apresentação de projeto
Edifício Comercial
Edifício Comercial
Uma loja com fachada chamativa, a pedido do cliente que dispunha de um terreno medindo 11,00 por 20,00 metros, onde existe uma pequena casa em ruinas, a ser demolida pra dar lugar à construção que irá abrigar um estabelecimento comercial. Não se pode esquecer a relação dialética estabelecida entre o espaço construído e a sociedade que atente, de modo que cabe ao arquiteto como colaborador da dinâmica através da qual se dá a construção do espaço, entender que por menor que seja a intervenção resultante de seu trabalho, impacta realidades. Assim como a movimentação de uma peça no tabuleiro pode mudar por completo o jogo, uma nova construção pode em alguma medida alterar a dinâmica de seu entorno, tanto fisicamente, através da alteração nos fluxos, quanto subjetivamente, considerando que uma nova construção pode “apresentar” novos sistemas construtivos e principalmente outras formas de ocupação do espaço, possibilidades que sendo aceitas e incorporadas, podem mudar as paisagens onde se inserem.
O terreno localizado em uma esquina com frente pra uma avenida que tem se destacado como nova centralidade ao dar conta da demanda gerada pela expansão urbana que tem aumentado o fluxo de pessoas na cidade de Monte Alto (interior de SP), a ocupação do lote por uma atividade comercial se mostra conveniente. O projeto busca dar conta das demandas do cliente de forma a agregar valor pra a marca bem com para o contexto urbano onde o novo edifício se localiza. Dentro da lógica do enclausuramento que tem caracterizado a produção da “arquitetura popular” realizada
nas periferias dos grandes centros e em cidades do interior, onde a “fortificação” resultante de muros altos, cercas e todo o aparato de “segurança” que tem contribuído para que a experiência nestas áreas seja cada vez mais marcada pelo medo e isolamento, a ocupação desta avenida se dá nestes termos.
Contexto do terreno: Terreno na esquina ainda com construção existente Dimenções do lote 11,00 x 20,00 m
O projeto, portanto, se entende como oportunidade para apresentar-se como alternativa á logica em curso, se abrindo para a rua de modo a permitir mais que o contato, o convite.
Área de expanção urbana: Destacada em verde, a avenida que assume função de centralidade no novo contexto, sobretudo por ser a principal via de conexção com o restante da cidade.
Monte alto - SP
Sobre o Partido
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Planta pavimento térreo Escala 1:100
Guiado por um programa bastante simples, priorizando o máximo de área expositiva e reservando o mínimo para áreas técnicas e apoio aos funcionários, se chegou ao resultado onde 106 m² do total 136 m² de projeção edificável é ocupada pela área expositiva, apoiada pelos outros 28.30 m³ resolvendo banheiros e área técnica, que se dobram contando com um pavimento superior também com 28.30 m², onde se encontram o escritório e a copa para funcionários. De modo que o programa se resolve em dois tipos de espaço muito claramente entendidos mesmo por quem não entrar no edifício, neste sentido a associação de dois sistemas construtivos é decisiva para dar qualidades distintas aos dois tipos de espaço propostos pelo projeto. Ao passo que a área expositiva tem clara comunicação com a rua contando apenas com os elementos indispensáveis para garantir o conforto térmico, isolamento e segurança do espaço. As áreas de apoio são enclausuradas e organizadas no fundo do lote “empurrando” ainda mais a área expositiva para a rua, a estratégia não é nova e de tão recorrente parece se desenhar sem reflexão, mas de fato é uma solução muito conveniente a este tipo de empreendimento do modo que a repetição dessa distribuição espacial revalida a pratica já consolidada.
Resolvida com dois sistemas construtivos: - Alvenaria convencional para a área técnica, que conta com copa para funcionários e administração. - Estrutura metálica na área maior que abriga o showroom da loja.
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A construção tira proveito da estrutura para construir sua identidade que se pretende elegante, acolhedora e atraente. Características que podem contribuir para o êxito do empreendimento comercial.
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O lote que mede 11 x 20 m, teve todo seu potencial construtivo aproveitado, visto que o cliente demandava o máximo espaço possível. Os recuos obrigatórios foram ocupados com jardineiras que, sob grandes beirais, definem as fachadas com paineis em chapa perfurada, sendo assim, ambos os elementos constituiem uma espécie de filtro entre interior e exterior, além de contribuirem decisivamente com o conforto térmico e a eficiência energética da edificação.
Planta pavimento superior Escala 1:100
Cobertura Em telha sanduiche, por ser leve e oferecer bom desempenho térmico e acústico além do custo benefício envolvido. Painéis da fachada Avançando 1,50 m para além do limite do edifício, resulta em uma barreira que protege os vidros da insidencia direta do sol e regula a relação entre interno e externo. Projetada considerando chapas perfuradas, a solução contribui decisivamente para a construção da identidade do edifício. Estrutura metálica Resolvendo o maior vão da construção, a estrutura metálica composta por: pilares, treliças vigotas e estrutura auxiliar onde se apoiam os painéis da fachada também sustenta o telhado e estrutura a caixilharia. Alvenaria Destacada na cor azul, a construção a ser executada em alvenaria convencional, que resolve os limites do lote bem como a torre onde se resolve a área técnica da construção. Fechamento: Resolvido em vidro temperado incolor, a pele que resolve o fechamento e o cesso principal do edifício oferecem a permeabilidade visual controlada com outros elementos como floreira e painéis da fachada.
Diagrama com elementos da construção Sem Escala
O motivo deste projeto ilustra o movimento de transformação pelo qual passa a avenida. Como já citado, conecta uma grande área de expansão urbana à cidade já consolidada, o rápido adensamento tem mudado a “cara” da via, a medida que as tradicionais residências dão lugar a novos estabelecimentos de uso comercial ou misto. A ocupação anterior apresenta predominância de construções residenciais executadas conforme modelo de construção muito usado em décadas passadas, onde o programa previa: dois quartos, sala cozinha e banheiro, em uma modesta construção com telhado em duas aguas. A partir deste desenho como de costume, os proprietários iam acrescendo novos cômodos á construção. No terreno para o qual o projeto foi desenvolvido havia uma dessas construções.
Corte AA Escala 1:100
Diagrama com a ocupação dos recuos obrigatórios onde a combinação entre floreiras com 1,5 metros de largura com placas de chapa perfurada nas extremidades, sobre densa vegetação, resulta em um espaço de transição entre dentro e fora protegendo assim a pele de vidro da incidência solar. O vão entre o piso interno acabado e inicio da fachada em chpapas perufradas é de 2,20 metros.
Corte BB Escala 1:100
Parafraseando a afirmação do Paulo Mendes da Rocha: “O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação.” Ainda que a definição de “projeto ideal” seja subjetiva, parece sensato crer que o projeto que bem atende as demandas do cliente e ainda contribui para um contexto mais diverso e acolhedor na cidade, pode ser um bom caminho para esta aproximação. O projeto apresentado correspnde a nossa modesta tentativa de não desperdiçar esta oportunidade.
fideles arquitetura @ff.arq.urb 2021