ANTテ年IO
HARE
Entrevista
Artista Plテ。stico Universidade Potiguar
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Antônio Hare
Com forte traço do Dadaísmo, Antônio Hare possui como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais. Daí, observa-se a falta de sentido e a quebra com o tradicional deste movimento. Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico com irreverência artística e crítica ao capitalismo e ao consumismo e principalmente com relação aos acontecimentos políticos. Antônio Hare, nascido em 12 de dezembro de 1965, filho de Julieta e Evangelista, cursou na UFRN Aquacultura com Pós Graduação na área, Educação Artística com habilitação em Música e Artes plásticas, e atualmente cursa Engenharia de Aquicultura. Com uma visão que permeia a sustentabilidade, tema recorrente atualmente, Antônio Hare, produz sua obra mostrando a diversidade de possibilidades do reaproveitamento de objetos do lixo. Hare denuncia com sua arte seu incômodo, utilizando objetos encontrados no lixo do Alecrim e de outros locais do Brasil, transformando-os em decorativos e utilitários, instigando assim à reflexões acerca da influência do capitalismo que cria o consumismo exacerbado, alimentando a cultura do descarte. O diferencial é que desvela a rápida evolução tecnológica e a consequente produção do lixo não degradável, também mostra um período de intensa desvalorização da moeda brasileira, a diversidade religiosa, além de resgatar a cultura regional.
Expediente Disciplina: HISTÓRIA DA ARTE Professora: MICHELLE BADIALI 2
Universidade Potiguar
Componentes: Aline Vanessa Rafaela
Jéssica Maurifran Cleberson Thainara
História da Arte
Quando você começou? Comecei quando tinha 14 anos com macramê. Neste período, teve o Festival de Artes do Forte que englobava: artes cênicas, dança, música e artes plásticas, e expus pela primeira vez. Ingressei em Artes na UFRN com habilitação em Música, e depois de concluído fiz Artes Plásticas, cursando as disciplinas de Cerâmica, Escultura e Modelagem. E com uma semana, já era monitor das disciplinas. Nesse período você estudava e trabalhava como artista plástico? Como a professora era substituta eu não poderia ser remunerado. Em troca, a este favor, eu poderia utilizar a argila e a utilização do forno. Então as peças que era produzido por mim, eu mesmo comercializava. Nesta época você só vivia de artes, ou você tinha outro meio de se manter financeiramente? Não, para se viver de artes aqui no Brasil, e também em outros países, é muito difícil. Você primeiro para conseguir um certo reconhecimento, você tem que fazer o caminho inverso. Primeiro ir lá para fora expor e depois voltar para o Brasil com reconhecimento. Quais as técnicas que você utiliza para expressar suas ideias? Eu trabalho com gesso, cerâmica, pintura, colagem, argila, ferro com solda, mosaico e com técnica de falso vitral. Quando utilizo as peças de ferro, eu executo a solda, pintura e colagem. Não tenho Universidade Potiguar
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Antônio Hare
uma técnica bem definida e procuro na minha arte buscar a questão de quebrar um pouco o tradicional. Na arte sempre tem que estar reinventando e criando. Tanto que não gosto de olhar livros de arte por que tenho uma visão fotográfica que fica no meu inconsciente e posso fazer algo parecido com algum artista plástico. Você utiliza a arte para denunciar algo? Desde o início quando comecei a trabalhar com argila, sempre gostei dessa linha de denúncia. Fiz uma série de esculturas nesta linha chamada de “Negra Livre na África”, Travessia do Atlântico, e depois eu tenho ela no tronco, e por último, eu tenho ela bem abaianada livre. Tanto na parte religiosa e na questão social eu também gosto de fazer algumas denúncias. Você tem alguma referência ou característica de algum artista na época que você começou? Quando comecei na cerâmica, como monitor, a minha primeira escultura ficou muito parecida com os traços da minha professora. Então resolvi ter o meu próprio estilo. Sempre eu estou demostrando uma forma de criticar e nunca gostei de fazer o belo pelo belo. Por exemplo: a peça Travessia do Atlântico, tem um pedaço do brinco quebrado dando a ideia de maus tratos e a cabeça raspada para não criar piolho quando chegava nos portos que iam vender e tinham que mostrar os dentes, por isso que fiz com a boca aberta e ela acorrentada em uma única peça. 4
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História da Arte
Fale um pouco desta mesa que estamos sentado ao redor dela. Como conseguiu inspiração? Quando fui fazer este mosaico que hoje é a base da mesa, era uma peça de que ficava exposto na parede. A partir do tempo ela virou uma mesa. Escolhi o símbolo do yiang por que representa o feio e o bonito, homem e mulher, ruim e bom. E a questão é clara, a mesa junta todas essas informações. Antônio, a última exposição que você fez foi “Luz do lixo”. Queremos saber o que você se inspirou para ter esta ideia de pegar o lixo e transformar em arte? Na época eu cursava aquicultura e tínhamos muita aula de campo e via muito lixo na praia. Pensei: o que fazer com todo este lixo? Foi daí que comecei a amadurecer a ideia de transforma em arte. Comecei a desenvolver peças para dentro de casa sem a finalidade de comercializar. A ideia da exposição veio durante a gestão da ex-prefeita de Natal, Micarla de Souza. Denunciando através da sua arte a calamidade que enfrentarvamos naquela época do acúmulo do lixo não recolhido das residências e estabelecimentos comerciais. Transformando em peças decorativas e utilitárias. Antônio Hare, você é licenciado em música e plástica. Esses cursos te ajudaram bastante na sua vida profissional? Ajudaram bastante, principalmente na música a ter paciência na hora de solfejar, Universidade Potiguar
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tolerante em algumas coisas, e todo conhecimento é válido, principalmente o acadêmico e conhecimento de vida. Na sua opinião o que o governo poderia fazer para democratizar o acesso a arte na sociedade? Melhorar bastante a educação básica e o curso de educação Artística é muito desvalorizado tanto quanto o professor. As escolas não veem arte como uma ciência e as escolas públicas e privadas devem dar mais incentivo para levar os alunos aos museus, as salas de artes, institutos históricos, pois a maioria dos alunos não conhecem monumentos artísticos da própria cidade. Você acha que a tecnologia está afastando as pessoas da arte? Com o avanço tecnológico, as pessoas se acomodaram e passam o dia em frente na tela de uma tv, ou no computador, tablet ou smartphone. Se você der uma argila ou um papel com um lápis para criar algo, as pessoas já respondem que não sabem e nem mesmo tentam fazer algo. Você se espelha em alguém? Eu admiro arte no geral, mas falar que eu gosto mais de Leonardo da Vinci mais do que Michelangelo... Eu não tenho preferência por nenhum artista. Qual o nome da sua segunda amostra? Você pode falar um pouco? Sustentarte. É a questão da sustentabilidade e ao mesmo tempo a mídia, o capitalismo que influencia muitas pessoas 6
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a comprar objetos descartáveis. Por exemplo: é lançado um celular de última geração, dentro de alguns meses já vem outros modelos melhores. Justamente essa questão do consumo desacerbado. Você vê até mesmo em cima das área de Design de Interiores. Cada época tem sua linha agora é tudo preto e branco, depois é creme e depois é vermelho. Agora é retrô. Se você for acompanhar a moda tudo isso vira lixo. Veja o lance dos estofada de cana da índia, depois de ferro, aí volta para madeira. Isso é justamente para você consumir. Tem alguma peça nesta exposição que seja a sua preferida? Todas! Uma obra de arte é como se fosse um filho meu, por que é criação minha. E fica muito difícil você desapegar. Por mais que eu tente fazer outra nunca será igual. Por que a peça tem que ser única. A minha obra principal nesta exposição será “O Golpe” da ditadura militar. A questão do feminicídio que a Dilma sancionou a Lei. Esses temas: a questão da violência contra mulher, a questão do negro, a questão da religião, a questão política, dos índios.
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