Almanaque do Campeonato Mineiro 2018

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Carta ao Leitor Um dos fenômenos culturais mais importantes do país, o futebol envolve paixões, história, dinheiro e grandes rivalidades, que, em sua maioria, são oriundas de jogos disputados em campeonatos estaduais. Diante da paixão e da riqueza histórica que envolvem esses campeonatos, em especial o Mineiro, produzimos e oferecemos a você, leitor, um almanaque que contempla o Módulo I de 2018 e a história de outras edições, passando por personagens e clubes que marcaram os mais de 100 anos de história do Campeonato Mineiro. Esperamos que o almanaque transcenda o âmbito esportivo, demonstrando um pouco da história do povo mineiro e de como o futebol e suas vertentes foram se modificando paralelamente à sociedade. Antecipadamente, agradecemos a todos os colaboradores, que, com suas especificidades e histórias, foram fundamentais à produção do almanaque. Boa leitura a todos!

Publicação realizada durante o trabalho de conclusão de curso dos alunos de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais Produtores, editores e repórteres: Guilherme Macedo, Gustavo Souza, Marcos Paulo Rodrigues e Victor Cordeiro Orientadores: Elton Antunes e Enderson Cunha Projeto Gráfico/Diagramação: Fábio Andrade


sumÁRIO 6

Ficha técnica dos times

32 Tabelão do Campeonato Mineiro 2018 34 Dados e estatísticas do Campeonato Mineiro 2018 36 Poster do campeão mineiro de 2018 37 Jogos marcantes do Mineiro 2018 46 Estádios do Campeonato Mineiro 2018 48 História do Campeonato Mineiro 50 Campeões mineiros (e dos asteriscos) 52 Os medalhões no Mineiro 2018 54 Dario, o maior artilheiro da história do Mineiro 60 Calendário curto e os impactos às equipes do interior 63 Você sabia? O craque Noventa e a Nike 64 Time de aluguel 66 União do interior e mudança no modelo de disputa 68 Quanto custa manter um time do interior? 70 Você sabia? Curiosidades sobre o Campeonato Mineiro 72 Jair Bala: maior ídolo do América 76 Siderúrgica: das glórias à penúria 82 ESAB: o time-empresa 84 A força das arquibancadas 88 Otero e Arrascaeta: “gringos” protagonizam o Mineiro 90 Longas distâncias: adversários implacáveis 92 Concentração de clubes por cidades 94 Força, raça e coragem 97 Você sabia? Mascotes mineiros


Dados do time

Uniforme atual

Elenco do Mineiro

o i d รก Est


Mascote

Últimas colocaçõe s

ficha técnica dos times


América - MG América Futebol Clube Fundação: 30 de abril de 1912

Cidade: Belo Horizonte

Títulos: Brasileirão Série B (199, 2017); Brasileirão Série C (2009); Copa Sul-Minas (2000); 16 vezes Campeão Mineiro módulo I; Campeão Mineiro módulo II (2008); Taça Minas Gerais(2005). Técnico: Enderson Moreira



Atlético - MG Clube Atlético Mineiro

Fundação: 25 de março de 1908

Cidade: Belo Horizonte

Títulos: Recopa Sul-Americana (2014); Copa Libertadores da América (2013); Copa Conmebol (1992,1997); Copa do Brasil (2014); campeão brasileiro (1971) e 44 vezes campeão mineiro. Técnico: Thiago Larghi



Boa Esporte Boa Esporte Clube

Fundação: 30 de abril de 1947

Cidade: Varginha

Títulos: Brasileirão Série C (2016); Taça Minas Gerais (2007, 2012); triampeão do interior (2008, 2009, 2014); Campeonato Mineiro Módulo II (2004,2011). Técnico: Sidney Moraes



Caldense

Associação Atlética Caldense Fundação: 07 de setembro de 1925

Cidade: Poços de Caldas

Títulos: Campeonato Mineiro (2002); Campão do Interior (1974, 1975, 1976, 1977, 1996, 2002, 2004, 2015); Campeonato Mineiro Segunda Divisão (1971). Técnico: Roberto Fonseca



Cruzeiro

Cruzeiro Esporte Clube Fundação: 02 de janeiro de 1921

Cidade: Belo Horizonte

Títulos: Copa Libertadores da América (1976, 1997); Supercopa dos Campeões da América (1991, 1992); Recopa Sul-Americana (1998); Campeonato Brasileiro (1966 [Taça Brasil], 2003, 2013, 2014); Copa do Brasil (1993, 1996, 2000, 2003, 2017); Copa SulMinas (2001, 2002); Copa dos Campeões Mineiros (1991, 1999) e 38 vezes campeão mineiro. Técnico: Mano Menezes



Democrata-GV Esporte Clube Democrata Fundação: 13 de janeiro de 1932

Cidade: Gov. Valadares

Títulos: Campeonato Mineiro Módulo II (2005,2016); Taça Minas Gerais (1981); Pentacampeão do interior (1991, 1992, 1993, 1994, 2007). Técnico: Éder Bastos



Patrocinense Clube Atlético Patrocinense Fundação: 19 de março de 1954

Cidade: Patrocínio

Títulos: Campeonato Mineiro da Segunda Divisão (2000); Campeonato Mineiro Módulo II (2017). Técnico: Wellington Fajardo



Tombense Tombense Futebol Clube

Fundação: 07 de setembro de 1914 Cidade: Tombos Títulos: Brasileirão Série D (2014); Campeonato Mineiro Segunda Divisão (2002, 2006). Técnico: Ramon Menezes



Tupi

Tupi Foot Ball Club Fundação: 26 de maio de 1912

Cidade: Juiz de Fora

Títulos: Campeonato Brasileiro Série D (2011); Campeonato Mineiro Módulo II (2001); Campeonato Mineiro Segunda Divisão (1983) e Taça Minas Gerais (2008); hexacampeão mineiro do interior (1985, 1987, 2003, 2008, 2012, 2018). Técnico: Ricardo Leão



Uberlândia Uberlândia Esporte Clube

Fundação: 1º de novembro de 1922

Cidade: Uberlânda

Títulos: Taça Minas Gerais (2003); Campeonato Mineiro Módulo II (1999, 2015); Campeonato Mineiro Segunda Divisão (1962); Campeonato Brasileiro Série B (1984 [Taça CBF]); pentacampeão do interior (1968, 1970, 1979, 1983, 1986). Técnico: Zé Teodoro



URT

União Recreativa dos Trabalhadores Fundação: 09 de julho de 1939

Cidade: Patos de Minas

Títulos: Campeão Mineiro do Interior – Módulo I: (2016,2017); Taça Minas Gerais: (1999, 2000); Campeonato Mineiro Módulo II (2013); bicampeão mineiro do interior (2016, 2017). Técnico: Rodrigo Santana



Villa Nova Villa Nova Atlético Clube Fundação: 28 de junho de 1908

Cidade: Nova Lima

Títulos: Campeonato Brasileiro Série B (1971); Campeonato Mineiro (1932, 1933, 1934, 1935, 1952); Taça Minas Gerais (1977, 2006); pentacampeão do interior (1984, 1997, 1998, 1999, 2013); Campeonato Mineiro Módulo II (1995). Técnico: Ito Roque



TABELÃO

DO CAMPEONATO MINEIRO 2018

Primeira fase P

V

E

D

GP

GC

SG

Cruzeiro

29

9

2

0

20

2

18

América-MG

21

6

3

2

14

8

6

Atlético-MG

18

5

3

3

14

7

7

Tupi-MG

16

5

5

5

19

16

3

Tombense

15

4

4

4

8

7

1

URT

15

4

4

4

12

13

-1

Boa Esporte

14

4

5

5

5

9

-4

Patrocinense

13

3

4

4

13

14

-1

Caldense

13

3

4

4

9

12

-3

10º

Villa Nova

11

3

2

6

12

16

-4

11º

Democrata GV

10

3

1

7

12

25

-13

12º

Uberlândia

9

3

0

8

9

18

-9

Atlético-MG

1

URT

0

América-MG

1

BOA Esporte

0

Tupi

0 (4)

Tombense

0 (2)

Cruzeiro

2

Patrocinense

0

Atlético-MG

1

2

América-MG 0

0

Tupi

0

1

Cruzeiro

1

2

Atlético-MG

3

0

Cruzeiro

1

2


Boa Esporte

0x0

Tombense

Tombense

1x0

Villa Nova

10/02

Villa Nova

3x2

URT

17/01

Democrata - GV

1x2

Caldense

10/02

Atlético

1x2

Caldense

17/01

Uberlândia

0x2

URT

16/02

Boa Esporte

1x0

Uberlândia

17/01

Cruzeiro

2x0

Tupi

17/02

Tombense

3x1

Democrata - GV

18/01

Boa Esporte

0x0

Atlético

17/02

Cruzeiro

1x0

Villa Nova

20/01

Tupi

2x5

Uberlândia

18/02

Caldense

0x2

Patrocinense

20/01

Caldense

0x0

Cruzeiro

18/02

URT

0x2

Tupi

21/01

Villa Nova

0x1

Boa Esporte

18/02

América

0x3

Atlético

21/01

Patrocinense

2x1

Tombense

23/02

Tombense

0x0

América

21/01

Atlético

3x0

Democrata - GV

24/02

Patrocinense

2x0

Villa Nova

21/01

URT

1x1

América

24/02

Cruzeiro

3x0

Boa Esporte

24/01

América

2x0

Tupi

25/02

Caldense

1x1

URT

24/01

Boa Esporte

0x1

Democrata - GV

25/02

Tupi

1x1

Atlético

24/01

Caldense

0x0

Tombense

26/02

Democrata - GV

1x0

Uberlândia

24/01

Patrocinense

1x1

URT

03/03

Tupi

1x0

Boa Esporte

24/01

Cruzeiro

4x0

Uberlândia

03/03

Villa Nova

1x1

Caldense

25/01

Villa Nova

1x0

Atlético

04/03

Atlético

0x1

Cruzeiro

27/01

América

1x0

Boa Esporte

04/03

Uberlândia

1x0

Patrocinense

27/01

Tombense

1x2

Cruzeiro

04/03

URT

1x0

Tombense

28/01

Atlético

2x2

Patrocinense

04/03

América

2x1

Democrata - GV

28/01

Tupi

2x1

Caldense

07/03

América

2x0

Caldense

28/01

Uberlândia

2x0

Villa Nova

07/03

Tombense

1x0

Tupi

29/01

Democrata - GV

1x2

URT

07/03

Boa Esporte

2x1

Patrocinense

03/02

Tombense

1x0

Uberlândia

07/03

Democrata - GV

4x3

Villa Nova

04/02

Villa Nova

3x1

Tupi

07/03

Cruzeiro

3x0

URT

04/02

Patrocinense

1x1

Democrata - GV

08/03

Uberlândia

0x2

Atlético

04/02

Cruzeiro

1x0

América

11/03

Caldense

2x1

Uberlândia

04/02

Caldense

0x1

Boa Esporte

11/03

Villa Nova

1x1

América

04/02

URT

0x1

Atlético

11/03

Tupi

7x1

Democrata - GV

08/02

Uberlândia

0x3

América

11/03

Patrocinense

1x1

Cruzeiro

09/02

Tupi

3x0

Patrocinense

11/03

Atlético

1x0

Tombense

09/02

Democrata - GV

0x2

Cruzeiro

11/03

URT

2x0

Boa Esporte

7ª Rodada

17/01

6ª Rodada

10/02

8ª Rodada

Patrocinense

9ª Rodada

2x1

10ª Rodada

América

11ª Rodada

1ª Rodada 2ª Rodada 3ª Rodada 4ª Rodada 5ª Rodada 6ª Rodada

17/01


DADOS DOS JOGOS

76 42 19 15

JOGOS DISPUTADOS

VITÓRIA DOS MANDANTES

VITÓRIAS DOS VISITANTES

JOGOS COM EMPATES

DADOS DE ATAQUE

164 GOLS MARCADOS

8

GOLS CONTRA

DADOS DISCIPLINARES

4

GOLS DE FALTA

9

GOLS DE PÊNALTI

OUTRAS ESTATÍSTICAS

367 21 2,15 13 CARTÕES AMARELOS

CARTÕES VERMELHOS

MELHOR ATAQUE

28 GOLS MARCADOS

MÉDIA DE GOLS POR JOGO

RESULTADOS DISTINTOS

MELHOR DEFESA PIOR ATAQUE

5

GOLS MARCADOS

6

GOLS SOFRIDOS

PIOR DEFESA

25 GOLS SOFRIDOS


MINUTAGEM DOS GOLS

6

GOLS MARCADOS

RICARDO OLIVEIRA

AYLON

GOLEADORES DO MINEIRO

TODO DIA UM

7 x 1 DIFERENTE (MAIOR GOLEADA)

6.542

25.874

765

MÉDIA DE PÚBLICO

31%

MÉDIA DE OCUPAÇÃO

MELHOR MÉDIA DE

PIOR MÉDIA DE

PAGANTE

DOS ESTÁDIOS

PAGANTES

PAGANTES

Jogo com mais cartões: Uberlândia x Patrocinense (9ª rodada) 2 amarelos – Sete para o Uberlândia e cinco para o Patrocinense Equipe com menos cartões: Caldense – 23 amarelos e 1 vermelho Equipe com mais cartões: Cruzeiro – 40 amarelos e 2 vermelhos Maior público presente: Cruzeiro 1 x 0 América - Mineirão - 5a rodada - 50.794 torcedores Maior público pagante: Cruzeiro 1 x 0 América - Mineirão - 5a rodada - 47.499 Menor público pagante: Boa Esporte 2x1 Patrocinense – Estádio Melão - 10ª rodada - 188 torcedores Melhor média de pagantes: Cruzeiro, com 25.874 torcedores pagantes por jogo como mandante Pior média de pagantes: Boa Esporte, com 765 torcedores pagantes por jogo como mandante Maior renda bruta: Cruzeiro 2x0 Atlético – Mineirão - Jogo de volta da final – R$1.610.643,00 Menor renda bruta: Villa Nova 3x2 URT – Castor Cifuentes - 6ª rodada: R$3.930,00



JOGOS marcantes do mineiro


Foto: Alessandra Torres/Photo Premium

Em um jogo muito movimentado, a Caldense venceu o Atlético de virada fora de casa. O resultado fez com que a equipe de Poços de Caldas subisse da 11ª para a 6ª posição, enquanto o Galo terminou a sexta rodada na 4ª posição. Na véspera do jogo, o técnico Oswaldo de Oliveira foi demitido do Atlético, após um desentendimento com um jornalista. A saída do treinador colocou ainda mais pressão sobre o time, que começara o campeonato de forma instável, com dois empates e uma derrota em cinco jogos. O interino Thiago Larghi assumiu o comando do time para a partida no Horto. O jogo começou com a Caldense dando trabalho para o goleiro Victor, obrigando-o a fazer grande defesa. Alguns minutos depois, o Atlético se aproveitou de uma falha na saída de bola da equipe alviverde e marcou com Ricardo Oliveira. No entanto, o árbitro assinalou o impedimento do atacante e o gol foi anulado. Na sequência, Otero carimbou o travessão. O placar foi inaugurado aos 26 minutos, novamente por Ricardo Oliveira. Desta vez o gol foi validado. O camisa 9 recebeu um belo passe de Erik em contra-ataque fulminante do Atlético e finalizou com a perna esquerda tirando do goleiro Omar.

1 atlético 2 Caldense A Caldense não se intimidou e conseguiu chegar ao empate aos 38 minutos. Após cruzamento da esquerda, Neílson pulou para cabecear e acabou desviando de costas. A bola entrou no ângulo esquerdo de Victor, que nada pôde fazer para evitar. O primeiro tempo ainda contou com uma bela cobrança de falta de Otero, exigindo grande defesa de Omar. No segundo tempo, o Atlético fez valer o seu mando de campo e assumiu o controle do jogo. Os atleticanos criaram outras chances, mas as finalizações deixaram a desejar. Os goleiros Omar e Victor estavam inspirados e fizeram outras intervenções importantes. Aos 39 do segundo tempo veio a virada. Luan errou um passe na entrada da área da Caldense, a equipe de Poços partiu para o contra-ataque e, após troca de passes, a bola chegou para Jefferson Feijão no lado direito, já dentro da área atleticana. O lateral deu um passe que cruzou toda a pequena área e chegou para Potita escorar para as redes com o gol livre, dando números finais à partida e deixando a torcida atleticana enfurecida.


Foto: Daniel Teobaldo/Futura Press/Estadão Conteúdo

O primeiro clássico do campeonato ficou marcado por lances polêmicos e uma supremacia atleticana. Precisando de uma vitória para ganhar confiança no campeonato após a virada sofrida para a Caldense na partida anterior, a equipe do interino Thiago Larghi foi amplamente superior e venceu o América por 3x0.

0 América 3 atlético

Desde o início o Galo partiu para o ataque, parando no goleiro Glauco ou na falta de pontaria de seus jogadores. No final da primeira etapa, Róger Guedes, que vinha sendo um dos destaques da partida, aproveitou uma sequência de cabeceios para abrir o placar, também de cabeça. Glauco chegou a defender a bola, porém a arbitragem assinalou que ela já estava dentro do gol, gerando protestos dos jogadores americanos.

Na sequência, o Atlético reassumiu o controle da partida e quase chegou ao seu segundo gol com uma série de finalizações. Aos 40 minutos da etapa final, o placar foi ampliado. O estreante Tomás Andrade, que havia entrado há pouco tempo, viu Róger Guedes passando livre na direita e deu um lançamento na medida para o jogador, que dominou e bateu cruzado, contando com a ajuda de Norberto para marcar. Cinco minutos depois, o argentino fechou com chave de ouro sua primeira partida com a camisa alvinegra com mais um passe preciso para Ricardo Oliveira fazer o terceiro.

O América voltou melhor no segundo tempo e conseguiu levar perigo em dois lances. Um deles trouxe ainda mais polêmica para o clássico. Após receber cruzamento da esquerda, Marquinhos cabeceou, Victor encostou de raspão na bola e Gabriel tirou de cabeça. Os jogadores da equipe alviverde alegaram que ela já estava dentro do gol, mas desta vez a arbitragem deixou o jogo seguir.

A partida rendeu muitas discussões acerca da arbitragem nos dias que se seguiram, com acusações dos dirigentes americanos de um favorecimento ao Atlético por parte da Federação. Esse cenário se repetiria na partida de ida da semifinal entre os dois clubes, quando, mais uma vez, o América reclamaria das decisões do árbitro, após ser derrotado por 1x0.


Foto: Toque de Bola

Democrata e Villa Nova fizeram um dos melhores jogos do Campeonato Mineiro de 2018. A partida foi a penúltima da primeira fase e por isso era de vital importância para ambas as equipes, que possuíam ambições parecidas, dividindo-se entre o risco do rebaixamento e a disputa por uma vaga para as quartas de final. O embate realizado no Mamudão foi bem aberto e movimentado desde o início, com os dois times partindo para o ataque, mas pecando na hora de finalizar. Aos 20 minutos, após cruzamento da direita, Romarinho aproveitou a falha da defesa, que deixou a bola sobrar na pequena área, e abriu o placar para a equipe de Governador Valadares. Logo depois, aos 23, a Pantera ampliou sua vantagem, em bela finalização de Fernando da entrada da área, com a bola batendo no travessão antes de entrar, sem chances para o goleiro Renan Rinaldi. Após ligação direta de Rinaldi, Felipinho partiu para cima do zagueiro e finalizou no canto, descontando para o Villa aos 38. O gol fez bem para o moral da equipe, que voltou melhor no segundo tempo, empatando a partida com Victor Hugo, que recebeu livre para escorar para o gol dentro da pequena área aos 15 minutos.

4 Democrata 3 villa nova O empate não acomodou o Leão do Bonfim, que continuou em cima do Democrata e foi premiado com um belo gol de Iury aos 26, batendo colocado com o lado do pé de fora da área. O gol obrigou o time do Democrata a ir para o ataque, já que uma vitória era essencial para a equipe, que ocupava a lanterna do campeonato. A redenção veio em um lance de bola parada. Aos 32 minutos, Fernando cobrou bem uma falta à direita da área e o zagueiro Jefão aproveitou a bola fechada para empurrar para as redes de cabeça. Com o jogo empatado, o Villa quase chegou ao quarto gol em uma jogada bem trabalhada, mas a defesa do time da casa conseguiu evitar. O gol da virada definitiva da Pantera sairia aos 39 minutos, com Fernando aproveitando falha de Renan Rinaldi e fazendo no rebote. A vitória fez com que o Democrata saísse da zona de rebaixamento e chegasse à décima colocação. O Villa Nova, por sua vez, permaneceu em nono


Foto: Leonardo Costa

Na última rodada da fase inicial do campeonato, Tupi e Democrata se enfrentaram em Juiz de Fora em um jogo com pretensões bem distintas para as duas equipes. O mandante jogava com time misto e buscava garantir-se entre os quatro primeiros para ter a vantagem de jogar em casa nas quartas de final. O visitante, por sua vez, precisava de um resultado positivo para fugir do rebaixamento. O resultado foi a vitória mais elástica do Campeonato Mineiro de 2018: 7x1 para o Galo Carijó. O placar saiu do zero logo no início da partida. Aos 4 minutos, Léo Costa desviou de cabeça após cruzamento da direita. A bola bateu na trave e foi morrer no fundo das redes. Logo em seguida, aos 6 minutos, Renato Kayser recebeu outro cruzamento e fez o segundo gol da partida, também de cabeça. Após ampliar a vantagem, o Tupi diminuiu um pouco o seu ímpeto, mas voltou a marcar aos 31. Tchô bateu muito bem uma falta e contou com a ajuda do goleiro Tiago Rocha. Ainda no primeiro tempo, aos 43, Patrick Carvalho recebeu bela enfiada de bola e tocou na saída do goleiro para fazer o quarto. Após o intervalo, enganou-se quem es-

7 tupi 1 democrata-gv perava que o Tupi fosse administrar o placar. Aos 12 minutos do segundo tempo, Patrick Carvalho recebeu a bola novamente, após passe da esquerda, e tocou de dentro da área para o fundo das redes. Dois minutos depois foi a vez de João Vitor deixar a sua marca, fazendo o sexto gol da partida após cruzamento da direita, se antecipando ao goleiro. Aos 35 minutos da etapa complementar, Renato Kayser dominou a bola na entrada da área e tocou na saída de Tiago Rocha para fazer o último gol da equipe de Juiz de Fora na partida. Ainda deu tempo de o Democrata fazer um gol de honra com Marcinho aos 41 minutos, dando um toque sutil para tirar do goleiro Ricardo Vilar após receber livre na área. A goleada foi a mais elástica do Tupi na elite do campeonato estadual, superando os 6x2 contra o Atlético em 1933, e fez com que a equipe conseguisse alcançar o seu objetivo de terminar entre os quatro primeiros colocados para jogar em casa na partida das quartas de final. O Democrata, por sua vez, foi rebaixado para o Módulo II.


Foto: Alair Constantino/O Dono do Apito

O Estádio Pedro Alves do Nascimento, em Patrocínio, recebeu um confronto decisivo para o time da casa na última rodada da primeira fase. O Patrocinense enfrentou o Cruzeiro em uma partida que decidiria sua classificação para as quartas de final. Para a Raposa, em contrapartida, líder garantida, era um jogo para cumprir tabela. Ciente disso, Mano Menezes escalou a equipe com um time inteiramente reserva para poupar os titulares. O resultado foi um dia memorável para os torcedores do CAP: com um gol no final do segundo tempo, o time da casa conseguiu o empate que precisava para passar de fase. O primeiro tempo foi bem morno, com poucos lances de efeito das duas equipes. A única chance de gol real foi do Patrocinense, em um chute de fora da área de Jefersom Berger, que passou perto da trave esquerda do goleiro Rafael. No segundo tempo a equipe mandante voltou melhor e deu sufoco ao Cruzeiro, criando boas oportunidades que esbarraram na falta de pontaria de Mário César, aos 7 minutos, e em boa defesa de Rafael após chute de Ademir aos 11. O Cruzeiro só foi atacar pela primeira vez aos 26 minutos. Ainda assim, mostrou eficiência e abriu o placar com Rafael Marques, que, após tabela com Mancuello,

1 patrocinense 1 cruzeiro driblou o goleiro Neguete e tocou para o gol livre. O resultado deixaria a equipe celeste com a melhor campanha da história do Campeonato Mineiro no formato atual. O CAP sabia que precisava fazer um gol para ter chances de se manter no campeonato. No entanto, a equipe apresentava dificuldades para chegar com perigo à meta cruzeirense. Até que, aos 39 minutos, Genesis, que havia entrado no segundo tempo, recebeu passe de costas na entrada da área, girou e bateu no canto esquerdo de Rafael para empatar a partida, fazendo a alegria da torcida local, que enchia as arquibancadas. O jogador estava impedido no lance, mas isso passou despercebido pela arbitragem e a equipe de Patrocínio conseguiu o gol que precisava para se classificar. O resultado deixou o Patrocinense em oitavo lugar, com o clube garantindo sua melhor colocação na sua história no Módulo I do Campeonato Mineiro. Dessa forma, o confronto se repetiria na partida seguinte, dessa vez no Mineirão, já que o Cruzeiro terminou a primeira fase na liderança.


Foto: Instagram Oficial do Tupi

No único confronto entre times do interior na fase de mata-mata do campeonato, Tupi e Tombense se enfrentaram no Estádio Municipal de Juiz de Fora. O vencedor classificaria e o empate levaria para a disputa de pênaltis, que foi o que aconteceu. Em duelo truncado, as equipes não conseguiram fazer gols durante os 90 minutos. O Tombense começou melhor a partida. Ricardo Vilar foi obrigado a fazer bela defesa logo aos 2 minutos. Aos 17 foi a vez do Tupi, com o atacante Reis, que desperdiçou ótima oportunidade na entrada da pequena área, chutando muito acima do gol. No resto da primeira etapa, os dois times não construíram mais oportunidades para abrir o placar. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Darley evitou o gol de Renato Kayser com grande defesa. Dois minutos depois o Tombense voltou a parar em Vilar. Aos 5, David foi expulso após acertar Kayser, deixando o Tombense com 10 em campo. Aproveitando-se da vantagem numérica, o Galo Carijó partiu para cima, e aos 10 minutos Reis perdeu outra chance clara, de novo de dentro da pequena área. O Tombense chegou com perigo novamente aos 15 com Breno, mas Vilar estava inspirado e defendeu. O time da casa continuou dominando a

0 tupi 0 tombense partida, mas sem chegar ao gol. Aos 39, Marcel arriscou de longe e a bola passou perto. O segundo tempo terminou aos 50, em 0x0. Na primeira e única disputa por pênaltis do Mineiro de 2018, o time da casa levou a melhor, ganhando de 4x2. Vilar defendeu a primeira cobrança, de Everton, colocando o Tupi na frente. O Galo Carijó soube administrar a vantagem. Tchô, Kayser, Rodrigo Dias e Patrick, nessa ordem, foram os responsáveis pelos gols que levaram o time de Juiz de Fora à semifinal. Do lado do Tombense, Theo marcou na sua vez, Natan bateu por cima do gol e Breno converteu, embora não tenha conseguido evitar a eliminação da equipe. O resultado colocou o Tupi como adversário do Cruzeiro na disputa por uma vaga na final. Além disso, como os outros dois semifinalistas foram Atlético e América, o Galo Carijó conquistou o título simbólico de campeão do interior, sendo a única equipe de fora da capital a figurar entre os quatro melhores do campeonato. Foi a sexta vez que o Tupi alcançou esse feito, muito comemorado pelos jogadores e pela torcida.


Foto: Rodney Costa/Eleven/Folhapress

O jogo de ida da final foi disputado no Independência, sob mando do Atlético. O Cruzeiro foi o líder da primeira fase e jogava por dois resultados iguais no confronto. Ciente disso, o Galo foi para cima e venceu por 3x1, ficando em posição favorável para a volta. O Atlético chegou primeiro, mas sem muito perigo. O Cruzeiro respondeu com Egídio e Victor espalmou. Otero tentou um gol olímpico aos 29, mas Fábio tirou de soco. Em seguida, Thiago Neves bateu da entrada da área e o goleiro atleticano cedeu o escanteio. O primeiro gol saiu aos 36. Otero bateu falta na entrada da área, a bola passou pela defesa e Ricardo Oliveira fez de joelho. O Cruzeiro sentiu o golpe e se desconcentrou. O segundo não tardou, de novo na bola parada. Aos 41, Otero cobrou escanteio antes da primeira trave. Adilson se antecipou a Egídio e desviou sutilmente de cabeça. Surpreendido, Fábio não conseguiu reagir a tempo e a bola passou por debaixo das suas pernas. Aproveitando o bom momento, o Atlético ampliou ainda no primeiro tempo, em um novo escanteio. Após cobrança curta, Otero cruzou e Ricardo Oliveira cabeceou para o gol, com a defesa cruzeirense apenas assistindo inerte ao lance. O segundo tempo começou mais morno. A primeira boa chance veio aos 17 minutos, com

3 atlético 1 cruzeiro finalização de Luan dentro da área e grande defesa de Fábio. Aos 34, Tomás Andrade chutou da entrada da área após boa jogada e Fábio defendeu bem novamente. O Cruzeiro precisava diminuir a vantagem atleticana e aos 36 Sassá cabeceou da entrada da pequena área, mas Victor fez defesa milagrosa. No minuto seguinte, Arrascaeta, que havia entrado no segundo tempo, deixou a sua marca, após boa troca de passes. Otero ainda trouxe perigo em falta com efeito aos 41. O Cruzeiro deu o troco e quase chegou ao segundo aos 42. Sassá driblou o goleiro Victor, mas ficou sem ângulo, escorregou e não conseguiu finalizar na direção do gol. Na sequência, Cazares chutou forte e Fábio fez grande defesa. O Atlético queria ampliar e, após rebote em escanteio fechado, Otero limpou para o meio e bateu forte. Fábio evitou o quarto com defesa espetacular. Após o apito final, houve um princípio de confusão entre membros da comissão técnica das duas equipes, mas os nervos foram acalmados. Com a vitória, o Atlético poderia perder por até um gol de diferença para se sagrar campeão mais uma vez.


Foto: Fotoarena/Folhapress

A segunda partida da decisão foi realizada no Mineirão. Após vencer por 3x1, o Atlético jogou a responsabilidade para o rival, obrigando-o a ganhar pelo mesmo saldo para chegar ao título. Mas o Cruzeiro deu conta do recado e venceu por 2x0, repetindo o feito alcançado em 2011, quando também foi campeão após perder o primeiro jogo da final para o Galo. Desde 2004, quando foi adotado o formato de disputa atual do Mineiro, essas foram as únicas vezes em que o time derrotado na partida de ida da decisão conquistou o título. A Raposa começou com tudo, e aos 3 minutos Arrascaeta emendou de primeira após desvio, mas parou em defesa milagrosa de Victor. A bola espalmada chegou aos pés de Edílson, que cruzou para o próprio Arrascaeta se antecipar e cabecear abrindo o placar. Após o gol o jogo ficou truncado. Aos 19, Cazares cobrou falta perto do travessão de Fábio. Em seguida, aos 21, Otero perdeu a cabeça após dividida com Edílson e deu uma cotovelada no lateral. O juiz expulsou o atleticano e deu cartão amarelo para o cruzeirense. Aos 30, o Cruzeiro também chegou com perigo em falta de Thiago Neves, mas Victor fez boa defesa. O primeiro tempo terminou sem mais lances de efeito. Assim como nos 45 minutos iniciais do jogo,

2 cruzeiro 0 atlético a etapa complementar começou com o Cruzeiro em cima. Logo no primeiro minuto, Thiago Neves bateu escanteio e Mancuello, que entrara no lugar de Edílson, cabeceou perto do gol. Aos 7, a Raposa chegou novamente, mas dessa vez acertou a pontaria. Robinho recebeu a bola na lateral direita, viu a movimentação de Thiago Neves dentro da área entre os zagueiros alvinegros e lançou o camisa 30, que se antecipou a Leonardo Silva para acertar em cheio a bola com a perna direita, fazendo ela morrer no ângulo esquerdo de Victor. Tendo feito os gols que precisava, o Cruzeiro apenas administrou a vantagem até o final da partida. O resto do jogo não trouxe muitas emoções para as duas torcidas. Aos 46, Patric ainda foi expulso, tomando o segundo amarelo por carrinho por trás em Ariel Cabral. Aos 49 minutos, o árbitro apitou pela última vez. Com a vitória, o Cruzeiro conquistou o Campeonato Mineiro pela 37ª vez e chegou ao seu primeiro título estadual desde 2014, última vez em que havia sido campeão, também em cima do rival, após dois empates em 0x0, fazendo valer novamente a vantagem por ter encerrado a primeira fase na liderança.


OS ESTÁDIOS DO

CAMPEONATO MINEIRO Dilzon Melo Mais conhecido como “Melão”, o Estádio Municipal Prefeito Dilzon Melo, casa do Boa Esporte Clube, recebeu 5 partidas durante o campeonato Mineiro de 2018. Foram 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota em partidas dentro de casa. O estádio construído em 1988, tem capacidade para 15481 torcedores e recebe partidas de futebol e, em certas ocasiões, recebe também jogos de rúgbi das equipes de Varginha.

Castor Cifuentes

Localizado em Nova Lima, o Estádio Castor Cifuentes, casa do Villa Nova, é mais conhecido como Alçapão do Bonfim e foi inaugurado em 1930. Neste campeonato, o estádio recebeu 6 partidas do Leão do Bonfim, sendo 3 vitórias, 2 empates e 1 derrota dentro de casa. Dentre as conquistas dentro do estádio, destacam-se o tetracampeonato mineiro entre 1932 e 1935 e a série B do campeonato Brasileiro em 1971. O Castor Cifuentes tem capacidade para 5299 torcedores.

Mário Heleno

Casa do Tupi FC, o Estádio Municipal Mário Helênio, localizado em Juiz de Fora, foi inaugurado em 1988. Neste campeonato, o estádio recebeu 5 partidas do Galo Carijó, entre elas a goleada de 7x1 sobre o Democrata. Foram 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota dentro de casa. O estádio do campeão do interior tem capacidade para 10 mil espectadores, e é um dos maiores do estado de Minas Gerais. Entre as principais partidas no estádio, destaca-se o último jogo oficial de Zico pelo Flamengo, em 1989, contra o Fluminense.

Ronaldo Junqueira Inaugurado em 1979, o Estádio Municipal Dr Ronaldo Junqueira, mais conhecido como Ronaldão, é a casa da Caldense, em Poços de Caldas. Neste ano, o estádio recebeu 6 partidas, sendo 3 empates, 2 derrotas e 1 vitória. Com capacidade para 7600 torcedores, o estádio tem como seu jogo mais lembrado a final do Campeonato Mineiro de 2002, quando a Caldense se sagrou campeã, vencendo o Nacional por 2x0.

Zama Maciel O Estádio Zama Maciel, localizado em Patos de Minas, recebeu 5 partidas neste campeonato Mineiro. Foram 2 vitórias, 2 derrotas e 1 empate. Com capacidade para 4737 torcedores, o Mangueirão é um dos dois estádios da cidade de Patos de Minas. O estádio da veterana, é um dos poucos estádios entre os 11 do módulo I do Campeonato Mineiro que o dono é o próprio clube, e não o município ou estado.


Mamudão

O Estádio José Mammoud Abbas, localizado em Governador Valadares, cidade do Vale do Rio Doce, é a casa do Esporte Clube Democrata. Neste Campeonato Mineiro o estádio recebeu 5 jogos da Pantera, 3 derrotas e 2 vitórias, o que contribuiu para o rebaixamento do clube. O estádio, com capacidade para 8675 torcedores, é outro dos poucos dentre todos os 11 do módulo I que tem como proprietário o próprio Clube. Uma das peculiaridades do estádio é a arquibancada metálica, rara nas arenas atuais.

Independência O estádio Raimundo Sampaio, o Independência, é atualmente a casa de América e Atlético. No total, 11 jogos foram disputados no estádio neste campeonato, 6 pelo América e 5 pelo Atlético. 8 vitórias, 2 derrotas e 1 empate dos mandantes. Com capacidade para 22800 torcedores, o estádio foi inaugurado em 1950 para a Copa do Mundo de futebol realizada no Brasil e passou por reformas para modernização em 2012. No passado, o estádio pertenceu ao Sete de Setembro Futebol Clube, razão pela qual o mesmo é chamado de Independência. Hoje, pertence ao América Futebol Clube mas cedido ao estado de Minas Gerais.

Almeidão

Localizado na cidade de Tombos, o Estádio Antônio Guimarães de Almeida, ou Almeidão, é a casa do Tombense Futebol Clube. Neste campeonato o estádio recebeu 5 partidas do Gavião-Carcará. Foram 4 vitórias, 1 empate . Com capacidade para 3053 torcedores, o estádio passou por uma ampliação às vésperas do Campeonato Mineiro de 2013, na primeira vez que o clube chegou à elite do futebol mineiro. O Tombense mandou o jogo contra o Cruzeiro no Ipatingão, em Ipatinga, a única derrota do time como mandante.

Parque do Sabiá O Estádio Municipal Parque do Sabiá, foi a casa do Uberlândia durante o Campeonato Mineiro. Inaugurado em 1982, com partida entre Brasil 7 x 0 Irlanda, com a presença de Pelé, o estádio tem capacidade para 40 mil torcedores, e é o segundo maior do estado de Minas Gerais. Durante muitos anos, levou o nome de Estádio Municipal João Havelange. Neste campeonato, o estádio recebeu 5 partidas do Alviverde do Triângulo sendo 3 derrotas e 2 vitórias, o que contribuiu para a queda do time para o módulo II.

Pedro Alves do Nascimento A casa do Patrocinense é o Estádio Pedro Alves do Nascimento. Inaugurado em 1992, o estádio passou por uma ampla reforma em 2017, após a classificação do Clube para o módulo I do Campeonato Mineiro, e passou a ter capacidade para 7411 torcedores. Neste campeonato, o estádio de Patrocínio, cidade do Alto Paranaíba, recebeu 5 jogos, sendo 3 empates e 2 vitórias.

Mineirão Histórica casa dos clubes de BH, o Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, é o quinto maior estádio do País, tendo sediado cinco finais da Copa Libertadores e 6 partidas da Copa do Mundo de 2014, inclusive o marcante 7x1 sofrido para a seleção Alemã. Neste ano, o estádio que tem capacidade para 62170 torcedores recebeu somente partidas mandadas pelo Cruzeiro. Foram 6 jogos e 6 vitórias da equipe cruzeirense.


História do Campeonato Mineiro Nasce o primeiro time de BH, o Sport Club. Surgem também as equipes Plínio e Club Athletico Mineiro. Do desmembramento desses dois, surgem o Vespúcio, o Colombo e o Mineiro

- 1904 -

- 1908 Criação do Athletico Mineiro Football Club, que depois se tornaria o Clube Atlético Mineiro, o mais antigo clube de futebol em ativa da cidade

- 1956 Dois times foram campeões (**)

Siderúrgica conquista o segundo título do Campeonato Mineiro.

- 1964 -

É criada a Liga Mineira de Sports Athleticos (LMSA), que depois se tornaria a Liga Mineira de Desportos Terrestres. Na reunião de inauguração, 19 pessoas compareceram e foram consideradas fundadoras da liga

- 1915 -

Villa Nova conquista o 5° título mineiro

- 1950 -

- 1951 -

O torneio entre os clubes de Belo Horizonte é oficialmente chamado de Campeonato Mineiro. Inauguração do Estádio Raimundo Sampaio, o Independência

- 1965 Inauguração do Estádio Magalhães Pinto, mais conhecido como “Mineirão”


O Societá Sportiva Palestra Itália, que depois se tornaria o Cruzeiro, é fundado. Ele é originário de imigrantes da colônia italiana

- 1915 A Liga Mineira organiza um campeonato entre os times de Belo Horizonte. O Atlético Mineiro consagra-se o primeiro campeão

Siderúrgica conquista o Campeonato Mineiro

- 1921 -

- 1925 -

O América se torna o decacampeão do Campeonato Mineiro. O clube ganha uma menção no livro Gruinness dos Recordes como o time de futebol que mais conquistou títulos consecutivos

Villa Nova tetra campeão mineiro

- 1935 -

- 1932 Dois times foram campeões (*)

- 1937 - 2002 Inauguração do Estádio Municipal João Havelange, em Uberlândia. Atualmente leva o nome de Parque do Sabiá. É o maior estádio do interior de Minas Gerais

- 1982 -

A Caldense sagra-se campeã mineira, primeira equipe campeã do estadual sediada fora da região metropoliatana de BH. O ano ainda teria o Supercampeonato Mineiro, organizado pelas equipes que disputaram a Copa Sul-Minas (***)

- 2018 104ª Edição do Mineiro, com o Cruzeiro Esporte Clube conquistando o 38° título

O Ipatinga vence o Campeonato Mineiro

- 2005 -

* ** ***

Entenda o asteriscos na página a seguir


Times do interior campeĂľes

Maiores campeĂľes mineiros


de Em 1932 vários clubes se desfiliaram da LMDT, a Liga Mineira tos Desportos Terrestres, protestando contra supostos favorecimen ao Atlético e criaram uma nova liga, a Associação Mineira de Esportes Geraes - AMEG. O Atlético foi o único clube de maior expressão a ficar na LMDT e venceu seu campeonato facilmente.

1932

Na outra liga, o Villa Nova foi o campeão invicto, o primeiro de uma série de quatro já títulos consecutivos. Os outros três foram conquistados na liga reunida e convertida ao profissionalismo.

O Campeonato Mineiro de 1956 foi dividido entre Atlético e Cruzeiro do início ao fim. Como cada um venceu um turno, decidiram o título em um a série melhor de três partidas. Antes do terceiro jogo das finais, o Cruzeiro entro u com uma ação no Tribunal de Justiça Desp ortiva de Minas Gerais, pleiteando os po ntos conquistados pelo Atlético no segund o jogo. O Cruzeiro alegava que o jogador do Atlético, Laércio, não apresentara certific ado de dispensa do Exército, assim, seu registro com o clube seria inválido.

1956

Em 31 de maio de 1957, antes do terceiro jogo, o TJD decidiu rejeitar a ação do Cruzeiro, porque a responsabilidade deste erro era da FMF e não do Atlético. Em março de 1959, O Cr uzeiro venceu esta ação no Tribunal Su perior (STJD) e o problema voltou à FMF que tentou programar outro jogo, mas o Atlético não aceitou porque as duas equipes mudaram muitos jogadores. Assim , a FMF resolveu este problema proclam ando os dois clubes como campeões de 1956.

Campeões dos asteriscos Em 2002 ocorreu o Supercampeonato Mineiro, tendo sido o Cruzeiro Esporte Clube o campeão. O objetivo foi poupar os times grandes das muitas partidas dos campeonatos estaduais, uma

vez que estes estavam empenhados na disputa da Copa Sul Minas. Participaram do Campeonato os 4 times presentes no campeonato interestadual

2002

(América, Atlético, Cruzeiro e Mamoré) e o campeão do Campeonato Mineiro, a Caldense. A veterana foi a grande sensação

do campeonato, eliminando times tradicionais como o Atlético e o América, porém perdeu o título na final. A competição foi administrada pelos próprios times participantes, e por isso não é reconhecida pela FMF, já que a Federação apenas apoiou a organização do evento e não foi um torneio oficial da entidade.


Os medalhões no Mineiro 2018 O Campeonato Mineiro é reconhecidamente um celeiro de grandes craques do futebol brasileiro, como Tostão, Reinaldo, Dirceu Lopes e Luisinho, que defenderam a Seleção Brasileira no século passado. No entanto, é também uma competição que conta, tradicionalmente, nos times do interior, com atletas que já tiveram prestígio em grandes clubes. Em 2018, essas equipes abrigaram jogador campeão da Libertadores até titular em partidas da Liga do Campeões. Esse é o caso do goleiro Felipe, que defendeu o Uberlândia no Mineiro. O jogador de 33 anos foi revelado nas categorias de base do Vitória (BA) e ganhou notoriedade quando chegou ao Corinthians, em 2007. No primeiro ano no clube paulista, acabou rebaixado à Série B do Brasileiro, mas, na temporada seguinte, conquistou a Copa do Brasil e defendeu o Alvinegro na Libertadores de 2010. Naquela temporada, o Corinthians foi eliminado pelo Flamengo nas oitavas de final da competição continental, e Felipe se transferiu, em agosto, para o Braga, de Portugal, em transação que girou em torno de R$ 31 milhões. O goleiro ficou apenas seis meses no Velho Continente, tempo suficiente para atuar como titular em sete partidas da Liga dos Campeões da Europa. O goleiro saiu de Portugal no fim de 2010 para defender o Flamengo. Em quatro temporadas 52

Goleiro teve melhores momentos da carreira vestindo as camisas de Flamengo e Corinthians

no clube carioca, Felipe conquistou um Estadual e voltou a vencer a Copa do Brasil após cinco anos. Antes de chegar ao Uberlândia, passou ainda por Figueirense (BA), Bragantino (SP) e Boa Vista (RJ), clube que defendeu até o fim do Carioca de 2017. A última partida dele pelo time da cidade de Saquarema foi em março do ano passado. Felipe ficou sem clube durante o resto da temporada. Com a camisa do Verdão do Triângulo Mineiro, Felipe disputou sete partidas e sofreu 12 gols. Ele teve uma lesão no menisco do joelho direito, em jogo contra o América, pela 6ª rodada do Mineiro, não atuou nas cinco rodadas finais do Estadual e não teve o contrato renovado para a disputa da Série D do Brasileiro.


Atacante de respeito Felipe não foi a única aposta de nome do Uberlândia para este Mineiro. O atacante Jean, revelado na base do Flamengo, também defendeu o Verdão. O jogador de 37 anos disputou três jogos no Estadual e não balançou as redes. Além de defender o Rubro-Negro, Jean ainda atuou por Cruzeiro, Corinthians, Santos, Vasco, Fluminense e equipes da Rússia e dos Emirados Árabes. Ele foi anunciado pelo Uberlândia já com o Mineiro em andamento. No início deste ano, vestiu a camisa do Rio Verde (GO) em seis partidas no Campeonato Goiano.

Atacante Jean se destacou com a camisa do Flamengo, antes de rodar por outros grandes clubes

A aposta do Uberlândia em medalhões não deu muito certo. O time foi o lanterna do Mineiro, com nove pontos, e acabou rebaixado ao Módulo II.

Campeão da Libertadores no Alto Paranaíba O Patrocinense foi outro a apostar em um jogador tarimbado para a disputa do Campeonato Mineiro de 2018. O clube, que voltou a jogar o Módulo I após 23 anos, contratou o atacante Rychely, de 30 anos, que foi campeão da Libertadores de 2011 com a camisa do Santos. Ele não disputou nenhuma partida da competição com aquela equipe que tinha Neymar e Paulo Henrique Ganso, mas estava inscrito no torneio. Antes de começar o Estadual, o atacante falou sobre o motivo por ter escolhido uma equipe do interior mineiro para jogar neste início de ano. “Eu optei pelo Campeonato Mineiro por ser um torneio que tem visibilidade boa,

e eu preciso disso para tentar ir bem e arrumar um time para jogar no segundo semestre. E o Patrocinense também está com uma estrutura boa para o padrão do clube. Além disso eu tenho amigos que disseram que eles estão bem estruturados e pgam direitinho. Então, foi esse conjunto de fatores. A visibilidade pesou muito na escolha, mas a organização do clube em si, também”, disse o atacante. Apesar da empolgação para disputar o Mineiro, Rychely defendeu o Patrocinense em apenas duas partidas, logo no início da competição. Posteriormente, teve uma grave lesão muscular e não entrou mais em campo. 53


Dario, o maior artilheiro da história do Mineiro O início de Dario José dos Santos com a camisa do Galo foi complicado. O jogador, então com 22 anos, era retaliado pelos companheiros, que o consideravam ruim demais para defender a camisa alvinegra.

mos o primeiro tempo ganhando de 2 a 0 com dois gols meus. Pedi a ele que me colocasse entre os titulares que eu ia virar o jogo”. Naquele coletivo, os titulares ganharam de 3 a 2, os 5 gols marcados por Dario.

Dario conta que seu início no Atlético foi muito ruim, outros jogadores do time não queriam nem que ele participasse dos treinamentos. “Diziam que eu era muito ruim e que ruindade pegava, fui menosprezado por eles. Eu entrava no treino faltando cinco minutos pra acabar. E ainda assim os caras me sacaneavam. Ficavam dando bola de curva pra mim, porque sabiam que eu era ruim, que eu ia dominar na canela”.

No primeiro jogo após esse treinamento, o Atlético-MG foi a Itabira enfrentar o Valeriodoce. Na época, o time era conhecido por dificultar os jogos contra Galo, Raposa e Coelho. O Alvinegro perdia o jogo por 1 a 0 até Yustrich, a pedido do capitão do time, Oldair, colocar Dario em campo. De virada, o time da capital venceu a partida por 2x1, com dois gols de cabeça do atacante.

O centroavante amargou mais de um ano Daí em diante, Dario disparou a balançar as rena reserva do Galo. A virada começou com a des, sendo artilheiro do Mineiro pela primeira contratação do técnico Yustrich, conhecido vez em 1969, com 29 gols marcados. No ano pelo jeito disciplinador, em 1969. seguinte, liderou mais uma vez a O treinador, que tinha passagens “Me preocupei artilharia, com 16 bolas no barbantanto em fazer te. Em 1972 e em 1974 foi novapelo futebol carioca, conversou com Dario assim que chegols, que não tive mente o goleador do Estadual, gou a Belo Horizonte, e ouviu tempo de aprender com 22 e 24 tentos anotados, um pedido do atacante. “Ele respectivamente. Nesse último a jogar futebol” já tinha visto a imprensa carioano, Dario assumiu isoladamente ca me elogiando, aí eu pedi a ele: ‘Acredita o posto de jogador que mais vezes foi artilheiro neles, Sr. Yustrich, por favor. Os caras aqui do Módulo I do Mineiro na história. me sacaneiam, dão bola de curva porque sabem que nem ela reta eu consigo dominar’”. Mesmo depois de demonstrar o faro de gol, Dario seguiu ouvindo dos companheiros que Até aquele momento, Dario não era utilizado era perna de pau, mas passou a responder nem entre os reservas. O treinador subme- com bom humor e irreverência. “Eles falavam e teu o atacante a treinamentos intensivos para eu era obrigado a escutar, porque realmente a aprimorar as finalizações. Até que em um tre- bola judiava de mim. Mas eu dizia a eles que me ino coletivo, Yustrich o escalou no time de re- preocupei tanto em fazer gols, que não tive temservas. “Os caras ficaram loucos com ele, me po de aprender a jogar futebol”. O centroavanchamaram de merda, me fizeram chorar de te disputou 290 partidas com a camisa do novo. Mas ele me manteve no time, e nós vira- Atlético e marcou 211 gols. 54


DADÁ MARAVILHA 926

GOLS

4x

ARTILHEIRO TO DO CAMPEONA MINEIRO

tricampeão na copa de 70


“Primo primeiro do diabo” Dario nasceu na cidade do Rio de Janei- Ainda antes de alcançar a maioridade, ro, no dia 4 de março de 1946. Conside- Dario foi detido várias vezes em função rado um dos maiores centroavantes da dos roubos e furtos que praticava na cihistória do futebol brasiledade do Rio. Em uma dessas oc“Um dia eu fui iro, foi campeão da Copa do asiões, decidiu mudar o rumo preso e o cara do da vida. “Um dia eu fui preso Mundo de 1970, no Méexército, cansado de e o cara do exército, cansaxico, e bicampeão brasileiro por Atlético-MG, me ver lá, me falou: ‘Eu do de me ver lá, me falou: em 1971, e Internacioacho que só matando ‘Eu acho que só matando nal, em 1976. Foram 926 você pra ter jeito’.” você pra ter jeito’. Eu comegols marcados com a camicei a chorar e falei que não ia sa de 16 times e da Seleção Brasileira fazer aquilo mais e que ficaria de bem com no decorrer de 20 anos. Entretanto, o a vida. Eu não era estudado, não tinha nem caminho até ele se tornar jogador profis- oitava série a já estava perto dos 18 anos, sional de futebol foi cheio de percalços. aí fui para o exército, único lugar que daria alguma coisa” E foi no exército que, por um Logo aos cinco anos de idade, viu a mãe acaso, ele chutou uma bola pela primeira cometer suicídio, jogando querosene e vez na vida, já aos 19 anos de idade. ateando fogo ao próprio corpo. O pai, sem condições de criar Dario e os outros “Eu nunca tinha jogado bola, até um amidois filhos, colocou-os na Fundação do go meu chamou pra jogar no quartel, e eu Bem-Estar do Menor (FEBEM). Foi lá que falei a ele que nunca tinha jogado bola. o garoto teve o primeiro contato com o Mas eu vendo aqueles caras jogando, demundo do crime. “Eu era assaltante, ban- cidi aproveitar das qualidades que adquiri dido, ladrão... Enfiava faca na bunda dos quando era ladrão: eu tinha uma velocioutros, pegava pedra, colocava no bol- dade incrível para correr da polícia e uma so e, com atiradeira, rachava a cabeça impulsão fenomenal pra pular muro e sudos outros. Eu era o primo primeiro do bir em árvore para roubar... Coloquei elas Diabo”, conta. no campo”, conta Dario.

A primeira chance como profissional É inimaginável que uma pessoa que teve o primeiro contato com uma bola de futebol aos 19 anos se tornaria jogador profissional. “Eu nunca pensei em ser jogador de futebol. Eu encostei numa bola com 19 anos. E tem cara que tem o dom. Não era meu caso, né?! Eu não sabia jogar porra nenhuma. Era um perna de pau de marca maior. Mas aí surgiu um 56

campeonato lá no quartel e eu, brincalhão que era, sugeri ao capitão que, se a gente ganhasse, ele daria sete dias de folga. O pior é que ele aceitou”, conta, aos risos. Você pode se perguntar: o que o torneio do quartel do exército tem a ver com a profissionalização do Dadá? Ele mes-


mo explica: “Quando o capitão aceitou minha proposta, eu pensei: ‘Tô na merda, eu não jogo nada’. Queria matar o meu amigo que me induziu a fazer aquilo, mas ele chegou pra mim e disse: ‘Do jeito que você corre, eu lanço pra você, você sai correndo, fecha o olho, dá um bicudo na bola e seja o que Deus quiser’. E deu certo... No primeiro treino pro campeonato aquela alma bondosa do sargento só viu meu lado bom. O lado

que eu adquiri quando era ladrão. Ele me disse: ‘Porra, menino, você corre muito, tem uma impulsão tremenda, só que é muito burro. Você dá de boca, de nariz, de orelha na bola, mas eu vou te treinar’. Ele começou a me ajudar, cruzando para eu cabecear e chutar. Aí começou o campeonato, fui artilheiro com 20 e tantos gols, minha seleção foi campeã e um cara me viu jogar, me levou pro Campo Grande. Lá eu virei profissional”.

“Dario não é nome de jogador…” Em uma época em que Edson Arantes era conhecido como Pelé, em que Manuel era o Garrincha e Eduardo Gonçalves era Tostão, Dario não via seu nome como algo sonoro e comercial. Em certo momento da carreira, ele decidiu mudar a maneira como era conhecido, decidiu adotar o apelido Dadá.

Dario com a camisa do Atlético, onde foi quatro vezes artilheiro do campeonato mineiro.

Segundo o jogador, a mudança de nome fez com que torcedores das torcidas rivais passassem a vaiá-lo a todo momento. Em jogo contra o Cruzeiro, com mais de 100 mil torcedores, Dadá foi chamado de “viado” e os xingamentos contornados com gols. O atacante fez os dois gols da vitória por 2x1 contra a equipe celeste. Após a partida, o atacante declarou: “Gente, não adianta xingar. A partir de hoje é Dadá. Eu fiz dois gols porque eu tava muito nervoso, agora eu já tô preparado pra ser chamado de Dario ou ‘viado’. Não tem problema, agora eu vou fazer 3 ou 4, não vou respeitar o Cruzeiro, vai ficar ruim pra vocês.”

Beija-flor “A paradinha do Dadá no ar ficou constatada, é sério. Depois de parar no ar, eu fazia um movimento que minha cabeçada parecia uma bomba. Treinei e me tornei o maior cabeceador da história do futebol. Se alguém me disser que tem alguém melhor no mundo, eu entro na justiça e processo”.

Peito de Aço “Foi o Vilibaldo Alves, narrador da Itatiaia, que me apelidou. Lançavam pra mim na altura do peito e eu não conseguia dominar, dava uma peitada nela. Aí os caras começaram a me chamar de peito de aço e eu assumi isso, virei ‘Dadá, o peito de aço’”.

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Tutorial da parada no ar 1. Flexione os joelhos esperando a bola; 2. Quando pular, jogue o corpo para trás, principalmente o pescoço; 3. Prenda a respiração; 4. Ataque a bola, não deixe que ela bata em sua cabeça; 5. Para cabecear, faça movimentos com a cabeça, o queixo no peito, ou o queixo no ombro.

Além dos gols, Dadá também foi autor de inúmeras frases de efeito, que, segundo ele, ficaram mais famosas até mesmo que seus gols, são frases que todo mundo fala pelas ruas:

“A lei do menor esforço é usar a inteligência”

“Mamão com açúcar” mor, “Faço tudo com aor” inclusive o am 58

“Não existe gol feio, feio é não fazer gol”

“Para toda problemática eu tenho a solucionátical”

“Garrincha, Pelé e Dadá têm que ser currículo escolar” “Dentro da área, para o artilheiro tudo clareia. Para o não artilheiro, tudo escurece”

“A área é o habitat natural do goleador. Nela, ele está protegido pela constituição. Se for derrubado é pênalti”

“3 coisas param no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá”


Foto: Marcos Paulo Rodrigues

Após a entrevista realizada em um shopping de BH, torcedores pararam para tirar foto com Dadá.

Ídolo de todas as torcidas

Segundo Dadá, se tornar ídolo só foi possível porque era brincalhão e, dentro de campo, sempre dava um jeito de acabar com os xingamentos: “A torcida me xingava, mas eu chegava e fazia gol, eles tinham que cair na real. Não tinha não como me chamar de ruim. Mas se eu não fizesse gols, eu estaria fudido. O que não era meu caso, lógico”.

Foto: Marcos Paulo Rodrigues

Uma das vontades de Dadá sempre foi ser ídolo de todas as torcidas e, segundo ele, esse feito foi alcançado, mesmo fazendo gols por onde passou: “Fiz 926 gols na carreira. Fui artilheiro por onde passei: Bahia, Inter, Sport, Náutico e Santa Cruz. Se você chegar em qualquer estado desses aí me chamando de feio, eles te matam, de tão ídolo que eu sou”.

Torcedores de outras torcidas também tietam o atacante.

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Calendário curto e os impactos

Foto: Marcos Paulo Rodrigues

às equipes do interior

Imersas em um ambiente de constantes trocas, comissões técnicas, como a da URT, também sofrem com o calendário curto.

Com um Campeonato Mineiro que se encerrou na primeira semana de abril, três, das nove equipes do interior, não terão calendário no segundo semestre de 2018, retornando às atividades somente na próxima temporada. Devido a esse calendário curto, os planejamentos dos clubes são baseados em poucos meses de jogos, o que afeta diretamente as equipes, comissões técnicas, e atletas, que em sua maioria, ficam sem atuar na segunda parte da temporada. Um levantamento feito pelo site GloboEsporte.com explicita o atual cenário do futebol brasileiro e mineiro. Segundo o estudo, para 71 % dos times da elite dos estaduais, o calendário de competições dura no máximo seis meses. Com isso, para muitos jogadores, o futebol apresenta-se como um “bico”, afetando diretamente o desenvolvi60

mento técnico, o preparo físico e consequentemente o nível dos jogos. Distante do glamour da Série A, Richelly, meia-atacante campeão da Libertadores com o Santos em 2011, é mais um exemplo de jogador que sofre com o calendário curto e com a instabilidade do futebol brasileiro. “Nesses dois últimos anos eu venho tendo problemas com lesões, o que somado à minha idade deixa os clubes com um pouco de receio. Como o mercado tem muitos jogadores, o segundo semestre fica ainda mais difícil, e nós ficamos condicionados a fazer um bom campeonato estadual para conseguirmos um contrato para o resto do ano. A gente tenta se concentrar ao máximo, mas às vezes durante os jogos vem aquela pressão de ter que jogar bem para ter um contrato no segundo semestre. Isso acaba me prejudicando um pouco”, destacou o


A inquietação de Richelly é embasada e justificada pelo planejamento das equipes do interior, que, em sua maioria, disputam em toda a temporada apenas o Estadual. Mesmo as que possuem calendário no segundo semestre têm o planejamento diretamente relacionado à primeira etapa do ano. “Hoje, os contratos são feitos na base do Campeonato Mineiro e dos resultados que esperamos. Assim, durante o Estadual nós já vamos estudando quais jogadores nós temos interesse em ficar, para depois negociar a extensão de contrato”, afirmou o ex-presidente da URT,

Foto: Marcos Paulo Rodrigues

meia-atacante que disputou o Campeonato Mineiro pelo Patrocinense.

Ex-presidente, Roberto Miranda, foi um dos principais responsáveis por levar a URT ao bicampeonato Mineiro do interior.

Roberto Miranda. Para a disputa da série D do Campeonato Brasileiro, a equipe de Patos de Minas manteve somente 14 atletas que defenderam o time durante o Campeonato Mineiro, 2 deles são atletas da base do time.

Vaga na Série D não é sinônimo de um bom calendário Conseguir uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, que é um feito almejado por muitos clubes do interior, não vem garantindo um segundo semestre recheado de jogos. Nesta temporada de 2018, por exemplo, das 68 equipes que iniciaram a competição nacional em abril, só 32 vão seguir no campeonato em junho e apenas oito (12%) em julho, quando se inicia as últimas fases do torneio.

Com isso, equipes como a URT, a Caldense e o Uberlândia, terão o planejamento diretamente afetado pelo modelo de disputa, impossibilitando às comissões técnicas e aos jogadores a estabilidade necessária de uma profissão. Dessa maneira, o infinito e viciado ciclo do futebol brasileiro vai se retroalimentando.

Taça Minas Gerais como alternativa? Foto: Divulgaçãi/Boa Esporte

Torneio tradicional no estado, a Taça Minas Gerais já foi uma importante competição às equipes do interior, que preenchiam parte do calendário com o torneio. O retorno da Taça – realizada 25 vezes – chegou a ser discutido no ano de 2017, mas a Federação Mineira de Futebol e os clubes não avançaram nas negociações.

Equipe de Varginha foi a última campeã da tradicional competição.

“A disputa da Taça não valeria a pena pra gente, pois teremos no segundo semes61


A última edição da Taça Minas Gerais ocorreu em 2012, entre 22 de agosto e 9 de dezembro. À oportunidade, o Boa Esporte se sagrou campeão, o que garantiu à equipe o direito de disputar a Copa do Brasil de 2013. “Depende muito para onde ela (Taça) vai dar vaga. Se for, por exemplo, à Copa do Brasil seria interessante. Disputar por disputar, no meu modo de ver, seria só mais uma despesa para o clube no segundo semestre. Nesse sentido, preferimos nos concentrar na próxima edição do Campeonato Mineiro, que nos dá mais retorno financeiro e de

visibilidade”, afirmou o diretor de futebol do Patrocinense, Diogo Cunha. Devido ao não acordo entre as equipes do interior e a Federação Mineira de Futebol, muitas equipes que poderiam ter na competição uma fonte de renda, veem o ano terminar ao fim do Campeonato Mineiro, seja da primeira divisão ou de módulos inferiores. Foto: Marcos Paulo Rodrigues

tre a Série D. Mas acho que para outras equipes do interior poderia ser interessante, desde que seja vantajoso financeiramente”, avaliou Roberto Miranda, ex-presidente da URT.

Meia teve poucas oportunidades no Estadual e não deslanchou com a camisa do Patrocinense.

Calendário curto e pouco investimento refletem-se na penúria salarial dos jogadores Como mais um sintoma do calendário curto e do baixo orçamento das equipes brasileiras, especialmente, as do interior, a penúria salarial é realidade para a maioria dos atletas que atuam no país. Pesquisa realizada pela Folha de São Paulo com os registros de jogadores profissionais no Ministério do Trabalho em 2016, aponta que o perfil do atleta brasileiro é aquele de quem tem contrato há 12 meses, e que recebe em média R$ 3.653 por mês. Em Minas Gerais, essa média salarial é um pouco mais elevada, superando R$ 5000 mensais. Mesmo com uma média salarial um pouco mais alta, a realidade oriunda dos curtos contratos e baixos salários se distancia da 62

vivenciada por atletas de clubes grandes. Extraoficialmente, por exemplo, cogita-se que o atacante Fred, do Cruzeiro, receba uma quantia de aproximadamente R$ 1 milhão por mês. Se for verídico, esse valor representaria uma quantia 20000 vezes maior que a média salarial dos atletas do Estado. Outro ponto destoante em relação aos atletas de equipes “menores”, é a duração do contrato do camisa 9, que é de três anos. Portanto, alimentados pelo sonho de serem jogadores de sucesso e com altos salários, mais de 90% dos atletas representam a realidade de penúria do futebol brasileiro, que é composta por um calendário curto, pouco apoio das federações, desemprego, e baixos salários.


A advogada de Noventa, então morador de Boston, cidade dos Estados Unidos, enviou uma carta à Nike, onde citava o jogador como uma “lenda viva” e pedia a abertura das negociações. A empresa, no entanto, decretou que o ex jogador é um completo anônimo por não ser encontrado nas primeiras páginas do buscador Google. “Nossa pesquisa extensiva no Google sobre o Sr. Carniero (sic) e seu apelido não encontraram qualquer referência sobre ele. Alguém deve esperar encontrar ao menos uma menção de um ‘legenda do esporte’ nos milhares de sites destinados ao seu esporte”. escreveu a Nike à representante do ex-jogador em dezembro de 2004. “Alguém deve esperar que um jogador brasileiro de classe mundial ao menos tenha competido numa liga profissional importante”, com-

pletou a empresa. O conteúdo das cartas foi revelado pelo jornalista Paulo Cobos no jornal Folha de São Paulo do dia 24 de fevereiro de 2008. Eliseu Soares/Folha Imagem

O ex atacante José Maria Carneiro, mais conhecido pelo apelido Noventa, entrou, no início dos anos 2000, com uma solicitação junto à Nike, para receber uma reparação da empresa fabricante de materiais esportivos. O motivo? Noventa acredita ter inspirado a empresa a batizar uma coleção de calçados e bolas de futebol, a Total 90. As chuteiras foram lançadas à partir de 2000, e a linha completa à partir de 2004 e chegaram a ser utilizadas por jogadores como Wayne Rooney, Roberto Carlos e até mesmo Lionel Messi.

Noventa, jogador não reconhecido pela Nike, exibe calçado da empresa.

Segundo a Nike, a nomeação da Total 90 vem dos noventa minutos das partidas de futebol e o nome em português foi escolhido pela dominância do esporte no Brasil e em Portugal. Em Minas Gerais, Noventa defendeu América-MG, Siderúrgica, Villa Nova (MG) e Atlético-MG. Ele ficou marcado por fazer parte do time que levou o Esporte Clube Siderúrgica, de Sabará, ao título mineiro de 1964, sendo o artilheiro do time na campanha, com 12 gols. 63


Time de aluguel Jogadores de renome “passam” pelo Tombense, mas nunca entram em campo pelo clube

Durante a trajetória profissional, o time alcançou importantes resultados em nível estadual - 4º lugar no Campeonato Mineiro 2015 - e em nível nacional – campeão da Série D em 2014. Atualmente, a equipe disputa a Série C do Campeonato Brasileiro.

Foto: Divulgação Tombense

Antes de se detalhar essa dinâmica, é importante destacar que o Tombense, clube centenário, situado na pequena cidade de Tombos (pouco mais de 8500 habitantes), se profissionalizou apenas em 1999. Nesta era profissional, teve, até o momento, apenas um presidente: Lane Gaviolle, empresário famoso na região da Zona da Mata, que coordena a equipe há quase 20 anos.

Foto: Divulgação Tombense

Já imaginou um time do interior de Minas ter atletas de renome vinculados à equipe? Essa realidade, que parece distante dos nossos clubes, está presente no Tombense há anos. Porém, de uma forma peculiar e passageira, que é ilustrada nos registros relâmpagos de atletas – em alguns casos, ficam menos de uma semana como jogadores da equipe.

Jogadores comemoram título da Série D. 64


Relação com Eduardo Uram e registros relâmpagos de atletas ria com o empresário com presidente do Tombense, Lane Graviolle, que é sócio de Uram na empresa Brasil Soccer - “agência” de atletas. O clube também se destaca pelos empréstimos de atletas a clubes de maior expressão, visando vendas e um “possível” lucro à equipe.

O clube mineiro também serviu como “cabide” à venda do zagueiro Thiago Silva (do Fluminense ao Milan, em 2009). Os jogadores mencionados representam uma das mais fortes características do clube, que é de servir como um “cabide” para registro de atletas – mesmo que isso não seja explicitado abertamente. Esse movimento de atletas - ligados ao Eduardo Uram - pode se justificar pela parce-

Foto: Eitan Abramovich / AFP

Mesmo com bons resultados dentro de campo, o Tombense chama a atenção, principalmente, pela “atuação” fora das quatro linhas, que é ilustrada pelo relacionamento do clube com o empresário carioca Eduardo Uram. O agente já foi responsável por vincular à equipe jogadores famosos, como os atacantes Willian (atualmente no Palmeiras), Aloísio (Meizhou Meixian Techand), Wellington (Shakhtar Donetsk), e Diego Souza (São Paulo). Nenhum deles vestiu a camisa do Tombense.

Presença constante na Seleção Brasileira, Thiago Silva já foi vinculado ao Tombense por alguns dias.

Fifa tenta inibir ações de empresários, que ainda têm grande poder no futebol Na tentativa de inibir as ações de empresários em clubes de futebol - como o Tombense -, em maio de 2015, a Fifa proibiu que investidores detivessem direitos econômicos de atletas. Desde então, em termos normativos, terceiros (empresários) “só” recebem recursos como intermediários de uma negociação, e, não mais, como detentores de direitos econômicos.

Mesmo com esse esforço de dificultar as atividades de investidores, em transações realizadas entre clubes brasileiros em 2016, empresários ficaram, oficialmente, com 26% das vendas (mais de R$ 18 milhões). Assim, o trabalho para limitar efetivamente as ações de agentes no futebol brasileiro, mineiro, e mais especificamente, no Tombense, ainda se apresenta como necessário e árduo. 65


Foto: Divulgação/FMF

União do interior e mudança no modelo de disputa

Reunião com representantes dos clubes definiu que mudança no regulamento, proposta pelo ViIlla Nova, é válida para os campeonatos de 2018 e 2019.

O Campeonato Mineiro de 2018 terminou e esse ano apresentou novidades no regulamento e na forma de disputa. A principal delas foi a introdução da fase quartas de final na competição, proposta pelo Villa Nova e aprovada por maioria em votação com representantes de todas os clubes. O modelo de disputa foi adotado graças à união dos nove times de fora de Belo Horizonte. O formato manteve 12 equipes na disputa da primeira fase, cada uma disputando 11 partidas. Os oito primeiros times se classificaram às quartas de final disputada em jogo único, com a vantagem de jogar em casa para os donos das melhores campanhas. Em caso de empate, a disputa de pênaltis definiria o dono da vaga na próxima fase, o que aconteceu somente no embate entre 66

Tupi e Tombense. As fases semifinal e final seguiram com jogos de ida e volta. Durante as fases de mata-mata, em caso de empate entre as duas equipes, a equipe com melhor pontuação na primeira fase seguia no campeonato, ou seja, o time de melhor campanha poderia até ganhar uma e perder outra partida, desde que pela mesma diferença de gols. Desde 2011, o campeonato vinha sendo disputado com 12 equipes, com quatro chegando às semifinais e dois rebaixados. Com relação aos rebaixados, a disputa continuou a mesma com relação às edições passadas. Democrata GV e Uberlândia foram as equipes com os piores desempenhos durante a fase inicial da competição.


Outras fórmulas de disputa já foram implementadas em campeonatos anteriores. No ano 2000, a 1ª fase foi disputada em 2 turnos por 8 clubes. Os 4 melhores classificados se juntaram a América, Atlético, Cruzeiro e Villa Nova na 2ª fase. Os dois últimos, por sua vez, foram rebaixados. Esses oito times dis-

CONDIÇÃO DE JOGO DE ATLETAS Para a disputa do campeonato, os clubes precisavam apresentar o registro dos atletas na FMF e o nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF, até o último dia útil anterior à partida, podendo ser inscritos até, no máximo, a partida das quartas de final.

putaram dois turnos, com decisão entre os 2 primeiros colocados. Em 2003, 13 clubes se enfrentaram em turno único, no modelo de pontos corridos. O Cruzeiro, maior pontuador, foi o campeão. Apenas o Nacional de Uberaba foi rebaixado.

Campeão do interior É considerado o Campeão do Interior o time com sede fora da capital mineira, com a melhor campanha em todo o campeonato. O Tupi, da cidade de Juiz de Fora, foi o único do interior a alcançar a fase semifinal e sagrou-se o Campeão do Interior de 2018. Se tivesse conquistado a final geral, levaria dois troféus para a cidade da Zona da Mata. Uma disputa especificamente para a definição do campeão do interior só aconteceria caso duas equipes do interior fossem eliminadas na fase semifinal.

Guarani e Tupynambás, campeão e vice do Módulo II, respectivamente, obtiveram acesso à elite do

Democrata e

Mineiro de 2019.

Uberlândia ficaram na 11ª e 12ª colocações, respectivamente e disputarão o Módulo II.

Estádios e mando de campo Ao início do campeonato, cada clube indicou o estádio para as partidas como mandante, além de estádios alternativos, desde que estes estivessem aptos a receber os jogos, apresentando os laudos de segurança; engenharia, acessibilidade e conforto; incêndio e pânico e de condições sanitárias e de higiene e sem a configuração de inversão de mando de campo.

Chamou a atenção, a possibilidade do VIlla Nova jogar em Belo Horizonte sem nenhuma restrição, mesmo contra os 3 clubes da cidade presentes no campeonato. Isso só aconteceu, devido ao veto da emissora detentora dos direitos de transmissão ao estádio da equipe, o Castor Cifuentes, e a proximidade entre Nova Lima, cidade sede da equipe, e Belo Horizonte. 67


Quanto custa manter um time do interior? Você já parou para pensar em quanto custa manter um time de futebol profissional? Manter as contas em dia não é nada fácil, principalmente para os times do interior do estado. No futebol, não se faz nada sem dinheiro e, para conservar o caixa em ordem, é possível apelar até para campanhas de financiamento e diversos tipos de programas de inclusão do torcedor ao clube. Além dos gastos provenientes dos salários de atletas, comissão técnica, demais funcionários e estrutura do clube, existem diversas taxas a serem pagas pelos clube. Para aqueles que estão começando, por exemplo, somente a taxa de filiação à federação tem o valor de 600 mil reais, segundo o código tributário da Federação de 2018. A taxa de reativação de uma associação profissional, 50 mil reais. Outras taxas também parecem abusivas quando observados os possíveis impactos nas receitas dos clubes. A renovação de licenciamento para clubes da primeira divisão, tem o valor de 5 mil reais. O registro de atletas, varia de 200 a 2.250 reais, a depender do salário do jogador e as taxas de transferência podem ser de 500 ou mil reais, se para dentro ou fora do estado, respectivamente, além de possíveis taxas relacionadas ao Tribunal de Justiça Desportiva e de vistorias das praças de esportes é no valor de 1.500 reais. Tantas despesas fazem com que algumas equipes busquem renda de diversas maneiras, como programas de sócios ou 68

Foto:Divulgação/Patrocinense

Venda de espaço de publicidade no uniforme é uma das principais fontes de receita dos clubes.

apoio de empresários para se manter ou retomar suas atividades. Esse foi o caso, por exemplo, do Clube Atlético Patrocinense. Após anos de inatividade, a retomada só foi possível devido ao apoio de diversos empresários da cidade de Patrocínio. “Nós fizemos um projeto com mais de 250 empresários, contribuindo com cem reais por mês, o que dá mais de mil reais no final do ano. Então, nós tínhamos mais de 250 mil reais e começamos a segunda divisão com dinheiro em caixa, ou seja, nós tínhamos estrutura para começar”, relatou Diogo Cunha, diretor de futebol do clube.


Foto:Divulgação/Tupi

Taça de Campeão do Interior ficou exposta em empresa parceira do Tupi de Juiz de Fora. No detalhe, a inscrição do patrocínio master do Campeonato Mineiro 2018.

Foto: Divulgação/Caldense

Outro possível complemento para a receita dos clubes é o dinheiro de bilheteria, que também é comprometido através da parte retida pela Federação. Em amistosos e jogos de torneios organizados pela FMF, 10 por cento da receita é destinado à instituição e em jogos organizados pela CBF, 5 por cento. Segundo Diogo Cunha a venda de placas de patrocínios no estádio e patrocínios de camisas, geram cerca de 30 por cento do investimento do time em todo o campeonato mineiro, o restante é obtido através da cota de TV, também defasada pelos impostos e taxas. “A cota é padrão nos clubes do interior, só que desconta muita coisa, só o dia que cair esse dinheiro que a gente sabe certinho. Para os clubes do interior, essa divisão é padronizada”. A renda resultante das cotas de TV tem valores diferenciados para os 3 clubes da capital e para os do interior do estado, com valor de cerca de 900 mil reais, sem as possíveis deduções.

Programa de sócios da Caldense faz com que o torcedor passe o dia como um jogador de futebol. 69


s), Uberlândia (44), Villa Nova (92 veze o as equipes do sã ) e Caldense (44 vezes participaram interior que mais o do Estadual. isã da primeira div , aparecem o Logo em sequência iodoce (43). ler Va Uberaba (43) e o

O maior campeão da história do Mineiro é o ex-goleiro João Lei te, que defendeu o Atlético entre as dé cadas de 1970 e 1990. Ele ergueu a taç a estadual em 11 oportunidades. 1976 – 1978 – 1979 – 1980 – 1981 – 1982 1983 – 1985 – 1986 – 1988 – 1991

Foto: Elcio Paraíso O Tempo

A edição de 1933 foi a primeira a contar com equipes que não fossem da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na ocasião, Tupi, Tupynambás e Sport – todos de Juiz de Fora – participaram do torneio.

Caldense e Ipatinga são os únicos campeões fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Veterana venceu em 2002, ano em que América, Atlético e Cruzeiro jogaram o Supercampeonato Mineiro. O Tigre, por sua vez, ergueu a taça em 2005, desbancando o Cruzeiro em pleno Mineirão.

Como o Campeonato Mineiro já teve várias fórmulas de disputa, Cruzeiro e Atlético de finiram diretamente o Estadua l em apenas 22 ocasiões. Nessas fin alíssimas, a Raposa levantou a taç a 13 vezes e o Galo 8, sendo que em 1956 o troféu ficou dividido entre as duas equipes.

Foto: Mourão Panda América

Foto: Divul gação

Fundado por funcionários da Vale, o Valeriodoce Esporte Clube carrega de maneira completa o antigo nome da mineradora (Vale do Rio Doce), que desde a década de 1940 possui atividades econômicas em Itabira.

Cruzeiro e Atlético são as únicas equipes do Estado que nunca foram rebaixadas à segunda divisão do Campeonato Mineiro.

Somente 6 jogadores venceram a Copa do Mundo enquanto defendiam times de MInas Gerais, a maioria na copa de 1970, no México. Naquela ocasião, Piazza, Tostão e Fontana, que defendiam o Cruzeiro, e Dario, jogador do Atlético, conquistaram o Tricampeonato Mundial. Os últimos jogadores dessa lista foram o volante Gilberto Silva, campeão da Copa do Mundo de 2002 e o então atacante do Cruzeiro Edilson, o Capetinha.

Foto: Divulgação Mineirão

velho a dor mais ineiro a in e tr O M taça do erguer a o Oliveira. Ele d il n o foi Giva mpetiçã tou a co conquis pelo América, de 2016 ha 67 anos. tin quando O Atlético é o clube qu e mais teve artilheiros. Já con tando com Ricardo Oliveira, que liderou o ranking de 2018 ao lad o de Aylon, foram 41 artilheiros ves tindo a camisa do Galo. O Cru zeiro vem na sequência, com 34.

O único jogador a marcar três gols em um mesmo jogo de decisão foi o uruguaio Hebert Revetria. O ex-atacante do Cruzeiro anotou o “hat-trick” na segunda partida da final de 1977, contra o Atlético. O clássico terminou 3 a 2, forçando um terceiro duelo, já que o primeiro tinha sido vencido pelo Galo, por 1 a 0. O confronto decisivo foi vencido pela Raposa, por 3 a 1. O time celeste conquistou, ali, o 22º título estadual.

O maior público presente do Campeonato Mineiro foi registrado no dia 22/06/1997. Na oportunidade, 132.834 torcedores foram ao Mineirão para acompanhar a final do Estadual entre Cruzeiro e Villa Nova.

O último derby do Campeonato Mineiro aconteceu em 2015. O confronto foi entre dois times de Patos de Minas. URT e Mamoré se enfrentaram no Zama Maciel, casa da URT mas, quem levou a melhor foi o Mamoré. No final, 1 a 0 para os visitantes. Outros confrontos entre times da mesma cidade também marcaram outras edições do Mineiro. Além dos times de BH, já se enfrentaram pelo campeonato Fluminense e Araguari, da cidade de Araguari; Nacional, Uberaba e Independente, de Uberaba; 13 de Maio e Arsenal, de Frutal; Bela Vista e Democrata, de Sete Lagoas; XV de Novembro e Uberlândia, de Uberlândia; Retiro e Villa Nova, de Nova Lima e Sport, Tupi e Tupynambás de Juiz de Fora. No campeonato mineiro de 2019, sem contar com os times da capital, outro derby já está garantido. Será em Juiz de Fora, Tupi x Tupynambás, devido ao acesso confirmado do Leão do Poço Rico.


ção Foto: Reprodu

Yustrich é o trein ador que conquistou o M ineiro por mais clubes diferentes . Em 1948, quan do comandava o Am érica, em 1952, foi campeão pelo At lético. Em 1964, levou o Siderúrgic a ao posto mais alto. Por fim, sa grou-se campeão com o Cruzeiro, em 1977.

dor que Levir Culpi é o treina o Mineiro. tou uis nq co s mais veze Atlético lo pe Ele é tricampeão ampeão bic e ) 15 20 e (1995, 2007 98). 19 e 96 pelo Cruzeiro (19

123.351 torcedores foram ao Mineirão no dia 04/05/1969 para assistir ao jogo Atlético x Cruzeiro. O jogo válido pelo Campeonato Mineiro registrou o maior público pagante da história da competição.

Foto: M Estad essias ão

Em 1932, vários clube s se desfiliaram da LMDT (Liga Mineira de Desportos Terrestres), protestando contra sup ostos favorecimentos ao Atlético e criaram uma nova liga - AMEG (Associação Mineira de Esportes Geraes). O Atlético foi o único clu be grande a ficar na LMDT e venceu seu cam peonato facilmente. Na outra liga, o Villa No va foi o campeão invicto - o primeiro de uma série de quatro títulos consecutivos.

ainda estão Dos jogadores que campeão ior ma o e, ad vid em ati uzeiro. Cr do , bio é o goleiro Fá eonato mp Ca o tou uis nq Ele co 2008, 2009, Mineiro em 2006, 2018. e 14 20 , 11 20

As maiores goleadas da história pertencem a Cruzeiro e América. Em 1927, o time celeste venceu o Alves Nogueira – da cidade de Sabará – por 14 a 0. No ano seguinte, o Alviverde venceu o Palmeiras BH pelo mesmo placar.

O primeiro gol televisiona do da história de Minas Gerais saiu em uma partida entre Siderúrgica e Villa No va. A partida aconteceu no dia 15 de jan eiro de 1956, transmitida pela TV Itacolo mi, no Estádio Sete de Setembro, atual Ind ependência. O gol foi marcado por Mic hel Spadano, centroavante do Siderúrgic a, que em um chute de longa distânc ia balançou as redes do Villa Nova. A par tida terminou com a vitória do Siderúrgic a por 2 x 1.

dor mais jovem Yustrich é o treina mpeonato Ca o tar a conquis s 31 anos, ao Mineiro. Em 1948, ao título, ica ér Am o ele levou um de 23 jej acabando com um . be clu do anos

Poucos jogadores conseguiram defender as camisas dos 3 prin cipais times de Belo Horizonte, como o atacante Fred e até mesmo o tam bém atacante Fábio Jr, que teve sua volta ao Cruzeiro cogitada no início de 2018. Outros exemplos de atletas que também defenderam as 3 equipes são o zagueiro Procópio Cardoso, os meio campistas Boiadeiro, Toninho Cere zo, Ilton Chaves, os atacantes Palh inha, Alex Mineiro e Alessandro e os goleiros Mussula e Juninho.

do Campeonato A edição de 2018 ilheiro” de todos art Mineiro teve o “pior piores. Aylon, do os tempos. Aliás, os , Oliveira, do Atlético América, e Ricardo o top o o da, dividind fizeram seis gols ca a pior marca era de , tes An g. kin do ran deu o Villa Nova em fen de Mancini, que redes adversárias 2011 e balançou as tunidades. or op em sete

Dadá Maravilha é o jogador que mais vezes foi artilheiro do Campeonato Mineiro. O exatacante do Atlético liderou o ranking de melhores marcadores em 1969, 1970, 1972 e 1974.

O Campeonato Mineiro de 1976 foi o campeonato disputado com o maior número de times. Foram 23 equipes na disputa que contou com um regulamento diferenciado. O Torneio foi dividido em duas partes; A Taça Minas Gerais e a Taça Governador do Estado. Por estar disputando a Libertadores, o Cruzeiro não disputou Primeira fase, Taça Minas Gerais, ele entrou diretamente nas semifinais contra o líder do grupo A ou B com menor pontuação; o líder de grupo com a melhor pontuação, foi direto para a final.

Desde a inauguração do Independência, em 1950, e do Mineirão, em 1965, Belo Horizonte só não recebeu jogos do Mineiro em 2010 e 2011, quando ambos estavam em reforma. América, Atlético e Cruzeiro mandaram a maioria dos jogos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, mas também no atuaram no Parque do Sabiá, em Uberlândia, e no Ipatingão, em Ipatinga.

Cruzeiro, Atlético, América e Caldense foram finalistas do campeonato em 1975, então classificaram-se automaticamente para a Taça Governador do Estado. Os outros 8 melhores clubes globais na Taça Minas Gerais também se classificaram para Taça Governador do Estado. As outras 11 equipes jogaram o Torneio Paralelo I.

O jogador que mais vezes balançou as redes em uma únic a edição do Mineiro é Ninão. Em 1928, o então atacante do Pale stra Itália marcou 43 gols. Ele também é dono da segunda melhor mar ca. Em 1929, foi artilheiro com 33 tentos anotados.

Na Era do Profissionalismo - a partir de 1933 -, apen as três treinadores foram tricampeões mineiro em sequência: Zé de Deus, pelo Villa Nova, em 1933, 1934 e 1935; Ilto n Chaves, pelo Cruzeiro, em 1972, 1973 e 1974 ; e Procópio Cardoso, no comando do Atlético, em 1978, 1979 e 1980.

O América é a equipe que conseguiu a maior sequência de títulos da história do Campeonato Mineiro (19161925). A façanha da equipe (decacampeonato) rendeu ao clube uma menção honrosa no “Guiness Book” (livro dos recordes), como a primeira agremiação da história do esporte mundial a conquistar a mesma competição por dez vezes consecutivas.


Maior ídolo do América e um momento histórico do futebol mundial

Foto: Site oficial do América

Consagrado com a camisa alviverde, Jair Bala substituiu Pelé após o milésimo gol em sua passagem pelo Santos.

De jogador a torcedor: Jair não esconde o amor pela equipe mineira, onde obteve maior destaque na sua carreira.

Para a maioria da torcida do América é o maior jogador da história do clube, o que foi demonstrado em uma enquete realizada pelo jornal Estado de Minas em 1996. Com 78 gols com a camisa do Coelho, Jair Bala é o sexto maior artilheiro da equipe. O meia-atacante também foi vitorioso em passagens por outros clubes, como Palmeiras, onde jogou ao lado de Ademir da Guia e participou da equipe campeã da Taça Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, em 1967, campeonato nacional da época. Posteriormente jogou no Santos, ao lado de Pelé. Com a camisa do alvinegro praiano participou do jogo do milésimo gol do Rei, substituindo-o após a marca ser atingida. 72

Capixaba, Jair começou jogando no Estrela do norte, time de Cachoeiro do Itapemirim, sua cidade natal. Após se destacar em um amistoso contra o Flamengo, foi levado para a equipe carioca. Foi lá que ganhou o apelido pelo qual ficaria famoso em um episódio curioso. Ainda juvenil na época, o meia afirma que tinha uma relação muito boa com William, funcionário do clube. Após uma partida foi ao escritório da equipe para pedir o “bicho” (valor de premiação) que havia sido combinado. William foi fazer uma brincadeira e pegou um revólver que tinha guardado e apontou para Jair, a fim de dar um susto no jogador. No entanto, ele não sabia que a arma es-


o Botafogo, o capixaba jogou ao lado de grandes nomes como Garrincha, Nilton Santos e Jairzinho. Para diferenciá-lo do seu xará, Gérson (outro craque daquela equipe) começou a chamá-lo de “Jair da bala”, o que posteriormente deu origem ao nome Jair Bala.

Foto: Acervo do Coelho

tava carregada, e quando apontou para o chão disparou acidentalmente, fazendo com que uma bala ricocheteasse no chão e atingisse a coxa do garoto. O ferimento não foi nada sério e os médicos acharam melhor deixar a bala alojada no corpo de Jair. Após ser transferido para

Jairzinho e Jair Bala no Botafogo.

Em 1965, Jair Bala jogou pela Seleção Mineira na partida de inauguração do Mineirão contra o River Plate, vencendo por 1x0. “O estádio estava lotado, a gente jogava com 90 mil pessoas naquela época”. Perguntado sobre os estádios atuais, com capacidade reduzida, ele é categórico: “Acho ruim, era gostoso quando tinha geral, era o maior barato. Tinha um torcedor do América que corria junto com a gente quando íamos pro ataque e quando a bola voltava também ia junto. Saía de campo mais suado que a gente, o cara era demais”.

Em 1964, o América trouxe o jogador do Botafogo. Em sua primeira temporada na equipe ele se destacou, sendo o artilheiro do campeonato com 25 gols (maior número de gols de um jogador do América em uma edição do Campeonato Mineiro). Apesar disso, não conseguiu chegar ao título, perdendo na final para o Siderúrgica. As lembranças daquele jogo permanecem vivas na memória do hoje senhor de 74 anos: “O Yustrich (técnico do Siderúrgica) queria jogar no Estádio da Alameda e não no Independência. Como o campo do Independência era maior e nosso time era mais jovem, seria melhor para eles jogar na Alameda, mas nossa diretoria aceitou. Eles estavam inspirados, tinham um jogador muito bom, o Noventa.” Apesar do gol de Jair, a partida terminou em 3-1 para a equipe de Sabará. 73


No mesmo ano de abertura do Mineirão Jair foi contratado pelo Comercial de Ribeirão Preto. Repetiu o bom desempenho do América e ajudou a levar a equipe à sua melhor classificação na história da primeira divisão do Campeonato Paulista (3º lugar), à frente do Santos de Pelé. Chamou a atenção do Palmeiras e foi contratado pela equipe alviverde. Lá jogou ao lado de nomes como Ademir da Guia, Didi e Leão e alcançou seu título mais importante da carreira, vencendo o Robertão. Mas o mais marcante ainda estava por vir.

Reprodução livre

Jair Bala chegou ao Santos em 1969. Naquele mesmo ano participaria de um momento histórico para o futebol mundial: substituiria Pelé após ele ter feito o seu milésimo gol na carreira. Os dias que antecederam aquela data até hoje estão vivos na memória do ídolo americano: “Ele estava

perto do milésimo e fomos jogar na Paraíba. Mas tavam querendo guardar o gol 1000 pra Bahia ou pro Rio. Aí depois que ele fez gol nosso goleiro machucou e colocaram ele pra defender pra não fazer mais”. Segundo Jair, a expectativa para chegar a essa marca era tão grande que até a torcida do adversário chegou a torcer por um gol de Pelé: “Contra o Bahia estava 1x0 para eles e ele pegou a bola, saiu driblando todo mundo e quando ela estava entrando o beque tirou, quase em cima da linha. A torcida deles queria matar o cara. Depois nós tabelamos e eu fiz um gol, mas ficaram achando que tinha sido ele”. No jogo seguinte, contra o Vasco, no Maracanã, Pelé finalmente atingiu a marca histórica. Depois foi substituído por Jair Bala. Naquela época, em entrevista, o craque santista chegou a afirmar que Jair era o seu parceiro ideal no time, ainda que o capixaba nem sempre jogasse de titular

Jair Bala (segundo agachado da esquerda para à direita) teve oportunidade de jogar ao lado de Pelé no Santos.

Em 1970, o América trouxe seu ídolo de volta. No ano seguinte ele ajudou o Coelho a conquistar o título mineiro invicto, superando o Atlético que seria campeão brasileiro naquele ano e o Cruzeiro de Tostão e companhia. Mais uma vez Jair Bala foi o artilheiro do campeonato e eleito o melhor jogador daquele que foi o primeiro Minei74

ro vencido pelo América na Era Mineirão. Dos 17 gols marcados no torneio, 5 foram de bicicleta, segundo ele próprio afirma. O mais memorável foi o da partida final contra o Uberaba, no Independência: “Foi um dos mais marcantes da minha carreira sem a menor dúvida. Foi de fora da área. O goleiro deu um soco na bola, ela bateu na


Após a sua última passagem pelo Coelho, Jair foi jogar no Paysandu em 1972. Aquela seria a sua última temporada como jogador, encerrando sua carreira ainda jovem, com 29 anos.

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minha frente e subiu. Como estava muito longe para cabecear, eu virei no ar, dei a bicicleta e fiz o gol do título”. Bem-humorado, o jogador enxergou semelhanças com o gol de bicicleta de Cristiano Ronaldo neste ano contra a Juventus: “A do Cristiano Ronaldo foi muito bonita também. Foi mais ou menos o estilo, só que o gol dele foi de dentro da área e o meu foi mais distante. Mas ele é fantástico, né?”.

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Trocando a chuteira pela prancheta A trajetória de Jair Bala no futebol também teve capítulos marcantes fora das quatro linhas. Em 1977, ele começou sua carreira de treinador no América. Como técnico também teria um currículo extenso. “Fui treinador de quase todos os times daqui do interior de Minas. O futebol era muito diferente da capital, porque aqui os caras sempre tiveram dinheiro. Mas fiz muitos times bons, fui campeão da Taça Minas Gerais várias vezes, também ganhei a Taça de Prata (antiga Série B do Brasileiro) com o Londrina.” No futebol mineiro treinou equipes como o Mamoré, Esportivo de Passos, Araxá, Uberlândia e o Valério, que foi o que mais marcou sua carreira na beira do gramado: “No Valério peguei um time caindo e coloquei entre os quatro finalistas do Mineiro. Pra ganhar da gente lá dentro não era fácil. Foi uma campanha sensacional”. Em 18 anos como técnico, lançou jogadores como Elivélton, Euller e Palhinha.

Mesmo aposentado dos gramados, Jair Bala continua ligado no futebol: faz parte da bancada democrática do programa Alterosa Esporte, da TV Alterosa. Assim como em seu período como jogador, continua sendo querido por onde passa. Conver-

sando sobre a sua carreira no prédio onde o programa é produzido, Jair era cumprimentado a todo momento. Respondendo com a simpatia e simplicidade de sempre, o ídolo americano mostra que ainda é um craque fora das quatro linhas. 75


Das glórias à penúria Bicampeão mineiro, Siderúrgica amarga mais de 20 anos sem vitória em compromissos oficiais

Quem passa hoje nos arredores do Estádio Praia do Ó, em Sabará, Região Metropolitana de Belo Horizonte, dificilmente imagina que o campo foi a casa de um time que representou a cidade em um torneio nacional em 1965 (Taça Brasil, que é o atual Campeonato Brasileiro da Série A). As marcas de abandono do Estádio, desapropriado pela Prefeitura de Sabará, simbolizam a atual situação do Esporte Clube Siderúrgica, que com dificuldades financeiras, não disputa a primeira divisão do Mineiro há 52 anos. ‘Abandonado’ pela principal patrocinadora (a antiga siderúrgica Belgo-Mineira, atual ArcelorMittal) em 1967, o clube de 87 anos, bicampeão mineiro (1937 e 1964), se dis-

tancia cada vez mais dos tempos áureos (década de 30 até a de 60) e da presença constante na elite do Estadual. Confira, a seguir, um pouco mais da história da tradicional equipe, e quais foram os principais fatores que resultaram na decadência do time que foi protagonista em competições estaduais, e, em até mesmo, nacionais.

Fundação da equipe e história do período de sucesso Fundado no dia 31 de maio de 1930, por funcionários da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, o Siderúrgica teve um grande apoio da empresa na formação do quadro de atletas profissionais e na construção do Estádio 76

Praia do Ó. O local sediou a primeira partida da equipe, realizada em agosto de 1930, contra o Alves Nogueira F.C. (equipe de Sabará que já foi extinta). À oportunidade, o Siderúrgica bateu o rival local por 5 a 4.


Alicerçada pela Belgo, a Tartaruga (mascote criado por Fernando Mangabeira, que escolheu o animal para representar o aço produzido em Sabará) alcançou o topo do futebol de Minas Gerais em 1937 – apenas sete anos após a fundação. À época, em uma campanha histórica, o time bateu o Villa Nova na final, levando o inédito título para Sabará. A equipe tinha como um dos principais destaques o meio-campista Paulo Florêncio, que cinco anos mais tarde, em 1942, se tornou o primeiro jogador atuando no futebol mineiro a ser convocado para a Seleção Brasileira.

Fotos: Divulgação/Siderúrgica

Estádio Praia do Ó em jogos na década de 60.

Equipe campeã do Mineiro de 1937. Com apoio da empresa multinacional, o Siderúrgica continuou figurando na elite do futebol mineiro, sendo vice-campeão do Estadual em 1936, 1938, 1941, 1950, 1952 e 1960. Em 1964, o time voltou a ser campeão mineiro, batendo o fortíssimo América-MG de Jair Bala por 3 a 1. A partida foi disputada no antigo Estádio da Alameda, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Durante a campanha que resultou no títu-

lo, a equipe de Sabará sofreu apenas uma derrota, por 1x0, em jogo contra o Cruzeiro. O gol do time celeste foi marcado pelo jovem Tostão - considerado, atualmente, um dos maiores ídolos da história da Raposa -, que seis anos depois (1970) se sagrou campeão do mundo com a Seleção Brasileira. A histórica equipe do Siderúrgica, bicampeã mineira, tinha como comandante o folclórico Dorival Knipel (Yustrich), e como uma das principais referências o atacante 77


Aldeir (marcou o primeiro gol da final contra o América-MG). Devido ao título do Campeonato Mineiro de 1964 - último Estadual realizado antes da inauguração do Mineirão -, o Siderúrgica teve o direito de disputar a Taça Brasil de 1965 (reconhecido pela

CBF como o atual Brasileirão). Pelo torneio, o time foi o primeiro clube de Minas Gerais a disputar uma partida interestadual no “recém-inaugurado” Mineirão. O confronto foi contra o Atlético-GO e válido pela primeira fase da competição. À oportunidade, a equipe de Sabará venceu o jogo por 3 a 1.

A Taça Brasil de 1965 foi organizada em regiões, sendo que os campeões de cada grupo se classificavam à próxima fase do torneio. Com a vitória sobre o Atlético-GO, o Siderúrgica se classificou à final da regional centro-sul. No primeiro jogo da final, a equipe de Sabará foi derrotada pelo Grêmio por 3 a 1, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre. No jogo de volta, o time mineiro empatou por 2 a 2, não se classificando às fases finais da competição. Mesmo com a derrota, a positiva participação no torneio nacional animou os torcedores. Mal sabiam eles que aquela seria a última exibição da equipe em uma competição de tamanha relevância nacional. Time bicampeão do Estadual em 1964 . 78

Fotos: Divulgação/Siderúrgica

Matéria destaca vitória do Siderúrgica em primeiro jogo oficial do Mineirão.


Fim do período de ouro Após o título mineiro de 1964 e a boa campanha na Taça Brasil de 1965, o Siderúrgica não teve uma boa participação do Estadual de 1966, sendo rebaixado à segunda divisão do Mineiro. O rebaixamento que marcou a última das 34 participações da equipe na elite do futebol

mineiro, gerou efeitos fortes ao clube. Com a queda de divisão e mudanças internas da Belgo Mineira, em 1967, a equipe de Sabará perdeu todo o apoio da empresa multinacional, o que levou à extinção do departamento profissional de futebol. O fato marcou o fim de uma era dourada e o início de um martírio que parece não ter fim à equipe de Sabará.

O retorno ao futebol profissional Após a desativação em 1967, o Siderúrgica passou a disputar a liga amadora de Sabará, voltando ao futebol profissional somente em 1993 - 26 anos após o fechamento do departamento de futebol - à disputa do Campeonato Mineiro da Segunda Divisão. Diferentemente dos anos de sucesso, em 1993, o Siderúrgica sofreu seis derrotas e empatou apenas um jogo no Mineiro, sendo eliminado precocemente da competição. Devido ao mau desempenho na segundona, o time se afastou novamente das atividades profissionais, sendo reativado somente em 1997 para a disputa da terceira divisão mineira. Na terceirona, o clube enfrentou

dificuldades, vencendo apenas dois jogos, que não foram suficientes para garantir o acesso. O último triunfo da equipe em um jogo oficial ocorreu justamente nesse campeonato, quando no dia 31 de agosto de 1997, o Siderúrgica bateu o Esportivo de Passos por 4 a 2. Desde então, já são mais de 20 anos sem vitória em compromissos oficiais. Com poucos recursos financeiros, o time de Sabará só voltou a disputar a terceira divisão em 2007. Após mais uma fraca participação, a equipe vem alternando a ausência no campeonato com participações (2011, 2012, 2015 e 2016) meramente ilustrativas.

Situação Atual “Hoje é muito caro e difícil fazer futebol”. Essa frase de Alexandre Sanches - ex-presidente do Siderúrgica, que há anos auxilia o clube voluntariamente - , representa o momento atual da equipe, que sem recursos para disputar até mesmo a terceira divisão do Estadual, busca alternativas de renda para voltar ao futebol. Para tentar superar essas dificuldades e voltar a figurar no cenário estadual, dirigen-

“Hoje é muito caro e difícil fazer futebol” tes do clube estão estudando propostas de empresários - em maioria do Estado de São Paulo - , que pretendem “investir” no clube. Em um possível cenários, empresários “usa79


Foto: Marcos Paulo Rodrigues

“A nossa ideia é empresariado, fazer um time de empresários, porque não tem outra saída. Hoje é muito difícil manter um

time de futebol. Uma taxa de arbitragem é R$ 4.000, R$ 5.000; sem falar de salário, concentração, campo de futebol. É muito difícil. Por isso, se tivermos uma proposta boa para o clube, com um contrato bem feito, podemos analisar e aceitar. Temos ciência que tudo tem que ser bem feito, pois tem muito empresário perigoso que cerca o futebol”, finaliza Alexandre. Foto: Marcos Paulo Rodrigues

riam” o clube para colocar os seus atletas, o que deixaria a equipe de Sabará, em certo ponto, refém de terceiros. Devido a esse perigo, e à complexidade envolvida, Alexandre Sanches garante que a equipe só aceitará uma proposta que não gere prejuízos futuros à equipe.

Com pouco auxílio do poder público, tradicional Estádio Praia do Ó representa as dificuldades enfrentadas pelo Siderúrgica.

Paulo Florêncio Um dos destaques do Siderúrgica no título do Mineiro de 1937, Paulo Florêncio completaria 100 anos neste ano. Mais precisamente, no dia 26 de junho. O meiacampista centenário entrou para a história do futebol mineiro em 1942, quando se tornou o primeiro jogador atuando em Minas a ser convocado à Seleção Brasileira. À época, Paulo Florêncio vestiu a camisa da seleção em dois jogos do SulAmericano de 1942.


Ingresso da final do Mineiro de 1964, entre Siderúrgica e América.

Em carta enviada em 1949, o Goiás pede ajuda financeira ao Siderúrgica para a construção do Estádio Hailé Pinheiro. Equipe de Sabará era reconhecida pelo grande poder financeiro.

Matéria sobre Paulo Florêncio, que foi o primeiro jogador atuando no futebol mineiro a ser convocado à Seleção Brasileira.

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ESAB: ascensão meteórica, presença de

Fonte: esab.com.br

selecionáveis e fim do time-empresa

Além do Siderúrgica, o futebol mineiro abrigou, no Século passado, outros times-empresa. O principal deles foi o ESAB Esporte Clube, fundado no dia 1º de março de 1970. O nome era o mesmo da empresa especializada em equipamentos para soldagens e cortes em metais, de origem sueca e com filial em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O clube, no início, era, na verdade, apenas um time de funcionários da ESAB que se juntaram, de maneira despretensiosa, para disputar partidas amistosas no futebol de várzea e entretenimento nas horas vagas. O projeto, no entanto, ganhou contornos profissionais nas mãos do sueco Leif Gronstedt, então diretor da empresa. Os funcionários foram até Leif pedir um jogo de uniformes 82

para vestirem durante as partidas. Após a simples solicitação, o europeu, apaixonado por futebol, convenceu os demais diretores a investirem de vez no time, arcando com as despesas de transporte e fazendo a contratação de um técnico. Assim, o time de operários, tornou-se um clube de futebol. No início, somente funcionários da ESAB continuaram podendo defender o clube. A empresa começou então a admitir profissionais que tinham “intimidade” com a bola. No entanto, rapidamente começou a aceitar jogadores que não trabalhavam na empresa. Entre os principais nomes que defenderam o clube estão o volante Oldair, ex-Atlético Mineiro, e os atacantes Evaldo e Natal, ex-Cruzeiro, que vestiram, também, a camisa da Seleção Brasileira.


Em 1974, o ESAB chegou à elite do Campeonato Mineiro, competição a qual ainda disputou em 1975 e 1976. Em 1975, teve o melhor desempenho, ao decidir o segundo turno contra o Cruzeiro. Dois anos após a última participação no principal torneio estadual, o clube fechou

Evaldo Nascido no interior do estado do Rio de Janeiro, o atacante Evaldo iniciou a carreira profissional no Fluminense - RJ. O principal momento da carreira foi no Cruzeiro, onde jogou por oito anos, erguendo os troféus da Taça Brasil de 1966 e da Copa Libertadores de 1976. Pela Seleção, conquistou a medalha de ouro no Pan-Americano de 1963.

as portas. De acordo com informações históricas contidas no site da empresa sueca, o fim do ESAB Esporte Clube aconteceu pelo fato de o crescimento repentino ter começado a exigir muita dedicação dos dirigentes, que precisavam dividir o tempo entre as atividades da organização e do time de futebol.

Oldair Volante de ofício, Oldair era polivalente. Jogava, também, como zagueiro e lateral. Ele foi revelado no Nacional - SP e passou ainda por Palmeiras, Fluminense e Vasco, antes de chegar ao Atlético Mineiro. Com a camisa do Galo, conquistou como capitão o título do Campeonato Brasileiro de 1971. Oldair vestiu a Amarelinha em 1966, mas não foi convocado para disputar a Copa daquele ano.

Natal Habilidoso e rápido, Natal foi um autêntico ponta-direita, posição extinta - pelo menos em nomenclatura - do futebol. Revelado nas categorias de base do Cruzeiro, fez parte de uma geração vitoriosa do clube, que conquistou a Taça Brasil de 1966, ao bater o Santos de Pelé. Natal foi convocado algumas vezes para a Seleção Brasileira, mas não chegou a disputar nenhuma Copa do Mundo.

A sede que custou um cartão e quase metade do salário Na 5ª rodada do Campeonato Mineiro de 1975, o ESAB foi até Uberaba enfrentar o time da cidade. O duelo terminou com vitória da equipe de Contagem por 3 a 2. Um dos destaques do jogo foi o ponta-direita Natal. No entanto, daquela vez, não por sua velocidade ou habilidade costumeira, mas sim por um sabor que ele sempre assumiu gostar, mesmo enquanto ainda calçava as chuteiras de forma profissional: a cerveja. É ele mesmo quem explica a história. “Fomos jogar em Uberaba, às 11h, num calor do caralho. Aí os caras estavam na arquibancada, enchendo o saco. E com nosso time ganhando o jogo é que

começaram a pegar no pé mesmo. Aí cheguei na beirada do gramado e um torcedor do Uberaba me chamou e disse: ‘Natal, eu sou atleticano e te odeio, vá se foder’. Além de falar, ele ainda jogou uma lata de cerveja no meu peito. Ela bateu geladinha em mim e caiu até espumando. Eu olhei pra ela, geladinha e eu num calor daquele... Peguei ela do chão e bebi o que sobrou, sem pensar duas ve-zes! O juizão chegou pra mim e perguntou: ‘Preciso te mostrar o vermelho?’. Fui expulso, o Mister Leif entrou no vestiário e falou na frente de todo mundo que ia descontar 50% do meu salário. Depois, no dia do pagamento, ele disse: ‘Vou nada, você é o melhor do nosso time’”. 83


A força que vem das arquibancadas Máfia Azul? Galoucura? Em Patos, a TOPA mostra que o interior do estado não fica para trás quando o assunto é torcida organizada. Quando se fala em festa nas arquibancadas, é quase inevitável pensar nas torcidas organizadas. Depois da criação dos grandes estádios no Brasil, elas foram se popularizando, e hoje estão espalhadas por todo o país. Ainda assim, apenas as dos principais centros são reconhecidas. Mas esse fenômeno não é exclusividade dos times de maior expressão. Prova disso é a TOPA (Torcida Organizada Poeira Azul), da URT, que há 27 anos acompanha cada passo da equipe de Patos de Minas.

Foto: Arquivo pessoal/Diogo Rodrigues

No dia 16 de maio de 1991, Élton e Zé Raspador, dois torcedores apaixonados pela URT,

tiveram a ideia de promover ações de incentivo ao seu clube do coração. Após uma reunião na própria arquibancada, decidiram dar início ao que se tornaria a TOPA. O grupo começou com cerca de 40 membros, um dos quais era Geraldo Rocha, 61 anos, que até hoje acompanha a agremiação, até mesmo em jogos fora da cidade. Ele ainda lembra das dificuldades que a torcida enfrentava no início: “Naquela época era muito difícil, porque os clubes do interior não tinham nada. Mesmo assim, a diretoria sempre nos apoiou. Os políticos também nos cediam ônibus e a gente acompanhava a URT onde ela fosse”.

A torcida cresceu e se tornou uma das principais organizadas do interior de Minas.

Como qualquer outra, a TOPA também possuía seus rivais. Nos seus primeiros anos, no entanto, essa rivalidade em muitos casos não era nada saudável. Curiosa84

mente, Geraldo afirma que os confrontos que eram mais propensos a ter brigas não eram os clássicos com o Mamoré, principal rival da URT, mas principalmente com o Pa-


trocinense e o Uberlândia. Mas um episódio que o marcou aconteceu em jogo contra o Sapo: “Teve uma briga quando a gente estava saindo do estádio do Mamoré. A gente tinha ganhado de 1x0 e éramos um grupo de cinco. Aí três caras deles nos cercaram e falaram que iam nos pegar. Um menino da torcida do Goiás que estava com a gente falou que podia deixar com ele. Bateu nos três sozinho e botou eles pra correr”. Esse histórico violento presente principalmente na década de 90 deixou a

torcida com uma imagem de ser muito agressiva, segundo conta o atual presidente da agremiação, Igor Cunha. Mas ele afirma que isso não era uma exclusividade da TOPA: “Quando eu assumi a torcida essa era a nossa imagem, mas as outras também eram. A gente tinha uma rivalidade, por exemplo, com o Patrocinense, que chegava a ser sangrenta. Então a primeira coisa que eu fiz foi mudar isso. Hoje temos um ótimo relacionamento, de uma ir no aniversário e na sede da outra”.

Amor à primeira vista A história de Igor com a URT começou na adolescência. Natural de Ipatinga, ele é de uma família com raízes em Patos de Minas. Após a separação de seus pais, foi morar em Patos em 2003, com 14 anos. O primeiro amigo que fez na cidade era torcedor do Mamoré e, ironicamente, isso fez com que o primeiro jogo em que ele foi no estádio na cidade fosse na torcida da equipe alviverde, logo em um clássico local. “Não conhecia nenhum dos times. Quando chegamos tinha uns tapumes e não dava pra ver a torcida da URT. Mas lá era uma confusão, uma gritaria o tempo inteiro, enquanto os torcedo res do Mamoré ficavam sentados o tempo todo”, conta. Os momentos decisivos para a sua vida como torcedor foram os dois gols da partida, segundo relata: “O Mamoré fez um gol, aí todo mundo levantou, aplaudiu e depois voltou a sentar. Aos 44 do segundo tempo, a URT empatou. Começaram a invadir o campo, a fumaça azul subindo, o estádio veio abaixo. Foi quando eu virei pro meu amigo e falei que estava no lugar errado, que o meu lugar era no lado de lá”. No jogo da volta, Igor decidiu ir na torcida da URT, mesmo sem conhecer ninguém, em pleno estádio do Sapo. Comprou uma camisa da equipe, resistiu aos comentários dos torcedores do rival e foi ao estádio. Desde então, nunca mais perdeu nenhuma partida do clube em Patos de Minas.

Em 2017, Igor voltou a assumir o cargo de presidente. O início desse trabalho foi motivador para o ipatinguense, que também estava otimista com a equipe para o ano de 2018: “Cara, eu peguei um tempo da URT em que Cruzeiro e Atlético vinham aqui para buscar o empate. Depois peguei uma época muito ruim. Agora estou pegando uma época boa de novo, tem muita gente boa na diretoria. Participo das reuniões do Conselho, sou conselheiro, e o projeto é de chegar à Série B em 5 anos”.

A rotina dos membros da TOPA nos períodos ativos do time é de total dedicação à torcida. Em semanas de jogo no domingo, os preparativos já começam na sexta-feira. No dia da partida, os torcedores chegam na sede, que fica ao lado do estádio Zama Maciel, às 7 horas. Começam a preparar o material para a festa nas arquibancadas desde cedo, se concentram no local mesmo, e só encerram os trabalhos por volta de 23 horas ou até mesmo meia-noite. 85


como servente no estádio… Tudo de graça, por amor ao clube. Para ele, essa participação dos torcedores no cotidiano do clube é uma característica mais forte no interior. Foto: Marcos Paulo Rodrigues

Um dos que mais vive essa paixão é Tiago Bento, o Bocão. Com 34 anos, ele acompanha a equipe desde os 6 ou 7. Já trabalhou de massagista, já foi gandula, roupeiro, ajudou na pintura, trabalhou

Bocão (de boné azul e camisa branca) é um dos que acompanham a URT dentro e fora de Patos. Na imagem, a TOPA se reúne na entrada do Independência.

Bocão concorda com a projeção exposta pelo presidente da torcida: “Essa marca é forte, é grande. Hoje no Brasil todos conhecem a URT, o clube está crescendo, evoluindo. Nós temos futebol, diretores trabalhadores e a torcida merece. Hoje merecemos uma Série B do Brasileiro”.

ano, então é difícil. O lazer do brasileiro é futebol. Então o pessoal tinha que ter o segundo time, da Série A. Eu sou cruzeirense por causa do meu avô, que foi diretor do clube e jogou na equipe profissional de bocha do Cruzeiro. Mas falou que é contra a URT acabou”.

Perguntado sobre o Mamoré, ele deixa claro que a rivalidade é aflorada na cidade: “É eles lá e nós aqui. Não dá certo não. Ano passado perdemos pra eles em um amistoso, mas não queremos revanche, deixa eles na segunda e nós aqui na primeira”.

Assim como em Patos, a TOPA também marca presença nos jogos do Trovão em outras cidades. No jogo contra o Atlético, no Independência, por exemplo, a torcida foi acompanhar o time de perto. Bocão fala da relação da torcida com as organizadas da capital: “Geralmente nós ficamos junto com os meninos da Máfia. É tudo azul, né, sem problema nenhum. Mas contra o Galo a gente fica num canto e eles no outro”. Apesar de sua fala, ele e os outros integrantes da TOPA foram muito bem recebidos em Belo Horizonte pela torcida do Atlético. Após a partida, que terminou em vitória alvinegra por 1x0, puderam caminhar livremente entre os atleticanos, sendo parados por

Mas a TOPA também possui alianças. Uma delas é com a Máfia Azul. Não é à toa que muitos dos seus membros, como Igor e Bocão, afirmam ter o Cruzeiro como segundo time. A prática de adotar um time da primeira divisão nacional como segunda equipe é bem comum na cidade. O presidente da torcida fala um pouco sobre isso: “A URT funcionava só três meses durante o 86


torcedores que queriam tirar fotos e cumprimentá-los pela boa partida da URT. Em certo momento foram até aplaudidos por um grupo de alvinegros satisfeitos com o resultado e com o futebol apresentado pelas equipes no jogo. Uma cena bonita de se ver, que aumentou ainda mais o orgulho dos membros da TOPA pela sua torcida e seu clube. Em um cenário no qual as torcidas organizadas estão com uma reputação muito ruim pelas atitudes de uma minoria, é importante dar espaço para essas situações, que podem ajudar a acabar com esse estigma e servir de estímulo para o torcedor que entende o verdadeiro espírito do futebol.

Torcedores de Atlético e URT tiram fotos juntos após a partida.

Organizadas do Mineiro 2018 Confira algumas das principais organizadas dos clubes participantes do Módulo I no campeonato deste ano:

América

Torcida Desorganizada Avacoelhada

Democrata-GV Torcida Pantera Cor de Raça

Fundação: 1988

Fundação: 1988

Atlético

Patrocinense

Grêmio Cultural Recreativo Torcida Organizada e Escola de Samba Galoucura - Fundação: 1984

Boa Esporte

Mancha Grená Fundação: 1991

Tombense

Fúria Tricolor

TORTO (Torcida Organizada Tombense)

Fundação: 2011

Fundação: 2009

Caldense

Tupi

Torcida Lama Verde

Torcida Organizada Tribo Carijó

Fundação: 1997

Fundação: 2006

Cruzeiro

Uberlândia

Máfia Azul Cru-Fiel Floresta

Torcida Organizada Inferno Verde

Fundação: 1977

Fundação: 1982


Venezuelano garçom e uruguaio carrasco:

“gringos” protagonizam Mineiro

O Campeonato Mineiro 2018 teve, entre os protagonistas, dois jogadores estrangeiros: o meia Otero, do Atlético, e o atacante Arrascaeta, do Cruzeiro. O venezuelano do time do Galo ficou conhecido no futebol brasileiro em função da maneira como bate na bola, principalmente em cobranças de faltas e escanteios. E foi exatamente assim que ele causou estrago à defesa da Raposa no primeiro jogo da final do Estadual. A partida de ida da decisão, no Independência, terminou com vitória alvinegra por 3 a 1, e Otero foi o responsável pelas três assistências que terminaram em gols do Atlético. A primeira surgiu de uma falta pela direita, que Ricardo Oliveira completou com a perna direita para as redes. No segundo tento do Galo, Otero bateu escanteio com a perna esquerda e Adilson desviou na primeira trave para o gol. O terceiro saiu com a bola rolando. O venezuelano cobrou escanteio para Cazares, que devolveu de primeira para ele cruzar e Ricardo Oliveira novamente marcar. No total, foram seis assistência de Otero em 12 partidas do Campeonato Mineiro. Ele terminou o torneio como líder do ranking.

Rómulo Otero nasceu na cidade de Anzoátegui, na Venezuela, em 9 de novembro de 1992. Ele foi formado nas categorias de base do Caracas. No entanto, foi no futebol chileno, com a camisa do Huachipato, que chamou atenção do Atlético, que o contratou em julho de 2016. O meia conquistou o Mineiro de 2017 e, em 25 jogos do Estadual, marcou três gols. Foto Ramon Lisboa/EM/D.A. Press

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Se Otero foi carrasco do Cruzeiro no primeiro jogo da final, Arrascaeta pode ser considerado o principal jogador da decisão como um todo. No jogo em que o venezuelano deu três assistências, o atacante da seleção uruguaia entrou na vaga de Rafinha, no intervalo, e fez o único gol celeste naquele confronto. Tento este que garantiria, na volta, o título à Raposa. Nos 90 minutos finais da decisão, Arrascaeta começou como titular e, logo aos três minutos, abriu o placar para o Cruzeiro, ao aproveitar, de cabeça, cruzamento feito pelo lateral-direito Edilson. No segundo tempo, Thiago Neves marcou o segundo e deu números finais ao jogo, garantindo o título ao time celeste. O atacante uruguaio disputou 13 partidas e marcou quatro gols neste Estadual, dois a menos que os artilheiros Ricardo Oliveira, do Galo, e Aylon, do América. Foi o primeiro título mineiro em quatro anos de Arrascaeta no Cruzeiro.

Giorgian De Arrascaeta nasceu no dia 1º de junho de 1994, na cidade uruguaia de Nuevo Berlín. Revelado nas categorias de base do Defensor, ele apareceu no cenário sul-americano justamente diante do Cruzeiro, na fase de grupos da Libertadores de 2014. Naquele ano, o modesto time de Montevidéu chegou às semifinais da competição. O Cruzeiro o contratou no início de 2015. Foto: Pedro Vale/AGIF


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O lateral-esquerdo Cincunegui é outro “gringo” que foi ídolo em Minas Gerais. Nascido em Montevidéu, no Uruguai, o jogador fez história no Atlético no início da década de 1970. Conquistou o Mineiro de 1970 e o Brasileiro de 1971. Foram 194 jogos pelo Galo e um gol marcado.

Foto: Reprodução/José Renato Santiago

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Apenas dois estrange iros disputaram o Mine iro 2018 por equipes do int erior. O paraguaio Ne lson Ruiz, pelo Boa Esporte, e o argentino Leandro Chaparro, pelo Uberlân dia. No entanto, nenh um dos dois teve sucesso. Ruiz entrou em campo três vezes, enquanto Ch aparro sequer atuou no Estadual. Na Caldense , tinha, ainda, o brasile iro naturalizado búlgaro Ma rquinhos. Ele jogou 11 temporadas no país eu ropeu e foi ídolo do CS KA Sofia e do Lokomotiv Sofia. No time de Poços de Caldas, no entanto, pa rticipou de seis jogos do Mineiro e não marcou gols.

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esquerdo Conhecido pela raça, o lateraldo entre bra lem e ent tem stan Sorín é con saram pas já os maiores da posição que Buenos em ceu nas pelo Cruzeiro. Ele, que stou o qui con ina, ent Arg da Aires, capital 9. Mineiro em 2004 e 200

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Roberto Perfumo, zagueiro argentino nascido em Sarandí, era conhecido como marechal em campo. Revelado nas categorias de base do River Plate, ele conquistou os Mineiros de 1972, 1973 e 1974 com a camisa do Cruzeiro. Perfumo disputou a Copa do Mundo em duas oportunidades, em 1966 e em 1974.

Ortiz era o goleiro do Atlético no jogo em que Revétria, Uruguaio ex-Cruzeiro, marcou três gols, na final de 1977. O arqueiro , nascido na cidade argentina de Santa Fé, fico u marcado por se envolver em polêmicas, mas , não só por isso. Campeão mineiro em 1976, ele foi o primeiro goleiro a marcar gols com a cam isa do Galo. De acordo com o site Galo Digital, em 100 jogos, Ortiz balançou as redes adversá rias sete vezes.

Além de Ortiz, o Atlético teve outro goleiro estrangeiro que foi importante em sua história: o uruguaio Mazurkiewicz. Ele jogou com a camisa alvinegra entre 1972 e 1974, sem conquistar nenhum Campeonato Mineiro. O uruguaio foi contratado pelo Galo dois anos depois de disputar a Copa do Mundo por seu país e ficar conhecido pelo gol que não tomou de Pelé durante o Mundial. O camisa 10 da seleção brasileira deu um lindo drible em Mazurkiewicz sem tocar na bola, mas acabou finalizando para fora. Foto: Repr

odução


Longas distâncias são adversários implacáveis no Campeonato Mineiro Doze clubes espalhados por 10 cidades do estado de Minas Gerais, que tem uma área de 586.528 km². Além das dificuldades técnicas, as longas distâncias percorridas no quarto maior estado do Brasil são outra dificuldade enfrentada a cada rodada do campeonato estadual. São viagens que exigem muita preparação e planejamento de todos os clubes participantes: os deslocamentos, na maioria das vezes, são feitos de ônibus e, em alguns casos, passando até por outros estados. A média de distância percorrida pelos times durante o Campeonato Mineiro de 2018 foi de 4.145 km. Aliado a isso, o calendário reduzido desta edição fez com que alguns times optassem por fazer viagens com 3 dias de antecedência dos jogos. A URT é um exemplo. Segundo o então presidente do clube, Roberto Miranda, em dezembro de 2017 o time de Patos de Minas já havia planejado todas as datas para o Campeonato Mineiro, com chegada marcada com antecedência, visando a recuperação e preparação de todos os atletas: “O estado de Minas Gerais é imenso, muito grande perto de outros estados. A gente já fez um planejamento de todos os jogos, já temos a logística de que dia e que horas vamos sair. Como não temos muitos aeroportos e os voos diretos são só pra BH, a

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gente já tem um sistema de logística todo pronto para as viagens”, afirmou o presidente Neste Campeonato Mineiro, alguns dados chamam atenção com relação às distâncias percorridas pelos clubes. A equipe que menos viajou foi o América. Foram aproximadamente 2.650 km percorridos nas 11 rodadas da fase inicial. A baixa quilometragem, principalmente se comparada com times do interior, é resultante do grande número de jogos em Belo Horizonte. Entre partidas como mandante e visitante, 7 foram disputadas na capital. Do lado oposto está o Uberlândia. A equipe do Triângulo Mineiro foi quem mais rodou, percorreu aproximadamente 6.393 km. O time fez três das quatro maiores viagens deste campeonato, com distâncias estimadas de787 km para Juiz de Fora, 896 km para Tombos e 851 km para Governador Valadares. Quanto ao time alviverde, outra peculiaridade pode ser notada nos deslocamentos da equipe. Por duas vezes, o time teve que sair de Minas Gerais para disputar partidas deste campeonato. Para os jogos em Varginha, contra o Boa Esporte, e em Poços de Caldas, contra a Caldense, o caminho mais curto passava por um longo trecho no estado de São Paulo.


DISTÂNCIA PERCORIDA PELOS CLUBES *Distâncias aproximadas, obtidas através da soma da quilometragem percorrida pelos times na disputa do Campeonato Mineiro. Quando um time jogou duas partidas fora de casa, foi somada a distância entre as duas cidades. Esse valor inclui a distância percorrida na saída dos times que jogaram a primeira rodada e a volta dos times que jogaram a última fora de casa.

América Atlético Boa Esporte

2.671 km 3.142 km 3.406 km

Caldense Cruzeiro

4.385 km 2.904 km

Democrata

4.907 km

Patrocinense Tupi

4.557 km 3.318 km

Tombense

5.574 km

Uberlândia

6.393 km

URT Villa

4.783 km 3.686 km

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Concentração de clubes por cidades de Minas Gerais Quanto maior o círculo, maior a quantidade de clubes que participam ou já participaram do módulo I do Campeonato Mineiro.

18 clubes

5 clubes 1 clube

Zona da mata Ipiranga - Manhuaçu Manchester-Tupi - Juiz de Fora Nacional - Muriaé Ribeiro Junqueira - Leopoldina Sport - Juiz de Fora Tombense - Tombos Tupi - Juiz de Fora Tupynambás - Juiz de Fora

SUL e sudeste Alfenense - Alfenas Atlético de Três Corações Boa Esporte - Varginha Caldense - Poços de Caldas Esportiva - Guaxupé Esportivo - Passos Flamengo - Varginha Minas E. C. - Boa Esperança Paraisense - São S. do Paraíso Pouso Alegre - Pouso Alegre Rio Branco - Rio Branco Trespontano - Três Pontas Tricordiano - Três Corações


norte de Minas Ateneu - Montes Claros Cassimiro de Abreu - Montes Claros Funorte - Montes Claros Montes Claros - Montes Claros

Região Metropolitana de Belo Horizonte Aeroporto - Belo Horizonte Alves Nogueira - Sabará América - Belo Horizonte Asas - Lagoa Santa Atlético - Belo Horizonte Bela Vista - Sete Lagoas Calafate - Belo Horizonte Carlos Prates - Belo Horizonte Christovam Colombo - Belo Horizonte Cruzeiro (Palestra) - Belo Horizonte Democrata - Sete Lagoas ESAB - Contagem Grêmio Ludopédio - Belo Horizonte Guarany - Belo Horizonte Lusitano (Corinthians) - Belo Horizonte Meridional - Conselheiro Lafaiete Metalusina - Barão de Cocais Minas Boca - Sete Lagoas Palmeiras - Belo Horizonte Pedro Leopoldo - Pedro Leopoldo Progresso - Belo Horizonte Renascença - Belo Horizonte Retiro - Nova Lima Santa Cruz - Belo Horizonte Sete de Setembro - Belo Horizonte Siderúrgica - Sabará Sport Hygiênicos - Belo Horizonte Syrio Horizontino - Belo Horizonte Valeriodoce - Itabira Vespasiano - Vespasiano Villa Nova - Nova Lima Yale - Belo Horizonte

Oeste de Minas Formiga - Formiga Guarani - Divinópolis Juventus - Divinópolis Nacional - Nova Serrana

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba 13 de Maio - Frutal Araguari - Araguari Araxá - Araxá Arsenal - Frutal Fluminense - Araguari Independente - Uberaba Ituiutaba - Ituiutaba Mamoré - Patos de Minas Nacional - Uberaba Patrocinense - Patrocínio Uberaba - Uberaba Uberlândia - Uberlândia União Tijucana - Ituiutaba URT - Patos de Minas XV de Novembro - Uberlândia

vale do aço Ipatinga - Ipatinga Social - Coronel Fabriciano USIPA - Ipatinga

demais regiões América TO - Teófilo Otoni Curvelo - Curvelo Democrata - Gov. Valadares Fabril - Lavras Vila do Carmo - Barbacena


Força, raça e coragem A trajetória de Juninho da Mancha Grená desde os anos 80, quando a torcida ainda não existia, até os dias atuais. Um homem de princípios. Mais do que isso: movido a princípios. Essa é a melhor forma de definir Fábio de Oliveira Campos Júnior, o Juninho. Nos seus 49 anos de vida, diz que nunca foi uma pessoa acomodada. Sempre quis fazer a diferença. Esse espírito inquieto rendeu histórias memoráveis e um legado que permanece vivo: a Mancha Grená, torcida organizada do Patrocinense, da qual foi um dos fundadores em 1991 e atualmente se declara “líder”. O motivo ele explica: “Não gosto muito que fale ‘presidente’, prefiro ‘líder’. Porque o líder tem um peso muito maior. É menos teórico, mais prático. Você tem que ser prático, você não tem que ser teórico”. A Mancha Grená surgiu da roda de amigos que ele tinha na década de 80, cujo nome era “Turma da Lazinha”, em alusão ao grupo homônimo de arruaceiros da novela Tititi, que foi ao ar na TV Globo em 1985. Juninho e seus amigos faziam parte de um grupo de pessoas pobres, e, além deles, a cidade de Patrocínio contava com a Lasquinha, que reunia o pessoal de classe média, e o AZT, que eram “a burguesia da cidade”. A rivalidade entre a Lazinha e o AZT era tão grande que muitas vezes resultava em briga, com direito até mesmo a soco inglês e nunchaku, arma usada em artes marciais. Segundo Juninho, as duas turmas não podiam nem mesmo frequentar o mesmo bar, pois o dono não deixava. Hoje isso acabou e todos são amigos.

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Devido à natureza subversiva do grupo, a Mancha Grená surgiu com outro nome: Capirados. “Nossa turma sempre foi doida, todo mundo bebe, fuma, cheirava, aquela porra toda. Quisemos mudar um pouco esse negócio e colocamos ‘Mancha’.”, explica Juninho. A torcida foi criada em 1991 e cresceria exponencialmente nos seus primeiros anos, chegando a ser considerada a maior organizada do interior de Minas nos anos 90, com mais de 400 filiados. Ainda naquela época surgiria o seu principal canto, entoado até hoje orgulhosamente pelos torcedores do Patrocinense: “Os mil guerrilheiros”. A música expressa o amor incondicional pelo CAP em seus versos:

“Somos mil guerrilheiros Estamos aqui Pro que der e vier Unidos lutaremos É ganhar ou perder É matar ou morrer Força! Raça! Coragem!”


Foto: Arquivo pessoal

Em 1994 ocorreu um dos jogos mais marcantes para a torcida. Juninho lembra com detalhes daquele dia: “Foi contra o Cruzeiro, nós perdemos de 1x0 no Mineirão. Eu acho que foi gol do Ronaldo. Nós chegamos pelo gol da cidade, por baixo, com mais de 10 ônibus, e a torcida do Cruzeiro ficou olhando surpresa lá de cima. ‘Quem é esse povo?’, ‘Quem é esse time?’, ‘De onde vem esse tanto de gente?’. Eu nunca me esqueço disso”.

Mancha Grená fazendo a festa em jogo do CAP.

perde o seu lado idealista. E tenta passar isso para a sua filha adolescente: “Não temos que esconder nada. Ninguém tem que esconder nada do pai, dos irmãos. Temos que brigar pelas coisas em que a gente acredita”, afirma.

O relacionamento da torcida com as outras organizadas da região atualmente é muito bom. A única ressalva, diz ele, é com a torcida e o pessoal de Uberlândia: “Eu odeio o pessoal de Uberlândia. Inclusive em 2012 ou 2013 fui preso, fui parar na cadeia, foi uma confusão danada contra o Uberlândia Essas decepções impactaram até mesmo a aqui. Nós empatamos em 1x1.” Segundo relação de Juninho com o futebol. Ele diz conta, um policial resolveu implicar com o que já foi apaixonado, mas que hoje apeseu amigo pelo fato de o filho nas gosta do esporte. Ex-mem“Não temos que dele ter subido no alambrado bro de organizadas do Atlétiesconder nada. do estádio. Ao tentar interco-MG como Galoucura e Ninguém tem que vir, Juninho recebeu uma Galo Prates, ele possui o esconder nada do pai, Galo como segundo time, resposta grosseira do oficial e partiu para cima dos irmãos. Temos que o que está inclusive mardele. No final das contas, brigar pelas coisas em cado na sua pele, com o teve que pagar cesta básica que a gente acredita” mascote da equipe da cappara o policial, mas o proital tatuado na perna. Secesso não foi pra frente. Ainda assim, ele gundo afirma, a maioria dos torcedores do não ficou satisfeito: “Eu paguei um troço CAP também se consideram atleticanos. sem dever, porque quem ofendeu foi ele”. Mas faz tempo que não assiste a jogos do time belo-horizontino no estádio: ainApesar de nunca se conformar, Juninho da não conhece o novo Mineirão e nem o admite uma desilusão com as instituições: novo Independência. Nem tem muita von“Estou de saco cheio de tudo o que está tade; prefere os estádios como eram antes acontecendo no nosso país. As coisas das reformas. que têm acontecido aqui, corrupção na política, essa Copa do Mundo que teve, as Tudo isso abriu espaço para outras paixões Olimpíadas... Já me candidatei a vereador, na vida de Juninho. Hoje ele afirma que o entrei sem dinheiro nenhum e recebi 355 seu esporte preferido é o MMA, que fica votos. Não fui eleito, mas não estou achan- acordado até de madrugada para ver ludo ruim não”. Mesmo desiludido, ele não tas do UFC. Também é adepto do crossfit e 95


revela o seu lado competitivo: “Pego esses caras de 20, 22, 23 anos e muitas vezes perco pra eles na corrida, mas quando chega nos rounds eu só peço para o cara da academia ‘Ô, Victor, põe um AC/DC ou um Iron Maiden aí pra mim’. Aí eu ‘janto’ os caras, não estou brincando”.

Apesar de não ter mais o mesmo brilho nos olhos de antes, Juninho foi peça fundamental na reestruturação do CAP (o clube ficou inativo durante 11 anos e, após voltar a disputar uma competição profissional em 2016, também iniciou reformas no seu estádio). Ele é conselheiro da equipe e conseguiu até mesmo um patrocínio para o clube. Por isso, afirma que a relação da torcida com o time é perfeita. Foto: Arquivo pessoal

Juninho trabalha como comerciante de pneus, mas também começou em 2014 como voluntário na organização do Campeonato Brasileiro de Enduro, realizado em Patrocínio há 25 anos. Também participa de eventos beneficentes para ar-

recadar dinheiro para um asilo da cidade. “O que eu tiro de mais precioso é o meu tempo”, ressalta.

Juninho (ao lado da menina à esquerda) e outros membros da Mancha no gramado em jogo do Mineiro de 2018.

Se por um lado a paixão pelo futebol se deteriorou, o carinho com a Mancha se manteve intacto. Após quase 20 anos parada, durante um período em que a equipe também ficou inativa, a torcida reiniciou as suas atividades quando a SEP (Sociedade Esportiva Patrocinense) estava em alta, no início da década atual, a fim de mostrar força para as torcidas visitantes que fossem jogar em Patrocínio. Essa nova equipe não possuía tanto carisma com os torcedores, e depois de alguns anos saiu de cena para dar lugar ao renascimento do CAP, que voltou acumulando resultados positivos: conseguiu o acesso ao Módulo II em 2016 e foi campeão dessa divisão no 96

ano seguinte, com 70% de aproveitamento. Após 24 anos, com a volta do Patrocinense ao Módulo I, a expectativa da torcida no Campeonato Mineiro de 2018 era a melhor possível. A agenda de Juninho já estava com compromissos marcados desde dezembro para cuidar das questões da torcida. Para essa temporada, a Mancha inclusive lançou pela primeira vez um uniforme feminino. Com o estádio sendo reinaugurado, muitas festas memoráveis estão por vir. E como diz a música, “os mil guerrilheiros ainda estão aqui para o que der e vier”. Com força, raça e coragem.


Foto: reprodução

Mangabeira criou diversos mascotes de clubes de Minas Gerais.

Quem inseriu os animais como mascotes dos times mineiros foi Fernando Pierucetti, conhecido também como Mangabeira. O professor e chargista foi quem desenhou o Galo, símbolo do Atlético Mineiro, a Raposa, do Cruzeiro, o Leão do Villa Nova, a Tartaruga do Siderúrgica e tantos outros mascotes dos clubes de Minas Gerais. Curiosamente, o primeiro mascote do América, era um pato. O mascote do América só foi trocado para evitar brigas com a torcida americana. “Publiquei até uma charge do suicídio do Pato com o Coelho fitando-o de longe. Os olhos do Coelho simbolizando uma torcida de elite. Olhos bem abertos para não se deixar vencer pelas atitudes da Raposa”, disse Mangabeira para a Revista Foto-Esporte de Junho de 1965.

Para criar a Raposa, Mangabeira se inspirou no presidente do Cruzeiro, Mário Grosso, dirigente esperto que não deixava ninguém lhe passar a perna. O Galo, simboliza a luta, a garra e a simpatia do time. Segundo o chargista, com essas características só mesmo o galo de rinha, “ele nunca se entrega e luta até a morte”. Fernando era chargista do jornal Folha de Minas e depois do Jornal Estado de Minas, onde publicava as charges acompanhando as rodadas do Campeonato Mineiro e utilizava os desenhos para ilustrar as páginas do caderno esportivo. Além dos mascotes dos times mineiros, Fernando também desenhou o Canário, símbolo da seleção brasileira para a copa de 1950. 97





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