FOYER

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Foyer Oscar Niemeyer

Entrevista realizada em 1984 e mantida inédita pela Foyer até hoje

Revitalização

Dois Projetos prometem se livrar da marginalidade em dois pontos do país

Ecoarenas Brasil pode ser o primeiro país do mundo a sediar a Copa em estádios sustentáveis



05 09 22

Decoração & Design 05 As estampas voltaram com tudo! Arquitetur & Urbanismo 09 Dois monumentos contra a marginalidade

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Ponto de Referência Barcelona de Gaudí

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Arquitetur & Urbanismo 16 Sustentabilidade em jogo

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Ricardo Ohtake Uma nave aterrissada na Pampulha

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Editorial 04 Fazendo nossa parte

Luminotécnica Luzes do século XXI

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Entrevista O senhor das curvas

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Guilherme Wisnik Em meio à fumaça

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F oye r Dezembro de 2009 • FOYER • 03


Editor e diretor responsável Domingo Alzugaray Editora Cátia Alzugaray Diretor de redação Hélio Campos Mello Redator-chefe Domingos Fraga Arquitetura & Urbanismo

Peter Moon (Editor), Norton Godoy (Subeditor), Darlene Menconi (Editora Assistente) Decoração & Design

Alvaro Almeida (Editor), André Vieira E László Varga (Editores Assistentes) Lighting

Marta Góes (EDitora), Angela Klinke (Subeditora), Lu Gomes (Editor-Assistente) Carla Gullo (Editora), Cilene Pereira (Subeditora), Kátia Stringueto E Thiago Leitão Lotufo(Repórteres) Apoenan Rodrigues (Editor), Celso Fonseca E Ivan Claudio (Subeditores), Luiz Chagas (Editor Assistente) Editores Especiais

Eduardo Marini, Mario Chiman Ovitch E Mário Simas Filho Seção De Cartas

Madi Rodrigues E M. Goreti De Queirós (Repórteres) Fotografia Editor

João Primo Chefe De Laboratório Alex Soletto Repórteres Fotográficos Alan Rodrigues, Juca Rodrigues, Max Pinto E Ricardo Giraldez Produção Coordenação

Magali Giglio Assistentes

Ismael Carmino Canosa, J. Carlos Vieira E Vandercy S. De Oliveira Jr. Arte E Diagramação

Fabrício Alves

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Editorial

F oye r

Fazendo a nossa parte “Completa?”, pergunta José, repletas de projetos. frentista do enorme posto de Com 12 anos de idade, gasolina na esquina das ave- um dos netos do arquiteto nidas Faria Lima e Cidade Jar- passava a tarde no escritório. dim, na zona sul de São Paulo. Hoje, com 33 anos e formado O posto está ali há 25 anos. An- há dez em arquitetura pela tes dele, no terreno havia um Belas Artes, Vicente de Castro grande sobrado, que abrigou Mello dirige juntamente com por mais de 15 anos o escritório seu pai, Eduardo, o escritório de arquitetura de Ícaro de Cas- que leva o nome da família, tro Mello. Engenheiro-arquiteto em São Paulo. pela Escola Politécnica, Ícaro foi Time de Arquitetos um caso raro de especialista em No dia 3 de junho passaprojetos de edifícios esportivos. do, em encontro ocorrido Curiosamente, ele se interessou no centro de convenções do pelo tema porque era esportista hotel Renaissance, em São nato. Paulo, Vicente foi eleito, pelos Com 23 anos, 1,86 metro de colegas projetistas, coordealtura e um ano de formado, nador do Time de Arquitetos, ele representou o Brasil no salto uma associação integrada em altura, na Olimpíada de Ber- por todos os profissionais da lim, em 1936. área responMas seu desáveis pelos sempenho na Consolidar a Luz como projetos dos competição o mais importante polo estádios da foi ruim: por Copa de cultural da América causa de uma 2014, que Latina é a intenção da se realizará contusão no Secretaria da Cultura tornozelo, não no Brasil. A chegou nem ideia partiu perto da sua do Sindicamarca de 1,92 metro. A derrota to Nacional das Empresas abriu uma oportunidade profis- de Arquitetura e Engenharia sional: como tinha que esperar Consultiva (Sinaenco) e tem o fim dos jogos para voltar com como objetivo a troca de exos outros atletas brasileiros na periências e o fortalecimenmesma embarcação, aprovei- to do papel dos arquitetos tou para fazer um estágio com nesse conturbado processo. Werner March, arquiteto que A fragilidade dos projetistas é desenhou o estádio olímpico da gritante. Primeiro vêm políticidade. cos, empresários e cartolas. A paixão de Ícaro pelo ofício Depois, os intermediários. Lá era tamanha que contagiou os no final da fila, os arquitetos. três filhos: Cristina e Eduardo se “Somos o elo mais fraco da formaram arquitetos; Roberto corrente”, repetia no enconé economista e administra o tro Gustavo Penna, responsáescritório Botti Rubin. O estúdio vel pela urbanização do ende Ícaro na Cidade Jardim era torno do Mineirão. generoso: tinha um grande jarQuase todos os autores dim e muitas pranchetas, que dos 17 projetos para estádios no início dos anos 1980 estavam que se candidataram.


Decoração & Design

As estampas voltaram com tudo! Aprenda a usá-las na decoração Lúcia Santos Gurovitz Fotos Cacá Bratke

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A

s estampas estão de volta com força total. Depois de um período de baixa nos anos 1990, quando os tons neutros e os tecidos lisos caracterizavam o estilo minimalista, é a vez de apostar em florais graúdos, desenhos que remetam às artes gráficas e releituras modernas de motivos clássicos. “Os recursos de estamparia digital permitem brincar com o tamanho dos padrões, manipular imagens e modificar cores facilmente”, diz Louise Chidgey, do portal inglês de tendências WGSN (Worthy Global Style Network). “As pessoas querem personalizar a decoração e as estampas representam uma forma de conseguir isso”, afirma Blanca Liane, agente no Brasil do instituto francês Carlin. Aproveite e veja mais estampas geométricas, típicas do estilo retrô de decoração. A sugestão dos arquitetos Antonio Ferreira Jr. e Mario Celso Bernardes é eleger uma peça protagonista e acalmar o restante do ambiente com estampas de tons neutros e cores lisas. Nesta sala, o sofá com flores graúdas expressa o que há de mais novo no design de estampas. “O tecido

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faz alusão ao floral tradicional, mas traz intervenções de pequenos grafismos que remetem às artes digitais”, diz Ferreira Jr. A escolha do que vai acompanhar um móvel tão chamativo requer cuidado. “O tapete e o quadro recostado na parede também têm estampas, mas em preto e bran-

co”, ensina o arquiteto. Onde encontrar: sofá Print, criado pelo designer holandês Marcel Wanders para a italiana Moroso (à venda na Micasa). Da mesma loja, vêm o tapete da marca holandesa Moooi, a mesinha azul e o quadro do grupo Mulheres Barbadas. Mesa de centro, vaso de Murano e luminária da Filter. Vaso com flores da Grifes & Design. Faz dez anos que a designer gráfico pernambucana Joana Lira vive em São Paulo – há três neste apartamento. No local, a marcenaria branca e os móveis de tons naturais de madeira ressaltam as artes da moradora, como a ilustração estampada em um corte de brim, disposta sobre a mesa de jantar. “Criei para o cenário da peça A Árvore de Júlia. Imprimi vários


Pufe de lona com estampa criada pela designer Roberta Bezerra. Custa 1 110 reais no Estúdio Zero

rolos e sobraram alguns”, conta. É um exemplo de como os desenhos de Joana podem ser aplicados às mais diversas superfícies. O pai da designer, o arquiteto Carlos Augusto Lira, distribuiu o mobiliário no apartamento, enquanto a mãe, a arquiteta Bete Paes, projetou a mesa de jantar. Bancos com assento de seda (Donatelli). Este lavabo fica no apartamento da designer de interiores Guega Rocha Carvalho, que comprou um desenho pronto de Joana Lira, transformado em adesivo de parede pela Camaleão e aplicado sobre uma pintura verde. Escolher tecidos lisos para as peças mais volumosas da decoração e concentrar as estampas nas almofadas foi a proposta da designer de interiores carioca Fernanda Pessoa de Queiroz para esta sala. “A base neutra facilita na hora de ousar nos acessórios. Gosto de sugerir uma mistura de padrões, pois é uma forma de produzir um visual único” , diz. Para conseguir uma composição inusitada, ela reuniu peças de dois estilos. “As almofadas florais bordadas, de cores quentes, remetem à obra da pintora mexicana Frida Kahlo e as verdes adamascadas são assinadas pela designer inglesa Tricia Guild.” Note que o verde da cortina (feita de seda do Empório Beraldin) também está presente nas almofadas, garantindo unidade ao projeto. Onde encontrar: as peças florais são de Angélica Viana, e as verdes, da Designers Guild, à venSofá Electra (1,40 m x 66 cm x 78 cm) revestido de chenile jacquard Floral Pop. Por 1 822 reais no Fernando Jaeger

Abajur composto de base laqueada e cúpula de seda (305 reais) na Zull

Poltrona Egg 2,3 mil reais, sem o tecido, na Mais Design. Este floral é um algodão da Villa Nova

Lustre Squadra Quádruplo (1,10 m x 16 cm x 44 cm), com quatro cúpulas de algodão. Desenho de Cristiana Bertolucci, custa 2 650 reais na Bertolucci Dezembro de 2009 • FOYER • 07


lareira a gás, mas não oculta uma chaminé. “Este tipo de lareira pode dispensar o duto. Recorri a um elemento falso para tornar o local mais seguro, evitando que as crianças se aproximem demais da chama”, diz Regina. Como o calor é dispersado para as laterais, o adesivo não descola. Onde encontrar: as estampas são do banco de dados da Tergoprint, que adaptou o desenho ao tamanho da caixa de gesso, produziu e instalou a película adesiva. Poltrona Mole da Dpot, tapete da Avanti, estante de módulos da Etna e lareira da Calorarte. da na Covering. Sofá coberto de Pesquisando na internet, a folinho da JRJ Tecidos (Espaço tógrafa Tatiana Leite descobriu Multi). um site alemão (Wallpaper from Padrões que reproduzem azu- the 70’s) que vende papéis de lejos mouriscos do século 9, im- parede e entrega no Brasil. “As pressos em uma película adesi- estampas são lindas e é possível va, revestem uma caixa de gesso comprar amostras, no tamanho na biblioteca do apartamento da A4, a 50 centavos de euro cada arquiteta Regina Adorno. “Optei uma. Encomendei várias para por desenhos que não cansam ver as cores e texturas de perto”, facilmente, de tons harmônicos conta. Depois de um mês nacom o restante da decoração” , morando os desenhos, Tatiana explica. O volume fica acima da se decidiu pelo modelo da foto.

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“Mas errei o cálculo da quantidade e, quando o rolo chegou, percebi que faltaria papel”, lembra. Ela acabou tirando proveito do engano ao manter uma faixa na parte inferior da parede sem o revestimento, pintada de cinzachumbo. Levemente metalizada, a estampa do papel de parede faz uma boa parceria com o brilho da seda tailandesa (Casa 15) das cadeiras. O aparador é herança de família. Abajur da Ethnix, moldura da Mercin Quadros. Clássico do design, o recamiê Barcelona, criado pelo alemão Mies van der Rohe em 1929, surge repaginado por uma estampa gráfica nesta sala, assinada pela arquiteta carioca Roberta Moura. “Renovar o visual de uma peça conhecida é uma forma de fugir do óbvio” , afirma. Apesar de ter um desenho atrativo, o tecido selecionado não acrescenta novos tons à palheta do ambiente, que associa branco, preto, bege e madeiras com acabamento natural. “Deixei para a obra de arte a tarefa de trazer o colorido.


Arquitetura & Urbanismo

Dois monumentos contra a marginalidade Enquanto em Sampa o Complexo Cultural Teatro de Dança se une ao Museu da Língua Portuguesa e à Sala São Paulo contra a Cracolândia, no Rio, o Museu da Imagem e do Som Pretende acabar com o turismo sexual na orla de Copacabana

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C

om os projetos de estádios da Copa de 2014 andando a todo vapor, Fifa e arquitetos propõem a construção das chamadas ecoarenas. Esse momento único pode marcar o Brasil como o primeiro país do mundo a ter feito todo o campeonato mundial de futebol em estádios sustentáveis. “Completa?”, pergunta José, frentista do enorme posto de gasolina na esquina das avenidas Faria Lima e Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo. O posto está ali há 25 anos. Antes dele, no terreno havia um grande sobrado, que abrigou por mais de 15 anos o escritório de arquitetura de Ícaro de Castro Mello. Engenheiroarquiteto pela Escola Politécnica, Ícaro foi um

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caso raro de especialista em projetos de edifícios esportivos. Curiosamente, ele se interessou pelo tema porque era esportista nato. Com 23 anos, 1,86 metro de altura e um ano de formado, ele representou o Brasil no salto em altura, na Olimpíada de Berlim, em 1936. Mas seu desempenho na competição foi ruim: por causa de uma contusão no tornozelo, não chegou nem perto da sua marca de 1,92 metro. A derrota abriu uma oportunidade profissional: como tinha que esperar o fim dos jogos para voltar com os outros atletas brasileiros na mesma embarcação, aproveitou para fazer um estágio com Werner March, arquiteto que desenhou o estádio olímpico da cidade. A paixão de Ícaro pelo ofício era tamanha que contagiou os três filhos: Cristina e Eduardo se formaram arquitetos; Roberto é economista e administra o escritório Botti Rubin. O estúdio de Ícaro na Cidade Jardim era generoso: tinha um grande jardim e muitas pranchetas, que no início dos anos 1980 estavam repletas de projetos. Com 12 anos de idade, um dos netos do arquiteto passava a tarde no escritório. Hoje, com 33 anos e formado há dez em arquitetura pela Belas Artes, Vicente de Castro Mello dirige juntamente com seu pai, Eduardo, o escritório que leva o nome da família, em São Paulo. Time de Arquitetos No dia 3 de junho passado, em encontro ocorrido no centro de convenções do hotel Renaissance, em São Paulo, Vicente foi eleito, pelos colegas projetistas, coordenador do Time de Arquitetos, uma associação

integrada por todos os profissionais da área responsáveis pelos projetos dos estádios da Copa de 2014, que se realizará no Brasil. A ideia partiu do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) e tem como objetivo a troca de experiências e o fortalecimento do papel dos arquitetos nesse conturbado processo. A fragilidade dos projetistas é gritante. Primeiro vêm políticos, empresários e cartolas. Depois, os intermediários. Lá no final da fila, os arquitetos. “Somos o elo mais fraco da corrente”, repetia no encontro


Gustavo Penna, responsável pela urbanização do entorno do Mineirão. Quase todos os autores dos 17 projetos para estádios que se candidataram aos jogos da Copa compareceram ao encontro. As únicas baixas foram justamente as estrelas do grupo: Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake, responsáveis pelas propostas dos estádios de Goiânia e São Paulo, respectivamente. A capital de Goiás foi desclassificada. Mas a imprensa estava ávida por ouvir Ohtake. A indefinição sobre o estádio que sediará os jogos na capital econômica do Brasil pode ter motivado a ausência. “A pressão está muito grande”, confidenciou Ohtake. Nos bastidores ninguém dá como certa a escolha do Morumbi, e a cada semana que passa a gangorra pende para um lado. Fala-se em um estádio a ser construído em Pirituba, junto com um grande empreendimento imobiliário, projetado por um escritório norte-americano com sede em São Paulo. Aventa-se ainda a possibilidade de usar o Campo de Marte e de a cidade ter dois estádios para a Copa. Depois do almoço no Renaissance, os arquitetos foram convocados a falar com a imprensa. A entrevista de Vicente, como coordenador do Time de Arquitetos, foi a mais concorrida. De terno preto risca de giz, camisa e gravata pretos, ele respondia com calma a respeito das ecoarenas, os estádios com princípios sustentáveis.

Cartões-postais “Às vezes a imprensa se confunde: acha que Copa verde é aquela que acontece na floresta, na Amazônia ou no Pantanal”, diz Vicente, sentado a uma mesa, em seu escritório, dividido em dois pequenos conjuntos em andares diferentes do prédio de vidros azuis espelhados e revestimento de cerâmica branca, na Chácara Santo Antônio. Ele acredita na competição como uma oportunidade de transformar a imagem do país. “É um momento único: o Brasil pode ser lembrado por todo mundo por

Consolidar a Luz como o mais importante polo cultural da América Latina é a intenção da Secretaria da Cultura ter feito a primeira Copa com estádios sustentáveis”, diz. “Os estádios serão nossos cartões-postais.” Há muitos anos o boom de edifícios esportivos passou. No período recente, os maiores trabalhos que o escritório Castro Mello realizou para o setor foram academias de esportes e reformas em projetos antigos. Com a sinalização de que o Brasil poderia sediar a Copa, em 2007 Vicente começou a se envolver

com afinco no assunto. “Não poderíamos ficar de fora: durante 70 anos nosso foco foi o esporte”, diz. Foi em 2007 que o Sinaenco pensou em elaborar um documento a respeito da condição dos estádios brasileiros, chamando a atenção da imprensa e da população para os problemas de conservação. A possibilidade de fazer o relatório estava em discussão numa reunião da qual participava Roberto de Castro Mello, tio de Vicente, representando o escritório Botti Rubin. “A pessoa certa para participar desse documento é meu irmão: ele é quem mais entende de estádios no Brasil”, ponderou. Mas para Eduardo era impossível aceitar a proposta do sindicato: ele teria que viajar praticamente o segundo semestre inteiro, sem honorários. “Fiz um acordo com meu pai: ele cuidaria do escritório enquanto eu viajaria para fazer o relatório”, conta Vicente. “Mas coloquei uma condição ao Sinaenco: eu não apontaria só os problemas estruturais e de manutenção, como trincas e rachaduras; meu foco seria questões de arquitetura, como visibilidade, acessos, acabamentos etc.” A peregrinação Proposta aceita, começou a peregrinação de Vicente de Castro Mello. Um dos primeiros estádios a serem visitados foi o Fonte Nova, em Salvador, onde sete torcedores morreriam três meses depois, em novembro de 2007. “Isso abriu os olhos da mídia. Dezembro de 2009 • FOYER • 11


A cada ano, milhões de turistas do mundo todo visitam a capital do modernismo para apreciar as obras consideradas patrimônio da humanidade 12 • FOYER • Dezembro de 2009


Ponto de Referência

Barcelona de Gaudí

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B

do. A mais representativa é o Templo Expiatório da Sagrada Família, que Gaudí deixou inacabada e que segue sendo construída da mesma maneira que as catedrais na Idade Média. Seu término está previsto para até 2020. Outras das obras mais conhecidas de Gaudí são o Parque Güell (Parc Güell), a Casa Milà, também chamada de “La Pedrera”, e a Casa Batlló. Além de Gaudí, Barcelona conta com outras jóias do modernismo catalão como o Hospital de Sant Pau e o Palácio da Música Catalã de Lluís Domènech i Montaner, ou o Palácio Macaya e muitas outras obras de Josep Puig i Cadafalch.

arcelona é conhecida como capital do modernismo. A cidade, na qual viveu e trabalhou o arquiteto Antoni Gaudí conta com algumas de suas obras mais relevantes, que atraem a cada ano milhões de visitantes de todo mun-

Fora as obras modernistas, Barcelona também conta com relevantes obras pertencentes a outros estilos e períodos históricos. Dentro do período medieval destacam-se especialmente as obras góticas que proliferam em seu centro histórico, precisamente denominado “Bairro Gótico” como a Catedral de Barcelona. Neste mesmo estilo encontra-se ainda a Igreja de Santa Maria do Mar, caracterizada por sua austeridade e harmonia nas medidas. Também possui distintas amostras de arquitetura contemporânea. Destacando-se o Pavilhão Alemão de Ludwig Mies van der Rohe, que foi construído para a Exposição Universal de Barcelona de 1929, assim como a Fundação Joan Miró do arquiteto catalão Josep Lluís Sert. Anos mais tarde, por causa dos Jogos Olímpicos

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de 1992, a cidade viveu uma etapa de grandes transformações que deram lugar a obras como o Palau Sant Jordi (ou Palácio de Esportes São Jordi) de Arata Isozaki, a Torre de Collserola de Norman Foster e a Torre de Montjuïc de Santiago Calatrava. Antes dos Jogos houve também a remodelação e ampliação do Aeroporto de Barcelona por Ricardo Bofill. E na etapa pós-olímpica a cidade seguiu mantendo seu desenvolvimento arquitetônico, construindo edifícios como o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (ou MACBA) de Richard Meier, a Torre Agbar de Jean Nouvel, e los projetos de uma nova estação em La Sagrera, a Torre do Triângulo Ferroviário de Frank Gehry. Outras construções aconteceram por causa do Forum Universal das Culturas, como o Edifício Fórum de Jacques Herzog e Pierre de


Meuron. A Casa Batlló é um edifício, situado no nº 43 do Paseo de Grácia, na chamada Ilha da Discórdia, num bairro modernista da cidade de Barcelona. Foi construída no período 1875 a 1877. Por volta de 1900 o arquitecto Antoni Gaudí é contratado pelo proprietário Don José Batló Casanovas para projetar um novo edifício para o local, demolindo o existente. No entanto, tempos depois, o proprietário mudou de idéia e optou por uma reforma, executada pelo arquiteto no período de 1904 a 1906. A fachada principal, tal como o interior do edifício, captam a atenção do espectador com os inúmeros detalhes e as originais ondulações do telhado e dos balcões, que parecem simplesmente brotar da parede plana. Em Barcelona, a casa é conhecida como A Casa dos Ossos, devido ao formato dos balcões exteriores, que se assemelham a um crânio. O Templo Expiatório da Sagrada Família, conhecido simplesmente como a Sagrada Família, é um grande templo de Barcelona (Espanha), desenhado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí, e considerado por muitos críticos como a sua obra-prima, e o máximo expoente da arquitetura modernista catalã. O projeto foi iniciado em 1882, e assumido por Gaudí em 1883, quando tinha 31 anos de idade, dedicando os seus últimos 40 anos de vida, os últimos quinze em exclusiva. A catedral, que deveria ter sido financiada principalmente à base de doações dos habitantes da cidade, foi paralisada em 1936 devido à Guerra Civil Espanhola. A construção começou em estilo neogótico, mas o projeto foi reformulado completamente por Gaudí ao assumi-lo. O Templo foi projetado para ter três grandes fachadas. A fachada da Natividade, quase terminada com Gaudí ainda em vida, a fachada da Paixão, iniciada em 1952, e a da Glória .

O arquiteto orgânico Em 1926 faleceu Gaudí, quando somente se construíra uma torre. Do projeto do edifício só ficam planos e um modelo em gesso que resultou muito danificado durante a Guerra Civil espanhola.Desde então prosseguiram as obras: atualmente estão terminados os portais da Natividade e da Paixão, e foi iniciado o da Glória, e estão em execução as abóbadas interiores. A obra que realizou Gaudí, é dizer, a fachada da Natividade e a cripta, foi incluída pela Unesco em 2005 no Sítio do Patrimônio mundial «Obras de Antoni Gaudí». A Casa Vicens(1883-1888) é uma casa de Verão desenhada por Antoní Gaudí, encomendada pelo dono de uma fábrica de tijolos e fabricante de azulejos, Manuel Vicens. Fica localizada na Calle les Carolines, nº 24, na cidade de Barcelona, na Espanha. O jovem arquitecto não tinha ainda nenhuma experiência prática, e, quando Gaudí começou a construção do edifício, em 1883, já atrasada, antes apenas executara trabalhos no domínio das obras públicas, não tendo, por isso, nenhuma experiência na construção de casas de habitação. Além disso, não se tratava duma tarefa fácil, pois o terreno não era grande e a casa ia integrar-se num ambiente de construções. Em 1926 faleceu Gaudí, quando somente se construíra uma torre. Do projeto do edifício só ficam planos e um modelo em gesso que resultou muito danificado durante a Guerra Civil espanhola.Desde então prosseguiram as obras: atualmente estão terminados os portais da Natividade e da Paixão, e foi iniciado o da Glória, e estão em execução as abóbadas interiores. Por volta de 1900 o arquitecto Antoni Gaudí é contratado pelo proprietário Don José Batló Casanovas para projetar um novo edifício para o local, demolindo o existente. No entanto, tempos depois, o proprietário mudou de idéia e optou por uma reforma.

Esntrada Parque Güel

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Sustentabilidade em jogo Com os projetos para a Copa de 2014, o Brasil pode vir a ser o primeiro país do mundo a ter feito todo o campeonato em estádios sustentáveis

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Arquitetura & Urbanismo Dezembro de 2009 • FOYER • 17


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om os projetos de estádios da Copa de 2014 andando a todo vapor, Fifa e arquitetos propõem a construção das chamadas ecoarenas. Esse momento único pode marcar o Brasil como o primeiro país do mundo a ter feito todo o campeonato mundial de futebol em estádios sustentáveis.

“Completa?”, pergunta José, frentista do enorme posto de gasolina na esquina das avenidas Faria Lima e Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo. O posto está ali há 25 anos. Antes dele, no terreno havia um grande sobrado, que abrigou por mais de 15 anos o escritório de arquitetura de Ícaro de Castro Mello. Engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica, Ícaro foi um caso raro de especialista em projetos de edifícios esportivos. Curiosamente, ele se interessou pelo tema porque era esportista nato. Com 23 anos, 1,86 metro de altura e um ano de formado, ele representou o Brasil no salto em altura, na Olimpíada de Berlim, em 1936. Mas seu desempenho na competição foi ruim: por causa de uma contusão no tornozelo, não chegou nem perto da sua marca de 1,92 metro. A derrota abriu uma oportunidade profissional: como tinha que esperar o fim dos jogos para voltar com os outros atletas brasileiros na mesma embarcação, aproveitou para fazer um estágio com Werner March, arquiteto que desenhou o estádio olímpico da cidade. A paixão de Ícaro pelo ofício era tamanha que contagiou os três filhos: Cristina e Eduardo se formaram arquitetos; Roberto é economista e administra o escritório Botti Rubin. O estúdio de Ícaro na Cidade Jardim era generoso: tinha um grande jardim e muitas pranchetas, que no início dos anos 1980 estavam repletas de projetos. Com 12 anos de idade, um dos netos do arquiteto pas- como objetivo a troca de experiências e o fortalecimento sava a tarde no escritório. Hoje, com 33 anos e formado do papel dos arquitetos nesse conturbado processo. A frahá dez em arquitetura pela Belas Artes, Vicente de Castro gilidade dos projetistas é gritante. Primeiro vêm políticos, Mello dirige juntamente com seu pai, Eduardo, o escritó- empresários e cartolas. Depois, os intermediários. Lá no rio que leva o nome da família, em São Paulo. final da fila, os arquitetos. “Somos o elo mais fraco da corTime de Arquitetos rente”, repetia no encontro Gustavo Penna, responsável No dia 3 de junho passado, em encontro ocorrido no pela urbanização do entorno do Mineirão. centro de convenções do hotel Renaissance, em São PauQuase todos os autores dos 17 projetos para estádios lo, Vicente foi eleito, pelos colegas projetistas, coordena- que se candidataram aos jogos da Copa compareceram ao dor do Time de Arquitetos, uma associação integrada por encontro. As únicas baixas foram justamente as estrelas todos os profissionais da área responsáveis pelos projetos do grupo: Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake, respondos estádios da Copa de 2014, que se realizará no Brasil. sáveis pelas propostas dos estádios de Goiânia e São PauA ideia partiu do Sindicato Nacional das Empresas de lo, respectivamente. A capital de Goiás foi desclassificada. Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) e tem Mas a imprensa estava ávida por ouvir Ohtake.

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A indefinição sobre o estádio que sediará os jogos na capital econômica do Brasil pode ter motivado a ausência. “A pressão está muito grande”, confidenciou Ohtake. Nos bastidores ninguém dá como certa a escolha do Morumbi, e a cada semana que passa a gangorra pende para um lado. Fala-se em um estádio a ser construído em Pirituba, junto com um grande empreendimento imobiliário, projetado por um escritório norte-americano com sede em São Paulo. Aventa-se ainda a possibilidade de usar o Campo de Marte e de a cidade ter

dois estádios para a Copa. Depois do almoço no Renaissance, os arquitetos foram convocados a falar com a imprensa. A entrevista de Vicente, como coordenador do Time de Arquitetos, foi a mais concorrida. De terno preto risca de giz, camisa e gravata pretos, ele respondia com calma a respeito das ecoarenas, os estádios com princípios sustentáveis. Cartões-postais “Às vezes a imprensa se confunde: acha que Copa verde é aquela que acontece na floresta, na Amazônia ou

no Pantanal”, diz Vicente, sentado a uma mesa, em seu escritório, dividido em dois pequenos conjuntos em andares diferentes do prédio de vidros azuis espelhados e revestimento de cerâmica branca, na Chácara Santo Antônio. Ele acredita na competição como uma oportunidade de transformar a imagem do país. “É um momento único: o Brasil pode ser lembrado por todo mundo por ter feito a primeira Copa com estádios sustentáveis”, diz. “Os estádios serão nossos cartões-postais.” Há muitos anos o boom de edifícios esportivos passou. No período recente, os maiores trabalhos que o escritório Castro Mello realizou para o setor foram academias de esportes e reformas em projetos antigos. Com a sinalização de que o Brasil poderia sediar a Copa, em 2007 Vicente começou a se envolver com afinco no assunto. “Não poderíamos ficar de fora: durante 70 anos nosso foco foi o esporte”, diz. Foi em 2007 que o Sinaenco pensou em elaborar um documento a respeito da condição dos estádios brasileiros, chamando a atenção da imprensa e da população para os problemas de conservação. A possibilidade de fazer o relatório estava em discussão numa reunião da qual participava Roberto de Castro Mello, tio de Vicente, representando o escritório Botti Rubin. “A pessoa certa para participar desse documento é meu irmão: ele é quem mais entende de estádios no Brasil”, ponderou. Mas para Dezembro de 2009 • FOYER • 19


Eduardo era impossível aceitar a proposta do sindicato: ele teria que viajar praticamente o segundo semestre inteiro, sem honorários. “Fiz um acordo com meu pai: ele cuidaria do escritório enquanto eu viajaria para fazer o relatório”, conta Vicente. “Mas coloquei uma condição ao Sinaenco: eu não apontaria só os problemas estruturais e de manutenção, como trincas e rachaduras; meu foco seria questões de arquitetura, como visibilidade, acessos, acabamentos etc.” A peregrinação Proposta aceita, começou a peregrinação de Vicente de Castro Mello. Um dos primeiros estádios a serem visitados foi o Fonte Nova, em Salvador, onde sete torcedores morreriam três meses depois, em novembro de 2007. “Isso abriu os olhos da mídia para o problema”, avalia o arquiteto. Além de se inteirar da real situação de todos os estádios do Brasil, Vicente começou a conectálos com o tema da sustentabilidade. No segundo semestre de 2008, ele passou muitos meses estudando o assunto em seminários, congressos e cursos no exterior, entre os Estados Unidos e a Alemanha. Nesse preâmbulo, já estava realizando, com seu pai, uma série de propostas de estádios para a Copa. No final do funil, das 12 sedes escolhidas, uma tinha projeto do escritório Castro Mello - Brasília. Sem contar a consultoria que prestaram para a adequação do Maracanã. “Lá o governo vai fazer uma PPP [parceria público-privada] e o nosso desenho servirá de base para a concorrência”, conta Eduardo. 20 • FOYER • Dezembro de 2009

Atualmente, a equipe cuida da adaptação final do Estádio Mané Garrincha, criado em 1972 por Ícaro, tendo Eduardo e Cláudio Cianciarullo como coautores. Em paralelo, Vicente se dedica à construção de um site que promove a idéia da Copa verde e das ecoarenas. Para essa empreitada, tem como sócio o economista Ian McKee, de 34 anos, que vive nos Estados Unidos e trabalhou em Wall Street, na Goldman Sachs e em empresas de mídia de Los Angeles. Brasileiro, filho de um norte-americano e uma sueca, McKee passou a infância e a adolescência na capital paulista, onde conheceu Vicente. A entrada do site no ar estava prometida para junho. O endereço? É www. copaverde.com.br . Ecoarenas? De acordo com o sistema norte-americano de certificação Leed, ainda não é possível criar um estádio verde, pois não existem recomendações para esse tipo de edifício. “Pelas informações que tenho, os estádios serão contemplados pelo Green Building Council só daqui a dez anos”, diz Vicente. Mas há mais de cinco a Fifa já pensa no assunto. As recomendações da entidade mundial do futebol estão em uma cartilha de 125 páginas, com orientações em aspectos como visibilidade, acessos, dimensões. Na página 17, um dos tópicos do primeiro capítulo é a sustentabilidade, que a Fifa chama de “green goal” (meta verde). “As metas principais do programa são a redução do consumo de água potável, a eliminação e/ou redução de re-

síduos, a criação de sistema de energia mais eficiente e o aumento da utilização de transportes públicos” nos eventos da entidade. O green goal surgiu durante os preparativos para a Copa da Alemanha e orientou a especialização dos escritórios de arquitetura daquele país. Está aí por que conseguiram muito trabalho no Mundial da África do Sul, em 2010. E no Brasil também: por enquanto, em quatro dos 12 estádios há participação germânica. É uma briga de foice ainda em curso, atrás de honorários avaliados por baixo em 3 milhões a 4 milhões de reais.


Com a sustentabilidade presente no pacote da Fifa, todas as propostas tiveram que incluí-la. “É algo um pouco óbvio, que faz parte de todos os projetos atuais. E possui mais relações com a engenharia do que com a arquitetura”, pondera Hector Vigliecca, que está trabalhando nos estádios de Curitiba e Fortaleza. “Quando eu era criança, em Montevidéu, vivíamos uma situação totalmente sustentável: no jardim havia frutas e galinhas e a água da chuva era captada para descarga, limpeza e lavagem de roupa”, ele brinca. Vigliecca explica que no projeto para Curitiba não foi possível adaptar todas

as noções básicas de sustentabilidade. “O estádio estava pronto: estamos desenhando somente um quarto do total”, lembra. Mas em Fortaleza todos os itens do cardápio da Fifa foram atendidos, com destaque para o uso de painéis fotovoltaicos. “A energia eólica é muito usada no Ceará e estamos tentando conectar a captação de energia solar com o vento”, ele diz. O arquiteto começou a estudar prédios esportivos em 2000, quando ganhou o concurso para a ampliação do ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, desenhado originalmente por Ícaro de Castro Mello. Para ele, um dos aspectos

mais importantes da sustentabilidade dos estádios diz respeito à viabilização dos empreendimentos. “Não podemos criar elefantes brancos”, ele insiste. Demolição Em relação à gestão, muito se tem falado do tíquete mínimo, ou seja, o valor do ingresso que viabilize a gestão de empreendimentos que custarão por volta de 500 milhões de reais. Cidades com grandes clubes saem na frente, pois há fluxo de público nos jogos pós-Copa. Além disso, centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte vislumbram a receita com megashows e eventos.

Mineirão pode virar usina solar O Mineirão pode virar o balão de ensaios do governo de Minas Gerais para a geração de energia elétrica através dos raios solares no estado. Na última segunda-feira (14/12), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ) assinaram um acordo para aprofundar a cooperação visando à montagem, operação e manutenção de centrais de geração fotovoltaicas conectadas à rede de distribuição. Um dos primeiros beneficiados com o sistema seria exatamente o Mineirão, que será reformado a partir de 2010 para a Copa 2014. A Cemig estuda a viabilidade técnica de implantação de uma usina solar fotovoltaica na cobertura do estádio e também na do ginásio Mineirinho. A energia gerada deverá ser destinada à

rede de distribuição da companhia. A GTZ é uma sociedade pública que tem a finalidade de apoiar o governo alemão na realização dos objetivos de desenvolvimento técnico e científico estabelecidos no Acordo Básico de Cooperação Técnica, firmado entre os governos do Brasil e da Alemanha. No caso da Cemig, a GTZ apoiará, entre outras atividades, cursos e treinamentos nas áreas de eficiência energéticas, fontes renováveis e treinamento técnico em energia solar fotovoltaica. Financiamento O estudo de viabilidade será financiado pelo Banco de Fomento do Governo Alemão (KfW). Caso a viabilidade seja confirmada, os recursos necessários para a implantação do sistema já estão assegurados. Dezembro de 2009 • FOYER • 21


Crítica • Ricardo Ohtake

Figuras presentes nas bandeiras do Japão e de Minas Gerais foram incorporadas ao desenho do memorial

Uma nave aterrissada na Pampulha

Como todo memorial, é carregado de simbolismo o pavilhão projetado por Gustavo Penna e Mariza Machado Coelho para ligar, de forma metafórica, o Japão a Minas Gerais. Ponte suspensa sobre um espelho d’água, a edificação celebra a amizade entre os dois povos e incorpora-se ao rol de homenagens prestadas ao centenário da chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, transcorrido em 2008. Minas Gerais não recebeu uma leva significativa de imigrantes vindos do Japão: segundo estimativa atual, cerca de 10 mil descendentes nipônicos vivem no estado. No entanto, a capital mineira construiu um dos mais expressivos símbolos do centenário da imigração japonesa para o Brasil, comemorado no ano passado. Parceiros na concepção do Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego - em conjunto com Álvaro Hardy, o Veveco -, Gustavo Penna e Mariza Machado Coelho repetiram o dueto no projeto do Memorial da Imigração Japonesa no Brasil, inaugurado em maio de 2009, naquele parque, que fica na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Paulo Pederneiras, diretor artístico da companhia de dança Grupo Corpo, associou-se a eles e trouxe ainda mais plasticidade à intervenção. A proposta da Usiminas de implantar o memorial em meio a uma área verde levou em consideração a ligação atávica da cultura japonesa

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com a jardinagem e o paisagismo. E a escolha do parque ecológico foi reforçada pelo fato de este ter sido projetado pela mesma dupla de arquitetos que a empresa contratara para desenhar o memorial, conta Mariza. O desenho singelo, quase mimético, mas de grande força expressiva, contemplou as exigências de órgãos ambientais e do patrimônio, que permitem apenas intervenções de pequena monta tanto no local como nos arredores da Pampulha. “A forma surgiu como um gesto, um espaço limpo, sem arestas”, explica a autora. A relevância do conjunto não está, de fato, na sua dimensão física - pouco mais de 500 metros quadrados de área construída -, mas no desenho simbólico que a dupla criou para sintetizar essa aproximação. Separados por oceanos, Brasil e Japão comunicam-se através de um pavilhão-ponte que transpõe metaforicamente essa distância. “O museu a céu aberto celebra a amizade entre japoneses e mi-

neiros e o que essa relação foi capaz de construir de concreto e de imaterial”, pondera Penna. Grosso modo, em planta o monumento se assemelha a uma hélice: é composto por duas rampas curvas que começam em margens opostas do espelho d’água e se conectam em pontos diferentes da construção circular. “O percurso parte do Japão simbólico, das cerejeiras, para a Minas dos ipês-brancos”, explica Penna, reforçando o papel do paisagismo. Figuras alusivas às bandeiras do Japão (o círculo) e de Minas (o triângulo), a(o círculo) e de Minas (o triângulo), ambas vermelhas, contrastam com a alvura dos muros próximos das rampas. “A forma da ponte simétrica e com curvas que se entrelaçam evoca ao mesmo tempo coesão, movimento contínuo e interdependência, e gera um percurso museológico de recursos multimídia e linguagem acessível”, discorre Penna.


A indústria vem investindo para produzir leds cada vez mais econômicos e duráveis Por Jaime Silva

Luminotécnica

Luzes do século XXI

À noite, os leds mudam a cor da fachada do espaço Santa Helena Dezembro de 2009 • FOYER • 23


U

muito empregados em terminais de centrais de combate a incêndio. Como elemento de iluminação, principalmente nos campos arquitetônico e decorativo, vêm sendo adotados há cerca de dez anos, mas ainda com baixa oferta de potência luminosa (lumens). “Há aproximadamente cinco anos, a disponibilidade de potências aumentou bastante, melhorando essas aplicações”, observa Fernando Romano, engenheiro de vendas da Osram. Durante os jogos Pan-Americanos de 2007, por exemplo, 245 quiosques instalados na praia de Copacabana,

tilizados para indicar o sinal de espera nos aparelhos eletroeletrônicos, os diodos emissores de luz passaram a ser conhecidos no mercado brasileiro como leds, da sigla que designa em inglês o light emitting diode. Agora, eles saem do interior das casas e conquistam as fachadas, dando um toque lúdico às edificações. Os primeiros leds comerciais foram lançados no final da década de 1960, na cor vermelha, para uso em sinalização de baixa potência, caso dos painéis eletrônicos. Em edificações, foram

Frankfurt - Light + Building 2009

no Rio de Janeiro, foram iluminados por leds. Mas a aplicação em fachadas exige suportes e proteção contra intempéries, salinidade (se a edificação estiver próximo ao mar), descargas atmosféricas e outros agentes agressores. Normalmente, os leds são montados em painéis mecânicos, parafusados à estrutura do edifício, podendose usar barras, chapas e estruturas metálicas. “Não há grande peso envolvido, mas muitas dessas estruturas precisam ter alta rigidez, devido à ação dos ventos e outros fenômenos”, observa Romano. A durabilidade do led está associada ao projeto, exigindo adequação eletrônica e térmica. “Se esses aspectos não forem observados, ocorrerá baixa vida útil, forte declínio de

Sistema de superfície retroiluminada por LED , da Zumtobel Staff (Alemanha)

Luminária Alien 05 , da Martin (Alemanha) 24 • FOYER • Dezembro de 2009

Série Zoom, da Serien: sistema telescópico possibilita abertura e fechamento da luminária

Ambiente iluminado com lâmpada HF - Performer MultiWattage TL’5-C, da Philips


Entre os numerosos atributos dos leds está a variação de cores, diferentemente do que ocorre com as lâmpadas incandescentes

fluxo luminoso em pouco tempo de uso e mudanças de cores”, adverte Romano, destacando que os leds permitem personalizar projetos e designs. Tratase de um tubo de vácuo de vidro constituído por dois eletrodos. O diodo é um elemento de circuito que tem a propriedade de conduzir a corrente elétrica apenas em um sentido. Quando energizado, emite luz visível. As principais indústrias vêm investindo pesado para produzir leds cada vez mais econômicos e duráveis, visando substituir parcialmente as lâmpadas incandescentes e as fluorescentes compactas. Prevê-se para breve a primeira lâmpada led destinada a tomar o lugar das incandescentes convencionais. A Lightfair, feira de iluminação realizada em maio de 2008, em Las Vegas (EUA), apresentou novas apli-

cações para iluminação pública e de estacionamentos, balcões, residências e escritórios. As pesquisas estão mais avançadas nos Estados Unidos, Japão, Taiwan, China e Coréia do Sul, países que pretendem tornar a tecnologia viável para a iluminação residencial, industrial e pública, no menor período de tempo possível. A cidade de Düsseldorf, na Alemanha, por exemplo, começou a substituir cerca de 10 mil lâmpadas a gás do centro antigo por leds. Fenômeno atômico Por trás da tendência de ampliação do uso da tecnologia dos leds também estão as dificuldades de geração de energia elétrica em todo o mundo. A vantagem é que os leds utilizam materiais. semicondutores especiais, fazendo com que a emissão luminosa se dê a partir de um fenômeno.

Aplicação de leds em projetos de interiores. A vida útil desses componentes supera 50 mil horas, mas o investimento em pesquisas poderá elevá-la para até 100 mil horas nos próximos dez anos Dezembro de 2009 • FOYER • 25


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Entrevista

O senhor das curvas R ealizada em 1984 e mantida inédita até hoje, esta entrevista não foi feita para ser publicada em uma revista. Motivada por objetivos acadêmicos - ela integrou o trabalho de graduação de Fernando Brandão, formado na Universidade de Santos -, por isso mesmo acaba expondo algumas idéias interessantes em relação ao urbanismo, que dificilmente são repetidas agora. O autor dos questionamentos pesquisava esse tema em São Paulo. Niemeyer fala também de seus trabalhos para o mercado imobiliário paulista (“Eu não tenho nada que ver com aqueles projetos”) e sobre a arquitetura brasileira e movimentos como o pós-modernismo (“É uma aventura ridícula que já desapareceu”). Por outro lado, não aparecem frases como “Arquitetura não é importante, o importante é a vida”, comuns no discurso ensaiado de agora. Com vocês, um Niemeyer da década de 1980.

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Fale um pouco sobre seus projetos em São Paulo. O que eu quero transmitir é que não tenho nada que ver com aqueles projetos de São Paulo. Apenas com o Ibirapuera, trabalho que eu fiz com outros amigos, paulistas e cariocas. Mas no resto, nos outros prédios, nós fizemos os croquis iniciais e os trabalhos foram desenvolvidos pelos construtores. Mudaram tudo, sem o menor sentido. A meu ver São Paulo é como o Rio, uma cidade que se degradou inteiramente. Uma cidade feita para 500 mil habitantes e hoje tem 12 milhões ou mais, de modo que é a densidade absoluta, não é? As ruas cheias de carros, cheias de gente, a natureza foi esmagada pelo lucro imobiliário, é uma cidade perdida. É quando se pensa em fazer obras de acerto, como viadutos. As obras são feitas, às vezes cumprem seus objetivos, simplificam o problema do trânsito, mas quando elas passam deixam cicatrizes na cidade toda. Você não acredita em uma intervenção eficaz em São Paulo? Eu acho que São Paulo não tem mais solução. É feito Belo Horizonte, já foi uma cidade boa; pode ter trechos bem cuidados, a avenida Paulista. Eu conheço pouco São Paulo, mas de um modo geral é uma cidade sacrificada, uma metrópole que tem de crescer o tempo todo. Minha preocupação é que São Paulo, daqui a 20 anos, vai ter o dobro de população. Pois é, isso eu não sei como é que vai ser. Eu acho que deveriam parar São Paulo e fazer outra cidade do lado. A mudança da capital? Não sei, pelo menos criar outro pólo de desenvolvimento, porque a cidade não resiste mais. Mais viadutos, o metrô, essa coisa toda, e as ruas continu-

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am cheias de gente, é um absurdo. Eu acho São Paulo desumana, o Rio também, Belo Horizonte também. Na Europa guardaram as escalas das cidades. Milão é uma cidade industrial como São Paulo, mas ela é uma décima parte de São Paulo ou mais talvez, foi contida no seu crescimento. No Brasil tem umas cinco cidades com 5 milhões de habitantes ou mais, não é? E na Itália, por exemplo, as cidades têm 200 mil, 300 mil habitantes. Quer dizer que eles souberam guardar a densidade do país e aqui esculhambaram tudo. De modo que eu vejo com muito pessimismo a possibilidade de as cidades que chegaram ao ponto de São Paulo conseguirem ter solução. Quer dizer, solução sempre existe. Mas cada vez deturpando mais o sentido urbanístico e arquitetônico da cidade. Qual seu conceito de cidade? Eu acho que uma cidade tem que ser multiplicável e não crescer indefinidamente. Ela deve ter uma densidade prefixada, e quando chegar naquele ponto é uma outra cidade que surge do lado, com espaço de natureza vazia entre uma e outra. Mas o pessoal precisa

parar de f... tanto, sabe? Fazer tanta gente. O problema é esse, não é? É, estão f... demais, no Brasil inteiro. Quando os arquitetos tiveram a chance de intervir na cidade, como no concurso do vale do Anhangabaú, Jorge Wilheim fez um projeto de bom senso. E não marcou a presença do arquiteto, pensando-se em preservar uma “paisagem’’ do vale. Eu acho que os arquitetos não têm culpa, não. Esse é o destino das grandes cidades. É a interferência do lucro imobiliário. O arquiteto recebe trabalho para fazer, ele faz; se ele não fizer, outro vai fazer. É que o trabalho do arquiteto acrescenta mais, são centenas de pessoas dentro de uma cidade que vai explodir. Você não acha que, apesar do sistema capitalista, que é o grande problema de tudo isso, os arquitetos faltam... [Interrompendo] Não, o arquiteto tem de trabalhar. Ele sai da escola para projetar, ele sabe que se lhe pedirem para fazer um prédio neogótico e ele


não fizer, outro vai fazer. De modo que a coisa cresce independente da atuação dos arquitetos, cresce porque não há um controle da densidade. Eu acho que o problema das grandes cidades é a densidade demográfica. Eu fui chamado para fazer um estudo para Piracicaba, queria fazer um pólo fora da cidade. Piracicaba tem uma população tão exata, ela funciona tão bem, que eu achei que podia fazer o pólo, fazer o centro cívico, o centro administrativo dentro da própria cidade, em local que se achasse conveniente, e deixar para depois fazer outra cidade. Porque isso é o mal do Brasil, as cidades têm a tendência de quererem todas ser metrópoles. Então é São Paulo, é Belo Horizonte, Rio. São Paulo e Rio já estão esgotadas. Eu vejo com muito pessimismo a possibilidade de as cidades que chegaram ao ponto de São Paulo conseguirem ter solução. Quer dizer, solução sempre existe. Mas cada vez deturpando mais o sentido urbanístico e arquitetônico da cidade E quanto à arquitetura, o traço, o desenho do arquiteto? Bom, o Brasil tem boa e má arquite-

tura. A boa arquitetura é aquela em que o programa é favorável, em que o arquiteto tem possibilidade de se dedicar ao trabalho com uma certa liberdade, as condições permitem que ele faça o que gostaria de fazer. E o resto é trabalho do dia-a-dia, do lucro imobiliário: pedem para o arquiteto tantos metros quadrados de apartamento, e ele tem que fazer. De modo que no Brasil, nas grandes cidades, se se quiser ver a arquitetura boa, tem de pegar o mapa, procurar e ver dez ou quinze edifícios, porque o resto não tem sentido. Agora, a arquitetura brasileira, que em geral é ruim, tem elementos muito bons. Tanto que ela é considerada, como me disse Marc Emery [arquiteto e professor, foi redator-chefe da revista L’Architecture d’Aujourd’Hui], em Paris, o único ramo independente da arquitetura racionalista. Mesmo após 1964? Exatamente. É que a arquitetura brasileira já tem características próprias. Essa arquitetura mais conhecida lá fora, então, já fugiu da tutela da arquitetura racionalista, que de tanto se repetir acabou na arquitetura pós-mo-

derna, que é uma aventura sem o menor sentido. Quando o arquiteto é chamado para fazer um projeto no Rio, em São Paulo, ele sem querer já é levado a dar um show da sua arquitetura. Não se levam em conta os prédios que existem em volta, então as cidades modernas perderam a unidade que existiam nas antigas. Nas velhas cidades da França, eles faziam a praça, faziam o palácio e as fachadas dos outros prédios, só a parede da frente, e depois vendiam os edifícios já com as fachadas prontas, porque eles queriam manter a unidade do local. Isso desapareceu no tempo. A desordem quanto à unidade é tão grande que o arquiteto sabe que não adianta fazer um esforço para integrar o prédio dele com os vizinhos porque a confusão já existe. Então cada um dá o seu show e a desordem urbanística é total. Eu acho que, para a arquitetura atual, o caminho certo, como foi em todas as épocas, é procurar exprimir os sistemas técnicos do nosso tempo, o concreto armado. Quando o tema permite, nós fazemos grandes vãos, especulamos nas espessuras, fazemos prédios mais leves, a forma diferente, enfim.

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Crônica • Guilherme Wisnik

Em meio à fumaça Os primeiros leds comerciais foram lançados no final da década de 1960, na cor vermelha, para uso em sinalização de baixa potência, caso dos painéis eletrônicos. Em edificações, foram muito empregados em terminais de centrais de combate a incêndio. Como elemento de iluminação, principalmente nos campos arquitetônico e decorativo, vêm sendo adotados há cerca de dez anos, mas ainda com baixa oferta de potência luminosa (lumens). “Há aproximadamente cinco anos, a disponibilidade de potências aumentou bastante, melhorando essas aplicações”, observa Fernando Romano, engenheiro de vendas da Osram. Durante os jogos Pan-Americanos de 2007, por exemplo, 245 quiosques instalados na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foram iluminados por leds. Mas a aplicação em fachadas exige suportes e proteção contra intempéries, salinidade (se a edificação estiver próximo ao mar), descargas atmosféricas e outros agentes agressores. Normalmente, os leds são montados em painéis mecânicos, parafusados à estrutura do edifício, podendo-se usar barras, chapas e estruturas metálicas.

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“Não há grande peso envolvido, mas muitas dessas estruturas precisam ter alta rigidez, devido à ação dos ventos e outros fenômenos”, observa Romano. A durabilidade do led está associada ao projeto, exigindo adequação eletrônica e térmica. “Se esses aspectos não

Consolidar a Luz como o mais importante polo cultural da América Latina é a intenção da Secretaria da Cultura forem observados, ocorrerá baixa vida útil, forte declínio de fluxo luminoso em pouco tempo de uso e mudanças de cores”, adverte Romano, destacando que os leds permitem personalizar projetos e designs. Trata-se de um tubo de vácuo de vidro constituído por dois eletrodos. O diodo é um elemento de circuito que tem a propriedade de conduzir a corrente elétrica apenas em um sentido. Quando energizado, emite luz visível.

As principais indústrias vêm investindo pesado para produzir leds cada vez mais econômicos e duráveis, visando substituir parcialmente as lâmpadas incandescentes e as fluorescentes compactas. Prevê-se para breve a primeira lâmpada led destinada a tomar o lugar das incandescentes convencionais. A Lightfair, feira de iluminação realizada em maio de 2008, em Las Vegas (EUA), apresentou novas aplicações para iluminação pública e de estacionamentos, balcões, residências e escritórios. As pesquisas estão mais avançadas nos Estados Unidos, Japão, Taiwan, China e Coréia do Sul, países que pretendem tornar a tecnologia viável para a iluminação residencial, industrial e pública, no menor período de tempo possível. A cidade de Düsseldorf, na Alemanha, por exemplo, começou a substituir cerca de 10 mil lâmpadas a gás do centro antigo por leds. Fenômeno atômico Por trás da tendência de ampliação do uso da tecnologia dos leds também estão as dificuldades de geração de energia elétrica em todo o mundo. A vantagem é que os leds utilizam materiais. semicondutores especiais.




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