ALTERAÇÕES NA SOCIEDADE, EFERVESCÊNCIA NAS IDÉIAS: A FRANÇA DO SÉCULO XVIII
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As luzes foram um arco-íris, ou melhor dizendo, fogos cruzados. J. Deprun O período que vai de fins do século XVII até fins do século XVIII caracteriza-Se por ser uma fase em que uma série de mudanças econômicas e políticas se deu em diferentes partes do mundo, embora essas mudanças não tenham ocorrido concomitantemente. Nesse período, enquanto a Inglaterra já havia realizado as transformações econômicas características da Revolução Industrial, o mesmo não havia ainda ocorrido com a França e a Alemanha. A França, nesse período, mantinha ainda um regime feudal, mas apareciam já os germes da revolução que conduziria também esse país na direção do capitalismo. Segundo Efimov, Galkine e Zubok (1981), até fins do século XVIII reina ainda na França o feudalismo, predominando aí uma população camponesa de 23 Milhões de pessoas, maioria dentre os 25 milhões que constituíam a população total. Vivendo em regime de servidão, esses camponeses tinham uma série de deveres que envolviam o pagamento de impostos ao Estado, dízimos ao clero e taxas feudais à nobreza. Essa situação insustentável de empobrecimento da população, aliada ao descontentamento da burguesia. — que via cerceada a tão desejada liberdade de comércio e produção — e aos problemas econômicos da monarquia, gerou uma crise que acaba por culminar em mudanças que instituíram na França a Primeira República em 1793. Segundo Aquino e outros (1982), o capitalismo emergente na França chocava-se com as fortes barreiras feudais que por todos os meios buscavam impedir a desestabilização do regime e a perda de privilégios da nobreza e do clero. Nesse período de transição, em que o regime feudal vai sendo desestruturado e substituído por novas formas de organização e produção e em que uma nova classe — a burguesia — visa ascender ao poder substituindo a nobreza e o clero, novas idéias também vão se desenvolvendo, idéias essas que refletiam os anseios da sociedade nesse contexto de transformação. Autores como Diderot (1713-1784), Voltaire (1694-1778), Helvétius (1715-1771), d’Holbach (1723-1789), La Mettrie
(1709-1751), Montesquieu (1689-1755),
Maupertuis (1698-1759), Buífon (1707-1788), Condillac (1715-1780), Vauvenargues (1715-1747), d’Alembert (1717-1783) e Rousseau (1712-1778) podem ser destacados como representantes do pensamento francês do século XVIII.
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ANDREY, Maria Amália et alii. Para Compreender a Ciência. São Paulo : EDUC – Editora da PUC-SP, 2000.