Soulguetto

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GUETTO

SOUL

Nº 001 - Novembro de 2015

SWAG Saiba tudo sobre o

estilo DE SE VISTIR que está tomando

IMPÉRIOS AFRICANOS

as ruas do Brasil!

Conheça a história do que ninguém te contou na escola.

FIQUE LIGADO!

Conheça os novos talentos

E mais: Dicas de cortes de cabelo incríveis para você deixar o seu black moderno e muito bem cuidado...

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NOVO CD: “SOBRE CRIANÇAS, QUADRIS, PESADELOS E LIÇÕES DE CASA…’’

EDIÇÃO Nº: 001 - NOVEMBRO DE 2015 - R$ 6,00

da cena black brasileira



EDITORIAL

sALVE R APEIZE!

T

razemos na capa uma matéria com EMICIDA o rapper conta tudo que rolou na sua visita à África e no que isso influenciou no seu novo

trabalho. Além disso, a edição esta repleta de novidades e matérias que vão dar o que falar! Entrevistamos Mc Soffia, a rapper de 11 anos que rima contra a discriminação racial. Confira tudo o que rolou nos campeonatos de basquete de rua e Skate freestyle! Nas nossas páginas de moda urbana você confere um ensaio fotográfico com o estilo Swag, os panos mais estilosos do momento. Na sessão O que você não aprende na escola vamos conhecer tido sobre o Império Ashanti. Leia também matérias sobre eventos culturais, relatos sobre discriminação e muito mais! Gostou da capa? Deixe seu comentário e concorra a exemplares! SOULGHETTO

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SUMÁRIO

18

Com rimas sobre empoderamento, história da luta negra e paradigmas sociais, MC Soffia coloca as lições aprendidas na escola e cultivadas pela mãe e a avó nas letras

10

Confira as principais

competições de Basquete e skate da CUFA...

05 08 pág.

Sábado é dia de Charme no Viaduto de Madureira! Saiba tudo que rola no mais tradicional baile do Rio de Janeiro.

SEÇÕES 05. MÚSICA 11. PERFIL 14. ESPORTE 16. COMPORTAMENTO 25. CABELO 26. MODA 30. NA REAL 31. CULTURA 34. EVENTOS 38. HUMOR NEGRO 4 SOULGHETTO

20 EMICIDA O rapper que combate o racismo enquanto alimenta uma bem-sucedida máquina de negócios.


RAIZ DO RAP MÚSICA

G

rupo

N.w.a de

Gangsta

Rap

americano

formado

em

1986 em Compton, Califórnia, formado por Eazy E, Dr. Dre, Ice Cube, DJ Yella, MC Ren e Arabian Prince. N.W.A, sigla do inglês Niggaz Wit Attitudes (Negros com atitudes) foi um grupo de Gangsta Rap americano formado em 1986 em Compton, Califórnia, formado por Eazy E, Dr. Dre, Ice Cube, DJ Yella, MC Ren e Arabian Prince. Depois de cinco anos o grupo acabou com desavenças entre alguns de seus membros.Eazy-E, nome artístico de Eric Lynn Wright, um jovem ex-traficante membro da gangue Crips nativo de Compton, fundou a Ruthless Records em 87 ao lado de Jerry Heller. Ruthless lançou N.W.A. and the Posse ainda em 1987 em parceria com a Macola Records. O N.W.A., fundado por Eazy e um jovem DJ área de Compton Dr. Dre ainda estava na fase de testes e só foi creditado em 4 faixas do álbum de 11 faixas, o clássico de Electro hop “Panic Zone”,

“8Ball”, “Dopeman” e “A Bitch Iz a Bitch”. Com o tempo novos membros foram integrados ao grupo: um garoto membro do C.I.A. chamado Ice Cube, um DJ de Compton membro do World Class Wreckin’ Cru’ chamado DJ Yella e outro DJ da área membro do Bobby Jimmy & The Critters chamado Arabian Prince.O primeiro álbum do grupo, N.W.A. And The Posse (1987), foi largamente ignorado. O segundo álbum - agora com um novo membro - MC Ren, Straight Outta Compton (1988), é considerado uma das obras primas do rap. A música “Fuck Tha Police” denunciava os abusos dos policias para com os negros e, por tamanha ousadia que foi falar mal e satirizar a força policial, cuminou numa

Niggaz Wit Attitudes (Negros com atitudes) carta aviso do FBI sugerindo que o grupo não falasse mais sobre aquilo. Mesmo assim suas músicas viraram hinos das ruas (embora o grupo não tenha tido apoio da mídia nem da MTV) e seus membros viraram os mais notórios representantes do que viria a ser batizado de Gangsta rap: um gênero musical do HipHop com letras de hedonismo, sexismo

e

protagonistas

violência.

Seus

justificavam

o

estilo chocante das músicas dizendo

que

eles

estavam

“contando

apenas como

a

coisa é”.Eazy-E representava o rosto do grupo e dos jovens que eram público dos Negros Com Atitude, Dr. Dre e DJ Yella cuidavam das batidas e das produções dos álbuns enquanto Ice Cube e MC Ren eram responsáveis pelas letras, então como não havia nenhuma função para Arabian Prince, este percebeu que era Excedente para a banda e então saiu no mesmo ano do lançamento de Straight Outta Compton. SOULGHETTO

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MÚSICA

flora Matos Apesar da pouca idade – 23 anos –, a cantora e compositora é considerada pela crítica e pelos parceiros como uma das grandes revelações do rap nacional. Flora Matos faz um show gratuito e ao ar livre sábado 16 de Janeiro às 16h, na Quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel. O repertório concerto de 60 minutos ainda é uma incógnita, mas é provável que a moçoila de Brasília apresente sucessos como Pretin, Esperar o Sol e Pai de Família.

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MÚSICA

negra li

Cantora começou a preparar o próximo disco, previsto para o começo de 2016, e garante uma versão moderna da artista que domina o rap, o soul, o R&B e o hip hop

C

ompletando 20 anos na música, Negra Li já começou a se preparar para as come-morações. De 2014 para cá, a cantora retomou as atividades do grupo RZO junto aos rappers Helião, Sandrão e DJ Cia, foi jurada de programa de televisão e se destacou no campeonato Dança dos Famosos, na TV Globo. A cereja do bolo está prevista para o começo de 2016, quando a cantora planeja lançar seu quarto álbum de estúdio, terceiro solo. O novo trabalha carrega a assinatura do produtor musical João Marcelo Bôscoli, que

já trabalhou com nomes de peso como Milton Nascimento, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Em função de vários compromissos, Negra Li só conseguiu começar a se dedicar com exclusividade ao novo projeto de inéditas na última semana – mas, enérgica, já antecipa que entre o fim de novembro e o começo de dezembro deverá ser lançada a primeira música de trabalho do álbum. Sobre o disco, ela aposta alto: “vai ser o meu ápice”.

batalha de MCs feminina FOTO

O evento acontecerá em baixo do Viaduto Negrão de Lima

FOTO

Show de lançamento do CD

09 de Janeiro às 19h SESC MADUREIRA

D

ia 13 de Dezembro, às 16h, acontece a “Batalha for Girl”, competição de rimas entre mulheres MCs e atuantes no movimento hip hop. O evento é organizado pelo Coletivo Mulheriu Clã, que desde 2013 se dedica a difundir o hip hop e incentivar mulheres a produzirem músicas do gênero. Além da competição, acontecerá também shows com a presença de A’s trinca, Bivolt Mc, GGF – A família, Dan Feitosa, Áudio Combo e Jé Versátil, e também realização de grafites com as minas do M.A.N.A CREW. SOULGHETTO

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MÚSICA

DUELO DE MC’S ELIMINATÓRIA SÃO PAULO A capital paulista recebe seletiva para o Duelo de MCs Nacional no próximo dia 05 de maio. Não perca!

S

ão Paulo será a terceira cidade brasileira a receber as eliminatórias regionais da batalha de rimas chamada Duelo de MCs, edição nacional. No próximo dia 05 de maio, oito MCs paulistas disputam

uma vaga na grande final nacional, que acontecerá no segundo semestre, em Belo Horizonte, e revelará o melhor improvisador da cultura hip hop brasileira em 2013. O evento acontece na Vitrine da Dança, da Galeria Olido, e conta com a participação de artistas locais, além de alguns nomes da cena de Belo Horizonte, promovendo um grande intercâmbio entre diferentes gerações do hip hop brasileiro.Os DJs Erick Jay, Nyack e Roger Dee (BH) embalam a festa, que ainda recebe os shows de Stefanie, Potencial 3 e Monge MC (BH).

CRIOLO Convoque seu buda

N

o dia 09 de Janeiro a Serraria Souza Pinto recebe Criolo. O cantor e compositor apresenta o trabalho Convoque Seu Buda. O paulista Kleber Cavalcante Gomes conhecido como Criolo é o criador da Rinha dos MCs. Entre suas músicas de destaque está “Não existe amor em SP”. A festa conta ainda com Flora Matos, DJ Jahnu e DJs convidados.

SOULGHETTO 8 SOULGHETTO

Vendas: - Ingressos Promocionais : R$ 30,00 - 1º Lote: R$ 40,00 - (Disponíveis até 30/12) Online no Sympla: https://goo.gl/ x7T0zZ Pontos de venda: a partir de 18/09, 15h - Farm - Patio Savassi, Diamond Mall e BH Shopping


MÚSICA Por Lucas Scaliza

KENDRICK LAMAR TO PIMP A BUTTERFLYA

BIG SEAN DARK SKY PARADISEO

FILIPE RET INVICTO

Após seu lançamento, To Pimp a Butterf ly foi aclamado pela crítica profissional. O site especializado em crítica musical e cinematográfica Metacritic avaliou o disco com 96 pontos de 100, que dentro dos padrões do álbum é considerado “aclamação universal”, analise feita por vinte e um críticos. O álbum foi o de maior pontuação do ano no Metacritic, tanto em termos de metascore e pontuação do usuário, além do álbum de hip hop com maior pontuação de todos os tempos. Dessa maneira, a pontuação do disco ultrapassou a do Stankonia do OutKast como o álbum de rap melhor classificado em todo o site e está empatado na oitava posição dos álbuns mais bem avaliados do síte.

Sean Anderson mostra maturidade musical em faixas muito bem produzidas. Em Dark Sky Paradise, seu terceiro disco, Big Sean mostra refinamento e mira um tipo de hip hop que coagula aspectos da velha guarda do rap com uma boa dose de modernidade sonora. Dois aspectos chamam a atenção imediatamente: A verborragia. Tanto Sean como todas as participações especiais usam muitas palavras naquele estilo speech. O outro aspecto é a harmonia, mais rebuscada que o habitual dentro do hip hop mais acessível. A progressão de acordes de Dark Sky Paradise é sóbria, misteriosa e termina por ser algo bastante bonito e acordes bem encaixados.

Logo em “Chefe do crime perfeito”, primeira track, as metáforas são jogadas nas sua cara de forma aberta. Comparando as suas letras as drogas, ele meio que solta rimas clichês, o que não me agradou muito. “Invicto” é um dos melhores singles comerciais do ano até agora, o cara sabe o que faz e com certeza, é um dos pontos positivos do disco. Outra temática muito abordada é o romantismo. O melody carioca é colocado de uma forma bastante agradável no cd. Mão Lee, o produtor que mais aparece no disco, soube muito bem incorporar as vertentes cariocas como ninguém. Invicto é um pouco decepcionante sim, nada comparado ao Vivaz.

“A Liberdade Não Tem Preço” Os fãs do rapper Dexter não param de receber novidades. Depois do anúncio de que o cantor criou a própria produtora, a Oitavo Anjo Produções Fonográficas, agora a surpresa fica por conta do lançamento da terceira edição do DVD Dexter e Convidados – A liberdade não tem preço. SOULGHETTO

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TOP 10+

OS 10 mELHORES Rappers de Todos os Tempos O hip hop é um movimento cultural coletivo – o break (dança), o rap e o grafitti se complementam e formam a cena. Mas quando um MC pega o microfone, se mede o seu potencial de ser ouvido e levar sua mensagem. Por isso, listamos aqui os que dominam (ou dominaram) qualquer palco com o mic na mão.

Tupac Shakur

Nas

Wu-Tang Clan Um dos maiores nomes da cultura hip hop dos anos 1990 e cada membro tinha uma vibe diferente. Ghostface Killah se destaca como o mais hábil liricamente.

Notorious B.I.G.

Referência para nove a cada 10 rappers da atualidade, personificou a figura do gangsta rapper. Com sua morte, em 1996, o rapper acabou se tornando um mártir.

20 anos após o seu lançamento com Illmatic, ainda é considerado o melhor álbum de hip hop da história. Uma mistura perfeita entre a poesia crua e uma produção bem cuidada.

Lauryn Hill

Eminem

Mano Brown

Sabotage

MV Bill

Boss AC

Foi impulsionada pelo grupo The Fugee1s nos anos 1990, mas foi com seu CD solo, The Miseducation of Lauryn Hill, de 1998, que ela se tornou plena. Alternando entre sons ferozes e baladas sentimentais.

Em sua curta carreira conseguiu compor raps que são referência até para a nova geração. Além disso, fez TV e cinema. Com rimas precisas foi dos precursores da mistura de rap com samba.

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Sua técnica impressiona e o coloca nessa lista como o branquelo mais encardido do rap mundial. Pode rimar sobre estupro, assassinato e abuso de drogas da forma mais natural possível.

Mostrou que os morros cariocas também têm seu representante. Sua rimas são ligeiras, pesadas e precisas e seu rap mais sisudo e dedicado à crítica social.

A morte precoce pode elevar um rapper à categoria de lenda. B.I.G. atingiu esse status no início de sua carreira. Suas rimas ganharam vida em 1994 no Ready to Die, com rimas selvagem e visuais.

Líder dos Racionais MCs, se tornou o maior nome do rap nacional. Suas rimas sobre a periferia o fizeram uma espécie de embaixador das favelas do Brasil. Quando Brown fala, a gente ouve.

Representante europeu da lista, é português e tem uma carreira estabelecida. Com uma produção sempre impecável, rima sobre sua vida e os problemas sociais de sua terra natal.

Segundo a BILLBOARD Brasil


PERFIL

mc descolado

O que a música gerar será consequência dessa sensibilidade e respeito que tenho perante minha arte.

S

e você for a um show do rapper MC Descolado (Marcelo Ramos) pela primeira vez, sem conhecer o trabalho do cara, irá se surpreender com a quantidade de gente em frente ao palco cantando todas as canções do músico, segurando cartazes e apoiando sua apresentação. O rapper é seguido de perto por seus fãs, tanto que sua página no Facebook já chegou aos 6 milhões deles e seu DVD, lançado de forma independente, ganhou Disco de Ouro pela quantidade de cópias vendidas. Depois de EPs e mixtapes, MC Descolado está lançando seu primeiro disco de estúdio, Foco, Força e Fé, e conversamos com ele a respeito do trabalho, sua carreira, colaborações, inspirações e mais. SOULGHETTO 11


PERFIL

Batemos um papo com o Marcelo MC, confira a seguir! SG: O rap nacional está em um momento bastante interessante, onde artistas como Criolo e Emicida têm estado cada vez mais em evidência. Como você enxerga esse momento e como vê a mistura do rap e do hip-hop com outros estilos? MC Descolado: O rap só tende a crescer perante essas diferenças encontradas de um artista pra outro. Isso é necessário para a expansão. Devemos ter pé no chão e continuar trabalhando forte, com a mesma gana de quando mal tínhamos o que vestir, mas agora com roupas legais. É preciso entender que cada passo gera o próximo. Atenção em cada um deles pois isso pode definir seu futuro. SG: Há quanto tempo você tem trabalhado nesse primeiro álbum? Pode nos contar alguma curiosidade a respeito do processo de gravação de “Foco, Força e Fé”? MC Descolado: Eu vim compondo as músicas ao longo do ultimo ano e ficamos 3 meses dentro do estúdio produzindo. Todas as quartas feiras nós comíamos pastel com caldo de cana na feira que rola na rua do estúdio! (risos) SG: Como se concretizaram as participações de grandes nomes como Marcelo D2 e Negra Li no álbum?

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MC Descolado: Eu tenho a necessidade diária de agradecer a Deus por ter sido abençoado com essas duas pessoas no meu disco. Sou fã dos dois há muitos anos e foi especial tê-los participando deste projeto. As músicas não seriam nada sem eles, foram essenciais nas suas respectivas participações e elas surgiram naturalmente, pois as próprias músicas pediam por suas vozes dentro delas. SG: Que artistas e bandas você tem ouvido ultimamente e que foram inf luências para a gravação de “Foco, Força e Fé?” MC Descolado: Eu não estava ouvindo nada específico nesse momento. Eu ouço bastante Kendrick Lamar, Linkin Park, Racionais, Legião, Charlie Brown Jr.

O sucesso não vai bater na sua porta... Corre atrás e faz acontecer

SG: A cena underground e artistas considerados mais “sérios” ainda têm bastante preconceito com parcerias com artistas que estouraram para o grande público, como Anitta, com quem você já gravou. Como enxerga esse tipo de visão e o que te faz entender que essas parcerias são frutíferas? MC Descolado: Cada um tem seu caminho, o meu me trouxe até aqui agora sentado nessa cadeira

respondendo essa pergunta, e isso é especial, estar aqui, e saber que cada dia será um novo dia, consequente de hoje. Minha vivência, minhas experiências de vida, me fazem compor minhas músicas, não posso compor as músicas dos outros e nem decidir os seus rumos, tal qual acontece comigo, eles não podem decidir meus passos, mas esse preconceito tem diminuído bastante e é questão de tempos para ser algo irrisório. SG: Você tem mais discos que amigos? MC Descolado: Com certeza, afinal, amigos tenho apenas uma meia dúzia. Me identifico mas com meus fãs.


PERFIL

rael “Tento retribuir o que os Racionais fizeram pra mim”

R

acionais foram um antídoto que serviu de autoestima pra muitas pessoas que não tinham autoestima. Alguém ficava com piadinha, você não tinha o que falar. Racionais foram uma afirmação de identidade que a gente não tinha. E funcionou. Depois a gente não baixava mais a cabeça pra ninguém, e isso foi bem legal. Pra mim, me ajudou como pessoa, até. Eu era um cara muito tímido, ficava reprimido. Depois disso, comecei a me mostrar mais, a ter mais atitude.” Muitas de suas músicas se comunicam com essa herança transmitida de pai-racional para filho-rael. “Eles não tão nem aí/ eles não te dão valor/ eles querem

destruir/ a magia dessa cor”, canta no reggae “Eles não tão nem aí” (2010), em que critica a negligência dos “grandes” (e brancos) industriais diante das questões do dia a dia. “Sou um negro, não me julgo como coitado, mas tenho total consciência de que estou à margem das coisas. Morando aqui no centro, agora eu vejo isso. No meu prédio sou o único preto”, descreve, degraus acima do ponto de partida dos Racionais, e ao mesmo tempo à vontade entre os reggaes, sambas, baladas soul, funks e manguebits que se permite introduzir no hip-hop à moda de Rael. SOULGHETTO 13 SOULGHETTO


ESPORTE

Campeonato carioca de

Basquete de Rua

T

udo começou em um belo dia, ou melhor, em uma bela noite de Hip Hop no Armazém 05, mais precisamente no Cais do Porto, Centro do Rio. Vários “malucos” se apropriaram de uma cesta de lixo do evento e armaram seu jogo de basquete. Para a CUFA não havia alternativa se não organizar e transformar essa brincadeira num dos maiores acontecimentos esportivos e alternativos de que se tem notícia. Lógico que o Hip Hop é o fio condutor, afinal, foi dentro de um evento de Hip Hop que tudo começou! A rapper Nega Gizza resolveu incorporar a brincadeira ao evento, criando assim o primeiro Campeonato Carioca de Basquete de Rua, um evento que não parou mais de crescer. A CUFA não parou por aí e tornou obrigatória a prática do Basquete de Rua em todos os seus eventos. Fez com que a prática fosse desenvolvida em todas as bases sociais da Instituição, em todos os Estados e, por fim, transformou a modalidade no quinto elemento do Hip Hop.

Durante a fase nacional são eleitos os melhores jogadores do campeonato, estes formam a seleção de seu país de basquete de rua, sendo apelidados carinhosamente de os Reis da Rua.

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Circuito Municipal: A 1ª fase acontece em cada município que tiver possibilidade de organizar seu campeonato. Este não terá formato nem número de equipes pré-definido. Circuito Estadual: A 2ª fase reune as melhores equipes que passarem nos municipais. As melhores equipes (três primeiras) de cada campeonato estadual se classificam para o nacional. Circuito Nacional: A última fase do evento recebe representantes de todos os Estados, entre os meses de agosto e setembro, no Rio de Janeiro. Circuito Mundial: É a “Copa do Mundo” do basquete de rua, é um torneio das melhores seleções dos paises aonde a Cufa está presente. Durante a fase nacional são eleitos os melhores jogadores do campeonato, aí surgem as seleções que vão para o Circuito Mundial.


ESPORTE

CAMPEONATO BRASILEIRO DE

STREET AMADOR

P

ela primeira vez na história a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) junto com a Adding e Prefeitura do Rio de Janeiro através da Administração do Parque de Madureira levam para a Skate Plaza do Tatu Skate Park o CAMPEONATO BRASILEIRO DE STREET AMADOR 2016.. A melhor pista de Skate da América Latina receberá em 28 de Fevereiro de 2016 a partir das 10 horas a mais democrática competição das categorias de base do Street Skate do Brasil. E para abrilhantar ainda mais o Brasileiro de Street Amador 2015 a Qix estará oferecendo um Best Trick aos finalistas amadores 1. A Administração do Parque de Madureira estará disponibilizando alojamentos dentro do próprio parque para os selecionados para o Brasileiro de Street Amador 2015.

O

Skatepark Jorge Luís de Souza “Tatu”, situado no Parque Madureira e popularmente conhecido como Tatu Skatepark, faturou o troféu 100% Skate este ano de Melhor Pista Pública do Brasil. O prêmio foi concedido pela Revista ‘Cem Por Cento Skate’ em cerimônia para 900 convidados no Anhembi. A pista do Parque Madureira superou equipamentos situados em Nova Lima (MG), São João da Boa Vista (SP) e Mogi das Cruzes (SP), segundo votação dos próprios skatistas. O administrador do Parque Madureira, Cláudio Cassetti, representou a Prefeitura do Rio no evento.

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COMPORTAMENTO

QUERO SER RAPPER Meu nome é Saulo, moro na Zona Norte do Rio de Janeiro, tenho 15 anos. O RAP salvou minha vida pois eu perdi meu pai cedo com 9 anos e o RAP foi meu conforto. Nunca estudei música mas rimo com meus amigos de escola e tenho muito ritmo no freestyle, consigo terminar as rimas no “clap”e meu f low é muito bom, é uma mistura de Big Smalls com a voz do 2pac/AK (The Underachievers). O que devo fazer para conseguir sucesso rimando?

M

O RAP salvou minha vida pois eu perdi meu pai cedo, então o RAP foi meu conforto

uito treino. Vai rimando em instrumentais desconhecidos, ai você não pega inf luência das músicas que já foram escritas nas bases famosas. Tenta acompanhar o Soundcloud de alguns beatmakers nacionais e gringos e ir fazendo free e/ou escrevendo em cima dos beats só pra treinar. Vai procurando alguma roda que te permitam rimar, se você achar uma vai ser um adianto muito grande também. Lembrando que roda de free (ainda mais no Rio) é um bom lugar pra conhecer muita gente e ter visibilidade. Se quiser por um som na rua, primeiro vai se lapidando e depois procura um bom beatmaker (aqui no fórum BR tem vários) com ideias parecidas com a sua. Minha humilde opinião cara, não sei se seguindo isso você chegará ao sucesso, mas vai aprimorar bastante as suas habilidades como MC e compositor. MC Marechal é um rapper, compositor, produtor, apresentador e ativista brasileiro. Iniciou sua carreira como MC no ano de 1998, tendo participado do extinto Quinto Andar e atualmente segue carreira solo.

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COMPORTAMENTO

ser negra vai além de uma questÃo de pele...

O

racismo me calou durante anos. Calou-me através da timidez, da baixa estima, dos cabelos alisados ou do ferro no cabelo na beira do fogão, calou-me através das roupas, das bonecas brancas de bocas rosadas e barbies louras. Calou minha inteligência, minha coragem e meus desejos.

Amo o meu cabelo crespo, meu nariz, sou linda e me visto como eu amo

O racismo não deixou ver minha beleza durante anos, escondeu meu sorriso, me fez durante anos enxergar um cabelo ruim, me fez chorar, odiar minha pele e meu nariz, fez me esconder no fundo da sala de aula, não querer namorar, fugir dos homens e acreditar que “aquele olhar não era pra mim” ou que eu não seria pra casar.

O racismo me fez acreditar que nunca vou conseguir e que aquele palco não me pertence e trouxe-me tanta dor, tantas lágrimas que hoje são transformadas em uma única palavra: RESISTÊNCIA! Ao acordar enfrento o racismo cruel no trabalho, na rua e na escola. Enfrento o racismo do olhar, o verbal, imaginário e disfarçado. Enfrento o racismo em uma cidade negra que carrega uma cultura do preconceito, do cabelo liso, da sexualidade da negra, roupas “da moda” e uma cidade que diz que “seu lugar não é aqui, sua neguinha” e que “candomblé é coisa do diabo”. Sou negra, jornalista, agente comunitária de saúde, soterocachoeirana, amo o meu cabelo crespo, meu nariz, sou linda e me visto como eu amo, adoro turbantes, samba de roda, faço capoeira e para mim ser negra é muito mais do que uma questão de pele. Todos somos iguais, mas só quem é negro/ negra sente a dor da chibata nas costas. Chorar não alivia a dor. Enxuga essas lágrimas, levanta e vamos a luta!

RESISTA, NEGRO! RESISTA, NEGRA! SOULGHETTO 17


COMPORTAMENTO

MC SOFFIA Aos 11 anos, a rapper mirim MC Soffia rima sobre empoderamento e luta negra "É para elas entenderem sua cor e seu cabelo e se aceitarem assim", define a cantora sobre sua música 18 SOULGHETTO


COMPORTAMENTO

A

rima, que segue com a citação de nomes de grandes mulheres negras, como a escritora Carolina Maria de Jesus e Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares, é de autoria de MC Soffia. A menina de 11 anos desponta no cenário do hip hop nacional, ainda mais após o sucesso nas redes sociais de um vídeo da websérie Empoderadas, no Youtube. Nele, Soffia fala sobre racismo, hip hop e valorização da beleza negra. O vídeo conta com mais de 20 mil compartilhamentos no Facebook, muitos elogios e relatos de identificação.

África, onde tudo começou, África, onde está meu coração, África, com sua beleza e tradição, África, é pra você essa canção!

Ostentando o cabelo black power enfeitado com laço colorido, Soffia Gomes da Rocha Gregório Corrêa é supervaidosa. Na canção Menina Pretinha , Soffia exalta a beleza da criança negra e canta “você não é bonitinha, você é uma rainha”. A mãe, Kamilah Pimentel, 29, conta que fora dos palcos a filha também incentiva meninos e meninas a se aceitarem. “Isso é muito natural para ela. Como é uma criança, ela nem imagina a importância do seu exemplo”, diz. Mãe e filha moram no Cohab Raposo Tavares, em São Paulo. Nascida em uma família de militantes do movimento negro, Soffia sempre participou ativamente de eventos culturais e shows de hip hop com Kamilah. Com quatro anos, a pequena começou a ter aulas de capoeira, depois se apaixonou pelo maracatu e, aos seis, participou de uma série de oficinas do mundo hip hop: breake, grafite, DJ e MC. “No final, eles tinham que criar uma rima e apresentar. Depois disso, ela começou a querer cantar essa rima nos eventos que a gente ia”, lembra a mãe, que convencia os organizadores a deixar a menina subir no palco. Soffia conta que uma das motivações para cantar veio do amigo MC Tum Tum, com quem já dividiu o palco algumas vezes.

Uma escola diferente Parte da formação artística também veio da escola. Soffia já frequentava o Projeto Âncora, em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, quando ele ainda oferecia somente atividades no contraturno. Agora, funciona em período integral e é gratuito. No projeto, aluno e professor estipulam juntos um roteiro de pesquisa e estudos, sem lousas ou classes. Kamilah é coordenadora das oficinas de hip hop da escola e fala com satisfação do método de ensino do Âncora. “Para mim é tudo novo e eu adoro. Eles estimulam o protagonismo da criança”. Soffia é curiosa e adora a escola. A paixão pelo conhecimento se ref lete nas músicas, quando fala em estudar ou então na pesquisa histórica que fez para escrever canções como África Aliás, história é a disciplina favorita de Soffia, pela qual procura conhecer mais sobre a cultura negra e seus ícones, principalmente as mulheres.

A menina tinha sete anos no seu primeiro show, parte da programação do aniversário de São Paulo. “Tinha muita gente, mas foi normal. Agora sim que eu fico nervosa antes do show”, conta, e diz sentir falta de mais mulheres no hip hop. Entre as cantoras favoritas estão Beyoncé , Nicki Minaj, Jennifer Lopez , Karol Conka, Flora Matos e Tássia Reis. SOULGHETTO 19


CAPA

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CAPA

“O racismo é a minha luta para a vida”

C

om novo disco, lançado no início de agosto, o rapper Emicida reacendeu o debate sobre o racismo, que considera ser sua “luta para

a vida” e “o maior problema do Brasil hoje em dia”. “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” inclui faixas que abordam questões sociais levadas ao extremo, como “Boa Esperança”, cujo clipe apresenta um cenário de guerra civil, quando empregados de uma mansão rebelam-se após serem humilhados no trabalho. Por Peu

Araújo | Fotos Rui Mendes

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CAPA

N

ascido Leandro Roque de Oliveira, o rapper paulista, 30 anos, viveu em uma realidade bem diferente da atual como o famoso Emicida. Criado na periferia de São Paulo, o artista enfrentou a miséria e viu a mãe trabalhar muito para tentar sustentá-lo. O reconhecimento e a admiração pelo esforço de sua matriarca estão visíveis na faixa Mãe, do seu mais novo disco Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa. “Tanta humilhação não é vingança,/ hoje é redenção/ Uma vida de mal me quer,/ não vi fé/ Profundo ver o peso do mundo nas costas de uma mulher”, diz a letra da canção. Ainda que transmitam mensagens vorazes em uma tentativa de confronto à injustiça social, as canções do álbum possuem melodia lúdica e alto astral, como em “Passarinhos”, gravada em parceria com a cantora Vanessa da Mata. Algumas faixas foram gravadas durante viagem a Cabo Verde e Angola e contam com arranjos de músicos locais; Além de homenagear a mãe, o novo álbum de Emicida resgata a cultura africana de uma forma pouco explorada. “Eu quis trazer a questão de bele-

22 SOULGHETTO

za e da força, além da pimenta e do tambor.” Para isso, o cantor mergulhou em uma viagem à África passando por lugares como Praia, em Cabo Verde; e Luanda, na Angola, e diz ter aberto ainda mais sua mente. “Acho que voltei mais humano, mais ‘nego velho’ e mais maduro”. Ao Correio, Emicida falou sobre temas como infância, carreira, cultura hip-hop e racismo. Emicida encara a responsabilidade de se posicionar politicamente da mesma forma com que se preocupa com sua vida artística e empresarial. Ele declarou voto em Dilma Rousseff nas últimas eleições, participou de um vídeo na campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e não é fã da gestão do governador Geraldo Alckmin. Não se arrepende de nada, mas avalia: “Passou eu lá na televisão durante a campanha. Aí, saio nas ruas e os caras que gostam dela me falam: ‘Aê, Emicida, é isso mesmo’. E no meu bairro era só Aécio, mas ninguém fala nada para mim, não. Vai falar o quê? Eu sou a síntese desse outro Brasil aí no bairro”.


CAPA

Por que decidiu conhecer Cabo Verde e Angola e qual sua lembrança mais marcante dessa viagem? Essa já era uma vontade antiga. Eu sempre li sobre a África, sempre me interessei em entendê-la sob vários aspectos, a música, a história, a crueldade das pessoas sendo escravizadas no Brasil, é a minha ancestralidade. Com o tempo, o rumo que a minha carreira foi tomando, isso foi ficando mais latente e ao mesmo tempo se tornando uma possibilidade mais próxima de ser real do que apenas um sonho, sabe. A oportunidade surgiu com o patrocínio da Natura, então lá fomos nós. Estes países foram escolhidos propositalmente por serem de língua portuguesa e este ano comemoram 40 anos de independência. O título do disco é a melhor síntese, creio eu, das minhas lembranças mais marcantes. Foi encantador ver o modo simples de vida daquele povo em meio a todas as limitações que a vida impõe. Crianças sorridentes, quadris dançando sem que aquilo seja uma ofensa, seja criminalizado. Eu me lembro de ir à casa de uma senhora em Cabo Verde e ela me pedir desculpas porque as f lores não haviam surgido ainda naquele período e a paisagem não estava tão bonita. Essa é uma lembrança marcante, que vem à tona quando essa pergunta me é feita. Como foi a sua infância? Eu vim de uma família bem pobre. Meu pai morreu quando eu tinha 6 anos e minha mãe teve que trabalhar em casa de família e ter vários empregos para me sustentar. Ela trabalhava muito e ganhava pouco. Foi um tempo de muita miséria. Eu morava em um barraquinho em Jardim Fontalis (periferia de São Paulo) e depois no Cachoeira. Mas sempre fui otimista, sabia que teria que fazer alguma coisa para contar a minha história. Li que o nome da música “Boa Esperança” veio do livro “A Rainha Ginga”, de José Eduardo Agualusa. Poderia me contar como foi isso? É o nome de um navio negreiro que veio para o Brasil. Os navios negreiros que chegavam aqui tinham todos nomes bonitos, de coisas boas. Isso de uma coisa que era sinônimo de horror ter um nome bonito, até poético, ficou na minha cabeça. Muito da literatura africana me inspirou. Me vem à mente

Mudou tudo. Tem um Emicida antes e depois de Cabo Verde e ngola. Quis trazer a questão da beleza e da força, além da pimenta e do tambor. Eu tenho essa preocupação há muito tempo. Pesquiso e leio muito sobre a África, que é um país tão rico, mas que as pessoas (no Brasil) consomem aquela cultura de forma estereotipada” SOULGHETTO 23


CAPA

também o “As Aventuras de Ngunga”, do Pepetela. A história é um soco no estômago, de um menino angolano, um soldado ainda jovem. Como eu vinha pesquisando sobre isso há anos, sem nem imaginar que faria essa viagem, e que ela se desdobraria em um disco, acho que muita coisa me inspirou até de forma indireta. A literatura africana é riquíssima, mas nem tudo chega aqui. Só que eu fui descobrindo muita coisa durante as minhas turnês pela Europa, em Portugal, por exemplo, é fácil achar muita coisa. Qualquer conexão em Lisboa já é suficiente pra eu perder horas em uma livraria (risos). O disco aborda a questão do racismo de uma forma bem direta e você chegou a declarar que essa é a questão primordial para você. Acredita que o seu trabalho tem poder de mudança no cenário que vivemos? Primordial para mim e o maior problema do Brasil hoje em dia. É o pano de fundo, nunca admitido, das razões para a desigualdade, para a discriminação. Seria maravilhoso que meu trabalho por si só tivesse o poder de mudar esse cenário em que vivemos, mas não acho que eu sozinho possa reverter algo que está impregnado no cotidiano do país desde a chegada dos escravos. O que eu não posso deixar de fazer é de apontar para isso, é de lembrar que, sim, somos um país muito racista.

Ao mesmo tempo é um disco com uma sonoridade lúdica e canções alegres. Por que essa combinação ao tratar do assunto? Porque a música africana é isso, eu trouxe instrumentistas africanos, eu trouxe ritmos africanos, e não acho que tudo precise soar como “Boa Esperança” para que eu consiga transmitir a mensagem que desejo, digo no sentido da letra e do instrumental. Não é preciso muita ref lexão para sacar que “Passarinhos” traz ali uma questão social. Eu não faço essa ref lexão do “por que não fazer essa combinação” porque não sei onde está escrito que é proibido, que não se pode fazer. Eu bato na tecla da liberdade da minha arte, sabe. Não estou tratando com desdém dessa questão tão lamentável quando dou a ela uma roupagem como a de “Passarinhos”. Só estou chamando a atenção para ela de uma forma diferente da que fiz em “Boa Esperança”. Você pretende continuar abordando este tema nos próximos trabalhos? O racismo é a minha luta para a vida, acredito eu, para que minha filha não precise crescer em um ambiente como o que eu cresci e infelizmente eu nem acho que isso seja possível, talvez para os filhos dela apenas. Então acredito que sim, eu estarei às voltas com isso por toda a minha vida, não é uma escolha. Possivelmente nas minhas músicas também

“Eu percebi que tinha que virar business, senão ia ser o de sempre: neguinho fazendo música e em algum momento o dinheiro tendo que vir de um patrão branco. Politicamente, é importante que o meu chefe seja preto” 24 SOULGHETTO


CABELOS

ESTILOSOS COQUE DREAD

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abelo rastafári masculino está em alta e super na moda dos cabelos masculinos, talvez seja o segundo penteado mais requisitado hoje depois do moicano, devido principalmente aos jogadores de futebol. O cabelo rastafári tem sua origem dos nossos irmãos africanos e os dreads se espalharam pelo mundo todo, agradando muitas pessoas. Os cuidados do cabelo rastafári ao contrário do que pensam como sujo e com mau cheiro, é parecido com cabelo masculino comum. Pode-se lavar e condicionar, porém deve-se evitar piscina, praia e exposição excessiva solar. Eles também precisam de uma manutenção enquanto vão crescendo, exclusivamente na raíz.

Afrocolorismo

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cabelo black cada vez mais tem mostrado o seu lado “power”! Moçoilas cheias de personalidade desfilam suas imponentes e volumosas jubas exibindo o ref lexo da luta por igualdade e recuperação da autoestima das mulheres negras. Em meio ao grito de “afro hair, don’t care”, eis que surge mais uma nova mania entre as crespas: os cabelos coloridos. É lindo, maravilhoso, mas também exige alguns cuidados. A aplicação da tintura em cabelos afro segue o mesmo processo do usado em outros tipos de fio, quanto mais crespa, mais ressecada é a madeixa e, portanto, mais frágil. Antes de aderir é importante ter em mente que a cabeleira precisa estar forte e natural.

AFROMOICANO

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ara quem tem cabelo crespo a variedade de cortes e penteados também é grande. Quem quiser adotar um novo visual em 2016 a dica é manter as laterais do cabelo curtas. É possível adotar as mechas torcidas com um tamanho na parte de cima maior, um moicano com a lateral raspada, enfim, as possibilidades são muitas. Por ser um penteado mais elaborado, é preciso ser um homem de estilo para usar esse visual, e assim como o coque masculino, ele deve ser compatível com você. Para adotá-lo, basta que seu cabelo tenha um tamanho razoável para poder torcer os cachos. Você pode perfeitamente alternar entre o estilo afro e o com cachos torcidos. SOULGHETTO

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MODA

ESTILO

G A SW

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MODA Look Harynk

Como Se vestir com Swag? C

omo o termo se originou no Rap o estilo de se vestir segue algumas tendências do Hip Hop, com calças largas e camisetas ou jaquetas, porém com bastantes estampas e xadrez. Isso sem contar os acessórios básicos como o boné de aba (snapback) reta e óculos (cores e desenhos são bem vindos nos óculos) O segredo é ser despojado, alegre e ousado. Porque o Swag não é apenas a roupa é a atitude e como você se mostra para o mundo. Se você gosta de esporte pode seguir o estilo dos jogadores de basquete da NBA ou também seguir um pouco do estilo Nerd dos negros americanos, o que mudam são alguns poucos acessórios, mas a essência é a mesma, a descontração.

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Camisa R$ 80,00 Moletom R$95,00 Boné R$ 150,00 Bota R$ 130,00

Meias R$ 50,00


CALÇA CHACHI à vista R$ 130,00

TÊNIS ADIDAS à vista R$ 250,00

MODA

MEIA THUG KUSH VERDE à vista R$54,00

TOUCA à vista R$ 50,00

Look completo ADIDAS for Girl preço sob consulta

CORTDÃO FOLHEADO preço sob consulta

Swag é um termo da gíria inglesa muito usado nas redes sociais que revela a forma como uma pessoa se apresenta. Swag significa um estilo, aparência, ou atitude impressionante Camisa Thug Nini à vista R$ 95,00

BONE SWAG à vista R$139,00

REGATA THUG LEOPARD à vista R$125,00

ÓCULOS TARTG à vista R$125,00

BOTA à vista R$300,00

BONE NY à vista R$139,00

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NA REAL

Racismo em escola de SP contra aluna de 12 anos gera comoção

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orena tem 12 anos e agora vai à escola sorrindo com seu cabelo black power. Mas não era assim até o mês passado, quando foi vítima de racismo por colegas de turma no colégio estadual onde estuda, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo sua mãe, Camila dos Santos Reis, a menina sofreu agressões verbais por causa de sua cor e seu cabelo. A web designer conta que criaram grupos no WhatsApp para insultá-la por mensagens de voz. Lolô, como é conhecida carinhosamente, ouviu e chorou calada. Até que o preconceito chegou aos ouvidos da mãe, que fez barulho nas redes sociais. O primeiro desabafo de Camila o Facebook foi curtido por mais de 107 mil pessoas e compartilhado por quase 75 mil. No post, ela conta que Lolô lhe enviou uma mensagem, dizendo: “Olha o que eu sofro”. Na sequência, cerca de 20 áudios ofensivos que recebeu de colegas da sua idade, como “Sua preta, testa de bate bife”, “Eu sou racista mesmo”, “Você vai ficar neste grupo até chorar”, “Cabelo

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É o errado vencendo o certo, trocou de turma, mas os alunos não foram conscientizados do erro que estavam cometendo

de movediça, de macarrão” e outros impublicáveis. Na época, ela usava canecalon (tranças de cabelo artificial). Duas semanas depois, Camila postou no Facebook nova denúncia, de que a direção da escola havia trocado Lolô de turma porque “ela não se adaptou às outras crianças”. A decisão, segundo a mãe, foi tomada depois de uma acareação entre sua filha e seus agressores verbais, em que a menina teria tido que pedir desculpas a eles. Dessa vez, a garota não apenas chorou, como teve febre alta, foi diagnosticada com estresse póstraumático e não queria voltar mais à escola. “É o errado vencendo o certo, trocou de turma, mas os alunos não foram conscientizados do erro que estavam cometendo, e nos corredores da escola quando se encontrassem, como seria? Eles iam continuar ofendendo ela? Recebi uma ligação da escola no período da noite me informando que ela seria trocada de turma porque não houve uma adaptação. Como assim? E na sociedade aonde eu coloco ela?”.

Depois que a diretora teve a infeliz atitude se fazê-la pedir desculpas para os agressores, ela ficou uma semana em casa, não tinha condições de ir às aulas. Mas, mesmo assim, ela não queria trocar de escola, pois dizia que não fez nada de errado para sair da escola, que quem tinha que mudar eram os alunos e a postura da diretora. Após a repercussão nas redes sociais, motivada pelas páginas do Facebook “Preta e Acadêmica” e “As vantagens de se enrolar” (uma referência aos cabelos), as coisas começaram a melhorar. A escola foi muito resistente, aconteceram coisas muito chatas, houve negligência, mas, depois da intervenção do Conselho Tutelar, do Departamento de Políticas Afirmativas de São Bernardo e da Secretaria de Educação, a escola entendeu a necessidade de tomar providências corretivas em relação aos agressores. Os pais dos alunos enfim foram chamados. Quanto às medidas socioeducativas ou corretivas que foram tomadas, prefiro não me pronunciar — disse Camila.


GRAFITTI CAPA

HIPER REALISMO

Eduardo Kobra grafiteiro | muralista

Em janeiro de 2014 Eduardo Kobra produziu um mural com o rosto dos integrantes do Racionais MC’s. A obra ocupa uma parede de 14 metros de comprimento por 7,5 metros de altura, em um imóvel na comunidade da Vila Fundão

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GRAFITTI

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rescendo na periferia de São Paulo, Kobra segurou a primeira lata de spray aos 12 anos. Assim como muitos grafiteiros, começou pichando muros, muitas vezes com cal, fugindo frequentemente da polícia para não ser preso. Aprendeu a desenhar sozinho e, aos poucos, foi se envolvendo com o circuito do rap. No início, seu trabalho de grafite indicava uma forte inf luência dos elementos do hiphop. A guinada na sua carreira aconteceu em 2005, quando criou o projeto “Muros da Memória”, que faz releituras de fotografias antigas em diversos pontos da cidade, com cenas do cotidiano e personagens pintados a látex e spray. A ideia surgiu após visitar uma exposição em São Paulo que mostrava os casarões e árvores da Avenida Paulista dos anos 20. “Percebi que quase tudo havia se perdido, daí a ideia de reconstruir artisticamente e pintar o que eles haviam demolido, criando uma janela para uma cidade que já não existe mais”. SOULGHETTO 33


EVENTOS CULTURAIS

BAILE BLACK BOM É uma iniciativa da Botacara Produções em parceria com a Banda Consciência Tranquila que acontece mensalmente na Pedra do Sal, importante local de Resistência Negra no Rio de Janeiro. A proposta do baile é resgatar os bailes “Black Power” numa viagem no tempo da Black Music, com releituras dos maiores clássicos do gêneros desde os anos 70 até a atualidade executados pela banda Consciência Tranquila ao vivo, além de Djs aquecendo a pista com o melhor do Hip Hop, Charme, Flashback e etc.

BATALHA DE BREAK DANCE Além de promover o encontro Nacional e Internacional de dançarinos, professores e coreógrafos com a intenção de fazer a reciclagem profissional através de Competições, Mostras, e oficinas, oferece possibilidades a uma parcela significativa de jovens praticantes, a um espaço adequado e democratizado onde todos possam mostrar a sua forma de dançar como meio de comunicação e expressão, desenvolvendo e ampliando essa linguagem universal através do corpo em movimento.

ARTE AFRICANA NO CONGRESSO O Centro Cultural Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, expõe máscaras, esculturas e objetos de várias etnias africanas. É a Exposição Arte Tribal Africana, que traz 60 peças criadas entre os séculos XVII e o XX pertencentes ao acervo do ÁfricaBrasil Museu Intercontinental, localizado em São Mateus.

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O Topo da Montanha

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montagem, que já passou pela Broadway e por Londres, reinventa o último dia de vida do ativista político americano Martin Luther King (1929-1968), que morreu assassinado na sacada de um hotel em Memphis, no Tennessee. Abordando temas universais como igualdade, amor e medo, o espetáculo mostra o encontro entre o líder da luta pelos direitos civis e a misteriosa camareira do quarto onde ele viveu seus últimos momentos. Os dois estabelecem um jogo de provocações -em tom de suspense e de deboche- ao falar sobre política, emoções e sonhos. Em relação a figuras brasileiras significativas na mesma esfera de Luther King, ele cita nomes como Milton Santos, Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez, que, segundo o artista, são pouco falados nas escolas, nas redes sociais e na mídia. Taís conta que eles esperam estimular sentimentos diversos na plateia. “A gente quer que as pessoas se emocionem, que riam e que ref litam. Acho que é um momento muito apropriado para isso.”


EVENTOS CULTURAIS

Menina bonita do laço de fita C

om extrema graça e delicadeza, a autora nos apresenta uma menininha negra “linda linda”, com olhos de azeitona e cabelos de noite. Essa fada do luar encanta os leitores e também o coelho branco que não se cansa de perguntar qual o segredo para ela ser tão pretinha. Entre as respostas engraçadas da menina, o coelho finalmente entende que a cor vem da genética: a mãe, a avó e, assim, vai seguindo a genealogia

até perder de vista os parentes... Então, o coelho trata logo de arrumar uma coelha pretinha para poder procriar e ter muitos filhotes de muitas e diferentes cores: branco bem branco, branco meio cinza, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma bem pretinha, que será afilhada da menina. Um encanto de livro que aproveita a tradição oral, numa fala coloquial e familiar que pode ser facilmente absorvida pelas crianças que, mesmo não alfabetizadas, se divertirão ouvindo essa homenagem à beleza negra. Livro essencial à formação! Autor(a): Ana Maria Machado Editora: Ática | Ilustrador: Claudius

Negritude, uma estética nômade

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artista plástico Kehinde Wiley nasceu em Los Angeles, em uma família de classe media baixa, filho de um Nigeriano com uma Americana e desde muito cedo foi fascinado pelo mundo das artes. A mãe, em vez de levar os dois filhos aos treinos de esporte, como as famílias da vizinhança, religiosamente obrigava os dois a comparecerem as aulas de pintura da escola. O irmão, infinitamente mais talentoso, acabou seguindo outra carreira, mas Kehinde, apesar das dificuldades, dedicou a adolescência as praticas escolares, e hoje, tem uma legião de fãs que vai de Spike Lee a Jay-Z, passando por Elton John e Tom Ford. O conceito é sempre retratar pessoas pobres – e negras – em posições eternizadas por mestres das artes como Michelangelo, Degas, Renoir, Van Gogh, dentre outros, gerando assim um debate social entre um tipo de realeza e o que é considerado socialmente inferior. Muitos dos seus modelos, foram encontrandos durantes viagens ao Brasil; SOULGHETTO 35


ORIGEM

IMPÉRIOS AFRICANOS

Os europeus destruíram a maior parte dos monumentos da África subsaariana. Só nos restam os desenhos e descrições de viajantes que visitaram os lugares antes das destruições e algumas ruínas. “

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N

o final do século 13 quando um viajante europeu encontrou a grande Cidade de Benin na África Ocidental (atual Nigéria, Estado de Edo), ele escreveu o seguinte: “A cidade parece ser muito grande. Quando entramos, vimos uma larga avenida, não pavimentada, que parece ser sete ou oito vezes mais larga que a rua Warmoes em Amsterdã… O palácio real é um conjunto de edifícios que ocupam tanto espaço quanto a cidade de Harlem, e que está rodeado de muralhas. Existem numerosos aposentos para os ministros do Príncipe e belas galerias, a maioria delas tão grandes quanto as da bolsa de Amsterdã. São suportadas por pilares de madeira revestidos de cobre, onde as suas vitórias estão representadas, e que são cuidadosamente mantidos. A cidade é composta de trinta ruas principais, bem retas e com 36 metros de largura, além de uma infinidade de pequenas ruas transversais. As casas são próximas umas das outras, bem organizadas. Este povo não tem nada de inferior aos holandeses

em termos de limpeza; lavam e esfregam suas casas tão bem que elas estão bem polidas e brilham como cristal.” Infelizmente, em 1897, a cidade de Benin foi destruída pelas forças britânicas sob as ordens doAlmirante Harry Rawson. A cidade foi saqueada, explodida e queimada. Uma coleção dos famosos Bronzes de Benin está agora no Museu Britânico de Londres. Parte dos 700 bronzes roubados pelas tropas britânicas foram vendidos à Nigeria em 1972. Outra história da grande cidade de Benin que diz respeito às suas muralhas: “Elas se estendem por um total de 16 000 quilômetros, num mosaico de mais de 500 junções de assentamento. Cobrem 6500 quilômetros quadrados e foram todas construídas pelo povo Edo. No total, elas são quatro vezes mais longas que a Grande Muralha da China e consumiram cem vezes mais materiais que a Grande Pirâmide de Quéops. Levaram cerca de 150 milhões de horas de escavação para serem construídas, e são talvez o maior fenômeno arqueológico do planeta.”


ORIGEM

Sabia que no século 14, a cidade de Timbuktu na África ocidental era cinco vezes maior que a cidade de Londres, e a mais rica do mundo? Hoje, Timbuktu é 236 vezes menor que Londres. Nada tem de cidade moderna. A sua população é metade que cinco séculos atrás, empobrecida com pedintes e vendedores de rua. A cidade é incapaz de conservar seus monumentos e arquivos do passado. De volta ao século 14, os três lugares mais ricos da terra eram a China, o Irã/Iraque, e o império do Mali na África ocidental. Dos três, o único que ainda era independente e prospero era o império do Mali. A China e todo o Oriente Médio tinham sido conquistados pelas tropas mongóis de Genghis Kanque arrasou, pilhou e estuprou os lugares. A cidade de Timbuktu no Mali tinha uma população de 115,000 no século 14 – 5 vezes mais que a Londres medieval. O National Geographic descreveu recentemente Timbuktu como a Paris do mundo medieval, devido à sua cultura intelectual. De acordo com o Professor Henry Louis Gates, existiam na cidade 25,000 estudantes universitários. Em Mali, existem cerca de 700,000 livros que sobreviveram.

Estão escritos em Mande, Suqi, Fulani, Timbuctu, e Sudani. Os conteúdos dos manuscritos incluem matemática, medicina, poesia, direito e astronomia. Este trabalho foi a primeira enciclopédia, no século 14, antes dos europeus terem a mesma ideia no século 18, 4 séculos depois. Uma coleção de 1600 livros era considerada uma pequena biblioteca para um acadêmico da África ocidental no século 16. Existe registro do Professor Ahmed Baba de Timbuktu dizendo que possuía a menor biblioteca entre seus amigos – só tinha 1600 volumes. Com respeito a estes velhos manuscritos, Michael Palin, na série de TV Sahara, disse que o Imam de Timbuktu “tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos. É prova convincente que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.

Vista da cidade de Benin em 1891 antes da conquista britânica. H. Ling Roth, Grande Benin, reprodução Barnes and Noble. 1968.

O

homem mais rico na história da humanidade, Mansa Musa, foi o imperador do império de Mali do século 14 que cobria os atuais Mali, Senegal, Gâmbia, e Guiné. Quando morreu em 1331, Mansa Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares. Nessa época o império de Mali produzia mais de metade do abastecimento mundial de sal e de ouro. Quando Mansa Musa foi em peregrinação a Meca em 1324, levou e gastou tanto ouro, que o preço daquele metal caiu por 10 anos. 60 000 pessoas o acompanharam. Foi fundador da biblioteca de Timbuktu, e os famosos manuscritos de Timbuktu que tratavam de todas as áreas de conhecimento foram escritos durante o seu reinado. Testemunhas da grandeza do império do Mali vinham de todas as partes do globo. “Sergio Domian, um acadêmico de arte e arquitetura italiano, escreveu o seguinte sobre esse período: ‘Assim foi lançada a fundação da civilização urbana. Na época áurea do seu poder, Mali tinha pelo menos 400 cidades, e o interior do delta do rio Niger era densamente populoso.’ SOULGHETTO 37


HUMOR NEGRO

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