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caranguejo
Um colo ou um berço ou um braço quente em torno ao meu pescoço... Uma voz que canta baixo e parece querer fazer-me chorar... […] Um extravio morno da minha consciência... E depois sem som, um sonho calmo num espaço enorme, como a lua rodando entre estrelas... Quando ponho de parte os meus artifícios e arrumo a um canto, com um cuidado cheio de carinho — com vontade de lhes dar beijos — os meus brinquedos, as palavras, as imagens, as frases — fico tão pequeno e inofensivo, tão só num quarto tão grande e tão triste, tão profundamente triste! ... Afinal eu quem sou, quando não brinco? Um pobre órfão abandonado nas ruas das sensações, tiritando de frio às esquinas da Realidade, tendo que dormir nos degraus da Tristeza e comer o pão dado da Fantasia. […] […] Tenho frio de mais. Estou tão cansado no meu abandono. Vai buscar, ó Vento, a minha Mãe. Leva-me na Noite para a casa que não conheci... Torna a dar-me ó Silêncio imenso, a minha ama e o meu berço e a minha canção com que dormia... — Bernardo Soares
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Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!
— Fernando Pessoa MAR PORTUGUÊS
glifo ♋ (pinças do Caranguejo; seios)
Polaridade Elemento Modalidade
Negativo Água Cardeal
Domicílio Lua Exílio Saturno Exaltação Júpiter Queda Marte
Análogo à Casa IV 20
Sidney Hall (1824)
eu Sinto!
O Caranguejo relaciona-se à mitologia grega do gigante caranguejo Crios que protege as ninfas aquáticas. Associa-se também ao caranguejo Carcinus, criatura esmagada por Hércules durante a sua missão de destruir Hidra de Lerna. A Lua, que rege Caranguejo, vê-se representada pelas gregas titã Selene, sua personificação, e deusa Ártemis.
SERES VIVOS Crustáceos, ostra, caracol, lontra, hipopótamo, elefante, gerânio, mimosa, etc. ANATOMIA / FISIOLOGIA Tórax, peito, seios, útero, estômago, sistema imunitário, etc.
É a cascata, o rio… A foz e a fonte. A fonte de hidratação de muitos! É porto de abrigo. A água que nutre. Também as lágrimas! Como os caudais do rio ou as marés, o Caranguejo é flutuante, de oscilantes variações cíclicas. É sensível, temperamental, melodramático. Movido pela emoção — emotivo e, por consequência, sentimentalista. É constante na sua inconstância emocional. Voltado para dentro — o caranguejo é um explorador do seu mundo interior. Confia nos seus instintos e age de acordo com eles. É um protetor, ele cuida e nutre — tem um forte instinto maternal… Incita o carinho. É atencioso, muito terno e meigo. Aconchegante e hospitaleiro. Ao aperceber-se da sua vulnerabilidade, o Caranguejo torna-se defensivo. O seu duro exterior, ou a sua rija carapaça, protege o seu muito mole interior. O Caranguejo é extremamente sensível. (Mas ele não gosta muito que isto se saiba.) Consegue compor vívidas narrativas tendo por recurso apenas a sua memória, o que é formidável. Recorda-se sempre do que sentiu numa determinada situação. Nostálgico; saudosista. Apegado aos fantasmas do passado. Defende quem ama com unhas e dentes, ou devo dizer, pinças. O seu aperto é tenaz, sente uma extrema dificuldade em largar. Prefere perder a própria pinça a largar aquilo a que se ligou emocionalmente… Tem o impulso de criar família. Deseja pertencer no seio de uma, seja ela de sangue ou não. Aproxima-se de mansinho aos seus objetivos (anda de lado), mas acaba por chegar onde quer. Passivo-agressivo, sempre na defesa — leva tudo a peito. Pode tornarse implicativo e é suscetível à irritabilidade (consequências da sua extrema sensibilidade). Lunático. Há nele um sentimento de desamparo… Só precisa de se relembrar que é o comandante do seu navio, o homem do leme e a sua própria âncora. O caminho do equilíbrio passa por aceitar a sua fragilidade e trabalhar na sua ambição. Olhos espantados, aguados, lacrimosos… Face redonda e tez pálida.
CUIDADOR / AMO / PEDIATRA / PARTEIRO / OBSTETRA / GASTROENTEROLOGISTA / EDUCADOR DE INFÂNCIA / ASSISTENTE SOCIAL / PROFISSIONAL DE HOTELARIA / COZINHEIRO / HISTORIADOR / BIÓGRAFO / FOTÓGRAFO / NAVEGADOR / NADADOR / ET CETERA