Virginia wool trabalho final da faces

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Virginia Woolf Estudo da carta natal Trabalho final do Nível 2 da Faces

Joana Nossa - 2 de Novembro de 2017

CARTA ASTRAL DE VIRGINIA WOOLF

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Biografia

Virginia Woolf foi uma escritora e ensaísta que nasceu no seio de uma família de alta sociedade londrina. O pai, Sir Leslie Stephen era crítico literário. Virginia era a mais nova de quatro irmãos do segundo casamento do seu pai. A família tinha um total de oito crianças de anteriores ligações. Vivia numa casa com sete criados onde estudou, tendo acesso à magnífica biblioteca do seu pai e convivendo com grandes personalidades da literatura.

Virginia e o seu pai Leslie Stephen

A sua mãe morre quando ela tinha 13 anos e o pai morre quando ela tinha 22 anos. Passam a ir morar para Bloomsbury, sendo a irmã Vanessa de 25 anos que passa a tomar conta dos irmãos mais novos. Em sua casa foi formado o Grupo de Bloomsbury, onde se reuniam personalidades como os poetas T. S. Elliot e Clive Bel entre outros artistas e intelectuais.

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Aos 24 anos de Virginia, morre o seu irmão Tholby e ela sofre uma de muitas grandes depressões. Supostamente a partir dos 13 anos tinha sintomas do que seria diagnosticado hoje como desordem bipolar; tinha variações de humor que iam desde a depressão severa à euforia e episódios de psicose, onde dizia ouvir vozes. Casa aos 30 anos com o crítico literário Leonard Woolf que iria ser o seu companheiro para toda a vida. Embora tivessem uma relação de grande companheirismo, não se relacionavam sexualmente.

Virginia e Leonard Woolf

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Virginia apaixona-se pela amiga Vita Sackville-West, que inspira mais tarde a personagem andrógina do seu romance Orlando. Virginia e Leonard fundaram em 1917 a Hogarth Press, uma editora. Começam de forma caseira a imprimir livros por processos manuais, e algum tempo depois produziam 25 a 35 livros por ano, entre os quais os trabalhos de Anna e Sigmund Freud, Maximo Gorky, Rainer Maria Rilke, Gertrude Stein entre outros notáveis. Nos anos 30, começam a usar a sua influência na comunidade literária para terem algum papel social e publicam livros sobre desarmamento, feminismo, paz, problemas de raça e escravatura, economia, educação e psicologia. Um biógrafo referiu a Hogarth Press como o filho que nunca tiveram. Virginia sofre um esgotamento durante a 1ª Guerra Mundial, seguido de períodos de esgotamentos físicos, mentais e emocionais que os médicos trataram com fármacos. É referida a causa destes esgotamentos como tendo sido os abusos sexuais dos quais foi vítima por parte dos dois irmãos Gerald and George durante a infância. Virginia tinha também uma relação atribulada com a sua irmã Vanessa Bell, que os biógrafos referem como tendo sido também física. Os seus livros expressam os temas que mais a preocupavam: vida e morte, suicídio, loucura e memórias do passado. Era muito sensível à crítica e usava a escrita como uma distracção da realidade. Quando percebeu que não podia escrever mais, escolheu não viver. Suicida-se em 1941 com 59 anos, atirando-se a um rio com os bolsos cheios de pedras.

Bibliografia Dunn Jane (1993): Vanessa Bell, Virgínia Woolf Grashoff, Udo (2006): Vou-me embora: Cartas suicidas Bell, Quentin (2003): Virgínia Wolf Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011

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Virginia e o seu sentido de identidade Com um Sol em Aquário na casa 9, seria importante para Virginia Woolf ser independente nas suas filosofias de vida. O seu sentido de identidade prender-se-ía com uma abordagem intelectual, com foco nos estudos superiores. Devemos relembrar que o pai de Virginia - Leslie Stephen, simbolizado também por este Sol de casa 9, era um conhecido intelectual vitoriano: antigo clérigo, filósofo e catedrático de Cambridge. Este pai permanecia dias a fio fechado na sua biblioteca, dedicado ao trabalho de redigir uma monumental enciclopédia. A sua Vénus em Capricórnio conjunta ao Sol, fala de uma pessoa que valoriza o profissionalismo e o trabalho, como fazendo parte da sua noção de self.

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Estamos a ver o mapa de alguém para a qual a carreira é profundamente importante na construção da sua identidade (Sol conjunto ao MC com uma orbe muito pequena, conjunto a Vénus em Capricórnio). Ela identificava-se de tal forma com a sua carreira, que quando percebeu que não poderia escrever mais, decidiu não viver. Ceres conjunto ao Sol, fala do mito de Perséfone, e portanto poderão ter existido temas de perda donde surgiu crescimento. Sabemos existir dor relacionada com temas de separação familiar, do pai, da mãe e de dois dos irmãos. Ao mesmo tempo esta posição de Ceres confere uma grande produtividade relacionada com os estudos superiores, as filosofias. Este Sol de casa 9 em Aquário, faz-me pensar que a sua moralidade, o que ela acredita, estaria relacionado com princípios humanitários, com a importância da comunidade. Na busca de um significado superior seria importante para ela perceber formas de contribuir para a sociedade. Estes últimos aspectos são notórios quando lemos sobre o trabalho que desenvolve na publicação de livros sobre desarmamento, paz, problemas de raça e escravatura ou educação e no seu envolvimento em movimentos de defesa dos direitos da mulher. Os regentes do Sol - Saturno e Aquário - encontram-se respectivamente nas casas 12 e 5. O Sol ilumina o que toca, e ao ter uma quadratura aplicativa e de orbe tão pequena a Saturno e Vesta, os seus medos são iluminados assim como o seu espírito de sacrifício. Sabemos que o seu pai pensava, como qualquer dos seus contemporâneos, que o papel da mulher devia limitar-se a ter filhos, cuidar do bom funcionamento da casa e servir de suporte afectivo incondicional do homem; qualquer saída deste esquema preconcebido era condenada ao fracasso social e pessoal. Virginia sentiria provavelmente uma falta de reconhecimento, o sentimento que não seria importante. O seu sentido de individualidade não teria sido reconhecido, reforçado, aceite. O facto desta conjunção de Saturno a Vesta estar no signo de Touro, poderá dar indicadores que ela poderia sentir-se aprisionada, limitada e com uma sensação de sacrifício, relativamente ao tema das questões materiais. Tendo lido a sua biografia, penso que se poderá dizer, que se sentiria aprisionada pelos cânones estipulados pela sociedade, relativamente a alguém que nasceu numa família “de nome” e com estatuto social. Presa, pelo facto de ter nascido numa família com muito dinheiro. Isto provavelmente entraria em conflito com o seu sentido de individualidade mais irreverente e com necessidade de liberdade. Numa das suas biografias é referida a sua casa, o nº 22 de Hyde Park Gate, uma casa de cinco andares, de paredes pintadas predominantemente a preto e cores escuras, preenchida de móveis inúteis, onde as heras da parede exterior e as grossas cortinas do interior pareciam aliar-se para impedir a entrada da escassa e cinzenta luz dos Invernos londrinos. Jane Dunn, a autora do livro “A Very Close Conspiracy”, biografia paralela de Virgínia e Vanessa, descreve o espírito repressivo e lúgubre desta casa: “Não havia vistas, não havia horizontes, só camadas e mais camadas de recordações familiares, muitas delas dolorosas, todas viradas para o passado.” Esta descrição, acaba por ser ilustrativa de um conflito interior (quadratura) que poderia existir, entre a necessidade de liberdade intelectual (Sol em Aquário na casa 9) e as restrições e isolamento que a sua herança genética e o seu passado acarretavam (Saturno e Vesta na 12).

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A sua casa 5 tem a cúspide em Virgem. Urano, o regente do Sol, está retrógrado e é actor desta casa. Reforça-se aqui a ideia de alguém analítico, crítico e exigente, cuja auto-expressão se prende com a ideia de serviço e que em termos de self precisa de muito espaço e independência, alguém que não se pode sentir preso, tendo uma forma de estar fora das normas convencionais da época. Todas as energias planetárias que estão na casa 9 reforçam o seu propósito de vida (Nodos Lunares Norte em Sagitário na casa 6 e Sul em Gémeos na casa 12), sendo o desafio desenvolver a fé, reconhecer o valor do conhecimento sem ser a eterna curiosa, dispersando entre matérias, mas dando-lhe utilidade prática, não se deixando cair em confusão mental ou num excesso emocional e discriminando fantasia de realidade.

Os seus romances pouco convencionais Analisando a casa 5, podemos estudar para além do seu sentido de identidade, de que forma ela se expressou romanticamente. Há aqui um sentimento de rebeldia, um impulso para ser diferente, com Urano como hóspede desta casa. Em 1927, conseguiu escandalizar a sociedade britânica ao assumir o seu relacionamento com a aristocrata, escritora e poetisa Vita Sackville-West. Vita serve mais tarde de inspiração para o personagem andrógino do seu romance Orlando. Mercúrio exaltado em Aquário e Urano retrógrado em Virgem, estão em recepção mútua num quincúncio que gera uma continua energia mental criativa e uma constante adaptação a essa dinâmica. Urano é também o impulso para ser diferente. A sua auto-expressão (casa 5), era feita também através da escrita e funcionava como uma forma de sair da norma. Aliás mais tarde podemos perceber, como este Mercúrio e por paralelo a sua escrita, serve de escape, a uma série de dinâmicas interiores mais desafiadoras.

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Mercúrio é também um arquétipo dos irmãos e é relatado em várias biografias, o seu relacionamento que seria também físico com a sua irmã Vanessa Bell. Virginia teve um relacionamento durante toda a sua vida com o seu marido, amigo e companheiro Leonard Woolf. A escritora tinha Vénus em Capricórnio na casa 9 e Juno em Capricórnio na casa 8, o que nos fala de uma pessoa que encarou este relacionamento de forma duradoura, séria e construída. Partilhou a sua vida com alguém que partilhava o mesmo trabalho e filosofias e com a qual teria uma relação profunda que terá originado processos de transformação. É referido na sua biografia que embora o relacionamento com Leonard fosse um pilar e de grande companheirismo, a relação não existia em termos sexuais, pelo menos nos últimos anos dela. Para Virginia o relacionamento seria importante (Conjunção de Sol em Aquário a Vénus em Capricórnio) e estaria provavelmente imbuída de um sentimento de nutrição incondicional, alimento intelectual (Ceres conjunto a Sol e Vénus na casa 9). E embora a casa 7 abra em Sagitário, falando de alguém que nos relacionamentos precisa de espaço, tem uma mente aberta, espontânea, optimista, o regente Júpiter está na casa 12, em conjunção com Neptuno e Quíron, podendo referir-se a um grande espirito de sacrifício e dor, ao mesmo tempo com um sentimento de isolamento. Vénus em Capricórnio e Saturno em Touro estão em relação mútua, o que nos dá indicadores de alguém que teria medos, barreiras ligadas aos relacionamentos, ao amor e ao afecto. Ao mesmo tempo, Virginia envolve-se de forma profunda e intensa (Vénus trígono a Plutão).

As emoções de Virginia e a sua mãe - Julia Stephen Numa das suas cartas, Virginia descreve o seu relacionamento com a amiga Vita : “Ela colma-me de protecção materna que, por alguma razão, é o que mais desejo sempre de qualquer pessoa.” Na biografia escrita por Jane Dunn, aparece a seguinte frase também relativamente à forma como Virginia e Vita se relacionaram: “Virgínia não chegou a sair nunca totalmente da crisálida, onde existia como filha, e não conseguiu assumir a sua plena maturidade sexual e, com ela, a carga da maternidade.” A sua Lua está em Carneiro na casa 12 a fazer uma quadratura a Vénus em Capricórnio na casa 9. A mãe de Virginia, era uma mulher que dedicava o seu tempo livre a acções de caridade, atendendo doentes moribundos e ajudando famílias necessitadas (Lua na casa 12). Morre quando ela tinha 13 anos. No seu mapa, vemos que poderá haver um conflito interior, uma necessidade de ajuste (quadratura) entre o seu lado emocional apaixonado, a forma como precisa ser nutrida, as suas carências, geradas por uma mãe ausente,e a forma como se relaciona a nível amoroso. Poderá haver um conflito interior entre a criança e a mulher. Esta Lua na casa 12, poderia ser um indicador de um encapsulamento na infância ou de Virginia se ter sentido vulnerável, sozinha. Pode ter sido gerada uma necessidade de nutrição sem limites,

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sendo mais difícil para ela expressar-se como mulher. (Com o acréscimo que tem Saturno em recepção mútua com Vénus). Embora Virginia possa ter sentido alguma falta de confiança e paixão (a Lua é a única de elemento fogo), poderá ao mesmo tempo ser espontânea, impaciente e reagir impulsivamente. Ao mesmo tempo, o tema do isolamento emocional estaria presente, no sentido de necessitar dele ou de se ter sentido isolada. Provavelmente sentiria o desafio para se libertar do passado e seria importante que tivesse um foco para superar obstáculos, assim como seria importante que tivesse sido assertiva quando a situação assim pedia (Lua semi-crescente). A energia de Marte retrógrado em Gémeos em sextil à Lua, tornar-se-ía mais psicológica que física e poderia ser bastante desgastante. Ela poderá ter sentido também alguma dificuldade em exteriorizar impulsos agressivos, ser assertiva e poderia aparentar estar mais tranquila do que realmente estaria interiormente. Com este Marte retrógrado, poderia haver dificuldade em relaxar, pois o ímpeto é mais psicológico que físico, mais deliberado que impulsivo.

A escrita como forma de escape e o seu mundo interior Ao pensarmos em Virginia Woolf, mesmo que não saibamos muito da sua interessante história pessoal, sabemos que foi escritora. É esse o seu cartão de identidade ao longo de já um século. Virginia tem um ascendente em Gémeos com o regente Mercúrio na casa 10, e no signo de Aquário. Isto traduz de forma incrivelmente fiel, alguém para a qual a mediação com o mundo foi feita através da palavra; alguém que é vista pela sociedade em geral como uma escritora notável e que imprimiu uma nova forma de escrever, numa época desenhada ainda pelo cânones vitorianos, ela escrevia sobre a experiência interior das suas personagens. E nesta questão podemos observar que o seu Mercúrio está em aspecto a um Stellium na casa 12 de Júpiter, Neptuno e Quíron. A sua casa 12 com tantas dinâmicas planetárias, poderá falar de alguém que se sentiu isolada ou que precisava de isolamento. Poderia existir alguma tenacidade, rigidez, resistência e fidelidade, a dinâmicas psicológicas e inconscientes relacionadas com uma grande empatia com a dor e com o sofrimento alheio, aliados a uma grande imaginação (Conjunção de Quíron, Júpiter e Neptuno em Touro na casa 12). Na carta que deixou para o seu dedicado marido, Leonard Woolf, confessava que se sentia novamente presa da loucura. Virginia seria alguém com sensibilidade ao sofrimento humano mas que provavelmente sentiria uma necessidade de fuga, e que usou a escrita (quadratura a Mercúrio deste Stellium) como uma excelente forma de escape. Mais de que uma forma de escape parece ter sido um grande suporte. Havia uma ambiguidade de sentimentos muito interessante: um medo do caos, de se perder, de perder o controle, era referido inúmeras vezes aquando das suas crises e ao mesmo tempo, esse estado era extremamente fértil. Saturno está conjunto a Neptuno em Touro, o que poderia ser um indicador desses medos e também da sua produtividade.

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“A loucura é aterradora, posso assegurar-te isto, e vale a pena tê-la em conta; na sua lava encontro ainda a maior parte das coisas acerca das quais escrevo.” Carta de Virginia Woolf a Ethel Smyth, 22 de Junho de 1930 A escrita como a sua biografia refere, era como uma distracção da realidade. Esta afirmação é extremamente curiosa. Regra geral, ao observar as dinâmicas planetárias numa casa 10 e numa casa 12, aliaria este Mercúrio a um lado mais consciente da personalidade, mais tangível; e o conjunto de planetas na casa 12, a uma dinâmica menos tangível. No entanto, ela refere a escrita (Mercúrio) como a fuga e as dinâmicas da casa 12 como a realidade onde se sente a afundar. Penso que o facto de serem tantos planetas e de operarem no signo de Touro, se materializam na vivência desta pessoa de uma forma bastante intensa.

O seu submundo Quando o rei do submundo Plutão é actor na casa do nosso inconsciente, provavelmente haverá uma tendência para absorver a negatividade em redor, o que é mais escuro, o que não é dito, o que está escondido. Podemos dizer que provavelmente existiria uma ligação do seu inconsciente à sombra colectiva, aos tabus mas também ao sofrimento. Plutão fala-nos também de abusos de poder e de situações abusivas em geral, e a casa 12 falanos de sofrimento e culpa. Plutão está em trígono a Ceres e ambos fazem parte da mesma história mitológica de Perséfone. Ambos falam de histórias de morte, renascimento e renovação, aceitação das mudanças e separações, dor e mágoa. As perdas e histórias de separação na vida de Virginia Woolf foram muitas, e obrigaram-na certamente a processos de renascimento intensos. O poder transformativo desta dinâmica pode ser uma herança genética. Como Plutão está retrogrado no seu mapa e numa casa do domínio do inconsciente, Virginia poderá ter sentido dificuldade em trazer para escrutínio, o seu lado negro. Poderá acontecer, que quando esta energia permanece tão interiorizada e não encontra canais para ser exteriorizada, se torne desafiante para uma actuação psicológica saudável. Plutão também é representativo de um lado sexual e o facto de: • • •

Plutão estar retrógrado e na casa 12 o signo de Escorpião estar na casa 6 e interceptado a casa 8 abrir em Capricórnio

poderá fazer com que o desejo sexual não se expresse de uma forma tão natural. Numa das suas biografias é referido o seguinte: “A sexualidade complexa e ambígua da escritora inglesa tem sido objecto de múltiplos estudos. Os abusos sexuais de que foi vítima por parte dos seus meio-irmãos George e Gerald durante a sua infância - tema que abordou explicitamente nos seus diários – terão deixado nela uma ferida aberta que interferiu de maneira definitiva nas suas relações com os homens, e permitiria explicar, pelo menos em parte, a sua conhecida frigidez.”

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Virgínia Woolf sofreu uma doença que começou na adolescência e que se caracterizava por alterações do humor, na forma de episódios depressivos, associados a sintomas psicóticos (actividade alucinatória auditiva na forma de vozes). Existe ainda um episódio, em 1915, em que terá ficado num estado compatível com um episódio maníaco: “(…) entrou num estado de frenesim verborreico, falando de forma mais turbulenta e incoercível, até cair numa total incoerência e afundar-se no coma.” Bell, Quentin (2003): Virgínia Wolf Durante os episódios, com o apoio e a presença continua de Leonard e Vanessa, permaneceu internada em casas de saúde e sanatórios, pois sempre recusou os internamentos psiquiátricos. Na carta que deixou escrita antes de suicidar-se, confessava apresentar novamente alucinações auditivas: “Comecei novamente a ouvir vozes e não me posso concentrar”. Embora não esteja preparada para analisar na carta natal dados possíveis de relacionar com o estado de saúde mental de Virginia, posso perceber que todas estas dinâmicas planetárias na casa 12, na sua maioria num signo que está interceptado, activam o seu inconsciente pessoal e colectivo, operando de forma poderosa mas de forma indirecta e subtil, difícil de canalizar numa acção directa. A análise da sua doença dentro da Astrologia Médica, estaria relacionada com o Ascendente, regente do Ascendente, casas 4, 6 e 8 e os seus respectivos regentes, ligando ao Meio do Céu numa síntese de tendências da astrologia médica. Haveria porventura uma grande vontade de voltar à unidade… ****

Termino com esta citação dela, relembrando que a tão aquática casa 12 abre no signo de fogo Carneiro:

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