Os Guias do Paciente são uma publicação EDUdigital Av. António Augusto de Aguiar, n.º 24, 3º 1050-016 Lisboa tel: +351 214391476 geral@edudigital.pt 2014. EDUdigital Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução desta obra por qualquer meio (fotocópia, offset, fotografia, etc.) Redação: Dr. Philippe Violon, neurologista Supervisão: Dr. M. Van Zandijcke, neurologista © Vivio Dr. M. Gonce, neurologista Tradução: Sofia Söndergaard Paginação e design: D.er Fábio Neves 1.ª. Edição 2009 2.ª Edição 2014 ISBN 978-989-97758-7-9
A DIABETES Compreender e tratar
Introdução
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Introdução Em todo o mundo, cerca de 190 milhões de pessoas sofrem de diabetes. Calcula-se habitualmente que o número de diabéticos é de aproximadamente 5% da população. Apenas metade dessas pessoas tem
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consciência de que tem esta doença. A outra metade não se apercebe de que é diabética.
A diabetes é uma das doenças crónicas mais comuns na sociedade atual. Está associada a um aumento do
risco de doença cardiovascular, cegueira e doença renal.
A combinação de um bom tratamento da diabetes
com o controlo eficaz dos níveis de açúcar no sangue
é essencial para evitar as complicações da doença a longo prazo.
Compreender
E M I C E O que ĂŠ a diabetes?
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Compreender Níveis elevados de açúcar (glucose) no sangue Os níveis elevados de glucose no sangue (hiperglicemia) são provavelmente a característica mais conhecida da diabetes. Estes níveis elevados de açúcar no sangue podem ser causados por falta de insulina no corpo, pela insensibilidade do corpo à ação da insulina, ou pela combinação destes dois fatores. A insulina é a hormona produzida pelo pâncreas. Permite que as células do corpo usem o açúcar contido nos alimentos como fonte de energia. É desta maneira que a insulina reduz o nível de açúcar (glucose) no sangue.
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Compreender A longo prazo – doença cardiovascular
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Um outro aspeto menos conhecido da diabetes é o seu efeito destrutivo sobre os nossos vasos sanguíneos pequenos e grandes.
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A evolução silenciosa da doença cardiovascular A diabetes é uma doença temida por causa das complicações que traz a longo prazo para o sistema cardiovascular, sobretudo quando o estado deste sistema é mal gerido.
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Compreender Uma das características preocupantes da doença vascular é o facto de ela se desenvolver de forma «silenciosa», sem estarmos conscientes disso, o que cria nas pessoas a impressão de que tudo está bem, uma vez que não têm sintomas de nada. Com demasiada frequência, um ataque de coração ou um acidente vascular cerebral – ambos consequências possíveis de uma diabetes mal gerida – ocorrem inesperadamente, destruindo a vida tranquila de um diabético. Além disso, os vasos sanguíneos pequenos, como os dos rins e da retina, podem também sofrer danos graduais como consequência da diabetes.
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Diferentes tipos de diabetes
1> Diabetes tipo 1 ou diabetes juvenil
• A diabetes tipo 1 afeta certas pessoas jovens, muitas vezes as que são magras, e surge geralmente antes
Compreender dos 40 anos de idade. Este tipo de diabetes ocorre quando as defesas do corpo (sistema imunitário) destroem as células do pâncreas que produzem insulina. Após um longo processo, esta destruição das células beta do pâncreas resulta no enorme défice de insulina responsável pela diabetes.
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Sintomas agudos
Quando esta carência de insulina se torna óbvia, os sintomas aparecem rapidamente e a vida do diabético pode estar em risco. Antes de terem sido descobertos os tratamentos de insulina, este tipo de diabetes era muito temido e resultou em níveis elevados de mortalidade. Hoje em dia, os sintomas podem ser controlados através da administração de insulina.
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Compreender 2> Diabetes tipo 2 ou diabetes de surgimento tardio
• A diabetes tipo 2 surge geralmente após os 40 anos de idade, raramente antes. Este é o tipo de diabetes mais comum e é responsável por 90% de todos os casos. A maioria dos doentes que sofrem de diabetes de tipo 2 tem excesso de peso ou obesidade.
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Dois mecanismos
A diabetes tipo 2 resulta de dois fatores: > insensibilidade das células do corpo à insulina (resistência à insulina); > produção deficiente de insulina pelo pâncreas.
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Em termos cronológicos, a resistência à insulina surge primeiro. Assim que a resistência à insulina se instala durante um tempo, a doença evolui então no sentido da produção deficiente de insulina, o que explica porque é que os diabéticos de tipo 2 precisam por vezes de ser tratados com insulina.
Compreender A diabetes tipo 2 começa muitas vezes sem apresentar quaisquer sintomas ou apresentando apenas sintomas insignificantes. É por isso que muitos diabéticos tipo 2 apenas são diagnosticados numa fase mais tardia.
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3> Diabetes gestacional (diabetes na gravidez) A diabetes na gravidez (ou diabetes gestacional) ocorre no ambiente hormonal próprio da gravidez nas mulheres que não eram diabéticas antes de engravidarem. Este tipo de diabetes desaparece após a gravidez. Contudo, as mulheres que sofrem de diabetes gestacional têm um risco maior de desenvolverem diabetes tipo 2 mais tarde na vida. 4> Outras formas de diabetes Outras formas de diabetes podem estar ligadas a doenças do pâncreas, à toma de tipos de medicamentos específicos (cortisona, por exemplo), a doenças hereditárias raras e a estados que afetam outros órgãos do corpo.
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Compreender
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Compreender
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Diagnosticar a diabetes
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Compreender
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Sintomas Os sintomas típicos da diabetes, como por exemplo perda anormal de peso, sede intensa e micção frequente (necessidade de urinar) apenas aparecem quando o nível de glucose no sangue já é muito elevado.
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Sintomas menos óbvios
Por vezes suspeita-se de diabetes quando há
inflamação frequente dos folículos capilares, causando
a erupção de furúnculos (bolhas) nas costas ou na face. A diabetes também pode ser descoberta no seguimento de inflamação da glande do pénis (balanite) nos homens ou da vagina (vaginite) nas mulheres.
Compreender Acontece com frequência que o nível elevado de açúcar no sangue não é acompanhado de quaisquer sintomas ou estados. E é por isso que tantos diabéticos não estão conscientes de que têm a doença! Os sintomas – que indicam que o sistema vascular está afetado – apenas surgem uns anos mais tarde, quando já é quase demasiado tarde…
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Análise à urina A glucose só está presente na urina quando o nível de açúcar no sangue se tornou demasiado elevado. Por isso, verificar se a urina tem glucose é uma forma rápida e fácil de detetar diabetes. A análise à urina pode ser feita de forma rotineira durante os exames médicos de rotina na escola ou no trabalho. Um resultado positivo (presença de glucose na urina) sugere a possibilidade de diabetes mas não é em si suficiente para diagnosticar a doença com certeza. Para isso, é fundamental realizar uma análise ao sangue.
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Compreender
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Análise ao sangue A diabetes é diagnosticada por uma análise laboratorial que mostra um nível de glucose no sangue acima de 126 mg/ dl (miligramas por decilitro). Um nível normal de glucose no sangue em jejum é de 100 mg/dl ou menos. Contudo, o diagnóstico só pode ser validado quando estes resultados são confirmados por uma segunda análise ao sangue.
E E P P S S E E Em caso de dúvida
Se continuar a haver dúvidas após a análise sanguínea, um teste oral de tolerância à glucose vai clarificar o diagnóstico.
Este teste é realizado da seguinte forma: é dada uma
bebida rica em glucose ao paciente e o seu nível de açúcar no sangue é testado aproximadamente 120 minutos após a absorção. Passado um período de
2 horas, se o nível de açúcar no sangue exceder os 200 mg/dl, pode diagnosticar-se com certeza que o paciente sofre de diabetes.
Diagnosticar
E E M I M I C C E E Complicaçþes a curto prazo (hipo e hiperglicemia)
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Diagnosticar Em circunstâncias normais, o nível de açúcar no sangue das pessoas que não são diabéticas, que habitualmente aumenta após as refeições, é controlado rigorosamente pelo corpo, para se manter abaixo dos 200 mg/dl. No entanto, no caso dos diabéticos encontram-se níveis mais elevados do que os que se encontram nos não diabéticos e que são habitualmente bem tolerados. Níveis de açúcar no sangue muito elevados (hiperglicemia) e o contrário – níveis de açúcar no sangue muito baixos (hipoglicemia) – podem causar vários problemas. Em ambos os casos é necessário reagir rapidamente para evitar a perda de consciência que pode mesmo levar a um estado de coma.
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Diagnosticar Consequências dos níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia)
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Hiperglicemia grave e não controlada surge geralmente de forma gradual:
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• durante uma doença infecciosa (gripe,
por exemplo); • como consequência de erros de tratamento (esquecer uma injeção de insulina ou não ser administrada nenhuma injeção porque o paciente não estava com fome); • como consequência de certos tipos de tratamento (cortisona, por exemplo); • …ou sem qualquer razão aparente. • Faça verificações regulares do seu nível de açúcar no sangue
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Diagnosticar Os diabéticos que verificam regularmente (ver mais à frente) o seu nível de açúcar no sangue podem prever com antecedência a ocorrência de hiperglicemia grave e ajustarem eles mesmos o seu tratamento com a ajuda de cuidados de saúde profissionais. As crianças, os idosos, as pessoas que dependem de outros diariamente e os diabéticos que não fazem verificações regulares do seu açúcar no sangue correm um risco maior de sofrerem hiperglicemia grave.
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Diagnosticar • Possíveis sintomas graves Sede constante, necessidade frequente de urinar e um aumento da desidratação podem ser também consequências de hiperglicemia grave. Quando ultrapassa um certo nível muito elevado de glicemia, um diabético pode perder gradualmente a consciência e pode acabar por entrar em coma. Náuseas, vómitos e dores abdominais são alguns dos sinais de alerta. • Erros associados à hiperglicemia Uma armadilha típica na qual alguns diabéticos caem é não se injetarem com insulina porque não estão com fome – por exemplo, quando têm gripe. De facto, durante períodos de doença como a gripe, a necessidade de insulina aumenta em vez de diminuir. Mesmo quando um diabético não está a comer, ou está a comer menos, é possível, paradoxalmente, que o seu corpo precise na verdade de mais insulina do que o habitual.
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Diagnosticar • Autocontrolo para evitar consequências desastrosas Uma boa forma de evitar incidentes de hiperglicemia grave é realizar controlos próprios regulares e cuidados (ver mais à frente) e testar a existência de cetonas na urina. As cetonas são substâncias residuais que resultam do metabolismo que o corpo faz das gorduras. Elas tornam os fluidos corporais ácidos, causando emergências médicas que vão requerer intervenção de um profissional de saúde. Por vezes é mesmo necessário o internamento hospitalar.
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Consequências dos níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia)
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A hipoglicemia ocorre de forma repentina e pode, por exemplo, ser consequência de saltar uma refeição, injetar demasiada insulina ou realizar demasiado esforço físico, o que leva ao consumo excessivo de açúcar.
Diagnosticar Os primeiros sintomas ocorrem habitualmente quando o nível de açúcar no sangue cai abaixo dos 60 mg/dl (miligramas por decilitro). A hipoglicemia grave refere-se a um nível de açúcar no sangue abaixo dos 50 mg/dl.
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Muitas vezes, a forma através da qual a hipoglicemia se manifesta tem a ver especificamente com cada paciente. Isto significa que o paciente vai quase sempre reconhecer que é hipoglicémico através dos mesmos sintomas.
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Os sintomas de hipoglicemia são muito variados e precisam de ser reconhecidos pelo paciente e por aqueles que o rodeiam. Eles incluem: • suores abundantes; • palpitações do coração; • tremores; • palidez, tonturas; • dores de cabeça; • sensação de fome; • comportamento pouco habitual, mau humor, agressão;
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Diagnosticar • pensamento incoerente, problemas de concentração; • dificuldade em falar; • problemas de vista. Reencontra-se frequentemente uma transpiração excessiva, embora ela possa ser considerada como um sintoma maior. Num estádio avançado, pode ocorrer uma perda de consciência (coma), como no caso da hiperglicemia. Felizmente, esta situação é rara.
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Diagnosticar • Reagir com rapidez
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É importante reagir rápida e eficazmente aos primeiros sinais de um ataque de hipoglicemia. Caso haja dúvidas, é fundamental verificar o nível de açúcar no sangue (ver mais à frente). Se se confirmar que este é demasiado baixo, deve ser tomada glucose rapidamente. • Repor os níveis de açúcar no sangue
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Para repor os níveis de açúcar, podem ser tomados 2 ou 3 comprimidos de dextrose, ou 2 cubos de açúcar, ou meio copo (cerca de 100 ml) de limonada (não beba bebidas light!). Se estiver próximo da hora de uma refeição é melhor comer mais cedo.
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Diagnosticar Se a hipoglicemia ocorrer fora das horas das refeições é aconselhável que, além de tomar glucose, coma alguma forma de açúcar de absorção lenta (uma sandes, por exemplo), para evitar outro ataque. Se o paciente não estiver suficientemente consciente para absorver açúcar através da boca, deve ser procurada ajuda médica. Não tente em nenhuma circunstância forçar um diabético inconsciente a comer açúcar oralmente, pois isso pode levá-lo a engasgar-se!
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• O papel do glucagon
Enquanto espera que o médico chegue, pode ser dada ao paciente uma injeção de glucagon (Glucagen®) por aqueles que cuidam dele. Ao contrário da insulina, o glucagon aumenta o nível de açúcar no sangue e pode ser injetado por via subcutânea no tecido da pele da mesma forma que a insulina.
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Diagnosticar • Evitar ataques de hipoglicemia
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Nunca consuma grandes quantidades de açúcar, de modo a evitar ataques de hipoglicemia. Caso ocorram hipoglicemias repetidas deve discutir com o seu médico como é que o seu tratamento pode ser ajustado. Da mesma forma, se estiver a planear algum exercício físico intenso, discuta com o seu médico a possibilidade de ajustar o tratamento (temporariamente).
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Diagnosticar
Complicaçþes a longo prazo
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Diagnosticar Uma doença que põem em risco as artérias
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A diabetes é particularmente danosa para o sistema cardiovascular. Os níveis elevados de açúcar no sangue causam na realidade um estreitamento gradual das artérias. Estreitar e enrijecer os vasos sanguíneos está geralmente associado ao envelhecimento, mas a diabetes acelera este processo, daí a importância de um bom controlo.
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Diagnosticar
Outros fatores de risco cardiovascular
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Outros fatores podem também contribuir para estreitar as artérias. Estes incluem hipertensão (tensão arterial alta), colesterol elevado e, claro, fumar.
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Doença cardiovascular • Estreitamento
das artérias coração: angina de peito
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Quando as artérias coronárias – os vasos sanguíneos que transportam o oxigénio para
Diagnosticar o coração – se tornam estreitas, a irrigação do músculo cardíaco pode ficar comprometida. O paciente pode então experimentar dores no peito (angina de peito), sobretudo em situações em que há uma exigência maior de oxigénio por parte do tecido muscular – durante a prática de exercício, por exemplo.
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• Infeção do miocárdio (ataque de coração)
Se uma artéria coronária ou uma das suas ramificações ficar completamente obstruída, pode ocorrer uma infeção do miocárdio.
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Diagnosticar Neste caso, parte do músculo do coração deixa de ser irrigado e morre. A cicatrização resultante pode significar que o coração tem capacidade reduzida para bombear sangue para as artérias.
Estreitamento das artérias dos membros inferiores Se o fornecimento de sangue aos membros inferiores deixar de funcionar corretamente, é provável que a perna e os músculos da coxa recebam pouco oxigénio quando a pessoa sobe ou anda a passo rápido. Podem então ocorrer cãibras nos músculos da barriga da perna, forçando a pessoa a parar a caminhada. Após uma pausa é habitualmente possível recomeçar a andar, mas passado pouco tempo a dor vai voltar. Estes sintomas são conhecidos como «coxeio intermitente».
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Diagnosticar
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Efeitos nas artérias do cérebro
Os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) são o resultado direto de doença das artérias que fornecem oxigénio ao cérebro. Um acidente vascular cerebral pode ser acompanhado dos seguintes sintomas: paralisia de um braço ou perna do mesmo lado do corpo; problemas de fala ou visão. A paralisia pode ser transitória, mas nalguns casos a recuperação pode ser lenta ou não chegar mesmo a acontecer.
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Diagnosticar Doença dos rins Os pequenos vasos sanguíneos de certos órgãos do corpo podem também ficar danificados. Os rins e a retina são muitas vezes afetados. Uma vez mais, o aparecimento de complicações renais passa frequentemente despercebido. O paciente não experimenta qualquer tipo de dor nos rins até a doença estar infelizmente já num estado avançado. Por isso, é importante fazer rastreios aos rins com antecedência (ver mais à frente). Até porque atualmente é possível atrasar o avanço da doença dos rins com eficácia usando os tratamentos médicos disponíveis.
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Diagnosticar Doença dos olhos
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Os mesmos problemas podem ocorrer nos olhos, com danos nos pequenos vasos sanguíneos da retina. É na retina que se formam as imagens que vemos. A doença diabética da retina é uma causa bem conhecida dos problemas dos olhos e mesmo da cegueira. Uma vez mais, é importante frisar a necessidade de fazer rastreios antecipados desta doença. Estes rastreios podem ser feitos através de um check-up anual junto de um oftalmologista para garantir que qualquer problema é tratado rapidamente.
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Diagnosticar Problemas de ereção Para os homens que são diabéticos, os problemas de ereção podem afetar seriamente a sua qualidade de vida. Alguns estudos calculam que os problemas de ereção ocorrem em cerca de 50% dos casos, o que significa que um em cada dois homens diabéticos vai acabar por ter este problema. Uma vez que em geral se mantém o desejo sexual, a frustração é ainda maior.
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As anomalias no fluir do sangue e a diminuição do fornecimento de sangue aos nervos da região genital desempenham um papel importante no desenvolvimento desta complicação.
Diagnosticar Se você tem problemas de ereção, é essencial falar sobre eles com a sua companheira e o seu médico. Nos últimos anos tem havido progressos notáveis no tratamento dos problemas de ereção e atualmente estão disponíveis soluções médicas. Por isso, tenha coragem de discutir o problema e procurar uma solução.
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Danos nos nervos dos membros inferiores
A diabetes pode atrasar a passagem da atividade elétrica através dos nervos. Os sintomas deste tipo de doença dos nervos começam muitas vezes nos membros inferiores, habitualmente sob a forma de cãibras, sensação de dormência, formigueiro e dor, sobretudo na zona do pé. Estes sintomas tendem a piorar à noite. Por vezes, os diabéticos queixam-se de uma sensação de ardor nos arcos dos pés, ou de ter hipersensibilidade, de tal forma que não conseguem sequer suportar o uso de collants ou meias. Em casos mais graves
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Diagnosticar – que felizmente são bastante raros – a sensibilidade à temperatura pode ser afetada e a pessoa pode queimar-se sem sequer se aperceber disso. A investigação científica levou a novas formas de medicação que podem ajudar a aliviar a dor nestes tipos de complicação.
Os pés e a diabetes Tanto os danos nos nervos como o fluxo insuficiente de sangue para os membros inferiores podem levar a pequenas lesões nos pés que não se curam adequadamente.
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Diagnosticar Como consequência, os pequenos cortes inofensivos que não sejam imediatamente observados e tratados podem transformar-se em infeções na pele (úlceras). E estas por seu turno podem tornar-se num foco de infeção e, caso não sejam tratadas, podem mesmo levar a necrose dos tecidos, acabando por implicar amputação. Felizmente, na maior parte dos casos este tipo de situação pode ser evitado.
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Pé diabético
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Tratar
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Tratar
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Tratamento
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Tratar Alimentação e exercício físico são fundamentais! Nunca é demais reforçar a importância do estilo de vida! Como vamos ver mais à frente, ter um regime alimentar adequado e fazer suficiente exercício físico são as bases do tratamento da diabetes.
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Tratar Comprimidos para combater a diabetes
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As pessoas que sofrem de diabetes tipo 2 podem geralmente ser tratadas, pelo menos no início, com medicamentos hipoglicémicos (comprimidos que baixam o nível de açúcar no sangue). Numa fase posterior, é habitual os pacientes combinarem comprimidos com insulina ou mesmo passarem a fazer o tratamento apenas com insulina. Atualmente há muitos tipos de hipoglicémicos disponíveis no mercado. Cada um deles tem características e efeitos secundários muito específicos.
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O tratamento com medicamentos é uma ferramenta muito importante para combater a diabetes tipo 2, mas é essencial não perder de vista a importância de ter uma alimentação saudável, fazer exercício físico suficiente e manter um peso adequado!
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Insulina
Quando as células beta que se encontram nos ilhéus pancreáticos de Langerhans já não produzem insulina suficiente, torna-se inevitável tratar a diabetes com insulina.
Tratar > Insulina e diabetes tipo 1 As pessoas com diabetes tipo 1 têm uma carência grave de insulina e precisam por isso de ser sempre tratadas com injeções de insulina.
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> Insulina e diabetes tipo 2 O tratamento com insulina também pode tornar-se essencial para os diabéticos tipo 2, passado um certo período de tempo, caso passem a ter carências graves de insulina. O médico pode então decidir-se por um tratamento de insulina para os diabéticos tipo 2 que já tomam comprimidos mas cuja diabetes não está suficientemente bem controlada.
Injeções a intervalos variáveis Atualmente, a introdução do tratamento com insulina requer o uso de injeções. A insulina tem de ser injetada de forma subcutânea, sendo a quantidade definida pelo médico. Para algumas pessoas idosas, uma única injeção diária pode
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por vezes ser suficiente. Contudo, quase todos os jovens diabéticos tipo 1 precisam de injeções quatro vezes por dia. No início do tratamento com insulina, quase todos os pacientes se preocupam com o ato de administrar a injeção. Isto é perfeitamente normal. O paciente confronta-se com algo novo e tem de dar um passo em direção ao desconhecido. Com paciência e consideração, os profissionais de saúde e os educadores podem ajudar o paciente a ultrapassar estes receios.
• Autoinjeções
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É importante que os diabéticos aprendam a injetar-se, porque isso só pode ajudar a aumentar a sua independência em relação aos outros. Na realidade, os diabéticos viajam e trabalham tal como os não diabéticos. A insulina pode ser injetada na zona do estômago, nas coxas e nos braços.
Tratar
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A tecnologia ao serviço da insulina Os
diabéticos
beneficiaram
dos
progressos
na
tecnologia. As agulhas enormes usadas pelas gerações iniciais estão agora verdadeiramente confinadas aos museus do medicamento. A maior parte dos diabéticos usa seringas descartáveis ou canetas de insulina extremamente práticas que podem ser transportadas facilmente para qualquer lugar, tal como uma caneta normal. Atualmente, as agulhas são tão finas que o paciente quase não sente a injeção. Uma minoria de diabéticos usa uma bomba de insulina. Este sistema, que não se adequa a todas as pessoas, permite que uma dose fixa de insulina seja injetada continuamente e a uma velocidade constante para o tecido subcutâneo.
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Tratar • Locais de injeção diferentes É melhor variar os locais onde se aplicam as injeções, para evitar a formação de tecido conjuntivo subcutâneo (áreas de pele endurecida), que não só é desagradável à vista como pode afetar a absorção de insulina. As áreas de pele endurecida podem também resultar do uso repetido da mesma agulha ou da mesma seringa descartável.
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Tratar • Evite reutilizar as mesmas agulhas
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Em teoria, uma agulha ou seringa descartável deve ser deitada fora após cada uso, embora alguns diabéticos nem sempre cumpram esta norma. Contudo, recomenda-se vivamente que as agulhas e seringas descartáveis não sejam usadas mais de 2 ou 3 vezes. Se forem usadas com muita frequência, as agulhas tendem a tornar-se rombas e isso pode causar dor quando a pessoa se injeta. Além disso, há o risco de a agulha bloquear. Por isso, recomenda-se que verifique que a agulha deixa passar o líquido livremente antes de injetar (pode fazer este teste fazendo salpicar umas gotas para a palma da mão sem que a agulha penetre na pele). Finalmente, lembre-se que lavar seringas e agulhas comporta o risco de infeções e é definitivamente proibido!
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Tratar • Cuidar da sua insulina Quando está a ser usada, a insulina pode ser mantida durante 1 mês à temperatura ambiente. A insulina de reserva deve ser mantida no frigorífico entre 1 a 8 graus centígrados. As temperaturas mais frias (congelamento) e mais quentes (acima dos 40°) podem reduzir e mesmo destruir os efeitos da insulina.
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• Como é que a insulina é produzida?
Que tipos de insulina existem? A insulina animal já não é usada. Foi substituída pela insulina humana e por análogos de insulina. A insulina humana tem a mesma estrutura química que a insulina produzida naturalmente pelo pâncreas. Os diferentes tipos de insulina variam em termos velocidade e duração da sua ação:
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Tratar
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Existem insulinas de atuação curta, atuação longa, e atuação média, bem como insulinas que combinam atuação curta e média.
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• Novos tipos de insulina
A modificação da estrutura química da insulina natural deu origem a novos produtos. Tal como a insulina natural, estes produtos reduzem o nível de glucose no sangue, mas as suas características são diferentes das da insulina humana. Estas insulinas são conhecidas como análogos de insulina. São uma novidade relativamente recente no conjunto de terapêuticas disponíveis, mas estão a provar ser muito promissoras. Parecem conseguir um melhor equilíbrio da diabetes, reduzindo o risco de hipoglicemia em geral e os ataques hipoglicémicos noturnos em particular.
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Tratar • Administrar a insulina: é diferente para cada paciente O seu médico vai decidir o seu plano terapêutico de insulina em consulta consigo. Ou seja, o médico vai explicarlhe os tipos de insulina que você vai usar e a dosagem e frequência de injeção. Este esquema deve depois ser ajustado de acordo com a forma como afeta os seus níveis de glucose no sangue.
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Modo de vida
E M I C E Viver com diabetes
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Modo de vida Os diabéticos que conseguem adaptarse de forma flexível à sua nova situação têm mais hipóteses de levar uma vida pacífica e sem complicações. Os técnicos de educação sobre diabetes, os clínicos gerais e os profissionais de saúde estão disponíveis para apoiar e ajudar os diabéticos a ajudarem-se a si mesmos e a compreenderem as implicações da sua condição. Mas obviamente a verdadeira motivação deve vir do próprio paciente. Os diabéticos que mostram um desejo genuíno de combater a doença e que estão preparados para fazer um esforço todos os dias já percorreram metade do caminho.
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Modo de vida Manter uma cintura estreita
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Nos últimos anos, os médicos têm dado cada vez mais importância à questão de manter uma cintura saudavelmente estreita. A acumulação de gordura,
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sobretudo na zona abdominal, é um fator de risco de diabetes e também de hiperlipidemia (excesso de gordura no sangue) e de hipertensão (tensão alta). Em conjunto, estes sintomas constituem o que é conhecido como síndrome metabólico. Pensa-se que esta é a causa provável do aumento do número de casos de diabetes tipo 2 e dos elevados níveis de incidentes cardiovasculares no mundo ocidental. Uma cintura natural que meça mais de 94 cm nos homens e mais de 80 cm nas mulheres é considerada excessiva.
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Modo de vida Tenho excesso de peso? Uma forma muito fácil de descobrir se você tem excesso de peso e de saber quanto peso tem a mais é perceber qual é o seu Índice de Massa Corporal ou IMC.
• Este índice calcula-se dividindo o seu peso em quilos pela sua altura em metros ao quadrado. Por exemplo, se você pesar 85 kg e tiver 1 metro e 75 cm de altura, o seu IMC é 85 / (1,75 × 1,75) = 27,75.
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• Se o seu IMC for entre 20 e 25, não
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precisa de se preocupar. Você está dentro do padrão ideal de peso.
• Se tiver um IMC de 28 (por exemplo:
70 kg para uma altura de 1 metro e 58 cm), você tem excesso de peso e isto implica um risco maior para a sua saúde, risco esse que aumenta em função do aumento do seu IMC. • Um IMC de 35 ou mais constitui
Modo de vida
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uma preocupação séria e é preciso tomar medidas (sobretudo em termos de alimentação) para reduzir a quantidade de calorias ingeridas.
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Alimentação
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• A pirâmide dos alimentos
A pirâmide dos alimentos é uma ferramenta valiosa para estabelecer uma alimentação equilibrada e variada (ver ilustração).
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Atividades físicas
Modo de vida
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Na pirâmide dos alimentos, os alimentos dividem-se em 9 grupos. Para ter uma alimentação equilibrada, você precisa de comer alimentos de cada um destes grupos todos os dias. Um tipo de alimento por si só não contém todos os elementos nutritivos de que você precisa diariamente. Além disso, é melhor consumir mais dos alimentos mostrados no grupo maior (na base da pirâmide) do que dos alimentos que se encontram nos grupos mais pequenos (no topo da pirâmide). Na realidade, os alimentos no topo da pirâmide não são elementos essenciais de uma alimentação equilibrada.
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Água
A água (grupo 2) é um elemento vital de uma alimentação saudável. Em circunstâncias normais, o corpo precisa de 1,5 litros de líquidos por dia: estes podem ser ingeridos sob a forma de água, café, chá, sopa, refrescos, etc.
Modo de vida Os diabéticos podem beber as versões light dos refrescos, pois estas não contêm açúcar. Mas lembre-se que estas bebidas não devem ser usadas para tratar a hipoglicemia!
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Cereais e batatas
Os cereais e as batatas (grupo 3) contêm amido – um polissacarídeo que é transformado em glucose através do metabolismo. Contêm também proteínas, fibra alimentar, vitaminas e minerais. Escolha alimentos que sejam ricos em fibra, como por exemplo o pão escuro
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Modo de vida ou integral, massa e arroz integral (não refinados). Uma vez que estes alimentos constituem uma fonte importante de glucose para o corpo, é essencial controlar cuidadosamente a quantidade que ingere cada dia.
Frutas e legumes
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As frutas e os legumes (grupos 4 e 5) são importantes por causa do seu conteúdo rico em vitaminas, minerais e fibra alimentar. Em geral, o consumo de vegetais leguminosos (com exceção das leguminosas secas) tem pouco efeito nos níveis de açúcar no sangue. Contudo, a fruta, embora recomendada, deve apenas ser consumida com moderação: 2 peças por dia são o ideal para uma alimentação equilibrada e saudável para diabéticos.
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Modo de vida Laticínios
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Os lacticínios (grupo 6) fornecem proteínas, cálcio e vitamina B. O leite contém lactose que afeta os níveis de açúcar no sangue. É melhor usar produtos lácteos magros ou meio gordos.
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Carne, peixe, ovos e derivados de soja
A carne, o peixe, os ovos e os derivados de soja encontram-se no grupo 7. Eles fornecem proteínas, vitamina B e minerais. É melhor comer carne magra e peixe para reduzir a quantidade de gorduras saturadas que você consome. Regra geral, tente comer peixe duas vezes por semana em vez de carne. Óleos e gorduras O grupo dedicado aos óleos e gorduras é muito pequeno (grupo 8). Estes devem ser consumidos apenas em quantidades limitadas. Além dos ácidos gordos
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Modo de vida essenciais e das vitaminas lipossolúveis, estes produtos infelizmente também contêm grandes quantidades de calorias, por isso, use-os com moderação, sobretudo se quiser perder peso. É melhor escolher produtos com baixos níveis de ácidos gordos saturados (a proporção de gorduras saturadas deve ser menos de um terço do conteúdo total de gordura).
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O topo da pirâmide
O grupo 9 representa o supra-sumo dos alimentos prejudiciais. Estes alimentos são luxos, não são essenciais: doces, bolos, bolachas, álcool e batatas fritas fornecem calorias mas não contribuem
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Modo de vida para uma alimentação saudável. Por isso, não é de espantar que os diabéticos apenas devam comer estes alimentos com extrema moderação. Além disso, tendo em conta o efeito imediato que as coisas doces têm nos níveis de açúcar no sangue, recomenda-se vivamente que os diabéticos os evitem.
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Tenha cuidado com os chamados «alimentos light»! Como sempre, há certas armadilhas que é melhor evitar. Muitas lojas, sobretudo as lojas de alimentos saudáveis, vendem alimentos com baixo teor de açúcar, coisas doces sem açúcar e alimentos especiais para diabéticos. Mas estes devem ser tratados com cuidado! Este tipo de descrições parece sugerir que estes produtos podem ser consumidos livremente pelos diabéticos. Contudo, muitas vezes o termo «sem açúcar» quer dizer simplesmente que não foi adicionado açúcar a este alimento; mas estes produtos podem evidentemente conter açúcares naturais como frutose e maltose.
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Modo de vida Somos suficientemente ativos? Andar a pé, andar de bicicleta e participar em formas adequadas de fazer exercício físico são fundamentais para um estilo de vida saudável, como se mostra no grupo 1 da pirâmide. Para os diabéticos, o exercício está estreitamente ligado a alcançar e manter o peso ideal e a melhorar o equilíbrio da diabetes. Se você é sedentário, tente planear antecipadamente e incluir alguma forma de exercício físico na sua rotina diária. Se não o fizer, há o perigo de ficar simplesmente parado na fase da decisão bem intencionada («Eu devia mesmo fazer exercício físico!»).
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Registos pessoais Fatores clínicos importantes: tensão arterial e peso Muitos diabéticos tipo 2 e alguns diabéticos tipo 1 sofrem com o facto de terem excesso de peso. Tanto para o diabético como para o médico, o peso é um fator sério na monitorização da doença. Para os diabéticos que têm excesso de peso, a perda gradual de peso é um sinal positivo. No entanto, o aumento de peso é um sinal de preocupação. Se você tem problemas com o seu peso, há dietistas que estão disponíveis para o aconselhar sobre como ajustar os seus hábitos alimentares.
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Registos pessoais Tensão arterial
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É importante controlar a tensão arterial. Uma tensão arterial elevada é perigosa do ponto de vista cardiovascular, mas também para os olhos e os rins. Os valores ideais de tensão arterial para diabéticos são de 130/80 mm Hg ou menos. Se estes valores forem excedidos com frequência, é necessária medicação, mesmo que os valores sejam ‘apenas’ de 150/90 ou 160/80 mm Hg!
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Cuidar dos seus pés
Maior risco de lesões Tal como já dissemos, os diabéticos têm um risco maior de lesões nos pés, seja por causa de terem um fluxo insuficiente de sangue para os membros inferiores, seja por causa de danos nas terminações nervosas dos pés. A doença vascular e/ou dos nervos pode resultar em lesões nos pés. Em caso de danos nas terminações
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Registos pessoais nervosas, a sensibilidade fica reduzida e os sinais de dor tendem a desaparecer. Consequentemente, existe o perigo de certas lesões passarem despercebidas até ser demasiado tarde, a não ser que os pacientes examinem regular e cuidadosamente os seus pés. Pode ser útil usar um pequeno espelho para examinar as solas dos pés. A formação de calos, bolhas, feridas e lesões requer atenção imediata. Em caso de dúvida, os diabéticos devem procurar ajuda de um pedicuro, podólogo, enfermeira, técnico de educação sobre diabetes ou médico.
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A boa higiene é essencial
Registos pessoais É fundamental ter uma boa higiene dos pés.
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• Lavar os pés todos os dias é um
bom começo, mas deve garantir que os seca bem. A humidade pode levar à criação de fungos (micoses). • Corte as unhas corretamente e nunca ande descalço, mesmo dentro de casa.
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• Mude de meias todos os dias e use sapatos de boa qualidade. Quando escolher sapatos novos, oriente-se pelo que é bom para os seus pés e não pelo que está na moda. Acima de tudo, evite usar sapatos demasiado apertados. Tenha igualmente cuidado com sapatos novos – no início, useos apenas durante períodos curtos do dia.
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Registos pessoais Análise à urina Usar a urina para testar a glucose é um teste desatualizado que já raramente se usa no mundo moderno da diabetologia. Em casos de diabetes grave, quando o paciente se esquece de tomar a insulina, ou caso apanhe uma infeção como por exemplo gripe, a falta de insulina no corpo impede as células de usarem a glucose presente no sangue. Então, o corpo procura uma nova fonte de energia: os ácidos gordos armazenados no tecido gordo. É este uso dos ácidos gordos que causa a acidificação do sangue e o aparecimento de acetona na urina (cetoacidose).
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Registos pessoais Caso se sinta enjoado ou desmaie, tenha fadiga, perca peso, urine com frequência e tenha uma sede insaciável, testar o nível de acetona na urina é uma forma de avaliar se há um desequilíbrio grave na diabetes. Se sim, é fundamental contactar o seu médico e eventualmente organizar um internamento hospitalar.
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Controlar o açúcar no sangue
Um simples teste ao sangue para medir os níveis de açúcar
No passado, os diabéticos tinham de confiar em testes à urina muito pouco fiáveis para determinar o nível de glucose no sangue (glicemia). Hoje em dia, existe um leque enorme de aparelhos compactos, práticos e fiáveis. Estes permitem que os diabéticos percebam qual o seu nível de açúcar no sangue em apenas alguns segundos, com uma simples picada na ponta do dedo. Foram criados aparelhos especiais, conhecidos como medidores de
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Registos pessoais açúcar no sangue, que permitem realizar testes diários. A glucometria (medição do açúcar no sangue através de um medidor de glucose) melhorou consideravelmente a eficiência e a facilidade com que a diabetes pode ser monitorizada e controlada.
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Uma forma essencial de controlo
No nosso país, a maior parte dos diabéticos usa medidores de açúcar no sangue (aparelhos que medem a glicemia). Isto permite-lhes monitorizar a evolução da diabetes, medir os efeitos
Registos pessoais de uma refeição, sobretudo o nível de glucose no sangue, avaliar a origem de certas complicações agudas (hipo ou hiperglicemia?) e, em certos casos, ajustar a dose de insulina que melhor se adequa às suas circunstâncias. É melhor «saber onde é que se está» do que andar perdido no escuro.
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Testes sanguíneos
Hemoglobina glicosilada (HbA1c)
De vez em quando, o médico que o trata vai querer realizar um teste sanguíneo para confirmar os resultados da monitoria ao açúcar no sangue feita pelo paciente. Além dos níveis de glucose no sangue em jejum e após as refeições, isto também vai permitir que o médico fique com uma ideia do equilíbrio diabético do paciente a longo prazo.
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Registos pessoais Um teste muito útil para controlar a diabetes a longo prazo A hemoglobina glicosilada (HbA1c) desempenha um papel fundamental na avaliação do estado da diabetes. Quando maior o nível de HbA1c mais glucose se agregou à hemoglobina dos glóbulos vermelhos, refletindo um mau controlo da diabetes ao longo das semanas que antecederam o teste. Ao contrário da monitorização da glucose no sangue, que dá uma «fotografia instantânea» no momento, o nível de HbA1c revela o equilíbrio diabético ao longo dos dois meses que antecedem o teste. A investigação científica mostrou que, para evitar complicações a longo prazo, é melhor ter como objetivo um nível de HbA1c de 7% ou menos. É fundamental fazer a verificação destes níveis a cada três meses.
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Registos pessoais Medir os lípidos (gorduras) no sangue
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Pelo menos uma vez por ano é importante verificar o nível de colesterol e triglicéridos no sangue. Também é importante conhecer a percentagem de LDL (ou «colesterol mau») e HDL (ou «colesterol bom»). Nas últimas décadas, o LDL e os valores do colesterol para os diabéticos foram revistos para baixo. Em caso de medições contínuas do colesterol total acima dos 175 mg/dl, de 100 mg/dl para o colesterol LDL e 150 mg/dl para os triglicéridos, dever ser tido em conta um tratamento com medicamentos, sobretudo se tiverem sido seguidos cuidadosamente os conselhos alimentares.
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Registos pessoais Controlar o funcionamento dos rins Uma vez por ano, o funcionamento dos rins deve ser verificado através de testes à urina e ao sangue. Isto vai permitir que qualquer situação de mau funcionamento seja detetada nas fases iniciais, mostrando a presença de microalbuminúria (pequenas quantidades de albumina na urina).
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A presença de microalbuminúria é sempre um indicativo de doença dos rins devido à diabetes. Torna-se então necessário atrasar o desenvolvimento da
Registos pessoais doença através de medicação. Contudo, se a doença evoluir, a medicação tornase menos eficaz. As melhores armas para combater esta situação são um bom controlo da diabetes e da tensão arterial, bem como o tratamento com antecedência.
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Testar os olhos
Um teste anual aos olhos, incluindo o exame da parte interior do olho, dever ser uma questão de rotina. O oftalmologista pode então decidir caso a caso se é necessário realizar outros exames fluoroangiográficos. Isto envolve injetar uma substância fluorescente para que possam ser identificadas quaisquer hemorragias nos pequenos vasos sanguíneos da retina. Tal como com as complicações renais, é importante identificar quaisquer complicações nos olhos tão brevemente quanto possível.
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Registos pessoais Infelizmente, algumas pessoas acreditam que só precisam de consultar um oftalmologista se a sua visão se deteriorar. Mas isso é um erro. Os tratamentos a laser têm melhores hipóteses de ser bem-sucedidos se as lesões na retina estiverem apenas numa fase inicial.
Testar o sistema nervoso
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Se um diabético tiver sintomas que possam sugerir lesões no sistema nervoso (ver a secção sobre problemas nos nervos dos membros inferiores), a sensibilidade da pele dos pés pode ser testada usando um aparelho de monofilamento. Os médicos de clínica geral e os técnicos de educação
Registos pessoais sobre diabetes têm acesso a este tipo de equipamento. Durante o exame, o técnico exerce pressão sobre diferentes zonas da pele usando um filamento fino e flexível para avaliar o grau de sensibilidade existente. Vai verificar se o paciente sente o contacto com o filamento nas diferentes áreas testadas. Os resultados de um teste de monofilamento ajudam a avaliar o grau de dano aos nervos dos membros inferiores. Além disso, se o médico achar que é necessário, o funcionamento do sistema nervoso pode ser avaliado com maior precisão usando um aparelho conhecido como eletromiógrafo. Este aparelho mede a atividade muscular e dos nervos.
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Testar o sistema cardiovascular Eletrocardiograma Depois dos 45 anos de idade, é aconselhável realizar um eletrocardiograma, mesmo que não haja sintomas preocupantes.
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Registos pessoais Um eletrocardiograma regista a atividade elétrica do músculo cardíaco. É um teste sem dor que pode ser facilmente realizado pelo seu médico de clínica geral. Um eletrocardiograma vai apanhar quaisquer possíveis danos nas artérias coronárias (as artérias que alimentam o coração). Prova de esforço O médico pode requerer que os diabéticos com elevado risco de doença cardiovascular (hipertensão, colesterol alto, fumadores, etc.) façam um eletrocardiograma com prova de esforço. Isto é realizado enquanto o coração é colocado sob esforço intenso (por exemplo, usando uma bicicleta de exercício no consultório do cardiologista).
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Na prática
E M I C E Informação prática
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Na prática Associações de pacientes Em Portugal, a luta contra a diabetes está desde o início ligada à Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. O seu fundador, Ernesto Roma, acabara de concluir um estágio de especialização nos Estados Unidos da América, tendo aí tido a felicidade de assistir aos primeiros ensaios clínicos nos quais, pela primeira vez se administrou a insulina, recentemente descoberta, no tratamento das pessoas com Diabetes do tipo 1. Ficou tão impressionado com os excelentes resultados obtidos que logo em 1926 fundou em Lisboa aquela que viria a ser a primeira Associação de Diabéticos do mundo, com o objetivo primeiro de fornecer insulina gratuita às pessoas indigentes com Diabetes.
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Na prática Com estes objetivos deu-se à estampa em 1931 o primeiro Boletim da Associação, que desde então, com maior ou menor regularidade, tem levado a voz da APDP aos associados e à opinião pública. Chama-se hoje “Diabetes Viver em Equilíbrio” e um resumo do seu último número pode ser consultado nesta página. Em 1931, o número de doentes assistidos na Associação rondava os 1000. Este número eleva-se hoje a mais de 30.000. Sempre se notou uma correlação direta entre o aumento da doença em Portugal e o número de pessoas com Diabetes inscritas na APDP.
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Reuniões e congressos para diabéticos
A Sociedade Portuguesa de Diabetologia organiza reuniões e congressos ao longo do ano, para além de cumprir escrupulosamente os objetivos gerais expressos nos estatutos:
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Na prática
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• Defender
os interesses científicos, sociais e morais dos seus associados. • Promover, cultivar e desenvolver a investigação e o ensino da Diabetologia e Ciências Afins. • Promover o convívio e troca de ideias entre sócios.
Links http://www.apdp.pt/ • Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) www.ajdp.org/ • Associação dos Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) www.dimov.pt • Associação Diabéticos em Movimento (Porto) www.diabeticosminho.com • Associação de Diabéticos do Minho http://www.spd.pt/ • Sociedade portuguesa de diabetologia
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Na prática Glossário
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Aminoácidos: elementos constituintes das proteínas, que formam uma cadeia de aminoácidos. Cetoacidose: complicação grave da diabetes que tende a tornar os líquidos do corpo mais ácidos. Tem origem na carência de insulina. Diálise: tratamento destinado atenuar o mau funcionamento dos rins, também chamado de rim artificial. Glucose: fonte de energia essencial para o funcionamento do corpo humano, que pode ser rapidamente assimilada pelo sangue. Hiperglicemia: nível anormalmente elevado de glucose no sangue. Hipoglicemia: nível anormalmente baixo de glucose no sangue. Imunologia: ciência que estuda o sistema imunitário ou sistema de defesa do organismo, dirigido sobretudo contra as substâncias estranhas ao corpo. Trata-se de um sistema complexo no qual intervêm células específicas e anticorpos.
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Na prática Insulina: proteína segregada pelo pâncreas que tem por efeito baixar o nível de glucose no sangue. Insulinorresistência: o facto de certas células do corpo se tornarem insensíveis à ação da insulina. Microalbuminúria: pequenas quantidades de albumina (uma espécie de proteína) na urina. A sua presença é sinal de lesão renal. Síndroma metabólico: conjugação de diabetes, problemas lipídicos e hipertensão arterial associadas a uma cintura com dimensões excessivas devido à acumulação de gorduras na região abdominal. Pâncreas: órgão situado na cavidade abdominal que, para além dos sucos digestivos, também produz insulina.
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