Revista Científica Ciência e Cultura - 2ª Edição

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Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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REVISTA CIENTÍFICA CIÊNCIA E CULTURA Faculdade Padrão de Goiânia

FACULDADE PADRÃO DE GOIÂNIA Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Diretora Geral Prof. Ma. Dóris de Fátima Reis Mendes

Secretário Geral Walter Paulo de Oliveira Junior

Editores Reesposáveis Dra. Alairdes Ferreira Rocha Ma. Werianny Santiago Rassi Esp. Flávia Cristina de Sousa

Conselho Editorial Ma. Dóris de Fátima Reis Mendes Ma. Márcia Friedrich Me. Ilton Belchior Cruvinel Ma. Karolina Andrade de Alencar Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto Dr. Walmirton Bezerra D’Alessandro Dr. Adelmar Santos de Araújo Ma. Debora Ravagnani Dias Ma. Yara Hilário Medeiros Peixoto Esp. Thais Guedes de Melo Alvim Ma.Lilian Laurencia Leite

Revisão Geral Dra. Alairdes Ferreira Rocha Ma. Werianny Santiago Rassi Esp. Flávia Cristina de Sousa

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A Revista Cientifica Ciência e Cultura da Faculdade Padrão de Goiânia em sua 2º Edição apresenta trazendo uma valiosa contribuição aos artigos publicados pelos autores considerando-se uma diversidade nas abordagens dos trabalhos que compõem essa edição. O lançamento de uma revista científica é sempre algo a ser saudado com entusiasmo, principalmente por ser mais uma contribuição dos que se dedicam ao trabalho intelectual, à acumulação de conhecimento e à difusão do saber. Em sua essência, uma revista desta natureza é, sobretudo, um convite à exposição de resultados de estudos e pesquisas, para debate público, no sentido de realização da finalidade maior da academia: um diálogo que produza dissensos e consensos, fundados nos princípios e nos métodos científicos. A Revista Cientifica Ciência e Cultura da Faculdade Padrão de Goiânia é uma publicação semestral para a divulgação dos trabalhos em todas as áreas do conhecimento desenvolvidos pelo Projeto de Iniciação Cientifica.

Werianny Santiago Rassi e Alairdes Maria Ferreira Rocha

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SUMÁRIO- REVISTA CIÊNCIA E CULTURA- FACULDADE PADRÃO GOIÂNIA

1- A Influência do Grupo vivido durante a graduação em Psicologia ao escolher uma ênfase clínica.......................................................................................................................................05 2- A importância do Plano de Negócio nas P.M.E.s.....................................................................21 3- O consumidor Consciente: Um diagnóstico da Produção acadêmica brasileira sobre artigos publicados em revistas e periódicos brasileiros, no período de março de 2007 a agosto de 2015.........................................................................................................................................40 4- Levantamento de Dados sobre o conhecimento de Gestantes com relação ao HPV no Hospital e Maternidade Dona Iris..........................................................................................................68 5- Responsabilidade Civil por abandono afetivo.........................................................................91 6- Autismo: Os desafios do Processo Ensino-Aprendizagem.....................................................116 7- Uma análise da controladoria na tomada de decisão da Empresa Sigma Assessoria Contabilidade LTDA-ME........................................................................................................133 8- Implantação de novo Layout para futuro planejamento e controle da Produção- PCP, como ferramenta de crescimento na Empresa SVS Confecções ME..............................................154 9- Ética e Legalidade do Transplante e Doação de Órgãos e Tecidos do Corpo Humano: A atuação do Profissional de Enfermagem............................................................................................174 10- Família e Escola: Papel dos Pais e Dos Professores na Construção dos Limites na Educação Infantil..................................................................................................................................191 11- A relação de Papilomavírus Humano com o Câncer Cervical, uma investigação da Literatura..............................................................................................................................207 12- Motivação no Ambiente de Trabalho...................................................................................224 13- Questões Etnico-Racias: Um desafio na Aplicabilidade da Lei 10.639/2003........................241 14- Aspectos dos Bestiários no carnavados Animais de Moacyr Sciliar......................................265 15- Micoses sistêmicas: Manifestações clinicas e diagnósticos laboratorial..............................290 16- Relato de Experiência do Plano de Negócios do curso de Administração da Faculdade PadrãoLogos Produção e Eventos...................................................................................................305 17- Uma análise integrada dos desafios e perspectivas da atuação na biologia Forense.........327 18- A contabilidade no século XXI............................................................................................. 349

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A INFLUÊNCIA DO GRUPO VIVIDO DURANTE A GRADUAÇÃO EM PSICOLGIA AO ESCOLHER UMA ÊNFASE CLÍNICA Caio Fábio de Souza Martins 1 Dra. Virginia Elizabeth Suassuna Martins Costa2

RESUMO: Este trabalho objetivou compreender a influência do grupo vivido no decorrer dos semestres, ao escolher por uma das ênfases clínicas: Psicodrama, Psicanálise, Comportamental e Gestalt, por graduandos do segundo semestre do quarto ano de graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO). Os dados foram obtidos por meio de entrevistas com três questões disparadoras, que permitiram a coleta dos dados necessários para os fins do estudo. Na tentativa de compreender a influência do grupo vivido no decorrer dos semestres, observou-se que o processo de escolher ocorre historicamente no decorrer do existir humano do graduando ao ingressar na universidade. Foram entrevistados cinco sujeitos matriculados regularmente no segundo semestre do quarto ano do curso, com idade entre 20 e 25 anos. Percebeu-se que os mesmos perpassam por vários grupos, sem a eles se fixarem, o que coloca em questão a influência direta dos mesmos na escolha final em sua ênfase clínica. Evidenciou-se que nas vivências no mundo próprio, mais especificamente relacionadas às filosofias e às técnicas, a figura do terapeuta e do professor se fazem presentes, assim como as perspectivas futuras como psicólogos. Esses aspectos não foram apresentados na literatura até o momento, o que justifica a continuidade do mesmo para abertura de novas investigações, envolvendo graduandos com a mesma necessidade de escolher por uma das ênfases em cursos de psicologia de outras universidades do país e do exterior, aspectos que facilitariam a compreensão da temática estudada e disponibilizarão provavelmente, novos momentos de produção de conhecimento científico.

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Caio Fábio de Souza Martins – Bacharelando no curso de Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – Brasil. Relatório final da pesquisa realizada com apoio do CNPQ, com título: O Processo de escolha de acadêmicos de psicologia diante das ênfases clínicas. e-mail: caiofabiomartins@outlook.com 2 Dra. Virginia Elizabeth Suassuna Martins Costa – Professora orientadora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás -Brasil – e-mail: virginia@itgt.com.br

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Palavras-Chave: Grupo. Psicologia. Existencialismo. Fenomenologia.

ABSTRACT: This study aimed to understand the influence of the group lived during the six months, when choosing for one of the clinical emphasis, psychodrama, psychoanalysis, behavioral and Gestalt by graduate students of the second semester of the fourth year of degree in Psychology from the Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO). Data were obtained through interviews with three triggering questions, which allowed the collection of data necessary for the purposes of the study. In trying to understand the influence of the group lived during the six months, it was observed that the process of choosing historically occurs in the course of human existence of the student to go to college. They interviewed five individuals regularly enrolled in the second semester of the fourth year of the course ages 20-25 years. It was noticed that they cut across by various groups, but is not fix, which calls into question the direct influence of the same in the final choice in their clinical emphasis. It was evident that the experiences in the world itself, more specifically related to the philosophies techniques, the psychotherapist and teacher, are present as well as future prospects as psychologists. These aspects were not reported in the literature to date which justifies the continuation of the same for further inquiries involving graduate students, with the same need to choose for one of the emphases in psychology courses from other universities in the country and abroad, aspects that would facilitate the understanding of the subject studied and make available probably new moments of scientific knowledge production. Keywords: Group. Psychology. Existentialism. Phenomenology.

INTRODUÇÃO

Segundo a grade curricular do Curso de Psicologia da PUC-GO em vigência desde 2006/2, o aluno deve escolher uma ênfase entre as oferecidas: Comportamental, Gestalt, Psicodrama ou Psicanálise. Com base nas exigências da instituição de ensino, buscamos compreender como se dá esta escolha. É importante considerar, entretanto, que a mesma carrega traços ontológicos do homem, como destaca Müller (1998). Segundo Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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o autor, o sujeito, aluno, não é ensinado a escolher, nem a pensar, ou a resolver conflitos, ou ainda a refletir sobre as realidades: social, cultural, histórica e profissional, o que favorece a influência do grupo no processo de escolha do indivíduo. Nesse

sentido,

procura-se

investigar,

através

de

pesquisa

fenomenológica, os aspectos presentes no ser-no-mundo do universitário do segundo semestre do quarto ano de graduação do curso de Psicologia diante da exigência curricular, de optar por uma das ênfases clinicas (Psicodrama, Psicanálise, Comportamental e Gestalt). A pesquisa fenomenológica é utilizada por compreender-se que, como apresenta Amatuzzi (2001), o relato na pesquisa fenomenológica, não sendo indício de outra coisa, é tomado na sua intencionalidade própria e constitutiva. Não buscamos, como na psicanálise, o não-dito, o escondido, o avesso. O fenômeno almejado se revela na experiência intencional, vivida. A descrição da experiência, tal qual se manifesta à consciência, faz parte das características desse tipo de pesquisa e ela se subdivide em: descritiva, por partir da experiência e vivência concretas; eidética e empírica, por refletir as generalidades e tipicalidades das vivências e por identificar as essências pré-existentes pela descrição e, finalmente, intencional, por revelar a consciência e suas ligações com a experiência (Holanda, 2001). Fez-se necessário esse estudo em função das exigências no que se refere à formação de grupo para a elaboração de trabalhos acadêmicos, compreender inicialmente o processo de formação dos grupos e como os mesmos influenciam no processo de escolher. A partir desta investigação, pode-se refletir o como, o quando, e para que ocorrem as formações do grupo, embora os mesmo se organizem no aquie-agora. Assim sendo, a pesquisa objetivou compreender a influência do grupo vivido no decorrer dos semestres, ao escolher por uma das ênfases clínica, Psicodrama, Psicanálise, Comportamental e Gestalt por graduandos do segundo semestre do quarto ano de graduação do curso de Psicologia Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO), identificando possíveis influências vivenciadas especificamente no mundo humano.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Heidegger (1993), o indivíduo é um ser-no-mundo, ou seja, um ser de relações. Por esse ângulo, Forghieri (1993) enfatiza que essas relações ocorrem simultaneamente, em três dimensões, a partir da perspectiva heideggeriana, sendo elas, mundo circundante (condições externas do sujeito); mundo próprio (relações que o indivíduo estabelece consigo mesmo, por intermédio da autoconsciência); e o mundo humano (relações entre o homem e seus semelhantes). É importante destacar, que o aluno também é um ser-no-mundo, e assim como

os

demais,

vivenciando

essas

três

formas

de

ser-estar-no-mundo

simultaneamente, separadas apenas, para efeitos didáticos, uma vez que o indivíduo tem características próprias e sempre se relaciona com algo ou alguém. Para efeito deste trabalho, o mundo humano será enfatizado como figura, uma vez que contempla mais especificamente a temática desta proposta. Para Mailhiot (1991) seguindo a proposta de Kurt Lewin (1890-1947), o grupo pode ser definido como a reunião de uma ou mais pessoas com o objetivo comum de ação. Ainda segundo o mesmo autor, para que exista um grupo, é necessário que vários indivíduos experimentem emoções comuns, sendo que as mesmas sejam suficientemente intensas para que proporcione uma integração tal que os indivíduos cheguem a uma coesão. Seguindo a mesma linha, Lapassade (1983) detalhando a ideia de Sartre (1905-1980) sobre grupos, define grupo como indivíduos em interdependência, onde qualquer alteração individual afeta o coletivo. Quando se fala então a respeito da influência do grupo no indivíduo, uma vez que o mesmo é um ser-no-mundo, é preciso compreender que nem todo aglomerado de pessoas é um grupo, de forma que nem todos os alunos de uma mesma sala/turma podem ser considerados grupo, na medida em que podem ser apenas uma série de pessoas com objetivos comuns (Lapassade, 1983; Mailhiot, 1991). Para que se compreenda como ocorre a influência do grupo no processo de escolha, Mailhiot (1991) destaca a teoria lewiniana que propõe o contexto sociocultural próximo entre um indivíduo e outro como promotor para construção do grupo. No caso dos jovens universitários, sujeitos dessa pesquisa, o grupo é Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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construído desde os primeiros períodos do curso de psicologia em função das relações estabelecidas com o mundo humano, próprio e circundante. Há de se considerar, também nesse aspecto, a relação “todo-parte” considerada fundamental para a psicologia da Gestalt. Para Holanda (2005), toda “Gestalt” existe num relação de “figura” que se destaca sobre um “fundo” mais geral, decorrente do princípio de organização perceptual. Segundo Schultz & Schultz (1981), não existem totalidades, além de que o comportamento não é determinado pelos seus elementos individuais, e sim por processos parciais determinados pela natureza intrínseca do todo. Da mesma forma, podemos considerar o processo da aprendizagem, uma vez que o mesmo acontece por meio de uma significação, ou seja, introversão e não como algo mecânico. Os psicólogos da Gestalt comparam a percepção a um mapa, que é idêntico (iso) em forma (mórfico) àquilo que representa, embora não seja uma cópia literal do território. O mapa, no entanto, serve de guia confiável para o mundo real percebido (SCHULTZ & SCHULTZ, 1981, p. 315).

Carlos (1998) apresenta que, de alguma forma, todos nós somos marcados territorialmente pelas vivências grupais de nosso cotidiano, podendo ser mais ou menos profundas, dependendo da forma como a mesma acontece no processo de desenvolvimento das relações entre os indivíduos do grupo, ou seja, nos territórios individuais. Segundo o autor, um ambiente de convivência constante estimula a fusão de indivíduos em favor de um bem comum, levando a uma construção de um grupo, no qual existe uma relação que ultrapassa a dimensão individual, atingindo a dimensão do nós, alcançando aí a interdependência. Entretanto, essa dimensão individual, na qual o homem aliena-se, está sujeita, segundo Carlos (1998), à libertação, na medida em que os sujeitos do grupo pensam, elaboram e trabalham os contextos vivenciados. De acordo com Heidbreder (1969), o curso de psicologia, ou a atuação do profissional, carrega desde os primórdios diferentes tipos de olhares para o ser humano. Inicialmente, na ânsia de compreender os diversos fenômenos humanos, os psicólogos clínicos procuravam na multiplicidade de teorias disponíveis subsídios para as suas abordagens, consequentemente, resultaram desse processo, diferentes

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ênfases clínicas, que hoje são praticadas, entre elas, os pressupostos teóricos da Psicanálise, do Comportamentalismo, da Gestalt, da Sistêmica, do Psicodrama.

2 METODOLOGIA

Os métodos utilizados nesse estudo serão quantitativos, na modalidade de questionário, e qualitativos na modalidade de pesquisa fenomenológica.

2.1 Participantes

A amostra foi composta por cinco acadêmicos, na faixa etária de 20 a 25, sendo três mulheres e dois homens, matriculados regularmente no segundo período do quarto ano do curso de psicologia da PUC-GO, sem distinção de turno.

2.2 Ambiente

O presente estudo realizou-se na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) localizada na 1ª Avenida, 1069 Quadra 88 – Setor Leste Universitário. Goiânia – GO, Brasil. O ambiente de coleta de dados foi nas salas de aulas da PUC-GO, em momentos que as mesmas não eram usadas por docentes. A sala possui aproximadamente 20m2, com paredes brancas, carteiras, uma mesa e cadeira para docentes, iluminação natural e ventilação artificial. O pesquisador se colocava na mesa para docentes, com uma carteira de frente para o sujeito da pesquisa, utilizando gravador, além de canetas, questionário e notebook.

2.3 Material

Foram utilizados os seguintes materiais: papeis A4, canetas pretas e azuis, gravador, Questionário de Vivências Acadêmicas, notebook, cadeiras e mesa.

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2.4 Procedimento

O procedimento compreendeu a seleção por meio da publicação em um grupo da rede social Facebook, onde era descrito brevemente o objetivo do estudo, além de disponibilizar os contatos do pesquisador responsável. Os sujeitos que procuraram o pesquisador, que se encontravam aptos a participar ante os critérios de inclusão, foram entrevistados em momento e locais definidos. No dia do encontro para a entrevista, se ressaltava o objetivo do projeto de por meio de cartas explicativas e justificativa do estudo. Após compreendê-los, o candidato recebia e assinava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, a entrevista iniciava-se com três questões disparadoras, que permitiram a coleta dos dados necessários para os fins do estudo. Ao encerrar a entrevista, o sujeito era então submetido ao Questionário de Vivências Acadêmicas, no intuito de não influenciar as questões disparadoras.

2.4.1 Investigação Fenomenológica: questões disparadoras

A) Descreva historicamente os grupos dos quais você participou desde o primeiro período: B) Qual(is) abordagem(ns) eles escolheram? C) Você considera que seu grupo a influenciou na escolha da ênfase clínica?

2.4.2 Aplicação do Questionário

Aplicação de Questionário de Vivências Acadêmicas (apresentado no projeto do orientador) objetiva conhecer opiniões e sentimentos em relação a diversas situações e vivências acadêmicas, buscando abarcar as experiências cotidianas dos graduandos, incluindo as de grupo.

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3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa fenomenológica, como apresentado por Amatuzzi (2001), busca compreender o sujeito em sua intencionalidade de consciência, sem inferências de suas possibilidades. Nesse contexto, se utilizou o método fenomenológico citado Amadeo Giorgi (1978), uma vez que considerar-se-á a sua metodologia como orientadora deste estudo. Este método parte das descrições ou entrevistas transcritas dos participantes a respeito de suas experiências vividas em relação a um fenômeno. As tabelas a seguir apresentaram todos os resultados da pesquisa. Por uma questão didática serão dividas por três tabelas, dispondo a cada uma a relação do ser-no-mundo com seu contexto histórico, motivacional e de influência. A tabela a seguir descreve as vivências de cada sujeito quanto à sua construção de ser-estar-no-mundo, compreendendo todos os seus estágios relacionais desde sua entranha no mundo humano universitário. Tais conteúdos se dispuseram ante a questão disparadora: “Gostaria que você descrevesse historicamente sua relação com seus colegas desde o primeiro período até o oitavo:” Tabela 1

S1

Deslocamento de grupo: “Na verdade o pessoal da minha turma hoje, não é o mesmo que entrou comigo na faculdade...” Interdependência grupal: “No meu segundo período eu comecei a pegar matérias um pouco adiantadas, acabei conhecendo a turma do período logo após o meu...comecei a me aproximar desta turma...”. “Era uma relação estreitamente acadêmica...quando vimos, já estávamos tendo uma relação fora da faculdade também.”

S2

Independência dos grupos: “...eu não tenho um grupo fixo. Eu me relaciono com os (grupos de) períodos anteriores... mas nada muito próximo.”

S3

Independência de grupos: “...meus primeiros períodos não foi muito boa minha interação, tanto é que eu saí (da universidade), fui para outra instituição, mas não me adaptei por lá e voltei...”

S4

Vivência Intergrupos: “...a gente participava de vários outros grupos, qualquer roda de pessoas, qualquer período ... todo mundo!”. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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S5

Deslocamento de grupo: “Quando eu entrei na faculdade eram todos muitos unidos... eu pegando várias matérias em períodos distintos, o que me levou a vários grupos, mas sem um meu...”

No desenvolvimento histórico apresentou-se as formas de relações dispostas durante o estar na relação acadêmica. Agora, na tabela seguinte, se busca conhecer o motivo elaborado pelo entrevistado para sua escolha de ênfase clínica, sendo a questão disparadora: “O que te levou a escolher/optar por esta ênfase?” Tabela 2

S1

Interdependência com a filosofia e com o grupo: “Identificação com a filosofia Behaviorista mesmo, e acho que em partes o grupo. Porque eu estudei comportamental com eles desde sempre...”

S2

Interdependência do terapeuta: “...eu escolhi psicodrama após passar por varias abordagens enquanto cliente de psicoterapia, e a que eu mais gostei foi no psicodrama, onde eu fiz terapia 3 anos e meio...”

S3

Interdependência da técnica: “Psicodrama, porque assim eu gosto as técnicas vivenciadas, sabe eu me identifico.”

S4

Independência do grupo: “ outro foi também para o psicodrama, assim como eu...”

S5

Identificação: “As teorias faziam mais sentido pra mim, os textos apresentados, aquilo quando eu via, fazia sentido, tinha coerência, tinha lógica, eu conseguia relacionar com meu dia a dia, coisa que eu não encontrava em outras abordagens...” Na tabela 3, dados que, em função da questão disparadora: “Você

considera que seu grupo a influenciou na escolha da ênfase clinica?”, evidenciam a especificidade do objeto a ser investigado.

Tabela 3

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S1

Influência do Grupo na manutenção da escolha: “Talvez não a escolha, mas a manutenção nela. Não a identificação inicial, eu acho que isso é uma coisa mais pessoal, de o meu modo de ver, de viver ser muito semelhante a da filosofia Behaviorista, mas na manutenção com certeza, inclusive eu acho que fui selecionando o grupo de alguma maneira por essas afinidades de abordagens. Acho que a influência existe sim, no meu caso na manutenção, mas só pra você ver, a outra abordagem que eu mais me aproximo é a Gestalt, que é a abordagem da grande amiga que a gente tem no grupo. Então assim, influencia muito”.

S2

Interdependência do terapeuta: “Não, não... eu escolhi psicodrama após passar por varias abordagens enquanto cliente de psicoterapia, e a que eu mais gostei foi no psicodrama”.

S3

Identificação: “Não. Eu escolhi a partir das minhas experiências mesmo, meu crescimento, meu aprendizado que eu escolhi essa abordagem, a minha visão de mundo, algo pessoal que me levou a escolher.”

S4

Interdependência do grupo, e não identificação com o orientador: “Sim, teve. Acho que essa identificação pelos ideais, quando você chega aqui dentro (faculdade), as escolhas já vão parecendo, e quando você começa a conversar pelo o grupo. Quando fui escolher, teve uma discussão no grupo, pensamos em fazer em comportamental, mas não identifiquei um professor que eu queria naquele momento, e ai optei pelo psicodrama, por achar que em algum momento o psicodrama pode me ajudar a fazer um trabalho dinâmico.”

S5

Identificação: “Não. Eu creio que não, pois a maioria buscou outras áreas, em Gestalt mesmo só duas ou três pessoas que conheço, mas que não fazem parte do meu grupo, e que eu quase não convivo. Eu encontrei na Gestalt respostas que sempre busquei, uma visão diferente do homem, algo que busquei na psicologia, e encontrei na Gestalt.”

Embora se evidenciou, durante esse estudo, reduções comuns, como no caso do S2/S3 apresentaram a mesma unidade de significado independência de grupos, e S1/S5 na tabela 1 no que se refere a deslocamento de grupos, a cada sujeito, isso surgiu em um determinado contexto, demonstrando que, como define Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Heidegger (1993) a identidade de cada sujeito está inteiramente relacionada aos acontecimentos vivenciados no mundo-do-ser. Tais ideias comprovam a ideia disposta por Schultz & Schultz (1981), no que se refere à multiplicidade que define um comportamento. Entretanto, sujeitos como S2 e S3, afirmam não possuir grupos específicos, declarando relacionarem-se com outras pessoas, de outros períodos. O S3 apresenta, em sua fala, uma ênfase em sua dificuldade de relacionar-se, informando sobre a mudança de instituição devido a essas relações, ou a falta delas. Ante o estudo, compreende-se fazer parte de seu mundo próprio, não disposto de hipóteses verificadas durante o estudo. Ante as respostas de S1 e S5, que, durante o início do curso se vinculava a um grupo, deslocaram posteriormente. Lapassade (1983) e Mailhiot (1991) destacam que, no processo de formação de grupos, encontraram-se vários processos de serialidade. Isso ocorre quando o grupo se desfaz por quaisquer motivos, voltando de uma interdependência para um novo aglomerado. O deslocamento de grupo é apresentado pelos autores acima citados como estabelecimento de um novo grupo, onde se une novamente visando alcançar objetivos específicos. S4 apresenta uma vivência entre vários grupos simultaneamente. Conforme apresenta Carlos (1998), a relação constante facilita a formação de grupos, segundo os relatos de S4. A partir desse sujeito em particular pode-se vislumbrar a partir de “todo mundo” amplia suas relações, como ser-no-mundo. A tabela 2 evidenciou os motivos que cada sujeito elegeu ao escolher a ênfase clinica, evidenciando a independência do grupo, que se apresenta apenas em S1, sendo que em todos outros sujeitos tal fator não se revela. S1 destaca que houve interdependência com a filosofia e técnica, aspectos que didaticamente pode evidenciar como figura o mundo próprio do mundo humano, este aspecto refere-se ao conceito da intencionalidade da consciência, apresentado por Forghieri (1993). A vivência de S2 também inclui a percepção vivida com a relação com seu terapeuta, enquanto a de S3 enfatiza a vivência com a técnica. Forghieri (1993) afirma que, embora seja vivenciado o escolher, como uma totalidade, tal fato apresenta-se ao homem sob três aspectos simultâneos, porém diferentes: o circundante, o humano e o próprio. O grupo, mundo humano, nesses Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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casos, evidenciou-se como fundo, em detrimento da figura do terapeuta e das técnicas psicológicas. Esse aspecto também foi evidenciado em S4, ao referir a sua influência na opção do outro. Na perspectiva de S5 pode se enfatizar como motivo de influência para sua escolha, sua vivência do aqui-agora, uma vez que a mesma foi escolhida tendo a compatibilidade com seu vivido. Forghieri (1993) ressalta quanto à importância do significado nas relações homem-homem e homem-objeto. Ainda segundo a autora, é a partir das vivências diárias, que desenvolvemos todas nossas atividades, inclusive as científicas, no caso de S5, o escolher da ênfase. A tabela 3, eixo estruturante do estudo, se torna na compreensão do “todo”, conforme afirma Schultz & Schultz (1981), apenas uma das formas de compreensão das influências na escolha. Nesse sentido, os sujeitos denominados S2, S3 e S5 nomeiam outros campos, enfatizam especificamente a influência do terapeuta e o projeto de identificação com a perspectiva escolhida. Essa mesma unidade também se faz presente no sujeito S1, quando o mesmo enfatiza que a influencia do grupo no seu processo de escolher, uma vez que o auxilia apenas na manutenção da mesma. É interessante que o grupo também surge como “fundo” na medida em que, o sujeito evidencia a influência da presença do professor como figura. Tal compreensão pode ser atribuída à visão de que o ser-no-mundo é também um ser só, sendo que a escolha resulta em uma necessidade de autoconhecimento e autotranscendência que permite ao sujeito compreender a necessidade de atuação futura, dispondo assim de uma escolha ampliada de possibilidades do mundo humano, mas que traz a responsabilidade no mundo próprio, e dispõem a escolha nesse duelo, onde, pelo que se viu, foi vencida pelo mundo próprio (Forghieri, 1993).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na tentativa de compreender a influência do grupo vivido no decorrer dos semestres, ao escolher por uma das ênfases clínicas, Psicodrama, Psicanálise, Comportamental e Gestalt, observou-se que o processo de escolher ocorre historicamente, no decorrer do existir humano do graduando do curso de psicologia ao ingressar na universidade. Percebeu-se que o mesmo perpassa por vários grupos, sem a eles se fixarem o que coloca em questão a influência direta dos mesmos na escolha final em sua ênfase clínica. Evidenciou-se que as vivências no mundo próprio, mais especificamente relacionadas às filosofias a às técnicas, a figura do terapeuta e do professor, se fazem presentes, assim como as perspectivas futuras como psicólogos. Nesse sentido, a importância encontra-se na perspectiva de ampliar a compreensão do que se define como a influência de um grupo específico de um semestre do curso de psicologia, para outras perspectivas que incluem o mundo próprio, ou seja, sua relação ante a seus estudos, técnicas, compreensões e desenvolvimentos do mundo, o mundo circundante, nesse caso a grade curricular, e o mundo humano, não na figura direta dos colegas de curso, mas na vivência das relações estabelecidas com discentes e com psicoterapeutas. Nesse contexto, retomamos a essência básica da abordagem fenomenológica-existencial proposta por Romero (1977), que traduz o homem como um ser de possibilidades, de necessidades, onde, em cada contexto pode se expor inúmeras compreensões de um sujeito único, formado por questões que vão além de carências e desejos. Nesse mesmo contexto, compreendemos que, mesmo quando se sai do mundo circundante, busca-se uma nova possibilidade, e ao encontrá-la, ou não, se reposiciona enquanto ser-no-mundo. Tais resultados também apresentam-se no Questionário de Vivências Acadêmicas, onde os apenas S1 apresenta as relações estabelecidas com o mundo humano, estruturante em sua escolha, havendo negação por todos outros sujeitos. Já a visão de mundo influenciou a todos, exceto S3. Tal visão se relaciona ao mundo próprio, ou seja, uma compreensão do vivido, em cada contexto. Forghieri (1993), entretanto ressalta que não são polos distintos ser e mundo, nem Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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sujeito e objeto. Ser e mundo são então, uma estrutura originária e sempre total, não podendo ser descomposta em partes. Surge nessa compreensão da presença dominante da refutação quanto à influência do grupo, uma releitura da proposta de escuta, agora compreendida por uma vivência baseada nos resultados do estudo. Cardoso (2002) dispõe que a escuta é a matéria-prima da relação, em sua compreensão, definida pelo vinculo terapêutico, mas aqui se dispõem de uma tradução da escuta relacionado a compreensão de um fenômeno como ele se apresenta, e uma busca de sua unidade de sentido, alcançada em todos os sujeitos por sua independência de quaisquer influências, por mais densas que possam ser, não os limitam em suas possibilidades. Esses aspectos não foram apresentados na literatura até o momento, o que justifica a continuidade do mesmo para abertura de novas investigações, envolvendo graduandos, com a mesma necessidade de escolher por uma das ênfases em cursos de psicologia de outras universidades do país e do exterior, aspectos que facilitariam a compreensão da temática estudada e disponibilizaram novos momentos de produção de conhecimento cientifico. Importa ressaltar o papel do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) por oferecer auxílio a essa pesquisa, aos sujeitos que atenderam prontamente ao convite, e dispuseram de suas vivências durante um determinado período, à PUC-GO por meio da PROPE por disponibilizar a seus alunos a possibilidade de produção científica, mesmo durante a graduação. A Dra. Virginía Suassuna, por disponibilizar-se como orientadora além das colegas Lívia Silva e Nayara Aguiar que juntas, compôs o mundo humano durante esse caminhar, ampliando a cada encontro ideias, hipóteses, propondo novos desafios, enfim, construindo uma nova percepção de cada sujeito. Sem elas, a compreensão desse relatório seria limitada.

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REFERÊNCIAS

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A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIO NAS P.M.E.s

Antônia Rosilene Jacó da Silva Lemos3 Cleumirtes Fernandes Marques4 Thaiza Rodrigues Dias5

RESUMO: O presente artigo tem como finalidade propiciar discussão sensata e objetiva sobre a importância de se aplicar a ferramenta do Plano de Negócio antes da abertura de qualquer empreendimento, bem como pontuar os benefícios e as previsões que se pode ter ao aplicála. O foco principal é o mapeamento de sua organização futura para identificar riscos e propor ações para minimizá-los ou até mesmo evitá-los. Nos dias atuais, ainda há empreendimento inseridos no mercado sem um planejamento, sem estudo de mercado e cliente alvo, fazendo com que eleve o índice de mortalidade antes mesmo do reconhecimento dentre seus concorrentes, pois não conseguem se sobressaírem diante as necessidades dos consumidores, visto que estas mudam a todo o momento. O Plano de Negócio também é útil para empresas existentes, caso o administrador esteja planejando uma mudança organizacional ou começo de uma nova fase de crescimento para o empreendimento. O Plano de Negócio ajuda nas tomadas de decisões e evita o risco de falência, pois é a partir dessa ferramenta que terá um caminho a ser traçado. Palavras-chave: Empreendedorismo. Planejamento. Organização.

ABSTRACT: The purpose of this article is to promote a discussion about the relevance of applying the tool of Business Planning, before opening up new business, as to point the benefits and to anticipate previously and take actions. The main focus is work with mapping of the future organization to identify risks and to be able to act and minimize problems, solving or

Antônia Rosilene Jacó da Silva Lemos – Bacharel em Administração pela Faculdade Padrão de Goiânia – Brasil – Email: rosileneerl@hotmail.com 4 Cleumirtes Fernandes Marques - Professora Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil 5 Thaiza Rodrigues Dias - Bacharel em Administração pela Faculdade Padrão de Goiânia – Brasil – Email: thaiza.rd@hotmail.com 3

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even avoid them. Nowadays there are still some enterprises in the market without any planning, without previous market analyses or client target, which is the main reason of high indices of closing businesses, because they can’t get thru tough situations, once the consumer’s needs are constantly changing. The Business Plan is also necessary for existing companies, in case of the business administrator is already planning any changes or a growth enterprise new phase. The Business Plan helps to take decisions avoiding risks of bankruptcy, with this tool there will be a planned path. Keywords: Entrepreneurship. Planning. Organization.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema “A importância do plano de negócio nas P.M.E.s”, sendo que a problemática que se deseja abordar a abertura de um empreendimento sem um plano de negócio, o capital a ser investido, o porquê e qual a necessidade do empreendimento no mercado. Este tem por finalidade comprovar a real necessidade de plano de negócio antes da abertura de qualquer empreendimento. O estudo aborda as medidas que devem ser adotadas antes de constituir qualquer empreendimento, para ter empresas competitivas e competentes no mercado, e que possa diminuir o índice de mortalidades das mesmas. É necessário um freio nas aberturas de novos empreendimentos, há necessidade de ter um capital suficiente, analisar o mercado e ter conhecimento na área que se deseja atuar. Através dessa ferramenta de gestão, o empreendedor consegue planejar e decidir a respeito do futuro de sua empresa, tendo como base o seu passado e sua situação. Buscando um maior envolvimento dos empreendedores e dos gestores que vão iniciar um empreendimento, é necessário ter em mente; quer ser um desses empreendedores temporários? Ou quer empreender para permanecer no mercado e expandir seu negócio? Se for essa a escolha, o empreendedor estará consciente de que o tempo utilizado antes de lançar o seu empreendimento representa tempo economizado, risco e problemas evitados depois da criação do seu negócio, usar seu tempo na elaboração de um plano de negócio é ter lucro mais rápido, sem pensar muito no que irá fazer em cada área da empresa para melhorar, pois já foi tudo planejado agora só executar, lógico se foi bem elaborado.

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Caso fosse lei ter um projeto pronto antes da abertura de um empreendimento, o índice de mortalidade seria reduzido mais de 30%, daí a necessidade de todos tomarem o conhecimento e legalizar a abertura, assim iria ter inaugurações de empresas competentes, com o conhecimento de todo o empreendimento para que permanecesse no mercado e alcançar o tão sonhado sucesso com a experiência adquirida, pois o empreendedor tem que buscar conhecimento diariamente no mercado para se sobressair. O artigo tem a finalidade de mostrar a necessidade de um plano de negócio. As falências das organizações ocorrem geralmente por falta de logística operacional, de habilidades gerenciais e capacidade empreendedora, pois a ausência de conhecimento ou experiência dessas habilidades na empresa leva ao fracasso da mesma, visto que um erro tem várias consequências, isso tudo resume na falta de planejamento, pois se você quer abrir um negócio é preciso saber com que irá trabalhar e como trabalhar. A execução do trabalho se dará pelo método de referência bibliográfica em livros e artigos disponível em meios eletrônico, buscando entender sobre a opinião dos autores e o assunto apresentado. O estudo parte de uma necessidade vista no mercado pelo fato de tantas empresas fecharem as portas antes mesmo de ser reconhecida no mercado e também para conscientizar os empreendedores de elaborar um plano de negócio antes da abertura de qualquer negócio. Não é porque estou precisando que irei abrir qualquer coisa só para dizer que sou empresária ou para não ter patrão em cima cobrando. O artigo irá apresentar o que é o Plano de Negócio, como elaborar, mostrando cada etapa, principais razões das falências das pequenas e médias empresas e a parte principal a importância do plano de negócio, podendo comprovar a finalidade do projeto, o objetivo de se tornar obrigatório esta ferramenta que traz pontos positivos e benefícios ao mercado.

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1 O QUE É O PLANO DE NEGÓCIO

O Plano de Negócio é uma ferramenta de gestão estratégica indispensável a todo empreendedor iniciante que queira ser bem sucedido no mercado, pois, quando bem planejado e bem estruturado, contendo as informações essências sobre qual o objetivo da empresa e qual é o mercado alvo que se queira conquistar, com o serviço ou produto, traz resultados positivos e evita o trágico final de um empreendimento: a sua falência prematura ou ineficiência no mercado. O plano de Negócio é a ferramenta perfeita no intuito de descrever uma imagem exata do mercado e posicionamento para os empreendedores. Também proporciona um conhecimento para quem já possui empresa, de forma que possa aprimorar e impulsionar a sua expansão, uma prioridade ímpar para os empreendedores. O Plano de Negócio tem por objetivo planejar e organizar todas as etapas que envolvem a abertura de uma empresa, e traçar metas para realizá-las ordenadamente dentro de um cronograma. Envolve ações que visam estudar a melhor localidade a posicionar o negócio (a praça); o levantamento de custos com materiais, fornecedores e serviços; os investimentos com imóvel e bens imobilizados; o conhecimento de seus concorrentes diretos e indiretos: as suas forças e fraquezas. Para Dornelas, “um negócio bem planejado terá mais chance de ter sucesso do que aquele sem planejamento” (2012, p. 93). Mostrando, assim, que a base elementar do Plano de Negócio é a capacidade do empreendedor saber planejar, pensar o negócio e visualizar de fato o que é prioridade e primazia, e qual é o melhor caminho a ser tomado ao iniciar a abertura de uma empresa. A ferramenta previne o empreendedor de possíveis erros de gestão e abre a visão para a realidade do negócio. Saber que nem todo empreendimento é viável, financeiramente, e possível de se realizar, por não haver demanda suficientemente interessada em consumir o produto ou serviço. Ao realizar o Plano de Negócio é possível identificar a viabilidade e retorno do empreendimento, caso foi elaborado de acordo com a análise de mercado. Por mais que o sonho de ser proprietário seja vivido, sublime e fervoroso, e que haja ânimo e garra para enfrentar as dificuldades e adversidades advindas no dia a dia de empresa, isso não é o bastante. O mercado não tolera erros. Se não houver dados reais sobre o segmento que se quer atuar como empreendedor, e que venha trazer certa confiança Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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de que é uma boa oportunidade de negócio, como fator gerador de lucro, é melhor ser abortada a missão e evitar, assim, prejuízos financeiros. O plano de negócio pode ser descrito como um mapa, como um caminho a ser percorrido para alcançar um objetivo. O mapa nada mais é que o planejamento do empreendedor, um documento que traz visibilidade do todo, ou seja, todas as ações envolvidas no processo. Corrobora que a base elementar de todo negócio é o seu planejamento. Planejamento é trivial, é alicerce, é o que sustenta todas as ações tomadas posteriormente pelo empreendedor. Segundo Bizzotto:

O PN é um mapa que descreve o “caminho” que vou seguir na criação e desenvolvimento do meu negócio. É claro que o PN não é o negócio (assim como o mapa não é o território), mas ajuda muito a compreender os aspectos envolvidos na sua criação (2008, p. 24).

Até em meados de 1990, o Plano de Negócio não era uma ferramenta notória e popular entre os empreendedores brasileiros, e muito menos importante e usual. A sua disseminação e importância, como instrumento de gestão estratégica, aconteceu primeiramente através das empresas especializadas em softwares que, para atender aos seus clientes interessados, criou o Softex, aplicativo cujo objetivo precípuo era incentivar a exportação do software nacional, e ganhar fatia no mercado externo. Dois fatores foram de suma importância na contribuição e amadurecimento da ferramenta, o crescimento da Internet no final da década de 90 e início do século XXI, e o incentivo do Governo Federal (com a criação do Programa Brasil Empreendedor) que capacitou um grande número de empreendedores para administrar a sua empresa. O termo se consolidou e se formalizou. Em todo o país, passou a ser usado como um documento primordial ao empreendedor que quisesse captar recursos financeiros destinados à abertura do negócio. Garantido aos seus leitores (em especial investidores e potenciais credores, os bancos) da capacidade de seus dirigentes.

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Para Dornelas:

A explosão da Internet, no final do ano de 1999 e início de 2000, e o Programa Brasil Empreendedor, do Governo Federal, propiciaram a disseminação do termo plano de negócios em todo o país. Todavia, destacou-se apenas a sua utilidade como documento indispensável ao empreendedor em busca de recursos financeiros para o empreendimento (2012, p. 93).

O Plano de Negócio é um documento, apresentando a empresa que será inserida no mercado, as estratégias e metas a serem alcançadas para se consolidar e evitar o risco de falência em seus primeiros anos; a projeção dos balanços e lucros, que tem por função trazer segurança aos investidores. De acordo com Wildauer, “Plano de Negócio é uma obra de planejamento dinâmico que descreve um empreendimento, projeta estratégias operacionais e de inserção no mercado e prevê os resultados financeiros” (2011, p. 39). Assim como um curriculum tem o propósito de apresentar as especialidades, experiências e técnicas de um pretendente a uma vaga de emprego no mercado, o Plano de Negócio é a carta de apresentação a um investidor ou credor, contendo todas as informações necessárias sobre o negócio. Quando bem elaborada pelo empreendedor, constitui-se de um cartão de visitas. Os seus dados, quando são bem coletados e baseados dentro de uma realidade mercadológica, valoriza o empreendimento e facilita a captação de capital por parte dos investidores.

2 COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIO

O mercado é muito abrangente, versátil e suscetível a mudanças. Mudanças econômicas, mudanças de comportamento do consumidor (que forçam as empresas a adequarem seus produtos ou serviços de forma a oferecê-los com excelência), mudanças tecnológicas (que faz com que os empreendedores adaptem seus negócios com o objetivo de atender com mais eficiência e agilidade) etc. Tudo isso efeito da globalização, que vem a aproximar cada vez mais as relações de venda e troca de mercadorias, como também gerar maior concorrência entre as empresas, onde as falhas de gestão devem ser mínimas e o

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acerto em cada decisão, mais exigido para ser bem sucedido e trazer lucros rentáveis no negócio. Elaborar o Plano de Negócio, nesse ambiente hostil e de constantes mudanças, é peça chave para o sucesso. O Plano de Negócio deve ser feito de forma que venha a atender ao que o empreendedor deseja. Se, por exemplo, o negócio se apresentar com muito risco, e o empreendedor tiver interesse de atrair capital de um investidor que tem o perfil de arriscar, deve fazer sobressair com mais ênfase o retorno financeiro, os lucros que serão auferidos nas movimentações, de forma a convencê-lo. Se o negócio tiver o propósito de trazer mudanças na estrutura operacional da empresa, muda-se todo o contexto. Agora já não é o retorno financeiro o tema mais importante, mas sim os benefícios tragos com redesenho estrutural. A elaboração é feita de acordo com o objetivo que se busca com ele: se é a abertura de um empreendimento ou um processo de melhoria estrutural e organizacional da empresa no mercado, seja no financeiro, nas estratégias de Marketing, seja no modo de produção, aperfeiçoamento de um serviço, ou ainda na expansão de maquinários ou criação de um novo serviço. O importante é o leitor entender a ideia do empreendimento, os objetivos, o mercado alvo, o investimento financeiro, os planos de Marketing e o que será ofertado para o mercado (BIAGIO; BATOCCHIO, 2012). Sua estrutura é composta da seguinte forma:  Capa: é a imagem da empresa, deve ser bem elaborada de forma a trazer credibilidade ao leitor, pois de acordo com o ditado popular segundo Biagio; Batocchio “a primeira impressão é a que fica” (2012, p. 11). Devem-se tratar informações da organização, como: razão social, logotipo e logomarca; autor que o fez, mês e ano e o número de cópias da edição;  Índice: ajuda a localizar cada uma das seções do Plano de Negócio. O índice tem a função de trazer agilidade e de responder o que interessa ao leitor, pois as seções são bem divididas e repaginadas;  Sumário executivo: é a seção mais importante. É nele que são contidos os alvos, a sua missão, o local da empresa, o porquê de abrir o negócio, o seu mercado alvo, a sua estratégia de crescimento, a lucratividade que se deseja como empresa, os recursos que serão gastos no empreendimento etc. Tem a finalidade de vender a ideia ao leitor e gerar plena convicção de que é uma oportunidade única de investimento;  Descrição da empresa: deve conter informações históricas da empresa, a sua constituição jurídica (capital por cotas limitadas, sociedade anônima etc.), o desenvolvimento de sua atividade, as características de seu produto ou serviço, as atividades operacionais realizadas, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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o seu ramo de atividade, quem são os seus clientes potenciais, como ela oferece os seus produtos ou serviços;  Planejamento Estratégico: contém o planejamento de ações preventivas a ser aplicado pelo administrador com o objetivo de resguardar a empresa de mudanças trágicas do mercado; de riscos imprevistos que, são ocasionados pelo governo, com algum reajuste na politica fiscal e consequentemente elevação do custo do produto ou serviço; de seus concorrentes diretos, que buscam aperfeiçoar cada dia mais seus produtos ou serviços, com inovações. O Planejamento tem a finalidade de preparar a empresa para enfrentar qualquer mudança nas condições ambientais externas a ela. Aqui se faz a visão do negócio, a projeção do que pretendem para o futuro, como quer ser reconhecida, qual a sua razão de ser e o que ela faz como negócio, a sua cadeia de valores, a análise de suas forças e fraquezas, quanto ao ambiente interno, como também as suas oportunidades e ameaças, quanto ao ambiente externo. Todo o planejamento estratégico deve nortear ações baseadas nessa análise; Para Biagio; Batocchio:

Um planejamento estratégico bem elaborado deve ser composto dos seguintes fatores relacionados à empresa: visão, missão, cadeia de valores, competências essências, análise das oportunidades e ameaças, análise dos pontos fortes e fracos, definição dos objetivos e das metas, formulação e implementação das estratégias, controle e retorno das informações (2012 p. 33 e 34).

 Produtos ou Serviços: é a descrição dos produtos ou serviços que serão vendidos aos seus clientes; com informações importantes que envolvem todas as suas etapas. Devem ser detalhadas todas as suas características intrínsecas. Pois há produtos que precisam ter seus direitos de propriedade devidamente legalizados: registro de patente, de marca ou de logotipo, com a data de validade informada ao investidor. A descrição dos produtos ou serviços é um benefício ao empreendedor uma vez que são percebidas por ele as vantagens e desvantagens com relação aos dos seus concorrentes. Segundo Biagio; Batocchio, “é também um modo interessante de comparar com a concorrência e tentar perceber o que os concorrentes fazem de certo e de errado” (2012, p. 101);  Análise de Mercado: é fundamental a todo negócio. Pode ser comparada a uma ferramenta singular e insubstituível que, sem ela, não funciona todo o restante do aparato necessário ao sucesso do empreendimento. Consiste em conhecer o mercado, o ambiente em que a empresa está inserida e o campo de atuação dela; o público alvo, consumidor de seus Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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produtos ou serviços, e suas características: aspectos culturais, sociais, pessoais e psicológicos que influenciam e determinam o consumo de certo produto ou serviço. A análise responde questões sobre onde posicionar o produto no mercado, seus concorrentes diretos, bem como o local da empresa como estratégia de venda (Marketing de Vendas). Permite conhecer os fornecedores diretos e indiretos envolvidos e a cadeia de suprimentos do negócio. É resposta sobre a viabilidade de abertura do negócio;  Plano de Marketing: analisar o mercado, o segmento de atuação, o posicionamento da empresa, o publico alvo destinado ao consumo dos produtos, os fornecedores diretos e indiretos envolvidos etc., é fator decisivo para o sucesso do empreendimento. Mas não é tudo, a empresa pode ter o melhor produto do mundo, com a melhor qualidade e durabilidade e, mesmo assim, não ser bem sucedida em suas vendas. É por isso que é necessário elaborar um Plano de Marketing, responsável por fazer o produto ser conhecido e despertar o interesse e o desejo no consumidor, em adquiri-lo. Ações planejadas, que tem o objetivo de fazer a marca ser lembrada pelos clientes ao irem às compras, o método de se comunicar e trazer proximidade entre empresa e consumidor e estratégias de pontos de vendas e distribuição são quesitos pautados em um bom Plano de Marketing. O empreendedor, ao comercializar ou produzir o produto ou prestar um serviço, precisar planejar e praticar os 4P’s do Marketing (Produto, Preço, Promoção e Praça). Ter o produto certo, vendido ao um preço aceitável, dentro dos padrões mercadológicos (regidos pelas as diretrizes de demanda e oferta), com promoção atrelada a ele, que chame a atenção do consumidor para a oferta (anúncios, mídias jornais, folhetos etc.), e no local adequado para a efetivação da venda.  Plano Operacional: é organizar o funcionamento do estabelecimento. Planejar os cargos de relevâncias e estabelecer a hierarquia dos colaboradores, como, por exemplo, a comunicação entre os vários departamentos constituintes e como a estrutural funcional será disposta a facilitar o trabalho dos colaboradores envolvidos. Quantos aos cargos, ao dispôlos hierarquicamente com base na atividade de cada colaborador, a ferramenta mais utilizada pelas empresas é o Organograma, que liga funcionalmente cada colaborador a suas chefias, interligando os cargos com seus respectivos setores diretos e indiretos. Quanto à estrutura física, o planejamento deve ser executado para dispor os equipamentos, maquinários e estoques dentro de um layout que garanta o fluxo desimpedido entre os vários setores;  Plano Financeiro: é impossível executar as ações do plano de negócios sem antes planejar os investimentos alocados a ele. Não há possibilidade nenhuma de o projeto sair do papel se pelo menos não houver uma previsão de recursos financeiros envolvidos nele: o levantamento das despesas, dos investimentos, do fluxo de caixa, balanço patrimonial etc. O empreendedor

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deve se precaver dos imprevistos e, principalmente, ter pelo menos ideia do que a empresa trará de receita e despesa.

3 PRINCIPAIS RAZÕES DAS FALÊNCIAS DAS P.M.E.s

A definição de pequenas e médias empresas no Brasil, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, e a classificação de porte de empresa, aplicável à indústria, comércio e serviços, é feita com base na receita operacional bruta das empresas:  Pequenas Empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$ 1.200 mil (um milhão e duzentos mil reais) e inferior ou igual a R$ 10.500 mil (dez milhões e quinhentos mil reais);  Médias Empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$ 10.500 mil (dez milhões e quinhentos mil reais) e inferior ou igual a R$ 60 milhões (sessenta milhões de reais) (LEVY; MOTA; WERMELINGER, 2010). A P.M.E. é uma organização relativamente flexível e ágil, porém possui pouco tempo para dedicar ao planejamento, pois o empreendedor toma a decisão de todas as áreas da empresa. Existem muitos empreendimentos no mercado, porém nem todos estão aptos a seguir avante o negócio, pois são abertos por pessoas que perderam o emprego ou pediu demissão para abrir sua própria empresa, não porque identificaram a oportunidade certa e sim por necessidade. Sendo assim a probabilidade de dar certo são baixas, devido à falta de habilidades gerenciais (fazer o planejamento, ter conhecimento de mercado e estratégia de Marketing), capacidade empreendedora (ter a capacidade de criar, saber usufruir das oportunidades, liderança e dedicação) e logística operacional (novas tecnologias, utilizar o capital da empresa, reinvestir o lucro e saber escolher seus colaboradores) (BIZZOTTO, 2008). O empreendedor precisa ter conhecimento do próprio produto ou serviço e também dos fatores mercadológicos que norteiam e influenciam diretamente as atividades que conduzem à eficiência e à eficácia da empresa. Isso faz parte do planejamento que é a parte principal para todo negócio.

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Segundo as pesquisas do órgão de apoio ás micros e pequenas empresas (SEBRAE), durante cada ano no Brasil são criados cerca de 1,2 milhões de novos negócios, sendo 99% deles as P.M.E.s, entretanto, de um a cada quatro empreendimentos novos não permanecem no mercado nos primeiros dois anos de atividade, por falta de planejamento ou capital de giro. Para o coordenador do MBA Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio André Neto,

Antes de pensar em abrir uma empresa, os pequenos empreendedores deveriam fazer um plano de negócio, que poderia, por exemplo, mostrar que o investimento não é tão interessante como ele imagina ou que é preciso redefinir o objeto do negócio.

Fornecedores, parceiros, logística de entrega, clareza do segmento de atuação e seus clientes potenciais diretos são um dos quesitos negligenciados por eles. Não adianta ter capital suficiente para suprir todas as necessidades da empresa em seus primeiros anos se o negócio estiver totalmente fora do contexto em que está inserida. Sem ter clareza de sua visão, a sua missão e seus valores, sem objetivo e metas a alcançarem. Se estiver mal planejado, não há dinheiro que venha salvá-lo da falência. Segundo Degen “as razões para o fracasso da maioria dos pequenos empreendimentos são a falta de habilidades administrativas, financeiras, mercadológicas ou tecnológicas dos empreendedores” (1989, p. 67). Muitos empreendedores negligenciam a pesquisa de campo, a análise SWOT. Não pontuam as forças e fraquezas existenciais nem verificam se há boa oportunidade no mercado para o negócio, sendo que uma das regras para obter um negócio bem sucedido é, para Chiavenato, “saber evitar ou neutralizar as ameaças e saber navegar pelas oportunidades que ocorrem nesse ambiente” (2008, p. 17). Não identificam as ameaças do meio externo, as prováveis mudanças tecnológicas que afetam diretamente o negócio. Não verificam ao menos se o local em que pretende se estabelecer como empresa é estratégico, tanto para atrair aos seus clientes, como para receber facilmente as mercadorias comercializadas. Não se orientam e investigam a demanda, tão necessária para manter a permanência da empresa no mercado.

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Os empreendedores devem encarar com seriedade a etapa do planejamento de seus negócios, pois é a partir deste que as organizações podem se preparar para os obstáculos que estão por vir, fazendo com que evite o fracasso de imediato sem ao menos ter o plano B para por em prática (BIRLEY; MUZYKA, 2001). Devem ser exaustivos na pesquisa de mercado, se dispondo a gastarem vasto tempo para isso, e verificando cuidadosamente todos os detalhes ligados e interligados a eles. Tudo deve ser catalogado. E registrado em um documento com todos os seus possíveis riscos, pois é com a descrição de detalhes que se poderá preparar preventivamente para a empresa vencer todos os obstáculos. A pesquisa de mercado traz conclusões sobre a viabilidade do negócio e minimiza muito a probabilidade de uma falência prematura. A deficiência na gestão administrativa dos empreendedores causa a falência, como erros gerenciais cometidos no estabelecimento por não possuírem conhecimento técnico nem habilidades administrativas elementares à boa condução dos negócios. Independente do tamanho da empresa é preciso contratar colaboradores formados ou que tenham ao menos conhecimentos e experiências na área específica (LONGENECKER; MOORE; PETTY,1997). Muitos empreendedores não sabem nem mesmo qual é o fluxo de caixa necessário à boa manutenção do ponto de equilíbrio financeiro adequado à estabilidade da empresa, pois é a partir dessa ferramenta que a empresa irá prever os gastos futuros, sem surpresas. Perdem-se entre despesas e receitas e não têm um controle efetivo das contas a pagar, de gestão de estoque, financeiro, compras e vendas. Ou quando têm, não usam todas as suas funcionalidades. Acabam fazendo o controle das contas a pagar e do estoque em planilhas simples do Excel e deixam os dados, muito importantes à gestão da empresa, dispostos a qualquer intromissão de qualquer colaborador. Justifica Dolabela:

A importância do fluxo de caixa pode ser comparada ao “plano de vôo” de um avião. A rota e o destino já estão planejados, mas correções e adequações devem ser feitas se houver turbulência ou uma tempestade imprevista. Assim é o fluxo de caixa. Ele mostra o horizonte de curto e médio prazos, para que o empreendedor possa escolher os melhores percursos e evitar desastre (2008, p. 220).

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Existem alguns outros fatores que influenciam a atividade estável do negócio (o empreendedor deve está atento a elas). Interferências do governo na economia é um exemplo desses fatores. Ora implementa medidas fiscais e monetárias, aumentando a carga tributária e restringindo o credito com a elevação das taxas de juros, para conter a inflação de demanda no mercado: quando há grande circulação de dinheiro e poder de compra na mão dos consumidores, e a produção de bens e serviços não consegue supri-los totalmente. A interferência do governo na economia pode comprometer o faturamento da empresa e causar como primeira consequência direta a queda nas vendas. Também aumentará a despesas. O empreendedor que não fizer um fundo de reserva destinado a resguardá-la de riscos econômicos, se deparará com dívidas e até com a possível inviabilidade de continuar de portas abertas. A empresa tem de está preparada, munida de estratégias preventivas e eficazes, com o objetivo de manter o negócio sustentável durante o período de adversidade. Segundo Chiavenato:

Variáveis econômicas estão relacionadas com os eventos econômicos, como desenvolvimento ou recessão econômica, aquecimento ou desaquecimento econômico, renda per capita da população, Produto Interno Bruto (PIB), inflação, juros, preços, alugueis, câmbio, balança comercial etc. [...] Queira ou não, essas variáveis influenciam poderosamente o ambiente de negócios e afetam direta ou indiretamente as empresas, independentemente de seu tamanho (2008, p. 30).

Existem mais motivos que podem gerar falências de um negócio. Mas eles não são tão relevantes e sérios como os especificados acima. São mais tênues e acontecem com menor frequência. Vem às vezes com uma fatalidade, com algo não premeditado. Um problema de saúde do dono (empreendedor) ou a sua morte em um acidente pode desestruturar a empresa e deixá-la em maus lençóis. Segundo Longenecker; Moore; Petty “o fundador é o chefe inquestionável do clã e que o conselho apoia automaticamente as decisões do fundador” (1997, p. 139). A situação se agrava ainda mais quando não há pessoa capacitada e disposta, geralmente da família, a assumir o patrimônio construído com muito suor e labor. A disposição tratada aqui não vem do fato de somente tomar frente no negócio, de colocar a mão no arado e de fazer a coisa acontecer. A disposição aqui falada é algo mais profundo. Fala-se de paixão, aquele sentimento de satisfação e de completa realização Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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individual. Se o familiar não o tiver, não há como manter a prosperidade do negócio, não há gestão que venha a ser eficaz. O empreendedor nas Pequenas e Médias Empresas novas no mercado, na maior parte dos casos, tem a sua gestão centralizada por não haver opção de escolha. Não consegue honrar, em seus primeiros anos os compromissos salariais com a contratação de gerentes para todas as áreas, pois não possui recursos suficientes para as mesmas. É involuntariamente obrigado administrar toda a empresa, com as decisões e gerenciamento. Quando acontece um problema de saúde muito grave, os processos e procedimentos conhecidos e feitos somente por ele ficam travados. Até que ele venha a se recuperar do seu estado de saúde, a empresa já sofreu muito prejuízo financeiro. Administrar uma empresa não é uma tarefa fácil, é preciso um negócio proveitoso e ser um bom empreendedor para levar o projeto avante (CHIAVENATO, 2008). É um desafio que se renova a cada manhã, a cada dia trabalhado. O empreendedor deve está preparado para vencer todos os obstáculos e as dificuldades advindas no dia a dia. Deve se dispor a aprender, a aperfeiçoar o seu conhecimento e buscar constantemente se atualizar do mercado. Fazendo isso, vai encarar com muito mais garra e coragem todos os riscos suscetíveis no negócio. Será como um escudo de ferro e resistirá a todo perigo de falência que o rodeia e tenta sucumbir à vida da empresa.

4 A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIO

O Plano de Negócio é fundamental na implantação e na empresa existente, pois ele apresenta todas as diretrizes que o empreendedor deverá levar em consideração para consolidar seu próprio negócio, apresentando fatores positivo e negativos na perspectiva dos clientes, e avaliando o mercado em relação fornecedores e concorrentes, planejando estratégias competitivas na gestão de Marketing e finanças, analisando receitas, custos e despesas, para prever resultados e avaliar a viabilidade do empreendimento. Portanto, para abrir o próprio negócio devem utilizar todas as etapas do Plano de Negócio, pois assim sua visão na gestão e controle do empreendimento será completa, permitindo identificar e corrigir possíveis falhas e gargalos no projeto, que possam futuramente impactar de forma drástica no desenvolvimento do negócio.

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Todo empreendimento que se inicia sem planejamento detalhado, tende a ser um fracasso no mercado, daí surge à importância do Plano de Negócio que pode ser realizado tanto para empreendimento em funcionamento quanto para abertura, é através dele que temos o mapeamento completo de onde queremos chegar, e quais os passos adequados a ser seguidos. Se o administrador efetuar todos os procedimentos ter disciplina e realmente fazer o Plano de Negócio e executá-lo conforme planejado terá o sucesso do empreendimento garantido (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997). A elaboração do Plano de Negócio é um fator que deveria ser obrigatório, antes de constituir um CNPJ do empreendimento. É um dos fatores responsáveis pelos resultados de sucesso ou fracasso do empreendimento. É através desta ferramenta que auxilia, elimina ou reduz, ao máximo, a possibilidade do fracasso. Facilita o acesso a outras pessoas ou entidades que poderão apoiá-lo na implementação ou desenvolvimento do negócio, como: investidores ou potenciais sócios, contadores e advogados tributarista, bancos e entidades financeiras e empresariais, de forma geral. O Plano de Negócio, segundo Degen, “permite que todas as avaliações e experiências sejam realizadas com base em simulações devidamente registradas, e evita gastos e riscos de erros e acertos no início da operação de um novo negócio” (1989, p. 178). O Plano de Negócio é um instrumento que pode conduzir e preparar o empreendedor para as surpresas do mercado. É o meio de se prevenir de seus concorrentes e também de ser o diferencial quanto a eles, com a apresentação de um produto ou serviço inovador e que gerem clientes fieis. É o termômetro da confiabilidade, medida por cada um dos investidores que apreciará as informações. O empreendedor precisa ter em mente que o Plano de Negócio deve apresentar a sua proposta, e vender a ideia com o maior nível de credibilidade apresentado ao leitor. É através do Plano de Negócio que o empreendedor consegue visualizar, a viabilidade, a necessidade de apoio, a necessidade de capital, a necessidade de planejar, podendo assim, identificar e desenvolver as ideias de que maneira pode ser aplicado no mercado, atrair capital ou apoio para iniciar o empreendimento, o método primordial para seguir e acompanhar o desenvolvimento da organização (PALETTA, 2010). Uma das grandes vantagens do plano de negócio para a organização é a compreensão do negócio, serve como instrumento de comunicação das equipes, trás a obtenção de recursos, onde se consegue fazer a identificação dos riscos, sendo a principal ferramenta de gestão. Temos que assimilar nitidamente quem serão nossos leitores, para que Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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possamos apresentar a linguagem do público alvo, sejam eles: investidores, incubadoras, bancos, sócios, parceiros etc. (BIZZOTTO, 2008). O plano de negócio é uma declaração evidente escrita e estruturada que proporciona ao administrador explorar a possibilidade do seu projeto e proporciona ao administrador o conhecimento amplo do projeto. É importante levar em conta que mesmo tendo o capital suficiente para abertura do empreendimento, é necessário fazer todo levantamento para constatar a época mais adequada para lançar e investir em seu empreendimento. Umas das ferramentas primordiais para o sucesso do empreendimento é o conhecimento do empreendedor, saber lidar em equipe, sempre ir em busca de conhecimento, inovação e aperfeiçoamento. O plano de negócio proporciona a lapidação das ideias do empreendimento, examina as oportunidades, identifica os pontos fortes e fracos impedindo e diminuindo o índice de mortalidade das empresas. Assessora o empresário na tomada de decisões e faz com que a organização tenha o sucesso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve por objetivo mostrar a importância do Plano de Negócio nas pequenas e médias empresas, pois é preciso para abertura de um novo negócio ou alteração na organização já existente no mercado, pois muitos empreendimentos são abertos sem o menor planejamento, às vezes, pela perda do emprego ou até mesmo pela vontade de ter seu próprio negócio. Porém vimos que para abrir uma empresa não basta ter vontade. É necessário montar um plano de ação, onde mostrará a viabilidade do negócio, quais as vantagens às dificuldades e barreiras a serem superadas. Verificamos que hoje o empreendedor pode contar com muitas entidades de apoio para facilitar o planejamento e administração de seu negócio, como o serviço brasileiro de apoio às micros e pequenas empresas (Sebrae), o Empretec, as incubadoras, os parques tecnológicos, o instituto empreendedor Endeavor, o BNDS, o programa Brasil empreendedor, criado pelo governo federal, que capacitou mais de seis milhões de empreendedores em todo Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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país e ofereceu mas de R$ 8 bilhões em crédito em mais de cinco milhões de operações financeiras. Essas instituições e programas visam auxiliar os passos determinantes para o sucesso da organização e sua permanência no mercado, através de incentivos financeiros, cursos e palestra, informação e consultoria, promoção de eventos dentre outros. Porém ainda temos um índice muito elevado de mortalidades das empresas em nosso país. Se empreendedor possuir conhecimentos mais específicos, for melhor estruído, terá maiores chances de sua empresa prosperar. Um empreendimento sem um plano de negócio, inserida no mercado, terá maior probabilidade de vir a fechar em seus primeiros anos de vida. Surgindo aí a necessidade de se tornar quase obrigatório a elaboração do Plano de Negócio antes da abertura de qualquer empreendimento, na constituição do CNPJ, ou seja, todo empreendedor tem que elabora o seu projeto pronto antes de inserir no mercado. A principal dificuldade que os empreendedores enfrentam ao tentar montar um plano de negócio é justamente a falta de conhecimento em administração. Eis então o papel do planejamento, onde o empreendedor irá buscar informações que lhe ajudará a enfrentar as diversidades, superar seus concorrentes e surpreender seus clientes, tornando-os fiéis ao seu atendimento/serviço. As instituições de apoio ao empreendedor trazem passo a passo como montar um plano de negócio bem estruturado. Podemos até comparar a uma receita de bolo, onde mostram os ingredientes que você irá usar, o que vem primeiro e o que vem depois, o tempo que o bolo levará para crescer, quantas porções irá render etc., então concluímos que seguindo a receita fielmente, colocando bons ingredientes, na quantidade certa, com atitude e aquela pitada de amor e vontade de vencer, a probabilidade de você conseguir um bom resultado, é sem dúvida muito maior.

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REFERÊNCIAS

BIAGIO, Luiz Antônio; BATOCCHIO, Antônio. Plano de Negócio: estratégia para micro e pequenas empresas. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.

BIZZOTTO, Carlos Eduardo Negrão. Plano de Negócios para empreendimentos inovadores. São Paulo: Atlas, 2008.

BIRLEY, Sue; MUZYKA, Daniel F. Dominando os Desafios do empreendedor. São Paulo: Pearson Marron Brooks, 2001.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilização de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

DEGEN, Ronald Jean. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. Com a colaboração de Álvaro Araújo Melo. São Paulo: Makron Books, 1989.

DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. Ed. 2 Reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

DOS SANTOS, Selma Cristina; DE CARVALHO, Márcia Alves Faleiro. Mundo acadêmico e a construção do conhecimento: normas e técnicas. 2. Ed. Goiânia: Kelps, 2014.

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LEVY, Barbara Pagiari; MOTA, Mariana Cantidio; WERMELINGER, Marta Barreto. O uso de Networks no Processo de Internacionalização: aplicação a Pequenas e Médias Empresas. Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM. Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 50-83, jan./jun. 2010. Disponível em: <http://internext.espm.br/index.php/internext/article/viewFile/98/94>. Acesso em: 25/06/2015

LONGENECKER, Justin G.; MOORE, Carlos W.; PETTY, William J. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Makron Brooks, 1997.

SANIELE, Bruna. Conheça 5 fatores que levam uma pequena empresa à falência. São Paulo, maio, 2012. Disponível em: <http://economia.terra.com.br/conheca-5-fatores-quelevam-uma-pequena-empresa-afalencia,80087e29dd66b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Aceso em 20/06/2015.

PALETTA, Marco Antônio. Vamos abrir uma pequena empresa: um guia prático para abertura de novos negócios. 2 ed. Campinas: Alínea, 2010.

WILDAUER, Egon Walter. Plano de negócios: elementos constitutivos e processo de elaboração. 2. Ed. Rev. Atual. Curitiba: Ibpex, 2011.

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O CONSUMIDOR CONSCIENTE: UM DIAGNÓSTICO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA SOBRE ARTIGOS PUBLICADOS EM REVISTAS E PERIÓDICOS BRASILEIROS, NO PERÍODO DE MARÇO DE 2007 A AGOSTO DE 2015 Ilton Belchior Cruvinel6 Alairdes Maria Ferreira Rocha7 Thais Silva Morais8 Darrúbia Cristina Castro Garcia Silva9

RESUMO: Esta pesquisa tem como finalidade observar trabalhos acadêmicos brasileiros acerca do consumidor consciente, publicados no período de março de 2007 a agosto de 2015. Optou-se por uma meta de estudo estabelecida segundo critérios de Richardson (2007). Foram pesquisados periódicos classificados em A1, B2, B3, B4, B5 e C, de acordo com o sistema QUALIS, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Aderiu a trabalhos que continham, no título ou na palavra-chave, os vocábulos “consumidor consciente”. Foram encontrados 16 artigos publicados em períodos compreendidos entre 2007 a 2015. A diversa publicação dos artigos possibilitou conclusões como: (a) a maioria dos artigos são de instituição de ensino superior; (b) em relação aos artigos publicados em periódicos e anais, notou-se que a maioria prefere, enquanto metodologia, trabalhar com entrevistas em profundidade e análise de conteúdo. Contudo, há um interesse pela metodologia Survey, a qual desperta interesse dos pesquisadores; (c) observa- se que os artigos adotam a coleta de dados secundários; (d) destaca-se a preferência, para as pesquisas, da exploratória descritiva e da explicativa. A metodologia de alguns artigos evidencia, na verdade, a preocupação com o referencial teórico. Conclui-se,

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Professor do curso de Administração da Faculdade Padrão. Endereço iltoncruvinel@hotmail.com 7 Professora do curso de Administração da Faculdade Padrão. Endereço amferreirar@hotmail.com 8 Graduanda do curso de Administração da Faculdade Padrão. Endereço thasilvamorais@gmail.com 9 Graduanda do curso de Administração da Faculdade Padrão. Endereço darrubia_cristina@hotmail.com

eletrônico: eletrônico: eletrônico: eletrônico:

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portanto, que as propostas apresentadas juntas a eles não apresentam embasamento para que gerações futuras possam se manifestar em relação a mudanças e melhorias. Palavras-chave:

Consumidor

Consciente.

Meta-Análise.

Comportamento

do

Consumidor.

ABSTRACT: This research aims to observe the Brazilian academic papers about the conscious consumer, published from March 2007 to August 2015. It was decided by a field goal established according to criteria of Richardson (2007). Journals were surveyed classified as A1, B2, B3, B4, B5 and C, according to the Qualis system of Higher Education Personnel Improvement Coordination (CAPES). He joined the work that contained in the title or keyword, the words "conscious consumer". There were 16 articles published in period from 2007 to 2015. The diverse publishing articles as possible conclusions: (a) most of the articles are of a higher education institution; (b) in relation to articles published in journals and proceedings, it was noted that most prefer, as a methodology, working with in-depth interviews and content analysis. However, there is an interest in Survey Methodology, which arouses the interest of researchers; (c) it is observed that the articles adopt the collection of secondary data; (d) there is the preference for research, descriptive exploratory and explanatory. The methodology of some articles shows, in fact, concern about the theoretical framework. We conclude, therefore, that the proposals together with them have no basis for that future generations can manifest in relation to changes and improvements. Keywords: Conscious Consumer. Meta-Analysis. Consumer Behavior.

RESUMEN: Esta investigación tiene como objetivo observar los trabajos académicos brasileños sobre el consumidor consciente, publicada a partir de marzo de 2007 y agosto de 2015. Se decidió por un gol de campo establecido de acuerdo con criterios de Richardson (2007). Revistas fueron encuestados clasificados como A1, B2, B3, B4, B5 y C, de acuerdo con el sistema Qualis de Educación Superior de Personal de Coordinación de Mejoras (CAPES). Se unió a la obra que figura en el título o palabra clave, las palabras "consumidor consciente". Hubo 16 artículos publicados en período de 2007 a 2015. Las diversas publicando artículos como posibles conclusiones: (a) la mayoría de los artículos son de una institución de educación superior; (b) en relación Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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con los artículos publicados en revistas y actas, se observó que la mayoría prefiere, como una metodología, en colaboración con las entrevistas en profundidad y análisis de contenido. Sin embargo, existe un interés en Metodología de la encuesta, que despierta el interés de los investigadores; (c) se observa que los artículos adoptan la colección de datos secundarios; (d) no es la preferencia por la investigación, de carácter exploratorio descriptivo y explicativo. La metodología de algunos artículos muestra, de hecho, la preocupación por el marco teórico. Se concluye, por tanto, que las propuestas junto con ellos no tienen ninguna base para que las futuras generaciones puedan manifestarse en relación a los cambios y mejoras. Palabras clave: Consumo Consciente. Meta-Análisis. El Comportamiento del Consumidor.

INTRODUÇÃO

A importância dada ao consumo consciente é global, mostra-se muito crescente

em

todo

mundo,

tanto

em

países

desenvolvidos

quanto

em

subdesenvolvidos. “A educação consiste numa socialização metódica das novas gerações” (DURKHEIM, 1978, p.41). Em São Paulo, no Nordeste e na Amazônia essa preocupação é crescente. O consumo consciente, ético, saudável ou verde surge da conjugação de três fatores: o ambientalismo público da década de 70, a infusão da preocupação ambiental no setor empresarial nos anos 80, assim como a preocupação da população com o impacto social dos estilos de vida e consumo a partir de 1990 (PORTILHO, 2005). Segundo Kotler e Keller (2012, p. 689) “muitas vezes, quanto mais comprometida for uma empresa com as causas da sustentabilidade e da proteção ambiental, mais dilemas poderão surgir”. As transformações não param de ocorrer. Seja na vida do indivíduo ou na própria sociedade, com o decorrer do tempo a evolução no desenvolvimento do cliente, enquanto consumidor, e da economia não param de acarretar mudanças na natureza. Os consumidores se tornam cada dia mais conscientes de que, no momento da compra, exercem um ato de cidadania, e passam a indicar fortemente os

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atributos para que as empresas possam estabelecer vínculos e desenvolver suas identidades (Bruni et al., 2008). De acordo com Kotler e Keller (2012 p. 688), “há um tripé – pessoas, planeta e lucro.” A ideia é identificar como o consumidor se comporta de forma a desenvolver estratégias mais apropriadas e eficientes à segmentação do consumo consciente e do mercado. Este artigo tem como objetivo avaliar quais são as motivações que estão por trás da adoção de um consumo mais responsável, buscando identificar a ligação entre os valores declarados pelos indivíduos e seu engajamento em ações de consumo consciente. Conclui-se que algumas características do consumidor consciente vão ao encontro de um caminho no qual 16% da população mundial é responsável por 78% do total do consumismo do planeta, e que a humanidade já consome 50% mais recursos do que a Terra consegue regenerar. Conforme dados da pesquisa divulgada pelo Instituto Akatu, de 800 pessoas de todas as regiões do Brasil, apenas 5% dos consumidores do país podem ser classificados como conscientes. Pensando nas gerações futuras, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) criou o “Dia Mundial dos Direitos do Consumidor” no Brasil; a data foi instituída pela primeira vez em 1962, pelo então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, como uma forma de dar proteção aos interesses dos consumidores americanos. Nesse contexto, buscou-se conceder mais ênfase à atenção sobre esse tema que têm impactos sentidos diretamente na conservação da natureza e no seu consumo consciente dos recursos disponíveis no planeta. “Humanidade, justiça, generosidade e espírito público”, valores apregoados como importantíssimos por Adam Smith, como bem ressaltou em sua Teoria dos Sentimentos Morais, (SMITH, 1976, p. 190). Seguindo esse viés, empresas que querem ser bem sucedidas seguem o código de boa conduta, aderindo sempre aos seus clientes e não aos seus próprios conceitos (KOTLER e KELLER, 2012). De acordo com afirmação de Becker (2009, p. 37), “todos nós agimos como usuários e produtores [...] os mundos representacionais diferem de acordo com o grupo de interesses dominantes”. O consumidor consciente ainda prioriza: (a) que quanto mais o consumidor aderir a produtos verdes e de menos impactos ambientais maiores são as Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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probabilidades de reduzir gastos ambientais irreversíveis; (b) que quanto mais os gastos pesam no bolso, maior probabilidade de redução de custos; (c) quanto mais o indivíduo se preocupa com o meio ambiente e com o seu consumo, maior poder de escolhas terá à frente; (d) quanto mais um indivíduo desenvolver comportamentos ecológicos, mais produtos sustentáveis ele consumirá; (e) a preocupação com as propriedades de matéria-prima é grande, principalmente no tocante à preservação da Amazônia e concessão de maior segurança à economia; (f) o consumo pressupõe a existência do consumidor com seu mercado e fornecedor; (g) há um crescimento muito grande quanto à observação em se consumir produtos mais ecológicos, de modo a comprovar a diminuição de gastos, já que o mercado hoje se vê obrigado a modificar seus produtos em respeito ao meio ambiente e com a finalidade de agradar aos seus clientes. Ruscheinsky (2002) considera [...] o direito dos cidadãos em todas as suas extensões detém uma conotação de conquista, e a efetivação reporta-se sempre à capacidade de organização e estimulação da sociedade civil. Esse tema é relevante, pois engloba o consumidor e sua relação com a credibilidade dos produtos, a comercialização desses com o meio ambiente; logo, pesquisa e desenvolvimento, juntos, levam ao plano de ações mercadológicas em áreas, tais como: (a) área da saúde, marketing, economia, gestão ambiental. É preciso considerar a complexidade da área da saúde, sendo que seu objeto tem base conceitual situada em campos bastante distintos como a Física, a Epidemiologia, a Ecologia, a Biologia, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a História, a Ciência Política, a Economia, a Administração, a Ética, a Genética e a Educação; (b) gestão ambiental, “arte de entender e esperar um desenvolvimento no sentido da criação e da imaginação”; (c) agricultura, pois, como apontam Schlindwein e D'Agostini (1998), é necessário "reconhecer o caráter associativo entre os diferentes saberes e experiências, (...) articulando as ciências experimentais e as ciências narrativas, (...) superando a avassaladora tradição de uma Ciência Agronômica eminentemente positiva”. Um consumo consciente ocorre quando a organização determina as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados alvos e satisfaz, de forma

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eficaz e eficiente, “[...] sem deixar de preservar ou intensificar o bem-estar junto aos consumidores e da sociedade ao longo prazo” (KOTLER e KELLER, 2012, p.22). A sustentabilidade pode ser a fonte de cidadania, de uma nova cidadania que permita a circulação, a promoção de ideias e valores por meios materiais extraídos de maneira cautelosa do ambiente (RIBEIRO, 2003, p. 415). O artigo, além da fase introdutória, apresenta em seu contexto o referencial teórico, que será apresentado na sequência, bem como os aspectos metodológicos junto à análise dos dados coletados, referente às pesquisas identificadas e das considerações finais.

1 REFERENCIAL TEÓRICO Todos os argumentos desta parte, em relação ao referencial teórico, tratam da importância do comportamento do consumidor consciente na área de marketing. As informações sobre como o consumidor reage mediante a presença de influências causadas no meio ambiente e no mercado, têm seu reflexo nas influências inerentes às questões sociais. Mais adiante, são apresentadas algumas pesquisas cujos autores observaram e estudaram o consumidor consciente. Autores que deram sustentação ao tema objeto deste estudo – a importância do comportamento do consumidor consciente – foram: Durkheim (1978), Portilho (2005), Bruni et al. (2008), Kotler e Keller (2012), Schlindwein; D'Agostini (1999) dentre outros.

2 O CONSUMIDOR CONSCIENTE

A análise acerca do consumidor consciente abrange um leque de múltiplas escolhas, o que corroborou para despertar bastante interesse desde que surgiu a oportunidade de auxiliar, sobretudo, o meio ambiente, podendo fazer previsões para balancear perdas e ganhos da natureza, em relação a x ou y. Análises voltadas à forma de comportamento do consumidor surgiram na década de 60, como resultado dos campos de estudo de vários autores influentes. Nos EUA, surgiram em meados de 1962. Nessa data, o então presidente do EUA, John F. Kennedy, enviou Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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uma mensagem ao Congresso reconhecendo os direitos básicos dos consumidores: segurança no consumo, informação sobre produtos ou serviços, direito de escolha e direito de serem ouvidos pelas empresas e órgãos governamentais. No Brasil, graças ao debate iniciado na Agenda 21, a ONU defendeu, oficialmente, em 1995, a proposta de consumo sustentável. Nesse sentido, foi instituído, no dia 15 de outubro de 2009, o dia do Consumo Consciente; assim, o consumidor passou a ser considerado como determinante para as alterações sobre o meio ambiente. Vale ressaltar, aqui, uma fala de Lima Barreto (1956, p. 48): “É chegada no mundo - escrevia em 1948 - a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta; mas socialmente, que é tudo .” Há objetivos a serem destacados na pesquisa do consumidor consciente, a saber: 1) a responsabilidade ao consumir; 2) a influência do marketing no consumo; e, 3) o papel das organizações junto à questão de responsabilidade e sustentabilidade dos seus serviços e bens. Nesse contexto, trazemos à luz a afirmação de Melissa Szuster, diretora executiva da Sustentrends: Não precisamos parar de consumir, mas consumir diferente, de um jeito em que os bens, marcas e serviços não sejam um fim em nossas vidas e passem a ocupar seu verdadeiro lugar: um meio para vivermos longamente e melhor de maneira sustentável e solidária. (SZUSTER, 2015).

Kotler (2000, p. 43), coloca que “Alguns consumidores têm necessidades das quais não têm plena consciência. Ou não conseguem articular essas necessidades. Ou então empregam palavras que exigem alguma interpretação”. Analisando as palavras acima, entende-se que o marketing pode gerar falsos desejos e falsas necessidades nas pessoas, e que o mesmo pode possibilitar fortes desejos materiais. Tanto que, segundo Hailes (2007), o consumidor consciente tem a percepção de que, caso se recuse a comprar determinados produtos que são prejudiciais ao meio ambiente, estará, de alguma forma, auxiliando uma preservação ambiental. Seguindo esse raciocínio, passemos à afirmação de Solomon para quem: O avanço do entendimento diante o comportamento do consumidor é um processo repetitivo e contínuo não sendo apenas o momento que o consumidor realiza o pagamento ou assume um compromisso de pagamento e, em troca, recebe um bem ou serviço. É uma combinação em que duas ou

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mais organizações ou pessoas dão e recebem algo de valor, sendo parte integrante do marketing (Solomon, 2008).

Como a atenção neste estudo encontra-se centrada na conduta do consumidor, autores como Peter e Olson (2009) destacam que a forma de comportamento do consumidor é umas das disciplinas mais importantes do marketing. Assim, o diretor do Instituto Akatu, Helio Mattar, chegou mesmo a ressaltar o que segue: O consumo mundial, além de estar mal distribuído, está descontrolado: cerca de 20% da população mundial concentra o uso de 80% de todos os produtos e serviços do planeta. E, a cada ano, entram mais de 150 milhões de novos consumidores no mercado. Essa estimativa mostra que, nos próximos 20 anos, teremos três bilhões de pessoas desperdiçando alimentos, demorando demais no banho, idolatrando vitrines dos shoppings, esperando nas filas das lojas e comprando pela internet (Pesquisa Instituto Akatu, 2014).

É sabido que a mídia vende sonhos e cria indivíduos consumistas, com um marketing feroz voltado para as mais diferentes idades. Isso se traduz não apenas na propaganda propriamente dita, mas até na estrutura e organização das lojas, estrategicamente planejadas para induzir ao consumo. Porém, o consumidor consciente é capaz de definir aquilo que é bom um ruim para a sua vida. A esta altura, é válido deter a atenção nas considerações feitas por Jean-Jacques Rousseau, ao dizer que “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável”. Kotler (2000, p. 27), por sua vez, reforça o impacto que o marketing detém sobre as pessoas: “As Organizações trabalham sistematicamente para construir uma imagem sólida e positiva na mente de seu público”. Segundo Telles (2003), os mercados são constituídos de consumidores diferentes entre si e, por essa razão, embora possam estar adquirindo o mesmo produto, aspectos e elementos peculiares a esses compradores podem dar origem a identificação de grupos com características similares. Compreender as necessidades e os desejos dos clientes nem sempre é uma tarefa fácil. Alguns consumidores têm necessidades das quais não têm plena consciência. Ou não conseguem articular essas necessidades. Ou então empregam palavras que exigem alguma interpretação (KOTLER, 2000, p. 43).

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De acordo com Kotler, Os clientes estão exigindo cada vez mais qualidade e serviço superiores, além de alguma customização. Eles percebem menos diferenças reais entre produtos e mostram menos fidelidade a marcas. Eles também podem obter muitas informações sobre produtos por meio da Internet e de outras fontes, o que permite que comprem de maneira mais racional Os clientes estão mostrando maior sensibilidade em relação ao preço em sua busca por valor (KOTLER, 2000, p. 48).

O século XXI é caracterizado por um alto consumo desenfreado. E isso não é de se admirar. Tudo hoje envolve dinheiro, interesse, lucro. Nada se tem de graça. “Os clientes de hoje são mais difíceis de agradar. São mais inteligentes, mais conscientes em relação aos preços, mais exigentes, perdoam menos e são abordados por mais concorrentes com ofertas iguais ou melhores” (KOTLER, 2000, p. 69). Ainda em consonância com as palavras de Kotler (2000): A sociedade molda nossas crenças, nossos valores e normas. As pessoas absorvem, quase que inconsciente, a visão de mundo que define seu relacionamento consigo, com outras pessoas, com organizações, com a sociedade, com a natureza e com o universo. O amor pela natureza está levando a um aumento nas atividades de camping, caminhadas, passeios de barco e pesca. As empresas passaram a fabricar botas de caminhada, apetrechos para acampamento e outros equipamentos. As operadoras de turismo estão preparando mais pacotes de passeios ecológicos. Os publicitários estão utilizando mais panoramas naturais como cenários de fundo nas propagandas. Os fabricantes de alimentos têm encontrado mercados crescentes para produtos “naturais”, com cereais naturais, sorvetes naturais e comidas saudáveis (KOTLER, 2000, p. 174).

“Entender o comportamento do consumidor e ‘conhecer os clientes’ não são tarefas simples. Os clientes podem dizer uma coisa e fazer outra” (KOTLER, 2000, p. 182). O consumo consciente é um modo de vida que valoriza a responsabilidade ambiental de forma a preservar e manter um meio social com maior estabilidade de vida para todos. Em um discurso o pronunciado por Fidel Castro, em 3 de agosto de 1985, no encerramento do encontro sobre a dívida externa da América Latina e do Caribe ele disse: As ideias não precisam de armas, na medida em que sejam capazes de conquistar as grandes massas. Baseado em suas palavras o povo de hoje tem carência em desenvolver atitudes inteligentes de preservação e

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conquistas o meio ambiente, levar influência em seu habitat natural, empresarial ou onde moram. As pessoas possuem mais estilos de vida do que sugerem as sete classes sociais. Os bens consumidos expressam o estilo de vida que elas possuem (apud KOTLER, 2000, p. 288).

Dando prosseguimento à linha de raciocínio, Durkheim (2007) assinala: Eis, portanto uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele. Por conseguinte, eles não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos, já que consistem em representações e em ações; nem com fenômenos psíquicos, os quais só têm existência na consciência individual e através dela. Esses fatos constituem, portanto, uma espécie nova, e é a eles que deve ser dada a qualificação de sociais (DURKHEIM, 2007, p. 2).

No entanto, segundo posicionamento de Aron (2003), É possível à existência de um grande número de clãs, tribos ou grupos regionalmente autônomos, justapostos e talvez até mesmo sujeitos a uma autoridade central, sem que a coerência por semelhança do segmento seja quebrada, sem que se opere, no nível da sociedade global, a diferenciação das funções características da solidariedade mecânica (ARON, 2003, p. 461).

O consumidor consciente é aquele que se preocupa com seu próximo e com sua casa, e respeita a si mesmo, pois homem e natureza têm de operar juntos, para que mudanças positivas possam ser sentidas no mundo.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

O desenvolvimento deste estudo foi a base de análise de artigos de construção acadêmica brasileira, em torno do tema “Consumidor Consciente”; apresenta qualidade descritiva, em observância à busca de classificação e análise de artigos científicos, tanto em periódicos quanto decorrentes de congressos nacionais (RICHARDSON, 2007). Observando a necessidade de determinar limites, a operacionalização deste trabalho deu preferências à análise na área de administração e seus correspondentes, segundo classificação da CAPES; por isso, entende-se que o assunto “Consumidor Consciente” abrange uma área de estudo ao conhecimento de Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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grande relevância: Marketing, Gestão Ambiental, Agronomia, Economia, Sociologia, Psicologia e Direito. Os artigos foram filtrados pelo título e palavra-chave. Nesta escala, o termo pesquisado da palavra foi “Consumidor Consciente”. Foram escolhidos e selecionados somente dezesseis (16) artigos publicados em periódicos e apenas três (03) em eventos científicos todos, sendo todos brasileiros. Uma série de questões foi implantada na análise dos artigos selecionados e meramente escolhidos. Os dados computados e analisados, a partir da utilização dos softwares Microsoft Word 2010, para a parte contextual, e Microsoft Excel 2010 na elaboração dos gráficos anexados ao texto. A metodologia de Richardson (2007) foi utilizada em outros artigos com um percentual pequeno para este autor; há dois grandes métodos: o qualitativo e quantitativo. Utiliza-se também o mesmo método de análise já empregado em um artigo, uma análise da produção acadêmica brasileira sobre o comportamento do consumidor de alimento orgânico, empreendida entre 1997 a 2011, publicado pela Revista Eletrônica de Administração, em 01/12/2013; desse modo, foram feitas somente adaptações quanto às variáveis. As análises identificadas, consideradas e quantificadas foram: 1. Dados do artigo: onde foi publicado, ano de publicação e quantidade de autores; 2. Dados dos autores: quanto ao gênero, título, instituição à qual o autor está vinculado, bem como o Estado no qual a instituição encontra-se sediada; 3. Tipo de estudo: teórico e o empírico; 4. Abordagem da pesquisa: quantitativa e qualitativa; 5. Natureza da pesquisa: exploratória, descritiva, causal ou outra; 6. Metodologia de pesquisa: aplicação de questionários, experimento, estudo de caso, etnografia, grupo focal, entrevistas em profundidade, pesquisa bibliográfica ou outra; 7. Tipos de dados coletados: primários e secundários; 8. Instrumento de coleta de dados utilizados; 9. Características técnicas da pesquisa: teorias e conceitos de base; objetivos da pesquisa; questões de pesquisa; hipóteses ou pressupostos de base; tipo de dados coletados; forma de coleta de dados; tipos de amostra; limite do estudo; recomendação para pesquisas futuras; e recomendação para aplicação prática; Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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10. Tipo de consumidor encontrado na pesquisa; 11. Questões de qualidade e de meio ambiente encontradas na pesquisa; 12. Questões referentes ao consumidor consciente encontradas na pesquisa. Logo adiante, tem-se a análise dos artigos sobre o consumidor consciente, segundo critérios metodológicos apontados anteriormente, entre o período de março de 2007 a agosto de 2015. A consulta bibliográfica foi realizada somente em periódicos brasileiros até o dia 8 de setembro de 2015. A análise considerou 16 estudos publicados em periódicos.

4 ANÁLISE DE ARTIGOS ACERCA DO CONSUMIDOR CONSCIENTE, EMPREENDIDA NO PERÍODO DE MARÇO 2007 A AGOSTO DE 2015

O estudo realizado para o desenvolvimento e a construção deste artigo foi fracionado em duas partes. Primeiramente, foi feito o levantamento de periódicos brasileiros que continham títulos ou as palavras-chave: consumidor consciente. Em seguida, a próxima etapa consistiu na análise dos artigos que foram mensurados nas fontes acadêmicas, anteriormente citadas, e que tratava do consumidor consciente. Ao final dessas etapas, desenvolveu-se uma análise estatística dos artigos eleitos para o estudo. Os trabalhos aqui postos em destaque, mesmo representando um pequeno volume, possuem grandeza devido à sua tarefa árdua e ao tema dos dados transmitidos, os quais passam informações relevantes sobre o comportamento do consumidor. A maioria das pesquisas ocorreu no Sul e no Centro-Oeste, e em algumas partes do Sudeste do Brasil. Considerando-se o período analisado, o estudo apontou que, na academia brasileira, os artigos que pesquisaram o consumidor consciente foram publicados nos últimos oito anos, como aponta o gráfico Ano de publicação x Quantidade de Publicação. Dos 16 artigos analisados, percebe-se que os anos 2011 e 2012 obtiveram a mesma quantidade de publicações, totalizando quatro para cada ano respectivo. Houve um declínio no ano de 2014, sendo reduzido o total de publicações, em comparação a 2012. Os artigos analisados começaram a ser publicados em 2007 Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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e seguem, até os dias atuais, o que facilita um melhor estudo referente ao assunto proposto o último artigo foi de 2014. Figura 1: Ano de publicação dos artigos

Ano de Publicação x Quantidade 4

Quantidade

4

3

2

1

1

2007

2008

2009

2010

1

2011

2012

2014

Ano de publicação Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

Com relação ao Estado de origem das instituições de Ensino Superior (EIS) dos autores, pode-se concluir que 31% são de São Paulo se igualando ao Rio de Janeiro 31%, 6% de Minas Gerais, 7% de Pernambuco, 6% da Paraíba, 7% de Alagoas, 6% do Rio de Janeiro juntamente com São Paulo. Diante destes dados apresentados, nota-se que a região Sudeste detém um maior interesse relacionado ao consumidor consciente. Figura 02: Estado de publicação dos artigos

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São Paulo e Rio de Janeiro 6%

Estado de Publicação x Quantidade % Pernambuco 7%

Minas Gerais 6%

Alagoas 7%

Paraíba 6%

São Paulo 31%

Rio de Janeiro 31%

Rio Grande do Sul 6%

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

Em relação à categoria dos escritores (Graduados, Mestrados e Doutorados) nota-se uma elevação de 01 artigo em relação ao mestre e graduado, e um maior índice de doutores. Figura 03: Titulação dos escritores

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

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.

Com base no levantamento acima, foi feita uma pesquisa com os autores

que possuem algum vínculo institucional; a pesquisa foi realizada no Sistema: PLATAFORMA LATTES. Nota-se que a quantidade de vínculos relacionados às publicações é, em sua maioria, uniforme. Figura 04: Vinculo Institucional dos Autores dos Artigos

Vínculo Institucional dos Autores Centro Universitário Antônio Eufrásio de… Vinculo não encontrado com Instituição de… USP UPE UFRJ UERJ UFRGS PUC - RJ PUC - SP PUC-PR 2ª Vara Cível de Juiz de Fora-MG UFRJ UFAL UFRJ UNIMEP Centro Universitário Antônio Eufrásio de…

0

0,5

1

1,5

2

Quanti…

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

Quanto ao gênero, observa-se que a maior parte das publicações é de mulheres, o que eleva a quebra de grandes paradigmas, pois demonstra claramente que o público feminino também se preocupa com o consumo consciente.

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Figura 05: Quanto ao gênero dos artigos

Gênero 25

21

20

Quantidade

15 14 10

5

0 Homem

Mulher

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

O tipo de estudo utilizando revelou que, dos 16 artigos analisados, 7 foram teóricos e 9 empíricos; isso revela que muitas universidades preferem o tipo de método empírico. Portanto, a metodologia de Survey demonstra estar bastante procurada pelos pesquisadores.

A pesquisa sobre o consumidor consciente diz

respeito à preferência de coleta de dados primários e artigos empíricos. Figura 06: Tipo de estudo dos artigos publicados

Tipo de Estudo: Teórico x Empírico

Quantidade

Teórico 7

Empírico 9

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

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Em relação ao tipo de estudo, os artigos analisados foram desenvolvidos após estudos longos. Já ao se considerar os dados recolhidos, percebe-se uma identidade de artigos primários e secundários. Figura 07: Tipos de dados relacionados aos artigos

Tipos de dados: Primários x Secundários

Primário 50%

Secundários 50%

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

A coleta de dados é um dos principais instrumentos preferidos pelos autores; tanto que optaram pela aplicação de questionários\entrevista em universidades. Percebe-se que a maioria dos autores utiliza a metodologia de entrevista em profundidade – análise de conteúdo. Todavia, a metodologia de Survey está demonstrando bastante procura por parte dos pesquisadores. A pesquisa sobre o consumidor consciente diz respeito à preferência de coleta de dados primários e artigos empíricos. Além do uso da metodologia e dos instrumentos de coleta de dados, procurou-se analisar a estruturação dos artigos em relação a características técnicas de pesquisas. Os dados analisados permitiram a percepção de que as características de técnicas mais utilizadas foram: 1. Teoria e Conceito de Base: 7; 2. Dados Coletados: 3; 3. Pesquisa bibliográfica e tipo de dados coletados: com 2 artigos publicados; 4. Questões de Pesquisa: 2; Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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5. Recomendações para aplicação prática: 2 artigos publicados. Figura 08: Referente às características técnicas das pesquisas dos artigos

Características Técnicas da Quantid…

3

7 2

2

2

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

Esse trabalho trata da análise de artigos publicados sobre o consumo consciente; nesse contexto, são observados dados específicos em relação à teoria utilizada com esse tema. No que se refere à sociedade, todos consomem muitas vezes além do necessário por pessoa; assim, a importância dada ao tema contribuiu para gerar mais conhecimento sobre o assunto proposto, alertando, portanto, para a geração de habilidades e atitudes inovadoras em relação ao consumo desenfreado. Quanto ao público alvo encontrado nas pesquisas, este foi variado, conforme ilustra a figura abaixo. Percebe-se que a maioria dos artigos é voltada para os consumidores de todos os gêneros: homens e mulheres. Porém, essa mesma maioria mostrou que há certa preocupação em relação ao público masculino e feminino.

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Figura 09: Referente ao tipo de consumidor analisado nos artigos

Tipos de Consumidores Analisados Homens e Mulheres Estudantes Consumidor Jovem Consumidor no Exterior Baixa Renda Todas as Classes 0

1

2

3

4

5

6

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

. Os autores dos artigos optaram mais pela pesquisa qualitativa do que pela pesquisa quantitativa, por ser mais eficaz neste quesito de estudo e por expressar grande importância para a construção de ideias. Figura 10: Pesquisa Qualitativa e Pesquisa Quantitativa

Qualitativa x Quantitativa

Quantitativa 31%

Qualitativa 69%

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

O mercado é muito exigente. Torna-se imprescindível ficar atento às mudanças e ao giro de mercado; com essa concepção, os autores dos artigos Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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pensaram em qualidade e demonstraram preocupação com o meio ambiente. Notase que essa preocupação é universal e independe de raça, língua ou cor. Todos almejam os mesmos objetivos: consumir sem degradar o ambiente; porém, muitos ainda não encontraram o caminho mais coerente para essa ênfase. Os

consumidores

conscientes,

em

sua

maioria,

podem

ser

caracterizados, pelas ações voluntárias, pela realização mínima de cidadania e também pela conscientização ambiental, mas o assunto vai mais além; consumir com responsabilidade é transformar as ações em grandes atitudes. A mudança começa em nós mesmos. Abaixo, foram medidas as classificações dos artigos no Sistema Integrado CAPES, o qual nos mostra a qualidade da produção intelectual de cada um dos trabalhos analisados. Nota-se que somente um dos artigos possui nota máxima no Sistema CAPES – A1, e, também, que um artigo possui nota mínima C no mesmo sistema. Os demais se situam na linha B. Figura 11: Referente à classificação QUALIS dos artigos

Fonte: Autores, dados analisados na pesquisa.

. Os artigos que não se encontram na análise feita acima, em forma de gráfico, são artigos publicados em Encontros, por esse motivo estão fora do Sistema de Avaliação QUALIS. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este acompanhamento de estudo contribui para a fundamentação de estudos acadêmicos sobre o consumidor consciente. A sustentabilidade dentro da empresa é um objetivo não só de caráter social, como também lucrativo, pois a utilização racional dos recursos e também o controle de gastos com materiais desperdiçados, banalmente, fazem realmente diferença nos pontos de lucro para a empresa. A produção acadêmica pode ser a preocupação da sociedade em comparação ao consumo, junto ao consumidor, considerado realmente consciente de suas práticas e ações no meio ambiente e empresarial. Esse tema vem crescendo muito junto à mídia, devido ao impacto ambiental que o planeta vem passando e, como isso tem afetado, de forma geral, as empresas e, em contrapartida, todos os aliados que dependem dela para a sua sobrevivência. É sabido que há alguns anos a ciência vem inserindo no pensamento social a triste realidade do nosso planeta. Foi possível observar que grande parte das publicações observadas é de Instituições de Ensino Superior (IES) localizadas na Região Sudeste. Este dado demonstra a necessidade de alavancar as outras regiões a pesquisarem sobre o assunto exposto, podendo promover eventos científicos e feiras de ciências sobre a temática. É importante apontar que o presente trabalho não tem o objetivo de defender nem atacar, mas, sim, oferecer inúmeras oportunidades de escolhas e ações para uma vida melhor. A pesquisa que se encaixa no tipo exploratório é notada muitas vezes nos artigos analisados; portanto, há também aqueles que utilizam de pesquisa explicativa e descritiva.

Averiguando a soma e o conceito do artigo exposto,

considera-se a teoria e o conceito como base conceitual, haja vista existir uma clara compreensão dos autores em ligação à fundamentação. Pode-se considerar que a pesquisa mostra caminhos novos para todos os administradores, gestores e para as empresas, no âmbito geral, que tenham interesse em atrair novos competidores e consumidores, e que podem ser usadas em pesquisa futuras, por se tratar de dados verificados e estudados. Ao longo dessa pesquisa, esclarecemos dúvidas e adquirimos algum conhecimento. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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A má gestão dos recursos e dos processos administrativos poderá significar um risco para a própria existência humana e das empresas, como já sabemos. A conscientização de que realmente existe um problema e que podemos mudar juntos, dia após dia, ano após ano, ou seja, há uma longa jornada e um caminho cheio de pedras a seguir.

Mas observa-se que muitas empresas têm

trabalhado e tentado mudar sua forma de ser e tratar o meio ambiente, bem como seus clientes, que estão à busca de novos conceitos de produção e reutilização de seus recursos, o que beneficia toda a sociedade pela redução de estrago ao planeta. A conclusão a que se pode chegar é que é preciso que a sociedade se reeduque e possibilite tanto ao cidadão comum quanto às organizações que entendam que tudo o que modificar no mercado ou no meio ambiente afetará a todos, podendo ter um impacto positivo ou não. E que somente com práticas e ações que visem à sustentabilidade estarão garantindo uma vida melhor e mais satisfatória. Houve um crescimento em relação ao “meio ambiente” bastante significativo, de 2007 até os dias de hoje; nessa perspectiva, as empresas têm que se adaptar para poderem continuar no mercado e respeitando seus clientes. “As melhores declarações de missão são aquelas guiadas por uma visão, uma espécie de ‘sonho impossível’ que fornece à empresa direcionamento para os 10 a 20 anos seguintes” (KOTLER, 2000, p.87). Aliás, nada é impossível debaixo dessa terra onde todos nós moramos e os artigos nos deixaram a dica de que realmente existem os problemas, mas para cada um deles há a solução. Enalteço aqui uma fala de Fernando Pessoa: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo.” Assim, todos nós somos cúmplices desse mercado e do meio “ambiente”. O consumo consciente torna-se, com o passar do tempo, uma questão muito importante e relevante, pois, os recursos naturais estão cada vez mais escassos. Este estudo possibilitou avaliar a quantidade de artigos postados em relação à questão sobre a qual nos propusemos a debruçar, na mesma medida em que permitiu verificar quais os quesitos/parâmetros foram encontrados nos mesmos.

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LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O CONHECIMENTO DE GESTANTES COM RELAÇÃO AO HPV NO HOSPITAL E MATERNIDADE DONA IRIS Isabela Maria Guimarães1 Graduação em biomedicina pela faculdade padrão. Dayane Alves de Sousa2 Graduação em biomedicina pela faculdade padrão. Geliany Teodoro de Souza Almeida3 Graduação em biomedicina pela faculdade padrão. Stephany Barbosa Mathias4 Graduação em biomedicina pela faculdade padrão. Washington Luiz de Souza Marques5 Graduação em biomedicina pela faculdade padrão. Benedito Rodrigues da Silva Neto6 Professor orientador.

RESUMO: O carcinoma cervical é uma patologia que pode ser previamente tratada e evitada de modo eficiente. A prevenção e o esclarecimento é um dos modos mais eficientes no tratamento das neoplasias benignas e malignas o que faz com que estudos que avaliem o nível de esclarecimento da população em relação a estas doenças sejam de grande relevância. O presente estudo comprometeu-se avaliar o nível de conhecimento das gestantes em relação ao HPV (Papiloma Vírus Humano) em um levantamento epidemiológico transversal com 184 gestantes atendidas na Maternidade Dona Iris, uma maternidade pública presente na cidade de Goiânia-Go, onde as mesmas foram entrevistadas com utilização de um questionário previamente validado. Palavra chave: Papiloma Vírus Humano, câncer de colo de útero, conhecimento sobre HPV, gestantes. ABSTRACT: The cervical carcinoma is a disease that can be previously treated and efficiently avoided. The prevention and enlightment about it are some of the most efficient treatment methods of benign and malignant neoplasias, hence the great importance of studies that evaluate the population’s know ledge level about such diseases. The purpose of the present study is to evaluate the know ledge level of pregnant women regarding the HPV (human papilomavirus) in a transversal epidemiological poll with 184 pregnant women, patients at -Dona Iris maternity, a public hospital in Goiânia – Go, Brazil, where they were interviewed though a previously validated survey. Keywords: Human papilomavirus; cervical cancer; HPV know ledge; pregnant women. 1Isabela Maria Guimarães – bacharelando no curso de biomedicinapelafaculdadepadrão de Goiânia – Brasil – E-mail: isabellynha@r7.com

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Rodrigues da Silva Neto – Professor do curso de biomedicina pela faculdade padrão de Goiânia – Brasil – E-mail: neto@doctor.com 2Benedito

1 INTRODUÇÃO O Papiloma Vírus Humano (HPV) é um vírus com DNA de dupla fita com aproximadamente 8000 pares de bases nitrogenadas que codificam todas as funções do vírus, não possui envelope lipídico, mede aproximadamente 55 nanômetros de diâmetro e se apresentando em mais de 100 subtipos diferentes onde mais de 30 destes tem tropismo pela região genital (BAUTZER, 2009). O HPV, recentemente vem recebendo grande destaque nos meios de comunicação devido seu alto índice de prevalência, onde estudos apontam que até 75% das pessoas sexualmente ativas terão contato com este vírus durante a vida acometendo pessoas de qualquer idade embora seja mais comum em jovens, devido à vida sexual mais ativa nesse período (ANTUNES et al, 2004). Um outro fator de grande propagação do tema é a vacina contra o HPV, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que possuem indicações para faixas etárias distintas. A vacina quadrivalente tem indicação para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade (MS, 2013) onde confere proteção contra quatro principais subtipos 6, 11, 16 e 18, e a bivalente tem indicação para mulheres a partir de 9 anos, sem restrição de idade (MS, 2013) fornecendo proteção contra os subtipos 16 e 18 os quais são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo mundo (SECRETARIA DE SAÚDE, 2014). Apesar de a vacina ser uma prevenção do HPV e do câncer de colo uterino ela não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo nas relações sexuais (PORTAL BRASIL, 2014). O HPV é uma doença sexualmente transmissível de grande relevância de estudo devido seu alto grau de contágio tanto em homens quanto em mulheres, sua frequência em indivíduos sexualmente ativos, suas manifestações clínicas e

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citológicas em pacientes imunodeprimidos e mulheres em período gestacional além de sua direta relação com o câncer de colo uterino (PANISSET e FONSECA, 2009). O câncer de colo uterino é uma patologia que pode ser detectada precocemente, sendo assim considerada uma neoplasia prevenível, tendo como característica um período longo de desenvolvimento. Embora possa ser detectado em fases precoces é a terceira neoplasia mais frequente em mulheres (INCA 2006). A transmissão do HPV ocorre por exposição sexual em cerca de 98% dos casos e seu pico de positividade é observado em mulheres de idade reprodutiva e principalmente nos primeiros anos de atividade sexual (JALIL et al, 2009). O diagnostico é feito pela inspeção preventiva de exames de rotina como Papanicolau devendo ser confirmado por exames histológicos, colposcopia e biopsia que avaliam as alterações celulares ou até mesmo exames de biologia molecular, com intuito de qualificar e quantificar o desenvolvimento viral, (PANISSET e FONSECA, 2009). No período gestacional o HPV é observado em um nível acentuado tanto na quantidade das lesões quanto no tamanho das mesmas, fato que está diretamente relacionado as alterações fisiológicas e imunológicas proveniente deste período gestacional (DUARTE, 2004). É importante salientar que o estudo dirigido a gestantes tem como finalidade o esclarecimento de transmissões verticais onde de diversas formas é possível observar diferentes formas de contagio mateno-fetal, podendo destacar contaminação no liquido amniótico e deglutição de sangue materno ou secreções vaginais durante a passagem do feto pelo canal vaginal (GOMES et al, 2006). Devido ao fato de sua importância clinica no período gestacional se faz necessário estudo que investigue o quanto estas mulheres estão informadas em relação às formas de transmissão, meios de tratamento e medidas que devem ser adotadas para que esta patologia não cause prejuízo a saúde da mãe e nem de seu filho (ALMEIDA et al, 2006).

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As gestantes tornam-se um grupo de risco, por serem um público sexualmente ativo, com uma produção hormonal e condição imunológica que viabiliza o desenvolvimento viral. Visto que a informação sobre meios de transmissão e prevenção de infecções por HPV são de suma importância para a redução dos índices de infecção, estudos que investiguem o nível de informação de grupos de risco, principalmente mulheres grávidas, são de bastante relevância. É importante lembrar que o período gestacional se trata de um período em que as mulheres se apresentam com maior frequência nos estabelecimentos de saúde, o que faz deste, um momento adequado para que estas sejam estudadas e avaliadas quanto ao perfil de informação em relação ao HPV. Adicionalmente, acredita-se que há uma relação entre altos níveis de contaminação em comunidades carentes, dessa forma torna-se importante neste trabalho avaliar a relação entre as condições socioeconômicas das gestantes e os índices de contaminação por HPV, para que se possa traçar estratégias que visem levar com maior eficiência informações a esse tipo de população. Sendo assim o objetivo deste estudo e avaliar o nível de informação de gestantes atendidas em uma maternidade publica da cidade de Goiânia, em relação ao HPV e suas formas de prevenção, identificação e formas de tratamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O HPV é uma doença de grande importância no que diz respeito à saúde da mulher e seu estudo é relevante para que este público esteja bem orientado para que medidas educativas e de prevenção sejam devidamente aplicadas. Trata-se de um estudo socioeconômico e epidemiológico, transversal, em que foram realizadas entrevistas com gestantes atendidas na Maternidade Dona Iris uma maternidade pública localizada no Município de Goiânia-Go, no período de agosto a setembro de 2014. Todas as gestantes que estiveram pelo menos uma vez durante o período da pesquisa puderam participar, desde que as mesmas ou seus responsáveis, assinassem o documentos de consentimento livre e esclarecido-TCLE

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(anexo I), onde esteve explícitos os procedimentos e objetivos do projeto, não havendo discriminação quanto a raça nem idade e período gestacional. As entrevistas foram realizadas por meio de um questionário validado previamente testado em um estudo piloto onde foi observado a entrada de dados estatísticos sendo sujeito a aprovação do Comitê de Ética em pesquisa do Hospital Maternidade de Barros e do Instituto Ludwing de Pesquisa contra o Câncer de São Paulo sendo encaminhado para a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e aprovado em 02/03/2006 parecer (188/2006). Foi também submetida à Comissão de Ética para Analise de Projeto de Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CAPPesp) sendo aprovado pelo mesmo, e também analisada e aprovada pelo Departamento de Estudo e Pesquisa da Maternidade Dona Iris. O questionário faz parte de um trabalho intitulado “Prevalência de infecção por HPV em jovens primíparas e fatores associados” apresentado como tese à Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Ciência. Dentre as questões abordadas pelo presente questionário foram adotadas como prioridade para esta pesquisa as questões 4 que pergunta a idade da entrevistada, 6 que avalia qual o gral de escolaridade mais alta que ela já alcançou, 9 a idade que tinha em sua primeira relação sexual, 19 se já usou métodos contraceptivos, 20 qual o método utilizado, 24 se já ouviu falar de HPV, 25 se sabe como o HPV e adquirido e o que ele pode causar, 27 se sabe qual a causa do câncer de colo de útero, 2 se sabe o que e o exame de prevenção, 32 se já o fez o exame de prevenção, 33 quantas vezes realizou o exame de prevenção, 39 se aceitaria ser vacinada contra o HPV e a questão que avalia a renda familiar sendo estas questões que abordam com eficiência o conhecimento destas mulheres em relação ao HPV, o exame de prevenção, o câncer de colo de útero e as condições socioeconômicas das mesmas. Com os dados obtidos através das entrevistas com os gestantes foi montando um banco de dados no programa Microsoft Excel 2007. A análise descritiva dos dados será apresentada com valores absolutos e/ou relativos, quando houver necessidade. Para comparação de dados e utilização de teste estatístico foram considera-se nível de significância valores de P ‹ 0,05 e a analise do desvio padrão. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


73

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a gestação, ocorrem algumas mudanças fisiológicas na região genital feminina, como o aumento da concentração de glicogênio e estrogênio local que, somado a alterações imunológicas inerentes à este período, criam ambiente propício à proliferação do HPV sendo o condiloma acuminado a manifestação mais comum dessa infecção , além de ser este o período no qual se proliferam e alastram com maior frequência e velocidade, sendo importante destacar a regressão espontânea das lesões no puerpério. O HPV também pode ser transmitido verticalmente, através da deglutição de sangue materno, líquido amniótico ou secreção vaginal durante passagem  do feto pelo canal vaginal ou por abrasões decorrentes de parto instrumental. Pode ocorrer, também, durante o período intrauterino (Gomes et al, 2006). Destacando-se assim a importância de identificarmos o nível de informação destas pacientes com relação ao HPV, com a finalidade de se detectar as duvidas dessas mulheres e com isso procurar os melhores meios para que o conhecimento chegue as mesmas. A população de estudo foi constituída de 184 gestantes, que ficaram internadas na Maternidade Dona Iris, localizada na cidade de Goiânia, Estado de Goiás, no segundo semestre do ano de 2014. Estas gestantes compareceram na unidade hospitalar devido à um acompanhamento especial, que fora exigido no curso da gestação, com tratamentos clínicos diversos e também mulheres em trabalho de parto. Foram entrevistadas jovens com idade compreendida entre 14 a 34 anos, onde a mediana foi estabelecida em 25 anos (figura 01), sendo a margem de erro 4,44 para mais ou para menos, estando de acordo com o levantamento que mostra um número

crescente

de

nascimentos

anos (CRESPO), sinalizando que

a

para

natalidade

mães está tendo

de

25

a

29

um

deslocamento

para idades mais avançadas, apesar de ser jovem, se comparado com outros países, como Itália ou Portugal.

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Os fatores que influenciaram a mudança de comportamento da mulher brasileira no que diz respeito à idade em que irão engravidar se refere ao alcance de um maior grau de escolaridade, maiores oportunidades de emprego e queda nas taxas de fecundidade, sendo esses fatores sociais que impulsionam a maternidade em idades mais avançadas. 18 16

QUANTIDADE

14 12 10 8 6 4 2 0 1

3

5

7

9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 IDADE Quantidade

Figura 01: Registro de idade das gestantes entrevistadas no segundo semestre de 2014, na maternidade Dona Iris.

Um dos fatores que contribui para a qualidade da informações desse público sobre o assunto em questão, é a classe social que é determinada de acordo com a renda familiar,

onde

estudos publicados recentemente pelo   (CENTRO DE

POLITICAS SOCIAIS, 2014) considera classe C as famílias cuja renda mensal per capita varia de R$ 320 a R$ 1.120, corroborando com o presente estudo, que constatou diante das pesquisas aplicadas que 73% vivem com uma renda mensal compreendida entre 1 a 3 salários mínimos, 14% com 1 salário, 12% de 3 a 6 e por fim 1% das entrevistas possuem uma somatória mensal de 6 a 10 salários mínimos, como pode se observar na figura 02.

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75

12% 1%

14%

73%

0a1

1a3

3a6

6 a 10

Figura 02: Média salarial das gestantes entrevistadas na Maternidade Dona Iris.

O nível de escolaridade é um fator social importante a ser considerado por se tratar de uma das vias mais eficientes no fornecimento de informação sobre o HPV para jovens e adolescentes segundo (OSIS et al. ,2014). Em dados observados no estudo de (CIRINO et al. ,2010) demonstram que quanto mais avançado o nível escolar mais satisfatório é o nível de esclarecimento em relação ao HPV. Neste estudo foi possível observar que 17% das mulheres possuem ensino fundamental incompleto, 5% possuem nível fundamental completo, 27% possuem ensino médio incompleto, 34% possuem ensino médio completo,12% possuem nível superior

incompleto, 6%

possuem

nível

superior

completo

e

outros (figura

03) considerando uma margem de erro é de 16,83 para mais ou para menos. Os dados apresentados confirmam estatísticas anteriormente mencionadas no estudo de (OSIS et al. ,2014) que detectam que quanto menor o nível de escolaridade maior é a desinformação em relação ao HPV.

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40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1º GRAU INCOMPLETO

1º GRAU COMPLETO

2º GRAU INCOMPLETO

2º GRAU COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

Figura 03: Nível de escolaridade das entrevistadas na Maternidade Dona Iris.

O início da vida sexual atualmente é marcada pela precocidade, não sendo homogênea entre homens e mulheres. A literatura revela que esse evento é mais precoce em indivíduos do sexo masculino do que do feminino, e que está presente em diversos estratos sociais. Porém, mesmo diante disso, a idade é um dado que tende ao declínio expressivo, o que requer maior atenção devido ao níveis de informações que ainda não é tão marcante nesse público, fazendo com que estes não estejam esclarecido de forma satisfatório sobre as implicâncias que o início da vida sexual requer como prevenções e tratamentos, gerando assim consequências importantes

como

o

aumento

da

taxa

de

fecundidade a partir dos 15 anos. O presente estudo constatou, por sua vez, que a maioria das gestantes iniciou a vida sexual com idades entre 12-20 anos; onde a minoria tinha 12 anos de idade e a maioria 18 anos de idade. A mediana da idade da primeira relação sexual entre as gestantes foi de 15 anos (figura 04) sendo a margem de erro de 2,63 para mais ou para menos. Esses valores estão de acordo com o (BORGES et al. ,2002), que em 2002 teve a oportunidade de desenvolver um estudo transversal sobre o início da vida sexual na adolescência, onde as autoras constataram que a primeira relação sexual ocorreu em média aos 15,13 anos de idade reafirmando os dados do presente trabalho e mantendo valores reais de que a iniciação da vida sexual se dá preferencialmente na fase da adolescência.

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77

30

Quantidade

25 20 15 10 5 0 10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

Idade

Figura 04: Media da idade de Inicio da vida sexual das entrevistadas na Maternidade Dona Iris.

A avaliação quanto ao uso de contraceptivos é importante no que diz respeito a utilização de métodos que envolvem hormônios que viabilizam o desenvolvimento do vírus (PINTO et al. ,2002). A figura 05 apresenta 16% de mulheres que não utilizam nenhum método contraceptivo, 84% de mulheres que utilizam método que envolve pílula ou injeção ,sendo estes os métodos mais frequentes no que diz respeito contracepção demonstrando assim a importância de se discutir a relação do HPV e contraceptivos hormonais .

90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% sim

não

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Figura 05: Avaliação quanto ao uso de contraceptivos

O HPV é um vírus capaz de infectar pele e mucosa, sendo mais de 150 tipos diferentes, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes 12 são de alto risco podendo provocar câncer e outros podem causar verrugas genitais. E uma das DST’s de maior prevalência no mundo, estima-se que até 75% das pessoas sexualmente ativas vão ter contato com este vírus durante a vida. Na figura 06 podemos observar que 82% das entrevistadas conheciam ou já tinham ouvido falar em HPV, sendo que 18% não possuíam conhecimento sobre a doença. Reforçando dessa forma a importância das ações de conscientização didática para a população, pois a pesar de grande parte das entrevistadas já terem ouvido falar sobre o vírus poucas delas sabiam realmente suas causas e consequências.

sim

não

18%

82%

Figura 06: Nível de conhecimento das entrevistadas com relação ao HPV

A principal causa do câncer de colo do útero é a infecção pelo HPV, sendo esse o câncer mais frequente na população feminina onde sua prevalência na lesão do colo é de 99,7%, e dois subtipos estão presentes em mais de 80% dos casos que são o 16 e o 18. Outro fatores foram identificados com de risco, com o socioeconômico e ambientais e os hábitos de vida, que incluem o inicio precoce da atividade sexual, a pluralidade de parceiros sexuais, o tabagismo os hábitos inadequados de higiene e o uso prolongado de contraceptivos orais (FRIGATO et al. ,2003). A figura 07 Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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observamos um nível de conhecimento muito baixo sobre o que causa o câncer de colo do útero, sendo que 79% das entrevistadas não tem esse tipo de informação. Assim isso se torna um sério problema de saúde pública, pois mostra uma falta de informação básica sobre a doença. (MENDONÇA, 2006)

21%

SIM NÃO 79%

Figura 07: Nível de conhecimento das entrevistadas com relação ao câncer de colo uterino.

O exame citopatológico de Papanicolau é um método simples que permite detectar alterações da cérvice uterina, a partir de células descamadas do epitélio e se constitui até hoje, o método mais indicado para o rastreamento do câncer de colo uterino por ser um exame rápido e indolor, de fácil execução, realizado em nível ambulatorial, que tem se mostrado efetivo e eficiente para aplicação coletiva, além de ser de baixo custo (ERASO, 2014). Foi observado no estudo em questão que 83% das gestantes já tinham ouvido falar sobre o exame de Papanicolau, contra 17% que não sabiam do que se tratava (figura 08), o que corrobora com (BRENNA et al. ,2001) onde se constatou que 98,1% das mulheres também já tinham ouvido falar do procedimento, no que diz respeito a realização.

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80

sim

não

17%

83%

Figura 08: Nível de conhecimento das entrevistadas com relação ao Papanicolau.

É importante salientar que 77% das gestantes desse estudo já realizaram em média três exames de Papanicolau durante a vida, ao contrário de 23% que nunca realizaram tal exame (figura 09) sendo a margem de erro 35 para mais ou para menos, estando de acordo com (FERREIRA, 2009) onde foram enumeradas algumas justificativas para a não realização do exame de Papanicolau, como o dia-a-dia que implica afazeres domésticos, família e trabalho secular, além do constrangimento que algumas mulheres afirmaram devido ao sexo do profissional que realiza o procedimento, onde na maioria das vezes é masculino, contribuindo como obstáculos para um comportamento preventivo em relação ao câncer de colo uterino e podendo ainda se perpetuar dentro dos núcleos familiares e sociais, impedindo o estabelecimento de ações eficazes no sentido da prevenção.

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80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% sim

não

Figura 09: Relação entre o numero de entrevistadas que já realizaram o Papanicolau, contra as que nunca o realizaram.

Atualmente existem vacinas disponíveis contra o HPV, sendo que a quadrivalente está sendo disponibilizada pelo SUS. A vacina é feita de uma partícula semelhante ao HPV, mas sem a informação genética do vírus o que resulta no aumento da segurança do produto e protege contra quatro tipos de vírus (6, 11, 16, 18) que são mais comuns na população, reduzindo em 70% os casos de câncer de colo do útero e em 90% os de verruga genital. Na figura 10 observamos o nível de aceitação das gestantes em relação a vacina, sendo que grande parte destas 97% aceitariam tomar a vacina, contra apenas 3% que a recusariam, sendo a margem de erro 73, para mais ou para menos. De acordo com os estudos realizados por (ALIGIERI, 2007) as vacinas contra o HPV estão sendo bem aceitas, pois vão reduzir a incidência do câncer cervical uterino, diminuirão o estresse provocado por resultados anormais nos exames citológicos ou pelo diagnóstico de uma doença infecciosa sexualmente transmitida e pouparão gastos referentes aos cuidados com a saúde. Mas para atingir tais benefícios, é indispensável que a vacina seja realmente aceita pelos grupos de pessoas nos quais ela será indicada, isto é, nos jovens ou crianças pré-adolescentes.

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82

sim

não

3%

97%

Figura 10: Nível de aceitação das entrevistadas com relação a vacina contra o HPV

Os resultados do nosso estudo evidenciam uma falta de conhecimento com relação à doença em questão, por apresentar maiores níveis percentuais de mulheres com carência educacional, fazendo com que as mesmas preencham um quadro estatístico onde muitas das entrevistadas já ouviram falar sobre o presente tema, mas apenas algumas conseguem descrever seguramente a forma de transmissão

e

os

sintomas, confirmando assim uma considerável insuficiência a nível de informação. Concluímos assim que é imprescindível que se haja um empenho dos sistemas da saúde para a criação de programas que tracem estratégias a fim de levar conhecimento a população com ralação ao HPV, em consequência teremos a redução dos níveis tanto de morbidade quanto mortalidade, por tal doenças que pode e deve ser prevenida, através dessa conscientização.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados analisados, tendo em vista a média de idade das gestantes entrevistadas, pode-se reconhecer o entardeciemento das taxas de natalidade, frequência mais expressivas aos consultórios ginecológicos, fazendo com que a prática do exame de Papanicolau seja maior, podendo assim acentuar pontos positivos dos dados analisados. Se torna importante observar que as estatísticas do presente trabalho evidenciam uma certa carência a nível educacional que muitas das vezes pode ser justificado devido aos níveis socioeconômicos baixos, mostrando que as gestantes apesar de já terem ouvido falar sobre o assunto, a maioria não consegue descrever seguramente a forma de transmissão e os sintomas, confirmando assim uma considerável carência no nível de informação que consequentemente deveria ser adquirido no ambiente escolar e por meio de mídias. A precocidade do início da vida sexual ainda constitui um fator relevante no que diz respeito a aquisição de informações sobre o HPV, apesar de, segundo o Ministério da Saúde (2010), no ano de 2003, o governo federal ter iniciado uma série de ações de prevenção de DSTs em colégios públicos, por meio de uma parceria entre os ministérios da Saúde e Educação e profissionais das equipes da Saúde da Família que se tornaram parceiros dos professores da rede pública e levaram para a sala de aula conteúdos de saúde sexual e reprodutiva, ainda é expressivo o baixo conhecimento dessas gestantes em relação a medidas preventivas e consequências, sugerindo assim, uma nova reavaliação desses tipos de programas que se mostram ainda pouco eficientes. Portanto, medidas que atinjam os mais diversos níveis educacionais, econômicos e sociais serão as formas mais eficazes no combate ao baixo nível de esclarecimento da parcela gestante da população, contribuindo assim para melhorias na qualidade de vida das famílias.

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5 ANEXOS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do projeto:ESTUDO DO CONHECIMENTO SOBRE HPV DE GESTANTES ATENDIDAS NA MATERNIDADE DONA IRIS EM GOIÂNIA-GO

Nome do pesquisador responsável: Professor Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto (fone: 81873567). Número de Registro_________________________ Contato dos pesquisadores participantes para problemas e dúvidas decorrentes desta pesquisa: Washington Luiz de Souza Marques (84116527) e Stephany Barbosa Mathias (82017293). Você está sendo convidado a participar, voluntariamente, de uma pesquisa que será conduzida na Faculdade Padrão. Esta pesquisa visa a atenção a saúde de mulheres gestantes frequentadoras da Maternidade Dona Iris compreendendo a detecção do nível de informação que estas mulheres tem em relação ao HPV, suas manifestações clínicas, a forma de contagio, seu comprometimento no período gestacional e suas possíveis formas de prevenção e tratamento, justificada pela falta de esclarecimento desta doença ao publico feminino e em especial para mulheres gestantes tendo este publico como um grupo de risco importante Os pesquisadores realizarão uma introdução informativa sobre conceitos relacionados ao HPV, meios de transmissão, fatores de risco e métodos de coleta e diagnostico. Adicionalmente eles explicarão riscos de hábitos posturais inadequados e ações voltadas a melhoria de tais hábitos. Posteriormente a explicação dos motivos da pesquisa e a concordância do sujeito, assinando o presente termo de consentimento, você responderá um questionário que se fundamenta no levantamento do nível de informação que estas mulheres tem em relação ao HPV, dados socioeconômicos e demográficos. É importante ressaltar que você poderá retirar o seu consentimento a qualquer momento da pesquisa sem que haja qualquer prejuízo, e que a presente pesquisa não ira conferir qualquer risco a você. Após a obtenção dos dados os resultados serão analisados e publicados em revistas cientificas, o nome dos participantes serão mantidos em total sigilo. Os dados pessoais informados não serão revelados em nenhum momento, apenas serão utilizados para cálculos matemáticos (estatísticos). Pelo presente Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que estou ciente e de forma clara autorizo a minha participação neste projeto de pesquisa, livre de qualquer constrangimento e coerção dos objetivos de sua justificativa dos procedimentos a que serei Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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submetido, dos riscos, desconforto e benefícios, assim como aos procedimentos alternativos a que serei submetido, todos acima listados. Fui igualmente informado: - Da garantia de receber respostas a qualquer pergunta e esclarecimento acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados à pesquisa; - Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do estudo, sem que isso me traga prejuízo; - Da garantia de que não serei identificado mediante a divulgação dos resultados e que as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados apenas ao presente projeto de pesquisa; - De que se existirem gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Data:____/____/2014.

_______________________________ Testemunhas Entrevistado

___________________________________ Assinatura do

OBS.: O presente documento, baseado no item IV Diretrizes e Normas Regulamentadoras para Pesquisa em Saúde, do Conselho Nacional de Saúde (Resolução 1996/96), será assinado em duas vias de igual teor, ficando uma via em poder do Entrevistado e outra com o Pesquisador Responsável.

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Faculdade Padrão

Este questionário tem como finalidade fazer um estudo transversal, quanto ao nível de informação que as gestantes têm em relação ao HPV, câncer de colo de útero. O conteúdo do questionário é absolutamente confidencial. Qualquer informação identificando o respondente não será divulgada sob quaisquer circunstâncias. Número de registro__________________

1.

HÁ QUANTO TEMPO A SENHORA MORA NA CIDADE DE GOIÂNIA?

2.

GRUPO ÉTNICO (1) BRANCO (4) ORIENTAL (2) NEGRO (5) INDIGENA (3) MULATO (6) OUTRO _____________

3.

QUAL A SUA DATA DE NASCIMENTO?

4.

PORTANTO A SUA IDADE (EM ANOS COMPLESTOS) É......................................................I_II_I

5.

A SENHORA JÁ FOI À ESCOLA? (1)SIM (2)NÂO

6.

QUAL O NÍVEL EDUCACIONAL MAIS ALTO QUE A SENHORA JÁ ALCANÇOU? (1) 1º GRAU INCOMPLETO (4) 2º GRAU COMPLETO (2) 1º GRAU COMPLETO (5) UNIVERSITÁTARIO INCOMPLETO (3) 2º GRAU INCOMPLETO (6) UNIVERSITÁRIO COMPLETO (7) OUTRO ___________________

7.

ANOS DE ESCOLARIDADE (NÃO INCLUI REPETÊNCIA) .....................................................I_II_I

8.

ATUALMENTE A SENHORA É: (1) CASADA (2) TEM PARCEIRO REGULAR (TEM RELAÇÕES SEXUAIS REGULARES, POR PELO MENOS SEIS MESES, SEM CONTRATO LEGAL OU RELIGIOSO, RESIDINDO OU NÃO NA MESMA CASA.) (3) SEPARADA/DIVORCIADA (4) VIÚVA (5) SOLTEIRA (NUNCA FOI CASADA NEN VIVEU COM O PARCEIRO)

9.

QUE IDADE A SENHORA TINHA QUANDO TEVE SUA PRIMEIRA RELAÇÃO SEXUAL? ___________

10. QUANTOS PARCEIROS SEXUAIS A SENHORA TEVE EM TODA A SUA VIDA? _________ 11. ANTES DESSA GESTÇÃO A SENHORA JÁ ESTEVE GRÁVIDA? (1)SIM (2)NÃO 12. QUANTAS GESTAÇÕES A SENHORA TEVE? ____________ 13. QUANTAS VEZES A SENHORA JÁ ABORTOU? __________ 14. QUE TIPO DE PARTO A SENHORA TEVE? (1)PARTO NORMAL (2)CESARIANA 15. A SENHORA FEZ PRÉ-NATAL NESTA (ÚLTIMA) GESTAÇÃO? (1)SIM (2)NÃO 16. ONDE A SENHORA FEZ O PRÉ-NATAL? (1) NESTE HOSPITAL (2) OUTRO HOSPITAL (ESPECIFIQUE) _______________________________

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17. QUANTAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL A SENHORA REALIZOU? ....................................I_II_I 18. APROXIMADAMENTO QUANTOS MESES DE GESTAÇÃO A SENHORA TINHA QUANDO FEZ SUA PRIMEIRA CONSULTA DE PRÉ-NATAL? .......................................................................... I_I 19. A SENHORA JÁ USOU MÉTODOS CONTRACEPTIVOS? (1)SIM (2)NÃO 20. a) b) c) d) e) f) g) h)

QUAL MÉTODO CONTRACEPTIVO A SENHORA USOU E POR QUANTO TEMPO? TABELA ................................................................................ POR I_II_I MESES COITO INTERROMPIDO ..................................................... POR I_II_I MESES PRESERVATIVO MASCULINO ........................................... POR I_II_I MESES DIAFRAGMA ........................................................................ POR I_II_I MESES PÍLULA OU INJEÇÃO .......................................................... POR I_II_I MESES DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU) ................................ POR I_II_I MESES GELÉIA/ESPERMICIDA ....................................................... POR I_II_I MESES OUTRO(S) ______________________________________ POR I_II_I MESES

21. A SENHORA JÁ TEVE ALGUMA DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL? (1)SIM (2)NÃO 22. A SENHORA FOI ESCLARECIDA SOBRE QUAL (QUAIS) FOI (FORAM) A(S) DOENÇA(S)? (1) SIM, FOI (FORAM) : __________________________________________________ (2) NÃO

23. A SENHORA FOI TRATADA PARA ESSA(S) DOENÇA(S)? (1) SIM (2) NÃO 24. A SENHORA JÁ TINHA OUVIDO FALAR DO PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV)? (1)SIM (2) NÃO 25. A SENHORA SABE COMO O HPV PODE SER ADQUIRIDO E O QUE ELE PODE CAUSAR? (1)SIM (2) NÃ0 26. EXPLIQUE RESUMIDAMENTE COMO O HPV PODE SER ADQUIRIDO E O QUE ELE PODE CAUSAR _________________________________________________________________________________________ 27. A SENHORA SABE QUAL (QUAIS) É (SÃO) A(S) CAUSA(S) DO CÂNCE DO COLO DO ÚTERO? (1)SIM (2)NÃ0 28. EXPLIQUE RESUMIDAMENTE QUAL É (SÃO) A(S) CAUSA(S) DO CÂNCER DO COLO DE ÚTERO _________________________________________________________________________________________ 29. A SENHORA SABE O QUE É O EXAME DE “PREVENÇÃO DE CÂNCER DO COLO UTERINO” OU EXAME PAPANICOLAU? (1)SIM (2)NÃO 30. EXPLIQUE O QUE É O EXAME DE “PREVENÇÃO DE CÂNCER DO COLO UTERINO” OU EXAME PAPANICOLAU ? __________________________________________________________________________________________ 31. A SENHORA JÁ FEZ O EXAME DE “PREVENÇÃO DE CÂNCER DO COLO UTERINO OU EXAME PAPANICOLAU? (1)SIM (2)NÃO[SE A RESPOSTA FOR NÃO, VÁ PARA A QUESTÃO 34, SE FOR SIM, CONTINUE] 32. QUANTOS EXAMES DE “PREVENÇÃO DE CÂNCER DO COLO UTERINO OU EXAME PAPANICOLAU A SENHORA JÁ FEZ? .................................................................................... I_II_I 33 .HÁ QUANTO TEMPO FOI SEU ÚLTIMO EXAME DE “PREVENÇÃO DE CÂNCER DO COLO UTERINO” OU EXAME DE PAPANICOLAU? .................................. I_II_IMESES OU I_II_I ANOS 34. A SENHORA SABE O QUE SÃO VACINAS? (1)SIM (2)NÃO 35. EXPLIQUE O QUE SÃO VACINAS ____________________________________________________________ 36. A SENHORA SABE QUAIS VACINAS RECEBEU? (1)SIM (2)NÃO SE SIM, RELACIONE QUAIS VACINAS A SENHORA RECEBEU _____________________________________________________________________________________________

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37. ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS VACINAS PARA PREVENIR O CÂNCER DO COLO DO ÚTERO. SE ESSAS VACINAS ESTIVESSEM DISPONÍVEIS, A SENHORA ACEITARIA SE VACINAR APÓS O PARTO? (1)SIM (2)NÃO 38. A SENHORA É FUMANTE OU JÁ FUMOU? (1) (2) (3)

SEMPRE FUI NÃO FUMANTE. FUMANTE ATUAL (PELO MENOS UM CIGARRO POR DIA DURANTE PELO MENOS UM ANO). EX-FUMANTE (INTERROMPEU O HÁBITO DE FUMAR HÁ PELO MENOS UM ANO) [SE INTERROPEU HÁ MENOS DE UM ANO, CONSIDERE COMO FUMANTE ATUAL] [SE A RESPOSTA FOR (1) VÁ PARA A QUESTÃO 43, SE FOR (2) OU (3) CONTINUE]

39. QUANTOS ANOS A SENHORA TINHA QUANDO COMÇOU A FUMAR REGULARMENTE? 40. EM MÉDIA QUANTOS CIGARRO POR DIA A SENHORA FUMA OU FUMAVA? 41. SE A SENHORA PAROU DE FUMAR POR ALGUM TEMPO, FURANTE QUANTOS ANOS A SENHORA NÃO FUMOU? 42. (EX FUMANTE) QUANTOS ANOS A SENHORA TINHA QUANDO PAROU DE FUMAR? 43. SOMANDO TODAS AS RENDAS, PENSÕES E SALÁRIOS DA FAMÍLIA, QUAL O GANHO FAMILIAR ARPOXIMADO? 44. QUANTAS PESSOAS VIVEM/DEPENDEM DO SEU GANHO?

Esta pesquisa tem a finalidade de conhecer o perfil do conhecimento das gestantes em relação ao HPV e o câncer de colo uterino, para que se possam criar medidas preventivas eficazes para o combate de tais doenças.

Agradecemos desde já, sua atenção e valiosa colaboração!

Curso de Graduação em Biomedicina da Faculdade Padrão

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RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO

Kelly Alves Rodrigues10 Yara Hilário Medeiros Peixoto11

RESUMO: A entidade familiar passou por diversas transformações ao longo da história e, na atualidade, apresenta o afeto como elemento propulsor. Tendo em vista a importância dada ao afeto no atual contexto, muito se tem discutido acerca da possibilidade de arbitramento de indenização em razão do abandono afetivo nas relações paterno-filiais. Os filhos têm buscado o Poder Judiciário a fim de serem reparados civilmente pelo abandono por parte de seus pais. Desta feita, tem-se como objetivo geral do presente estudo a análise da responsabilidade civil por abandono afetivo, e, como fim específico, aferir como os doutrinadores e os tribunais do país têm se posicionado diante do assunto. Visa ainda demonstrar as inovações legislativas decorrentes do assunto. Ao final, conclui-se que há uma tendência majoritária em atribuir valor jurídico ao afeto, dada a sua significativa importância no desenvolvimento da personalidade da criança e do adolescente. Palavras-chave: Indenização. Abandono. Afeto.

RESUMEN: La unidad familiar ha sufrido varias transformaciones a lo largo de la historia y hoy, muestra el afecto como elemento de la conducción. En vista de la importancia que se da al afecto en el contexto actual, mucho se ha discutido sobre la posibilidad de una indemnización por el arbitraje debido al abandono emocional en la relación paterno-filial. Basado en el principio de la dignidad humana y el daño psicológico causado por el sentimiento de abandono, los niños han buscado el poder

10 Kelly Alves Rodrigues – Bacharel em Direito pela Faculdade Padrão de Goiânia-Brasil – Email: kelly_alvesgyn@hotmail.com 11 Yara Hilário Medeiros Peixoto-Professora do Curso de Direito da Faculdade Padrão de GoiâniaBrasil – Email: yarajur@yahoo.com.br

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judicial con el fin de serem reparados civilmente por sus padres. Esta vez, tenemos el objetivo general del presente estudio el análisis de la responsabilidad civil por abandono emocional, y como objetivo específico, evaluar cómo los eruditos y los tribunales del país se han posicionado sobre el tema. También tiene como objetivo demostrar las innovaciones legislativas derivadas de la materia. Finalmente, se concluye que existe una tendencia mayoritaria a atribuir valor jurídico al afecto, dada su gran importancia en el desarrollo de la personalidad dos niños y los adolescentes. Palabras-clave: Indemnización. Abandono. Afecto.

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a constante evolução da sociedade, hoje a família não mais se apresenta como um grupo de pessoas vinculadas, exclusivamente, pelo matrimônio ou pelos laços biológicos, mas sim pelo afeto. O advento da Constituição Federal de 1988 trouxe significativas modificações no Direito de Família, atribuindo um papel de destaque ao afeto, transformando-o no elemento caracterizador do núcleo familiar. Neste viés, o Poder Judiciário passou a receber várias demandas versando sobre a possibilidade de ser arbitrada indenização em razão do abandono afetivo das relações paterno-filiais. Surgiu, então, o embate acerca da viabilidade de ser atribuído um valor jurídico ao afeto, e se sua falta por parte dos pais seria ou não indenizável. Despontam defensores e opositores à reparação civil por abandono afetivo, e essa divergência se apresenta tanto na doutrina quanto na jurisprudência do país. Para análise do tema faz-se necessário retomar alguns conceitos, abordando as normas aplicáveis ao Direito de Família, os fundamentos da responsabilidade civil e, por fim, relacionar os institutos, demonstrando como os doutrinadores e os tribunais do país têm se relacionado diante da temática do abandono afetivo. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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1 DIREITO DE FAMÍLIA: CONCEITO DE FAMÍLIA E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Muitos autores destacam a dificuldade em conceituar a família, tendo em vista a complexidade do tema e a constante modificação de sua estrutura. A instituição familiar sofreu drástica transformação ao longo do tempo, ao mesmo passo em que ocorria a evolução da sociedade em geral. Nas civilizações primitivas, por exemplo, imperava uma verdadeira promiscuidade. As relações sociais ocorriam entre todos os membros das tribos que eram formadas, e deste modo a paternidade era sempre desconhecida. Outrora a família passou a ser vista como uma unidade de produção, onde eram formadas pequenas oficinas e os filhos representavam a mão-de-obra. Também houve a época que, em razão da influência religiosa, apenas era reconhecida a família advinda do matrimônio. Hoje, a família apresenta uma diferente concepção. Tem como elemento estruturante o sentimento que une seus membros, o afeto, independente do aspecto religioso, biológico, da obrigatoriedade do casamento e até da diversidade sexual. De forma expressa, a Constituição reconhece a família constituída pelo matrimônio, a união estável e ainda a família monoparental, formada por apenas um dos pais e seus filhos. No entanto, é certo que são apenas exemplificações, abrindose espaço para outros modelos de família, sempre pautados pelo afeto. Nesse diapasão, em recente julgado o Supremo Tribunal Federal admitiu como entidade familiar a união de pessoas do mesmo sexo, a denominada união homoafetiva. Numa tentativa de apresentar um conceito amplo, que compreenda as diferentes facetas da família, definem Gagliano e Pamplona (2012, p.22) que “família é o núcleo existencial integrado por pessoas unidas por vínculo socioafetivo, teleologicamente vocacionada a permitir a realização plena dos seus integrantes”. As modificações trazidas pela nova ordem constitucional são decorrentes da evolução da própria sociedade, que tem por característica a constante Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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mutação. Assim, a família tende a se transformar, despontando novos arranjos familiares.

1.1 PRINCÍPIOS

Princípios são normas gerais que embasam qualquer sistema. Nas palavras de Dias (2011, p. 58) “consagram valores generalizantes e servem para balizar todas as regras, as quais não podem afrontar as diretrizes contidas nos princípios”. Além de servirem como normas, os princípios exercem função integrativa, no caso de lacunas da legislação, além de auxiliar o intérprete na análise das regras jurídicas. Sem a pretensão de esgotar todos os princípios aplicáveis ao Direito de Família, cabe a análise de alguns:

1.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

A dignidade da pessoa humana é reconhecida como fundamento da República Federativa do Brasil, conforme disposto no art. 1º, inciso III da Constituição Federal. Por tal princípio, a pessoa humana deve ser especialmente protegida pela ordem jurídica. Impõe ao Estado um limite na sua atuação, que não pode desrespeitar a dignidade da pessoa humana. Ademais, deve implementar medidas para garantir ao ser humano o mínimo necessário para uma vida digna. Por ser o princípio da dignidade da pessoa humana o mais abrangente de todos, é dele que se irradiam todos os demais.

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1.1.2 Princípio da Igualdade

A Constituição Federal de 1988, em capítulo próprio destinado à tutela da família, reconhece expressamente a incidência do princípio da igualdade nas relações familiares, que pode ser analisado sob duas óticas. A primeira delas referese à igualdade entre o homem e a mulher, conforme art. 226, §5º da Carta Magna. Ambos os cônjuges ou companheiros terão igualdade de direitos e deveres, não se admitindo a antiga concepção de que cabia ao homem conduzir a sociedade conjugal. Por fim, o princípio em comento também abarca a igualdade na relação de filiação, vedando a existência de tratamentos discriminatórios entre os filhos havidos ou não na constância do casamento, bem como os adotados. Não há mais que se falar em filhos legítimos ou ilegítimos, sendo assegurada a igualdade em direitos e qualificações (art. 227,§6º CF/88).

1.1.3 Princípio da Vedação ao Retrocesso

O princípio da vedação ao retrocesso, como ensinam Gagliano E Pamplona (2012, p.38), “traduz a ideia de que uma lei posterior não pode neutralizar ou minimizar um direito ou uma garantia constitucionalmente consagrado”.Visa assegurar a segurança jurídica, protegendo as entidades familiares contra a superveniência de leis que possam restringir ou abolir garantias constitucionais.

1.1.4 Princípio da Função Social da Família

Ao longo da história, a família já exerceu várias funções, desde política até função econômica de unidade de produção. Porém, na atualidade a entidade

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familiar é vista sob outra perspectiva, com ênfase na análise de sua função social. Com acerto dizem Gagliano e Pamplona:

De fato, a principal função da família é a sua característica de meio para a realização de nossos anseios e pretensões. Não é mais a família um fim em si mesmo, conforme já afirmamos, mas, sim, o meio social para a busca de nossa felicidade na relação com o outro (2012, p. 42).

Hoje, é atribuída à família uma finalidade social, uma vez que é em seu seio que se desenvolve a personalidade sociocultural de seus membros.

1.1.5 Princípio da Intervenção Mínima do Estado no Direito de Família

A interferência do Estado na esfera familiar deve ser mínima, sendo cabível somente com o fito de tutelar a família e assegurar-lhe garantias. Tal princípio é expressamente reconhecido no Código Civil de 2002, que veda a interferência de qualquer pessoa, de direito público ou privado, na comunhão de vida instituída pela família (art. 1.513 CC/02).

1.1.6 Princípio da Plena Proteção da Criança e do Adolescente

Tal princípio assegura plena proteção às crianças e aos adolescentes no seio familiar. Diante de sua situação especial de pessoas em desenvolvimento e levando em consideração a função social da família, asseveram Gagliano e Pamplona (2012, p.43) que “todos os integrantes do núcleo familiar, especialmente os pais e mães, devem propiciar o acesso aos adequados meios de promoção moral, material e espiritual das crianças e dos adolescentes viventes em seu meio”. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Além de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, os menores de 18 (dezoito) anos gozam de cuidado especial, com prioridade absoluta de tratamento. Tanto a família quanto a sociedade em geral e o Estado devem zelar pela efetivação deste princípio.

1.1.7 Princípio da Afetividade

No atual contexto, o princípio da afetividade é o princípio norteador das relações familiares. Em que pese a ausência de previsão expressa, é indubitável que o fundamento da família é a afeição mútua entre seus membros. Em decorrência deste princípio, a família deixou de ser vista sob o aspecto exclusivamente biológico e matrimonialista, sendo abarcadas novas modalidades de família. Neste sentido, ensina Dias:

A família e o casamento adquiriram novo perfil, voltados muito mais a realizar os interesses afetivos e existenciais de seus integrantes. Essa é a concepção eudemonista da família, que progride à medida que regride o seu aspecto instrumental. A comunhão de afeto é incompatível com o modelo único, matrimonializado, da família. Por isso, a afetividade entrou nas cogitações dos juristas, buscando explicar as relações familiares contemporâneas (2011, p. 71).

Ao encontro desse entendimento, ensinam Gagliano e Pamplona

Vale dizer, a comunidade de existência formada pelos membros de uma família é moldada pelo liame socioafetivo que os vincula, sem aniquilar as suas individualidades. E, como decorrência da aplicação desse princípio, uma inafastável conclusão, já exposta nesta obra, é no sentido de o Direito Constitucional de Família brasileiro, para além da tríade casamento — união estável — núcleo monoparental,

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reconhecer também outras formas de arranjos familiares, a exemplo da união entre pessoas do mesmo sexo (2012, p.39).

Desta feita, é reconhecido o valor jurídico do afeto e a nova concepção de família é fundada na afeição que une seus integrantes.

2 A FILIAÇÃO E O PODER FAMILIAR

Em apertada síntese, definem Gagliano e Pamplona (2012, p. 244) que filiação é a “situação de descendência direta, em primeiro grau”. Trata-se, portanto, do vínculo existente entre pais e filhos. A nova ordem constitucional trouxe significativas modificações no que concerne à filiação. Cada vez mais, a noção de filiação se distancia do vínculo exclusivamente biológico, sendo reconhecida a filiação socioafetiva, que é aquela que se dá pela exteriorização da afeição e da convivência familiar, conferindo ao filho o que se denomina posse do estado de filho. A paternidade biológica não deve prevalecer sobre a paternidade socioafetiva. Daí porque muitos autores fazem uma distinção entre pais e genitores. Na feliz expressão de Dias (2011, p.365), “pai é o que cria, o que dá amor, e genitor é somente o que gera”. E enfatiza a mesma autora:

A filiação socioafetiva assenta-se no reconhecimento da posse de estado de filho: a crença da condição de filho fundada em laços de afeto. A posse de estado é a expressão mais exuberante do parentesco psicológico, da filiação afetiva. A afeição tem valor jurídico. A maternidade e a paternidade biológica nada valem frente ao vínculo afetivo que se forma entre a criança e aquele que trata e cuida dela, lhe dá amor e participa de sua vida. Na medida em que se reconhece que a paternidade se constitui pelo fato, a posse do estado de filho pode entrar em conflito com a presunção pater est. E, no embate entre o fato e a lei, a presunção precisa ceder espaço ao afeto (DIAS 2011, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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p.372).

Como decorrência do vínculo jurídico da filiação, verifica-se o poder familiar, definido por Tartuce (2014, p.951) como "o poder exercido pelos pais em relação aos filhos, dentro da ideia de família democrática, do regime de colaboração familiar e de relações baseadas, sobretudo, no afeto". Trata-se de uma séria de atribuições, conferidas a ambos os pais, e que devem ser cumpridas até que os filhos atinjam a plena capacidade civil. O artigo 1.634 do Código Civil cuidou de elencar as atribuições dos pais no exercício do poder familiar. Em casos de indevido exercício do poder familiar pelos pais, a autoridade judiciária poderá determinar sua destituição. A perda do poder familiar ocorrerá sempre que um ou ambos os pais incorrerem em alguma das situações elencadas no artigo 1.638 do Código Civil: castigo imoderado; abandono; prática de atos contrários à moral e aos bons costumes; e reincidência de falta com os deveres inerentes ao poder familiar. Percebe-se que o poder familiar apresenta um caráter mais protetivo do que de dominação dos pais perante os filhos. Traz em seu bojo uma série de normas de amparo à criança e ao adolescente, atribuindo aos pais o dever de zelo e cuidado, inclusive impondo sanções no caso de descumprimento destes deveres.

3 RESPONSABILIDADE CIVIL: CONCEITO E FUNDAMENTOS

O termo responsabilidade, como ensinam Gagliano e Pamplona (2012, p. 56), deriva do latim respondere, que significa“a obrigação que alguém tem de assumir com as consequências jurídicas de sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de spondeo, fórmula através da qual se vinculava, no Direito Romano, o devedor nos contratos verbais”. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Trata-se, portanto, do dever jurídico de reparação que surge em virtude de um ato danoso. Quanto à sua gênese, a responsabilidade civil pode ser contratual, que ocorre quando há o descumprimento de um acordo, ou extracontratual, que advém de um ato ilícito, e encontra fundamento nos artigos 186 a 188 e 927 do Código Civil. O alicerce da responsabilidade civil extracontratual é o ato ilícito, que é aquele que contraria a ordem jurídica, violando direitos e causando prejuízos a alguém. É assim definido por Tartuce:

De início, o ato ilícito é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direitos e causando prejuízos a outrem. Diante da sua ocorrência, a norma jurídica cria o dever de reparar o dano, o que justifica o fato de ser o ato ilícito fonte do direito obrigacional. O ato ilícito é considerado como fato jurídico em sentido amplo, uma vez que produz efeitos jurídicos que não são desejados pelo agente, mas somente aqueles impostos pela lei (2014, p. 350).

Ocorrendo a violação da ordem jurídica por meio de um ato ilícito, nasce para o autor a obrigação de repará-lo. A lei também define como forma de cometimento de ato ilícito o abuso de direito. Na lição de Cavalieri (2012, p. 172) “o que caracteriza o abuso do direito, portanto, é o seu anormal exercício, assim entendido aquele que se afasta da ética e da finalidade social ou econômica do direito”. Não se pode admitir que o exercício de um direito cause danos ao direito alheio, e, por isso, tal conduta é reprimida pela legislação vigente. Caracterizado o ato ilícito ou o abuso de direito que cause prejuízos, seja de ordem moral ou material, fica o causador do dano obrigado a repará-lo, restabelecendo o equilíbrio rompido e devolvendo ao ofendido o status quo ante.

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3.1 Modalidades: Responsabilidade Objetiva e Subjetiva

Tradicionalmente, a responsabilidade civil se divide em objetiva e subjetiva. Na subjetiva, onde é aplicada a teoria da culpa, o agente apenas será responsabilizado civilmente se ficar comprovado que agiu com dolo ou culpa, ou seja, que o dano ocorreu de forma voluntária ou em virtude de um descuido. Já na responsabilidade objetiva, pautada na teoria do risco, a obrigação de reparar independe da existência de culpa. É certo que o atual Código Civil trouxe a culpa como elemento fundamental da responsabilidade civil. Esta é a regra. No entanto, em algumas situações pontuais expressamente previstas é possível que seja dispensada a análise da culpa do agente, operando-se a responsabilidade objetiva.

3.2 Requisitos

Considerando o que se extrai do artigo 186 do Código Civil, tradicionalmente são elencados os seguintes requisitos: conduta humana, culpa, nexo de causalidade e dano. Passemos à análise de cada um deles:

3.2.1Conduta Humana

Para que haja a obrigação de reparar é necessário um comportamento humano que contrarie a ordem jurídica e cause lesão a bem jurídico alheio. Cavalieri (2012, p. 25) conceitua a conduta como “comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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consequências jurídicas”. Tal comportamento pode se manifestar através de uma ação, ato positivo, ou de uma omissão, que traduz-se em uma abstenção dotada de relevância no campo jurídico. Será relevante a omissão nos casos em que o causador do dano tinha a obrigação de praticar um ato e não o fez. Outro ponto a ser mencionado é a voluntariedade do ato. Tanto a ação quanto a omissão devem ser voluntárias. No entanto, o caráter volitivo que se exige não está relacionado ao resultado danoso, mas sim na vontade de praticar o ato ou abster-se.

3.2.2 Culpa

Tal elemento apenas será analisado nos cados de responsabilidade subjetiva. A culpa, em sentido amplo, abarca tanto o dolo quanto a culpa strictu sensu. Ao encarar o assunto, esclarece o autor:

A culpa em sentido amplo, como violação de um dever jurídico, imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de omissão de diligência e cautela, compreende: o dolo, que é a violação intencional do dever jurídico, e a culpa em sentido estrito, caracterizada pela imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer deliberação de violar um dever (GONÇALVES 2014, p. 348).

Stoco (2011, p. 157) traz o dolo como sendo a “consciência e vontade dirigidas a um fim ou resultado sempre ilícito e desconforme com o Direito”. Fala-se que o causador do prejuízo agiu dolosamente quanto praticou o ato ilícito de forma consciente, desejando o resultado danoso. Já na culpa em sentido estrito o dano advém de um comportamento descuidado, no qual não há a intenção de prejudicar. Tanto no dolo como na culpa em sentido estrito a consequência será a Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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imputação de reparação do dano. No entanto, a gravidade da culpa deve ser analisada pelo aplicador do Direito quando da fixação de indenização, conforme artigos 944 e 945 do Código Civil.

3.2.3 Nexo Causal

Outro requisito essencial da responsabilidade civil é o nexo de causalidade, que é o elemento que une a conduta humana ao resultado danoso. Para que alguém seja responsabilizado em virtude de um dano é imprescindível que este seja causado pelo ato do agente. Explica Stoco:

Não basta que o agente haja procedido contra jus, isto é, não se define a responsabilidade pelo fato de cometer um erro de conduta. Não basta, ainda, que a vítima sofra um dano, que é o elemento objetivo do dever de indenizar, pois se não houver um prejuízo a conduta antijurídica não gera obrigação. É necessário, além da ocorrência dos dois elementos precedentes, que se estabeleça uma relação de causalidade entre a injuridicidade da ação e o mal causado, ou, na feliz expressão de René Demogue, “é preciso esteja certo que, sem este fato, o dano não teria acontecido. Assim, não basta que uma pessoa tenha contravindo a certas regras; é preciso que sem esta contravenção, o dano não ocorreria” (STOCO 2011, p. 176).

Deve, portanto, haver uma relação de causalidade entre o ato ilícito praticado por alguém e o prejuízo experimentado por outra pessoa.

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3.2.4 Dano

Por óbvio, para que haja a obrigação de indenizar é imprescindível a ocorrência de um dano. Gagliano e Pamplona (2012, p. 88) conceituam o dano ou prejuízo como “a lesão a um interesse jurídico tutelado — patrimonial ou não —, causado por ação ou omissão do sujeito infrator”. A desvantagem experimentada pela vítima do evento danoso pode ser de ordem patrimonial ou extrapatrimonial, também denominado dano moral. Enquanto o dano patrimonial atinge a esfera econômica, o dano moral repercute na esfera subjetiva da pessoa, sem conotação pecuniária. Trata-se de dano relacionado aos direitos de personalidade como a honra, a imagem, a intimidade e a dignidade. Com acerto, destaca Gonçalves:

Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos arts. 1º, II e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação (2014, p. 415).

É preciso advertir que não é qualquer aborrecimento que gera dano moral, mas apenas aqueles que possuem razoável gravidade, causando um desequilíbrio psicológico ao indivíduo.

4 RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO

O direito de família distingue-se dos demais ramos da ciência jurídica em razão de seu elemento constitutivo: o afeto. Não obstante esta diferença estruturante, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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o instituto da responsabilidade civil vem alargando seu âmbito de abrangência, deixando de ser aplicado somente nos casos de relações pautadas pela vontade e alcançando as entidades familiares. Com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana e ante a ofensa a direitos da personalidade, vem sendo reconhecida a aplicabilidade da responsabilidade civil na esfera familiar. Dentro da casuística em que se discute tal aplicabilidade, está a reparação por abandono afetivo nas relações de filiação. O surgimento de demandas versando sobre o assunto nos tribunais do país tem gerado grande discussão na doutrina e na jurisprudência, havendo entendimentos favoráveis e contrários.

4.1 Posicionamentos Favoráveis e Contrários À Reparação Civil Por Abandono Afetivo

Os juristas divergem ao analisar se o afeto teria ou não um valor jurídico. Parcela da doutrina destaca que é devida a reparação civil, pois não há vedação legal à obrigação de indenizar se os requisitos da responsabilidade civil forem preenchidos. Assim destaca Stoco:

Os genitores, à vezes, preferem alimentar os filhos com dinheiro do que com amor, carinho, compreensão e diálogo. Municia-os com esse dinheiro para que busquem fora do lar o que nele não conseguem: amizade, companhias, amigos, mas, também e infelizmente, frustrações, desavenças, brigas, alcoolismo, drogas, acidentes com veículo fornecido pelos pais e descaminhos (2011, p.1061). Tratando sobre o dano gerado pelo abandono afetivo e sua irreversibilidade:

Assim, a convivência dos filhos com os pais não é direito, é dever. Não há direito de visitá-lo, há obrigação de conviver com ele. O distanciamento entre pais e filhos produz sequelas de ordem emocional e pode comprometer o seu sadio Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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desenvolvimento. O sentimento de dor e de abandono pode deixar reflexos permanentes em sua vida (DIAS, 2011, p. 460). Ressalta Stoco (2011, p. 1062) que “a dor sofrida pelo filho em razão do abandono e desamparo dos pais, privando-os do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral, psíquico e material é não só terrível, como irreversível”. Considera-se efetivamente danosa a falta de assistência afetiva no momento em que se desenvolve a personalidade da criança ou adolescente, e, por isso, defende-se que o genitor faltoso deve reparar o dano causado. Defendendo a ideia da reparação por abandono afetivo, afirma Tartuce:

Na opinião deste autor, é perfeitamente possível a indenização, eis que o pai tem o dever de gerir a educação do filho, conforme o art. 229 da CF/1988 e o art. 1.634 do CC. A violação desse dever pode gerar um ato ilícito, nos termos do art. 186 do CC, se provado o dano à integridade psíquica (2014, p.825). No mesmo sentido, adverte Stoco:

Em tese, e diante das circunstâncias do caso, o filho, em razão do desprezo, abandono, pouco caso de qualquer dos pais poderá ser atingido em seu direito de personalidade e sofrer dano moral. E, como não se desconhece, a carta Magna contém cláusula geral – proteção erigida à condição de princípio – afirmando e estabelecendo a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem à todas as pessoas, independentemente de sua condição econômica, social ou familiar, assegurando a indenização pelo dano material ou moral quando a violação não possa ser evitada (CF/88, art. 5º, X). Portanto, não se trata de mero preceito normativo restrito ao âmbito da responsabilidade civil, pois sua preocupação primeira é com a inviolabilidade, sendo a obrigação de reparar mera consequência (2011, p. 1062-1063). Para os que admitem a reparação pela falta de afeto, ainda que a indenização não seja capaz de restaurar os laços afetivos e sanar o abalo psíquico causado pelo desinteresse, a reparação tem o condão de não deixar impunes os pais que se omitem quanto ao carinho e cuidado para com seus filhos. Ademais, configura um desestímulo à prática, cumprindo a função da responsabilidade civil. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Neste viés, afirma Dias:

Claro que o relacionamento mantido sob pena de prejuízo financeiro não é a forma mais correta de se estabelecer um vínculo afetivo. Ainda assim, mesmo que o pai só visite o filho por medo de ser condenado a pagar uma indenização, isso é melhor do que gerar no filho o sentimento de abandono. Ora, se os pais não conseguem dimensionar a necessidade de amar e conviver com os filhos que não pediram para nascer, imperioso que a justiça imponha coactamente essa obrigação. Dessa forma, o dano à dignidade humana do filho em estágio de formação deve ser passível de reparação material, não apenas para que os deveres parentais deliberadamente omitidos não fiquem impunes, mas, principalmente, para que, no futuro, qualquer inclinação ao irresponsável abandono possa ser dissuadida pela firme posição do Judiciário, ao mostrar que o afeto tem um preço muito alto na nova configuração familiar (2011, p. 462). Também manifestando-se neste sentido, Madaleno:

Embora possa ser dito que não há como o Judiciário obrigar a amar, também deve ser considerado que o Poder não pode se omitir de se pronunciar contra o covarde e incompreensível gesto de rejeição dos filhos e aqueles que se descurem dos seus deveres de cuidado para com a prole por eles gerada, mormente constando do art. 227 da Constituição Federal ser obrigação dos pais assegurar aos filhos a convivência familiar, além de colocálos a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (2012, p. 27). Ressalte-se que o artigo 1.638, inciso II do Código Civil traz que perderão o poder familiar os pais que deixarem seus filhos em situação de abandono. No entanto, a referida perda não se mostra eficiente em penalizar os pais que se omitem afetivamente. Pelo contrário, aquele que já não tem interesse em se fazer presente no desenvolvimento do filho acabaria se beneficiando, ficando livre de toda a obrigação de cuidado que advém do poder familiar. Em contraposição a este entendimento, existem juristas que defendem ser incabível a responsabilização por abandono afetivo, uma vez que não incumbe ao Poder Judiciário impor que as pessoas mantenham relações afetivas umas com as outras. É utilizado como fundamento para rechaçar a reparação pelo abandono afetivo Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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o princípio da intervenção mínima do Estado no Direito de Família, não cabendo a referida imposição. Ademais, o sentimento de afeto que une os entes de uma família deve surgir de forma natural, sem coações. Como defensores desta tese, aduzem Rosenvald e Farias:

Após fundadas reflexões, parece-nos que a melhor solução sinaliza no sentido de que a violação pura e simples de algum dever jurídico familiar (e da prestação de assistência moral) não é suficiente para caracterizar o dever de indenizar, dependendo a incidência das regras de responsabilidade civil no âmbito do Direito das Famílias da efetiva prática de um ato ilícito, nos moldes dos arts. 186 e 187 do Código Civil. (2012, p. 631)

Sustenta-se que em virtude da subjetividade do afeto, não cabe sua imposição através da lei ou mediante decisão judicial. Tal coação caracterizaria violação ao direito de liberdade. Nesse viés, preleciona Rios:

Deste modo, o afeto não pode ser tomado como um valor ou princípio jurídico, nem como um direito subjetivo, suscetível de impor deveres correlatos. Não se pode obrigar, juridicamente, alguém a experimentar um estado psíquico sobre o qual não tem controle. Tampouco vislumbrar nele valor ou princípio jurídico, tomados como realidade a ser observada ou objetivo oponível aos indivíduos. O afeto não pode ser imposto como um ideal de vida e de felicidade, sem violação à dignidade da pessoa humana, a não ser considerado meio para a realização de determinada experiência de vida, escolhida pela ordem jurídica. Não pode ser reclamado como prestação relativa a um direito ao afeto, titularizado por alguém em face de outrem. Além de inexigível, seria intromissão grave e indevida na liberdade. Muito menos pode ser entendido como algo devido a quem quer que seja, por força de lei (2012, p. 30). O arbitramento de indenização nestes casos implicaria numa monetarização do afeto, o que não é cabível, pois o sentimento de união entre os Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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entes de uma família é imensurável e não possui nenhuma conotação econômica. Desta mesma forma, destaca Rodrigues:

A intervenção do Estado (juiz ou legislador), portanto, longe de harmonizar, elevar e enobrecer os valores familiares, só consegue pelos seus rudes meios coativos monetarizar, gerar ressentimento e envilecer as relações familiares, cavando um fosso intransponível na vida afetiva dos pais e dos filhos (2012, p. 43). Para os que se opõem à indenização pelo desafeto voluntário dos pais, nestes casos caberia, exclusivamente, a adoção das medidas trazidas pela legislação específica, tais como o pagamento de pensão alimentícia ou a destituição do poder familiar. Assim advertem Rosenvald e Farias:

Nessa ordem de ideias, não entendemos razoável a afirmação de que a negativa de afeto entre pai e filho (ou mesmo entre outros parentes, como avô e neto) implicaria indenização por dano moral. Faltando afeto entre pai e filho (e demais parentes), poder-se-ia imaginar, a depender do caso, a decorrência de outros efeitos jurídicos, como a destituição do poder familiar ou a imposição da obrigação alimentícia, mas não a obrigação de reparar um pretenso dano moral. Enfim, em hipóteses de negativa de afeto, os remédios postos à disposição pelo próprio Direito das Famílias deverão ser ministrados para a solução do problema. Até porque a indenização pecuniária nesse caso não resolveria o problema central da controvérsia que seria obrigar o pai a dedicar amor ao seu filho – e, muito pelo contrário, por certo, agravaria a situação (2012, p. 632). Ademais, o arbitramento de indenização pelo abandono afetivo tornaria mais grave a relação malsucedida entre pais e filhos. O fato de haver um litígio judicial afastaria qualquer possibilidade de reaproximação onde já não havia nenhuma demonstração de carinho e afeto. Enfatiza Rodrigues:

Querer inserir o abandono afetivo parental como um capítulo da responsabilidade civil no intuito de obrigar, pelo exemplo de uma condenação judicial, pais e mães a serem presentes, afetuosos e amorosos, apontando-lhes uma espada de Dâmocles sobre suas cabeças (o olhar vigilante e implacável do juiz), revela-se uma abordagem estreita e ineficiente, pois os efeitos desejáveis Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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(recomposição dos laços familiares) não são alcançados e, na prática, onde antes havia omissão e ausência, passa a existir ódio e ressentimento entre pais e filhos (2012, 43). E conclui o mesmo jurista:

Uma decisão judicial, ao impor uma condenação com o objetivo de alertar (ou prevenir) aos pais ou mães sobre o dever de amar os filhos, além de suprimir os mecanismos sociais que deveriam dirigir a integração e mediação de valores familiares, também destrói esses valores que pretende preservar e controlar. E, quando uma restrição na órbita da liberdade individual não proporciona bons resultados, é evidentemente inútil (Rodrigues 2012, p. 43). Assim, não se revela eficaz a imposição de indenização pela falta de afeto e, por isso, tal pretensão não deve ser reconhecida.

4.2 Posição Jurisprudencial Pátria

Assim como entre os doutrinadores ainda há muita controvérsia sobre a possibilidade de reparação civil por abandono afetivo, também não há consenso entre os tribunais do país. Um dos primeiros casos a versar sobre o tema foi apreciado pelo Poder Judiciário em Minas Gerais. O juiz de primeira instância julgou improcedente o pedido de indenização pela falta de assistência afetiva, entendendo ser incabível a pretensão. No entanto, a referida decisão foi reformada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que reconheceu os danos psicológicos causados pela falta de convivência familiar e arbitrou indenização em 200 (duzentos) salários-mínimos. O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça, que afastou a indenização fixada, aduzindo que não cabe ao Poder Judiciário obrigar que as pessoas mantenham um relacionamento e que o abandono afetivo não configura dano passível de ser indenizado. Segue o entendimento:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 29/11/2005, DJ 27/03/2006, p. 299) Em outra demanda que chegou a esta Corte Superior, foi dado parecer diametralmente oposto. Em emblemático acórdão, a Ministra Relatora Nancy Andrighi reconheceu o valor jurídico do afeto, tendo em vista que é fator de grande relevância na formação da personalidade do infante. Traz o cuidado como uma imposição legal decorrente do poder familiar, e, considerando a mágoa e a profunda tristeza causada pelo desprezo de um pai ou mãe, o abandono configura ato ilícito e deve ser indenizado. Assim ficou consolidado:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia - de cuidado - importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes - por demandarem Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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revolvimento de matéria fática - não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1159242/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/04/2012, DJe 10/05/2012) Como visto, há uma tendência majoritária pelo reconhecimento da possibilidade de se arbitrar indenização em decorrência do abandono afetivo. No entanto, ainda há muita discussão e defensores incessantes de ambas as posições. E isso se repete em todos os tribunais do país. Ademais, destaque-se que nas instâncias superiores a tese nunca foi acolhida por unanimidade entre os ministros, demonstrando o quão controvertido ainda é o tema e que está longe de se pacificar.

4.3 Projetos de Lei

A contenda acerca do dano moral pela falta de afeto e sua reparabilidade foi além da órbita doutrinária e jurisprudencial, chegando ao Poder Legislativo. Atualmente, existem dois projetos de lei sobre o tema tramitando no Congresso Nacional. O primeiro deles é o projeto de lei do Senado nº 700/2007, de autoria do Senador Marcelo Crivella. O projeto visa modificar o Estatuto da Criança e do Adolescente, definindo o abandono moral como ilícito civil e penal. Prevê que qualquer ação ou omissão que ofenda direito fundamental de crianças ou adolescentes fica sujeita à reparação de danos. Outro projeto relacionado ao assunto é o de nº 4.294/2008, do Deputado Carlos Bezerra. O objetivo é acrescentar parágrafo único ao art. 1.632 do Código Civil, estabelecendo que o abandono afetivo sujeita os pais ao pagamento de indenização por dano moral. Tais projetos esboçam uma tentativa de dirimir as controvérsias acerca da reparação pelo abandono afetivo. Porém, ambos estão passando por várias Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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emendas durante a tramitação nas casas do Congresso Nacional, demonstrando que a conversão em lei ainda vai demandar um longo período.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão da reparação civil pelo abandono afetivo traz em seu bojo um conflito de interesses. De um lado apresenta-se a liberdade afetiva do genitor. No outro plano, encontra-se a solidariedade familiar, a plena proteção do infante e sua integridade psíquica, inerentes à dignidade da pessoa humana. Fazendo uma ponderação entre os princípios aplicáveis e os interesses envolvidos, revela-se mais adequado reconhecer a possibilidade de responsabilização civil dos pais pelo abandono afetivo dos filhos menores. Deve o Poder Judiciário, através de suas decisões, incentivar a paternidade responsável para que crianças e adolescentes não sofram com os efeitos da negligência de seus genitores. Não basta fornecer o amparo material. Dentre as obrigações decorrentes do poder familiar, tem destaque o dever de convívio, de cuidado e de se fazer presente na criação e educação dos filhos. E os danos causados pela negação de convivência, de amparo afetivo, moral e psíquico, não devem ficar impunes. No entanto, cada caso deve ser analisado com bastante cuidado e profunda reflexão. O reconhecimento de indenização pelo desafeto não pode dar ensejo a abusos por parte de filhos supostamente ofendidos. Não deve servir para incitar qualquer tipo de oportunismo financeiro. Ainda que não se possa impor, de fato, que haja afeto, não podem os pais se furtarem do dever de cuidado em relação à prole. E isso é algo exigível. Deve ser repudiada a conduta de desinteresse, que implique na privação da convivência e do amparo afetivo e psíquico. Advindo dano aos filhos em razão deste comportamento omisso por parte dos pais, cabe àqueles ampla proteção e, a estes, a obrigação de indenizar.

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REFFERÊNCIAS

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DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

FARIAS, Cristiano; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: família. 4 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2012.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil: Direito de família – As famílias em perspectiva constitucional. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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MADALENO, Rolf. A afetividade como princípio jurídico consagrado no Direito de Família. Revista Jurídica Consulex. Ano XVI -nº 378. 15 out. 2012.

RIOS, Roger Raupp. Direitos fundamentais, afeto e Direito de Família. Revista Jurídica Consulex. Ano XVI -nº 378. 15 out. 2012.

RODRIGUES, João Gaspar. Abandono afetivo parental e a desastrada abordagem pela dogmática jurídica. Revista Jurídica Consulex. Ano XVI -nº 378. 15 out. 2012.

STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 8 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 4 ed. São Paulo: Editora Método, 2014.

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AUTISMO: OS DESAFIOS DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Francielle Gonçalves Mendes de Oliveira12 Eloíde Araújo de Sousa Tavares13 Katyara Vitória de Brito Dorneles14 Márcia Friedrich15

RESUMO: Este trabalho visa refletir sobre o autismo e a sua inserção da criança autista na escola regular. Igualmente as possibilidades de aprendizagem dessa criança. São chamadas autistas as crianças que tem uma incapacidade de desenvolver relações sociais; um déficit no desenvolvimento da linguagem; respostas anormais ao meio ambiente, em particular, estereotipias gestuais e uma resistência à mudança. Os perfis irregulares das habilidades e dos déficits são características bem documentadas nos alunos com autismo. Também estão entre os mais difíceis para se desenvolver programas específicos. Um aluno autista pode ter a habilidade extraordinária de estabelecer relações espaciais ou de entender conceitos numéricos, mas ser incapaz de usar estes pontos fortes por causa das limitações organizacionais e de comunicação. Assim como cada criança, cada autista possui suas características. Existem diferentes níveis de autismo, o que aumenta o desafio no trabalho pedagógico. Os profissionais em educação possuem qualificação adequada para receber essas crianças em suas salas de aulas? Possuem domínio de práticas pedagógicas para o trabalho com os mesmos? Estão preparados emocionalmente e psicologicamente para lidar com situações dessa natureza? Palavras-Chave: Autismo. Educação Inclusiva. Práticas pedagógicas. ABSTRACT: This paper aims to reflect on autism and their inclusion in the regular school. Likewise the same learning opportunities. According Leboyer (2007) "are called autistic children who have an inability to develop social relationships; a deficit in language development; abnormal responses to the environment, in particular sign stereotypies and a 12

Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, Faculdade Padrão, Goiânia-GO. Endereço eletrônico: francielle1981@gmail.com. 13 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, Faculdade Padrão, Goiânia-GO. Endereço eletrônico: katyaravitoria@outlook.com. 14 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, Faculdade Padrão, Goiânia-GO. Endereço eletrônico: loideleide@hotmail.com. 15 Mestre em Educação em Ciências e Matemática pela Universidade Federal de Goiás, graduação em Ciências Naturais pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (1985), graduação em Matemática Licenciatura Plena pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (2001), Especialização em Matemática e Física, Especialização em atendimento Educacional Especializado (2009). Professora da Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Faculdade Padrão. marcia.friedrich@gmail.com

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resistance change. The irregular profile of the skills and deficits are well documented characteristics in students with autism. Are also among the most difficult to develop specific programs. An autistic student may have the extraordinary ability to establish spatial relationships or understand numerical concepts, but be unable to use these strengths because of organizational constraints and communication. Just as each child, each has its autistic characteristics. There are different levels of autism, which increases the challenge in pedagogical work. Professionals in education have adequate qualifications to receive these children in their classrooms? Have domain techniques and methods to work with them? Are emotionally and psychologically prepared to deal with such situations. The research set up by a case study that will be conducted with a child 5 years of age enrolled in a private school in the regular school system in the city of Goiania-Go. Observations, interviews with the teacher and the parents and the experience of one of the group members as support teacher will be held. Keywords: Autism. Education. Inclusive Education.

INTRODUÇÃO

O objetivo da educação inclusiva é atender a todos os alunos sem distinção, e nisso inclui-se o aluno autista. Sabe-se que as principais características da síndrome autista são: uma tríade que afeta as áreas da socialização, comunicação e do comportamento, o mais comprometido é a interação social. Portanto com base nessa problemática como ocorre o ensino-aprendizagem do aluno autista na proposta inclusiva? O distúrbio afeta cada pessoa de forma diferente por isso é necessário mergulhar na afetividade do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. É necessária uma adaptação curricular respeitando a especificidades de cada aluno, o professor deve se preparar para receber e assim incluir esse aluno. É de fundamental importância da parceria escola /família para que a aconteça a aprendizagem. Objetiva-se analisar por meio de um estudo de caso os desafios do ensino e aprendizagem da criança autista na Educação Infantil. Isto requer que se reflita sobre a formação do professor para a inclusão educacional e compreenda a importância da família no desenvolvimento da criança com autismo. Justifica-se a escolha do tema por que se observa o crescente número de crianças portadoras da síndrome de autismo matriculadas na rede regular de ensino, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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amparadas legalmente. Segundo Cunha (2010) não existe ainda um consenso quanto à abordagem de tratamento mais adequado para o autismo, em razão de multiplicidade de fatores e sintomas que interferem no desenvolvimento natural. Devido à complexidade e o fato de cada criança autista ser única, surgiu a seguinte inquietação: se observa que as crianças autistas são dotadas de possibilidades e limitações e o desenvolvimento cognitivo é uma das possibilidades do autismo, de que forma essa aprendizagem acontece no meio educacional? A pesquisa configura-se por um estudo de caso e foi realizada com uma criança de cinco anos de idade matriculada em uma escola particular na rede regular de ensino situada na cidade de Goiânia-Go. Foram realizadas observações, entrevistas com a professora e com os pais e o acompanhamento sistemático in loco da professora de apoio16 da criança no período de um ano. Também foram realizadas observações, entrevistas com a professora e com os pais e a experiência de uma das integrantes do grupo como professora de apoio que acompanhou o aluno no período de doze meses.

1 TRAJETÓRIA TEÓRICA E HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro (BRASIL, 2010, p. 10). No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi - 1926, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi (BRASIL, 2010, p. 10). Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – (LDBEN) 4024/61 “fundamenta o atendimento ás pessoas com necessidades educacionais especiais, direcionando o direito dos “excepcionais” á educação, preferencialmente dentro da rede regular de ensino” (BRASIL, 2010, p. 11). A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Define, no

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Uma das autoras do trabalho de pesquisa.

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artigo 205, a educação como um direito de todos (BRASIL, 2010, p. 11). O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os pais ou responsáveis tem a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino” (BRASIL, 2010). Nesta mesma perspectiva, Alves (2012) enfatiza o artigo 54, cláusula III, que se refere ao atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência que deve ser preferencialmente na rede regular de ensino. Para o alcance das metas de educação para todos, a Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada

pelo governo da

Espanha em colaboração com a UNESCO e realizada em Salamanca, no período de 07 a 10 de junho de 1994. Seu objetivo foi definir a politica e inspirar a ação dos governos, de organizações internacionais e nacionais de ajuda, de organizações não governamentais e de outros organismos na aplicação da Declaração de Salamanca, , de princípios, politica e prática para as necessidades educativas especiais. (ALVES, 2012, p. 108).

A Declaração de Salamanca é de princípios, politica e pratica para as necessidades educacionais especiais e representa um “extraordinário avanço ao estender, de uma maneira abrangente as preocupações internacionais com o bem estar dos portadores de deficiência á área especifica da educação, no contexto do programa da UNESCO de educação para todos” (CARVALHO, 2013, p. 77).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades quebrando o paradigma da adaptação somente por parte do aluno. Assegurando o direito de todas as pessoas de estudar em escola regular, como se pode constatar no Decreto nº 3.298/ano, que regulamenta a Lei nº 7.853/8917, a seguir:

[...] ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular (BRASIL, 2010, p.12).

Entende-se que a educação inclusiva define que uma modalidade de ensino deve permear todos os níveis de ensino, pois independente de raça, credo, idade, condições físicas todos tem direito de estar e permanecer na escola, sendo responsabilidade dos órgãos

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A Lei 12.764/2012 institui a Politica Nacional de Proteção dos Direitos da pessoa com transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.

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públicos competentes oferecerem condições de ingresso e possibilidades para o processo ensino-aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os estudantes, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001).

Assim sendo, é possível perceber uma mudança nas condições para o atendimento dos educandos com necessidades educacionais especiais. Fica assim claro que é a escola que precisa se adequar e não o inverso, pois são as escolas que precisam se organizar para incluir a todos os alunos com condições adequadas para uma educação de qualidade. Neste contexto, a Lei nº 12.764/2012 trouxe um novo olhar para a inclusão do autista na escola regular pela Politica Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa comTranstorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. § 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado.

No Brasil o Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para os alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento especializado (BRASIL, 2010 p. 13). Neste amplo contexto, fruto de amplos debates entre diversos atores sociais e o poder público, a Lei nº 13.005/2014 traz importantes instrumentos para viabilizar as ações conjuntas em regime de colaboração e o monitoramento contínuo do processo de execução do PNE. Outra polêmica ocorreu na discussão da Meta 4 (educação especial), em relação ao atendimento educacional especializado “preferencialmente na rede pública” (expressão adotada na LDB). No debate entre atores que defendiam a educação inclusiva na rede pública e os que reivindicavam um atendimento educacional especializado complementar, foram bemsucedidas as APAES, que, ao apoiarem o último grupo, conseguiu que fosse mantida a expressão “preferencialmente” (BRASIL, 2014 p. 22) A meta quatro do PNE atual diz que:

Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014, p. 32).

De acordo com os documentos legais a educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas ideias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem como cidadãos, nas suas diferenças. Nas escolas inclusivas ninguém se conforma a padrões que se identificam os alunos como especiais e normais, comuns. Todos se igualam pelas suas diferenças (BRASIL, 2010, p. 8).

1.1 Conhecendo o espectro autismo Segundo SILVA (2012) A palavra “autismo” deriva do grego “autos” que significa “voltar para si mesmo”. A primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler, em 1911, para descrever uma das características de pessoas com esquizofrenia, se referindo ao isolamento social dos indivíduos acometidos (SILVA, 2012 p.159). Leo Kanner, psiquiatra austríaco, naturalizado americano, publicou as primeiras pesquisas relacionadas ao autismo em 1943. Ele constatou uma nova síndrome na Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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psiquiatria infantil denominada, a princípio, de distúrbio autístico do contato afetivo. A denominação de Kanner deve-se á observação clínica de crianças que não se enquadravam em nenhuma das classificações existentes na Psiquiatria Infantil Kanner observou crianças com uma inabilidade no relacionamento interpessoal que diferenciava de outras patologias, bem como atrasos na aquisição da fala e dificuldades motoras (CUNHA, 2010, p.20). O autor segue dizendo que o autismo pode surgir nos primeiros meses de vida, mas, em geral, os sintomas tornam-se aparentes por volta da idade de três anos. Percebe-se na criança o uso insatisfatório de sinais sociais, emocionais e de comunicação, além da falta de reciprocidade afetiva. A comunicação não verbal é bastante limitada, as expressões gestuais são inexistentes, porque a criança não atribui valor simbólico a eles. Geralmente quando quer um objeto costuma utilizar a mão de algum adulto para apanhá-lo. Não costumam apontar ou fazer gestos que expressem pedidos. A criança autista tem dificuldade para responder a sinais visuais e, normalmente, não se expressa mimicamente, mesmo quando estimulada. A taxa média de prevalência do Transtorno Autista em estudos epidemiológicos é de cerca de 15 casos por 10.000 indivíduos, e é quatro a cinco vezes mais comum entre os meninos do que entre as meninas, independentemente de origem racial ou social, conforme Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, publicado pela American Psychiatric Association (DSM-IV-TR). Porém, novos estudos realizados por cientistas americanos apontam que atualmente uma em cada 68 crianças nascidas nos EUA nasce com autismo e já se estima que em 2025, uma em cada duas crianças serão autistas18. Para Silva (2012) não há como negar a influência biológica, mas ainda são os primeiros passos para a identificação das reais causas dessas alterações. Vale lembrar que cada autista tem suas características e limitações próprias, ou seja, um autista dificilmente se comportará igual a outro autista. 1.2 A formação dos profissionais da educação e o aluno autista

A formação dos profissionais da educação é muito importante para o desenvolvimento da educação inclusiva. Essa formação é fundamental para lidar com um aluno NEE, e neste caso um aluno autista. É importante que os professores se sintam estimulados na busca do crescimento profissional contínuo teórico-prático.

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De acordo com site citado nas referências.

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Segundo Alves (2012) “por lei, ele deverá pertencer a uma escola. O sistema de certa forma tem de ser cumprido, mas não há uma preocupação na preparação do profissional que irá receber e lidar com a pessoa com necessidade especial” (p. 54). O autor refere-se ainda ao fato do educador inclusivo precisar ter clareza e preocupação com o caminho que terá que percorrer para conseguir alcançar os objetivos. Cunha (2010) nos traz que não há como falar de inclusão sem mencionar o papel do professor. É necessário que ele crie condições de trabalhar com a inclusão e na inclusão. Na verdade, a inclusão escolar inicia-se pelo professor. Deve-se ter um olhar para o seu potencial, ver o aluno com grandes capacidades de aprendizagens como os outros alunos típicos. Não olhar para as dificuldades, mas para suas potencialidades. Ensinar o aluno autista exige do professor adaptações, planejamentos que atinge seu objetivo, na realidade a do aluno. É importante conhecer o aluno, através de suas habilidades, seus interesses. O autista possui um repertório de interesses restritos, por isso o professor precisa observar, para conhecer e cativá-lo, criar vínculos afetivos antes de se iniciar esse processo de ensino. Para Cunha (2010) o exercício de um bom professor começa pela observação. E para observar e preciso saber o que observa. E, para saber o que observa, é necessário formação. Enquanto o aluno com autismo não adquire autonomia necessária, é importante que ele fique sob o auxilio de uma profissional capacitado, para que dê suporte para o professor em sala de aula que por sua vez utilizará práticas específicas de ensino. A condição da inclusão baseia-se também na forma de construir o currículo escolar, na forma de olhar da escola, o aluno e o professor. Fica a cargo do professor se preparar e buscar informações quando receber em sua classe um aluno com necessidades educacionais especiais.

2 INCLUSÃO DE UMA CRIANÇA AUTISTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA REDE REGULAR DE ENSINO

Esta pesquisa foi realizada ao longo de um ano de acompanhamento de um aluno autista. Os dados fazem parte da pesquisa in loco de uma professora apoio do aluno em sala de aula de uma escola regular. Também foram entrevistadas a mãe do aluno e a professora regente do aluno. O aluno JC19 tem cinco anos de idade. A mãe é administradora de empresas e o seu pai, policial rodoviário federal. JC possui síndrome do autismo, diagnosticado e nasceu 19

Sigla sugestão para denominação do aluno.

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segundo a mãe, de uma gravidez planejada e desejada. A mãe relata que procurou o médico para realizar o tratamento para engravidar aos 30 anos, pois já tinha um filho de 15 anos. Foram realizadas três fertilizações in vitro, sendo que a concepção se deu na terceira tentativa. Embora a gestação sendo de gêmeos, tudo ocorreu bem e a gestação foi aparentemente normal, não teve nenhum contato com produtos químicos e nenhum trauma. O parto foi uma cesariana e as crianças nasceram prematuras com 34 semanas devido ao fato de ser uma gravidez de gêmeos. Devido ao fato de serem gêmeos, a mãe relata que só amamentou as crianças por dois meses, pois seu leite materno não foi suficiente para os dois. JC teve um desenvolvimento neuromotor normal até um ano e meio, e não teve nenhum problema com alimentação. Com um ano e dois meses começou a andar, porém não desenvolvia a fala, só balbuciava sílabas até um ano e meio. Foi aí que a mãe começou a desconfiar que houvesse algo de errado, pois sua irmã gêmea se desenvolvia normalmente e JC apresentava outro desenvolvimento. Segundo Silva (2010), cada pessoa tem seu tempo de amadurecimento, suas preferências e seu jeito de ser. Porém, no caso do autismo, é a conexão com o mundo que está prejudicada (p. 25). Brito (2014) descreve que o autismo é como uma alteração comportamental que afeta a capacidade da pessoa em se comunicar, estabelecer relacionamentos e a responder apropriadamente ao ambiente em que vive (p.23). Foi aí que, com dois anos, através do neuropediatra veio o diagnóstico de autismo. Segundo a mãe, foi um momento mais difícil de suas vidas. Silva (2012) ressalta que “entrar em um consultório e ouvir a palavra autismo, ainda que o médico tenha citado como apenas uma das hipóteses, não é nada fácil”, pois o autismo ainda é um transtorno complexo e que traz consigo muito preconceito. A mãe ainda relata que “o filho é uma criança afetuosa e obediente, apresenta estereotipias que são: pulos, flaps20 e emite sons” (fala da mãe). De acordo com Silva (2012) esta é uma característica da primeira categoria de “comportamentos motores estereotipados e repetitivos, como pular, balançar o corpo e /ou as mãos, bater palmas, agitar ou torcer os dedos e fazer caretas” (p. 39). A criança foi matriculada em uma escola particular situada em Goiânia, com alunos de classe média alta, na turma de quatro anos na Educação Infantil. Foi acolhido na sala por uma professora que tinha experiência com crianças especiais, porém, não com autistas, segundo ela se sentiu surpresa e cheia de expectativas. A mesma contou com o apoio de uma estagiária que ficaria tão somente por conta da criança, pois conforme Brito (2014) no início, o educando Transtorno Expectro Autista (TEA) pode precisar de muita 20

Flaps: movimentos repetitivos com as mãos.

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atenção. O primeiro contato com a criança foi de aproximação tanto por parte da professora quanto da estagiária, a adaptação foi muito difícil, pois ele rejeitou qualquer tentativa de entrar na sala, porém à medida que a estagiária se esmerava na conquista, a criança cedia. O ambiente escolar é acolhedor, a sala de aula bem ilustrada, com muitos murais e um painel de rotina do aluno JC que sempre quando ele chega à sala é conduzido para que sejam indicadas as atividades que serão realizadas no dia. Esta forma de apresentar as atividades aos alunos autistas proporcionam a “compreensão dos educandos em relação á rotina adotada na escola” (BRITO, 2014, p. 60). 2.1 Desenvolvimento cognitivo da criança autista

Com o passar do tempo, a estagiária percebeu que a criança se recusava a entrar na sala de aula e sempre se direcionava a salinha e isso causou preocupação na mesma e na professora que sempre participou e se mostrou atuante no trabalho com a criança. Foi aí que a coordenação percebeu que a tentativa não havia dado certo e a criança voltou a realizar suas atividades na sala junto com os demais. Ocorreu simultaneamente uma mudança nas atividades da criança, foram tiradas as atividades em folhas e inseridas atividades práticas, concretas e lúdicas, pois, segundo o mesmo autor, o trabalho deve propiciar aquisição de habilidades que tenham funções práticas, trabalhar mais o concreto que o abstrato. Foi isso que a estagiária buscou fazer. Inseriu algumas atividades que a turma fazia, mas de forma diferente começava por algo que a criança mais gostava. Começava sempre suas atividades com a música, o que lhe dava prazer, quando era inserida a atividade a criança se estressava e apresentava comportamento agressivo, as orientações eram para não ceder ao comportamento da criança. Foi solicitada a estagiária contivesse a criança e realizasse a atividade, porém foi perceptível, segundo a estagiária, que tal comportamento só estressava mais a criança. Juntas, professora e estagiária procuraram suas próprias estratégias. Foi possível essa interação, pois, estagiária, por acompanhar o aluno desde o inicio do ano, o conhecia bem e procurou antecipar-se ao “estresse” da criança. Quando percebia que a criança começava a apresentar comportamento desorganizado como: gritar, “fazer birra21”, parava a atividade e lhe proporcionava algo prazeroso, como passear no parque da escola, fazia um combinado de ficarem ali alguns minutos e voltar para a atividade, o que às vezes acertava. O trabalho com o aluno JC durante o ano, aconteceram muitas tentativas, erros e acertos devido o seu grau elevado de autismo, e não possuir linguagem oral. Brito (2014) 21

Fazer birra: segundo a linguagem popular é chorar, espernear, gritar e se jogar no chão.

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diz que alguns autistas mantêm a comunicação verbal intacta, e isso dificultou bastante o trabalho. Outro fator que dificultou o trabalho foi a falta da participação efetiva da família e de uma equipe multidisciplinar, pois a criança quando chegou a escola não possuía acompanhamento psicológico, que só aconteceu depois de muita insistência por parte da coordenação. Foi possibilitado ao aluno atendimento de uma fonoaudióloga e uma musicoterapeuta, doutora em educação, tornando-se um suporte importante para o trabalho com o J.C. Segundo Cunha (2010), o entendimento das dificuldades de aprendizagem do aluno implica um olhar extensivo à família, para uma melhor aplicação de todas as etapas do processo da sua educação. “Uma grande ajuda para todos os indivíduos com autismo, independente do grau de severidade, vem das relações familiares, em razão do enfoque na comunicação, e na interação social e no afeto (CUNHA, 2010, p. 89)”. Outro desafio vivenciado tanto pela própria professora, quanto pela estagiária, foi o de, em diferentes momentos, não saber lidar com as reações e atitudes de J.C. e a frustração de não avançar nas propostas de atividades para ele. Outro fato que angustiava e preocupava tanto a professora quanto a estagiária, era o fato de muitas vezes a criança apresentar comportamento agressivo, como: puxar cabelo, tentar morder e causar ferimentos com as unhas. Os estudiosos do assunto, entre eles Cunha (2010), ressaltam que é normal em crianças autistas a birra quando alguém as contraria. O desenvolvimento cognitivo do aluno foi percebido nas pequenas ações pois, segundo BRITO (2014), todo autista é único e que não se pode partir do pressuposto que este ou aquele aluno não consegue aprender, mas que todos têm capacidade diferenciada de aprender. O autismo tem variações de graus, assim como a capacidade de aprendizagem. Como a criança apresentava muita dificuldade na coordenação motora fina, a atividade estava sendo mecânica e improdutiva, pois a estagiária quem conduzia todos os movimentos. Outro fato que foi marcante no inicio foi a transferência da criança para uma “salinha reservada” onde eram realizadas suas atividades, tal conduta se deu por sugestão da coordenação, pois a criança apresentava muita dificuldade de concentração, devido a quantidade de informações na sala de aula. Para Brito (2012) a sala de aula para crianças com TEA deve ser estruturada de forma a trazer uma organização para o educando, evitando poluição visual e elementos surpresa. Em relação ao aluno J.C. um fator que contribuiu para a mudança de comportamento foi o preconceito da mãe, por falta de informação. Os procedimentos em relação ao aluno J.C. eram acompanhados pela mãe. A criança era recebida na sala de aula, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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realizava atividades coletivas de socialização, porém na hora das suas atividades era conduzida pela estagiária à “salinha reservada”. A educação nas escolas inclusivas, independente do grau de severidade, deve ser vivenciada individualmente na sala de recursos e na sala de ensino comum, favorecendo a sociabilidade, porque incluir é aprender junto. A sala de recursos precisa ser simples, sem muitos objetos para que não haja estímulos em demasia (CUNHA, 2010, p. 32-33). Como foi citado anteriormente o trabalho com o aluno durante todo o ano se deu com tentativas, pois o mesmo não conseguia se concentrar e nem mostrava interesse por nada. Outro fator que desafiava mais era a falta de linguagem oral. Segundo Cunha (2010) a linguagem para a comunicação social demanda em sua essência a abstração e, por isso, ela se torna extremamente literal e desprovida de símbolos no universo autístico. A primeira atividade desenvolvida foi a da “caixa com furos e canudos” com o objetivo de manter a criança concentrada, coordenação dos movimentos, coordenação motora fina e seguir comandos.

Fig. 1: At. para coordenação motora

Fig. 2: coordenação motora c/comandos de cores.

Com esta atividade, os objetivos alcançados foram de seguir comandos, pois, quando a estagiária dava o comando, como: “pegar o canudo” ele pegava, porém, não desenvolveu autonomia para colocar o canudo no furo, necessitando de auxilio. Em alguns momentos a estagiária lançava desafios que não eram propostos, como o de “pegar o canudo vermelho”; raras vezes a criança acertava. Outra atividade que também foi explorada foi a de circuito, onde o objetivo era desenvolver coordenação motora ampla, equilíbrio, movimentos como subir, descer, dentro e fora. Segue algumas ilustrações

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Figuras 3, 4, 5: Circuito

Os objetivos alcançados com esta atividade foram de seguir os comandos da estagiária ao subir e andar no banco, na hora de descer apresentava dificuldade, pois apresentava sensação de medo, conseguia pular dentro dos bambolês e também seguia os comandos de pegar a bola e colocá-la dentro do cesto. Tais comportamentos foram obtidos devido à rotina e os constantes estímulos. Outras atividades também foram realizadas com o intuito de proporcionar o desenvolvimento motor, cognitivo e linguagem. Foram envolvidas atividades de montagem e desmontagem de quebra cabeça, pintura e música, como mostram as imagens abaixo.

Figura 6: montagem de figuras.

Figura 7: atividade de pintura.

Porém observou-se que a criança demostrou maior interação com a música, pois sempre que era começada a atividade a criança demonstrava alegria e aumentava seu período de concentração; com a atividade de pintura notou-se que a criança possui grande sensibilidade ao manuseio do material de textura. A culminância do trabalho realizado pela estagiária com a criança foi a apresentação de um recital, que é realizado pela escola, onde os pais podem constatar o Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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desenvolvimento das habilidades adquiridas pelas as crianças durante o ano. Foram realizados vários ensaios onde a criança J.C. foi estimulada e incentivada pela estagiária a interagir com o espetáculo. Durante a apresentação a criança permaneceu o tempo todo no palco demonstrando interação com as outras crianças, com as músicas e com os objetos que causou comoção e surpresa a todos que assistiam, pois o fato foi visto como superação para a criança, como pode ser observado na figura 8.

Figura 8: Apresentação do recital.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo realizado foi possível observar que cada aluno é único em suas especificidades, apesar do diagnóstico ser comum de autismo. O autismo tem variações de grau, assim como a capacidade de aprendizagem. Para que haja inclusão verdadeira o primeiro passo é o respeito ao desenvolvimento dos sujeitos em todos os aspectos dentro do processo de ensino aprendizagem. Na escola o aluno é incluído de acordo com a lei e tem seu direito garantido. A escola tem um papel decisivo no desenvolvimento e permanência desses alunos, portanto, é imprescindível que não se perca de vista as reais potencialidades e limites da criança, sendo necessário que se elabore um programa educacional especifico para cada uma delas, adequando-se ao currículo, as metodologias, a concepção de avaliação e a formação do professor. Faz-se necessário que se conheça as especificidades de cada aluno desde seu contexto até as suas características peculiares. Partindo do pressuposto de que a família é o primeiro local de inclusão e, em seguida a escola, faz-se necessário que ambas se aproximem para que exista sucesso no

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desenvolvimento da criança. Uma constante construção de experiências, na busca de sempre melhorar nas intervenções, em sala de aula, e em casa. O professor em sala de aula tem papel fundamental para o desenvolvimento dessa criança, pois o professor se torna mediador no processo de interação da criança autista com o ambiente e com as demais crianças e dos processos de ensino e aprendizagem. Para tanto, é imprescindível que o professor se prepare para receber alunos de inclusão, busque conhecimento teórico e pesquisas acerca da temática. Outro fator que ficou evidente foi a dificuldade do processo de ensino aprendizagem do aluno autista, apesar das adaptações e das atividades objetivas. Pois o mesmo, várias vezes, regredia no seu comportamento e oferecia resistência a adaptar-se a uma rotina, mas sempre lembrando que nenhum autista é igual ao outro e foram nos pequenos avanços que se pode perceber que tudo que se faz com o aluno autista pode ser internalizado, por isso, neste caso, não se pode aprender com o erro ou com o acerto, pois uma vez internalizado nunca se esquece. A música auxiliou muito nesses avanços. Por meio deste recurso foi possível trazer o aluno autista para a sala de aula, concentrar-se e manifestar satisfação e interação, o que aponta para um grande avanço. A estagiária finalizou seu trabalho com o sentimento de vitória e conquista na possibilidade que se apresentava. Porém ao retornar no inicio do ano letivo para realizar as ultimas observações foi constatado que devido a vários fatores a criança retrocedeu em todos os avanços obtidos com ela, e pode-se notar a grande dificuldade enfrentada pela escola em readequar essa criança a sua rotina escolar. O objetivo aqui não foi encerrar o assunto como se fosse impossível o desenvolvimento da aprendizagem por parte do aluno autista, mas sim, deixar claro que é um trabalho que demanda tempo e dedicação do professor, e que traz resultados na evolução global da criança. Aqui se chega à conclusão que é sim um desafio, e que é preciso olhar não para a falta, o déficit que a síndrome acarreta na vida dessas crianças, mas olhar para suas potencialidades e a partir delas buscar caminhos que levem ao desenvolvimento das mesmas. Para o professor ressalta-se que é necessário estar consciente de que o processo não é fácil, pode apresentar avanços, como também retrocesso. Este é o caminho para incluir, ensinar e possibilitar o conhecimento e informação e que permitam a pesquisa e inclusão de outros alunos atendidos em suas especificidades.

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SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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UMA ANÁLISE DA CONTROLADORIA NA TOMADA DE DECISÃO DA EMPRESA SIGMA ASSESSORIA E CONTABILIDADE LTDA - ME

João Paulo Silva Honorio22 Rayanne Borba Nunes23 Ms. Januário de Carvalho Nunes24

RESUMO: Diante de um mercado competitivo, as empresas necessitam de uma coordenação interna com a finalidade de propor segurança das informações de maneira adequada, auxiliando os gestores na busca da eficácia gerencial. Portanto, o objetivo deste trabalho é investigar como a controladoria atua nas organizações de modo a cumprir sua missão e sua função de auxiliar os gestores de uma entidade na tomada de decisão por meio de um bom planejamento e um sistema de informações eficaz. A pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso. Para atingir os objetivos, buscou-se evidencias sobre a controladoria em uma empresa de serviços no ramo da contabilidade. O trabalho apresenta como desígnio a necessidade de um controle em todo o sistema de gestão dentro da empresa e um monitoramento eficaz pela controladoria com o auxilio do profissional controller que é o responsável pela análise das informações. Palavras-chave: Contabilidade. Controladoria. Controller. Tomada de decisão.

ABSTRACT: Facing a competitive market, companies need internal coordination that its purpose is the safety of appropriate information to decision-making, assisting managers in the search for managerial effectiveness. The objective of this study is to investigate how the controller works in organizations in order to fulfill its mission and its role of assisting the managers of an entity in decision making through good planning and an effective information system. The survey was conducted through a case study. To achieve our goals, we seek

João Paulo Silva Honório – Graduado no curso de Ciências Contábeis – Faculdade Padrão – Unidade Dergo. 23 Rayanne Borba Nunes – Graduada no curso de Ciências Contábeis – Faculdade Padrão – Unidade Dergo. 24 Ms. Januário de Carvalho Nunes – Professor orientador – Faculdade Padrão – Unidade Dergo. 22

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evidence on the controller in a service company in the accounting industry. The paper presents design as the need for control throughout the management system within the company and an effective monitoring by the controller with the help of professional controller that is responsible for analyzing the information. Keywords: Accounting. Controller. Comptroller. Decision taking.

INTRODUÇÃO

A controladoria consiste em todos os procedimentos adotados pela administração de uma empresa para ajuda-la a atingir o objetivo de maior lucratividade e assegurar, de modo ordenado e eficiente, a condução da gestão patrimonial da empresa. Assim, a controladoria tem o objetivo de garantir a aplicabilidade dos recursos, assegurar a precisão e confiabilidade dos registros contábeis e financeiros e promover a eficiência na empresa. Ela oferece meios à administração que possibilita auxiliar no cumprimento dos planos e objetivos do setor empresarial. Diante disso, a escolha desse tema foi no intuito de buscar maiores conhecimentos sobre o assunto no sentido de entender melhor a importância da controladoria para as empresas, a partir da detecção de possíveis problemas e assim poder evitá-los, pois a controladoria auxilia na tomada de decisão. A controladoria é um eixo temático de grande relevância, considerando a necessidade que toda empresa tem para funcionar com segurança, ou seja, de maneira que os riscos não venham se manifestar, tendo na controladoria os meios capazes de evitar maiores prejuízos para empresa. E por isso é um assunto que contempla os interesses de contadores, administradores, economistas e empresários. O método utilizado para a realização deste artigo foi à pesquisa bibliográfica em que foram consultados vários autores que abordam com eficiência o tema. Portanto, o método de pesquisa baseou-se na revisão da literatura, artigos científicos, livros e revistas que tratam sobre o assunto. Além da pesquisa bibliográfica foi realizado um estudo de caso. Para a realização desta pesquisa, optou-se por estudar um caso único: uma empresa prestadora de serviços na área de assessoria contábil. Os dados sobre a empresa foram coletados a partir de visitas e observações, utilizando como instrumento de pesquisa a Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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conversa informal, anotações, consulta no contrato social e suas alterações e também no site da empresa. A empresa alvo da pesquisa foi a Sigma Assessoria e Contabilidade LTDA - ME, localizada em Goiânia-GO. A pergunta problema foi a seguinte: como a controladoria auxilia na tomada de decisão da Sigma? Nesse sentido procurou observar a importância da controladoria como uma ferramenta fundamental na tomada de decisão. Assim, nota-se que este artigo é relevante no cenário da contabilidade, pois permite analisar o aspecto da controladoria no mercado profissional. Notou-se então nesse período de pesquisa que com todas as incertezas de um mercado competitivo as observações nesse artigo têm o intuito de contribuir para a gestão financeira e econômica das empresas, por meio da aplicação da controladoria.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

Para elaborar este artigo, o referencial teórico foi construído a partir das contribuições de Paulo Schimidt e José Luis dos Santos sobre os Fundamentos da Controladoria. Com o cerne voltado para a importância da controladoria na tomada de decisão. Para os autores, a consciência da controladoria na teoria e prática é fundamental nos negócios. Outras obras forma utilizadas também nesta pesquisa, a fim de embasar o pensamento teórico no que se refere a controladoria, tais como: Clara Pelegrinello em relação a obra Controladoria e seu Papel na Administração. Auster Moreira nos escritos sobre a Controladoria e um Enfoque na Eficácia das Organizações, Luis Martins Oliveira nas pesquisas sobre Conceitos e Aplicações voltados para a controladoria. Selma Cristina Santos e Márcia Alves Faleiro no que se refere ao Mundo Acadêmico e a Construção do Conhecimento. E por fim, Sandra Figueiredo a respeito da controladoria teoria e prática. De maneira geral a maioria destes autores aborda a controladoria como uma instância de gestão empresarial. Assim, torna-se necessária a discussão da controladoria o que torna essa pesquisa relevante no cenário contábil.

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2 ORIGEM DA CONTROLADORA

A controladoria teve sua origem através da evolução da sociedade, isso consequentemente teve um grande aumento no volume de produção decorrente do processo da Revolução Industrial. Ela é exercida desde a antiguidade com as transações ocorridas nas organizações, com demanda de produtos de troca. Schimidt e Santos consideram que:

A origem da controladoria esta ligado ao processo de evolução dos meios sociais e de produção que ocorreram com o advento da Revolução Industrial. Quatro fatores podem ser considerados como sendo os principais influxionadores de sua origem: aumento em tamanho e complexidade das organizações; globalização física das empresas; crescimento nas relações governamentais com negócios das companhias; aumento no número de fontes de capital (2009, p. 11).

A controladoria tem o seu aparecimento, devido à necessidade e obtenção de profissionais competentes e capazes de prestar informação para as empresas, prestar seus serviços com eficácia, visando otimizar por meio de análises os resultados desejados pela empresa. O surgimento da controladoria resulta da evolução da ciência contábil, aliada aos princípios, métodos e procedimentos naturais de outras ciências que têm como foco de interesse as entidades econômicas. A controladoria serve de instrumento na busca de informações gerenciais e estratégicas, a fim de que os gestores possam tomar medidas corretivas no intuito de melhorar os processos de gerenciamento da empresa. Observa-se abaixo a afirma dos autores Schimidt e Santos:

Essa nova disciplina surgiu como uma resposta ao processo evolutivo natural das organizações do inicio do século XX, fundamentado na nova forma de gestão caracterizada pela delegação de autoridade e responsabilidade em muitas companhias. A partir dessa exigência de disseminação de gestores, o capitalista passa a ter necessidade de mais checagens e demonstrações para controle interno, surgindo, portanto, o papel do controle contábil, que caracterizou a função inicial da controladoria (2009, p.14).

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Sua origem é relativa ao processo da Revolução Industrial, que resultou no processo de crescimento das empresas. Pois com o seu surgimento, as empresas ganham tanto no processo de decisão, como no processo de diminuição e redução de gastos, mesmo sendo o foco principal a informação, visa à obtenção da melhor tomada de decisão para a empresa através de um planejamento:

A natureza dos negócios mudou com a Revolução Industrial. A grande produção de ferro das indústrias norte-americanas ajudou a estabelecer as estradas de ferro e facilitou a construção de fábricas. Surgiram grandes companhias de eletricidade, água, gás, bondes e férreas. A construção de estradas de ferro, através dos EUA, facilitou o desenvolvimento dos negócios e dos sistemas de distribuição das fábricas (SCHMIDT E DOS SANTOS, 2009, p.12).

A partir da afirmação acima, nota-se que o primeiro papel da controladoria tinha como desempenho o processamento das operações do negócio. Exigia assim uma grande equipe gerenciada por um pequeno grupo de pessoas treinadas em técnicas para processamento de transações. Neste local, a imagem de um controller introvertido debruçado sobre uma calculadora e uma pilha de papéis era bastante comum. Com o aparecimento da controladoria ocorre uma profunda transformação no modelo gerencial das empresas, permitindo assim uma melhor visão contra os riscos, sendo de vital importância para o cenário das empresas, obtendo um ganho significativo nas escolhas em todo processo de tomada de decisão.

2.1 Principais Conceitos e Definições Relacionados à Controladoria

Entende-se por controladoria como um departamento responsável pelo projeto, elaboração e manutenção do sistema de informações financeiras e contábeis de uma determinada entidade, com ou sem finalidades lucrativas: [...] a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios, procedimentos e métodos das ciências da Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da Contabilidade, que se ocupa da

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gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las para a eficácia (NASCIMENTO, 1999, p. 99).

Controlar é desenvolver padrões para melhoria dos resultados, e que possa permitir e garantir que as tomadas de decisões sejam as melhores com o que a empresa deseja. E com o controle das atividades desenvolvidas permite aumentar a possibilidade de que tudo ocorra conforme o estabelecido. O aumento das organizações levou as grandes corporações dos países que são mais desenvolvidos a passarem por uma mudança estrutural em função do novo processo industrial. Com a troca da forte participação de mão-de-obra direta, para um processo industrial, logo veio um grande aumento das organizações. Assim, é importante observar que qualquer empresa alavancará suas metas ao utilizar a controladoria, pois a mesma se encontra vinculada à integração de todos os departamentos da organização. Então se pode afirmar que, pela falta de conhecimento e de implantação da controladoria, as empresas passam por momentos ruins, dos quais poderiam ser evitados em sua maioria pela controladoria. Sobre isso afirma os autores Nascimento e Reginato: “A função da controladoria consiste em apoiar o processo de decisão, utilizando-se para tanto de um sistema de informações que possibilite e facilite o controle operacional, por meio do monitoramento das atividades da empresa.” (NASCIMENTO E REGINATO, 2009, p. 2). Portanto, para que uma empresa seja bem sucedida, é necessária a elaboração de um planejamento estratégico para que em um futuro próximo seja feita a tomada de decisão. No entanto, a controladoria serve como uma ferramenta para o administrador ou gestor criar meios de gerenciar e avaliar a situação da empresa, e, de maneira sucinta, a controladoria pode ser vista como uma maneira de focar nos custos e visar lucros.

2.1.1 Características da Controladoria A controladoria tem como principais características para o melhor desempenho de suas funções, o conhecimento do profissional no departamento de sua atuação, conhecimento elevado nos programas e também dos sistemas de atuação da empresa, possuir capacidades de Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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análise dos resultados contábeis e possui conhecimento de todos os setores, para que possa auxiliar de maneira prática e clara para que execute a melhor tomada de decisão dentro da empresa:

Pode - se entender controladoria como o departamento responsável pelo projeto, elaboração, implementação e manutenção do sistema integrado de informações operacionais, financeiras e contábeis de uma determinada entidade, com ou sem finalidades lucrativas (OLIVEIRA, 1998, p. 19).

A área de controladoria é responsável pela escolha de um melhor método de gestão a ser seguido e por garantir que o controle esteja fornecendo as necessidades da administração. A controladoria atua de forma a disponibilizar informações sobre os resultados, disponibilizando dados para o controller, profissionais que com sua visão ampla influenciam e assessoram todos os departamentos da empresa:

A controladoria: órgão responsável pelo projeto e administração do sistema por meio do qual se coleta e relata a informação econômica da empresa. Também se responsabiliza pela gestão econômica empresarial. No entanto os conceitos inerentes a controladoria devem ter difundido por toda a empresa e absorvidos pelos gestores de todas as áreas (MOSIMANN E FISCH, 1999, p. 73).

Percebe-se então que a controladoria garante a realização da missão e a continuidade da organização. Seu papel principal incide em coordenar os esforços para conseguir um resultado positivo. Seu objetivo conjunto de decisões e ações orientadas a favor de alcançar seus resultados segundo conceitos econômicos. Pois a controladoria tem o dever de antecipar possíveis riscos, ao qual a empresa algum dia possa vim a enfrentar, diante das incertezas de um mercado tão competitivo. Estando ela sempre um passo a frente, para que toda tomada de decisão seja garantida com um resultado positivo e com segurança, sendo os riscos bem limitados, possibilitando aos gestores um suporte para que suas decisões sejam sempre a melhor e mais segura e ser tomada.

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Assim a controladoria terá a responsabilidade de fazer com que exista um plano e que este seja apoiado por todos os níveis decisórios da entidade. Um plano integrado caracteriza-se como aquele em que todas as partes estarão ligadas buscando o objetivo do negócio, que é atingir a missão (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 61).

A controladoria tem por fim garantir as informações adequadas no processo de decisão, colaborando com os gestores em busca da eficácia. A controladoria busca sempre deixar os gestores por dentro da realidade econômica, para que tenham informações necessárias sobre cada área em função do todo. Porque todos os setores de uma empresa são de muita importância para seu funcionamento do sistema de informação, pois o mesmo é alimentado com o lançamento de dados. “Os sistemas de informações podem ser estruturados conforme o nível de informações que são geradas” (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 175). E o processo de informação é um dos principais meios para possibilitar o melhor desenvolvimento da controladoria, ele é a base, ocupa papel fundamental necessário para que a controladoria possa assim permitir aos seus gestores confiança e credibilidade em suas escolhas, respaldadas estas de informações seguras e que permitiram a melhor tomada de decisão para a empresa. É necessário sempre ter informações corretas e saber usá-la da melhor maneira possível para atingir o objetivo da empresa, com sucesso, e com um sistema de informações bem estruturado sem dúvida alguma as decisões dos gestores serão as melhores possíveis. E para isso entra o papel do controller que interpreta as informações geradas pelo sistema, analisa os fatos financeiros para a administração, e avalia o conjunto de informações da empresa como um todo, apresenta os relatórios aos gestores para o processo de tomada de decisão. Caso verificado pelo controle que a organização não esta tendo bons resultados, o controller irá fazer modificações para que a empresa se enquadre no planejamento. Assim, entende-se por controller aquela pessoa responsável pela analise das informações, ele é o controlador, a sua função é de revisar os meios satisfatórios para o desempenho real para obtenção de resultados para a empresa, ele tem o encargo de levar as

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informações que podem interferir no bom andamento dos negócios, para a alta direção da empresa.

Portanto, o controller serve como uma ferramenta para que os gestores planejem ações futuras. Desse modo, o controller precisa manter essa premissa enquanto gerencia a atividade de controle, dando constante atenção aos passos que poderão ser controlados antes que as decisões sejam consubstanciadas em ações, buscando assegurar as metas previamente estabelecidas pela entidade. Essa etapa pode ser definida como controle preventivo ou antecipado (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 72).

Em resumo o controller deve possuir habilidade, ao qual esteja ligada a missão da empresa. Ou seja, de expressar suas ideias de maneira clara, uma boa linguagem, entendimento geral do mercado ao qual trabalha, capacidade para enfrentar certas situações, e garantir obtenção de resultados. “O controller, assim, deverá ser o coordenador da elaboração do plano, contribuindo diretamente com todos que necessitarem de informações a fase inicial de determinação das premissas” (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 63). Outro aspecto importante da controladoria é o planejamento, que inclui a manutenção de planos operacionais, ajustados com o objetivo desejado da empresa. Mas se o planejamento não for devidamente acompanhado e executado, o mesmo não proporcionará nenhum resultado para a organização. Diante do exposto acima se pode afirmar que o planejamento é um plano para atingir uma situação futura. “A função de planejar, por exemplo, passou a ter um papel fundamental no cenário de negócios. É quase impossível uma entidade de classe mundial poder competir em uma economia mundializada sem que tenha um plano consistente e viável” (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 43). O planejamento deve ser feito de acordo com a necessidade da empresa, sendo ele bem elaborado estabelecendo a direção em que a empresa vai caminhar, podendo ser de curto e longo prazo. Outro assunto importante na controladoria é a tomada de decisão que serve como uma sequencia de etapas que os gestores buscam para solucionar os problemas da organização. Para tomar uma decisão correta devem-se seguir as seguintes fases: definição Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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do problema; levantamento dos fatos; formular as alternativas e por fim tomar a decisão. Esse processo de tomada de decisão termina com a escolha da ação a ser feita. Nota-se que com o passar dos anos a contabilidade teve uma evolução. Os processos que eram manuais passaram a ser computadorizados, e observa-se uma grande vantagem nesse avanço como melhor qualidade e rapidez nos processos. Mas, com toda essa tecnologia existe muito trabalho que necessita da habilidade de profissional. Com isso define que a controladoria tem o encargo de viabilizar valores através do controle para melhoria de recursos.

Com a evolução do processo de negociação que ocorreu nos últimos anos, o volume de transações em muitas entidades tem sofrido mudanças significativas, aumentando o papel da controladoria no mercado. A função de planejar e ter um planejamento estratégico passou a ter um papel fundamental no cenário de negócios (SCHMIDT E DOS SANTOS, 2009, p. 43).

Pois a controladoria tem o intuito de dá suporte, para as tomadas de decisões dentro de uma empresa, ele utiliza as demonstrações feitas pela contabilidade, faz as análises dos dados ligados ao orçamento e ao planejamento empresarial para depois dar o seu parecer. Ela também pode utilizar-se de quaisquer outras ferramentas de informação, pode se apoiar nas informações geradas pela administração da produção, da estrutura organizacional e também da administração financeira. A concorrência, é um grande desafio para as organizações, além de ter essa dificuldade, existem também consumidores muito exigentes com preço baixo e uma boa qualidade, e é essencial uma empresa ter seu planejamento estratégico para que com isto seja reduzido os custos e previne a empresa de futuras consequências. “A crescente globalização de mercados acendeu um aumento da competição entre as entidades” (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p. 43). O nível de concorrência entre as empresas na atual economia, com a maior competitividade entre as empresas, resulta de uma maior necessidade de uma gestão, incidindo na controladoria um acréscimo da demanda de informações sobre gestão de custos e de valor.

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Portanto, para a controladoria passa a ser imprescindível a identificação de quais são as atividades que estão gerando valor para os clientes, considerando que uma das únicas formas de uma entidade atingir a missão é saber se está gerando valor para seus clientes. Na gestão do valor, a entidade deverá gerenciar as atividades, pois a identificação de valor ocorre quando o cliente troca algo de valor pelos bens e serviços produzidos pela entidade (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p.25).

A controladoria tem uma grande importância dentro das organizações, gerando informações confiáveis, supervisionando os setores de contabilidade, finanças, administração, informática e recursos humanos, auxiliando a tomada de decisões, que envolvem a todos, e principalmente, monitorar constantemente as mudanças tecnológicas, de mercado, de sistemas de gestão, apontando os melhores caminhos a serem seguidos pelas empresas.

2.1.1.1 A controladoria na Sociedade Contemporânea

Com o aumento da concorrência, é exigido das empresas novas técnicas administrativas, que podem auxiliar de forma mais eficaz a gestão empresarial. Portanto, a controladoria deve ser estratégica e estar sempre vinculada diretamente à necessidade que as empresas possuem de obter informações precisas e adequadas, lembrando que as atividades exercidas pela controladoria podem variar conforme a empresa, seu ramo, localização, cultura etc. É importante destacar que uma empresa, para obter suas metas, precisa de pessoal capacitado e comprometido com o desempenho da organização. Assim sendo, a controladoria exerce um papel fundamental no processo de levantamento de informações para um gerenciamento eficaz, promovendo a estabilidade econômico-financeira e garantindo a sobrevivência da empresa e o sucesso dentro do mercado. Sobre isso afirmam Schimidt e Santos:

O atual cenário de negócios globalizado criou a necessidade de que as entidades passem a ter sistemas que gerem informações cada vez mais

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velozes e confiáveis para fundamentação do processo decisório. Essa necessidade pode ser explicada por alguns fatores bem definidos, com a evolução tecnológica sentida nos últimos anos [...] (SCHMIDT E SANTOS, 2009, p.180).

Percebe-se que as margens de lucros das empresas cada vez menores, a estratégia para que a situação de uma empresa sofra mudança é necessário um rigoroso controle sobre todo o processo administrativo, visto que as despesas precisam ser controladas de forma inteligente com um bom plano estratégico para que se tenha muita agilidade na tomada de decisão. Com isso as organizações dependem cada vez mais de informações adequadas que permitam a tomada de decisão eficaz e quanto maior for à qualidade da informação, melhor será a decisão. Sendo assim a controladoria passa a ser de fundamental importância para fornecer aos gestores as devidas informações para a tomada de decisão e para o acompanhamento da situação da empresa.

Esse processo decisório ocorre tanto no âmbito global, ou seja, na empresa como um todo, quanto nas diversas áreas das quais a empresa é composta. Entretanto, o processo decisório global, porque as áreas existem para que a empresa obtenha melhores resultados na busca da eficácia (MOSIMANN E FISCH 1999, p. 37).

Nessa perspectiva, observa-se que a controladoria vem sendo objeto de estudo por muitos pesquisadores em trabalhos publicados, e é notório que a controladoria tem uma função primordial para as empresas. Com isso fica claro que qualquer empresa necessita de uma organização e de um pensamento estratégico.

2.2 A Controladoria na Tomada de Decisão da Sigma Assessoria e Contabilidade

Para pensar os aspectos da controladoria na tomada de decisão foi escolhida uma empresa da área contábil, Sigma Assessoria, como objeto de estudo de caso neste artigo. Portanto, a empresa Sigma serviu como um ponto norteador da discussão levantada nesta pesquisa acerca da controladoria.

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2.2.1 Uma Análise dos Aspectos da Controladoria da Empresa Sigma Assessoria e Contabilidade LTDA – ME

Segue uma averiguação sobre a controladoria na empresa Sigma Assessoria e Contabilidade Ltda-ME como um fator de gestão da informação contábil.

2.2.1.1 Constituição e Quadro Societário

A empresa Sigma Assessoria e Contabilidade LTDA – ME com CNPJ de 07.119.333/0001-83, foi constituída em 07/12/2004, situada no centro da cidade de Goiânia – GO, é uma empresa de terceirização no ramo de contabilidade, consultoria empresarial e jurídica. (CNPJ, 2004). A empresa é formada por dois sócios: Alberir Antonio de Carvalho, brasileiro, nascido em 07/09/1960, bacharel em Direito e em Ciências Contábeis e Bruno Augusto de Leles Carvalho, brasileiro, nascido em 04/06/1984, bacharel em Ciências Contábeis especialista em Gestão Financeira. (3º ALTERAÇÃO CONTRATUAL, 2014).

2.2.1.2 Departamentalização

Nota-se que a empresa possui um alto grau de profissionalismo e qualificação entre sua equipe de trabalho, garantindo assim uma prestação de serviço altamente eficaz e competente para seus clientes fixos e temporários. Na empresa trabalham doze funcionários mencionados nos departamentos descritos abaixo: Recepção: o departamento é composto por uma funcionária, sua função é de atender os clientes que se dirigem até o escritório, atendimento telefônico, cópia e digitalização de documentos.

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Serviços externos: o departamento é composto por um funcionário, sua função é de entregar os documentos nas empresas e protocolar processos nos órgãos, e outras demais atividades. Financeiro: o departamento é composto por uma funcionária, que é a responsável pelo controle financeiro, cobranças, contas a receber e a pagar, fluxo de caixa, controle bancário, envio de propostas de serviços, prestação de contas, compra de suprimentos e envio das declarações de IRPF. Departamento Pessoal: o departamento é composto por uma gerente e sua auxiliar. A gerente faz o fechamento mensal das folhas de pagamento, controle da folha de ponto, com a folha gerada o departamento emite as guias para pagamento que são elas: FGTS, GPS, IRRF e PIS sobre folha. Entre outros serviços como: calculo de férias, calculo de 13º Salário, calculo de rescisão, cadastro de PIS, envio de CAGED, envio de RAIS, envio de DIRF, envio de GFIP, contribuição sindical, contribuição assistencial. A auxiliar do departamento pessoal ajuda a gerente em todos os serviços, arquiva documentos, faz registro de funcionários no sistema e nas carteiras de trabalho e contratos de experiência. Departamento Fiscal: o departamento é composto por dois funcionários que fazem os serviços de lançamentos de notas fiscais para apuração de impostos dentre vários, alguns deles são: DAS, ICMS, ISS. Envio de DIPJ, REST, IRPJ, DMS, DCTF, SPED Fiscal, SPED Contribuições e SINTEGRA. O departamento também é responsável pelas declarações de faturamento quando são solicitadas pelos clientes, escrituração dos livros fiscais, entre outros. Assistentes da escrita contábil: o departamento é composto por quatro funcionárias, as empresas da carteira de clientes são igualmente divididas entre estas funcionárias que fazem os serviços de lançamentos contábeis, conciliação bancária, emissão de

balancete,

balanço

patrimonial,

demonstrativo

de

resultados

acumulados

no

trimestre, controle de saldo de caixa, emissão do livro razão e diário, DRE, DLPA e DMPL. Cadastro: o departamento é composto por uma funcionária que faz todos os serviços de legalização dos órgãos para abertura, alterações e baixa de uma empresa. Regularização de alvará, controle de vencimento de certidões, procurações e certificados, solicitação e controle de parcelamentos das empresas, entre outros.

2.2.1.3 Missão, Visão e Valores Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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A missão da Sigma é trabalhar em todas as áreas empresariais, a fim de atender com eficiência e eficácia as necessidades dos empresários, contribuindo assim para seu crescimento no mercado, promover o desenvolvimento social através da geração de emprego e renda. Sua visão é tornar-se referência em assessoria empresarial, a partir de investimentos em profissionais qualificados e infraestrutura de ponta. Seus valores são: Agilidade; Pontualidade; Qualidade; Eficiência e Eficácia; Profissionalismo e Profissionais atualizados (SIGMA, 2015). Assim, é notório que a partir de 2012, a empresa implantou a controladoria, com o intuito de aperfeiçoar seu processo de gestão, para alcançar melhores resultados financeiros para atender as expectativas de seus gestores. E, portanto, a Sigma Assessoria tem investido a cada dia na excelência de seus serviços, acreditando que a relação de comprometimento com o cliente é a principal ferramenta para se garantir um bom trabalho e uma forte estabilização no mercado, se preocupa em oferecer aos clientes o melhor atendimento, busca antecipar-se das necessidades de seus clientes para melhor satisfazêlos e para que isso aconteça, tem uma equipe com profissionais qualificados que oferecem todo o suporte necessário para o usuário de seus serviços.

2.2.1.4 O Funcionamento do Sistema de Informações Financeiro e Contábil da Sigma Assessoria e Contabilidade LTDA-ME

A Sigma utiliza um sistema de informações que é o mesmo utilizado para a prestação de serviços mensais dos clientes, e para controle interno a empresa utiliza o módulo Financeiro, para que seja feito todos os lançamentos diariamente e o fechamento mensal. Após a conclusão desse fechamento, os gestores tenham resultados da atual situação da empresa, deixando assim os gestores bem informados da real situação da empresa. De acordo com o que orienta os autores abaixo: “o sistema de informações deve ser, ainda, suficientemente confiável para que a mensagem nele introduzida seja corretamente interpretada em seu destino”. (MOSIMANN E FISCH, 1999, p. 65). O sistema de informações financeiro da Sigma, é utilizado da seguinte forma: as contas a pagar são todas lançadas diariamente, as despesas que tem um valor fixo são programadas para se repetirem todos os meses, as que não têm o valor fixo, como por exemplo, os impostos e também as eventuais são lançadas assim que o departamento financeiro recebe as mesmas. Nas contas a receber Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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é feito um contrato para cada cliente dentro do próprio sistema desde o primeiro faturamento, data de vencimento e valores fixos dos honorários. Se dentro do mês tiver alguma conta paga dos clientes pelo escritório ou descontos concedidos, esses são lançados separadamente no mês de faturamento, a responsável do departamento financeiro fatura todos os honorários, gera e envia o boleto e nota fiscal para cada cliente via e-mail ou impresso. Com o processo de sistema de informações, possibilitou a Sigma ganhos reais, levando a ter maior agilidade no processo de comunicação entre todos os departamentos, o que contribui para facilitar na tomada de decisão dos gestores. Conforme afirmação “o sistema contábil proporciona aos gestores e também aos usuários externos visão geral da organização [...]”. (FIGUEIREIDO E CAGGIANO, 2008, p. 23). Com essa importante ferramenta que é o sistema de informações todos os processos da controladoria serão executados com facilidade, pois a base de tudo serão as informações concedidas pelo sistema, consequentemente será elaborado um planejamento estratégico por um controller capacitado, para que os gestores tomem as melhores decisões possíveis e por fim sejam monitoradas por um rigoroso controle.

2.2.1.5 Contas a Pagar

As contas a pagar são lançadas no sistema para que o departamento financeiro possa ter o controle do que terá de despesas para se programar. As despesas fixas são lançadas como um evento fixo e as despesas eventuais e sem o valor definido como, por exemplo, os impostos são lançados assim que o departamento financeiro recebe as faturas, guias e boletos.

2.2.1.6 Contas a Receber

Mensalmente é enviado para os clientes o boleto bancário com no mínimo dois dias úteis antes do vencimento e o mesmo é dado baixa no sistema após compensação bancária. Após a baixa dos honorários no sistema é possível emitir relatórios com todas as contas a receber que estão em aberto e as já recebidas de todos os clientes em um único relatório e também individualmente. Assim, os inadimplentes podem solicitar os boletos com nova data de vencimento, e o mesmo é corrigido com juros e multa.

2.2.1.7 Controle Bancário Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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A Sigma trabalha com a forma de recebimento através de boleto bancário, praticamente toda sua receita é pelo banco, somente uma pequena parte que se dirige ate o escritório para efetuar o pagamento com dinheiro ou cheque, ou realizar alguma negociação de honorários em aberto. A maioria de suas despesas com fornecedores são todas pagas via boleto bancário. Algumas negociações com fornecedores usa-se o cartão de débito ou pagamento em cheque.

2.2.1.8 Fluxo de Caixa

Como a grande parte da receita do escritório é via banco, conforme mencionado no item acima somente uma pequena parte dos clientes que se dirige ate o escritório para efetuar o pagamento com dinheiro ou cheque, ou realizar alguma negociação de honorários em aberto. Sendo assim o controle de fluxo de caixa é bem pequeno, pela facilidade que o escritório proporciona aos clientes com a forma de pagamento via boleto bancário.

3 METODOLOGIA

Nesta pesquisa optou-se por um levantamento bibliográfico de autores comparativos ao tema, utilizada neste artigo a pesquisa bibliográfica, por meio de pesquisas nos livros da biblioteca da Faculdade Padrão e em outras fontes. Foram utilizados ainda os métodos históricos, indutivos e comparativos neste artigo, no que diz respeito ao estudo de caso. Logo método histórico, conhecido também por método crítico ou critica histórica, compreende duas operações, a saber: análise e síntese. A qualidade essencial que este método exige e desenvolve o espírito crítico. O método indutivo é o processo que, para chegar ao conhecimento ou demonstração da “verdade”, parte de fatos particulares, comprovados, e assim gera a conclusão genérica. Já o método comparativo é um raciocínio comparativo

que

transformações,

se

podem

construir

descobrir

modelos

e

regularidades, tipologias,

perceber

deslocamentos

e

identificando

continuidades

e

descontinuidades, semelhanças e diferenças e explicando as determinações mais gerais. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Nota-se que a empresa Sigma Assessoria e Contabilidade já segue os procedimentos aplicados pela controladoria, pois sabe da grande importância do uso desta ferramenta para o crescimento da organização. A controladoria em particular é extremamente importante para a saúde e prosperidade de uma entidade, pois é ela a responsável pelo acompanhamento do planejamento realizado. Por se tratar de uma empresa de contabilidade, a controladoria já se implantava na Sigma, e o intuito foi o de averiguar como essa ferramenta de grande importância para uma organização é aplicada na empresa, ela se a controladoria oferece melhorias para proporcionar maior confiabilidade nas informações disponíveis. E isso foi comprovado, pois a Sigma utilizada controladoria nos seus processos e com isso se torna mais competitiva. Durante a pesquisa foi realizada uma entrevista com os proprietários da empresa, e estes socializaram as suas concepções sobre o tema desta pesquisa, respondendo ao seguinte questionamento: como a controladoria auxilia na tomada de decisão da Sigma? Segundo informações colhidas com os responsáveis, a empresa utiliza um sistema de informações o mesmo utilizado para os clientes, e para controle interno a empresa utiliza o módulo Financeiro, para que seja feito todos os lançamentos e no final eles tenham resultados da atual situação da empresa. A controladoria opera como uma ferramenta na tomada de decisão da empresa e utiliza um excelente sistema de informações que demonstra confiabilidade em seus relatórios. E com a organização que a Sigma tem, a atuação da controladoria a torna eficaz em todas as tomadas de decisões. O segundo ponto muito vantajoso que os gestores levantaram, foi à forma como são divididos os serviços por departamento. Foi evidenciada a informação de que na empresa tem o manual do colaborador e os serviços que cada departamento deve cumprir. A divisão de serviços para cada departamento é um excelente instrumento para a controladoria, como foi visto sobre a departamentalização da empresa. Assim, a mesma é muito eficiente e com funcionários bem preparados, não se encontra acúmulo de serviços na empresa, pois cada colaborador ao entrar na empresa recebe o seu manual e nele são muito bem detalhados os serviços de cada departamento, facilitando o ingresso e uma estabilidade para todos os colaborados da instituição. A grande vantagem dessa divisão dos serviços é extremamente importante para a controladoria conhecer bem o funcionamento da empresa, assim será mais fácil coletar as Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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informações com departamentos e funções bem definidas. Com esse funcionamento fluindo corretamente auxilia o controller no melhor desenvolvimento do seu trabalho, para que ele tenha acesso ao departamento e ao sistema e poder gerar as informações necessárias aos gestores para o processo decisório. É de grande importância que as funções da controladoria e as ferramentas de gestão exercem na atividade organizacional. Ressaltando que essa importância não se restringe somente à empresa onde foram coletados os dados, mas em toda e qualquer organização comprometida com a qualidade de seu trabalho. Uma grande vantagem da controladoria que foi percebida após o estudo de caso na empresa Sigma é que ela oferece aos gestores da organização uma segurança e coerência nas informações financeiras, o que permite aos gestores compreenderem melhor seus processos e permite maior controle do processo para a tomada de decisão. Percebeu-se que a Sigma do setor de contabilidade fez de maneira correta o uso deste processo promissor que é a controladoria, e com isso a empresa uma ferramenta a mais para direcionar todas suas decisões, podendo visualizar melhores resultados, visando um desempenho produtivo obtendo um resultado positivo para sua permanência no mercado competitivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente trabalho foi possível identificar a importância da controladoria no que diz respeito a melhorias utilizando os recursos necessários para alcançar os melhores resultados. Foi possível visualizar também a necessidade da prática e manutenção do sistema de informação das organizações, uma vez que estes procedimentos facilitam a gestão diária e contínua possibilitando a melhoria de processos e principalmente o controle de fatores internos de gestão. Com a controladoria aplicada na empresa, seus resultados sem dúvida alguma foram melhorados e seus clientes se tornaram mais satisfeitos com os resultados de seus negócios. E com essa ferramenta de grande importância para a sobrevivência de uma entidade, o futuro da Sigma e seus clientes será mais sólido diante da tamanha competitividade. Neste trabalho foi observado que a controladoria é um instrumento de grande importância nos processos da empresa, auxiliando a tomada de decisão e executando rígidos Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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controles de todos os seus negócios para que assim possa atingir suas metas, e claro de sistemas de informações para a elaboração de relatórios que ajudam os gestores a definir a melhor direção da organização. Enfim, a controladoria apoia aos gestores no controle sobre a realização das atividades da entidade, proporcionando melhores resultados econômicos e financeiros. E para que o uso dessa ferramenta seja positivo é necessário ter a informação correta e saber usála da melhor maneira possível para atingir o objetivo da empresa com êxito. Considera-se, portanto, que as organizações necessitam de uma boa gestão, de profissionais competentes que colaborem para o processo decisório, interpretando as informações, analisando e tomando as decisões com planejamento bem elaborado, assim a empresa poderá caminhar para um processo de crescimento e estabilidade financeira no cenário mercadológico. E dessa maneira justifica a pesquisa aqui apresentada por meio deste artigo.

REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, Luís Martins de. Controladoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Futura, 1998. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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SIGMA, Assessoria e Contabilidade. Site da empresa estudada. Disponível em: <www.gsigma.com.br>. Acesso em 16/03/2015.

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IMPLANTAÇÃO DE NOVO LAYOUT PARA FUTURO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO - PCP, COMO FERRAMENTA DE CRESCIMENTO NA EMPRESA SVS CONFECÇÕES ME Eder Luz Xavier25 Karoline Andrade de Alencar² Sandra Vieira Souza3 Sandra Sarno4

RESUMO: Este artigo tem como objetivo demonstrar a melhoria do processo produtivo na confecção SVS ME, através da implantação do Planejamento e Controle da Produção - PCP, como ferramenta de crescimento dentro da empresa. Por meio do estudo de caso, foram detectadas falhas no planejamento e controle da companhia, bem como um layout inadequado. Foi diagnosticada também, a necessidade de um ambiente maior, pois o atual não tem como ser ampliado. Para tanto, se faz necessário um planejamento e controle mais detalhado por parte da gerência, diretamente ao setor produtivo da empresa, para correção de algumas falhas existentes na área da produção. Por meio do estudo de caso foram identificados também, os fatores de maior relevância dentro do processo produtivo da empresa, os quais foram apresentados e analisados, para que sejam feitas correções através de um controle mais detalhado, tornando a cadeia de produção mais eficiente. Este artigo apresenta um referencial teórico que discute os passos a serem seguidos e indica ações a serem tomadas para melhoria e crescimento por intermédio do PCP, na confecção de moda fitness da empresa SVS Confecções ME. Palavras-chave: Planejamento. Controle. Produção. Layout.

25Eder

Luz Xavier–Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de GoiásBrasil – Email: ederpadrao@gmail.com 2Karoline Andrade de Alencar – Professora Mestre do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia – Brasil – Email:karolreal@hotmail.com 3Sandra Vieira Souza–Bacharel do Curso de Administração do Instituto Aphonsiano de Ensino Superior – IAEsup – Trindade/GO 4Sandra Sarno – Professora Mestre do curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia e do Instituto Aphonsiano de Ensino Superior – IAEsup – Trindade/GO – Brasil - Email: sanrosarno@gmail.com

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ABSTRACT: This article aims to demonstrate the improvement of the production process in the making SVS ME, through the implementation of Planning and Production Control - PCP, as growth tool within the company. Through the case study, flaws were detected in the planning and control of the company, as well as an inadequate layout. She was diagnosed too, the need for a larger environment, since the current does not have to be enlarged. Therefore, it is necessary planning and more detailed control by management, directly to the productive sector of the company, to correct some flaws in the production area. Through the case study were identified as well, the most relevant factors in the production process of the company, which were presented and analyzed, so that corrections can be made through a more detailed control, making production more efficient chain. This article presents a theoretical framework that discusses the steps to be followed and indicates actions to be taken for improvement and growth through the CFP, the fitness fashion clothing SVS Clothes ME company. Keywords: Planning. Control. Production. Layout.

INTRODUÇÃO O Planejamento e Controle da Produção – PCP é de suma importância, pois está conectado a todos os setores da empresa, dando suporte nas tomadas de decisões da produção, bem como fornecendo informações para colocar em prática as estratégias da organização. O PCP ajuda no bom desempenho da empresa tornando o sistema produtivo mais preciso para atender a todos os seus setores.

Para

tanto, a empresa deve ser responsável por traçar metas e fiscalizar o cumprimento destas. Essas metas também devem ser possíveis de serem atingidas, com base na realidade de produção da empresa, para contribuir com a motivação dos colaboradores. A implantação do Planejamento e Controle da Produção também se faz necessária em todas as atividades realizadas, principalmente no setor produtivo, para que a empresa tenha um crescimento sustentável. O layout também interfere no processo produtivo, trazendo benefícios para o desenvolvimento da produção de forma clara. A ordem das máquinas, por exemplo, deve ser feita de acordo com uma sequência operacional. É importante não Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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se prender a uma só forma de dispor as máquinas, pois os funcionários devem ter noções básicas do processo produtivo como um todo. Porém, deve-se explorar a capacidade produtiva de cada um, para que o processo saia sem gargalos e consiga produzir com eficiência, mantendo a regularidade dos cortes que se recebe, pois, cada coleção traz novas tendências e são inúmeras as particularidades de cada uma. Apesar das tecnologias avançadas, as indústrias de confecções ainda sofrem para conseguir organizar o seu layout e motivar os seus colaboradores a prestar uma mão de obra com qualidade. Portanto, o objetivo deste trabalho é encontrar novas formas de desenvolver uma produção com rapidez e qualidade, implantando o PCP na SVS Confecções ME. Além disso, procura também estudar uma nova distribuição para o ambiente dessa empresa, de forma que facilite a locomoção de funcionários, o fluxo de materiais e melhore todo o processo de produção.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Planejamento

O planejamento dá as diretrizes que a empresa deve tomar, projetando os objetivos a serem alcançados dentro de um prazo estabelecido, sendo ele de curto, médio e longo prazo. Para Moreira (1998, p.7) “o planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao estabelecer linhas de ação que devem ser seguidas para satisfazer objetivos estabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocorrer”. Portanto, é preciso conhecer quais os objetivos da empresa, para que as decisões tomadas não comprometam o bom funcionamento da organização. Moreira (1998, p. 7-8) e Oliveira (1999, p. 46) apontam três níveis do planejamento: estratégico, tático e operacional. 

Nível estratégico: é um processo gerencial que facilita ao executivo as tomadas de decisões que abrangem todos os setores da empresa, envolvendo todas as suas políticas empresariais. São decisões de longo prazo, trazendo consigo grandes riscos e incertezas para a concretização dos alvos projetados.

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Nível tático: esse nível é mais fechado do que o estratégico. Trabalha diretamente com os recursos da empresa, ou seja, ocorrem dentro da fábrica. As decisões são de médio prazo, onde o grau de risco é menor. Tem como objetivo a aplicação dos recursos eficientes para a execução dos mesmos.

Nível operacional: nesse nível a tomada de decisões é de curto prazo. Elas estão diretamente ligadas com a produção da empresa e concretização dos dados. São feitas através de documentação, onde o gerente acompanha de perto das atividades produtivas da empresa, pois está envolvido diretamente com os funcionários, tornando assim os riscos menores para a organização. O controle é fundamental para juntar as informações desses três níveis das gerências, tornando claro e bem definido os objetivos da empresa. Tubino afirma que: Como departamento de apoio, o PCP é responsável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível aos planos estabelecidos em níveis estratégico, tático e operacional. (2000 p.23)

Planejamento é a forma de organizar e traçar um percurso pelo qual deve ser seguido, para alcançar os objetivos pretendidos pela empresa num período de tempo estabelecido, seja, ele de curto, médio ou longo prazo. Esse projeto deve ser elaborado antes qualquer ação, para que a empresa saiba aonde quer chegar e não fique perdida no meio do caminho. Segundo Chiavenato (2005, p. 99-100) “planejamento é a função administrativa que determinam antecipadamente quais são os objetivos que deverão ser atingidos e o que deve ser feito para atingi-los da melhor maneira possível”. Planejar é identificar o alvo aonde quer chegar e como chegar, e isso inclui as especificações necessárias com o nome do produto, a data da produção e a quantidade produzida com pedido em negociação. Neste sentido Daft (2010, p. 6) afirma que: “O planejamento define onde a organização quer estar no futuro e como chegar lá. Planejar significa definir meta para o desempenho organizacional futuro e decidir sobre as etapas e o uso dos recursos necessários”. Esse planejamento pode ser feito conforme a necessidade de cada produto e/ou serviço, pois, em uma empresa nada deve ser improvisado ou feito ao Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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acaso, mas, deve ser planejado e acompanhado para alcançar os objetivos esperados. Segundo, Slack, Chambers e Johnston: Planejamento é a formalização do que se pretende que aconteça em determinado momento no futuro. Um plano não garante que um evento vá realmente acontecer; é uma declaração de intenção que aconteça. Embora os planos sejam baseados em expectativas, durante sua implementação as coisas nem sempre acontecem como esperados. Os consumidores mudam de ideia sobre o que querem e quando querem. Os fornecedores nem sempre podem entregar pontualmente, máquinas podem quebrar, funcionários podem faltar por doenças (2009, p. 283).

Os gerentes devem sempre estar atentos às não conformidades, que podem ocorrer a qualquer instante e, a partir daí, corrigir as falhas e atender as necessidades presentes e futuras da empresa. O gerente também deve se atentar para as variáveis externas e, principalmente, as variáveis internas da empresa, a fim de atender as expectativas do ambiente na qual está inserido. Esse processo é contínuo e deve ser executado de forma constante para obtenção dos resultados esperados. Oliveira (1999, p. 33) afirma que: “O planejamento pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa”. Este processo deve ser desenvolvido para o alcance de uma situação desejada. Feito o planejamento, é necessário fazer o acompanhamento para verificar se está sendo executado de acordo com o planejado e se é preciso fazer correções ou alterações conforme as necessidades da empresa. Todo planejamento tem seus riscos, sejam eles grandes ou pequenos, e nem sempre tudo acontece como o planejado. O mercado está em constantes mudanças, por causa disso, é importante se atentar às alterações. Assim o Planejamento e Controle da Produção se faz necessário para as estratégias da empresa e o seu sistema produtivo.

1.2 Controle

Controle é a atividade desenvolvida dentro da empresa e tem como característica o acompanhamento de todo processo, com intuito de verificar se tudo está acontecendo conforme foi planejado. Esse controle deve ser seguido de forma a Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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melhorar ou manter o que foi projetado, a fim de atingir os objetivos da empresa (LUSTOSA, 2008 p. 202). De acordo com Pozo (2010, p.104) “a função do controle, como parte integrante do sistema de planejamento é fazer a avaliação das ações que estão sendo desenvolvidas no processo produtivo e compará-las com o planejado”. Portanto, se o processo não estiver conforme o que foi pensado anteriormente, que seja cobrado a correção ou melhoria dos responsáveis. Para fazer um controle com sucesso é necessário conhecer os objetivos da empresa, ou seja, aonde esta empresa quer chegar. De posse destes dados fica mais fácil tomar decisões, pois toda decisão tem seus riscos, e uma escolha errada pode comprometer o bom funcionamento da organização. Lustosa afirma que: Entende por controle de produção a função do PCP responsáveis por fazer comparações rotineiras entre os resultados da produção de bens e/ou serviços e as solicitações da programação, determinando desvios, assim como identificando causas e cobrando, dos responsáveis, suas correções (2008, p.202).

Ainda conforme Lustosa (2008, p. 202) “o controle é exercido para manter os resultados planejados ou para melhorar”. Portanto, esse controle deve ser acompanhado com indicadores e ações, para obter o alcance das metas estabelecidas ou para melhorar as formas para o alcance das mesmas. Nesse mesmo sentido, Chiavenato afirma que: O controle é a função administrativa que consiste em medir, avaliar e corrigir o desempenho ou os resultados para assegurar que os objetivos da empresa sejam plenamente atingidos. A tarefa do controle é verificar se tudo está sendo feito em conformidade com o que foi planejado e organizado, de acordo com as ordens dadas, para identificar possíveis erros ou desvios que devam ser corrigidos e evitar sua repetição (2005, p. 150)

A finalidade do controle é fazer o acompanhamento das atividades operacionais, como também solicitar as correções quando necessárias. De acordo com Tubino: O objetivo do acompanhamento e controle da produção é fornecer uma ligação entre o planejamento e a execução das atividades operacionais, identificando os desvios, sua magnitude e fornecendo subsídios para que os responsáveis pelas ações corretivas possam agir (2000, p.184).

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1.3 Administração da Produção

O processo produtivo é um setor bastante competitivo, por isso, a organização se preocupa na administração de operações detalhadas de um projeto, direção e controle dos processos, que tem sua responsabilidade de transformar insumos em serviços e produtos. Segundo Martins e Laugeni (1998, p. 1) “a função produção é entendida como o conjunto de atividades que levam à transformação de um bem tangível em outro com maior utilidade, acompanha o homem desde a sua origem”. Com o desenvolvimento das tarefas, surgiram os pedidos específicos, daí então os primeiros artesãos começaram a elaborar uma produção organizada. Martins e Laugeni (1998, p. 2), se referindo a Revolução Industrial, afirmam que: “com a descoberta da máquina a vapor em 1764 por James Watt, tem início o processo de substituição da forca humana pela força da máquina”. As pessoas, que até então trabalhavam de forma artesanal, passaram se aglomerar nas fábricas, dando início ao trabalho em produção de forma organizada. BallesteroAlvarez conceitua a administração da produção como: Cabe à administração da produção buscar, definir e aplicar as ferramentas, instrumentos, métodos e alternativas que lhe proporcionem respostas para as seguintes perguntas: como, quando,quanto, com o que produzir? Os sistemas de produção existem, justamente, para auxiliar os executivos dessa área no processo de tomada de decisão (2001, p. 363-364).

Já Davis, Aquilano e Chase (2001, p. 24) afirmam que: “a administração da produção pode ser definida como o gerenciamento dos recursos diretos que são necessários para a obtenção dos produtos e serviços de uma organização”. Para criação de um projeto de produção é fundamental ter em mãos informações que sirvam de ponte para ajudar nas projeções futuras da empresa, onde essa ação depende do setor de vendas para planejar toda produção, conforme afirma Reis: Estimadas as vendas futuras e estabelecidos os níveis de capacidade produtiva e de estoque, trata-se de definir o projeto de produção para os próximos meses ou ano, dependendo do sistema produtivo e do produto fabricado, administrando força de trabalho, o maquinário e o material necessário pra fabricação do produto (1978, p. 290).

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De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 4) “a administração da produção é a atividade de gerenciar recursos destinados à produção e disponibilização de bens e serviços”. Cada empresa desenvolve as suas atividades dentro do programado pelos seus gerentes de produção com o intuito de alcançar suas metas. Ainda segundo os autores, “os gerentes de produção são funcionários da empresa que tem a responsabilidade exclusiva de administrar algum ou todos os recursos envolvidos pela função produção”. É importante ressaltar, que as tomadas de decisões têm seus riscos, portanto é de responsabilidades do gerente o resultado da empresa, que pode ser positiva ou negativa. O gerente deve ter amplo conhecimento dos objetivos da empresa, para que suas decisões não comprometam os resultados da organização. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), existem três funções de intensa importância na organização, são elas: marketing e vendas, desenvolvimento de produto ou serviço e produção.  A função marketing e/ou vendas é responsável por representar a empresa junto aos seus clientes interno e externos de modo a vender os produtos ou serviços, comunicando e sentindo o mercado, visando à demanda a curto, médio e longo prazo.  A função desenvolvimento de produto ou serviço é responsável por elaborar novos produtos ou serviços ou fazer a transformação através de benchmarking, de modo a adequar as necessidades dos clientes, com intuito de gerar novos consumidores dos seus produtos e serviços.  A função produção é responsável por atender as necessidades de seus consumidores através da produção, entregando seus produtos ou serviços dentro do prazo estabelecido em negociação.

Ainda segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), as funções de apoio da produção são: contábil-financeira e recursos humanos (Ver figura 1).  A função contábil-financeira é parte responsável por administrar e distribuir os recursos financeiros de acordo com as necessidade e disposição de cada setor da organização.  A função recursos humanos é parte responsável em recrutar selecionar e treinar os funcionários para o desenvolvimento de suas tarefas, e também estabelecer as Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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relações trabalhistas, a negociação de contratos, a política salarial, com propósito de fazer que cada colaborador se sinta motivado em fazer parte do ciclo produtivo da empresa.

A produção tem por objetivo estabelecer um sistema onde haja interdependência que proporcione agilidade e eficiência para execução das tarefas na organização. Visa também o menor tempo possível na fabricação do produto para conseguir economia em tempo e custo. Tubino afirma que: A função da produção consiste em todas as atividades que diretamente estão relacionadas com a produção de bens ou serviços. A função produção não compreende apenas as operações de fabricação e montagens de bens, mas também as atividades de armazenagem, movimentação, aluguel, etc (2000 p. 18).

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Essa função é responsável pela geração de bens e serviços que são comercializados pela empresa, além de estabelecer de forma coerente e responsável um controle de estocagem, manuseio e armazenamento dos produtos.

1.4 Visão Ampla do PCP

Conforme visto anteriormente, o PCP articula a organização, integra todos os departamentos do empresa e envolve todos os níveis operacionais, procurando reduzir os conflitos inerentes a cada departamento da empresa, como finanças, produção e vendas/marketing (LUSTOSA, 2008, p. 12). A função do PCP é acrescentar a eficiência e eficácia no processo produtivo, auxiliando as empresas com algum tipo de informação ao longo do percurso. De acordo com Chiavenato (2005, p. 102) “o PCP tem uma dupla função: planejar a produção e controlar o seu desempenho”. Para Dias (2011, p. 5) “o PCP é responsável pela programação e pelo controle do processo produtivo [...] É um setor bastante específico e muito técnico dependendo do tipo de processo”. O PCP preocupa diretamente com quantidade e prazos e também coordena toda a produção. Portanto, ele deve estar interligado com o sistema produtivo, sendo vendas, compras, manutenção, entre outras, obtendo informações necessárias para a sua execução.Tubino (2000, p. 24) afirma que: “O PCP prepara a programação da produção administrando estoques, sequenciado, emitindo e liberando as ordens de compras, fabricação e montagens, bem como executa o acompanhamento e controle da produção”. Através das informações coletadas, o PCP coloca em ação tornando realidade, a execução da produção. Barreto (1997, p. 89) afirma que: “O PCP fará cruzamentos com a capacidade de produção, planejamento de vendas e pedidos em carteira, com objetivos de dar início à produção e projetar prazos de entrega”. Chiavenato (2005) relata que o PCP se divide em quatro fases, sendo elas: projeto de produção, coleta de informações, planejamento e controle da produção.  Projeto da produção: é a primeira fase onde se esclarece o sistema de produção, definindo suas ramificações conforme as necessidades da organização, a fim de criar critérios do PCP, como quantidades e características das máquinas e dos Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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equipamentos, quantidade de pessoal disponível, volume de estoques e tipos de matéria-prima, bem como os métodos e procedimentos do trabalho.  Coleta de informações: nesta fase, as informações coletadas tem como propósito o detalhamento do projeto a ser colocado em ação.  Formulação do plano de produção: nesta etapa especifica-se a quantidade que a empresa deseja produzir num determinado período. Como se trata de confecção, a projeção é de um ano, que se dividi em três a quatro coleções ao ano.  Controle da produção: é a ultima fase PCP. A sua função é indispensável para a produção da empresa, pois, é responsável por acompanhar, monitorar, avaliar e regular todo o ciclo produtivo, para averiguar se está de acordo com o planejado. Se não estiver, que seja cobrado a correção dos responsáveis. Por fim, implantar o PCP é estímulo que tem suas partes, ou seja,sistemas que devem adequar constantemente e responder as mudanças da empresa, procurando a melhor forma de atender as necessidades de seus clientes.

2.5 Layout

O conceito de layout ou arranjo físico de acordo com Chiavenato (2005, p. 86) é: “Palavra inglesa, layout,que significa dispor, ordenar, esquematizar”. Layout é o gráfico que representa a disposição espacial, a área ocupada e a localização das máquinas e equipamentos ou as seções envolvidas. Essa distribuição do ambiente é organizada de forma a atender as necessidade da produção, da melhor disposição dos maquinários, do espaço para a locomoção dos funcionários e fluxo dos materiais, dentro da organização. O layout tem como objetivos: reduzir custos e aumentar a produtividade, racionalizar a utilização do espaço disponível, reduzir a movimentação de materiais, produtos e pessoas, racionalizar o fluxo de trabalho, minimizar o tempo de produção e proporcionar aos colaboradores melhores condições de trabalho. Lembrando que até as cores influenciam no ambiente de trabalho. O ideal é que se use cores claras para a motivação psicológica dos colaboradores. As indústrias de confecções trabalham com uma produção por lote, pois lidam com coleções e variedade de modelos, atendendo as tendências da moda. Por Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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isso, precisam se adequar as conformidades dos modelos, não havendo como ter um fluxo contínuo no processo produtivo.

2 BREVE HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DE CONFECÇAO NO BRASIL

Fala-se que as atividades de tecelagem iniciaram por volta de 5.000 a.C. no antigo Egito e também no Peru, pelos Incas, a cerca de 4.000 a.C. Os historiadores relatam que os indígenas faziam tecelagem rústica com fibras naturais (palha e algodão) e atribui-se a eles o início desta atividade no Brasil. Posteriormente, com a chegada dos portugueses em terras brasileiras, a tecelagem passou a ser chamada de tear e era desenvolvida pelas mulheres escravas para confecção das vestimentas. A coroa portuguesa proibia a instalação do comércio manufatureiro no Brasil para impedir o crescimento de sua colônia e para que o Brasil continuasse somente a fornecer produtos agrícolas para o mercado externo. Em 1785, a rainha D. Maria I, pressionada pelas indústrias inglesas que exportavam tecidos para o Brasil, assinou um alvará mandando destruir todos os teares brasileiros. A partir daí, a tecelagem brasileira sobreviveu na clandestinidade e nas regiões mais afastadas (SEBRAE, 2003). Em 1808, com a Abertura dos Portos, Dom João VI, assinou um alvará que revogou a proibição da instalação de manufaturas na colônia. Com o processo de independência do Brasil, o desenvolvimento industrial se deu lentamente por meio de pequenas iniciativas de desenvolvimento econômico implementadas pelo Governo da República. Já no final do século XIX, com a contribuição do surgimento da mão de obra assalariada, iniciou-se um processo de industrialização no Brasil. O setor têxtil teve uma participação decisiva neste período.

2.1 Breve histórico do desenvolvimento da indústria de confecção em Goiás

De acordo com a Revista Economia & Desenvolvimento (2000) as primeiras confecções goianas surgiram no início da década de 80. O setor têxtil em

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Goiás, apesar da falta de estrutura e profissionalização, se desenvolveu e em 1987 e levou o estado a ocupar o 3° lugar no ranking nacional. Já em 1997, de acordo com a Secretaria da Indústria e Comércio de Goiás, devido à falta de apoio do governo no processo de desenvolvimento da Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecções, o setor iniciou um processo de queda, provocando a proliferação das facções e terceirizações (Economia & Desenvolvimento, 2000, p.46). Porém, de acordo com o estudo preliminar, realizado pelo Sebrae-GO (2001), sobre a Cadeia Produtiva do Algodão/Têxtil, Goiás foi se consolidando como forte polo regional na indústria de confecções. Das 13.000 empresas ligadas ao setor no Brasil, 4.000 estão localizadas em Goiânia (60%) e as demais estão situadas no interior do Estado, em Jaraguá, Jataí, Trindade, Catalão, Anápolis e Rio Verde. De acordo com a Prefeitura Municipal de Trindade (2002), o polo de confecções desse município emprega cinco mil trabalhadores em 300 empresas, sendo responsável pela arrecadação de 20% do ICMS municipal. Grandes redes nacionais, como a C&A, Renner, Lojas Americanas, Casas Pernambucanas e Riachuelo terceirizam a produção em Trindade. Já dados mais recentes do Instituto Mauro Borges, IMB, revelam que, em 2009, o município ocupou o sétimo lugar no ranking nacional no setor de confecções. Segundo o IMB, essa força no desenvolvimento de Trindade como polo de confecções se dá pelo seu posicionamento estratégico, abundância de mão de obra e incentivos para o desenvolvimento das atividades no setor.

3 ESTUDO DE CASO: HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA EMPRESA SVS CONFECÇÕES ME

No ano de 2002, Sandra Vieira de Souza foi contratada como costureira na confecção Di Paula Moda Fitness, até então situada na Cidade Jardim, em GoiâniaGO. Depois de quase dois anos, surgiu a oportunidade de fazer um teste em uma oficina própria de facção, tendo todo o suporte da empresa, na qual era funcionária. O maquinário então, foi vendido para Sandra e para a sócia Jackeline Morais da Silva. A proposta foi acordada da seguinte maneira: se não desse certo, as duas voltariam Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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para a empresa e não ficariam no prejuízo e nem sem emprego. Mas, se desse certo, teriam que trabalhar só para eles, até que pagassem as máquinas. Mesmo sem vínculo empregatício, teriam de afirmar esse compromisso com a empresa. A Empresa SVS ME Confecções começou em agosto de 2004, com três máquinas, duas costureiras e uma auxiliar, em um cômodo pequeno na propriedade do pai de Sandra. A sociedade perdurou até por volta de 2005. Houve a proposta da separação da sociedade,onde cada uma continuou o seu próprio negócio, administrando contando somente com a sorte, porque até então, não tinham conhecimento em gerenciamento de uma empresa e ainda trabalhavam na informalidade. Com a separação da sociedade, foi necessário comprar mais maquinários, contratar mais funcionários e ampliar o ambiente de trabalho, que foi construído em um galpão de 6x8 metros no fundo da casa do pai de Sandra. Atualmente, a empresa ainda funciona no mesmo endereço, situada na Rua Oliveira Cândido, em Trindade. Com o passar dos anos, a empresa foi crescendo e foi preciso contratar mais pessoas, bem como buscar conhecimento para o melhor gerenciamento da empresa. Até abril de 2013, a confecção de Sandra continuou prestando serviço para a empresa Di Paula, mas trabalhando ainda na informalidade. A partir daí, foi desfeito o vínculo empregatício. Em maio do mesmo ano, a SVS passou a prestar serviços para a empresa UNI Fitness Moda Ginástica, o mesmo seguimento da empresa anterior. Em fevereiro de 2014 a empresa foi legalizada tornando a SVS ME Confecções. A empresa foi crescendo e houve a necessidade de se adquirir conhecimento para administrá-la. Em 2011 surgiu a oportunidade de fazer o curso de administração, para ampliar e conduzir a gerência da empresa ao rumo certo, que é o maior reconhecimento dos serviços prestados e a criação da própria marca no mercado. Atualmente a SVS ME Confecções continua prestando serviços para a empresa UNI Fitness e conta com um total de nove funcionários, sendo seis costureiros e três auxiliares. Além disso, produz um total de nove a dez mil peças mensais, sendo modelos variados, níveis fáceis, médio e difícil.

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Tendo com cálculo na produção de 9 mil peças, uma quantidade de 409,09 peças dia, sendo 68,18 por cada costureiro. Para 10 mil peças, um total de 454,54, por dia sendo 75,75 peças por cada costureiro. Essa é realidade atual de produção da empresa SVS ME Confecções. A distribuição da produção dentro do ciclo produtivo da empresa ocorre da seguinte maneira: 1º - O corte chega da fábrica em malas com lacre de envio, com tamanhos e cores separados, com uma fixa técnica onde se tem todas as especificações necessárias, como referência, OP (ordem de serviço), combinação de cores, de enviés, etiquetas e suas composições etc. 2º - Com essa ficha começa todo o processo produtivo. O corte é colocado nas prateleiras, posteriormente levado para os funcionários nas máquinas, onde começa a fabricação das peças. 3º- Ao terminar a produção, todas as peças são revisadas, contadas por cores e tamanhos, conferindo pela OP, colocadas nas malas e fechadas com lacres de retorno. 4º - Só depois disso é que o produto retorna para a fábrica. Esse processo é feito em todas as OPs. São fabricadas de três a quatro coleções anuais com variedade de modelos como: short, shorts saias, bermuda, corsário, macacão, leggin, calça, top, regatas femininas e masculinas, camiseta, tapa bumbum, etc. sendo que, alguns desses modelos já tornaram peças tradicionais, ou seja, são fabricadas sempre. Para o próximo ano a empresa pretende aumentar a produtividade, melhorando a produção com os funcionários que já estão no ciclo produtivo, através da implantação do planejamento e controle de produção. Pretende também contratar novos colaboradores, pois a empresa visa o crescimento e uma excelente aceitação no mercado, não somente na prestação de serviço, mas também na criação da marca própria. Hoje, a empresa conta com um total de treze máquinas, sendo nove overloques, três galoneiras e uma reta, tendo um total de seis máquinas paradas. A máquina reta serve apenas para alguns acabamentos, pois as peças são produzidas nas máquinas overloques e galoneiras. Em busca de uma melhor produção, sentiu-se a necessidade da implantação do PCP, como ferramenta de crescimento, para reduzir custos e aumentar a produtividade da empresa SVS ME Confecções. O layout da empresa também precisa de reajustes, pois o mesmo seencontra de forma inadequada. O Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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ambiente que a empresa se encontra situada não oferece oportunidades de mudanças de posicionamentos dos maquinários. O processo está todo misturado, desde o início até a finalização do produto. O layout atual da empresa SVS ME Confecções, conta com um espaço com 48m².

O novo layout abaixo foi pensando da seguinte forma: 1º - as prateleiras na entrada, para o recebimento dos cortes. 2º - em seguida as máquinas overloques com as mesas ao lado, onde cada costureiro recebe os cortes. 3º- Ao costurar, devolvem para os auxiliares, para dar continuidade ao processo produtivo. 4º - Depois, vão para as máquinas galoneiras e volta aos auxiliares para a limpeza das peças. 5º - Feito isso, as peças vão para a revisão, onde é verificado se elas estão dentro da conformidade que é estipulado pela empresa fornecedora dos serviços. 6º - Não estando, já se faz a correção dentro da mesma. 7º- Em seguida, as peçassão contadas e conferidas com a fixa técnica e embaladas nas malas, fechadas com lacres de retorno e devolvidas para a fábrica.

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Todo esse percurso já é feito, mas não de forma sequencial, por falta de espaço. O projeto futuro do novo layout da empresa SVS ME Confecções, baseado nos estudos e leituras deste artigo, foi projetado para uma planta de 360m².

Através dessas fichas, a fábrica tem todo o controle dos cortes que são distribuídos para as oficinas. Se houver algum problema na modelagem ou na separação etc., tem especificado a pessoa que trabalhou naquela referência e OP, tornando assim mais fácil a correção do mesmo (Ver anexos). Para os próximos anos, o objetivo da empresa é desenvolver a marca própria em moda feminina, voltada para um público evangélico a fim de atender a necessidade da mulher cristã e das demais mulheres com estilo apropriado a moda atual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O Planejamento e Controle da Produção – PCP desenvolve um papel essencial dentro de uma empresa, pois é capaz de dar suporte nas tomadas de decisões, fornecer informações para colocar em prática as estratégias da organização, tornar o sistema produtivo preciso para atender todos os setores, traçar diretrizes, estabelecer meta, enfim, o PCP articula a organização, integra todos os Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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departamentos do empresa e envolve todos os níveis operacionais, com o objetivo de reduzir conflitos e acrescentar eficiência e eficácia no processo produtivo. Já o layout é a forma com que os equipamentos, seções ou departamentos estão distribuídos no ambiente de uma empresa. Um layout adequado deve ser organizado de forma que atenda as necessidade da produção. Uma melhor disposição dos maquinários, por exemplo, facilita a locomoção dos funcionários e fluxo dos materiais. Além disso, pode reduzir custos, aumentar a produtividade, minimizar o tempo de produção e proporcionar aos colaboradores melhores condições de trabalho. Através do estudo de caso feito na confecção SVS ME Confecções, foi detectada a falta de um planejamento e controle eficientes no processo produtivo, assim como um layout inadequado, o qual não pode ser ampliado, pois se encontra situada no fundo de uma residência. Para tanto, foi sugerido um layout maior e um planejamento e controle com maior rigor para atender as necessidades produtivas da empresa. Através do estudo realizado, será implantado o PCP, como ferramenta de crescimento para preencher as lacunas encontradas no setor produtivo da empresa, uma vez que ele o é responsável pela programação e realização do setor produtivo, fazendo com que a empresa consiga alcançar os objetivos planejados.

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ÉTICA E LEGALIDADE DO TRANSPLANTE E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS DO CORPO HUMANO: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

Giordana Régia Tavares de Moura26 Margarida Martins Coelho27

RESUMO: Embora a doação e transplante de órgãos não tenha estado sempre em alta, esta área tem evoluído no tocante técnico-científico permitindo reestabelecer a vida para inúmeros pacientes. Os óbices legais e éticos impostos pela legislação brasileira sobre transplante e doação repercutem na disponibilidade de órgãos e tecidos humanos a serem doados, além disso, o aspecto sociocultural interfere com bastante veemência. A Enfermagem é de suma importância no processo, assim, torna imprescindível que o profissional da área esteja a par de suas atribuições e do real objetivo de seu trabalho. O trabalho objetiva identificar aspectos éticos e legais relacionados ao transplante e doação de órgãos e tecidos humanos no Brasil através de levantamento histórico, e relatar o papel da Enfermagem como facilitadora do processo ao oferecer manutenção de qualidade ao potencial doador. Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter exploratório descritivo com análise qualitativa dos dados, tendo SCIELO e Bireme como base de dados. Os textos selecionados foram publicados de 2000 a 2014 e estão todos no idioma português. Dos 16 textos selecionados, 56,25% abordam a evolução técnico-científica, imunológica e farmacêutica na área dos transplantes. 53,8 % dos 13 textos que abordam a legislação concordam que os óbices são percebidos na possibilidade de comercialização, no desrespeito à autonomia do paciente, em dicotomias no assunto e ao ferir a ética dos profissionais envolvidos; impossibilitando maiores efetivações. 43,75% do total de textos selecionados relatam a relevância do enfermeiro em todo o processo, e principalmente como profissional responsável por oferecer uma manutenção de qualidade que repercutirá diretamente na quantidade de órgãos disponíveis. Diante do exposto é evidente que o enfermeiro como assistente e gerenciador dos cuidados é de suma importância na efetivação de potenciais doadores. Assim para que a moral humana seja preservada frente

26 Acadêmica do 8º período do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Padrão, Goiânia/Goiás, e-mail: giiordaana@hotmail.com 27 Mestre pela PUC Go, Especialista em Saúde Pública – UNAERP, Especialista Docência Universitária - FIOCRUZ/UFGO.

Graduada em Enfermagem e Licenciatura, Docente da Faculdade Padrão, e-mail: maargoc@gmail.com

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ao fim da vida, torna-se imprescindível o conhecimento a respeito da Legislação Brasileira de Transplante e Doação de Órgãos e Tecidos vigente, para melhor identificar os óbices impostos ao processo pela mesma, além de estar a par dos demais fatores que interferem naefetivação de potenciais doadores e aumentam as filas de espera. Palavras-chave: Ética Profissional, Legislação, Transplante de Órgãos, Enfermagem.

ABSTRACT: Although the donation and organ transplantation has not always been on the rise, this area has evolved in the technical-scientific touching allowing reestablish life for countless patients. Legal and ethical obstacles imposed by Brazilian law on transplantation and donation repercussions on the availability of human organs and tissues to be donated, in addition, the socio-cultural aspect interferes with enough vehemence. Nursing is of paramount importance in the process thus becomes imperative that the healthcare professional is aware of its duties and the real purpose of their work. The study aims to identify ethical and legal aspects related to the transplant and donation of organs and tissues in Brazil through historical survey, and report on the role of nursing as a facilitator of the process to provide quality maintenance of the potential donor. This is a literature review of descriptive exploratory with qualitative analysis, having as SCIELO and Bireme database. The selected texts were published from 2000 to 2014 and are all in Portuguese. Of the 16 selected texts, 56.25% address the technical and scientific, immunological and pharmaceutical developments in the field of transplantation. 53.8% of the 13 texts that address the legislation agree that the obstacles are perceived in the marketability, the disregard for patient autonomy, dichotomies in the subject and being unethical professionals involved; preventing larger functionings. 43.75% of selected texts relate the relevance of nurses throughout the process, and especially as a professional responsible for providing a quality service that directly resonate in the number of available organs. Given the above it is clear that the nurse as an assistant and manager of care is of paramount importance in the realization of potential donors. So that human morality is preserved against the end of life, it is imperative to know about the Brazilian legislation Transplant and Organ Donation and current fabrics to better identify the obstacles imposed on the process for the same, as well as being couple of other factors that interfere naefetivação of potential donors and increase the queues. Keywords: Professional Ethics, Legislation, Organ Transplantation, Nursing.

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a medicina tem evoluído no tocante técnico-científico dos transplantes de órgãos e tecidos, o que tem permitido reestabelecer a vida para inúmeros pacientes que outrora não possuíam mais esperanças. Para que um transplante seja realizado com êxito é necessário que um órgão ainda em perfeito estado seja doado e retirado de um corpo já não vivo (ou ainda em vida) e transferido para o corpo do receptor onde irá substituir um órgão ineficiente e retomar suas funções normalmente. O Brasil tem mostrado, ao longo de sua história, aspectos que nos permite entende-lo como absorto no que diz respeito à promoção e recuperação da saúde de sua nação. Embora a doação e transplante de órgãos não tenha estado sempre em alta e não ter sido considerada uma opção viável há algum tempo, esse cenário vem aperfeiçoando sua técnica e acumulando um arsenal tecnológico que permite grandes avanços na área. Quando superados os entraves técnico-científicos do transplante, o país alcançou um patamar que permitiu com que fosse comparado ao nível dos países desenvolvidos. Os obstáculos legais e éticos impostos pela legislação brasileira sobre transplante e doação repercutem diretamente na disponibilidade de órgãos e tecidos humanos a serem doados, fazendo com que a escassez dos mesmos seja um desafio a enfrentar. Além disso, um aspecto que interfere com bastante veemência no processo de doação e transplante é o aspecto sociocultural, que apresenta suas divergências a respeito de cultura, crenças e religiosidade. O profissional de Enfermagem é um personagem importante e presente nesse cenário desde o início – com a criação da primeira Central de Transplantes, em 1991, em São Paulo – até os dias atuais; o enfermeiro está incumbido de manter contato com a família tanto do doador quanto do receptor do órgão para disponibilizar informações e esclarecer todo o processo, além de obter o consentimento formal da família ou do próprio doador (caso seja doação entre pessoas vivas) e prestar cuidados tanto ao potencial doador quanto ao paciente transplantado no âmbito assistencial da profissão. Por ser de suma importância a participação da Enfermagem em todo o processo de doação e transplante, é imprescindível que o profissional da área esteja a par de suas atribuições e do real objetivo de seu trabalho.

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Diante disto, a elaboração de tal revisão bibliográfica possui o intuito de expor os aspectos éticos e legais da doação e transplante de órgãos e tecidos humanos no Brasil enfatizando os óbices impostos pela legislação que repercutem na disponibilidade de órgãos, além de salientar o papel da Enfermagem como facilitador do processo, uma vez que a manutenção adequada do potencial doador é fator determinante na efetivação das doações.

1 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter exploratório descritivo com análise qualitativa dos dados a fim de realizar um levantamento dos aspectos éticos e legais referentes ao transplante e doação de órgãos e tecidos no Brasil que interferem na disponibilidade de órgãos, além de descrever o papel do profissional de Enfermagem neste contexto. Para a fonte de dados foram consideradas publicações consagradas (livros), material de curso de sociedade como, por exemplo, a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), artigos de revistas específicas sobre o tema e artigos selecionados nas bases de dados Bireme e Scielo. Definimos como critérios para inclusão de matérias os seguintes quesitos: textos publicados entre 1995 e 2014; materiais que estejam em língua portuguesa; literaturas que se enquadrem no tema proposto; literatura científica que possua texto completo disponível para pesquisa; legislação brasileira referente à Transplante e Doação de Tecidos e Órgão do Corpo Humano. Foram excluídos materiais que foram publicados antes de 1995; textos escritos em idiomas estrangeiros; publicações que não se enquadravam no tema proposto e/ou não possuíam texto completo disponível para pesquisa. Após a seleção dos materiais houve análise dos mesmos por meio de leitura analítica que resultou em uma posterior categorização dos textos por temas.

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2 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS: A EVOLUÇÃO DO PROCESSO

Durante muito tempo o transplante foi julgado como atividade experimental e incerta, porém o extraordinário arsenal tecnológico e científico desenvolvido pela medicina contemporânea configurou grande avanço na assistência à saúde nesta modalidade terapêutica e vem permitindo manter a vida de milhares de pacientes que não possuíam, outrora, esperança diante de uma doença crônica ou agudização da mesma. O aperfeiçoamento da imunologia e dos fármacos imunossupressores no que diz respeito à rejeição de órgãos transplantados proporcionou superação de um dos maiores obstáculos enfrentados desde o início do uso de transplantes como terapêutica. Houve também consideráveis avanços no que diz respeito a técnica cirúrgica, além da ascensão no conhecimento acerca das infecções que possibilitou vencer alguns dos vários bloqueios ao processo. A técnica de transplante se iniciou no Brasil na década de 60 no Hospital das Clínicas da USP. A terapêutica foi precariamente regulamentada durante quase três décadas a partir de então. Os regimentos existentes eram de nível regional, com considerável informalidade nas etapas do processo como registros dos possíveis doadores e/ou receptores, ordem para retirada e fundamentos para disposição dos órgãos captados. Contudo hoje o país é conhecido por disponibilizar o maior esquema público de transplantes do mundo, com uma taxa de 5,4 doadores por milhão de habitantes/ano. Todo o processo do transplante e doação de órgãos e tecidos se dá quando um potencial doador (PD) é identificado, a partir de então uma série de atividades é desenvolvida para que se efetive a doação. No caso de doadores falecidos há um acordo ético por parte do médico ou do enfermeiro que lhes confere obrigatoriedade de notificação compulsória à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos (CNCDO) descentralizadas em OPOs (Organização de Procura de Órgãos) no ato do reconhecimento do paciente diagnosticado com Morte Encefálica (ME) com ausência de contraindicação clínica que venha a expor o possível receptor a risco. A notificação se dá por meio de contato telefônico direto dos profissionais à CNCDO, a informação será repassada da central para a OPOs referência da unidade hospitalar que efetuou a notificação. Tal OPOs então fica incumbida de manter conexão com

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a unidade e coletar dados e esclarecimentos a respeito de idade, estado hemodinâmico, motivo e horário de ME. Posteriormente à identificação e notificação o paciente é encaminhado para uma extensa análise clínica e laboratorial para garantir a ausência de qualquer critério que venha expor a saúde do possível receptor a risco. Simultaneamente a equipe de assistência se mobiliza para fornecer manutenção adequada ao PD, com o intuito de preservar a integridade dos órgãos/tecidos a serem doados; e o médico responsável pelo paciente informa a família sobre o diagnóstico. Um profissional de saúde destinado e capacitado, podendo ser o enfermeiro da CNCDO, é encaminhado à realizar uma entrevista com a família do paciente. Perante uma aquiescência o termo de autorização e orientação é entregue. As etapas que se seguem são: remoção e disposição dos órgãos/tecidos, transplante e assistência ao transplantado com rigoroso acompanhamento dos resultados. Segundo Araújo (apud Mattia, et al.), oferecer manutenção ao PD é um elo do processo que consome muito tempo, investimentos e esforço físico e emocional de toda a equipe de assistência à saúde, critérios os quais poderiam estar sendo destinados a pacientes com prognóstico de sobrevida. Porém atenta que é necessário ter em mente a seguinte questão norteadora: é necessário apenas um PD, em perfeitos requisitos, para que dez outros pacientes possam recuperar total ou parcialmente a saúde através da terapêutica de transplante de órgãos e tecidos.

3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE TRANSPLANTE E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS: OS ÓBICES LEGAIS E ÉTICOS

Apesar do grandioso avanço na área técnico-científica perduram os óbices legais e éticos. E mesmo que o aperfeiçoamento da legislação brasileira acerca do transplante e doação de órgãos e tecidos de corpo humano seja ininterrupto e que tenha configurado ao Brasil ordenamento jurídico semelhante aos de países desenvolvidos em termo de amplitude e agilidade, ainda existem lacunas na legislação que são consideradas fatores complicadores e retratam a necessidade de maiores avanços para que a desproporção entre lista de espera e número de transplantes realizados seja, por fim, vencida.

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A Constituição Federal de 1988, perante o que trás no 4º parágrafo do Art. 199, estipula que a lei disporá os requisitos e condições que facilitarão a remoção de órgãos e tecidos para objetivo de transplante, pesquisa e tratamento; bem como veda todo e qualquer tipo de comercialização nestes casos. O tema foi regulado pela primeira vez no Brasil pela Lei nº 4.280/63, que foi abolida pela Lei nº 5.479/68. Esta foi posteriormente revogada por permitir à pessoa maior e capaz o direito de dispor de partes de seu próprio corpo vivo para fins humanitários e terapêuticos, porém sem fazer uso da palavra “gratuidade”, configurando assim a não imposição à comercialização. Foi publicada então no Diário Oficial da União em 20/11/1992 a Lei 8.489, regulamentada pelo Decreto nº 879/93 que dispunha acerca da extração e transplante de órgãos e partes post-mortem com intuito terapêutico e científico, corrigia as distorções da lei anterior e tinha como finalidade incentivar as doações e desembaraçar a conduta para retirada de órgãos. Um ponto notável é que antes, para a doação post-mortem, seria suficiente que o doador tivesse manifestado, enquanto vivo, sua vontade de doar os órgãos; no entanto a lei complementa introduzindo o consentimento presumido tornando possível a doação mesmo na ausência de permissão advinda do próprio doador, exceto quando há contrariedade do cônjuge, ascendente ou descendente. Neste caso a legislação se baseia na premissa de altruísmo, onde um indivíduo que se decidisse partidário à doação seria bem reconhecido pela sociedade pelo seu ato benevolente. E a família só poderia interferir na ausência de qualquer tipo de manifestação por parte do doador. A lei apresentava claras falhas se tratando de definição de morte, ainda que existisse a Resolução nº 1.346 do Conselho Federal de Medicina que dispunha a respeito de critérios para definição de parada total e irreversível das funções encefálicas em pessoas com mais de dois anos. Lacunas também foram evidenciadas uma vez que a lei limitava doação entre pessoas vivas a avós, netos, filhos, irmãos e sobrinhos, até o segundo grau e abrangendo cunhados e cônjuges. Além disso, tal legislação não preserva a autonomia completa do falecido quando dispõe que a não manifestação em vida é entendida como disposição presumida, contrastando o princípio de pluralismo moral. A Lei 8.489/92 foi revogada simultaneamente à aprovação, em fevereiro de 1997, da nova Lei nº 9.434, e em junho do mesmo ano do Decreto Lei nº 2.268. Por meio do Decreto, o Ministério da Saúde criou uma coordenação nacional o Sistema Nacional de Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Transplante (SNT), bem como unidades de cada Secretaria Estadual de Saúde, as Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), instituindo a forma de distribuição em “fila-única” de espera regional. A nova lei definia que a retirada post-mortem de órgãos e tecidos só seria realizada quando preexistir ME (definida pela Resolução CFM nº 1.480/97), comprovada por dois médicos não integrantes da equipe de transplantes como critério legal; e converteu todos os cidadãos em doadores compulsórios ao morrer, salvo aqueles que, em vida, tivessem se manifestado de forma contrária por meio de anexação da expressão “não doador de órgãos e tecidos” nos seguintes documentos: Carteira de Identidade Civil e Carteira Nacional de Habilitação. A Lei 8.489/92 possuía caráter antidemocrático, violando o princípio de autonomia pessoal uma vez que os valores divergentes só seriam aceitos e respeitados quando impressos em documentação pessoal. Essa imposição é contrária à ética e ao princípio de autonomia preconizado pelo Código de Ética dos Conselhos de Medicina regulamentado, na época, pela Resolução CFM nº1.246/88. No entanto os médicos foram aconselhados por meio de uma declaração do próprio procurador da República a seguir o Código de Ética, que lhes afiançava o direito de opor-se a atos que ferissem os preceitos de suas consciências, mesmo que lícitos perante a legislação. Então o Governo Federal anulou uma fração da obrigatoriedade de manifestação contrária à doação em vida, editando a Medida Provisória nº 1.718/98 que incluiu à lei em vigor a seguinte norma: “Na ausência de manifestação da vontade do potencial doador, o pai, a mãe, o filho ou o cônjuge poderá manifestar-se contrariamente à doação, o que será obrigatoriamente acatado pelas equipes de transplantes e doação”. A alteração resultou progresso totalmente antagônico ao esperado, visto que houve 90% de recusa familiar à retirada dos órgãos. Defronte de tal evolução contrária nova alteração na lei vigente é elaborada mediante a Medida Provisória nº 1.959-27, editada no ano de 2000, e posteriormente, pela Lei 10.211, de 23 de março de 2001. Tais dispositivos estabeleciam as seguintes variações concernentes à autonomia do doador bem como de seus familiares: a retirada de partes ou órgãos do falecido passará a depender de autorização de qualquer parente maior, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, incluindo cônjuge, desde que firmada em documento subscrito por duas Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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testemunhas; a pessoa capaz tem permissão judicial para disponibilizar de forma gratuita tecidos ou órgãos de seu próprio corpo vivo para transplante ou fins terapêuticos, ao cônjuge, parentes até quarto grau, ou a qualquer pessoa por meio de autorização judicial, salvo os casos de medula óssea; e anula a validade das manifestações de vontade inerente à doação post-mortem presentes nos documentos pessoais. De fato o impasse dos profissionais de saúde foi resolvido pela lei, restabelecendo-lhes autodomínio no papel de preservar o momento de pesar da família mantendo a harmonia necessária para que o propósito primordial da lei fosse ascendido. Porém, o novo dispositivo fere os princípios de democracia, liberdade e dignidade uma vez que deprecia o direito do indivíduo decidir, em vida, o destino de seu corpo. Silveira et al afirma haver equívoco do legislador ao assumir postura extremista que, em um momento instaura doação presumida, e noutro aniquila a presunção mas não leva em consideração a liberdade de escolha dos cidadãos.

4 O ENFERMEIRO E A SUA RELEVÂNCIA NO PROCESSO DE TRANSPLANTE E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Segundo o Conselho Federal de Medicina, na resolução CFM nº 1.480/97, Morte Encefálica é a parada total e irreversível das funções encefálicas, de causa conhecida e constatada de modo indiscutível. É sabido que para se proceder com o transplante e doação de órgãos, é necessário que a ME seja identificada, para que haja início a manutenção do corpo e estado fisiológico para a possibilidade de doação de órgãos. Após a regulamentação do transplante de órgãos no País, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), na Resolução nº 292/2004, resolveu que ao enfermeiro incumbe planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de Enfermagem prestados ao doador de órgãos e tecidos. Embora haja um grande número de PD, o que tem ocorrido, por diversos fatores, é uma dificuldade na concretização dos transplantes. Assim, os determinantes apresentados como problemas sobre o processo de doação de órgãos têm sido alvos de reflexão e estudo. Pode-se relacionar a manutenção adequada dos órgãos como fator influente para efetivação de uma doação.

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O enfermeiro é responsável pelo cuidado ao PD, devendo conhecer todos os sinais e sintomas que caracterizam a ME, bem como as alterações cardiovasculares, pulmonares, hepáticas, endócrinas, de temperatura, e os demais sinais clínicos e tecnológicos da ME. Por isso, é incontestavelmente correto afirmar que o profissionalismo e a técnica estejam em níveis elevados, garantindo manutenção fisiológica dos doadores e consequentemente contribuindo para um bom êxito no processo de transplante e doação de órgãos. A tecnologia e seus avanços trouxeram mudanças para a prática de enfermagem. No contexto da realidade dos enfermeiros que trabalham em unidades de urgência, que prestam serviço aos pacientes em elevado risco de morte os quais são pacientes com grande possibilidade de se tornarem doadores, as anotações de enfermagem é o instrumento que norteia todo o processo do cuidado. As anotações de Enfermagem necessitam de critério e rigor para serem elaboradas, pois é por meio destas que toda a prática executada é retratada, minimizando falhas. As anotações devem ser completas, realizadas de forma correta para que todos os dados relacionados ao paciente sejam de um documento validado, claro, com informações datadas e assinadas, precedidas de ética para haver valor legal inquestionável. Nos transplantes post-mortem, os registros de Enfermagem devem ser realizados nos períodos pré-, trans- e pós-operatórios. Para tanto, tais registros devem esclarecer todas as preocupações e principais ocorrências, cumprindo o que estabelece o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem no Art. 33, sobre o respeito ao ser humano em situações de morte e pós-morte, pois muito embora esteja o paciente em estado de ME, o profissional de Enfermagem tem o dever de agir de maneira a preservar sua integridade. Pesquisas evidenciam que grande parte dos enfermeiros ainda não estão totalmente preparados para prestarem assistência aos potenciais doadores, apresentando conhecimento insuficiente, pouco e superficial, o que vem a ser empecilho para o processo. Dessa forma, a Enfermagem precisa viabilizar atualização dos conhecimentos e aprimoramento das técnicas para condução do manuseio do PD.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dos textos selecionados para análise (16 textos), 9 (56,25%) abordam o fato de que outrora o transplante de órgãos e tecidos possuía caráter experimental, porém hoje a evolução na área científica, técnica, imunológica, farmacológica e de infectologia configurou reconhecimento do transplante como sofisticado recurso terapêutico que tem possibilitado manutenção da vida em milhares de pacientes. Lima afirma que a evolução da técnica de anastomose vascular teve grande importância para que se tornasse possível as cirurgias de transplantes de órgãos vascularizados. De todos os estudos selecionados, 81,25 % (13 textos) discorrem acerca da legislação brasileira sobre transplante de órgãos e tecidos e suas mudanças no decorrer dos anos. Destes, 53,8 % (7 textos) concordam que, apesar do grande avanço técnico-científico e biomédico, há lacunas na legislação que impossibilitam uma maior efetivação de PD e o aumento no número de transplantes realizados. Segundo os estudos as falhas se evidenciam no momento em que: a legislação abre possibilidade de comercialização; a autonomia do paciente não é respeitada; há presença de dicotomia; e a ética profissional, tanto médica quanto de Enfermagem, é ferida. Segundo Lima, Passarinho, Mattiaet al e Oguisso (30,76% dos 13 textos) a nova redação dada à legislação por intermédio da Lei nº 10.211/01 expande os critérios da doação entre vivos não parentes, o que facilita a comercialização de órgãos. O autor Passarinho alega que alegações altruístas podem mascarar intensões de compra e venda diante de uma situação onde o doador enfrenta dificuldades financeiras e o receptor se vê fragilizado com a proximidade da morte. Darlri é autor do único estudo, dentre os selecionados, que não correlaciona a legislação como obstáculo ao princípio de altruísmo e benevolência do ato de doar no Brasil. Dos 13 textos que citam a legislação, Oguisso, Almeida et al, Silveira et al e Drumond representam 30,76% e abordam o fato de que a Lei nº 9.434/97 causou uma grande polêmica na opinião pública. Para a sociedade médica a legislação trouxe à tona um impasse ao definir que os órgãos seriam retirados com ausência de declarada aquiescência do falecido ou familiares.

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Os mesmos autores afirmam ainda que esta legislação foi acusada de transgredir a cultura brasileira que entendia a doação como opção caridosa e solidária, não como obrigatoriedade; levando em consideração o fator agravante de que o diário oficial é de circulação limitada, o que impede que boa parte da população não esteja a par de tais informações; sem contar que uma quota populacional ainda enfrenta dificuldades para obter certos documentos essenciais, tais como a Carteira de Identidade. Almeida et al afirma que a incerteza da população quanto ao destino dos órgãos e quanto ao conceito de ME pode ser um fator obstante para a doação, o que se explica pelo grande número de cidadãos que registraram em seus documentos ser nãodoador após a divulgação da nova lei. E afirma ainda que o fato de ser doador ou não é uma escolha individual, a qual necessita de conhecimento acerca do assunto e de uso da autonomia para ser tomada. Lima ressalta haver dicotomia na legislação, evidenciada pelo fato de que os protocolos para transplantes alegam que é necessário que a equipe agilize o diagnóstico clínico e confirmação da morte cerebral estipulando tempo máximo de 2 horas após a morte para realização de alguns transplantes; em contrapartida a resolução do CFM de exige intervalo de 6 horas entre as avaliações clínicas necessárias para confirmar a ME. Do total de textos selecionados (16), 7 (43,75%) tratam da importância da Enfermagem no processo de doação e transplantes de órgãos. Destes 7, em relação aos cuidados técnicos e medidas de manutenção do corpo, 4 (57,14%) afirmam que ao enfermeiro cabe auxiliar no diagnóstico de morte encefálica, prestando assistência para manutenção fisiológica do corpo de um PD com morte encefálica, e que a manutenção implicará diretamente na efetivação da doação. Assim, são critérios primordiais a ser observado pela Enfermagem: o controle de todos os dados hemodinâmicos (pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura, oximetria de pulso); a manutenção da cabeceira elevada a 30 graus; mudança de decúbito; aspiração de secreções pulmonares; cuidados com os cateteres; medidas de glicemia capilar; uso de cobertores e fluídos aquecidos; manutenção das dietas por via enteral; controle hídrico, hidroeletrolítico e medicamentoso; manutenção da temperatura, oxigênio e ventilação.

E para Guetti a manutenção do potencial doador inclui, desde o seu reconhecimento e posterior confirmação, o pleno conhecimento de todas as

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formalidades legais envolvidas no processo, a prevenção, detecção precoce e manuseio imediato das principais complicações advindas da ME. Lima ressalta que não se cuida propriamente do cadáver, mas dos órgãos que se deseja utilizar, abrigados dentro do cadáver. Afirmando também que ao exercer esse cuidado os enfermeiros ficam focados na manutenção hemodinâmica. Segundo Palú (apud Martini et al) o fim da vida possui sempre duas representatividades: uma física e outra social, a morte de um corpo e a morte de uma pessoa; afirmando que o objetivo principal do enfermeiro, é o cuidar, o qual deve ser desenvolvido com eficiência e resolutividade, envolvendo nessa ação os pacientes e familiares, facilitando o processo pelos melhores meios possíveis. Novamente fazendo menção ao total de 7 textos que abordam a importância da enfermagem ao processo, 71,42% (5 textos) consideram que na perspectiva de maior efetivação de doações, no que se trata dos transplantes de órgãos, o enfermeiro atua como facilitador do processo, sendo que o número de transplantes realizados no Brasil são frutos da capacidade do profissional em lidar com as variadas vertentes do assunto. Guetti afirma que diante da crescente escassez de doadores e de órgãos em condição satisfatória, é essencial que o enfermeiro aperfeiçoe o cuidado oferecido aos pacientes em ME para que os mesmos, uma vez que se tornem doadores efetivos, possa haver melhor aproveitamento de todos os órgãos possível de serem transplantados. Freire et al considera que a atuação do enfermeiro na detecção precoce de pacientes com critérios para abertura do protocolo de ME é fundamental para possibilitar o diagnóstico e a conclusão de todas as etapas em tempo hábil. Ao número que compõe os 7 textos acima mencionados, apenas 1 enfatiza o caráter e importância dos registros de enfermagem, documento que engloba registro de procedimentos de enfermagem realizados com a descrição dos fatos, como dados que são resultados de uma avaliação do paciente, ou seja, a evolução de enfermagem. Por isso os registros devem ser descritivos, completos, objetivos, claros, assinados, legíveis e datados. Falhas têm sido identificadas no conteúdo das anotações de enfermagem, que nem sempre refletem a prática realizada.Sobre isso, Himidt (apudDarlri)alerta que“os profissionais de enfermagem deveriam estar atentos quanto ao conteúdo das anotações de enfermagem para não serem envolvidos em questões judiciais.” Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Do total de estudos selecionados para análise (16 textos), 37,5% (6 textos) evidenciam que há, além dos óbices legais e éticos e da inadequada manutenção do PD pelo profissional de Enfermagem, diversos outros fatores que estão relacionados à não efetivação de doações. Estes abordam algumas situações como sendo problemas presentes no processo de doação que interferem na disponibilidade de órgãos, são eles: nível educacional da família, padrão cultural, não conhecimento sobre os critérios do processo de doação de órgãos, tempo de espera na fila, contraindicação médica, infraestrutura inadequada, disponibilidade de equipe capacitada, a não-notificação (apesar da obrigatoriedade), necessidade de humanização dos trabalhos prestados pela equipe de transplante, e recusa familiar.

CONSIDERAÇÕES

Por meio dos estudos realizados, pesquisas elaboradas e práticas comprovadas, se observou considerada progressão no que tange o processo de transplante e doação de órgãos e tecidos, fazendo que, o que por algum tempo tenha sido visto como atividade experimental e de pouca certeza, fosse substituída por aprimoramento e melhoria, principalmente, se tratando dos recursos imunológicos, dos fármacos utilizados e das técnicas cirúrgicas praticadas. Entretanto, em relação aos óbices legais e éticos, a disponibilidade de órgãos é interferida dificultando o processo de doação e transplantes. Mesmo que sejam conhecidos os avanços acima mencionados, ainda há controvérsias a serem resolvidas nos quesitos autonomia, ética médica e de enfermagem, e comercialização. Nesse contexto, a Enfermagem é a profissão atuante e de suma importância, pois assume papéis diversos que são vistos como determinante na efetivação da doação. Estes incluem desde a prática de manutenção fisiológica ao apoio e fornecimento de informações à família e elaboração dos registros de enfermagem, os quais norteiam todas as ações exercidas; tornando assim o processo de transplante e doação de órgãos menos inseguro e duvidoso possível. Dessa maneira, todo o exercício de enfermagem relacionado ao processo de doação e transplante de órgãos, deve ser dotado de preparo e rigor, priorizando agir de acordo com os princípios éticos e legais da profissão e com respeito a moral e dignidade humana perante o fim da vida. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Portanto diante do exposto conclui-se que o enfermeiro, como assistente e gerenciador dos cuidados, é o profissional melhor interagido sobre as ocorrências e necessidades do cliente em sua complexidade, por lidar com os múltiplos fatores implicados; e que é imprescindível para o profissional que lida com transplante conhecer a legislação brasileira vigente sobre doação e transplante de órgãos, a qual por natureza impõe entraves ao processo, além de estar a par dos demais fatores que interferem na efetivação de potenciais doadores e aumentam as filas de espera.

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FAMÍLIA E ESCOLA: PAPEL DOS PAIS E DOS PROFESSORES NA CONSTRUÇÃO DE LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Wiula Hanna Conceiçao Souza28 Juliany.Cristine Silva Marquez29 Márcia Friedrich30 Débora Mirtes dos Santos Ravagnani Dias31

RESUMO: A pesquisa configura-se por um estudo de caso que será realizada na educação infantil em escola particular e pública na rede regular de ensino situada na cidade de GoiâniaGo. Serão realizadas observações e entrevistas com professoras. A escolha do tema surgiu a partir da problemática observada durante os estágios do curso de Pedagogia, onde envolvia os conflitos e a insegurança de pais e professores em relação a estabelecer regras e limites, cumprir ou não os combinados feitos com a criança. Esses adultos se mostravam indecisos sobre os seus papéis na Educação Infantil e as consequências de suas ações no desenvolvimento infantil. A mídia em nossa sociedade está gerando alterações nos valores, sentimentos e relações sendo acompanhada de mudanças na escola, família e sociedade, e essas mudanças vem assustando tanto pais quanto professores, gerando uma crise de autoridade. Por um lado há a falta de compromisso dos adultos com a tarefa educativa, e diante disso surge a necessidade de se trabalhar e estabelecer limites. Nota-se que família e a escola desempenham papel fundamental na vida da criança, devendo assim caminhar juntas. Palavras-Chave: Educação Infantil. Limites. Família. Escola.

ABSTRACT: The research set up by a case study that will be held in early childhood education in private and public schools in the regular school system in the city of Goiânia-Go. Observations and interviews with teachers will be held. The choice of theme emerged from the problems observed during the Faculty of Education of the stages, which involved conflicts and insecurity of parents and teachers in relation to set rules and limits, enforce or not combined made with the child. These adults showed undecided about their roles in early childhood education and the consequences of their actions on child development. The media in our society is generating changes in values, feelings and relationships being accompanied by

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Graduada em Pedagogia pela Faculdade Padrão de Goiânia-GO. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Padrão de Goiânia-GO. 30 Professora orientadora do TCC da Faculdade Padrão de Goiânia-GO. 31 Professora co-orientadora do TCC da Faculdade Padrão de Goiânia-GO. 29

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changes in the school, family and society, and these changes is frightening both parents and teachers, generating a crisis authority. By the other side there is a lack of commitment adults with educational task, and before that there is a need to work with and set limits. Note that if family and school plays a key role in the child's life and should therefore go together. Keywords: Early Childhood Education. Limits. Family. School. INTRODUÇÃO

A atualidade caracterizada pela ênfase no consumo, no viver o instantâneo, na permissividade; pela banalização dos sentimentos, a crise ética, as novas estruturas familiares, o excesso de violência e impunidade, a crise de autoridade e as dificuldades de os adultos de assumirem responsabilidades têm desencadeado inúmeros desafios para os educadores, tanto para os pais como para professores e profissionais da educação. Este trabalho objetiva analisar como os espaços de convívio social, a família e a Educação Infantil desempenham papéis fundamentais no processo de construção dos valores, do respeito e dos limites na infância. Neste ambiente as famílias estão confusas em relação aos seus papéis e atuação, e passam a delegar para a escola algumas funções que são responsabilidade dos pais. O dilema de estabelecer limites para os desejos e ações das crianças na infância inicial tem conduzido os pais a adotarem uma postura educativa permissiva, aceitando e realizando todas as vontades da criança. De acordo com Maluf (2013, p. 56) “não inibir a iniciativa e liberdade infantil”. Geralmente as crianças advindas de lares permissivos chegam à educação infantil com dificuldades de se relacionarem com os colegas e com as atividades, de seguir orientações, e tolerar frustração. Essas características psicológicas expressam a ausência de vivência familiar que lhes permitam lidar com os desafios que o processo de desenvolvimento impõe. A partir dessa realidade é possível se questionar: Como os pais e educadores compreendem a necessidade de se estabelecer limites para as crianças na educação infantil? Na educação de crianças pequenas o estabelecimento de limites é responsabilidade de quem? Qual a importância da família e escola na construção dos limites. Essas contribuições orientariam a respeito de como acontece a construção do respeito, da noção de limites e autonomia nesta faixa etária; os papéis da família e da escola nesta construção e a necessidade da parceria neste processo.

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Levando em consideração o contexto histórico, as características da sociedade em que as famílias e as instituições educativas estão inseridas e a problemática focalizada neste projeto, optou-se por realizar uma pesquisa exploratória e bibliográfica, com enfoque qualitativo.

1 TRAJETÓRIA TEÓRICA E HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO

As crianças encontram hoje um ambiente familiar caracterizado pela ausência dos pais e por uma presença intensa da televisão, da Internet e dos jogos eletrônicos. Além disso, mobilizados pelo medo de ser autoritários e sem modelos educativos consistentes, os pais estão com dificuldades para orientarem seus filhos em relação a como lidar com regras, limites e frustrações (BARBOSA e HORN, 2008). A sociedade atual está vivenciando inúmeras mudanças desencadeadas pela revolução tecnológica, a globalização, a estimulação ao consumismo e ao individualismo, as alterações na estrutura familiar e nos valores socialmente aceitos. Nos últimos 50 anos, afirmam Barbosa e Horn (2008) essas transformações na cultura desencadearam mudanças significativas nos modos como as crianças vivenciam suas infâncias. Os educadores, tanto os pais como os professores estão muito preocupados com a problemática que envolve a convivência com crianças em todas as classes sociais. Essa problemática se caracteriza por um lado pela crise de autoridade, as dificuldades dos adultos em assumirem responsabilidades e a postura permissiva de um grupo considerável de pais, e por outro a tirania dos filhos que querem controlar tudo, não aceitam frustração, não seguem regras e não respeitam os direitos dos outros. Observando as mudanças que a sociedade vem vivenciando nas últimas três décadas percebe-se a ênfase no consumismo, no individualismo, na indiferença, e um estímulo à banalização dos sentimentos, a crise ética, a permissividade; o excesso de violência e impunidade presente em todos os ambientes. Para Barbosa e Horn (2008), os pais inseguros acabam deixando com as crianças decisões importantes ou permitindo que, com choro e birra, manipulem-nos, atingindo níveis de tirania, nos quais pais e mães sacrificam-se para poderem satisfazer desejos das crianças. Dessa forma, a palavra limites passa a ser vista como algo negativo, pois desde pequena a criança é atendida em suas necessidades rapidamente, aprendendo que a frustração é algo ruim.

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Barbosa (2006, p. 32) acrescenta que “a psicologia nos diz que o não é o primeiro organizador da personalidade humana. Afirma que é através da frustração que se desenvolve a cognição e conta-nos que o erro é elemento importante para se chegar ao certo”. Para Maluf (2013), a família que vivencia uma relação que oscila entre a permissividade e o autoritarismo não consegue contribuir para que seus membros se desenvolvam de forma saudável. A permissividade, esclarece a autora, se caracteriza pelo hábito de os pais cobrirem os filhos de cuidados excessivos, desnecessários e arbitrários. Essa prática geralmente desencadeia na infância problemas comportamentais como dependência, imaturidade emocional e cognitiva, dificuldades de socialização levando a uma adolescência complicada. Quem não aprendeu a superar as frustrações da vida e sempre teve o que desejou, continuará a conhecer apenas seus direitos e não saberá como fazer para exercer seus deveres, “causando assim um frágil desenvolvimento de recursos internos para lidar com a realidade, tornando árdua a tarefa de alcançar a independência pessoal” (MALUF, 2013, p.57). O autoritarismo ocorre quando os pais fazem tudo no lugar de seus filhos, promovendo na criança um descrédito na sua própria capacidade. Vivendo frustrações constantes, os filhos desenvolvem um medo excessivo de errar, uma inabilidade para solucionar seus problemas por si só, um processo crescente de insegurança e a desconfiança que culmina na falta de autonomia e incapacidade de gerenciar a própria vida quando adultos (Maluf, 2013, p. 58). A autora acrescenta que todos os filhos precisam da proteção, amor, atenção e segurança, mas a educação familiar deve estimular algumas aprendizagens que são fundamentais para a vida. Aprender a escolher é uma dessas aprendizagens que ajuda a criança a optar, selecionar uma entre tantas outras coisas às quais deve renunciar. Aprender a esperar é uma forma de tolerar a frustração por não ter o seu desejo satisfeito imediatamente, sem se desesperar. Aprender a reconhecer os sentimentos de raiva, medo, ciúme, alegria para que possa compreender o que estão sentindo e como lidar com esses afetos. Ao orientar os filhos com coerência, limites firmes, consistentes, claros e adequados para cada faixa etária os pais vão propiciando a construção de valores internos, a organização afetiva, o desenvolvimento da linguagem e da socialização de forma saudável. Dessa forma, o ideal é que a criança tenha uma vida social, onde irá adquirir marcos de referência para interpretar as experiência e aprender a negociar os significados, de modo congruente.

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Além da família, a instituição de educação também desempenha papel fundamental no processo de construção de regras de conduta, tendo em vista que a construção de limites implica na capacidade da criança se socializar e conviver, reconhecendo e considerando os próprios limites. Muitas crianças, quando inseridas na Educação Infantil, passam por um longo processo de adaptação desencadeado pela ausência de autonomia e de limites no ambiente familiar. Essas crianças ficam prejudicadas em suas aprendizagens por uma situação familiar em que os pais saem muito cedo para o trabalho, não dando oportunidade dos filhos aprenderem coisas simples feitas no cotidiano como tomar banho, comer sozinho, escovar os dentes, ouvir histórias e reconhecer seus pertences. Existem os estímulos da televisão e o do computador em casa, mas falta a atenção e o cuidado específico com as necessidades da criança nesta faixa etária. Dessa forma, a instituição de Educação Infantil tem como desafio organizar um trabalho de ensino e aprendizagem que leve em conta os limites que estas crianças adquiriram. Iniciando seu trabalho através do planejamento e da rotina, oferecendo então as crianças situações, espaços, materiais e atividades nos quais elas possam ser gestoras de sua aprendizagem. Infelizmente as instituições e os pedagogos também são afetados pelos indícios das mudanças ocorridas no mundo, como a fragmentação e esvaziamento na formação dos professores, diminuição dos salários e a degradação das condições de trabalho. De acordo com Barbosa e Horn (2008, p. 40) “a formação dos professores ainda é precária no que diz respeito aos conhecimentos específicos que eles precisão trabalhar com as crianças. E nos cursos de formação dificilmente os docentes têm experiências na educação infantil.”. Todos os dilemas que a família e escola enfrentam mostram o quão necessário é a transformação de cultura e forma de resolver os problemas na Educação Infantil. Precisam compreender verdadeiramente o significado do diálogo e a importância de combinados, regras e principalmente o limite. É importante que escola e pais possam mediar e fazer a criança entender frustrações e satisfações, sabendo lidar com conflitos. Segundo Sá (1999, p. 38) a essência da educação, neste momento, “está em assumir uma atitude de dar liberdade com responsabilidade, esclarecendo sempre às razões que o levam a adotar o limite, ante o direito da criança”, ou seja, a criança deve aprender a esperar para que sua vontade seja atendida, para que se crie o espaço de pensar o seu próprio desejo e caminhe em busca de sua realização de forma saudável ao seu desenvolvimento. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Geralmente as crianças advindas de lares permissivos chegam à educação infantil com dificuldades de se relacionarem com os colegas e com as atividades, de seguir orientações e tolerar frustração. Essas características psicológicas expressam a ausência de vivência familiar que lhes permitam lidar com os desafios que o processo de desenvolvimento impõe. É possível afirmar que a questão da construção dos limites em crianças pequenas é um tema que tem ocupado o centro das atenções quando se refere à Educação Infantil, pois é em seus anos iniciais que se constrói e desenvolve a autoridade e autonomia dos pais e professores com as crianças.

2 REPENSAR SOBRE A CONSTRUÇÃO DE LIMITES

A construção dos limites é um tema que aflige muitos pais e educadores que se preocupam com o desenvolvimento infantil. Como a criança pequena tem como espaços de convívio social, a família e a Educação Infantil, ambos desempenham papéis fundamentais no processo de construção dos valores, do respeito e dos limites na infância. Apesar de esses papéis serem compartilhados, eles são distintos. De acordo com Vasconcelos (2000, p.22) “a família não está cumprindo sua tarefa de fazer a iniciação civilizatória: estabelecer limites e desenvolver hábitos básicos.” Essa tarefa tão significativa para a vida em comunidade, vem gradativamente sendo substituída por outras preocupações ou prioridades. Em algumas classes sociais a luta pela sobrevivência e, em outras, a ânsia de consumo, estimulam o homem a trabalhar mais, e a mulher também ir para o mercado de trabalho, buscarem profissionalização, manterem-se bem informados e atingirem o sucesso financeiro. Dessa forma, toda a atenção dos pais se direciona para o campo profissional e social, o tempo de convivência com os filhos diminui e a sensação de culpa aumenta mudando toda a rotina familiar. A proposta da Educação Infantil também desempenha um papel importante na educação de crianças pequenas por possibilitar a construção da autonomia, valores, limites e respeito. O educador, ao propiciar às crianças um espaço organizado e com regras estabelecidas onde elas possam interagir com outras crianças, com o mundo dos objetos naturais e artificiais, estimula o desenvolvimento psicossocial saudável. Estudando a relevância da contribuição da Educação Infantil para a construção do futuro cidadão, as autoras Barbosa e Kuster (2008, p. 135) afirmam que “a Educação Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Infantil necessita considerar as condições das crianças, do mundo, do contexto em que vivem e desenvolver um trabalho no qual as crianças possam construir sua infância em uma relação em direção à autonomia”. Pelo exposto, pode-se considerar que a criança pequena aprende tanto na relação familiar como na relação com a professora, colegas e atividades que vivencia na Educação Infantil. A sociedade está vivendo mundialmente uma crise de autoridade, desencadeada pela alteração rápida dos valores que orientavam as culturas. Há um estímulo à rebeldia, ao individualismo e à competição organizada pelo sistema capitalista e pela programação das mídias. Essa crise está refletindo na educação das crianças, tendo em vistas que os educadores, pais e professores, estão ansiosos e indecisos por não saberem como agirem em relação às condutas das crianças pequenas. Convivendo com sentimentos de insegurança, medo da crítica e indiferença e também com a falta de modelos educacionais confiáveis, os educadores não estão sabendo como lidar com as crianças. Por outro lado, as crianças pequenas, estão desenvolvendo condutas como: não sabem ouvir, não toleram uma pequena frustração, desafiam os adultos, querem controlar tudo e todos à sua volta. Essa forma de agir, além de ameaçar a sua segurança, é nociva ao desenvolvimento infantil. Os pesquisadores desta área, como Barbosa, La Taille, Maluf, Piaget e Vygotsky, concordam que, para a criança construir respeito, valores, limites e autonomia, são fundamentais vivenciá-los no ambiente familiar, dessa forma vai levar consigo aonde quer que vá. Maluf (2003, p. 55) acrescenta que “cada pessoa é um ser único, indivisível e não multiplicável, cuja personalidade é cunhada pelos modelos observados e por todas as experiências vivenciadas, principalmente, na infância”. Como os espaços de convivência na infância inicial se restringem ao ambiente familiar e a educação infantil as experiências vivenciadas em ambas serão fundamentais para essa estruturação psicológica. Na atualidade, uma questão tem ocupado o centro das atenções quando se refere à Educação Infantil. Trata-se de como educar as crianças pequenas estabelecendo limites e desenvolvendo a autonomia. Um número significativo de educadores e pais estão buscando respostas para essa questão. Uma característica muito presente nos relacionamentos familiares na atualidade é um estado constante de atenção sobre os desejos dos filhos, cobrindo-os de cuidados exagerados, desnecessários. Essa superproteção acaba por determinar nos filhos um frágil desenvolvimento de recursos internos para lidar com a realidade e se tornar independente. A superproteção familiar, esclarece Maluf (2013), prejudica a construção da autoestima infantil tendo em vistas que ao fazer tudo pelos filhos os pais promovem nas Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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crianças o desenvolvimento do sentimento de descrédito na sua própria capacidade, o medo de errar e desenvolvem uma inabilidade para resolver seus problemas. Atualmente, as exigências em relação ao sucesso profissional têm direcionado a vida de muitos casais que permanecem muito tempo fora de casa, sem dar atenção e nem conviverem com os filhos, esses casais geralmente se sentem culpados e perdidos em relação a como lidarem com as demandas dos filhos. Esses sentimentos passam a comandar suas relações e uma forma de se aliviarem da pressão interna é elogiando automaticamente todas as ações dos filhos, Esses elogios sem fundamentos e sem méritos não constroem o sentimento de valorização pessoal, pois os filhos percebem que os elogios não são verdadeiros.

2.1 A formação do Professor e a Construção de Limites

O professor é um formador de opinião. Devido ao convívio constante com os alunos, ele os orienta, faz escolhas que refletem nos mesmos. É através do professor que os alunos são encaminhados a reflexões e aprendizados, o professor é um agente de valores da sociedade, ou seja, auxilia seus alunos na compreensão de seu papel na sociedade. Estes valores pessoais resultam de um conjunto de fatores que envolvem, entre outros, a competência

do docente para ensinar determinada

disciplina, sua maneira de se relacionar com os alunos nas situações de sala de aula e sua postura como pessoa e como profissional, aberto (ou não) ao diálogo e à descoberta de novos caminhos para o ensino aprendizagem (sua e de seus alunos) (KENSKI, 2001, p. 101). Devido às novas informações que surgem no decorrer dos anos, o professor se faz presente como agente de inovações, só que em um sentido novo, pois ele, não apenas afirma uma informação, mas, a discute, estimula o senso crítico do aluno com o lúdico que o faça pensar brincando, dá a oportunidade para que o aluno possa se expressar, ou seja, deixa de ser o centro e passa a estar no meio com os alunos. O professor agente de inovações, pesquisa, aceita desafios e é capaz de redefinir caminhos para melhor atender seus alunos. O professor pessoa sofre as consequências de uma sociedade em profunda mudança. Ele tem de dar conta de conteúdos novos e de novas motivações

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geradas nos alunos pelas leis de mercados, que produzem novas profissões em velocidade nunca vista. A competência para ser professor passa assim por uma capacidade de acompanhamento de mudanças e de adaptação a novas condições de trabalho. É de se perguntar se a didática geral pode dar conta desta formação de professores. No que diz respeito ao modo de ser professor, isto é, na formação de competências mais gerais desenvolvidas no ofício de ensinar, é inegável o papel da Didática. Mas é importante frisar que as novas profissões nascem dentro das velhas e que têm um conteúdo com base em conhecimentos específicos. O caso da informática é um bom exemplo (MOURA, 2001, p.153).

O autor refere-se a competências que o professor necessita para atuar em sala e estimule seus alunos a pensar no competitivo mundo do trabalho. Entretanto há que se formarem cidadãos. É exigido do professor, pesquisas, estudos para construção do conhecimento dos alunos, tornando suas aulas inovadoras e produzindo uma reflexão crítica. A formação contínua do professor é imprescindível, para que a escola consiga melhores resultados, pois em nossa atualidade, todos os dias surgem novas pesquisas, métodos e planos e são através das mudanças, do novo e do atraente que conseguimos trazer os alunos para a realidade de forma mais prazerosa. Portanto, as escolhas e formação dos professores se refletem em seus aprendizes, sua forma de mediar o conhecimento define valores em seus alunos, sua formação torna-se necessária para que se formem todos os outros, e os aproximem da informação, inovação e conhecimento. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Para a coleta de dados foram realizados questionários com professores da Educação Infantil. Foram distribuídos 10 questionários, dos quais 06 retornaram e servem de referência para esta análise. Os professores questionados pertencem à Educação Infantil das redes pública e privada do município de Goiânia. Os dados foram inicialmente tabulados e as respostas relevantes para o tema. Os professores, para fins de identificação, serão nomeados de P1, P2, P3, etc. Para compreendermos a construção dos limites na Educação Infantil, se faz necessário entendermos o termo limites. Segundo Barbosa (2006, p. 36-37) “há pessoas que vê este termo como algo negativo, que impede que amarra; como também pode ser entendido como delimitação rígida, intransponível”. O limite para autora citada, entendido como fronteira,

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pode ter uma significação que faça a ponte entre a permissividade e o autoritarismo e pode ser tratado como referência, como delineamento. Limites, de acordo com Franarin e Furtado, são

Regras, combinações, atitudes que determinam aquilo que se pode ou não fazer, incluindo o reconhecimento de que nossos atos têm consequências. Sabemos que respeitar regras é base para uma vida em sociedade e que a pessoa sem limites em suas ações apresentará importante dificuldade para viver em grupo (2009, p.39).

Diante disso, a primeira questão que direcionou o assunto da pesquisa e foi a seguinte: “Como o professor enfrenta a questão dos limites da criança em sala de aula?” Para esta pergunta, as respostas direcionam a um grande desafio e reportam-se também à família como um aliado, como se pode observar nas seguintes respostas: P1: “Como um grande desafio”. P2: “Inicialmente vamos trabalhando combinados/regras de maneira coletiva, onde todas crianças vão se sentindo estimuladas a sempre respeitar o que foi combinado. Lembrando que os combinados devem sempre ser abordados em rodas de conversas. Posteriormente utilizamos a cadeira do pensamento, onde a criança tem a oportunidade de refletir”. P3: “A família deve se responsabilizar pela formação ética e moral da criança, trabalhar a noção de limites e responsabilidades, deveres e direitos e ensinar a respeitar as diferenças e singularidade de cada um, no entanto, algumas famílias delegam essa função à escola, dificultando o trabalho do professor. E é necessária uma parceria entre Família e Escola para melhor compreensão por parte da criança”. P4: “Primeiramente, mostrando e conversando que a escola é um lugar onde todos devem respeitar uns aos outros e sempre trabalhando a questão de regras e combinados”. P6: “No inicio do ano são trabalhadas as normas, regras e condutas disciplinares em com consonância com o regimento escolar. A partir dessas, criamos os nossos acordos, ou seja, o que é permitido ou não, e esses acordos são trabalhados diariamente e reconstruídos quando necessário”.

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Dando continuidade, a segunda questão foi a seguinte: “Você acredita que os pais estão delegando suas funções de educadores para a escola? P1: “Sim, alguns por não terem tempo. Outros por mimos em excesso”. P2: “Sim, com a correria do dia a dia, alguns pais se sentem inseguros e atarefados, delegando à escola/professor o papel de educar”. P3: “Em alguns casos sim, porém, deve-se deixar bem claro o papel da escola que visa à formação das crianças e a integração delas no meio social, compartilhando experiências que permitem a elas entender a necessidade de respeitar regras e aos outros indivíduos”. P4: “Sim, pois muitos pais não tem tempo para os filhos por passarem o dia todo trabalhando. E outros acham que a professora tem a função de educar e mediar a criança no processo ensino aprendizagem”. P5: “Sim, porque consideram que as mães estão inseridas no mercado de trabalho e os pais em busca de aperfeiçoamento do trabalho para garantir o pão na mesa de sua família. Devido a essas ausências, as crianças ficam por conta da escola/professor e em casa só com a presença da TV, jogos, brinquedos e etc.”.

As crianças encontram hoje um ambiente familiar caracterizado pela ausência dos pais. Essa realidade expressa a necessidade de se discutir sobre as condições de educação de crianças pequenas, os valores que estão sendo cultivados, os tipos de relações que estão sendo vivenciadas “e o respeito ao tempo necessário para explorar, descobrir, conversar, inventar, brincar, cantar, ouvir e contar historias” (BARBOSA; KUSTER, 2008, p.130). Para Barbosa (2006), devido a esta ausência, os pais exigem de seus filhos que em curtos espaços de tempo, entendam vários ensinamentos, como tomar banho, fazer a lição, jantar, escovar os dentes, ouvir histórias, ajudar na limpeza da cozinha, preparar o material para o dia seguinte. Além disso, acrescenta a autora citada, mobilizados pelo medo de ser autoritários e sem modelos educativos consistentes, os pais estão com dificuldades para orientarem seus filhos em relação a como lidar com regras, limites e frustrações. Para Barbosa e Horn (2008), esses pais inseguros acabam deixando que as crianças tomem decisões importantes ou permitindo que, com choro e birra, manipulem todas Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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as situações e as pessoas. Essa forma permissiva de lidar com os filhos acaba levando os pais e mães a sacrificam-se para satisfazer desejos das crianças. Sem compreenderem a necessidade da coerência, do diálogo e da clareza das regras os pais vão desistindo de estabelecer limites para os seus filhos e, a palavra limites passa a ser vista como algo negativo, pois desde pequena a criança é atendida em suas necessidades rapidamente, aprendendo que a frustração é algo ruim. Quando perguntado sobre como desenvolver a construção dos limites de uma criança na escola, o professor representado como P6 diz: P6: “O primeiro passo seria conhecer a história de vida das crianças (origem) e solucionar pelo menos parte dos problemas sociais para depois falarmos em construção de limites, porque na nossa realidade nossas crianças já são limitadas em quase tudo. Diante das diversas funções que desempenhamos, acabamos impondo regras, porque às vezes não somos capazes de repassar os valores que deixou de ser trabalhado no seio familiar”.

Para La Taille (2000) educar uma criança não é apenas impor-lhe limites, mas sim ajudá-la cognitivamente e emocionalmente a ultrapassar estes limites, pois, se limite é mesmo limite, representa alguma linha que separam duas fronteiras distintas que precisa ser superada. O professor carrega consigo além de sua função de mediar conteúdos, planejar aulas e ser um pesquisador constante de inovações para o ambiente escolar, se sobrecarrega tendo que também trabalhar a disciplina e a construção dos limites em sala de aula, pois em muitas vezes o ambiente familiar deixa a desejar, delegando a função à escola ou simplesmente ignorando-a. Quando a instituição escolar perceber que a família não está conseguindo trabalhar com as regras e limites é importante trazer a família para a instituição, não para vivenciar um processo de transferência de culpa, mas para repensarem e discutirem juntas o estabelecimento dos limites. Franarin e Furtado afirmam que

A escola e os professores contribuem e são parceiros no processo educativo, mas não são os principais responsáveis pela formação da criança. Na prática, esta tarefa está sendo direcionada para a escola, mas esta não tem condições de arcar com tamanha responsabilidade. Os pais estão cobrando da escola condutas que cabem à família (2009, p. 41).

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Na questão quatro, foram perguntados: “Para que ocorra uma parceria entre pais e escola o que você acha que deve ser feito? P1: “Somente através de palestras, diálogos, pois a maioria dos pais também não tem limites”. P2: “O interesse dos pais em participar de eventos propostos pela escola é fundamental. Pais presentes e interessados trarão à criança segurança, por sua vez cabe à escola oportunizar momentos interativos às famílias, como: oficina, palestras... onde a família passa se sentir acolhida e parte integrante do processo ensino-aprendizagem”. P3: “A parceria entre a família e a escola é fundamental para o sucesso na educação dos pequeninos. A escola deve abrir as portas para os pais, fazendo com que eles se sintam à vontade para participar das atividades oferecidas aproximando-os da escola, possibilitando assim maior parceria”. P4: “A escola abrir espaços e eventos para receber os pais”. P5: “Abordar em reuniões pedagógicas a importância da parceria entre família/escola e cabe a escola oferecer espaços para receber os pais”. P6: “Na medida do possível a escola deveria realizar reuniões com os pais para orientação sobre diversos conceitos para tentar solucionar alguns problemas, e oferecer eventos para os mesmo para obter aproximação e assim formar a parceria família/escola”.

Dando continuidade, os professores denominados P1, P2 e P3 relataram que a função do professor atualmente na vida da criança é P1: “A função do professor, na vida do aluno, está cada vez mais presente, pois o professor além de contribuir para sua aprendizagem, também são babás, enfermeiras e etc. Acredito que os pais estão terceirizando a educação”. P2: “Importantíssima, somos espelhos para nossas crianças. Os discentes nos veem como parte da família. Valores ressaltados e transmitidos por nós são assimilados e levados para a vida inteira”.

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P3: “Devemos esta em uma busca constante por aprender sobre a importância do desenvolvimento integral da criança, sua forma de ver e sentir o mundo, criando estratégias e oportunidades para ela manifestar suas ideias, sua linguagem, seus sentimentos, sua criatividade, reações, relações sociais e sua imaginação”.

Nesse aspecto, quando questionado sobre a falta de limites dos alunos poder interferir no rendimento escola, a professora P3 relatou: P3: “Sim. Se não há limites, não haverá atenção concentrada, dificultando a aprendizagem. É necessário estabelecer regras claras de boa convivência e respeito mútuo”.

Segundo Barbosa e Horn (2008), para que a criança possa atingir a autônima ela precisa desenvolver mecanismo de autorregulação de sua conduta e interiorizar regras e valores, o que deve ser promovido pelas praticas pedagógicas. Além disso, para Rego (1996), a criança precisa ser desafiada a tomar consciência do próprio comportamento, em um processo ativo de recreação e interpretação dos conceitos e significados a ela apresentado. Nesse caso, compreende-se que a professora

precisa controlar o

comportamento do aluno impondo limites para haver um bom rendimento escola. Assim, para fechar o questionário, foi perguntado se o professor tinha algum exemplo específico de aluno com falta de limites que culminou em problemas de relacionamento e aprendizagem em sala. As professoras P2, P4, P5 e P6 disseram que sim e a professora P6 diz que sim acrescentando que “a família não contribui para a construção dos limites afetando no aprendizado”. Segundo Felipe (2004, p. 29)

As famílias, com sua importante função na educação dos filhos, não se sentem em condições de trabalhar limites com os filhos, ou por não saber como orientá-los, ou por não querer educá-los como fora antigamente por seus pais. Muitos acabam permitindo tudo, sem regras ou combinações, deixando as crianças a sua própria vontade.

Considera-se, assim, que a construção de limites perpassa por vários espaços culturais onde a criança está inserida.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que a convivência humana exige limites, respeito, consideração, saber lidar com conflitos e frustração a temática deste trabalho é de relevância frente à problemática que a sociedade, a família e a instituição escolar

estão enfrentando na

atualidade. Para se discutir a construção dos limites na Educação Infantil foi necessário refletir sobre o contexto histórico, as características da sociedade em que as famílias e as instituições educativas estão inseridas, questionando professores que estão diretamente envolvidos com a construção do limite na Educação Infantil. A instituição escolar está enfrentando o desafio de trabalhar com as crianças que não aprenderam a se relacionar e não seguem os combinados. Além disso, os próprios educadores estão indecisos sobre a sua competência e direito em insistir na obediência as regras e combinados estabelecidos em sala de aula já que alguns pais questionam esses limites, enquanto outros esperam que a escola eduque seus filhos, colocando limites e controlando suas condutas. Considerando que as crianças não nascem com conceitos do que é certo ou errado é a família que precisa conduzir o processo de estruturação dos valores na personalidade infantil. É importante que as regras adotadas pelos pais sejam claras, objetivas e seu cumprimento acompanhado. As crianças estão desenvolvendo condutas como não saber ouvir, não toleram uma pequena frustração, desafiam os adultos, querem controlar tudo e todos a sua volta. Os pais são os responsáveis por estabelecer limites com a criança, a escola e os educadores podem apenas contribuir. Finalizando, com todos esses dilemas que a família e a escola estão enfrentando na atualidade, se faz necessário um movimento de transformação da cultura que possibilite aos educadores, pais, professores e profissionais da educação, compreenderem o significado do diálogo, a importância das regras e limites, o papel da frustração e da satisfação dos desejos na construção do sistema de valores e referências das crianças e a especificidade da atuação de cada um na educação de crianças. Ainda que pareça simples dialogar e estabelecer regras pais, alunos e professores apresentam dificuldade de se fazer entender e chegarem a uma conclusão, que é a mais importante delas: construir limites na criança para que não se torne um adulto frustrado.

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REFERÊNCIAS

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BARBOSA, Laura Monte Serrat; KÜSTER, Sonia. O tempo de aprender da criança pequena. In: PORTELLA, Fabiani O. e BRIDI, Fabiane Romano de Souza. Aprendizagem: tempos e espaços do aprender. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2008.p. 130-139.

BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008

FELIPE, Jane. A Questão dos Limites na Educação Infantil. Pátio: Educação Infantil, Porto Alegre, v. 2, n. 4, p. 29-31, abr./jul. 2004.

LA TAILLE, Yves de. Limites: três dimensões educacionais. São Paulo, SP: Editora Ática, 2000.

MALUF, Maria Irene. Crianças de Cristal. In Revista: Psique Ciências & Vida, 2003. p.55-63.

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PEDROZA, Maria da Penha S.Cadê a autoridade que estava aqui? In: PAROLIN, Isabel (Org) Por que você não me obedece? Porto Alegre: Mediação, 2011. p.11-34.

SA, Leila Crisitna dos Santos F. A Indisciplina e as variáveis que a determinam. In: Revista Psicopedagogia. 18(49)- 1999. p.35-39.

REGO, T.C (1996). A indisciplina e o processo educativo. In: J.C. Aquino (Org), Indisciplina na escola (pp. 83). São Paulo: Summus.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Disciplina: Construção da Disciplina Consciente e Interativa em Sala de Aula e na Escola. São Paulo: Libertad, 2000.

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A RELAÇÃO DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO COM O CÂNCER CERVICAL, UMA INVESTIGAÇÃO DA LITERATURA Jaina Oliveira Milhomen32 Layza Morgana Santana33 Sangelle Lelis de Sousa34 Bruno Aureliano Monte de Souza35 Aline Almeida Barbaresco D’Alessandro36 Walmirton Bezerra D’ Alessandro37

RESUMO: O estudo do Papilomavírus Humano (HPV) e seus tipos oncogênicos são de fundamental importância para o controle do câncer do colo uterino. Os métodos de diagnóstico para a prevenção é realizado pelos programas do governo, sendo efetuado de forma gratuita. Entretanto, o Ministério da Saúde encontra-se com certa dificuldade em atingir as mulheres com as devidas faixas etárias estimada nas suas campanhas. No presente estudo apresentamos uma revisão integrativa da literatura, em que se procurou apontar tópicos importantes na correlação do HPV com o câncer cervical. Contudo, é de extrema importância o processo de educação coletiva para que a população seja mais consciente quanto aos fatores de riscos, para que os índices de mortalidade possam ser diminuídos. Palavras-chaves: Papilomavírus Humano (HPV). Câncer cervical. Prevenção.

ABSTRACT: Understanding Human Papillomavirus (HPV) and its oncogenic types are of fundamental importance for the control of cervical cancer. The screening methods for prevention is a factor held by government screening programs and are offered to women for free. Despite the efforts of the Ministry of Health and professionals in reaching the target audience, it may be considered that the communication about the desired approach to women for prevention programs still is deficient. In the present

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Acadêmica do Curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. Acadêmica do Curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 34 Acadêmica do Curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 35 Acadêmico do Curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 36 Biomédica, Mestra e Doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública. 37 Biomédico, Mestre e Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública. E-mail: walmirton@hotmail.com 33

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study we presented an integrative literature review, which sought to point out the topics important correlation between HPV and cervical cancer. However, it is of utmost importance the process of collective education for the population to be more conscious about the risk factors for mortality rates can be reduced. Keywords: Human Papilloma Virus (HPV). Cervical cancer. Prevention.

INTRODUÇÃO

A relação do HPV com a carcinogênese depende fundamentalmente do tipo, da carga viral, de sua persistência e integração a célula hospedeira (SYRJANEN, K. J 2000). A compreensão da infecção ocasionada pelo vírus é de fundamental importância para o controle do câncer do colo uterino. É caracterizado pelo crescimento anormal de células do colo do útero. Essa é uma doença grave e pode ser uma ameaça á vida. A mulher ao se infectar com certos tipos de HPV, especialmente por cepas de alto grau oncogênico se não é capaz de eliminar a infecção, pode ocorrer o desenvolvimento de células anormais no revestimento do colo do útero. Essas células anormais podem evoluir de um pré-câncer para um câncer, se não forem descobertas e tratadas a tempo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A evolução das lesões intra-epiteliais escamosas está relacionada à propriedades citogenéticas inerentes das células alteradas. A classificação das lesões intra-epiteliais escamosas em baixo e alto grau é a que melhor reflete o seu comportamento biológico no que se refere a risco de progressão para carcinoma invasivo (MODOTTI, 2005). A presença de múltiplos tipos de HPV em amostra cervical pode estar associada com risco de desenvolver neoplasia cervical, quando comparada com infecções por um único tipo. No câncer cervical, os tipos de HPV, mais frequentes são os de alto risco oncogênico, como 16, 18, 31, 33, 35, 45, 52 e 58. Desses, os HPV 16 e 18 são os mais frequentes ocorrendo em até 70% dos casos (MUÑOZ, 2013). O câncer de colo do útero pode ocorrer em qualquer idade da vida de uma mulher, mesmo na adolescência. Cerca de metade de todas as mulheres Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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diagnosticada com o câncer uterino tem entre 35 e 55 anos de idade. Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2013). Uma marcante característica do câncer cervical é a consistente associação, em diversas regiões do mundo, com o baixo nível socioeconômico. São nesses grupos que se concentram as maiores barreiras de acesso à rede de serviços para detecção e tratamento precoce da doença e de suas lesões precursoras, advindas de dificuldades econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e questões culturais, como medo e preconceitos dos companheiros (KOSS & GOMPEL, 2006). O câncer cervical apresenta-se como o terceiro carcinoma mais frequente na população e é responsável por cerca de 5.160 mortes (Informações sobre Mortalidade - SIM/2011). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o ano de 2014, foram estimados 15.590 casos novos de câncer cervical. Mundialmente, aproximadamente 20 milhões de mulheres estão infectadas pelo HPV e está presente em mais de 95% dos cânceres cervicais (INCA 2014). A neoplasia do colo uterino ainda é um sério problema de saúde pública em nosso país. Desde a introdução da citologia oncótica cérvico-vaginal como método de rastreamento houve uma grande redução da mortalidade devido a esse tumor, apesar disso, os índices de mortalidade continuam não aceitáveis. Optamos pela técnica de pesquisa da revisão integrativa, com o objetivo de conhecer aspectos da infecção do vírus HPV, e as evidências que estas levaram ao desenvolvimento das lesões precursoras e da neoplasia cervical. Identificam-se também, neste contexto, aspectos de definição e classificação, transmissão, manifestação, citopatologia anomal do colo uterino, dados epidemiológicos, dados sobre a incidência do câncer do colo do útero, métodos de diagnóstico e sua importância na prevenção, bem como uma rápida abordagem terapêutica na relação do HPV com o câncer cervical.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Definição e Classificação do HPV

HPV é um vírus de DNA com diâmetro de 55nm, não envelopado de simetria icosaédrica, classificado na família Papillomaviridae (ICTV, 2013), que infecta pele e mucosas de humanos. A partícula viral, o vírion, consiste de uma capa protéica, o capsídeo, que envolve o genoma viral (DOORBAR & STERLING, 2001). A infecção do HPV foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1992 como a principal causa de câncer do colo uterino. O genoma da partícula viral é formado por fita circular de DNA, com cerca de 8.000 pares de bases (pb), ligadas covalentemente e associadas a histonas de origem celular. O genoma possui oito genes na região não codificadora, também chamada região longa de controle – long control region, LCR, ou upstream regulatory region, URR – localizada em uma das fitas. A região LCR contém elementos reguladores da origem da replicação e da expressão de genes reguladores da transcrição viral (BOOY et al. 1998). Na Figura 1, apresenta uma ilustração do genoma epissomal do HPV-16. A região precoce E (de early region) codifica várias proteínas – E1, E2, E4, E5, E6 e E7 – que regulam a transcrição e a replicação viral e controlam o ciclo celular, conferindo a esses vírus potenciais para transformar e imortalizar as células hospedeiras (DOORBAR & STERLING, 2001). Figura 1 - Representação esquemática do genoma epissomal do HPV-16 (Revisado por VILLA, 1997).

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Em 2004, o HPV foi classificado em 16 gêneros distintos, sendo sua nomenclatura representada por letras do alfabeto Grego, de “alfa” a “pi”. Em 2009, 29 gêneros de HPVs já haviam sido descritos, havendo a necessidade de se acrescentar o prefixo “dyo” antes da letra grega correspondente, para se contemplar os “excedentes”. Os HPVs humanos foram distribuídos em cinco gêneros (Alpha, Beta, Gama, Mu e Nu), sendo os HPV 6, 11, 16 e 18 pertencentes ao gênero Alphapapillomavirus (DE VILLIERS et al. 2004; FRAZER et al 2006; BERNARD et al 2010). Os demais HPVs humanos de interesse clínico se encontram inseridos nos gêneros Beta e Gammapapillomavirus. Para se classificar um HPV como um novo genótipo é necessário que a sequência da proteína estrutural da região L1 difere entre si num percentual de 10%, enquanto subtipos de 10 a 2% e, as variantes menos de 2% (DE VILLIERS et al. 2004; BERNARD et al. 2010). Em relação ao risco oncogênico, os HPVs pertencentes ao gênero Alphapapillomavirus podem ser classificados em grupos de baixo e alto risco oncogênico (SILVA, 2003; SOUTO et al. 2005; SMITH et al. 2007). HPVs considerados de baixo risco oncogênico, associados aos condilomas acuminados, são representados principalmente pelos tipos 6, 11, 40, 42, 43, 54, 61,70, 72, 81. Já os de alto risco oncogênico, por estarem frequentemente associados às lesões precursoras de câncer, às neoplasias invasoras e aos tumores anogenitais, são representados

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pelos tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59,68, 73 e 82 (MUÑOZ et al. 2003; DE VILLIERS et al. 2004; FRAZER et al. 2006). A presença de múltiplos tipos de HPV em amostra cervical pode estar associada com risco de desenvolver neoplasia cervical, quando comparada com infecções por um único tipo (VAN DER GRAAF et al. 2002).

1.2 Ciclo do HPV

O HPV tem o ciclo de vida relacionado com a diferenciação das células. A infecção iniciada pelo HPV ocorre provavelmente em células do epitélio tronco ou basais (Figura 2a), as células que estão se dividindo transitoriamente, localiza-se na camada inferior do epitélio estratificado. Com a divisão das células mais profundas do epitélio há migração da camada basal tornando-se gradativamente diferenciadas (SILVA, 2003). Após a infecção, inicia-se a expressão das proteínas da região precoce E1, E2, E4, E5, E6 e E7 e a replicação do DNA epissomal do vírus na camada supra basal (b). Na camada superficial, o genoma viral é muito replicado e ocorre a expressão da E4, L1 e L2, responsáveis pela montagem e liberação da partícula viral. Essa partícula é liberada para a mucosa pela descamação do epitélio e inicia-se um novo ciclo de infeção (c). Na infecção persistente o HPV de alto risco pode ocorrer a integração do genoma viral no DNA do hospedeiro (núcleo em vermelho), que culmina na ruptura do gene E2 e por consequência na superexpressão das E6 e E7, ocasionando a transformação da célula hospedeira e o desenvolvimento do câncer cervical (d). Fonte: Adaptado de Woodman et al. (2007). Figura 2 – Ciclo biológico de HPV no hospedeiro.

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d

c

a b

1.3 Transmissão e Manifestação de HPV

O principal meio de transmissão do HPV é pelo contato sexual com pessoas infectadas. Outras possibilidades de propagação do vírus são pela mão, pele, e roupas íntimas. Pessoas portadoras do vírus que não apresentam nenhuns sinais clínicos e as mesmas não as expressão a sintomatologia, também, podem transmitir o vírus (RAMA, 2008). O uso da camisinha pode impossibilitar a transmissão do HPV. É importante salientar que as pessoas tenham acesso a informações sobre o vírus, fatores de risco e formas de prevenção, tais como a realização dos exames periódicos de Papanicolau e vacinas podem estar protegidas entre 70% e 80% das transmissões ocasionadas por HPV (BURCHELL, 2006). De acordo com a OMS, ocorre a estimativa de que pessoas que venham a ter o vírus nos primeiros dois ou três anos de vida sexual ativa, 66% desenvolverão uma infecção pelo HPV no período de três meses (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

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De forma geral, o organismo pode manifestar-se de duas maneiras: (1) Cerca de 10% das pessoas não conseguem eliminar o vírus e possuem a infecção persistente pelo HPV. Estas pessoas têm maior tendência a desenvolver lesões que podem progredir para câncer. Estas lesões podem ser diagnosticadas por exames periódicos dos genitais pelo seu médico e tratadas precocemente antes de se transformar em câncer. (2) O vírus pode ficar no organismo por vários anos de maneira latente. Em uma pequena porcentagem de indivíduos, alguns tipos de HPV podem persistir

durante

um

período

mais

longo,

permitindo

assim,

ocorrerá

o

desenvolvimento de alterações das células, que podem evoluir para as enfermidades relacionadas ao vírus (CARNEIRO, 2004). As alterações nas células dos hospedeiros podem causar verrugas genitais e/ou vários tipos de cânceres, como os de colo do útero, vagina, vulva, ânus, pênis e orofaringe (KOSS, 2006).

1.5 Citologia Anormal do Colo Uterino

As células do revestimento do colo do útero podem apresentar alteração de forma, nível nuclear e citoplasma. Estas alterações podem originar a neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) que é graduada em duas (NIC de baixo e alto grau) ou três categorias (NIC 1, 2 e 3). Essa graduação é diretamente proporcional e apontam à possibilidade de desenvolver câncer de colo do útero no futuro (ALVARENGA, 2000). Alguns tipos de HPV em especial os de alto risco oncogênico, tem mais possibilidade de provocar alterações nas células do colo do útero e desenvolver em câncer. Em contrapartida os vírus de baixo risco oncogênico estão mais direcionados a causa de verrugas e mudanças não cancerosas (NAUD, 2000). O fator tempo é essencial no prognóstico da doença no indivíduo. Sendo importante ser descoberta e tratada a tempo, pois as células anormais podem evoluir de um pré-câncer para um câncer. O processo geralmente leva anos para ocorrer. Segundo Medeiros (2005) cerca de 50% de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero tem entre 35 e 55 anos de idade. O exame como Papanicolau possui vantagem na detecção, sendo observado em torno de 90% dos cânceres de colo do útero, inclusive antes da manifestação dos sintomas, além de te baixos custos. É importante salientar que o Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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número de morte ocasionado pelo câncer do colo de útero pode diminuir em mais de 50% se feito esse exame com antecedência. Entretanto, uma quantidade significativa de mulheres nunca fez o teste, não o faz na periodicidade indicada, não é diagnosticada corretamente ou ainda não recebe o tratamento adequado (SEBASTIÃO, 2004).

1.6 Dados Epidemiológicos do HPV e Incidência do Câncer de Colo do Útero

Segundo o Ministério da Saúde (2013), 10% das mulheres do planeta possui HPV, sendo que 30% a 50% são menores de 25 anos. Entre a população sexualmente ativa, estima-se que 80% vão contrair HPV durante a vida, causando doenças significativas. No Brasil, a estimativa é de 9 a 10 milhões de pessoas portadoras do vírus e de 700 mil novos casos a cada ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Em um estudo realizado no período de 1980 a 2009 foram notificados 100.788 casos de óbitos por câncer cervical entre as mulheres brasileiras, e a região Norte apresentou o maior coeficiente de mortalidade (9,9/100.000 mulheres), seguida da região Centro-Oeste (8,6/100.000), Sul (6,7/100.000), Nordeste (6,3/100.000) e Sudeste (5.2/100,000) (GONZAGA et al. 2013). No Brasil, as estimativas de casos novos são de 15.590, no estado de Goiás 620 e na capital Goiânia 60 (INCA, 2014). Dados da OMS (2008) direciona que, a cada ano no mundo, 500 mil mulheres são diagnosticadas com a doença, sendo que 270 mil morrem. A incidência de câncer de colo do útero e duas vezes maior em países que este atrasado em desenvolvimento, tecnologia e saúde do que em países desenvolvidos. Conforme o INCA (2014), na América Latina é registrado 72 mil novos casos da doença e 33 mil mulheres morrem a cada ano, sendo a primeira causa de morte em mulheres de 15 a 44 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). O HPV do tipo 16 é o mais comumente expressado para o desenvolvimento do câncer de colo do útero, respondendo por mais da metade dos casos em todas as regiões do mundo, inclusive no Brasil. Os sorotipos 16 e 18 são os responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero, a segunda

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maior causa de câncer em mulheres – atrás apenas do de mama, sem considerar o câncer de pele não melanoma (KANESHIMA, 2001).

1.7 Métodos de Diagnóstico

O diagnóstico do vírus HPV é feito por técnicas de citologia esfoliativa, em base líquida, imunocitoquímica, métodos moleculares para detecção do DNAHPV, hibridização por sondas (captura híbrida), hibridização in situ, PCR e chips de DNA. O exame mais comum é o Papanicolau, sendo uma excelente ferramenta para a prevenção. Dos exames que tem no mercado é o que menos gera custos, porém não detecta o vírus, mas sim as alterações que ele pode causar nas células. É indicado na rotina de “screening” para o câncer cervical ou na presença, nos genitais, de lesão HPV. O exame auxilia no diagnóstico de neoplasia intra-epitelial ou câncer invasor associado (FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS SOCIEDADES DE GINECOLOGIA E OBSTETRICIA, 2002). A rastreabilidade citológica tem se constituído a principal estratégia para o controle da doença e são observadas quedas significativas na incidência e mortalidade por câncer cervical. De maneira geral o programa de rastreamento esta relacionado a fatores com cobertura efetiva da população de risco, qualidade da coleta, interpretação do material, tratamento e acompanhamento adequado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). É de fundamental importância o compartilhamento das fontes de conhecimento e informação entre as pacientes e profissionais de saúde, para que as mulheres tenham realmente uma participação mais ativa neste processo. Isto significa desmonopolizar ou democratizar o conhecimento médico e epidemiológico e torná-lo acessível à população usuária feminina, enfatizando, assim, as estratégias de prevenção primária ao câncer cervical, informar também todos os benefícios e potenciais malefícios do teste de papanicolau ou de outras técnicas mais invasivas antes de sua aplicação (FRANCO, 1995). O INCA enfatiza a importância do diagnóstico e da prevenção. Quando feito o diagnóstico precocemente o câncer do colo do útero, se aponta como um alto Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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potencial de cura, sendo que em alguns casos chegam-se próximos dos 100%. Na prática, a prevenção converge em ações e campanhas, relacionadas aos programas de saúde, para que evite a ocorrências de novos casos, observando assim a redução clínica dos efeitos da enfermidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

1.8 Abordagens Terapêuticas

O parceiro sexual das mulheres, também tem que estar relacionado ao tratamento, pois quando esse é acometido pelo HPV, se torna uma fonte de transmissão, recidivas ou resistência ao tratamento. A vacina contra o HPV existe como uma forte ferramenta na luta contra o câncer do colo do útero. É importante salientar que em outros países como os Estados Unidos, já é autorizado desde 2006 a liberação de uma vacina contra o HPV em mulheres entre 9 e 26 anos que não teve contato com o HPV. Essa faixa etária como idade mínima de 9 anos começa a ser aplicado em 2016 no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A vacina é feita de uma partícula análoga ao HPV, mas sem a informação genética do vírus, aumentando a segurança do produto e protege contra os quatro tipos de vírus (6, 11, 16 e 18) mais comuns na população, reduzindo em 70% os casos de câncer do colo do útero e em 90% os de verrugas genitais; requer três doses para ser eficaz e oferece proteção por volta de 5 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

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1.9 - Fluxograma do Resumo Sobre Abordagem de HPV.

2 METODOLOGIA

É uma pesquisa bibliográfica, de natureza descritiva. Foi realizado um levantamento bibliográfico dos estudos sobre a relação do HPV com o câncer cervical. Os descritores utilizados para a pesquisa foram: Papilomavírus Humano (HPV), câncer cervical, prevenção e vacina. Pesquisas em artigos científicos, livros, em sites de base de dados bibliográficos como LILACS, SCIELO, MEDLINE, ANVISA, MINISTÉRIO DA SAÚDE foram consultados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O HPV é considerado um dos agentes etiológicos do câncer do colo uterino. Estudos científicos revelam que o exame de Papanicolau é importante na redução da morbimortalidade por câncer cervical; Entretanto, essa doença continua sendo um sério problema de saúde. O diagnóstico utilizando ferramentas de biologia molecular tem demonstrado uma nova possibilidade no diagnóstico precoce. Devem-se continuar as pesquisas na busca de métodos diagnósticos mais sensíveis e de menor custo para dar cobertura a toda população feminina. A vacina contra o HPV é uma ótima alternativa para a doença, porém existem sorotipos que não estão cobertos pela vacina. É importante esclarecer todas as dúvidas da população envolvida em relação ao HPV, e de desenvolver grupos de profissionais capacitados na área da saúde para uma correta orientação ao paciente que já tenha contraído a doença ou a pacientes que tenham duvidas em como agir na prevenção da doença. O desenvolvimento de programas que incluam estes adolescentes que tem a iniciação precoce da atividade sexual, sendo eles o alvo maior por ser o grupo de maior fator de risco nos dias de hoje, se mostra de grande interesse. A falta de orientação quantos aos riscos devidos à iniciação precoce não só ao HPV como todos os tipos de doenças sexualmente transmissíveis em meio a essa fase de suas vidas e de fundamental observação e análise por parte da população e órgãos de controle de doenças infecto-parasitárias.

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MOTIVACAO NO AMBIENTE DE TRABALHO

Diego Maciel Rego1 Máximo Edival Rodrigues²

RESUMO: Este artigo analisa como as organizações estão tratando de um assunto relevante para o mundo corporativo, ou seja, a motivação no ambiente de trabalho, enfocando quais as medidas que as organizações estão tomando para que se busque um ambiente de trabalho motivado, quais os diferenciais adotados pelas empresas que têm destaque no mercado, quando o assunto se relaciona com a qualidade no ambiente de trabalho. O texto analisa, também, como os colaboradores estão olhando para as empresas que têm como pilar um ambiente de trabalho motivado, bem como os gestores têm buscado novos conhecimentos para implantar dentro das empresas com foco em fazer com que os seus colaboradores alcancem os resultados esperados pelas organizações. Neste cenário, os administradores de empresas precisam manter um ambiente de trabalho motivado para que a equipe busque os resultados e metas esperados pelas empresas. Em um mundo moderno, o homem necessita encontrar um sentido para as tarefas que realiza, para assim poder desenvolver todo o seu potencial criativo e produtivo objetivando o incremento do desenvolvimento, tanto pessoal quanto profissional, e descobrindo sua verdadeira missão com o mundo e com os outros. Pesquisa efetuada através de livros artigos e revistas. Palavras-Chave: Motivação. Ambiente de trabalho. Mercado.

ABSTRACT: In this article we will examine how organizations are dealing with one of the most talked about issues in the corporate world. Seeing what steps organizations are taking to seek a motivated work environment, which the differential adopted by companies that stand out as the subject quality in the workplace. We will also analyze how employees are looking for companies that have as their pillars a motivated work environment How managers are seeking new knowledge to deploy within companies to make the your employees reach what businesses expect the same. In this scenario administrator companies must maintain a work environment that motivated his team seeks their results and goals expected by the companies. In the modern world, man needs to make sense of the tasks you perform, so he could develop Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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their creative and productive potential aiming to increase its development both personal and professional and discovering his true mission with the world and with others. Research carried out the through articles and magazines books. Keywords: Motivation. Work environment. Market.

INTRODUÇÃO

Compreender a motivação e seu verdadeiro estado continua sendo um dos grandes desafios no mundo corporativo nos dias de hoje, pois a motivação é um dos grandes aspectos determinantes para o rendimento dos colaboradores sucesso das organizações. Sabendo da grande importância da motivação, as organizações têm, cada vez mais, buscado compreender a importância deste tema, pois entender e definir os processos motivacionais é uma tarefa de extrema complexidade. A motivação está relacionada com a conduta, intensidade, tempo e direcionamento que se dispõe para concretizar algum objetivo determinado. A motivação como um tema de grande complexidade leva estudiosos das áreas de administração e psicologia a refletirem, cada vez mais, para saberem interpretar a motivação no ambiente de trabalho, e apresentar a importância deste para a sociedade e as organizações. Com os estudos, teorias e práticas da motivação fazem com que se agreguem maior conhecimento para o cotidiano das empresas. Nos tempos de um mercado globalizado e competitivo, a motivação é essencial para o funcionamento organizacional das empresas, por levar as pessoas a buscarem as suas satisfações e realizações pessoais e profissionais, tendo em vista que estas caminham juntas. Fazer com que os colaboradores estejam comprometidos e motivados é uma tarefa do gestor, e estar preparado para isso requer conhecimento e estudo, pois se a motivação for aplicada de forma incorreta pode ter caráter um caráter disfuncional e não atender ao esperado. Dessa forma, entender as necessidades de cada colaborador e saber extrair o seu melhor está cada vez mais sendo observado pelas empresas. Com tudo isso, os gestores precisam estar preparados. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Se em tempos passados as organizações tinham como foco os resultados e os lucros, nos dias de hoje, a empresa com essa filosofia está fora do mercado, pois vem se falando em uma organização mais relacionada com as pessoas, uma organização que seja mais voltada para as necessidades dos colaboradores. Essas ênfases fazem com que as empresas se destaquem no mercado chamando a atenção da sociedade. Se de um lado há empresas que estão se preocupando com as necessidades dos indivíduos, do outro há pessoas que estão se qualificando para estarem aptas a assumirem uma vaga dentro dessas organizações. Com isso, todos ganham: os colaboradores, gestores e a organização, por terem pessoas qualificadas e motivadas. Criar um ambiente em que o indivíduo possa se sentir bem com a gerência, com os colegas de trabalho e consigo mesmo requer tempo, mas traz grandes resultados. Existem diversas teorias motivacionais, e saber escolher a melhor para a organização com caráter funcional é tarefa dos líderes e gestores aptos e qualificados em motivação. Dessa forma, entender o que significa a motivação, saber reconhecer a diferença entre motivação e estímulo, identificar a motivação para cada pessoa e personalidade se apresenta como competência fundamental para construção de um ambiente organizacional saudável. Neste artigo se busca tratar acerca do conceito de motivação em relação ao ambiente de trabalho e a importância desta para que se tenha um ambiente de trabalho saudável, bem como analisar o que os colaboradores esperam das organizações e, por fim, expor as práticas que podem motivar os colaboradores.

1 MOTIVAÇÃO E O AMBIENTE DE TRABALHO

As pesquisas sobre o tema motivação tiveram início na década de 50 com os estudos de Abraham Maslow 2011, que teve como princípio o estudo da teoria das necessidades humanas. Conforme Maslow 2011, as necessidades humanas eram divididas em uma hierarquia das necessidades que pode ser vista conforme figura 1.

Figura 1 – Pirâmide das necessidades

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Fonte:Gestão da administração 2011

Para Maslow (2011, p.44) “satisfazer as necessidades classificadas por meio da pirâmide constituída por ele motivaria os colaboradores, sendo interessante observar que estas necessidades estão divididas em duas etapas, divididas em necessidades primárias e as necessidades secundárias” (Apud Vergara, 2000, p. 44). Essa teoria sobre as necessidades humanas fez com que diversos estudiosos da área de psicologia e de administração passassem a aplicá-la como base para suas pesquisas do comportamento humano nos anos seguintes. Na década de 60, Frederickdesenvolveu uma teoria com relação à motivação que tinha como foco principal a satisfação do indivíduo, pois há dois fatores que explicam o comportamento dos colaboradores dentro da organização que seriam os fatores higiênicos e os fatores motivacionais. Em acordo com este autor, os fatores higiênicos estão no ambiente de trabalho, sendo entendidos em relacionamento com os colegas, com o espaço, e entre outros. Esses fatores não são considerados fatores motivacionais, porém podem causar insatisfação aos colaboradores.

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Já os fatores motivacionais devem ser promovidos por gestores qualificados e preparados para garantir que a equipe de trabalho esteja motivada. E é nessa hora que os gestores devem estar qualificados e preparados, pois os colaboradores têm pensamentos diferentes uns dos outros. Nesse aspecto, conforme explica Harman:

Em um mundo moderno, o homem necessita encontrar um sentido para realizar suas tarefas, para assim poder desenvolver o seu potencial criativo e produtivo objetivando o incremento do seu desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional e descobrindo sua verdadeira missão com o mundo e com os outros (2007 p.15.).

A motivação no ambiente de trabalho representa um dos assuntos mais atuais e debatidos em qualquer contexto, seja dentro ou fora das organizações. A motivação é um quesito que está na moda. No entanto, mesmo o tema estando em alta, alguns administradores de empresas não otem tratado a motivação no ambiente de trabalho como um fator diferencial, que pode contribuir para a sobrevivência de organização no mercado. Segundo Bergamini (2008), o estudo da motivação se aplica a todos os campos da atividade humana e, em especial, aquele reservado as organizações que dedicaram grande parte de seus esforços no sentido de poder entender quais objetivos motivacionais são mais frequentemente procurados no trabalho. Devido à motivação ser um grande diferencial, em um mundo competitivo, as empresas estão recorrendo ao desenvolvimento de palestras motivacionais e livros para trazerem para dentro das organizações o verdadeiro conceito de motivação. No entanto, fica o questionamento: qual é o significado da palavra motivação? Motivação: motivo + ação, ou seja, o motivo que faz alguém se movimentar rumo a uma meta. A palavra “motivação” vem do latim “motivus”, “movere,” que denota a ação de mover. “O sentido original se fundamenta no processo para o qual o comportamento é

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incentivado, estimulado ou energizado por algum motivo ou razão, segundo explicação” de Maximiniano (2004, p 38). As organizações que possuem seus colaboradores motivados se destacam no mercado, pois a sua produção tende a ser maior e com mais qualidade. Do outro lado, em um ambiente de trabalho cujas pessoas estão desmotivadas, a organização não tem o mesmo rendimento. Para essas pessoas, as horas não passam e a busca para alcançar as metas é inexistente. De acordo com Heller (1999, p. 43), “a arte de motivar as pessoas inicia-se com a descoberta de como influenciar o comportamento delas, aumentando assim as oportunidades de alcançar os resultados esperados pela empresa”. É importante que o indivíduo identifique as causas da desmotivação profissional que sente, procurando identificá-las, pois estas causas devem ser entendidas e resolvidas o mais rapidamente possível. O mundo globalizado e o mercado de trabalho cada vez mais competitivo em acúmulo de tarefas, cobranças, vinculadas com a falta de reconhecimento profissional, local inadequado, horários irregulares e gestores autoritários são alguns dos motivos que fazem com que os colaboradores se desmotivem no trabalho. Segundo Chiavenato (1999 p.112), com o advento da Teoria das Relações Humanas uma nova linguagem passa a dominar o repertório administrativo: fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica em grupo. A ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase nas pessoas. Com a Teoria das Relações Humanas surge uma nova concepção sobre a natureza do homem e do homem social. Ocorrem diversos fatores que podem propiciar a satisfação do profissional, sendo a remuneração o maior e primordial entre os aspectos que são apresentados, conforme exposição de Costa (2010), diretor de operações da Human Brasil. Este mesmo diretor explica que havendo uma boa política de Recursos Humanos em uma instituição, o profissional passa a ter maior motivação em suas atividades, aplicando um rendimento maior, visto que a remuneração vinculada com o rendimento financeiro se mostra como um aspecto motivacional e comportamental. No entanto, se o processo de motivação por meio de remuneração sem os devidos suportes para o trabalhador, envolvendo aspectos como de higiene e de ambiente saudável para o desenvolvimento das atividades acabam diluindo toda e qualquer forma de Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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compensação financeira, sendo importante observar que a perspectiva capitalista nem sempre é capaz de suplantar a motivação pessoal de um indivíduo em estar bem em seu ambiente de trabalho. Outro aspecto que é apontado para que o trabalhador se sinta motivado envolve a condição de execução de uma gestão competente de pessoas e a possibilidade de um bom relacionamento dentro da empresa, em acordo com entendimento de Barreiro (2010), diretor executivo da TailorMade Consulting, uma vez que este explica que o mau relacionamento com o chefe tem se mostrado com um dos índices mais altos de desmotivação. Assim, a motivação para os funcionários se relaciona com uma liderança que seja bem preparada, e desenvolvida e apta a estar constantemente propiciando condições para que os funcionários se expressem e se sintam bem com as atividades desenvolvidas, o que possibilita uma maior retenção de pessoas. Pesquisas efetuadas por empresas de Recursos Humanos vêm demonstrando que o principal fundamento para motivar um colaborador é uma boa remuneração, porém de acordo com as mesmas pesquisas esse fator não pode ser reconhecido como o principal e único fator para motivar os colaboradores, pois em um ambiente que não atende as necessidades dos colaboradores, a motivação por meio de remuneração pode ser diluída.

Apesar de a motivação ser uma ferramenta essencial para a organização, ela pode ter caráter disfuncional se não aplicada de forma prudente, ou ainda, quando é focada apenas em recompensas materiais. Dentro

desta

perspectiva,

surge

a

seguinte

pergunta:

funcionários

desmotivados podem gerar prejuízo para a organização? De acordo com Nara Moura a insatisfação no ambiente de trabalho acarreta uma série de comportamentos indesejáveis e geradores de impactos negativos para as organizações. Assim, essas insatisfações profissionais no ambiente de trabalho podem vir a provocar uma série de prejuízos à organização, como: maiores taxas de absenteísmo, rotatividade e a diminuição do desempenho e da produtividade dos colaboradores. Um colaborador que não tem suas necessidades atendidas, não terásatisfação necessária para

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desempenhar as suas atividades com qualidade no trabalho. Com isso, se pode dizer que funcionários desmotivados podem sim gerar prejuízo para a organização. Quando os indivíduos nas organizações têm as suas necessidades atendidas, os mesmos buscam alcançar os objetivos propostos. “Quando as pessoas sentem-se motivadas, fazem escolhas positivas para realizar suas atividades, porque veemessa atitude como algo significante para o alcance dos objetivos e da satisfação no trabalho”, alude Werther (1983, p. 16). Tendo como foco o entendimento de que o ambiente se origina do termo latino ambĭens, que tem o significado geral que rodeia, se refere a todos os aspectos que envolvem os seres vivos e as circunstâncias que se apresentam como vitais para estes, uma vez que aspectos sociais, físicos, culturais e econômicos fazem parte do ambiente, que é formado por diferentes e diversas condições. Por trabalho se entende o esforço que os indivíduos aplicam para uma atividade produtiva que propicia remuneração por meio de um salário ou de uma recompensa dentro do âmbito do mercado de trabalho. Por meio destes entendimentos é possível aplicar a noção de ambiente de trabalho se associa com as condições que se aplicam com o local de trabalho, tendoem vista que o ambiente de trabalho envolve todas as circunstâncias que se aplicam as atividades desenvolvidas em uma fábrica ou escritório ou mesmo qualquer outra atividade que seja remunerada. O ambiente de trabalho se vincula com as relações humanas e o trabalho desempenhado por um profissional, uma vez que as atividades produtivas de um indivíduo concorrem com diversos aspectos que permeiam por conflitos, discussões com colegas ou mesmo com superiores e devem ser bem resolvidas para que haja interesse em continuidade das ações. No entanto, se o ambiente não propicia as condições de crescimento deste indivíduo em aspectos que lhe sejam agradáveis, ou seja, que o motivem a continuar haverá reflexo no ambiente ao seu redor. Portanto, o ambiente de trabalho se vincula com a motivação em desempenho de funções, sendo estas motivações expressas em ânimo para desenvolvimento de atividades, bem como em recebimento de gratificações. No entanto, se este ambiente não estiver adequado, mesmo com uma boaremuneração, o profissional não se sente interessado em melhorar seu desempenho para a empresa. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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2 O QUE OS COLABORADORES ESPERAM DAS ORGANIZAÇÕES

A motivação explica uma dinâmica interior que leva os indivíduos a buscarem estados emocionais que tragam maior conforto e bem estar. Segundo Volpato e Cimbalista (2002, p.59) “[...] o processo de motivação nos indivíduos se dá de forma intrínseca, onde cada um desenvolve impulsos motivacionais distintos, em diversos momentos, reconhecendo que estas forças afetam diretamente a maneira de encarar o trabalho e suas próprias vidas”. Os indivíduos estão também motivados a fugir de situações que ocasionam estados emocionais negativos. Sendo assim, algumas ações simples podem fazer com que os colaboradores sejam influenciados a buscarem a motivação em suas atividades. O reconhecimento de funcionários, bem como incentivos para as equipes aperfeiçoam os grupos para o trabalho, trazem bons resultados para os funcionários, gerentes e para a empresa ao mesmo tempo. Quando a instituição propicia para os colaboradores a certeza de que estes exercem um papel fundamental para a empresa, demonstrando respeito para com a equipe e com cada indivíduo, esta tem condições de formar uma equipe coeza. Acreditar nos colaboradores faz com que estes percebam que a avaliação realizada pela instituição tem um foco em buscar propiciar melhorias para o ambiente de trabalho de forma verdadeira, sendo esta oportunidade de expressão das ideias um momento que seja impactante. A comunicação também é um grande fator que propicia com que se motive ou desmotive uma equipe, e cabe ao administrador a função de promover uma boa comunicação junto aos colaboradores. A falta de uma boa comunicação é um dos fatores que gera estresse nos colaboradores de acordo com o que afirma Chiavenato (1999, p.92): “A comunicação é quando uma informação transmitida a alguém, sendo então compartilhada também por esse alguém. Para que haja comunicação é necessário que o destinatário da informação a receba e compreenda”. Outro fator que os colaboradores esperam das organizações é o reconhecimento dos trabalhos prestados, não apenas com salário, mas também com outros benefícios. De acordo com as atividades exercidas, os funcionários esperam que as Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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organizações propiciem suporte para o desenvolvimento pessoal e profissional, pois bons líderes indicam e mostram a direção, e o caminho a seguir.

Segundo

Kury

(2002 p. 468), “liderança é a função de líder, direção e comando, e motivação, entre várias definições é o ato ou efeito de motivar, de gerar interesse espontâneo ou estimulado por determinado assunto”.

3 COMO MOTIVAR SEUS COLABORADORES

Motivar um ambiente de trabalho é uma atividade que deve de ser feita de forma diária e que requer conhecimento sobre o assunto, pois os líderes têm devem que tratar cada colaborador de forma individual, pois cada um tem necessidades, desejos e anseios diversos. O verdadeiro líder consegue identificar os pontos positivos e negativos de cada um e tratá-los diferenciadamente. Para Lacombe (2005, p. 142): “o ponto de partida para motivar o pessoal e conhecê-lo e identificar suas necessidades, prioridades e desejos. O que motiva uns não é valido para outros”. Conforme estudos efetuados sobre a motivação não é preciso alto investimento para motivar um ambiente de trabalho, sendo exposto abaixo algumas medidas que, exercidas de forma correta, propiciam melhora e podem vir a estimular o ambiente de trabalho e a equipe:  Feedbacks para os colaboradores, todo colaborador deve saber acerca de seus resultados, sendo estes positivos ou não, de forma que o indivíduo mesmo entenda e busque melhorar;  Faça e apresente o que se espera: defina objetivos e metas em um plano de ação e divulgue de forma clara, se for necessário propicie momentopara uma conversa individual, para que o funcionário entenda a comunicação estabelecida;  Desafie: estimule o colaborador a dar o melhor de si;  Crie um ambiente confortável de trabalho: faça com que os indivíduos se sintam em um ambiente confortável, seguro;  Quando houver mudanças mostre as oportunidades: algumas pessoas são resistentes a mudança, neste caso, mostre os pontos positivos e os apresente de forma clara;  Busque fornecer instruções corretas: seja claro com os pedidos e ajude sempre que for necessário. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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As empresas que utilizam os métodos informados acima para motivar as equipes têm destaque garantido e melhores resultados no mercado, uma vez que consegue fazer com que as pessoas se qualifiquem mais para buscar uma vaga dentro dessas empresas. De acordo com pesquisa feita no mercado pela revista Exame publicada em Janeiro de 2014, segue abaixo lista com as empresas que mais se destacam no contexto de motivação no ambiente de trabalho.

Figura 2 - 1º GOOGLE

Fonte: Revista Exame, 2014 ed. Janeiro

91,2% descrevem que há um ambiente de trabalho criativo e dinâmico e a empresa fica em 1º lugar no ranking dos melhores ambientes de trabalho.

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Figura 3 - 2º MARS

Fonte: Revista Exame,2014 ed. Janeiro

A empresa oferece um ambiente criativo e dinâmico, tendo um percentual de 82,3% de respostas como empresa com um bom ambiente de trabalho, assim, a empresa ocupa o 2º lugar no ranking de melhor ambiente de trabalho.

Figura 4 - 3º FACEBOOK

Fonte: Revista Exame,2014 ed. Janeiro.

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81,1% descrevem que é um ambiente de trabalho criativo e dinâmico, e a empresa ocupa a 3º colocação no mercado como melhor ambiente de trabalho. Com base nestes dados se pode compreender que ambiente se apresente como um dos motivos que fazem com que as empresas se destaquem no mercado de trabalho, da mesma forma que chama a atenção dos profissionais para buscarem uma vaga nessas organizações. Dessa forma, se de um lado empresas vêm falando mais em qualidade de vida no trabalho, ofertando um ambiente mais agradável, do outro lado se tem os colaboradores que estão em busca de qualificação para estarem aptos a uma vaga dentro destas organizações com essas filosofias. Outro fator que chama atenção nessas organizações e o baixo turnover, pois os colaboradores sentem que as organizações estão mais junto das pessoas, incentivando e querendo o seu melhor. O desenho de cargo e salário é bem distribuído e possui uma comunicação que é exercida de forma clara. Heller (1999) aponta que, após a aplicação e mensuração de todos esses processos deverá estar sempre sendo reavaliado o sistema, monitorando a motivação dos colaboradores por meio de novas pesquisas ou criando funções novas direcionando a melhoria no ambiente de trabalho. De acordo com Chiavenato:

A satisfação das necessidades nem sempre é plenamente alcançada. Pode existir uma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação da necessidade. Toda vez que a satisfação e bloqueada por uma barreira, ocorre à frustração. A frustração impede que a tensão existente seja liberada e mantém o estado de desequilíbrio e tensão (2007, p.130).

Entender as necessidades de seus colaboradores é colocar em prática os estudos efetuados sobre a motivação, o que eleva a satisfação dos funcionários, motivando-os, e tendo como consequência o aumento em produção eficaz, que proporcionaa todos bons resultados, tanto para as organizações fazendo com que as mesmas se mantenham no mercado, como para os colaboradores que nelas atuam.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho elaborado abordou a motivação como tema, uma vez que as empresas

tem

se

debatido,

com

maior

frequência,

acerca

de

provermelhorescondições para seus colaboradores se sentirem motivados, pois se sabem que manter os seus colaboradores motivados é uma tarefa essencial para a sobrevivência e permanência da organização no mercado. Foi possível verificar que devido ao mercado estar bastante competitivo a motivação é um atributo fundamental e um grande diferencial para a empresa se destacare cumprir seu papel no corpo social, pois funcionários motivados produzem o que a organização esperadeles. Neste contexto, também foi possível analisar que as pessoas se qualificam mais em busca de uma vaga nessasorganizações que têm como pilar a qualidade de vida no trabalho e um ambiente equalizado para tal realidade. Diante disso, as organizações vêm cada vez mais investindo na qualificação de seus gestores para que os mesmos consigam estimular sua equipe e identificar as necessidades de cada profissional, uma vez que cada funcionário pode ser motivado de maneira diferente um do outro, sendo a motivação algo interno que somente o sujeitopode buscar, mas que pode ser propiciada por meio de incentivos ofertados para que o ambiente seja agradável e faça com que o funcionário tenha interesse em desenvolver melhor suas funções. Conforme abordado, se observou que motivar oambiente de trabalho requer conhecimento sobre esses aspectos, pois se a motivação não for aplicada de maneira correta pode trazer resultados reversos ao esperado, causando assim desinteresse nos colaboradores. Motivar um ambiente é uma tarefa que deve ser efetuada diariamente, pois o que está bom para um, pode ter o efeito oposto no dia seguinte. Outrora, há diversos fatores que influenciam na motivação do indivíduo, taiscomo: o trânsito, a vida familiar, os aspectos políticos e econômicos em um momento além de inúmeros outros, e é nessa hora que as empresa esperam que os seus líderes estejam aptos a agir com coerência e imparcialidade, fazendo com que toda equipe busque a motivação interna. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Com tarefas simples as organizações podem alcançar um ambiente de trabalho motivado, porém ainda há empresas que não percebem a motivação como uma inovação para os processos da organização e focam apenas em seus resultados, mas ter esses pensamentos nos dias de hoje é um grande dificultador, pois a filosofia das organizações de décadas passadas, que tinham seu focoapenas nos resultados e lucros, não faz parte do mundo corporativo nos dias de hoje. Atualmente, as empresas falam em uma linguagem voltada para a teoria das relações humanas com uma organização informal e uma dinâmica em grupo e esse é um atributo de destaque. O estudo da motivação se apresenta como uma tarefa bem complexa e que ao ser refletidase mostra em constante atualização, porque não se tem uma fórmula para motivar as pessoas e, por isso, as organizações que visam aplicar a motivação precisam estar em constante estudo para que este aspecto não caia em esquecimento e todo trabalho já aplicado na empresa seja perdido. É importante que a empresa tenha um ambiente de trabalho agradável e confiável, gestores que consigam entender as necessidades dos colaboradores, que consigam estimular a criatividade, que propiciem um feedback claro, demonstrando o caminho e auxiliando em uma boa comunicação, visto que estes são elementos considerados como chave para motivar um ambiente e também o que as pessoas procuram. As empresas que utilizam métodos de motivação têm a satisfação dos funcionários, e com isso o turnovelse apresenta mais baixo, justamente porque os funcionários querem estar naquela organização e buscam se aperfeiçoar e qualificando-se constantemente. Após essa análise bibliográfica foi possível considerar-se que a motivação é bastante complexa, pois é um assunto que envolve múltiplos fatores e a atualização do tema ocorre por pesquisadores, de maneira que não é possível em um texto de artigo esgotar todos os estudos e pesquisas que existem acerca do tema.

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em:

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KURY, Administração de Pessoas e Processos, 2ª Ed. São Paulo. Editora Mundial 2002.

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SANTOS, Selma e CARVALHO, Márcia. Mundo Acadêmico e a construção do conhecimento 2ª ed. Goiânia, Kelps, 2014. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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QUESTÕES ETNICO-RACIAIS: UM DESAFIO NA APLICABILIDADE DA LEI 10.639/2003 Cintia Gonçalves Nunes38 Jessica Ferreira Gomes39 Núbia Sousa de Jesus40 Leandra Valéria Negretto41 Débora Mirtes dos Santos Ravagnani Dias42

RESUMO: Este artigo busca relatar a história da educação no Brasil e a inserção dos negros, a partir da chegada dos mesmos ao Brasil. A educação no Brasil só começou a ser repensada após a Primeira Guerra Mundial com o surgimento da primeira geração de pensadores que tentavam implantar a escola nova. No início da colonização brasileira os portugueses visavam lucro para a coroa, com a instalação das primeiras lavouras. Em 1530 percebeu-se que o número de trabalhadores em Portugal não supria a necessidade para o trabalho. Assim em 1580 chegaram os primeiros negros ao Brasil na condição de escravos vivendo em senzalas, os negros trabalhavam cerca de 14 horas por dia com direito a apenas uma refeição por dia, daí a preocupação de neste artigo relatar como a educação e os negros inseriram-se no contexto sócio cultural brasileiro. Trata-se de uma pesquisa de campo associada a bibliográfica que dialoga com os dados coletados em uma turma de formandos do curso de Pedagogia em uma Faculdade Particular de Goiânia-Goiás. PALAVRAS-CHAVES: Educação. Questões étnico-raciais. Trabalho escravo. Inserção legal.

ABSTRACT: This article seeks to tell the story of education in Brazil and the inclusion of blacks, from the arrival of the same to Brazil. Education in Brazil only began to be rethought after the First World War with the emergence of the first generation of thinkers who tried to deploy the new school. At the beginning of Brazilian colonization the Portuguese sought to profit for the crown, with the installation of the first crops. In 1530 it was realized that the number of workers in Portugal not supplied the need to work. So in 1580 came the first blacks to Brazil as slaves living in slave quarters, blacks worked about 14 hours a day entitled to only one meal a day, hence the concern of this article report such as education and blacks inseriram- in the context Brazilian cultural partner. This is a field research associated with literature that speaks to the

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Graduada do Curso de Pedagogia da Faculdade Padrão. Graduada do Curso de Pedagogia da Faculdade Padrão. 40 Graduada do Curso de Pedagogia da Faculdade Padrão. 41 Professora orientadora de TCC da Faculdade Padrão. 42 Professora co-orientadora do TCC da Faculdade Padrão de Goiânia-GO. 39

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data collected in a class of Faculty of Education graduates in a Private School of GoianiaGoias. KEYWORDS: Education. Ethnic and racial issues. Slave labor. Cool insertion. INTRODUÇÃO

Este artigo foi realizado por meio da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, sendo dividido em quatro partes. Inicialmente apresentamos um breve histórico da educação no Brasil e a inserção dos negros no contexto sócio cultural brasileiro. A partir de 1549 chegaram ao nosso país os primeiros padres jesuítas que fizeram parte da educação por mais de 200 anos. Em 1808 Com a chegada da família Real ao Brasil, a educação e a cultura no país foram direcionadas e educação de nível superior deixando e educação primaria de lado. A independência do país conquistada em 1822 provocou algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico que apontavam também em termos de política educacional. A descentralização da educação básica instituída em 1834 foi mantida pela república. Na década de 1920, após a primeira guerra mundial, o Brasil começou a repensar o setor educacional, surgiu então a primeira grande geração de educadores, alguns tentaram implantar no Brasil os ideais da escola nova. Em 1934 consignaram-se avanços significativos na área educacional. Em 1945 muitos ideais foram retomados e consubstanciados no projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.O recorte deste artigo tratará dos negros e sua inserção no mundo educacional, de sua libertação com a lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1988 pela princesa Isabel. A partir de 1580 com a chegada ao Brasil dos primeiros negros escravizados pelos portugueses, até a atualidade, seus avanços e seus desafios. Esses negros sofreram maus tratos, os mesmos eram tratados como animais, trazidos para o Brasil em navios onde muitos não sobreviviam a viagem realizada sem o mínimo de condições de higiene, pois ficavam nus nos porões dos navios, sobre urinas e fezes, sem comida ou agua. Já no Brasil, muitos não aceitavam essa situação imposta pelos brancos e tentavam lutar por sua liberdade, e acabavam sendo castigados. A situação dos negros no Brasil começou a ser mudada a partir de 1811 com a criação da Lei do Ventre Livre que foi aprovada em 1870, seguida pela lei Sexagenária em 1885, no entanto, o fim da escravidão no Brasil chegou em 1888 com a aprovação da Lei Aurea. Assim a partir deste cenário é que este artigo inicia-se. O objetivo deste é investigar se os acadêmicos do oitavo período de Pedagogia do primeiro semestre de 2015 Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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da Faculdade Padrão conhecem a lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. 1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E A INSERÇÃO DOS NEGROS

No ano de 1549 chega ao Brasil os primeiros padres da companhia de Jesus chamados de Jesuítas43, com uma educação humanista elitista. Os Jesuítas se empenharam no trabalho de catequese dos índios e fundaram inúmeras escolas de ler e escrever, mas deram maior ênfase à escola secundaria44, destinada aos filhos dos colonos e ao encaminhamento dos futuros padres. O descaso pela educação popular se explica pela vigência de uma economia dependente e exclusivamente agraria, que não exigia mão-deobra qualificada (ARANHA, 2006). Além disso, a mentalidade escravocrata depreciava a atividade manual, considerada “trabalho desqualificado”, e os artesões não eram preparados em escolas, mas sim pela educação informal. Na primeira metade do século XVIII, porém, a companhia de Jesus dispunha de oficinas em que mestres jesuítas ensinavam os ofícios necessários. Essa atividade também foi intensa nas missões, que se tornaram auto-suficientes, porque os indígenas não aprendiam apenas os rudimentos de ler e escrever, mas diversas artes e ofícios mecânicos. No ano de 1808, com a vinda da família real45 de Portugal46 para o BrasilColônia47, a ênfase recaiu na criação de escolas de nível superior, descuidando-se dos demais níveis de ensino. Permanecia a visão aristocrática do ensino, com alguma diversificação quanto à pequena burguesia, que então se ocupava nas cidades com o comercio e a burocracia. Esse novo segmento aspirava status por meio do acesso à educação da elite, desprezando qualquer formação que lembrasse a classe menos favorecida.

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Jesuítas: Eram padres que faziam parte da Companhia de Jesus. Esta ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loiola. Aranha, 2006 44 Escola secundária: Escola cujo ensino era direcionado a adolescentes, com idade entre 10 e 18 anos. Os Jesuítas preferiam a Escola Secundária no que diz respeito a educação de elite, pois o objetivo deles era a formação de padres de quadros para administração e empreendimento colonial e do Estado e educar as classes dominantes. Aranha, 2006 45 Família Real: Família constituída pelo monarca e pelos seus familiares diretos, que governavam soberanamente o Reino de Portugal, e vieram para o Brasil após a colonização, junto com D. João IV. Aranha, 2006. 46 Portugal: É um país soberano e unitário localizado no Sudoeste da Europa. Pais que colonizou o Brasil no ano de 1500. Aranha, 2006. 47 Brasil Colônia: É o período da história entre a chegada dos primeiros portugueses em 1500, e a independência do Brasil, em 1822, quando o Brasil estava sob domínio socioeconômico e político de Portugal com a chegada da família real em 1808. Aranha, 2006.

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Após a Proclamação da Independência, como persistisse o regime de escravidão e continuasse o modelo econômico agrário exportador dependente, o quadro educacional permanecia inalterado. Apenas um incipiente ensino profissional era ministrado nas escolas agrícolas e nas escolas de artífices, nas quais se despejavam crianças órfãs ou abandonadas. No Brasil no século XX, diferentemente de outras nações, continuava altíssimo o índice de analfabetismo em uma população predominantemente rural, o que mostra o descaso pela educação. A situação só começou a se alterar quando, após a Primeira Guerra Mundial48, acelerou-se o processo de industrialização e urbanização do país, acentuando ainda mais depois de 1930, o que aumentaria a demanda de escolarização. Na década de 1950, os educadores progressistas da Escola Nova49 reforçavam a oposição aos católicos conservadores, que defendiam a escola particular de orientação religiosa como a única capaz de educar integralmente, por trás desse debate, porém, havia o interesse pela destinação das verbas públicas também para as escolas particulares. (ARANHA, 2006). No início da década de 1960, surgiram, na sociedade civil, movimentos de educação popular de ampla repercussão. Interessados na conscientização política dos segmentos desfavorecidos, alguns grupos enfatizaram a alfabetização, enquanto outros se ocuparam com a educação com a educação de base, tendo sempre em vista a difusão e a preservação da cultura popular (MCP) do Recife, liderado pelo educador Paulo Freire, cujo inovador método de alfabetização teve, posteriormente, repercussão mundial. O governo brasileiro pretendia aplicar o método, que “alfabetiza em 40 horas”, no Plano Nacional de Alfabetização (PNA). O golpe militar50 de 1964 não extinguiu o PNA como paralisou as demais atividades, acusando-se de subverter a ordem. No período seguinte, com a destruição sistemática das organizações, abordaram-se as tentativas de expansão da educação popular. Após o golpe militar durante a ditadura militar, a educação seguiu a linha tecnicista de influência norte americana, que resultara dos acordos MEC-Usaid51 realizados entre técnicos brasileiros e norte-americanos. As reformas educacionais de 1968 (para a universidade) e de 1971 (para o ensino médio) foram desastrosas para a educação popular.

48

Primeira Guerra Mundial: Foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. Aranha, 2006. 49 Escola nova: Foi um movimento de renovação do ensino, que surgiu no fim do século XIX e ganhou força na primeira metade do século XX. Aranha, 2006. 50 Golpe Militar: Tomada do humanismo que aconteceu de um país para o outro durante a revolução dos militares, em um golpe de Estado, instaurando um regime de ditadura militar afim de defender o país de interesses exteriores ou de ameaças interiores. Aranha, 2006. 51 MEC-Usaid: MEC (Ministério da Educação e Cultura) e Usaid (United States Agency for International Development).

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A Lei nº 5.692/71 acenava para a profissionalização universal e compulsória do 2º grau, mas não foi seguida à risca pelas escolas de elite, capazes e boicotar a implantação da lei. O mesmo não aconteceu com a escola pública, abandonada à mercê de uma política que interessava à ditadura militar por estar voltada, sobretudo, para a despolitização das massas. O ensino elementar oficial recebeu na época a menor atenção possível, abandonado sob a responsabilidade dos municípios, que nem sempre tinham condições de arcar com as despesas. A fim de suprir essas deficiências, o governo criou organismos de educação paralela, como o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e o Projeto Minerva, que, por meio do rádio e da televisão, com a ajuda de monitores, se propunha a oferecer curso supletivo do 1º grau. (ARANHA, 2006). Nos anos de 1980 a luta dos brasileiros se voltou para o retorno “lento e gradual” à democracia, a anistia dos presos políticos, o movimento das “diretas já” e, finalmente, os debates da Constituinte. A aprovação da Constituição Federal de 198852 trouxe algumas novidades, mas foram ainda mantidas regalias para o ensino privado que os grupos progressistas haviam tentado expurgar. No entanto houve um significativo avanço na garantia de que “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”. Isso significa que prefeitos e governadores têm obrigação constitucional de oferecer esse tipo de ensino, devendo sofrer sansões jurídicas em caso de omissão. Destaca-se a seção II – Da Cultura: Art. 215. O Estado garantira a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiara e incentivara a valorização e a difusão das manifestações culturais. (EC nº 48/2005) § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro – brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II – produção, promoção e difusão de bens culturais;

52

Constituição Federal de 1988: Promulgada em 5 de outubro de 1988, é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico. Aranha, 2006.

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III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV – democratização do acesso aos bens de cultura; V – valorização da diversidade étnica e regional (BRASIL, 1988).

O estabelecido em lei acerca das diversas culturas aponta para a questão de forma incisiva. Todos tem direito constitucional de perpetuar e cultuar a sua origem. No entanto, a situação mudou muito pouco. Se compararmos o desempenho do Brasil com o de países avançados ou mesmo em desenvolvimento, nossos índices a partir da década de 1990 são sofríveis, tanto no que diz respeito à alfabetização e à alfabetização funcional, quanto ao acesso à informática e à compreensão de outros idiomas. Mesmo onde houve a ampliação do acesso de uma parcela maior da população ao ensino fundamental e médio, nem sempre o benefício vem acompanhado de qualidade. Quanto ao ensino superior, a frequência é de apenas 7,4% da população na faixa etária de 18 e 24 anos. (ARANHA, 2006). 1.1 Chegada dos Negros no Brasil

Inicialmente, a captura de escravos era realizada por meio de ataques a aldeias instaladas junto ao litoral saariano e na Região do Senegal53. Com o tempo, os traficantes54 de escravos passaram a fazer alianças comerciais e militares com comunidades Africanas. Nesses acordos, reis e chefes tribais se comprometiam a capturar e entregar escravos em troca de bens materiais, como utensílios de cobre e de vidro, cavalos, tecidos, etc. (AZEVEDO e SERIACOPI, 2005). No século XVIII, também o tabaco e a aguardente de cana, provenientes do Brasil, foram utilizados como moeda de troca na aquisição de escravos. No século XIX, época em que o tráfico negreiro atingiu o apogeu, a compra de escravos da África passou a ser feita mediante pagamento em dinheiro ou por meio de letras de câmbio. Para obter maior quantidade de cativos, o governo de Portugal e de outras potencias europeias da época estimulavam as guerras entre povos africanos. O objetivo era

53Senegal:

O Senegal, oficialmente República do Senegal é um país localizado na África Ocidental. Faz fronteira com o Oceano Atlântico a oeste, com a Mauritânia ao norte e ao leste, com o Mali, a leste, e com a Guiné e a Guiné-Bissau ao sul. Pais onde iniciou a captura de escravos. Azevedo e Seriacopi, 2005. 54Traficantes: Pessoas que capturavam os negros e os negociavam ilegalmente. Azevedo e Seriacopi, 2005.

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comprar a baixo preço os vencidos e revende-los a alto preço nas colônias. Outra forma de obter escravos consistia em contratar os chamados pumbeiros55. Os mercados de escravos chamavam-se pumbo56. Um dos mais importantes ficava no Congo57, junto ao lago Malebo 58 (AZEVEDO e SERIACOPI, 2005). Os pumbeiros partiam para o interior da África carregados de tecidos, bebidas e búzios destinados a troca por escravos. Muitas vezes permaneciam até dois anos no interior do continente. Ao retornarem ao porto de Luanda59, em Angola60, onde os comerciantes da costa os aguardavam, traziam consigo grupos de quinhentos a seiscentos cativos. A viagem do interior ao litoral era marcada por maus-tratos. Acorrentados uns aos outros, os escravos eram obrigados a percorrer centenas de quilômetros a pé quase sem descansar. A viagem podia demorar meses e os negros enfrentavam fome e doenças. As perdas humanas eram grandes: estima-se que cerca de 25% dos cativos morriam nessas viagens. Para serem exibidos aos comerciantes da costa, os cativos que chegavam com vida ao litoral recebiam uma alimentação mais consistente e tinham o corpo untado com óleo de palma. Os doentes eram colocados de quarentena e os deficientes físicos afastados do grupo. Antes de partirem para a América61, religiosos portugueses batizavam e davam nomes cristãos62 aos escravos. Essa cerimonia era obrigatória. Os representantes da igreja cobravam dos comerciantes uma taxa por pessoa batizada, garantindo, assim, uma importante fonte de renda. Quando as embarcações chegavam ao porto africano63 de embarque, os comerciantes da costa compravam os cativos a preços que, variavam conforme

55Pumbeiros:

Eram agentes de comerciantes estabelecidos no litoral angolano. Mas, percorrendo os sertões, obtinham escravos com quem Portugal enchia navios. O destino chamava-se Brasil, os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex - escravos, não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro. Azevedo e Seriacopi, 2005. 56Pumbo: Nome dado aos mercadores de escravos. Azevedo e Seriacopi, 2005. 57Congo: País localizado a oeste África, local onde se capturava os primeiros escravos. Azevedo e Seriacopi, 2005. 58Lago Malebo: É um lago natural do centro-oeste de África localizado na fronteira República do CongoRepública Democrática do Congo, atravessado pelo Rio Congo. Azevedo e Seriacopi, 2005. 59Porto de Luanda: Porto onde era realizada a exportação de escravos em Angola no seculo XVII por portugueses e holandeses. Azevedo e Seriacopi, 2005. 60Angola: É um país da costa ocidental da África, cujo território principal é limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. Azevedo e Seriacopi, 2005. 61América: É o continente localizado no hemisfério ocidental e que se estende, no sentido norte-sul, desde o oceano Ártico até o cabo Horn. Azevedo e Seriacopi, 2005. 62Nomes Cristãos: Nome que os escravos recebiam durante o batismo perante a igreja católica. Azevedo e Seriacopi, 2005. 63Porto Africano: Local de desembarque para comercialização dos escravos. Azevedo e Seriacopi, 2005.

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a idade: três crianças de 8 a 15 anos custavam o mesmo que dois jovens de 15 a 25 anos (AZEVEDO e SERIACOPI, 2005). Acorrentados os escravos eram levados aos navios negreiros, que os conduziam ao outro lado do Atlântico. As condições da travessia eram cruéis e degradantes, muitos morriam, outros enlouqueciam. A maior parte dos navios negreiros era de pequeno porte. Para fazer com que coubesse neles o maior número de pessoas possível, os traficantes construíam um segundo compartimento no porão, cujo teto, excessivamente baixo, impedia que as pessoas ficassem em pé. Uma viagem de Luanda ao Rio de Janeiro64 levava cerca de dois meses. Amontoados nos porões, durante o percurso os escravos tinham de permanecer sentados, acorrentados uns aos outros e com a cabeça inclinada. A alimentação era composta quase que sempre de uma tigela de mingau cru de milho e pequenas porções de agua. Por ingerirem pouco liquido, muitos cativos se desidratavam; outros enjoavam com o movimento do navio e vomitavam; outros ainda eram acometidos de diarreia (AZEVEDO e SERIACOPI, 2005). Em pouco tempo, a mistura dos odores de fezes, urinas, vomito e suor deixava insuportável a atmosfera dos porões. Apesar disso, os escravos raramente podiam subir para respirar ar puro. Temia-se a eclosão de rebeliões. Doenças como tifo, sarampo, febre amarela e varíola se propagavam com rapidez e provocavam inúmeras mortes, cerca de 20% dos africanos escravizados morriam nessas viagens. Chegando ao Brasil eram acomodados em senzalas65, trabalhavam cerca de 14 horas por dia, com direito a apenas uma refeição por dia. Muitos não aceitavam a dominação dos brancos, e apanhavam com chicotes amarrados em troncos e sem muita esperança pela liberdade. Muitos se suicidavam ou fugiam, indo para o sertão onde se organizavam em quilombos66. Em 1850, o movimento absolutista liberado por José do Patrocínio 67, ganhou força no Brasil, com a pressão dos abolicionistas, o governo tentando amenizar a situação

64Rio

de Janeiro: Cidade localizada no Brasil onde os negros eram desembarcados para serem comercializados. Azevedo e Seriacopi, 2005. 65Senzalas: eram os alojamento onde os escravos ficavam. Elas existiram durante toda a fase de escravidão (entre o século XVI e XIX) e eram construídas dentro da unidade de produção (engenho, mina de ouro e fazenda de café). Azevedo e Seriacopi, 2005. 66Quilombos: Era o espaço físico de resistência à escravidão. Fugidos dos cafezais e das plantações de cana-de-açúcar, os negros que se recusavam à submissão, à exploração e à violência do sistema colonial escravista aglomeravam-se nas matas e formavam núcleos habitacionais com relativo grau de organização e desenvolvimento social, econômico e político. Azevedo e Seriacopi, 2005. 67José do Patrocínio:foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Republicano no país. Em 1879, um grupo de parlamentares lançou oficialmente a campanha pela abolição da escravatura. Foi uma resposta à crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis imperiais. Azevedo e Seriacopi, 2005.

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ano país aprova da Lei do Ventre Livre68, em 1871, esta lei dava a condição de livre aos negros nascidos a partir de então. Mesmo assim, o dono da mãe do bebê ainda podia conseguir que a criança ficasse sob seu domínio até os 21 anos de idade. Os senhores de escravos, que já se preocupavam pouco com as condições de saúde dos negros, passaram a nem cuidar das condições dos partos das negras, a mortalidade infantil entre os negros chegou a 50% nessa época. Espertos os senhores de engenho registravam seus escravos como se tivessem nascido bem antes de 1871, quando veio a Lei do ventre livre. Viam-se nessa época muitos escravos jovens registrados como se tivessem 50, 60 anos de idade. Para combater essa fraude, os defensores do abolicionismo conseguiram aprovar mais uma lei, a Lei dos Sexagenários69 em 1885, que desta vez, beneficiava com a liberdade os escravos mais velhos, acima de 60 ou 65 anos, dependendo do caso. Negros com mais de 60 anos mesmo eram poucos, pois a expectativa de vida dos escravos era baixa, em torno de 30 anos, no máximo 40 anos. Após muita pressão sofrida pelo governo da Inglaterra, o governo provisório da Princesa Isabel70 cede, assinando a Lei Áurea71, acabando com a legislação da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888. O fim da escravidão no Brasil não significou uma ação de bondade por parte do governo. O produto final das pressões internas e externas. A Lei Áurea, na verdade, livrara o negro da escravidão legalizada, mas não lhe ofereceu recursos para a sua independência econômica e financeira. Mais uma vez, os benefícios caíram nas mãos do governo e dos senhores, que não o recompensaram do trabalho prestado ao longo de sua vida, nem lhe garantiram uma inserção social justa na sociedade, como defendeu o pesquisador de assuntos afro-brasileiros Carneiro, ao tratar da Lei Áurea: "foi a pior de todas as leis sobre o negro, pois só contribuiu para a marginalização dele" (p. 45). A presente

68

Lei do Ventre Livre: No dia 28 de setembro de 1871, após acirrados debates, a Assembleia Geral (Parlamento), aprovou a Lei do ventre livre onde estabelece que os filhos de escravos nascidos a partir daquela data seriam considerados livres, mas deveriam permanecer sobre os cuidados de seus senhores até completarem 8 anos de idade. Azevedo e Seriacopi, 2005. 69 Lei dos Sexagenários: Lei N°3.270 aprovada pela Assembleia geral em 28 de setembro de 1885. Lei esta que garante a liberdade de escravos com mais de 60 anos de idade. Porém a alforria para este grupo não é imediata, pois os cativos deveriam trabalhar pois mais três anos a título de indenização. Azevedo e Seriacopi, 2005. 70 Princesa Isabel: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, popularmente conhecida como princesa Isabel, foi a última princesa imperial e regente do Império do Brasil, assinou a lei aurea em 13 de maio de 1888 libertando os escravos. Azevedo e Seriacopi, 2005. 71 Lei Aurea: Cedendo a pressões de abolicionistas e de industriais, que defendiam cada vez mais o uso de trabalhadores assalariados (que pudessem também pagar pelas mercadorias que queriam vender), a Princesa Isabel assinou a Lei Aurea no dia 13 de maio de 1888, que proibia oficialmente a pratica da escravidão no Brasil. Azevedo, 2005.

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situação do negro, na segunda nação negra do mundo, reflete a verdadeira realidade do passado. Assim a população negra deixou de ser dominada, mas nem assim a sociedade negreira foi integrada e aceita na época, mesmo os negros tendo conquistado sua liberdade e seus direitos de cidadão, continuam com condições de vida inferiores aos brancos, como pode ser percebido, por exemplo, hoje nos presídios.

2 A EDUCAÇÃO E OS NEGROS NO BRASIL

O questionamento sobre a educação dos negros começou algumas década antes da abolição da escravidão no Brasil e permaneceu pelas décadas seguintes, algumas iniciativas voltadas para educar a população negra ocorreram. No entanto, essas ações revelaram imensos questionamentos e eficiências limitadas. Os negros tiveram que passar por inúmeros processos, sendo um deles a criação da escolarização para os negros que teve início no século XIX no Brasil, quando o governo imperial passou a exigir, após a criação da lei do ventre livre que os senhores amparassem as crianças nascidas livres em suas terras até os 8 anos. Se estas medidas não fossem adotadas pelos senhores as crianças seriam levadas para instituições do governo ou setores privados que pouco fizeram pela educação destes indivíduos. Ainda no século XIX ocorre a criação dos cursos noturnos para educação dos negros adultos pelo decreto de 1878, e no ano seguinte a reforma do ensino primário e secundário que instituía obrigatoriamente o ensino de sete a quatorze anos a negros. Com isso eliminava-se a proibição dos escravos de frequentarem a escola pública, sendo que por meio dos registros era quase impossível saber se de fato eram negros. Estes projetos muitas vezes não chegaram a serem cumpridos já que por meio de registros, o que é possível perceber é que os negros após a abolição foram lançados a própria sorte, sem nenhum aparato institucional de apoio. Nos últimos anos, as iniciativas de promoção do acesso ao Ensino Superior vêm se destacando como palco de expressivos avanços no que se refere a iniciativas de combate às desigualdades raciais e à ampliação de oportunidades sociais. As ações afirmativas nas universidades públicas brasileiras vêm sendo adotadas, de forma voluntaria e espontânea, por um conjunto crescente de instituições desde o início da década, e tem efetivamente representado um importante mecanismo de democratização do acesso ao Ensino Superior e de ampliação do acesso da juventude negra as universidades no Brasil (THEODORO, 2008). Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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O debate sobre a implementação de políticas de ações afirmativas no âmbito educacional superior não é recente no Brasil. Desde os anos 1930, o Movimento Negro apontava para a necessidade de se garantir o direito da população negra à educação. No campo da Educação Superior, uma experiência inovadora passou a ser desenvolvida a partir do final dos anos 1990, com a criação de cursinhos universitários pré-vestibulares voltados a estudantes negros. Tendo em sua origem grupos ligados a igreja Católica e a setores da sociedade civil, e apresentando, em alguns casos, resultados bastante expressivos, esses cursinhos passam a contar com o apoio do governo federal após 2002. Mas foi a partir de 2001 que universidades públicas começam a adotar sistemas de ações afirmativas, por meio da implementação do sistema de cotas ou bonificações visando promover o ingresso de estudantes negros em seus cursos. Em 2003 foi sancionada a Lei Estadual N.º 4.151, que estabelece as seguintes cotas:

Art. 1º - Com vistas a redução das desigualdades étnicas, sociais e econômicas, deverão as universidades públicas estaduais estabelecer cotas para ingresso nos seus cursos de graduação aos seguintes estudantes carentes:I – oriundos da rede pública de ensino;II – negros; III – pessoas com deficiência, nos termos da legislação em vigor, e integrantes de minorias étnicas (GOIÂNIA, 2003).

A experiência das cotas nas universidades públicas vem sendo desenvolvida de forma autônoma, respondendo a deliberações dos seus Conselhos Universitários, no caso de universidades públicas federais, ou a leis estaduais, no caso de universidades públicas estaduais. A inexistência de uma legislação federal sobre o tema e a ausência de uma ação de promoção ou coordenação nacional dessas experiências, seja por parte da Seppir72 ou do MEC73, tem permitido a proliferação de um conjunto bastante diverso de ações afirmativas. Face às primeiras propostas de ações de programas de reservas de vagas, levou-se o argumento de que a qualidade do ensino universitário ficaria prejudicada por um provável baixo desempenho dos alunos cotistas, ao mesmo tempo em que se defendia que a ausência de alunos negros nas universidades públicas teria como causa a deterioração do ensino público Médio e Fundamental, devendo aí encontrar sua solução. Contra esses argumentos,

72 73

Seppir: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial MEC: Ministério da Educação e Cultura

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as universidades têm assumido a posição de que a discriminação racial opera como fator específico de exclusão, devendo ser combatida por medidas específicas de inclusão e integração racial e social. Tem buscado, assim, ampliar as oportunidades de jovens negros qualificados e, ao mesmo tempo, mudar o perfil discente do alunado. Reconhecem ainda que a diversidade social e cultural da sociedade brasileira não pode ficar ausente do ambiente universitário, responsável não apenas pela difusão, mas, de forma privilegiada no país, pela geração do conhecimento. Aderindo a essa estratégia, um número crescente de universidades públicas vem adotando sistemas seletivos que propiciem uma maior democratização de acesso. Pesquisa realizada pelo Ipea no ano de 2007 identificou 38 instituições públicas de Ensino Superior que adotam alguma modalidade de políticas de ações afirmativas para o ingresso nos cursos de graduação para negros. Segundo esse levantamento, uma característica do processo de implementação de ações afirmativas nas universidades públicas brasileiras é a pluralidade de formatos entre os programas adotados. A principal modalidade de ações afirmativas são as cotas, implementadas por 33 universidades. As outras cinco introduzem sistema de bônus em seus vestibulares. Contudo, mesmo entre o grupo que adotou o sistema de cotas, observam-se diferenças expressivas entre os modelos adotados, podendo ser identificados ao menos três: cotas raciais simples, raciais e sociais sobrepostas, e cotas raciais e sociais independentes (THEODORO, 2008). A maior parte das instituições universitárias pesquisadas optou pelo sistema de cotas raciais e sociais sobrepostas. Em 2007, eram 21 instituições operando com esse modelo, que adota dois critérios complementares a serem observados simultaneamente, para o preenchimento das vagas destinadas às cotas. Os candidatos devem se autodeclarar negros, e ao mesmo tempo, serem egressos de escolas públicas. Algumas instituições desse grupo também adotaram como critério complementar a renda familiar per capita abaixo de certo patamar, associando a baixa renda como condição de participação na disputa por essas vagas. Para estar apto a participar da seleção do Sistema de cotas para Negros, os candidatos deverão ser negro, de cor preta ou parda e optar pelo sistema de cotas na inscrição do vestibular. Os candidatos devem obter, no mínimo: - Nota maior que zero na prova de língua estrangeira; - 10% da nota na prova de Linguagens e Códigos e Ciências Sociais; - 10% da nota na prova de Ciências da Natureza e Matemática;

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- 20% da nota no conjunto de provas (GOIÂNIA, 2003).

Segundo dados do Ministério da Educação, em levantamento feito em 2013, no ano de 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito. Pessoas estavam impedidas de estudar em nosso país por sua cor de pele ou condição social. Fazia-se necessário, na época, uma medida que pudesse abrir caminho para a inclusão de negros e pobres nas universidades. Após algumas universidades estaduais e federais aderirem à sistemas de cotas, os números apresentados tiveram uma melhora. Subiu de 2,2% para 11% a porcentagem de pardos que cursam ou concluíram um curso superior no Brasil; e de 1,8% para 8,8% de negros que cursam ou concluíram um curso superior no Brasil. O Estatuto da Igualdade Racial é o Projeto de Lei N.º 6.264/05, proposto pelo Senador Paulo Paim74, que visa orientar o governo federal à forma de como deverão ser tratados os cidadãos negros brasileiros. No projeto, se aprovado, será obrigatória a identificação dos estudantes de acordo com a raça, a criação de cotas para negros nas universidades, no serviço público, em empresas privadas e partidos políticos, além de outras medidas que poderão alterar a vida socioeconômica de todos os brasileiros. 3. A LEI 10.639/2003, APLICABILIDADE E AVANÇOS

O Brasil, Colônia, Império e Republica, teve historicamente, no aspecto legal, uma postura ativa e permissiva diante da discriminação e do racismo que atinge a população afro-descendente brasileira até hoje. O Decreto nº1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas escolas públicas do país não seriam admitidos escravos, e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de professores. O decreto nº 7.031A, de 6 de setembro de 1878, estabelecia que os negros so podiam estudar no período noturno e diversa estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares (BRASIL, 2005). Após a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil busca efetivar a condição de um Estado democrático de direito com ênfase na cidadania e na dignidade da pessoa humana, contudo, ainda possui uma realidade marcada por posturas subjetivas e

74Paulo

Paim: Sindicalista e político brasileiro filiado ao Partido dos Trabalhadores, atualmente Senador da Republica.

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objetivas

de

preconceito,

racismo

e

discriminação

aos

afro-descendentes,

que,

historicamente, enfrentam dificuldades para o acesso e a permanência nas escolas. A educação constitui-se um dos principais ativos e mecanismos de transformação de um povo e é papel da escola, de forma democrática e comprometida com a promoção do ser humano na sua integralidade, estimular a formação de valores, hábitos e comportamentos que respeitem as diferenças e as características próprias de grupos e minorias. Assim, a educação é essencial no processo de formação de qualquer sociedade e abre caminhos para ampliação da cidadania de um povo. Nesse sentido, ao analisar os dados que apontam as desigualdades entre brancos e negros na educação, constata-se a necessidade de políticas especificas que revertam o atual quadro: pessoas negras têm menor número de anos de estudos do que pessoas brancas (4,2 anos para negros e 6,2 anos para brancos); na faixa etária de 14 a 15 anos, o índice de pessoas negras não alfabetizadas é 12% maior que o de pessoas brancas na mesma situação; cerca de 15% das crianças brancas entre 10 e 14 anos encontram-se no mercado de trabalho, enquanto 40,5% das crianças negras, na mesma faixa etária, vivem essa situação. Nesse contexto, o governo federal em março de 2003 sancionou, a Lei nº 10.639/2003, sendo ela: LEI Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e da outras providencias. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e sanciona a seguinte Lei: Art.1° A Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos 26-A, 79-A e 79-B: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura AfroBrasileira. § 1° O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2° Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de

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Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. § 3° (VETADO)Art. 79-A. (VETADO) Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

É importante destacar que não se trata de mudar um foco etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira. Nesta perspectiva, cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades, que proporciona diariamente, também as contribuições histórico-culturais dos povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de raiz africana e europeia. É preciso ter clareza que o Art. 26 A acrescido à Lei 9.394/1996 provoca bem mais do que inclusão de novos conteúdos, exige que se repensem relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas, procedimentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem, objetivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas (BRASIL, 2005). Neste contexto entende-se que a escola é o lugar de construção, não só do conhecimento, mas também da identidade, de valores, de afetos, é na escola que o ser humano, se adapta a viver de acordo com sua sociedade. O Brasil, formado a partir das heranças culturais europeias, indígenas e africanas, não contempla, de maneira equilibrada, essas três contribuições no sistema educacional. Por isso, ter como meta a efetiva realização das prerrogativas dessa Lei é essencial para a construção de uma sociedade mais equitativa (BRASIL, 2005). A aplicação da Lei 10.639/2003 está assentada na defesa da democracia, pois, esta lei leva a discussão da diversidade étnico-cultural para a sala de aula dando voz a todos os agentes sociais, independentemente da cor de sua pele ou traços físicos. Significa promover um novo encontro entre estes grupos, pode-se assim, pautar o respeito entre as diferenças culturais e físicas. A lei também destaca um aspecto primordial que é o da reparação, ou seja, permitir ao negro a construção de uma identidade positiva sobre si e restituir-lhe os direitos sociais negados pelo racismo, por meio da recuperação de sua história. A reparação não implica numa simples releitura do passado, mas deve criar mecanismos para crianças e jovens perceberem que não há uma cultura superior e a cor da pele não impõe um lugar social ao indivíduo; mas a discriminação racial. A escola é um espaço de formação humana, e a partir da Lei 10.639/2003, a ser a principal protagonista do ensino das relações étnico-raciais, sendo obrigada ela própria a enfrentar seus preconceitos.

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Especificamente no âmbito escolar, observa-se que o cumprimento da Lei necessita ainda de muitas melhorias, onde docentes e discentes tenham plena consciência da necessidade em se conhecer a constituição étnico-racial de um país como o Brasil com o máximo de profundidade possível, conforme a série e idade dos alunos. Certamente, existirão os resistentes a trabalharem essa temática e a executarem projetos diretamente relacionados à mesma. Um aspecto que merece atenção é o fato de que a ênfase à História e Cultura Afro-Brasileira e Africana é nitidamente dada nas semanas que antecedem o Dia Nacional da Consciência Negra. Evidente que os docentes têm seus conteúdos e planejamentos a serem cumpridos, porém, retoma-se aqui a questão que envolve a interdisciplinaridade, pois sempre que possível é interessante fazer menção a esta importante temática, que é componente curricular obrigatória nas instituições de ensino. Apesar dos esforços empreendidos pelo poder público, por docentes e pela sociedade civil organizada, o cumprimento da Lei ainda não teve sua consolidação em termos de efetividade na prática pedagógica e nas políticas públicas no Brasil.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA

A pesquisa Campo foi realizada na turma A8/PN-3, acadêmicos do oitavo período do curso de Pedagogia da Faculdade Padrão. A turma é composta por 45 acadêmicos, uma grande parte já atua em escolas como regentes de sala de aula.

Enquanto raça ou cor como vc se considera? 5% 0%

10% Negro Pardo

85%

Branco Amarelo

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Observa-se por meio do gráfico que 85% dos acadêmicos que participaram da pesquisa se declaram enquanto raça na cor parda, ou seja, possuem afro-descendência. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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O Censo Demográfico de 2000 do IBGE indica que o estado de Goiás possui uma população de 5.004.197 habitantes. Em termos de cor/raça a população goiana se divide em: 50,72% classificados como brancos; 48,01% de negros (4,53% de pretos e 43,48% de pardos); 0,25% classificados como amarelos e 0,29% como indígenas (LOPES e BRAGA, 2007). A bibliografia de uma certa maneira corrobora com os dados do IBGE. Segundo o Censo Estudantil realizado pela UEG, antes da implementação do sistema de reserva de vagas, a Instituição possuía indicadores estatísticos diferentes no que se refere ao pertencimento racial dos alunos e alunas. Esses se definiam, em termos raciais, da seguinte maneira: 55% brancos; 15,76% negros; 13,10% amarelos e 2,10% indígenas (Lopes e Braga, 2007). Quando questionadas sobre o sistema de cotas para as universidades os dados apontam:

Você sabe que hoje há cotas nas universidades do Brasil para atender as minorias etnicas? 18%

0% Sim

5%

Nã0 77%

Mais ou menos Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Observa-se no gráfico acima que a maioria das acadêmicas que participaram da pesquisa conhece o sistema de cotas. O sistema de cotas é apenas uma das modalidades de políticas de ações afirmativas racialmente orientadas existentes no Brasil. Na Universidade Estadual de Goiás (UEG), a legislação prevê a necessidade de implementação de políticas de ações afirmativas para a permanência desses alunos cotistas para que o programa obtenha eficiência na inclusão de alunos negros e negras, oriundos de escola pública, indígenas e portadores de necessidades especiais (LOPES e BRAGA, 2007).

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258

Você entende o sistema de cotas? 0% 33%

39%

Sim Nã0 Mais ou menos

28%

Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Observa-se neste gráfico que apesar do sistema de cotas ser conhecido por grande parte das acadêmicas, muitas não entendem o funcionamento do sistema de cotas. A lei estadual que define a reserva de vagas para ingresso na UEG institui metas de inclusão, atingindo sua plenitude em 2007 com 45% das vagas para o ingresso na Instituição destinadas a esse programa distribuídas da seguinte forma: 20% para negros, 20% para alunos egressos do sistema público de ensino e 5% para alunos indígenas e portadores de necessidades especiais (LOPES e BRAGA, 2007). Quando questionadas sobre: “Você utiliza ou conhece alguém que utiliza o sistema de cotas”? As respostas apresentadas foram a maioria negativa. Apesar de conhecer o sistema de cotas, não conhecem alguém que se utiliza do mesmo. Dessa forma pode-se apontar ainda para um pequeno número de estudantes beneficiados. Segundo Lopes e Braga (2007), o número total de alunos classificados pelo sistema de cotas na UEG foi de 1.099, nas três modalidades de reserva de vagas, sendo 57,42% de mulheres e 41,77% de homens.

Você utiliza ou conhece alguém que utiliza o sistema de cotas 8% 0% 18%

Sim Nã0

74%

Mais ou menos Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

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259

O gráfico a seguir mostra que a grande parte das acadêmicas que participa da pesquisa se socializara com colegas negras.

Durante o seu curso de pedagogia você se relacionou com colegas negros (as)? 5%

8% Sim

2%

Nã0 85%

Mais ou menos Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Algo mudou em sua vida ou de alguém que você conhece, mediante o sistema de cotas 10% 10%

28%

Sim Nã0

52%

Mais ou menos Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

O gráfico acima mostra que mesmo o sistema de cotas sendo um dos fatores para ingressar na universidade 52% dos acadêmicos alega que o sistema de cotas não mudou suas vidas. Entre os alunos também se percebeu variações dos significados atribuídos à presença da população negra no ensino superior. Alguns alunos apresentam os mesmos elementos indicados pelos professores e professoras para não conferir um significado especial à presença da população negra no ensino superior. Um aluno reconhece que esse é um elemento importante por acreditar que isso é uma prova que a educação pública esta melhorando (LOPES e BRAGA, 2007).

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260

Você se sentiria constrangido por utilizar o sistema de cotas? 8%

8% 23%

Sim Nã0 Mais ou menos

61%

Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Observa-se que por meio do gráfico acima que grande parte das acadêmicas um total de 61% não se sentiriam constrangidas por utilizar o sistema de cotas. Os pardos e pretos do IBGE são negros, e a identidade negra é construída como um instrumento de mobilização política, numa tentativa de superação do atual status quo que envolve práticas discriminatórias responsáveis pela exclusão, marginalização e pelo empobrecimento dos negros brasileiros (SILVA e GOMES, 2006).

Você recomenda a utilização do sistema de cotas? 2%

3% Sim

36% 59%

Nã0 Mais ou menos Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

O gráfico acima mostra que 59% das acadêmicas recomendam a utilização do sistema de cotas e uma grande quantidade de acadêmicas que totalizam 36% da pesquisa por algum motivo não recomendam a utilização do sistema de cotas. A presença da população negra na universidade é um dos primeiros movimentos necessários à reformulação da leitura semântica da cor da pele e a dissociação da pessoa negra a uma posição subalterna na sociedade. Esse processo de reelaboração

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261

dos atributos sociais infligidos à população negra é indicado por um aluno negro cotista como um dos principais ganhos da política de cotas (SILVA e GOMES, 2006).

Você conhece a lei 10.639/2003? 3% 18%

18%

Sim Nã0 Mais ou menos

61%

Quer ignorar

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

Observa-se no gráfico acima que a lei 10.639/2003 é desconhecida por grande parte das acadêmicas que participam da pesquisa totalizando 61%, apenas 18% das acadêmicas conhecem a lei e outras 18% conhecem mais ou menos, ou seja, já ouviram falar dessa lei mais não procuraram conhecer. A lei 10.639/2003 encaminha para o principio que parte do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, evitando-se distorções, envolvera articulação entre passado, presente e futuro no âmbito de experiências, construções e pensamentos produzidos em diferentes circunstancias e realidades do povo negro. É meio privilegiado para a educação das relações étnico-raciais e tem por objetivos o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, garantia de seus direitos de cidadãos, reconhecimento e igual valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas.

Você já sofreu ou presenciou um ato de preconceito racial? 8%

0% Sim

38%

54%

Nã0 Mais ou menos Quer ignorar

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262

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Padrão-2015/01

O gráfico acima mostra que apesar de todas as leis contra o racismo, nos dias de hoje ainda existe atos de preconceito, sendo que 54% das acadêmicas participantes da pesquisa já presenciaram ou sofreram algum ato de preconceito racial. O racismo institucional funciona a partir da identificação de atributos diferencialistas da população, permitindo a constituição de subgrupos alvos de comportamentos discriminatórios e que visa tolher-lhes as possibilidades de ascender às posições de poder e autoridade. No caso em questão, esse subgrupo é a população negra que, por meio de um processo histórico fundado no colonialismo e no escravismo, foi, e continua sendo, sistematicamente obstruída em sua trajetória de ascensão social (LOPES e BRAGA, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este trabalho ficamos com uma reflexão sobre as dificuldades e a evolução que a educação no Brasil enfrenta desde que iniciou em 1549 com a chegada dos Jesuítas e de como os negros foram incluídos dentre deste espaço educacional. A chegada dos negros ao Brasil foi marcada por muita violência a este povo, pois os mesmos foram capturados e vendidos para o trabalho escravo, esse processo de escravidão durou até 1888 quando a princesa Isabel assinou à Lei Aurea dando fim a escravidão. Antes da lei Aurea vieram outras tentativas de pôr fim a escravidão com a lei do Ventre Livre aprovada em 1871, que tornava os filhos dos escravos que nascessem após a aprovação da lei Livres, logo após veio a lei dos Sexagenários aprovada em 1885 que dava o direito de ser livre aos escravos com mais de 60 anos, lei essa que favorecia mais aos donos dos escravos, pois, muitos negros não viviam até os 60 anos, os que chegavam a esta idade não tinham como se manter pois não tinham renda. Após o fim da escravidão os negros foram inseridos na sociedade e vem conquistando seu espaço assim como os brancos, dentro do sistema educacional não é diferente, várias leis foram implantadas para garantir que as pessoas de pele negra tenham o mesmo direito que as de pele branca. Muitos negros abandonam a escola e não concluem o ensino médio, o que dificulta ainda mais sua entrada ao ensino superior. No ano 2000 visando uma maior inclusão de negros no ensino superior, foi implantado nas universidades do Brasil o sistema de cotas, podendo assim aumentar o número de negros na universidade. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Em 09 Janeiro de 2003 foi a aprovada a lei 10.639/2003, lei esta que torna obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, esta lei vem para mudar a visão étnico racial dentro da escola, dando assim uma merecida importância na cultura africana. Por meio da pesquisa campo realizada, percebemos que a lei 10.639/2003 ainda não é conhecida como deveria, através dessa lei todos nós percebemos que para aplicar um conteúdo sobre cultura étnico racial devemos conhecer um pouco dessa história, para saber lidar sobre a questão étnico racial. O conteúdo sobre a cultura Africana tem que ser trabalhado dentro dos valores de um povo negro que se inseriu na sociedade e na luta de pela igualdade racial e valores que foram esquecidos.

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LOPES, Maria Auxiliadora e BRAGA, Lucia de Santana. Acesso e Permanência da População Negra no Ensino Superior. Brasília, DF: Unesco, 2007

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ASPECTOS DOS BESTIÁRIOS NO CARNAVADOS ANIMAIS DE MOACYR SCLIAR

Makes Paulo Marques75 Dr. Eduardo Vieira Gervásio76 Flávia Cristina de Sousa77

RESUMO: Este artigo tem por escopo resgatar os conhecimentos acerca dos Bestiários Medievais e será subdividido em duas seções: A primeira seção tem por alicerce as obras de Maurice Van Woensel “Simbolismo Animal Medieval: Os Bestiários” e do Dr. Pedro Carlos Lousada Fonseca, “Bestiário e Discurso do Gênero no Descobrimento da América e na Colonização do Brasil”, buscando explanar acerca do que são os bestiários, quais seus aspectos gerais, em quais países se desenvolveram, quais suas origens históricas, quais são seus principais expoentes e sua influência na construção de obras literárias clássicas e contemporâneas. A segunda seção toma por base a análise da obra “Carnaval dos Animais” de Moacyr Scliar e o movimento inspirador engajado no Realismo Fantástico que foi disseminado através dos contos da obra, que conseguiu extrair a essência animalesca do animal/fantasia/mito de forma explicita e implícita nos cinco primeiros contos, sendo eles: “Os Leões”, “As Ursas”, “A Vaca”, “Cão” e “Coelhos”; apresentando para cada um deles o seu referencial dentro dos bestiários, e ainda, perfazendo este caminho com o auxílio do Mestre Dário Taciano de Freitas Júnior e sua tese “O Simbolismo animal medieval: Um safári literário em Moacyr Scliar e Manoel de Barros”, traçando sempre um paralelo entre “a moral” de Scliar e “a moral cristã” contida nos bestiários medievais. Palavras-Chave: Bestiários. Realismo Fantástico. Medieval. Moral cristã.

ABSTRACT: This work aims to discover what is known about the Medieval Bestiaries and will be divided into two sections: The first section is a brief explanation about the general aspects of the bestiaries, such as what are the Bestiaries; including its historical origins; in which they most developed countries, including the major known bestiary and its influence on other literary works in both classical and contemporary works. Based on the work of Maurice Van Woensel, Medieval Animal Symbolism: The

75

Graduado e Licenciado em Letras Português/ Inglês pela Faculdade Padrão. Professor Dr. Eduardo Vieira Gervásio, orientador do Trabalho de Conclusão de Curso. 77 Professora Esp. Flávia Cristina de Sousa, co-orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso. 76

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Bestiaries and also the studies of Dr. Pedro Lousada Carlos Fonseca, presented the work Bestiary Speech and Gender in the Discovery of America and the colonization of Brazil. The second section, and consists of an analysis of the work Carnival of the Animals Moacyr Scliar and the movement of which this work is part of the Fantastic Realism where animals that are explicitly and implicitly of the first five stories of the Carnival will be extracted animals, which are: “Lions”, “The female bears”, “Cow”, “Dog” and “Rabbit”; presenting to each their referential within the bestiary, its most striking features, his perspective inside the Fantastic Realism, with the aid of the Master Tatian Dario de Freitas Junior and his thesis Medieval Animal Symbolism: A Literary Safari in Moacyr Sscliar and Manoel de Barros, always drawing a parallel between "moral" and Sscliar of "Christian morality" contained in medieval bestiaries. Keyword: Bestiaries Medieval. Carnival of the Animals. Moacyr Scliar. Fantastic Realism.

INTRODUÇÃO

Na Era Medieval, também conhecida como a Idade das Trevas, entre os séculos V e XV, o livro mais disseminado entre os povos é, sem dúvida alguma, a Bíblia Sagrada, que nada mais é do que um apanhado de vários textos que juntos formam o livro histórico mais importante acerca do cristianismo. Na opinião de Maurice Von Woensel, o segundo livro mais reproduzido no mesmo período, refere-se aos Bestiários, que nada mais são que “um tratado catequético, mas pretensamente científico, que descreve uma série de animais e destaca o simbolismo, natural e sobrenatural, de cada um” (WOENSEL, 2001, p. 15). Um Bestiário era literalmente descrito grosso modo como o “Livro das Bestas”, ou “Livro das Feras”, e, em última instância, como o “Livro dos Animais”. Muito embora o trabalho de catalogar as espécies animais seja deverás antigo, o mero ato de catalogar não abrange a natureza específica que determina um bestiário, nem tão somente o critério científico, como o utilizado pelo nobre pesquisador Charles Robert Darwin, em sua obra sui generis “A Origem das Espécies”. Os Bestiários possuem uma peculiaridade, um complemento único que os torna especiais, que retira o status de mero “livro de animais” e os qualifica como bestiários quais seja. Para cada espécie catalogada no Bestiário fora inserido, além da descrição de seu fenótipo e de seus hábitos cotidianos, um ensinamento que transmitisse uma moral cristã, de forma que através da existência daquele ser, sejam expostas falhas e/ou virtudes humanas, imbuídas de qualidades e valores religiosos, constantes nas orientações catequistas em conformidade com os preceitos do Livro de Jó, capítulo 12, versículos 7 a 10, que prescrevem: Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Pergunta, pois, ao gado e ensinar-te-á, às aves do céu e informar-te-ão. Os répteis da terra dar-te-ão lições, os peixes do mar te hão de narrar quem não haveria de reconhecer que tudo isso é obra da mão de Deus? Em sua mão está a alma de todo ser vivo e o espírito de todo homem carnal... (Jó: 12:7 a 10).

Afirma-se que os Bestiários e os próprios animais nele descritos sejam muito mais que meros exemplos de virtudes e condutas cristãs a serem seguidas, poderiam ser um complemento à Bíblia Sagrada, uma espécie de bíblia viva, mutável, renovada a cada dia através dessas criaturas fantásticas, criadas por Deus, cujos exemplos poderiam inspirar os homens a seguirem a moral cristã bíblica. Assim sendo, os bestiários tinham a importante função de auxiliar as escrituras no desenvolvimento da fé cristã, através de alegorias e simbolismos, trazendo exemplos da natureza para o cotidiano das pessoas humildes, simplificando as escrituras e tornando acessíveis os ensinamentos antes complexos aos entendimentos dos mais simplórios. Humberto Eco, em O nome da rosa, diz: “Para cada virtude e para cada pecado há um exemplo tirado dos bestiários, e os animais tornam-se figuras do mundo humano” (ECO, 1986, p. 100). O que mostra que era usual adotar os ensinamentos dos bestiários no uso cotidiano. Para a realização deste trabalho, foi utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica, trazendo o texto de Scliar e autores renomados que apresentam determinantes abordagens sobre os bestiários.

1 OS BESTIÁRIOS

Pode-se considerar que o livro que deu origem aos bestiários, ou o “Pai dos bestiários” seja o História Animalium [História dos Animais], atribuído a Aristóteles. Maurice Van Woensel, em seu Simbolismo Animal Medieval – Os Bestiários, afirma:

Assim, há quase 25 séculos, em sua História Animalium [História dos Animais], Aristóteles, partindo de uma minuciosa observação, descreveu sistematicamente o reino animal, distribuindo-o em categorias e subcategorias e apontando o que estas têm em comum, do ponto de visto biológico ou de comportamento. Tendo em vista os recursos de pesquisa e documentação dos quais dispunha, a exatidão e precisão de muitas de suas descrições nos surpreendem: o Estagir cita as características, os hábitos, a

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alimentação e a reprodução de quase quinhentos animais (WOENSEL, 2001, p. 21).

Assim compreende-se que o História Animalium é datado do século V a. C. e tem sua origem greco-latina, fazendo parte da cultura do povo antigo esses estudos sobre animais.

Mas na Antiguidade grega e latina já circulavam tratado “científico” de história natural sobre animas tanto reais como fantasiosos, atribuindo-lhes qualidades em muitos casos inverossímeis aos nossos olhos, mas tidas por autênticas na época. Eram citações de outros autores ou elementos provenientes das crenças populares, transmitidos pela tradição ao longo dos séculos (WOENSEL, 2001, p 21).

O História Animaliun possuía a função precípua de ser um tratado científico, porém, é preciso conceber o imaginário coletivo supersticioso do séc. V, período em que Aristóteles procedeu a sua investigação “científica” para elaboração do livro. Assim sendo, seus estudos foram abundantes em referenciar mitos, lendas, senso comum, mitologia, observações místicas e empirismo: “O maior cientista da Antiguidade… acatou certas crenças populares que atribuíam qualidades mirabolantes a alguns animais e estes dados – magister dixit78 – foram incluídos nos bestiários”. (WOENSEL, 2001, p. 21). As observações nem sempre eram feitas de forma precisa, tomemos como exemplo a seguinte explicação: uma ursa (ou raposa) que acaba de parir tornase naturalmente agressiva (considerando que a natureza desses animais, por si só, já é deveras agressiva), pois o instinto natural de defender suas crias faz com que se tornem animais ainda mais ferozes nesta situação. Do ventre da ursa (ou raposa) nasce não um animal belo, mas sim uma bola disforme de carne (trata-se do filhote envolto na placenta), ao qual a ursa (ou raposa) começa a lamber de forma contínua e cuidadosa, até que aos poucos o que era um pedaço feio e grotesco de carne começa a tomar forma, com braços, pernas, tronco e cabeça definidos. Temos que a narrativa supra partida da observação da ursa (ou raposa), que somente poderia presenciar tal evento a uma distância segura, que resulta na seguinte constatação: “A raposa fêmea dá cria assim como faz a ursa; de fato, seus filhotes têm a forma menos articulada ainda. /.../ Depois do parto, ela aquece os filhotes e os modela lambendoos” (WOENSEL, 2001, p. 21).

78 Magister dixit (O mestre o disse) é uma expressão latina que pode ser utilizada quando se procura construir um argumento referindo-se a uma autoridade tida como inquestionável. Desta forma o Autor compilador do bestiário está reproduzindo o estudo de Aristóteles, tido como autoridade no assunto.

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Destaca-se então, quão frágil eram as primeiras tentativas de catalogar as criaturas nomeadas por Adão, e quantas falhas haviam em suas descrições. Temse que nos primeiros tratados sobre a vida animal também eram incluídas informações acerca de plantas e pedras preciosas, algumas das quais de natureza fictícia. Tais informações foram de importantíssimas para o surgimento dos primeiros Herbários e Lapidários. Percebe-se no mesmo período o surgimento das Fábulas de Esopo, que nada mais eram que uma coletânea de fábulas com personagens animais que destacavam em seu contexto o conteúdo moral, seja no início ou final da obra. Quanto a isso Woensel destaca:

Não se deve confundir os bestiários com as fábulas em versos ou prosa que remontam aos poetas clássicos Esopo, em grego, e Fredo, em latim. Via de regra, elas apresentam como protagonistas animais dotados de fala, raciocínio e comportamento de todo humanos; infalivelmente, cada história contém, no início ou no fim, uma lição de conduta humana, às vezes a ilustração de um provérbio ou um dito da ‘sabedoria das nações’. Mas cada fábula contém uma íntegra, um encontro de dois ou mais animais, qualquer incidente que leva a uma lição. Nos bestiários, pelo contrário, não acontece nada, e a lição é deduzida a partir da descrição “científica” da natureza de um animal. Porém, os bestiários e as fábulas têm em comum o caráter didático e certo antropomorfismo básico: nos dois gêneros, vários animais tais como o lobo, o leão, a raposa tem uma personalidade semelhante (WOENSEL, 2001, p. 17).

De Roma, mais precisamente em Alexandria vieram as principais fontes sobre os livros latinos que tratavam de animais. Um dos principais autores é Plínio, “o Velho” (23 – 79 d. C.):

“A principal fonte clássica de informações sobre os animais para os autores medievais foi o romano Plínio o Velho (23-79 d. C.)” sobre ele é digo que; “Plínio deixou uma obra monumental: sua Historia Naturalis [História natural], a primeira enciclopédia digna do nome, composta de 37 livros, quatro dos quais dedicados aos animais: o livro VIII aos mamíferos e répteis, o livro IX aos peixes e outros animais marinhos. O livro X aos pássaros e o livro XI aos insetos" (WOENSEL, 2001, p. 21).

Assim como Aristóteles, permaneceram nos escritos de Plínio animais de origem mitológica: “e seu elenco de animais inclui vários pertencentes à mitologia e a lendas; bom número das qualidades por ele atribuídas aos animais foram retomadas nas versões latinas de Physiologus.” (WOENSEL, 2001, p. 22). Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Com a ascensão do cristianismo, do status de seita para a posição de religião oficial do Império Romano, ocorre um gradual processo de miscigenação e sincretismo religioso79 entre o cristianismo e as demais práticas e doutrinas religiosas do período, neste terreno fértil de ideias e conceitos, surgem os futuros dogmas religiosos, culturais e literários aceitos pela Santa Sé. Dos poucos livros hereges aceitos pela nova ordem, tem-se o História Animaliun, porém, a aceitação da literatura herege como “socialmente aceitável” não foi tão simples, os pré-bestiários deveriam também passar pelas águas do batismo cristão, e alguns dos responsáveis por esse processo foram renomados teólogos tais como Clemente e Orígenes, ambos de Alexandria:

Tudo indica que é um produto dos círculos cristãos de Alexandria, cidade que nos primeiros séculos d. C. era um importante centro de estudos e de cultura. Naquela cidade viviam teólogos tais como Clemente de Alexandria e Orígenes, que aplicavam às Escrituras uma exegese alegórica. Na visão deles, a natureza e os animais eram criados por Deus a fim de revelar o poder e a sabedoria divinas: é exatamente essa a mentalidade com que o Physiologus foi escrito (WOENSEL, 2001, p. 23).

Porém, dentre todos os autores de bestiários, o principal responsável pelo elemento cristão dos bestiários são os escritos dos padres que foram reunidos pelo Bispo espanhol Isidoro de Servilha: “Mas o principal intercâmbio entre os autores dos bestiários e os escritos dos Santos Padres da Igreja ficou por conta do Bispo espanhol Santo Isidoro de Sevilha (+ 636)” (WOENSEL, 2001, p. 22). A Santo Isidoro é atribuído o mérito por ter coletado os ensinamentos morais referentes a cada animal, relacionando então a parte da moral cristã aos bestiários, procurando sempre um significado a partir da raiz etimológica do nome do animal:

Tal postura epistemológica encontrava respaldo no entendimento do processo adâmico da nomeação dos animais criados por Deus, segundo o qual o nosso primeiro pai havia recebido o dom de dar-lhes os seus devidos nomes porque, por inspiração e vontade divinas, fora dotado da capacidade de entendê-los na sua natureza e propriedades essenciais (FONSECA, 2011, p. 34).

79 Sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro. Isto ocorreu, por exemplo, quando o cristianismo absorveu e adaptou conceitos das religiões pagãs da Europa, moldando-os de acordo com os interesses da Igreja.

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A partir deste momento o História Animaliun e os livros derivados dele, passaram a conter a parte essencial para um bestiário: A moral Cristã. O processo de transformação do História Animaliun [História dos animais], o Historia Naturalis [História Natural] e o Physiologus [O naturalista] e outros igualmente importantes em bestiários, foi um processo gradual, e o próprio termo só surgiu no século XII. A iluminura80 a seguir, retrata essa postura de Santo Isidoro, quanto a creditar a Adão o nomear dos animais e por isso identificar na origem do nome do animal a inspiração divina cabida este ser.

O próprio termo “bestiário” apareceu somente no século XII, para designar a referida veia literária e devocional que, desde há séculos, já era popular e circulava sob a denominação de Physiologus [O naturalista]. Originalmente era um tratado de história natural que descrevia uma série de animais; posteriormente o próprio autor-compilador ou outro autor anexou a cada descrição uma lição edificante cristã (WOENSEL, 2001, p. 21).

Destaca-se que não foi somente o termo que foi alterado a partir do século XII. De fato, os Herbários e Lapidários foram retirados dos antigos tratados, e as novas versões, agora denominadas propriamente como “Bestiários”, tinham em seu conteúdo as características morais cristãs pertencentes a cada animal:

As seções dedicadas a plantas e gemas contidas no Physiologus primitivo foram sendo separadas do corpus do livro e deram origem aos herbários e lapidários, também de cunho moralizador, veios literários semelhantes aos dos bestiários. Também essas tradições a respeito do simbolismo das plantas e das pedras preciosas sobrevieram por vários séculos (WOENSEL, 2001, p. 24).

É importante salientar que neste período o imaginário medieval era repleto de misticismo e superstições, assim sendo: “Os bestiários são um fiel reflexo do imaginário da época e um produto típico do universo cultural medieval dominado pelos clérigos” (WOENSEL, 2001, p. 15). Tem-se que, o que não se compreendia com a razão, era mantido pela tradição supersticiosa, muitas das vezes alicerçada pela própria bíblia, motivo pelo qual, alguns seres fictícios continuaram fazendo parte da coletânea. Assim, “os bestiários medievais registram ao todo mais de cem animais entre quadrúpedes, voantes, aquáticos, terrestres e outros” (WOENSEL, 2001, p. 15).

80 Iluminura ou miniatura é um tipo de pintura decorativa, frequentemente aplicado às letras capitulares no início dos capítulos dos pergaminhos medievais.

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E assim surgiram os bestiários, ensinamentos catequéticos que tinham a pretensão de serem chamados de científicos, contendo a descrição de animais reais de nossa fauna, com características marcantes, muitas das quais fantasiosas, e é claro, também repleto de animais fantásticos e maravilhosos, frutos do imaginário coletivo medieval. Citando Aura Beckhöhfer-Fialho, Fonseca nos esclarece acerca da mentalidade medievalista, onde o medo da condenação eterna pregado pela Igreja suprimia a racionalidade. “Misturando fato e ficção com um punhado de moralização, os bestiários tornaram-se encarnações da mente medieval, que tão preocupada com a salvação, mal podia ver além do seu horizonte sem vê-lo através de lentes tingidas de Deus” (BECKHÖFER-FIALHO, 2004 apud FONSECA, 2011, p. 34). Essa moral cristã, tão destacada nos bestiários se justificava ao transmitir uma razão para a existência tanto dos animais quanto dos próprios bestiários, dentro do propósito de Deus para o aprendizado de seus fiéis e reforçando o porquê de um livro que não foi escrito pelos profetas ou os apóstolos, ou mesmo para compor a bíblia, ter sido tão difundido por toda a idade média. “Os Bestiários, assim como toda a literatura medieval, tomaram emprestados da Bíblia elementos de seus modelos formais, da temática, do estilo e outros” (WOENSEL, 2001, p. 22). Os bestiários exerceram e exercem enorme influência em praticamente todos os campos das artes, sendo notoriamente identificáveis na literatura. Como exemplo, podemos destacar William Shakespeare, em Sonho de uma noite de verão81, e ainda, nos clássicos Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá de Lewis Carroll82, As Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis83. Na literatura brasileira temos, entre os autores que seguem a mesma linha, Monteiro Lobato84, Vinícius de Moraes com sua Arca de Noé, Machado de Assis85 entre outros. Na música, o exemplo mais marcante esta na Ópera Carmina Burana, cancioneiro com muitas referências a animais dos bestiários. Na arquitetura pode-se

81 Em Sonho de uma Noite de Verão estão presentes elfos (Rei Oberon e sua corte), a Fada Flor-de-ervilha, Centauros, musas e outros personagens oriundos da mitologia grega.

82 Aslan o leão, Ripchip o rato, o cavalo Bri, o unicórnio Precioso e o Sr. Tumnus o fauno são alguns dos exemplos de animais reais e mitológicos de Nárnia.

83 Na obra de Carroll encontram-se presentes diversos animais, dentre eles: o Coelho Branco, o Gato de Chershire, o Dodô, o Grifo, a Lebre de Março e outros. 84 Em Monteiro Lobato, aparecem diversos animais normais como o leitão Rabicó e o Dr. Caramujo, já os seres mitológicos são substituídos por seres popular do folclore brasileiro, tais como: Iara a Mãe D'água, Saci Pererê a Cuca.

85 Machado de Assis, fala dos animais de forma subjetiva em breves passagens soltas por sua obra, tais como: a Borboleta Azul de Memorias póstumas de Brás Cubas, da greve dos açougueiros; ele critica as touradas e o uso de animais no trabalho e um diálogo entre um ornitólogo e um pássaro preso na gaiola no conto "Ideias de Canário" (1895).

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ver a presença dos bestiários na forma de gárgulas e outras bestas compondo o cenário de grandes catedrais medievais onde Woensel diz:

Mas é nas catedrais medievais que eles aparecem digamos, “ao vivo”: do alto de seus capitéis e das famosas gargouilles – as gárgulas de Notre Dame de Paris, por exemplo – dragões e monstros com suas grimaças enigmáticas petrificadas não cessam de olhar o desfile de romeiros devotos e turistas céticos, geração após geração, desde o século XII (WOENSEL, 2001, p. 20).

Apesar da influência do cristianismo nos bestiários “não se pode dizer que o conteúdo do bestiário medieval tenha sido uma criação exclusivamente cristã”, segundo Fonseca, ele “foi, antes, uma espécie de acomodação escolástica de um compósito conhecimento herdado da cultura da antiguidade, não só clássica como também popular”. E no que tange as suas origens, ele afirma que “o bestiário contém material e sugestões provindos das mais antigas mitologias e da tradição oral de épocas remotas. Entre suas fontes encontram-se o Egito, a Grécia e Roma”. (FONSECA, 2011, p. 35)

ASPECTOS DOS BESTIÁRIOS EM O CARNAVAL DOS ANIMAIS

Moacyr Scliar (1937 a 2011) participou do movimento literário Latino Americano conhecido como o “Realismo Fantástico”, marcado por expor na realidade fatos cotidianos e/ou históricos acrescidos de elementos fantásticos ou maravilhosos. Para a realização deste “fantástico” ou “miraculoso,” o autor utilizava-se de todos os elementos que compõe a narrativa, podendo distorcer a seu bel prazer o tempo, o espaço, o personagem e até mesmo o enredo. A inserção de fatos chocantes tais como a autofagia (devorar a si mesmo), assassinato e canibalismo, entre diversos outros elementos, que dentro do conto, eram surpreendentemente encarados de forma natural pelas personagens, trazendo então denúncias sociais a essas narrativas improváveis. Em “O Carnaval dos Animais”, Scliar insere em suas narrativas animais, carregados de simbolismo normalmente presentes em bestiários, sendo eles na ordem: o leão, a ursa, o coelho, a vaca e o cão. De acordo com Pedro Carlos Fonseca Lousada, orientador de mestrado da Universidade Federal de Goiás e um dos maiores teóricos sobre o tema no cenário nacional, em seu livro Bestiário e Discurso do Gênero no Descobrimento da América e na Colonização do Brasil diz que “os animais propriamente chamados bestas são aqueles que, a exemplo do leão, do lobo, da raposa, do cão e do macaco, atacam e defendem-se com unhas e dentes. Sobre Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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esses animais” (FONSECA, 2011, p. 31). Dentro deste contexto, o coelho não se enquadraria no bestiário por ser considerado dócil, e também, não se enquadraria a vaca por ser domesticada e dócil, entretanto, essa lógica é quebrada por Scliar que transforma até o menor e mais inofensivo animal em uma eficiente máquina de matar. Assim, para cada animal apresentado em Carnaval dos Animais, será apresentado o simbolismo e seu referencial bestiário. A partir de então, será retirado uma analise dos animais contidos nos cinco contos da obra de Scliar mediante a perspectiva do realismo fantástico. O Carnaval dos Animais inicia sua sequência de contos com “Os leões”, narrativa em que milhares de leões faziam tremer o solo da África, sendo portanto tidos como um iminente perigo, já que poderiam invadir a Europa e os Estados Unidos. Assim sendo, foi decidido exterminá-los com uma bomba atômica de média potência. Apareceram então leões radioativos que escaparam, mas foram vítimas dos zulus e das gazelas envenenadas. Os que resistiram foram mortos por caçadores. Restou um último exemplar, uma fêmea, que foi esquartejada, tendo no útero um feto viável. Houve a tentativa de preservá-lo, tendo sido, mais tarde, levado para o zoológico de Londres, porém acaba sendo morto por um fanático. Amplas camadas da população saudaram a morte do leãozinho: “Eles estão mortos, agora seremos felizes!”. No dia seguinte começou a guerra da Coreia (SCLIAR, 2004, p. 22). O leão não é apenas o primeiro animal a ser referenciado em O Carnaval dos Animais, mas também é o primeiro animal apresentado nos bestiários e o primeiro capítulo normalmente é dedicado a ele. Richard Barber diz: “Qual animal se atreve a resisti-lo cuja voz é em si mesma terror por natureza, de tal forma que muitos animais que poderiam dele escapar em virtude de sua velocidade ficam tão aterrorizados através de seu rugir que eles já são vencidos?” (BARBER, 1993, apud FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 64). Uma das versões dos bestiários. Atrás a descrição do leão em forma de versos, chamados de versos leoninos, os quais são utilizados até os dias de hoje. Um dos animais mais citados na bíblia como símbolo de majestade e alegoria a Cristo, o leão também é associado à crueldade. Dário Tassiano, a respeito deste animal, diz:

Como é possível notar, fundamentalmente, o leão é símbolo de poder e força. Todavia, como toda figura simbólica, é também dual: primeiramente, porque é um animal devorador, isto é, inimigo do ser humano, comedor de homens e símbolo do mal, adversário que deve vencer o herói, como ocorre em Hércules ou Sansão. Entretanto, é também signo de poder, de majestade, rei do mundo animal e por tudo isso assimilado a leituras positivas, modelo a ser imitado pelo homem, animal respeitado, temido e admirado (FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 64).

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Essa mesma dualidade do leão, foi captada pela cantora gospel Ana Paula Valadão que inicia sua música “A Vitória da Cruz”, versando: “como um leão que ruge o diabo quer nos devorar”, (dando ao leão um aspecto negativo) e ao final da mesma letra ela retoma novamente a figura do leão dizendo: “Quando as portas (do inferno) se abriram e ao cordeiro vivo / E como um leão Jesus rugiu” (dando ao leão um aspecto positivo). Woensel resgata suas principais características nos bestiários:

Mencionado na bíblia mais de quarenta vezes enquanto símbolo de força, coragem e de majestade – e, às vezes, de crueldade -, o leão personificava Judá, um dos doze filhos de Israel e a tribo de seus descendentes. Incontestado rei dos animais, o leão tornou-se o animal heráldico por excelência dos cavaleiros, dinastias e reinos ocidentais até hoje em dia. Nos bestiários, geralmente o primeiro capítulo trata do leão. Atribuem-lhe uma maior variedade de qualidades do que a qualquer outro animal. As principais: ele vive em lugares altos; quando perseguido por um caçador apaga com a cauda seus rastros; dorme de olhos abertos e quando nascem seus filhotes estes ficam inertes até que, no terceiro dia, o pai leão, rugindo com força, desperta o filhote para a vida. O leão tem medo de um galo branco; prefere homens a mulheres enquanto caça; poupa um homem prostrado e faz mostra de grande magnanimidade para com os outros animais; zanga-se somente quando ferido. Caso adoeça, fica curado comendo carne de macaco. Pode morrer de mordida de serpente ou de picada de escorpião (WOENSEL, 2001, p. 207).

Dentro das descrições presentes nos bestiários as referências simbólicas à bíblia são: “quando nascem seus filhotes estes ficam inertes até que, no terceiro dia, o pai leão, rugindo com força, desperta o filhote para a vida”, que é uma clara alusão à ressurreição de Cristo; “tem medo de um galo branco", relembrando a passagem onde Cristo é negado por seu discípulo Pedro; “poupa um homem prostrado”, relembrando o episódio do profeta Daniel na cova com os Leões, e ainda, “pode morrer da mordida de serpente ou de picada de escorpião”, que faz referência à primeira profecia da bíblia onde Cristo, como o supra descendente de Adão ou novo Adão, seria ferido no calcanhar pelo descendente da serpente do Edem. A imagem que segue expressa justamente esse pensamento onde o leão levaria o folego de vida ao filhote que nasce morto. A melhor interpretação para os leões está na chamada bíblica para os mesmos, onde cristo é colocado como o leão da tribo de Judá. Logo o animal símbolo máximo de Judá, do Judaísmo e dos próprios judeus, é o leão. Assim inicia-se o conto de Scliar: “Hoje não, mas há anos os leões foram perigo. Milhares, milhões deles corriam pela África, fazendo estremecer a selva com seus rugidos” (SCLIAR, 2004, p. 21), desta forma Scliar reconta a história de milhões de Israelitas que atravessaram o deserto, e ao chegarem à cidade de Jericó, a circularam por sete vezes, e com seus Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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gritos e barulhos a fizeram estremecer. Mário Luiz Frungillo tece comentários sobre a obra de Moacyr Scliar evidenciando que:

Muitos de seus contos tratam de maneira explícita ou velada, de temas ligados à dolorosa experiência histórica do povo judeu. Temas ligados a essa experiência, como a emigração, o exílio, as perseguições, os pogroms, o holocausto, o messianismo e a busca da terra prometida preenchem muitas de suas páginas (FRUNGILLO, 2003 apud FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 62).

Por analogia quando o conto propõe a extinção de todos os leões, ele está propondo a extinção de todos os judeus e consequentemente faz uma referência a perseguição que este povo vem sofrendo há séculos, e que culminou no holocausto. Quanto a esta afirmação Dário Tassiano diz:

Assim como no Physiologus e bestiários medievais, Scliar descreve a clara simbologia judaico-cristã do leão. Afinal, além de trabalhar com a figura do leão, estabelece no contexto do conto uma íntima associação com o sofrimento do judeu e os massacres aterradores vividos por este, pois, como se sabe, esse povo foi alvo de nacionalismos fervorosos, de opressões e rejeições sociais ou de integrações, danosas para a preservação de sua identidade comunitária (FREITAS JÚNIOR, 2010, p. 67)

Assim sendo, as características de sobrevivência do Leão descrita nos bestiários, à capacidade de resistir dos leões do conto de Scliar, foram um reflexo acerca da capacidade de sobrevivência de Israel , mesmo que reduzida a uma tribo, Judá, ainda é um grande feito. Mário Frungillo destaca que, apesar da condição judaica ser uma das preocupações constantes, Scliar ampliava essa mesma problemática para outros grupos oprimidos socialmente:

Em vez de falar em judeus, o escritor prefere falar em leões, o que permitiria em princípio estender o significado da narrativa a outros grupos perseguidos. Mas mais importante que isso é o fato de que a felicidade não pode ser alcançada pela eliminação do inimigo responsabilizado por todos os males, pois no dia seguinte virá uma nova guerra, com novos males e um novo bode expiatório se fará necessário (FRUNGILLO, 2003 apud FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 67).

Uma das características marcantes atribuídas aos leões contida nos bestiários foi exportada para O Carnaval dos Animais, o autor aproveitou de sua resistência e capacidade de driblar seus inimigos, o que é também uma das Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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características mais marcantes do povo Hebreu. Vemos ao final do conto, a ironia de Scliar em dizer que após a extinção de todos os leões iniciou-se uma guerra contra a Coréia, guerra esta que historicamente se iniciou alguns anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Coincidentemente, a Coréia é um dos países que compõe o grupo dos Tigres Asiáticos (outro grande felino que pode ser referenciado com os mesmos atributos do leão). E consequentemente Scliar nos alerta para a natureza cíclica dos acontecimentos, onde a humanidade tende a repetir os mesmos erros, e os perseguidores sempre encontram novas vítimas para perseguir. O conto que segue a próxima narrativa é “As Ursas”, que inicia fazendo uma referência a uma passagem bíblica onde o profeta Elizeu, acaba de ter seu mentor Elias abduzido em uma carruagem de fogo. Ele raspa os cabelos como sinal de luto e sobe para a cidade de Betel que era considerada o centro de idolatria naqueles dias.

Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo! E, virandose ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos (2 Reis 2:23 e 24)

Scliar fez uma referência a um relato bíblico, entretanto apenas as primeiras linha do conto seguem a passagem bíblica, depois temos uma sequência de eventos fantásticos a respeito de crianças vivendo dentro da barriga de uma ursa, que assim segue: Se observa a marcha do profeta Eliseu a caminho de Betel que foi interrompida pelos gritos de alguns rapazinhos: ―Sobe, calvo! Sobe, calvo! Eliseu os amaldiçoou. Surgiram duas ursas da mata. A menor devorou doze, e a maior trinta. A digestão da ursa menor é mais ativa. Os trinta choraram e gritaram dentro do estômago da maior. Acenderam uma luz que clareou o interior da ursa, e eles viram o que restava de crânios de bebês e pernas de meninas. Passa o tempo, os rapazinhos sobrevivem. Conversavam, riam, pulavam e corriam. Cresceram, mas não muito. Ao se cansarem, traçaram planos, construíram uma cidadezinha. Escolheram o grande profeta. Surgiu outra geração, os jovens saíram muito maiores e mais fortes que os pais. Invadiram tudo e não mais respeitavam a polícia (SCLIAR, 2004, p. 23) Um dia, o grande profeta a caminho de sua mansãozinha é avistado pelos rapazes que gritam: ―Sobe, calvo! Sobe, calvo! Ele os amaldiçoou em nome do Senhor. Pouco depois, surgem duas ursas e devoram os meninos: quarenta e dois. Doze foram engolidos pela ursa menor e trinta pela maior. No estômago da ursa maior ficam chorando e lamentando até que: ― “finalmente, acenderam uma luz” (SCLIAR, 2004, p. 25). Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Uma das descrições mais antigas contidas nos bestiários, atribuída a Aristóteles e copilada por Plínio é sobre os ursos, e diz: “quando lhe nasce o filhote, esse não passa de um pedaço de carne informe e cabe à ursa-mãe lamber tanto sua cria que aos poucos toma a forma de um ursinho” (WOENSEL, 2001, p. 221). Uma expressão francesa faz alusão a essa crença dizendo “um ours mal léche” (um urso mal lambido), que segundo o dicionário Petit Robert – Dictionnaire de la langue française, designa “uma pessoa de rudes maneiras”. Scliar insere esta alusão no fantástico, ao inseri-la na narrativa acerca dos trinta jovens que foram engolidos pela ursa maior e dentro de seu estômago sobrevivem. Entretanto este fantástico deixa de ser exclusivo quando recorrido a mitologia bíblica vemos outro homem, o profeta Jonas, que sobrevive no ventre de um peixe. Porém segundo a narrativa, Jonas é com o tempo expelido de dentro do animal e cumpre seu destino como profeta. Já aos jovens não é dado essa oportunidade, e eles então passam a viver dentro da ursa. E, com o passar do tempo eles mudam, abandonando sua forma humana normal e adquirem aspectos míticos: ficam menores do tamanho de anões, brações, as pernas encolhem e os olhos crescem se adaptando a visão noturna, e muito além das mudanças físicas, ocorrem também as mudanças mentais. Eles se esquecem de seu passado, desistem de sair da ursa, refazem sua vida dentro da ursa, com seus aspectos próprios, criam uma nova religião e assim se tornam outros seres, semelhantes aos humanos, porém não mais humanos, tanto que quando nascem seus filhos com membros proporcionais e olhos normais. Os mais velhos, que foram engolidos pela ursa, planejam matá-los por serem diferentes, sem lembrar-se que a nova geração nasceu como eles já foram um dia. E um dia, quando os jovens interrompem o caminho de Elizeu rumo a Betel, eles demonstram serem pessoas de rudes maneiras (aos olhos do profeta) e consequentemente, mal lambidos. Assim quando a ursa os devora, ela nada mais faz do que retomar para si, aquilo que era rude e saiu dela. Desta forma, tomando o caminho inverso ao da ursa que gera o filhote e o molda, retirando suas “maneiras rudes”, eles vão ganhando traços rudes ao serem engolidos pela ursa. Quando Scliar termina sua narrativa, da mesma forma que começou, ele mostra com seu humor sarcástico e pessimista que a humanidade vive eventos cíclicos, que tendem a se repetir, que os erros dos pais voltaram a se repetir nos filhos e esses erros nos levaram mais para o fundo dessas ursas que absorvem nossas boas maneiras, nos deixando cada vez mais rudes. Na ordem colocada por Scliar o terceiro conto a ser analisado é “A Vaca”, em que é mostrado um naufrágio ao largo da costa da África, em que se salvaram um marinheiro e uma vaca chamada Carola. Durante a madrugada com o raiar do sol, o rapaz, agarrado aos chifres da vaca deixou-se conduzir a uma ilhota arenosa, deserta, com poucas árvores raquíticas (SCLIAR, 2004, p. 31). Sentiu fome, chamou a vaca Carola, ordenhou-a “e bebeu leite bom, quente e espumante”. Naquela noite dormiu abraçado à vaca e teve “sonhos reconfortantes”. Sentia mais fome, gradativamente foi comendo as partes tenras de Carola. A vaca contentava-se em lamber os ferimentos sem dar um mugido. Teve cuidado para não ferir os órgãos vitais. Depois, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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com pedaços do couro de Carola fez roupas, sapatos e um toldo para abrigar-se do sol e da chuva. Atrelou a vaca num velho arado e lavrou um pouco de terra. Usou o excremento dela como adubo e ossos como fertilizante. Plantou alguns dentes de milho que tinham ficado nas cáries da dentadura de Carola. “Na festa de São João, comeu canjica” (SCLIAR, 2004, p. 32). Na primavera, arrancou um dos olhos da vaca e bebeu-o com a água do mar. Teve visões voluptuosas. Transportado de desejos, aproximou-se dela. “E ainda desta vez, foi Carola quem lhe valeu”. Um dia avistou um navio no horizonte. Arrancou um dos chifres de Carola e soprou-o como berrante, “mas não obteve resposta”. Pôs fogo no ventre da vaca. Ela incendiou-se, o rapaz “julgou ter visto uma lágrima. Mas foi só impressão”. O navio voltou à ilha. Recolheram-no. Ele “apanhou um montículo de cinzas fumegantes”, e deu adeus à Carola. Julgaram-no louco (SCLIAR, 2004, p. 33). Em seu país natal, enriqueceu. Tornou-se granjeiro “dono de um tambo com centenas de vacas”. Tinha pesadelos todas as noites. Aos quarenta anos viajou para a Europa de navio. No “tombadilho iluminado pelo luar”, ficou olhando o mar, viu uma ilhota no horizonte. Alguém lhe diz - alô – “Voltou-se. Era uma bela loira, de olhos castanhos e busto opulento. – Meu nome é Carola – disse ela” (SCLIAR, 2004, p. 33). Na bíblia a referência “a vaca” aparece poucas vezes, já que era costume a criação de “gado de pequeno porte” (cabra, ovelha e outros), mas ela é referenciada de forma indireta quando o povo de Deus no deserto recolhe o ouro das pessoas e fazem uma imagem de bezerro de ouro e o adoram, desta forma ela se tornou um símbolo de idolatria. Uma das citações mais fantásticas deste animal na bíblia é descrita em um sonho de Faraó. A figura 4, mostra que desde a antiguidade esse animal é utilizada como cooperador no trabalho do homem.

E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio. E eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no prado. E eis que subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas na praia do rio. E as vacas feias à vista e magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó (Gênesis 41: 1 a 4).

A vaca também traz consigo outro elemento importante à literatura bíblica que é o leite. Por diversas vezes é dito na bíblia que a terra que Deus teria reservada ao seu povo era terra que “manava leite e mel”. Esse dizer é referente à provisão divina, já que o homem tem a capacidade de produzir todas as coisas, porém o único detentor do poder de fabricar o leite e o mel seria Deus que da a vida à vaca e às abelhas. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Em algumas culturas orientais a vaca é um animal sagrado ligado à fertilidade e provisão de alimento. Esse lado de provisão de alimento é aproveitado em O Carnaval dos Animais. Embora a vaca seja esse ser de provisão, ao ser retratada como personagem ela ganha um ar de humanidade, em contrapartida com o marinheiro que aparenta perder a própria humanidade. Joyce E. Salisbury em The Best wihthin. Animals in the Middle Ages salienta o papel dos animais para o próprio autoconhecimento do homem, pois quando “... as pessoas podem ver um animal agindo como um homem, a metáfora pode ser eficaz nos dois sentidos, revelando o animal dentro de cada ser humano" (SALISBURY, 1994, apud FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 50). Ao ganhar essa humanidade, e ao ser devorada por um humano, Scliar, repete a alegoria bíblia da espécie canibal, onde um animal devora outro da mesma espécie, Scliar apresenta um humano, o marinheiro, devorando um animal humanizado, a vaca. A figura do feminino foi demonizada na era medieval, e essa mentalidade atravessou o oceano chegando às terras Tupi. Os portugueses transferiram muito de seu imaginário medieval para a figura feminina, aqui encontrada como justificativa para suas crenças, desde antes da colonização do Brasil, vemos a mulher sendo inferiorizada por uma sociedade “heteromachistanormativa”, que não dispondo dos argumentos medievais da “caça as bruxas”, continua a subjugar a figura feminina até os dias atuais. Scliar percebe e insere essa visão sociocultural em sua obra com grande maestria no conto “A vaca”, onde sua crítica reduz a imagem social da mulher ao de um animal doméstico, que desde os bestiários foi criado para ser usado e subjugado pelo homem. O autor deixa claro desde o inicio sua posição quanto à relação de dependência entre o masculino e o feminino, mostrando que o homem é quem depende da mulher para a sobrevivência. Vê-se no conto que Carola, supre as carências do marinheiro em tudo; a carência alimentar, afetiva e sexual, tudo isto sem nunca reclamar ou revidar. Vemos o marinheiro se aproveitando desta passividade devorando Carola aos poucos, mutilando-a sem contudo matá-la, mas essa preservação de Carola não se dá por qualquer resquício de afetividade ou reconhecimento, mas sim, pelo que ela ainda possa lhe proporcionar, dessa forma ele a mantém viva para que continue a consumi-la o máximo que puder. Esse trato desumano aos animais que eram úteis ao homem, também está presente nos bestiários:

Essa visão da inferioridade genésica dos animais – correspondente ao mandamento bíblico de o homem deles se dispor e sobre eles exercer o seu domínio, se, por um lado, foi muitas vezes responsável pelo trato desumano a eles dispensado pelos medievais, inclusive, àqueles que lhes eram mais úteis e próximos, por outro, não obstava que certo apreço a eles fosse dedicado (FONSECA, 2011, p. 33).

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O marinheiro somente dá cabo da vaca, quando percebe a existência de uma possibilidade de melhora em sua posição atual, assim Scliar pinta de forma fantástica um quadro das relações matrimoniais por conveniência, onde o homem explora e consome ao máximo sua cônjuge, cobrando-lhe cuidados extremados, esgotando e drenando-lhe todas as forças, e quando já não lhe resta mais nada a oferecer, ele encerra o relacionamento sem nenhuma consideração a toda dedicação que lhe fora ofertada, de forma rápida e prática dispensa sua companheira que lhe dedicou toda sua vida. Mesmo sendo mutilada de corpo e alma, a mulher assim como Carola, limita-se a lamber as próprias feridas ou derramar uma discreta e quase imperceptível lágrima. Woensel cita trechos do ABC do jogo do bicho, um inusitado poema abecedário que trata de todos os animais do conhecido jogo do bicho. O autor dedica a última estrofe do poema ao último animal do jogo: “a vaca”:

Vaca é grupo vinte e cinco E quatro vacas é cem Tudo dele se aproveita Pois tudo serve de bem Porém a Vaca do Bicho Faz do homem João ninguém (WOENSEL, 2001, p. 186).

Como se o marinheiro fosse um adepto deste jogo de azar, e conhecedor do poema, ele realmente se aproveita de tudo da vaca em benefício próprio. O conto termina com um homem de sucesso profissional, porém infeliz. Este ex-marinheiro (homem) aprendeu tão bem a arte consumir uma vaca (mulher) que a fonte de seu sucesso é uma ordenha de vacas. Porém, mesmo com todo o dinheiro que obtém, ele continua infeliz, porque ele sempre será o marinheiro que precisa da ajuda de sua Carola para chegar à ilha, relembrando o último verso do poema, “faz do homem João ninguém”. E a mulher por sua natureza provedora, gentil e amável, sempre irá ate ele lhe oferecer tudo o que ele precisar. O quarto conto da série, é “Cão”, animal este que também é lembrado nos bestiários tradicionais e na bíblia. Se o leão tem o mérito de ser o primeiro e mais celebrado animal dos bestiários, o cão tem a honra de ser lembrado como o animal mais fiel e companheiro do homem. Enquanto a figura dos reis era associada a do Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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leão, a da rainha era sempre acompanhada de um cão. Protetor dos lares, auxiliador nos pastos e nas caçadas, este animal recebeu uma das mais belas referencias da bíblia ao ser citado ao lado do mendigo Lázaro.

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas. Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram pra junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado (Lucas 16: 19 a 23)

Embora tenha uma nobre imagem, este animal também possui um lado sombrio, onde é considerado símbolo de indecisão e instabilidade “Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia”. (Provérbios 26:11), uma advertência a todo homem que se livra de um vício e depois retorna a ele. Assim como a coruja, o corvo ou o gato doméstico; o cão também é referenciado como um mensageiro da morte, onde essa imagem é retratada desde a Grécia antiga onde Cérbero, um cão de três cabeças, guardava as portas do Hades, não impedindo as pessoas de entrarem e sim de saírem do mundo inferior. Ainda hoje o cão é visto como símbolo máximo de amizade e companheirismo, tanto que a raça Fila tem sua origem nas palavras gregas filo (amigo) e filia (parentesco, filiação). Acreditava-se que ele se curava lambendo a própria ferida, e que ao ser amarrado ao paciente poderia sanar feridas internas, é possível que esses conceitos tenham sido retirados da Bíblia, onde se fala do mendigo Lázaro, que tinha suas feridas lambidas por cachorros. Mas o cão também é um símbolo da indecisão e fraqueza. No livro de provérbios, nos exorta dizendo: “Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia” (Provérbios 26:11), este retornar ao vômito também se referia aos fiéis que depois de se converterem, voltam às práticas pagãs, demonstrando com isso fraqueza em permanecer nos princípios do cristianismo. “Cão” é iniciado com uma conversa entre dois homens. O senhor Armando mostra a seu amigo Heitor um pequeno cão que trouxe de uma viagem. O animal é resultado de diversos cruzamentos com a alta tecnologia. É enfatizado o grau de treinamento do cão: “doze anos de condicionamento contínuo; ele é capaz de reconhecer um marginal a quilômetros de distância” (SCLIAR, 2004, p. 35). Surge então, um mendigo pedindo esmolas, nesse momento, Armando põe o bicho em ação com grande entusiasmo. O animal engole o pedinte inteirinho, sem deixar vestígios. Heitor propõe assim, ficar com o cão como pagamento de uma dívida. Armando não aceita, mas ao ser chamado de marginal e ladrão, é comido pelo cão, antes mesmo que Heitor pudesse colocar seus óculos que haviam caído. Heitor se apossa do cão, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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mas sua esposa aparece e reclama do animal e ao desconfiar que este tenha sido roubado, chama seu marido de ladrão e marginal, desse modo, o cão repete o que fizera com o mendigo com a mesma eficiência. “Quanto à mulher, via apenas um cãozinho com a língua de fora” (SCLIAR, 2004, p. 38). Moacyr Scliar neste conto, na intenção de nos fazer esquecer a imagem do cão que auxilia a sanar as feridas dos enfermos, e que é o companheiro dos mendigos, inverte os atributos do cão em todos os aspectos nobres já no início do conto, fazendo com que o cão, em seu primeiro ato, devorasse o mendigo perneta ao qual deveria lhe lamber as feridas. Após este ocorrido, vemos o cão sendo infiel a seu dono devorando-o também. Em contrapartida, ele se mostra completamente fiel a seus princípios e ao treinamento intensivo de doze anos, ao atacar qualquer pessoa que feria a moral a que ele foi tão intensamente condicionado. O cão de Moacyr mostra-se extremamente fiel, mas não a seu(s) dono(s), e sim a seus princípios, atacando sem pestanejar qualquer pessoa que interfira no treinamento a que ele foi condicionado. Desta forma, aqueles que foram devorados pelo animal, sofreram a consequência de serem iguais àqueles que ele julgava. A grosso, modo o cão do conto é um animal geneticamente modificado, com acessórios implantados fazendo dele (para os conceitos da época) um robô. Assim, fazendo uma crítica a tecnologia, Scliar nos alerta para não esperarmos fidelidade e confiança das máquinas, tanto quanto se espera de um cão doméstico (FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 77).

Moacyr Scliar nessa versão moderna de bestiário imita em tom de gozação o discurso moralizador e a descrição 'científica' medieval, como base para uma crítica irônica. Afinal a ironia tanto pode ser apenas bem humorada, como pode ser depreciativa; tanto pode ser criticamente construtiva, como pode ser destrutiva (FREITAS JÚNIOR, 2009, p. 78).

Scliar distorce as virtudes e mazelas do cão, dando a ele uma moral relacionada ao risco de esperar tanta eficiência e fidelidade de uma máquina como se espera de um cão. Neste quarto conto da série, o “Cão”, é o animal que também é lembrado nos bestiários tradicionais e na bíblia. Distorcendo as virtudes do cão, Scliar, assim como nos bestiários tradicionais, apresenta uma moral não ao animal, mas o que ele representa: uma máquina, nos alertando sobre o risco de esperar tanta eficiência e fidelidade de instrumentos que foram programados por mãos humanas. Perdendo-se a imagem da criatura que protege seu dono, como na iluminura abaixo, vemos agora esta criatura se rebelando. O último conto a ser analisado é “Coelhos”, que conta a história de Alice. O texto se inicia lembrando uma história que seu marido contava: “a dos coelhos, que Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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tendo relações com a coelha”. Disse a ela: “Está muito bom, negrinha, não foi?” (SCLIAR, 2004, p. 27). Curiosamente, de todos os animais de O Carnaval dos Animais, o Coelho é o único que não tem referência alguma na bíblia, nem mesmo nos bestiários tradicionais. Isto deve se justificar pelas palavras de Fonseca, que diz: “os animais propriamente chamados bestas são aqueles que, a exemplo do leão, do lobo, da raposa, do cão e do macaco, atacam e defendem-se com unhas e dentes” (FONSECA, 2011, p. 31), por isso normalmente os animais retratados nos bestiários são animais com instintos selvagens, agressivos e não domesticados. Entretanto, embora haja uma ausência de referências na bíblia, o coelho não deixou de ser lembrado nos bestiários mais modernos. Sobre este animal Woensel diz: “este roedor não é mencionado nos bestiários antigos, mas figura nas iluminuras e principalmente nas tapeçarias, verdadeiros bestiários iconográficos datando do século XV” (WOENSEL, 2001, p. 197). No conto, Alice perdeu a noção do tempo. “Que dia é hoje? Quarta ou quinta feira. Tinha trinta e dois anos, vinte e dois, ou doze? não sabia”. Seu marido a esta hora devia estar na estrada. Possuía um carro enorme, um Dodge preto. Ela não gostava, mas dizia ele: “Gerente de fábrica de conserva deve ser conservador”. Eles viviam numa casa branca, isolada no alto da colina. Fazia frio. Pensou em vestir o vestido de lã branco. Ela se vestia bem. Sobressaltou-se ao olhar no espelho, já estava vestida. Ela ia se encontrar com o marido as oito (SCLIAR, 2004, p. 29). Uma noite, foram visitar o sócio do marido. “Apresento-te meu sócio, negrinha. Coelho, esta é a minha esposa”. Coelho! Riu. Riram todos. Ao se lembrar do coelho que ganhou do pai, desceu para garagem, tirou o carro branco, presente do marido e sobre o banco um coelho de pelúcia. Pôs-se a descer a estrada pedregosa e enevoada. “É tarde! É tarde!” O grande Dodge vinha correndo. O marido com os dedos crispados na direção. Cacos de vidro entravam em sua garganta. “É tudo tão rápido, não foi?” – murmurou ela, e fechou os olhos (SCLIAR, 2004, p. 30). Se por um lado “Coelhos” seja o conto que menos se enquadre dentro dos moldes do realismo fantástico, com certeza é o conto de maior sensibilidade e romantismo. Nele não existe canibalismo, autofagia, distorção do tempo ou do espaço. Scliar também inova, em apresentar não o animal, mas suas personagens com a personalidade do animais. Indo contra a lógica dos bestiários que dava ao animal virtudes ou mazelas humanas, neste conto os personagens apresentam as virtudes ou falhas do animal. Quanto a essa transfusão de personalidade, identificada por Salisbury. E curiosamente também neste conto não é apenas um animal quem aparece representado, e sim três. O conto é composto por três personagens: Alice, seu marido e o sócio dele. O sócio de nome Coelho, no conto, é lembrado como um Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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animal de coito rápido. Nos bestiários o coelho é retratado como um símbolo da fertilidade, também é visto como um animal esperto e rápido. Em nossa contemporaneidade o coelho é também símbolo da promiscuidade e das relações extraconjugais, o que seria uma relação do amante que precisa realizar o ato sexual rapidamente, para não ser pego pelo marido traído. Scliar não deixa explícito no conto nenhum romance entre Alice e Coelho, porém fica nas entrelinhas que os momentos de alegria que Alice passa se concentram nas noites em que tinha a oportunidade de sair de casa e jogar cartas com Coelho, o que demonstra uma compensação. E se lembrarmos da Alice da história de C. Lewis, perceberemos que Alice em diversos momentos da história, procura encontrar o coelho.

Alice pôs-se em pé e lhe passou a ideia pela mente como um relâmpago, que ela nunca vira antes um coelho com um bolso no colete e menos ainda com um relógio para tirar dele. Ardendo de curiosidade, ela correu pelo campo atrás dele, a tempo de vê-lo saltar para dentro de uma grande toca de coelho embaixo da cerca (CARROLL, 2009, p. 14).

O marido de Alice é comparado a um lobo. O lobo nunca teve boa fama na literatura. Tanto nos bestiários, quanto nas fábulas e contos infantis é associado à crueldade e rapina. Talvez a única exceção seja em Roma, “onde a loba era venerada como nutriz dos fundadores da cidade”. (WOENSEL, 2001, p. 208), ainda assim, a ele também era atribuída fome de comida e sexo. A imagem do lobo se repete por varias vezes quando é dito a respeito do marido de Alice; seus braços, pelos, seus dentes sempre a mostra, realmente figurando o próprio lobo. O Conto diz: [...] Um homem forte de espessas sobrancelhas negras e dentes poderosos. Um lobo solitário. Estreitava-a entre os braços peludos. [...] Os dentes poderosos arreganhados, brancos, brancos (SCLIAR, 2004, p. 30 – grifo nosso). Na construção de seu realismo fantástico, Scliar apresenta não apenas a humanização dos animais mas também a zoomorfização do homem, expressa nas características de Alice e de seu marido. Tassiano em sua tese apresenta Alice com as características de um cordeiro “[...] Que frio! Vou por um vestido de lã branco” (SCLIAR, 2004, p. 30), que é um animal descrito nos bestiários e literaturas medievais como pacífico, manso e tido muitas das vezes como covarde, características que estão implícitas na personalidade de Alice, o que nos faz lembrar mais uma vez os contos de fada clássicos, onde o carrasco do cordeiro normalmente é o lobo. Outro animal que se enquadraria muito bem aos aspectos apresentados pelo autor é a lebre. O conto tem o nome de “Coelhos”, porém na conclusão do texto, só existe um coelho verdadeiro que é o sócio. Percebe-se que Scliar consegue “confundir” seu leitor quando inicialmente sugere que Alice seja o coelho. É sabido que a lebre se parece muito com o coelho. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Na obra de Lewis Carroll existe também uma lebre que por causa de uma desavença entre seu amigo, Chapeleiro Maluco, e o Tempo, fica presa no tempo sempre às dezoito horas (hora do chá inglês). Assim, tanto a lebre quanto a Alice (do conto) vivem essa confusão temporal. Woensel diz que os bestiários tradicionais, apontam a lebre como um animal covarde, característica esta presente em Alice que nunca se levantou contra a opressão e reclusão imposta por seu marido. Ao contrário, a mera lembrança dele a faz “estremecer”. Mas tanto a lebre quanto o cordeiro, representam bem a personagem do conto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua conclusão sobre os bestiários Woense, resume acertadamente o processo de formação e finalidade deles, com as seguintes palavras:

Os inúmeros bestiários, logo, são um produto típico da cristandade, um reflexo tanto da fé como da credulidade do povo, mas também, através das ricas iluminuras, um testemunho da criatividade poética e artística de gerações de monges e clérigos e, desde a época medieval tardia, de autores e artistas leigos (WOENSE, 2001, p. 187).

Com essas palavras, podemos perceber que os bestiários tem grande importância histórica, cultural, artística, filosófica e religiosa. E ao ignorar a existência dos bestiários medievais é como arrancar mais de dez séculos de páginas da história do homem, história esta que pode ter a alcunha de “Idade das Trevas”, mas que existiu e foi repleta de cultura e misticismo, ricos em contos e histórias que precisam ser recontadas para não corrermos o risco de repeti-las. Embora os bestiários, tenham se tornado obsoletos, quando comparados a todos os dados e pesquisas científicas que fazem referência animais, eles ainda são parte importante de nosso cotidiano, não apenas nos livros de contos de fadas ou em fábulas, mas estão presentes em vários simbolismos, nos brasões e nomes de famílias tradicionais, nas publicidades e propagandas, nas diversas manifestações artísticas: músicas, filmes , teatros, pinturas, esculturas, animes, desenhos, etc. Dessa forma a memória dos bestiários sempre repercutirá para as gerações vindouras. Moacyr Scliar em sua obra ele cria seu próprio bestiário, ou nas palavras de Freitas Júnior seu “safári literário”. Os bestiários medievais tinham como elemento

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imprescindível para sua composição um tom moralizador e cristão, já o Bestiário “Scliariano” faz as mais fantásticas denúncias sociais. Antes os bestiários mostravam animais com falhas ou virtudes humanas. A nova visão nos mostra que os homens podem ser mais selvagens que os próprios animais, e que os animais podem nos ensinar humanidade. Buscando nos mostrar sua visão da sociedade, Scliar distorce a diegese de seu mundo, alterando o tempo, o espaço e os personagens, sem que essa distorção seja encarada com estranheza, antes até com certa naturalidade pelos atores. Scliar dá morte e vida em cada conto, quando ele termina mostrando a ciclidade dos acontecimentos, dos erros, das injustiças, porque é isso que acontece quando o homem não revê seus “maus caminhos”, ele tem a realidade a sua volta alterada e estará fadado a reviver suas mazelas a cada manhã. É preocupante que um livro que tenha sido tão reproduzido e lido por toda a Idade Média tenha sido excluído e ignorado dos estudos literários. Seriam as obras de Shakespeare que fazem referência indireta ao bestiários mais importante que o próprio bestiário? Ou mesmo canções e outras manifestações artísticas tem mais validade que os escritos de Aristóteles sobre animais? Até mesmo literaturas contemporâneas, feitas para serem consumidas em “best sellers”, que fazem referências aos bestiários sem que saibamos. É necessário que seja feita uma reformulação em nossas matrizes curriculares a fim de inserir nos livros didáticos conhecimento sobre este tema. Se não se estuda Ultrarromantismos sem citar Uma noite na taverna, ou literatura brasileira sem falar de Machado de Assis ou José de Alencar, também é possível falar de literatura da Idade Média sem falar dos Bestiários. Talvez em toda a história da humanidade a Idade Média tenha sido a que o homem mas tenha cometido erros e por esse motivo ela precisa ser bem lembrada em todos os seus aspectos; para não corrermos o risco de cometê-los novamente. O estudo dos bestiários não deve ser resumido a esporádicas pesquisas feitas para conclusão de cursos de graduação, ou ser tratado como tema de pequenos e seletos grupos de eruditos medievalistas, antes deve ser ensinado às crianças o quanto antes aprendam a ler e escrever, e desta forma quem sabe, nossos jovens não mais serão engolidos por essa sociedade opressora, e não mais gritarão aos mais velhos “sobe, calvo. Sobe, calvo”. Antes, eles mesmos subirão pela garganta da ursa ao saírem dela, serão lambidos até perderem seus “traços rudes”.

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REFERÊNCIAS

ECO, Umberto. O nome da rosa. Rio de Janeiro: Record, 1986.

CARROLL, Lewis. Alice. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho e o que Alice Encontrou por Lá. Rio de Janeiro, Ed. Zahar, 2009.

BARBER, Richard, (ed.). Bestiary. Being an English Version of the Bodleian Library, Oxford M. S. Boodle 764 with all the Original Miniatures Reproduced in facsimile, Woodbridge, The Boydell Press, 1993.

FONSECA, Pedro Carlos Louzada. Bestiário e Discurso do Gênero no Descobrimento da América e na Colonização do Brasil, Bauru, São Paulo, Edusc, 2011.

FRUNGILLO, M. L. Raio de luz entre sombras. Ciências & Letras - Revista da Faculdade Porto Alegre, Porto Alegre, v. 34, p. 161-170, 2003.

FREITAS JÚNIOR, Dário Taciano de. O simbolismo animal medieval: Um safári literário em Moacyr Scliar e Manoel de Barros, UFG, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, 2009.

SALISBURY, Joyce E. The Beast Within: Animals in the Middle Ages. New York: Routledge, 1994.

SCLIAR, Moacyr. O carnaval dos animais. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

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WOENSEL, Maurice Van. Simbolismo Animal medieval: os bestiários. João Pessoa: Universitária, 2001.

BECKHÖFER-FIALHO, Aura. Medieval Bestiaries and he Birth of Zoology. Disponível em: http://www.antlionpit.com/aura.html/notes. Acesso: 11 jul. 2004.

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MICOSES SISTÊMICAS: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Andreza da Silva Costa86 Antônio Rayson Silva das Chagas87 Cristiano Modesto da Silva88 Rita de Kassia Leal Brito89 Roberta Viana Ferreira90 Wellegnta Alexandre Ribeiro91 Benedito Rodrigues da Silva Neto92

RESUMO: As micoses são doenças causadas por fungos patogênicos primários que têem como principal porta de entrada o trato respiratório, podendo disseminar por todo organismo por via hematogênica, dependendo da capacidade de resposta do hospedeiro ou da quantidade de propágulos inalados. Assim demonstramos por meio de revisão bibliográfica as principais manifestações clínicas e diagnostico laboratorial das micoses sistêmicas. Tratase de um estudo que foi realizado por meios de livros e artigos científicos publicados em sites 86

Biomédica graduada pela Faculdade Padrão.

87

Biomédico graduado pela Faculdade Padrão. Biomédico graduado pela Faculdade Padrão. 89 Biomédica graduada pela Faculdade Padrão. 88

90

Biomédica graduada pela Faculdade Padrão.

91

Biomédica graduada pela Faculdade Padrão.

92

Autor Correspondente e Professor Orientador do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão.

Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás e Professor dos cursos de Biomedicina,Enfermagem e Fisioterapia da Faculdade Padrão de Goiânia-Brasil. Corresponding author: Phone/fax: 55 62 81873567. E-mail address: bio.neto@gmail.com. Goiânia, GO, Brazil.

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acadêmicos no período de janeiro/dezembro de 2013. Aqui foram apresentados aspectos epidemiológicos de cada micose e respectiva prevalência nas regiões brasileiras, com maior acometimento em pessoas do sexo masculino com idade de trinta a quarenta anos, e o amplo espectro de apresentação clínica. Este trabalho de revisão bibliográfica demonstra altos níveis de acometimento de micoses sistêmica no Brasil. Assim os estudos de micoses sistêmicas são extremamente relevante tornando este trabalho de suma importância, demostrando os principais sintomas e métodos de diagnóstico. Palavras-chave: Sintomatologia. Fungos. Micoses sistêmicas.

ABSTRACT: The mycoses are caused by primary pathogenic fungi that teem as the main gateway to the respiratory tract and can spread throughout the body via blood, depending on the responsiveness of the host or the amount of inhaled propagules. As demonstrated by the literature review the clinical manifestations and laboratory diagnosis of systemic mycoses. A study that was conducted by means of books and scientific articles published in academic sites from January / December 2013. Here epidemiological aspects of each mycosis and their prevalence were found in the Brazilian regions, with higher prevalence in males aged thirty to forty years, and the wide spectrum of clinical presentation. This work of literature review demonstrates high levels of involvement of systemic mycoses in Brazil. Thus studies of systemic mycoses are making this extremely important work of great importance, showing the main symptoms and methods of diagnosis. Keywords: Symptoms. Fungi. Systemic mycoses.

INTRODUÇÃO

As micoses sistêmicas são doenças causadas por fungos patogênicos primários e que tem como principal porta de entrada o trato respiratório, podendo se disseminar para todo o organismo por via hematogênica, dependendo da capacidade de resposta do hospedeiro ou da quantidade de propágulos inalados. Tem-se detectado importante e progressivo aumento das infecções fúngicas sistêmicas (MANOEL, 2010). Todos

os

agentes

de

micoses

sistêmicas

apresentam

dimorfismo térmico, os quais se apresentam de duas formas: na natureza e nos cultivos a Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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25°C, formam colônias filamentosas com reprodução assexuada, já nos tecidos e cultivos a 37°C eles apresentam sua forma leveduriforme. Além da temperatura as condições nutricionais também influenciam neste dimorfismo. Os principais fungos dimórficos causadores de micoses sistêmicas graves são: paracoccidioidomicose, histoplasmose, coccidioidomicose e criptococose (WAHINGTON, et al; 2008). A paracoccidioidomicose, também conhecida como doença de Lutz,

é

causada

pelo

fungo

dimórfico

Paracoccidioides

brasiliensis,

que

vivem

saprofiticamente em solos férteis, úmidos e com abundante vegetação. A transmissão se dá pela inalação de pequenos fragmentos de hifas ou conídios, provocando alterações respiratórias, como tosse com expectoração mucoide e dispneia, já na fase mais avançada podendo causar infecção bronco pulmonar crônica. (CAPONE et al, 2010). A coccidioidomicose é uma micose sistêmica causada por um fungo dimórfico, o Coccidioides immitis, que quando inalado, acomete o homem e outros animais. Após a infecção, 60% dos indivíduos apresentam infecção primária inaparente. Os demais, geralmente apresentam uma infecção moderada ou levemente grave. É uma micose predominantemente pulmonar, podendo também, comprometer pele, laringe, ossos, articulação, meninges, entre outros (MINISTERIO DA SAÚDE, 2011). A histoplasmose é causada pelo agente etiológico Histoplasma capsulatum, éadquirida por inalação de esporos dispersos no ambienterico em fezes de pássaros e morcegos e está amplamente distribuída no mundo. A inalação de uma quantidade suficiente de partículas infectantes do fungo leva ao acometimento do sistema retículoendotelial (pulmão e outros órgãos), com o crescimento de leveduras nos alvéolos pulmonares e interstício (SANTOS et al. 2009). A criptococose tem como agente causal o Cryptococcus neoformans, que tem contato inicial com o hospedeiro através da inalação de propágulos viáveis aerossolizados provenientes de fontes saprofíticas ambientais, os quais, no trato respiratório, podem resultar em infecção primária, com formação de complexo gângliopulmonar primário e disseminação hematogênica para qualquer órgão, atingindo principalmente o sistema nervoso central (MOREIRA, 2006). A apresentação clínica dessas micoses varia desde uma lesão superficial, que habitualmente causa algum desconforto aos pacientes como, por exemplo, as dermatofitoses,

até

situações

graves,

com

significativa

mortalidade

quando

não

diagnosticadas precocemente e tratadas de maneira correta. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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O uso de métodos de diagnóstico de micoses sistêmicas que sejam fidedignos e rápidos é imperativo para melhorar a taxa de sobrevivência de pacientes imunodeprimidos. Métodos moleculares, principalmente aqueles baseados na Reação em Cadeia Polimerase (PCR), têm sido adotados na tentativa de melhorar a sensibilidade e a especificidade, e de diminuir o tempo requerido para o diagnóstico destas infecções (FUNGARO, 2002). Os diagnósticos laboratoriais são feitos por métodos diretos como a identificação da levedura, por hemocultivo ou a partir de secreções diversas, por métodos indiretos do tipo de reações sorológicas (Elisa e hemaglutinação). O exame anatomopatológico, através da biópsia, pode ser realizado em alguns casos. A necropsia, achado dos blastoconídios e filamentos em pseudomicélio são bastante característicos (LACAZ et al. 1991). O controle da infecção fúngica depende de resposta imune celular efetiva, geralmente associada ao padrão tipo 1 da resposta imunológica, caracterizado pela síntese de citocinas que ativam macrófagos e linfócitos T CD4+ e CD8+, resultando na formação de granulomas compactos. A organização desta resposta imune celular permite o controle da replicação do fungo, mas formas quiescentes podem persistir no interior do granuloma (YASUDAet al; 2006). Assim os estudos das micoses sistêmicas são extremamente relevantes tornando este trabalho de suma importância para a população em geral e principalmente para os profissionais da área da saúde e pessoas com baixa imunidade. Serão abordados neste trabalho apenas micoses sistêmicas que podem ser causadas por fungos leveduriformes ou dirmórficos (histoplasmose, criptococose, paracoccidioidomicose e coccidioidomicose). As micoses sistêmicas compreendem as infecções que atingem os órgãos internos e se difundem pela circulação sanguínea. É responsável por cerca de 80% das infecções fúngicas e constitui causa relevante de infecções de corrente sanguínea.

As

micoses sistêmicas tem amplo aspecto de apresentação clínica variando desde lesão que acomete a camada mais externa da epiderme até infecções graves e disseminadas capazes de determinar a morte do hospedeiro quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente. A partir destes dados é possível concluir que as micoses sistêmicas são consideradas umproblema de saúde em todo mundo.

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Sendo assim o objetivo do estudo, constituiu em demonstrar por meio de revisão bibliográfica as principais manifestações clínicas e diagnóstico laboratorial das micoses sistêmicas.

1 MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi composto por livros e artigos científicos levantados no período de 1 de janeiro a 31 dedezembro de 2013 junto ao bando de dadosScielo (Tabela 1 em anexo). Onde nos quais obtivemos dados de artigos e dados epidemiológicos, que relatam altos índices de micoses sistêmicas no Brasil. Esses artigos têm como

palavras-chave:

sintomatologia,

fungos,

micoses

sistêmicas,

criptococose,

histoplasmose, coccidioidomicose e paracoccidioidomicose. Deste modo a revisão esclarece os conceitos, definições e diagnostico laboratorial das micoses sistêmicas. O seu processo, que acomete todo o organismo humano, tendo como sua principal via de disseminação à corrente sanguínea, sendo capazes de determinar a morte do hospedeiro.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Micoses sistêmicassão causadas por fungos saprofíticos que tem como principal porta de entrada o trato respiratório, podendo se disseminar pela via hematogênica e por todo organismo, afetando pacientes que apresentam o sistema imunológico debilitado. Essas micoses se aproveitam desse débito apresentando-se nas formas mais graves.

Figura 1: Artigos publicados no ano de 2013 nas bases de dados do site Scielo sobre Micoses Sistêmicas.

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Fonte: Pesquisadores

De acordo com os dados mostrados na Figura 1 das micoses em estudos, e dos artigos publicados em 2013, temos uma hierarquia de prevalência das micoses, onde a Criptococose e a Histoplasmose prevalecem com 33%, após a Paracoccidioidomicose com 28% e por ultimo 6% da Coccidioidomicose. Em relação a esses dados percebemos a alta prevalência das micoses: Criptococose e Histoplasmose que estão associadas com a imunossupressão de pacientes com câncer, os que fazem uso de corticoides, mas, sobretudo pacientes com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Embora estes fungos tenham comportamentos oportunistas são considerados como micoses sistêmicas, em relação a sua disseminação no organismo (FERREIRA e BORGES, 2009). Os autores citados anteriormente destacam em seu trabalho que no Brasil antes do surgimento da AIDS, a Histoplasmose era raramente diagnosticada, constituindo uma curiosidade observada apenas em doentes com linfomas ou outras neoplasias, esporadicamente, em transplantados renais. Nos anos de 1980/1990, com o advento da AIDS, centenas de caso de Histoplasmose, foram observados entre os portadores desta síndrome, passando a ter esta micose um lugar de destaque entre as doenças fúngicas vistas em nosso meio. A partir de 1980, na era AIDS, ocorreu aumento marcante da Criptococose em todo mundo, o que gerou interesse e marcada expansão da pesquisa sobre este agente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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É de grande relevância ressaltar os métodos de diagnósticos aqui apresentados, de acordo com a figura 2, o que se evidência é o método sorológico, onde se baseia na detecção do antígeno ou anticorpo em fluidos corporais, métodos esses que vemos como fácil realização e baixo custo. Logo após e também de bastante uso temos a biopsia e exames histopatológicos, onde a identificação se baseia na visualização da morfologia desses fungos. A cultura também é um importante método de identificação, sendo um dos mais usado, onde podemos isolar o agente causador. Essa técnica se baseia no isolamento desses fungos, onde o material é semeado em um meio de crescimento. Os mais utilizados são: ágar batata, BHI (Brain Heart Infusion – Infusão-Cérebro-Coração) e ágar sabouraud, sendo este ultimo o mais utilizado pelos laboratórios. Por esses meios de cultura não serem seletivos (específico) para fungos, podem crescer bactérias, que competem pelos nutrientes e alteram o PH, a cor e a consistência dos meios de culturas, levando a erros na identificação ou mesmo impedindo o crescimento do fungo. Por isso é importante que as culturas de fungos estejam puras, livres de bactérias, para que seja possível a identificação. Uma técnica muito utilizada pelos laboratórios para evitar a contaminação desses meios por bactérias é o enriquecimento dos mesmos com um antibiótico de amplo espectro, o cloranfenicol que impede o crescimento de bactérias tanto Gram positivas quanto Gram negativas, deixando assim o meio mais seletivo para fungos. Por esses fungos acometerem principalmente o pulmão, os exames de imagem são de grande importância para diagnósticos diante dos achados radiológicos de danos pulmonares, evidenciando lesões nos alvéolos ou até mesmo casos de neuromicoses. Já outro método de grande especificidade é a técnica de PCR, que consistem na Reação Polimerase em Cadeia, ou seja, a multiplicação do material genético do fungo, mais por ser uma técnica de alto custo, e distante da realidade da maioria dos laboratórios é pouco utilizada, embora faça parte dos métodos degrande avançoem diagnóstico micótico. Quanto a método direto, esse se fundamentalisa na visualização do próprio agente causador (fungo), sendo a tinta da china (nanquin) o método mais utilizado principalmente para identificação de cryptococcus, e o KOH, método esse que clarifica a visualização do fungo.

Figura 2: Métodos utilizados para diagnóstico nos artigos encontrados no ano de 2013.

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Fonte: Pesquisadores Figura 3: Percentual de prevalência das micoses sistêmica em relação ao sexo.

Fonte: Pesquisadores

A Figura 3 nos mostra significativa ocorrência de casos em pessoas do sexo masculino, pelo fato de que o homem é considerado uma pessoa do campo, ou está mais ligado a trabalhos manuais, e por esse motivo que os agentes causadores estarem presentes em solos e na natura em questão. E se evidencia mais em pessoas de 30 Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


298

a 40 anos como nos mostra na Figura 4, por ser a fase mais ativa da vida. De acordo com LACAZ (1991), esses dados mostram que atividades profissionais podem predispor indivíduos a micose. E as mesmas são mais frequentes em indivíduos do sexo masculino, em proporções que variam até trinta homens para uma mulher.

Figura 4: Percentual de prevalência das micoses sistêmica em relação à idade, de acordo com as publicações no ano de 2013.

Fonte: Pesquisadores

Figura 5: Prevalência das micoses sistêmicas nas regiões do Brasil de acordo com os artigos levantados no ano de 2013.

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299

FONTE: PESQUISADORES

Podemos constatar na Figura 5 a zona de alta endemicidade ocorre na região sudeste onde se tem maior prevalência em infecções por micoses sistêmicas, talvez pelos os dados de grandes internações de pacientes com aAIDS. Nesta região eles encontram as condições propícias para o seu desenvolvimento. Entretanto, há necessidade de outros fatores interagirem, afins de que, eles provoquem a doença na sua plenitude. As micoses sistêmicas apresentam uma distribuição a nível mundial, em que a maioria é endêmica no continente americano e afetam pessoas de qualquer idade. Os casos observados fora da zona endêmica podem dever-se a uma transferência dos fungos da área endêmica para outras áreas (PALMEIRA, 2014).

Figura 6: Manifestações clínicas das micoses sistêmicas, segundo artigos publicados no site Scielo no ano de 2013.

Fonte: Pesquisadores

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300

De acordo com os dados obtidos no trabalho, a Figura 6 mostra as manifestações clínicas das micoses sistêmicas, na qual são inúmeras, evidenciada no gráfico acima, afetando adultos e crianças. Devido o papel no diagnóstico precoce das micoses sistêmicas, possui grande variabilidade de manifestações clínicas, onde os dados epidemiológicos e a evolução são constantes pela etiopatogenia. Conforme Manoel(2010) há uma grande importância no diagnóstico das micoses sistêmicas, podendo-se ter um amplo espectro da apresentação clínica, variando desde lesão superficial que acomete a camada mais externa da epiderme ate infecções grave e disseminada capazes de determinar a morte do hospedeiro quando não diagnosticada e tratada adequadamente. O diagnóstico laboratorial definitivo pode ser realizado de forma direta, através da pesquisa do microrganismo, pela forma indireta através da busca de resposta especifica do fungo, no entanto, cabe ressaltar que a interpretação dos achados laboratoriais deve ser feita a luz da historia clínica/epidemiológica. A orientação a correta interpretação dos achados laboratoriais e a decisão terapêutica inicial. Os resultados dos cultivos colaboraram ou modificaram essa decisão (XAVIER et al, 2009). A PCR tem-se mostrado excelente método de diagnóstico das micoses sistêmicas. Esta técnica permite obter in vitro várias cópias de um determinado DNA. Este método molecular tem sido adotado na tentativa de melhorar a sensibilidade e a especificidade, e de diminuir o tempo requerido para o diagnóstico destas infecções. Entretanto o método PCR se torna de suma importância para um diagnóstico fidedigno para o tratamento destas micoses (FUNGARO, 2002). Dentre as técnicas moleculares estão sendo mais utilizadas na micologia, estão o

RAPD

(RandomAmplifliedPolymorphic

DNA),

e/ou

RFLP

(RestrictionFragmentLenghtpolymorphism), para a caracterização genômica. O diagnóstico de fungos filamentosos é alvo de desenvolvimento de métodos baseados em PCR. O objetivo é identificar as linhagens microbianas isoladas e avaliar o seu potencial (SILVA, 2013). A irrestrita adoção de marcadores moleculares do tipo RAPD na detecção, diagnóstico

e

determinação

da

diversidade

genética

de

fitopatógenos

deve-se,

principalmente, a sua simplicidade de uso, rapidez, segurança e amplitude dos resultados gerados. A técnica RAPD tem-se mostrado extremamente útil para medir e caracterizar a variabilidade genética. Por utilizar diretamente o DNA, não sofre influencia dos fatores de afetam a expressão gênica. Sendo assim, tem sido considerada uma das mais viáveis para o Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


301

uso rotineiro, devido a sua simplicidade e rapidez, especialmente em organismos haploides, como é o caso dos fungos (TEIXEIRA, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de revisão bibliográfica demonstra altos índices de acometimento por micoses sistêmicas no Brasil. Relatamos as principais manifestações clínicas, principalmente em pacientes com a AIDS e os dados concluíram que os indivíduos do sexo masculino com idade entre 30 a 40 anos são os mais acometidos. Dos diagnósticos realizados,

dentre

eles

a

cultura,

PCR,

exames

diretos,

exames

de

imagem,

biopsia/histopatológico, o mais realizado foi o diagnostico sorológico, baseando-se na detecção do antígeno, método esse de fácil realização e de baixo custo em relação aos demais métodos. Já em relação às zonas de altas endemicidade, o maior numero de casos ocorridos, foi na região sudeste, por oferecer ambiente propício para propagação do fungo. Assim os estudos de micoses sistêmicas são extremamente relevantes, tomando este trabalho de suma importância, onde demonstramos os principais métodos utilizados em diagnostico para se obter um tratamento eficaz e rápido para essa doença.

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305

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PLANO DE NEGÓCIOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE PADRÃO – LOGOS PRODUÇÃO E EVENTOS Elaine Garcia Ferreira93 Érica Martins de Oliveira94 João Victor Soares de Sousa95 Marcos Vinicius Oliveira da Silva96 Clayton de Almeida Correa97 Douglas Bispo de Souza98 Eder Luz Xavier dos Santos99 Ilton Belchior Cruvinel100 Karoline Andrade de Alencar101 Keila Mara de Oliveira Farias102 Maria de Lourdes Ferreira Carvalho103 Paulo Germano Barbosa Santiago104

RESUMO: Este trabalho foi elaborado para discorrer sobre a assessoria e organização de eventos às Instituições de Ensino Superior. Foi elaborado pelos acadêmicos do 6º período do Curso de Administração da Faculdade Padrão sobre a assessoria e organização de eventos da Empresa Logos Produções e Eventos do Plano de Negócios 2015/01. Foram necessários pesquisas, planejamentos, elaboração de estratégias de eventos, solução de problemas e trabalho de equipe

93

Aluna do 6º período do curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil Aluna do 6º período do curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil 95 Aluno do 6º período do curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil 96 Aluno do 6º período do curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia - Brasil 97 Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 98 Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 99 Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 100 Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 101 Professora Mestre do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia – Brasil 102 Professora Mestre do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia – Brasil 103 Professora Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 104 Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiás- Brasil 94

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306

para atingir os objetivos, com eficiência e a eficácia, sem esquecer de comprovar a viabilidade econômica e financeira. Palavras-chave: Plano de Negócios. Marketing. Vendas. Gestão Ambiental. Empreendedorismo.

ABSTRACT: This work was designed to discuss the advice and organizing events to Higher Education Institutions. It was prepared by students of the 6th period of the Standard School Administration Course on the advice and event organization Company Logos Productions and Events Business Plan 2015/01. It took research, planning, preparation of events strategies, problem solving and teamwork to achieve the objectives, efficiency and effectiveness, without forgetting to prove the economic and financial viability. Keywords:

Business

Plan.

Marketing.

Sales.

Environmental

Management.

Entrepreneurship.

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi elaborado pelos acadêmicos do 6º período do Curso de Administração da Faculdade Padrão Unidade III, e discorre sobre a assessoria e organização de eventos às Instituições de Ensino Superior. Para

uma

empresa

ser

bem-sucedida, faz-se

necessário

um

planejamento para diminuir as possibilidades de fracasso. É imprescindível a elaboração de um plano de negócio, que é um instrumento que propicia condições para se alcançar êxito e planejar inovações no negócio pretendido. O plano de negócios é a busca de informações sobre os produtos, serviços, clientes, ramo, fornecedores, público alvo, concorrentes, assim também como os pontos fortes e fracos, colaborando para que seja identificado se a ideia do negócio será viável ou se tende ao fracasso. Segundo Kotler (2012, p.39) “Plano de marketing é o instrumento central para direcionar e coordenar o esforço. Ele funciona em dois níveis: estratégico e tático”. Para Westwood (1991 p.19): Um plano de marketing é a formulação documental e definição de um plano para comercializar produtos e/ou serviços. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


307

Kotler e Keller (2012) ainda afirma que a estratégia de posicionamento e diferenciais da empresa devem se adequar, uma vez que, o produto, o mercado e os concorrentes mudam ao longo do ciclo de vida do produto. Através da elaboração do Plano de Negócios a LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS identificou a necessidade de planejar, elaborar e estabelecer estratégias de como conquistar o mercado de eventos atingindo os objetivos, evidenciando assim a eficiência e a eficácia do nosso negócio, comprovando a viabilidade econômica e financeira.

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Plano de Marketing

O plano de marketing é uma ferramenta de gestão que nos permite analisar o mercado, acompanhar as mudanças e identificar tendências, conhecer melhor seu negócio, traçar perfil do seu consumidor e poder definir ações e estratégias para atender melhor a necessidade de seu público alvo e assim chegar ao resultado esperado. Kotler (2000) define que produto é qualquer oferta que possa satisfazer uma necessidade ou desejo. De acordo com Lima et al. (2006) serviço é um bem intangível, uma ação ou um desempenho que gera valor por meio de mudança desejada ou benefício dele. Kotler e Keller (2012) ainda afirma que a estratégia de posicionamento e diferenciais da empresa devem se adequar, uma vez que, o produto, o mercado e os concorrentes mudam ao longo do ciclo de vida do produto. A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS prestará serviços de consultoria e organização de eventos acadêmicos, um setor em grande crescimento, pois de acordo com pesquisas, o mercado de organização de eventos no brasil está em ascensão, há maior conscientização da importância de se celebrar conquistas e realizar negócios em grande estilo, estreitando assim laços familiares e alianças empresariais. Segundo estudos realizada pelo SEBRAE em parceria com a ABEOC Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Eventos) o mercado de eventos mais Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


308

que quintuplicou em 12 anos, movimentando R$ 209,2 bilhões em 2013, representando assim, 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) da economia brasileira, com uma média de crescimento de 14% a.a. O estudo também fez projeções otimistas até o ano de 2020 e concluíram que esse seguimento vai continuar crescendo, porém os consumidores ficarão cada vez mais exigentes, principalmente entre o público universitário, que por cousa de constantes golpes de empresas desonestas, encontram se carentes de profissionais confiáveis e compromissados. Segmentação de mercado consiste em definir o perfil do consumidor em potencial de acordo com cada produto ou empresa, analisando as diferenças demográficas e psicográficas e assim identificar as melhores oportunidades de mercado e quais ações desenvolver. Levando em consideração o mercado goiano na área de eventos, há uma disputa acirrada, existe no mercado várias empresas do ramo, porém poucos são os investimentos, feitos por elas, em qualificação profissional e na melhoria em gestão de processos, acarretando assim, uma série de problemas, como, não cumprimento do cronograma e mudanças de última hora, que além de grandes transtornos, acarretem também ônus para o cliente. Segundo estudo feito pelo Programa de Qualidade ABEOC Brasil - Qualificação em Gestão e Certificação de Micro e Pequenas Empresas, desenvolvido em parceria com o SEBRAE, revela que apenas 200 empresas em 12 estados em 2013 participaram da iniciativa de capacitação, almejando certificação de Selo de Qualidade ABEOC. Os consumidores estão cada vez mais exigentes, exercendo uma maior pressão sobre as empresas, em relação a ética corporativa, responsabilidade social, transparência, respeito, entre outros. Ainda de acordo com Kotler (2007), um sistema de informações de Marketing compõe-se de pessoas equipamentos e procedimentos para coletar, selecionar, analisar e distribuir informações que sejam necessárias, oportunas e precisas para as tomadas de decisões A Logos adotará as seguintes estratégias para conseguir alcançar suas metas tanto financeiras quanto institucionais para divulgação da marca e da empresa, penetração, crescimento e manutenção de mercado e para capitação e fidelização de clientes.  Divulgação do serviço e da marca Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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 Capitação de clientes  Promoção de vendas  Fidelização de clientes e parcerias  Aperfeiçoamento de equipe de vendas Crescimento e fortalecimento da empresa.

1.2 Plano de Vendas

O plano de vendas é a formalização da conduta do planejamento operacional para se atingir as metas estabelecidas, no qual engloba a coleta de informações do mercado, determinação de objetivos e orçamentos, desenvolvimento de estratégias, projeção de vendas e lucros. Essa ferramenta fará com que a LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS alavanque suas vendas e permitirá um planejamento mais assertivo, uma vez que a LOGOS é uma empresa nova no mercado. Os serviços oferecidos pela LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS são classificados como intangíveis, que não podem ser tocados. A LOGOS é uma empresa especializada em eventos universitários, tais como, workshops, aula da saudade, culto ecumênico, baile de formatura. Kotler (2000), produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo no qual podem ser produtos tangíveis (físico, podem ser tocados) e intangíveis (são os serviços que não podem ser tocados) para consumidores e organizações.

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310

Tabela 1: Tabela dos produtos da empresa LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS Produto Aula da saudade

Culto ecumênico

Baile de Gala

Descrição Público alvo É uma aula simbólica, a primeira solenidade propriamente dita de uma formatura, Formandos do ensino superior Confraternização para os formandos relembrar o convívio durante a duração do curso, Forma de diálogo entre várias denominações religiosas. A solenidade se baseia na tentativa de Formandos do ensino superior unificação de vários credos em uma mesma celebração. É o divisor de aguas entre estudante e profissional, dando início a uma nova etapa da vida. Momento de Formandos do ensino superior extravasar sua felicidade com familiares e amigos.

Reunião de um grupo de pessoas com interesses afins, que enfatiza a troca de ideias e a demonstração e aplicação de técnicas. Workshop Workshop Silver de pequeno porte com capacidade de até 15 stands, 50 pontos de luzes, e sonorização com dj, duração de até dois dias. Reunião de um grupo de pessoas com interesses afins, que enfatiza a troca de ideias e a demonstração e aplicação de técnicas. Workshop Workshop Gold de médio porte, com até vinte stands, direito a contratação de voz e violão, até sessenta pontos de luzes, duração de até dois dias, registro memorial, foto digital. Reunião de um grupo de pessoas com interesses afins, que enfatiza a troca de ideias e a demonstração e aplicação de técnicas. Workshop de grande porte, com capacidade até trinta stands, Workshop Diamond 80 pontos de luzes, direito a banda, palco de até 24 m², ground com iluminação, registro memorial do evento, foto e filmagem. Até dois dias de duração.

Administração e coordenação do ensino superior

Administração e coordenação do ensino superior

Administração e coordenação do ensino superior

Fonte: Logos produções e eventos

O carro chefe da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é a assessoria e organização de eventos com qualidade no atendimento e transparência nos serviços prestados. A projeção de vendas é uma ferramenta utilizada pela a administração de vendas, uma vez que elaborada uma boa pesquisa e levantamento de dados ela trará o volume de vendas esperados pela empresa. O ideal é que seja feito projeção de cada produto ou serviço que for comercializado. De acordo com pesquisas realizadas o mercado de eventos está em ascensão e projeções indicam crescimento positivo até 2020. Em Goiânia existem 47 faculdades, dentro de pesquisas e análises foi feito uma projeção de vendas onde Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


311

faremos parceria com 06 instituições de ensino superior (IES) no ano de 2015 o que representa 12,16% do mercado goiano, em 2016, parceria com 12 IES o que representará 25,53% e em 2017 com 18 IES que representará 30,30%.

1.3 Plano Financeiro

O Plano Financeiro tem como principal função, demonstrar todos os gastos, investimentos e custos, sejam eles diretos ou indiretos, assim também como os valores das vendas, produção, taxas, salários entre outros. Nele é possível identificar se o negócio é realmente viável ou não para o tipo de mercado pretendido. Dolabela (2008), afirma que “é o valor que o empresário necessita gastar para iniciar sua empresa, acrescido do valor de verá reservar para o primeiro mês de funcionamento, ate o dinheiro das vendas começarem a entrar em seu caixa”. Marin e Santos (2014), afirmam que “despesas são bens ou serviços consumidos para a obtenção de receitas, seja de forma direta ou indireta, que estão voltadas para gastos administrativos e com vendas, não tendo relação com a produção”. Segundo Martins (2010), “as despesas são itens que reduzem o Patrimônio Liquido e que tem essa característica de representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas”. Martins e Santos (2014), afirma que custo “é todo gasto efetuado na produção de um bem ou na prestação de um serviço. Todo bem ou serviço que for consumido para gerar um novo bem ou serviço será custo”. Para Ribeiro (2012), o custo “compreende a soma dos gastos que irá integrar o valor do produto fabricado, com os quais será recuperado por ocasião da venda do produto”.

1.4 Projetos de Produção

A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é uma empresa especializada em assessoria e organização de eventos acadêmicos para Instituições de Ensino Superior, desde a organização de workshops até a formatura satisfazendo assim as Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


312

necessidades das instituições como dos acadêmicos. O nosso objetivo compromete se com a confiabilidade e a qualidade dos serviços prestados aos nossos clientes. 

TABELA 2: Desenho do processo: INPUT => TRANSFORMAÇÃO => OUTPUT da operação produtiva.

Entrada (Input)

Processo de Transformação

Transformados:  Visitar os possíveis clientes

Recursos

Recursos de Transformação

de

serviços.

Instalações:

 Finalizar a negociação

Armários

 Contratar

Ar Condicionado

empresas

patrocinadores, apoio cultural

Computadores

 Definir

Sala Comercial

a

divulgação

e

a

publicidade do evento

Impressora

 Supervisionar o serviço das

Extintor de Incêndio

empresas contratadas

Telefones

 Recepcionar o público durante

Funcionários de

o evento Produção

e

Estoque

 Assessorar

no

desenvolvimento do cerimonial

Gerente de Marketing

da abertura do evento

Gerente de Mercado e Vendas

Secretária

as

Acadêmicos.

 Verificar a possibilidade de

Cadeiras

Financeiro

e

Eventos

terceirizadas

Mesas

Gerente

Organização

 Apresentar o mix de produtos e Desenvolvimento

Informação

Gerente

Saída (Output)

Administrativo

e

 Realizar a organização durante o evento  Disponibilizar

no

site

o

conteúdo do evento.

Fonte: LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS

O arranjo físico da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é posicional pois é necessário o deslocamento até os locais para serem realizados os eventos sendo que esses locais são fixos e de acordo com a necessidade do cliente. A realização do

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313

evento exige que muitas atividades diferentes sejam exercidas contribuindo para que um evento não se torne igual ao outro.

1.5 Plano de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

A Gestão Ambiental é um sistema necessário para aquelas empresas que se preocupam em proteger o meio ambiente. A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS devido as nossas atividades e o ramo que atuamos, podem causar impactos e prejudicar ao meio ambiente, sendo necessário elaborar estratégias para cumprir esse desafio que abrange desde a sociedade ao meio ambiente e de compreender e relacionar as necessidades humanas com a qualidade de vida das pessoas. Riscos ambientais são aqueles causados por agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes de trabalho que podem prejudicar a saúde e integridade física de todos os envolvidos. Esses riscos variam de acordo com as necessidades e intensidade das tarefas. Dentre os riscos ambientais existentes, podemos dividi-los em dois grandes grupos; riscos externos e internos. Riscos internos são todas aquelas situações que em que os colaboradores da empresa estão expostos a possíveis danos a saúde e a integridade física. Os riscos externos são as possibilidades de perigo que ocorrem no ambiente externo da empresa, ou seja, fora do local de trabalho, com os clientes, fornecedores. Levando em consideração o ramo de eventos, existem muitos fatores que contribuem para os impactos ambientais. Segundo a ISO 14001 os impactos ambientais são qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.

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314

2 METODOLOGIA

Foi feita uma experiência de idealizar uma empresa de organização de eventos para organizar o Plano de Negócios do 6º período do Curso de Administração da Faculdade Padrão de Goiânia. A

empresa

LOGOS

PRODUÇÕES

E

EVENTOS

montou

um

planejamento com os seguintes itens necessários para a abertura de um empresa: Empreendedorismo; Plano de Marketing; Plano de Vendas; Plano Financeiro; Plano de Produção e Plano de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social. A partir disso foi montado um relato de experiência de todo o projeto de Plano de Negócios dessa empresa.

3 DISCUSSÃO DE EXPERIÊNCIA DA EMPRESA LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS

3.1 Enunciado do projeto

O desenvolvimento é a parte principal do artigo, em que são expostas, de forma organizada e pormenorizada, as ideias apresentadas. Pode ser subdividido em capítulos e subcapítulos, dependendo da forma de abordagem do tema, devendo seguir a NBR 6024:2003 - Numeração progressiva das seções de um documento. Este projeto tem como finalidade descrever e analisar a viabilidade mercadológica e econômica para a abertura de uma empresa de assessoria e organização de eventos. O foco da empresa é assessorar e organizar eventos acadêmicos e em um futuro mais próximo pretende aumentar o seu mix de serviços realizando eventos de outras naturezas. O principal objetivo é conquistar a confiabilidade dos clientes e ser conhecida pela sua seriedade, responsabilidade e eficácia na organização dos eventos. O principal diferencial competitivo da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é a qualidade nos serviços prestados, pois é um fator de fraqueza dos concorrentes setoriais e de grande reclamação dos clientes segundo análises realizadas no mercado e em sites de satisfações sobre os serviços prestados. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


315

A empresa contará com parceiros experientes e atuantes no mercado goiano, pois esse fator irá contribuir para o sucesso da organização, uma vez que esses parceiros irão agregar valor aos serviços. A empresa situa-se na Rua 119 B, nº 63, Setor Sul Goiânia-GO. Conta com uma ótima estrutura para atendimento ao cliente, reuniões, entre outras atividades empresariais. Com boa localização, de fácil acesso e fluidez aos locais de evento.

 

3.1.2 Competências dos Responsáveis

A equipe é composta por profissionais especializados e altamente capacitados para atender as operações e processos da empresa. Elaine Garcia Ferreira - Sócia/Investidora e Gerente de produção e estoque, acadêmica de Administração, cursando o 6º período, há 3 anos inserida no mercado de trabalho, possui cursos de administração de serviços FATESG, Computação, curso excel aplicado ao plano de negócio, inglês aplicado a informática, técnico em telecomunicações/SENAI. Estando apta a exercer a função de Gerente de produção e estoque. Érica Martins de Oliveira – Sócia/Investidora e gerente de marketing, acadêmico (a) de administração, cursando o 6º período, há 5 anos inserida no mercado de trabalho, atuando na área comercial, possui curso e treinamentos voltados para área de vendas e outros cursos voltados para o crescimento pessoal e profissional, estando apta a exercer a função de Diretora de Vendas. João Victor Soares de Sousa - Sócio/Investidor gerente de mercado e vendas, acadêmico de administração, cursando o 6º período, há cinco anos inserido no mercado de trabalho. Possui os cursos de excel avançado, pacote office completo, Curso de vendas. Apto a exercer a função de consultor de vendas. Marcos Vinicius Oliveira da Silva - Sócio/Investidor e gerente administrativo e financeiro, acadêmico de administração, cursando o 6º período, a seis anos inserido no mercado de trabalho, atuando na área financeira. Conhecimento básico em contabilidade, curso de liderança de equipe e Gestão financeira. Estando apto a exercer a função de gerente administrativo e financeiro. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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3.1.3 Os produtos/serviços e a tecnologia

A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS utiliza as tecnologias que processam informações. Essas tecnologias são aqueles dispositivos que coletam, manipulam, armazenam, ou distribuam as informações.

  3.1.4 Elementos de diferenciação dos produtos/serviços e/ou empresas O serviço prestado pela LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é a assessoria e organização de eventos acadêmicos. A empresa é responsável pela organização de aulas da saudade, cultos ecumênicos, bailes de formatura e workshops. A organização busca destaque no mercado com as seguintes diferenciações. Confiabilidade e qualidade – A Logos preza pela Confiabilidade e qualidade nos serviços, trabalhando sempre pela satisfação do cliente. Cronograma de programação – A empresa irá criar um cronograma de todo evento, determinando datas para execução de tarefas e planilha de gastos, disponibilizado para o cliente no site da empresa. Transparência –Estará disponível no site da empresa uma planilha online, para que o cliente possa acompanhar através de seu login e senha a evolução de seu evento e sugerir alterações de investimento. Apresentação gráfica prévia – A empresa contará com um profissional para fazer uma prévia em projeto, 3D para o cliente ter uma noção de como ficará o local após decorado. Cardápios pré-definidos e com adequações a restrições alimentares –A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS terá parceiros qualificados para elaborar cardápios que atendam convidados com restrições alimentares, tais como diabetes, alergias a lactose entre outras. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Segurança – A empresa terá uma equipe de profissionais qualificados em gerir conflitos e assim manter a ordem desde o início até o fim do evento. Colaboradores e parceiros qualificados – A organização será criteriosa na escolha de seus parceiros e colaboradores, fazendo avaliações periódicas com os clientes para saber o nível de satisfação com cada serviço prestado, podendo assim corrigir falhas, evitando possíveis conflitos. Com esses diferencias, a empresa irá proporcionar a seus clientes, novas ideias de eventos, se baseando no desejo do cliente, agregando criatividade, inovação e alcançando grandes resultados.

 

3.1.5 Plano de marketing

A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS atuara na indústria de eventos, no qual realizaremos assessorias e organização de eventos acadêmicos, como workshops e formaturas. Levando em consideração o mercado goiano na área de eventos, há uma disputa acirrada, existe no mercado várias empresas do ramo, porém poucos são os investimentos, feitos por elas, em qualificação profissional e na melhoria em gestão de processos, acarretando assim, uma série de problemas, como, não cumprimento do cronograma e mudanças de última hora, que além de grandes transtornos, acarretem também ônus para o cliente. Foram realizadas pesquisas de campo para inserção da empresa no mercado, baseando nos concorrentes e necessidades do público alvo, identificando suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Analisando

contexto atual do

mercado, a empresa enxergou uma ótima oportunidade de exploração no seguimento de eventos universitários. Faremos o cronograma de todo evento, determinando datas para execução de tarefas e planilha de gastos, disponibilizado para o cliente no site da empresa. Os principais concorrentes no mercado goiano, são a QW eventos, Castelli Hall, Fabrica de formaturas e a 3º grau. Essas empresas já estão a algum tempo no mercado, porem existem fraquezas como, falta de investimento em divulgação e gestão, ineficiência no atendimento, não cumprimento contratual, Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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fraquezas essas que serão convertidas em foças para a LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS.

 

3.1.6 Plano de vendas

No primeiro ano não ocorrerá contratação de vendedor, esse cargo será composto pelos sócios da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS, no qual a empresa buscará parceria com 6 instituições de ensino superior no ano de 2015. Já no segundo ano (2016), a LOGOS aumentará a força de vendas, contratando um vendedor, pois o objetivo é fazer novas parcerias com pelo menos mais seis instituições de ensino superior (IES) e no ano seguinte (2017) com mais seis, aumentando sua carteira de clientes para 18 IES. O recrutamento do vendedor será através do site vagas.com, e por meio de indicações, no qual, o candidato deverá atender aos requisitos de contratação da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS. Após a seleção e contratação o colaborador passará por uma série de treinamentos, processo de integração e avaliação do seu desenvolvimento para que possamos capacita-lo cada vez mais. As estratégias adotadas serão feitas através de visitas diárias no qual o vendedor irá fazer reuniões com as comissões de formatura das IES, fazendo apresentações do portfólio de serviços, onde ocorrerá coffee breaks, sorteios e entrega de brindes aos alunos. Essa estratégia de sorteio tem como objetivo a criação de um banco de dados para a LOGOS, onde o aluno irá preencher seus dados pessoais no bloco para concorrer ao sorteio.

 

3.1.7 Plano Financeiro

A empresa disponibilizará de um capital de investimento no valor de R$ 100.000,00 onde o payback será de 6 meses e 22 dois dias, a taxa interna de retorno (TIR) de 169,36% o ponto de equilíbrio varia entre 1,949, 3,31 e 5,94 em uma análise de 3 anos. Essas informações comprovam que a empresa será viável.

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 3.1.8 Gestão Ambiental e responsabilidade social A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS se preocupa com a preservação ambiental e assume o compromisso de avaliar os aspectos ambientais e controlar os impactos em cada setor da empresa, baseada nas exigências legais, pertinentes em todos os níveis e, na melhoria contínua de um sistema de gestão ambiental fundamentado em prevenção da poluição ambiental, maior redução na utilização dos recursos

naturais,

treinamento,

participação

e

comprometimento

de

seus

colaboradores. Os riscos internos existentes na empresa e nos eventos serão:  Químicos – Produtos químicos para limpeza;  Físicos - Perfurações, cortes, quedas;  Acidentes Incêndios, piso molhado, instalação elétrica inadequada;  Ergonômicos- Postura inadequada, iluminação e ventilação, esforços físicos intensos e repetitivos;  Riscos externos;  Acidente de trajeto;  Uso excessivo de energia elétrica;  Uso excessivo de agua;  Decomposição de matéria orgânica proveniente de resíduos alimentícios.

Será

implantado

na

empresa,

o

plano

de

responsabilidade

socioambiental que funcionará da seguinte forma:  Palestras informativas e motivacionais, esclarecendo a importância de meio ambiente para com todos e o papel de cada um;  Semana verde, para mostrar aos clientes que preocupamos com o reflorestamento;  Ação dia das crianças, evento voltado para crianças de baixa renda.

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3.2

A Empresa

 Promover

3.2.1 Missão eventos

acadêmicos

com

excelência,

qualidade

e

compromisso, garantindo a satisfação aos nossos clientes.

3.2.2 Visão

Conquistar o mercado goiano e ser reconhecido pela sua seriedade como uma empresa de eventos confiável, responsável e sempre visando a qualidade nos serviços prestados.

3.2.3 Valores

 Ética;  Transparência;  Respeito à adversidade;  Respeito ao consumidor;  Inovação;  Qualidade.

3.2.4 Objetivo Geral

O objetivo da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS é ser uma empresa lucrativa e ética, oferecendo serviços de qualidade e assim ganhar o reconhecimento do seu público alvo. A empresa investirá na divulgação, intensificará ações de marketing e vendas visando o seu crescimento. A organização manterá um relacionamento estreito, agregando valor a marca e ao evento, a fim de conquistar e fidelizar nossos clientes, conquistando uma boa parcela do mercado goiano.

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 

3.2.5 Objetivos da empresa

No primeiro ano as vendas serão baixas pois a empresa estará em introdução de mercado, porém até o final de 2015, as projeções apontam para termos na carteira 6 faculdades dentre as 47 existentes na região metropolitana da grande Goiânia, já no segundo ano a empresa pretende estar em 12 e por fim no terceiro ano, conquistar para a LOGOS 18 Faculdades na região metropolitana.

3.2.6 Situação planejada e desejada

Depois de analisar o mercado que está em constante crescimento e realizar ações para a abertura da empresa a LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS, irá realizar eventos acadêmicos buscando se destacar no ramo com qualidade nos serviços prestados, onde buscará sempre a satisfação dos clientes. Em um futuro mais próximos a empresa irá aumentar o quadro de funcionários para que possa atender a demanda esperada objetivando sempre o crescimento da empresa, alcançar novos clientes e cada dia se consolidar mais no mercado. Já em um prazo mais longo irá realizar eventos de outras naturezas, aumentando seu mix de serviços.

3.2.7 O foco

O foco principal é prestar serviços de assessoria e organização de eventos de qualquer natureza, porém, inicialmente nossos serviços será voltado apenas para Instituições de ensino superior, tanto para pessoa jurídica, sendo a próprio instituição propriamente dita, quanto para os alunos que nela, se encontrarem matriculados.

3.2.8 Estrutura organizacional e legal Figura 1: Organograma Organizacional

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Conselho Administrativo

Gerência Administrativa / Financeira

Administrativo

Gerência de Marketing

Serviços Gerais

Gerência de Mercado e Vendas

Gerência de Produção

Vendas

Produção

Secretario (a)

Cerimonial

Projeto

Fonte: LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS (2015)

3.2.9 Descrição legal

A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOSé uma microempresade economia privada, regida pela lei das sociedades LTDA, composta por Cinco sócios, Elaine Garcia Ferreira, Erica Martins de Oliveira, João Victor Soares de Sousa, Marcos Vinicius Oliveira da Silva e Wanessa Siqueira de Araújo, ambos estudantes do curso de Administração. A empresa é autorizada a desenvolver atividades econômicas, explorando, planejando e executando serviços no seguimento eventos, surgiu a partir da ideia de universitários do curso de administração, que através de um estudo de mercado enxergou a oportunidade de explorar um seguimento, que se observado apenas superficialmente, parece saturado, porém se aprofundar as pesquisas, percebe-se que apesar do leque de concorrentes ser amplo, nenhuma oferece serviços de assessoria e organização de qualidade durante todo ano, todas atuam diretamente em eventos relacionados a formaturas..

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3.2.10 Estrutura de produção/funcional 

Figura 2: Cronograma de produção/funcional

Fonte: LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS (2015)

3.2.11 Descrição da unidade fabril/comercial

Apesar de não existir uma rotina especifica, é necessário que exista muita disciplina e organização. De modo geral as etapas básicas para a organização de um evento são: reuniões para determinar a necessidade do cliente; elaboração do projeto (levantamento de custos); apresentação da proposta ao cliente para discussão e ajustes da aprovação; contratação de prestadores de serviços; e supervisão do trabalho dos fornecedores.

3.2.12 Administração

A hierarquia da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS será composta por sócios/gerencia e seus subordinados, onde osmesmos estão distribuídos de acordo com suas respectivas funções. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Na implementação do negócio as atividades serão centralizadas nos gerentes de cada departamento, pois a contratação de seus subordinados ocorrerá somente a partir do segundo ano da empresa.

3.2.13 Comercial

A força de vendas da LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS será ampliada a partir do segundo ano, pois será necessário contratar um novo vendedor para que possamos alcançar nossos objetivos quantitativos. A remuneração do vendedor será composta por um salário fixo de R$ 1.200,00 mais 2% de comissão de cada evento vendido.

 

3.2.14 Controle de qualidade

Os clientes da atualidade estão cada vez mais exigentes, e o mínimo que se exige é uma prestação de serviço com qualidade. Visando a satisfação do cliente e a conquista da confiabilidade para que possamos ampliar nosso mercado, a LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS terá como um dos principais objetivos e diferencial competitivo a qualidade total nos serviços prestado.

3.2.15 Terceirização

A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS, por ser uma empresa de assessoria, contará com praticamente todo serviço terceirizado, onde contaremos com parcerias que já atuam no mercado goiano a algum tempo. Fator que irá contribuir para a conquista da confiança e credibilidade da LOGOS.

3.2.16 Sistema de gestão

Como as operações e atividades da organização são simples, teremos a preocupação de implantação de sistemas de controle informatizados nas áreas administrativa, comercial, financeira, produtiva, visando a otimização dos processos para reduzir custos operacionais e aumentar a receita da empresa. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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3.2.19 As parcerias

A empresa precisa contar com fornecedores de qualidade e com parcerias duradouras, mantendo uma relação de profissionalismo e acima de tudo, confiança. A LOGOS PRODUÇÕES E EVENTOS, tem total confiança em seus parceiros, pois já atuam no ramo de eventos á bastante tempo, gerando mais segurança aos nossos clientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Plano de negócio é a validação dos conhecimentos adquiridos pelos acadêmicos de administração, e através dele, pode-se vivenciar todas as teorias absorvidas ao longo dos cinco períodos cursados. É uma oportunidade para que o aluno teste sua capacidade de iniciar um negócio, empreender, trabalhar em equipe, de se desafiar. O Plano de Negócio não é apenas o “negócio da empresa”, mas também uma oportunidade de vivenciar, ter uma experiência, ter possibilidade de visualizar o futuro de cada acadêmico em uma organização, conseguir aprovar da viabilidade econômica demonstrada através de um roteiro operacional, financeiro e estratégico bem estruturado, com embasamento em pesquisas de mercado, norteando o empreendedor a identificar oportunidades e desafios, definir objetivos e meta palpáveis. Por fim, este trabalho contribuiu para que os alunos do curso de administração possam se tornar profissionais melhor capacitados para o mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

BARBIERI, José C. Gestão ambiental empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.

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DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luiza. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Ed. Sextante, 2008.

KOTLER, P. Administração de Marketing, São Paulo, 10. ed. 2004.

______. Administração de Marketing. 5ª ed. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 2000.

______. Administração de Marketing. São Paulo: Prendesse Hall, 2000.

KOTLER, P., ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

RIBEIRO, Osni Moura. Demonstrações financeiras: mudanças na lei das sociedades por ações: como era e como ficou. 2.ed. atualizada conforme Lei n.11.941/2009.São Paulo: Saraiva,2010.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2001.

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UMA ANÁLISE INTEGRADA DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA ATUAÇÃO NA BIOLOGIA FORENSE Danyelly Neves Gonçalves Carvalho105 Douglas Soares da Rocha106 Kamila Alves de Castro107 Lorraine Oliveira Rodrigues108 Benedito Rodrigues da Silva Neto109

RESUMO: A Biologia Forense é uma área que utiliza os conhecimentos da Biologia como recursos para a investigação e resolução de crimes, utilizando os conhecimentos das diversas áreas das Ciências Biológicas o biomédico forense pode auxiliar a polícia na análise das amostras e resolução de casos. Este artigo permite relatar a importância do Biomédico nos estudos de casos relacionados à Biologia Forense, destacando assim as limitações e perspectivas futuras do biomédico. Para tanto, foi realizado estudo descritivo com alunos do curso de Biomedicina do 5º ao 8º período da Faculdade Padrão, demostrando assim o grau de conhecimento e interesses relacionados à Biologia Forense. O presente estudo também consiste em uma pesquisa bibliográfica realizada pela revisão de artigos encontrados na literatura e dados do portal eletrônico do Conselho Regional de Biomedicina. Palavras chave: Genética Forense. Biomedicina. Perícia Criminal. Criminalística.

ABSTRACT: The Forensic Biology is an area that uses the knowledge of biology as resources for research and solving crimes using the knowledge of the various areas of biological sciences biomedical forensics can assist the police in the analysis of the 105

Acadêmica do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. Acadêmico do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 107 Acadêmico do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 108 Acadêmica do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. 109Autor Correspondente e Professor Orientador do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás e Professor dos cursos de Biomedicina,Enfermagem e Fisioterapia da Faculdade Padrão de Goiânia-Brasil. Correspondingauthor: Phone/fax: 55 62 81873567. E-mail address: bio.neto@gmail.comGoiânia, GO, Brazil. 106

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samples and decide cases. This article allows you to report the importance of Biomedical in case studies related to Forensic Biology, thus highlighting the limitations and future needs of the biomedical. To this end, we performed a descriptive study of Biomedicine course students from 5th to 8th period of the Standard School, thus demonstrating the degree of knowledge and interest in and to the Forensic Biology. This study also consists of a literature survey by review articles in the literature and data from the electronic portal of the Regional Council of Biomedicine. Keywords: Forensic Genetics. Biomedicine. Criminal expertise. Criminalistics. INTRODUÇÃO Novas profissões surgem em função de novas necessidades, enquanto outras profissões simplesmente se renovam. Isso vem ocorrendo com os profissionais de perícia técnica, o que têm despertado enorme interesse dos jovens estudantes. Entretanto, antes de falar mais diretamente sobre Prática Forense é preciso entender o conceito e o contexto em que o termo se aplica (SÊMOLA E MARCO, 2007). A Biologia Forense é uma área que utiliza os conhecimentos da Biologia como recursos para a investigação e resolução de crimes. Em muitos casos, a prática de um crime deixa vestígios biológicos (sangue, pedaço de pele humana, fios de cabelo, esperma, etc.). Com os conhecimentos das diversas áreas das Ciências Biológicas, o biomédico forense pode auxiliar a polícia na análise das amostras e resolução de casos. Além dos crimes contra seres humanos, a Biologia Forense é de grande importância para desvendar crimes contra o meio ambiente (SILVA E GONTIJO, 2010). A fase moderna da Genética Forense deu-se na década de 1980 quando investigadores descobriram regiões altamente variáveis do ácido desoxirribonucleico (DNA), capazes de individualizar uma pessoa. Em 1985, Sir Alec Jeffreys apelida as características únicas do DNA de uma pessoa de "impressões digitais do DNA". No decorrer da década de 1990, com a popularização da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), desenvolveu-se técnicas cada vez mais sensíveis, capazes de identificar a origem de amostras biológicas com muito pouco DNA (SILVA E PASSOS, 2006). Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Segundo o Conselho Regional de Biomedicina o biomédico está apto a atuar nas seguintes áreas: Análises clínicas, Análises ambientais, Indústrias, Análises bromatológicas, Biologia molecular, Genética, Reprodução humana, Citologia oncótica, Banco de sangue, Acupuntura, Imagenologia, Coleta de materiais. Dentre elas destaca-se a Criminalística (CRBM, 2013). O bacharel em Biomedicina pode atuar como perito criminal, compreendendo a Criminalística como um conjunto de conhecimentos científicos, utilizado para a elaboração da prova pericial, lidando com alta tecnologia e novas técnicas de amostras. Dessa forma com base nas disciplinas vistas durante a vida acadêmica, o profissional Biomédico Perito Criminal consegue elucidar crimes aliando conhecimento, prática, ciência e tecnologia para fazer justiça no rigor na Lei (ESPINDOLA, 2006). Segundo Garcia (2002) a Criminalística é também denominada Polícia Científica, Polícia Técnica ou Policiologia e difere da Criminologia que estuda o perfil do criminoso, e os motivos que o levaram à prática do crime. As disciplinas que integram a Criminalística, dentre outras são: Locais de Crime, Medicina Legal, Balística Forense, Papiloscopia, Documentoscopia, Odontologia Legal, Toxicologia Forense e Hematologia Forense. A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação é reforçada pelo Art. 25 da Lei Geral da Policia Civil (Projeto de Lei1949/07), que caracteriza a figura do Perito Criminal como essencial para o funcionamento da Policia Jurídica Científica, nos estados onde esta estiver em operação (POLÍCIA CIVIL, 2006). A perícia criminal encontra-se atualmente em processo de expansão no Brasil, com início de valorização por parte das autoridades, mas em curso demasiadamente lento (CHEMELLO, 2006). A lei 12.654 de 28 de maio de 2012 cria um banco nacional de DNA para auxiliar na elucidação de crimes violentos e visa instituir no Brasil uma unidade central de informações genéticas, gerenciada por uma unidade oficial de perícia criminal. A lei representa um grande avanço, pois permitirá identificar com mais segurança pessoas que praticaram crimes, bem como evitar que inocentes sejam punidos (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2012).

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A formação do biomédico para a área de perícia criminal pode ser complementada por estágios, que possibilitam ao profissional o contato com a investigação de crimes e o relacionamento direto com peritos e legistas. Também são oferecidos cursos de especialização (pós-graduação lato sensu) para este campo de atuação em alguns centros de estudo do país (BELLUCO, 2011). Deste modo temos como objetivo relatar a importância do biomédico nos estudos de casos relacionados à biologia forense, apresentar todas as áreas de atuação dentro da ciência forense e suas linhas de pesquisa de interesse biomédico; ampliar o conhecimento sobre os processos e técnicas de identificação no campo da criminalística biológica, destacar as limitações e perspectivas futuras do biomédico na biologia forense, fornecer uma base teórica para biomédicos sobre trabalho técnico – científico de nível superior de análises e pesquisa na área forense. A biologia forense é uma área em constante avanço, apresentando vários artigos e técnicas que estão sendo aprimoradas continuamente. Como a perícia criminal encontra-se em curso demasiadamente lento, faz com que o Perito Criminal ainda seja visto através de uma fachada de filmes de Hollywood, o que não se aplica á realidade, pois os avanços tecnológicos ainda não estão ao alcance dos profissionais ligados a biologia forense. O ingresso na carreira também não e fácil, pois é obtido obrigatoriamente através de concurso publico, exige formação superior em qualquer área do conhecimento, sendo que algumas Polícias exigem formação especifica, dentre elas a Biomedicina. Os problemas vêm sendo encontrados desde a vida acadêmica, onde a inclusão de matérias relacionadas à biologia forense ainda se encontra escassa na grade curricular. Sendo assim, destacaremos nesse trabalho as limitações, perspectivas e técnicas que são fundamentais para o contexto do biomédico que pretende atuar nessa área. Deste modo, através de um referencial teórico sobre o trabalho técnico – cientifico na área forense procuramos convencer o biomédico de que ele é peça fundamental para ajudar a desvendar casos, que de outro modo jamais seriam resolvidos.

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1 METODOLOGIA O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica realizada pela revisão de artigos encontrados na literatura, por meio de bases de dados (Pub Med, Lilacs, Bireme, Medline, Scielo), e dados do portal eletrônico do Conselho Regional de Biomedicina, utilizando como palavras-chave os termos: Genética Forense, Biomedicina, Perícia Criminal, Criminalística. Estas foram baseadas no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde) publicado pela Bireme, disponível no endereço eletrônico: http;//decs.bvs.br. Os dados discutidos neste trabalho foram obtidos através de questionários levantados junto aos acadêmicos do curso de Biomedicina da Faculdade Padrão. Os questionários (anexo 1) compreendendo questões que abrangem a percepção geral do aluno quanto à Biologia Forense foram distribuídos no segundo semestre de 2013 aos acadêmicos do 5° ao 8° período do curso de Biomedicina. Os dados foram analisados estatisticamente no programa Microsoft Excel 2010.

2 RESULTADOS E DISCUSSÕES

2.1 O que é Biologia Forense?

A biologia forense é um conjunto de componentes ou áreas que em conjunto atuam de modo a resolver casos de caráter legal. Há então que mencionar que a Biologia Forense não é uma ciência única, estando, portanto, dependente de todas as áreas e ciências que sejam necessárias. Este ramo da Ciência Forense antes de 1984 era denominado só por Biologia Forense, uma vez que a genética ainda não era conhecida. O seu principal objetivo é o estudo das características Genéticas de um individuo ou de uma amostra biológica unicamente para sua identificação e aplicação desse conhecimento em problemas legais (RAPOSO et al., 2010). Seu principal objetivo é dar suporte as investigações relativas á justiça civil criminal. Em investigações de crimes, o foco principal do profissional forense è Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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confirma a autoria ou descartar o envolvimento dos suspeitos. As técnicas empregadas permitem que seja possível identificar, com relativa prescrição, se uma pessoa, por exemplo, esteve ou não na cena do crime a partir de uma simples impressão digital, ou então um fio de cabelo encontrado no local do crime. Em algumas situações, os especialistas forenses utilizam a tecnologia dos testes de DNA, as analises da autenticidade de obras de arte e de documentos ou, ainda, o exame de combustíveis adulterados, em outras analises (CHEMELLO, 2006).

2.2 A Genética e a Biologia Forense

Entre as múltiplas atividades de um laboratório de Genética e Biologia Forense constam a realização das perícias referentes aos casos de filiação, criminalística biológica e identificação individual (genética). A resolução destes casos, ou seja, a identificação genética pressupõe sempre o estabelecimento da individualidade biológica que cada ser humano representa e fundamenta-se na exclusividade do seu DNA e na igualdade e invariabilidade deste em todas as células do organismo ao longo da vida. Sendo assim, o DNA é único para cada ser humano e este fica perfeitamente identificado através do seu estudo em qualquer vestígio biológico que lhe pertença (PINHEIRO, 2004). O primeiro método de utilização da análise do DNA para identificar indivíduos foi desenvolvido na década de 1980 por Sir Alec Jeffreys, da Universidade de Leicester e apesar do seu enorme poder potencial, houve sérias reservas quanto o seu uso real, pois no início, havia muitas dúvidas quanto a reprodutibilidade e a confiabilidade dos métodos (DUARTE et al., 2001). Em meados dos anos 80, o avanço da ciência e tecnologia a nível forense teve seu ponto culminante, quando as técnicas de identificação, fundamentada na análise direta do DNA, tornam-se uma das mais poderosas ferramentas para a identificação humana e investigação criminal (BENECKE, 1997). As primeiras técnicas forenses de identificação humana eram convenientes apenas para análise de DNA de evidências biológicas que contivessem células nucleadas. Atualmente, com a implementação do sequenciamento do DNA mitocondrial, essa limitação tem sido superada (LEE & LAAD, 2001). Anteriormente Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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impressões digitais e outras pistas eram usadas para desvendar crimes; hoje são inúmeros os espécimes biológicos dos quais o DNA pode ser extraído. Podemos encontrá-lo em pequenas amostras de sangue, ossos, sêmen, cabelo, dentes, unhas, saliva, urina, entre outros fluidos, e análises cuidadosas desse material ajudam a identificar criminosos (BENECKE, 2002). Com o conhecimento atual, ao menos duas grandes vantagens devem ser citadas sobre a tipagem molecular: o DNA possui uma alta estabilidade química mesmo após um longo período de tempo e está presente em todas as células nucleadas do organismo humano, o que facilita a obtenção do mesmo (MALAGHINI et al., 2006). A determinação de identidade genética pelo DNA é de grande importância e pode ser usado pra demonstrar a culpabilidade dos criminosos, exonerar os inocentes, identificar corpos e restos humanos em desastres aéreos e campos de batalha, determinar paternidade com confiabilidade praticamente absoluta, elucidar trocas de bebês em berçários e detectar substituições e erros de rotulação em laboratórios de patologia clínica (PENA, 2005).

2.3 Áreas de atuação do Biomédico

O biomédico é um profissional que possui uma ampla área de atuação. De acordo com o Conselho Federal de Biomedicina, o biomédico é capacitado para atuar em diversas especializações, como: Análises Clínicas, onde realiza exames e assume responsabilidades técnicas e firma laudos; nas Análises Ambientais, onde realiza análises físico-químicas e microbiológicas para o saneamento do meio ambiente (BARBOSA, 2009). Na Indústria,o profissional de Biomedicina atua nos setores químicos e biológicos na elaboração de soros, vacinas e reagentes.Na Análise Bromatológica, realiza a aferição da qualidade dos alimentos. Na área de Biologia Molecular realiza coleta de materiais, análises, interpretações, emissão e assinatura de laudos e de pareceres técnicos. Na genética, esse profissional participa de pesquisas, atua como coordenador ou membro de equipe, assumi responsabilidades técnicas e elabora e firma laudos (SOUSA & PRADA, 2010). Na Reprodução Humana, atua na identificação e classificação embrionária, criopreservação embrionária, biópsia Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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embrionária e Hatching; Na Embriologia, realiza a manipulação de gametas (oócitos e espermatozóides) e pré-embriões. Na citologia Oncótica, realiza coleta de material cérvico vaginal, realiza a leitura de citologia de raspados e aspirados de lesões e cavidades corpóreas, através da metodologia de Papanicolaou. Cabe também ao biomédico atuar em Banco de Sangue, executando o processamento de sangue e suas sorologias e exames pré e póstransfusionais.Na Acupuntura, realiza atendimento voltado á atividade para promoção do equilíbrio energético – orgânico. Na Imagenologia, este profissional pode atuar nos exames de Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM), Medicina Nuclear (MN), Radioterapia (RT), Ultra-sonografia (USG) e Radiologia Médica e até mesmo no campo da Informática Médica, exercendo atividades no produto final dos exames. Em Coleta de materiais, realiza toda e qualquer coleta de amostras biológicas para realização dos mais diversos exames, dentre elas destaca-se a Criminalística (CFBM, 2005).

2.4 Principais Áreas de atuação do Biomédico na Biologia Forense

A Biologia Forense é uma área interdisciplinar, no qual está envolvida a física, biologia, química, matemática e várias outras ciências de fronteira, como objetivo de dar suporte ás investigações relativas á justiça civil e criminal. Desta forma, esta ciência proporciona os princípios e técnicas que facilitam a investigação do delito, em outras palavras; qualquer principio ou técnica que pode ser aplicada para identificar,

recuperar,

reconstruir

ou

analisar

a

evidência

durante

uma

investigaçãocriminal (SHIBATTA, 2011). Assim destacamos a baixo as principais técnicas utilizadas na Biologia Forense, e suas respectivas funções e importância Forense.

2.4.1 Papiloscopia Forense

A papiloscopia forense é uma disciplina, integrante da criminalística, que objetiva aidentificação humana através de impressões digitais (datiloscopia), palmares (quiroscopia) eplantares (podoscopia), utilizando métodos técnicoRevista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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científicos.Os exames podem ser realizados em impressões digitais de documentos oficiais (Carteiras deIdentidade, Carteiras de Trabalho, Passaportes, Processos Criminais, etc.), provenientes delevantamento de fragmentos papilares coletados em locais de crime e/ou em objetosenvolvidos em operações delituosas (facas, revolveres, cartas anônimas, etc.) (INSTITUTO DE CRIMINALISTICA DE SC, 2011).

2.4.2 Balística Forense

A balística forense, por sua vez é uma disciplina, que estuda as armas de fogo,sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação diretaou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência (TOCHETTO, 1999).

2.4.3 Toxicologia forense

A toxicologia forense é a ciência que estuda os efeitos nocivos, decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo, prática da aplicação da toxicologia comfinalidades legais (GGLAS, 2004).

2.4.4 Entomologia forense

A entomologia forense é considerada a ciência aplicada ao estudo dosinsetos, ácaros e outros artrópodes em processos legais. Esta áreanasúltimas duas décadas,tem despertado interesse de peritos e pessoas ligadas ainstituições judiciais, devido ao fato de existir uma relação íntima entre esseestudo e as técnicas de investigação em diferentes casos de morte (PARADELA & FIGUEIREDO, 2007).

2.4.5 Genética

A genética é a área da ciência forense que mais tem avançado. Apenasuma pequena amostra de sangue, saliva, pele ou sêmen já é suficiente paraidentificar uma vítima ou um suspeito. Entre as diversas atividades realizadasem Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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um laboratório de genética forense, faz parte a realização de períciasreferentes aos casos de filiação, criminalística biológica e identificaçãoindividual (genética) (PINHEIRO,2004).

2.5 Como se tornar um Perito Criminal?

O ingresso na carreira de perito criminal é obtido obrigatoriamente por concurso público, que pode ser de provas e através de títulos. Embora o Código de Processo Penal não faça diferenciações entre os tipos de Peritos, eles são divididos em perito criminal, perito médico-legista e perito odonto-legista (redação dada pela lei 12030/09) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006). Cada estado pode realizar o seu próprio concurso para peritos criminais, com a autorização do governo. Portanto, o formato desses concursos pode variar, mas geralmente incluem tópicos específicos da área de perícia (formação específica exigida), português (com ou sem redação) e direito, além de provas físicas.Ou seja, o mercado de trabalho para o perito criminal depende basicamente da abertura de concursos públicos para o cargo. Uma vez ingressado na carreira de Perito Criminal, o profissional poderá atuar em diversas áreas forenses, com intuito principal de coletar provas e apresentá-las, na forma de laudo pericial,com validade probatória em juízo. Para

isso, o Perito Criminal poderá utilizar técnicas

da criminalística,

como documentoscopia, engenharia

de áreas específicas legal, computação

forense, química forense, dentre outras.(INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS, 2008).

2.6 Perícia Criminal ou Criminalística

A Criminalística é o conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições das várias ciências, indica os meios para descobrir crimes, identificar os seus autores e encontrá-los, utilizando-se de subsídios da química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia, etc., que são consideradas ciências auxiliares do Direito penal. (ENCICLOPÉDIA SARAIVA DE DIREITO, 1997).

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Segundo Garcia (2002), Criminalística trata da pesquisa, da coleta, da conservação e do exame dos vestígios, ou seja, da prova objetiva ou material no campo dos fatos processuais, cujos encargos estão afetos aos órgãos específicos, que são os laboratórios de Polícia Técnica. Para alguns autores, a Criminalística seria “filha” da Medicina Legal (CODEÇO, 1991). No entanto, para outros as origens dessa ciência se confundem (DOREA, 1995). Na realidade, as diferentes disciplinas que atualmente compõem a Ciência Forense tiveram origem, na maioria das vezes, de forma independente e, em alguns casos, até acidental. A Criminalística como conhecemos teria seu início quando Hans Gross, no final do século XIX, propôs que os métodos da Ciência moderna fossem utilizados para solucionar casos criminais (RABELLO, 1996).

2.7 Avaliações do conhecimento dos acadêmicos de Biomedicina da Faculdade Padrão sobre a Biologia Forense

Para avaliar o conhecimento dos acadêmicos de Biomedicina da Faculdade Padrão sobre a Biologia Forense foi elaborado um questionário, que posteriormente foi entregue a cada acadêmico do 5° ao 8° período do curso de Biomedicina no mês de agosto de 2013. A perspectiva desse questionário foi de identificar o grau de conhecimento desses acadêmicos sobre o que é a Biologia Forense; sua percepção na mídia televisiva, acerca dos seriados sobre investigação criminal; seu conhecimento sobre as matérias já estudadas durante o curso que se relacionam com a Biologia Forense; qual o grau de interesse em atuar na área de perícia criminal e se há algum interesse em se especializar em alguma área voltada para a Biologia Forense. O profissional de Biomedicina está apto para atuar em diversas áreas segundo o Conselho Federal de Biomedicina, dentre elas se destaca a Biologia Forense. De acordo com os dados advindos dos questionários aplicados avaliamos que 94,4% dos acadêmicos do curso de Biomedicina conhecem o que é a Biologia Forense, enquanto que apenas 7,6% não tem conhecimento nenhum sobre a área. Assim observamos inicialmente que esta área é de grande interesse para acadêmicos da Biomedicina. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


338

Para se ingressar na carreira de Perito Criminal exige-se uma formação superior em qualquer área do conhecimento, sendo que em algumas áreas do Instituto de Criminalística exigem formação especifica, dentre elas a Biomedicina. Sabendo que o ingresso na carreira éobtido obrigatoriamente através de concurso público,observamos que a maioria dos acadêmicos sabe o que é necessário para se tornar um Perito Criminal (59,2%), enquanto que 40,8% não tem esse conhecimento, embora muitos gostem da área e ao mesmo tempo possuam interesse em atuar,a maioria não conhece como ocorre o ingresso na carreira. É válido destacar que há um constante aprimoramento das disciplinas oferecidas nos cursos de graduação em biomedicina. Isto se torna necessário, devido aos avanços constantes nas áreas tecnológicas voltadas para a saúde.Nesse trabalho foi possível identificar que 57,4% dos alunosconhecemas técnicas que são utilizadas na Pericia Criminal e 42,6% não tem esse conhecimento. Observando estes dados é possível ressaltar que muitos acadêmicos não sabem quais técnicas são utilizadas dentro da Pericia Criminal, apesar de terem cursado as disciplinas de Biologia Molecular, Biotecnologia, Toxicologia dentre outras, durante a vida acadêmica. Diversos tipos de seriados e filmes voltados para a Pericia Criminal são disponibilizados na mídia televisiva. Estes são baseados na dramatização de casos criminais onde o detetive/cientista é capaz de solucioná-los graças á ciência forense e, em muitos casos, ajudados pela certeza de identificação da prova de DNA. Estes seriados não retratam uma “mera” ciência, mas uma “super-ciência”, contribuindo para percepção de que a ciência forense é sempre precisa e infalível.

Ocorre um

aumentodas expectativas em torno da ciência forense no mundo real, onde são aplicados cenários elegantes e sofisticados, alta tecnologia e, talvez o mais importante, a certeza de solucionar o mais complexo dos crimes em um espaço de tempo ficcional e relativamente curto. Isso tem despertado um grande interesse dos acadêmicos pela área criminal, devido à ficção e a facilidade que esses seriados/filmes demostram ao executar a atividade em laboratórios com tecnologias avançadas. Averiguamos em nossas análises, que 70,3% dos acadêmicos avaliados costumam assistir seriados de TV na área forense, enquanto apenas 29,7% não assistem. Observando assim que muitos têm interesse em atuar na área de Perícia Criminal, devido o que é transmitido ao telespectador nestes seriados. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


339

A pós-graduação é quase que uma obrigatoriedade nos tempos atuais, pois o mercado de trabalho exige cada vez mais conhecimento, especialização e aprofundamento nas áreas de atuação. Por outro lado, a pós-graduação continua sendo um fator diferencial, uma vez que a maior parte dos estudantes do Ensino Superior termina a graduação e não continua os estudos. Sendo assim, quem tem uma pós-graduação acaba fazendo a diferença tanto na hora de ocupar um cargo quanto no momento de progredir na vaga já ocupada.Para o concurso de Perito Criminal a especialização se aplica como uma titulação, podendo ser utilizada como critério de desempate. Assim entende- se que uma especialização é de suma importância. Uma das perguntas avaliadas no questionário oferecido aos acadêmicos foi se o acadêmico pretende fazer uma especialização voltada para a área da Biologia forense; 51,9% responderam que não pretendem se especializar nesta área, enquanto que 48,1% pretendem fazer alguma especialização voltada para essa área, dado que nos leva à hipótese de que muitos acadêmicos pretendem atuar na área, porém nem todos pretendem se especializar nesta área, o que permite entender que poucos têm conhecimento da importância de uma especialização na vida profissional. Diversas disciplinas durante a graduação de Biomedicina correlacionamsee estão diretamente ligadas a Biologia Forense. Sabendo da importância destas disciplinas foi feito um levantamento sobre quais disciplinas cursadas se correlacionam com a Biologia Forense. Observamos que os acadêmicos do 5° período (figura 1) informaram inúmeras disciplinas. Isso pode ter ocorrido devidoà falta de conhecimento sobre o assunto proposto, pois se encontram no meio da fase acadêmica, onde ainda não são vistas matérias que sejam mais específicas em relação ao assunto questionado.

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Figura1-Avaliação da percepção dos acadêmicos do 5° Período sobre as disciplinas relacionadas à Biologia Forense.

4%

3%

Genética 22%

11%

Toxocologia Anatomia Fisiologia

4%

Patologia Farmacologia

9%

Hematologia Hormônio

22%

4%

Bioquimica 4%

Biologia Molecular 6%

Liquidos Corporais

11%

Fonte: Pesquisadores

Na figura 2 podemos observar que os acadêmicos do 6° período de Biomedicina citaram em maior número as disciplinas de Genética, Toxicologia e Biologia Molecular dentre inúmeras outras disciplinas, mostrando também que ainda não possuem conhecimento especifico sobre a área da Ciência Forense, entretanto na figura 3 podemos verificar que os acadêmicos do 7° período citaram apenas três disciplinas, evidenciando que possuem um maior conhecimento das disciplinas vistas durante a vida acadêmica relacionadas com a Biologia Forense. Os acadêmicos do 8º período, assim como do 7° período citaram apenas três disciplinas. Sendo algo relevante, pois mesmo sendo poucas disciplinas todas elas correlacionam-se com o tema proposto.

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Figura 2-Avaliação da percepção dos acadêmicos do 6° Período sobre as disciplinas relacionadas à Biologia Forense.

2% 2% 2% 2% 4% 1%

Genética Toxologia Bioquimica

3%

25%

Anatomia Parasitologia Hematologia Biologia Molecular

20%

Microbiologia Biologia Celular 17%

Liquidos Corporais Biologia Farmacologia

8% 5% 1%

8%

Fisiologia Biotecnologia

Fonte: Pesquisadores

Figura 3-Avaliação da percepção dos acadêmicos do 7° Período sobre as disciplinas relacionadas à Biologia Forense.

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9%

Biologia Molecular 27%

Biotecnologia Genética 64%

Fonte: Pesquisadores Figura 4-Avaliação da percepção dos acadêmicos do8° Período sobre as disciplinas relacionadas à Biologia Forense

29% Biologia Molecular 50%

Genética Bioquimica

21%

Fonte: Pesquisadores

Finalmente podemos observar qual o principal motivo que leva o aluno de Biomedicina a atuar na periciacriminal (figura 5). Através dos nossos dados levantados foi nítido que a maioria dos acadêmicos sente-se atraída pela Biologia Forense, principalmente por gostar de fato da pericia criminal. No entanto, podemos Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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constatar que o aspecto financeiro continua sendo um grande atrativo, por se tratar de um concurso público e por possuir valores salariais diferenciados das demais áreas da Biomedicina. Além da mídia que continua influenciando nas escolhas de muitos.Deste modo, ressaltamos a importância da área Forense, assim como do investimento das instituições de ensino superior na capacitação dos acadêmicos.

Figura 5 – Principais motivos que incentivam a atuação do acadêmico na área de Perícia criminal

FINANCEIRO

GOSTAM DA ÁREA

MIDIA

0

10

20

30

40

50

60

70

Fonte: Pesquisadores

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Nosso trabalho teve como objetivo central destacar os desafios e perspectivas do Biomédico na Biologia Forense. Segundo nosso levantamento de dados, observamos que a área da Biologia Forense é de grande interesse para os acadêmicos de Biomedicina,mas poucos sabem o que é preciso para ingressar na carreira. É possível ressaltar que há um constante aprimoramento das disciplinas oferecidas no curso de graduação em Biomedicina, porém muitos acadêmicos não sabem quais técnicas são utilizadas dentro da perícia criminal.Outro aspecto importante é que agrande maioria dos acadêmicos, assiste aos seriados forenses disponíveis na mídia televisiva, sendo influenciados em atuar na área da perícia criminal, pois estes seriados são baseados na dramatização e na facilidade em solucionar casos criminais. Apesar da grande importância de uma especialização durante a vida profissional, observamos que a maioria dos acadêmicos, mesmo aqueles que têm interesse em ingressar na carreira de perito criminal, ainda não reconhecem a importância de uma especialização. Os acadêmicos em fase intermediária do curso citaram uma grande gama de disciplinas que supostamente acreditam se correlacionar com a Biologia Forense, provavelmente por não terem conhecimento suficiente das disciplinas específicas dessa área. O contrário pôde ser observadonos acadêmicos em fase final do curso, em que estes citaram disciplinas mais coerentes e mais específicas da área, demostrando assim que possuem um conhecimento melhor na conclusão do curso de Biomedicina. Concluímos assim, que a Biologia Forense é uma área de grande impacto e interesse na vida do profissional Biomédico, com grandes perspectivas e desafios a serem ainda percorridos.

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3 ANEXOS

QUESTIONÁRIO

Turma: ______ 1.

Idade: ______

Você sabe o que é Biologia Forense?

(

) Sim

(

) Não

2.

Quais matérias vistas na faculdade você acha que se relacionam com a

Biologia Forense? ___________________________________________________________________ 3.

Você pretende atuar na área de Perícia Criminal?

( ) Sim ( ) Não Por qual motivo?_____________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4.

Você sabe o que é necessário para se tornar um Perito Criminal?

( ) Sim ( ) Não 5.

Você sabe quais técnicas são utilizadas na Perícia Criminal?

( ) Sim ( ) Não 6.

Você costuma assistir C.S.I: Investigação Criminal?

( ) Sim ( ) Não 7.

Você pretende fazer alguma especialização voltada para a área da

Biologia Forense? ( ) Sim ( ) Não

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A CONTABILIDADE NO SÉCULO XXI

Divino Nunes Vieira Junior110

Bacharel em Ciências Contábeis

Prof.ª. Ma. Uianã Cruvinel Borges111 Professora Orientadora

RESUMO: A contabilidade elaborada nos tempos passados tinha como objetivo encaminhar à administração informações nas quais revelava somente os aspectos e valores tributários, apurados no decorrer das atividades empresariais, e demonstrar a rentabilidade da empresa. Entretanto, assim como vem acontecendo na história da humanidade, a contabilidade evoluiu de forma dinâmica, sistemática e inovadora, principalmente a partir do século XXI, mostrando que pode oferecer bem mais do que aquilo que era sua função inicial. A nova contabilidade é ferramenta indispensável para quem procura organização empresarial, independentemente do tamanho ou segmento adotado, pois somente a contabilidade pode repassar informações claras e objetivas para todos os departamentos de uma entidade, a fim de lhes proporcionar controles de todos seus processos administrativos. No entanto isso só será possível se a empresa se atentar para um sistema de informações complexo, onde possa atender todos os usuários, tanto os externos como os internos, com a integração entre contabilidade e gerencia. A contabilidade bem aplicada no período moderno também tem a responsabilidade de tratar todas as informações computadas pela gestão, gerando relatórios demonstrativos para as devidas analises e planejamento estratégico de negócios. Através de informações colhidas, apuradas e analisadas, os administradores, em dialogo com os contadores, terão como elaborar com eficiência um planejamento que, não servirá só para no cenário atual da empresa, mas também projetar metas e resultados futuros.

Palavras-chave: Contabilidade gerencial. Controle. Organização. Planejamento.

ABSTRACT: The accounts drawn up in times past had as aim to pass on information administration in which revealed only the aspects and tax values obtained in the course of business activities, and demonstrate the profitability of the company. However, as has been happening in the history of mankind, the books evolved dynamically, systematic and innovative, mainly from the 21ST century, showing that can offer much more than what was its initial function. The new books are indispensable tool for those seeking business organization, regardless of size or segment adopted, because only the accounting can pass on clear information and objectives for all departments of an entity in order to provide them with all their administrative controls. However this will only be possible if the company is to pay attention to a complex information system, where you can meet all users, both internal as external, with the integration between accounting and manages. Good accounting applied in the modern period also has a responsibility to treat all the information computed by management, generating reports statements to Divino Nunes Vieira – Bacharelando no curso de Ciências Contábeis pela Faculdade Padrão de Goiânia-Goiás - Email: juniornunes_contabil@hotmail.com 111 Uianã Cruvinel Borges – Professora Orientadora 110

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the appropriate analysis and strategic business planning. Through information collected, analyzed, and administrators, in dialogue with the counters, will draw up a planning efficient, will not serve just for the current scenario of the company, but also design goals and future results. Keywords: managerial accounting. Control. Organization. Planning.

1 INTRODUÇÃO

A história registra que a contabilidade está presente na humanidade desde a idade primitiva, quando o ser humano viu que deveria ter um controle sobre seu patrimônio, passando a registrar todos os fatos ocorridos em relação aos seus bens, conforme Antônio Lopes de Sá o histórico da contabilidade esta relacionado com períodos muito antigos: Há mais de 20.000 anos, no Paleolítico Superior, quando era ainda primitiva a civilização, mas já havia a indústria de instrumentos, como forma de uso de uma inteligência já desenvolvida, segundo Morgan, surgiram às observações do homem em relação a suas provisões que eram suas riquezas patrimoniais. A qualidade e a quantidade de reserva de utilidade quer de caça, quer de colheita, foram elementos que o homem notou como algo distinto, como conquista de seu trabalho (SÁ, 2010, p.21).

Com isso percebe-se que a contabilidade esteve presente na sociedade desde os seus primórdios. Para Sá (2010, p.23) “Há mais de 6000 anos o comércio já era intenso, o controle religioso sobre Estado já era grande e poderoso derivando grande quantidade de fatos a registrar ensejando, também, o desenvolvimento da escrita contábil”. Com o surgimento de vários tipos de comércios de ramos distintos, surge a necessidade da produção de registros contábeis mais precisos. Neste momento a contabilidade tornou-se mais complexa e passou a registrar e controlar todas as operações comerciais relativas às suas atividades, observando suas obrigações e direitos sobre suas operações, e apurando os seus lucros com mais eficiências. Ainda segundo Sá (2010, p.22) “assim nasceu os registros de uma escrituração contábil; contábil porque se quantificava e evidenciava a riqueza patrimonial do indivíduo ou de sua família”. Viu-se a necessidade de se evoluir a maneira de se contabilizar, pois com o passar dos tempos, as operações foram ficando mais complexas, devido aos diversos fatos que surgiam com as operações comerciais, nas empresas e no setor público. Umas das primeiras mudanças no processo da evolução da contabilidade foi o surgimento do conceito das partidas dobradas. Ainda conforme Sá (2010, p.26) “a partida dobrada se apoia, no princípio da equação, não há dúvida, mas Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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logicamente, ela representa a explicação de origem e de efeito do fenômeno patrimonial, uma igualdade de valor em causa e efeito de um fenômeno ou acontecimento havido com riqueza patrimonial”. A partir de então passou a se usar os métodos das partidas dobradas, com isso, também foram criadas diversas formas de escriturar e os registros dos fatos contábeis começaram a ser feitos em livros. Um dos primeiros livros criados para tais registros foi o livro razão, no qual se contabilizava todos os débitos e créditos de todas as contas patrimoniais. Observa-se o que Sá considera: Como elemento essencial do processo das partidas dobradas, passou a exigir também, um Livro Mestre, com cada folha dedicada a uma conta especifica competente para registrar os débitos e os créditos de cada conta, o denominado posteriormente, de RAZÃO; era, pois, um livro que individualizava em cada folha uma conta e sua dinâmica, podendo ter mais folhas da mesma conta se uma ficasse preenchida totalmente (SÁ, 2010, p.27).

De acordo com Nilton Cano Martins (2002, p.8) “como em qualquer outra área do conhecimento humano, as inovações em termos da contabilidade de apoio a gestão sempre aconteceu em consequência ou respostas as necessidades de informações”. Com isso a contabilidade vem evoluindo de acordo com a necessidade dos seus usuários, que podem ser externos e internos, em busca de um melhor controle sobre seu patrimônio e de melhores processos de funcionamento. Ainda Martins escreve: Na nova tecnologia da gerencial, o modelo contábil-financeiro continua, naturalmente, sendo o instrumento central, mas não o único. Os princípios contábeis estão sendo expandidos e utilizados de forma flexível e adaptadas às necessidades e situações empresariais e outros instrumentos e técnicas, provenientes de outras ciências da gestão, estão permitindo a gerencial construir, com outras métricas além da financeira (MARTINS, 2002, p.12).

Os administradores que adotavam somente as informações financeiras perceberam que tais informações que sempre os satisfaziam não eram mais suficientes para as análises da situação econômica e financeira da empresa, e de sua situação. Com isso foram demandadas diversas novidades nas informações contábeis, a fim de obter auxilio das informações, buscando uma harmonia entre a contabilidade e o gerencia. Dessa maneira, percebe-se que nasce o termo, contábilfinanceiro, onde as informações são geradas, apuradas e analisadas, a fim de se obter um gerenciamento com eficiência em todas as áreas da entidade. E com isso busca-se sempre o controle dos processos de produção de produtos e serviços e analisando possíveis eventos favoráveis e desfavoráveis nas atividades econômicas da empresa. Objetivando sempre uma análise voltada para o futuro e para o crescimento da empresa, respeitando sempre os princípios contábeis e as normas brasileiras de contabilidade e um busca de se tomar as melhores decisões.

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Diante da relevância da discussão do gerenciamento contábil dentro das organizações do século XXI este artigo tem como objetivo analisar a importância da contabilidade, não só como simples produtora de registros contábeis dos fatos gerados pelas empresas, mas sim como uma ferramenta gerencial eficaz dentro das organizações empresariais, no processo de gestão estratégica e planejamento empresarial. Em busca de se tomar as melhores decisões para a organização, não levando em consideração se a empresa configurara-se como pequena, média ou de grande porte, dentro do ramo de atividade. A metodologia utilizada nesta pesquisa é a bibliografia. Assim, justificase o tema da pesquisa aqui proposta pela relevância de se investigar a contabilidade como uma área de gestão, a fim de auxiliar na tomada de decisão. E para isso a pergunta problema aqui relacionada é: A contabilidade, principalmente a contabilidade gerencial, pode ser observada como uma ferramenta de gestão, que serve para auxiliar na tomada de decisão? Essa e outras perguntas serão analisadas no decorrer da pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para orientar este artigo, buscou-se como referencial teórico as contribuições de Antônio Lopes de Sá a respeito da história da contabilidade. Para Sá, a área contábil é parte integrante de uma sociedade antiga de negócios. Nessa perspectiva, este autor considera possível adotar a teoria contábil para a compreensão das formas de interação entre a contabilidade e a gestão. E nessa época de inovações pensar a contabilidade no viés da interação entre contabilidade e gerencia de negócios é uma maneira estratégica de sucesso. Além deste referencial foram utilizadas também as contribuições Silvo Aparecido Crepaldi no que se refere a contabilidade gerencial, pois este avalia a contabilidade numa condição de gestão. Foi importante igualmente também a abordagem do estudioso José Carlos Marion, ele trabalha a perspectiva da contabilidade voltada para negócios, considerando o escritório contábil como empresa, devendo este ser administrado como empresa no seu processo de gestão. Nesse sentido torna-se propício a discussão da contabilidade no século XXI, dentro da noção das inovações no setor contábil e as transformações existentes na carreira da contabilidade. Estes autores e outros de grande relevância no cenário da contabilidade auxiliaram no embasamento do pensamento científico desenvolvido nesta produção acadêmica, tais como: Anthony A Atkinson; Luis Clovis Padoveze; Nilton Cano

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Martins, dentre o outros que foram pesquisados, a fim de viabilizar o rumo da pesquisa. No próximo item será analisado o papel da contabilidade gerencial.

2.1 O PAPEL DA CONTABILIDADE GERENCIAL

A contabilidade gerencial desenvolve um papel fundamental junto às empresas neste período moderno, e de acordo com Padoveze (2004, p.35) Contabilidade Gerencial “é um processo de identificação, mensuração, análise, preparação, interpretação, e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização”. Com base nessa afirmação percebe-se que a contabilidade é a única que pode dar informações claras e precisas sobre cada setor da empresa em formas de números, onde podem ser analisadas e medidas, a fim de obter as melhores decisões a serem tomadas. Sobre essa questão considera Atkinson: Os gerentes das empresas industriais e das empresas de serviços, com um ambiente muito mais competitivo, precisam ter informações precisas e relevantes sobre seus custos efetivos. Os gerentes das empresas de serviços precisam de medidas de acuradas de custo e lucratividade de suas linhas de produtos, segmentos de mercado e de cada produto e cliente. Tanto os gerentes das empresas de serviços como os das empresas industriais precisam de sistemas de controle operacionais que acentuem a melhoria de custos, a melhoria de qualidade e de redução do tempo de processamento das atividades de seus funcionários (ATKINSON, 2000, p.52).

Já na visão de Garrison, Noreen e Brewer (2007, p.4) a “contabilidade gerencial se preocupa com o fornecimento de informações aos administradores – ou seja, a indivíduos no interior de uma organização, que dirigem e controlam suas operações”. Assim, nota-se que com o crescimento das organizações empresariais em todo mundo e o grande fluxo de operações feitas diariamente, a administração de uma organização empresarial tende procurar por informações diárias, semanais, mensais e anuais, sobre a posição real financeira da empresa. Essas informações são essenciais nas tomadas de decisões para a empresa. Entretanto só a contabilidade é capaz de fornecer informações claras e precisas de todas as áreas, tanto na parte operacional, comercial e administrativa da entidade. Analiticamente uma das principais funções da contabilidade gerencial é repassar informações aos gestores, a fim de auxiliar suas atividades e decisões diárias dentro da empresa. Esta é voltada para um planejamento futuro, auxiliando todos os departamentos a obter um maior desenvolvimento. É através dessas informações que as organizações poderão melhorar todos os processos pertinentes as suas áreas de trabalho. E conforme Padoveze (2004, p.39) “A contabilidade gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para os administradores – isto é, aquele que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações”. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Portanto, cabe aos administradores buscar uma maior interação com a a área da contabilidade, formando uma base de informações seguras de todas as áreas da empresa. E deve repassar os dados analisados e apurados com eficiência e veracidade de todos os resultados financeiros para a administração, para um bom planejamento e execução de suas atividades econômicas, a fim de se buscar um crescimento organizacional e melhorias no processo de gestão e controle da empresa. Para Crepaldi (2011, p.6) “Contabilidade Gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumento aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerencias”. Assim, a contabilidade pode ser usada como ferramenta de auxilio nas suas tomadas de decisões dentro de vários fatores internos e externos, como despesas operacionais, compra de matérias primas e vendas de bens e serviços, direcionando os rumos que empresa deve seguir, assegurando a sustentabilidade e continuidade da organizacional. E fundamental compartilhar a ideia de que a contabilidade gerencial deve esta na base alta da hierarquia de uma empresa. Segundo Atkinson (2000, p.45) a “Informação gerencial contábil participa de várias funções organizacionais diferentes – controle operacional, custeio do produto e do cliente, controle administrativo e controle estratégico”. Para que isso seja possível, a contabilidade gerencial tende a ter um papel cada vez mais importante dentro das organizações, com métodos diferentes de apresentar as informações contábeis para seus gestores. E as análises dessas informações não devem ficar em simples apurações de números, mais que como ferramenta que auxilia e contribui no crescimento da organização, direcionando e apontando onde podem reduzir desperdícios, melhorar os processos internos e externos, diminuir os custos operacionais, a fim de aumentar a lucratividade. Martins considera que para penar em lucro é necessário realizar os seguintes questionamentos: A definição empresarial mais fundamental, a de sua missão, começa hoje coma as seguintes questões; Quem são os nossos clientes? Qual e o valor que atribuem aos nossos bens e serviços? Quais são as outras ofertas concorrentes de valor que eles estão recebendo? Estamos retendo ou perdendo clientes? O que podemos fazer? (MARTINS, 2002, p.10).

Sendo assim, a contabilidade gerencial apoia-sena ideia de evolução de um pensamento que antes era voltado só para a produção de valoração do comércio de bens e serviços e na busca de lucros maiores para as empresas. Esse pensamento não abrangia mais a fundo as mais diversas incógnitas que, no decorrer das atividades econômicas empresariais, acabavam surgindo e que, até então, não se julgava relevante no meio econômico. Essa evolução no pensamento administrativo foi primordial para que as empresas identificassem na contabilidade um elemento a mais a ser considerado nos processos de tomada de decisões para maior lucratividade. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Nota-se que a contabilidade gerencial auxilia a empresa que está em busca de uma estratégia mais eficiente, em um mercado altamente competitivo como o dos dias atuais. Por isso é importante mencionar que uma empresa deve utilizar da contabilidade gerencial como recurso científico no crescimento organizacional, pois a contabilidade gerencial torna-se ferramenta fundamental para o sucesso das organizações em pleno século XXI, por ser reconhecida como uma área de interação com a administração de uma empresa.

2.1.1 PLANEJAMENTO GERENCIAL

Um dos elementos mais importantes para se pensar a contabilidade gerencial é o planejamento, pois tudo inicia de um plano. Para Garrison, Noreen, Brewer (2007, p.4) “A primeira etapa do planejamento é identificar alternativas, e depois selecionar aquelas que melhor atendem aos objetivos da organização”. Com base nessa afirmativa torna-se primordial que qualquer empresa tenha um bom planejamento organizacional de suas atividades. E para isso é necessário analisar todas as variáveis envolvidas numa atividade organizacional, seus pontos fortes e fracos que estão envolvidos no seu ramo de negócio. Garrison, Noreen, Brewer (2007, p.6) admitem que “como o planejamento é uma parte tão importante do trabalho do administrador, a contabilidade gerencial possui uma enfática orientação para o futuro”. Portanto a contabilidade gerencial tem o papel de ir bem mais além do que simples apurações contábeis, ela permite planejar todas as estratégias de negócios de uma empresa, a fim de buscar as melhores decisões. De acordo com Crepaldi (2011, p.5) “é importante ressaltar que as informações são importantes na medida em que os gestores consigam identificar tanto as oportunidades quanto as ameaças que o ambiente oferece às empresas”. A contabilidade gerencial permite também, maior controle sobre todas as áreas da empresa, com analises dos resultados apurados em cada departamento, analisando resultados posteriores e identificando onde poderá ser melhorado dentro ou fora da empresa, buscando resultados que expressem sucesso futuros da organização empresarial. Martins (2002, p.9) afirma que “em cada empresa, essa extrema volatilidade leva inevitavelmente a uma reorientação de sua administração para o nível estratégico (onde se tomam decisões sobre o que fazer)”. Passam a analisar anteriormente o mercado que ira atuar, e também definir os produtos que devem produzidos, e onde devem ser oferecidos e qual o custo para colocar esse produto no mercado. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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Dessa maneira, é clara a importância do planejamento nas tomadas de decisões, e Ray Garrison, Noreen, Peter Brewer (2007. p.5) escreve que “além do planejamento para o futuro, os administradores estão encarregados de supervisionar as atividades do dia-a-dia e manter o funcionamento regular da organização”. Com base neste contexto é necessário criar vários métodos de gerenciamento e controle, e cabe aos administradores promover ações onde ele possa acompanhar todos os processos de funcionamento das atividades e isso se da juntamente com a área contábil, mais precisamente com a contabilidade gerencial. Os mesmos autores Garrison, Noreen, Brewer (2007. p.6) consideram que “o planejamento é uma parte tão importante do trabalho do administrador, que a contabilidade gerencial possui uma enfática orientação para o futuro”. Com planejamento voltado para situações que posam acontecer, a contabilidade gerencial tem uma grande responsabilidade de estar sempre buscando informações que auxiliem os processos econômicos, para que com base nas demonstrações, os administradores possam planejar todas as suas ações dentro da empresa.

2.1.1.1 GERENCIAMENTO CONTÁBIL

Outro fator importante na contabilidade do século XXI é a gerenciamento contábil e para Sá (2010, p.55) “a teoria da contabilidade tem condições de oferecer bases de conhecimento para a produção de modelos racionais de eficácia, competentes para serem aplicados a qualquer tempo”. A contabilidade que era conhecida como serviço de simples apuração de impostos, onde a categoria dos profissionais era tida como “guarda-livros”, se mostra que é mais abrangente do que parece. E serve como um instrumento na tomada de decisões de muitos gestores, nota-se que a contabilidade gerencial vem com intuito de oferecer o máximo de informação aos empresários para traçar as melhores estratégias, em um mercado casa vez mais competitivo. De acordo com Padoveze (2004, p.42) “se temos a contabilidade, se temos a informação contábil, mas não a usamos no processo administrativo, no processo gerencial, então não existe gerenciamento contábil, não existe Contabilidade Gerencial”. Portanto, nota-se que cada vez mais a contabilidade gerencial tende a estar presente dentro das empresas, analisando e gerando demonstrações relativamente confiáveis para os gestores de diversas áreas do comércio, indústria e prestação de serviços. Padoveze escreve que: O campo da atividade organizacional abarcado pela contabilidade gerencial foi desenvolvido de quatro estágios reconhecíveis. Estagio 1 – antes de 1950, o foco era na determinação do custo e controle financeiro, através do uso das tecnologias de orçamento e contabilidade de custo; Estagio 2 – por volta de

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1965, o foco foi mudado para o fornecimento de informações para o controle de planejamento gerencial, através do uso de tecnologias tais como analise de decisão e contabilidade por responsabilidade; Estagio 3 – por volta de 1985, a atenção foi focada na redução do desperdício de recursos usado nos processos de negócios, através do uso das tecnologias de análise do processo e administração estratégia de custos: Estagio 4 – por volta de 1995, à atenção foi mudada para a geração ou criação de valor através do uso efetivo dos recursos, através do uso da tecnologia tais como exame dos direcionadores de valor ai cliente, valor para o acionista, e inovação organizacional (PADOVEZE, 2004, p.36,37).

Ainda segundo este autor, é possível perceber que a contabilidade ao longo dos anos teve mudanças significativas no foco dos administradores, classificado pelo autor como estágios. Ele mostra que a primeira contabilidade se preocupava em demonstrar os custos aos departamentos financeiros, posteriormente começou a ver as informações contábeis como instrumento de ajuda no planejamento e tomadas de decisões. E posteriormente o foco foi o desperdício nos processos de negócios, a fim de reduzir os custos de produção, por último a mensuração de valores investidos em tecnologia para inovação dentro da organização. Já na visão de Garrison, Noreen, Brewer (2007, p.21) “a contabilidade gerencial auxilia os administradores no desempenho de suas funções, que incluem planejamento, direção, motivação e controle”. Cabe aos administradores buscar essas informações geradas nas suas atividades econômicas para serem analisadas nos processos decisórios e planejamento gerencial. Entretanto o trabalho em conjunto da administração com a contabilidade em um processo gerencial tende se fortalecer e proporcionar resultados positivos e significativos para as empresas. Baseando-se em informações precisas das quais foram contabilizadas e apuradas, utilizando a análise de tais demonstrações irá contribuir para o desenvolvimento seguro da organização. Essa visão da nova contabilidade, voltada para o gerenciamento, é uma forma de se cometer menos erros e proporcionar melhores decisões a serem tomadas, pois com informações analisadas previamente em relação às atividades de todos os setores da empresa é possível tomar medidas cabíveis que melhor solucione as necessidades da empresa. E isso contribui para evitar possíveis prejuízos, desperdícios e reduzir custos. De acordo com dados do SEBRAE (2008, p.19) acredita-se que “27% das empresas fecham no primeiro ano, 38% encerram suas atividades até o segundo ano, 46% fecham antes do terceiro ano, 50% não concluem o quarto ano, 62% fecham até o quinto ano e 64% encerram suas atividades antes de completar seis anos de atividade”. Com base nesses dados muitas empresas no Brasil tendem a fechar suas portas já no seu primeiro ano de vida, dado a falta de conhecimento das informações necessárias para um planejamento funcional de seu negócio. Crepaldi assegura que: Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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As empresas de pequeno porte normalmente são administradas pelos próprios sócios, que tem técnica ligada ao seu negócio, mas sem a formação administrativa de gestão, como administração, finanças, economias, marketing etc. Isso tem levado a um grande número de falências, recuperações judiciais e encerramento das pequenas empresas nos seus primeiros anos de vida (CREPALDI, 2011, p.3).

Com isso, sem as devidas análises sobre a gestão, a administração não terá como tomar as decisões que sejam melhores para a empresa. E ainda não terá como saber se a empresa está indo bem ou se encaminhado para um mau resultado, podendo levá-la a fechar as suas portas. Mas se por outro lado, a empresa se preocupa em estar sempre analisando seus resultados, como, uma análise de seus estoques, fluxo de caixa e provisão de suas despesas de suas atividades econômicas, tende a diagnosticar problemas que estão causando prejuízo para a organização. Já segundo Martins um diretor financeiro de uma grande construtora brasileira afirma que o apoio da contabilidade financeira dentro das empresas é embrionário e deveria ser melhor desenvolvido. Martins discute que No Brasil, esta situação de irrelevância da contabilidade para o apoio da administração é ainda pior. Como mais de 80% dos contadores se dedicam tão somente à contabilidade financeira ou externa, é natural que uma grande parte dos administradores acabe por vê-los quase como agentes do Fisco e, como tais, “elementos estranhos à atividade propriamente empresarial” (palavras do diretor financeiro de uma grande construtora brasileira) (MARTINS, 2002, p.11).

Garrison, Noreen, Brewer (2004, p.47) demonstram que “o conceito de Gerenciamento contábil Global está ligado às informações contábeis que são necessárias para controle, acompanhamento e planejamento da empresa como todo, e utilizadas pela alta administração da companhia”. Assim, as empresas devem se atentar para o fato de que as informações financeiras não têm sido suficientes para tomar as mais importantes decisões, onde tal informação não mostra a fundo os resultados exatamente como são. E em um mercado onde as informações são cada vez mais decisórias, a contabilidade gerencial vem para demonstrar com maior precisão os resultados da empresa, a fim de obter vantagens em seus negócios. Para Martins (2002, p.7) as informações “contábil-financeiro, formam um quadro geral de avaliação do desempenho, que não apenas tem poder explicativo sobre o estado atual da empresa, mas também permite projeções e simulações de cenários futuros”. Tendo isso em vista, a contabilidade terá um papel não só de demonstrar a situação financeira da empresa e sim o papel de estar mostrando todas as situações adversas que a empresa poderá passar. Contudo, o profissional mais qualificado para as análises necessárias de todas as informações contábeis é o contador controller que a cada dia está mais presente dentro das organizações. É através de sua análise que se poderá saber quais as melhores estratégias para a melhoria e sobrevivência de todas as áreas da empresa. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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2.2 Objetivos da Contabilidade Gerencial

Marion (2003, p.26) admite que “o objetivo principal da contabilidade, portanto, conforme Estrutura conceitual básica da contabilidade é o permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade”. A contabilidade por sua vez tem na sua missão de transmitir para os usuários internos como, os administradores os gerentes, diretores, e os externos como governo, acionistas e outros mais, informações sobre os seus respectivos departamentos, para análise das informações apuradas pela contabilidade, a fim de se tomar as melhores decisões. E por isso Crepaldi (2011, p.2) afirma que “o processo da contabilidade gerencial deverá ser obtido através do processamento da coleta de dados e informações que serão armazenadas e processadas no sistema de informação da empresa”. Através dos sistemas de informações de gestão, é que permitem recolher e tratar todas as informações geradas por atividades de negócios e encaminhá-las a todos os departamentos da empresa. E todas essas informações permite aos administradores avaliar e planejar os processos realizados nas atividades da empresa. A contabilidade feita em tempos passados teve como objetivo informar o proprietário das empresas o lucro que foi apurado em um empreendimento comercial. No atual cenário moderno, isso só não é suficiente. Os sindicatos precisam saber qual a capacidade de pagar salários, a gestão pública necessita de recursos obtidos dos impostos arrecadados para mover a economia, os ativistas ambientais cada vez mais exigem conhecer os investimentos feitos no meio ambiente, as pessoas endividadas querem calcular quanto devem e como podem fazer para pagar suas contas, os administradores das empresas precisam de informação que fortaleçam suas tomadas de decisões e diminui o grau de incerteza. Veja abaixo a afirmação de Crepaldi sobre isso: Sem conhecimento do mercado, da concorrência, da formação de preços, do controle dos gastos, do controle de estoque, do fluxo de caixa, do ponto de equilíbrio, de um planejamento tributário, da legislação pertinente ao seu negócio, os empresários tomam decisões incompatíveis com os objetivos das empresas, levando-as encerramento de atividades (CREPALDI, 2011, p.3).

Na perspectiva deste mesmo autor (2011, p.3) “as empresas estão em constantes mudanças; cada vez mais necessitam de controles precisos e de informações oportunas sobre seus negócios para adequar suas operações às novas situações de mercado”. Por muitos anos a contabilidade era vista somente como apurações fiscais. Mas, nos dias atuais, ela é contemplada como uma esfera de Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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inovações, tanto na parte tecnológica e tanto na geração de novas demonstrações contábeis exigidas pelos usuários internos e externos. Assim a contabilidade se mostra uma ferramenta fundamental no auxílio ao gerenciamento de todas as organizações empresariais, em busca de se medir e apurar os resultados do negócio e fornecer informações seguras para os processos de tomada de decisões e planejamento estratégico.

2.2.1 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

Até o momento foi construída a ideia de que a contabilidade gerencial fornece dados para um bom planejamento e isso passa pela noção do gerencialmente e socialização de dados financeiros. Agora será analisado o processo de tomada de decisões, a partir da contabilidade gerencial como diferencial no século XXI. Para embasar este pensamento, utiliza-se aqui a contribuição de Marion (2003, p.23), ele escreve que “frequentemente, os responsáveis pela administração estão tomando decisões, quase todas importantes, vitais para o sucesso do negócio”. Assim, percebe-se que as organizações empresariais em suas atividades econômicas, frequentemente passam por situações onde as decisões a serem tomadas influenciam o crescimento da empresa ou no fracasso de suas estratégias empresarias. Portanto é necessário que as informações ocorridas nos trabalhos realizados sejam demonstradas de forma clara e objetiva, a ponto de diminuir ao máximo essa margem de erro nas tomadas de decisões, em função de garantir o sucesso da entidade. Conforme Crepaldi (2011, p.15) “O ponto fundamental da contabilidade gerencial é o uso das informações contábil como ferramenta para administração. É o processo de produzir informação operacional financeira para funcionários e administradores”. No cenário atual aonde a tecnologia vem se desenvolvendo com intensa rapidez, e cada vez mais a concorrência se torna mais competitivo devido à globalização no cenário econômico, as empresas buscam inovações de novos produtos e serviços de qualidade e que sejam de custo baixo e que agrade seus clientes. Contudo nas demonstrações contábeis é possíveis buscar as melhores formas para a obtenção desses objetivos. Marion considera que: A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar desci soes. Na verdade ela coleta todos os dados econômicos, mensurandoos monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões (MARION, 2003, p.23).

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Crepaldi complementa essa ideia quando afirma que (2011, p.2) “a contabilidade gerencial proporciona aos seus administradores informações que permitem avaliar o desempenho de atividades, de projetos e de produtos da empresa, bem como a sua situação econômico-financeira através da apresentação de informações claras e objetivas”. A maioria das empresas que fecham suas portas precocemente, principalmente as de pequeno porte, não conseguem encontrar o problema que causa prejuízo nos negócios. Uma das causas é a má gerência de decisões e um ruim planejamento estratégico. Portanto, os relatórios contábeis, se fornecidos por uma boa contabilidade, tornam possível analisar, apurar, planejar e executar com uma maior eficiência todas as operações que existem dentro de uma organização. Contudo isso só será possível a parti do momento em que a administração buscar essas informações para a sua gestão. E conforme Marion (2003, p.24) “o processo decisório decorrente das informações apuradas pela Contabilidade não se restringe apenas aos limites da empresa, aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos”. Em todos os segmentos que abrange as atividades econômicas, a contabilidade gerencial deve ser tratada com muita seriedade, pois uma gestão que não volte os olhos para um planejamento e estratégias de negócios em todas as partes da empresa em que está atuando, dificilmente terá um bom resultado. Portanto a contabilidade gerencial será sempre indispensável no que se trata de transmitir informações para o sucesso e crescimento de uma organização empresarial. Nesse sentido vale ressaltar que um ator fundamental nesse processo é o controller. Pois este auxilia de maneira cientifica na interpretação dos dados para a tomada de decisões. 2.2.2 O PAPEL DO CONTROLLER

Crepaldi (2011, p.28) é categórico ao afirma que “o controller faz parte da cúpula administrativa, participando nos processos de planejamento e controle empresarial, capacitando os gerentes e os administradores a planejarem, executarem e controlarem adequadamente as atividades da empresa”. Esse profissional tende a ter um conhecimento a fundo da área em que está atuando. Isso é fundamental para que ele consiga identificar, nas demonstrações contábeis, todas as variáveis possíveis das atividades econômicas da empresa, possibilitando direcionar os seus gestores no caminho que atenda da melhor forma as necessidades da empresa. E Marion também discorre sobre o assunto da seguinte maneira: Contabilidade Gerencial: voltada para fins internos, procura suprir os gerentes de um elenco maior de informações, exclusivamente para a tomada de decisões. Diferencia-se das contabilidades já abordadas, pois não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores. O profissional que exerce a Contabilidade Gerencial também e conhecido como controller (MARION, 2003, p.28).

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Para estes autores o controller tem um papel fundamental na gestão de um negócio e deve ser respeitado nas tomadas de decisões. E Crepaldi ainda registra que: Compreender alguns aspectos relativos ao exercício do cargo, tais como funções desempenhadas, habilidades requeridas. Minimizar os riscos e incertezas nas decisões dos gestores, propiciando a eles caminhos alternativos, em que poderá visualizar qual deles trará resultados, mas eficaz. Fornecer informações úteis para o processo de tomadas de decisão (CREPALDI, 2011, p 28).

O autor define o controller como um executivo de normas, controles, metas, objetivos, orçamentos, contabilidade, finanças e informática. E sua função principal é obter, gerar e interpretar as informações. Cada vez mais o contador controller tem se mostrado que e um profissional que tende a estar cada vez mais presente dentro das organizações empresariais, controlando todas as áreas, desde o operacional até à administrativa financeira, reduzindo os custos e identificando os pontos prejudiciais e melhorando o resultado da empresa. Porém o trabalho desse profissional ainda é pouco explorado no mercado brasileiro, devido ao não conhecimento dos empresários sobre a importância de se obter tais informações precisas sobre a situação econômica da sua empresa. E Martins também discute sobre isso Enquanto a função do contador financeiro-fiscal se preenche e se esgota com a produção dos demonstrativos a, a função do Controller é muito mais abrangente e complexa, pois cabe a ele identificar, prever, mensurar e avaliar o impacto das forças críticas ambientais sobre os resultados da empresa (MARTINS, 2002 p.16).

Contudo as tendências a uma mudança cultural e estrutural no meio das organizações, com o surgimento de novas tecnologias de sistemas de informações e obrigações acessórias digitais frequentemente exigidas pelo o governo junto à contabilidade, as organizações passaram a se preocupar em se adequar as novas formar de gerir informações. E em pleno século XXI já é fundamental pensar na figura do controller como um agente influencia organizacional. Pois ele acaba conhecendo a fundo todos os procedimentos pertinentes a todos os departamentos da contabilidade tanto o contábil, fiscal e departamento de pessoal, essas declarações que são obrigatórias para com o fisco, não admitem erros ou atrasos ao se transmitir, pois a ocorrência de qualquer dessas duas hipóteses podem acarretar em penalidades para a entidade empresarial. Crepaldi orienta que O contador gerencial, pela própria natureza das funções que lhe são solicitadas a desempenhar, necessitara de formação bem diferente daquela exigida para o profissional que atua na contabilidade financeira, precisando assim de conhecimento matemático e estatístico, pesquisa operacional e técnicas de planejamento (CREPALDI, 2011, p. 3).

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Ainda segundo Crepaldi (2011, p.12) “o controlador deverá ter condições de avaliar todos os aspectos necessários para o processo de implantação de um sistema de informação contábil e de controladoria para a gestão eficaz dos sistemas da empresa”. Assim, o contador controller vem com o objetivo de criar modelos onde essas informações poderão mostrar a realidade no âmbito financeiro e comercial, analisando as variações e os impactos no decorrer das atividades comerciais, procurando uma melhor forma de corrigir as deficiências da empresa, mostrar que uma contabilidade feita somente em base em informações financeiras, não será suficiente para as mais importantes decisões de seus gestores de todas as áreas da entidade.

2.2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS

O sistema de informações gerenciais é outro assunto relevante no século XXI, na modernidade da contabilidade. Para Padoveze (2004, p.50) pode-se definir “Sistema de Informação como um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e tradução em informação”. Nota-se que a tecnologia teve uma influência muito importante na área da contabilidade em geral, possibilitando a apuração de todos os relatórios contábeis sobre todas as áreas da empresa. E isso pode ser analisado separadamente ou se preciso ou em um apanhado geral, possibilitando uma opinião com mais rapidez para as áreas pertinentes da empresa, tais informações contábeis vêm se tornando indispensável dentro das empresas. Contudo, o surgimento de novas tecnológicas no âmbito das atividades contábeis, as empresas tendem a uma mudança sócia econômica, político e cultural no decorrer de suas atividades econômicas, pois a tecnologia traz maior confiança nas apurações de todas as demonstrações contábeis. Também houve uma transformação nas obrigações acessórias em todos os departamentos de uma entidade contábil, o que antes era manual agora é digital. Os escritos de Padoveze certifica isso Os sistemas de apoio à gestão preocupam-se basicamente com as informações necessárias para gestão econômico-financeira da empresa. O Sistema de Informação Contábil é um sistema de apoio à gestão, juntamente com os demais sistemas de controladoria e finanças. O sistema de apoio à gestão tem como base de apoio informacional as informações de processo e quantitativas geradas pelos sistemas operacionais (PADOVEZE, 2004, p.50,51).

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É fato de que a contabilidade apoia a gestão de uma organização e Padoveze assegura que (2004, p.53) “O Sistema de Informação Gerencial exige planejamento para produção dos relatórios, para atender plenamente aos usuários”. Portanto não basta só ter um bom sistema de informações, e necessário saber como utilizá-lo por completo de modo que possa atender as necessidades da administração de uma empresa. Já Crepaldi (2011, p.5) acredita que “as empresas que utilizam um sistema integrado de contabilidade gerencial possuem diferencial positivo em relação as que não possuem, sendo importante no controle dos processos, de forma que se possa planejar e analisar sobre o futuro”. Por isso a tecnologia de informações vem se tornado essencial dentro das empresas e escritórios de contabilidade, nota se que as empresas necessitam de informações em um tempo real, para obter o máximo de informações sobre o cenário atual em que se encontra, possibilitando ser mais competitivo no mercado nacional e internacional, a fim de realizar os melhores negócios. E de acordo com Padoveze (2004, p.57) “um sistema de informação contábil tem necessariamente que abranger todas as áreas de contabilidade de que se vale o conceito de contabilidade gerencial”. Contudo, para usar adequadamente um sistema de informação e para a obtenção de informações para os gestores, todos os fatos contábeis necessitam ser informados exatamente de acordo com o ocorrido para uma contabilização e analise clara e precisa. No intuito de se tomar as melhores decisões. Portanto, e muito importante saber se o sistema utilizado atenderá as necessidades da empresa, apurando todas as informações que sejam pedidas, para serem analisadas pelos seus gestores. E sobre isso escreve Padoveze Como refinamento dos sistemas de apoio a questão existe sistemas específicos desenhados para um auxilio direta a questão das decisões gerenciais. São denominadas de Sistemas de Suporte a Decisão – DSS, Sistema de Informação Executivo – EIS (Decision Support Systems e Executivas Information Systems) e Business Intelligence – BI. Eles utilizamse da base de dados dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão e têm como foco flexibilizar informações não estruturadas para tomadas de decisão (PADOVEZE, 2004. p.51).

Padoveze (2004, p.52) ainda acrescenta que “a informação deve ser tratada como qualquer outro produto que esteja disponível para consumo. Ela deve ser desejada, para ser necessária. Para ser necessária, deve ser útil”. Devido à globalização e o crescimento das organizações em todo mundo, a tecnologia da informação vem se tornado indispensável para qualquer empresa que queira se tornar competitiva no cenário econômico. E isso é facilitado com um bom sistema de informação, e a gestão da empresa, terá informações em tempo hábil, aplicando todas

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essas informações nas atividades econômicas da empresa, assegurando decisões mais confiáveis e com menos riscos para o empresário. O contador gerencial é aquele que sabe perfeitamente que a informação que faz parte de seu sistema fio elaborada par atender as necessidades de outros. O contador gerencial deve fazer um estudo básico das necessidades de informações a partir das decisões-chaves que serão tomadas baseadas no Sistema de Informação contábil Gerencial (PADOVEZE, 2004. p.52;53).

O autor Padoveze deixa claro que apesar da informação contábil ser exata e verdadeira, o mais importante é o cumprimento do prazo das informações, e para isso deve se ter o controle, a fim de que todos os dados sejam rapidamente processados e transformados em informações, para serem analisadas. alterando frequentemente os processos, estruturas e estratégias nos negócios, pois a cada dia se torna mais essencial ter um controle rigoroso em todas as áreas envolvidas no funcionamento das atividades econômicas de uma empresa, a fim de obter menores custos e visando melhores lucros e prevendo futuros problemas que possam acontecer dentro da empresa, possibilitando ações corretivas para assegurar o alcance dos objetivos empresariais.

3 METODOLOGIA

No que se refere à metodologia, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Essa pesquisa foi realizada a partir dos livros de referência, os de referencial teórico e os livros de apoio. Para tanto, foi utilizada a infra-estrutura disponível na Faculdade Padrão. Para embasar esta análise no que se refere à metodologia foi utilizada a obra de Marconi Lakatos: Fundamentos de Metodologia Científica.

4 DISCUSSÕES E RESULTADOS

A contabilidade gerencial é uma ferramenta que tem como função repassar aos administradores informações que auxiliem no planejamento, controle e direção de todos os processos da empresa, desde a produção dos produtos e serviços, até as mais importantes operações financeiras. As informações são seguras e confiáveis, a fim de garantir um planejamento estratégico nos negócios futuros da entidade, em busca das melhores decisões. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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A contabilidade gerencial tem a função de repassar todas as informações de forma clara e objetiva, tais informações são responsáveis por englobar todos os departamentos, onde os gestores terão capacidade de absorvê-las com o propósito de aplicar em seus departamentos, no propósito de escolher os melhores caminhos a seguir. Portanto, a contabilidade gerencial é uma ferramenta de suma importância no auxílio dos processos administrativos, financeiros e decisórios de toda a empresa, independentemente do tamanho da entidade empresarial. Esse artigo teve como objetivo demonstrar que a contabilidade está voltada para o gerenciamento contábil, e deve ser considerada essencial pelos empresários do século XXI que buscam uma administração eficaz e organizada. Para tal eficácia nos tempos atuais é fundamental verificar essa ferramenta de auxílio aos gestores em suas tomadas de decisões, como de suma importância dentro de toda a organização, pois sem ela, torna-se muito difícil analisar todos os eventos favoráveis e desfavoráveis que poderão ocorrer no desenvolvimento de suas atividades empresariais. Por tanto é de fundamental importância que, não só os contabilistas, mas também os empresários se atentem que, só na contabilidade é possível ter suporte significativo e confiável para a tomada de decisão. O setor contábil é mais um setor que agrega valor em na gestão empresarial, repassando informações necessárias para garantir eficiência e eficácia na situação real da empresa, e também permitir uma análise individual de cada departamento da organização. Assim foi demonstrado o quanto ela é importante nos processos de planejamento estratégico e nas tomadas de decisões. Pois repassa aos gestores informações claras e objetivas de todos os departamentos de uma empresa, em busca de obter os melhores resultados, identificando o quanto estas informações podem ser valiosas quando são tratadas, analisadas e aplicadas pelos gestores dentro de uma entidade. E isso é uma necessidade que as empresas do século XXI passaram a possuir a fim de alavancar seus lucros.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se neste artigo que existe uma grande tendência nas empresas do século XXI de recorrerem a contabilidade como uma maneira de assegurar o sucesso empresarial. Dessa maneira, é totalmente pertinente tratar desse assunto “A importância da contabilidade no século XXI”, pois os empreendimentos vão depender cada vez mais de um bom planejamento para se estabelecerem no mercado. E vão precisar de um contador gestor que aplique a contabilidade gerencial Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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dentro das organizações e estabeleça uma interação direta com a administração da empresa. Por outro lado, percebe-se que os micro e pequenos empreendimentos ainda não se despertaram para essa realidade e por isso precisarão reavaliar sua forma de tratar as informações contábeis, no intuito de obter maior lucratividade e crescerem no mercado que atuam. Pois é a informação contábil, por meio de uma análise gerencial que propõe condição de maior estruturação de uma empresa. Pela relevância do tema, pretende-se aqui aprofundar na pesquisa num outro momento, deixando o assunto aqui tratado como um viés de discussão promissor para ser discutido num momento de pós-graduação. Dessa maneira, fica explícito que a pergunta problema levantada no inicio do artigo: A contabilidade, principalmente a contabilidade gerencial, pode ser observada como uma ferramenta de gestão, que serve para auxiliar na tomada de decisão? Foi respondida, pois de acordo com o que foi pesquisado aqui chega-se à resposta de que a contabilidade auxilia na tomada de decisão, a fim de garantir maior lucratividade às empresas, e isso serve como uma visão fundamental na contabilidade do século XXI.

6 REFERÊNCIAS

ATKINSON,Anthony A.[et al.] Contabilidade gerencial.Tradução de Andre Olímpo Mosselman Du Chenoy Castro. São Paulo: Atlas, 2000.

CREPALDI, Silvo Aparecido. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2011.

GARRISON, Ray H.;NOREEN, Eric W.;BREWER, Peter C. Contabilidade gerencial. Tradução e revisão Antonio Zoratto Sanvicente. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

 LAKATOS, Marconi. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003. MARION, José Carlos.Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Revista Ciência e Cultura - Vol. 2 Faculdade Padrão - Goiânia


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MARTINS,Nilton Cano. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo: jan./abr. 2002. Disponível em: www.scielo.br_pdf_rcf_v13n28_v13n28a01. Último acesso em: 17/02/2014.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

SÁ, Antônio Lopes. Teoria da contabilidade. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SANTOS, Selma Cristina; Carvalho, Márcia Alves Faleiro. Mundo Acadêmico e a Construção do Conhecimento: Normas e técnicas.

WARREN, Carl S.;REEVE, James M.;FESS Philip E. Contabilidade gerencial.Tradução técnica Andrade Olímpio Mosselman Du Chenoy Castro. 2.Ed. São Paulo: Thomson Learning, 2008.

10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de Empresas / SEBRAESP. São Paulo: SEBRAE-SP, 2008. Disponível em: www.sebraesp.com.br_arquivos_site_biblioteca_EstudosPesquisas_mortalidade_10 _anos_mortalidade_relatorio_completo.Último acesso em: 13/04/2014.

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