Ec jul 2013

Page 1

Jovens capacitados

Qual a relação entre igreja e meio ambiente? O que fazer? Confira algumas ações bem sucedidas Página 4

Pr. José Getraldo Magalhães

Escola Dominical melhor Leandro Souza

Arquivo Rema

Compromisso ambiental

Metodistas de todo o Brasil participaram do encontro nacional para aperfeiçoar a educação cristã nas igrejas. Página 12

Evento reuniu a liderança da juventude metodista para treinamento e capacitação! Veja os detalhes! Página 7

Leonardo Soares/UOL

Jornal Mensal da Igreja Metodista . Julho de 2013 . ano 127 . nº 07

Estávamos lá Pela justiça e paz no Brasil. Páginas 8 a 11

iscopal Palavra Ep os

vem Por que deplaneta o d r cuida s ispo Carlo Terra? O b explica! Alberto Página 3

m

Homenage

la nação Clamor pe gem aos e homena tas no metodis cional! Na Congresso Página 13

o

Capacitaçã

o foi o Saiba com acional encontro nitação de capac res de mulhe s! metodista Página 13

História

trajetória Conheça aMetodista da Igreja stre/MG! em Campe Página 14

Entrevista

todista Jovem me mado a h relata c io e os missionár Estônia. a desafios n Página 15


Editorial

Arquivo pessoal

Acesse! Fique por dentro!

2

LEITOR

Assuntos mais comentados da edição de junho Batismo Infantil Excelente a ideia de publicar sobre o assunto. O Expositor Cristão nos faz orgulhar de sermos metodistas (via Facebook). Pr. Rogério da Silva Oliveira Sou metodista. É muito importante termos o batismo infantil em nossas igrejas. Fui batizado quando criança e tive a alegria de batizar meus filhos antes do primeiro ano de vida deles. Lembro aos contrários, que a igreja dá plena liberdade aos batizados de através da profissão de fé, refazer os votos. Josué Mariano da Silva.

Confira o testemunho do trabalho missionário metodista em Portugal! Comunicação | 1a RE

“A

igreja deverá experimentar, de modo cada vez mais claro, que sua principal tarefa é repartir, fora dos limites do templo, o que ela, de graça, recebe do seu Senhor”. A frase do Plano para Vida e Missão da Igreja Metodista foi ilustrada por centenas de metodistas brasileiros/as que foram às ruas participar dos protestos e manifestações por um país melhor. Acontecimentos marcantes para a história do Brasil e para a história do metodismo brasileiro. Não ficamos de fora. Estávamos representados por uma geração que dá sentido aos documentos que tanto prezamos. Está escrito que o povo metodista deve apoiar iniciativas de valorização da vida e denunciar as forças que a destroem. Mesmo com atos de vandalismo praticados por uma minoria, os manifestos ganharam contornos apartidários e fomentaram a voz profética contra a corrupção, violência, transporte público, saúde e educação de baixa qualidade. A igreja foi às ruas e permaneceu em oração pela nação. Esta edição do Expositor Cristão conta esta história. Registra as ações dos/as metodistas e o posicionamento oficial da Igreja diante das manifestações. Desejamos que seja apenas o início da caminhada de uma igreja mais cidadã e comprometida com a justiça e paz no Brasil.

www.metodista.org.br

Juventude carioca envolvida em evangelismo na Copa das Confederações e Copa do Mundo. Divulgação

Metodistas Protestantes

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Carderno 2013 da Escola Bíblica de Férias! Confira e faça o download completo de graça!

@metodistabrasil @jornalexpositor @parceiroracao

Igreja Metodista do Brasil metodistabrasil

A segunda parte do Tempo Comum, que também é o período mais longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspe-

Nenhum metodista deveria ter dúvidas sobre o batismo infantil e sobre o real sentido do batismo. Os documentos e normativas da Igreja Metodista estão corretíssimos quanto a prática do batismo. Infelizmente, muitos insistem em não obedecer e, além disso, prejudicam a unidade e a caminhada da Igreja. Pr. Claudeci Pereira de Souza Palavra Episcopal O bispo José Carlos Peres está coberto de razão. Mas, quando falamos liderança começa com os/as pastores/as. No papel é perfeito. Na prática, muitos/as pastores/as deixam de obedecer. Sempre fui defensor do Evangelho de Cristo e das doutrinas metodistas (via Facebook). Osni Calanca Barco Hospital Muito boa a matéria e proveitosa, para conhecermos mais e mais as missões da Igreja Metodista (via Facebook). Ozéas Bella Expansão Missionária Juntos na expansão, aliançados na paixão missionária e crendo num grande e poderoso mover do Espírito Santo sobre a nossa nação. Abundante salvação de vidas (via Facebook)! Pr. Luiz Rodrigues Barbosa Neto Precisamos realmente acender novamente em nossos corações o ardor pela missão. A paixão missionária precisa ser a inspiração para todos nossos projetos, pois a igreja existe para ser sinal do Reino de Deus, e só sendo missionária poderá honrar seu chamado e vocação. Vagner Paraizo Gomes

ra do primeiro domingo do Advento, quando tem início o ciclo do Natal. Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos e enfatiza a vivência do Reino de Deus e a compreensão de que os/as cristãos/ãs são o sinal desse Reino. Se na primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a concretização

do Reino de Deus. Símbolos - A pesca ou rede com peixes - Feixe de Trigo - A coroa Cor Verde - Sinalizando a Criação Série ícones litúrgicos por Samuel Fernandes. Usado com permissão.

Jornal oficial da Igreja Metodista Colégio Episcopal Fundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário Pr. John James Ranson

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo Adonias Pereira do Lago Jornalista Responsável e Editor: Marcelo Ramiro (MTB 393/MS) Repórter: Pr. José Geraldo Magalhães Conselho Editorial: Almir de Souza Maia, Camila Abreu Ramos, Magali Cunha, Paulo Roberto Salles Garcia.

Revisão: Celena Alves Diagramação: Luciana Inhan Divulgação: Tiago Costa As matérias assinadas são responsabilidade de seus autores/as e não representam, necessariamente, a opinião do jornal. A produção do ­Expositor Cristão é realizada em convênio com o Instituto Metodista de Ensino Superior, responsável pela distribuição. Tiragem: 3 mil exemplares

Faça sua assinatura: R$35,00 por ano

Entre em contato conosco: Tel.: (11) 2813-8600 Fax: (11) 2813-8632 www.metodista.org.br expositor@metodista.org.br Avenida Piassanguaba, nº 3031 – Planalto Paulista – São Paulo – SP – CEP 04060-004


Palavra Episcopal

O planeta Terra é a nossa casa,

Arquivo Ex positor

Cristão

3

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

devemos preservá-lo!

U

ma casa só tem vida se for habitada. No princípio da criação, a terra não tinha vida, pois faltava a mulher e o homem (Gênesis 2.4 e 5). Assim sendo, podemos afirmar que a terra foi criada para a humanidade, pois sem ela, a terra continuaria “sem forma e vazia”. Após a criação, o Senhor deu um grande e maravilhoso presente ao homem e a mulher “Eis que vos tenho dado...” (Gênesis 1.29). E o próprio Deus classificou o presente que Ele estava dando como muito bom: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom...” (Gênesis 1.31). Nossa casa é muito boa, maravilhosa! É linda com seu conjunto de mares, rios, vales, montanhas, florestas, aves e uma variedade incrível de animais. A beleza da criação pode ser contemplada na vida de um frágil e pequeno beija-flor ou na força de um grande elefante. E não para por aí... Podemos ressaltar, ainda, suas riquezas minerais, a grande variedade de alimentos (sementes, raízes e folhas). De fato, como diz o Salmo 19, no versículo 1, “Todas as coisas que Deus criou, proclamam a sua glória!” O Senhor nos deu a terra como um presente, a fim de que usufruíssemos dela com responsabilidade, preservando-a. Infelizmente, devido ao desejo do “lucro” a qualquer preço, estamos destruindo o “presente” como uma criança destrói um brinquedo que acaba de ganhar. A nossa missão é preservar a casa que nossos filhos, netos e todas as gerações futuras hão de herdar. Mas, pensamos pouco no valor do presente que recebemos do

nosso Pai e mais no “lucro” que ele pode nos dar. Viajando pela Região Amazônica, que representa 42,75% do território brasileiro, onde sou missionário, a cada dia fico mais maravilhado com a criação do nosso Deus. Em nossa região, está a maior floresta e a maior concentração de água doce do planeta. Há também o maior sítio mineral (ferro, ouro, diamante, petróleo e outras). O presente que Deus nos deu é tão precioso e caro que precisa ser usado com bom senso e preservado por todos e todas, com muita responsabilidade. É verdade a afirmativa dos nossos colonizadores portugueses: “Aqui, plantando, tudo dá!”. Pensando de forma particular no Brasil, um país com dimensões continentais e com tantas riquezas, não podemos deixar de pensar em outra terra que o Senhor deu ao povo judeu: Canaã. Quando os 12 espias voltaram da visita que fizeram a Canaã, no relatório, constatava a seguinte informação: “Fomos à terra que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e

mel” (Números 13:27); e, ainda, “Também vimos ali os filhos de Anaque” (Números 13.27). Os “Filhos de Anaque” eram gigantes que dominavam a terra e que precisariam ser derrotados para que o povo judeu pudesse ter a propriedade da terra. A terra que recebemos do Senhor também mana leite, mel, petróleo, ouro e uma infinidade de riquezas; mas, como Canaã, está dominada pelos “filhos de Anaque”, que precisam ser derrotados. Temos uma missão! Ao contrário do povo de Israel, liderado por Moisés, que temeu os gigantes da terra e recuou, nós, o povo de Deus, a igreja do Senhor destes dias, não podemos recuar diante dos filhos de “Anaque”. Precisamos ter a mesma atitude de Josué e Caleb: “Então Moisés e Arão caíram sobre os seus rostos perante toda a congregação dos filhos de Israel. Tão somente não sejais rebeldes contra o SENHOR, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o SENHOR é conosco; não os temais.” (Números 14: 5 e 9).

Como a Palavra de Deus afirma em Gênesis 1:31 “É terra boa!”. A nossa missão é restaurar o que tem sido destruído e preservar aquilo que o Senhor criou de forma surpreendente e maravilhosa para nós. O planeta terra foi um presente dado por Deus a cada um de nós e, por isso mesmo, é nossa responsabilidade preservá-lo. De acordo com o Plano Missionário Nacional é nosso dever como igreja do Senhor Jesus Cristo neste mundo: - apoiar todas as organizações que estejam voltadas a programas de sustentabilidade ; - enfatizar nos documentos da igreja, que o projeto de Deus não é individualista, mas coletivo, envolvendo toda a criação; - conscientizar cada metodista do compromisso com o meio ambiente; - alertar o povo metodista sobre a importância da preservação do meio ambiente; - canalizar para o foco educacional a preservação ambiental e da vida; - promover a evangelização na perspectiva de denúncia contra a exploração da natureza; - implementar ações práticas que podem ser trabalhadas no plano missionário da igreja. Para que isso seja realidade, será necessário um esforço coletivo e o estabelecimento de ações pastorais focadas junto às igrejas locais para que as mesmas incorporem projetos de sustentabilidade como redução do consumo de água, energia e reciclagem de itens. Bispo Carlos Alberto Tavares Alves Presidente da Região Missionária da Amazônia


Boas práticas

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

4

Meio ambiente O que podemos fazer?

Pr. Welfany Rodrigues

Crianças em Ji-Paraná/RO participam do Projeto Águas do Urupá promovido pela Igreja Metodista para conscientização ambiental. Arquivo Expositor Cristão

A

Bíblia faz mais de mil referências ao planeta Terra. São textos que expressam a importância e a necessidade do cuidado desta imensa casa. “Ao Senhor pertence a Terra e o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”, exclama o Salmo 24. Diante deste texto, é simples compreender a missão dos/as cristãos/ãs como filhos/as de Deus. Se Ele é o dono de tudo no planeta, cabe a cada pessoa cuidar e zelar. “Os salmos que reproduzem o culto, os cânticos, a poesia e a sabedoria do caminhar com Deus reconhecem que Ele é o criador e sustentador do universo. E nós, criaturas suas, responsáveis por sua criação, que anuncia seu domínio e poder”, explica o bispo Paulo Lockmann. Cuidar do meio ambiente é um assunto cada vez mais frequente na mídia, escolas e também na igreja. Porém as ações ainda são isoladas. No caso da Igreja Metodista, poucas igrejas no Brasil desenvolvem um trabalho prático de preservação. Este cenário deve mudar nos próximos anos. No último Concílio Geral, em julho de 2011, foi aprovado Plano Nacional Missionário que tem como uma das ênfases o envolvimento da igreja com ações ecológicas. Logo depois da decisão, algumas iniciativas foram estimuladas pelo Brasil afora. Em São Paulo, as igrejas do distrito Central, foram desafiadas a começar atividades de educação ambiental com as crianças e a coleta seletiva. “Pelo menos cinco comunidades já possuem ações específicas neste sentido! Estamos fazendo missão! É o nosso testemunho para a socie-

Arquivo Rema

Marcelo Ramiro

Projeto de conscientização ambiental da Igreja Metodista em Itapoá/SC.

dade”, comemora o Superintendente Distrital, Rev. Luis Carlos Araújo. Uma das comunidades que abraçaram o projeto em São Paulo, fica em Vila Prudente. A Igreja Metodista se tornou um polo de recebimento de óleo de cozinha usado. Quem entrega na igreja, recebe duas barras de sabão como incentivo. Posteriormente o material é recolhido por uma Organização Não Governamental (ONG) que produz sabão ecológico. Um único litro

de óleo jogado no lixo comum pode contaminar centenas de litros de água. “Começamos o recolhimento há dois meses! Tem sido uma experiência maravilhosa! Temos trabalhado o assunto como um cuidado a criação. Os resultados são muito positivos”, conta a Revda. Fabiana de Oliveira Ferreira. As igrejas na Moca, Vila Mariana, Catedral e no bairro Rudge Ramos também desenvolvem atividades de conscientização e reciclagem.

Arrecadação de garrafas pet em frente a Igreja Metodista em Além Paraíba/MG.

Educação

Metodistas na região norte do país também estão comprometidos/as com o meio ambiente. Em Ji-Paraná/RO, a Igreja Metodista desenvolve um projeto chamado Águas do Urupá. Crianças recebem informações e participam de atividades práticas para limpar as margens dos rios Machado e Urupá, além de distribuírem panfletos de conscientização para os ribeirinhos. Os rios cortam a cidade de ­Ji-Paraná e alguns pontos apre-


Boas práticas

sentam sinais avançados de poluição. A Igreja Metodista também desenvolve trabalho de conscientização em comunidades indígenas próximas. “É uma atividade de extrema importância na região! Temos percebido um comprometimento cada vez mais por parte da população”, comenta a Revda. Luciana Soares Rêgo.

Mobilização

No Rio de Janeiro um grupo de trabalho foi organizado para promover ações de conscientização junto às igrejas locais, por meio de eventos, palestras e ações ambientais. “Uma das ações sugeridas é a abordagem de temas relacionados ao meio ambiente durante a Escola Dominical, para esclarecer a importância de utilizar os recursos naturais de forma eficiente, sem degradar a natureza”, diz a coordenadora diaconisa Deise Marques. A Secretaria Regional de Ação Social da 1ª Região também desenvolve uma ação para recolhimento de óleo de cozinha usado nas igrejas do Rio de Janeiro. Um contrato foi feito com uma empresa especializada para que o material tenha um destino adequado. “Nós somos mordomos da criação! Precisamos nos mobilizar em prol da preservação do meio ambiente. Não podemos

Dica! As novas revistas da Escola Dominical da Igreja Metodista também abordam o tema Meio Ambiente. Os juvenis (Flâmula Juvenil), jovens (Cruz de Malta) e adultos (Em Marcha), estudam com detalhes a ênfase 5 do Plano Nacional Missionário: Implementar ações que envolvam a Igreja no cuidado e preservação do Meio Ambiente. Adquira! Saiba mais em www.metodista.org.br. mais ficar de braços cruzados”, descarte das peles em ambiente afirma o coordenador do projeto, natural”, conta o Rev. Loimar Porcides Ferreira. Rev. Edvandro Machado. Em Betim/MG, a Igreja Apoio Metodista desenvolve um trabaA Igreja Metodista em Itapoá/ lho inovador. As crianças e adoSC apoia um projeto que pro- lescentes participam de um tramove reciclagem a partir da pele balho fotográfico. Há cinco anos de peixes. O material era joga- eles/as tiram fotos das paisagens do fora pelos pescadores e agora da cidade. “Quando comparam passa por um processo artesanal as fotografias, percebem que o de curtimento (fabricação do couro) e serve de matéria-prima para diversos produtos, como chaveiros, colares, brincos e muitas outras peças. O Projeto tem o apoio de outras instituições e incentiva o trabalho associado de artesãos. “Além de representar uma oportunidade de geração de trabalho e renda, o projeto diminui o impacto ambiental causado pelo

verde está sumindo. Tem sido uma experiência maravilhosa e muitos/as já mudaram completamente o comportamento em relação ao meio ambiente”, comenta a coordenadora Onice Maria de Souza.

Iniciativas

No Rio de Janeiro, a Igreja Metodista em Sarapuí é exemplo Arquivo Exositor Cristão

5

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Você sabia? destino, esse produto prejudica o solo, a água, o ar e a vida dos animais, inclusive o ser humano. Pois, quando entra em processo de decomposição libera o gás metano que, além do mau cheiro, agrava o efeito estufa. Para evitar que o óleo de cozinha usado seja lançado na rede de esgoto, cidades, instituições e pessoas de todo o mundo têm criado métodos para reciclar o produto. As possibilidades são muitas: produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina, ração para animais e até biodiesel.

Evento da Igreja Metodista no Parque Verde Valle em Rio Bonito/RJ. Pra. Fabiana Ferreira

Certamente você já ouviu falar que devemos guardar o óleo de cozinha usado ao invés de jogar fora pelo ralo da pia. É que sérios problemas ambientais podem ser causados. Conheça alguns: - Um único litro de óleo contamina centenas de litros de água. - Ao alcançar a rede coletora de esgotos, o óleo cria uma barreira que impede a passagem de água, causando entupimentos e enchentes. - Se chegar aos rios, o óleo impede a entrada de luz e a oxigenação na água, prejudicando a vida local. Mas, independentemente do

Igreja Metodista Vila Prudente/SP faz coleta de óleo usado e envolve comunidade vizinha.


Artigo

6

frente da Igreja”, relata o pastor Welfany Nolasco Rodrigues.

História

A preocupação com o meio ambiente acompanha a história da Igreja Metodista. João Wesley, fundador do movimento na Inglaterra, tinha grande interesse e fascínio pelas ciências e pelo mundo natural. O professor Ismael Forte Valentim da Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep, argumenta que Wesley abordou o assunto no século 18, quando escreveu a obra Investigação sobre a Sabedoria de Deus na Criação. “João Wesley, em sua reflexão ecológica, aponta para uma teologia a fé santificadora. Nela, o autor afirma a impossibilidade de um divórcio entre o cuidado com o meio ambiente e a prática cristã. Desenvolver uma visão crítica e consciente, compreender que somos parte da família da natureza, possibilita superar a ignorância e a indiferença que tornam as pessoas “estranhas” àquilo que as sustenta”, afirma o professor Ismael. Em 1982, a Igreja Metodista aprovou no Concílio Geral, o Plano para a Vida e Missão – um documento que estabelece a identidade, princípios históricos, doutrinários e missionários. O texto afirma que faz parte da missão dos metodistas a necessidade de “apoiar, incentivar e participar das iniciativas em defesa da preservação do meio ambiente” (Cânones 2012-2016, p. 102).

Pr. George Silva

na comunidade. Há um ano e meio os/as metodistas iniciaram o projeto Reciclar. “Todos/as estão ativamente envolvidos com a iniciativa. A igreja se tornou um ponto de coleta de material reciclável”, conta o pastor George Vinícius Nascimento Silva. A comunidade chega a arrecadar até 800 reais por mês com o material reciclado. O dinheiro é usado para comprar Bíblias para o trabalho evangelístico e é destinado também para melhorias no templo. “Nós arrecadamos e vendemos garrafa pet, ferro, alumínio, plástico duro e metal. Estamos fazendo nossa parte em prol do meio ambiente e isto é muito emocionante”, revela a líder do trabalho Alessandra Costa. Trabalho semelhante é desenvolvido pela Igreja Metodista Cidade Líder em São Paulo. “Começamos a reciclagem e o recolhimento do óleo de cozinha depois de um período de conscientização. A igreja está animada, pois entendeu que precisa ter compromisso com o Meio Ambiente”, se alegra a gestora ambiental e coordenadora do trabalho Vilma Maria Teixeira Pupo. Em Além Paraíba/MG, a Igreja Metodista Canaã começou o propósito de juntar garrafas pet para reciclagem apoiando a Associação de Catadores de Recicláveis da cidade. “A igreja se mobilizou e em pouco mais de um mês conseguimos encher o ecoponto que foi colocado na

Igreja Metodista em Sarapuí/RJ é referência em reciclagem na comunidade.

Meio-ambiente e igreja:

e daí?

Cláudia Rocha Maia – Bióloga, mestranda em Educação e Saúde e membro da Igreja Metodista Izabela Hendrix

H

oje em dia muito se fala acerca de meio ambiente, ecologia e sustentabilidade e o debate tem permeado também o âmbito da igreja. Embora muitos cristãos e cristãs ainda se mostrem alheios à responsabilidade da igreja, enquanto corpo de Cristo, de zelar pela casa que Deus nos concedeu – o planeta Terra -, grande parte já compreendeu que o evangelho é integral, ou seja, há boas novas a serem ditas e efetuadas tanto para a humanidade quanto para toda a criação. Essa missão, que visa não somente a salvação de almas e a justificação pela fé, e que ao mesmo tempo preocupa-se com a justiça social, com a efetivação de mudanças estruturais e transformações políticas, tem sido denominada de Missão Integral. Diante de um desafio tão grande de mordomia, o quê, de concreto, pode ser feito? A educação acompanhada de uma conscientização crítica a respeito da fé e o cuidado com o meio-ambiente devem vir em primeiro lugar. O assunto deve ser discutido nos espaços educativos da igreja como: púlpito, Escola Dominical, estudos bíblicos, seminários, congressos e etc. O modo de consumo, enquanto determinante principal dos maiores impactos negativos no ambiente, deve ser parte integral desta reflexão. É imperativo que, em um mundo tão desigual e repleto de contradições, o cristão seja encorajado a viver uma vida de generosidade, partilha e simplicidade. Outras ações simples podem ser tomadas. Atitudes estas que reforçam o caráter educativo e que, quando praticadas regularmente, fazem do cuidado com o meio ambiente algo rotineiro e portanto, sustentável. Algumas delas são: reduzir ou abolir o uso de descartáveis nas reuniões da igreja. Embora práticos, são grandes vilões, pois demoram muito tempo para se decomporem na natureza e geram grande volume de lixo. Usar folhas de papel reciclado para os materiais de divulgação e ensino na igreja; contatar a superintendência de resíduos sólidos da prefeitura a fim de verificar a disponibilidade de coleta seletiva no bairro onde a igreja está instalada; estimular e ensinar os membros a realizarem a coleta seletiva em suas casas; realizar campanhas de coleta de materiais recicláveis, tais como pets, latas, eletrônicos, pilhas, óleo de cozinha etc. e destinar tais resíduos aos devidos locais, em parceria com instituições que já oferecem tais serviços; valorizar o uso de materiais reciclados em eventos da igreja, e no trabalho com as crianças; atuar junto à comunidade e escolas locais, expandindo as ações de educação e promoção do cuidado com o meio ambiente para além dos muros da igreja. A igreja deve ser sempre a guardiã dos bons costumes e propagadora das boas obras. Agindo desta forma também em relação à ecologia e ao meio ambiente muito poderá contribuir para a nação e para o mundo, demonstrando para todos o caráter zeloso e amoroso do nosso querido Deus. Mãos à obra, com coragem, perseverança e esperança, sabendo que Nele nosso trabalho não é vão!

Arqu ivo pesso

al

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br


7

Capacitação

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Tudo! Ω

Tudo ou Nada?

Evento de capacitação reuniu cerca de 300 líderes da juventude metodista de todo o Brasil em Belo Horizonte/MG.

do pelo ministério Som do Céu. No segundo dia, os participantes foram levados a aprender as competências de liderança divididos em 18 equipes, sendo testados em todas as áreas do trabalho em equipe e do desenvolvimento de seus atributos. Oficinas sobre como implantar grupos de discipulado, missões urbanas e missões transculturais também foram ministradas. Na noite do segundo dia, outra surpresa: todos foram levados a uma capela “escondida” para vivenciar parte do contexto de uma igreja perseguida – a simulação foi da Coréia do Norte, o país mais perigoso do mundo para a pregação do Evangelho, segundo a ONG Portas Abertas, que deu todo o suporte para a realização deste momento. No culto de encerramento: louvor, profundidade na palavra e desafio missionário. Após Evento acontece a cada dois anos e se tornou uma referência para a liderança metodista.

É

possível resumir um pouco daquilo que foi o Treina Jovem 2013 pela própria radicalidade do tema do evento: “Tudo ou Nada”. Certamente os mais de 300 participantes experimentaram quase “tudo” em apenas três dias (30 de maio a 1º de junho), na cidade de Belo Horizonte. Já no culto de abertura todos foram surpreendidos pelas diversas intervenções artísticas promovidas pelo grupo Cia Arte & Mensagem da Igreja Metodista Inconfidentes de Contagem/MG e por uma pregação desafiadora do bispo Roberto Alves de Souza, que preside a 4ª Região Eclesiástica. Acolhendo o evento, o bispo clamou para que daquele lugar novos jovens como John Wesley se levantem para transformar a nação brasileira. Em seguida ao culto, a dinâmica Team Builder, conduzida pela Coalizão Brasileira de Esportes, ensinou aos participantes diversas técnicas sobre o trabalho em equipe de forma prática. A maratona do primeiro dia se encerrou com mais um culto, desta vez com a pregação do bispo João Carlos Lopes (presidente da 6ª Região e bispo assistente da Confederação de Jovens) e louvor conduzi-

Confederação de Jovens

Leandro Souza

Juventude metodista brasileira se capacita e experimenta despertamento missionário

Dinâmicas criativas abordaram trabalho em equipe e desenvolvimento de atributos.

a Santa Ceia, a Confederação Metodista de Jovens apresentou a sua agência missionária, a Malta, e os diversos projetos em que cada jovem poderia se envolver: Ações Evangelísticas na Copa das Confederações e Copa do Mundo (Junho 2013 e Junho 2014), Projeto Peru (Agosto 2013), Treina Malta (Dezembro 2013), Projeto Estônia 30 (Setembro a Março).

O apelo missionário foi marcante, quando mais de uma centena de jovens foi a frente e respondeu sim ao chamado transcultural no Brasil e fora do país. O evento é promovido a cada dois anos pela Confederação Metodista de Jovens do Brasil, organismo nacional da Igreja Metodista brasileira que reúne os jovens na faixa de 18 a 35 anos de idade.

A partir de agora, a Confederação de Jovens do Brasil co­ meça a largada para o Encontrão Nacional de Jovens - 2014, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de maio de 2014. Neste evento também será realizado o Congresso Nacional de Jovens e é aberto a todo jovem interessado. O Encontrão 2014 será na cidade de Paraíbuna/SP, interior do Estado de São Paulo e tem a expectativa de reunir mais de mil participantes. Para mais informações acesse: www.juventudemetodista.org.br.


Capa

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

8

Ruas fechadas

Novos caminhos abertos A

juventude brasileira redescobriu o poder das manifestações populares. Politicamente articulada, especialmente em ambientes universitários e apoiada pela força das mídias sociais, ocupou as ruas de centenas de cidades brasileiras, pequenas e grandes, para lutar contra o aumento das tarifas abusivas dos transportes públicos. Entretanto, aquilo que poderia ter sido mais um movimento esporádico de estudantes, comumente sem o apoio da mídia e criticado por diferentes setores

“Participei dos protestos que aconteceram nas últimas duas semanas em São Paulo. Gritávamos, “sem violência” e éramos recebidos com bombas de gás e balas de borracha. Essas imagens serão difíceis de esquecer. É hora de termos calma, avaliarmos cada passo. Grandes conquistas já tivemos, agora precisamos ter sabedoria, abrir nossas igrejas para discussão dos temas políticos e democráticos, para construção de uma sociedade mais justa, espelhada nos princípios do Reino de Deus.” Alexandre Quintino, Igreja Metodista Vila Mariana/SP

pelo a t s i d Meto ram:

Instag

“E que o Deus que arrancou Wesley, como um tição ardente, do meio das chamas, nos arranque também a nós, a nossos irmãos e irmãs, a nossos filhos e filhas, das chamas da conformidade, das forças da apatia, dos horrores da injustiça, e nos faça tições ardentes por seu amor e sua justiça” (Justo L. González) Carlos Parra

Pr. Clovis Pinto de Castro

Metodistas em várias partes do Brasil se organizaram pelas Redes Sociais e participaram das manifestações em busca de um país mais justo e digno.

da sociedade, acabou aglutinando outras forças e seduziu um povo cansado de tantos desmandos, descasos e corrupção por parte dos políticos e das instituições que deveriam trabalhar por melhores condições de vida para a população brasileira. Podemos afirmar que, de certa forma, o movimento estudantil foi ‘sequestrado’ e a pauta de reivindicações precisou ser ampliada. E, pelo que tudo indica, não é um sequestro relâmpago, e um novo país surge.

Acompanho as mídias sociais “Que o avivamento venha e percebo que boa parte da juvensobre a nossa igreja e tude metodista também está envolvida, direta ou indiretamente, ultrapasse os limites dos nas manifestações e tem posta- templos e momentos de culto. do testemunhos diários do que Que nosso testemunho seja está vivendo nas ruas. Veja, caro leitor/a, o que os nossos/as jovens mostrado principalmente no estão dizendo nos depoimentos zelo e seriedade na escolha publicados nessas páginas. dos nossos candidatos nas Milhares de jovens metournas ano que vem.” distas estão nas ruas sentindo o Nicanor Lopes Junior – Igreja coração pulsar mais forte diante Metodista Rugde Ramos em São de uma causa que oferece mais Bernardo do Campo sentido às suas vidas. Começam


9

Capa

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Anderson Luiz

“A participação da igreja, que somos nós, reflete o quanto estamos comprometidos com as questões sociais, econômicas e espirituais em nossa nação. Neste aspecto, João Wesley combateu os problemas sociais que afligiam a sociedade no tempo em que Deus o levantou para um propósito claro: reformar a nação, particularmente a igreja e espalhar a santidade bíblica por toda a terra. Jovens da Igreja Metodista em Dourados/MS mobilizados durante protesto.

a ler a Palavra de Deus com novos ‘óculos’ e a perceber que a fé deve ter uma dimensão pública e cidadã. Antes de escrever este texto, resolvi dar uma passada de olhos no Plano para a Vida e a Missão da Igreja, que completa 31 anos no próximo mês. Pude perceber que, pelo menos em sua essência, ele continua atual e não perdeu o prazo de validade. Por exemplo, ao falar sobre a herança wesleyana, resgata o compromisso da Igreja com a causa dos empobrecidos e a disposição de estar sempre a favor da vida, da ética e da justiça: “Os/as metodistas se preocupam com a situação de penúria e miséria dos pobres. Como Wesley, combatem tenazmente os problemas sociais que oprimem os povos e as sociedades onde Deus os tem colocado, denunciando as causas sociais, políticas, econômicas e morais que determinam a miséria e a exploração”.

A concepção missiológica do PVMI pressupõe uma Igreja que esteja disposta a “experimentar, de modo cada vez mais claro, que sua principal tarefa é repartir, fora dos limites do templo, o que ela, de graça, recebe do seu Senhor”. Nesse sentido, aponta a “necessidade de apoiar todas as iniciativas que preservem e valorizem a vida humana”. Para isso, resgata a compreensão wesleyana de santificação, que implica em dois polos complementares: pessoal e social. Para Wesley, a santificação se nutre por meio dos atos de piedade, tais como, leitura da Palavra de Deus, dedicação à oração e ao jejum, participação nas celebrações litúrgicas e na Santa Ceia, e pelos atos de misericórdia, que implicam na dimensão social e pública da santificação. De acordo com Wesley, é impossível uma santidade ‘templocêntrica’. Chegou a afirmar que “Santos solitários é uma frase

Paula Zucoloto

Paula Zucoloto, Igreja Metodista Vila Formosa/SP

Jovens também usaram cartazes para espalhar a mensagem de paz.

“Essa noite o culto foi diferente e experimentei a liberdade prometida nos Evangelhos. A igreja não tinha paredes. É sempre um privilégio caminhar ao lado de gente humana, que ama ao próximo. Não havia instrumentos, nem ministério de louvor. Ruas foram fechadas para que novos caminhos sejam abertos.” Renan Silva – Igreja Metodista Santo André/SP


Capa

10 Mariana Monteiro

Minha parte eu fiz. Em meio aos manifestantes estávamos nós, povo de Deus, declarando que o Deus da nossa nação é o Senhor. Estávamos também protestando por um Brasil mais justo e sem corrupção. Fiquei muito feliz, pois em Dourados/MS cerca de 17 mil pessoas juntas fizeram um protesto de modo pacífico e ordeiro. Creio que estamos no caminho certo.

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

De forma geral, as manifestações tiveram um tom pacífico e propositivo.

Comunicação Remne

Anderson Luiz – Igreja Metodista Dourados/MS

Juventude metodista presente na manifestação em Campina Grande/PB que reuniu mais de 25 mil pessoas.

“Há uma semana me chamaram de vândalo e baderneiro. Disseram que eu apoiava a violência e como cristão não deveria me envolver em tais movimentos. Eu fui pra rua a fim de lutar por mais de 37 milhões de brasileiros/as que não têm acesso a saúde, educação, lazer e cultura por conta do alto preço das passagens. Enfim, a passagem abaixou. Hoje me sinto mais cristão, mais metodista e mais brasileiro” Cristiano Santos - Igreja Metodista em Mantiqueira/RJ

tão contrária ao evangelho como santos adúlteros. O evangelho não reconhece nenhuma religião que não seja social, nenhuma outra santidade que não seja a santidade social ”. Ele percebia no cristianismo uma religião social, que “não apenas não pode subsistir, mas de nenhuma maneira pode existir sem a sociedade, sem viver e misturar-se com os seres humanos”. Em outras palavras, John Wesley nos mostra que a Igreja deve ser o sal fora do saleiro, a luz que sai de dentro das paredes dos templos para iluminar novos espaços e o fermento que pode dar novo sabor à massa. Para o historiador Justo González, “a doutrina wesleyana da santidade, corretamente entendida, há de levar-nos para mais além de qualquer pseudo-santidade privada e individualista, e chamar-nos a ser fiéis nos âmbitos mais amplos da vida social, política e econômica”. González aponta para a dimensão pública da Igreja. À luz da Palavra de Deus, da nossa tradição doutrinária e do novo cenário que emerge nas

ruas de nossas cidades, devemos transformar a energia, a criatividade e a alegria das nossas liturgias em alimento para uma fé cidadã que nos leve às ruas para testemunhar que o Deus da vida, em quem cremos e somos justificados, é solidário com os que lutam por um mundo mais justo e inclusivo. Diferente dos deuses gregos, distantes dos humanos e isolados no Monte Olimpo, é um Deus apaixonado pela vida e, por meio da ação permanente de seu Espírito, alimenta nossa fé e renova nossas forças para sermos os semeadores de um novo tempo e, quem sabe, de um novo Brasil. Vamos seguir o convite do teólogo Jürgen Moltmann de sermos colaboradores do futuro e não apenas os seus intérpretes. Notas: Além do Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista, indico a leitura do livro “Wesley para a América Latina hoje” (Editeo), de Justo L. González, que me inspirou em alguns pontos deste texto.


Pronunciamento 11 Ao povo Metodista Brasileiro Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Assunto: Manifestações Públicas

“Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos”! Salmo 90:17

P

ara o Colégio Episcopal da Igreja Metodista, as manifestações populares num Estado democrático de direitos são sempre bem vindas, pois as pessoas têm o direito de se manifestarem contra ou a favor daqueles que governam, sejam do poder executivo, legislativo ou judiciário. Como Igreja devemos tomar os devidos cuidados para não nos precipitarmos no julgamento das motivações das massas, bem como de seus idealizadores. Lembramos muito bem da multidão neotestamentaria que dizia: “crucifica, crucifica!” Lutar por direitos individuais e coletivos, visando o bem de toda a população brasileira é dever de todo cidadão brasileiro. E, é certo que não tem havido na história a garantia dos mesmos. Por este motivo o silêncio do povo pode significar aceitação. Ao mesmo tempo em que apoiamos as manifestações, não apoiamos seus desvios. A impressão que temos é que esperaram aprovar a festa, o orçamento, construir o bolo (estádios) e seus enfeites (toda mídia), trazer os convidados à nossa casa para festejar, para então se unirem contra tudo, tendo no movimento alguns que saem com o propósito de ferir os convidados. Muito cuidado nessas horas! Nos manifestar na prevenção, ajuda mais ao país em suas decisões para evitar gastos desnecessários em vários projetos. Existem muitas obras desnecessárias paradas e se deteriorando por este Brasil afo-

ra, feitas com dinheiro público que poderia abater no custo das passagens de ônibus ou investir melhor na saúde e educação, por exemplo. Reconhecemos que o momento auge de uma festa pública não deixa de ser um ótimo momento para fazer conhecido o descontentamento pessoal e coletivo, contudo alertamos para o perigo dos excessos nas ações contra quem não aprovou nada, não decidiu nada, pelo contrário ajudou a pagar a conta de quem organizou a festa. Como Igreja, condenamos todo ato de vandalismo contra pessoas e bens privados e públicos, mesmo porque os públicos foram feitos com o nosso dinheiro e isto precisa ser respeitado.

Como bispos e bispa, conclamamos nosso povo, em especial nossa juventude, a que não fique alheia a estas manifestações, contudo usem dos critérios do Reino de Deus para ajudar a levedar a massa, para que os resultados requeridos sejam os melhores para todos os brasileiros. Alertamos para que todos estejam atentos aos temas nacionais recorrentes em nosso país que atentam contra a vida abundante anunciada por Jesus Cristo: justiça e paz para todos e todas é o propósito de Deus. Já a corrupção e seus corruptores, a homofobia, o mau trato das mulheres, o racismo, a exploração e abandono das crianças , as drogas lícitas e ilícitas, a degradação da família, os altos

impostos recolhidos pelo leão e o mau uso dos mesmos são realidades que precisamos combater. Os recursos públicos precisam priorizar a área da saúde, educação, segurança e combate a miséria. Esperamos que a população fique atenta a estes e outros temas e deem respostas nas urnas nas próximas eleições, façam manifestos pacíficos e bem focados nos temas que precisam de mudanças urgentes para que o país seja de fato de todos e todas, no presente o no futuro. Recomendamos que “a tempo e fora de tempo” continuem fazendo suas orações a favor de todas as autoridades que governam sobre nós, pois estão onde estão por permissão de Deus e pelo voto de cada um de nós. As manifestações populares têm muita força em sua unidade de propósito, desde que seus fundamentos sejam em prol de uma vida digna e melhor para todos e todas. Que o Deus de toda paz guarde seus corações e mentes em Cristo Jesus e que suas boas obras sejam manifestas ao mundo na força do Espírito Santo e gere frutos abundantes de justiça, salvação e vida nova em todo o povo. Em oração por suas vidas e pela missão que nos é comum, que é ser testemunhas da graça de Deus, viver seu amor com intensidade e fazer novos discípulos e discípulas nos caminhos da missão. Bispos e Bispa da Igreja Metodista Brasileira. São Paulo, 21 de junho de 2013.


Educação Cristã

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

12

Encontro Nacional reúne metodistas de todo o Brasil para capacitação Pr. José Geraldo Magalhães

A

Pr. José Getraldo Mag alhãe

s

temática de preparar à massa para fazer o alimento foi à tônica do início ao fim no Encontro Nacional de Escola Dominical. Um marco na vida de centenas de metodistas reunidos em Piracicaba/SP. Eles vieram de várias partes do país para participar de minicursos, oficinas e paineis oferecidos pelo departamento nacional. Angelino Fernandes, o Fino como é chamado na Igreja Metodista Central em Santo Antonio da Platina/PR, trabalha com missões na zona rural e deseja colocar o aprendizado em prática. “É importante essa capacitação para que possamos colocar as estratégias que está sendo passada à frente. Esse é o desafio!”, disse Fernandes. Para a Coordenadora do Departamento Nacional de Escola Dominical, pastora Andreia Fernandes, o encontro teve um diferencial. “Minha ênfase é para o diálogo sobre o painel ‘Discipulado e Escola Dominical’. Diferente do que tem acontecido em muitas igrejas locais, que tem trocado a Escola Domi-

nical pelo Discipulado, a partir das colaborações do bispo Adonias e do pastor Edson Sardinha, foi possível perceber que ambos não se excluem, mas se complementam e se retroalimentam”, afirmou a coordenadora nacional. Cristiane Zambotti de Birigui/SP participou do minicursos de crianças. Para ela o encontro não deixou a desejar. “Estive no último e este superou muito minhas expectativas. Estou a 7 anos trabalhando com crianças e as últimas revistas foram os melhores materiais que já usei até hoje”, declarou Cristiane. No entanto, não é o que se tem visto em muitas igrejas espalhadas pelo Brasil. Na visão do presidente do Colégio Episcopal, bispo Adonias Pereira do Lago, o pastor/a é o responsável por tudo que acontece na vida da Igreja. “Cabe a liderança zelar pelos materiais de Escola Dominical. Cada pastor/a precisa ter como base do ensino as revistas, embora ele possa usar outros recursos como subsídios”, disse. O bispo Adonias se refere ao cumprimento de uma das normas canônicas referente às funções pastorais. “Orientar e usar todo o Material de Orientação Cristã Metodista para a Escola Dominical e demais trabalhos da Igreja” (Cânones Art. 59). coorde­ o om c O desejo do Colégio Episcos Fernande o Cristã Pra Andreia çã ca du E pal é que a Igreja cresça. “A igreja nal de nador Nacio o nacional. tr on c en está buscando um crescimento de o m abre qualidade. Para que esse crescimento aconteça é preciso fazer chegar às mãos da liderança local o material de Escola Dominical”, concluiu o bispo.

as e explicou respondeu dúvid E quipe Nacional das revistas. so de produção como é o proces

Avaliação

O bispo Luiz Vergílio acredita que a Escola Dominical tem reto-

Foto oficial

mado seus melhores propósitos. “É visível uma crescente revitalização com um renovo de lideranças antigas com as novas. Esse é um novo momento e significativo para a Igreja. O encontro superou as expectativas. Há um novo despertar nesse espaço essencial na vida da Igreja”, afirmou. Para o Coordenador Nacional de Educação Cristã – Conec, pastor Éber Borges, o sentimento foi de satisfação. “O foco foi ter encontros menores, oficinas, minicursos e integração entre várias regiões e avaliar como tem sido as fragilidades, mas também muitos testemunhos de revitalização. Valeu à pena!”. Gislaine Tadeu da Silva Moraes da Igreja Metodista na cidade de Ouro Preto do Oeste, no estado de Rondônia, na Rema é uma das pessoas que se maravilharam em ter participado do encontro. “Estou levando ideias para passar às professoras de Escola Dominical. Fui impulsionada, enriquecida e quero a­­ crescentar na Igreja local”, declarou Gislaine. O Encontro Nacional de Escola Dominical reuniu aproximadamente 300 metodistas de várias cidades e estados em Piracicaba/SP entre os dias 30 de maio a 1º de junho. A cobertura completa e todo o material oferecido durante o encontro serão disponibilizados no site nacional da Igreja em www.metodista.org.br.


Eventos 13 Capacitação para Mulheres Leila de Jesus Barbosa*

A

penas uma palavra traduz o que foi o Encontro 2013: “Maravilhoso”. Com o Tema “As Mulheres nos Caminhos da Missão: Nossa identidade, nossos desafios”, fomos realmente desafiadas a conhecermos melhor a nossa história. O Encontro começou com um lindo culto dirigido pelas mulheres da 5ª Região. Logo em seguida o bispo Paulo Ayres e a pastora Sueli Xavier nos falaram dos Caminhos da Missão na Perspectiva Bíblica e Wesleyana. O bispo Ayres falou sobre a Organização da Igreja e das pessoas que trabalharam na implantação do metodismo no Brasil mostrando o referencial da doutrina e teologia metodistas, que é o “Quadrilátero Wesleyano” - Tradição; Razão; Experiência e Criação tendo a Bíblia no centro de tudo.

O Encontro foi realizado na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista em São Paulo entre os dias 13 e 16 de junho. Participaram cerca de 100 mulheres de todo o Brasil.

Luciana de Santana | Fateo

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

que necessitamos ler a Bíblia com os quatro vértices: Razão, Tradição, Experiência e Criação, tendo a Bíblia no Centro. Deus criou o mundo e o colocou aos cuidados da humanidade, mas o pecado e suas sequelas são um mal que passa por toda a humanidade. * Vice-presidente da Confederação de Mulheres

A pastora Cláudia Maria falou na perspectiva da Tradição e afirmou que: “A Igreja que não reflete sobre a tradição e não a considera é uma igreja sem história e sem Bíblia. Tradição é história, fundamento, inspiração e motivação. Tradicionalismo é pequeno, legalista e fundamentalista.” A pastora e professora Blanches de Paula falou da Razão que é um dom de Deus e que a

vida é um convite contínuo ao uso da razão. A pastora Miriam Galo falou do poder da Experiência, da comunhão com Deus, de estarmos plantados na palavra de Deus, do compromisso social, da fé com muito entusiasmo e pouco discernimento (fé motivacional e recreativa; fé barata e fraca; fé miojo, instantânea e preguiçosa). A bispa Marisa de Freitas falou sobre a Criação afirmando

Sonia do Nascimento Palmeira - presidente da Confederação de Mulheres, lança o livro Páginas que a vida escreve. Uma coletânea de crônicas ex­traídas do cotidiano, que provocam reflexões e levantam questionamentos. Adquira! Editeo (11) 4366-5012

Nalva Santos*

N

o dia 14 de junho foi realizada uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados para homenagear as Igrejas de tradição wesleyana pelo Dia do Coração Aquecido. Houve um momento de clamor pelo Brasil, que foi transmitido ao vivo para todo o país pela TV Câmara e pela internet. De onde saem as leis foi o lugar que as vozes se levantaram em direção a Deus, reconhecendo que Ele governa o Brasil e pode impactar a vida das autoridades e dos brasileiros pelo seu Espírito. Ali foi o lugar em que, sob a direção do pastor Misael Lemos, o povo orou pela nação e pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Na semana que antecedeu o evento, as Igrejas Metodistas de Brasília

se revezaram para orar na Praça dos Três Poderes. O evento foi presidido pelos deputados Aureo Lidio (metodista) e Roberto de Lucena (da igreja Brasil para Cristo). Essas igrejas e seus respectivos representantes estiveram no evento: bispo Stanley da Silva Moraes e pastor Misael Lemos Silva, representando a Igreja Metodista; pastor Lewis Daniel Owsley, Metodista livre; pastor Lewis Daniel Owsley; Igreja de Deus: bispo Expedito Ferreira de Melo; Igreja do Nazareno: pastor Paul Robert Phillps; Igreja Metodista Wesleyana: bispo Elisiário Alves dos Santos e bispo Anderson Caleb Soares de Almeida; Exército de Salvação: capitão Marcelo Simões Silva. O bispo Stanley se referiu às virtudes do movimento metodista e como nossa Igreja tem man-

Luis Macedo | Câmara dos Deputados

Homenagem ao metodismo Momento de clamor pelo Brasil foi um dos diferenciais da solenidade em Brasília

tido sua herança do movimento de santidade. Terminou dizendo: “Que Deus nos renove para que nos mantenhamos sempre com o coração aquecido, que sejamos submissos ao Deus que age em nós e através de nós e nos torna mais e mais comprometidos em espalhar a santidade por todos lugares, dentre os quais esta Câmara de Deputados.” O Reitor da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Márcio Moraes e vá-

rios Superintendentes Distritais da Primeira Região estiveram presentes e alguns tiveram a oportunidade de fazer uso da palavra. O coral Resplandecer da IM de Taguatinga Norte participou com belas canções. Foi um momento marcante para a Igreja Metodista sinalizar ao povo brasileiro que está presente, atenta e atuante às causas dignas para o bem de um povo. *Secretária do Distrito de Brasília


Testemunho

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

14

Metodismo em Campestre/MG F

ilha de João Batista do Lago e Benedita Augusto do Lago, nascida em 28 de julho de 1917, Maria Augusta completou 95 anos em 2013. Casou-se com Cornélio Luciano Ribeiro no dia 05 de outubro de 1938, na Fazenda do Açude, município de Campestre, sendo convidado para oficiar o casamento o pastor Belmiro Andrade. Na impossibilidade de realizar o casamento por problemas de saúde, o casamento foi realizado pelo pastor Mesac R. Silveira. Seu pai, João Batista, era administrador da Fazenda Açude, de propriedade do sr. Felipe, ambos fiéis da Igreja Católica. João Batista foi presenteado com uma Bíblia pelo irmão Jonas de Casio, membro leigo da Igreja Metodista em Poços de Caldas. Apaixonado pelas histórias que a Bíblia relatava, começou o seu culto doméstico: todas as noites reunia seu filhos para estudar as mensagens ali contidas. Além das mensagens, ficou impactado com o cântico “Ao findar o labor desta vida - Hinário Evangélico”. Tendo ele sido delegado na cidade de Campestre, as mensagens soavam-lhe mais fortes.

Momento decisivo

O pastor Belmiro, da Igreja Metodista em Poços de Caldas, não media esforços para cumprir a missão. E, após uma longa viagem e muita chuva, todo molhado, não teve outra alternativa a não ser usar as roupas do filho mais velho de João Batista, Arlindo Alves do Lago. Toda família já havia se decidido a professar sua fé e tornarem-se membros da Igreja Metodista, com exceção de sua esposa Augusta Benedita. No

Depoimento feito por Maria Augusta do Lago aos seus 95 anos de idade

Arquivo pessoal

Pr. Otoniel Luciano Ribeiro*

João Batista do Lago e Benedita Augusta do Lago os pioneiros do metodismo na região.

Capela João Batista - 1948.

momento em que todos estavam preparados para serem recebidos em torno de uma mesa, Augusta Benedita abre a porta de seu quarto e se junta a eles, professando a sua fé e tornando-se membro da Igreja Metodista. Com a decisão tomada, João Batista do Lago foi despedido da fazenda, pois o proprietário, sr. Felipe, não gostava de “crentes”. Reuniu os filhos e disse: “nós vamos nos mudar, mas quando conseguirmos um pedaço de terra vamos construir uma igreja na porta”. Conseguiu um novo trabalho na Fazenda dos Campos, de propriedade do sr. Eusébio, onde permaneceu por seis anos (1939

a 1945). Com os recursos adquiridos, comprou uma propriedade em Pinhal dos Campos, onde concretizou os seus sonhos. A promessa que havia feito quando deixou a Fazenda do Açude tornou-se realidade: Construiu uma Igreja na sua propriedade. Seu crescimento testificou a ação de Deus naquele lugar. Um novo templo foi construído em 1960 e muitos foram os frutos daquela comunidade, de onde saíram um bispo, pastores e evangelistas. Campanhas missionárias foram realizadas, sob a coordenação do pastor Sebastião Antero da Silva, razão do crescimento da Igreja Metodista em Pinhal dos Campos.

Igreja Metodista – Pinhal dos Campos - 1960.

A semente plantada na casa do Açude ainda continua dando seus frutos: em Pinhal dos Campos, na Central de Campestre, Fazenda Serra Negra, na Fazenda dos Campos e na cidade de Alfenas. Dona Maria Augusta completou a sua história fechando sua última página no dia 1º de abril de 2013, às 7h na Santa Casa em Campestre. *Coordenador Administrativo da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista Curiosidade: Dona Maria Augusta era também a tia por parte de pai do bispo Adonias Pereira do Lago, presidente da 5ª Região Eclesiástica e do Colégio Episcopal da Igreja Metodista no Brasil.


15

Entrevista

Expositor Cristão Julho de 2013 www.metodista.org.br

Arquivo pessoal

Ide por todo o mundo Lívia Teles, missionária voluntária na Estônia.

Marcelo Ramiro

Como começou seu trabalho missionário na Estônia? Lívia Telles: Fui para a Estônia como voluntária em julho de 2007 por meio da parceria missionária com a Igreja Metodista brasileira. Para minha surpresa, descobri a história de um povo que viveu por anos debaixo de escravidão. Mesmo com todas as invasões e guerras, esse pequeno país não se permitiu perder a cultura, idioma e força. Creio que o propósito de Deus é usar este país que hoje é oficialmente considerado o país mais ateu da Europa, como um farol na escuridão. Creio que Deus tem propósitos tremendos para este país e este povo. Por que tomou a decisão de ficar na Estônia? Houve um determinado momento em que estar no Brasil, sabendo da necessidade que a Estônia tem de uma nova geração de pessoas comprometidas, começou a me doer. Obviamente eu sabia que, indo para lá, minha vida mudaria. Mas seria impossível ignorar o chamado de Deus claro e constante. Deixei o Brasil no dia 13 de dezembro de 2010 e estou feliz em servir na Estônia, para abençoar e ser abençoada. Como nasceu a paixão por missões? Meu despertamento para a importância do trabalho missionário se deu por meio da Federação

A Estônia é considerada um dos países mais céticos do mundo. Historicamente, foi um dos últimos lugares da Europa Medieval a receber o cristianismo no período da Reforma. A Igreja Metodista chegou em 1907 e atualmente conta com 28 congregações e aproximadamente 1,8 mil membros. As necessidades são grandes. Por isso, uma iniciativa da Igreja Metodista brasileira, envia jovens para contribuir com a missão no país. Uma das participantes do projeto foi Lívia Telles. Após trabalhar um curto período durante o intercâmbio, a jovem metodista se apaixonou pela missão e resolveu ficar na Estônia como missionária voluntária.

Metodista de Jovens. Foi através da FeMeJo da 1ª Região Eclesiástica que tive minhas primeiras experiências missionárias com o Projeto Momento de Deus para Missões. Mas, aprendi na igreja local, e sempre compreendi que a missão da igreja só é relevante quando a vivemos em nosso dia a dia. Nosso papel transfor­ mador só tem valor quando nossa forma de viver missionária é natural e real todos os dias em todos os lugares. Foi essa compreensão que me fez desejar viver na Estônia, porque lá a igreja não tem influência nenhuma na sociedade, a vida cristã diária está escassa e eu percebi que podia fazer diferença no dia a dia das pessoas ao meu redor dentro e fora da igreja. Como é a Igreja Metodista na Estônia? Quais são os maiores desafios? A realidade da Igreja na Estônia é muito dura. Na verdade as igrejas são bem pequenas e quase não há jovens nas congregações. A maior parte das igrejas recebe apoio financeiro externo, uma vez que a Estônia atravessa uma crise financeira há alguns anos e

as igrejas não possuem membros suficientes para mantê-las. Há também muita dificuldade em propagar o evangelho, devido a cultura cética dos estonianos. O evangelho de Cristo é baseado no relacionamento e se relacionar nesta cultura requer tempo e muita insistência. O povo massacrado pelo governo soviético aprendeu a se isolar, desconfiar, se fechar. Hoje, mesmo a geração livre estoniana tem dificuldade em se libertar da opressão vivida há séculos. Há uma extrema necessidade de intervenção, cura, libertação e cuidado. Os pastores por sua vez são praticamente voluntários, com salários muito baixos e muitas vezes precisam cuidar da igreja sozinhos. São responsáveis pela manutenção, ensino, pastorado, tudo fica sobre eles. Que recado você mandaria para os jovens metodistas no Brasil? Há uma espécie de provérbio que sempre ouvi em nossas igrejas: “Deus não chama os capacitados, mas Ele capacita os escolhidos”. Ouço muitos jovens dizerem que não participam de projetos missionários ou de atividades nas

Lívia atua como missionária voluntária na Estônia desde dezebro de 2010.

suas igrejas e até mesmo de ministérios por causa de suas muitas ocupações. Infelizmente, Deus não pode nos capacitar enquanto não nos dispomos ao Seu chamado. Para sermos escolhidos, antes, precisamos ser uma opção para Deus. E ser uma opção só pode acontecer quando ousamos nos colocar à disposição quando nada parece possível. Há muitas pessoas esperando a oportunidade perfeita, quando terão tempo, recursos ou condições de servir a Deus seja no Brasil ou no exterior. Infelizmente há muitas pessoas esperando ser capacitadas para então serem chamadas. Nossa juventude precisa acordar e compreender que o primeiro passo é nosso e é o passo de fé. O desafio de Deus nos foi lançado quando Jesus nos disse que deveríamos ir pelo mundo e pregar o evangelho a toda criatura. Seja qual for a parte do mundo em que estejamos, é fundamental tomar a iniciativa de aceitar o desafio para então ver a capacitação de Deus nas áreas necessárias. Aquilo que está ao nosso alcance pode e deve ser feito. Estude línguas, faça cursos, empenhe-se em oração e santificação, mas não deixe as circunstâncias ditarem o que você pode ou não pode fazer. Se Deus colocou um sonho em seu coração, disponha-se, busque canais para servir, e tenha certeza de que Deus proverá meios e gerará oportunidades inimagináveis. Torne-se uma opção para Deus e ouse viver o sobrenatural que Ele tem para você.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.