Elis Regina - Visão Astrológica por Inês Santos

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Trabalho final nível 2 – Interpretação do Mapa Astrológico de Elis Regina

Curso de formação profissional de Astrologia FacesIsabelGuimarães

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INTRODUÇÃO Para a realização deste trabalho final irei interpretar o mapa astrológico da super cantora brasileira Elis Regina. Escolhi a Elis porque para além de ser fã das suas músicas que vão desde a Bossanova, o Jazz, o Samba, o Rock e a Musica Popular Brasileira, e do seu modo de as interpretar único, original e dramático, ela era uma mulher que transbordava raça e personalidade. Para interpretar o mapa da Elis Regina irei usar as técnicas aprendidas e estudadas ao longo da formação em Astrologia Profissional. Vou começar por abordar as características de Elis em tudo o que a compõe como um “Ser”: a sua personalidade, o seu modo de comunicar, como ela se relacionava e como agia e quais os seus valores a sua vocação, abordando os aspetos a seu favor e os seus maiores desafios. Finalmente irei estudar a missão espiritual da sua vida.

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Biografia Elis Regina Carvalho Costa (17 de Março, 1945 – 19 de Janeiro, 1982) Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre no Brasil a 17 de Março de 1945 e foi uma cantora aclamada no Brasil e no resto do Mundo. Conhecida por sua competência vocal, musicalidade e presença de palco, é considerada por muitos críticos a melhor cantora popular do Brasil a partir dos anos 1960 até ao início dos anos 1980. Para muitos, a melhor cantora brasileira de todos os tempos, comparada a cantoras como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. Com o sucesso dos álbuns Falso Brilhante (1975-1977) e Transversal do Tempo (1978), Elis Regina revolucionou os espectáculos musicais no Brasil. Foi casada com Ronaldo Bôscoli, com quem teve um filho, João Marcello Bôscoli (1970). Em 1973, casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve dois filhos: Pedro Camargo Mariano (1975) e Maria Rita Camargo Mariano (1977). Foi a primeira grande artista a surgir dos festivais de música na década de 1960 e destacava-se da estética da Bossa Nova pelo uso da sua extensão vocal e da sua dramaticidade. Depois de quatro discos gravados e sem grande sucesso — Viva a Brotolândia (1961), Poema de Amor (1962), Elis Regina (1963), O Bem do Amor (1963) — Elis foi a maior revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou Arrastão de Vinícius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe garantiria o convite para atuar na televisão e, pouco tempo depois, o título de primeira estrela da canção popular brasileira, quando passou a comandar, ao lado de Jair Rodrigues, um dois mais importantes programas de música popular brasileira, O Fino da Bossa. Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, na época diretor do Fino da Bossa. A partir de 1972, Elis começaria um relacionamento com César Camargo Mariano, que duraria até 1981, em uma das mais bem sucedidas parcerias da Música Popular Brasileira. Cantou muitos géneros musicais: desde MPB, passando pela bossa nova, pelo samba, pelo rock e pelo jazz. Interpretando canções como Madalena, Águas de Março, Atrás da Porta, Como Nossos Pais, O Bêbado e a Equilibrista, Querellas do Brasil, registou momentos de felicidade, amor, tristeza, 3


patriotismo. Ao longo de toda a sua carreira, destacou-se por cantar também músicas de artistas, ainda, pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, os célebres os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim e Rita Lee. Com seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, consagrou um longo trabalho de grande criatividade e consistência musical. Sua presença artística mais memorável talvez esteja registada nos álbuns Em Pleno Verão (1970), Elis (1972), Elis (1973), Elis & Tom (1974), Elis (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Essa Mulher (1979), Saudade do Brasil (1980) e Elis (1980). Foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. Em 2013, foi eleita a melhor voz feminina da música brasileira pela Revista Rolling Stone. Elis foi citada também na lista dos maiores artistas da música brasileira, ficando na 14ª posição, sendo a mulher mais bem colocada. Em Novembro do mesmo ano estreou um musical em sua homenagem Elis, o musical. Elis Regina morreu precocemente aos 36 anos, no auge da carreira, o que causou uma forte comoção no Brasil, deixando uma vasta obra na música popular brasileira. Embora tenham havido controvérsias e contestações quanto à causa da sua morte, exames comprovaram que a causa foi o consumo de cocaína associado á bebida alcoólica, que lhe provocou uma paragem cardíaca.

Vida Pessoal Primeiros anos: Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, na capital do Rio Grande do Sul, a sua família morava num apartamento na Zona Norte da cidade. O seu apelido dentro de casa era "Lilica" e, aos 7 anos de idade, nasceu o seu irmão mais novo, Rogério. Durante a sua infância e adolescência, Elis estudava para ser professora - no Instituto de Educação General Flores da 4


Cunha. Estudou também no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, por um breve período, e terminou os estudos no Instituto Estadual Dom Diogo de Souza. Ela foi uma rapariga muito precoce na música: consta que aos três anos de idade já cantava. Nos anos seguintes, começou a aprender os sambas-canção que tocavam no rádio da época. Aos sete anos de idade, a mãe a levou-a à Rádio para participar num programa chamado Clube do Guri, apresentado pelo radialista Ari Rego. Mesmo antes do ensaio, ela entrou em pânico e pediu para voltar para casa. Só voltou em 1957, aos doze anos de idade, quando finalmente controlou o seu nervosismo e conseguiu cantar. A impressão causada foi tão boa que Elis foi convidada para voltar ao programa nos dias seguintes e passou a fazer parte das crianças que se apresentavam regularmente, de modo amador. Relacionamentos: Em 1964, Elis teve um relacionamento muito curto com Edu Lobo antes de conhecer Solano Ribeiro, o produtor musical que viria a ficar conhecido no ano seguinte por ter idealizado e produzido o primeiro Festival de Música Popular Brasileira, na TV Excelsior. Eles conheceram-se enquanto Elis cantava no Beco das Garrafas e este relacionamento sofreu muito com a agenda sempre cheia de ambos que se encontravam, praticamente, apenas em aeroportos. Mesmo assim, ainda chegaram a ficar noivos. Entretanto, deu-se o fim da relação quando Solano recebeu um telefonema de uma amiga de Elis avisando que ela não estava bem. O produtor foi ao encontro delas em um hotel na avenida São João e, chegando lá, descobriu que Elis tinha realizado um aborto, sem o consultar. Elis Regina foi mãe de João Marcello Bôscoli em 1970, filho do seu primeiro casamento com o músico Ronaldo Bôscoli (1928-1994), e de Pedro Camargo Mariano em 1975, e Maria Rita em 1977, filhos de seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano.

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Morte: Elis morreu na manhã de 19 de Janeiro de 1982, aos 36 anos, em circunstâncias trágicas. O Auto médico atestou que a morte da cantora foi devido a uma " intoxicação exógena, causada por um agente químico – cocaína mais álcool etílico”. Na noite anterior, Elis e seu namorado, o advogado Samuel MacDowell receberam amigos no apartamento dela em São Paulo. Os convidados foram embora por volta das 21h e Samuel ainda ficou por mais algumas horas. Já de manhã, ambos falaram ao telefone e ele notou que Elis a falava com uma "voz meio arrastada", balbuciando as palavras, e depois ficou em silêncio. Ele decidiu ir até o apartamento, onde a encontrou já caída no chão. Depois de aguardar por uma ambulância, que não chegava, resolveu chamar um táxi e levou-a para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo a biografia Elis Regina - Nada Será Como Antes, escrita por Julio Maria, Samuel tentou reavivá-la, mas a demora de mais de uma hora da ambulância foi decisiva para a sua morte. Segundo o livro, a médica responsável pelo primeiro atendimento declarou que "os sinais mostravam que a cantora havia chegado aos seus cuidados tarde demais". Carreira: Elis Regina viveu durante 36 anos, mas são inúmeros os que conhecem a influência de uma voz com tanta alegria e folia. À imagem daquilo que a identidade brasileira transmite, Elis quis sempre ir até ao expoente da sensação dramática e da expressão artística, sendo dona de um estatuto que a fez sobressair dos restantes músicos da sua época. Uma voz jovial e vivaz tanto no jazz, como na Bossa Nova, como na Música Popular Brasileira, como até no samba e no rock, além de uma presença franzina mas desmedida em alma nos palcos. Colaborou com uma vasta rede de artistas e deixou um legado riquíssimo. Como lhe chamara Vinícius de Moraes, a “Pimentinha” tornou-se numa referência da música Brasileira e entoou notas e palavras que se uniram na lírica e nas partituras universais. A carreira precoce e vivida da cantora começou cedo, estreando-se num programa de rádio juvenil denominado “O Clube do Guri“, emitido na Rádio 6


Farroupilha. Cinco anos depois, com apenas 16 anos, lançou o seu primeiro LP, promovido pela Continental e tinha Wilson Rodrigues Poso como embaixador. Num estilo pomposo e empolgante, “Viva a Brotolândia” (1961) nasceu e mostrou o novo prodígio da música “canarinha”. Facto que já vinha sendo consolidado pela Rádio Gaúcha, onde figurava como estrela, e pelos galardões que foi recebendo a nível nacional, tal como o de melhor cantora radiofónica. “Poema do Amor” (1962), “Ellis Regina” e “O Bem do Amor” (ambos de 1963) foram os que se seguiram, antecipando as atuações da artista por todo o Brasil. Aos dezanove anos, já tinha uma agenda repleta de concertos na costa que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, para além de atuar em vários programas de televisão e de se tornar numa das caras principais do “Beco das Garrafas“, que congregava uma série de talentos emergentes canarinhos. Dirigido pela dupla de

Luís

Carlos

Miele

e

Ronaldo

Bôscoli,

fazendo

espetáculos

da

responsabilidade dos dois e associando-se ao grupo Copa Trio, onde também entrou o músico Dom Um Romão. Atuando já com notas de bossa nova, também privou com o coreógrafo Lennie Dale, que foi um dos responsáveis pela sua vivacidade em palco e pelas apresentações dinâmicas que neste começou a exibir, tanto com o corpo como com a mente. A sua carreira permaneceu sólida, sem nunca desvirtuar a sua orla de atuações nos palcos e nos ecrãs. A primeira metade da década de 60 seria ainda presenteada com mais convites, tais como a atuação no atual Teatro Abril, em São Paulo, a apresentação do programa “O Fino da Bossa“, com Jair Rodrigues, e o primeiro disco a atingir o milhão de cópias vendidas, sendo este “Dois na Bossa“. Este nome seria replicado em mais dois álbuns da sua autoria, lançados entre os anos de 1965 e 1967, para além da produção de “Artistas” (1966, o primeiro disco independente produzido no Brasil). Além disso, ganhou o galardão Berimbau de Ouro, na categoria de melhor intérprete, e, com a canção “Arrastão“, escrita e composta por Edu Lobo e Vinícius de Moraes, conquistou o primeiro Festival de Música Popular Brasileira na TV Excelsior. Desbravou e atuou também na Europa, em especial no Olympia, em Paris, por duas vezes, com o seu talento natural e robusto. Estavam lançadas as bases daquela que seria uma carreira marcante e triunfante, carreira essa 7


que teria inspiração na cantora Ângela Maria, homenageada por Regina em várias ocasiões.

Já nos anos 70, o objetivo da exploração musical de Regina tornou-se o refinamento do potencial vocal e a mestria das suas diferentes dimensões, tanto em tons mais suaves e subtis como na euforia e folia caraterística do ADN brasileiro. Contudo, a sua notoriedade ainda não tinha alcançado o ponto maximo, nomeadamente para a cética plateia paulista. Na sua atuaçao em São Paulo, “Phono 73” foi quando Caetano Veloso a nomeou para o público como a “melhor cantora da terra”. No estúdio, mais dois êxitos, com “Elis” (1973), e uma sublime sinergia com o pianista e cantor Antônio Carlos Jobim, em “Elis & Tom” (1974), tornando-se numa das referências culturais do maior país sulamericano. O seu maior espetáculo ocorreria precisamente no ano seguinte, com o nome do mesmo a ser homónimo ao seu álbum “Falso Brilhante” (1976). Este espetáculo culminaria em quase três centenas de concertos e tornar-se-ia, com naturalidade, num dos mais bem-sucedidos no panorama do Brasil. No apogeu desta dualidade, fundindo a música com a arte e o papel da cantora com o de artista, esteve também em destaque nos espetáculos “Transversal do Tempo” (1978, que refletiu o ambiente conturbado vivido no seu país), “Essa Mulher” (1979, dirigido por Oswaldo Mendes, e dando origem a um disco com o mesmo nome), “Saudades do Brasil” (1980, um sucesso pela sua espontaneidade e orquestrado por Ademar Guerra e pela coreógrafa Márika Gidali) e “Trem Azul” (1981, de Fernando Faro). Estes foram tempos que não seriam mais experienciados da mesma forma pela artista, acabando por ser vítima da sua postura ativista e revoltada perante a Ditadura Militar que se havia instalado no Brasil. Assim, nos denominados “anos de chumbo”, Elis viu a sua carreira afetada por toda a sua contestação mas isso não a demoveu de se envolver e de expressar o que sentia perante aquela realidade vivida, além de colocar em ênfase o papel da mulher na sociedade. Mostrou esta pró atividade a que apelava, sendo umas das figuras femininas entrevistadas pela Rede Globo, no especial “Mulher 80“. Tal como elas, as vozes das cantoras Maria Bethânia, Fafá de Belém, Rita Lee, Gal Costa e da atriz Regina Duarte envolveram-se na discussão do papel da 8


mulher no meio artístico e na abordagem de temas mais ou menos polémicos da sociedade brasileira. Tornou-se também voz ativa no que dizia respeito à exortação para amnistiar diversos artistas brasileiros, acabando esta prática por se institucionalizar e por ter como hino “O Bêbado e a Equilibrista“, composta por João Bosco e Aldir Blanc. Esta música acompanhou as diversas iniciativas da amnistia, além de acompanhar aqueles que pugnavam pela sua própria libertação do exílio. Em 1981, Elis deu um toque final à sua envolvência política tornando-se membro do Partido Trabalhista, e integrando-se na discussão dos direitos de produção e de criação dos músicos brasileiros como cabeça da Associação de Intérpretes e de Músicos (ASSIM). Numa fase de declínio da própria estrutura política autoritária, e num crescente clima de que a liberdade, Elis Regina partiu surpreendentemente aos 36 anos. O impacto que essa perda teve no contexto Brasileiro foi tamanho. Elis deixou três filhos: o empresário e produtor João Marcello, do seu primeiro casamento, e o músico Pedro Camargo Mariano e a célebre cantora Maria Rita, do matrimónio contraído com o pianista César Camargo Mariano. É de salientar a influência que Elis Regina teve nas gerações futuras e o esplendor versátil e consagrado pelas mais várias origens musicais. A Bossa Nova nunca abandonou o trajecto daquilo que seria a sua carreira, mas sentiuse mais compreendida pelo regionalismo e pela vibração extasiante e contagiante da Música Popular Brasileira (a comum MPB). Todavia, também o jazz recebeu o seu contributo, tendo lançando um álbum com o conotado harmonicista Toots Thielemans (“Honeysuckle Rose Aquarela do Brasil“, datado de 1969). Seguindo a sua evolução estilística e artística, também sentiu nas guelras o samba e popularizou as músicas “Tiro ao Álvaro” e “Iracema“, em conjunto com o artista Adoniran Barbosa. Em muito se fez valer da sua leve rouquidão e da excelsa afinação das suas cordas vocais, não vacilando nas diferentes oscilações sonoras e emocionais que a música a levava a sentir. Também no pequeno ecrã causou sensação, sendo o sucesso dos festivais musicais da TV Record; e foi responsável pelo lançamento de nomes que hoje figuram no topo das considerações sobre as melodias com origem brasileira, 9


tais como Milton Nascimento — que lhe chamou de “musa inspiradora” —, Gilberto Gil, Tim Maia e Sueli Costa. Elis Regina é precisamente aquilo que o nome de Edith Piaf é para os franceses, ou os de Ella Fitzgerald e Billie Holiday, para os norte-americanos. Uma diva com jeitos singulares e particulares, nunca temendo a opinião alheia ou o constrangimento interno, dando asas ao seu ideal criativo e à veia que a liga às raízes e às origens mais regionais e tradicionais. Desde a televisão até aos palcos, sem nunca desprezar o valioso repertório musical na forma de álbuns e de espetáculos radiofónicos, deu ênfase à dicotomia arte-música. Além de um sorriso carismático e de uma figura afável e descomprimida, foi uma das primeiras a emergir na segunda metade do século XX, dando voz a temas existentes no subconsciente de todos os brasileiros, como “Madalena” (1971, do álbum “Ela”), “Querelas do Brasil” (interpretada no espetáculo “Transversal do Tempo”) ou “Águas de Março” (1974, ao lado de António Carlos Jobim). Elis Regina foi também a primeira artista a constar na Ordem dos Músicos do Brasil, estando a sua voz numa lista de instrumentos, e foi uma das mais tentaculares artistas do Brasil, colaborando com diferentes artistas da sua e de outras gerações, precedentes e seguintes. “Elis, Essa Mulher” (1979), “Saudade do Brasil” e “Elis” (os dois de 1980) rematariam uma carreira que, não obstante curta, se amplificou pelo significado e pela mística da sua presença. Uma história que se representa pela voz incansável e insaciável de alguém que sobrevive aos tempos e que assobia como os ventos ao ouvido de quem a ouve. Elis Regina – Álbum Falso Brilhante – Musica “Como os Nossos Pais” - 1976 “Não quero lhe falar, meu grande amor De coisas que aprendi nos discos Quero lhe contar como eu vivi E tudo o que aconteceu comigo Viver é melhor que sonhar E eu sei que o amor, é uma coisa boa

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Mas também sei que qualquer canto É menor do que a vida de qualquer pessoa Por isso cuidado meu bem Há perigo na esquina Eles venceram e o sinal está fechado pra nós Que somos jovens Para abraçar meu irmão e beijar sua menina na rua É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz Você me pergunta pela minha paixão Digo que estou encantado com uma nova invenção Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar pro sertão Pois vejo vir vindo no vento, o cheiro da nova estação E eu sinto tudo na ferida viva do meu coração Já faz tempo eu vi você na rua Cabelo ao vento, gente jovem reunida Na parede da memória esta lembrança É o quadro que dói mais Minha dor é perceber que apesar De termos feito tudo o que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Ainda somos os mesmos e vivemos Como nossos pais Nossos ídolos ainda são os mesmos E as aparências não enganam não Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém Você pode até dizer que eu estou por fora Ou então que estou inventando Mas é você que ama o passado e não vê Mas é você que ama o passado e que não vê Que o novo sempre vem E hoje eu sei que quem me deu A ideia de uma nova consciência e juventude Tá em casa guardado por Deus Contando o vil metal 11


Minha dor ĂŠ perceber que apesar De termos feito tudo, tudo o que fizemos NĂłs ainda somos os mesmos e vivemos Ainda somos os mesmos e vivemos Ainda somos os mesmos e vivemos Como nossos pais

Elis, Ronaldo BĂ´scoli e Fagner

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Mapa Astrolรณgico de Elis Regina

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Ser consciente, Ser inconsciente e impulsos primários Olhando para a posição do Sol na Carta de Elis Regina, ele encontra-se no signo de Peixes na casa VIII (casa das mutações e regenerações dolorosas). Elis tinha uma grande sensibilidade e possuía grande imaginação característica dos nativos deste signo. Tinha também uma essência “de camaleão” (mutável) visível tanto na variedade de estilos musicais que cantou, como nas diferentes fases que a sua carreira musical passou. A música é também uma área com forte apelo para os nativos de peixes e Elis foi uma grande personalidade nesta área. Porém, as 2 forças opostas de peixes estiveram presentes na sua vida, por um lado a imaginação a fazer coisas construtivas através da criatividade expressada na sua obra musical, por outro a sua necessidade de escapismo devido á frustração que é muitas vezes, para uma pisciana, de perceber que o mundo não é tão puro, perfeito, e cor-de-rosa como ela gostaria que fosse.

O Sol forma uma oposição a Júpiter na casa II em Virgem, o que indica uma tendência para um excessivo otimismo e expansividade no relacionamento com os outros, ao mesmo tempo que estes nativos se podem tornar aborrecidos tentando convertê-los às suas próprias doutrinas. Estando Júpiter na casa II, há uma tendência no nativo para otimizar a utilização dos seus próprios recursos e também para querer usufruir das coisas boas da vida, nomeadamente as que aguçam os sentidos. Precisando de ter cuidado para não comer, beber e gastar demais. Estando Júpiter sobre tensão (Oposição) em Virgem, fala-nos de uma grande tendência para o perfecionismo, mas este aspeto astrológico pede também que uma integração na sua personalidade do lado positivo desta energia, concretamente a capacidade intelectual, analítica e prática de Mercúrio que se encontra na casa VIII sobre a energia de Touro, ajudando-a a fazer um melhor julgamento dos quais seriam realmente os seus verdadeiros “Valores”.

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O Sol também está em oposição a Neptuno que está na casa II em Balança, sugerindo um nível de consciência profundo e uma percepção intuitiva. Intensificando também a dualidade do seu ser, por um lado a sua inspiração quase divina e por outro confusão e autoengano. A posição de Neptuno é na casa II sob a energia de balança o que sugere que Elis procurava o equilíbrio nesta dualidade de Neptuno, mais uma vez em relação aos seus valores e mas também aos seus relacionamentos. A sua inspiração e atuações dramáticas em palco eram uma extensão do seu Ser que procurava equilibrar os seus valores pessoais e de relacionamento, com a confusão e a necessidade de escapismo típica de Neptuno. Neptuno em balança sugere também enganos com os relacionamentos e as coisas às vezes não são como parecem ser. Parceiros tanto de trabalho como amorosos que escondem algo, ou que Elis tendia a vê-los de uma forma “imaginária” através do filtro neptuniano. Na verdade, enquanto casada com Ronaldo Bôscoli pai do seu primogénito, foi muitas vezes traída com outras mulheres e o seu filho João Marcello Bôscoli no livro Elis e eu – 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe (Planeta), relata que nos últimos anos da sua vida, Elis se rodeava de pessoas menos positivas na época em que passou a abusar do álcool e a consumir cocaína – “Era tudo demais pra mim. Tomar coragem e confrontar aquela supermulher exausta, olhar nos olhos dos parasitas ao seu redor, vê-la afundar em algo até então completamente ausente em nossa vida, testemunhar uma fraqueza sua. Ou fazê-la sofrer ao me ver confuso, surpreso e chocado”

Ainda sobre o Sol, ele faz uma quadratura a Saturno que se encontra na casa XII em Caranguejo, indicando uma dificuldade na autoexpressão do Nativo. Saturno na carta de Elis encontra-se exilado e sobre a energia de Caranguejo na casa XII. Ora Saturno, senhor da ancestralidade em Caranguejo (memorias do passado) traduz-se numa insegurança com base em acontecimentos do passado, que os nativos com esta posição nunca esquecem, e numa maior tendência para a tristeza e carência afetiva. Na casa XII, traduz-se numa falta de confiança nos outros e numa dificuldade de se mostrar vulnerável. Poderia também acontecer que Elis visse problemas onde eles não existiam (imaginação Pisciana). Reforçando a tendência de se enganar com as pessoas. Este desafio, se não ultrapassado através de uma boa escolha que 15


quem entraria na sua vida, tornar-se ia num ciclo de memórias negativas acabando em medos, inseguranças, exageros e vícios pondo a expressão do seu verdadeiro Ser em causa.

Elis tinha ascendente em Caranguejo, que tal como o seu signo solar pertence ao elemento de água. O que juntamente com o resto do mapa, indica que a sua vida foi regida muito mais pela emoção e pelo sentimento do que pela razão. Tal como as fazes da lua, as suas emoções mudavam constantemente. Podemos ver isso bem nas diferentes fases da sua carreira, todas elas completamente diferentes. Caranguejo é feminino e maternal, gosta de cuidar, mas não esquece as memórias do passado. A Lua é o regente de Caranguejo e está relacionado com o modo como se sente, com o inconsciente, com as memórias, e com a parte que constitui o “Ser” não visível e mais subtil. A energia de Caranguejo, precisa da estrutura de Capricórnio, e Elis sempre procurou o comprometimento nas suas relações, irei voltar a esta parte da sua vida mais á frente na continuação da interpretação. Este ascendente também indica uma necessidade aumentada de proteger e de cuidar dos outros, enquanto se permite ser cuidada. Plutão na casa I (ascendente) em Leão, encontra-se retrógrado, o que de uma forma positiva traz ao nativo perseverança e grande desejo de autorealização. Por outro lado, traz uma personalidade controladora, desconfiada e com um certo gosto pela manipulação. Por estar retrógrado, indica uma maior dificuldade em transformar-se, ou seja Elis poderia sentir por um lado uma vontade de romper com os padrões antigos, e por outro uma vontade de ficar no conforto do que era conhecido mesmo que ela não se identificasse com isso (a vida em Porto Alegre). Indica também, uma vivencia de uma serie de experiências dolorosas das quais Elis poderia ter saído um “Ser” mais consciente. Plutão sobre a energia de Leão confere carisma e uma certa exuberância, o que é indiscutível na personalidade de Elis, por outro lado também promove o orgulho, autoritarismo e o desejo de controlar os outros. Plutão deixa de estar retrógrado aos 35 anos de Elis, aproximadamente um ano antes da sua Morte. Ainda sobre Plutão, ele encontra-se confinado uma vez que o signo Leão está desprovido de uma casa, não permitindo que a sua autoexpressão fosse plena. Apesar do brilho que Elis emanava, no seu Eu verdadeiro e mais profundo, ela 16


não se sentia preenchida, como que se ele fosse reprimido ansiando por uma grande transformação e assim podendo brilhar com a luz de leão na sua plenitude.

O regente do seu ascendente é a Lua, e ela nesta carta encontra-se no signo de Touro, no meio do céu, a sensivelmente 4º da cúspide da casa X. Uma Lua com a energia de Touro, sugere uma grande necessidade de segurança emocional. Como a lua também representa a mãe, pode indicar uma mãe que lhe transmitiu os seus valores rígidos, firmes e com uma certa teimosia. No entanto, também é indicador de uma estabilidade e de suporte emocional da parte da mãe. Olhando para a história da vida de Elis tanto a mãe como o Pai sempre estiveram ao seu lado no início da sua carreira mesmo quando ainda criança, até a fase em que ela se mudou para o Rio de Janeiro, já na idade adulta. Os produtores dos seus primeiros álbuns, negociavam com os seus pais os contratos e eles sempre estiveram presentes ao seu lado. A lua em touro também indica persistência, e Elis apesar de não ter tido sucesso nos seus primeiros quatro álbuns, nunca desistiu da sua carreira. Elis nasceu em fase de lua nova, estando esta lua oculta, indica uma maior subjectividade nas suas emoções, por um lado a procura da estrutura de um lar, e por outro a sua carreira

em

constante

crescimento

(lua

nova),

aprendizagem

e

aperfeiçoamento. Sugere ainda uma personalidade inovadora e sempre com vontade de descobrir algo de novo. Características bem presentes em toda a carreira de Elis, sendo uma delas por exemplo, o facto de ela ter sido a primeira cantora a fazer parte da Ordem dos Músicos do Brasil, tendo a sua voz sido considerada um instrumento musical, pela primeira vez na história da Música Brasileira.

A Vénus, regente de Touro, encontra-se na casa IX em domicílio, e é indicador do valor que os relacionamentos sérios e duradouros tinham para a segurança e estabilidade emocional de Elis. Indica também um amor pela natureza, visível em algumas das letras das músicas que cantava, e um amor por tudo que é belo e pelas artes, incluindo a música. Vénus nesta casa e em Touro, indica uma valorização das aprendizagens por coisas mais terrenas, e dos sentidos,

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nomeadamente a Música. Vénus em sextil com Saturno oferece expressão concreta às tendências estéticas e artísticas de Vénus.

A Lua na casa 10, bem perto da sua cúspide, reforça a necessidade de estrutura para que a parte emocional se sentisse segura. Por outro lado, também mostra o sentimento e emoção que ela colocava na sua carreira, tudo o que cantava tinha necessariamente de o sentir. Esta posição é indicadora de grande Popularidade, na medida em que a casa X (projeção social) em conjunto com a Lua (capacidade de nutrir e alimentar os outros), dão o alimento rico e necessário ao público. Também indica uma grande dependência em relação á mãe. Na parte mais inconsciente das suas emoções, Elis sentia algum tipo de repressão, não conseguindo expressar á sua mãe o que realmente sentia. Note-se que Elis vinha de uma cidade pequena, frequentava a igreja e estudava para ser professora, nada do que veio realmente a acontecer mais tarde na sua vida. Talvez Elis tivesse as suas ideias “um bocado á frente demais” para a sua realidade naquela época, e não as expressa-se livremente á sua mãe por esta ser mais contida e tradicional. Saturno, regente da casa X encontra-se na casa XII em Caranguejo, vindo dar ainda mais força á necessidade de estrutura emocional que Elis tinha. Neste caso a estrutura familiar, e Elis teve dois casamentos e três filhos tendo procurado por esta estrutura, que não se manteve por muito tempo na sua vida. Ela nunca voltou a encontrar a estrutura que tinha nas suas memórias do ADN. E talvez, após os seus dois casamentos falhados, se tenha tornado mais fria nos seus relacionamentos, pois as memorias deste passado foram de sofrimento. Estando Saturno na casa XII, indica um certo medo de se voltar a entregar emocionalmente e voltar a sofrer, e uma certa insegurança devido a ter sido enganada noutras relações, podendo mesmo tentar encontrar o conforto ilusório no uso de substâncias como o Álcool e a Cocaína, como foi o caso de Elis.

A Lua faz uma quadratura a Marte, o que intensifica a tendência de Elis para levar tudo para o lado pessoal gerando explosões emocionais. Marte esta posicionado na casa VII em aquário o que sugere um forte desejo de

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independência nas suas atitudes, nomeadamente nas suas relações onde Elis quereria possivelmente fazer tudo á sua maneira.

Plutão também em quadratura á Lua, reforça a sua natureza intensamente emotiva, com uma tendência a forçar ações ou relacionamentos que depois, tal como tudo o que é forçado, acabariam em fracasso e novas memorias negativas.

Olhando ainda para a Casa IV, sobre a energia de escorpião, observa-se uma tendência para ter uma atitude rebelde na juventude, criando um ambiente por vezes um pouco infeliz na medida em que, Elis tinha uma mãe muito conservadora criando entre as duas uma certa luta pelo poder. Havia uma necessidade da parte de Elis de romper com este ambiente, com Plutão no ascendente a intensificar ainda mais este padrão.

Os elementos no seu Mapa estão em equilíbrio, tendo dois planetas em Terra, Água e Fogo e Três planetas em Ar. Traduzindo-se um equilíbrio entre a necessidade de estrutura, a emoção e sentimento, e ação e iniciativa, na sua vida. Existindo uma ênfase na comunicação de ideias e aprendizagens com o meio ambiente. O seu mapa diurno e oriental, o que realça na sua vida a importância da sua carreira, do seu trabalho, e da sua posição social posteriormente refletida no mundo exterior, enquanto o seu temperamento é de iniciativa, virado para a ação e de expressão da própria identidade. Elis Regina – Álbum Trem Azul – Música “Se eu quiser falar com Deus” – 1982 Se eu quiser falar com Deus Tenho que ficar a sós Tenho que apagar a luz Tenho que calar a voz Tenho que encontrar a paz Tenho que folgar os nós Dos sapatos, da gravata Dos desejos, dos receios Tenho que esquecer a data 19


Tenho que perder a conta Tenho que ter mãos vazias Ter a alma e o corpo nus Se eu quiser falar com Deus Tenho que aceitar a dor Tenho que comer o pão Que o diabo amassou Tenho que virar um cão Tenho que lamber o chão Dos palácios, dos castelos Suntuosos do meu sonho Tenho que me ver tristonho Tenho que me achar medonho E apesar de um mal tamanho Alegrar meu coração E se eu quiser falar com Deus Tenho que me aventurar Eu tenho que subir aos céus Sem cordas pra segurar Tenho que dizer adeus Dar as costas, caminhar Decidido, pela estrada Que ao findar vai dar em nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Do que eu pensava encontrar Se eu quiser falar com Deus

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Elis e Ronaldo Bôscoli

Elis, João Marcello Bôscoli, Pedro Camargo Mariano e Maria Rita

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Elis e Cesar Camargo Mariano

Aprendizagem, Relacionamentos e Acção Para conhecer de uma forma mais profunda a vida de Elis Regina, vou começar por olhar para a forma como ela se comunicava e de que forma seriam as suas aprendizagens. Assim, observando a Posição de Mercúrio, ele encontra-se na casa VIII em Carneiro, em quadratura com Saturno na casa XII em Caranguejo, o vindo sublinhar a dificuldade sentida por Elis de obter o reconhecimento e a aceitação das suas próprias ideias, devido á sua diferente forma de pensamento, em relação á educação convencional e disciplinada que recebeu na sua infância, pela sua mãe principalmente. Apesar de Mercúrio estar na casa VIII, ele encontra-se a menos de 3º da casa IX, por isso irei interpretá-lo nessa casa. Assim, indica que Elis tinha uma abordagem ao conhecimento através da inteligência racional, em detrimento das crenças cegas. Também indica interesse em aprendizagens sobre assuntos ocultos, e Elis foi na verdade espírita, estudou Allan Kardec e chegou a psicografar cartas. Mercúrio encontra-se em oposição a Neptuno, criando um elevado grau 22


de sensibilidade aos pensamentos e motivações alheios, como que se tivesse uma telepatia inconsciente. Ora, Mercúrio faz também um trígono a Plutão, o que indica que Elis tinha realmente uma mente capaz de compreender a realidade em termos de interação de energia. Este Mercúrio sobre a energia de Carneiro, confere um raciocínio ágil, rápido, um grande poder argumentativo, e uma certa impulsividade na aprendizagem. No caso de Elis, numa forma carismática e original de comunicar em palco, gesticulando imenso com os braços, e quando falava dava gargalhadas inconfundíveis, cheia de raça, energia e personalidade. Penso que a citação do livro, do seu filho João Marcello Bôscoli, descreve a posição de Mercúrio na sua carta com perfeição. –“ E hoje sei o quão raro é ter uma cabeça tão elevada e um coração tão quente reunidos em alguém. Já li e assisti a centenas de entrevistas de artistas em minha vida; poucas estão no seu patamar. Pensar com emoção é o ápice”, em Elis e eu – 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe (Planeta). Sobre Mercúrio ainda, em sextil com Úrano na casa XI em Gémeos, vem mais uma vez sublinhar as qualidades da sua mente rápida, intuitiva, inventiva e as suas habilidades ocultas. A comunicação e as aprendizagens, eram uma área muito positiva na vida de Elis, e em que ela tinha muita facilidade.

Olhando agora para a parte dos relacionamentos da vida de Elis, e começando por analisar a casa VII do mapa, que abre com a energia de Capricórnio, mais uma vez pedindo a estrutura, para as suas relações. Sublinhando também, mais uma vez, a importância que o casamento tinha na sua vida, nomeadamente o reconhecimento que Elis procurava obter, através da estrutura do casamento. Para ela, estar numa relação de compromisso, era um importante factor tanto para a sua estabilidade a nível emocional, como para o seu status social. O regente de Capricórnio, Saturno, encontra-se exilado em Caranguejo aumentando esta a necessidade de estrutura e segurança emocional. Quase que como fosse necessária, a parte emocional, para que Elis tivesse limites, como se ela se segura-se através do casamento. Saturno faz um trígono a Marte, que se encontra na casa VII, mas sobre a energia de Aquário, este trígono indica grande capacidade para o trabalho duro e sério, e uma capacidade para produzir o máximo de resultados proveitosos, neste caso 23


na área das relações. Ao olhar para a posição de Marte, percebe-se que Elis era atraída por homens inteligentes, diferentes do convencional e com a área mental bem desenvolvida.

A posição da Vénus, na casa IX em Touro, como já referido anteriormente realça ainda mais a valorização, tanto da estabilidade no amor, como pelo conhecimento superior. O signo de Balança, abre a casa III, vindo sublinhar ainda mais este amor pelo conhecimento, e a sensibilidade para as artes característica de Elis, que consequentemente se refletiu no tipo de amor que ela tentou encontrar para si. Todos os seus companheiros foram músicos, ligados ao mundo do espectáculo. O seu namorado, Solano Ribeiro, foi o produtor musical que idealizou e produziu o primeiro Festival de Música Popular Brasileira, Ronaldo Bôscoli músico e César Camargo Mariano pianista.

Na casa VII, encontra-se Marte sobre a energia de Aquário, o que reforça a tendência de escolher parceiros amorosos fora do convencional, cheios de ideias originais. Também sugere uma tendência, para os relacionamentos acontecerem de uma forma repentina, súbita e inesperada na sua vida. Tal como os divórcios e as rupturas. Ora, Marte nesta posição, indica uma tendência aumentada para gastar energia com discussões e uma necessidade de liberdade no casamento. A energia de Aquário, não aceita parceiros autoritários e procura uma nova forma, ou um novo caminho a seguir, diferente do convencional casamento. Por outro lado, á tendência para ser aberta a novas formas de relação vivendo o amor de uma forma livre. No entanto, Aquário está com a sua energia confinada, não lhe permitindo experienciar esta liberdade madura de Úrano nas suas relações. Estando mais uma vez presa á necessidade de segurança emocional (Marte em quadratura á Lua). Não esquecendo que Saturno também é co-regente de Aquário limitando também aqui a acção nas relações.

Olhando agora para a casa V, ela abre com o Signo de Sagitário, transmitindo entusiasmo pela vida, e procurando expandir a sua identidade e com uma relação de paixão pelos filhos. Esta posição indica que Elis era muito calorosa com os seus filhos, dando-lhes muito amor, e passando-lhes com exigência os 24


valores em que acreditava (Júpiter na casa II em Virgem). No livro já anteriormente citado e escrito pelo seu filho, João Marcello Bôscoli, Rita Lee descreve-a como mãe no prefácio da forma seguinte: “Essa mulher por vezes se permitiu ser menina no trato com os três filhos sem deixar de ser a leoa zelosa e cobradora da conduta ética das crias que lambia com a mesma intensidade

com

que

as

castigava

se

detectava

algum

deslize

de

comportamento.”

Num contexto de relacionamentos mais abrangente, encontra-se Úrano na casa XI, sobre a energia de Gémeos. Elis tinha uma mente rápida, predisposta a mudanças súbitas e em conjunto com a boa posição de Mercúrio no seu mapa, de onde saíram ideias brilhantes. A necessidade de expandir as suas ideias inovadoras, sem as impor ao seu grupo, de uma forma livre típica de Úrano. Contrastando com as suas relações mais próximas, onde não aceitava a diferença de valores e de ideais que lhe causava tanto sofrimento. Sendo Úrano um planeta mais do colectivo, Elis nasceu numa época de revoluções na forma de se comunicar, de aprender e de transmitir energia.

As formas como se relacionava com os companheiros, os filhos, e os amigos eram

muito

diversas.

Nos

relacionamentos

amorosos,

procurava

incessantemente por uma estrutura e uma segurança, que acabou por nunca atingir, tendo tido relações difíceis, com bastantes discussões, e em “pé de guerra”. Já com os filhos, era um relacionamento muito positivo com grande troca de afecto, dando-lhes liberdade, mas não descurando a importância da educação, das regras e de lhes transmitir os valores em que acreditava. No caso das amizades e grupos a que pertencia, prezava pela originalidade e troca de ideias inovadoras, de uma forma livre e independente.

Voltando agora a Marte, numa forma de compreender melhor a forma como Elis metia ação nas diferentes áreas da sua vida, percebe-se uma tendência para defender com unhas e dentes os princípios em que acreditava, e sempre com os olhos postos no futuro. Na verdade, Elis era contra a ditatura militar que se vivia no Brasil, tendo chegado mesmo a filiar-se no partido dos trabalhadores em 1971. A sua música “O bêbado e a equilibrista”, foi 25


considerada um Hino contra a ditadura. Elis foi muito activa no meio político, entrando em discussões pela Amnistia dos exilados pelo regime e pelos direitos de autor dos músicos. A posição de Urano, na casa XI em Gémeos também aqui presente. Relativamente ao papel da mulher na sociedade, não só na sua própria relação o defendeu (o seu primeiro marido Ronaldo Bôscoli chegou a queixar-se da sua rebeldia), como também lutou pelo fim do machismo através das músicas que cantava, com duplo sentido e cheias de conotação. O feminino corria-lhe no sangue e no seu ADN, como o seu próprio mapa astrológico o confirma com a sua Lua no meio do céu e o seu ascendente Caranguejo. Em 1976, Elis iniciou uma rutura com a indústria discográfica porque desejava ter mais liberdade criativa, e queria apostar em compositores desconhecidos, o que realmente aconteceu.

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Valores pessoais, materiais e energia de cura: Na casa II podemos ver os recursos e valores pessoais e materiais, nesta carta ela abre com a energia de Virgem, onde encontramos Júpiter em Virgem também, o que se traduz numa grande importância aos detalhes e um grande espírito crítico às vezes excessivo. Por outro lado, numa grande vontade de expandir o seu conhecimento técnico. Júpiter na casa II, fala-nos de uma vontade de expandir as coisas boas da vida (comida, bebida, etc.) e os bens materiais, tendo de ter cuidado com as extravagâncias. Júpiter encontra-se retrógrado, o que indica que Elis era muito crítica em relação aos valores que lhe transmitiram na sua infância. Júpiter, manteve-se retrógrado toda a sua vida, não lhe permitindo viver esta libertação da crítica excessiva em relação a valores diferentes dos seus.

Ainda nesta casa, mas com a energia de Balança, encontra-se Kiron num grau anarético e Neptuno retrógrado. Começando por Kiron em Balança, que nesta casa facilita o senso comum, pedindo para que Elis deixasse de lado a visão focada em si mesma para alcançar o equilíbrio e a harmonia. Por estar neste grau

0,

existe

aqui

uma

grande

oportunidade

de

mudança

deste

comportamento, que lhe permitiria alcançar a cura desta dor. Dor que incide na incompreensão dos valores dos outros, diferentes dos seus. Dor, que Elis sentiu ao longo da sua vida, inicialmente com a mãe, depois com os companheiros, com o machismo e até mesmo com o regime ditatorial que viveu.

Relativamente a Neptuno nesta posição, ele fala de uma certa ilusão no que se refere a estes valores, em Balança valores sociais como a Paz a Justiça. Sugere também, grande criatividade e inspiração por um lado, e indecisão e confusão por outro. Traz interesse pela política também. E uma necessidade de fugir da realidade, fazendo os nativos perderem-se no sonho, e esperando um mundo perfeito como o dos contos de fada (de acordo com os seus valores).

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Kiron, está muito perto de Neptuno retrógrado (menos de 8º), trabalhando em conjunto, mas com a energia solidária de Neptuno adormecida, para alcançar a cura através do equilíbrio entre o realismo e a imaginação na sua vida. Neptuno, estando retrógrado durante toda a sua vida não lhe permitiu amar incondicionalmente, nem perceber que as aparências que ela tomava ferozmente como verdades não passavam de ilusões. Elis teria de estar atenta na neblina neptuniana (ainda mais com Saturno na XII), para não repetir os mesmos erros no que respeita á aceitação de valores diferentes dos seus, para atingir a libertação de Urano. Conseguindo assim formar as suas opiniões, com base na liberdade dos outros, libertando-se da sua maior dor. Neptuno faz um sextil com Urano, promovendo a evolução através de conceitos de solidariedade, num contexto mais universal e abrangente. A música "Como os nossos Pais”, que transcrevi no inicio do trabalho, parece falar de essa dor que Elis sentia, pelo facto dos outros estarem presos aos velhos padrões, que ela não suportava.

Missão Espiritual e Vocação: A casa XII, é precedida da casa I que se encontra intercetada, tal como a casa VII. O signo de Caranguejo rege assim as casas XII e I, dando maior ênfase a energia deste signo no mapa, e relacionando a forma com ela atingiria a liberdade de ser ela mesma, face a si própria e aos outros. Atingindo a paz interior e superando as provas místicas, as tristezas e as aflições. Esta energia de Caranguejo, que muito fala das memorias, memorias turvas e de provações (casa XII) e ancestrais (Saturno na XII). Do outro lado do eixo, a casa VI e VII, também regidas pelo mesmo signo, neste caso Capricórnio, relacionam-se com a necessidade de estrutura tanto no trabalho do quotidiano, rotinas e hábitos saúde, como nas relações que teve ao longo da vida. Elis precisava de integrar esta estrutura prática do dia-a-dia para conseguir escapar á dor das memórias do passado na sua vida.

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Olhando para os nodos lunares no mapa, o nodo norte encontra-se na casa XII, sobre a energia de Caranguejo, e o nodo sul na casa VI, em Capricórnio, salientando novamente a importância deste eixo na sua vida, e realçando o seu dever, de ajudar a humanidade a sofrer menos. A sua missão nesta vida, passava por desenvolver a aceitação, compaixão, amor incondicional por todos, ou seja, a abolição total do ego. Teria que por de parte o comportamento crítico, abolindo-o totalmente em troca de amor, paciência e dádiva sem limites. Tendo sido espírita, ela acabou por realizar um pouco esta missão, ajudando a humanidade com as suas frequências viradas para o oculto. Porem, acabou por se envolver na ilusão de Neptuno, pois não conseguiu aguentar o sofrimento que esta posição dos nodos acarreta. Estando o nodo norte em caranguejo, existe uma necessidade de nutrir espiritualmente os outros, ao mesmo tempo que se deixa ser cuidada, aprendendo tanto a dar sustento aos outros, como a recebê-lo. Largando de vez a necessidade de estruturar, controlar e dirigir tudo á sua volta. Estando o nodo sul em Capricórnio, e tendo estudado o resto do mapa, é nítida a memoria no seu inconsciente de estrutura e rigidez de sentimentos, que trouxe da sua cauda do dragão. Tendo continuado á procura nesta vida, desesperadamente por essa estrutura, não se permitindo entregar ao apego e cuidado de Caranguejo, e a sentir o seu amor pelos outros e por si mesma em plenitude.

A lua na casa X, bem próxima da sua cúspide, sugere como já anteriormente referido, popularidade na direção de vida. Por estar em touro, que se relaciona com a garganta aponta para a carreira de cantora. A lua nesta posição, indica também que é através da carreira onde Elis se permitia mais sentir. Juntamente com o resto do mapa, Neptuno em Balança na casa II (como ganha o seu dinheiro), Venus na casa IX em Touro (valoriza estudos das artes musicais). O sentimento e a emoção, são realmente visíveis nas suas interpretações, especialmente na da sua música “Atrás da porta” onde ela chora convulsivamente enquanto a canta, permitindo-se a sentir.

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Alguns aspetos relevantes: No mapa de Elis observam-se duas quadraturas em T, a primeira entre o Sol, Saturno e Neptuno, e a segunda entre Mercúrio, Saturno e Neptuno. Pondo Saturno sobre muita tensão nesta carta. Pedindo-lhe que não seja tão limitador tanto na sua autoexpressão (Sol) como na sua expansão (Júpiter) como no seu pensamento (Mercúrio). Pedindo-lhe mais liberdade. Observa-se ainda um grande trígono menor, com Plutão, Úrano e Mercúrio favorecendo a criatividade, a inteligência e a capacidade de comunicação de Elis. Sendo Urano, a fazer o sextil com os outros dois planetas do trígono maior, esta criatividade, inteligência, e capacidade de aprender e comunicar, são de uma originalidade brutal e totalmente fora do convencional. Cheia de energia eléctrica como Elis era na realidade.

Conclusão: Apos a análise do mapa de Elis Regina, compreendi que a sua vida foi de bastante sofrimento interior de desafios. Era uma mulher realmente cameleônica com diferentes papeis na sua vida, de mãe amorosa, de artista brilhante e super inteligente, de mulher com relações amorosas difíceis e de guerra, de ativista pelos direitos humanos, de justiça e de valores de vanguarda e ainda com uma espiritualidade fortíssima. Ultrapassou algumas das suas dificuldades como cortar com a relação menos positiva que tinha com a mãe devido às diferenças no modo de ver o mundo. Procurou desesperadamente por estrutura fora de si mesma, quando teria que olhar para dentro. A sua vida era como uma balança com dois pratos, em que num estava uma necessidade de estrutura tremenda, e no outro prato uma necessidade de viver a emoção permitindo-se sentir na plenitude. Cuidar e ser cuidada de uma forma livre e liberta das suas memorias negativas. Elis, não conseguiu libertar-se das suas muitas dores e sofrimentos (profundos e carmicos), acabando por sucumbir ao mundo do sonho e da fantasia, fugindo e abusando de substâncias, que levaram á sua morte. A música abaixo transcrita, é considerada como o seu auto-retrato e reflecte esta mulher de sombra e Luz na sua totalidade.

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Elis Regina – Álbum Essa Mulher – Musica “Essa Mulher” – 1979

De manhã cedo essa senhora se conforma Bota mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Ah, como essa santa não se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão Depois sorri, meio sem graça e abraça Aquele homem, aquele mundo Que a faz assim feliz De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom! E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quantos homens enlouquece nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça e agradece Ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em que esbarro a toda hora no espelho casual É feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural

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Referencias Bibliográficas Isabel Guimarães - Manual do curso profissional de astrologia nível 1 e nível 2 Martin Shulman os Nodos Lunares – Astrologia Cármica I

Referencias Digitais e Imagens https://www.facebook.com/392278244141360/photos/a.392279087474609/2036688216 367013/?type=3&theater https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fagner,_Ronaldo_Boscoli,_Luiz_Carlos_Miele_e _Elis_Regina.tif https://www.google.com/search?q=elis+regina&client=firefox-bab&sxsrf=ALeKk017eE8YOKXb_gsGgYqLJ5r6lnb6_w:1596554184297&source=lnm s&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwj1ZPo64HrAhXj6eAKHd0nDMoQ_AUoAXoECBkQAw&biw=1280&bih=895#imgrc= h2pY7WEznr0hCM https://www.papelpop.com/2020/05/oito-musicas-de-aldir-blanc-que-fizeram-sucessona-voz-de-elis-regina/ https://www.biografias.inf.br/biografia-de-elis-regina/ https://www.google.com/search?q=elis+regina+partido+dos+trabalhadores&rlz=1C1CA FB_enPT914PT914&sxsrf=ALeKk013ZD3vocNZR8Te9MqVPSiVH6zVQ:1597332797465&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved= 2ahUKEwjehOyvwJjrAhWSnxQKHVNSACIQ_AUoAXoECAwQAw&biw=1280&bih =881#imgrc=aS3PqX9vkxpL8M https://br.pinterest.com/pin/379357968604388553/ https://veja.abril.com.br/cultura/amor-e-luto-o-livro-de-joao-marcello-boscoli-sobreelis-regina/ https://www.google.com/search?q=elis+e+cesar+camargo&rlz=1C1CAFB_enPT914PT 914&sxsrf=ALeKk015RH0ZNi3Qm31aXhYde4OM0qb_Kw:1597761010662&source= lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjmy-fL6TrAhXRiVwKHYRgDhMQ_AUoAXoECAwQAw&biw=1280&bih=832 https://pt.wikipedia.org/wiki/Elis_Regina#Relacionamentos https://www.astro.com/cgi/chart.cgi?lang=p;nhor=1 https://www.comunidadeculturaearte.com/elis-regina-a-alma-musical-do-brasil/

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