vive do lixo Cerca de 400 cooperativas de catadores pelo país recebem ajuda da Coca-Cola para aumentar a reciclagem de garrafas de plástico PET | dubes sônego
Cooperativa de catadores apoiada pela Coca-Cola: até 2020, a fabricante de bebidas planeja reciclar 100% do material de suas embalagens
DIVUlGaÇÃo
U
ma das principais metas da coca-cola no Brasil é reciclar, até 2020, 100% das embalagens dos refrigerantes vendidos pela empresa. Pelo menos em parte o desafo já foi vencido. A empresa hoje recicla um volume correspondente a 98% do alumínio usado nas latinhas de bebida. Atingir a meta para o plástico PET das garrafas, porém, é mais complicado. Como tem baixo valor de mercado, esse material pouco interessa aos catadores, que, organizados em cooperativas, são os principais responsáveis pela coleta de resíduos. Resultado: a Coca-Cola recicla cerca de 60% do plástico das garrafas. A fabricante de bebidas percebeu que, para melhorar esse índice, precisa dar condições aos catadores para que aumentem a produtividade. Para isso, a empresa reuniu num projeto batizado Coletivo Reciclagem cerca de 400 cooperativas, divididas em quatro grupos, de acordo com o grau de profssionalização. Em uma ponta estão grupos bem estruturados. Na outra estão entidades em condições mais precárias,
nas quais os associados ainda trabalham na informalidade. “Auxiliamos cada uma das cooperativas conforme suas necessidades”, diz Marcos Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola. As cooperativas menos organizadas recebem apoio jurídico para se formalizar e comprar equipamentos de segurança, como luvas e botas. À medida que evoluem, elas podem receber máquinas como prensas, esteiras e caminhões. Ao todo, estão envolvidas na iniciativa cerca de 12 000 pessoas, que processam mensalmente 15 000 toneladas de material reciclável. Até o fm do ano, a companhia prevê investir 8 milhões de reais no programa. Parte do dinheiro está sendo usada para constituir 12 polos de reciclagem nas cidades que sediaram os jogos da Copa do Mundo, da qual a Coca-Cola foi uma das patrocinadoras. Esses locais deverão estar prontos até dezembro para servir de ponto de apoio às cooperativas — cada um terá uma estrutura que poderá ser compartilhada para aumentar o volume de material processado.
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: GOvERNANçA DA SUSTENTABILIDADE
Fábrica da Brasil Kirin: consulta aos públicos estratégicos ajudou a empresa a definir os temas prioritários de sua política de sustentabilidade
Brasil Kirin
A arte de ouvir todas as partes A fabricante de bebidas Brasil Kirin vem se empenhando em adotar as práticas defnidas pelos controladores no Japão — o que inclui ouvir mais clientes e fornecedores | dubes sônego
divulgação
M
udanças no comando das empresas costumam provocar grandes transformações. É o que está acontecendo na Brasil Kirin, fabricante de bebidas com sede em Itu, no interior paulista. Dona da marca Schincariol, a empresa foi comprada em 2011 pelo grupo japonês Kirin. De lá para cá, seus executivos vêm trabalhando para adaptar as iniciativas de sustentabilidade adotadas na operação brasileira à política estabelecida pelos controladores no Japão. Na prática, a área foi um bocado reforçada. No ano passado, a empresa criou uma vice-presidência de assuntos corporativos e sustentabilidade e um comitê com a participação de lideranças de 15 áreas da companhia. Um dos papéis da nova estrutura é estabelecer um canal de comunicação com pessoas de fora do negócio que costumam se relacionar com a empresa para saber quais são, na opinião delas, as iniciativas que devem receber maiores investimentos por gerar melhores resultados. Um exemplo de como isso é feito: em 2013, mais de 500
pessoas, entre executivos da Brasil Kirin, representantes de clientes, fornecedores, funcionários e organizações não governamentais, participaram de debates sobre temas prioritários na política de sustentabilidade da Brasil Kirin. O resultado dessas discussões foi a defnição de uma estratégia de longo prazo. “Na área ambiental, estabelecemos que nossas prioridades são a conservação da água e da biodiversidade e a redução do material usado nas embalagens e da emissão de gases causadores do efeito estufa”, diz Juliana Nunes, vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade da Brasil Kirin. Para garantir resultados concretos, a empresa também criou a Escola da Sustentabilidade, cujo papel é disseminar internamente conceitos, tendências e boas práticas na área de sustentabilidade. Não se trata apenas de discurso — 80% dos executivos já fzeram os cursos oferecidos pela escola, e hoje praticamente todos os funcionários da Brasil Kirin têm parte da remuneração baseada em metas de sustentabilidade que precisam ser atingidas.
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
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CATEGORIA: MUDANçAS CLIMáTICAS
BRF
Em defesa do “capital natural” A fabricante de bens de consumo BRF intensifca o uso de fontes renováveis e adota outras medidas para cumprir a meta de redução de emissões de gases até 2015 | maurício oliveira
Fábrica de pizzas da BRF: a empresa criou recentemente uma área para coordenar as iniciativas relacionadas às mudanças climáticas
GeRmano LüdeRs
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s diversas ações que a brf, uma das maiores fabricantes de alimentos do país, vem desenvolvendo na gestão de seu “capital natural” — como ela chama as questões relacionadas à utilização sustentável dos recursos do meio ambiente — foram agrupadas recentemente sob um grande guarda-chuva: a área de gestão das mudanças climáticas. Além da maior organização dos projetos que já estavam em andamento, que passaram a ser geridos em conjunto, a nova área, que envolve 120 profssionais, levou ao desenvolvimento de uma série de novas atividades. Exemplos são o monitoramento padronizado da emissão de gases de efeito estufa e a adoção de meta voluntária de redução de emissão — 10% até 2015, com base no inventário feito em 2011. “A BRF tomou a decisão estratégica de integrar a gestão ambiental a todos os seus processos”, diz Marcos Jank, diretor de assuntos corporativos. Para cumprir os objetivos estabelecidos, a empresa, dona das marcas Sadia e Perdigão, atua em diversas frentes.
Na área de logística, o uso de trens cresceu no ano passado 20% em relação ao ano anterior, o que representou 2 600 viagens a mais com esse meio de transporte, menos poluente do que o rodoviário. Ao mesmo tempo, a frota terrestre ganhou veículos com maior capacidade de carga, o que possibilitou a redução de 5,5% na distância total percorrida — os veículos deixaram de se deslocar cerca de 100 000 quilômetros, ou duas voltas e meia ao redor da Terra. Para ampliar o uso de fontes renováveis, a BRF, cuja atividade exige consumo intensivo de energia, passou a investir no uso de caldeiras alimentadas por biomassa, produzida com a queima de lascas de madeira extraídas de forestas próprias. Além disso, uma pequena central hidrelétrica em operação na unidade de Herval d’Oeste, em Santa Catarina, terá seu potencial de geração triplicado até 2016. Juntas, essas duas modalidades — biomassa e PCH — geraram mais de 15 milhões de quilowatts-hora no ano passado, energia sufciente para suprir uma cidade com 40 000 habitantes durante um mês.
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CATEGORIA: RELAçãO COM A COMUNIDADE
Sessão de contação de histórias em uma escola de Pedro Afonso, no Tocantins: um dos projetos da Bunge para alunos da rede pública local
Bunge
Uma cidade em transformação
Ao investir na qualifcação da mão de obra local, a empresa de alimentos Bunge abriu novos caminhos para a cidade de Pedro Afonso, no interior do Tocantins | flávia furlan
Fundação Bunge
A
cidade tocantinense de Pedro afonso, a 170 quilômetros de Palmas, tornou-se conhecida pelas praias que se formam nos períodos de seca nos rios Sono e Tocantins — em julho, o nível das águas baixa, deixando à vista faixas de areia branca que atraem turistas de todo o estado. Essa era a principal atração local até 2009, quando a empresa de alimentos Bunge inaugurou ali uma usina de açúcar e etanol. Desde então, Pedro Afonso transformou-se em um polo comercial e de serviços — e não só pelo investimento na usina, que chegou a 600 milhões de reais. Por meio de sua fundação, a Bunge patrocinou iniciativas para melhorar o ambiente de negócios na cidade. Em parceria com o Sebrae, foram oferecidos cursos para empreendedores em áreas como atendimento ao cliente, tributação e controle fnanceiro. O objetivo: aumentar a produtividade e diminuir a informalidade das empresas locais. “A Bunge só compra de fornecedores que cumpram as regras trabalhistas e tributárias”, afrma Claudia Calais, diretora
executiva da Fundação Bunge. “Por isso incentivamos a profssionalização dos empreendedores locais para que façam parte de nossa cadeia.” Em cinco anos, o número de empresas formais aumentou quase 20% em Pedro Afonso. A Bunge também criou programas de treinamento para a mão de obra local e abriu um colégio agrícola. Mais preparados, os trabalhadores da região puderam se candidatar às vagas abertas pela empresa. Em 2010, 60% da mão de obra da usina vinha de fora do estado, o que resultava em custos com a mudança dos funcionários e em alta rotatividade, uma vez que muitas famílias vindas de fora acabavam não se adaptando à cidade. Hoje, a relação se inverteu, e 60% dos funcionários da usina são do Tocantins. Desde 2010, a Bunge já investiu 4 milhões de reais em projetos na região — o que inclui programas educacionais para os alunos da rede pública. Um projeto semelhante começou a ser desenvolvido em Itaituba, no Pará, onde a empresa construiu um porto fuvial. Ainda há muito a ser feito nos rincões do país.
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AS MAIS SUSTENTรกvEIS por cATEGorIA
Posto de atendimento da concessionรกria AES: funcionรกrios avaliados de forma oculta pelo presidente
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CATEGORIA: RELAçãO COM CLIENTES
AES BRASIL
De bem com o cliente
Com investimento em informação de qualidade e padronização do atendimento ao público, a AES conseguiu sair da lista das campeãs em reclamações | renata vieira
LEANDRO FONSECA
E
m 2009, a aes eletropaulo — distribuidora de energia do Grupo AES Brasil que atende mais de 20 milhões de clientes na região metropolitana de São Paulo — era uma das líderes de um ranking em que nenhuma empresa quer estar: o de reclamações no Procon, órgão de defesa do consumidor. Naquele ano, a concessionária de energia era a terceira empresa que mais recebia queixas dos consumidores paulistas, atrás apenas da operadora Telefônica e do banco Itaú. Depois de fgurar por três anos entre as campeãs em reclamações, a empresa iniciou em 2011 uma série de ações para melhorar sua área de atendimento ao cliente. No ano seguinte, ampliou a capacidade do call center 38% e abriu 14 postos de atendimento presencial, totalizando 40 unidades. No mesmo ano, incorporou as redes sociais a seus canais de relacionamento. “Nosso grande desafo é garantir a homogeneidade no atendimento, independentemente do canal em que ele aconteça”, diz Teresa Vernaglia, vice-presidente da AES Brasil.
Em maio de 2013, a estratégia foi levada adiante com o lançamento do programa Jeito AES de Atender, criado para padronizar o atendimento ao público. A companhia elaborou então um manual com regras de atendimento. Além de seguir essas orientações à risca, os mais de 10 000 funcionários passaram por treinamento e foram avaliados de forma oculta — executivos da companhia, incluindo o presidente, Britaldo Soares, passavam-se por clientes comuns para verifcar pessoalmente a qualidade do atendimento nas lojas e no call center. Os investimentos na área já somam 90 milhões de reais e começam a dar resultado. Desde 2012, a AES Eletropaulo caiu dez posições no ranking de reclamações do Procon de São Paulo e fechou o último ano em 21o lugar na lista. Ainda não dá para festejar, mas, internamente, a empresa obteve outro bom resultado: o número de reclamações internas caiu 60% entre 2010 e 2013. “Pela primeira vez, registramos em nossa ouvidoria elogios às equipes de manutenção e atendimento”, afrma Teresa.
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GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2015
Faça parte da seleção As inscrições para a 16a edição do Guia EXAME de Sustentabilidade começarão mais cedo — em abril de 2015. Saiba como participar da maior e mais respeitada pesquisa sobre sustentabilidade do país
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corridA pArA pArticipAr dA seleção dA próximA edição do guia exame de sustentabilidade começará em abril de 2015, um mês antes em relação ao cronograma dos anos anteriores. Cada empresa faz — gratuitamente — sua inscrição pelo hotsite do guia. Participam da seleção fnal as companhias que respondem a todas as perguntas do questionário. Mesmo as que não são escolhidas para fgurar no anuário também recebem gratuitamente, ao fm do processo, um relatório de desempenho, que permite avaliar os pontos fracos e os pontos fortes de suas práticas de sustentabilidade em relação às demais participantes e aos concorrentes de seu setor. O relatório de desempenho é elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), instituição que é referência no desenvolvimento de estratégias, políticas e ferramentas de gestão públicas e empresariais para a sustentabilidade no país. Veja a seguir como participar da pesquisa e preparar sua empresa para fazer parte desse seleto grupo em 2015.
PrIMEIro PASSo Para participar, basta que a empresa se inscreva gratuitamente e preencha o questionário disponibilizado online no prazo estabelecido. O período de inscrição e preenchimento do questionário tem início em abril e se encerra no fm de maio. SEGUNDo PASSo O questionário é composto de cerca de 140 perguntas, agrupadas em quatro partes. Na primeira são abordadas questões sobre compromissos, transparência e governança corporativa. As demais tratam das dimensões econômico-fnanceira, social e ambiental da sustentabilidade empresarial. Além de responder ao questionário, as empresas são convidadas a relatar três iniciativas recentes, que podem estar relacionadas a dez temas: direitos humanos, ética e transparência, gestão da água, gestão da biodiversidade, gestão de fornecedores, gestão de resí-
duos, governança da sustentabilidade, mudanças climáticas, relação com a comunidade e relação com clientes. TErcEIro PASSo Encerrado o prazo de inscrições, as respostas enviadas são analisadas pelo GVces de modo a selecionar o grupo de empresas que apresentaram os melhores desempenhos nas quatro dimensões do questionário — geral, econômica, ambiental e social. QUArTo PASSo Após a avaliação do questionário, as empresas participantes podem ser contatadas por jornalistas de EXAME para apresentar evidências das informações prestadas no questionário. Esse grupo de participantes é, então, submetido a um conselho deliberativo — formado por especialistas —, que escolhe a lista fnal das empresas mais sustentáveis do país. Depois da reunião do conselho, que ocorre até o fm
de julho, as empresas escolhidas para fgurar no guia são comunicadas, em sigilo, e as demais participantes são informadas de que o processo de seleção foi concluído. Nessa mesma época, EXAME, usando critérios jornalísticos, escolhe, entre as companhias de melhor desempenho em seus setores, a Empresa Sustentável do Ano. QUINTo PASSo Nos meses de setembro e outubro, as empresas escolhidas como as mais sustentáveis por setor e as companhias eleitas como destaque em dez temas são entrevistadas por jornalistas de EXAME para a produção das reportagens. As demais empresas participantes da pesquisa também podem ser contatadas pelos jornalistas para ilustrar as demais reportagens relacionadas à sustentabilidade que compõem a publicação. SEXTo PASSo Em novembro, o guia é lançado e uma festa é realizada na capital paulista para premiar as empresas mais sustentáveis de cada setor e as premiadas nos temas. É também no mês de novembro que todas as participantes podem acessar o relatório que apresenta o desempenho da companhia, assim como as médias do universo pesquisado, das empresas mais sustentáveis e de seus pares nos setores. Dessa forma, o relatório — enviado de maneira gratuita às participantes — constitui uma poderosa ferramenta para avaliar a estratégia de sustentabilidade da empresa, além de ajudar a defnir melhorias e planos de ação.
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