Jornal da FMB nº 28

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FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Tabaco e álcool facilitam câncer na língua A associação entre tabaco e álcool é cientificamente prejudicial ao organismo. Estudos diversos na Medicina comprovam os prejuízos acarretados pelo longo uso dessas substâncias. Uma das constatações mais expressivas foi verificada por um grupo de pesquisadores que apontou o surgimento de lesões pré-cancerígenas em regiões como língua e faringe. Durante 260 dias, a pesquisa analisou os efeitos da exposição prolongada da fumaça do cigarro e da ingestão crônica de álcool nos tecidos nas mucosas que compõem a língua e faringe. Página 9

Ação da FMB verifica tracoma em crianças

Presença dos voluntários tem animado pacientes que utilizam os serviços do Hospital das Clínicas

Estudos na FMB reforçam ‘batalha’ contra câncer causado por vírus

Faculdade de Medicina/Unesp possui uma das poucas equipes do país a se dedicar exclusivamente a estudar mecanismos moleculares dos cânceres relacionados a infecções por vírus. Página 12

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FOTO ELIETE SOARES

AÇÃO- Estudantes, professores e médicos da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas, câmpus de Botucatu, atenderam, dia 9 de outubro, 342 pessoas em São Luiz do Paraitinga. Profissionais e alunos participaram de uma 'feira de saúde' para pacientes que precisavam de especialistas em dermatologia, endocrinologia, neurologia, oftalmologia e reumatologia. Página 3 FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Professora representa FMB na Europa

FMB perde personagem de sua história Faleceu na madrugada de 28 de setembro, a professora emérita da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Dra. Cecília Magaldi. A médica infectologista foi uma das fundadoras do Centro de Saúde Escola (CSE), em 1972, e estava doente há alguns meses. Nascida na Capital, professora Cecília curso medicina na USP (Universidade de São Paulo), onde formou-se em 1951. Iniciou sua carreira universitária na 1ª Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e na Clínica de Doenças Tropicais Infecciosas. Página 5

Sistema virtual dinamiza prescrição O sistema online de prescrição médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) passou a oferecer uma nova facilidade aos médicos que o utilizam. Através de uma ferramenta desenvolvida pelo Setor de informática da unidade já é possível o compartilhamento da justificativa e dos pareceres quando há indicação de medicamentos antimicrobianos e/ou de uso restrito. No passado, a prescrição era impressa em papel, o médico justificava manualmente sua necessidade e o documento seguia para as comissões responsáveis. Página 11

Duas vezes por semana algumas das enfermarias que compõem o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) vivem clima de alegria e descontração. O projeto, criado no ano 2000, tem por objetivo oferecer um ambiente menos ‘frio’ para crianças internadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB). Através de visitas às enfermarias de Pediatria e Quimioterapia da unidade, os ‘Médicos da Alegria’ realizam brincadeiras e exibem pequenas montagens teatrais entre outras atividades. Página 8

FOTO VIDAL HADDAD JR.

Ação da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), realizada dias 18 e 19 de outubro, em escolas municipais do município, analisou mais de 3.400 crianças para diagnóstico e prevenção do tracoma- uma das doenças oftalmológicas mais contagiosas na população. Todo o projeto é integrante do PET Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho) do Ministério da Saúde e conta com apoio da Secretaria de Estado da Saúde e prefeitura de Botucatu. O objetivo foi verificar, em crianças de 6 a 14 anos, sinais e presença da doença. Página 6

“Médicos da Alegria” faz 10 anos no HCFMB

Vigilância do campus treina abordagem Desde 2009, o campus de Rubião Júnior da Unesp conta com o auxílio de duas motocicletas para rondas em seu setor de vigilância. Para melhor utilização dos veículos e métodos de abordagem, dezesseis prof issionais passaram por treinamento na manhã de 13 de outubro. Página 6

Cecília Magaldi era professora emérita da FMB


2 FACULDADE DE MEDICINA

ENSAIO

Infertilidade do casal e as técnicas de reprodução assistida

Aproveitando o ensejo do anúncio do prêmio Nobel de Medicina de 2010, concedido ao médico britânico Robert G. Edwards (foto) pelas descobertas relativas à técnica de fertilização in vitro (FIV), a Dra. Anaglória Pontes, livre-docente, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMB/Unesp, aceita o convite de escrever sobre o amplo tema da infertilidade humana. Infertilidade é definida pela inabilidade do casal em conceber naturalmente após um ano regular de relação sexual não protegida. Afeta um em cada seis casais, ou seja, aproximadamente 15% dos casais. A avaliação de infertilidade é geralmente iniciada após 12 meses de tentativa, mas se deve iniciar antes deste período se a mulher tiver mais de 35 anos, ou se o casal já têm outros problemas de saúde. Isso porque em casais saudáveis a probabilidade de engravidar por ciclo menstrual é de 25% a 30%. Assim, a chance cumulativa de concepção é de 60% em seis meses e de 84% dentro de um ano. As causas de infertilidade são variadas e podem estar associadas (fator masculino e feminino). As mais comuns são as doenças tubárias, as disfunções ovulatórias e as anormalidades dos espermatozóides. Em 10% dos casos não se consegue determinar a causa - é o que denominamos de infertilidade sem causa aparente (ISCA). Na primeira consulta do casal infér-

til recomenda-se verificar hábitos alimentares, uso excessivo de cafeína, se são tabagistas, se fazem uso de drogas ilícitas (cocaína, maconha e, crack...). O tabagismo e a obesidade acarretam diminuição da fertilidade masculina e feminina. No homem, o tabagismo pode levar a redução da testosterona e espermatogênese e na mulher, a menopausa ocorre mais cedo do que para não fumantes, além do que os bebês apresentam restrição de crescimento intra-uterino. A obesidade prejudica a qualidade do óvulo e reduz a implantação do embrião. Deve-se verificar também o padrão menstrual, sexual, história obstétrica e doenças associadas. Outro ponto é que, no Brasil, a laqueadura é uma causa importante de infertilidade por fator tubário e não deveria ser realizada, antes dos 30 anos de idade, pois o índice de arrependimento é elevado. Devem-se oferecer outros métodos contraceptivos não definitivos. Após a avaliação clínica do casal, deve ser realizada uma investigação básica: sorologia para hepatite B, C e anti-HIV, hemograma completo com VHS e pesquisa de chlamydia trachomatis (em 90% dos casos não há sintomas, mas a infecção pode posteriormente acarretar infertilidade por obstrução tubária). Para o homem, dois espermogramas (com objetivo de se avaliar as anormalidades espermáticas). Para a mulher pesquisam-se outras infecções ginecológicas, exame de Papanicolaou e avaliação da função tireoidiana. Afastadas as infecções, deve-se realizar: a histerossalpingografia para avaliar a patência das tubas uterinas, a dosagem do hormônio folículo estimulante (FSH) deve ser realizado no terceiro dia do ciclo menstrual em mulheres com idade superior a 35 anos para avaliar a função ovariana. Após esta investigação inicial, uma avaliação avançada é realizada de acordo com cada caso, incluindo outras dosagens hormonais (testosterona total, prolactina), laparoscopia (suspeita de endometriose, aderências pélvicas, outras doenças ginecológicas ou se a his-

terosalpingografia mostrar alterações). O cariótipo deve ser realizado em casos específicos. Realizado o diagnóstico da causa da infertilidade do casal, o tratamento instituído é individualizado para cada caso. O tratamento mais simples e menos dispendioso é a indução da ovulação por via oral acompanhado pela ultrassonografia. É indicado nas disfunções ovulatórias, com tubas uterinas e espermograma normais e sem outras alterações. A chance de gravidez em cada ciclo é de 30% a 40 %. Em casais que desejam engravidar, é mandatório que a mulher faça suplementação com ácido fólico três meses antes da concepção. Podem prevenir malformação do tubo neural como anencefalia, espinha bífida entre outras e lábio leporino. O custo para o tratamento da infertilidade ainda é elevado principalmente se for necessário utilizar as técnicas de Reprodução Humana Assistida.

35 anos. Outra opção, a ovodoação, está indicada nos casos de falência ovariana prematura (FOP). E a inseminação com sêmen do doador tem indicação nos casos de azoospermia, e em casos selecionados. As técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade (inseminação intrauterina) e as de alta complexidade (FIV e ICSI) requerem estimulação ovariana diária com gonadotrofinas (medicação injetável de custo elevado) com obrigatoriedade da monitoriração do crescimento folicular pela ultrassonografia. Após 36 horas da maturação oocitária é realizada a punção ovariana, sob anestesia para retirada dos oócitos. Na inseminação intra-uterina, um cateter é introduzido pelo orifício do colo e, após sua capacitação, o sêmen é introduzido no fundo do útero. Na FIV e ICSI, as células são fertilizadas em laboratório com o sêmen capaci-

OPINIÃO

03/11/2010 - EVENTO CONGRESSO DE EXTENSÃO DA FACULDADE DE MEDICINA Local: Salão Nobre da FMB Horário: não divulgado Contato: vmoreno@fmb.unesp.br 05/11/2010 - EVENTO VIII CONGRESSO DO TRAUMA DE BOTUCATU Local: Salão Nobre da FMB Horário: 18:30 Contato: marianabmar@bol.com.br 08/11/2010 - EVENTO CURSO DE ETIQUETA PROFISSIONAL E MAKETING PESSOAL Local: Casa do Servidor Horário: 13:30 Contato: gtdrh@fmb.unesp.br 12/11/2010 - EVENTO FORMATURA DA 43ª TURMA DE MEDICINA DA FMB Local: Ginásio Poliesportivo da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu Horário: 16:00 Contato: mquadros@fmb.unesp.br 12/11/2010 - EVENTO FORMATURA DA 19ª TURMA DE ENFERMAGEM DA FMB Local: Colégio Arquidiocesano La Salle Horário: 18:00 Contato: mquadros@fmb.unesp.br 02/12/2010 - EVENTO WORKSHOP - INDICADORES COM FOCO NA GESTÃO POR RESULTADOS Local: Salão Nobre da FMB Horário: não informado Contato: miriampaiva@fmb.unesp.br

Informações detalhadas no site www.eventos.fmb.unesp

HCFMB e a Semana Mundial de Aleitamento Materno

OUTUBRO 2010

por Luciano Lelis; atividades artísticas com o grupo AGR, formado por alunos de Relações Públicas da Faculdade de Arquiretura, Artes e Comunicação (FAAC) de Bauru; visita dos Doutores da Alegria, os “Cuestalhaço” e exposição de fotos de mães, que ainda amamentam, internadas com seus bebês no Hospital das Clínicas. As imagens feitas por Flávio Fogueral e Eliete Soares, fotógrafa do Departamento de Dermatologia. Dia 23 de agosto, no Salão Nobre da FMB, foi o encerramento da Semana Mundial de Aleitamento Materno 2010 em Botucatu, onde aconteceu homenagem às mães que amamentam , as doadoras do Banco de Leite Humano e uma apresentação musical com as crianças do Centro de Convivência Infantil do Campus de Botucatu. As colaborações foram imensas e aproveitamos este momento para agradecer a todos: *Superintendência do HC que pelo patrocínio de cartazes, folders, entre outros. *Divisão Técnica de Enfermagem; *Famesp; *ACI (Assessoria de Comunicação e Imprensa do HC/UNESP, que esteve presente em toda divulgação deste evento; *NEAD.TIS, que gentilmente elaborou um DVD com depoimento de mães que amamentaram gêmeos e também com o designer dos cartazes, folders e faixa; * Grupo Técnico de Desenvolvimento de Recursos Humanos (GTDRH) que muito nos auxiliou;

* Enfermarias da Área Materno Infantil e seus colaboradores; *CCI (Centro de Convivência Infantil) da UNESP na pessoa da supervisora Elcy Dutra Calvi; * IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança); *Banco de Leite Humano; *ASU (Associação dos Servidores da Unesp); *Gold Silver. E também agradecemos as cidades da região que nos informaram ter trabalhado o tema Aleitamento Materno de forma mais intensa no mês de agosto. São Manuel, Areiópolis e Tijupá são estas cidades.Em São Manuel ministraram para aos clientes do Centro de Saúde “Deputado Geraldo Pereira de Barros” uma palestra sobre Amamentação e Banco de Leite Humano; Areiópolis promoveu palestras e visitas domiciliares para discutir o tema com os moradores do Nosso Teto , e em Tejupá, contamos com a Diretora de Saúde Djanira P.Martins que dedicou um dia para dinâmicas, sorteios e palestras sobre o assunto com os moradores da cidade. A Dra Dra. Maria José Guardia Mattar (coordenadora geral dos Bancos de Leite do Estado de São Paulo) que esteve presente para encerrar a SMAM com uma palestra,o nosso muito obrigado.

PATRÍCIA KELLY SILVESTRE

é enfermeira coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp

SUA OPINIÃO

Todos os meses, os resultados das enquetes presentes no site da Faculdade de Medicina serão publicados no Jornal da FMB

Participe também das enquetes acessando www.fmb.unesp.br

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO

DE

MESQUITA FILHO”

Reitor: Herman Jacobus Cornelis Voorwald Vice-reitor: Julio Cezar Durigan

F ACULDADE

DE

M EDICINA

DE

B OTUCATU

Diretor: Sérgio Swain Müller Vice-diretora: Silvana Artioli Schellini Superintendente do HC HC: Emílio Carlos Curcelli Vice-superintendente: Irma de Godoy

JORNAL DA FMB

Estabelecida desde 1992 pela World Alliance for Breastfeeding Action (WABA), a Semana Mundial de Aleitamento Materno conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Seu objetivo é facilitar e fortalecer a mobilização social para a importância da amamentação. Comemorada no mês de Agosto, já envolve mais de 120 países, considerando-se as iniciativas e esforços globais relacionados com o tema. Em Botucatu, o Banco de Leite Humano do Hospital das Clínicas contou com a colaboração da Prefeitura Municipal, Unimed – Saúde Preventiva e Hospital Regional Sorocabana. Durante uma semana, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) organizou, junto a parceiros, diversas atividades. As ações tiveram início dia 14 de agosto, na XI Feira da Saúde, realizada na Praça Emílio Pedutti (Praça do Bosque) com um estande onde foi abordada a importância do Aleitamento Materno. A mesma estrutura também foi montada no Boulevard do HC, coordenado por alunos Bolsistas da Pró-Reitoria de Extensão da Unesp (Proex), sob responsabilidade da Dra. Maria Antonieta Carvalhaes. No HC, aconteceu ainda, entre os dias de 14 a 23 de agosto, a apresentação do Coral “Canto e Encanto”. A programação se concentrou no Boulevard e no Salão Nobre. Foi possível conferir música ambiente (MPB), interpretada

ANAGLORIA PONTES

é professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Botucatu

agenda

Técnicas de Reprodução Humana Assistida A inseminação intra-uterina está indicada nos casos de infertilidade sem causa aparente, endometriose mínima e fator masculino leve. É um tratamento não invasivo e com taxa de sucesso de aproximadamente 15% em cada tentativa dependendo da causa da infertilidade. A paciente deve ter tubas uterinas normais e o homem apresentar pelo menos 5 milhões de espermatozóides após capacitação do sêmen. A fertilização in vitro (FIV) está indicada nos casos de infertilidade por fator tubário, fator masculino moderado, infertilidade sem causa aparente, endometriose moderada a severa. A ICSI (sigla em inglês de injeção intracitoplasmática de espermatozóides) está indicada nos casos de fator masculino severo e após falha de várias tentativas de FIV. Ambos são tratamentos invasivos. A chance de sucesso (bebê em casa) é de aproximadamente 30% (ou seja, a mesma chance de um casal que não tem problemas para engravidar) em cada tentativa se a paciente têm menos de

tado. Após 48 a 72 horas, se houve formação de embriões, até três embriões podem ser transferidos por meio de cateter para o útero, aguarda-se 14 dias após a transferência de embrião para se verificar se ocorreu a implantação embrionária (gestação). As técnicas de reprodução assistida representam um avanço extraordinário na medicina. O Professor Robert Edwards, agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina após 32 anos do nascimento do primeiro bebê de proveta, realizou o sonho de muitos casais que não conseguiriam engravidar de forma natural antes de 1978.

Presidente da Famesp: Pasqual Barretti Vice-presidente: Shoiti Kobayasi O Jornal da FMB é uma publicação mensal dirigida ao público interno da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médicohospitalares e de pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem ser encaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp pelo endereço imprensa@fmb.unesp.br. Assessoria de Comunicação e Imprensa- Leandro Rocha (MTB-50357) Produção, editoração e impressão: G3 Gráfica & EditoraRua Jorge Barbosa de Barros, 163- Jardim Paraíso-Botucatu-SP Reportagens: Flávio Fogueral (MTB- 34927) Fotografia: Flávio Fogueral, Fotografia AG e Arquivo ACI/FMB


3 FACULDADE DE MEDICINA

Faculdade de Medicina participa da reconstrução de São Luiz do Paraitinga Estudantes, professores e médicos da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas, câmpus de Botucatu, atenderam, dia 9 de outubro, 342 pessoas em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo. O município foi arrasado por uma enchente do Rio Paraitinga, em janeiro. Profissionais e alunos participaram de uma 'feira de saúde' para pacientes que precisavam de especialistas em dermatologia, endocrinologia, neurologia, oftalmologia e reumatologia. A ação foi programada para atender pacientes já registrados pela Secretaria Municipal de Saúde. As consultas foram feitas em uma escola municipal e em um posto de saúde da cidade. Cerca de quarenta profissionais de Botucatu avaliaram f ichas médicas e os doentes, indicando medicação, tratamento e, em casos mais graves, encaminhando os pacientes para especialistas do hospital público de Taubaté, cidade vizinha que atende a região. Através do mutirão promovido pelos profissionais da FMB/

Unesp, mais de 80% da demanda foi solucionada no mesmo dia e encaminhados de volta para a rede básica de saúde da cidade. A iniciativa foi dos professores Maria Cristina Pereira Lima e Vidal Haddad Junior, da FM, e da secretária de Saúde do município, Ana Silvia de Carvalho Ferreira. A maior demanda foi por atendimento oftalmológico. Médicos e residentes do HC avaliaram 180 casos com a Unidade Móvel de Oftalmologia. As pessoas avaliadas já saíam da escola, onde o veículo estava estacionado, com armações para os óculos. “A diretoria do HC quer formar equipes, com médicos e enfermeiros em diversas especialidades, para atender casos de emergência, como ocorreu em São Luiz do Paraitinga”, afirmou o médico Alexandre César Taborda. Ele, o professor Arthur Oscar Schelp e quatro estudantes realizaram

A MAIOR DEMANDA FOI POR ATENDIMENTO OFTALMOLÓGICO ONDE FORAM AVALIADOS

180 CASOS NO LOCAL

FOTOS VIDAL HADDAD JR.

“Esse é um projeto

de extensão que poderia se repetir em situações semelhantes

Vidal Haddad Júnior ao avaliar a ação de saúde no município

Vidal Haddad e Maria Cristina Pereira Lima com a prefeita do município, Ana Sicherle e a secretária de saúde, Ana Ferreira

atendimentos no âmbito da neurologia. Professor Vidal Haddad Júnior, do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e um dos coordenadores do mutirão, disse ter ficado bastante satisfeito por perceber o sentimento de gratidão da população em relação aos profissionais de saúde que participaram da ação. "Foi muito gratificante, vários especialistas trabalharam juntos em torno de um objetivo comum. Esse é um projeto de extensão que poderia se repetir em situações semelhantes", afirmou ele. O docente chegou a cogitar que seja montada uma equipe específica para atuar após ca-

Mais de 80% da demanda foi solucionada no mesmo dia da ação tástrofes como a que ocorreu em São Luis do Paraitinga. "A estrutura montada pelo município para que pudessemos realizar os atendimentos foi muito boa

e facilitou nosso trabalho. Também contamos com a boa vontade de diversos voluntários", colocou. (Com informações da ACI Unesp)

MOMENTO HISTÓRICO

No Dia do Médico, prof. Saad volta no tempo e ministra de novo 1ª aula do então Curso de Aplicação em Medicina A Associação Paulista de Medicina (APM) – Regional Botucatu encontrou uma forma diferente de celebrar o Dia do Médico: em 18 de outubro, o professor emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) William Saad Hossne, de 73 anos, ministrou mais uma vez a aula que inaugurou o curso de cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), no dia 1 de outubro de 1965. Hossne guardou por todo esse tempo a aula que deu, há 45 anos. O tema da primeira aula foi “Relação Médico (Cirurgião)/Paciente”. Durante apresentação, o palestrante homenageou os primeiros professores que integraram a antiga FCMBB e acabaram por ficar na instituição até os dias atuais. Saad fez questão de ler toda a

FOTO ACI FMB

Exposição comemora início do curso Em comemoração aos 45 anos da implantação do 1º Curso de Aplicação em Medicina, da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), a Biblioteca do Campus - Unesp de Rubião Júnior, sediou uma exposição fotográfica denominada "Uma experiência de Ensino Médico Formativo". A organização foi da historiadora Isaura Bretan. Através de fotografias e documentos ilustrativos, o visitante teve oportunidade de conhecer e relembrar um dos momentos mais importantes do início da FCMBB, que viria a se tornar embrião da Unesp. Textos explicativos complementam as informações sobre os fatos da época. A abertura da exposição reuniu pessoas que vivenciaram o momento inicial do curso de Medicina, como os professores eméritos da FMB, Willian Saad Hossne, Augusto Cezar Montelli, além do diretor da escola, Sérgio Müller. Prof. Saad, ao relembrar os primeiros momentos da então FCMBB, declarou que a FCMBB, à época, chegou com a proposta de ser o local de fomento e de inovação nas ciências

Irene Masci e prof. Saad durante evento comemorativo aula para garantir a fidelidade do conteúdo passado aos alunos. Alguns dos quais estiveram presentes à sede da APM. Irene Masci, presidente da APM em Botucatu abriu a palestra pedindo aos presentes que esque-

cessem dos títulos que possuíam e voltassem a ser somente alunos como eram naquela primeira turma. “Proponho uma viagem no tempo para relembrarmos aquelas dificuldades e alegrias com saudade”, ressaltou.

REUNIÕES

A Diretoria Técnica Administrativa da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) iniciou, na Seção de Comunicações, uma série de oficinas de planejamento estratégico que deverão abranger outras áreas, como Finanças, Materiais e Recursos Humanos. Durante o encontro, realizado dia 22 de setembro, foi proposta uma reflexão sobre a missão (razão de existir) daquele setor. De acordo com a diretora

técnica-administrativa da FMB, Sandra A. S. Silva, essas oficinas de planejamento têm o objetivo de integrar as pessoas que trabalham na mesma seção e reforçar a necessidade de processos participativos. “Através da reflexão sobre a missão de cada área, independente da função do colaborador, conseguimos avaliar pontos fortes e o que precisa ser melhorado”, pondera. “A falta de conhecimento sobre a razão de existir de cada uma das áreas dentro de

uma organização faz com que as tarefas sejam desempenhadas pelos servidores de forma mecânica, o que é negativo; eles precisam saber a importância do que fazem, as suas contribuições para a atividade f im da instituição”, continua Sandra. As oficinas de planejamento são uma iniciativa da Diretoria Técnica Administrativa, com apoio do Grupo Técnico de Desenvolvimento de Recursos Humanos (GTDRH).

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Oficinas conscientizam servidores sobre missão de áreas administrativas

médicas e biológicas. “Enfrentamos dificuldades, invasão do campus pela polícia, momentos políticos adversos e pudemos vivenciar todos esses fatos. Valeu a pena e muito pelos que vieram depois”, declarou. Já professor Montelli relembrou a aula inaugural do curso, ocorrida em 27 de setembro de 1965. Além disso, realçou a importância da FCMBB no então cotidiano de Botucatu e as transformações que a presença da faculdade provocaria. “Somos felizes por termos uma história rica e isso faz com que a FMB e a Unesp sejam grandes. Dos pioneiros que vieram, por exemplo, nenhum foi embora, de tanta afinidade e dedicação que tiveram com a escola”, complementou. Segundo Isaura Bretan, o momento da criação do curso marcou significativamente a educação não somente em Botucatu, mas em todo o interior já que haviam poucas escolas de ensino médico instaladas no Estado. "Esse curso causou grande impacto entre os estudantes do curso de Medicina da FCMBB, não só pela sua qualidade, mas também pelo fato de que a instituição, pela sua singularidade, abrigava vários cursos no seu ciclo básico e este, de Aplicação, era o primeiro diretamente relacionado com a formação do aluno médico", explica a historiadora.

Abertura reuniu professores e alunos que fizeram parte da história da antiga FCMBB OUTUBRO 2010


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FACULDADE DE MEDICINA

Ilda de Godoy entre seleto grupo premiado com intercâmbio na Europa

Profa. Ilda desenvolverá projeto na Espanha por um ano inovadores em saúde, que utilizam tecnologias em informação e comunicação não disponíveis atualmente nos serviços já existentes”, declarou. “Isso acarreta benefícios para a formação profissional, acadêmica e de pesquisa nessa área de atuação, alem de proporcionar à aplicação dos conhecimentos adquiridos no retorno a instituição”, complementou profª Ilda.

APRIMORAMENTO CONSISTIRÁ NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO VOLTADO À PNEUMOLOGIA

DESTAQUE

Profª Yara Marcondes é a nova vice-chefe da Anestesiologia A professora titular Yara Marcondes Machado Castiglia tomou posse, dia 5 de outubro, como a nova vice-chefe do Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB). Ela substitui o prof. Guilherme de Barros e terá mandato até setembro de 2011. Presidida pelo diretor da FMB, Sérgio Müller, a posse teve a presença de professores da seção e do presidente da Fundunesp (Fundação para o Desenvolvimento da Unesp), Luiz Antonio Vane, além de funcionários da seção. Durante a leitura do termo de posse, prof. Müller ressaltou a participação dos departamentos nas mudanças vividas pela faculdade. Além de citar o investimento em pesquisa com a construção das Unidades de Pes-

“Trabalhamos em um

departamento unido, ativo e forte. Isso representa o comprometimento frente à FMB

Profa. Yara Marcondes sobre o perfil do departamento OUTUBRO 2010

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Trabalhos de terraplanagem na área onde será construída o novo hospital já começaram. quisa Clínica e de Experimentação Animal (Unipex e Upea). Müller mencionou o processo de autarquização do Hospital das Clínicas e também da fase de internacionalização das relações da FMB. “O Departamento de Anestesiologia tem tido um bom desempenho na consolidação das relações internacionais que a FMB mantém”, declarou o diretor. Para a nova vice-chefe, o momento é de consolidação das re-

lações do departamento com as demais esferas da faculdade. “Trabalhamos em um departamento unido, ativo e forte. Isso representa o comprometimento frente à FMB”, declarou. Mesma opinião compartilhada pelo chefe do departamento, prof. Paulo Nascimento. “Desde nossos programas de Pós-Graduação e as grandes mudanças que a Faculdade de Medicina passa, o Departamento de Anestesiologia está presente”, finalizou.

A Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) titulou, no início de outubro, o professor Alexandre Bakonyi Neto, do Departamento de Cirurgia e Ortopedia, como seu mais novo livre-docente no Conjunto de Disciplinas de Clínica Cirúrgica da instituição. O concurso foi realizado em três etapas nos dias 4 e 5 de outubro, que consistiu na aplicação de prova escrita, apresentação sobre temas da especialidade em exame didático e também de tese. Em sua prova escrita e didática, o professor abordou os temas ‘câncer de cólon e reto’ e ‘transplante de intestino’, respectivamente. No dia 5, Bakonyi defendeu seu texto de tese intitulado “Síndrome do intestino curto e transplante intestinal”. Compuseram a banca de avaliação os professores Maria Henry, João Luiz Amaro- ambos da FMB-; Orlando Castro Silva e

Professor Bakonyi Neto, defendeu tese intitulada “Síndrome do intestino curto e transplante intestinal”

Teleforo Bacchella, da USP (Universidade de São Paulo) e Ivan Hong Jun Koh, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Prof. Alexandre Bakonyi Neto é graduado em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (1977). Possui Mestrado e Doutorado pela Universidade Federal de São Paulo. Atualmente é professor da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, membro da equipe do Hospital AC Camargo e médico assistente do serviço de cirurgia geral do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

O projeto a ser desenvolvido pela professora pretende melhorar os resultados clínicos e reduzir tanto o uso como os custos dos serviços de saúde e melhorar os fluxos de trabalho

entre as partes envolvidas. É proposto o acompanhamento e implantação de um Programa de cuidado integrado usando videoconferência no domicílio do paciente e monitoramento remoto. A expectativa é reduzir o índice de hospitalização e ou consultas nos serviços de emergência durante três meses após alta da hospitalização convencional e ou internação domiciliar para pacientes frágeis com DPOC. O programa prevê um tutor da instituição onde o estágio será realizado e outro na instituição de origem do estagiário estabelecendo, assim, uma parceria entre as organizações. O financiamento do estágio será realizado por meio de bolsa de pós-doutorado obtida junto ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científ ico e Tecnológico).

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Prof. Alexandre Bakonyi Neto se torna livre-docente na FMB FOTO ARQUIVO PESSOAL

A professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Ilda de Godoy, é uma das poucas acadêmicas brasileiras a conquistarem prêmio da Sociedade Europeia de Pneumologia durante seu congresso anual, realizado entre 18 e 22 de setembro, em Madri, na Espanha. Com a qualificação, a professora passará por um programa de estágio no Hospital Clinic- Integrated Care Unit, Medical and Nursing Direction, em Barcelona, também na Espanha. O aprimoramento, com duração de doze meses, consistirá no desenvolvimento de um projeto voltado à pneumologia. Ilda de Godoy encabeçará o trabalho “Atendimento Integrado de Pacientes com Doença Obstrutiva Crônica (DPOC): um novo conceito de cuidado de saúde”. Todo o foco será no cuidado de pacientes com DPOCque reduz a capacidade para a respiração e pode ser bronquite crônica, enfisema pulmonar, asma brônquica e bronquiectasias (alargamento ou distorção dos brônquios)- por meio de telemonitoramento. Segundo a acadêmica, a vivência na Espanha deverá proporcionar nova visão na atenção a doentes crônicos pela possibilidade de conhecimento a métodos e tecnologias disponíveis na Europa. Também é uma possibilidade de possíveis acordos de cooperação entre a FMB e o Hospital Clinic. “O estágio proporcionará aquisição de conhecimentos em novas modalidades de cuidados

TITULAÇÃO

HOMENAGEM

Diretor da FMB, recebe comenda da Polícia Militar O diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB), professor Sérgio Müller, recebeu, dia 8 de outubro, em Sorocaba, um Colar Evocativo ao Sesquicentenário da Revolução Liberal de 1842, oferecido pela Polícia Militar (PM). A cerimônia em que será entrega a comenda aconteceu no quartel do Comando de Policiamento do Interior-7. Professor Müller foi agraciado com a outorga devido à parceria entre a FMB e a Polícia Militar, em Botucatu. Foi reinaugurada dia 16 de agosto a Base da Polícia Militar em Rubião Júnior. A unidade, instalada em uma das saídas do Campus da Unesp, passou por melhorias com apoio da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB), que destinou R$ 60 mil para as obras de infra-estrutura. O espaço disponível dobrou de tamanho. O Grupo Administrativo do Campus (GAC) f icou responsável pelo mobiliário

da base, que custará R$ 3 mil. Em 1842, eclodiu em São Paulo a Revolução Liberal, l i d e r a d a p o r R a f a e l To b i as de Aguiar (1795-1857), que havia presidido a província de 1831 a 1835 e de 1840 a 1841. Ele detinha alta popularidade, pois tinha usado os recursos do próprio ordenado nas escolas, obras públicas e na caridade. Tobias de Aguiar liderou a Revolução Liberal com a ajuda, na região, do padre Diogo Antônio Feijó. A proposta principal era usar as armas para derrubar o presidente da província, o Barão de Monte Alegre. Atualmente, Rafael Tobias de Aguiar é considerado o patrono da Polícia Militar de São Paulo e seu nome f igura no 1º Batalhão de Polícia d e C h o q u e - " To b i a s d e Aguiar", unidade de elite de patrulhamento tático, mais conhecido pelo nome de " ROTA " ( Ro n d as O s t e n s i vas Tobias de Aguiar).


5 FACULDADE DE MEDICINA

O adeus a Cecília Magaldi Faleceu na madrugada de 28 de setembro, a professora emérita da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Dra. Cecília Magaldi. A médica infectologista foi uma das fundadoras do Centro de Saúde Escola (CSE), em 1972, e estava doente há alguns meses. Seu velório foi realizado no Complexo Funerário Orlando Panhozzi, em Botucatu e o sepultamento seria realizado em São Paulo. Nascida na Capital, professora Cecília curso medicina na USP (Universidade de São Paulo), onde formou-se em 1951. Iniciou sua carreira universitária na 1ª Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e na Clínica de Doenças Tropicais Infecciosas. Com sua tese sobre leptospirose, internacionalmente reconhecida, recebeu o título de Doutora em Medicina, em 1962.

DEPOIMENTOS

Cursou Pós-Graduação na então Faculdade de Higiêne e Saúde Pública da USP e, no mesmo ano, convidada, assumiu o cargo de professora. Regente de Medicina Preventiva, Social e Saúde Pública da então Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), ela implantou o Departamento e suas disciplinas. Em 1975, tornou-se professora livre-docente em epidemiologia.

PROFA CECÍLIA FOI SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BOTUCATU POR DUAS GESTÕES SUCESSIVAS

Além de defender a autonomia universitária e a ampliação da assistência médico-sanitária, instalou e coordenou a Unidade Sanitária do Lageado - a pri-

FOTO ELIETE SOARES

meira fora dos muros da FCMBB, que possibilitou o treinamento dos estudantes de medicina nas áreas de Saúde Pública, Clínica Médica, Moléstias Infecciosas e Pediatria. Realizou, também, o primeiro inquérito domiciliar sobre as condições de saúde em Botucatu, com participação dos alunos da graduação em Medicina. Professora Cecília foi secretária Municipal de Saúde de Botucatu por duas gestões sucessivas, cargo no qual assinou importantes convênios. Na década de 1980, implantou a rede básica de saúde em Botucatu, com a instalação de oito novas unidades, dando assim os primeiros passos para a municipalização da Saúde. A Diretoria da Faculdade de Medicina e a Superintendência do HC ainda expressam suas condolências aos familiares e amigos.

A mestra de todos nós

Como professora, pesquisadora, orientadora, administradora demonstrou sempre competência, dedicação e entusiasmo. De temperamento alegre e comunicativo, mas sempre muito responsável, proporcionava um clima amigável e prazeroso àqueles que com ela conviveram e trabalharam, tanto na Universidade, como na Secretaria de Saúde de Botucatu, na Ação da Cidadania e demais atividades, nas quais ela, como prof issional e cidadã, sempre se destacou. Hoje posso dizer que me considero extremamente privilegiada em ter partilhado, muito de perto, da vida dessa extraordinária pessoa que foi CECILIA MAGALDI. Com ela descobri o prazer de ensinar, planejar um curso, uma aula, fazer avaliações, ser professora, coisa que não se aprendia num curso de Medicina. Também partilhei dos primeiros passos da experiência de se ensinar na comunidade, quando ela iniciou o Ambulatório da Fazenda Lajeado, com internos do 5º e 6º ano, no início dos anos 70, podendo-se dizer que ali nasceu o embrião da disciplina de Pediatria Social do curso

de Pediatria desta Faculdade. Com seu incentivo, entusiasmo, dedicação e grande capacidade de trabalho Profa. Cecília concretizou seu sonho de levar alunos e residentes a aprenderem em um novo cenário de ensino, ou seja, junto à comunidade, quando pouco depois criou o Centro de Saúde Escola. So b e j a m en t e con h e cid as são suas realizações, não só na carreira acadêmica, que se se destacou nacional e internacionalmente, mas também como administradora, cidadã engajada e solidária. Mas minha convivência com essa querida amiga não se limitou às atividades acadêmicas. Ao longo dos anos, junto com ela, Dinah e amigos, em sólida amizade que se f irmou em encontros semanais, constituímos a “Nossa Família Botucatuense”, ou seja, uma família do coração. E por ocasião da perda de Cecília, assim se expressou um dos membros deste nosso grupo familiar: “A família que constituímos perde aquela que conhecemos no fecundo de sua maturidade, mostrando tudo o que ela foi capaz de ser, deixandonos lembranças de destemor, de fé, de alegria, esperança, e de

humildade (quase sempre exagerada), e também de construir seguidores de seus ideais, dos quais somos herdeiros. Mas por sermos família tivemos o privilégio de conhecer a Cecília que com todo seu ref inado espírito pintava, em cores, a suavidade que seu olhar alcançava; que curtia ópera como um jovem ouvia MPB; a culinária, cujas delícias muito bem conhecemos; os seus canários, cujos nomes denotavam sua sensibilidade e postura política. Em nossos encontros muito nos divertia com suas oportunas “tiradas” e sua verve cômica para contar uma história ou uma piada. Assim era Cecília Mas é nesta hora tão dura para nós, abraçados todos, com lágrimas nos olhos, proponho uma saudação à VIDA, e em coro, em nosso íntimo gritemos silenciosos – QUE BOM QUE ELA VIVIEU!”

ÁGUEDA BEATRIZ PIRES RIZZATO

é professora aposentada do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu

DINAH BORGES

DE

ALMEIDA

é professora emérita e ex-diretora da Faculdade de Medicina de Botucatu

Eterno modelo a alunos e colegas Em 1983, já como médico residente (R2) do Programa de Residência em Medicina Preventiva e Social tive o privilégio de atuar como colaborador da disciplina de Epidemiologia, ministrada aos alunos do 3º ano médico, sob a coordenação da Profa Cecília Magaldi. Só anos depois pude perceber o quão importante foi para minha formação como professor aquela experiência. Neste curso de Epidemiologia, a Profa. Cecília havia introduzido diversas estratégias pedagógicas ino-

vadoras para o ensino aos alunos de graduação. Dentre estas, destacava-se a busca de um diálogo permanente com a Clínica, enquanto um esforço para torná-la mais signif icativa e aproximar o conteúdo – doenças em populações - do que era mais próximo da vivência do aluno: os pacientes individuais. Além dos aspectos pedagógicos inovadores, o que mais me chamou a atenção, desde o início deste convívio com a Cecília, foi perceber sua enorme alegria em estar com os alunos, expressan-

do a todo o momento sua sensibilidade e humildade para fazer do processo ensino-aprendizagem uma experiência rica para todos, alunos e professores. Trazer este singelo relato tem um duplo caráter : ajudar a preser var nossa memória coletiva e mostrar o que faz de um professor um eterno modelo para alunos e colegas. ANTONIO PITHON CYRINO

A docente foi uma das responsáveis pela criação do CSE, em 1972

HOMENAGEM

Morte da professora tem repercussão na imprensa O falecimento da professora emérita da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Cecília Magaldi, teve repercussão com a divulgação do fato por jornais e emissoras de rádio. Alguns jornais de abrangência nacional como Folha de S.Paulo e Diário de S.Paulo, além de periódicos regionais e locais- Jornal da Cidade (Bauru) e Diário da Serra (Botucatu) respectivamente-, destacaram o fato com a publicação de um obituário e também da importância da professora para a Medicina brasileira. O Diário de S. Paulo, em sua edição de 2 de outubro, página 16, na seção “Minuto de Silêncio” publicou o texto “Uma vida dedicada à Medicina”, onde traçam um perfil da médica que, além da arte de curar e ajudar o próximo, tinha na pintura outra de suas paixões. O texto ressalta ainda que Cecília

foi uma das primeiras professoras a aceitarem o desafio de implantar a antiga FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu), além de ser secretária de saúde por duas vezes. A publicação ainda frisa que a médica foi a responsável pelas bases da implantação da municipalização da saúde no município. Já o portal BOL (Brasil Online), com o título “Cecília Magaldi (1928-2010) - Médica e cidadã botucatuense”, reforçou o papel da médica em ações sociais e sua carreira acadêmicaespecializou-se em doenças tropicais e defendeu tese de doutorado sobre leptospirose. A Prefeitura de Botucatu, através de documento assinado pelo prefeito João Cury Neto (PSDB) decretaria, na ocasião, luto oficial no município, além de externar os sentimentos à família.

Falecimento da professora teve repercussão expressiva nos meios de comunicação em níveis regional e nacional

é professor da Faculdade de Medicina/Unesp e supervisor do Centro de Saúde Escola

OUTUBRO 2010


6

ACONTECE/CAMPUS

FMB realiza ação de verificação de tracoma em crianças de Botucatu Ação da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), realizada dias 18 e 19 de outubro, em escolas municipais do município, analisou mais de 3.400 crianças para diagnóstico e prevenção do tracoma- uma das doenças oftalmológicas mais contagiosas na população. Todo o projeto é integrante do PET Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho) do Ministério da Saúde e conta com apoio da Secretaria de Estado da Saúde e prefeitura de Botucatu. O objetivo foi verificar, em crianças de 6 a 14 anos, sinais e presença da doença. Todas as pessoas analisadas levaram termos de autorização de pais e/ou responsáveis para parti-

cipação no projeto. Dezoito escolas do Ensino Fundamental de Botucatu participaram da ação no primeiro dia. Ao todo, 70 crianças tiveram casos de tracoma diagnosticados e passarão por tratamento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Além disso, as famílias também serão avaliadas e receberão acompanhamento médico, caso seja necessário. Segundo profª Silvana Artiolli Schellini, coordenadora do

AS FAMÍLIAS TAMBÉM SERÃO AVALIADAS E RECEBERÃO

ACOMPANHAMENTO MÉDICO, CASO SEJA NECESSÁRIO

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

projeto, a ação enfocada no diagnóstico precoce proporciona rapidez e eficácia no tratamento. "É de extrema importância saber o quanto antes a existência da doença. O tracoma é mais prevalente nas crianças devido ao contato com colegas de escola no dia-a-dia, por exemplo, e também nos hábitos de higiene", ressalta. Doença oftalmológica altamente contagiosa, o tracoma leva ao comprometimento das córneas, provocando fotofobia, dor e lacrimejamento podendo causar cegueira. É causada por uma bactéria e transmitida pelo contato direto com os olhos ou secreções. Os sintomas do tracoma podem ser os mesmos de con○

COLABORAÇÃO

Mais de 3.400 crianças de Botucatu passaram por exames juntivite ou irritação ocular : tiver diagnosticada a doenp á l p e b r a s i n c h a d a s , c o r r i - ça, o tratamento ocorre atramento nos olhos e inchaço vés de antibióticos e pode dos nódulos linfáticos próxi- ser evitada com correta himos ao ouvido. Para quem giene dos olhos e mãos.

HOMENAGEM

OUTUBRO 2010

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as pessoas cheguem até os prédios administrativos, laboratórios e ambulatórios. No local, também haverá um dispositivo de identif icação. Também já foi feita a licitação para a implantação da sinalização de solo e, em parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito (Semutran) a Zeladoria do Campus está trocando as placas de trânsito. Foram entregues para instalação no local 25 postes de ferro acompanhados de oito placas de velocidade máxima regulamentada em 40 km/h, outras oito que indicam sentido de circulação de via, três placas de regulamentação de estacionamento para idosos e mais três voltadas ao público portador de necessidades especiais. “Com essas alterações, a sinalização dentro do campus f icará mais harmoniosa, terá um padrão único", esclarece Carlos Winckler, diretor administrativo do GAC.

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

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Administração Geral do Campus. Nova capacitação prática sobre o manuseio das motocicletas e métodos de frenagem e condução defensiva deve ocorrer nas próximas semanas nas dependências da Fazenda Experimental Lageado. Práticas, as motocicletas proporcionam realizar toda a ronda pelas dependências do campus de Rubião Júnior em menor tempo e também no auxílio ao trânsito local. Foram investidos R$ 20 mil para a aquisição dos veículos à época e sete agentes de manutenção e vigilância estão designados para conduzí-las.

postura pessoal e técnicas de parada em caso de necessidade. Todas as aulas foram ministradas por policiais integrantes da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicleta). Outro ponto abordado foi quanto a técnicas de abordagem ao público e relacionamento interpessoal com a comunidade. “Há um ano a AG (Administração Geral) realiza a ronda do campus de Rubião Júnior com o auxílio de motocicletas e isso proporcionou melhoria na redução de casos de furtos nas dependências da Unesp”, ressaltou Nestor Nogueira Cunha, supervisor substituto do Setor de Vigilância da

Vigilância do campus recebe atualização em abordagem e manuseio de motos Desde 2009, o campus de Rubião Júnior da Unesp (que compreende as Faculdades de Medicina, Medicina Veterinária e Zootecnia e Instituto de Biociências) conta com o auxílio de duas motocicletas para rondas em seu setor de vigilância. Para melhor utilização dos veículos e métodos de abordagem, dezesseis profissionais passaram por treinamento na manhã de 13 de outubro. O curso, ministrado pela Polícia Militar, proporcionou aos vigilantes noções teóricas de segurança em rondas com motocicletas e a postura diante do público com o veículo. Também foram abordados tópicos como

Quinze professores das unidades da Unesp em Botucatu foram homenageados por suas instituições e desde terça-feira, 19 de outubro, emprestam seus nomes para as principais ruas do campus de Rubião Júnior. As personalidades, que tiveram participação significativa na construção da história das quatro unidades da universidade no município, foram escolhidas pelas congregações de suas respectivas faculdades. Ao todo foram instaladas 36 placas que fazem referência a 15 professores da Unesp de Botucatu. Essa identificação faz parte do projeto de reformulação do sistema viário, que tem sido desenvolvido sob coordenação do Grupo Administrativo do Campus (GAC). Paralelamente, serão instaladas em breve, na maioria dos prédios do campus, 25 placas indicativas para que os usuários encontrem mais facilmente seu destino. A sinalização apontará os caminhos para que

SEGURANÇA

Os protocolos surgiram com a intenção de qualificar a atenção aos usuários do SUS, servindo como orientação e base para a prescrição médica no país, regulamentando também o uso de diversos fármacos disponíveis nas farmácias de medicamentos especializados. Alguns protocolos já existiam e foram apenas atualizado/revisados, como o de Hiperprolactinemia.

Publicação do Ministério da Saúde aborda 33 protocolos

guszewski, do Serviço de Endocrinologia e Metabologia da Universidade Federal do Paraná. “Chamamos de hiperprolactinemia o excesso da prolactina no organismo. A prolactina é um hormônio produzido na glândula hipófise, e tem como principal função promover a amamentação. Então, fisiologicamente ela está aumentada na gravidez e durante a amamentação. Mas, existem algumas doenças que podem aumentar a sua produção, como o Prolactinoma, que é um tumor localizado na hipófise e produz uma quantidade muito alta deste hormônio. A hiperprolactinemia pode causar problemas na menstruação, como atrasos ou a mulher ficar muito tempo sem menstruar; nos homens costuma causar impotência e disfunção erétil; infertilidade e diminuição da libido em ambos. Nos prolactinomas, principalmente em tumores grandes, pode haver também comprometimento da visão”, esclarece Dra Vânia, em relação a doença sobre a qual escreveu os protocolos.

Duas docentes da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Vania dos Santos Nunes e Célia Regina Nogueira, ambas do Departamento de Clínica Médica, foram consultoras de um dos capítulos do Volume I do Livro Protocolos Clínicos e Diretrizes do Ministério da Saúde, lançado no dia 6 de outubro pelo ministro José Gomes Temporão. Esse é o primeiro volume de outros que virão, e aborda 33 protocolos, dentre eles o de Hiperprolactinemia, que contou com a participação das docentes. Dra Vânia esteve em Brasília, dia 6 de outubro, onde participou da cerimônia de lançamento da publicação. De acordo com ela, o Ministério da Saúde fez o convite para colaborar com o material, após o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ter aprovado um projeto de revisão sistemática sobre o tema, elaborado por ela e Dra Célia. Na produção do capítulo do livro, a dupla da FMB contou com participação do professor César Bo-

Endocrinologistas escrevem protocolo do MS Professores emprestam sobre doença que pode causar infertilidade seus nomes à ruas do campus de Rubião Jr

A avenida principal do campus, em frente à atual Administração da FMB, foi denominada Prof. Montenegro, em homenagem a Mário Rubens Guimarães Montenegro, considerado um dos fundadores da antiga FCMBB


7 ENTREVISTA O ex-aluno da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), embrião do que é hoje o campus da Unesp em Botucatu, Lenine Garcia Brandão, presenciou os primeiros anos da instituição ao ponto de jamais esquecer a antiga escola. Após décadas distante de onde vivenciou alguns dos mais significativos anos de sua vida, o médico especializado em cirurgia acaba de receber um dos maiores títulos de sua carreira acadêmica: foi recentemente nomeado professor titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista. Integrante da terceira turma de Medicina Humana formada pela atual FMB, Brandão participou ativamente da Operação Andarilho- mobilização que, nos anos 1960, buscou recursos para melhorias das condições de ensino e estrutura da antiga FCMBB. Em 1971, presta o exame para residência de cirurgia geral na USP (Universidade de São Paulo) e se transfere posteriormente para a capital paulista. Lá, começa a clinicar e também dá seus primeiros passos na arte de ensinar. Brandão não se recorda como veio a vontade em lecionar, mas ressalta que a FMB teve papel fundamental por sua formação humanística na medicina. Em 2011, Brandão completará 40 anos vinculado à USP. Uma de suas metas como professor titular é a atuação no trinômio ensino-pesquisa-assistência; pontos que para ele não há um médico formado em sua plenitude. Em entrevista ao Jornal da FMB, Lenine Garcia Brandão, traça um pouco de sua trajetória acadêmica; as lembranças de estudante e todo o panorama quanto a ser o mais novo professor titular de uma das maiores universidades do país. Discorra resumidamente sobre sua trajetória profissional desde que se formou na FMB até chegar à USP. Peço que cite qual foi sua turma e alguma lembrança marcante do período universitário. Formei-me na antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, hoje, no longiquo ano de 1970. A minha turma é a terceira, com 100 alunos. A lembrança mais marcante é a Operação Andarilho, todos nós percorrendo a estrada e mostrando que “unidos venceríamos”, como aconteceu. A partir desse movimento, a Faculdade se firmou, culminando com a saída do Diretor e novas diretrizes foram implantadas na instituição. Fui diretor do jornal O Estilete e também o responsável pelos boletins da Operação Andarilho. Aliás, estávamos caminhando no mês de maio e no Dia das Mães, fiz uma Carta às Mães, que foi divulgada nos órgãos de comunicação. Além de representante da classe no terceiro ano médico, terminei sendo o Orador na sessão solene de colação de grau. E em 1968 fui processado pelo governo militar vigente com alegação improcedente que eu estava em um comício de estudantes. Em 1971, prestei o exame para residência de Cirurgia Geral na USP, muito concorrido, com apenas duas vagas para residentes de fora, fui aprovado e após os dois anos de cirurgia geral, escolhi cirurgia de cabeça e pescoço como área de residência especializada. Nessa escolha de cirurgia de cabeça e pescoço, certamente tive in-

O ex-aluno da FCMBB que se tornou professor titular na USP

Prof. Lenine Brandão recebeu recentemente a titulação na USP fluência de um colega meu de república (morávamos entre a Curuzu e a Amando de Barros, na rua Major Leonardo), Mário Eduardo Stuhr Coradazzi, que desde os dois anos de idade, era operado constantemente (cerca de 70 cirurgias), inclusive com traqueostomia nessa idade, devido a patologia de laringe benigna que apresentava. Qual foi a importância e o diferencial da formação que recebeu na FMB para sua carreira como médico e professor? Nós tínhamos um curso avançado para a época. A partir do terceiro ano, entrávamos em contato real com o paciente, fazendo a história, exame físico, solicitando exames subsidiários pertinentes, sempre orientados pelos assistentes, todos eles interessados grandemente no ensino e as prescrições médicas eram também discutidas com os estudantes. Tivemos um ensino básico de alto nível nos dois primeiros anos. Além disso, fora capacidade, dedicação, liderança e exigência, os nossos professores nos ensinaram a respeitar o doente como ser humano e o relacionamento ético tanto com os superiores, como com o corpo de enfermagem, era do mais alto quil ate. Essa formação acadêmica que recebi foi fundamental para poder fazer a residência no Hospital das Clínicas da FMUSP. Lembro-me bem que a avaliação constou de 10 dissertações e mais a

“Ao falar que sou da

Faculdade de Medicina de Botucatu, sempre elogiam e nunca vi nenhum comentário desabonador à FMB

Lenine Garcia Brandão sobre ter se formado pela FCMBB avaliação curricular, não havendo nesse ano entrevista com os candidatos. Em que momento de sua vida nasceu a vontade de ensina r medicina? Qual a contribuição da FMB? Não sei precisar qual foi o momento que tive vontade de ensinar medicina. Posso dizer-lhe que um grande estímulo foi o exemplo dos que me ensinavam como professores e como seres humanos. Acho que isso vai crescendo. À medida que você cresce, e você ainda está aprendendo, você também ensina, você faz os seus alunos também crescerem e isso é algo muito sublime dentro de uma Academia, onde o ensino de cirurgia tem que ser tete-a-tete, individualizado. E o clímax, é quando você percebe que tem um ou mais alunos, que depois de algum tempo, são muito bons no que fazem e até melhores do que você em alguma coisa ou habili-

ACERVO DIRETORIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU FCMBB - COLEÇÃO DR. SEBASTIÃO CAMARGO SCHMIDT FILHO - III TURMA 1970

“E em 1968 fui processado pelo govermo militar vigente com alegação improcedente que eu estava em um comício de estudantes

Lenine Garcia Brandão sobre perseguição política sofrida

Lenine Garcia Brandão, na época em que foi aluno da FCMBB

dade específicas. A contribuição da FMB na minha formação é muito grande. Desde cedo, isto é, logo após a residência, dei aulas para a graduação em diversas faculdades do país. Sempre deu para perceber que essa formação profissional, médica, humanística, era difícil de ser igualada. Como o senhor avalia o ensino na FMB na época em que o senhor foi aluno? O ensino como já disse era de alto nível, tínhamos no quarto ano, provas todos os dias, ou de clínica cirúrgica ou de clínica médica. Tínhamos que estudar antes para fazer a prova e depois discuti-la com o professor, que fazia não propriamente uma aula, mas algo bem objetivo da matéria. Com toda certeza esquecerei de citar algum mestre da época, mas vou me arriscar, Professores: Neivo, da Anatomia; Walter Maurício, Arly, da Histologia; Trabulsi, Montelli, da Bioquímica; Freire-Maia, da Genética; Montenegro, Edy, da Patologia: Nagib, da Preventiva; Armando Ramos, da Farmacologia; Segre, da Medicina Legal; Neusa, da Dermatolog ia; Dinah, Campana, Eder, Ky, da Clínica Médica; Saad, Trindade, Maffei, Carlos Gomes, da Clínica Cirúrgica; Cleide, Verena, Herculano, Nóbrega da Pediatria; Gilberto Machado, da Neurocirurgia; Deláscio, da Obstetrícia; Aníbal Silveira, da Psicologia Médica; entre outros, merecem a nossa homenagem. O que nos faltava era o atendimento de urgência, de tal forma que optei pelo internato (sexto ano) no Hospital Municipal de São Paulo para sanar esta falha na minha formação. E este hospital também contava com um corpo clínico de alto gabarito, muitos deles de origem acadêmica, que vale a pena citá-los, os Professores: Emil Sabagga, da Nefrologia; Moacir de Pádua Villela, da Gastroclínica; Geraldo Verginelli e Delmont Bittencourt, da Cirurgia Cárdio-torácica; Jorge Souen, da Ginecologia; Adoniran Mauro Figueiredo, do Pronto Socorro Cirúrgico. Tínhamos também pouca orientação quanto à pesquisa de maneira geral, mas quem se interessasse encontrari a algum laboratório para a sua pesquisa. Desta maneira, junto com os colegas de turma Reynaldo Ayer de Oliveira e Maria Salma Alvarez Chaddad, instalamos no Setor de Cirurgia Experimental do Departamento de Cirurgia da Faculdade o Serviço de Perfusão e Extracórporea, fundamental para o desenvolvimento da Cirurgia Cardíaca a posteriori (Reynaldo Ayer de Oliveira, Rubens de Andrade, Marcos Silva), sob

a orientação do Prof. Saad e de seus assistentes. Nos eventos dos quais o senhor participa como acadêmico e pesquisador chega a ser reconhecido, entre outras qualidades, por ser ex-aluno da FMB? Por quê? Em 2011 farei 40 anos de USP. Então, muitos colegas terminam se esquecendo que eu sou originário da FMB e me acham como se eu fosse formado na USP, de tal modo que alguns me perguntam: qual seria a minha turma? E ao falar que eu sou da Faculdade de Medicina de Botucatu, sempre elogiam e nunca vi nenhum comentário desabonador à FMB. Dois colegas, antes do que eu, fizeram concurso para titular da USP, um da primeira turma da FMB, em Urologia e um da segunda turma em Ginecologia, não tiveram a mesma felicidade que eu, mas estavam torcendo por mim. E no ano que vem, temos um outro candidato, também formado na FMB, postulando esse cargo. O que representa para sua carreira chegar a professor titular de uma das faculdades de medicina mais renomadas do Brasil? Neste concurso realizado, tive o apoio dos cinco outros colegas livre-docentes e que poderiam participar do concurso, com vida universitária muito rica, tive o apoio também de dois outros livre-docentes aposentados e também do ex-professor titular e de todos os assistentes e do Departamento de Cirurgia. Esse tipo de aglutinação no meu nome, o respeito da banca examinadora pelos anos de academia, tudo isso faz-me mais uma vez pensar que ninguém obtem sucesso sozinho. O que penso é poder ser o melhor professor titular possível, procurando agir com bom senso e justiça. Como foi para o senhor ter em sua banca examinadora o professor emérito da FMB, Dr.Willian Saad Hossne? O Prof. Willian Saad Hossne é um ícone científico da cirurgia brasileira. Pela sua técnica cirúrgica refinada e aulas maravilhosas que tive com ele, como Choque, como Relação Médico Paciente e outras, nunca deixou de ser um modelo de admiração para todos os cirurgiões brasileiros que o conhecem. Ele consegue vis ualizar a leitura das questões de um modo antecipado, profundo e racional. Ao terminar a arguição, muitas pessoas ficaram admiradas com o seu discurso, a maneira de conduzir o raciocínio. E algumas delas, já me falaram que gostariam de aprender muito com ele. Para mim foi uma grande honra tê-lo como membro da banca. Quais são seus objetivos como professor titular da USP e para sua carreira? Vou procurar atuar no trinômio: ensino-pesquisa-assistência. Vou dar o máximo de mim a fim de que contribua com o país a combater a injustiça social na área da saúde. Um dos nossos maiores enfoques será o curso de graduação, procurando colocar o aluno cada vez mais junto da prática médica. Vou também delegar o que for possível para os assistentes mais produtivos e tamabém desejo contribuir para ainda melhor formação cirúrgica dos residentes.

“O que penso é poder ser o melhor professor titular possível, procurando agir com bom senso e justiça

Lenine Garcia Brandão sobre sua nova titulação na USP OUTUBRO 2010


8 ALUNOS Duas vezes por semana algumas das enfermarias que compõem o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) vivem clima de alegria e descontração. Brincadeiras, jogos, música e muitas histórias contadas mudam a rotina de seus pacientes. Pelos corredores, alunos que se transformam em palhaços, amigos e oferecem um pouco de esperança a quem está a poucas horas, dias ou semanas em um ambiente a elas hostil. Feições preocupadas, temerosas e até desanimadas aos sorrisos dos engraçados visitantes, alívio e maior empolgação após alguns minutos no contato com aqueles novos colegas. São alguns dos sentimentos que tomam conta dos pacientes. O projeto, criado no ano 2000, tem por objetivo oferecer um ambiente menos ‘frio’ para crianças internadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB). Através de visitas às enfermarias de Pediatria e Quimioterapia da unidade, os ‘Médicos da Alegria’ realizam

namento com os pacientes. Às segundas-feiras, a visita ocorre no setor de quimioterapia do HCFMB e toda quarta-feira, os “Médicos da Alegria” estão presentes na enfermaria de Pediatria. Além desses locais, o projeto também participa de ações de saúde nos municípios da região de Botucatu como a Feira da Saúdecampanha de promoção da saúde à comunidade- e também a locais que recebem pacientes como as Casas Transitória e de Apoio Oncológico Infantil e APAE- Associação de Pais e Amigos do Excepcional. Não somente o caráter social predomina no projeto. Todas essas atividades também integram um estudo ainda em desenvolvimento que analisa o nível de cortisol (hormônio do estresse) em crianças e adultos antes e depois da visita dos integrantes do ‘Médicos da Alegria’. brincadeiras e exibem pequenas montagens teatrais, apresentações de música, artes com balões, entre outras atividades.

Ao todo, 120 alunos dos cursos de graduação da Unesp no campus de Botucatu participam do projeto. Há também médicos e funci-

onários da própria universidade. Para isso, participam de um curso de ingresso através do qual recebem noções lúdicas e de relacio-

MENOS ‘FRIO’ PARA CRIANÇAS

Isabella Ricoboni da Silva prepara seu kit de maquiagem e roupas características para realizar as visitas semanais às enfermarias do HCFMB. Aluna de graduação em Medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, ela integra o projeto desde 2008 e foi sua coordenadora durante um ano. Ela frisa que o contato humano proporciona melhoria na es-

tadia e recuperação do paciente. “A conversa, o contato com o paciente proporcionam melhoria no ambiente hospitalar. Verificamos que após a visita dos ‘Médicos da Alegria’ eles (os pacientes) sentemse mais confortáveis e, com isso, o ambiente em que estão se torna menos hostil”, ressalta. Já a aluna do curso de Biomedicina do Instituto de Biociências

de Botucatu/Unesp, Marina Rezende, se interessou em integrar o projeto esse ano. Conhecia iniciativas similares em Jundiaí (SP), sua cidade de origem. Algumas ocorrem em um hospital voltado ao câncer e isso a fez se aproximar do projeto desenvolvido pela FMB. “Percebemos que nossa presença fez a diferença quando entramos em um quarto e a

criança está para baixo. Após alguns minutos, sentimos que ela ficou melhor. É essa a meta que temos quando entramos em contato com todos no hospital”, complementa Marina. Há dois anos, a rotina de Felipe Camargo El Kassis tem sido enfrentar cirurgias e até longas internações. Sua estadia chega a durar semanas no hospital. Um dos

fatores que amenizam o estresse é interagir com os ‘Médicos da Alegria’ em brincadeiras e conversas. Mãe do paciente, Daniele Camargo Alves, 23, sente que a criança fica mais confortada após as atividades. “Ele fica mais contente e as brincadeiras são boas para as crianças esquecerem um pouco a doença ou os problemas que passam”, complementa.

Contato mútuo enriquece alunos e pacientes

EVENTO

O PROJETO TEM OBJETIVO DE OFERECER UM AMBIENTE INTERNADAS NO HCFMB

ESPORTE

Liga do Rim e da Hipertensão tem projeto Atlética/Medicina termina Copa Kagiva de Futsal em 3º lugar premiado em Congresso de Nefrologia

OUTUBRO 2010

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

A Liga do Rim e da Hipertensão Arterial (LIRHA)da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) recebeu, no XXV Congresso Brasileiro de Nefrologia, o II Prêmio Ligas sem Fronteiras, que é concedido pela Sociedade Brasileira de Nefrologia nos seus congressos bianuais. O evento foi realizado em Vitória-ES, entre os dias 11 e 15 de setembro. O trabalho premiado, A Extensão da Universidade na Prevenção da Doença Renal Crônica: Interface entre a atenção Terciária e Primária, é um projeto com impacto social desenvolvido pela Disciplina Nefrologia sob coordenação da das professoras Jacqueline Caramori, Vanessa Santos Silva e da enfermeira Edwa Bucuvic. Na rede básica a coordenação das atuações é realizada pelo médico Oscar Hoeppner e enfermeira Maira Baldin dal Pogetto. O projeto é desenvolvido pela LIRHA e pela disciplina de Nefrologia da FMB desde o início de 2010 e já realizou diversas oficinas de capacitação de prof issionais da rede básica. Agora, em suas próximas etapas, pretende elaborar um protocolo municipal de atenção ao paciente diabético e hipertenso e acompanhamento de sua implementação. As capacitações consistem em simulações de atendimentos

Representantes da Liga do Rim recebem premiação pelo trabalho reais do cotidiano de uma unidade básica de saúde, com foco em hipertensão e doenças renais Além de palestras, são realizadas of icinas em estações práticas e exibidos filmes educativos. Com o resultado dessas etapas é traçado um panorama dos problemas encontrados em cada área, para o qual serão desenvolvidas ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e gestão. “O prêmio é resultado do excelente trabalho da equipe diretiva da LIRHA e do grande apoio recebido pelos docentes, residentes, médicos e enfermeiras da disciplina e suas unidades e traduz a concepção da

assumida de Liga Acadêmica: espaço em que convivem aprendizado e extensão universitária”, avalia Marcos A. Marton Filho, aluno de Medicina e presidente da Liga. “Além de oportunidade aos alunos que vão ao Congresso, o espaço favorece a troca de experiências com Ligas de Apoio à Nefrologia de todo o país”, completa. Para a professora Jacqueline Caramori, uma das coordenadoras, o mérito foi atribuído ao projeto que mostrou geração de conhecimentos, relevância, exequibilidade, reprodutibilidade e os benefícios sociais obtidos pela comunidade na qual foi implementado.

Equipe formada por alunos da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), através de sua Associação Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio de Almeida (AAACHSA) obteve a terceira colocação na 1ª Copa Kagiva Municipalista de Futsal, realizada nos meses de agosto e setembro. Duratex e Laranjal Paulista sagraram-se campeã e vice, respectivamente. O torneio, promovido e organizado pela Liga Botucatuense de Futsal, é reconhecido oficialmente pela Federação Paulista de Futsal e reuniu doze equipes da região. A terceira colocação veio com uma vitória diante da equipe Nova Imagem por 4 a 3. Ao todo, a FMB teve na primeira fase do torneio campanha com duas vitórias e um empate, o que

garantiu a primeira colocação do grupo B, que contava ainda com as equipes do Supermercado Central, ACL Pinturas/Office Vip e AAF/Unesp. Nas quartas-de-final empate em 3 a 3 com a Duratex e uma melhor campanha fizeram a Medicina/Unesp avançar no torneio. A derrota nas semifinais ocorreu diante da Duratex, campeã da competição, por 8 a 1. “O campeonato estava bem equilibrado já que as equipes eram de alto nível técnico. Essa colocação consolida todo o empenho da equipe e também o trabalho do Pedro (Dias- técnico do time). Essa é uma preparação válida para a próxima Intermed (competição que reúne as maiores faculdades de Medicina do Estado)”, avaliou Derek Cerpe Tárraga, diretor de modalidade da Atlética/Medicina.

Equipe de futsal da AAACHSA tem obtido resultados expressivos


9 PESQUISA E EXTENSÃO

Tabaco e álcool podem facilitar formação de câncer na língua e faringe, indica estudo A associação entre tabaco e álcool é cientificamente prejudicial ao organismo. Estudos diversos na Medicina comprovam os prejuízos acarretados pelo longo uso dessas substâncias. Uma das constatações mais expressivas foi verificada por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e que apontou o surgimento de lesões précancerígenas em regiões como língua e faringe. De autoria dos pesquisadores Sergio Luis Madeira, Alexandre Todorovick Fabro, Norimar Hernandes Dias, Karen Fernanda Alves, Lídia Raquel Carvalho, sob a coordenação da professora do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço da FMB, Regina Helena Garcia Mar tins, o estudo foi apresentado e premiado durante o 9º Congresso da Fundação Otorrinolaringologia realizado entre os dias 9 e 11 de setembro, em São Paulo. Durante 260 dias, a pesquisa analisou os efeitos da exposição prolongada da fumaça do cigarro e da ingestão crônica de álcool nos tecidos nas mucosas que compõem a língua e faringe. Ao todo, quarenta ratos adultos foram expostos nesse período a diferentes cenários. Em um deles, os animais foram observados consumindo ração e água à vontade. O segundo grupo era exposto à inalação de fumaça de 10 cigarros diários sete dias/ semana durante 30 minutos em

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Nova diretoria da AAACHSA quer incentivar participação dos alunos nas equipes esportivas câmera fechada contendo "aparelho de fumar", ração e água à vontade. Um terceiro grupo era exposto à ingestão diária de etanol a 30% diluído na água de beber. O quar to grupo de animais foi exposto tanto à fumaça de cigarro com a ingestão de álcool. Pelos resultados, os animais expostos às condições sem tabaco e álcool não apresentaram tendências a desenvolverem tumores na língua ou faringe. Nas demais situações foram constatadas alterações importantes nas mucosas da língua e da faringe como hiperceratose (aumento da camada de queratina) e hiperplasia epitelial (aumento do número de células) que representam respostas do epitélio ao

PESQUISA ANALISOU EFEITOS

ta ainda que a associação dos fatores agressores (álcool e tabaco) não determinou maior número de lesões e nem foram evidenciados tumores malignos, mas em um dos espécimes do grupo que inalou fumaça de cigarro por 30 minutos diários durante uma semana, foi constatada alteração significativa no tecido de sua língua e faringe. “A ingestão de álcool etílico e inalação de fumaça de cigarro determinaram lesões pré-neoplásicas tanto em língua como em faringe, comprova os efeitos maléficos à saúde desses agentes agressores e deve ser interpretado como alerta quanto a necessidade de exame minucioso dessas estruturas em fumantes crônicos e etilistas”, complementou profª Regina.

DA EXPOSIÇÃO PROLONGADA DAS SUBSTÂNCIAS NOS TECIDOS QUE COMPÕEM A LÍNGUA E FARINGE

agente agressor. Além dessas alterações foram também identificados sinais de morte celular e lesões préneoplásicas como as displasias que representam sofrimento e transformação anormal da mucosa. O encontro de displasia grave em língua e em faringe em alguns animais caracteriza o início da transformação cancerígena local , chamou a atenção nos resultados deste estudo." Profª Regina Martins ressal-

PÓS GRADUAÇÃO

Medicina/Unesp debate desafios para avanços na Pesquisa Clínica Durante dois dias, a Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) sediou discussões em torno do cenário da pesquisa clínica no século XXI. Foi com esse objetivo que em 23 e 24 de setembro ocorreu o 2º Curso de Atualização em Pesquisa Clínica. Voltado a pesquisadores, alunos de pós-graduação e professores das ciências médicas e biológicas, o curso objetivou a atualização de conhecimento e discussão sobre o cenário de estu-

dos na fase clínica. O evento teve presença de representantes da Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Ministério da Saúde. Participaram da abertura oficial do encontro as pró reitoras de Pós Graduação da Unesp, Marilza Vieira Cunha Rudge e de Pesquisa, Maria Giannini; a vicediretora da FMB, Silvana Artioli Schellini; o superintendente do Hospital das Clínicas, Emílio Cur-

celli; além do coordenador da Unidade de Pesquisa Clínica da FMB (Upeclin), Carlos Caramori. Em sua explanação, a próreitora de Pós Graduação, Marilza Vieira Cunha Rudge, avaliou a pesquisa clínica como incipiente e que este é um ponto ainda a ser obser vado com maior ênfase pelos órgãos de fomento a estudos. “A Faculdade de Medicina precisa se apropriar dos instrumentos à disposição que a pesquisa clínica ofeFOTO FLÁVIO FOGUERAL

Pró-reitoras de Pesquisa e Pós-Graduação da Unesp e autoridades presentes à abertura do evento

rece”, declarou. Para ela, ainda há um amplo campo de atuação para pesquisadores e também instituições e isso é realçado na formação do profissional em pesquisa. Prof. Emílio Curcelli, superintendente do HCFMB ressaltou a importância da relação entre a pesquisa clínica e a assistência em saúde para a comunidade. “O HC permanecerá indissociável da Faculdade de Medicina. E como hospital, será muito melhor se contar com o ensino e também a pesquisa associadas à assistência. É esse tripé que diferencia um serviço de saúde”, declarou. Dia 23, as palestras tiveram como tópico a institucionalização da pesquisa clínica; formação do profissional e pesquisador, atuação da Anvisa; estratégias para captação de recursos; pesquisa para o Sistema Único de Saúde, entre outros temas. Já dia 24 o curso voltou suas discussões para a ética em pesquisa clínica; perspectivas da pesquisa clínica nacional na ótica das indústrias. Uma das principais discussões do evento centrou-se na cultura de inovação tecnológica na Unesp e como relacionar a academia à iniciativa privada.

CIÊNCIA AO CAIR DA TARDE

Pediatria avança na Pesquisa Como têm avançado as pesquisas no Departamento de Pediatria? Foi esse o foco das discussões durante o projeto “Ciência ao Cair da Tarde”, promovido pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) dia 7 de outubro. Foram convidados para apresentar duas linhas de estudo a professora adjunta Lígia Maria Suppo de Souza Rugolo; professora adjunta Tamara Beres Lederer Goldberg e o professor adjunto José Roberto Fioretto. Na abertura dos trabalhos, o chefe do Departamento de Pediatria da FMB, professor Rossano César Bonatto salientou que, somente em 2009, foram captados R$ 350 mil junto a órgãos de fomente e neste ano, até agora, já foi possível angariar aproximadamente R$ 500 mil. “A Pediatria, embora não tenha programa de pós-graduação próprio, tem pesquisado muito. Prova disso é que dos 10 trabalhos da Faculdade de Medicina selecionados para o Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 4 são da Pediatria”, destacou ele, lembrando que a Pediatria tem cinco docentes inseridos em outros programas de pós-graduação. Professora Tamara Goldberg, que abriu o ciclo de palestras, comentou alguns aspectos de sua linha de pesquisa que trata da qualidade de vida mesmo com o aumento da longeividade da população. Entre outras informações, ela falou sobre as doenças crônicas, como os problemas cardíacos e neoplasias (tipos de câncer), que, segundo ela, são responsáveis por mais de 50% das mortes no Brasil. Professora Tamara também apontou o tabagismo, consumo de álcool e a obesidade como importantes fatores de risco para o adoecimento das pessoas. O “Ciência ao Cair da Tarde” é um projeto desenvolvido em conjunto pela Direção da Faculdade de Medicina de Botucatu com seus departamentos de ensino e tem por objetivo o aprofundamento do conhecimento científico e discussões de temas relevantes à saúde pública e de especialidades.

Prof. Rossano frisou verbas para a pesquisa arrecadadas

“Dos 10 trabalhos da

FMB selecionados para o Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 4 são da Pediatria

Prof. Rossano Bonatto sobre a participação do departamento OUTUBRO 2010


10 HOSPITAL DAS CLÍNICAS FOTO FLÁVIO FOGUERAL

QUALIDADE DE VIDA

Movimento Saúde conscientiza sobre hábitos saudáveis Orientações sobre hábitos saudáveis e exames de diagnóstico/prevenção sobre consumo de álcool e cigarro foram realizados no saguão principal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (HCFMB) dia 5 de outubro. Foi mais uma edição do projeto “Movimento Saúde e Dia do Combate ao uso de Álcool”. Ao longo de todo o dia, foram realizadas medições de pressão arterial, circunferência abdominal e aplicado questionário sobre consumo de álcool e cigarro. Também foram exibidos vídeos educativos, com apoio técnico do NEAD.TIS (Núcleo de Ensino à Distância e Tecnologias de Informação em Saúde). As atividades foram realizadas simultaneamente em todas as unidades da Unesp. Na abertura do movimento no HCFMB, estiveram presentes os membros do Grupo de Reabilitação Pulmonar, representantes de projetos de extensão, além de funcionários e pacientes. A vice-diretora da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), professora Silvana Artioli Schellini, destacou que os questionários respondidos pelos usuários do hospital representarão importantes indicadores para pesquisas. Também foram

Profissionais do SNTD receberam atualização e conheceram técnicas de elaboração de pratos

Nutricionistas, técnicos em nutrição e profissionais de cozinha do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina/Unesp (FMB) participaram recentemente de um curso sobre “Nutrição em Hospitais: A Gastronomia como Diferencial”, ministrado pelo Senac de Botucatu. As aulas foram realizadas durante um mês, sempre às sextas-feiras e contaram com um módulo prático, que foi realizado no laboratório do Instituto de Biociências/Unesp (IB). Maria Helena Parenti Bruno, diretora do Serviço Técnico de Nutrição e Dietética, que também participou do treinamento, explica que através das noções de Gastronomia será possível tornar a dieta oferecida aos pacientes do HCFMB mais visualmente atraente e saborosa. Além disso, os funcionários que trabalham como copeiros e servem as pessoas internadas, receberam orientações sobre como aprimorar seu relacionamento com os usuários.

“Recebemos várias dicas de como melhorar os pratos que têm dietas restritivas. Precisamos nos esforçar para que as refeições se aproximem ao máximo daquilo que os pacientes estão acostumados a comer em casa”, coloca Maria Helena. “A hora das refeições é um dos poucos momentos de prazer que o paciente tem no hospital”, reforça.

AULAS FORAM PRODUTIVAS POIS FOI POSSÍVEL ENTENDER UM POUCO DA VISÃO DO GASTRÔNOMO

A diretora do Serviço também salientou que terá de contar com o envolvimento de toda sua equipe para que seja implantada uma gastronomia diferenciada no hospital. “É preciso que todos estejam em sintonia, desde os nutricionistas até que está envolvido no preparo direto da comida. Esse será um dos desafios. Gradativamente

vamos implantar uma pesquisa de satisfação junto aos nossos ‘clientes’”, observa. Célia Regina Macoris Lopes, nutricionista do STDND, comenta que as aulas foram bastante produtivas, porque foi possível entender um pouco da visão do gastrônomo. “Nós, nutricionistas, estamos sempre mais preocupados em preparar alimentos com os nutrientes de que os pacientes precisam. O curso nos permitiu ter uma visão mais ampla e nos ensinou que é importante pensar em pratos bem montados, coloridos e com temperos que possibilitem um sabor mais consistente”, diz. O Serviço Técnico de Nutrição e Dietética (STND) é um serviço de apoio do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp e tem como missão: “Contribuir para a prevenção, recuperação e manutenção da saúde de todos os usuários (pacientes e comensais), proporcionando refeição equilibrada.”

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Serviço de Nutrição e Dietética recebe treinamento gastronômico

distribuídos panfletos nos ambulatórios e Pronto-Socorro. Pedro Gervázio Ribeiro, aposentado, participou do “Movimento Saúde” por considerar importantes as ações de conscientização. “Fui fumante durante 25 anos e há 15 fui convencido a parar. Em Anhembi, onde moro, cerca de 70 pessoas pararam de fumar depois de perceberem os malefícios para sua saúde”, comentou. Paula Kuzstzis, assistente de vendas, fuma há mais de 20 anos e já sente os efeitos da nicotina em seu organismo. Moradora de Torre de Pedra, ela, que também passou pelo boulevard do HCFMB durante a campanha, mediu sua pressão arterial e pretende iniciar um tratamento para abandonar o cigarro. “Sinto muito cansaço. Já tentei parar várias vezes, mas não consegui. Agora acho que vai dar. Creio que ações como essas que a faculdade promoveu são muito importantes tanto para quem já fuma quanto para quem não deve nem começar, como é o caso do meu filho de 13 anos, que eu trouxe comigo para receber as orientações”, afirmou. A iniciativa foi da Pró-Reitoria de Extensão da Unesp e em Botucatu foi coordenada pela FMB, Instituto de Biociências e NEAD. TIS.

PEDIATRIA

Novos brinquedos adquiridos para enfermaria do HCFMB Crianças atendidas pela Enfermaria de Pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) contam agora com mais opções durante permanência no local com a aquisição de dezenas de novos brinquedos para sua brinquedoteca. A compra foi possibilitada pela venda, em 2009, de calendários confeccionados com imagens das crianças atendidas pela enfermaria da unidade. Além de brinquedos tradicionais como carrinhos e bonecas, foram adquiridos jogos que estimulam a interatividade entre as crianças. Foram investidos quase R$ 1 mil na aquisição dos materiais. Segundo a recreacionista do HCFMB, Maria Aparecida de Jesus Miranda, a diversidade de brinquedos e opções para as crianças assistidas pelo hospital é facilitadora na recuperação e tratamento das OUTUBRO 2010

DIA DAS CRIANÇAS

Uma manhã diferente com show de mágicas e brincadeiras. Dessa forma, crianças atendidas pelas enfermarias de quimioterapia e pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu acompanharam na manhã de 15 de outubro, apresentação do personagem Ronald Mcdonald. Mais de cinquenta crianças conferiram apresentações de mágica e também de brincadeiras educativas realizadas pelo artista. Acompanhadas das mães, ganharam presentes ao f inal da apresentação. O show integrou as comemorações ao Dia das Crianças dentro do HCFMB.

mesmas. “É importante oferecer conforto e bem-estar aos que passam por tratamento no hospital. Ao brincar e interagir com outras crianças, a recuperação deles se torna mais rápida e menos estafan-

te”, ressaltou. Uma das coordenadoras responsáveis pela confecção do calendário, Dra. Lied Pereira ressalta que a campanha- realizada no ano passado- cumpriu com seus obje-

tivos, entre eles proporcionar opções de bem-estar a seus pacientes. “Como a brinquedoteca é um dos espaços frequentados pelas crianças atendidas pelo HCFMB, era necessário oferecer mais opções de lazer a elas. Muitas chegam desanimadas devido ao tratamento e brincar alivia o estresse”, frisou a médica. Instalado na enfermaria de Pediatria, o local funciona há mais de 30 anos e oferece às crianças e acompanhantes espaço para lazer com jogos, brinquedos e ativida-

des recreativas e educacionais como artesanato, por exemplo. A brinquedoteca atende, em média, 30 crianças todos os dias.

Ao brincar e interagir com outras crianças, a recuperação se torna mais rápida

Maria Aparecida de Jesus,recreacionista, sobre os novos brinquedos


11 HOSPITAL DAS CLÍNICAS

ASSIM QUE EMITE A PRESCRIÇÃO, O MÉDICO JÁ É AVISADO SOBRE A NECESSIDADE DA JUSTIFICATIVA

Prescrição de medicamentos e justificativa têm acesso virtual FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Sistema faz com que o processo de prescrição e fluxo da justificativa sejam mais dinâmicos fazer a justif icativa. A comissão responsável recebe esse documento de forma online, analisa e emite o parecer sobre ele. As informações podem ser acessadas rapidamente

CRESCIMENTO

Nova enfermaria do HCFMB dará suporte para cirurgia geral O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp conta, desde o dia 5 de outubro, com nova enfermaria em suas dependências, voltada para a cirurgia geral na área de gastrocirurgia. No local será possível o suporte a procedimentos de pequena e média complexidade realizados pela unidade nessa especialidade como hérnia, apendicite, vesícula, entre outros. Ao todo são nove leitos com a estrutura voltada ao bem-estar do paciente. O local também contará com posto de enfermagem, sala multidisciplinar informatizada voltada a prescrição médica, e poderá ser usada por fisioterapeutas, psicólogos, nu-

mento seguia para uma das comissões. O grupo autorizava ou não e era preenchida uma planilha com as informações do paciente, medicamento e o parecer, que pos-

por todas as partes envolvidas com poucos cliques. No passado, a prescrição era impressa em papel, o médico justif icava manualmente sua necessidade e o docu-

rará para diminuir uma demanda reprimida existente no hospital”, declarou. Com isso, a atual enfermaria de gastrocirurgia do HCFMB, que atualmente possui 28 leitos, passará a destinar seus quartos para o tratamento de tipos de câncer e cirurgias de alta complexidade como pâncreas, intestino, fígado, esôfago, estômago, entre outras. “É inadmissível que pacientes com doenças simples sofram e até padeçam ao esperarem por uma cirurgia”, complementou prof. Curcelli, ressaltando os investimentos que o HCFMB tem realizado na modernização de sua estrutura física. Recentemente, toda a ala de Recuperação

tricionistas, entre outros profissionais. Toda a reforma da estrutura física foi custeada pelo próprio hospital. A nova estrutura, segundo o superintendente do HCFMB, prof. Emílio Curcelli, era uma antiga necessidade de diversas especialidades e ser viços da unidade. Para ele, haverá melhoria na logística de acomodação e distribuição de leitos nas enfermarias existentes. Outro ponto frisado será o favorecimento ao ensino médico, com o aprimoramento dos residentes médicos em cirurgia geral. “Resolve tanto a questão do ensino pela possibilidade de capacitação de nossos residentes e enfermeiros, quanto colabo-

teriormente era acessado pela farmácia para liberação ou não da medicação. Desde o dia 10 de agosto vinham sendo feitos, na UTI Pediátrica (Unidade de Terapia Intensiva) testes do novo módulo da prescrição online e dia 16 de setembro ele foi integralmente implantado no hospital. O sistema foi desenvolvido pela analista Raquel Franco Zambom, do Cimed-HC, sob super visão do coordenador da área, Marcelo Martins. “Além do acesso às informações referentes aos medicamentos indicados, as comissões têm acesso ao histórico de medicamentos antimicrobianos ou de uso restrito já prescritos para o paciente. Após ser dado o parecer, o médico tem acesso, via prescrição médica, a essas informações”, esclarece Raquel. O projeto contou com a colaboração, ainda, dos seguintes profissionais: Eduardo Oliveira, Leandro Pessoa e Luciana Rezende, do Cimed-HC e Adriana Leite Rosa Pinheiro da Silva, do STI (Serviço Técnico de Informática da FMB). Trata-se de uma demanda antiga da Comissão de Controle de Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (CCIRAS) e Comissão de Farmácia.

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O sistema online de prescrição médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) passou a oferecer uma nova facilidade aos médicos que o utilizam. Através de uma ferramenta desenvolvida pelo Cimed-HC (Setor de informática da unidade) já é possível o compartilhamento da justificativa e dos pareceres quando há indicação de medicamentos antimicrobianos e/ou de uso restrito. Atualmente, o processo está mais dinâmico. O fluxo da justificativa percorre o seguinte caminho: o médico prescreve o medicamento antimicrobiano ou de uso restrito pelo sistema de prescrição online e esse documento, juntamente com sua justif icativa, são avaliados pela Comissão de Infecção Hospitalar (no caso dos antimicrobianos) ou pela Comissão de Farmácia (quando trata-se de medicamento de uso restrito). Entretanto, diferentemente do que ocorria anteriormente, agora, assim que emite a prescrição o médico já é avisado sobre a necessidade de

Local tem nove leitos com estrutura ao bem-estar do paciente Anestésica de seu Centro Cirúrgico passou por reformas e teve a capacidade ampliada para dezesseis leitos. Já o diretor da FMB, prof. Sérgio Müller, aventou a ampliação da enfermaria em 2011, com a transferência da faculdade para instalações próprias. Também lem-

brou que o futuro Hospital Estadual de Botucatu, em construção, deverá priorizar cirurgias de pequena e média complexidades. “Essa enfermaria ajuda o HC a hierarquizar suas demandas e necessidades. Este é um hospital regional com alto número de cirurgias”, complementou o diretor.

ESTRUTURA

Recuperação Anestésica tem instalações modernizadas FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Foram investidos R$ 100 mil para a ampliação da capacidade de leitos

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) inaugurou, dia 27 de setembro, as novas instalações da sala de Recuperação Anestésica, instalada junto ao Centro Cirúrgico da unidade. Com isso, o setor passa a oferecer maior conforto e qualidade na assistência no pósoperatório a seus pacientes. Foram investidos R$ 100 mil na adaptação do local que contará com dezesseis leitos. A nova sala conta com um posto de enfermagem e área de trabalho para médicos anestesiologistas; local para instalação de computadores; além da troca pisos e

tubulações de gases medicinais. O espaço atende às mais modernas normas de segurança. Referência regional na assistência à saúde, o Hospital das Clínicas realizou, até agosto de 2010, mais de 5.200 cirurgias em seu Centro Cirúrgico. Para o superintendente do HCFMB, professor Emílio Curcelli, a nova estrutura é essencial para o conforto do paciente e melhorias na atuação das equipes multidisciplinares. “A expectativa é que a sala venha a cumprir seu papel de suporte ao Centro Cirúrgico. Tal ampliação é apenas o começo da projeção que a uni-

dade tem que ser dentro do hospital”, ressaltou Curcelli. Segundo ele, o setor é um dos que mais recebem demandas dentro da unidade. As salas de recuperação anestésica consistem em áreas destinadas à permanência do paciente após o término do ato cirúrgico, sob os cuidados permanentes da equipe de enfermagem e anestesiologia. Os locais oferecem suporte para a recuperação da anestesia até que os reflexos da pessoa estejam presentes, sinais vitais normalizados e a consciência recuperada. Após este processo, o paciente retorna ao seu leito de origem nas enfermarias existentes no hospital. OUTUBRO 2010


12 PESQUISAS E INOVAÇÕES

Estudos de câncer causado por vírus integram revolução contra a doença FELIPE MODENESE

ESPECIAL PARA O JORNAL DA FMB

A revista médica inglesa “The Lancet” aponta, em seu editorial do começo de outubro intitulado “Câncer: a revolução começou”, alguns achados da pesquisa clínica oncológica e, a partir daí, argumenta que “chegou uma era da medicina baseada em evidência molecular”. As pesquisas do “Grupo de Estudos em Carcinogênese Viral e Biologia dos Cânceres” alinham-se a tais perspectivas do combate ao câncer. Coordenada pelo Prof. Dr. Deilson Elgui de Oliveira, biomédico e professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, a equipe é uma das poucas do país a se dedicar à intimidade das causas e mecanismos moleculares dos cânceres relacionados a infecções por vírus. O termo “câncer” é frequentemente associado a danos genéticos herdados, irreparáveis e que podem levar ao desenvolvimento de doenças letais. Entretanto, a “origem da doença” também pode vir de fora, do ambiente. Para a surpresa de muitos, além de físicos (certas radiações) e químicos (exemplos como tabaco, álcool etílico), entre os chamados “agentes cancerígenos ambientais” também podem ser incluídas as infecções por microorganismos. Trata-se de um campo com progressos acumulados ao longo do século XX, mas com desdobramentos cruciais relativamente recentes (anos 70). Atualmente fervilha baseado em novas tecnologias moleculares usadas na busca de novas evidências. Isso porque é difícil definir o papel dos agentes infecciosos na causa de cânceres humanos, uma vez que o período de latência entre a infecção e o desenvolvimento da doença atinge décadas. Além disso, apenas uma pequena parcela das pessoas expostas a vírus cancerígenos sofre com o câncer a ele associado. Ainda assim, ao menos 20% (ou um a cada cinco!) dos cânceres do mundo são causados por ou sofrem contribuição de agentes infecciosos,

OUTUBRO 2010

UM PROJETO EM ANDAMENTO PRETENDE DESTRINCHAR COM EXPERIMENTOS IN VITRO, A SUPOSTA COOPERAÇÃO ENTRE O

HIV E O KSHV

incluindo certos vírus, bactérias e parasitas. De acordo com o pesquisador Deilson Elgui, os vírus são os principais destes inimigos, já que estão relacionados a dois terços (em torno de 65%) da incidência global genoma da célula em um processo de câncer devido a infecções. Desses, os destacáveis e as do- crônico, que desencadeia desreguenças associadas são o HPV (vírus lação e instabilidade genéticas, e do papiloma humano – cânceres estas levam à proliferação descondo colo de útero e cavidade oral), trolada (maligna) das células infecvírus da hepatite B e C (cânceres do tadas à invasão de tecido e órgãos fígado), EBV ou HHV-4 (vírus de – fenômenos que denotam a evoEpstein-Barr ou Herpesvírus Huma- lução dos cânceres. O laboratório dispõe de alta tecno 4 – linfoma de Burkitt e Hodgkin, nologia em instrumentação para carcinoma de nasofaringe e cânceesclarecer como alguns compostos, res gástricos) e KSHV ou HHV-8 (vírus associado ao sarcoma de Ka- produzidos pelo vírus dentro da célula infectada, são capazes de moposi ou Herpesvírus Humano 8). Enquanto vacinas e detecção pre- dificar proteínas fundamentais descoce para os dois primeiros casos sas células. Tais proteínas incluem estão bem adiantadas, possibilitando aquelas derivadas dos genes chaum melhor controle dos cânceres as- mados supressores tumorais, essensociados, o mesmo não se pode di- ciais na regulação do ciclo celular. A alteração delas gera a proliferazer para o EBV e o KSHV. Estes estão na mira de intensa pesquisa, inclusive ção celular descontrolada e com do grupo da Faculdade de Medicina maior chance de erros no DNA. A equipe se inclina também sode Botucatu, que utiliza o Laboratóbre as formas pelas quais o código rio de Patologia Molecular para inviral atrapalha as vias de sinalizavestigar as interações genético-moção dentro da célula, gerando insleculares entre esses vírus e a célula infectada, e também suas repercus- tabilidade. E ainda, espera ajudar sões para o desenvolvimento e pro- a desvendar quais estratégias moleculares esses vírus utilizam para gressão do câncer. No caso do EBV e do KSHV, os desnortear o sistema imunológico. Uma das linhas de pesquisa do mecanismos de carcinogênese são grupo parte da constatação de que diretos e baseados em certos produtos virais produzidos na célula in- portadores do HIV têm o risco de fectada e que levam a sua maligni- desenvolverem cânceres associados zação. “Os vírus se mantêm na cé- a vírus bastante aumentado. Assim, lula durante um longo período mo- tem-se estudado os mecanismos dificando toda a sua biologia; as pelos quais o KSHV se aproveita proteínas do vírus tomam conta de do comprometimento do sistema processos internos essenciais da cé- imunológico para desenvolver cânceres, como sarcolula”, explica o ma de Kaposi, com O LABORATÓRIO DISPÕE pesquisador. A alta incidência e maexpressão do DE ALTA TECNOLOGIA EM lignidade nesse grugenoma viral INSTRUMENTAÇÃO DA po de pacientes. compromete a Em estudo, em P ATOLOGIA M OLECULAR integridade do

publicação na revista Cancer Letters, o grupo identificou quais genótipos do KSHV são mais frequentes em lesões de sarcoma de Kaposi em pacientes brasileiros. Outro trabalho recente, realizado em parceria com o Hospital Dia de Aids (instituição que realiza atendimento especializado a pacientes portadores de HIV) avaliou a presença de EBV e KSHV em amostra de sangue de portadores do HIV ao longo de dois anos, levantou informações sobre sua evolução clínica e pesquisou as variações genéticas desses pacientes relacionadas à regulação do sistema defesa. Um projeto em andamento pretende destrinchar com experimentos in vitro, a suposta cooperação entre o HIV e o KSHV. Para tanto, os linfócitos T infectados pelo primeiro são cultivados juntos de células endoteliais (que recobrem o interior de vasos sanguíneos) infectadas ou não pelo segundo. Em cada caso é avaliado o efeito do “silenciamento” de certos genes suspeitos do HIV (tat ou nef) sobre o fenótipo e genótipo da outra célula. “Tentamos mimetizar o que acontece no homem durante o desenvolvimento do sarcoma de Kaposi; são simulações em que podemos excluir algumas variáveis indesejadas”, justifica Deilson. Paralelamente, outros dois projetos procuram cercar os mecanismos de ação do KSHV no organismo: um intracelular e outro imunobiológico. O primeiro pretende avaliar como diferentes versões de uma proteína de origem viral (chamada K1) comprometem os sinais de comunicação intracelular. Os pesqui-

“Tentamos mimetizar o que acontece no homem durante o desenvolvimento do sarcoma de Kaposi

Deílson Elgui de Oliveira sobre uma das pesquisas sadores infectam células endoteliais com variantes do gene do KSHV para a expressão da proteína K1 e verificam como se alterará a expressão de certos genes relacionados à proliferação e sobrevivências da célula infectada. O segundo se debruça sobre os efeitos das mesmas versões da proteína K1 na eficiência das respostas de células dendríticas do sistema imunológico. Normalmente, a função destas é identificar os agentes invasores e denunciar suas peculiaridades genéticas aos linfócitos T, que podem, então, se preparar para enfrentar o inimigo. A intenção é identificar o possível prejuízo na defesa provocado por casa versão da proteína. O interesse mais amplo por trás desses estudos é identificar as cadeias de relações moleculares entre a constituição genética do indivíduo infectado, passando pela eficiência do sistema imunológico, até chegar ao desenvolvimento e evolução do câncer e à resposta ao tratamento. Assim, os integrantes do grupo de carcinogênese viral participam dessa fronteira do conhecimento e são co-realizadores da revolução no estudo e combate aos cânceres.


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