Revista Bebê Moinhos

Page 1

REVISTA DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

PARTO ADEQUA D O ALIMENTAÇÃO CURSOS VACINAS


Acolhimento. Pele.

2

Cheiro. Voz. Amor

3


I N S T I T U C ION A L

REVISTA DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

ASSOCIAÇÃO HOSPITALAR MOINHOS DE VENTO Rua Ramiro Barcelos, 910 I Porto Alegre I RS I 51 3314.3434 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente do Conselho: Eduardo Bier de Araújo Correa Conselheiros: André Meyer da Silva, Carlos Fernando Couto de Oliveira Souto, Thomas Bier Herrmann SUPERINTENDÊNCIA Superintendente Executivo: Mohamed Parrini Mutlaq Superintendente Administrativo: Evandro Moraes Superintendente Médico: Dr. Luiz Antonio Nasi Superintendente de Operações e Governo: Tanira Andreatta T. Pinto Superintendente Assistencial: Vania Röhsig Superintendente Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social: Dr. Luciano Hammes Superintendente Médica Adjunta: Dra. Carisi Anne Polanczky Superintendente Financeiro: Reimbran Pinheiro

MATERNIDADE POR VOCAÇÃO S U M Á R IO

ALIMENTAÇÃO PARTO ADEQUADO

08 12

COORDENAÇÃO: Diocélia Jungbluth Produção Executiva: Fabiana Miranda Alicir (MTB 14030)

PLANO DE PARTO

20

Projeto Gráfico e Direção de Arte: Luciane Trindade Produção Editorial: Caetano Teles e Raphaela Donaduce Flores (Dona Flor Comunicação)

MEDOS E DÚVIDAS

22

Revisão: Flávio Dotti Cesa (Pós-Texto)

CURSOS

26

Fotografia: Ana Meinhardt e Carolina Amorim (Cegonha Imagens) Eduardo Carneiro (pág. 5), Arquivo Moinhos de Vento (págs. 8,9,10,11 ), Arquivo Pessoal (pág. 52) e Edson Silva (pág. 57)

ASSISTÊNCIA AO PARTO

30

MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS

34

PLANTÃO ANESTÉSICO

37

PARTO

38

CESÁREA

40

PREMATUROS

42

VACINAS

46

GALERIA

52

Redação: Lívia Araújo (MTB 13428) e Raphaela Donaduce Flores (MTB 14753)

AGRADECIMENTOS: Renata Pedrini e Júlia, Luigi Vieira, Vanessa Tuchtenhagen, Valentina e Rafael, Dr. Marcos Wengrover Rosa, Dra. Desirée de Freitas Valle Volkmer, Anna Alice Schuh e Cecília, Dra. Simone Pupe, Andrés Aldea, Shirlei Manteufel e Pedro, Stela Figueiró e Mattias, Ana Meinhardt e Bibiana, Dr. Cristiano Salazar, Rodrigo Fleischmann e Antônio, Ana Paula Moreira e Carolina, Dra. Maria Carolina Tortorelli Torrens, Jamile Cesa e Vicenzo, Rosana Rubbo, Isabelle Pimenta, Chaiane Andriotti, Fernando Mallmann, Liandra Araújo, Humberto Vinícius Rufini, Wagner Graboski Dornelles, Bruna Romero da Rosa, Samanta Blasckiewicz, Renata Brasil, Bruno Martins, Kissi Taroco, Soraia Lautert, Daiane Loss, Dra. Karla Brouwers, Dra. Rosa Moll, Luísa Kluck e Martina, Paula Lambert e Marina, Dione Koch, Manoella Silveira, Genaro e Maressa Fauth, Manuela e Klaus, Marina Balestreri e Alice, Chaiene Lemos e Manuela, Carolina Amorim e Miguel, Cassandra Canto e Felipe, Graziela Mayer e Deborah, Marta Oppermann e Leonardo, Samuel e Daniela Albrecht e Antônia, Marcos Pons, Mariela Silveira Pons e Carmela, Carla Fachim e Lorenzo, Roberto e Alessandra Staub, Rafael, Lucas, Lorenzo e Martina, Gabriela Lerina e Catarina, Fernando Tornaim, Carolina Ceolin e Catarina.

www.cegonhaimagens.com.br

MOHAMED PARRINI MUTLAQ SUPERINTENDENTE EXECUTIVO

Em 1927, quando o Deutsches Krankenhaus, o antigo Hospital Alemão, foi inaugurado, a maioria dos partos ainda eram feitos em casa, por parteiras. E foi pelas mãos das schwesterns que a nossa tradição em maternidade começou. É um imenso orgulho termos sido uma das primeiras maternidades do Rio Grande do Sul a utilizar um modelo de assistência segura e humanizada. As diaconisas do Hospital Moinhos de Vento trouxeram valores e práticas de saúde inovadoras que seguem presentes até hoje – desde a humanização com o paciente até os padrões rígidos de assepsia. Passados 90 anos da nossa fundação, reafirmamos o nosso compromisso com aquilo que nos definiu em nossa origem. A maternidade, que faz parte do nosso DNA, exalta e reafirma a vida humana como nossa vocação, e nos faz celebrar nossa referência nacional na complexidade materno-infantil. O Hospital Moinhos de Vento conta com uma equipe médico-assistencial competente e preparada para o atendimento integral de mães e bebês, e pronta para atuar em situações de risco e intercorrências. Com o plantão anestésico, também proporcionamos mais conforto e menos dor no momento decisivo. Nossa UTI Neonatal, de padrão internacional, é composta por uma equipe multiprofissional que atua de forma coordenada, seguindo protocolos revistos periodicamente e as evidências recentes. Somos uma das oito instituições do Brasil a integrar a Rede Vermont Oxford, organização seleta cuja missão é melhorar a qualidade e a segurança do cuidado a recém-nascidos por meio do compartilhamento de índices de assistência entre UTIs neonatais de mais de 30 países. Nosso serviço apresenta índices compatíveis com outros centros de referência mundiais. Poderíamos continuar citando todos os outros atributos que a Maternidade do Hospital Moinhos de Vento possui, como a afiliação com a Johns Hopkins Medicine ou sua sexta acreditação pela Joint Commission International (JCI), mas a escolha do local onde nossos filhos irão nascer ultrapassa questões puramente técnicas, pois é um dos primeiros atos de amor dos pais para com sua família. Nós, do Hospital Moinhos de Vento, honramos a sua escolha, pois sabemos o quanto este momento é mágico e especial. Há aproximadamente cinco anos, meus filhos nasceram nesta instituição e pude sentir todo o cuidado e o amor oferecidos por estes profissionais que se dedicam integralmente a tal missão. Depois que você passa por esta experiência, você realmente entende o que é ser Bebê Moinhos. Boa leitura! 5


I N S T I T U C ION A L

DR. MARCOS WENGROVER ROSA CHEFE DO SERVIÇO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

6

POR UM NASCIMENTO ADEQUADO

VÍNCULO QUE FAZ A DIFERENÇA

Estamos muito felizes com a terceira edição da Revista Bebê Moinhos – um importante canal de comunicação da Maternidade do Hospital Moinhos de Vento com a comunidade. Desta vez, apresentamos uma reportagem especial sobre o Parto Adequado – programa desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, pelo Hospital Israelita Albert Einstein e pelo Institute for Healthcare Improvement, com o objetivo de elaborar um novo modelo de assistência em obstetrícia no Brasil. O Moinhos de Vento foi o primeiro hospital do Rio Grande do Sul a integrar o programa, que tem como base a melhoria da qualidade e segurança do paciente e a redução das cesarianas desnecessárias – sem que haja indicação clínica para tal. Atualmente, 84% dos nascimentos em instituições particulares brasileiras ocorrem por cesárea, quando a indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma taxa de 15% a 19%. Nossa intenção é tornar a assistência cada vez mais humanizada e diminuir os temores em relação ao parto, a partir do entendimento de que o nascimento por parto natural não é, necessariamente, doloroso e é muito mais seguro para a gestante e para seu recém-nascido. Trata-se de uma experiência rica para toda a família, não só para a mãe, na medida em que convidamos, além do pai, mais uma pessoa escolhida que acompanhe a futura mamãe durante o trabalho de parto. Desde que ingressamos nessa iniciativa, aumentamos gradativamente o número de nascimentos pela via natural, registramos um aumento na satisfação das nossas clientes, bem como uma redução da necessidade de assistência a recém-nascidos, especialmente de gestações com mais de 39 semanas, em nossa UTI Neonatal. A nossa atuação tem sido reconhecida: em 2016, como responsável pelo programa, recebi o prêmio “100 Mais Influentes da Saúde”, na categoria Projetos de Humanização na Feira-Fórum Hospitalar. A distinção reflete um esforço de toda a equipe e estimula ainda mais o nosso trabalho para transformar os processos assistenciais da maternidade. Para além desse programa, temos um compromisso com a autonomia dos pacientes. Mas para que as gestantes possam escolher, de maneira mais consciente, de que forma darão à luz, é fundamental que encontrem informações claras, que tenham acesso a relatos de médicos e de outras mães. Neste sentido, a Revista Bebê Moinhos pode ser um importante instrumento, promovendo a discussão de temas pertinentes, contribuindo para que cada pessoa possa formar sua própria opinião. Isso porque, independentemente da via escolhida, seja parto ou cesárea, a preocupação do Hospital Moinhos de Vento é com o nascimento adequado, com segurança e qualidade para a mãe e para o bebê.

Voz, cheiro, visão, toque. A primeira hora de vida do bebê vale ouro. É quando ele fará o contato pele a pele e olho no olho com a mãe, irá procurar e reconhecer a voz dos pais e sentir o cheiro do seio materno. Todos esses contatos estimulam a produção da oxitocina, o hormônio do amor, que traz inúmeros benefícios físicos para a mulher, como a contratura uterina (importante para que o útero pare de sangrar naturalmente após o parto), e da prolactina, que favorece a amamentação. Mas, para além de todas as questões fisiológicas, há outro fator que torna a ocasião ainda mais importante. Nessa hora de intensa alegria e emoção algo especial acontece. É quando se estabelece o verdadeiro vínculo do recém-nascido com a mãe e com o pai. Um momento único, que faz toda a diferença na vida dos pais e que contribui para o desenvolvimento neurológico, psíquico, motor e emocional do bebê no futuro. Nesse sentido, o pediatra tem um papel fundamental no nascimento, atuando ativamente para que a família tenha essa experiência. É ele quem levará o bebê no colo até os braços da mãe e do pai, conduzindo e orientando os primeiros contatos. Esse profissional irá cuidar do recém-nascido com extremo carinho e atenção em seus primeiros minutos de vida, garantindo que tudo ocorra nas melhores condições possíveis, com o ambiente adequado e confortável. Em gestações de alto risco ou se o bebê necessitar de alguma intervenção médica, o pediatra ou neonatologista habilitado fará a assistência e, eventualmente, a criança poderá ser transferida para a UTI Neonatal. Quando isso ocorre, ainda assim é possível criar oportunidades para que o vínculo se estabeleça. Nesses casos, a presença dos pais na UTI Neo é estimulada, e eles têm acesso livre ao local 24 horas por dia. São momentos difíceis, mas há exemplos incríveis de superação. Um deles – que você poderá conferir nas próximas páginas desta Revista – é o do Klaus, filho de Maressa e Genaro Fauth, um prematuro extremo, que nasceu com apenas 22 semanas. Histórias lindas como esta nos fazem lembrar os motivos que nos levaram a escolher esta profissão, que tem uma dimensão maior do que o atendimento clínico ao bebê. Garantir a melhor experiência e o vínculo do recém-nascido com os pais é o que nos abastece diariamente na maternidade do Hospital Moinhos de Vento. Acreditamos que se fizermos a diferença na vida de alguém estaremos transformando o mundo.

DRA. DESIRÉE DE FREITAS VALLE VOLKMER, CHEFE DO SERVIÇO DE NEONATOLOGIA

7


ALIMENTAÇÃO

SAÚDE NA PONTA

DO GARFO Uma alimentação variada faz bem à saúde, proporciona ganho de peso controlado, além da possibilidade de voltar à forma mais facilmente depois do nascimento gestação é um processo de cerca de 40 semanas, que traz intensas transformações metabólicas; um tempo em que o corpo da mãe e o do bebê se confundem, e no qual um influencia o outro em meio à circulação de uma enxurrada de nutrientes destinados à formação e ao crescimento dessa nova vida. Assim como com a vacinação, que protege a gestante de um período de defesas mais vulneráveis e que também fortalece indiretamente o bebê, a alimentação da mulher nesse período tem um papel fundamental para sua saúde. A preocupação com o inevitável ganho de peso, ainda que motivado pelo cuidado com a saúde, tem também um viés estético, e muitas mulheres se esforçam para recuperar a forma que tinham antes da gravidez. De acordo com a nutricionista Ana Carolina Terrazzan, esse aumento de peso não se relaciona necessariamente com o acúmulo de gordura, e sim “com o crescimento e desen8

volvimento fetal e com as adaptações do organismo materno para a manutenção da gestação”, diz. Por isso, explica, dietas restritivas para o controle de peso são contraindicadas tanto durante a gravidez como na lactação. O ganho de peso deve ser controlado de acordo com o estado nutricional da mulher antes de ficar grávida, segundo recomendações do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). “Em todos os casos, porém, o ideal é manter uma alimentação diversificada e balanceada.” Portanto, Ana Carolina detalha que a dieta deve contemplar todos os grupos alimentares: frutas, verduras, legumes, cereais, tubérculos, leguminosas, carnes e ovos, para que seja rica em todos os nutrientes. “Para aquelas que seguem uma alimentação vegetariana e vegana, é importante atentar para não faltarem alimentos fontes de proteínas e cálcio. E a suplementação de vitamina B12 é recomendada”, esclarece. 9


ALIMENTAÇÃO

GANHO DE PESO NA GESTAÇÃO IMC PRÉVIO

NUTRIENTES INDISPENSÁVEIS

AUMENTO TOTAL SUGERIDO GESTAÇÃO DE FETO ÚNICO

GESTAÇÃO MÚLTIPLA

Baixo peso

< 18,5kg/m2

12,5 – 18,0kg

Adequado

18,5 – 24,9kg/m2

11,5-16kg

16,8 a 24,5 kg

Sobrepeso

25,0 – 29,9kg/ m2

7-11,5kg

14,1 a 22,7 kg

Obesidade

>30kg/m2

5-9kg

11,4 a 19,1 kg

Quadro comparativo com a quantidade de ganho de peso recomendada de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC). Fonte: Ministério da Saúde (2012) e Febrasgo (2014)

ÁGUA, FIBRAS E IOGURTES AJUDAM A MANTER O INTESTINO REGULADO

10

A alimentação saudável é indicada tanto para manter o controle do ganho de peso durante a gestação quanto para favorecer a perda de peso no pós-parto. Para isso, o funcionamento intestinal precisa estar adequadamente regulado, pontua Ana Carolina, com o consumo de, pelo menos, dois litros de água por dia, além da ingestão de prebióticos – as fibras – e probióticos, as bactérias do bem. “Isso faz com que o corpo absorva melhor os nutrientes e dê uma percepção de saciedade maior, além de melhorar a imunidade”, revela. Para aumentar a população de bactérias não patogênicas, responsáveis por um intestino saudável principalmente durante a gestação, a profissional sugere o consumo de iogurtes sem aditivos, como o iogurte de kefir, ou utilizar uma suplementação, conforme a prescrição de uma nutricionista. É interessante também atentar ao período entre refeições. “Intervalos muito longos podem prejudicar o controle do apetite e,

consequentemente, do peso”, alerta. É recomendado fazer pequenos lanches com castanhas, sementes, frutas secas, frutas in natura, legumes assados, cubos de queijo, entre outros. São questões a serem conversadas com um profissional de nutrição para saber as necessidades específicas de cada mulher. E, para garantir saciedade, as refeições principais devem ser ricas em fibras, proteínas e gorduras de boa qualidade. Não há necessidade de excluir carboidratos, mas sim optar pelo consumo de alimentos que contêm carboidratos complexos, como arroz integral, linhaça, brócolis, entre outros. A melhor combinação para controlar o ganho de peso na gestação e retomar a forma após o parto é a associação entre a atividade física e uma alimentação adequada. Assim que houver liberação médica, a mulher deve procurar um profissional especializado para a orientação dos exercícios, que devem respeitar suas condições físicas prévias.

Como a gestação é um período em que a imunidade da mulher é naturalmente mais baixa, há substâncias que não podem ficar de fora tanto para melhorar as defesas da gestante quanto para ajudar no desenvolvimento do bebê. Abaixo, um miniguia dos principais nutrientes e os alimentos onde mais estão presentes: ÁCIDO FÓLICO Relacionado com o desenvolvimento do sistema neurológico do bebê, a suplementação desta vitamina está indicada para todas as mulheres, desde o período pré-gestacional. Porém, ainda que a suplementação seja obrigatória, o consumo via alimentação não é menos importante. Alimentos como brócolis, espinafre, escarola (chicória), grão-de-bico, lentilhas e frutas secas são bons para garantir um bom aporte de ácido fólico para o recém-nascido e a futura mãe. ÔMEGA 3 O ômega 3, mais especificamente o DHA, é fundamental neste momento, por estar relacionado com uma melhor acuidade visual do feto e melhores níveis de neurodesenvolvimento na primeira infância. Este nutriente pode ser obtido principalmente na ingestão de algas marinhas e pescados como atum, arenque, sardinha e salmão. Outras fontes de ácidos graxos também são encontradas nas castanhas e sementes, azeite e óleos vegetais. Nem sempre esses alimentos possuem DHA na sua forma simples, mas fornecem ácido alfa-linoleico (ALA), que se transforma em DHA dentro do organismo. CÁLCIO O cálcio consumido pela gestante – em forma de suplementação – é direcionado à manutenção das reservas maternas, uma vez que é a partir delas que o organismo passa a suprir as necessidades do feto. Este nutriente é essencial para a formação ósseo-esquelética do bebê. FERRO Este mineral é essencial na produção de hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio pelo sangue. O consumo adequado de fontes de ferro previne anemia materna e facilita que o feto consiga também manter boas reservas do nutriente. Boas fontes de ferro estão nas carnes vermelhas e nos ovos, e no caso dos vegetais, no feijão, nas ervilhas ou na salsa.

A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO Para o recém-nascido, o leite da mãe é um alimento completo e deve ser dado a ele exclusivamente e em livre demanda até os 6 meses de idade. O leite materno facilita o vínculo mãe-bebê, pode melhorar seu desenvolvimento neurológico, é de fácil digestão e melhora a formação bucal e dentária da criança. Além disso, a amamentação é uma proteção contra doenças comuns como otites, alergias, vômitos, pneumonias, diarreias e até meningites, pois o bebê recebe os anticorpos de sua mãe por meio do leite. É a fonte primordial de proteínas, açúcares, gordura, vitaminas e água de que ele precisa. A alimentação não está diretamente relacionada à produção de leite, contudo boas reservas de nutrientes colaboram para a melhor saúde da mãe, ressalta a nutricionista Ana Carolina. A melhor qualidade do leite materno está relacionada a diversos fatores, como descanso e hidratação. “A mãe que amamenta precisa de três litros de líquidos por dia, preferencialmente água, mas esse consumo pode ser intercalado com sucos naturais e chá de fruta caseiro”, recomenda a nutricionista. 11


C A PA

PAR

TO A DEQUAD O

PARA UM NASCIMENTO SEGURO

13


C A PA

Um amplo projeto feito em parceria com a ANS, o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement trouxe as melhores práticas ao Hospital Moinhos de Vento e aprimorou o acolhimento e a segurança nos nascimentos colhimento. Pele. Cheiro. Banho. Voz. Amor. Palavras e conceitos que são comuns à intimidade do lar, de famílias e de seus frutos também fazem parte do ambiente da Maternidade Helda Gerdau Johannpeter do Hospital Moinhos de Vento – onde vêm ao mundo, em média, 4,3 mil bebês por ano. Mas essas palavras e conceitos fazem ainda mais sentido quando os nascimentos acontecem em condições adequadas, buscando a segurança de mães e bebês. Para que isso ocorra, a Associação Nacional de Saúde Suplementar (ANS) alerta para uma característica muito comum no Brasil, que é o alto índice de cesarianas entre as maternidades que atendem planos de medicina suplementar (convênios particulares). Atualmente, 84% dos nascimentos em instituições particulares são feitos via cesárea, quando o ideal seria uma taxa de 15 a 19%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 14

Para mudar esse quadro, o Hospital Moinhos de Vento, junto com outros 27 hospitais e maternidades, ingressou no projeto-piloto e hoje integra o programa Parto Adequado, iniciativa da ANS em conjunto com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde. O programa tem como base a melhoria da qualidade e segurança do paciente e a redução das cesarianas desnecessárias – sem que haja indicação clínica para tal. De maio de 2015 a dezembro de 2016, as ações do programa promoveram transformações na estrutura física da maternidade. “Houve uma mudança da ambiência com a incorporação de protocolos assistenciais recomendados pela Organização Mundial de Saúde, que incluem, por exemplo, mobiliário para que a paciente possa ter o parto vertical”, conta o Dr. Marcos Wengrover Rosa, chefe do Serviço de Ginecologia e

Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento. Ampliaram-se as possibilidades para o parto natural, como a aplicação de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor, além de tornar os espaços mais acolhedores. Além disso, houve a reformulação do conteúdo passado às mulheres e seus acompanhantes no curso de preparação para o parto, a adoção do plano de parto como um canal de diálogo entre gestante e seu obstetra e, sobretudo, a qualificação complementar da equipe de assistência. “Isso fez com que o acolhimento às pacientes melhorasse muito. A paciente tem de se sentir bem, acolhida e protegida por enfermeiros, técnicos, médicos plantonistas. E isso veio muito fortemente com o projeto”, explica a enfermeira Grete Raubach, liderança de enfermagem do Centro Obstétrico e Maternidade. O resultado foi um crescimento de 30% na realização do parto vaginal nas mulheres que dão à luz pela primeira vez.

PROGRAMA TEM COMO META A REDUÇÃO DO NÚMERO DE CESARIANAS DESNECESSÁRIAS E A MELHORIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA NO PARTO

15


C A PA

PESQUISA OUVIU MÃES QUE ACABARAM DE DAR À LUZ PARA BUSCAR MELHORIAS A PARTIR DAS PERCEPÇÕES DAS MULHERES

16

PASSANDO DE FASE O sucesso dessa etapa-piloto qualificou e encorajou o Hospital Moinhos de Vento a ampliar esses resultados, e ele ingressou na Fase 2 do projeto em maio de 2017. “O Programa Parto Adequado se tornou um projeto institucional de todo o hospital, não só da maternidade. Além disso, temos negociações muito boas com as operadoras de saúde, o que vai intensificar a melhoria da estrutura física e de recursos humanos”, revela o Dr. Wengrover Rosa. Com isso, o objetivo é ampliar os partos vaginais para 40% dos nascimentos da maternidade, dentro, é claro, das situações em que há condições clínicas para que o nascimento ocorra pela via natural. Para isso, o Hospital Moinhos de Vento busca aprimorar sua assistência com a participação em um estudo de grandes proporções: a pesquisa Nascer Saudável. Além do Moinhos, outras 11 instituições de saúde fazem parte do projeto, conduzido pela Fiocruz com o apoio da Fundação Bill e Melinda Gates. Entre abril e maio de 2017, o estudo ouviu 400 entrevistadas que haviam acabado de dar à luz na maternidade Helda Gerdau Johannpeter, para analisar suas percepções e a vivên-

cia do parto – fosse vaginal ou cesárea –, além de analisar os serviços da maternidade em mais de 300 itens. “Esse estudo vai nos servir como um direcionador de prioridades, para que possamos melhorar cada vez mais dentro de uma ordem de importância na visão dos pacientes”, afirma o Dr. Wengrover Rosa. AUTONOMIA Porém, mais do que bater metas e atender às determinações dos órgãos de saúde, a preocupação do Hospital Moinhos de Vento é continuar garantindo que o poder de decisão esteja com a gestante e corresponda aos seus desejos e anseios. “O Projeto Parto Adequado serve para qualquer mulher”, esclarece o Dr. Wengrover Rosa. “O objetivo é ajudá-las a terem seus partos de acordo com sua vontade, com segurança, qualidade e conforto, e que isso traga satisfação, dentro dos princípios da bioética, que são autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e verdade”, prossegue o obstetra. “E para que as pacientes possam exercer sua autonomia, é preciso que elas sejam informadas adequadamente sobre todas as questões, os benefícios relacionados ao parto e à cesárea”, resume.


C A PA

INFORMAÇÃO PARA DECIDIR O parto adequado é aquele que atende tanto a princípios éticos quanto a indicações clínicas. Questão de autonomia e de saúde, a gestante precisa de informação e honestidade para fazer sua opção, quando é possível escolher

PARTO OU CESÁREA, É IMPORTANTE QUE SE COMPLETEM AS 39 SEMANAS DE GESTAÇÃO

ual é o nascimento mais adequado: parto ou cesariana? Os dois. A forma como o bebê é dado à luz pela mãe pode obedecer à natureza de seu corpo e de seus processos, auxiliada por profissionais especializados. Ou, diante de uma indicação clínica, ou até mesmo da própria escolha da gestante, pode ser pela via cirúrgica. O essencial é que, para cada uma dessas duas possibilidades, haja ao alcance da futura mãe uma gama variada de informação e conhecimento, principalmente respeitando o prazo de 39 semanas completas para a cesariana por solicitação da mamãe. Para isso, ações como a elaboração do plano de parto, feito em conjunto com a gestante e sua médica ou médico, são fundamentais para esclarecer dúvidas e possíveis medos, e para que se expliquem as práticas e os procedimentos relacionados ao parto vaginal e à cesariana. Mas, na prática, como saber da necessidade de uma cesárea? “A cesariana é um recurso tecnológico que foi desenvolvido para atender casos em que o parto não é possível”, explica Dr. Marcos Wengrover Rosa (na foto da página ao lado). Há situações que geram essa necessidade e contribuem para a ocorrência. “Na maioria dos casos, se faz a cesárea quando o bebê está sentado, depois da 41a semana. Algumas mulheres com doenças cardíacas também podem ser beneficiadas com a cesariana”, explica o médico. Além disso, condições como pressão alta desenvolvida durante a gestação (chamada de pré-eclâmpsia ou hipertensão transitória da gestação) e cesarianas de repetição, isto é, duas cesarianas

anteriores, e bebês com peso estimado acima de 4,5kg podem tornar necessário o parto cirúrgico. O que é importante frisar no caso da cesariana por solicitação da parturiente sem indicação médica, esclarece Dr. Wengrover Rosa, é o respeito à completude do tempo da gestação. A espera pela 39a semana não é por acaso. “Nessas duas semanas, entre a 37a e a 40a, ocorre a finalização da maturidade pulmonar do bebê. O mesmo acontece com seu sistema gastrointestinal. A criança pode ganhar até 400g ou 500g de gordura nas duas últimas semanas, o que vai ajudá-la a manter sua temperatura corporal”, salienta. Nessa etapa, há também o desenvolvimento neurofisiológico do bebê. “É preciso evitar que se agende uma cesárea antes das 39 semanas por conveniência”, completa. No caso do parto, processos fisiológicos que ocorrem durante o nascimento também são importantes para a mãe e o bebê. A mãe produz hormônios, a oxitocina e a prolactina, que favorecem e facilitam a amamentação. A passagem pelo canal vaginal coloca o bebê em contato com bactérias que estão presentes nessa área do corpo da mulher naturalmente, prevenindo alergias e doenças; em resumo, tornando o sistema imunológico do bebê mais forte e preparado para eventuais problemas futuros. O trabalho de parto não significa sofrimento para o bebê. Ao contrário, representa sua etapa final de amadurecimento. As contrações do trabalho de parto favorecem o desenvolvimento do ritmo cardíaco, do fluxo sanguíneo e da maturação pulmonar da criança que está vindo ao mundo. 19


PLANO DE PARTO

PASSANDO A LIMPO Os desejos e anseios da gestante para a hora do parto têm um canal de comunicação e transparência com o obstetra a partir da escrita: saiba o que é o Plano de Parto ma das práticas que cada vez mais estão se incorporando no cotidiano da maternidade do Hospital Moinhos de Vento, com a introdução do Programa Parto Adequado, é o uso do chamado Plano de Parto, uma espécie de “lista de desejos” elaborada pela gestante para a hora de dar à luz. “É uma maneira de a futura mãe se expressar, geralmente de forma escrita, o que ela espera que aconteça, suas expectativas em relação ao parto”, explica o médico obstetra Dr. Cristiano Salazar (na foto da página ao lado, segurando um bebê), um dos profissionais pioneiros em adotar a ferramenta junto às pacientes do Hospital Moinhos de Vento. O conteúdo do Plano de Parto, segundo apresenta Dr. Salazar, é extremamente variável, como são variáveis os anseios de cada mulher para o momento do nascimento. “O que se pergunta é o que é mais importante para ela. Para algumas, é simplesmente que o bebê nasça com saúde, para outras, é o desejo de ter um parto natural ou de não sentir dor em momento algum do processo”, conta. O formato é livre. Podem ser algumas linhas ou muitas páginas. De acordo com o obstetra, há modelos estruturados de planos de parto na internet, que apresentam questões técnicas do parto ou pós-parto, como a manutenção do vérnix (substância natural gordurosa que 20

envolve o bebê ao ser dado à luz) por 24h antes do primeiro banho, por exemplo. Mas o importante no Plano de Parto, salienta o médico, é que esse texto “reflita o que a paciente quer. Esse plano não é uma lista de perguntas para a qual há respostas corretas ou não”, esclarece. As gestantes que terão seus bebês no Hospital Moinhos de Vento são apresentadas ao Plano de Parto como uma sugestão da equipe do Centro Obstétrico, e nos cursos de Preparação para o Parto e de Acompanhamento ao Parto, conforme explica a enfermeira Andreia Amorim, coordenadora assistencial da área Materno-Infantil. Mas, sobretudo, é um tema basicamente tratado entre a paciente e seu obstetra. No caso de Dr. Salazar, suas pacientes começam a estruturar o plano na 32a semana; em outros casos, o texto pode surgir já no início da gravidez e ir sendo revisado ao longo da gestação. “O Plano de Parto é interessante porque ele individualiza o trato com a paciente”, salienta Andreia. O texto escrito pela futura mãe enseja a discussão entre ela e seu obstetra, sendo uma via adicional – mas não menos relevante – de esclarecimentos e de construção da confiança. “A mãe normalmente fica mais tranquila depois de discutir o plano, porque passa a ter uma ideia mais clara e sedimentada sobre como as coisas irão acontecer. Embora nem sempre seja clinica-

mente possível que tudo saia como a gestante imaginou, é importante entender o desejo da paciente, e o Plano de Parto proporciona essa conversa franca”, esclarece. E, finalmente, o Plano também comunica à equipe do hospital as vontades da mãe em relação ao trabalho de parto, permitindo que todos se estruturem para isso. Às vezes uma paciente diz que não quer muitas visitas. Quando a paciente chega, a técnica em enfermagem ou a enfermeira olha o Plano, vê essa informação e pode controlar melhor o tempo dos visitantes, ou às vezes restringir o acesso ao quarto da mãe, de acordo com o desejo dela. São itens que podem estar presentes no Plano de Parto. NOSSO JEITO DE ATENDER Naturalmente, é um processo delicado delinear o ponto comum entre o cenário imaginado pela futura mãe e suas próprias condições fisiológicas e o contexto clínico em que seu bebê nascerá. Imersos em centenas de variantes, os nascimentos – sejam pelo parto vaginal ou configurada a necessidade da cesariana – seguem uma série de diretrizes definidas pela Organização Mundial de Saúde e a Agência Nacional de Saúde, necessárias e adotadas pelo Hospital Moinhos de Vento para garantir a segurança do nascimento e a saúde da mãe e do bebê. Por isso, Andreia esclarece

que o Plano de Parto “não é uma carta de consentimentos”. Segundo ela, é importante explicar ao obstetra e sua paciente como é a rotina da maternidade e do centro obstétrico, e como, sem sair do uso de melhores práticas, é possível adaptar essa rotina. Para deixar claras as práticas adotadas pela maternidade e a flexibilidade eventualmente demandada pela gestante em seu Plano de Parto, o hospital envia à gestante e a seu obstetra o “Nosso Jeito de Atender”, um documento que contém, segundo Dr. Salazar, “o que o Hospital Moinhos de Vento considera de melhor dentro do que seu Corpo Clínico fez até hoje”. O “Nosso Jeito de Atender” deixa claro que o objetivo do hospital, ao acolher a gestante, visa a “respeitar, individualizar a atenção, fazendo de tudo para que o momento seja único,

a melhor experiência possível para a mãe e o bebê”. Para isso, apresenta orientações como a administração da dose única de vitamina K para prevenir hemorragia neonatal, ou a aplicação de nitrato de prata ocular para prevenção da oftalmia, um tipo de conjuntivite que pode ser contraída entre recém-nascidos, entre outros itens relacionados à atuação da equipe de assistência, ao ambiente da maternidade e também a formalidades que precisam ser cumpridas quando da entrada no hospital. Igualmente, o próprio documento do “Nosso Jeito de Atender” recomenda que médico e paciente conversem sobre o Plano de Parto. Em suma, “esse é o conceito com que trabalhamos no Moinhos hoje, podendo ampliar os limites de liberdade dentro do que a paciente deseja para o parto”, conclui Dr. Salazar.

DIÁLOGO E RESPEITO À INDIVIDUALIDADE DA GESTANTE PARA QUE O NASCIMENTO SEJA UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA

21


MEDOS E DÚVIDAS

DIÁLOGO QUE As incertezas que naturalmente fazem parte da gestação podem gerar ansiedade e medo nas futuras mães. O remédio para isso passa por uma relação de franqueza e confiança entre médico e paciente

22

odo mundo tem uma história ruim para contar a uma mulher grávida”, diz, com algo de alerta, o Dr. Cristiano Salazar, médico obstetra do Corpo Clínico do Hospital Moinhos de Vento. “Parece que existe um complô contra a gestante”, completa. É difícil evitar a expressão de uma montanha de palpites, lendas e crenças que amigos, família, e agora também o fluxo incessante de informações na internet e redes sociais, fazem pesar sobre os ombros da gestante – a mulher que efetivamente espera seu bebê. Toda essa pressão, muitas vezes, pode avolumar as dúvidas, que já são naturais ao longo da gestação, e gerar uma ansiedade que pode tornar o tempo de espera menos tranquilo. “Quando a gente fala em gestação, principalmente para quem ainda não engravidou, a gente sempre romantiza, idealiza o momento do parto e o bebê, até que a gestação vem de verdade”, explica a psicóloga clínica assistencial Marcela Torres, que

atua nos cursos do Hospital Moinhos de Vento voltados às gestantes e seus acompanhantes. Segundo Marcela, o surgimento das dúvidas tem muito a ver com que período da gestação se está vivenciando. O primeiro trimestre da gravidez é normalmente cercado de incertezas, diz. “A mulher ainda não se sente grávida, até porque não aparece a barriga. Essa condição ainda não está internalizada”, analisa. Por mais que a gravidez seja desejada e planejada, o momento em que a mulher se descobre grávida ainda representa um “susto” e pode fazer a mulher questionar se é de fato o momento certo, se conseguirá conciliar diferentes tarefas. Tudo, é claro, pode variar de acordo com a história, a vivência e a idade de cada mulher. “O segundo trimestre é mais tranquilo, mas quando o terceiro trimestre se aproxima, começam a vir as preocupações do parto. Sobre a perfeição do bebê, se tudo correrá bem”, resume Marcela.

TRANQUILIZA A psicóloga concorda que é complicado filtrar todas as informações que a gestante recebe nas 39 semanas em que espera seu bebê, principalmente no que diz respeito à internet e às redes sociais. “Blindar as pessoas é uma ilusão. Só que cada caso será sempre um caso, então muito provavelmente a mulher lerá coisas que não se aplicam necessariamente à gestação e a sua vida”, alerta. Dr. Salazar conta que ouve muitos receios de mulheres sobre problemas que podem acometer o bebê na gestação e no trabalho de parto, e sobre os procedimentos médicos realizados tanto no parto normal como na cesárea. “Elas querem saber, por exemplo, se haverá necessidade da episiotomia (incisão no períneo durante o parto normal para evitar lacerações), se, no caso da cesárea, a recuperação será dolorida, ou se vai demorar, ou se é possível ter um parto depois de ter tido uma cesárea, ou se vão

conseguir amamentar imediatamente”, enumera. Dr. Salazar também revela que é cada vez mais frequente as gestantes pedirem para que ele informe, durante o parto, tudo o que acontece em detalhes. “Isso é uma surpresa para mim. Talvez isso revele que nós, médicos, não informávamos tanto quanto achávamos, principalmente quanto aos prazos e procedimentos”, diz. Por isso, o obstetra salienta, é tão importante tomar medidas como o uso do Plano de Parto. A principal ajuda para amenizar essa ansiedade vem do próprio obstetra, segundo Marcela. O diálogo e a honestidade são as ferramentas fundamentais para tirar dúvidas e desmistificar crenças. “Esse diálogo deve ser feito desde o início da gestação. Uma conversa franca, aberta, que possa esclarecer tudo o que passa pela cabeça da gestante. A consulta com o futuro pediatra também ajuda muito”, recomenda a psicóloga.


MEDOS E DÚVIDAS

consulta que se inicia um vínculo de confiança com o pediatra que vai ser de extrema importância no acompanhamento do desenvolvimento do bebê neste primeiro ano de vida”, explica. No momento do parto, o neonatologista ou pediatra habilitado em reanimação neonatal fará assistência ao recém-nascido. Em gestações de alto risco, o bebê pode necessitar de intervenção médica logo após o nascimento e, nesses casos, ele será transferido à UTI Neonatal após estabilização, acompanhado pelo seu pai. O bebê permanecerá em alojamento conjunto com a mãe, e o pediatra fará visitas diárias para examinar o bebê, orientar os cuidados, a amamentação e esclarecer as dúvidas que surgirem.

UMA RELAÇÃO FRANCA E PRÓXIMA COM O PEDIATRA AJUDA AS MÃES A SE SENTIREM MAIS SEGURAS DURANTE A GESTAÇÃO

PEDIATRA: VÍNCULO QUE SE ESTABELECE ANTES DO NASCIMENTO Os medos e as dúvidas das futuras mamães também podem ser esclarecidos junto ao pediatra ou neonatologista – antes mesmo do nascimento, na consulta pré-natal, que pode ser feita a partir do terceiro trimestre da gravidez. Essa consulta possibilita que os pais conheçam o médico, conversem sobre suas dúvidas em relação ao nascimento e recebam orientações que vão desde protocolos da sala de maternidade até cuidados com o bebê, como higienização, medidas de segurança no berço, posição para dormir, transporte do recém-nascido e sobre os 24

primeiros testes de triagem neonatal (teste do coraçãozinho, teste auditivo, oftalmológico e do pezinho) e revisão pediátrica. Nessa oportunidade, o pediatra também orienta sobre o aleitamento materno, o cuidado e preparo das mamas durante a gestação, no pós-parto imediato e durante toda a lactação. Segundo a pediatra Dra. Desirée de Freitas Valle Volkmer (na foto acima), chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital Moinhos de Vento, esse também é o momento de conversar sobre alterações hormonais e interferência no aspecto emocional da mulher após o parto, ajudando a diminuir o estresse e ansiedade dessa fase. “É nesta

CONFIANÇA E TRANQUILIDADE A relações-públicas Shirlei Raquel Manteufel durante muito tempo adiou o desejo de ser mãe. Mas, como ela mesma diz, jogou a questão “para o universo decidir”, e foi com grata surpresa, em maio de 2016, aos 43 anos, que ela descobriu que estava grávida e esperava o Pedro. “Como eu tinha um histórico de pressão alta, quando pensei em engravidar busquei um obstetra especializado em gestação de alto risco, pois a minha maior preocupação era garantir a minha segurança e a do bebê.” Foi a relação entre ela e o Dr. Cristiano Salazar, construída com franqueza, sinergia e confiança desde antes de Shirlei e seu marido, Andrés, ficarem “grávidos”, que a deixou absolutamente segura em relação à gestação e ao parto. “Isso fez com que meus medos e inseguranças se dissipassem. Eu confiei no meu médico, desde o primeiro momento, e foi ele que me

assistiu e me cuidou, do início ao fim de maneira integral”, conta. Um desses medos tinha a ver com o momento do parto. Antes de engravidar, não estava nos planos de Shirlei ter um parto natural. “Eu não queria sentir dor, tinha receio de como seria, mas com a relação de vínculo estabelecido com o obstetra este paradigma foi rompido. Desde o início da gestação, nas consultas, conversávamos sobre como seria este momento. Sabíamos que independentemente de qual fosse o método, o nascimento do Pedro seria mágico e único, e que o nosso principal objetivo era assegurar que a minha saúde fosse preservada e a chegada dele fosse zelada.” Na reta final, Shirlei preencheu o plano de parto e a recomendação clínica foi pela cesárea, pois a 39a semana chegou sem que ela tivesse entrado em trabalho de parto naturalmente. Segundo Shirlei, os momentos de maior ansiedade foram antes das ecografias, principalmente a primeira, que ela fez em sua 13ª semana de gestação. “Quando ouvi o coraçãozinho do Pedro, comecei a chorar”, relembra. Uma das condutas que ajudaram Shirlei a manter o prumo foi se abster da internet – pelo menos em relação às dúvidas da gestação. Mais uma vez, a relação de confiança com seu obstetra influenciou positivamente nesse aspecto. “Ele me passou vários conteúdos que considerava importantes. Eu preferia ler isso do que buscar as respostas na internet, justamente porque me sentia muito segura com ele”, relata. Por fim, o dia da vinda do Pedro acabou sendo mais do que especial. Bem ao lado da sala de parto de Shirlei, sua irmã Elizabeth também deu à luz o priminho do Pedro: Luca chegou exatos 22 minutos depois!

SHIRLEI RAQUEL MANTEUFEL DEU À LUZ SEU PRIMEIRO FILHO, PEDRO, AOS 44 ANOS DE IDADE


CURSOS

GESTANTES SÃO PREPARADAS PARA O TRABALHO DE PARTO E APRENDEM O QUE FAZER

PREPARANDO-SE PARA A CHEGADA

PARA DIMINUIR AS DORES

Cursos ajudam a preparar a mãe e o acompanhante para a chegada do bebê,

DAS CONTRAÇÕES

além de propiciaram o estreitamento de laços com a equipe da maternidade gestação é um período de cerca de 39 semanas nos quais o corpo feminino se transforma para trazer uma nova vida ao mundo. E a mulher que será mãe, assim como todos a sua volta, também muda. A casa também se prepara para essa chegada. As perguntas se multiplicam, e esse período se torna necessariamente um tempo de aprendizado e preparação para um parto adequado à segurança da gestante e às necessidades físicas e afetivas da família. Para ajudar mães, pais e acompanhantes a gestar não só o bebê, mas também o momento especial em que ele chegará, a maternidade do Hospital Moinhos de Vento tem um repertório de cursos voltados aos conhecimentos práticos neces-

26

sários para que gestação, parto e os primeiros momentos com o bebê deixem as melhores lembranças. Os cursos de Preparação para o Parto e de Acompanhante ao Parto, feitos em parceria com o Instituto de Educação e Pesquisa (IEP) do Hospital Moinhos de Vento, são feitos mensalmente nas dependências do hospital, e recebem as mães e seus acompanhantes para um programa detalhado de práticas e conhecimentos. PASSO A PASSO O Curso de Preparação para o Parto teve uma evolução programática que incorporou os princípios do Programa Parto Adequado. “É o tipo de preparação que auxiliará a gestante no momento do trabalho de parto”, esclarece Juliana Coelho, 27


CURSOS

CURSO ORIENTA PAIS E ACOMPANHANTES A VIVENCIAREM O MOMENTO DO PARTO, DANDO MAIS CONFORTO ÀS MULHERES COM TÉCNICAS

da equipe de eventos científicos do Hospital Moinhos de Vento e que atuou na estruturação do curso. Atualmente, o programa é de quatro aulas de três horas cada, realizadas uma vez por mês, de segunda a quinta-feira. Nesse período, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeira, obstetra e nutricionista que fazem parte do Corpo Clínico da maternidade falam sobre questões diversas, como relacionamento familiar, o momento do parto, com seus sinais e as melhores práticas, o aleitamento materno e os cuidados com o recém-nascido, a alimentação da mãe antes e depois do parto, o primeiro banho e troca de fraldas, a limpeza do coto umbilical, entre outras. “E não é só focado na mãe. A gente faz com que o acompanhante também se sinta integrado nesse processo”, pontua Juliana. O curso de Preparação 28

para o Parto reúne, a cada vez, entre 25 e 30 gestantes e seus acompanhantes, sejam companheiros, companheiras ou outros parentes. Já o curso de Acompanhante ao Parto, incorporado ao repertório do Hospital Moinhos de Vento em 2017, é mais breve, mas não menos intenso. Também é mensal e tem duração de uma hora e meia, com um formato mais acolhedor. Mães e acompanhantes são preparados pela equipe para o momento específico do trabalho de parto, e aprendem práticas voltadas a dar conforto para mãe, diminuir as dores das contrações com métodos não farmacológicos, como massagens, banhos, o uso da bola suíça, que são eficazes inclusive para acelerar o nascimento do bebê, conforme explica a enfermeira Grete Raubach, que coordena a equipe do curso. “Os pais, que muitas vezes não sa-

bem como agir nestes momentos, são colocados para fazer todas essas ‘manobras’. Eles aprendem que faz parte entrar junto no chuveiro, se molhar, fazer massagem. E vai dar tudo certo”, assegura. Juliana concorda: “Muitos pais saem de uma posição secundária para um papel principal no parto, junto com a mãe”. LAÇOS DE CONFIANÇA Além da indispensável transmissão de conhecimento, salienta Juliana Coelho, outro grande mérito dos dois cursos é criar um vínculo prévio das mães e seus acompanhantes com a própria equipe responsável pelo acolhimento da família no Centro Obstétrico, que é também quem ministra o conteúdo. “Ela (a mãe) tem o seu obstetra, que tem a autonomia de tomar decisões, mas geralmente ela não tem vínculo com

DE MASSAGENS E BANHOS, ALÉM DO APOIO EMOCIONAL

equipe que vai lhe dar assistência naquele momento. No curso, a mãe acaba conhecendo as enfermeiras que vão estar lá na hora e se sente mais segura tendo a equipe do lado”, ressalta. Junto com os cursos, o Hospital Moinhos de Vento está preparando atividades de apoio como a abertura da maternidade a visitas externas para o contato com a equipe e a apresentação da estrutura disponível, e a realização de sessões de bate-papo entre a equipe, gestantes e mulheres que pretendem engravidar. “São essas mulheres que vão trazer tudo para nós. Suas dúvidas, seus desejos, o que acham que poderia ser diferente, os temas das conversas que têm com suas amigas. A gente escuta o que elas têm para dizer e já esclarecemos suas dúvidas ali. Vai ser algo muito rico”, empolga-se Grete.

EXCELÊNCIA EDUCACIONAL Além de fazerem parte do corpo assistencial, os docentes dos cursos para mães e pais da maternidade têm uma formação educacional sólida. Segundo Christian Tudesco, gerente do Instituto de Educação e Pesquisa (IEP) do Hospital Moinhos de Vento, o grande diferencial é contar com profissionais que também atuam nos 20 cursos de pós-graduação oferecidos no IEP. “No curso de gestantes, há a certeza de que os docentes que preparam mães e pais não só conhecem tecnicamente o tema, como também são líderes de várias áreas do hospital, que têm um conhecimento amplo e formação destacada com muitos mestres e doutores integrando a equipe”, conta. Para Tudesco, “é um grande diferencial integrar ações de educação e pesquisa, junto com a assistência”. 29


ASSISTÊNCIA AO PARTO

DE BRAÇOS ABERTOS Tudo o que circunda o nascimento de bebês na Maternidade Helda Gerdau Johannpeter – do acolhimento da equipe à estrutura de quartos e de convivência – foi concebido para receber a família em cada minuto dessa hora tão esperada 30

sucesso dos melhores eventos, sejam de pequeno ou grande porte, tem muito a ver com o cuidado e o esmero de seus anfitriões, aqueles que fazem com que seus convidados se sintam em casa. O mesmo acontece em todos os momentos da vida em que o que faz a diferença é, justamente, o quanto nos sentimos acolhidos, bem assistidos e até mesmo queridos. Por isso, cada nascimento que acontece na maternidade Helda Gerdau Johannpeter, do Hospital Moinhos de Vento, tem uma abordagem carinhosa e humana. Esse aconchego vem da equipe assistencial, que antecede e prepara a chegada do médico obstetra. E está também na própria estrutura do hospital, no ambiente acolhedor dos apartamentos,

áreas em comum para a família e os ambientes onde acontece o pré-parto e nas salas de parto, onde finalmente o bebê vem ao mundo. A sequência dos acontecimentos é conhecida por quem já passou por lá: a paciente chega ao hospital, normalmente antes de seu obstetra, que é avisado de que o bebê está a caminho. Nesse momento, se ela fez um Plano de Parto, já o entrega à equipe, que faz a primeira avaliação e a triagem; depois disso, a equipe a coloca no pré -parto, “um ambiente onde ela pode ter um pouco mais de privacidade, junto com o acompanhante”, explica a enfermeira Andreia Amorim, coordenadora assistencial da área Materno -Infantil. Apesar de padrão, o conjunto de medidas está longe de ser uma

EQUIPE ASSISTENCIAL ATUA COM ABORDAGEM CARINHOSA E HUMANA

rotina mecânica para a equipe. “Há, claro, o cumprimento da prescrição, dos padrões a serem observados no trabalho de parto que está começando, mas tem uma outra parte que não está escrita no nosso rol de práticas, mas que é totalmente necessária: é o envolvimento emocional que aquela equipe tem com o momento da mãe, porque entendemos que ganhar um filho significa muito para ela”, enfatiza Andreia. É essa equipe que cria esse “ninho” em que a parturiente poderá passar as horas decisivas que antecedem o parto, e nas quais todo o conforto é bem-vindo. “Se ela quer escurecer o ambiente, pôr uma música, vamos criar esse momento gostoso para ela”, conta. Para o obstetra Dr. Cristiano Salazar, o objetivo maior é que a enfermagem auxilie a paciente para tudo o que ela precisa. “Muitas vezes, na fase ativa do trabalho de parto, o que mais incomoda é a dor. Então vamos usar a medicação para a dor. Também é a própria enfermagem que levará a paciente para o banho, colocará na bola para poder ajudar no alívio, ou deambular [caminhar], fazer massagens”, acrescenta. Tal acolhimento resulta de treino, experiência e conhecimento. De acordo com a enfermeira Grete Raubach, liderança de enfermagem do Centro Obstétrico e Maternidade, a própria formação da equipe é relacionada a esse perfil mais receptivo: “São enfermeiras e técnicas não só voltadas meramente à parte cirúrgica, mas sim ao acolhimento, à condução do parto. São pessoas preparadas para conduzir e ficar ao lado da paciente que está em trabalho de parto”, explica. Essa equipe que fica constantemente a serviço da paciente, que, em breve, estará sentindo seu bebê 31


ASSISTÊNCIA AO PARTO

OS PAIS TAMBÉM PODEM CONSTRUIR SUAS PRÓPRIAS VIVÊNCIAS NO TRABALHO DE PARTO

32

na própria pele, varia entre seis e sete pessoas. “Sempre há a técnica da recepção, o médico plantonista, uma técnica em enfermagem no pré -parto, e a enfermeira vai e volta de forma intermitente”, diz Dr. Salazar. Já na sala de parto, há o obstetra da paciente, o pediatra, a enfermeira e mais duas técnicas de enfermagem, além, eventualmente, do médico ou da médica anestesista. Ainda que ocorrendo em um tempo mais breve, a necessidade da cesariana não muda, de forma alguma, a abordagem da equipe em relação à parturiente, suas necessidades e ao bebê. “O acolhimento pela enfermagem é sempre muito humano e de caráter pessoal. Não é mecânico. Tanto a paciente que enxerga que seu momento é para uma cesárea, ou quando sua condição clínica é para isso, não é menos prazeroso para a equipe que assistirá essa paciente”, salienta o obstetra. Nesse contexto, o ambiente é também um diferencial para intensificar essa sensação de acolhimento na recepção e no trabalho de parto. Quartos e suítes têm uma decoração toda voltada ao aconchego e ao conforto. “A mãe pode fazer todos os cuidados com a orientação da equipe, como a limpeza do coto umbilical, a

troca de fraldas, a mamada”, explica Grete. Na sala de pré-parto, onde há uma grande janela com vista para o Guaíba, a paciente não precisa ficar na cama por horas e tem todos os elementos para proporcionar conforto no trabalho de parto. O alívio e o bem-estar da parturiente em muito se devem também à presença do pai, que participa desde sua chegada no Centro Obstétrico até a hora da alta. Ativo na aplicação das técnicas não farmacológicas e no apoio emocional, ele pode também construir sua própria vivência no trabalho de parto, experimentando a intensidade e emoção deste momento. Em suma, é o trabalho coletivo – a parturiente e seu acompanhante inclusos – que garante e legitima o momento de emoção que é a chegada do bebê. “Quanto mais a equipe atua de maneira integrada, melhores condições a gente dá à paciente, melhor ela se sente acolhida e assistida nesse momento especial da vida dela”, avalia Andreia. Em especial, a enfermeira conta que, muitas vezes, os maridos e acompanhantes trazem essa experiência como deles também, e dizem, emocionados: “Elas cuidaram de ti o tempo todo, foi muito lindo!”. Para Andreia, é um retorno muito especial. 33


M É TO D O S N ÃO FA R M AC O LÓ G I C O S

SEM MEDO DA DOR Banhos quentes, exercícios e massagens em um ambiente acolhedor ajudam a relaxar durante o trabalho de parto e diminuem sensivelmente qualquer desconforto

34

uem nunca se angustiou, assistindo a um filme ou novela, com os gritos de uma mulher em trabalho de parto? A teledramaturgia está cheia de histórias de suor, dor e trabalho relacionadas ao nascimento. A ficção exagera para nos emocionar, mas a medicina, para além do entretenimento, atua para que, independentemente de qual seja a escolha que a mulher faz para o nascimento de seu bebê, este venha ao mundo com segurança, conforto e, sobretudo, amor. Entretanto, o temor da dor ainda tem um papel determinante na escolha da gestante pelo tipo de parto. Pela conveniência da rapidez da cesárea, nem sempre seu obstetra tentará esclarecer a paciente de maneira isenta. Essa realidade dos consultórios ajudou a consolidar o Brasil como um dos países onde mais acontecem cesáreas, e onde as cesáreas eletivas – aquelas sem necessariamente uma indicação clínica concreta – também são populares. O parto vaginal, feito no tempo de cada mulher e com os sinais de seu corpo respeitados, provoca contrações musculares. É o que gera as temidas “dores do parto”, e, sim, a dor em diversas intensidades faz parte do processo. Porém, ela pode regredir a níveis suportáveis para a parturiente, seja com a utilização de medicamentos e anestésicos ou com a aplicação de métodos não farmacológicos: desde exercícios e posicionamentos que tornam o processo do parto mais confortável a recursos ambientais

complementares, que, deixando a parturiente mais relaxada, indiretamente também atuam para a diminuição da dor. MÉTODOS DIVERSOS Há várias técnicas utilizadas pela equipe do Centro Obstétrico do Hospital Moinhos de Vento: As massagens têm a participação ativa do acompanhante, que faz toques circulares, com óleos, nas costas da parturiente. É uma das técnicas aprendidas pelas gestantes e seus companheiros no curso de acompanhante ao parto. Um dos recursos mais utilizados e que já se tornaram rotina no Hospital são os banhos de chuveiro. Segundo a enfermeira Andreia Amorim, coordenadora assistencial da área Materno-Infantil, no próprio banheiro da ala de pré-parto há uma relação das posições que ajudam no trabalho de parto. “Cada uma tem um sentido e atua em um grupo muscular diferente”, explica, salientando que os banhos, sempre quentinhos, são feitos frequentemente na companhia do pai e da técnica ou enfermeira, presentes para ajudar nesse processo. “E dá resultado: as pacientes referem alívio; dores que estão em níveis altos baixam para o nível seis, em uma escala de zero a dez. Isso, em franco trabalho de parto, faz muita diferença”, revela. A bola suíça – a mesma usada nos estúdios de pilates – também pode ser combinada com a entrada no chuveiro ou servir de base para as massagens. Além disso, a partu-

riente pode fazer movimentos sentada na bola, auxiliada tanto pela equipe de assistência quanto por seu acompanhante. Entre os benefícios, além de relaxar a pelve, está a facilitação da “descida” do bebê para sua posição final. Outro método que está sendo introduzido no Hospital Moinhos de Vento é o óxido nitroso medicinal, que visa a produzir uma vasodilatação na parturiente, liberando endorfinas que produzem a desejada sensação de alívio. “É considerado um método não farmacológico porque é um gás disponível na natureza. Não é uma medicação”, esclarece Andreia. A mulher respira em um bocal individual e ela mesma modula a absorção do gás. Durante o trabalho de parto e combinados aos métodos já descritos, a equipe também lança mão de

outros recursos que intensificam o relaxamento da futura mãe. Além da chamada deambulação, que basicamente é caminhar livremente pelos espaços disponíveis da maternidade, medidas como escurecer o ambiente ou utilizar uma luz mais suave, e até colocar uma música, podem trazer o alívio desejado. “Há estudos que comprovam isso. Como há o relaxamento, a mulher não fica tão contraída”, salienta Andreia.

CAMINHAR LIVREMENTE PELOS ESPAÇOS DA MATERNIDADE É UMA DAS PRÁTICAS QUE AJUDAM A RELAXAR

EFICÁCIA COMPROVADA A enfermeira Grete Raubach, liderança de enfermagem do Centro Obstétrico e Maternidade do Hospital Moinhos de Vento, comenta que o uso desses recursos, um pouco deixados de lado pela comunidade médica no passado, está voltando a ganhar força e eles são cada vez mais 35


PLANTÃO ANESTÉSICO

M É TO D O S N ÃO FA R M AC O LÓ G I C O S

MOMENTO DECISIVO

A ESPERA NATURAL É RECOMPENSADA NA

A maternidade do Hospital Moinhos de Vento conta

HORA DO NASCIMENTO,

com anestesistas 24h para emergências obstétricas

UM MOMENTO DE INTENSA EMOÇÃO

adotados na rotina da maternidade. “Havia médico que nem sonhava em colocar a paciente na bola”, revela. Porém, a efetividade desses métodos, não só para minimizar dores, mas também para acelerar o próprio trabalho de parto, vem aumentando a adesão a essas técnicas. “Como isso realmente ajuda, e pode antecipar o trabalho de parto em até uma hora, os médicos confiam e estimulam que a equipe os conduza”, relata Grete. Andreia destaca que é a ciência que demonstra os resultados dessas práticas. Parte da equipe do Centro Obstétrico, conta, fez um curso de simulação de urgências obstétricas no Hospital Albert Einstein – que coordena o Programa Parto Adequado em nível nacional –, em São Paulo, onde houve um módulo inteiro sobre o uso dos métodos não farmacológicos. “Esse curso foi fundamental para a equipe assistencial, que pôde perceber a efetividade para o alívio da dor”, confirma Grete. MOMENTO DE EXULTAÇÃO É claro que a utilização de métodos não farmacológicos é feita com a aceitação prévia da parturiente – sendo sempre recomendada uma 36

conversa prévia com seu obstetra sobre como funcionam esses recursos. Igualmente, durante os cursos e visitas à maternidade, a equipe do Hospital Moinhos está à disposição para esclarecimentos. “Mas se a paciente não quiser, a gente respeita sua vontade”, assegura Andreia. A enfermeira salienta, entretanto, que apesar do temor da dor, é importante ter a noção de que isso faz parte da natureza, e é um sinal fisiológico do trabalho de parto. Todo esse processo, as horas de espera, os exercícios feitos com o companheiro ou a companheira criam o ensejo para que o nascimento do bebê seja um momento de exultação para seus pais. “Quando o bebê vai para cima da mãe e faz esse contato pele a pele… aquilo contagia todo mundo dentro da sala de parto. É uma explosão de emoções tão intensa, forte, que nenhuma mulher deveria não se permitir isso”, descreve Andreia. Ao fim, ela conta, “o bebê está relaxado, seguro, e certamente também experimentando aquela emoção que a mãe dele sente. Saber disso talvez encoraje outras mulheres a viver esse momento. E acho que nosso trabalho também é esse”, conclui.

m dos fatores mais importantes para a segurança e o conforto nos nascimentos nos casos de emergência obstétrica é a presença imediata do médico anestesista. Muitas vezes, sua atuação é essencial nas situações mais complexas e delicadas. “Na obstetrícia, 90% dos casos são só alegria e felicidade. Mas, às vezes, há patologias em que é preciso intervir muito rápido e, para isso, além do obstetra, é necessário o anestesista”, explica a Dra. Flávia Grillo, que coordena o plantão anestésico da maternidade do Hospital Moinhos de Vento. Nas 24h do dia, há sempre um profissional de prontidão que faz diferença, principalmente, em situações de grande emergência. “Com as distâncias e o trânsito, esperar a chegada de um profissional externo pode levar de 15 a 20 minutos. Para um bebê, isso pode ser vital”, alerta a médica. Dra. Flávia lembra que um bebê pode vir ao mundo em apenas cinco, ou dez minutos, quando há um plantonista de anestesia disponível. Atualmente, segundo ela, o plantão obstétrico atua, em média, em 50 nascimentos por mês – o que representa cerca de 15% do total mensal de nascimentos do Hospital. “Destes 50, 10% são emergências mais complexas”, pontua. Outra parte, cerca de 40%, corresponde às circunstâncias em que o anestesista de rotina de um obstetra está indisponível e, em vez da busca por um substituto externo, o plantão é acionado. A outra metade, de acordo com ela, é de atendimentos especificamente voltados à analgesia. “O alívio da dor é benéfico ao trabalho de parto e à mãe. Atualmente há o grande uso do plantão, e sua vantagem é aumentar o número de partos com analgesia”, explica Dra. Flávia, para que “o conforto materno, de a mãe ter uma analgesia mais rápida, leve a um parto de melhor qualidade. Sem o plantão, esse processo demoraria um pouquinho mais”, ressalta. Na maior parte dos nascimentos registrados no Hospital, os médicos obstetras continuam a contar com seus anestesistas de rotina, que trabalham principalmente nas cesáreas eletivas. O resultado do trabalho do plantão anestésico, implantado na maternidade em 2017, é mais segurança nos momentos em que a anestesia ou analgesia se fazem necessárias, proporcionando tranquilidade para que o bebê venha no tempo certo e com o máximo de conforto para a mãe. 37


PARTO

RELAÇÃO DE CONFIANÇA Desejo pelo parto foi o que motivou Stela Figueiró a buscar informações e escolher médica que respeitasse sua preferência pelo nascimento natural. Seus três filhos nasceram no Moinhos tela Figueiró, de 32 anos, é mãe do Lucas, de 7 anos, do Benjamin, de 5, e do Mattias, de 2 anos. Todos os seus três meninos vieram ao mundo pelo parto, e todos eles aconteceram no Hospital Moinhos de Vento. “O motivo principal para eu querer ter o parto natural foi porque eu tenho muito medo de agulha. Por isso comecei a estudar métodos para alívio da dor. Eu queria sem anestesia”, revela. O parto de Mattias, o caçula, foi feito pela Dra. Karla Brouwers (na foto ao lado, junto com Stela), obstetra do Corpo Clínico do Hospital Moinhos de Vento, e há dois marcos especiais nesse nascimento: foi o primeiro que Stela e o marido fotografaram, e um dos primeiros depois que o hospital ingressou no Projeto Parto Adequado, em maio de 2015. Stela conta que tem muita tolerância à dor e fica bem pouco tempo em trabalho de parto – quando teve Mattias, ela e o marido, Timóteo, entraram no elevador às 21h07 e já às 21h35 o bebê estava em seu colo. “Quando percebi que as contrações ficaram menos espaçadas, deu tempo de dar o jantar para os meninos, e até me maquiar. O parto foi natural, mas os cílios eram postiços!”, conta, com bom humor. Porém, quando houve a ruptura da bolsa as contrações ficaram bem doloridas. “Parecia que eu nunca tinha feito isso. A dor era forte”, relata. A Dra. Karla a colocou na bola e fez massagem, mas logo depois ela foi levada 38

“O PARTO FOI NATURAL, MAS OS CÍLIOS ERAM POSTIÇOS!”, CONTA

à sala de parto, onde Mattias veio ao mundo na posição vertical. “Eu sofri, mas já passou. É preciso saber que vai doer, mas eu também sabia que a cada contração eu estava mais perto de ver ele”, relembra. Stela tinha consciência de que, na hora, poderia eventualmente haver alguma condição clínica que poderia levar à realização de uma cesariana. “Mas a Dra. Karla abordava o assunto, me deixava muito tranquila. Eu sabia, por exemplo, que se ele estivesse sentado, ela preferia não fazer parto normal.” Em seu plano de parto, Stela pe-

diu que não lhe fosse feito acesso venal nem a episiotomia (uma incisão efetuada na região do períneo – área muscular entre a vagina e o ânus – para ampliar o canal de parto). Ela queria, também, usar sutiã durante o parto, em função das fotos, mas teve de ceder em relação ao protocolo do hospital. “Sempre tentamos acatar o desejo da paciente, desde que não prejudique de qualquer forma a segurança dela e dos outros. O acesso venoso, por exemplo, não é necessário em todos os partos – exceto para aquelas que se utilizam da analgesia ou soro. Mas a maioria dos partos de baixo risco poderia seguir sem acessar a veia. Já o caso do sutiã é outro: os partos do Moinhos são realizados em uma área restrita dentro do Centro Obstétrico. Lá dentro, todo mundo usa roupa cirúrgica, touca e propé, pois devemos trazer o mínimo de germes de casa para o ambiente hospitalar. Um sutiã é pouco risco, mas não é isento. Por causa desse tipo de solicitação, agora o Hospital disponibiliza tops próprios da unidade para a paciente usar”, explica o obstetra Dr. Cristiano Salazar. Para o parto de Mattias, e também o de Lucas e o Benjamin, Stela conclui dizendo que, para ela, foi decisivo buscar informação, encontrar uma equipe em que pudesse confiar em relação ao seu desejo pelo parto, “que não me enganasse”, pontua. “Também vale investir tempo para conhecer o corpo e saber como ele reage”, recomenda.

RELATO DO PAI: SURPRESA REVELADA No dia 24 de maio de 2015, no Hospital Moinhos de Vento, nascia o Mattias, nosso terceiro filho, o terceiro menino. É sempre bom falar dos sentimentos envolvidos nos partos dos nossos três filhos. Mas o parto do Mattias tinha um componente especial. Ao contrário dos partos anteriores, onde ficamos sabendo do sexo do bebê com apenas 12 semanas de gravidez, na gravidez do Mattias eu e a minha esposa resolvemos não querer saber o sexo do bebê, achamos que seria bacana e muito interessante fazer essa surpresa. Talvez por isso eu tenha ficado um pouco mais ansioso e tenso no parto do Mattias. Lembro que as pessoas ficavam “horrorizadas” ao saber que nós não queríamos saber o sexo do bebê com antecedência, tive que dar muitas explicações durante os 9 meses! Mas também dei muita risada! No final das contas, foi uma experiência inesquecível ter feito dessa maneira, como nossos avós e nossos pais, que não

tinham essa preocupação em saber o sexo com antecedência. Claro, deu um pouco mais de trabalho, tivemos que comprar roupas para menino e menina, tivemos que levar duas malas para o hospital. Lembro como se fosse hoje, no momento em que o bebê nasceu e logo vimos que era um menino, mais um menino! O Mattias havia chegado, para a nossa alegria! Comprido e gordinho como os manos, logo nasceu e já pegou o peito da mãe. Os momentos de ansiedade haviam passado, a surpresa estava revelada, agora eu estava relaxado, curtindo aquele momento com a minha esposa. Foi, sem dúvidas, um dos momentos mais marcantes da minha vida! Jamais me esquecerei! Na Bíblia diz que os filhos são como flechas nas mãos do arqueiro; hoje eu posso dizer que sou um “arqueiro”, feliz e completo com as “armas” de que eu preciso. Timóteo Figueiró 39


QUANDO BIBIANA NASCEU,

CESÁREA

FOI COLOCADA PARA FICAR PELE A PELE COM A MÃE ATÉ QUE A CIRURGIA FOSSE CONCLUÍDA

Ana Meinhardt esperou completar 39 semanas de gestação

AMBIENTE FAMILIAR publicitária Ana Meinhardt, de 39 anos, fotografa nascimentos há sete anos. Antes disso, ela já se dedicava à fotografia, mas a escolha por voltar sua carreira para fotos de gestação, partos e recém-nascidos foi impulsionada pelo incentivo da amiga e obstetra Dra. Aline Polanczyk. E, não por acaso, Aline também foi quem, em 2016, ajudou Ana a dar à luz a pequena Bibiana – conhecida por todos como Bibi. “Eu estava às vésperas de congelar meus óvulos – achava que não ia dar tempo, por causa da idade – quando descobri que estava grávida”, recorda Ana. Mesmo tendo presenciado vários nascimentos, tanto por cesárea quanto pela via vaginal, Ana pediu pela cesariana, por se sentir mais à vontade e segura com o método, e a Bibi chegou com 39 semanas de

gestação. “A Dra. Aline me explicou todos os benefícios do parto normal, mas acolheu minha escolha e me sugeriu que eu e o Vinícius, pai da Bibi, fizéssemos o Plano de Parto”, relata. Nesse plano, além de pedir para sua equipe fotografar e filmar o acontecimento, Ana desejava esperar para entrar em trabalho de parto (se isso ocorresse dentro das 39 semanas) e pediu para escolher toda a equipe que estaria presente no nascimento de sua filha, como a obstetra (Dra. Aline Polanczyk), assistente (Dr. Cristiano Salazar), anestesista (Dra. Renata Pedrini) e pediatra (Dra. Desirée Volkmer). Também pediu que a Bibi nascesse com a luz apagada, que tivesse uma música calma e ar quente ligado para ela não sentir frio. “Estava no meu Plano de Parto também que a Bibi pudesse fazer pele a pele comigo na primeira hora, até

eu estar com a cirurgia terminada. E pedi que ela fosse, assim que possível, para o colo do pai, para começar esse vínculo tão importante. Todos esses meus desejos e preocupações colocados no plano de parto e na consulta pré-natal foram atendidos e, por isso, considero que tive uma cesárea humanizada”, conta. Ana também solicitou que a sua sócia estivesse no pré-parto. “Ela é minha melhor amiga, é como uma irmã e me apoiou durante toda a gestação”, lembra com carinho. Como a fotógrafa era sua prima, e o cinegrafista era o futuro dindo da Bibi, o ambiente na sala de parto foi muito familiar. O plano de parto engajou não só a equipe do hospital como também os outros membros da família. “Como eu sou fotógrafa, queria que as primeiras fotos fossem da equipe, então pedi que os visitantes não tirassem

fotos, e todos respeitaram”, explica. Outra coisa que chamou a atenção de Ana foi a tranquilidade que a equipe que realizou a cesariana lhe passou durante a cirurgia. Durante o procedimento, o posicionamento de Bibi no útero dificultava sua saída, o que demandou uma manobra rápida e bem-sucedida feita pela equipe. “Na hora, eu não percebi nada. Além disso, eu morria de medo de anestesia, mas a Dra. Renata Pedrini, anestesista, me deixou muito tranquila. Foi tudo muito amoroso”, conta. Com sua vivência, Ana também tenta desmistificar a cesárea. “Todo mundo fala que o pós-operatório dói muito. Dói, pois é um corte, mas é plenamente suportável. Doze horas depois que a Bibi nasceu eu já tomei banho, lavei a cabeça, e caminhava reta”, diz. E sete dias depois, Ana tirou os pontos. 41


PREMATUROS

TOQUE DELICADO A UTI Neonatal é um lugar especial dentro do Hospital Moinhos. Acolhimento, amor e superação fazem parte da rotina de bebês, mães e pais, e da equipe que os atende

uz baixa, silêncio, movimentos cuidadosos e toque delicado. O dia a dia na UTI Neonatal do Hospital Moinhos de Vento é como se fosse realmente um universo paralelo no ambiente hospitalar, criado com a missão de atender bebês que precisam de cuidados especiais e intensivos logo após o nascimento. Muitos desses bebês são o que a medicina chama de prematuros extremos: vêm a este mundo tão novinhos – podem nascer com até 22 semanas, pouco mais da metade do tempo médio de gestação – que sua formação não se completou no útero da mãe. A UTI Neonatal, portanto, é o local onde eles vivem o restante do tempo que seria de gestação, e podem, depois de todo o cuidado, ir finalmente para casa. Segundo a chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital Moinhos de Vento, a pediatra e neonatologista Dra. Desirée de Freitas Valle Volkmer (na foto à direita), o aumento da taxa de nascimento de bebês prematuros – por fatores diversos como a incidência de doenças como hipertensão e diabetes nas mães, maternidade tardia e o nascimento de mais gêmeos – fez com que a medicina se desenvolvesse ainda mais na acolhida, cuidado e assistência a esses pequenos. “Hoje, o atendimento é muito mais exclusivo e individualizado. É toda uma equipe multidisciplinar que vai atuar, desde o toque à terapêutica empregada, observando como aquele bebê específico responde a tudo isso”, explica. Isso é necessário, esclarece Dra. Desirée, por se tratarem de bebês ainda completando sua formação. “A

gente enxerga esse desenvolvimento dentro da unidade neonatal”, salienta. Na prática, significa que é um bebê que precisa de ajuda para a maturidade pulmonar, para estabilizar a pressão sanguínea, para a evolução do trato gastrointestinal, entre outras. “É um bebê que demanda um cuidado de 24h em todos os aspectos”, resume a neonatologista. Dentre as especialidades demandadas para esse atendimento tão especial estão os médicos neonatologistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêutica clínica, neurologistas, nefrologistas, gastros, pneumologistas, cardiologistas, radiologistas e outras especialidades médicas, e ainda o apoio psicológico e espiritual para a família. Além do próprio bebê, os pais demandam cuidado e carinho da equipe. Mães e pais podem estar na UTI Neonatal as 24h do dia e podem também, com preparo e apoio, pegar seus bebês no colo e, quando possível, dar de mamar no próprio peito. Para Dra. Desirée, ser o pai ou a mãe de um prematuro extremo traz um grande aprendizado. “Toda essa experiência marcante nos ensina a ser mais tolerantes, a ter paciência, e a esperar o tempo do outro”, conta. Para a pediatra, as histórias desses pais e desses bebês “frágeis, mas muito guerreiros” são o melhor estímulo para dar força a outros pais e mães que chegam. Uma família ajuda a outra. “Tem dias em que tu vais ser apoiado, e depois serás o apoiador dos outros”, conta. Mas os grandes vencedores da UTI Neonatal são esses pequeninos. “Eles têm uma força de viver impressionante, e isso ensina a gente todos os dias”, conclui.

DELICADEZA E TOQUE SUAVE CARACTERIZAM O CARINHO E O CUIDADO COM OS PREMATUROS EXTREMOS

43


PREMATUROS

“HOJE EU SEI QUE MILAGRES EXISTEM” Conheça a história de Klaus, filho de Maressa e Genaro Fauth, que nasceu com apenas 22 semanas

PREMATUROS E A GENÉTICA Frutos de uma combinação de fatores que podem ser genéticos e ou ambientais, os partos prematuros podem ocasionar problemas na saúde do bebê com consequências para o resto de sua vida. Problemas respiratórios, deficiências visuais e auditivas, atraso no desenvolvimento neurológico e paralisia cerebral estão associados ao nascimento antes do tempo. Além disso, nascimentos antes de se completarem as 37 semanas são a principal causa de morte neonatal e infantil. Diante disso, a ciência vem buscando entender de que forma evitar um parto prematuro – e um estudo publicado no periódico científico “New England Journal of Medicine” e divulgado em reportagem de O Globo* abre novos caminhos para as pesquisas que podem ajudar na prevenção. Os pesquisadores identificaram variações em seis genes das mães

que têm forte ligação com a duração das gestações e os nascimentos prematuros. “Estudos anteriores já mostraram que o parto prematuro é uma combinação de fatores genéticos, que representam de 30 a 40%, e ambientais. Este estudo revelou a descoberta da associação de seis regiões do DNA com os partos prematuros em mulheres europeias. O mesmo servirá como base para novas pesquisas na África e Ásia, para verificar se as associações também são encontradas em outras etnias, assim como tentar verificar se a suplementação do selênio em gestantes poderia mudar as taxas de partos prematuros. Essa descoberta ajudará na prevenção do parto prematuro, diminuindo morbidade e mortalidade neonatais, com grande impacto na mortalidade infantil”, explica a pediatra e neonatologista Dra. Desirée Volkmer, chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital Moinhos de Vento.

*https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/estudo-identifica-seisgenes-ligados-partos-prematuros-2179564 44

A vida de Maressa e Genaro Fauth mudou quando Klaus veio ao mundo, em 4 de outubro de 2016. Com apenas 22 semanas de gestação, a rotina da família passou a orbitar a UTI Neonatal do Hospital Moinhos de Vento, onde esse pequeno tão lutador viveu durante cinco meses e meio. Ainda com sua formação física incompleta – principalmente na parte cardíaca e intestinal –, o pequeno demandou atenção constante não só da equipe, mas também de seus pais, que contaram com o apoio de parentes para tocar a pequena empresa familiar em Alvorada, dedicada à fabricação de tijolos e cerâmicas. Maressa ficava com o pequeno durante as manhãs; e Genaro, nas tardes. O casal viu famílias que chegaram e partiram da unidade, sem que Klaus ainda estivesse pronto para ir para casa definitivamente. Ainda que tenha havido angústia, isso fez com que Maressa buscasse apoio e força nesses pais, e pudesse retribuir com mais apoio a outros pais. “Quando eu sei que tem mãe passando por alguma dificuldade, eu a contato. Às vezes a gente precisa ouvir, de alguém que viveu isso, que nos diga que vai dar tudo certo”, aconselha. Com sua presença constante na unidade, Maressa também viu de perto o trabalho minucioso da equipe, que ela classifica como “fora do comum”. “Se não fosse por eles, o Klaus não estaria aqui”, elogia. De poucas palavras e olhos marejados, Genaro relembra momentos difíceis na UTI Neo – Klaus

passou por quatro cirurgias, ao todo –, mas também de horas felizes. “Quando ele respondia bem (ao tratamento), a gente ia se entusiasmando”, recorda. Hoje, ele conta que está sempre “fazendo tudo” ao lado de Klaus, juntos em quase todas as brincadeiras. O “Klausinho” também é o xodó da irmã, Manuela, de 11 anos, que teve também o seu momento com o mano na UTI. “Quando ela ouviu o chorinho dele”, conta Maressa, “ela também começou a chorar, e logo toda a equipe começou a chorar junto, de tanta emoção”, recorda. A permanência do pequeno Klaus na UTI Neonatal lhes ensinou, segundo Maressa, a evoluir como casal. “O Klaus me ensinou a ser uma mulher diferente. Eu deixei de ser tão ansiosa. Agora, eu e meu marido nos entendemos muito melhor. E ele me ensinou a ter fé. Hoje eu sei que milagres existem”, revela.

KLAUS FICOU INTERNADO NA UTI NEO DO MOINHOS POR CINCO MESES E MEIO E PASSOU POR QUATRO CIRURGIAS

45


VAC I N A S

CÍRCULO DE

PROTEÇÃO Seguir o calendário de vacinação é essencial para proteger a mãe e o bebê durante a gestação e no primeiro ano de vida, e para construir uma barreira para as doenças mais comuns a esse período 46

47


VAC I N A S

O IDEAL É COLOCAR AS VACINAS EM DIA ANTES DA GESTAÇÃO

48

gestação é um período de novidades e aprendizados. Além da intensidade emocional e amorosa que é esperar um bebezinho, o corpo da mulher passa por transformações radicais, tanto no ponto de vista hormonal – os famosos altos e baixos da gravidez – quanto imunológico. “A gestação é um período de imunidade mais baixa, que deixa a gestante vulnerável a alguns tipos de infecções”, explica o Dr. Paulo Gewehr, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento. “Segundo ele, isso acontece pela necessidade de o sistema imunológico da gestante ficar mais tolerante ao corpo do bebê em formação dentro do útero, pois o mesmo possui células diferentes do organismo da mãe.” Na prática, isso faz com que a gestante possa contrair doenças mais facilmente. “Uma doença bem comum mas que tem maior impacto na gestação é a gripe (influenza). Como há possibilidade de complicações graves, a vacinação é indicada com prioridade para as gestantes”, diz o médico. Não só a gripe, mas o risco de contágio por doenças até mais graves faz com que a vacinação seja um aliado indispensável para resguardar a saúde da gestante e do feto. Segundo Dr. Gewehr, o cenário ideal, no caso de uma gravidez planejada pelo casal, é colocar as vacinas em dia antes de engravidar. “Isso é necessário, pois algumas vacinas, como a da dengue e da febre amarela, não podem ser aplicadas durante a gestação”, esclarece. Tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) e varicela também devem ser atualizadas antes da gravidez. O calendário vacinal da gestante,

elaborado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), recomenda as vacinas contra a influenza, hepatite B e a dTpa (difteria, tétano e coqueluche). “São vacinas que, além de protegerem a mãe, protegem o bebê, pois os anticorpos fabricados atravessam a barreira placentária. É uma proteção pronta, vinda da própria mãe”, salienta Dr. Gewehr. Outro ponto enfatizado pelo infectologista é a importância de que outros membros próximos da família, como o futuro pai, avós e irmãos, também sejam vacinados, principalmente contra a gripe. “Isso diminui a chance de que a pessoa próxima fique gripada e aumente o risco de contágio da mãe e do bebê. Chamamos de ‘estratégia casulo’, pois impede que a doença se aproxime da mãe e do bebê.” No caso do recém-nascido, a vacina da hepatite B deve ser dada, no máximo, nas primeiras 24h horas de vida do bebê. Outra vacina importante, segundo Dr. Gewehr, é a BCG (contra a tuberculose), recomendada para os primeiros 30 dias de vida. “Na maternidade, recomendamos fazer as vacinas hepatite B e BCG para que a criança já saia protegida”, diz. Na sequência, há as vacinas hexavalentes (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B, hepatite B e poliomielite), pneumocócica, rotavírus, pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B e poliomielite) e meningites ACWY e B. Ao chegar aos 6 meses de idade o bebê já pode receber a vacina da gripe. Aos 9 meses, a criança recebe a vacina da febre amarela, e após os 12 meses, a tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela), hepatite A e pentavalente.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO - GESTANTE VACINAS RECOMENDADAS

Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP

Dupla adulto (difteria e t tano) – dT

Hepatite B Influenza (gripe)

ESQUEMAS E RECOMENDAÇÕES HISTÓRICO VACINAL

CONDUTA NA GESTAÇÃO

Previamente vacinada, com pelo menos três doses de vacina contendo o componente tetânico.

Uma dose de dTpa a partir da 20a semana de gestação, o mais precocemente possível.

Em gestantes com vacinação incompleta tendo recebido uma dose de vacina contendo o componente tetânico.

Uma dose de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20a semana de gestação, o mais precocemente possível. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas.

Em gestantes não vacinadas e/ou histórico vacinal desconhecido.

Duas doses de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20a semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas.

Três doses, no esquema 0 - 1 - 6 meses. Dose única anual.

Fonte: Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2017/2018

49


VAC I N A S

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO – CRIANÇA ATÉ 2 ANOS DO NASCIMENTO AO 2 AOS 2 ANOS DE IDADE VACINAS

BCG ID Hepatite B

Ao nascer

1 mês

2 mês

3 mês

4 mês

5 mês

6 mês

7 mês

8 mês

9 mês

12 mês

15 mês

18 mês

Dose única 1a dose

2a dose

3a dose

Tríplice bacteriana (DTPw ou DTPa)

1a dose

2a dose

3a dose

Reforço

Haemophilus infuenzae b

1a dose

2a dose

3a dose

Reforço

Poliomielite (vírus inativados)

1a dose

2a dose

3a dose

Reforço

Rotavírus Pneumocócica conjugada

Duas ou três doses, dependendo da vacina utilizada 3a dose

2a dose

1a dose

Reforço

Meningocócicas conjugadas

Duas ou três doses, dependendo da vacina utilizada

MenACWY

Meningocócica B

1a dose

2a dose

Reforço

Infuenza (gripe)

3a dose

Dose anual. Duas doses na primovacinação antes dos 9 anos

Poliomielite oral (vírus vivos atenuados) Febre amarela

Dias Nacionais de Vacinação Dose única

Hepatite A

1a dose

Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)

1a dose

2a dose

Varicela (catapora)

1a dose

2a dose

2a dose

Sempre que possível, preferir vacinas combinadas. Sempre que possível, considerar aplicações simultâneas na mesma visita. Qualquer dose não administrada na idade recomendada deve ser aplicada na visita subsequente. Eventos adversos significativos devem ser notificados às autoridades competentes. Algumas vacinas podem estar especialmente recomendadas para pacientes portadores de comorbidades ou em outra situação especial. Consulte os Calendários de vacinação SBIm pacientes especiais. Fonte: Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2017/2018

50

A CONSTANTE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS É UMA PRECAUÇÃO FUNDAMENTAL NA PROTEÇÃO CONTRA INFECÇÕES

CUIDADO NAS VIAGENS Embora as vacinas sejam um fator de proteção contra infecções, há doenças contra as quais se demandam cuidados extras. Uma delas é o zika vírus, que ainda não conta com uma vacina disponível para uso. E a vacina contra a dengue não serve para outras enfermidades também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como a zika e a febre chikungunya. “É importante, independentemente da região do Brasil onde a mãe estiver, que tenha cuidados para a prevenção de picadas de insetos. Usar repelente, calça comprida, blusas de manga longa, usar telas nas janelas e portas, e evitar sair a exposição nos horários de maior atividade do

mosquito”, recomenda Dr. Gewehr, que alerta que, em outras regiões, o risco pode ser bem maior que o da cidade onde se mora. NÃO DÁ PARA FACILITAR Para além da eficiência das vacinas, o nascimento e tudo o que circunda este momento demandam uma dose extra de cuidado, principalmente com a mãe e o recém-nascido. É o que alerta a clínica médica Dra. Denusa Wiltgen. “Uma pessoa vinda da rua não deve sentar na cama do paciente que está no hospital. Pedimos também para evitar dar flores e plantas de presente para a mãe, justamente porque contêm resquícios de terra”, exemplifica. Segundo ela, o mesmo deve ser

feito em casa. “Quando alguém está doente não deve visitar famílias com recém-nascidos. É uma questão de bom senso.” A constante higienização das mãos é uma precaução fundamental na proteção contra infecções, pois as mãos são o principal e mais comum vetor de doenças. Em ambientes restritos e de “segurança máxima” como o da UTI neonatal, a todo momento a higienização das mãos com álcool gel, ou água e sabão, é mandatória tanto para a equipe quanto para os pais. “Lá, temos os seres humanos mais suscetíveis às mínimas mudanças do ambiente hospitalar. Essas crianças não tiveram contato com o mundo e têm sua imunidade pouco desenvolvida”, alerta. 51


GALERIA

RELATOS DE UM

DIA ESPECIAL A alegria e o amor sentidos com a chegada de um filho transbordam no sorriso e no olhar das mães e dos pais e contagiam todos. A emoção e as sensações vividas pela família no dia do nascimento são lembranças que ficam guardadas para sempre. Confira a seguir uma galeria de fotos e relatos de algumas mulheres que se tornaram mães na maternidade do Hospital Moinhos de Vento e compartilham o que ficou na memória desse dia especial.

O parto do Leo foi muito tranquilo. Colocaram uma música bem calminha na sala de parto. Foi muito emocionante tê-lo nos braços assim que nasceu. Recebi um atendimento muito solidário, me senti segura e amparada. As enfermeiras sempre se mostraram muito atenciosas comigo e com o bebê, me passando muito apoio em momentos de mais apreensão. O ambiente não parece de um hospital, e a equipe foi muito afetiva e profissional. Tanto o nascimento do Leonardo quanto o do Christian foram momentos mágicos, de uma emoção indescritível”. EM 2017 NASCEU LEONARDO, SEGUNDO FILHO DE MARTA OPPERMANN E ANDREI VELLOSO. O PRIMOGÊNITO CHRISTIAN TAMBÉM NASCEU NO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO, EM 2013

53


“Meu parto aconteceu muito rápido, mas lembro que estava muito nervosa e com medo por causa das dores da contração. Logo depois da anestesia tudo mudou e consegui relaxar e curtir. Que sensação mágica de segurar aquele bebezinho quentinho nos braços. Eu e meu marido estávamos muito emocionados. A Antônia estava superatenta, com os olhos abertos só nos observando... que sensação maravilhosa! Ela nasceu às 8h30 da manhã, com muita saúde e de parto normal. Me senti muito acolhida, segura e confiante, principalmente na hora do parto, pois teve uma enfermeira que ficou comigo o tempo todo segurando minha mão, me apoiando e me instruindo com a respiração e força. Foi sensacional! Eu me lembro que fiquei superemocionada e achei incrível o carinho que ela teve comigo.” DANIELA GERSHENSON ALBRECHT E SAMUEL ALBRECHT ENCHENDO A ANTÔNIA DE CARINHO, EM 2016

“Todos já me falavam, mas não poderia imaginar que a experiência seria tão transformadora! Os partos foram momentos absolutamente inesquecíveis e especiais. Valorizo muito o parto humanizado dentro de toda a segurança do ambiente hospitalar. Vejo que o hospital está cada vez mais atento a isto. O momento do primeiro banho ficou ainda mais acolhedor e tranquilo, usando o cueiro para deixar o bebê mais seguro e calmo. Meu marido participou ativamente de tudo. A equipe do Hospital Moinhos de Vento é muito preparada e atenciosa. Passados 23 dias do nascimento, minha filha internou no Hospital por infecção respiratória importante, necessitando de UTI. Somos muito gratos por toda assistência e pelo carinho com que ela foi tratada. Foi o momento mais difícil de nossas vidas e foi fundamental ter recebido todo o apoio. A equipe é muito profissional e humana. Felizmente, ela ficou ótima em seguida.”

“Foi a maior e melhor experiência da minha vida. Inesquecível. A equipe do Hospital Moinhos de Vento foi espetacular, superpreparada e, principalmente, tranquila. Me senti muito segura em todos os procedimentos realizados.” CARLA FACHIM E O PRIMOGÊNITO LORENZO, NASCIDO EM 2014, FILHO DE CHRISTIAN BAINI

MARIELA SILVEIRA PONS E MARCOS CALEFFI PONS COM A FILHA CARMELA, NASCIDA EM 2016. O PRIMOGÊNITO FREDERICO TAMBÉM NASCEU NO HOSPITAL, EM 2014

54

55


GALERIA

A sensação do nascimento de um filho é inesquecível. As quatro experiências foram únicas, diferentes e indescritíveis. É uma mistura de felicidade, tensão, nervosismo, medo e ansiedade. Mas todos esses sentimentos juntos se transformam em um só: felicidade. Nesse momento tão especial, o Moinhos conseguiu fazer a gente esquecer que estávamos em um hospital. A simpatia, o profissionalismo e o acolhimento nos fizeram sentir em casa.” ALESSANDRA E ROBERTO STAUB COM OS FILHOS RAFAEL, LUCAS, LORENZO E MARTINA – OS QUATRO NASCERAM NO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

Catarina veio de uma forma inesperada: com 37 semanas e 5 dias, a bolsa estourou enquanto eu dormia, um pouco antes da meia-noite do dia 21 de junho, e eu entrei em trabalho de parto. Como ela estava sentada desde o início da gravidez, sabia que teríamos uma cesárea, mas confesso que fiquei muito nervosa. Quando cheguei ao hospital com contrações, minha pressão estava altíssima e eu tremia demais, de dor e emoção. Só me acalmava quando via o meu marido, minha mãe e a Dra. Fabiola Tannus Stefani (obstetra), que rapidamente acionou a equipe para a cirurgia. Eu só desejava que nossa filha nascesse com saúde! Nossa pequena veio ao mundo à 1h59 da madrugada, eu nem acreditava no que estava vivendo! Olhar aquele rostinho e beijar minha filha foi a melhor sensação que já vivi nesses 35 anos. Me senti muito acolhida desde o momento em que pisei na maternidade. Passamos direto para a sala de observação, recebi o carinho de enfermeiras e da médica plantonista. A equipe foi fundamental para que eu me acalmasse. Me responderam às dúvidas, me ajudaram a aliviar a dor. As enfermeiras são bastante qualificadas, me deram dicas de amamentação, do banho, de manejo com a bebê e vinham imediatamente quando eram acionadas. Nos sentimos em casa!”

O nascimento de um filho é um dos momentos mais emocionantes da vida. É uma mistura de vários sentimentos ao mesmo tempo que dá uma ansiedade para dar tudo certo, uma curiosidade enorme para ver a carinha e uma felicidade absoluta no momento em que a gente pega o bebê no colo. Um dos momentos mais especiais e emocionantes da vida. Eu amei o atendimento da maternidade do Moinhos. Me senti acolhida e muito segura com a equipe. Todo o tempo perguntavam se eu precisava de alguma coisa, ajudavam com a Catarina e com a amamentação. Foram muito carinhosas, dedicadas e profissionais com os cuidados com a gente o tempo todo.” CAROLINA DE FRANCESCHI CEOLIN

GABRIELA LERINA COM CATARINA, QUE NASCEU EM 2017, FILHA DE ALVARO BITENCOURT

E FERNANDO TORNAIM COM A FILHA CATARINA, EM 2016

56

57


Seguranรงa. Conforto.

Carinho. Amor


www.hospitalmoinhos.org.br

www.facebook.com/HospitalMoinhos

www.instagram.com/hospitalmoinhosdevento


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.