Revista Êxito na Educação - Ano II - Número 8

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foto: Cynthia Dorneles (detalhe)

Revista Êxito na Educação (Ano II - Número 8 - Jun/Ago 2014). Publicação de distribuição dirigida. Preço deste exemplar R$ 4,00 (quatro reais)

Ano II - Número 8 - Junho a Agosto de 2014

As mulheres existem

Cynthia Dorneles

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Sumário

Editorial

Ano II - Número 8 - Junho a Agosto de 2014

As mulheres existem (p. 3-8) por Cynthia Dorneles

Não deixe que a escola te ensine (p. 15-17) por Renato Carvalho

Meditação Laica Educacional e a Adolescência (p. 9) por Claudiah Rato Clipping (p. 10-12)

psicanalista

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xistem e resistem, as mulheres. Elas, desde o início, foram e são a maioria de nossas leitoras e colaboradoras. Está provado que as mulheres se interessam mais pela Educação do que os homens. Inclusive a sua própria - dedicam-se de forma mais sistemática à própria qualificação profissional e, embora mais qualificadas que a média dos

homens, ainda recebem salários inferiores. Esta edição especial traz o artigo «As mulheres existem» de Cynthia Dorneles e o segundo artigo sobre a Meditação Laica Educacional de Claudiah Rato. As mulheres existem e resistem. Como a Revista, feminina que é. Boa leitura!

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Revista Êxito na Educação - Ano II - Número 8 - Junho a Agosto de 2014. Publicação trimestral de distribuição dirigida. As opiniões emitidas nas matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, bem como a veracidade do veiculado sobre produtos e serviços são de responsabilidade dos respectivos anunciantes. Após a leitura, compartilhe com outras pessoas e encoraje-as a fazer o mesmo. Acesse e baixe a versão digital e a leia em seu telefone ou dispositivo móvel, economizando papel. Se resolver descartar, antes doe para uma biblioteca ou invente uma. Libere este exemplar para que outras pessoas como você possam lê-lo. Por fim, recicle. EXPEDIENTE: Foto da Capa: Shutterstock Editor: Ricardo Paes de Figueiredo (redacao@exitonaeducacao.com.br); Marketing: Gabriel Wasserman (marketing@exitonaeducacao.com.br) Editoração: Studio Redesenho; Tiragem: 5.000 exemplares; Distribuição: Centro e Zona Sul da Cidade do RJ; Agradecimentos especiais: Aline Bourseau, Ana Carolina Grether, Claudiah Rato, Cynthia Dornelles, Dinho Valladares, Delymar Cardoso, Gabriel Wasserman, Honório Ruela, Jorge Veschi, Maria de Lourdes Conceição, Patricia Wasserman, Raphael Paes, Ricardo Alexandre Mendonça e Via Apia Turismo. Esta edição é dedicada in memoriam ao escritor Gabriel Garcia Marquez. Com esta edição iniciamos o segundo ano editorial da Revista. http://www.issuu.com/exitonaeducacao (anuncie: 21 9 9475 3844 e 9 7379 7373 )


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As mulheres existem

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talvez a moça tenha ouvido falar ou visto fotografias de umas mulheres queimando sutiãs e já tenha visto um livro grosso chamado O Segundo Sexo de uma tal de Simone de Beauvoir que sua avó lhe contou ser uma feminista que dizia que a mulher não é, a mulher torna-se mulher. No dia 8 de março o Google aparece com alguma figurinha que indica que este é o dia internacional da mulher e conta que foi neste dia, em 1917, que as mulheres russas lutaram por

melhores condições de trabalho. A Wikipédia não torna o assunto lá muito interessante, mas a jovem pode pelo menos vislumbrar que algo aconteceu neste dia com este grupo de mulheres. Seja lá como for, o sentido da palavra "feminista" tornase cada vez mais distante do que foi a realidade destas primeiras mulheres a romper a barreira do silêncio e invisibilidade que caracterizavam uma típica existência feminina. Sim, a mulher, em geral, era invisí-

"As mulheres e as crianças são as primeiras que desistem de afundar navios» (Ana Cristina Cesar)

"Toda a história das mulheres foi feita pelos homens. O feminismo nunca foi um movimento autônomo» (Simone de Beauvoir)

vel. Elas eram pouco vistas em espaços públicos, viviam confinadas às suas casas. Não eram incentivadas a aprender a ler, nem escrever, nem aprender outro ofício que não o de ser mãe e cuidar de uma casa. Muitas vezes eram ajudantes não remuneradas de seus maridos, no artesanato, na feira, nas lojas. Costumavam saber contar. A maioria era constituída de camponesas - por sinal, ainda há uma grande quantidade de camponesas em muitos pontos do globo. As camponesas são as mais silenciosas das mulheres. Completamente mergulhadas na hierarquia das sociedades patriarcais, elas estão fundidas com suas famílias, em trabalhos que se repetem e fogem dos livros de História, fortemente marcados pelos ritmos das estações.

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Foi a partir da Revolução Industrial, do êxodo rural e do regime de salários que se modifica a condição feminina e as mulheres começam a entrar no cenário urbano: exatamente por serem uma mão de obra mais barata, junto das crianças, que também são empregadas nas fábricas. E foi a partir daí que surgiram os primeiros escritos feitos por mulheres, visando os direitos e as reinvindicações femininas. Não é difícil de entender como o fato das mulheres estarem confinadas ao lar as tornava invisíveis. Cuidar da alimentação, higiene e organização doméstica continua a ser um dos trabalhos mais importantes, pesados e sem reconhecimento de que já se ouviu falar. Há quem até hoje creia que são fadas que cozinham, lavam louças, varrem o chão, lavam roupas, passam e as organizam nas gavetas, que jogam fora o lixo e limpam as coisas. As fadas só existem nos contos infantis. O que existe de fato são as mães, as tias, as empregadas domésticas e as máquinas de lavar roupa ou louça. São as mulheres e mais modernamente estas máquinas maravilhosas que fazem este trabalho diário e infinito, sem o qual adoeceríamos ou regrediríamos a um estado pré-cultura, pré-civilização do ser. Trabalho doméstico: silencioso, invisível, como o reconhecimento das mulheres que os realizam. Mas não deveria ser assim, já que este trabalho é um dos pilares da civilização e da cultura humanas. Sem preparar o alimento e levá-lo

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ao fogo, comeríamos carnes cruas poderíamos sobreviver a alguns tipos de carnes cruas, mas o mais provável é que isto não desse certo porque não é toda carne que pode ser consumida crua. Além disto, de qualquer maneira, sem depois lavar os recipientes que utilizamos, toda sorte de microorganismos apareceriam e nós adoeceríamos como consequência da interação com estes poderosos e microscópicos bichinhos. Quanto tempo o ser humano levou para descobrir estas coisas? Com certeza muitos séculos até percebermos que em ambientes limpos vivemos melhor. É uma conquista da humanidade esta percepção de que a higiene é fundamental para nossa existência. Preparar alimentos, conservá-los, limpá-los: tudo isto é muito trabalhoso e na verdade, complexo. Demanda tempo e atenção. As primeiras a prestarem atenção nisto foram as próprias mulheres, as primeiras encarregadas do trabalho de nutrição da prole. Nas mais diversas culturas, sempre foram as mulheres que se encarregaram da nutrição dos bebês. Os demais hábitos dos grupos variam em função deste trabalho básico.

Há diferentes enfoques sobre a feminilidade. A sexualidade feminina é um dos pontos que considero mais instigantes, até porque há sobre este assunto ora um ocultamento ora uma imensa exposição que me parecem sempre dignos de nota, afinal este olhar e estes discursos sobre o feminino e o masculino traduzem interesses e poderes que geralmente se ocultam por trás de certas práticas e ditos. Vejamos então o padrão do modelo sexual único, que foi o primeiro modelo usado na ciência para se pensar a sexualidade. "Até o século XVIII, a concepção científica da sexualidade era a do one-sex model, ou seja, a mulher era entendida como sendo um homem invertido. O útero era o escroto feminino, os ovários os testículos e a vagina um pênis. O modelo metafísico ideal do corpo humano era o homem. Ele era a encarnação da perfeição. A mulher era um homem invertido e inferior." (Costa, Jurandir Freire da, A Face e o Verso, p.100) A mulher não existia como mulher no campo da ciência e tudo o que se produziu academicamente partia deste pressuposto do modelo sexual único onde o homem é quem contava. Foi só a partir do século XVIII - ou seja, relativamente muito recentemente - que surgiu o two sex model, o modelo sexual duplo. A partir de então, considerou-se cientificamente que existiria um dimorfismo radical e original da


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sexualidade. Mas é preciso dizer mais sobre isto. Toda a sexualidade feminina sempre foi regida pelo fato da mulher poder ser mãe. A fecundidade era vista como uma benção e a esterilidade como o maior dos infortúnios. Por um tempo acreditou-se que a mulher deveria gozar - para que houvesse reprodução. Muitos tratados, escritos por homens, foram feitos tendo por máxima que o gozo da mulher era o fundamental para que uma gravidez acontecesse. Mais tarde, a teoria muda - exatamente porque mudam os interesses em jogo, que por sua vez, influenciam nas práticas de vida dos indivíduos e das famílias. Já no século XIX, Baker Brown, um cirurgião inglês, afirmava que a excitação do nervo pubiano (masturbação) estaria na

origem da histeria e de outras perturbações do espírito como os ataques epilépticos e que poderia causar a morte.

Segundo este cidadão, a cura disto era a ablação do clítoris. Somente o orgasmo vaginal era o verdadeiro representante da maturidade sexual da mulher e Marie Bonaparte, psicanalista, discípula e tradutora de Freud na França, tentou aproximar, por meio de três (!) cirurgias fracassadas, o clítoris da vagina, a fim de curar-se de sua "frigidez vaginal" e ser "normalmente orgásmica". Até hoje os ecos fantasmagóricos desta crença de que só o orgasmo vaginal é bom fazem muitas mulheres e homens avançarem numa cruzada anti-clítoris infernal. Nossa cultura cristã-ocidental não estava tão distante das práticas muçulmanas de extirpação do clítoris que até hoje acontecem em

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certas regiões e que deixam chocados aos ocidentais. Toda a violência implícita neste ato misógino e universal - já que foi praticado por orientais e ocidentais até relativamente pouco tempo atrás - até hoje tem suas reverberações por exemplo nas imagens cinematográficas, onde as mulheres sempre são mostradas tendo prazer pela penetração vaginal e não por outras vias. A Medicina da Mulher e da reprodução começa exatamente a partir de interesses de Estado. Quando as autoridades públicas percebem a importância do número de indivíduos para se ganhar uma guerra, é quando surgem as leis de proteção à maternidade e à infância com todo o seu aparato jurídicopolicial. A própria criação da Ginecologia vem em ajuda na manutenção deste aparato de

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vigilância sobre a mulher, tornandose um dos braços destes aparatos jurídicos-policiais. "Os médicos se apresentam como legisladores sociais, bem preparados pelo conhecimento científico, e capazes de prescrever as normas mais adequadas no que se refere ao comportamento sexual e reprodutivo dos indivíduos. Com a medicina legal vão propor não somente princípios gerais, mas também métodos e regras a serem cumpridas no andamento das investigações e no decorrer dos processos. Como indicarei para o caso do infanticídio, a doutrina jurídica também em muito vai se inspirar nos avanços da medicina para guiar suas definições" (Rohden, Fabíola, p. 19). A ginecologia surge entre o século XIX e XX que, não por coincidência, no advento da Revolução Industrial, do afluxo massivo dos camponeses para as cidades, o que, por sua vez, representa o princípio da sociedade das massas - que deverão ser severamente vigiadas, contidas e disciplinadas. Fatos interligados,


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época da eclosão da primeira e da segunda guerras mundiais. Toda guerra demonstra que o número de indivíduos pode fazer diferença quando os resultados pendem para um ou outro lado. Igualmente, não é por coincidência que o infanticídio só passa a ser considerado crime a partir do século XIX. “Constata-se, assim, que a sociedade não está interessada a princípio na mulher, mas naquilo em que ela pode ser produtiva ou prejudicial. O que está em jogo é a produção de novos indivíduos para a coletividade. E a mulher que chegou ao estado de gravidez tem de necessariamente apresentar algum resultado, ou seja, o filho, mesmo que seja morto. A gravidez está longe de ser vista como um evento do plano pessoal ou privado. Ela é um acontecimento social, na medida em que deve ser de domínio público, mas também no sentido que produz bens para a sociedade.” (Rohden, Fabíola, p. 50, A Arte de Enganar a Natureza)

É a partir de 1852 que começam a surgir leis e discursos médicos e forenses sobre a mulher e o parto. A principal função da mulher é reproduzir, dar filhos à sociedade e a maternidade é tida como algo natural, indiscutível. Por outro lado, vale lembrar que os processos e inquéritos referentes a aborto e infanticídio só têm mulheres das camadas populares envolvidas. Essas práticas, a partir do que dizem os textos médicos sobre o assunto e os depoimentos coletados nos processos, surgem como únicas possibilidades para se tentar restringir o número de filhos. As mulheres de camadas sociais mais altas provavelmente também estavam envolvidas com práticas semelhantes, mas os métodos utilizados e o acesso a profissionais mais gabaritados ajudavam a manter estas práticas em segredo. As perseguições às mulheres e aos envolvidos em práticas desta natureza só começavam no

momento em que um indício, um feto morto ou a morte de uma mulher ou uma denúncia vinham à tona. O feminismo não foi um fato simples para as mulheres porque agir em espaços públicos não era característica das mulheres, dedicadas ao domínio privado, educadas para serem belas, discretas e silenciosas. A política por muito tempo foi uma fortaleza só de homens onde as mulheres nem cogitavam entrar. Por sinal, a polis grega exclui as mulheres, tal como os escravos. As mulheres só podiam intervir em crises agudas onde a própria existência da polis fosse posta em risco. Se a polis grega era masculina, não menos masculina foi a Idade Média, onde a aristrocracia efetuava a troca de bens e das mulheres segundo o interesse das linhagens e pelo viés dos casamentos abençoados pela Igreja. Mais uma vez, as mulheres

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só adquirem poder quando acontecem guerras e situações de calamidade. Voltando ao feminismo, atribui-se a criação da palavra a Pierre Leroux, inventor da palavra "socialismo". Mas foi Alexandre Dumas Filho que em 1872 celebrizou-se com a frase "o feminismo é a doença dos homens suficientemente efeminados para tomar o partido das mulheres adúlteras, em vez de vingar a própria honra". Em 1880, Hubertine Auclert, sufragista francesa, declara-se orgulhosamente "feminista". Ao final do século, todos estes adjetivos e substantivos entram na moda. Feministas eram todos aqueles que lutavam pela igualdade de direitos entre os sexos. O feminismo foi um movimento, por sinal, com traços bastante semelhantes aos contemporâneos "Sem Partido". Não tinha organizações estáveis, nem lugares de reunião próprios. Movimentos súbitos eram sua característica. A reinvidicação e conquista dos direitos do corpo caracterizam o feminismo contemporâneo. Our bodies, ourselves, título do livro

de feministas de Boston, com centenas de exemplares vendidos é emblemático deste momento. Questões de identidade, diferenças e hierarquias entre os sexos; homossexualidade, lesbianismo como maneira de estar no mundo, muito além do direito pessoal. Isto é feminismo. Referências Ÿ Costa, Jurandir Freire. A Face e o

Verso. Editora Escuta, 1995. Ÿ Mead, Margareth. Macho e

Fêmea. Editora Vozes, 1971. Ÿ Rohden, Fabíola. A Arte de

Enganar a Natureza, Coleção História e Saúde, Fundação Osvaldo Cruz, 2003. Ÿ Perrot, Michelle. Minha História

das Mulheres. Editora Contexto, 2012. Ÿ http://ow.ly/B14aj Ÿ http://ow.ly/B14jF

Cynthia Dornelles é graduada em Ciências Sociais (UFRJ) e Psicologia (USU), pós-graduada em psicanálise pelo CEPCOP/USU, shiatsuterapeuta e autora de Amante Ideal (2000), Os 1001 E-mails - Sherazade Conta Histórias Eróticas a um Marujo Solitário (2003) e da antologia +30 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira. Gravou 3 CDs independentes como cantora e compositora: Minha Aldeia (1995), Cynthia Movimentos (2000) e Onde a Música Não Pára (2002). Blog: lucidolimpidoproparoxitono.blogspot.com/ Site: cynthiadorneles.com.br

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Meditação Laica Educacional e a Adolescência

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rientado para uma educação cujo fim deve ser a formação de uma sociedade capaz de superar os obstáculos produzidos por visões unidimensionais, Morin et al. (2009) defende que temos que avaliar honestamente até onde podemos sustentar a esperança diante da desesperança. Na disciplina de Educação Física, da qual sou professora e onde surgiu a prática da meditação laica, conteúdos subjetivos como a autoestima, a cooperação, a criticidade, respeito coletivo, autonomia e solidariedade obtiveram destaque como conteúdos a serem desenvolvidos e avaliados a partir da mobilização do Colégio Pedro II para a construção do novo Projeto Político Pedagógico (20002005). Embora alguns autores (Perez 1997; Trent; Russell & Cooney, 1994; Sacristan, 1975) incluam a autoimagem e o autoconceito como alguns dos fatores importantes de serem levados em conta, também, para o bom rendimento escolar, qualquer conflito interno emocional vivido por nossos alunos não encontra assistência educacional formal a não ser quando já se tornou um problema. Os setores de orientação educacional nas escolas, na maioria das vezes, agem como harmonizadores desse tipo de conflito interno quando ele já escapou ao controle do aluno atingindo a esfera social. Esse campo dentro do complexo mundo psíquico do ser humano não costuma responder à objetividade necessária à medição e avaliação exigida pelos currículos educacionais. A preocupação com práticas pedagógicas que aperfeiçoem a habilidade do aluno em controlar suas emoções deram origem a prática da Meditação Laica Educacional®. O aluno do Ensino Médio, por exemplo, enfrenta desafios que vão muito além do que apenas as mudanças nos aspectos físicos (crescimento, maturação sexual) componentes da puberdade que são vivenciados

de forma semelhante por todos os indivíduos, independente da sociedade ou cultura. Do ponto de vista da nossa sociedade, seu desempenho escolar é, praticamente, a única referência para uma avaliação do seu caráter em construção e na garantia de um futuro feliz. No entanto, é interessante notar que quando o jovem é perguntado sobre o que o fará feliz, Zagury (2002) publica: “Felicidade para nós é, primeiramente ficar com a pessoa que amamos, em segundo lugar construir ou pertencer a uma família que se entenda bem e viva harmoniosamente, e, em terceiro, ter um trabalho que remunere bem. Só assim poderemos nos dizer realizados” p.240. Ou seja, surpreendentemente, para um futuro cidadão julgar-se realizado, na palavra dele mesmo, prioritariamente, ele deve ter habilidades que garantam bons relacionamentos e, apenas em terceiro lugar um trabalho que o remunere bem. Durante esse período de construção de sua personalidade é psicologicamente natural e saudável que ele busque a aprovação como validação da personalidade que está desabrochando. Se somente o ambiente externo, visível e mensurável fosse suficiente para dar conta da construção das atitudes pessoais desse jovem, o sistema de aprovação e reprovação destas seria também suficiente para que a escola cumprisse seu papel na formação de um cidadão equilibrado e consequentemente uma sociedade pacífica e justa. No entanto, há algo interno àquele aluno que ele não abre mão por mais que seja reprovado pelo ambiente escolar. Ao contrário, ele se encaminha para o ambiente que o aprove, ou para outros mecanismos de fuga tais como, o amortecimento das drogas que o denunciarão refém de um conflito que ele não aprendeu a lidar.

O surgimento do tema da meditação laica emerge dentro desse contexto e apesar de ter surgido como modalidade da disciplina de Educação Física, em virtude dos seus surpreendentes resultados, a meditação laica educacional é hoje uma estratégia didáticopedagógica que pode ser utilizada por professores de qualquer disciplina em qualquer nível de ensino. Cada professor que é qualificado nessa tecnologia é convidado a se tornar um professor pesquisador que aplica e coleta resultados com uma metodologia orientada ao longo de um percurso de tempo para que se possa constatar de uma forma mais sólida, o efeito da prática da Meditação Laica Educacional como estratégia didático-pedagógica no aumento do controle emocional e, consequentemente na geração de jovens que consigam operacionalizar os conhecimentos adquiridos não só para ingressarem no mercado de trabalho mas para serem mais tolerantes, respeitosos das diferenças pessoais e culturais e principalmente, mais felizes.

a estratégia didático-pedagógica que veio para acabar com a indisciplina e a falta de atenção em sala de aula!


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Brasil conquista 24 medalhas em mundial de Matemática

Brasileiros conquistam medalhas em olimpíada de informática

9º Seminário Linguagem, Políticas de Subjetivação e Educação

O Brasil conquistou 24 medalhas – duas de ouro, 12 de prata e 10 de bronze – na 21ª edição da Competição Internacional de Matemática para Estudantes Universitários (IMC, na sigla em inglês), realizada de 29 de julho a 4 de agosto, em Blagoevgrad, na Bulgária. O evento, organizado pelo University College London em parceria com a American University in Bulgaria, é uma das maiores competições de estudantes universitários do mundo. A edição deste ano teve 324 participantes de 73 universidades de vários países. Leia mais: http://ow.ly/AvDAD

A equipe brasileira que participou da International Olympiads in Informatics (IOI), realizada em Taiwan de 13 a 20 de julho de 2014, obteve um ótimo resultado, com todos os integrantes trazendo medalhas. Arthur Ferreira do Nascimento e Mateus Bezrutchka, do Colégio Etapa (São Paulo), conquistaram medalhas de prata, enquanto Arthur Pratti Dadalto (da Universidade Federal do Espírito Santo) e Michel Rozenberg Zelazny, também do Etapa, ganharam medalhas de bronze. Cláudio Leonardo Lucchesi, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o estudante Felipe Abella foram os líderes da delegação brasileira em Taiwan. Leia mais: http://ow.ly/AvGHS

O Grupo de Estudos e Pesquisa Linguagens, Experiência e Formação, vinculado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, realizará, de 23 a 25 de setembro, o 9º Seminário Linguagem, Políticas de Subjetivação e Educação. O tema do evento é “Imagens - Linguagens - Práticas contemporâneas”. De acordo com a organização, o objetivo é provocar diálogos e reflexões sobre a educação relacionada a diversas linguagens e seus potenciais para a ampliação da compreensão do mundo. A programação conta com palestras, mesas-redondas, oficinas, minicursos, sessões de pôsteres, comunicações orais, lançamentos de livros e apresentação de filmes, vídeos e imagens produzidos por grupos de pesquisa e grupos de audiovisual de participantes do evento. Em paralelo, ocorrerá o 3º Seminário Imago – Laboratório da Imagem, Experiência e Criação.

Carioca recebe menção honrosa em olimpíada de matemática O jovem Alessandro de Oliveira Pacanowski, 18, foi um dos integrantes da equipe brasileira na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, da sigla em inglês) que este ano foi realizada na África do Sul. No ranking geral, o país ficou na 34ª posição com 122 pontos. O único carioca a participar do evento recebeu menção honrosa. Alessandro, que é aluno do Sistema Elite de Ensino, participa de olimpíadas desde os 11 anos. Ele diz orgulhoso que já ganhou medalhas também em outras olimpíadas de conhecimento: “Conquistei prata na de Física e uma de ouro, uma de prata e outra de bronze na de Astronomia.” Leia mais: http://ow.ly/AvDJ9

Brasil é bronze na Olimpíada Internacional de Biologia

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O Brasil conquistou a medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO, na sigla em inglês) realizada em Bali, na Indonésia, entre os dias 6 e 13 de julho. O medalhista foi Allan dos Santos Costa, aluno do Centro Educacional da cidade de Bauru (SP). A olimpíada reuniu, ao todo, 61 países. A delegação brasileira ainda contou com os estudantes Bruno Almeida Costa (Colégio Farias Brito, CE), João Gabriel Santos (Instituto Federal De Educação Ciência E Tecnologia - Campus Formosa, GO) e Thiago Matheus Santos Rios (Instituto Federal De Educação Ciência E Tecnologia, BA). Os líderes da equipe foram os professores Rubens Oda, José Carlos Pelielo e Daniel Henrique de Souza. Leia mais: http://ow.ly/AvGjN

Leia mais: http://ow.ly/AvGPg

2º Simpósio Internacional de Educação a Distância

Pesquisa indica aumento do uso da internet na sala de aula Professores e alunos brasileiros utilizam cada vez mais computador e internet em suas atividades em sala de aula. Essa é uma das conclusões da pesquisa TIC Educação 2013, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). A coleta de dados para a realização da quarta edição da TIC Educação ocorreu entre os meses de setembro e dezembro de 2013. Foram entrevistados, presencialmente, 939 diretores, 870 coordenadores pedagógicos, 1.987 professores e 9.657 alunos, de 994 escolas públicas e privadas localizadas em áreas urbanas de todas as regiões do território nacional.

Leia mais: http://ow.ly/AvH05

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sedia, entre os dias 15 e 26 de setembro, o 2º Simpósio Internacional de Educação a Distância e o 2º Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância. Com a temática “Qualidade na educação: convergências de sujeitos, conhecimentos, práticas e tecnologias”, os eventos têm como objetivo promover o intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros sobre suas experiências em educação a distância (EaD), estabelecendo parcerias e o debate coletivo sobre a natureza e o desenvolvimento de pesquisas envolvendo o fenômeno educativo na atualidade.

Leia mais: http://ow.ly/AvGUA

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Google oferece aplicativos para Educação O Google Play para Educação localiza e compartilhar aplicativos para educação, livros e vídeos facilmente, o site é um novo destino online para estudantes, professores e escolas. Os aplicativos, passarão pela revisão de um educador, que indicará o assunto e para qual nível aquele instrumento é adequado. O site, oferece um espaço segmentado, a empresa espera que educadores consigam baixar e distribuir facilmente aplicativos para os tablets de uma turma inteira, auxiliando no processo de aprendizagem. O Google também está encorajando desenvolvedores a construírem novas ferramentas que visem ao público infantil.

Leia mais: http://ow.ly/AvOcJ

Romário quer aulas de Direito Constitucional nas escolas Aulas de Direito Constitucional, noções do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e reforço dos valores morais e cívicos da sociedade. Esses assuntos devem ser obrigatoriamente tratados em sala de aula, de acordo com projeto de lei apresentado pelo deputado federal Romário (PSB-RJ). A proposta de Romário é alterar a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e reformar o currículo escolar dos ensinos fundamental e médio para incluir a disciplina "Constitucional". O objetivo é que crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, tenham aulas nas escolas sobre os direitos e deveres do cidadão previstos na Constituição Federal.

Leia mais:http://ow.ly/AAPMK

3º Encontro Internacional de Educação Aplicada à Conservação e Sustentabilidade A Fundação Parque Zoológico de São Paulo promove, entre 26 e 28 de setembro, o 3º Encontro Internacional de Educação Aplicada à Conservação e Sustentabilidade. Palestras, minicursos e apresentação de trabalhos fazem parte da programação do evento, que tem como público-alvo educadores de zoológicos, organizações não governamentais e profissionais da área de meio ambiente, além de estudantes e demais interessados.

Leia mais: http://ow.ly/AvOC3

Confraria de autores abre inscrições para novos talentos A Confraria de Autores, da editora Mar de Letras, com o objetivo de apresentar novos autores, abre inscrições para a seletiva de textos da coletânea “Novos talentos da literatura brasileira - Poesia, contos e crônicas”. Os inscritos poderão mandar textos com tema livre. Serão excluídos os de conteúdo racistas ou que façam apologia a crimes. O projeto não vai distribuir premiação. Cada autor pode mandar, no máximo, cinco textos, dos quais apenas três poderão ser escolhidos para publicação. As inscrições terminam assim que forem inscritos, no mínimo, 60 textos. Todos os detalhes e o regulamento completo da seletiva está no http://www.confrariadeautores.com/an tologia/.

Leia mais: http://ow.ly/B26Mm

Quando sinto que já sei Sob a direção de Antonio Sagrado Lovato, Raul Perez e Anderson Lima, a obra – que acaba de estrear no You Tube, reúne depoimentos de pais, estudantes, educadores e profissionais de diversas áreas sobre a necessidade de mudanças no modelo convencional de escola – de carteiras enfileiradas, aulas de 50 minutos e avaliações quantitativas. Sete projetos educacionais em sete cidades do Brasil são retratados no documentário: Âncora (Cotia – SP), Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (Curvelo – MG), Projeto Gente (Rio de Janeiro – RJ), Educação Científica da AASDAP (Natal – RN), Escola Livre Inkiri (Piracanga – BA), EMEF Presidente Campos Salles (São Paulo – SP) e Araribá (Ubatuba – SP). Outros três projetos foram visitados e completam o escopo da pesquisa.

Leia mais: http://ow.ly/AACws

Consumo consciente de água é tema de game fotos: Cynthia Dorneles educativo Um game para ensinar sobre a importância da água foi lançado em agosto pelo grupo de desenvolvimento de jogos educacionais Ludo Educativo. A iniciativa é fruto da parceria entre o Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN/CNPq), com participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O objetivo do grupo de desenvolvimento de jogos educacionais é alertar crianças e adolescentes que o bem natural pode acabar e, ao mesmo tempo, ajudar a criar novos hábitos No EcoÁgua, o jogador administra um conjunto de chuveiros, com a responsabilidade de desligá-los no momento certo, gerando economia de água e permitindo que mais personagens tomem banho. Segundo o desenvolvedor do game, Julio César Carrega, o jogador precisa de agilidade para lidar com os registros dos chuveiros e os vapores que atrapalham sua visão. Ao mesmo tempo, recebe informações sobre a água e sobre como economizá-la.

Leia mais: http://ow.ly/B44QZ

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o Rio de Janeiro, educação ambiental se aprende na prática. A Bem Verde - empresa carioca de paisagismo – inaugurou a Casa Ecológica no Colégio Miraflores. O projeto tem como objetivo pedagógico despertar a consciência ecológica em alunos de diferentes faixas etárias.

fotos: Divulgação

A casa de aproximadamente 5 m², inteiramente estruturada em bambu, funciona como viveiro de mudas da escola. O telhado foi confeccionado com 600 garrafas PETS, coletadas pelos estudantes. Nela, os alunos podem acompanhar o processo de germinação e crescimento de variadas árvores

nativas brasileiras. Quando as mudas estiverem em tamanho de replante, as crianças participarão de um evento, no qual as espécies serão transplantadas para áreas degradadas. Professores e alunos juntos Toda a concepção e construção da Casa Ecológica contou com a ajuda dos funcionários e alunos. O projeto foi apresentado pelos professores nas salas de aula e, a partir daí, se iniciou uma campanha para coleta de garrafas PET. Depois da construção do viveiro, o plantio das sementes foi feito com a participação dos alunos. Os professores se apropriaram da atividade para trabalhar, em sala de aula, conteúdos relacionados à educação ambiental e cuidados com o meio ambiente. A Casa Ecológica permite que alunos visitem, cuidem e observem o desenvolvimento das mudas. O projeto foi concebido e executado pela Bem Verde Horta & Jardim para o Colégio Miraflores (Laranjeiras, Rio de Janeiro).

Equipe: Mônica Leão, carioca, é paisagista formada pelo SENAC RJ, cursou Biologia na Universidade Gama Filho, estudou técnicas de cerâmica na Flórida, EUA, e também é consultora em Feng Shui, formada pelo Instituto Brasileiro de Feng Shui. Atualmente elabora e executa projetos de paisagismo na Bem Verde. Vivian Perazzio, paulistana, paisagista, florista e design de interiores formada pelo CEFET/ FORTALEZA/CE, com cursos de paisagismo na EPP - Escola Paulista de Paisagismo, participante de cursos de imersão com o paisagista Raul Cânovas, cursou pedagogia na UNIP Universidade Paulista / São Paulo. Trabalha com o software "PHOTHOLANSDCAPE" da AUE


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Meditação Rio é um projeto iniciado em 2010 e que aos poucos vem se desenvolvendo. Nossa proposta é difundir a prática da meditação para a melhoria da qualidade de vida de todos e tornar a meditação acessível a quem quer que se interesse pelo tema. Nossas práticas são variadas e podem ser feitas em praticamente qualquer lugar e por qualquer pessoa. No Rio de Janeiro temos encontros em Copacabana, São Conrado, Teresópolis, Búzios e Visconde de Mauá. Também fazemos passeios para praticar em locais como Parque da Prainha, Jardim Botânico e Parque Lage, dentre outros.

www.meditacaorio.com.br (21) 2255-6470 / 9.9492-1557 Coordenação: Ricardo A. Mendonça

e t n e m o Aulas s O G O F A T em BO 14


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Carta à minha filha: Não deixe que a escola te ensine Clarice querida, mundo está mudando rápido. Bem mais rápido que as nossas escolas. Há tantas delas que ainda não perceberam que este mundo internético em que hoje vivemos é radicalmente diferente do mundo desconectado de algumas poucas décadas atrás e que nossa Educação agora pode e precisa ser muito melhor. Grandes ideias não faltam: escolas na nuvem na Índia, aulas sem turmas nem professores em Portugal, salasde-aula invertidas nos Estados Unidos, brinquedos que ensinam crianças a programar computadores na Inglaterra, milhares de pessoas do mundo todo fazendo juntas cursos de nível superior! Mas é preciso querer ver a necessidade de mudar, e isso demora. Por mais que eu esteja otimista, não acho que os anos que te restam na escola sejam tempo suficiente para essa onda de renovação se espalhar pelo Brasil e chegar à tua sala-de-aula. Vai ser por pouco… Você é parte da última geração de alunos da escola do passado. Ou seja, alunos de um modelo de educação igualzinho ao que eu tive, e que também foi o mesmo dos teus avós, teus bisavós, teus trisavós… Mas se não dá para evitar que as manhãs da tua infância sejam gastas em aulas chatas e desestimulantes, você pode pelo menos ficar alerta aos defeitos desse modelo. Assim, enquanto você aproveita o que a escola pode te oferecer de bom, vai conse-

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por Renato Carvalho guir impedir que ela te ensine algumas coisas que a mim custaram muitos anos para desaprender. Não deixe que a escola te ensine que conhecimentos podem ser compartimentados, separados em caixinhas, isolados uns dos outros. Na escola do passado, a matemática acaba quando começa a física e a geografia acaba quando começa a história. No mundo, há biologia no esporte, matemática na música, história na literatura, gramática na programação de computadores… Por isso, depois de ver algo de perto, dê sempre um passo para trás, perceba as relações, enxergue o todo. Não deixe que a escola te ensine que alguns conhecimentos são mais importantes que outros. Na escola do passado, para cada aula de artes há duas de geografia e para cada uma de geografia há duas de matemática. Música, artes plásticas, esportes, religião, filosofia são tratados como matérias de “segundo time”. Quantos grandes artistas e esportistas foram vistos como maus alunos e forçados a abandonar seus talentos porque o conhecimento que lhes interessava não era o mesmo que interessava à escola! Persiga teus interesses mesmo que eles não interessem a mais ninguém. Não deixe que a escola te ensine que há um momento específico para aprender cada coisa.

Na escola do passado, quem não consegue acompanhar a turma é tido como um fracassado e quem quer avançar mais rápido é freado, impedido. Ela exige que todos aprendam o mesmo ao mesmo tempo. Mas as pessoas não são todas iguais. Você pode ter mais facilidade que os colegas em um determinado assunto e menos em outro. Não deixe que te empurrem nem que te segurem. Respeite teu próprio ritmo de aprendizado. Não deixe que a escola te ensine a decorar. Ao contrário, esqueça tudo que puder. O homem dominou o planeta porque foi capaz de fabricar ferramentas que estenderam os limites das nossas mãos e pés. Agora, fomos ainda mais além e fabricamos ferramentas que estendem os limites do nosso cérebro. Não precisamos mais desperdiça-lo usando-o como um depósito de nomes, datas e fórmulas; hoje podemos aproveitar todo o potencial dele para analisar, criticar e refletir o mundo de informações que podemos acessar com um clique. A Internet é o teu HD, o cérebro é o teu processador. Não deixe que a escola te ensine a te contentar com pouco. Na escola do passado, as consequências de tirar nota 10 ou nota 7 são as mesmas. O aluno excelente passa de ano da mesma forma que o mediano, com, no máximo, um elogio da professora. Assim, aos poucos os alunos vão ficando satisfeitos em “passar por média”. Nunca

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fique contente com a média. Dê teu melhor sempre, em tudo o que fizer (inclusive nesses poucos anos que ainda te restam na escola do passado). No mundo, ao contrário da escola, a excelência faz muita diferença. Não deixe que a escola te ensine a acreditar que ela é suficiente. A escola do passado lamentavelmente abdicou da missão de preparar os alunos para o futuro e se limita a tentar prepará-los para o vestibular ou o ENEM. Mas a tua vida produtiva começa exatamente depois desse ponto e para ser bem sucedida nela você precisará de muito mais do que ciências, matemática, português, história e geografia. O futuro vai exigir que você tenha uma boa noção dos teus direitos e deveres para cumprir teu papel de cidadã, conheça um pouco de economia para saber gerenciar teu dinheiro, aprenda sobre empreendedorismo para fazer tuas ideias virarem realidade, tenha consciência global para compreender teu lugar no mundo, domine a Internet enquanto ferramenta de comunicação e muito mais. Há muitos conhecimentos que não estão na escola. Procure-os onde estiverem. Não deixe que a escola te ensine que provas são capazes de medir a tua capacidade e inteligência. A história está repleta de gênios que foram tidos como maus alunos. Eles eram con-

siderados incapazes nas suas escolas porque estavam à frente delas e, portanto, não podiam ser medidos pelos seus testes. As provas da escola do passado servem para provar quem está mais adequado ao mundo do passado.

Não deixe que a escola te ensine que você não tem nada a ensinar. Na escola do passado os alunos são separados em séries de acordo com suas faixas etárias e isso praticamente impede a interação entre idades diferentes. Colegas um pouco mais velhos têm muito a te ensinar e, o que é ainda mais importante, os mais novos têm muito a aprender contigo. E ensinar é a forma mais eficiente de aprender. Quando um professor detém o monopólio do ensino, ele te

rouba inúmeras oportunidades de aprender ensinando e ensinar aprendendo. Não deixe que a escola te ensine que errar é ruim. Provas fazem isso o tempo todo, sem que os alunos percebam. Do jeito que são feitas, elas servem apenas para apontar e punir nossos erros e desperdiçam a oportunidade de nos ajudar a aprender com eles. O resultado é que aos poucos vamos nos acostumando a não arriscar e a evitar erros a todo custo. Não há nada pior para o aprendizado do que o medo de errar. Erre! Erre de novo! Erre à vontade. Erre quantas vezes forem necessárias até acertar. Não deixe que a escola te ensine a ser apenas consumidora de ideias. A escola do passado se limita a ruminar as ideias dos outros. Diariamente, aula após aula, os alunos mastigam, engolem e digerem um enorme cardápio de informações. Não há nenhum espaço para que eles gerem conhecimento, produzam pensamentos, criem ideias, somem. Os alunos são tratados como se fossem incapazes disso e logo se convencem dessa incapacidade. O mundo do futuro é o mundo da troca. Nele, os bem sucedidos não serão os que forem capazes de acumular mais ideias, mas os que forem capazes de distribuir mais. Escreva, desenhe, cante, dance, filme, blogue, fotografe, pinte e borde. Crie, pro-


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duza, pense, gere, compartilhe. E o mais importante de tudo, minha filha: não deixe que a escola te ensine que aprender é a mesma coisa que ser ensinado. Toda criança nasce uma esponjinha de conhecimento ávida para absorver os comos e os porquês de tudo que vê. Essa curiosidade sem fim, essa fome de aprender costuma durar até o exato momento em que ela passa pela porta da sala de aula da primeira série da escola do passado. É nesse momento que as crianças são convencidas que aprender não é experimentar, sentir e sujar as mãos de terra ou tinta, como faziam até agora, mas sim sentar silenciosamente em cadeiras alinhadas e ser ensinado por um professor que é o dono de

todo o saber e que decide sozinho a hora de começar e de parar de estudar cada assunto. O aprendizado não vem mais da interação da própria criança com o objeto que ela está conhecendo. Agora, ele é “transferido”. A criança não faz mais perguntas, ouve respostas. A busca do conhecimento não começa mais nas interrogações dos alunos, mas nas afirmações do professor; o estudo não mais se inicia na curiosidade, mas na autoridade. A criança não está mais no comando do seu aprendizado, ela não é mais um sujeito ativo no ato de aprender, é um sujeito passivo do ato de ensinar do professor. Em resumo, a criança não mais aprende, é ensinada. Não abra mão da direção da tua vida. Viver é aprender e você tem autonomia (ou seja, a liberdade e a

responsabilidade) para decidir o que aprender e, portanto, como viver. Não a ceda a ninguém. Se você conseguir impedir a escola de te ensinar essas coisas, vai acabar descobrindo que vida escolar é diferente de vida de aprendizado. E então, terá a vida inteira para desfrutar dessa incrível Era do Conhecimento que está apenas começando. Te amo. Teu pai por Renato Carvalho

Publicado originalmente no Rescola, reaprendendo a ensinar - www.rescola.com.br (em 3 de abril de 2014)

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