Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa

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Direitos de autor Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos autores do módulo.

Universidade Pedagógica Centro de Educação Aberta e à Distância Bairro do Zimpeto, Av. de Moçambique Condomínio Vila Olímpica Bloco 22, edifício 4, R/C e-mail: up.cead@gmail.com www.ceadup.edu.mz

Ficha Técnica Autores: • • • •

Ernesto Luís Guimino Júnior Jerónimo Simão Nobre Roque dos Santos Orlando Bahule

Revisão Científica: • Irene Vieira da Fonseca

Revisão Linguística: • Nuno Miguel Pinto

Edição: EDUdigital Polana Business Center Rua José Sidumo, 73 - Maputo tel: +258 213 612 57 e-mail: geral@edudigital.co.mz www.edudigital.co.mz

1.ª Edição | Maputo, Dezembro 2014

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Índice Visão geral ......................................................................................... 4 Tomada de notas ................................................................................. 5 1. Motivação para a tomada de notas ............................................... 6 2. Tomada de notas no próprio texto ................................................ 7 Resumo .............................................................................................. 11 1. O conceito de resumo .................................................................. 11 2. Fases de preparação do resumo .................................................... 11 3. Cuidados a ter na produção de um resumo ................................... 12 4. Conectores .................................................................................. 14 As fichas de trabalho ........................................................................... 16 1. Regras de apresentação de referências ........................................... 17 2. O que é uma ficha bibliográfica? ................................................... 18 3. Ficha de leitura ............................................................................ 18 4. Elementos que fazem parte da ficha de leitura e como os dispor .... 19 Texto expositivo-explicativo ................................................................. 21 1. Qual é a natureza do texto expositivo-explicativo? ......................... 21 2. Organização textual ..................................................................... 22 3. Organização discursiva ................................................................ 23 4. Análise icónica, discursiva e linguística ........................................ 25 5. Coerência e progressão textual ..................................................... 29 6. Produção de textos expositivo-explicativos .................................... 31 Texto didácticos profissionais ............................................................... 33 1. Circular e convocatória ................................................................ 33 2. Acta ............................................................................................ 36 3. Regulamento ............................................................................. 37 4. Relatório ................................................................................... 40 5. Sumário ................................................................................... 44 Notas: ................................................................................................. 46 3


Unidade 0

Visão geral Objectivos do curso Desenvolver a compreensão oral e escrita em diferentes situações de comunicação; Desenvolver a competência comunicativa em Língua Portuguesa, na oralidade e na escrita, de forma apropriada a diferentes situações de comunicação; Fornecer instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos de textos, tendo em conta o público a que se destinam; A aquisição de orientações lógicas, metodológicas e técnicas com vista à formação de hábitos de estudo, de leitura, de uso de instrumentos de trabalho académico, de produção e sistematização do conhecimento; Reflexão sobre a gramática da língua tendo em conta a textualidade; Produzir textos de natureza diversa em função do objectivo/intenção de comunicação.

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Pretende-se com o presente módulo exercitar a compreensão e expressão oral e escrita, em diferentes situações de comunicação, e fornecer instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos de textos tendo em conta o público a que se destinam. Considerando que a Língua Portuguesa organiza os saberes curriculares das outras disciplinas, o presente módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa privilegia, por uma lado, a aquisição de determinadas técnicas de expressão e, por outro, o desenvolvimento de capacidades e aptidões que permitam ao sujeito de aprendizagem uma compreensão crítica das outras matérias de estudo dos diferentes cursos leccionados na Universidade Pedagógica.

Quem deve estudar este módulo? Este módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a 12a classe do ESG ou equivalente e tenham-se inscrito no Curso de Física à Distância fornecido pela Universidade Pedagógica.

Habilidades de estudo Para frequentar com sucesso este módulo terá que pesquisar, através de uma leitura cuidadosa das fontes de consulta, a maior parte da informação relacionada ao assunto abordado. Antes de resolver qualquer tarefa ou exercício, o estudante deve certificar-se de ter compreendido a questão colocada. É importante questionar se as informações colhidas na literatura são relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas. Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias apresentadas no texto.

Precisa de apoio? Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso de dúvida numa matéria tente consultar a bibliografia disponível nos centros de ensino a distância (EAD) mais próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor no centro de EAD mais próximo.

Exercícios Ao longo deste módulo existem vários exercícios que acompanham o estudo. Os exercícios deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4 ou utilizando as novas tecnologias. Ao se utilizar livros, fontes e manuais e externos devem ser referenciados, caso não sejam, pode ser considerado plágio e aluno ser penalizado por isso. As citações e referências são uma forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros.


Unidade 1

Tomada de notas Introdução No exercício da nossa actividade profissional, como docentes ou estudantes, somos confrontados com a necessidade de tomar notas. Não sendo um privilégio exclusivo do professor ou dos estudantes, uma vez que este exercício também pode ser realizado por um quadro de qualquer área, um assalariado, uma secretária, um jornalista, etc. As situações em que se tomam notas são variadas e surgem nos mais diversos momentos da vida quotidiana, profissional ou pessoal. De um modo particular, as aulas de nível superior não se socorrem de ditados, resumos, etc. por isso, a exercitação da tomada de notas, quer nos casos de ensino presencial, quer nos de ensino à distância, é de extrema importância não só por permitir corrigir falhas de memória, como também por constituir a base para a redacção de resumos, notas de síntese e relatórios de apreciação de uma leitura, etc. Porém, a tomada de notas não deve ser encarada como a transcrição de palavra por palavra de uma mensagem. Aliás, a rapidez com que o enunciador apresenta os assuntos não permite essa prática. Deste modo as notas servem muitas vezes como ponto de partida para redigir textos, cuja característica comum é a de serem uma redução de textos muito mais longos.

Tomada de Notas Consiste na redução do texto, seleccionando, portanto, de forma sintética determinadas informações de um texto básico (veiculado quer na forma oral quer na forma escrita), mantendo o seu sentido inicial. Esta técnica tem por objectivo retransmitir um conjunto de informações, preservando o sentido da mensagem numa reformulação mais precisa e económica.

Objectivo geral Reconstituir textos orais ou escritos. Objectivos Identificar a motivação ou importância da tomada de notas; Apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição oral, etc.; Tomar notas a partir da leitura do texto “ Memória e Aprendizagem” ; Elaborar pequenos resumos e levantar palavraschave; Detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades e parágrafos; Organizar as informações a partir das relações sintácticas e lógico - semânticas entre as unidades. Sumário Procedimentos numa exposição oral/aula; Técnicas de economia de texto (palavras-chave, abreviaturas, pequenos, resumos/ interpretação, nominalizações); Organização das notas tomadas a partir do texto “Memória e aprendizagem”.

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1. Motivação para a tomada de notas Na vida diária, profissional ou estudantil existe a necessidade de diferenciar um pensamento do outro. Por vezes prestamos atenção a aspectos de menor importância. Numa aula ou palestra, o professor ou orador limitar a expor conteúdo, fazendo alguns gestos, elevando a voz de vez em quando, repetindo o que achar pertinente, às vezes fazendo registos no quadro, e chamando a atenção dos participantes para determinadas passagens da sua exposição. Como racionalizar o tempo, de modo a não se perder tempo com informações consideradas pouco importantes e sem registar tudo o que orador diz?

Deve-se prestar a atenção aos seguintes aspectos: • • • • • • • • •

Tom de voz do orador; Palavras ou frases que chamem a atenção; Repetição de ideias; Tempo dedicado a cada assunto; Registos feitos no quadro; Indicações expressas pelo orador; Entoação de voz, pausas ou volume da fala; Uso de abreviaturas ou símbolos; Registos no bloco de notas ou anotações feitas no quadro ou no caderno.

Uma das técnicas de economia de texto é o recurso a abreviaturas e símbolos. Lembre-se de que a tomada de notas é uma actividade pessoal, como tal as abreviaturas e símbolos usados podem variar de indivíduo para indivíduo, mas por ser uma técnica de economia de texto muito usada no dia-a-dia generalizou-se o uso de alguns símbolos e abreviaturas. Alguns símbolos e abreviaturas: ______ Ideias principais + mais ………. Ideias secundárias - menos X Não concordo = igual Def. Definição Ñ negação/não/nunca =>

Implicação/causalidade

%

por cento

§ Parágrafo * agramatilidade/desvio Ø

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supressão

diferente


2. Tomada de notas no próprio texto Por vezes eventos dependem de informações que só podemos ter acesso por via da leitura. De que maneira preparamos nossas intervenções e participação? De que materiais nos socorremos nesses casos? A partir da leitura de um jornal, de uma revista, de um livro, etc., podem-se tomar notas que para preparar uma intervenção num debate, conferência, estudo, quer para organizar fichas, etc.

Passos de uma estratégia para a tomada de notas no próprio texto Leia o seguinte texto: Aprendizagem e Memória Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da aprendizagem como uma modificação sistemática da conduta, isto é, uma mudança que se traduz num hábito, numa reacção habitual, pressupõe já necessariamente a memória como condição de conservação da resposta aprendida. A memória é uma função biológica e psicológica absolutamente indispensável. Todo o ser vivo, em maior ou menor escala, faz uma experiência, que é o percurso de toda uma vida. O que é ter experiência senão estar apetrechado com aquisições anteriormente feitas, não estar em branco em face das situações que se deparam, ser capaz de tirar proveito do já feito, do já vivido? É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria identidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda memória, esta tem também uma função psicológica de integração pela qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o reconhecimento das experiências passadas como elemento, como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e viver como minhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e fragmentária. Quer seria cada um de nós se fosse amputado de toda a experiência passada, do já sido, já vivido? É por isso que a memória é uma função essencial para a continuidade da vida individual ou colectiva. E isso implica que o hábito enquanto conduta aprendida e que se realiza sem esforço e quase sem darmos por isso não tenha o simples sentido negativo de rotina, de algo caduco ou de um automatismo psíquico, mas que ele tenha também um sentido positivo de potencial, de riqueza do passado cujo efeito se mantém no presente. O importante não é lutar contra os hábitos, mas impedir a sua cristalização, utilizá-los para aquilo que mais podem contribuir: libertar energias que podem ser utilizadas criadoramente. Assistimos na actualidade a uma desclassificação da memória. Esta é entendida como o contrário da inovação, da criatividade, da imaginação criadora. Esta reacção contra a memória é, em grande medida, justa, pois visa ultrapassar a identidade momorizar-aprender. Aprendizagem pressupõe a memória, mas é mais que isso: produção do novo, construção de algo nunca visto ou feito antes. Aprender não é simplesmente memorizar. Mas isso não significa que a memória se oponha à inovação, à criação nos seus diferentes domínios e aspectos. Muito pelo contrário, a memória é um instrumento muito importante do progresso. Também aqui é válido o provérbio de que o saber não ocupa lugar, isto é, de que o saber anterior não dificulta a aquisição de novos saberes. Quantas vezes não sentimos a falta de bases de noções ou de experiências prévias que facilitariam a aprendizagem presente? Quantas vezes o fracasso, o insucesso escolar e na vida não é o resultado de falhas na aprendizagem e na experiência em certas fases da vida! Cardoso, A., Fróis, A.: Fachada A - Rumos da Psicologia(10°/11°-2v.) Lisboa, 1989(adaptado) 7


Exercício de tomada de notas no próprio texto 1. Usando algarismos árabes (1,2,3,4,), numere os parágrafos do texto, que acabou de ler. 1.2. 2. Divida o texto em partes de acordo com o sentido dos diferentes parágrafos. Tenha sempre em atenção as relações lógico-semânticas e sintácticas entre as partes. 3. Atribua um título a cada uma dessas partes. 4. Destaque (sublinhando/marcando a cores, fazendo anotações nas margens/ no próprio texto) as ideias principais e/ou as palavras - chave de cada parte/parágrafo. 5. Numa folha à parte, escreva as notas tomadas (palavras chave, expressões, pequenos resumos, citações, estabelecendo relações entre notas tomadas), para o efeito, tenha sempre presente a hierarquização das informações no texto.

As notas são textos pessoais. Para o sucesso deste exercício é preciso cultivar a economia de texto. Este aspecto é obtido por diferentes processos.

Supressão de certos elementos determinantes Por ex: “…a memória é uma função essencial para continuidade da vida individual ou colectiva.” memória Ø função essencial Ø continuidade Ø vida

Supressão de palavras por nominalizações Por ex: Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da aprendizagem como uma modificação sistemática da conduta,(…)” Aprendizagem = modificação conduta

Reconhecimento de ideias e a sua redução “É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria identidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda memória, esta tem também uma função psicológica de integração pela qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o reconhecimento das experiências passadas como elemento, como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e viver como minhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e fragmentária. Que seria de cada um de nós se fosse amputado de toda a experiência passada, do já sido, já vivido?” Memória = função Integração / reconhecimento/recuperação experiência passada

A interpretação Memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§) Importante não combater hábitos; Usar hábito libertar energias = ultrapassar identidade: aprender, memorizar. Sucesso escolar => conhecimentos prévios logo memória importante aprendizagem.

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3. Tomada de notas a partir de texto oral Durante uma exposição oral (palestra, conferência, explicação do professor) é muito útil tirar notas do que foi dito. Umas notas bem feitas servem depois para recordar a explicação/exposição completa. Determinados passos importantes na tomada de notas: 1. Anote as ideias mais importantes sobre o tema, pondo de lado as ideias secundárias; 2. Resuma de forma pessoal essas ideias, escreva apenas de forma completa as notas bibliográficas, fórmulas, esquemas, etc. 3. Se se perder, deixe um espaço em branco e continue. No fim da exposição, poderá completar os seus apontamentos com dos colegas. 4. Ordene com clareza as diferentes partes da exposição, atribuindo números ou letras; 5. Utilize abreviaturas ou símbolos para as palavras ou expressões mais frequentes, com o fim de poupar espaço e tempo; 6. Após a exposição aperfeiçoe as notas tomadas reescrevendo-as.

Exercício de tomada de notas Com um assunto exposto oralmente por um colega, tome notas da apresentação. Depois, aperfeiçoe e complete o texto: 1. Passando as abreviaturas a palavras; 2. Construindo frases; 3. Articulando as frases em períodos; 4. Ordenando a sequência segundo a lógica das ideias expostas. 5. No final, apresente as notas ao seu colega discutindo a validade e qualidade destas. 9


Exercício de nominalização Ao longo desta unidade, a nominalização foi apresentada como uma das formas de economia de textos e palavras. O exercício seguinte serve para exercitar esta habilidade, com frases relacionadas com o texto “Aprendizagem e memória”. Complete o nome com base na frase/expressão, por ex: • Falha de memória Esquecimento 1. Conduta aprendida que realiza sem esforço ___________ 2. Algo que se realiza com rotina ___________ 3. Construção de algo nunca visto ou feito antes ___________ 4. Conservação de algo que ocorreu no passado ___________ 5. Aquele que frequenta um estabelecimento de ensino ___________ 6. Qualquer acto de espírito ou operação da inteligência ___________ 7. Estado de actividade de animais e plantas ___________ 8. Órgãos que nos permitem apreender as formas e as cores ___________

Exercício de cultura geral

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Complete, como no anterior exercício, mas aplicando conhecimentos de cultura geral: 1. Aparelho que falando através dele aumenta o tom de voz ___________ 2. Canal subterrâneo por onde circulam águas de chuvas e de despejos ___________ 3. Aquele que escreve peças de teatro ___________ 4. Aquele que faz escrituras ___________ 5. Ele cria abelhas ___________ 6. Colecciona notas e moedas antigas ___________ 7. Colecciona selos de correio ___________ 8. Medicina das crianças ___________ 9. Aquele que escreve ensaios ___________


Unidade 2

Resumo Introdução

Objectivo geral

Para darmos seguimento à unidade, gostaríamos, é preciso enfatizar a relação existente entre a primeira unidade, “A tomada de notas”, e esta. Ao tomarmos notas, pretendemos reter as ideias principais de um texto. O resumo vai usar algumas técnicas da tomada de notas. Nesta unidade iremos tratar: • Conceito de resumo; • Fases de preparação do resumo; • Cuidados a ter na produção de um resumo; • Produção do resumo.

Objectivos

1. O conceito de resumo O aluno deve reflectir sobre o conceito de resumo, questionando-se sobre “o que é resumir?”. Para tal propomos as seguintes definições, todas elas válidas: 1. O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos essenciais de um outro texto, de um modo abreviado; 2. “Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário do aluno. É, assim, reter as linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um problema, as características de uma situação, as conclusões de uma análise, sem o mais pequeno comentário.” – REI (1986); 3. Resumir significa criar um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais importantes do texto base. Quer dizer que o resumo é um texto que reelabora o escrito de base, reduzindo-lhe o comprimento, mantendo-se o autor em segundo plano, esforçando-se por ser objectivo, na tentativa de criar uma síntese coerente e compreensível do texto de partida. – SERAFINI (1986); 4. Resumir, em poucas palavras, é pegar num texto pelos seus pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo, através de um outro, que é a redução do original. – BASTOS (1989); Vistas as definições de resumo ou do acto de resumir, devemos definir as fases naprodução de um resumo.

Resumir textos orais ou escritos, usando as técnicas de Tomada de Notas.

Identificar as palavras-chave, ideias nucleares e conectores lógicosemânticos; Destacar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades textuais; Analisar e resumir o texto “A Linguagem dos animais”, destacando as palavras-chave, as relações sintácticas e lógico-semânticas entre os parágrafos; Resumir o texto “Uso de portanto”. Sumário

Fases de elaboração de resumo; Resumo do texto: “A linguagem dos animais” Resumo do texto: “O uso do portanto” Uso de conectores discursivos

2. Fases de preparação do resumo Descreve-se, de seguida, as fase na realização de um resumo.

1ª Leitura e compreensão do texto original: • Fazer a leitura atenta do texto. Recomenda-se que a leitura seja feita tantas vezes quantas necessárias); • Dividir o texto em partes; • Dar um título - resumo a cada parte; • “Desmontar” o texto em palavras – chave e articuladores do discurso; • Fazer a síntese / organização das ideias. 11


2ª Produção do novo texto (o resumo): • Selecção: destacar todas as principais unidades de significado (ideias); • Supressão: omitir as unidades de significado que se referem a pormenores, a informações secundárias; • Generalização: substituir duas ou mais unidades de significado por uma unidade geral. • Construção: organizar um novo texto em função da selecção, da supressão e da generalização. Na segunda fase, há cuidados que se deve ter na elaboração do resumo.

3. Cuidados a ter na produção de um resumo Deve: • Seguir a ordem do texto original, mantendo o fio condutor deste; • Referir apenas as ideias ou os factos principais do texto original; • Usar frases curtas e directas, sempre com o propósito de ser conciso, claro e, portanto, compreensível; • Dar preferência a construções impessoais; • Considerar as palavras sublinhadas e as anotações à margem do documento; • Reduzir o texto original a 1/3 da sua extensão; • Fazer a transcrição do documento, quando absolutamente necessário, com aspas e referência completa à fonte; • Referir completamente o documento base antes ou depois do resumo. Não deve: • Inverter a estrutura do texto original; • Usar as mesmas palavras do texto; • Copiar partes do texto original sem fazer uma citação; • Utilizar expressões como: o autor disse, o autor falou, segundo o autor, este livro, o artigo, o documento; • Exceder o número de linhas proposto ou reduzir a um 1/4 ou 1/5 do texto original.

Exercício sobre “A linguagem dos animais” 1. Leia o texto “A linguagem dos animais”. 2. Faça o levantamento das palavras-chave. 3. Elabore o resumo do texto “A linguagem dos animais”. 12


A linguagem dos animais Para comunicar com os seus semelhantes, o homem pode utilizar um código verbal. Pode utilizar também toda a espécie de outros códigos cujas unidades são, não grupos de sons, mas gestos, cores, formas (o código dos marinheiros, por bandeiras, e o código de estrada, são exemplos clássicos). A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas que ele constrói): falase muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se que uma abelha, de regresso á colmeia, pode indicar às outras com muita precisão o local onde se encontra uma fonte de alimento e a sua natureza e quantidade. A natureza é transmitida pelo odor de que a abelha se impregna; a quantidade, pela frequência dos sons que emite ao dançar, e a localização, por uma dança. A dança é circular, para uma distância superior: a abelha percorre um círculo que atravessa, em diâmetro, em diâmetro, e cuja orientação, em relação à vertical, marca a direcção do alimento em relação ao Sol. Enquanto percorre este diâmetro, agita o abdómen: a duração do bater de asas (o ritmo da dança) exprime a distância. Actualmente há também um grande interesse pela linguagem dos golfinhos: os golfinhos emitem sons para comunicarem uns aos outros a destreza, o pedido de ajuda, a alegria, etc. o diálogo com os golfinhos, que se orientam perfeitamente na obscuridade total e circulam facilmente a profundidades variadas, poderia fornecer-nos informações de uma utilidade prática evidente. Procura-se também fazer “falar” os chimpanzés, mandar-lhes construir “frases”, etc. Em suma, os sistemas de comunicação utilizados pelos animais, e os sistemas não verbais utilizados pelo homem, podem ser muito elaborados e é, finalmente uma pura questão terminológica ou de definição, saber se se trata de “linguagens”. Texto traduzido e adaptado de F. Dubois-Charlier “Comment s’initier à la linguistique”, livret 1, Larousse, pp9 e 10.

Sistema de enunciação Corresponde aos mecanismos de construção textual que definem a tipologia textual. Por ex. argumentação, exposição, narração, exposição-explicação. Na elaboração de um resumo, deve ter-se sempre presente os seguintes aspectos: • Conservar a ordem sequencial das ideias do texto original; • Salvaguardar o sistema de enunciação; • Reformular o discurso sem tomar posição, nem acrescentar algo; • Não copiar frases integrais do texto. 13


Exercício sobre “O uso de portanto” 1. Leia com atenção o texto “O uso de portanto”. 2. Resuma-o tendo em conta os aspectos apresentados anteriormente. O uso de portanto Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero, uma falta de rigor, mas toda a gente já reparou que muita gente diz portanto, a torto e a direito. Sobretudo gente culta, ou tida como culta, vá-se lá saber em muitos casos, por que bulas, mais nas cidades do que no campo -políticos, militares, advogados, médicos, engenheiros, professores, estudantes, jornalistas, escritores, todos dizem portanto, dando a ideia de que se trata de palavra indispensável, ou pelo menos útil á comunicação. Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que portanto é uma conjunção coordeantiva conclusiva e acrescenta a lista que, noutros tempos era debitada de cor e salteado ao menor aceno do professor: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequencia. Simples, portanto. As coisas só se complicam ( complicam é um modo de dizer…) com a crescente frequência da palavra utilizada a propósito e a despropósito, mais a despropósito, acrescente-se já a bem da verdade, inevitável como um tique, irritante como uma espera na paragem de autocarro. Afonso Praça, in Um Monumento de Ternura e Nada Mais, Lisboa, Editorial Notícias, 1995.

4. Conectores Os conectores permitem captar o encadeamento lógico ou cronológico das ideias do texto. Para trabalhar com os conectores na compreensão de um texto, o aluno deve conhecê-los bem. Os conectores podem ser: • Conjunções coordenativas: pois, e, mas, ou, contudo; • Conjunções subordinativas: como, quando, que(integrante), porque; • Locuções adverbiais : em vão, seguidamente, de facto; • Locuções conjuncionais: enquanto que, dado que, não obstante; • Preposições: a, depois, antes, com, até, desde, excepto, salvo; • Locuções prepositivas: pelo contrário, em favor de, perto de, a respeito de.

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Estas palavras tês sentidos muito diferentes, entre os quais: temporal, consecutivo, concessivo, causal e copulativo. 1. Temporal (tempo): • Ao mesmo tempo; no momento em que; no momento de; depois; em primeiro lugar; em segundo lugar; daí; enfim; em seguida; logo que; quando; • Por Ex: Em primeiro lugar ela aprendeu Inglês e, em seguida, conseguiu arranjar um emprego em Joanesburgo. 2. Consecutivo (consequência): • De modo…que; de tal sorte…que; tanto…que; de maneira…que; tão…que; eis a razão por que; por consequência; • Por Ex: O resumo é um exercício difícil; eis por que é necessário treinar. 3. Concessivo (oposição/restrição): • Pelo contrário, se bem que; no entanto; não obstante; apesar de; a menos que; embora; ainda que; por mais que; ao passo que; posto que; • Por Ex: Por mais que se façam Leis para proteger as florestas, estas não são respeitadas.


4. Causal (causa): • Porque; por causa de; com efeito; dado que; visto que; já que; por esta razão: pois que; visto isso; por conseguinte; como; porquanto; por isso que; • Por Ex: Dado que o seu estado de saúde se agravou, ele não pôde fazer viagem longa, pois que o médico lhe tinha proibido qualquer deslocação. 5. Copulativo (adição de elementos): • E, além disso; de mais; sobretudo; também; • Por Ex: Eles têm grandes despesas a fazer, sobretudo com a mudança de casa no próximo mês.

Exercício sobre conectores Nas frases seguintes, identifique os conectores estabelecendo o seu sentido em cada frase (tempo, causa, etc.) e, utilizando palavras equivalentes, reescreva cada uma (alterando a construção se necessário, mas mantendo o seu sentido). Ex: • Não fiquei a conhecer a cidade da Maxixe, se bem que lá tenha estado, porque a minha estadia foi muita curta. • Se bem que = oposição/restrição; • Porque = causa; • Não fiquei a conhecer bem Maxixe, apesar de lá ter estado, visto que a minha estadia foi muito curta. 1. Os rapazes chegaram ao estádio uma hora antes do jogo começar, porque estavam muito ansiosos de ver jogar a selecção. 2. Recordava alguns momentos da sua infância, enquanto ia vendo o filme cujas personagens eram crianças. 3. Ganhava bom dinheiro, além de se sentir feliz, com o trabalho que fazia. 4. Cumpria a pena, no fim seria livre. 5. Logo que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta era totalmente desconhecido. 6. Era muito perspicaz: eis a razão por que dominava a situação.

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Unidade 3

As fichas de trabalho Objectivo geral

Elaborar uma ficha bibliográfica e uma ficha de leitura. Objectivos

Identificar os elementos de uma publicação/da ficha bibliográfica; Elaborar ficha bibliográfica de livros, de artigos de livros e de revistas, etc; Identificar a motivação e os elementos da ficha de leitura; Elaborar ficha de leitura de acordo com as normas estabelecidas. Sumário

Estudo da ficha bibliográfica de livros, de artigos e revistas; Estudo da Ficha de leitura.

Introdução A primeira unidade mostrou que a tomada de notas tinha por objectivo retransmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o sentido da mensagem numa reformulação mais precisa e económica. Na segunda unidade explicou a técnica de resumo, que consiste em criar um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais importantes do texto de base, quer dizer, o resumo é uma técnica que reelabora o escrito de base, reduzindo-lhe o cumprimento, mas esforçando-se por ser mais objectivo. Consiste em pegar num texto pelos seus pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo, através de um outro, que é a redução do original. Na vida estudantil ou profissional existe a necessidade de elaborar trabalhos ou documentos que dependem de fontes já existentes: é necessário, pois, recolhê-las, seleccioná-las e sistematizá-las.

Ficha técnica: Elementos constantes no verso da página do rosto da obra, contendo informações diversas, tais como: o número de exemplares, a oficina gráfica, o autor, a editora, o número de edição, ano da publicação, cidade, etc.

Ficha bibliográfica: Conjunto de elementos que permitem a identificação de uma publicação como um todo ou em partes, capítulos, secções, etc., ordenados segundo determinadas normas. Que elementos permitem identificar um livro ou uma publicação? Os elementos de identificação estão dispostos ao longo do livro/publicação: na capa, folha de rosto ou ficha técnica. Os elementos de identificação são, não exaustivamente: • Título e subtítulo; • Nº de edição; • Data de edição (ano); • Nome e apelido do auto; • Editor; • Volume; • Colecção.

Exercício sobre conectores Identifique a ficha técnica de um livro ao seu alcance e sequencialize ordenadamente os elementos dessa ficha. Ex: “A escrita infinita” • NOA, Francisco. Escrita infinita. Maputo. Imprensa Universitária da UEM. 1998 16


1. Regras de apresentação de referências Um autor • APELIDO (maiúsculas), Nome. Título: subtítulo (se houver). Número da edição (a partir da segunda edição, indicado em algarismos arábicos, seguido de ponto e abreviatura da palavra edição). Cidade de publicação (se não constar: SL). Editora (sem a indicação ou abreviatura da palavra edição). Número do volume. Ano da edição. Número de páginas(facultativo): • NOA, Francisco. Escrita infinita. Maputo. Imprensa Universitária da UEM. 1998

Múltiplos autores 1. Até três autores: • Lista dos apelidos dos autores, conforme a sequência apresentada na publicação, seguidos pelos respectivos nomes ou abreviaturas destes se na publicação aparecerem abreviados. O resto da referência é semelhante ao formato de um só autor. • Ex: CARLTON,J.T., SMITH, R. e WILSON, R.B. . Light’s Manual: intertidal Invertebrates of the Central California Coast. 3ed. California, University of Calfornia Press.1975. 2. No caso de serem mais de três, o formato é: • Apelido do primeiro autor seguido pela respectiva abreviatura e acrescenta-se et. al. o resto da referência é semelhante aos casos anteriores. • Ex: PIRES, C., et al.. Pit-building and food ressources of antlions (Myrmeleontidae). Zoology 101. Rostock University Press, Suppl. I, 1998.

Com publicações periódicas consideradas como um todo • NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da revista. Número do volume. Local de publicação (cidade). Ano de publicação. periodicidade. • Ex; CONTACTO. Revista Especializada em Assuntos Educacionais. MINED (Ed.). Vol. II. Maputo. 1998 (Revista Semestral). Por vezes só é possível ler artigos ou capítulos de uma publicação. Nestes casos: 1. Ficha de artigos ou capítulos de livros, no caso de o autor do artigo ser diferente do responsável pelo livro, o formato é: • APELIDO, Nome (nome(s) do autor do artigo), “Título do artigo/capítulo” (entre aspas). in: Apelido, (do responsável pelo livro e seguido de nome). Título do livro. Subtítulo do livro (se for o caso). Edição. Local de publicação (cidade). Editora. número do volume. ano de publicação. página inicial e final do artigo/capítulo. • Ex: BUENDIA, Miguel. “Democracia, Cidadania e Educação”. In: Mazula, Brazão (ED): Eleições, Democracia e Desenvolvimento.2ed. Maputo. Livraria Universitária-UEM.1995. pp343-374. 2. Artigos de revistas/ publicações periódicas: • APELIDO, Nome (abreviatura do nome do autor do artigo). “Título do artigo” (entre aspasiii), in: NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da revista. Número do volume. Local de publicação (cidade). Ano de publicação. periodicidade, número das páginas em se insere o artigo, eventual número da série. • Ex: SIMÕES, Oliveira. “ As casas para operários. In: A VOZ DO OPERÁRIO. Lisboa 1913. semanário, p.1. 17


2. O que é uma ficha bibliográfica? Ficha Bibliográfica: É o conjunto de elementos devidamente ordenados, que permitem a identificação da publicação no todo ou em parte.

Referências bibliográfica: São citadas em lista própria incluindo nelas fontes efectivamente utilizada na elaboração do trabalho.

Bibliografia: É uma lista de documentos que, embora não citados ao longo do texto, foram consultados e dão uma informação suplementar sobre o tema.

Exercício sobre ficha bibliográfica Escreva a ficha bibliográfica dos documentos abaixo: 1. Emília Amor; Lisboa; 1999; texto Editora; Didáctica do Português, Fundamentos e Metodologias; 5ª edição. 2. Maputo; Português no Ensino Básico; INDE; Estratégias e exercícios; Perpétua Gonçalves e Maria João Carrilho; 1ªedição; 2004. 3. Organização: Inês Duarte e Isabel Leiria “ A importância dos materiais curriculares em contextos de ensino-aprendizagem do Português”; por Fátima Sequeira; pp-5976; Congresso internacional sobre o Português. Actas; Lisboa, Volume II; 1996, Edição- APL e Edições Colibri.

3. Ficha de leitura Geralmente, refere-se a seis problemas na iniciação do Ensino Superior, na óptica do estudante: 1. Como organizar o tempo; 2. A leitura; 3. Como sublinhar e tirar apontamentos; 4. Esquematizar e memorizar; 5. Fazer pesquisa; 6. As apresentações públicas. O saber ler e fazer apontamentos (sobretudo no caso de ensino à distância) constitui a base de sucesso dos estudos universitários. Uma das técnicas que permite facilitar a investigação do material lido, do conteúdo seleccionado como fundamental, é a elaboração da chamada ficha de leitura ou a de documentação. Todavia, como veremos no desenvolvimento desta lição, a elaboração deste tipo de fichas exige o domínio da técnica de tomada de notas (unidade 1), a técnica de resumo (unidade 2) e ainda a correcta referenciação bibliográfica (unidade 3). Por isso, antes de entrarmos para esta lição releia, de forma rápida, o que aprendemos nessas unidades. 18


Fichamento: É o registo (feito em fichas ou caderno) que indica todas as referências sobre a obra, como o nome do(s) autor(es), título e subtítulo, edição, editora, ano de publicação e outros dados, e também anotações de interesse para o trabalho, como resumos, sínteses das ideias e citações literárias relevantes. É um instrumento importante, pois é resultado da leitura realizada, do entendimento da obra (ou parte dela) e é o registo do que vai ser utilizado na redacção final do trabalho.

4. Elementos que fazem parte da ficha de leitura e como os dispor Referências

Classificação da obra (conto, romance, ensaio, etc.)

Tema/unidade/capítulo

Páginas

Notas/resumo/plavras-chave

Observações

Da observação do esquema, é possível identificar os seguintes elementos: • Referência bibliográfica; • Classificação da obra (científico, romance, ensaio, etc.); • Tema/unidade/capítulo; • Páginas consultada(s); • Notas/resumo/palavras-chave; • Observações.

Atenção: Na ficha de leitura, também designada de ficha de conteúdo, devem colocar as notas tomadas seguindo a sequência do texto original, se for um livro ou texto; Mas, se for um artigo que joga com aspectos secundários, o aluno deve tirar as ideias principais (agrupando as ideias que normalmente não estão ordenadas, e que não seguem a sequência do texto).

Exercício sobre ficha bibliográfica 1 Leia os seguintes textos produzindo a respectiva ficha de leitura, sublinhando e tomando notas no próprio texto se for necessário. 19


A Documentação como Método de Estudo Pessoal O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamente eficazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação, por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente selectiva, dada a complexidade e a enorme diversidade das várias áreas do saber atual. Daí a grande dificuldade encontrada pelos estudantes, cada dia mais confrontados com uma cultura que não cessa de complexificar-se e se utilizar de acanhados métodos de estudo que não acompanham, no mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns acreditam que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que possibilitam superar tais dificuldades da aprendizagem. Os recursos milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na assimilação passiva, já não fornecem nenhum resultado eficaz. O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que lhe proporciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil retorquir que isto já é óbvio para qualquer estudante. De fato, nunca se agregou tanto como hoje a importância da criatividade nos vários momentos da vida escolar. Mas o facto é que os hábitos correspondentes não foram instaurados e, na prática de ensino, os resultados continuam insatisfatórios. SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. rev. ampl. S.Paulo. Cortez. 2002.pp35-36 Seminário É uma forma de apresentação oral de trabalhos académicos, individuais ou grupais, que pode contar com o auxílio de recursos audiovisuais para ilustrar a exposição (slides, transparências, etc.) O objectivo de se promover esta forma de apresentação é levar o aluno a defender determinadas ideias e construir argumentos próprios durante os debates e discussões, que são os eventos principais que caracterizam um verdadeiro seminário. Esta forma de apresentação é comumente solicitada nos curso de graduação, mas, na maioria das vezes, estes seminários são montados e apresentados erroneamente. Fazer um seminário não é transferir ao aluno a incumbência de transmitir conteúdos que deviam ser trabalhados pelo professor. Numa palavra: o aluno não pode dar aula no lugar do professor! Seminário também não é a apresentação passiva, às vezes decorada ou lida, em que o aluno apenas reproduz ideias de um texto ou autor. Então, como se estrutura um seminário? Em primeiro lugar, se em, os componentes devem, todos igualmente, conhecer e estudar o material que trata do assunto a ser abordado - nada de dividir o texto em partes e atribuí-las aos membros do grupo, para acabar transformando a apresentação num “jogral” enfadonho e sem sentido. Em segundo lugar, as reuniões do grupo devem objectivar o entendimento do conteúdo do trabalho e sua discussão. Isto deve ser registrado, por escrito ou gravado, pois refere ao aspecto mais importante do seminário. Um seminário exige debate, interlocução, envolvimento, intervenção, por isso, as reuniões são fundamentais, pois é nelas que emergem as discussões que devem ser expostas e exploradas na apresentação. Por último, ressaltamos que, não necessariamente, todos os membros do grupo devem expor o trabalho, já que se pressupõe que a exposição é apenas a forma de apresentação de algo produzido nas reuniões do grupo. Muitas vezes apenas um ou alguns integrantes da equipe, com mais desenvoltura para falar publicamente, garantem a boa apresentação do seminário. Afinal, devemos lembrar que há ouvintes, mesmo que poucos, que não podem ser submetidos a ficar assistindo a uma exposição passiva e fragmentada de um conteúdo. Ao contrário, estes devem ser envolvidos na discussão do trabalho.

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CARVALHO, Ruy et.al. Aprendendo Metodologia científica: uma orientação para os alunos de graduação. S. Paulo. Nome Rosa. 2000. pp.89-91


Unidade 4

Texto expositivo-explicativo A compreensão é uma das condições básicas para a fixação, ordenação, categorização, domínio e uso funcional do conhecimento interiorizado. Na designação tipológica do texto foram justapostos dois vocábulos adjectivados: “expositivo”, derivado de “exposição” e “explicativo”, que advém de “explicação”. A partir destes dois fragmentos que julgamos ser necessário dar início à explicação e compreensão do termo “Expositivo-Explicativo” enquanto tipologia textual, a sua natureza, características, funcionamento e finalidade. A dicotomia dos termos expositivo/exposição: é a apresentação da totalidade do que se refere a uma questão ou problema, de forma a que os ouvintes ou leitores a quem se dirige, adquiram um conhecimento global. Explicativo/explicação – parece tão evidente e uma vez que explicar é um acto comum e, por isso, corriqueiro. Seja qual for o significado que lhe queiramos conferir, conforme os campos do saber, que se centra num objectivo final, o “fazer compreender”. Assim, existe determinado tipo de textos, principalmente os que se destinam a divulgar conhecimentos científicos, que parecem, à primeira vista, extremamente obscuros e de difícil compreensão. Este factor deve-se à utilização de terminologias científicas, instrumento criado não para prejudicar a compreensão, mas para exprimir, com maior precisão, os fenómenos estudados. A exposição do saber e a explicação do saber transmitido constituem objectivos desta tipologia textual.

Conectores: Palavras/expressões que estabelecem as conexões existentes entre as diversas partes do texto numa sucessão lógica do discurso.

1. Qual é a natureza do texto expositivo-explicativo? Pretendemos que se compreenda que o que determina a configuração deste tipo de texto é a relação estabelecida entre o sujeito-emissor e o receptor. Por isso, a função comunicativa do texto expositivo-explicativo é a de transmitir conhecimentos, informar, e a de clarificar e explicar problemas com a finalidade de tornar explícitos processos, relações, etc.. É nessa base que se afirma que os textos teóricos e didáctico-científicos, nomeadamente os pedagógicos, são textos expositivos-explicativos.

Situações que originam a produção de um texto expositivo-explicativo Nesta unidade não será feita uma apresentação e explicação exaustiva de todas as possíveis situações concorrentes à produção desta tipologia textual, será analisado um situação exemplificativa. Imaginemos que Haja um problema da ordem do saber. Perante esta situação, alguém ou um grupo de indivíduos investiga ou resolve o problema e decide comunicar aos outros a solução encontrada, com o objectivo de modificar (aumentando, corrigindo ou clarificando) a percepção que os outros têm sobre determinado assunto. Portanto, esse sujeito ou indivíduos “farão saber” e “farão compreender” algo antes mal-entendido ou não suficientemente compreendido.

Objectivo geral

Analisar textos expositivosexplicativos nos níveis: iconico, discursivo e linguístico. Objectivos

Analisar o texto expositivoexplicativo tendo em conta o nível icónico, discursivo e linguístico; Produzir textos desta natureza sobre temas da sua especialidade; Analisar o texto “Bebidas Fermentadas” nos niveis icónico, discursivo e linguístico; Analisar o texto “Poluição das Águas” tendo em conta os aspectos icónico, retórico, discursivo e linguístico. Produzir um texto expositivoexplicativo, de acordo com os parâmetros fornecidos. Sumário

Estudo da ficha bibliográfica de livros, de artigos e revistas; Estudo da Ficha de leitura; Organização icónica, discursiva e linguística; Análise do texto “Poluição das águas”: aspectos icónico, retórico, discursivo, e linguístico; Produção escrita.

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Por essa razão se afirma que o texto expositivo-explicativo questiona o mundo sob duas perspectivas: 1. Primeira, a investigação de uma evidência: • Por ex: “A escrita evoluiu ao longo dos tempos”; • Trata-se de uma evidência que pode ser problematizada pela procura de saber sobre o “como” e o “porquê” da evolução; • Então, construir-se-á um texto com a intenção de procurar saber/conhecer os vários tipos de escrita havidos e procurar compreender as motivações do seu surgimento e as modificações operadas ao longo do tempo. 2. Segunda, a existência de um paradoxo: • Por ex: “A lua, com luz própria, ilumina as noites de verão”; • Com os conhecimentos actuais sobre o funcinamento do sistema solar, a afirmação acima encontra-se errada, uma vez que a lua não possui luz própria; • Assim sendo, construir-se-á um texto expositivo-explicativo sobre o “Sistema solar – planetas e astros”, o qual fará saber a tipologia dos planetas e fará compreender que certos astros possuem luz própria enquanto que outros não. Em suma, o texto expositivo-explicativo é aquele cuja intenção e objectivo de comunicação é fazer saber e fazer compreender, isto é, o que fornece informações a um receptor que se supõe não as possuir, embora se possa considerar que um conjunto de informações de base são já conhecidas.

2. Organização textual Para facilitar a sua compreensão, o texto expositivo-explicativo apresenta, geralmente, a seguinte organização retórica (a retórica é a arte de bem falar e bem escrever, um conjunto de regras relativas à eloquência): 1. Questionamento (introdução): Corresponde, geralmente, à delimitação do tema, onde se faz referência aos antecedentes e se apresenta o estado da questão. Este objectivo concretiza-se através da designação, denominação, definição ou composição dos termos ou elementos; 2. Resolução (desenvolvimento): Compreende o corpo do texto. Nele apresentamse os dados de forma sistemática, interligando-os. A articulação é caracterizada pelo raciocínio lógico, ou seja, a demonstração com enunciados que encerram os resultados, a sua descrição e caracterização, as transformações e o(s) processo(s) verificado(s); 3. Conclusão: Não necessariamente presente em todos os textos, mas havendo, deverá decorrer do questionamento inicial e apresentarse-á sob a forma de apelo, persuasão ou recomendação a ser observada pelos interessados, modificando a sua atitude inicial. No entanto, esta organização nem sempre se apresenta de forma linear, isto é, o texto poderá ir da questão à resolução ou apresentar a conclusão logo no início e encadearem-se, de seguida, os enunciados que concorrem para a prova dessa conclusão. 22


3. Organização discursiva Pode-se deduzir que no plano discursivo, os textos explicativos-expositivos constituemseá de segmentos expositivos que alternam discursivamente com segmentos explicativos. Expositivos correspondem à sucessão de informações que têm por finalidade “fazer saber” e “fazer conhecer”; enquanto que os explicativos, visam “fazer compreender” o “porque?” e o “como” de um processo ou de uma relação. Devido ao seu carácter didáctico-informativo, o texto expositivo-explicativo é também suportado por segmentos metadiscursivos. Estes segmentos são assim designados pelo facto de o sujeito servir-se deles para marcar explicitamente uma articulação no discurso, sempre que pretender, dentre outras intenções: • Anunciar o que vai ser dito (em seguida, iremos analisar…); • Resumir o que se disse (como acabámos de referir…); • Antecipar o que vai ser dito (enunciação de títulos, subtítulos, numeração, etc.) ; • Focar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negrito, etc.).

CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS Qualquer tipologia textual reger-se-á por princípios linguísticos que a caracteriza e distingue das demais tipologias. No caso vertente, o texto expositivo-explicativo apresenta geralmente uma linguagem objectiva, clara e simples. Este tipo de texto articula os factos constitutivos do acontecimento ou do problema, ligando-os a outros factores de causa, finalidade, consequência; introduz nexos lógicos entre factos e elementos justapostos; mostra relações entre factos, acções, intenções; numa abordagem lógica, cronológica, sequencial, funcional. É tendo em vista a harmonização destes aspectos todos que o texto se compõe essencialmente de três categorias de enunciados: 1. Enunciados expositivos – que se caracterizam pela ausência de marcas gramaticais da primeira e segunda pessoas, cuja intenção é não fazer transparecer a presença do sujeito; pelo uso do presente e do pretérito perfeito do indicativo e pelo recurso à forma passiva; Por vezes, também ocorrem enunciados descritivos que, por se situarem numa perspectiva histórica, se apresentam no pretérito perfeito simples ou composto, ou no pretérito imperfeito do indicativo; 2. Enunciados explicativos – que são caracterizados pela construção de detalhe, visando facilitar a compreensão do fenómeno ou do contexto recorrendo, por isso, a comparações e reformulações parafrásticas como (à semelhança de...; tal como...; isto é…; quer dizer…; ou seja…). São igualmente caracterizados pelo uso de asserções afirmativas ou negativas; Quando o sujeito antecipa as hipóteses que poderiam ser formuladas pelo receptor, ou quando relembra certas explicações anteriores, mas segundo ele inaceitáveis, é frequente a ocorrência do condicional; 3. Enunciados “balizas” – permitem que o enunciador comente o desenrolar dos acontecimentos. São caracterizados pelo uso dos pronomes (nós…se…); por fórmulas de imperativo (observemos…!; analisemos…!); por verbos no futuro (começaremos por…); pelo uso de deíticos temporais (primeiro…, segundo…, agora…, finalmente…). Também é frequente, na passagem de uma etapa para outra, assinalar-se de forma redundante: por um recordar do que foi dito (depois de termos…); ou por um anunciar do que vai ser desenvolvido (propomo-nos agora …). 23


Um dos objectivos da redacção, da produção escrita, é alcançar a coesão e a coerência textual através da harmonização de diversos planos, operações e recursos na construção e funcionamento de um texto. Deste modo, por forma a manter a coerência e progressão textuais, o texto expositivo-explicativo socorre-se de: 1. Substituições nominais: consistem na escolha ou eleição de um vocábulo mais adequado às características do objecto referenciado. Por exemplo, entre casa, palhota, aposentos, residência, lar, apartamento e mansão, o emissor escolherá o vocábulo que melhor se adequar ao contexto, já que não é indiferente dizer palhota no lugar de mansão; 2. Nominalizações: derivação ou transposição de uma palavra ou classe de palavra para a classe dos nomes. Permitem condensar, em certos casos, o que foi dito, compactando um conjunto de informações que em seguida se tornam no tema central do discurso. Elas asseguram uma determinada orientação da reflexão. São geralmente os nomes, os adjectivos e ainda uma subclasse de advérbios que admitem a integração de formas derivadas, dando origem a nominalizações;

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Real (adjectivo) vs Realidade (nome)

Legal (adjectivo) vs Legalização (nome)

Fingir (verbo) vs Fingimento (nome)

Definir (verbo) vs Definição (nome)

Por ex: “diariamente são lançados ao mar detritos de vários tipos quer através de redes de esgotos, quer directamente (...), podendo levar à morte (...)”. Toda esta informação entre aspas poderia ser compactada pela nominalização da forma primeira verbal: “Estes lançamentos podem levar à morte”; 3. Orações relativas: do ponto de vista sintáctico, funcionam como um meio de expansão do nome, restringindo o campo das representações. As orações relativas servem, algumas vezes, para focar a atenção sobre um determinado traço, outras vezes, como meio de apresentação de informações novas e necessárias para uma visão mais completa da representação do real; Por ex: “O tempo quente, que se tem feito sentir nos últimos tempos, concorre para a escassez de água na cidade de Maputo e arredores”. Olhando para a entre vírgula, que a falta de água, no período em referência se deve à estiagem e não a quaisquer outros factores. É pois a oração relativa que por um lado expande o precedente “tempo quente”, por outro, restringe o campo das representações; 4. Reformulações parafrásticas: desempenham um papel importante nos textos expositivos-explicativos pois, são um meio de aclarar o que é dito e orientar a compreensão do destinatário; Por ex: “As depressões tropicais que geralmente assolam o litoral de Moçambique, deixam quase sempre centenas de famílias sem abrigo, (ou seja, ou melhor, isto é, por outras palavras…) telhados e casas de construção precária e não só vão pelos ares”. Qualquer uma das expressões entre parênteses visa esclarecer o que se disse anteriormente; 5. Conectores : estabelecem as conexões existentes entre as diversas partes do texto numa sucessão lógica do discurso. Por isso, a necessidade de dissociação dos objectos do discurso obriga ao enunciador a marcar as relações existentes entre as diversas partes do discurso. Por exemplo (primeiro…, em seguida…) entre outros, são meios que indicam a unidade da cadeia textual; Assim sendo, o raciocínio manifestado pelo texto estabelece-se graças ao recurso a conectores lógicos que podem estabelecer: • Laços de adição (também…, igualmente…); • Laços de oposição (mas…, ao contrário…); • Laços de consecução ou de causalidade (porque…, visto que…, dado que…).


Concluindo, o texto expositivo-explicativo caracteriza-se também pela presença de títulos e subtítulos, variações tipográficas, quadros, gráficos, desenhos, etc. Esta apresentação visa não só a fácil compreensão e interpretação da mensagem, como também permite entender a cronologia do processo.

4. Análise icónica, discursiva e linguística Como afirma Comênio (1592-1670), “o que se viu, provou, fixa-se solidamente na memória e não pode sair, neste sentido: o que se teorizou precisa de ser demonstrado para que não se esqueça, cumprindo assim um dos preceitos da educação pela acção ou o primado da relação teoria-prática, eixo articulador de todo o processo educativo. Leia o seguinte texto: Supunha-se que a cultura da vinha tivesse tido a sua origem na Ásia meredional, mas, seja como for, o vinho é uma bebida antiquíssima. Da Antiguidade Clássica ainda nos chegava a fama de alguns vinhos célebres, como os de Chipre, de Sorrento, o falerno, alguns dos quais eram adicionados de mel e resinas aromáticas. Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos Romanos, nos terrenos das vizinhanças da foz do Tejo. Também pouco se conhece de concreto quanto à origem do vinho do Porto, embora tudo leve a crer que já no século XVII se exportasse. O Tratado de Methwen (1703) favoreceu nitidamente essa exportação, embora os seus resultados práticos não tivessem tido alcance imediato. O Marquês de Pombal criou, em 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro que, apesar de todos os seus defeitos, desempenhou papel de relevo no fomento do comércio de vinho do Porto até 1834, ano em que lhe foram retirados todos os poderes concedidos pelo Marquês. 1.1 – Fabrico e conservação A obtenção do vinho integra duas fases: a viticultura, ou trabalho da vinha, e a vinicultura, que corresponde ao fabrico do vinho a partir das uvas colhidas durante a vindima. É esta última que nos interessa estudar. Comecemos por examinar a estrutura e constituição de um bago de uva maduro; este compreende: a. O pedúnculo, ou engaço, que contém ácidos e taninos; b. As grainhas, ligadas ao pedúnculo, com taninos e resinas; c. A polpa, com 75% de água; o restante é, essencialmente, glicose e frutose e, ainda, pequenas quantidades de ácidos orgânicos, como o tartárico, COOH (CHOH)2 COOH, sais orgânicos e inorgânicos, como tartarato, cloreto, sulfato e fosfato de potássio, vitaminas, como a C, algumas do grupo B, e a P, e ainda substâncias corantes existentes na região subpelicular, fortemente retidas pelas células da película. Estas matérias corantes são geralmente insolúveis em água, mas solúveis nas misturas hidroalcólicas ; exceptuam-se as uvas da casta tintureira, cuja polpa é colorida por conter corantes higrossolúveis; d. A película, que contém água, substâncias ácidas e taninos. Como acabámos de analisar, à medida que o Verão progride, a constituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde a um aumento do teor em glícidos, enquanto a acidez diminui progressivamente. 1.1.1 – Vindima Como a riqueza alcoólica do vinho depende da concentração glicídica, só convém fazer a vindima quando esta concentração tiver atingido o seu máximo valor, o que pode determinar-se com o mostímetro, glucómetro, ou pesa-mostos. Este é um areómetro de peso constante que fornece, simultaneamente, a densidade do mosto, em graus Baumé, a sua concentração glicídica, em g%, e o álcool provável do vinho: por exemplo, um mosto com 16º Bé (30 g%) dará provavelmente um vinho com 18º. Para tal, colhem-se cachos em vários pontos da vinha. No mosto, obtido por esmagamento das uvas, introduz-se o mostímetro. A maturação das uvas está completa quando se obtiver dois valores consecutivos iguais.

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1.1.2 – Escolha, desengace e pisa da uva A escolha das uvas é indispensável, designadamente no fabrico de vinhos de categoria: as uvas verdes tornam o vinho ácido, áspero e teninoso; as uvas demasiado maduras dão-lhe, pelo menos mau gosto. Como acabámos de referir, está demonstrado que os taninos do engaço diferem dos da película e das grainhas, sendo muito amargos. A prática do desengace, ou remoção do engaço, operada por via mecânica, tende, por isso, a generalizar-se. A pisa da uva ainda se efectua a pé descalço nos lagares. Tal prática tende a ser substituída pelo esmagamento mecânico. Este deve efectuar-se sem que haja esmagamento das grainhas, ou do engaço, se este não foi removido. 1.1.3 – Fermentação do mosto A fermentação corresponde, fundamentalmente, à transformação dos glícidos do mostro em álcool etílico, C6H12O6 => 2 C2H5OH + 2CO2, sob a acção de fermentos existentes na parte exterior da película da uva, e corresponde a dois períodos: um rápido e outro lento. A fermentação rápida dá-se, de preferência, a temperaturas da ordem dos 20 a 25 ºC , em recintos arejados, durante três a quatro dias, caracterizando-se por intenso desprendimento de dióxido de carbono. Esta arrasta consigo as películas e os engaços, que formam uma camada superficial, conhecida pelo nome de chapéu, cuja submersão se força. Essencialmente, os fenómenos que acompanham a fermentação rápida são os seguintes: a. formação de álcool e de dióxido de carbono; b. coração do mostro, devido à solução das substâncias corantes; c. elevação de temperatura; d. diminuição da densidade. Durante a fermentação rápida, procede-se à sulfitação que elimina os maus fermentos e as bactérias portadoras de doenças do vinho. Terminada a fermentação rápida, o que se reconhece com auxílio do mostímetro, abre-se o lagar, passando o vinho para dornas e tonéis, onde se realiza a fermentação lenta. Esta dá-se até se completar a transformação dos glícidos em álcool. Simultaneamente, efectua-se a deposição das substâncias insolúveis (taninos, que arrastam consigo os prótidos, corantes e tartarato de potássio) que formam as borras. A fermentação deixa como subproduto um bagaço. Este pode ser tratado com água, para se obter a água-pé, ou prensado, para se recuperar o vinho que ainda contém. Por destilação dos bagaços prensados, obtém-se a aguardente bagaceira; o resíduo da destilação ainda pode ser usado como adubo azotado. As borras servem para produção de compostos tratáricos. 1.1.4 – Tratamentos Fundamentalmente, os tratamentos do vinho consistem, além da sulfitação, já mencionada, na colagem, que o torna límpido e elimina a possibilidade de reaparecimento de turvação, na pasteurização, que impede o aparecimento de perturbações microbiológicas, e na lotação, com que se procura melhor as qualidades do vinho. A colagem consiste em adicionar ao vinho uma substância insípida e inerte, cuja insolubilização arrasta a deposição das substâncias em suspensão. Empregam-se a gelatina e a clara de ovo, ou a albumina, para os vinhos tintos, e a cola de peixe e a caseína, para os vinhos brancos. Logo que se der a deposição, é de regra filtrar e trasfegar o vinho. A pasteurização leva o vinho a temperaturas da ordem dos 80 ºC, durante 10 minutos, com arrefecimento subsequente a temperaturas fracamente negativas, durante alguns dias. A pasteurização pode provocar ainda a precipitação de algumas substâncias, convindo então filtrar o vinho e trasfegá-lo. 26


A lotação não foi prática lançada pelos produtores de vinho, mas pelos negociantes que se dedicavam ao comércio de exportação, no século XVII, e consiste na misturação de vinhos. A lotação é necessária quando se pretende manter a constância do sabor e aroma de determinada marca ou tipo de vinho e não só; ela é igualmente necessária para melhorar a riqueza alcoólica de um vinho. 1.2 – Envelhecimento Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e qualidade alcoólica. Depois de tratados, os vinhos engarrafam-se e deixam-se envelhecer em caves frescas, até atingirem o melhor índice de qualidade que as suas características específicas permitirem – o que pode levar dois ou três anos ou dezenas de anos. Durante o envelhecimento dão-se fenómenos de oxidação, esterificação, descoração e formação de compostos voláteis, responsáveis pelo aroma. SILVA, Ac. Freitas: Mercadorias. 7º ano, Porto, Porto Editora, s/d.

Demonstração ao nível retórico O texto apresenta linearmente os três momentos a que nos referimos na definição e caracterização do texto expositivo-explicativo, nomeadamente: 1. Questionamento: neste texto, compreende o primeiro parágrafo nele faz-se um breve historial sobre a origem do vinho e, particularmente, o vinho do Porto; 2. Resolução: vai desde o segundo parágrafo (1.1), até aos processos de tratamento. Neste espaço, é descrito o processo de fabrico e conservação do vinho (1.2) 3. Conclusão: entende-se como sendo os dois últimos parágrafos em que não só se descreve o processo final de tratamento e armazenamento do vinho, como também se dão algumas recomendações e os cuidados a ter em conta nesta fase final.

Demonstração ao nível discursivo Neste texto, podem ser identificados enunciados de exposição que alternam com os de explicação, tais são os exemplos: 1. Enunciados de exposição: ”Supõe-se que a cultura da vinha tenha tido a sua origem na Ásia meridional...”, “Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos Romanos, nos terrenos das vizinhanças da foz do Tejo”; 2. Enunciados de explicação: “A obtenção do vinho integra duas fases: A viticultura, ou trabalho da vinha e a vinicultura, que corresponde ao fabrico do vinho a partir das uvas colhidas durante a vindima”; 3. Enunciados metadiscursivos: ao detalhar o processo de fabricação do vinho, o autor recorre também a elementos linguísticos e paralinguísticos, isto é, um tipo de enunciados de que o sujeito enunciador se serve para marcar explicitadamente uma articulação no discurso com a finalidade de: • Resumir o que se disse; • Antecipar o que vai ser dito; • Focar o que é dito.

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Características linguísticas • Tipo de linguagem: Predomina uma linguagem objectiva, com vocabulário e termos próprios duma área específica: a do processo de fabricação do vinho, tais como (engaço, pesa-mostos, sulfitação, etc.); • Tempos verbais: Neste texto, embora ocorram vários modos e tempos verbais, predomina sobretudo o presente do indicativo. Como sabe, o tempo presente – enquanto tempo de base do discurso é definido como o que coincide com o momento de enunciação, isto é, o momento em que a narração ou descrição coincide com o da realização da acção. Apesar disso, queremos chamar-lhe atenção para o facto de, no presente caso, tratar-se do presente genérico – uma forma temporal zero, cujos enunciados têm valor genérico, ou seja, um valor atemporal. Por ex: “A obtenção do vinho integra duas fazes ...”; “A riqueza do vinho depende...”; “A escolha do vinho é indispensável...”. O estado de coisas (o processo geral de fabricação do vinho) descrito nestes enunciados e em todo o texto onde ocorre o tempo presente não se materializa justamente no momento de enunciação: este é o processo genérico de fabricação do vinho no passado, hoje e sêlo-á no futuro. Na produção de um texto, para além do presente genérico, pode ocorrer também o presente histórico – este ocorre geralmente em textos narrativos em substituição do pretérito perfeito, mas veiculando factos passados. Por os factos reportados se situarem numa peprspectiva histórica, é utilizado na introdução ocorre o pretérito perfeito e o imperfeito ambos do indicativo, pois faz-se uma abordagem histórica sobre a origem da vinha. Por ex: “Supunha-se que...”; “... ainda nos chegava...”; “... favoreceu nitidamente ...” ; “O marquês de Pombal criou...”; “...tivesse tido a sua origem.”.

As pessoas gramaticais “Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e qualidade alcoólica”. Facilmente nos apercebemos de que na forma verbal, está implícito um “Nós”, marca gramatical da primeira pessoa do plural, o que parece objectar a explicação anterior. Trata-se de um “Nós” de autor e ocorre frequentemente nos discursos científicos e, particularmente, nos Manuais Escolares/Didácticos. Permite que o “Eu”, embora assuma o seu discurso, não se coloque como indivíduo falando em seu nome próprio, mas por detrás de um conjunto de uma comunidade de sábios onde se observa uma unanimidade.

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A passiva O “se” na frase a baixo não é pronome reflexo (como em: ele lava-se sem sabão e ela feriu-se gravemente), cuja acção recai sobre os próprios sujeitos. Nesses exemplos o “se” é partícula apassivante. Por ex: Em “introduz-se o mostímetro”, percebe-se que o mostímetro não se introduz ele próprio, mas alguém o introduz em algo. Portanto, poderíamos dizer: o mostímetro é introduzido por (alguém), forma clássica da passiva. O João introduz o mostímetro no barril (Voz activa) => O mostímetro é introduzido (pelo João) no barril (Voz passiva); logo, introduz-se o mostímetro no barril. Exemplos: “Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos Romanos...”; “A prática do desengace tende a generalizar-se” Nestes casos a passiva de “SE” é uma estratégia para ocultação ou desqualificação do sujeito (não se afirma explicitamente quem é o sujeito da acção).Vejamos exemplos com o verbo auxiliar “SER”. Por ex: “... alguns dos quais eram adicionados de mel e resinas aromáticas.” Trata-se de uma estratégia discursiva que visa legitimar ou autenticar a informação dada como certa e necessária.

Articuladores discursivos • Anunciar o que vai ser dito: “Como acabámos de referir, está demonstrado que os taninos do engaço...”(7º parágrafo); • Antecipar o que vai ser dito: o texto apresenta título, subtítulos e numerações; • Focar o que é dito: o texto apresenta ainda mudanças tipográficas. Continuando a análise do texto, identificando os mecanismos usados que asseguram a coerência e a progressão textual.

5. Coerência e progressão textual Neste texto ocorrem: • Substituições nominais: que permitem ao enunciador suprimir o inútil, pela escolha de um termo com traços que facilitam a explicação no lugar de outros possíveis. • Por Ex: Descrição do “bago” nos seus elementos – engaço, grainhas, polpa, película; ou mostímetro, glucómetro, pesa-mostos em vez de “areómetro”. • Nominalizações: trata-se também duma estratégia de discursivização que visa compactar um conjunto de informações anteriormente enunciadas para torná-las no tema central do discurso subsequente: • Por Ex: “Como acabámos de ver, à medida que o Verão progride, a constituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde a um aumento do teor em glícidos...” e “...colhem-se cachos em vários pontos da vinha. No mosto, obtido por esmagamento das uvas, introduz-se a mostímetro. A maturação das uvas está completa quando se obtiverem dois valores consecutivos iguais”. 29


• Oração relativa: trata-se de uma estratégia discursiva que tem em vista a expansão do nome: • Por ex: “Este é um areómetro de peso que fornece, simultaneamente, a densidade do mostro, a sua concentração em g % e o álcool provável do vinho”. Este arrasta consigo as partículas e os engaços, que formam uma camada superficial, conhecida pelo nome de chapéu, cuja submersão se força. Nos dois casos a oração relativa (iniciada pelo que) funciona como um meio de restrição do campo das representações, não permitindo várias interpretações. Qualquer um dos “que” reporta-se ao seu antecedente nominal e não a outros elementos. • Reformulações parafrásticas: gozam de um papel importante, ao permitirem clarificar certas comunicações e orientar a compreensão do destinatário/leitor: • Por ex: “A lotação, isto é, misturação de vinhos é necessária quando se pretende (...)” Portanto, para quem não saiba o que significa lotação, fica imediatamente elucidado pela expressão “isto é” que aparece como meio de explicitação, tal como poderia ser substituída por “ou seja, por outras palavras, quer dizer...”.

Características supralinguísticas Para finalizarmos, é importante olharmos para a mancha gráfica do texto, pois para além dos aspectos de natureza estrutural, discursiva e linguística, o texto exibe ainda de variações tipográficas: apresenta título e subtítulos, desenhos e numerações. Trata-se de um exemplo típico de Texto Expositivo-Explicativo, cuja intenção de comunicação é, essencialmente, fazer saber; e fazer compreender um processo.

Exercício sobre organização icónica, discursiva e linguística 1. Nominalize os seguintes verbos Libertar ______________ Advertir ______________ Aderir ______________ Intrometer ______________ Discordar ______________ Herdar ______________ Sugerir ______________ Crer ______________ 2. Coloque o conector (conjunção, locução) de marcar laços de: • Adição: As lições de técnicas de expressão são agradáveis ______________ úteis para todos nós porque ______________ fornecem-nos conhecimentos específicos da disciplina de Português ______________ permitem aos estudantes a aquisição de técnicas de estudo para todas as cadeias do curso. • Oposição: ______________ os estudos estejam a correr bem, sentese a necessidade de muita exercitação. Veja só o que aconteceu no teste de métodos de estudo, li muito tive uma nota pouco agradável. ______________ estar nas últimas cadeiras do salão, ouvia perfeitamente os discursos dos intervenientes do debate! • Causalidade: Há línguas conhecidas como “isoladas” ______________ não apresentam parentesco com nenhuma outra língua viva. Rosseau, Seneca, Durkheim,entre outros, foram alguns dos grandes pedagogos traçaram as linhas mestras do que hoje se entende por Pedagogia Educacional. • Consecução: - A exposição foi ______________ bem feita que o Reitor se prontificou. 30


6. Produção de textos expositivo-explicativos Leia o seguinte texto: Poluição das águas A água é um receptor de detritos: seja através de redes de esgotos, seja por lançamentos directos, os rios e os mares recebem continuamente fezes, urina, resíduos industriais, detergentes. Quando esses materiais atingem determinada concentração, poluem a água e prejudicam os seres que nela vivem ou que dela fazem uso. Podem, por exemplo, levar à morte todos os peixes, moluscos, crustáceos e outros animais, bem como as plantas que se desenvolvem nesses ambientes. Primeiro, os materiais orgânicos levados pelos esgotos a um rio ou a um lago contribuem para a “morte” desses ambientes aquáticos, porque constituem alimento para os microorganismos que aí vivem. Quando o lançamento de excrementos se faz em larga escala, há muito alimento para os microorganismos e o número destes aumenta rapidamente. Como muitos tipos de microorganismos consomem oxigénio na respiração, a quantidade desse gás, na água, diminui e pode tornar-se insuficiente para a respiração dos outros seres vivos do ambiente, provocando a sua morte. Segundo, além dos produtos de excreção, chegam aos rios e mares resíduos industriais que podem também levá-los à morte, quer a indústria esteja próxima ou afastada. Peixes que passem pelos locais de descarga das indústrias podem morrer imediatamente, dependendo do tipo de resíduo lançado, como ácidos e substâncias cáusticas, por exemplo. Analisemos agora numa outra perspectiva: muitas vezes o efeito de um poluente é cumulativo. Assim, compostos de mercúrio, por exemplo, utilizados na fabricação de plásticos, podem contaminar os peixes que vivem no local do seu lançamento. Com a dispersão do poluente, peixes de outras regiões também se contaminam. Peixes maiores, ao ingerirem peixes menores contaminados, acumulam ainda mais mercúrio nos seus organismos. O efeito cumulativo do mercúrio acentua-se nas pessoas que se alimentam de peixes contaminados e, dependendo da concentração desse poluente no organismo, elas podem sofrer distúrbios da fala e da visão, paralisia e até morte. Como acabámos de referir, todos os materiais lançados aos rios, cedo ou tarde acabam chegando ao mar. Como o lançamento de poluentes é contínuo, muitas regiões litorâneas estão sujeitas à poluição.

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Observemos um outro fenómeno: um dos maiores problemas da poluição marítima é o petróleo que é vazado no mar. Os vazamentos de petróleo em plataformas de perfuração são frequentes, isto é, navios petroleiros lançam constantemente ao mar a água de lavagem dos seus tanques, que leva consigo uma quantidade considerável de óleo e não só, aviões, em certas situações, descarregam sobre o mar parte do seu combustível, antes de aterrarem. Em seguida, iremos lembrar um outro aspecto não menos importante que é o espalhamento: um poluente lançado numa região, atinge consequentemente outras regiões. Finalmente, é igualmente importante recordar que existe uma relação contínua entre a água, o solo e o ar. Assim, por exemplo, poluentes lançados ao ar são levados pela chuva aos rios e ao solo, mas também poluentes lançados nas águas podem ser levados ao ar, pela evaporação e ao solo, pela irrigação. Mais ainda, poluentes lançados ao solo podem chegar aos rios e destes ao mar. Por outras palavras, o processo de poluição é cíclico. Assim sendo, não adianta controlar apenas a poluição do ar ou do solo e da água. O controle deve ser global e é fundamental agirmos antes que a dispersão dos poluentes se torne incontrolável. É praticamente impossível retirar os poluentes das águas. Portanto, a melhor maneira de evitar a grande contaminação é controlar a fonte de lançamento, onde os poluentes devem ficar retidos Revista de Ensino de Ciências n.º 23,Novembro, 1999

Exercício sobre textos expositivo-explicativos 1. O texto lido é expositivo-explicativo. Justifique esta afirmação tendo em conta a intenção de comunicação e as marcas linguísticas que presidem à produção deste tipo de textos, responda: • Apresente a organização textual do texto em estudo ao nível retórico.Justificando a delimitação proposta; • Identifique a função discursiva das seguintes transcrições textuais no contexto da coerência e progressão textual: “... isto é, navios...” (6.º parágrafo) e “ Por outras palavras, ...” (8.º parágrafo); • O enunciador pode, ao longo do texto, comentar o desenrolar do estado de coisas. Que função desempenham no texto os seguintes enunciados: “Analisemos agora...” (4.º parágrafo) e “...iremos lembrar...”; ( 7.º parágrafo) 2. Características linguísticas: • Que tempo(s) verbal (is) predomina(m) no texto? Justifique a sua ocorrência. • Justifique o uso da 1.ª pessoa do plural. 3. “Peixes que passem pelos locais de descarga das indústrias podem morrer imediatamente, dependendo do tipo de resíduo lançado (…)” classifique a oração inicial, indicando a sua função no âmbito da progressão e coerência do texto Expositivo-Explicativo. 4. Produza um texto expositivo-explicativo de extensão máxima de uma página A4 subordinado ao tema “ O meio ambiente”, não se esquecendo das características específicas deste tipo de texto.

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Unidade 5

Texto didácticos profissionais Objectivo geral

Introdução Estão abrangidos nos textos didácticos funcionais todos os textos orais ou escritos destinados a serem apresentados publicamente e dirigidos a um destinatário geralmente abstracto, ou a uma categoria de pessoas a quem se transmitem uma informação, se propõem uma orientação ou se dá um conselho.

1. Circular e convocatória Circular é uma mensagem endereçada simultaneamente a diversos destinatários para transmitir avisos, ordens de serviço ou instruções. Geralmente, a circular é dirigida às chefias subordinadas (circulação interna/externa). Convocatória é um texto lesgislativo, à semelhança do aviso e da circular, no qual o presidente da massa associativa, investido de uma autoridade de poder (adquirido na sua eleição pelos membros e subordinados), convida e/ou ordena aos seus subordinados (membros de uma determinada associação ou outra instituição) a comparecerm na efectuação de uma actividade futura-reunião, debate, assembleia,etc Considere o seguinte texto e a sua análise.

CIRCULAR CIRCULAR N.º 25/03 O Director Nacional de Finanças, no uso da atribuição que lhe confere o Artigo. do decreto-lei…… e tendo em vista que foram atendidas as exigências legais da Lei sobre Minas, faz publicar para conhecimento das repartições subordinadas, a pauta das substâncias minerais para o corrente exercício, para efeito de incidência do imposto de …..%, instituído pela citada Lei.

Maputo, 30 de Outubro de 2003 O Director (ASSINATURA) Esta circular tens as seguintes características:

Analisar enunciados de: sumário, convocatória, circular, relatório, regulamento e acta, nos níveis icónico, discursivo e linguístico. Objectivos

Identificar as situações em que se produz circular e convocatória; Analisar a circular e convocatória nos aspectos icónico, discursivo e linguístico; Produzir circular e convocatória; Descrever a mancha gráfica do enunciado da acta; Identificar a organização discursiva deste tipo de texto; Analisar as características linguísticas da acta; Produzir uma acta de reunião; Analisar o enunciado do Regulamento do ponto de vista icónico, discursivo e linguístico; identificar as situações, pressupostos, estrutura, estilo e tipo de linguagem de um relatório (simples); Apontar a estrutura de um relatório de pesquisa/ científico; Analisar um relatório; Analisar um sumário.

Ponto de vista icónico: • Texto curto; • Organizado graficamente em três partes: cabeçalho, corpo e data e assinatura. 33


Sumário

Estudo da circular e convocatória nos aspectos: icónico, discursivo e linguístico; Análise de uma acta nos aspectos icónico, discursivo e linguístico; Análise de um regulamento nos níveis icónico, discursivo e linguístico; Analise de um relatório nos niveis icónico, discursivo e linguístico. Análise de um sumário nos níveis icónico, discursivo e linguístico.

Estrutura: • A maior parte das instituições possui um formulário para uso interno. Apesar da flexibilidade de cada empresa ou instituição, é a circular é sempre numerada, com uma numeração específica que corresponde à ordem sequencial das circulares produzidas no mesmo ano; • A circular é datada e faz a indicação ao assunto ou objectivo da mesma.

Organização linguística • Por não apresentar uma situação de comunicação directa, exige na sua elaboração: legibilidade, objectividade, destaque da informação relevante.

Marcas de pessoa • 3ª. Pessoa do singular

Marcas de tempo e espaço • É obrigatória a indicação do local e a data - Maputo, 30 de Outubro de 2003.

Tempos verbais • Predomina o Presente do indicativo, mas pode ocorrer também o Imperativo sempre que a intenção de comunicação for persuasiva (levar o destinatário a agir). No que diz respeito à organização do texto, requerem-se particulares cuidados, devido a variedade e afastamento dos destinatários, o que impede o esclarecimento de dúvidas. Ainda, por preocupação de clareza e de aplicação de princípios de legibilidade, o texto deve ser subdivido em partes de acordo com o número de ideias que transmite. Deste modo, cada uma das partes terminará por uma frase resumo e todo o texto, pela reunião dessas frases obtém-se o resumo das diversas partes. Leia agora este segundo texto e a sua análise.

EMAUT EMPRESA MOÇAMBICANA DE AUTOMÓVEIS, SARL Av. 25 de Setembro 1162. Telef(258) 427253/42787 Fax: 426045 Cx.P. 1806 MAPUTO, MOÇAMBIQUE

Convocatória Assembleia Geral Ordinária Nos termos do artigo 13 dos estatutos da sociedade, convoco a Sessão da Assembleia Geral Ordinária a realizar-se no próximo dia 30 de Março pelas pelas 10.30 horas na sede da sociedade, com a seguinte de trabalhos: 1. Análise, discussão e votação do relatório, balança e contas respeitantes ao exercício de 1994; 2. Eleição dos órgãos sociais para triénio 1995-97; 3. Proposta de honorários para os órgãos sociais. Maputo, 18 de Maio de 1995 INTERFRANCA Carlos Eduardo de Nazaré Ribeiro

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Esta convocatória tem as seguintes características: É um texto de chamada de atenção, dirigido geralmente a várias pessoas, produzido por um emissor ou entidade, investidos de competência e poder, que convida ou manda comparecer para algo. Na Convocatória indica-se o dia, a hora e o local, sendo por isso de carácter mais obrigatório, distinguindo-se do Aviso, por este ser de cumprimento mais voluntário. Tem como objectivo levar os destinatários a realizarem uma acção futura.

Nível icónico: • Texto curto; • Organizado graficamente em três partes, o cabeçalho, o corpo do texto, data e assinatura. • O cabeçalho: corresponde ao endereço ou instituição emissora da convocatória bem como ao indicativo da mesma; • O corpo: compreende a duas subpartes: • Nome da instituição/entidade que convoca; data; hora e local de realização da sessão convocada, o segmento linguístico “convocar” que explicita a autoridade de poder do delegado da colectividade que anuncia a agenda da sessão convocada; • Corresponde a sequência de parágrafos correspondente à sequencia cronológica das actividades a serem praticadas no decorrer da sessão. • A assinatura: corresponde à assinatura da entidade legislada como competente para a criação da realidade” sessão Ordinária”. Esta assinatura é precedidada pela data e local de emissão e pelo cargo que lhe confere autoridade e poder para convocar a sessão.

Estrutura 1. Quem? 2. O quê? 3. Quando? 4. Onde? 5. Para quê? 6. Local data e assinatura.

Organização linguística Numa convocatória, a sequência dos parágrafos corresponde à sequência cronológica das actividades a serem desenvolvidas. A linguagem deve ser simples, clara, objectiva e início.

Marcas de pessoa Usa-se a 1ª. pessoa do singular representativa de uma entidade investida de poder (Presidente da Assembleia geral) que determina a realização futura de uma sessão; Usase também a 2ª. pessoa do plural (implícita)

Marcas de tempo e espaço Presidem à produção deste tipo de texto duas marcas: a do local e a do momento de enunciação (do emissor) - Maputo, 18 de maio de 1995; do local e do momento da acção - sede da sociedade, 30 de Maio de 1995.. 35


Tempos verbais O verbo convocar identifica o texto como prescritivo, pois coloca o receptor no cumprimento do “dever-fazer” e pode apresentar-se sob três formas: convoco, convocamse ou são convocados. Numa Convocatória estão sempre implícitos três momentos: • Passado: para se convocar, tem de ter havido um motivo/circunstância precedente; • Presente: respondendo a essa circunstância, faz-se a Convocatória; • Futuro: a Convocatória tem em vista a abordagem, apresentação ou discussão de um assunto num momento posterior ao da produção da Convocatória.

2. Acta É um texto relativamente longo, elaborado como consequência de uma sessão/reunião, que procura fixar com toda a fidelidade os aspectos essenciais dos factos ocorridos na sessão. Texto em que se faz um relato fiel e fidedigno, do que se passou numa reunião destinada a discutir um ou vários assuntos e a tomar decisões sobre o que se discutiu. Em suma, acta é uma narração sintética ou circunstanciada do que ocorreu numa sessão ou cerimónia, ou resumo dos actos deliberativos dum corpo colectivo. Acta de reunião Aos vinte dias do mês de outubro de dois mil e seis, pelas nove horas e trinta minutos, realizouse na Sala de Conferências da Escola Secundária Josina Machel, em Maputo, uma reunião convocada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral de Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Escola supramencionada, a qual obedeceu à Ordem de trabalhos constante da respectiva convocatória e que contou com a participação dos associados. Aberta a sessão, o Presidente apresentou oficialmente as listas concorrentes às eleições dos Órgãos Sociais da Associação para o corrente ano lectivo, das quais os presentes já tinham conhecimento prévio. Candidataram-se duas listas - lista A e lista B -, sendo a primeira encabeçada por Manuel João da Silva e a segunda por António Plácido da Costa Pequito, os quais apresentaram os respectivos programas (documentos cujos textos já tinham sido distribuídos aos presentes parar posterior análise e debate). Em seguida, passou-se ao segundo ponto da Ordem de Trabalhos. Após a apresentação das várias alternativas sobre a data do acto eleitoral, chegouse a consenso, tendo sido fixado dia vinte e dois de Novembro de dois mil e seis para esse acto. A assembleia de votos funcionará das dezoito às vinte e três horas, na sala doze desta escola. Na parte final da reunião, os participantes discutiram o último ponto da agenda. Alguns associados salientaram a importância da ligação Escola/Encarregados da Educação soa estudantes, como forma de escola, digo, como forma de abertura da Escola à comunidade e, ainda, como forma de desenvolver um intercâmbio que facilite um melhor conhecimento dos seus educandos. Abordaram-se depois, de uma forma genérica, os problemas da adolescência, tendo-se reiterado que da cooperação de todos resultará um apoio mais eficiente aos jovens estudantes. Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, da qual se lavrou a presente acta que depois de lida e aprovada, vai ser assinada nos termos da lei.

___________________________ O Presidente ___________________________ O Secretário 36


Nível icónico: • Acta é um texto relativamente longo; • É apresentado graficamente em três blocos, sendo: • Cabeçalho: contém o título acta de reunião, seguido de número de ordem; • Corpo/desenvolvimento: parte mais longa e detalhada, naqual se resumem todos os factos ocorridos numa reunião; • Fecho: parte que contém as assinaturas do Presidente e do Secretário e, possívelmente, se previamente acordado pelos intervenientes, outras individualidades presentes na sessão assinam a acta.

Organização Discursiva O Corpo da acta divide-se em três partes: • Introdução: • A data, a hora, local da reunião; • A(s) entidades responsável(is) pela sessão, os participantes convocados, a indicação das ausências e os motivos dessas mesmas faltas; • O resumo da agenda da sessão a que se refere a acta; • Por Ex: o primeiro parágrafo do texto em estudo. • Desenvolvimento. Nesta parte faz-se o relato fiel dos conteúdos fundamentais abordados no encontro, empregando-se o discurso indirecto e o texto assume, assim, uma estrutura narrativo. Por Ex: o segundo e terceiro parágrafos do texto em análise. • Conclusão. Nesta parte haverá sempre uma formula fixa que antecede as assinaturas, podendo, eventualmente, indicar-se a hora em se encerrou a sessão. Por Ex: o último parágrafo do texto.

3. O regulamento Regulamento Na constituição morfológica do vocábulo: regula - é o tema do verbo “regular”, que significa “ estabelecer regras” + mento-sufixo que indica o resultado ou/e efeito da acção, é geralmente um texto escrito, redigido numa linguagem sóbria e objectiva, por forma a evitar qualquer tipo de ambiguidade e que reúne um conjunto de princípios, regras ou normas que regem algo. Há vários tipos de regulamentos - de uma instituição (Ex: o Regulamento Interno da Faculdade que frequenta); de um espaço, de uma associação, de um espaço, de um concurso, de uma actividade. Pode ainda chamar-se Regulamento a uma disposição oficial proveniente de um Órgão do Governo para explicar a execução de uma Lei. FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN BOLSAS DE ESTUDO PARA CURSOS SECUNDÁRIOS E SUPERIORES Regulamento I Disposições gerais Art.º 1.º 1. A Fundação Calouste Gulbenkian concede bolsas de estudo a alunos do ensino secundário e superior. 2. Para esse efeito, será aberto um concurso por meio de anúncios publicados na imprensa. Os anúncios especificarão os cursos a que as bolsas se destinam e as condições a satisfazer pelos interessados.

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3. A Fundação não se compromete a abrir todos os anos este concurso, nem a conceder bolsas para todos os graus de ensino mencionados no número 1. Art.º 2.º 1. As bolsas a que se refere este regulamento têm a natureza de uma comparticipação nos encargos normais dos estudos e o seu quantitativo é variável. 2. De entre as circunstâncias que influem no quantitativo das bolsas destacam-se as seguintes: viverem ou não os bolseiros durante o ano com os respectivos agregados familiares; o grau e a natureza do curso. Art.º 3.º Os bolseiros não podem acumular qualquer bolsa de estudo com a da Fundação, sem prévio consentimento do Serviço de Educação de Bolsas. II Do concurso II Do concurso Art.º 4.º São condições de admissão ao concurso, além das que forem indicadas no respectivo edital, as seguintes: a) Falta de recursos económicos dos concorrentes para a continuação dos estudos; b) Não possuírem os concorrentes habilitação de qualquer outro curso dentro do grau de ensino para cuja frequência requerem a bolsa. Art.º 5.º 1. A bolsa é requerida mediante o preenchimento de um boletim, que será fornecido ao interessado pelo Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian. 2. O boletim será devolvido ao referido Serviço da Fundação juntamente com os outros documentos necessários, no prazo indicado no edital do concurso. Art.º 6.º Serão excluídos do concurso os candidatos que deixem de informar a Fundação dos resultados escolares obtidos no final do ano e bem assim aqueles que não alcancem resultados reputados satisfatórios. III Da atribuição das bolsas Art.º 7.º O simples facto de o requerente ser admitido ao concurso não lhe confere o direito a uma bolsa. As bolsas serão atribuídas aos concorrentes que a Fundação seleccionar, de entre os admitidos ao concurso. Para os efeitos da selecção a que se refere o número anterior, atender-se-á, não só ao aproveitamento escolar, situação económica e idade dos concorrentes, mas também à importância relativa dos cursos que pretendem frequentar. Art.º 8.º A duração das bolsas é de dez meses, com início a 1 de Outubro. VI Dos deveres do bolseiro Art.º 14.º Constitui obrigação de todo o bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian: a) Informar a Fundação da interrupção dos seus estudos; b) No final do ano lectivo, apresentar um certificado comprovativo dos resultados obtidos; c) Não mudar de curso nem de estabelecimento de ensino sem prévio conhecimento da Fundação; d) Participar à Fundação todas aquelas circunstâncias, ocorridas posteriormente ao concurso, que tenham trazido melhoria apreciável à sua situação económica, bem como as mudanças de residência. 38


Art.º 15.º O não cumprimento pelo bolseiro de alguma das obrigações estabelecidas nos artigos anteriores determinará, consoante os casos, a suspensão ou cessação da bolsa. VII Disposições finais Art.º 16.º 1. As normas regulamentares do concurso (que são genéricas e sem prazo de validade) serão fixadas em edital próprio; 2. O presente Regulamento entra em vigor à data da sua publicação. Lisboa, Maio de 05 (Excerto adaptado do Regulamento publicado na página da Internet da Fundação Calouste Gulbenkian)

Nível icónico: • Geralmente longo, dependendo do contexto; • Organizado graficamente em várias subpartes devidamente identificadas por um número romano e intertítulo (destacado a negrito). As subpartes integram um conjunto de disposições legais devidamente numeradas; • Cada capítulo ou subcapítulo engloba um conjunto de disposições gerais ou específicas devidamente explicitadas. Os artigos surgem numerados, abrangendo várias alíneas ou itens seriados por numeração árabe.

Estrutura • O regulamento, tal como outro tipo de documento nomeadamente o Edital, ou o Anúncio Público, embora dirigidos a um público heterogéneo, têm uma estrutura fixa, pois apresentam-se estruturados de acordo com as leis vigentes no código civil e, por isso, elaborados por especialistas na área do Direito; • No regulamento estão sempre explícitos: o proponente, o assunto, o destinatário, as disposições gerais, o articulado que compõe as várias subpartes, data e assinatura.

Organização linguística Por não apresentar uma situação de comunicação directa, exige na sua elaboração: legibilidade, objectividade, destaque da informação relevante. O seu léxico e a estrutura frásica detonam sempre um pendor jurídico-legal, próprios dos juristas: 1. Marcas de pessoa/tempos verbais: 3ª pessoa singular/plural. Predomina o Presente do indicativo, podendo ocorrer o conjuntivo, futuro, infinitivo pessoal/impessoal. 2. Marcas de tempo e espaço: indica-se o local e data de aplicação.

Exercício sobre regulamento Redija um pequeno regulamento que assegure o correcto funcionamento de um espaço como uma biblioteca escolar, independentemente do nível de ecolaridade.

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4. Relatório Relatório: É comunicação oral ou escrita, organizada, fundamentada, comentada por quem viu, ouviu, estudou um facto, assunto ou situação. Funciona como elemento de informação, consulta, prova de ocorrência, análise e discussão de situações concretas. Basea-se em realidades concretas. Troncos & CA LDA. FÁBRICA DE LANIFICIOS RELATÓRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Senhores Accionistas Em cumprimento da Lei e dos estatutos, submetemos à vossa apreciação o Balanço e Conta de Resulatados refrentes ao exercício de 19… Comparando os elementos contabilísticos com os do exercício de 19… verificamos que a expansão da emmpresa é constante. Conseguimos um aumento do volume de vendas de cerca de 20% em relação ao exercício anterior, que nos permitiu também um aumento de lucro. Este, no exercício de 19.., ascendeu a Escudos 1 088 125$65, cujo distribuição fica ao vosso esclarecido critério. Esperamos que no próximo exercicio seja ainda melhor, porque melhorar significa progredir e o progresso é motivo de orgulho e satisfação. É com prazer que nos cumpre agradecer ao conselho Fiscal a inestimável e muito competente colaboração dispensada e a boa e frutífera colaboração que vós, na qualidade dupla de accionistas e colaboradores, prestastes durante mais um ano. Porto, 17 de Fevereiro de 19. RUA DA ANHA, 199 - TELEX 54367 TROLANI-TELEF.23985 - 4900 VINA DO CASTELO

Situações O relatório ocorre geralmente nas seguintes situações: • Prestação de contas; • Acidentes de trabalho/de viação; • Balanço; • Avaliação/estudo de conflitos/possibilidades ou vias alternativas de solução, etc.

Pressupostos • • • • • • •

Não obriga a observação directa dos factos; Pressupõe a ocorrência de factos; Descrição objectiva; Análise sucinta dos factos descritos; Exctidão; Conclsões; Sugestões/propostas.

Estrutura • Relatório - modelo corrente(simples): • Apresentação: • Cabeçalho: data, origem, natureza, destinatário; • Assunto: resumo de(os) facto(s). • Texto: • Corpo: desenvolvimento do assunto(descrição dos factos); • Considerações (análise dos factos). • Conclusões: sugestões. 40


Observe-se que: 1. A apresentação pode ocupar a primeira página, devendo surgir bem destacada do texto; 2. Cada um dos elementos do cabeçalho deve ser reconhecido com realtiva facilidade; 3. Assunto deverá: fixar em breves palavras o(s) factos emcausa; indicar apenas o essencial; mencionar unicamente as razões que determinaram a elaboração do realtório, sem nada antecipar sobre as conclusões, nem sobre a opnião pessoal do relator; 4. Desenvolvimento exige: • Honestidade e imparcilaidade; • Fidelidade (o relato não deve omitir nada que seja importante para o esclarecimanto do acontecido); • Utilidade ( diga-se apenas o necessário); • Precisão ( escolha-se apenas os aspectos dominates); • Método (deve-se esquematizar um plano, a fim de arrumar as deias numa sequência lógica); • Clareza. 5. As considerações assumem a forma de uma apreciação do(s) facto(s) e constituem o núcleo do realtório.é nesta parte que o relator deve referir tudo o que ele próprio tiver averguado e que possa conduzir a uma melhor compreensão das causas e dos efeitos do(s) facto(s) analisados; nada deve ser baseado em ideias preconcebidas, tudo deve ser apoiado em factos exactos que se possam criticar e explicar. 6. A conclusão deve deduzir-se logicamente da argumentação que a preceda, nada contendo que não seja justificado 7. Baseado nas conclusões, podem-se apresentar as sugestões, clara e ordenadamente dispostas, por forma a serem concretas e objectivas.

Estrutura de um relatório 1. Apresentação: • Capa: • Entidade; • Título ou subtítulo; • Local e data. • Folha do rosto (página de rosto); • Sumário(discriminação das divisões e subdivisões do trabalho); • Resumo analítico; 2. Introdução: • Tema; • Delimitação; • Objectivo Geral; • Objectivo específico; • Justificativa. 3. Objecto: • Problema; • Hipóteses; • Variáveis e suas relações; • Quadro Teórico. 41


4. Capítulo I • Fundamento(s) Teóricos da Pesquisa/revisão da bibliografia • Teoria básica; • Definição dos termos; • Definição de indicadores; • Desenvolvimento teórico do tema 5. Capítulo II • Metodologia de pesquisa: • Método de Abordagem; • Método de Procedimento, • Técnicas e meios utilizados; • Delimitação do “universo”; • Tipo de amostragem (dividida em subcapítulos/secções). 6. Conclusões: • Recomendações e/ou sugestões; • Apêndice(s); • Anexo(s). 7. Bibliografia: • Organização Linguística: • Há ocorrência de nominalizações; verbos no imperfeito (quando faz a descrição de factos), pretérito perfeito (quando se faz a narração de factos passados); • Nas propostas/recomendações ocorrem (preferencialmente) verbos do conjuntivo e outras expressões modais; • Uso de numerais quer no sumário quer no corpo do texto (numeração de capítulos/subcapítulos, quadros e figuras, indicação de valores volumétricos, etc. • Ocorrência de marcas espácio-temporais; uso de adjectivos na aprecição da situção/dos factos/dos resulatdos da investigação.

Elementos pré-textuais 1. A capa: • Contém apenas três elementos: no alto da página, o nome do autor na ordem normal; no centro da página, o título do trabalho e o grau académico que se pretende obter, mais abaixo, Universidade Pedagógica, cidade e o ano civil; • Título. O título deve abarcar o seu conteúdo de forma sumária e concisa, deve ser escrito na mesma língua do texto. As regras para o título são: • Sintetizar o trabalho; • Se ultrapassar as 10 palavras, e caso seja necessário, cria-se um subtítulo; • Isento de abreviaturas não oficiais, símbolos particulares e fórmulas. 2. Página do rosto: • Tem ao alto, o nome completo do autor, no meio, o título completo do trabalho; mais a baixo, à direita, o Departamento, Faculdade/Delegação natureza do trabalho, seu objectivo académico , seguidamente o(s) nome(s) e Universidade Pedagógica, local e ano civil. 42


3. Sumário: • Esquematiza as principais divisões e do trabalho: partes, secções, capítulos, etc. exactamente como aparecem no corpo do trabalho, indicando ainda a página em que cada divisão inicia, as listas, tabelas, e bibliografia. Vem logo depois da folha do rosto. • Lista de tabelas e figuras: • São elaboradas listas com o respectivo número, título e paginação, logo a seguir ao sumário. 4. Lista de abreviaturas e símbolos: • Relação das abreviaturas e símbolos constantes no texto, acompanhados do seu respectivo significado. Seguem a ordem alfabética. 5. Lista de abreviaturas e símbolos: • Relação das abreviaturas e símbolos constantes no texto, acompanhados do seu respectivo significado. Seguem a ordem alfabética. 6. O resumo: • Deve ser elaborado por forma a permitir a leitura e compreensão da matéria de investigação, das questões científicas, dos materiais e métodos, dos resultados, da discussão e das principais conclusões, sem que para tal o leitor tenha de recorrer ao trabalho

Elementos textuais 1. Introdução: • Levanta o estado da questão (se for o caso); mostrando o que foi escrito do tema e assinalando a relevância e o interesse do trabalho; Aponta os objectivos, enuncia o tema, o problema, sua tese (hipótese) e os procedimentos que serão adoptados para o desenvolvimento do raciocínio(metodologias do trabalho) “…é a última parte do trabalho a ser escrita.” SEVERINO(2002) 1. Desenvolvimento: • Corpo do trabalho. Estruturado conforme as necessidades do plano definitivo obra(Cap.; Subcap.; Secções, etc.). tudo deve favorecer a clareza e a logicidade. Não basta enumerar simetricamente os vários itens: é preciso que haja subtítulos portadores de sentido. Em trabalhos científicos todos os títulos de Cap. devem ser temáticos e expressivos. Devem dar ideia exacta do conteúdo do sector que intitulam. A fundamentação lógica do tema deve ser exposta e provada, a reconstrução racional tem por objectivo explicar, discutir e demonstrar: explicar, tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo; descrever, classificar e definir; discutir, comprovar as várias posições que se entrechocam dialecticamente; demonstrar, aplicar a argumentação apropriada, isto é, partir de verdades garantidas para novas verdades. 2. Conclusão: • Sintética: Síntese para a qual caminha o trabalho. Breve, visará apresentar apenas os resultados da pesquisa; • Analítica: Visará recapitular sinteticamente os resultados da pesquisa elaborada até então, passando por um breve inventário do percurso =balanço do empreendimento.

A redacção do texto Expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho. Impõe-se um estilo sóbrio e preciso, importando mais a clareza do que qualquer outra característica estilística. A terminologia técnica só é usada quando necessária; evitem-se a pomposidade pretensiosa, o verbalismo vazio, as fórmulas feitas e a linguagem sentimental. 43


Elementos pós-textuais • Apêndice e anexos: • Acrescentam-se quando exigidos pela natureza do trabalho. Os apêndices são geralmente desenvolvimentos autónomos, elaborados pelo próprio autor, para complementar o próprio raciocínio. Por sua vez, os Anexos são documentos nem sempre do mesmo autor que servem de complemento ao trabalho e fundamentam a pesquisa. • Bibliografia final: • É apresentada segundo ordem alfabética dos autores e deve conter os seguintes elementos: • Autor; • Título do documento; • Edição; • Local de publicação; • Editora; • Data; • Número de páginas. • Apresentação gráfica do trabalho: • Todos os textos devem ser dactilografados com 1,5 espaço e escritos num só lado das folhas A4; • São usadas as seguintes margens: • Margem superior: 3cm; • Margem inferior: 2cm; • Margem esquerda: 3cm; • Margem direita: 2cm. • A numeração começa a partir da página de rosto. O número é colocado no alto da página, à direita; • Os capítulos devem ser iniciados numa nova página, mesmo que sobre espaço suficiente na página que termina o capítulo anterior.

5. Sumário Relato das actividades, estratégias, e conteúdos tratados numa aula ou evento. Maputo, 04.04.2007 Sumário Análise do enunciado do Sumário de uma aula: • Nível icónico; • Discursivo; • Linguístico. Exercícios de aplicação (trabalho de grupo).

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Nível icónico • Texto curto; • Organizado graficamente em dois conjuntos: • Cabeçalho: • Identificação do texto; • Localização temporal; • Localização co-textual. • Corpo: • Marcado pela divisão em parágrafos.

Nível discursivo • Actividades; conteúdos; estratégias; • Diferenciação das unidades textuais pela disjunção de actividades/estratégias+ conteúdos e/ou aspectos diversos do mesmo conteúdo; • Unidades textuais delimitadas graficamente pelos parágrafos; • Sequência de parágrafos equibalente à sequência cronológica das actividades enumeradas.

Organização linguística • Discurso objectivo; • Economia própria de um texto de síntese; • Relacionação interfrásica - ausência de articuladores ou enumerativos;Frases nominais; • Nível morfológico: • Nomes abstractos; • Ausência de marcas de pessoa; • Ausência de verbos conjugados; • Identificação do tempo(por vezes do espaço) da interacção social; • Localização co-textual: conector enumera tipo (tipo numérico). • Nível lexical: • Nominalizações de verbais.

articuladores

Exercício sobre o sumário • Considere que os enunciados abaixo transcritos enunciam actividades realizadas durante uma aula. Reescreva-as, nominalizando as expressões destacadas e integreas num hipotético sumário da referida aula: 1. Os grupos 1,2 e 3 “consultaram” com ajuda do professor uma gramática de Língua Portuguesa e os grupos 4, 5 e 6, elaboraram um texto sobre a pontuação. 2. Os alunos leram e discutiram o texto sobre a pontuação. 3. Três alunos apresentaram oralmente a síntese das conclusões dos grupos. 4. O professor explicou o significado de alguns sinais de pontuação. 5. Os alunos exercitaram-se na utilização de alguns sinais de pontuação; 6. O professor sintetizou a matéria tratada na aula. • Defina o sumário de uma aula não se esquecendo de referir a sua estrutura. 45


Notas: ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 46



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