Revista Infocus

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Catalogação da Publicação Revista Infocus / Faculdade Salesiana do Nordeste. Nº 07 (OUTUBRO de 2011). – Recife: 2011. Semestral Infocus, Nº 07, Ano V, Recife FASNE, 2011. ISSN 16778154

1. Ciências Sociais – Periódicos.


Faculdade Salesiana do Nordeste Diretor Geral Prof. Ms. Robson Barros da Costa, SDB Editora Profa. Dra. Luiza Maria Pontual Costa e Silva Conselho Editorial Prof. Dr. Fernando José Pereira de Araújo Profa. Dra. Luiza Maria Pontual Costa e Silva Prof. Dr. Anderson de Alencar Menezes Prof. Dr. Marcílio Souza Júnior Profa. Dra. Dilma Aguiar do N. Vieira Profa. Ma. Renata Gusmão de Luna Prof. Ms. Simão Rosembaum Comissão Editorial Prof. Dra. Luiza Maria Pontual Costa e Silva Prof. Ms. Simão Rosembaum Prof. Ms. Aluízio Franco Moreira Preparação do Texto e Editoração Eletrônica Profa. Dra. Luiza Maria Pontual Costa e Silva Prof. Ms. Robson Barros da Costa, SDB Revisão de Texto Prof. Fábio de Hollanda Valente. Projeto Gráfico CQueiroz Comunicação Comente os artigos escrevendo à editora: revista@fasne.edu.br

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APRESENTAÇÃO Com mais um número da nossa Revista INFOCUS reiteramos o nosso propósito de promover o debate e sacudir a sonolência que, às vezes, nos entorpece, a ponto de simplesmente nos limitarmos a dogmatizar ideias e repetirmos chavões, sem pararmos para uma reflexão mais crítica das nossas práticas. Pretende-se com esta revista promover a reflexão e o debate entre as diversas áreas do conhecimento, visando uma abordagem interdisciplinar, tão fundamental para o enfrentamento dos complexos problemas a serem trabalhados pela sociedade, em um mundo que enfatiza, excessivamente, a rivalidade. A ação pedagógica, se não for constantemente refletida e repensada, via de regra se desenvolve com o objetivo de uniformizar e padronizar a multiplicidade das culturas. A imagem do professor que reinava com absoluta autoridade parece estar posta em cheque e a escola, que tem o objetivo de ensinar a pensar, depara-se com uma realidade voltada para a não reflexão e para o automatismo. Uma instituição de ensino como a FASNE, que pretende trabalhar em sintonia com o pensamento de Dom Bosco, não pode descuidar do seu papel no que diz respeito à formação de profissionais éticos, comprometidos com uma perspectiva humanística e solidária, pois é este o profissional urgentemente demandado pela sociedade atual, que se acha mergulhada em uma profunda crise moral.

Prof. Ms. Robson Barros da Costa Diretor Geral



EDITORIAL Sem pretender corroborar a perspectiva que vê na educação a panaceia para todos os males, o instrumento por excelência de equalização das oportunidades na sociedade, mas nem por isso sem deixar de reconhecer o importante papel ocupado pela mesma na construção/desconstrução de uma sociedade mais justa, humana e participativa, a nossa revista INFOCUS pretende trazer à baila a discussão acerca do tema proposto para o SALESIUS/2011, que foi DESENVOLVIMENTO REGIONAL: FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM TEMPOS DE DESAFIOS SOCIAIS. Este é um tema que, sem sombra de dúvidas, está em pauta para todos aqueles que estão preocupados com a profunda crise vivida hoje pela nossa sociedade, a qual conseguiu contabilizar saltos inacreditáveis, até vinte ou trinta anos atrás, em termos de avanços tecnológicos, mas que, em termos humanitários, perdeu-se completamente no labirinto da eficácia para a reprodução do capital. Nessa perspectiva, o importante é aprender a fazer; assim sendo, a escola tem hoje como principal desafio o ensinar a pensar, o resgate da preocupação com o SER que se perdeu completamente nessa engrenagem, que prima pela impessoalidade e pela utilidade. As grandes conquistas econômicas vividas hoje pela nossa região e, especialmente, por Pernambuco, com o advento de SUAPE, coloca, para instituições de ensino como a FASNE, cuja preocupação não está restrita apenas ao lucro, a urgente necessidade de pensar/repensar esses avanços econômicos no âmbito da formação de profissionais, de fato sintonizados com o compromisso ético e humanitário que constituem o grande legado do seu mentor maior que é Dom Bosco. O potencial de destruição produzido pela sociedade industrial precisa ser desarmado. É preciso que o ser humano comece a ver-se como parte integrante da natureza e não mais como seu dominador. Daí que é preciso uma preocupação com a realidade local, dentro do contexto mais global. Num processo inter, trans e multidisciplinar, somos convocados a construir/reconstruir a partir de novas experiências humanas e solidárias. É preciso fortalecer a aceitação do outro, do diferente, numa perspectiva multicultural. O grande crescimento econômico e os avanços tecnológicos deixaram para aqueles que estão nos centros mais avançados uma falsa ilusão de que a preocupação no sentido de uma convivência harmônica e respeitosa com o multiculturalismo seria devaneio das esquerdas, já que o que todos têm que fazer é seguir o pensamento e os modelos sociopolíticos desses grandes centros, donos da verdade, e que pretendem servir de referência para todos os demais. Nessa perspectiva, caminhamos para novos totalitarismos, onde as diferenças não são toleradas. Essa é uma discussão que precisa estar presente nas pautas daqueles que estão preocupados e comprometidos com um mundo mais justo e humano. Sintonizados com toda essa temática, o presente número da revista INFOCUS traz uma entrevista, gentilmente concedida pelo Professor Titular da disciplina Fundamentos da Educação, da UFPE, Doutor FLÁVIO BRAYNER, que nos brindou com um espaço na sua agenda de trabalho, para fazer uma brilhante análise


do momento crucial que estamos atravessando. Contamos ainda com quatro artigos, encabeçados pelo o do Professor Doutor FERNANDO JOSÉ PEREIRA DE ARAÚJO, que analisa a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento, sendo visto o último como um conceito que engloba a preocupação com o homem na sua relação com a natureza e aponta a convergência que, a seu juízo, existiria entre os pensamentos laico e teológico, com respeito ao desenvolvimento, já que ambos tomam o homem como princípio e fim. A seguir, temos o artigo das Professoras Mestres ROSÂNGELA CELY BRANCO LINDOSO e LAURECY DIAS DOS SANTOS, que escreveram acerca de estudo desenvolvido no programa de pós-graduação em educação da UFPE, que evidencia a importância da abordagem interdisciplinar como impulsionadora de inovações na experiência do nado sincronizado. Em continuação, contamos com o artigo da Professora Mestre ANANDA LIA SANTANA NUNES MAIA, que analisa como a informação e as emoções estão relacionadas com comportamentos e atitudes comprometidos com a sustentabilidade. Com este artigo, a autora pretende trazer subsídios, no sentido de auxiliar na escolha e na utilização de ferramentas que possam ajudar os consumidores na construção de relacionamentos sustentáveis. Para concluir, temos o artigo da Professora Doutora LUIZA MARIA PONTUAL COSTA E SILVA, que traz um breve apanhado histórico da economia e da política em Pernambuco, buscando analisar a relação entre essas duas dimensões e os enormes desafios que hoje se apresentam frente à urgente necessidade de resgatar as dimensões humana e ética na formação dos profissionais demandados nesse processo, sem naturalmente descuidar da excelência técnica. Esperamos que os artigos trazidos possam ajudar na reflexão que deve ser de todos os que, de alguma forma, desejam participar da construção de uma sociedade mais humana e solidária. A EDITORA


SUMÁRIO PRIMEIRA SEÇÃO – Entrevista Entrevista com o Prof. Ms. Flávio Brayner............................................................... 13 SEGUNDA SEÇÃO – Artigos O Desenvolvimento e seu Sentido Humanístico......................................................... 23 Prof. Dr. Fernando José Pereira de Araújo Interdisciplinaridade: Uma Experiência com o Nado Sincronizado......................... 37 Profa. Ma. Rosângela Cely Branco Lindoso Profa. Ma. Laurecy Dias dos Santos Consumo e Sustentabilidade: Informações e Emoções como Influenciadoras do Comportamento................................................................................................................ 51 Profa. Ma. Ananda Lia Santana Nunes Maia Desenvolvimento Regional e Formação Profissional em Tempos de Desafios Sociais: A Relação entre Política e Economia no Estado de Pernambuco.............. 63 Profa. Dra. Luiza Maria Pontual Costa e Silva Normas para Publicação dos Artigos Científicos na Revista Infocus......... 77



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PRIMEIRA SEÇÃO ENTREVISTA



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ENTREVISTA Prof. Flávio Brayner

Nesta edição da Infocus, uma entrevista com o Prof. Flávio Brayner que é Pós-Doutor pela Universidade de Paris X – Saint Denis, Doutor em Educação pela Universidade Sorbonne – Paris X e Mestre em História pela Universidade Federal da Pernambuco. Atualmente é Professor Titular da UFPE, onde leciona Fundamentos da Educação. Na entrevista a seguir, o Prof. Flávio Brayner faz uma reflexão acurada de questões de relevo mundial e regional, sempre enfocando a sua interconexão com a educação e fazendo uma crítica sem meias palavras ao processo educacional e de vida social vigente. Sem dúvidas, um pensamento diferenciado e bastante esclarecedor visto nas próximas linhas.

O mundo vive hoje uma profunda crise moral, o que parece ser resultado de um excesso de pragmatismo, consequência de uma racionalidade utilitária que identifica as questões morais e humanitárias como algo menor. Por outro lado, parece impor-se, hoje, a necessidade do rompimento com a concepção ingênua em relação à educação, a qual vê esta dissociada do contexto das relações sociais e políticas. O Senhor, como educador, o que pensa a esse respeito? Prof. Flávio Brayner É preciso entender que esta “crise moral” significa o fim de uma determinada forma de se ver o SUJEITO, forma baseada nas chamadas filosofias da consciência (ou do sujeito): estamos de fato, vivendo o fim de uma ética do sacrifício e do Dever (kantiana) e o início de uma ética hedonista e altamente individualista, muito típica de momentos de decadência (fim de utopias, estreitamento do espaço público, nova percepção da realidade, hiperindividualismo, estéticas da existência, etc): representa, de fato, o fim do Humanismo. Estamos vivendo uma tardia época “nietzscheana”, cujas consequências são imprevisíveis... O que está em jogo, agora, não é propriamente uma nova ingenuidade - coisa na qual nunca acreditei! -, mas um novo totalitarismo imposto por agências impessoais e burocráticas e que funciona mais ou menos da seguinte forma: a cidadania é mais do que simples participação pública; eu sou muito mais do que isso e não tenho mais tempo para exercer minhas múltiplas identidades e interesses, cada vez mais difusos. Assim minha tendência é delegar e eleger alguém que, acreditando em sua competência técnica, analisará as demandas sociais em termos de metas, produtos,


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ENTREVISTA - Prof. Flávio Brayner

“...nossa área é o reino dos clichês, dos jargões, dos pensamentos já pensados, das palavras já ditas...O clichê é a derrota do pensamento”. resultados, monitoramento, avaliação, planejamento estratégico, etc. Abandono o espaço decisório em troca, claro, de algumas compensações, só permitidas por uma sociedade da abundância e super-consumo. A educação não poderia escapar destas injunções: escola como lugar de prazer e consumo, resultado de aprendizagem como medida de todas as coisas. Trata-se de uma nova e insidiosa forma de dominação que não passa mais pela “consciência”. Se não entendermos isto, teremos dificuldades em decifrar os enigmas de nossa época. A partir do entendimento de que a prática educativa se rege por princípios político-filosóficos, uma vez que é possível trabalhar a educação para a passividade e submissão ou para a construção da cidadania, e considerando ainda que a pedagogia geradora de passividade, largamente adotada nos dias atuais, é uma pedagogia que contribui, significativamente, para a construção de consciências corruptas e corruptoras, onde um certo cinismo ganha bastante espaço, como o Senhor vê o papel da educação no Brasil de hoje? Prof. Flávio Brayner O que está em jogo, aqui é a própria ideia de princípios. A nova concepção pragmatista (que não é mesma coisa de pragmática!) supõe que qualquer que seja o fundamento ou principio, ele é arbitrário: o problema está na legitimidade de quem o enuncia. Porque um princípio/fundamento é aquilo que permite que os discursos sejam enunciados, ou seja, sem alguém que funda ou principia, os outros nada podem enunciar. Que poder! Imaginar, em seguida, que ou a educação é libertadora (tese com a qual não concordo) ou só opressora (idem!) é imaginar um social segundo uma lógica escolástica: educação é, simultaneamente, opressão e emancipação e não pode ser diferente, e mesmo uma perspectiva política supostamente “libertadora”, pode facilmente se transformar em sutil “tecnologia do eu”. Penso a educação no Brasil como ainda

“...educação é simultaneamente opressão e emancipação”.


ENTREVISTA - Prof. Flávio Brayner

não tendo cumprido uma tarefa republicana básica: oferecer aos seus egressos a competência necessária para pensar, falar e julgar no interior de uma sociedade complexa e plural. Num quadro de significativo desenvolvimento experimentado pela nossa Região, com o advento do Complexo Portuário de Suape, bem como de outros investimentos estruturadores, e as consequentes contradições advindas de uma situação em que o ecossistema precisa ser trabalhado com atenção especial, bem como a de que as populações locais precisam ser levadas em conta com não menor atenção; bem assim que, e ao mesmo tempo, o crescimento deve ser buscado; que tipo de preocupação o senhor vislumbra hoje, por parte do Poder Público, no que diz respeito às exigências com relação à formação dos profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, a quem caberá enfrentar os enormes desafios a serem superados? Prof. Flávio Brayner A pergunta remete à primeira questão: quando se fala de “apagão humano” é porque não estamos mais falando o mesmo vocabulário, usando o mesmo dicionário! Educação é aquele ponto em que decidimos se amamos suficientemente o mundo para permitir a sua continuidade (H. Arendt). O problema das perspectivas tecnicistas (capital humano, performance escolar, desempenho) é que elas são enunciadas dentro de uma ordem plenamente democrática, mas visam suprimi-la, encetando uma política de administração do desejo, só permitida pela sociedade da abundância (para alguns!). Como sociedade, estamos abrindo mão de nossa consciência, que era a marca do SER, para compensar tal au-

“DIÁLOGO...DIA quer dizer, em grego, travessia e LOGOS, palavra. Travessia pela palavra. O problema é se estamos ou somos preparados para o diálogo apenas por dispor da palavra articulada”. sência com a posse voraz e fugaz que o consumo proporciona. Como educar dentro de um contexto cultural semelhante? Parece que é no enfrentamento das tensões que o sonho se constrói, já que é no encontro com a diversidade que se alicerçam as possibilidades de trans-

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ENTREVISTA - Prof. Flávio Brayner

formação. Nessa perspectiva, como fazer um trabalho educativo voltado para favorecer o cidadão, no sentido da sua construção como sujeito livre, responsável e autônomo, numa situação em que a educação vem se limitando a uma prática meramente informadora, sendo tratada, tradicionalmente, pelo Poder Público, com bastante desinteresse, o que pode ser verificado a partir das precárias condições oferecidas aos educadores? Prof. Flávio Brayner Acho que as respostas anteriores já apontam algo: a escola ficava situada entre dois campos: o da vida privada, afetividade e familiar e a vida pública (trabalho e cidadania). Nem a família é mais a mesma e nem as esferas públicas são as que conhecemos. A escola ficou meio isolada e lamentando um mundo perdido, onde os valores não são mais os mesmos. De fato, como educar numa época em que os “espaços” (públicos e privados) estão em franca decadência e já não dispomos nem da segurança das amarras normativas do passado (religião, autoridade, etc.) nem de utopias redentoras? A saída para a grande crise vivida pela sociedade atual parece passar, necessariamente, pela necessidade de construção do diálogo, já que na formação do profissional o que precisa ser buscado é a unidade entre pensamento e ação, entre prática e teoria, pois somente assim seria possível, ao futuro profissional, assumir o seu papel histórico. O que pensa o Senhor a respeito dos profissionais que são formados hoje na nossa Região, com o perfil das escolas de que dispomos? Prof. Flávio Brayner Não acredito em “papel histórico”! A não ser que se parta de uma visão hegeliana da história, de desastrosas consequências sociais, políticas e humanas. Quanto ao diálogo, é preciso, logo, desfazer um mal entendido: DIÁLOGO não o contrário de monólogo, nem uma conversa entre pessoas. DIA quer dizer, em grego, travessia e LOGOS, palavra. Travessia pela palavra. O problema é se estamos ou somos preparados para o diálogo apenas por dispor da palavra articulada. O que precisamos atravessar são as significações que atribuímos ao mundo e ao conjunto das experiências possíveis. A educação que praticamos permite isto? A nossa formação de professores está voltada para assegurar que um mundo propriamente humano não desaparecerá? E, afinal, de que “humano” estamos falando? Nos anos 60, do século passado, quando foi criada a SUDENE, a grande dificuldade encontrada em todos os diagnósticos da Região Nordeste era a falta de profissionais capacitados para levar adiante a tarefa de desenvolver a Região. Nessa perspectiva, uma das atribuições daquele órgão de desenvolvimento foi trabalhar e promover a educação; enquanto isso, as melhores oportunidades de emprego eram oferecidas a profissionais de outras Regiões, principalmente do Sudeste; hoje, 50 anos depois, a mesma situação se repete; o que pensa o Senhor a respeito?


ENTREVISTA - Prof. Flávio Brayner

Prof. Flávio Brayner A noção mesma de “desenvolvimento” implicava etapas e procedimentos inspirados nos países centrais do capitalismo. Ninguém jamais disse que a França, antes de se tornar “desenvolvida” fora “subdesenvolvida” (ela foi medieval, pré-capitalista, etc.). Lembro, aqui, as obras de Gunder Frank e de Rodolfo Stavenhagen. Sabemos que o trabalho educativo está inserido em uma cultura, porém não precisa que ele seja necessariamente reprodutor do modelo estabelecido; ao contrário, cabe-lhe um papel transformador desta conjuntura cultural desumanizadora a que estamos circunscritos. Em sua opinião, que tipo de contribuição as políticas públicas voltadas para a educação poderiam oferecer? Prof. Flávio Brayner Como no Quixote, o mundo em que estamos vivendo não corresponde mais as palavras que usamos para nomeá-lo! Esta desfamiliarização (Camus) com o mundo está, em parte, na raiz de nossa “crise”. Mudar a linguagem pedagógica é, para mim, o primeiro passo. Precisamos de uma nova política de renomeação do mundo. Não é outra a razão pela qual nossa área é o reino dos clichês, dos jargões, dos pensamentos já pensados, das palavras já ditas... O clichê é derrota do pensamento. Na sua opinião, a atual proliferação de Instituições privadas de Ensino Superior na Região Nordeste significa que estamos suficientemente preparados para atender à demanda por profissionais devidamente qualificados para a implementação do processo de desenvolvimento regional? Prof. Flávio Brayner Não! Antigamente imaginávamos que a forma privilegiada de dominação social e política era não fornecer escola para todos, ou oferecer uma de péssima qualidade para os pobres. Esta visão “colonial” não faz mais parte do ideário de nossas elites. Hoje, estamos todos condenados a jamais deixar a escola: somo escolares permanentes, eternos infantes, alunos, aprendentes (sic)..., necessitando de gurus, orientadores, tutores, iluminadores. Não sairemos mais da escola, do nascimento ao pós-doutorado. Esta proliferação faz parte de um amplo processo de

“Não acredito em educação para o desenvolvimento, mas sim, em educação para a formação humana...”

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ENTREVISTA - Prof. Flávio Brayner

infantilização política e emocional da sociedade e não é à toa a proliferação dos manuais de autoajuda e autoengano. Claro que os resultados para o “desenvolvimento” são bastante questionáveis! Como conciliar a ênfase concedida ao crescimento econômico pelas políticas nacionais com uma proposta educativa, cujo objetivo é a emancipação através da construção da cidadania, condição que parece fundamental para o efetivo desenvolvimento sustentável da Região Nordeste? Prof. Flávio Brayner O problema é saber se teremos capacidade de resistir pedagogicamente com uma concepção do humano que a sociedade está abandonando. Pessoalmente, às vezes penso, melancolicamente (mas sem saudade), que “minha época” não é mais esta e que vivo num mundo – como disse Lévi-Strauss em uma de suas últimas entrevistas – pelo qual não tenho mais nenhum amor! Talvez seja isto, viver numa época “revolucionária”: a utopia, como Saturno, devora seus filhos! As questões ambientais colocam muito bem isto. Hoje está bastante claro que, ou nós nos damos as mãos e respeitamos o planeta ou realmente não tem jeito. Então nós precisamos da solidariedade. Precisamos da solidariedade, precisamos entender que o dinheiro não pode comprar tudo, não pode destruir tudo. Eu diria que é uma volta que nos vamos precisar fazer à natureza, ao primitivo, que justamente vão tirar de nós...quer dizer antigamente era chique ter certas suntuosidades em casa. Hoje vai se vendo que o importante é integrar a natureza em casa, utilizar o rústico; ou seja, vai voltando alguma coisa que se perdeu. Então eu acho que a natureza vai nos forçar a reconhecer que o natural é muito bom. E o que eu acho que hoje nós estamos fazendo. E que é algo que o Reitor Mor coloca para nós hoje é que nós não podemos mais dissociar, separar, o sistema preventivo, que é nosso método educativo dos Direitos Humanos. Então eu acho que isto deve nos vincular ainda mais. Enquanto Salesianos, a força da educação vem deste processo de formação, de preparação da sociedade, de educação de jovens para os direitos humanos. Então nós só temos a ganhar com esta associação, com esta tomada de consciência. Educação tem tudo a ver com os Direitos Humanos.


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ENTREVISTA - Pe. Agnaldo Soares de Lima

SEGUNDA SEÇÃO ARTIGOS

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ENTREVISTA - Pe. Agnaldo Soares de Lima


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O DESENVOLVIMENTO E SEU SENTIDO HUMANÍSTICO Fernando José Pereira de Araújo Mestre e Doutor em Direito, é professor de História do Direito e Direito da Inclusão Social da FASNE – Faculdade Salesiana do Nordeste. Tem vários livros publicados, entre os quais: Aspectos da História do Direito no Brasil.

Resumo: O presente artigo tem como objetivo de estudo a demonstração da ligação necessária entre o fenômeno do desenvolvimento e o homem, de modo a provar que desenvolvimento sem ter a pessoa humana como alvo é mero crescimento econômico, mera estatística, mero dado contábil. Para tanto, faz-se um panorama da evolução histórica do desenvolvimento, seu sentido e alcance, inclusive com relação ao Nordeste brasileiro. Procura-se mostrar que há uma convergência de pensamento entre o pensamento laico e o teológico com relação ao tema do desenvolvimento, porque ambos tomam o homem como valor fonte. O trabalho introduz na discussão a temática da sustentabilidade, que considera ingrediente importante em favor da natureza como um todo, ou seja, com o homem nela incluído. Finalmente demonstra que a formação profissional depende da formação integral do homem pelo adequado processo educacional. Palavras-chave: Desenvolvimento; educação integral; sustentabilidade; natureza; região; direitos humanos; dignidade da pessoa humana e formação profissional. Abstract: The Development and its humanistic sense. The current article has as an aim of study the demonstration of the necessary relation between the phenomenon of the development and the mankind in order to prove that the development itself without having a human being as a target is a mere economical growth, simple statistics and countable data. For having done that, it is necessary an analysis of the historical evolution of the development, its common sense and achievement, with relation to the Brazilian northeast inclusive. To try to show that there is a convergence of thought between the theological and non-theological consideration, related to the main idea of the development, as they mutually regard the man as a valuable source. The study presents the discussion with the theme of accountability, which considers important element in favour of the nature as a whole , that is, with the man being included in it. To sum up, it demonstrates that the professional qualification depends on the absolute development of the man by means of appropriate educational process. Keywords: development, absolute education, accountability, nature, region, human rights, human dignity and professional development.


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O DESENVOLVIMENTO E SEU SENTIDO HUMANÍSTICO

I

A QUESTÃO HUMANA

Diz Nelson Saldanha, considerando a questão humana numa perspectiva antropológica (Pela Preservação do Humano, Recife (PE), Ed. FUNDARPE, 1993, PP.19/20), que: “o ser chamado homem, aludindo ele mesmo a um mínimo de constantes presentes em sua experiência, chegou ao adjetivo humano. E com este, à representação de um atributo básico, denominador de outros atributos: humano como correlato de uma condição em que os homens se reconhecem, como qualificação do ser que são entes humanos. Humanos, subumano, desumano, são pontos de referência que aparecem quando de certas alusões, que pressupõem a unidade daquele atributo básico”[...] Preservar o humano é mais do que aplicar ao “gênero” humano o princípio de conservação, de teor biológico; mais, também, do que cumprir o in suum esse perseverare, de teor metafísico e presente em Spinoza. Corresponde em verdade à concretização da consciência histórica”. Mesmo por ângulo de visão diferente, São Tomás de Aquino já havia dito que o humano corresponde a um “conjunto de características comuns a todos os homens, inclusive a vida, a animalidade etc.” (Cf. Súmula Teológica, I, 3, 3c). Nesta definição de São Tomás, ao que parece, o gênero próximo e a diferença específica estão bem caracterizados. Ou seja, aquilo que marca os homens e o que os distingue dos demais animais. Com efeito, os instintos os iguala aos outros animais. A natureza do homem propriamente humana (moral, religião, arte, etc.) comandaria a sua natureza eminentemente animal. Com efeito, quer a visão antropológica, quer a visão metafísica, como vistas, nos autorizam a dizer que há uma essencialidade comum entre os homens, o que os põe em pé de igualdade. Sendo assim, os homens não podem ser distinguidos discriminados por questões meramente acidentais, como cor da pele, raça, língua, ou lugar em que viva (determinismo biológico, geográfico, etc.).

II

O DESENVOLVIMENTO É DO HOMEM, DE TODOS OS HOMENS

A noção de desenvolvimento, quando aplicada aos processos sociais, não deve ficar restrita ao aspecto econômico. Todavia, sempre assim ocorreu. Ou seja, as discussões sobre desenvolvimento sempre tiveram o campo econômico como seu fundamento. Por essa razão, ao criar o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, dentro do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em 1990, o economista paquistanês Mahbub Ul Hoq teve como principal objetivo tirar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional, de modo a que a pessoa, o ser humano fosse o alvo das análises. Com efeito, o índice, criado ha 21 anos, combina dados da prosperidade econômica com os níveis de educação e expectativa de vida. Aliás, neste ano de 2011, por exemplo, o Brasil passou a figurar na 84ª posição entre os 187 países avaliados pela ONU.

III

HUMANISMO E DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA – DSI É nessa linha de fundamentação que vem trabalhando a Igreja por meio da


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sua doutrina social. Como é sabido, a Doutrina Social da Igreja (DSI) é um conjunto de ensinamentos da Igreja Católica e do seu Magistério, constante de numerosas encíclicas e pronunciamentos dos Papas. Tem sua origem nos primórdios do Cristianismo e por finalidade fixar princípios, critérios e diretrizes gerais a respeito da organização social e política dos povos e das nações. Ela se desenvolveu a partir do século XIX por ocasião do surgimento da sociedade industrial moderna, suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, sua nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, suas novas formas de trabalho e de propriedade. A Doutrina Social da Igreja considera que a norma fundamental do Estado deve buscar a justiça, por meio de uma equilibrada ordem social, de modo a garantir a cada um, no respeito ao princípio da subsidiariedade, “a própria parte nos bens comuns.”. Através das numerosas encíclicas e pronunciamentos dos Papas, a Doutrina Social da Igreja aborda vários temas fundamentais, como “a pessoa humana, sua dignidade, seus direitos […]; o sistema econômico e a iniciativa privada; o papel do Estado; o trabalho humano; a comunidade política e o bem-comum, a natureza e sua preservação. Com efeito, no século XIX, com o surgimento da sociedade industrial modificou-se o contexto social de modo a determinar uma reavaliação do que seria a “justa ordem da coletividade”. Antigas estruturas sociais foram desmontadas e o surgimento da massa de proletários assalariados determinou fortes mudanças na organização social fazendo com que a “relação capital e trabalho” se tornasse uma questão decisiva de um modo até então desconhecido. As estruturas de produção e o capital tornaram-se o novo poder, que, colocado nas mãos de poucos, comportava para as massas operárias uma privação de direitos, contra a qual era preciso revoltar-se. Lentamente os representantes da Igreja se aperceberam que das novas formas socioeconômicas surgiam problemas com reflexos na questão da “justa estrutura social”. Muitas iniciativas pioneiras surgiram nesta época entre leigos e religiosos voltadas para os problemas de pobreza, doenças e carências de serviços de saúde e educação. Em 1891, Leão XIII sentindo a urgência dos novos tempos e das “coisas novas” promulgou a encíclica Rerum Novarum. A ela seguiu-se a encíclica Quadragesimo anno, de Pio XI em 1931. João XXIII publicou, em 1961, a Mater et magistra e Paulo VI a encíclica Populorum Progressio, em 1967, e a carta apostólica Octagesima adveniens, em 1971. De sua parte João Paulo II não foi menos preocupado com o tema da “questão social”; publicou três encíclicas: Laborens exercens (1981), Sollicitudo rei socialis (1987), Centesimus annus em 1991. Recentemente Bento XVI lançou a encíclica “Caritas in veritate”. A encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, versa sobre a questão operária, busca uma ordem social justa. São princípios básicos em que se condensa a Doutrina Social da Igreja: 1) A dignidade da pessoa humana, como criatura à imagem de Deus e a igual dignidade de todas as pessoas; 2) respeito à vida humana, 3) princípio de associação, 4) princípio da participação, 5) opção preferencial pelos pobres, 6) princípio da solidariedade, 7)


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princípio da subsidiariedade, 8) princípio do bem comum, 9) princípio da destinação universal dos bens. Destaquemos alguns. Destarte, os princípios da dignidade da pessoa humana, do bem comum, da subsidiariedade e o da solidariedade, a Doutrina Social da Igreja - DSI os considera de caráter geral e fundamental, permanentes e universais. Esta doutrina indica, ainda, valores fundamentais que devem presidir a vida social. Justiça: “Segundo São Tomás de Aquino consiste na vontade perpétua e constante de dar a cada um o que lhe é devido. A justiça, contudo, não é uma simples convenção humana, porque o que é justo não é originalmente determinado pela lei, mas pela identidade profunda do ser humano. Aqui reafirma o “direito natural” como sinônimo de respeito à dignidade da pessoa humana, sob uma ótica cristã de valores, como fundamento do direito positivo. Bem Comum seria “O conjunto daquelas condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um dos seus membros atingirem de maneira a mais completa e desembaraçadamente a própria perfeição.” O bem comum seria de responsabilidade de todos. “O bem comum empenha todos os membros da sociedade: ninguém está escusado de colaborar, de acordo, com as próprias possibilidades, na sua busca e no seu desenvolvimento.” (João XXIII, Mater et Magistra e Catecismo da Igreja Católica n. 1913). Mais, o bem comum é a razão de ser da autoridade política e para assegurá-lo o governo de cada País tem a tarefa específica de harmonizar com justiça os diversos interesses setoriais. Nessa perspectiva, o bem comum iria além do simples bem-estar econômico e considerar-se-ia a finalização transcendente do ser humano. Com essas considerações, há que se sublinhar que não é suficiente progredir do ponto de vista econômico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de tudo, verdadeiro e integral.

IV

SUSTENTABILIDADE – INGREDIENTE HUMANO QUE ENRIQUECE A IDEIA DE DESENVOLVIMENTO

O conceito de desenvolvimento sempre se apresentou ora relacionado à evolução do sistema de produção, ora ao processo de acumulação e progresso técnico, com o objetivo de elevar a produtividade da força de trabalho, ou, na perspectiva de Celso Furtado, à relação entre desenvolvimento e o grau de satisfação das necessidades humanas na economia, na utilização dos recursos naturais. Essas visões do desenvolvimento não procuravam conciliar a exploração dos recursos naturais escassos, com a satisfação das necessidades da população, sem degradar suas condições de existência, o meio ambiente. Os primeiros questionamentos quanto ao modelo hegemônico de desenvolvimento (industrial, progressista) ocorreram nos anos 60 e 70 em meio a discussões sociais e ambientais. Era o início da não conformidade “com o modelo materialista, bélico, individualista, competitivo e degradador do meio ambiente.


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A noção de desenvolvimento sustentável representou uma evolução de todos os conceitos anteriormente relacionados ao desenvolvimento, evoluindo daquela primeira ideia de “eco desenvolvimento”, a qual vinha sendo defendida desde 1972, quando da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo. Nascia, pois, o conceito que promovia a compatibilidade entre o crescimento econômico e a proteção ambiental, defendendo ser possível associar o crescimento econômico com a conservação ambiental. Formulado o conceito de desenvolvimento sustentável, passou-se a buscar medidas para a sua efetiva implementação. Nesse sentido, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ocorreu no Rio de Janeiro no ano de 1992, e ficou conhecida como Rio-92, dentre os inúmeros documentos produzidos no evento (Declaração do Rio, Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, Convenção sobre a Diversidade Biológica e Convenção sobre Mudanças Climáticas), destacou-se a Agenda 21, a qual buscava promover o desenvolvimento sustentável.

V

O IMBLÓGLIO DO NOSSO TEMPO 5.1. ECONOMIA, ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

Princípios éticos devem revestir-se de valor para a Economia. A questão ética precisa tomar parte das atividades econômicas, do trabalho, da ideia de lucro, de concorrência. Portanto, ciência e ética devem andar de mãos juntas. O que, infelizmente, ainda não acontece. Daí ter dito o teólogo e ecologista Leonardo Boff ao jornalista Jailson da Paz em entrevista ao Diário de Pernambuco (3-10-2011), que existe uma verdadeira cegueira ambiental. Na matéria o ex-frade franciscano coloca que até a Igreja se equivocou, no passado, ao dar guarida ao princípio científico segundo o qual, o homem é superior à natureza. “Somente agora é que Ela está chegando ao tema da ecologia”. Para ele, muitas catástrofes aconteceram exatamente porque o homem se sentiu fora e acima da natureza. E não parte dela, como de fato o é. Dentro desse contexto, esclareceu: “O primeiro passo é se dar conta que se faz parte da natureza. Segundo, escutar a natureza. Terceiro, saber que a natureza fala e nos dá indicações de onde morar, construir, buscar a segurança dos alimentos”. Por isso lamentou que muitos homens de governo ainda continuem “gente sem acumulação suficiente ecológica”. Nessa linha de raciocínio, é preciso uma Economia que permita acabar com a fome e a miséria. Que permita a migração da miséria à vida com dignidade. Que objetive o desenvolvimento sem a destruição do meio ambiente. Mas tudo isso depende de uma consciência moral mais elevada por parte daqueles de quem dependem as grandes decisões políticas, máxime na Economia: consciência da dignidade humana.


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5.2. DIGNIDADE HUMANA A noção de o homem como homem possuir uma dignidade incondicional pertence ao tempo moderno. Contudo, já na antiguidade, no estoicismo, conhece-se a ideia de que a todos os homens cabe, por natureza, a liberdade. Por sua vez, o Cristianismo ensina, desde muito, a igualdade de todos em comunhão com Cristo: “também os camponeses são homens livres”. Portanto, o homem foi tomado como pessoa em sua posição perante Deus. 5.3. DA TEOLOGIA À ANTROPOLOGIA E AO DIREITO Todavia, o termo “dignidade humana” não ficou restrito ao campo da religião e da filosofia. Caminhou para outros centros de conhecimento, para a Antropologia e para o Direito, muito embora que quem o utilizou pela primeira vez foi um filósofo renascentista, Pico della Mirandolla (De dignidate hominis, 1496). J. Milton e J. Locke usaram também a expressão. Milton diz que “Todos os homes são nascidos livres por natureza, porque são imagens de Deus”. Lock assevera que “A veracidade e a confiabilidade cabem ao homem como homem, e não apenas como membro da sociedade. Kant, por sua vez, acentua ser “dignidade” não apenas um valor relativo, senão valor interior, um fim em si mesmo. O Direito Internacional não só acolheu o conceito como buscou influenciar todos os ordenamentos jurídicos nacionais: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direito” (Art. 1º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de 1948). Em seu livro “A Retórica Constitucional”, João Maurício Adeodato, tratando especificamente sobre a questão da dignidade humana, esclarece: “A noção dessa dignidade foi construída, pelo menos na cultura ocidental européia, da qual o Brasil constitui uma das periferias, a partir da síntese colocada pelo jusnaturalismo, a filosofia do direito natural. Esta se baseia na ideia de que a dignidade da pessoa humana, a fonte dos direitos subjetivos, é um princípio externo e superior a todo e qualquer direito positivo, ou seja, na concepção de que há certos conteúdos normativos que valem por si mesmos, independentemente daquilo que os detentores circunstanciais do poder político e jurídico pretendam determinar como direito positivo”. E acrescenta: “Este é o primeiro dos dois grandes problemas da filosofia do direito: há normas jurídicas fora e acima do sistema de direito positivo ou direito é a conduta efetiva? Ou direito é aquilo que o Estado ou outra instância empírica qualquer determina como tal?”. E continua: “O grande desafio da pós-modernidade, porém, diante da maior complexidade social, é que desapareceram aquelas bases morais comuns que permitiram a predominância absoluta da retórica jusnaturalista durante tanto tempo” (...)


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O direito sofre uma sobrecarga de demandas com as quais a dogmática jurídica moderna não consegue lidar plenamente. Daí distúrbios jurídicos, constitucionais, portanto, que este livro pretende abordar”. E ainda: “Em outros termos, a modernidade assiste à dissociação entre as ideias do direito e da justiça (...) o direito relativamente independente da sociedade, por meio do procedimento: o mundo jurídico como um mundo constituído à parte, autorreferente do ponto de vista ético”. Conclui: “Então, a relativa emancipação do direito em relação à moral, à religião e outras ordens normativas é o preço para controlar os conflitos nessa imensa complexidade social que caracteriza a modernidade. ‘O evidente ético’ desaparece”. “O problema filosófico é que ‘dignidade humana’ é um conceito, retórico como todos, cuja efetivação depende fundamentalmente de uma ideologia, de uma concepção de mundo; como essas concepções variam, individualmente pulverizadas na modernidade, parece que é só no âmbito normativo da positivação do direito que tal discussão pode acontecer. A sociedade contemporânea modifica-se com esse esvaziamento de conteúdo axiológico, esse abandono da ideia de uma justiça em si, no momento em que o positivismo coloca legitimidade como sinônimo de legalidade e uma decisão legítima passa a ser aquela que está de acordo com as regras prefixadas pelo sistema jurídico-positivo (validade dogmática), independentemente de seu conteúdo”. Dentro desse contexto, como será possível vivenciar uma economia sustentável nesse ambiente de imensos conflitos e visões distintas de mundo? Exemplifico a dificuldade de se viver nesse ideal mundo de sustentabilidade e respeito à dignidade humana. Resenhando na Revista Semestral de Ciência Política da UFPE (Política Hoje, Número3, janeiro/julho de 1995, PP.190/192), sobre um livro então lançado pelo professor Luciano Oliveira, disse o também professor da Pós-Graduação em Ciência Política daquela Universidade: “Foi lançado no auditório do Mestrado em Ciência Política da UFPE, o livro – Do nunca mais ao eterno retorno. Uma reflexão sobre a tortura, do professor Luciano Oliveira. [...] A questão proposta pelo por Luciano é a seguinte: se Deus não existe, onde buscar uma fonte transcendente para fundamentar a doutrina dos direitos humanos? – No marxismo, não é possível, dada teoria negativa do Estado, que vê as instituições como puros ‘reflexos’ da base econômica. Muito menos, na jurisprudência das forças policiais que têm uma visão meramente instrumental da violência. Também será em vão buscar amparo nos reformadores liberais da época Iluminista que, a propósito da humanização da justiça, construíram uma sociedade carcerária e disciplinar. Onde, então, buscar esse fundamento terreno?” “Segundo o autor – acrescenta Zaidan – numa ética social neo-nietzchiana: como tudo que existe está fadado a se repetir indefinidamente, é importante que assumamos nós a responsabilidade pelos nossos atos aqui na terra, pois o seu critério de verdade é a sua eterna repetição. Daí, aliás, o título do livro...”. Em seguida, diz também Zaidan: “O inconveniente dessa fórmula existencialista é que ela desloca para o plano do indivíduo a fonte última da moral. Em nossa época, caracterizada pela cultura da indiferença e do hobbesianismo social, o

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desfecho de um postulado como este é o extermínio dos pobres, por um lado, e o cinismo das elites, pelo outro”. E conclui: “Num período tão carente de horizonte utópico como este é urgentemente necessário reconstruir o ideal societário sobre bases mais seguras do que o deciosionismo nietzchiano, sob o risco de apenas engrossarmos os comitês da ação da cidadania e da filantropia privada”. Esses conflitos, essas divergências de opinião, de ver e interpretar o mundo são comuns no homem. E talvez seja mesmo isso que faz o seu caminhar. Teilharde de Chardin (em “O Fenômeno Humano – tradução de José Luiz Archanjo, São Paulo, 1986, p.p 248) diz ser a ansiedade humana ligada ao próprio aparecimento da Reflexão, e, portanto, tão antiga quanto o próprio homem. E acrescenta: “Impossível aceder a um meio fundamentalmente novo sem passar pelos transes interiores de uma metamorfose...”. É a mesma inquietude ou revolta de que fala Albert Camus em seu “O homem revoltado”. E no mesmo sentido, apesar da ótica de observação, Marx: “é o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos...Todas as relações fixas e congeladas, com seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se . Tudo que é sólido se desmancha no ar...” (Marx e Engels, 1973, p.70).

VI

O DESENVOLVIMENTO REGIONAL E A FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DEVEM TER COMO FUNDAMENTOS A EDUCAÇÃO INTEGRAL E OS VALORES HUMANOS 6.1. EDUCAÇÃO INTEGRAL

Dentro desse contexto, apesar dos conflitos, dos choques de opiniões, é possível tirar alguns consensos para a convivência e a continuidade da vida. Assim, o desenvolvimento, seja ele nacional, seja regional, passa pela ideia de educação integral. Educação como direito de todos, porque além da lei moral, a lei positiva também veda a discriminação entre as pessoas. Com efeito, temos a consciência de que o homem não pode despertar ou conhecer os valores positivos e humanos sozinho. Os valores chegam a ele por estímulo ou transmissão. Para tanto, é necessário que ele tenha canais abertos para essa entrada. Então, é preciso que já sua fecundação se faça de forma amorosa, sua gestação e nascimento. E continue depois do seu nascimento, por meio de fatores externos adequados, do ambiente de vida, inclusive moradia, alimentação e atendimento à saúde. Isso para todos os homens, sem exceção. Daí dizerem a Declaração dos Direitos Universais do Homem e a Constituição da República Federativa do Brasil de que “os homens nascem livres e iguais”. É o reconhecimento de um direito. Direito em seu significado primeiro e fundamental, o de justiça. Portanto, esse direito humano se violado romperá e lesará o princípio de justiça.


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Nesse passo, sem as condições adequadas de vida, o homem não poderá alcançar uma boa formação, inclusive a escolha de uma profissão, que o professor Gilvandro Coelho (in Programa de Deontologia Jurídica, Recife (PE), Editora Nossa Livraria, 1999, pág. 21), define como sendo “aplicação ordenada e racional de parte da atividade do homem para realizar qualquer dos fins fundamentais da vida humana”. Aliás, como prova eloquente dessa necessidade, recordo a matéria publicada no Diário de Pernambuco, edição do dia 17 de novembro de 2011. Nela, e em letras garrafais na primeira página, o Jornal comenta o Censo de 2010 do IBGE, comentando algumas estatísticas alarmantes. Por exemplo, que o Nordeste ainda é a região com maior taxa de analfabetismo do País, 19.1% da população adulta. Percentual quatro vezes maior do que no Sul e Sudeste. Em consequência disso, esclarece que, “em cada cinco pessoas, uma não consegue ler este jornal”. E mais: “os negros são maioria no mercado de trabalho, mas têm salário menor e ocupações menos especializadas”. 6.2. DUAS PALAVRAS SOBRE OS VALORES OU PRINCÍPIOS HUMANOS

passam?

O que são os valores e como eles se formam e se desenvolvem? Os valores

Atribuir valor a alguma coisa significa emitir juízos sobre algo que modifica o sentir, o pensar e o agir humanos. Só as pessoas dotadas de certa consciência são capazes de valorar. O valor não está na coisa em si, mas transita sobre ela. O caráter valoroso só surge no ser quando ele quando ele entra em relação com uma consciência valorativa. As coisas sobre as quais atribuímos valor podem ser sensíveis ou empíricas, supra-sensíveis ou metafísicas e não sensíveis ou ideais. Os valores são hierarquizados, são permanentes, mas não são perpétuos, na medida em que o seu conteúdo pode variar. Por exemplo, a transformação entre nós de um valor chamado propriedade, que era absoluto e relativizou-se com o componente função social. Dentre as características dos valores, destaco aquela que me parece a mais importante, a da polaridade ou da não indiferença diante de um valor. De efeito, o valor é negativo ou positivo. É por isso que falamos no bem ou no mal, no amor ou no ódio. Nesta relação eliminamos ou não a positividade do valor e não o valor em si. O filósofo Max Scheler, em sua obra festejada o formalismo na ética material dos valores apresenta uma classificação destes, a qual tem aceitação quase unânime. Assim, os valores são úteis (algo é conveniente ou inconveniente, adequado ou inadequado); vitais ou biológicos (forte, fraco, salubre, insalubre); estéticos (belo, feio, sublime, ridículo); lógicos ou intelectuais (verdadeiro, falso, certo, duvidoso); éticos ou morais (justo, injusto, misericordioso, desapiedado). Ante essa classificação, os valores espirituais são aqueles que se referem ao ser humano como ser espiritual. São imateriais. Duram no tempo. A sua alteração


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é objeto de um processo lento e prolongado, porque depende da vontade geral. Os valores espirituais representam a soma dos valores éticos ou morais e os lógicos 6.3. BRASIL: DE FAZENDA A FÁBRICA O Brasil começou a falar em desenvolvimento a partir da metade do século passado. Era este País uma enorme fazenda até o início dos anos 50 do século XX. A transição de um país eminentemente agrário para outro com indústrias de base, isto é, indústrias de fomentar indústrias teve início a partir dessa data. Quando Getúlio Vargas volta ao poder no início daquela década dos anos 50, o Brasil passou a se consolidar como país industrializado. Nascem a CSN, o BNDE e a Petrobrás. É nesse período que a economia começa a ser tratada como ciência, na medida em que os governantes começam a aplicar seus principais conceitos a partir das necessidades nacionais e não a simplesmente copiarem modelos estrangeiros pensados no exterior e sem qualquer relação com os problemas nacionais. Cabe destacar, por oportuno, dois nomes desse período: o baiano Rômulo de Almeida, que foi assessor de Vargas, e o Paraibano Celso Furtado, integrante do Governo de Juscelino Kubitschek. O ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros é fruto dessa nova mentalidade. Na América Latina, precisamente no Chile, já havia instituto com escopo de realizar profundos estudos econômicos para a região, o CEPAL. Celso Furtado passou por lá, fato que o ajudou a pensar mais intensamente a Economia brasileira. Com estudos aprofundados nesse instituto e também em Cambridge, na Inglaterra, ele escreve sua “obra prima”: Formação Econômica do Brasil. Nela ele chama a atenção de todos para as boas possibilidades do mercado interno brasileiro. Observou que era preciso um olhar para dentro do país. Segundo disse, o Brasil tinha capacidade de gerar o seu próprio desenvolvimento, com dinamismo e eficácia. Sugeriu, por isso mesmo, uma total mudança de paradigma. Com efeito, sem negar a importância das fontes e dos estudos estrangeiros, afirmou que era preciso saber olhar de forma dupla, isto é, para dentro e para fora do país. Por ser nordestino, Furtado deu ênfase em seus estudos à região. Daí ter concebido a SUDENE, numa época em que ainda era este pedaço do Brasil um lugar sem futuro, sem esperanças e onde só havia miséria. A seca de 1958, aliás, ajudou a implementar a ideia do empreendimento em pleno Governo Kubitschek. E mais: graças à SUDENE, o Brasil teve o seu primeiro Ministério do Planejamento, criado no Governo de João Goulart, cujo primeiro titular da Pasta foi ninguém menos que o superintendente da SUDENE: Celso Furtado. Tinha início o planejamento das ações públicas pelo Estado. Com o golpe militar de 1964, Furtado afastou-se da SUDENE e do Brasil. Ganhava a universidade de Sorbonne, na França, um professor modelar. Mesmo lá, continuou a estudar e interpretar o Nordeste, o Brasil e a América Latina. Ou seja, a entender as razões do fosso que separava o Nordeste e o Norte do Sudeste e do Sul do Brasil, e este em relação aos países da América Latina e do mundo desenvolvido. Muitas críticas foram feitas ao pensamento de Furtado, desde aquela época.


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Muitos diziam que a profundidade das mudanças no mundo provocariam o esgotamento do antigo modelo de desenvolvimento regional. Porém esqueciam que o projeto de Furtado era fundamental para quebrar o marasmo, o colonialismo interno, abrindo canais e criando estímulos(via incentivos), para aproveitar as potencialidades da região. Em livro recém-lançado no Recife (PE), Alexandre Rands, professor de economia da UFPE enfrenta a questão do desenvolvimento regional. Já no prefacio da obra afirma: “A questão regional no Brasil, com foco principal no atraso relativo do Nordeste, foi objeto de grande preocupação no passado, tendo ocupado grandes nomes entre os estudiosos da economia brasileira, tais como Celso Furtado, Werner Boer, Albert Hirschman e Hans Singer, entre outros (...)”. E faz sua crítica: “As poucas avaliações existentes dessas políticas não conseguem demonstrar de forma convincente sua real eficácia em combater as desigualdades regionais no país”. Particularmente, sobre Celso Furtado, fez o autor um longo e aprofundado estudo do que chama Teoria Estruturalista de Celso Furtado (págs 103/118). A impressão que se tem da leitura é a de que o ex-ministro do Planejamento focou a importância da industrialização sem dar ênfase à formação da mão de obra, verbis: “O Nordeste teria ficado para trás porque não se teria industrializado no mesmo ritmo do Sudeste”. Todavia, assevera: “Entretanto, essa visão de Furtado difere radicalmente dos preceitos teóricos das visões mais modernas de crescimento econômico. Nelas, a oferta de mão de obra qualificada gera a própria demanda, numa visão mais restrita da famosa Lei de Say. (A Lei de Say decorre do modelo que mantém oferta e demanda em identidade. Foi popularizada pelo economista francês Jean-Baptiste Say com sua explicação sobre o funcionamento dos mercados. A expressão didática para se referir ao princípio e que sintetiza o significado da lei, “a oferta cria sua própria demanda”, teria sido difundida em Cambridge antes de 1936. Ela foi usada por Keynes na Teoria Geral em sua crítica ao modelo econômico que a adotava. Pela teoria de Say, não existem as chamadas crises de “superprodução geral”, uma vez que tudo o que é produzido pode ser consumido já que a demanda de um bem é determinada pela oferta de outros bens, de forma que a oferta agregada é sempre igual a demanda agregada. Say aceitava ser possível que certos setores da economia tivessem relativa superprodução em relação aos outros setores, que sofressem de relativa subprodução). Portanto, esta é a questão em pauta neste Salesius: a formação profissional a partir da melhor e integral educação dos jovens brasileiros e nordestinos.

VII

CONCLUSÕES

I – Os homens não podem ser discriminados por questões somatológicas ou mesológicas, de raça, cor, religião; II – A faculdade de aprender no homem o predispõe ao conhecimento, sendo, pois, a marca fundamental e específica do homo sapiens. Por isso, o comportamento dos indivíduos depende sempre do aprendizado;


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III – Bem preparado, este animal frágil chamado homem, detentor de limitada força física, domina a natureza. Sem asas, é capaz de voar. Sem guelras pode dominar os mares, porque, diferentemente dos demais animais, possui razão e cultura; IV – Com efeito, sem educação integral de qualidade, a que atinge o homem em todas as suas potencialidades, não pode existir a adequada formação profissional; V – Desenvolvimento para ser qualificado pelo adjetivo sustentável somente será legítimo se levar em conta dois principais objetivos: o homem e a natureza; VI – Não se deve confundir mero progresso material com desenvolvimento. Quando se olhar uma metrópole, por exemplo, não devemos nos impressionar com seu tamanho e riqueza, antes de também sabermos se todos os homens nela existentes são felizes e bem civilizados, se seu ambiente é salubre, conservado, preservado, explorado racionalmente e se a sua riqueza é racional e justamente dividida com todos. REFERÊNCIAS ADEODATO, João Maurício. A Retórica Constitucional. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2011. AQUINO, Tomás de. Súmula Teológica. I, 3, 3c. ARAÚJO, Fernando José Pereira de. Aspectos da História do Direito no Brasil. 2ª edição, Recife: Ed. Nossa Livraria Editora, 2008. ______. Notícia da Vida. Recife: Ed. Assessoria Editorial do Nordeste, 1994. ______. Ética e Dignidade. Recife: Polys Editora, 2005. ______. Cotidiano Transcendente. Recife: Editora CEPE, 2008. AZEVEDO, Plauto Faraco de. Ecocivilização – Ambiente e Direito no Limiar da Vida. Ed. RT, 2008. BARROS, Alexandre Rands. Desigualdades Regionais no Brasil. São Paulo: Ed. Campus, 2011. BOFF, Leonardo. A Força da Ternura. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2006. ______________. Ética e Moral - a busca dos fundamentos. Petrópolis: Ed. Vozes, 2003. CHARDIN, Teilhard. O Fenômeno Humano. Tradução José Luiz Arcanjo. São Paulo: Ed. Cultrix Ltda, 1986. COELHO, Gilvandro. Programa de Deontologia Jurídica. Recife: Editora Nossa Livraria, 1999. COMPARATO, Fábio Konder. Ética. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2006. FERRO, Marc. O Século XX – explicado aos meus filhos. Tradução Hortência Santos Lancaste, Rio de Janeiro: Ed. Agir Ltda, 2008.


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FORMIGA, Marcos e Sachs, Ignacy (Coordenadores). A Sudene e o Futuro do Nordeste. Edição Sudene, 2000. LETSS, Luiz Carlos. Dicionário de Doutrina Social da Igreja de A a Z. São Paulo: Ed. LTR, 2004. PEREIRA, Flávio Henrique Unes e Dias, Maria Tereza Fonseca (Coordenadores). Cidadania e Inclusão Social. Belo Horizonte: Ed. Fórum, 2008. REVISTA Semestral de Ciência Política da UFPE (Política Hoje, Número 3, janeiro/julho de 1995). SACHS, Ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Tradução José Lins Albuquerque filho. Rio de Janeiro: Ed. Garamond Ltda, 2009. SALDANHA, Nelson. Pela Preservação do Humano. Recife: Ed. FUNDARPE,1993. VILELA, Orlando. A Pessoa Humana no Mistério do Mundo. Petrópolis: Ed. Vozes, 1968.


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INTERDISCIPLINARIDADE: UMA EXPERIÊNCIA COM O NADO SINCRONIZADO Profa. Ma. Rosângela Cely Branco Lindoso Professora de Natação e Ginástica no Curso de Licenciatura em Educação Física da FASNE, Professora de Natação e Ginástica na Faculdade de Ciências e Tecnologia Professor Dirson Maciel de Barros. Profa. Ma. Laurecy Dias dos Santos Professora de Ginástica Artística, Ginástica Rítmica e Prática de Ensino do Curso de Licenciatura em Educação Física da FASNE; Professora das disciplinas de Rítmica 1 e 2, Ginástica Rítmica no DEF – UFPE.

Resumo: Na formação educacional humana, a interdisciplinaridade hoje é reconhecida enquanto uma das categorias que contribui para a melhoria das referências didáticas acerca do conhecimento e compreensão do ser em seu dimensionamento histórico social. Trataremos de um estudo desenvolvido na disciplina Tópicos Atuais da Educação: Corporeidade e Lazer, cursada no programa de pós-graduação em educação na UFPE. Apresentamos a realidade interdisciplinar que norteia e potencializa e impulsiona inovações lançando mão do conhecimento gerado na dimensão da vivência do nado sincronizado. Esta modalidade parte de uma realidade advinda da prática da natação que gerou necessidades de ampliação da prática de um universo gerador de estímulos para além do nadar. Metodologicamente à luz da etnometodologia, este estudo bibliográfico/documental de caráter qualitativo apresenta contribuições expostas em documentos e jornais da região, analisadas e categorizadas a partir do conteúdo de tipo categorial por temática e inseridas nos conceitos da etnometodologia. A realidade aproxima e nos permite confirmar esses conhecimentos. Palavras-chave: Interdisciplinaridade; didática; nado sincronizado; contribuições. Abstract: : In human educational, interdisciplinarity is now recognized as one of the categories contributing to the improvement of teaching about references of knowledge and understanding of being in his social background sizing. We discuss a study conducted in the discipline of Education Current Topics: Corporate and Leisure courses in the graduate education in UFPE. Here is the reality that guides and enhances interdisciplinary and drives innovation by making use of knowledge generated in the dimension of the experience of synchronized swimming. This form part of a reality arising from the practice of swimming that generated needs to expand the practice of a stimulus generator universe beyond the swim. Methodologically the light of ethnomethodology, this bibliographical study / qualitative documentary, features contributions exhibited in regional newspapers and documents, analyzed


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and categorized from the content type for categorical themes and inserted in the concepts of ethnomethodology. The reality approaches and allows us to confirm this knowledge. Keywords: Interdisciplinarity, didactic, synchronized swimming; contributions.

I

INTRODUÇÃO

Compondo a realidade da formação educacional do homem, a interdisciplinaridade hoje é reconhecida enquanto uma das categorias que contribui para a melhoria das referências acerca do conhecimento e compreensão do ser em seu dimensionamento histórico social. Neste sentido, Fazenda (1993, p.28) aponta para o “reconhecer na realidade humana o pressuposto ineliminável de todo o empreendimento epistêmico”. Na nossa realidade, buscando solucionar problemas advindos da prática pedagógica, deparamo-nos com a necessidade social de vivenciarmos outras experiências e de entendermos como podemos articular conhecimentos de várias áreas para chegarmos aos devidos resultados. Concebendo o movimento como parte do desenvolvimento humano, o corpo se encontra no centro desse processo. Os conteúdos das aulas de natação aprendidos pelas crianças estimulavam outras possibilidades de práticas aquáticas. O nado sincronizado se constituiu, portanto, como uma dessas possibilidades. Dessa forma, iniciamos um trabalho pioneiro com o nado sincronizado no estado de Pernambuco, como forma de garantir às crianças uma prática diferenciada, uma vez que, nos momentos recreativos, quer na praia ou nas piscinas, observávamos as crianças brincando com seus corpos na água de forma livre e prazerosa, distintamente do observado nas aulas. A prática do nado sincronizado surge da necessidade de esses alunos assumirem outra postura no meio líquido, no sentido de possibilidades acrobáticas, uma vez que na natação os movimentos simulam o andar, e as variedades giram em torno de qualidades físicas como velocidade e resistência. Assim, os “velocistas” teriam destaque (PALMER, 1990, p. 47-53). Entendendo o esporte como uma construção social que pode ser reconstruída com o passar do tempo e do estudo, encontramos no próprio regulamento do nado sincronizado espaços para mudanças. Descobrimos que ele poderia incluir mais, ao invés de excluir. Por meio de alterações no regulamento do esporte, também poderia ensinar para outras pessoas aquilo que iríamos aprendendo. Desse modo, o nado sincronizado em pouco tempo passou a ser recorde de participação no Nordeste. Como professoras dessa modalidade esportiva, ampliamos os espaços de atuação para a praia, incluímos faixas etárias diversas, trabalho com idosas e um projeto com crianças da comunidade “Entra a Pulso”. Hoje, como fruto desse projeto, há participantes já graduadas e outras cursando a graduação em Educação Física. Com este trabalho, houve oportunidade de aproximação das alunas com o conhecimento mais atual no mundo, a seleção olímpica da Rússia, onde o trabalho foi destacado pela qualidade e criatividade, como também com as melhores atletas do Brasil, as gêmeas Carolina e Isabela de Moraes, atletas da seleção brasileira. Esse intercâmbio com a seleção russa, percorrendo alguns estados do Brasil, resultou


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numa coreografia, onde a equipe russa fez uma homenagem ao Brasil, na olimpíada de Atenas representando o tema Carnaval, onde interpretam a melodia de Pagode Russo de João Silva, cujo interprete é Luís Gonzaga. Com essa inovação, o trabalho cresceu tornando-se referência, ganhando prêmios, e sendo destaque de reportagens em edição nacional. Certamente isso foi consequência da capacidade de trabalhar possibilidades, inovando com o nado sincronizado com outra população – idosas – e com outros espaços – mar – que não fossem os tradicionais. Tudo isso deu visibilidade a essa modalidade esportiva no nosso estado permitiu que este se projetasse no cenário nacional. Apesar da nossa intenção, em princípio, ter sido apenas atender às necessidades das crianças e a modalidade em se apresentar aspectos tais como a beleza e plasticidade, acabamos logrando resultados significativos, chegando a representar o Brasil na Copa Pan Pacífico em 2006 no Chile. Nossa prática esportiva, que se iniciou na escola, espaço maior em que se manifesta nosso compromisso educativo, foi ganhando visibilidade nacional e até internacional garantindo-lhe êxito e expressão. No entanto, a vitória não era o foco principal desse trabalho, mas fica claro que podemos alcançá-la através da construção e valorização humana. A interdisciplinaridade foi a tentativa de relacionar nossa experiência com o conhecimento do nado sincronizado e sua interseção com outras áreas de conhecimento como física, matemática, biologia e cultura. Esse aspecto vem contribuir com os conceitos mais fundamentais de cada área específica que norteiam e potencializam as ações do conhecimento gerado na dimensão da vivência do nado sincronizado. A prática esportiva da natação pode gerar estímulos para além do nadar. Portanto, o desafio da interdisciplinaridade é também um desafio da complexidade, quando os componentes que constituem um todo são inseparáveis formando um todo interdependente. Para Morin (2006, p.14), efetivamente a inteligência que só sabe separar, fragmentar o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas, unidimensionaliza o multidimensional. Atrofia as possibilidades de compreensão e de reflexão, eliminando assim as oportunidades de um julgamento corretivo ou de uma visão a longo prazo. Sua insuficiência para tratar nossos problemas mais graves constitui um dos mais graves problemas que enfrentamos.

Segundo Vickers (1965) citado por Hercowitz (2001), a prática do nado sincronizado surge de formas simples de acrobacias na água, utilizando a música como fundo, e era conhecido pelo nome de balé aquático ou natação rítmica. O nome natação sincronizada surgiu com a evolução técnica do desporto, quando ele partiu para a competição. Essa prática tomou dimensões para além do esporte, criando condições para a melhoria da compreensão e produção do próprio conhecimento pelos educandos. É o que Paulo Freire (1996) chama de dar condição de autonomia aos educandos.


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Na ampliação deste sentido, reportar-nos-emos neste estudo a sistematizar o que vem nos aproximar do eixo categórico da interdisplinaridade com a experiência do esporte nado sincronizado. Discutiremos a escola enquanto um espaço que didaticamente fomenta as práticas sociais, nas dimensões e contribuições do currículo enquanto eixo interdisciplinar, as práticas da educação física e o relato de experiência pautado na realidade do nado sincronizado no estado de Pernambuco. A partir das experiências provenientes da disciplina Tópicos Atuais da Educação: Corporeidade e Lazer, cursada no programa de pós-graduação em educação na UFPE, em 2008.1, houve as primeiras aproximações com a abordagem teórico-metodológica da etnometodologia. Os estudos de Coulon (1995, p.07) apresentam-na como uma perspectiva de pesquisa sob nova postura intelectual, que vem “efetuar uma ruptura radical com os modos do pensamento da sociologia tradicional”. Ocasionou uma reviravolta, mostrou que todas as pessoas são sociólogas em suas ações cotidianas.

II

ESCOLA: UM ESPAÇO DE POSSIBILIDADES DE INTERAÇÕES INTERDISCIPLINARES

A educação acontece não só na escola, mas em todo campo de atuação do ser humano, presentes nos escritos de Freire (2003). Isto nos remete à lembrança de que a educação se constrói a partir de uma teia espiralada de acontecimentos que fazem avançar as possibilidades de conhecimento captadas pelo homem/mulher. Considerando que, na realidade social, a construção de um novo conhecimento, histórica e multiplamente determinada, o perfil de professor(a) e os saberes da prática pedagógica são construídos nos cursos de formação e nos currículos estruturados da sistematização de conhecimentos, perdurando nas formações continuadas, acrescidas das experiências vivenciadas. Aqui temos o retratamento do “[...] poder do conhecimento gerado no cotidiano, sistematizado na práxis educativa e retorna à vida cotidiana, determinando novos elementos para a permanente construção do humano em plenitude”, França (2003, p.08). Apresentará enquanto uma ampliação de experiências levadas aos alunos, que consequentemente avançará nas perspectivas do seu conhecimento, e refletirá mudanças significativas na maneira de se implementar no processo de ensino/aprendizagem. Sabemos que a didática da organização da proposta curricular da escola terá grande contribuição nesse contexto. Nesse sentido, as transformações só ocorrerão quando houver na escola uma responsabilidade perante a integração e socialização, didaticamente com conhecimento de qualidade. Uma das formas de tudo isso acontecer é através da interdisciplinaridade. Tavares (2006)1 vem nos mostrando que esta prática tem êxitos favoráveis à atual realidade escolar. Essa práxis é caracterizada pela importância de todo o conhecimento que é gerado ao redor do homem, pois não existe um conhe1

Ver capítulos 6,10 e 11 do livro Prática pedagógica e Formação Profissional na Educação Física.


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cimento mais importante do que o outro, tem que haver um diálogo, Fazenda (1979). Sabemos que a organização da proposta política pedagógica e curricular da escola terá grande contribuição nesse contexto, uma vez que o currículo amplia o sentido de organização disciplinar, no sentido de regras de conduta, para o sentido de organização disciplinar enquanto objetos, partes e matérias do ensino. Com tais matérias de ensino, poderemos dizer que os componentes curriculares podem se estabelecer em um ambiente de conflitos e contradições. Isto poderá acontecer a partir também do interesse dos professores, em se fazer presentes nessa construção. Assim sendo, necessidades básicas para conhecer e modificar o mundo torna-se possível através da eliminação de barreiras entre disciplina e entre pessoas, isso acontecerá quando as instituições abandonem seus hábitos cristalizados e partam em busca de novos objetivos compreendendo as limitações dos aportes das ciências. Todo esse valor empreendido na construção do conhecimento nos leva a mostrar uma experiência de 15 (quinze) anos, no campo da educação física, especificamente na vivência do esporte nado sincronizado. Experiência esta que vem nos apontar indícios de interdisciplinaridade numa experiência ousada de uma práxis convidativa. Adiante, trataremos dessa vivência no estado de Pernambuco, no extinto Colégio Marista de Recife.

III

NADO SINCRONIZADO: UM RELATO DA DIMENSÃO ESPORTIVA INTERDISCIPLINAR NO ESTADO DE PERNAMBUCO.

Tudo começa de uma lacuna da natação quando os praticantes perdem o estímulo, por considerá-la monótona, onde os velocistas logo obtinham destaque enquanto outras crianças sentiam a necessidade de uma atividade mais lúdica. Interessam-se por outras formas de vivência, mas sem abandonar o meio líquido. Nos momentos de piscina livre ou em praias, há crianças brincando com seus corpos de forma acrobática e isso faz referência ao esporte sistematizado que é a natação sincronizada. A partir desses interesses, aquilo que começou de forma recreativa transformou-se, transcendendo os limites esperados2 . No primeiro momento é a Cultura vivenciada no tempo disponível, não em contraposição, mas em estreita ligação com o trabalho e as demais esferas de obrigações da vida social, combinando os aspectos tempo e atitude, no valor do plano cultural, numa perspectiva “gramisciana”, como instrumento de mudança social [...] Marcelino (1995, p.59)

Como forma de linguagem corporal, a expressão corresponde a todos os movimentos gestos e posturas que tornam a comunicação mais efetiva. A primeira forma de comunicação foi através do gesto. Com o aparecimento da palavra articu2 Relata a professora que nos intervalos das aulas de natação, ou em ambientes público de lazer ficava a observar a demanda grande de crianças executando piruetas e bailados na água.


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lada os gestos tornaram-se secundários, contudo eles constituem o complemento da expressão. Para Merleau-Ponty (2006), a origem do sentido da linguagem está no corpo. Para o autor, a forma de entendermos o sentido da fala do outro é a mesma que a do gesto corporal compreendido na medida em que pode fazer parte do próprio comportamento. A compreensão da noção de linguagem para o autor demanda uma articulação entre as noções de fala, corpo, percepção e expressão. Merleau-Ponty (2006) busca recuperar no movimento o essencial do ato expressivo. A expressão possibilita o entendimento dos signos, na relação com o mundo dando sentido e significado à ação. A simbologia utiliza os sinais produzidos pelo homem. Enquanto se expressa, produz sua própria existência, comunicando seus pensamentos, exercendo seu poder, elaborando sua cultura e construindo sua identidade. Orlandi (1996) está em consonância com Morin quando afirma que “todo conhecimento constitui, ao mesmo tempo, uma tradução e uma reconstrução, a partir de sinais, signos, símbolos, sob a forma de representações, ideias, teorias, discursos”. (Morin, 2006, p.24) Os esportes se comunicam através de uma linguagem universal, codificada por órgãos internacionais onde gestos e expressões se tornam universais, o que oferece oportunidade de comunicação independente de nacionalidade. Na verdade, pode-se considerar a expressão como uma categoria da comunicação não verbal, que é mais ampla, pois engloba as modificações que ocorrem em nosso corpo e influencia a comunicação. No segundo momento, é a resposta à construção de uma prática esportiva sendo experimentada a partir de uma nova motivação. De acordo com Coletivo e Autores (1992), a Educação Física é uma disciplina que tem como objeto de estudo a linguagem corporal. Através do jogo, da ginástica, das lutas, do esporte e da dança o aluno amplia suas referências acerca do conhecimento do mundo. Sendo assim, estas práticas são levadas a uma circulação de conhecimentos advindos também de outros conteúdos que compõem outras disciplinas, e vice-versa. Na experiência estudada, o nado sincronizado só acontece de forma evolutiva a partir da compreensão e ação de conteúdos também de outras disciplinas. Por existir a necessidade de ação em meio líquido através da hidrodinâmica, que é o estudo dos corpos em movimento (dinâmico) na água ou em fluidos, a partir de vários ângulos, planos e eixos, durante situações problematizadas onde se executem as flutuações, palmateios, posições e movimentos básicos, há necessidade de um conhecimento além dos elementos a serem vivenciados, e assim compreender como é possível executar ações próprias dessa prática com a pressão exercida pela água. A nível de interdisciplinaridade, ter-se-ia uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou melhor dizendo, um regime de co-propriedade que iria possibilitar o diálogo entre os interessados. Nesse sentido, pode dizer-se que a interdisciplinaridade depende basicamente de uma atitude. Nela a colaboração entre as diversas disciplinas conduz a uma “interação”, [...] Fazenda (1979, p. 39).


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Mesmo compreendendo que a interdisciplinaridade depende de um momento em conjunto entre todos que formam um conjunto de programa pedagógico, onde todas as disciplinas se interpenetram, aqui relatamos nossa experiência a partir de uma interdisciplinaridade que parte das construções e contribuições de algumas disciplinas que coletivamente reuniam-se em prol de um bem comum: a vivência com o nado sincronizado. A necessidade do encontro com outras disciplinas partiu do momento em que a professora mentora da ideia3 – de trocar a natação pelo nado sincronizado –, em sua fala em entrevista dos jornais, afirmou que percebeu que, por ser um esporte proprioceptivo, a pessoa pode ser conduzida ao conhecimento de si mesma, através de outras experiências que contribuem para que ela vivencie o nado sincronizado. Buscamos Coletivo de Autores (1992), para constatar que há nessa prática uma construção do conhecimento que se processa de forma espiralada, em ciclos que vão se ampliando no pensamento da pessoa que a vivencia. Desde o momento da constatação dos dados da realidade, até identificá-los, compreendê-los, interpretá-los, explicá-los e amplia-los. Na fase da constatação, quanto mais experiência de movimentos, maior o acervo para o praticante progredir nas próximas fases. Atualmente no estado de Pernambuco a vivência da prática do nado sincronizado é referência no Brasil por apresentar um trabalho com possibilidades pedagógicas em diferentes espaços (praia de Porto de Galinhas) e com diferentes idades (festival entre gerações na mesma coreografia)4. Dessa forma, essa ampliação também interfere no processo de ensino/aprendizagem, através de nossas(os) professoras(es), que dão sentido à importância de um trabalho em conjunto com outras pessoas em processos de intercâmbios, na própria cidade, ou até em outros estados do país. O conhecimento continuará a ter um respaldo interdisciplinar à medida que todos perceberem que na construção de uma série – conjunto de ações que se interpenetram com movimentos corporais, música, conhecimentos culturais, entre outros – por exemplo, há o encontro com os conhecimentos científicos da educação física, da cultura popular e erudita, das leis da física, da química e outros de relevância. Para Fazenda (1979, p.99), no tocante à metodologia do trabalho interdisciplinar, talvez seja necessário se pensar [ ...] em um replanejamento curricular em função das necessidades e expectativas dos educandos e da sociedade, (...). Ao lado desta, a tentativa de superação gradativa dos principais obstáculos à efetivação do trabalho interdisciplinar, sendo que o mais importante seria o estabelecimento de uma consciência crítica sobre o valor e significado do mesmo, bem como uma orientação segura de como iniciá-lo.

3 Mentora dos trabalhos do nado sincronizado no estado de Pernambuco, 1996 – inicia experiência no Colégio Marista do Recife, expandido-o para um projeto com alunos da Rede Pública de Ensino no Centro de Esportes Santos Dumont . 4 Partes dessas experiências estão postadas no YouTube com título de Possibilidades Pedagógicas do Esporte.


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Considerando as palavras da autora, temos a compreensão de que articular esses conhecimentos que perpassam por diversos interesses, tanto individual como coletivo, (dos conteúdos do nado sincronizado, no nosso exemplo), não é tarefa fácil e possível de se aplicar metodologicamente, tendo em vista que as dificuldades transcorrem por diversos interesses, os quais podem vir ou não a ser interpostos num processo interdisciplinar, direcionado a algum objetivo. Nas identificações do meio que nos circunda, apresentaremos a seguir o conhecimento de uma práxis a partir dos relatos expostos na entrevista narrativa dos nossos atores entrevistados. À luz da etnometodologia, apresentaremos as primeiras aproximações com os dados dessa realidade.

IV

APROXIMAÇÕES COM OS DADOS DA REALIDADE: UMA EXPERIÊNCIA NO SEIO DA ETNOMETODOLOGIA

Por seu encontro atuante com a natureza, o homem através do trabalho, da ciência e da tecnologia, em virtude de sua inteligência e liberdade, transforma o mundo em seu próprio mundo, ou seja, a sua própria imagem condizente com seus objetivos. Na compreensão do caráter didático que a Educação Física apresenta, o nado sincronizado é um conteúdo com diferentes focos – de treinamento esportivo, de grupo de demonstrações, enquanto um conteúdo nas aulas de Educação Física. Constatamos o conhecimento interligado com a necessidade dos alunos. Sobre a pertinência do conhecimento, Morin (2006p. 15) aponta que: é o que é capaz de situar qualquer informação em um contexto e, se possível, no conjunto em que está inscrita. Podemos dizer até que o conhecimento progride não tanto por sofisticação, formalização e abstração, mas pela capacidade de contextualizar e englobar.

O imaginário e o real das vivencias confundem-se em um único desejo, qual seja, o do “prazer”. São perspectivas de aprendizagem que se refletem a partir do pensamento lúdico e das possibilidades culturais que envolvem o homem/mulher. Partindo do principio do lazer, descobrimos as mais variadas condições de ações/ reflexões em cima dessa prática. Marcelino (2005) nos lembra que ele é fruto da sociedade urbana e dialeticamente incide sobre ela gerando novos valores. Entre nós, descobrimos que o lazer também gera novas possibilidades de conhecimento sistematizado, a partir dos interesses dos que o praticam. Por exemplo, a experiência aqui exposta se processa a partir da quebra do conhecimento cristalizado da natação e da ousadia da professora que buscou nos interesses dos alunos uma nova forma de fomentar uma experiência a mais em suas aulas de educação


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física, e posteriormente em significante prática de uma modalidade esportiva não reconhecida e nem vivenciada no estado de Pernambuco. O lócus desse processo inicia-se no Colégio Marista do Recife, no qual lecionamos como professora de educação física por um período de treze anos. A gênese dessa história apresentada anteriormente tomou significativas explicações em torno de cinco reuniões e construções dos planejamentos pedagógicos. A ousadia no trato do conhecimento do nado sincronizado a partir da contribuição das outras disciplinas foi um marco do processo interdisciplinar. O objeto de investigação exposto nesse estudo e a interdisciplinaridade a partir da prática do nado sincronizado nos fazem partir da orientação etnometodológica e nos possibilita entender as intervenções causadas na vida dos praticantes de nado sincronizado. A etnometodologia busca reconstruir as subjetividades que englobam a totalidade dessa realidade, a partir dos seus conceitos-chave, como mostraremos adiante. Analisando as fontes escolhidas para análise – documentos como jornais e fitas de VHS, como citamos anteriormente –, nos aproximamos dos relatos dados em entrevistas a imprensa escrita e falada/televisiva. Considerando os princípios da pesquisa bibliográfica/documental, as técnicas para a realização das análises dos dados foram fundamentadas nos estudos de nos estudos de Bardin (1988), que afirma que esse tipo de análise evoluiu para um caráter mais instrumental e tem sido utilizado como recurso para análise das comunicações. Minayo (1994) comenta que os empregos das análises de conteúdos são bastante variados e podem abranger as seguintes fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Considerando ainda Bardin (1988), esse estudo utilizou-se da técnica para análise dos dados provenientes de mensagens escritas e faladas do controle do rigor de sua trajetória. E assim categorizadas para reafirmar nossa compreensão “a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos” Bardin (1988, p. 117). Vejamos: A análise de conteúdo é utilizada como um instrumento de diagnóstico, de modo a que se possam levar a cabo inferências específicas ou interpretações causais sobre um dado aspecto da orientação comportamental do locutor’, o seu procedimento não é obrigatoriamente quantitativo, George citado por Bardin, (1988, p. 114).

As contribuições relevantes apresentadas pelo estudo possibilitam ao campo epistemológico da sociedade cientifica identificar os valores construídos no percurso da vivência relatada a partir de uma realidade pedagógica. Os avanços qualitativos das ações, concretizados em um momento importante histórico no desenvolvimento de uma práxis.


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O olhar criterioso da cientificidade nos dá condição de retomarmos o objeto de estudo à luz da orientação etnometodológica. O teor epistêmico nos possibilita entender as intervenções na vida dos participantes do nado sincronizado. A partir dos conceitos etnometodológicos temos: a) Prática realização no cotidiano dos atores forma-se pela experiência trazida a partir do planejamento interdisciplinar desenvolvido e suas relações com o cotidiano escolar e da comunidade no qual está inserido. As práticas do dia-a-dia sistematizadas (advindas das aulas escolares) ou não (práticas lúdicas sem compromisso formal sistematizado pela escola) contribuem com a (re) construção e (re) elaboração, descobrindo e redescobrindo o (re) significar do sentido e significado das experiências trazidas a partir da prática do nado sincronizado. b) A indicialidade, linguagem de expressões próprios da práxis que circunda o nado sincronizado. A partir do conhecimento que cada grupo constitui e da (re) ação e comunicação no íntimo de cada um. Segundo Freire (1996, p. 154), “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica” [...]. A partir dessa relação dos diálogos, temos uma forma própria de comunicação acerca do que vivenciamos. O exemplo está presente na nomenclatura que os praticantes utilizam para abordar as figuras5 constitutivas do nado sincronizado, identificadas de acordo com cada categoria de idade. c) A reflexivilidade, gerada a partir do quadro social em que está inserido, tem suas práticas descritas e constituída a partir da realidade Freire (1987). Forma-se a partir dos significados diferentes que vamos dando às mesmas coisas cotidianamente. Nas ações do meio líquido, seja na aula ou no lazer, os significados diferentes apresentados pelos praticantes aos elementos que compõem o nado sincronizado têm sentidos/significados diferentes de acordo com o momento que se é vivenciado. d) A accountalibity, formada pelo cotidiano racional e inteligível, diz respeito à capacidade de transformar o mundo vivido, de acordo com os objetivos que pretendemos. O planejamento interdisciplinar ocasionou o atendimento a uma experiência pertinente a realidade e as necessidades dos alunos. Neste momento, apresentam condições objetivas para ser o produtor de conhecimento Coletivo de Autores (1992). Partindo da construção de uma coreografia - conjuga música, tema, movimentos básicos, posições básicas, figuras, híbridas, planejamento de trajetória -, é autor do processo. e) A noção de membro. Para os praticantes do nado sincronizado, o encontro com a realidade que os cerca favorece uma herança do acervo constituído por esse universo histórico e socialmente construído, a partir de uma organização política pedagógica que permite uma relação entre as disciplinas escolares. Nas leituras realizadas, identificamos a naturalidade dos alunos que, em suas expressões lúdicas, intervieram e construíram sua realidade histórica. A descoberta de que são capazes de aprender e apreender algo é fator primordial e relevante na existência de uma educação interdisciplinar.

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Figuras são as ações executadas – a nível competitivo há um organograma de figuras para cada faixa etária.


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Na sabedoria de reconhecer as mudanças e valorizar as contribuições em nossas vidas, e por sermos responsáveis pela continuidade e transformação de coletivo em que socialmente estamos inseridos, reconhecemos também os limites ainda encontrados no dia-a-dia.

V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na escola, existem didaticamente possibilidades de construção de um novo conhecimento, partindo das necessidades, com a compreensão do caráter aproximado do conteúdo da Educação Física. O nado sincronizado foi inserido em uma realidade histórica de multiplicidades. Este conteúdo estudado por um grupo de professores com diferentes focos resultou num conhecimento aprofundado, com o qual todos se beneficiaram. Percebe-se o quanto o conhecimento está interligado e, por conseguinte, se amplia em conjunto com os sentidos e significados que o geram. Compreendemos que assumir a vida no âmbito didático das relações pedagógicas é, antes de tudo, assumir um compromisso com o social, ser um auxiliar da formação humana, o que se constitui uma responsabilidade a qual levará à reflexão do papel do professor enquanto pessoa formadora e incentivadora de mudanças. Para Escobar (1997), a transformação da didática gera a construção da teoria pedagógica como categoria da prática pedagógica, e isto é possível na Educação Física por esta fazer parte do currículo escolar enquanto uma disciplina. No encontro com os resultados, marcados pela convergência dos diversos pensamentos e compreensões, coincidem expressões e simbologias próprias de uma cultura, de uma história construída na contemporaneidade de nosso dia-a-dia. Resignifica o conhecimento contemporâneo, apesar de reconhecermos as contradições e ambiguidades que nos limitam. Buscamos, através do corpo, construir coletivamente nosso caminho didático libertário. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1988. COULON, Alain. Etnometodologia e educação. Petrópolis: Vozes, 1995. (Coleção Ciências Sociais da Educação.). COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez,1993. ESCOBAR, Micheli Ortega. Transformação da didática: construção da teoria pedagógica como categorias da prática pedagógica: experiência na disciplina escolar educação física. Campinas: Tese de Doutorado em Educação. UNICAMP, 1997.


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FAZENDA, Ivani C. A. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo: Loyola,1979. FRANÇA, Tereza Luiza de. Lazer – Corporeidade – Educação: o saber da experiência cultural em prelúdio. Natal: Tese de Doutorado em Educação. UFRN, 2003. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Coleção Educação e Comunicação Vol.1). ______. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura). GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. HERCOWITZ, Sônia. Palestra: Origem da Natação Sincronizada. In 1º Encontro Nacional de Técnicos de Natação sincronizada. Rio de Janeiro: 2001. MARCELINO, Nelson Carvalho. Lazer e Humanização. Campinas: Papiru, 1995. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. MINAYO, Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. MINAYO, Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 7ª edição, Rio de Janeiro: HUCITEC, 2000. MORIN, Edgar. A Cabeça Bem Feita. Tradução Eloá Jacobina; 12ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. ORLANDI, Eni Pulcinelli. O Que é Linguistica. 1ª Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos,1986. PALMER, Mervyn L. A ciência do ensino da natação. Tradução Flávia Bastos/ Simone Aguiar. São Paulo: Ed. Manole, 1990. SOUZA, João Francisco. E a educação popular: Quê? Uma pedagogia para fundamentar a educação, inclusive escolar, necessária ao povo brasileiro. Recife: Bagaço, 2007. TAVARES, Marcelo. Uma Experiência Interdisciplinar nas Aulas de Educação Física. In LOREZINE, Ana Rita e TAVARES, Marcelo. Prática Pedagógica e Formação Profissional na Educação Física: reencontros com caminhos interdisciplinares. Recife: Edupe, 2006.


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CONSUMO E SUSTENTABILIDADE: INFORMAÇÃO E EMOÇÕES COMO INFLUENCIADORAS DO COMPORTAMENTO. Ananda Lia Santana Nunes Maia Mestre em Administração pela UFPB (2009). Graduada em Administração pela UFPB (2006) e em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (2006). Advogada inscrita na OAB/PB. Professora da Faculdade Salesiana e da UFPE na área de Administração.

Resumo: A humanidade avançou rumo ao progresso e ao desenvolvimento da civilização, gerando infindáveis melhorias na vida cotidiana do homem e na dinâmica de suas interações. Paradoxalmente, esse desenvolvimento vem causando alguns impactos negativos na sociedade e no meio ambiente, refletindo na qualidade de vida das pessoas. Neste sentido, este artigo discute como a informação e as emoções se relacionam com a atitude e o comportamento de consumo sustentáveis. São oferecidas informações que auxiliarão na escolha e utilização de ferramentas eficientes para estabelecer com os consumidores relacionamentos pautados em comportamentos sustentáveis. Também oferece contribuições práticas relacionadas aos demais envolvidos na construção de uma sociedade mais sustentável, como indústrias, ONG’s, governo e instituições de ensino. Palavras-Chave: Sustentabilidade. Consumo. Informação. Emoções. Abstract: Humanity has advanced towards the progress and development of civilization, generating endless improvements in the daily life of man and the dynamics of their interactions. Paradoxically, this development has caused some negative impacts on society and the environment, reflecting on their life quality. Therefore, this article discusses how information and emotions are related to the attitude and behavior of consumption. Information given in the text will assist the selection and use of effective tools to establish relationships with consumers guided by sustainable behavior. It also offers practical contributions related to the others involved in building a more sustainable society, such as industries, NGOs, government and educational institutions. Keywords: Sustainability. Consumption. Information. Emotions.


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I

INTRODUÇÃO

Entender as relações entre o homem e o meio ambiente é uma necessidade presente na agenda de empresas, governos, academia e consumidores. Com o aumento das pressões dos atores sociais sobre a degradação do meio ambiente e a interferência direta que esse tem na qualidade de vida das pessoas, cresce o interesse pelas questões relativas à sustentabilidade e buscam-se causas e possíveis soluções para os problemas ambientais, já que estes acabam afetando a todos. Diante deste cenário, as relações de consumo assumem papel importante haja vista que as mesmas influenciam e são influenciadas por preocupações sociais, políticas, econômicas e ambientais. O comportamento de consumo, portanto, pode assumir o papel de norteador / orientador de novas formas de produção e desenvolvimento. O comportamento de consumo consciente está relacionado às escolhas que cada consumidor assume diariamente ao comprar, consumir e descartar bens, discernindo sobre quais necessidades devam ser satisfeitas. O consumidor pode manifestar suas preocupações ambientais nas suas atitudes e no seu comportamento de compra, buscando produtos que considera que causem menos impactos negativos ao meio ambiente e valorizando aqueles que são produzidos por empresas ambientalmente responsáveis. Todavia, inerentes a estas escolhas, surgem dilemas sobre o que comprar, o quanto consumir e de que forma descartar o que não interessa. A conscientização acerca das consequências adversas provocadas pelo homem no meio ambiente entra em conflito com a desejada manutenção dos padrões de qualidade de vida proporcionados pelo desenvolvimento e possibilidades de consumo. Um indivíduo preocupado com o ambiente não necessariamente terá um comportamento de consumo sustentável. Diante deste paradoxo, surge a necessidade de identificar possíveis fatores que se relacionam com a atitude e o comportamento de consumo sustentáveis.

II

CONSUMO E SUSTENTABILIDADE

Sob o prisma da temática ambiental, a sociedade moderna vem sofrendo mudanças significativas nos últimos anos devido à influência do paradigma da sustentabilidade. Segundo Cavalari e Silva (2006), cada vez é mais comum deparar-se com discussões relacionadas a produtos ecologicamente corretos, eco-eficiência, ética nos negócios, sustentabilidade, cidadania, governança corporativa, dentre outros temas. As questões ambientais mostram-se importantes nas relações de troca entre consumidores e empresas, mas durante muito tempo, essas questões ficaram esquecidas para se alcançar competitividade no mercado, pois as empresas priorizavam tecnologias que oportunizassem o aumento da lucratividade. (SCHULTZ-PEREIRA; GUIMARÃES, 2009) O modelo de crescimento econômico baseado na maximização da produção e do consumo gerou enormes desequilíbrios tanto de ordem


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econômica e social, como também ambiental (VELTER et al, 2011). Sob a perspectiva de Hawken, Lovins e Lovins (apud VELTER et al, 2011), ao mesmo tempo em que a industrialização produziu enormes benefícios econômicos, ela também gerou significativa quantidade de poluição e continua a consumir matérias-primas naturais, recursos, combustíveis fósseis, e em uma taxa crescente. Frente a esse cenário, considera-se que o desenvolvimento sustentável não é possível através de um único ator social, torna-se primordial o envolvimento dos demais atores sociais na construção do processo do desenvolvimento sustentável. Apesar da crescente preocupação com as questões sobre sustentabilidade estudos revelam que a consciência ambiental do consumidor nem sempre é compatível com seu comportamento de consumo. (VELTER et al, 2011; MOTA; ROSSI, 2003) Estudos como os de Lages e Vargas, 2002 e Ohtomo e Hirose, 2009 indicam que a consciência ecológica não é obrigatoriamente uma variável pré determinante para explicar o comportamento de compra pró-ambiental dos consumidores. Depara-se, assim, com um importante objeto de investigação: que variáveis podem influenciar o comportamento de consumo sustentável? Um dos fatores apontados por essas pesquisas como causador dessa dissonância foi falta de informação oferecida pelas empresas sobre os benefícios e melhorias do produto verde para o consumidor (VELTER et al, 2011; MOTA; ROSSI, 2003). Estratégias de comunicação entre empresa/consumidor ou governo-sociedade poderiam ser eficazes no sentido de esclarecer e conduzir os consumidores a novos comportamentos de consumo. Além da comunicação, as emoções são apontadas por pesquisas como responsáveis por influenciar as intenções de comportamento do consumidor (WHITE; YU, 2005). Existem evidências que sugerem que reações emocionais associadas às relações de consumo podem ter um impacto significativo nas avaliações dos consumidores. As emoções são reconhecidas como sendo crescentemente importantes na compreensão dos consumidores através de diversas perspectivas diferentes (SCHOEFER; ENNEW, 2005), mas, elas ainda têm recebido relativamente pouca atenção em trabalhos relacionados a sustentabilidade.

III

RELEVÂNCIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR PARA A SUSTENTABILIDADE

Compreender o que os consumidores compram; como, onde e sob quais circunstâncias os consumidores usam os produtos; e como estes dispõem os produtos e embalagens são preocupações centrais dos estudos do comportamento do consumidor. Entender o porquê e como as pessoas consomem é relevante para analisar a influência que os consumidores possuem frente ao mercado e a sociedade, possibilita a formulação de políticas públicas e pode ajudar os consumidores a agir ou comprar de forma mais sensata. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008). O consumidor é o elo final e o mais importante de qualquer cadeia industrial, afinal é ele que sustentará todo o sistema; daí, sua relevância. Ele transmite,


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através da sua escolha de compra, quais os atributos de qualidade que deseja e quanto está disposto a pagar por eles. (VELTER et al, 2011.). Os estudos com foco no consumidor utilizam métodos que buscam o entendimento de aspectos mais subjetivos desses, tais como: efeitos do estado de espírito, tipos de situação de comportamento e emoções, considerando cada experiência como sendo única (SHIFFMAN; KANUK, 2000). Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2008) os consumidores normalmente passam por sete estágios na tomada de decisão de compra: (1) reconhecimento da necessidade; (2) busca de informações; (3) avaliação de alternativas pré-compra; (4) compra; (5)consumo; (6) avaliação pós-consumo; (7) descarte. Ainda conforme os autores, à medida que os consumidores se movem por esses estágios existe a possibilidade de seu comportamento ser influenciado por meio da comunicação e estratégias de marketing. Buscando entender melhor o comportamento do consumidor e as relações de consumo e suas complexidades, cresce o interesse por estudos voltados à sustentabilidade. Os problemas de deteriorização = deterioração do meio ambiente e a busca por um consumo socialmente responsável têm sido alvo de pesquisas tanto pelo meio acadêmico quanto por iniciativa empresarial. No Brasil e no mundo, pesquisas acadêmicas têm demonstrado interesse em questões relativas à sustentabilidade, (e.g. Gonçalves-Dias e Moura, 2007; Ohtomo e Hirose, 2007; Prothero e Fichett, 2000; Prothero et al, 2010; Snelgar, 2006; Souza et al 2011; Velter et al., 2011). As ações e as escolhas individuais motivadas por preocupações ambientais passaram a ser vistas como essenciais e o consumidor como o responsável, através de suas demandas e escolhas cotidianas, (GONÇALVES-DIAS; MOURA, 2007). Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, ser sustentável é suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas. (SOUZA et al, 2011). Gonçalves-Dias e Moura (2007) defendem que existe uma dificuldade de se abdicar da satisfação imediata e individual em prol de um bem comum de longo prazo, como seria requisito para a expansão de um consumo sustentável, voltado para o coletivo e marcado por preocupações morais. Os autores acreditam ainda que a presença massiva de produtos verdes não é garantia de uma sociedade sustentável se os padrões de consumo e estilo de vida não mudarem, sendo assim necessário que ocorra uma mudança profunda nas atitudes e valores sociais.

IV

O QUE INFLUENCIA O COMPORTAMENTO DE CONSUMO SUSTENTÁVEL?

Considerando o aumento dos níveis de poluição do ar e das águas, o desmatamento, a desertificação, o aquecimento global, a extinção de espécies da fauna e da flora, entre tantos outros impactos negativos que afetam o bem-estar, a saúde e a qualidade de vida das pessoas na atualidade, a preocupação com este tema é justificada pelo aumento dos debates em torno da sustentabilidade. A busca crescente por soluções – de forma a deter as consequências adversas ao bem-estar dos próprios seres humanos – é percebida tanto nos âmbitos governamentais e corporativos, como


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também o deve ser por parte dos consumidores, que devem assumir a corresponsabilidade sobre seus padrões de consumo e atuar de forma mais consciente para preservar o bem comum (BECK, 2010). Apesar do aumento de estudos sobre consumo e sustentabilidade restam incógnitas a respeito das variáveis que influenciam o consumidor a assumir comportamentos mais sustentáveis. Pesquisas mostram que apesar dos consumidores terem consciência ambiental nem sempre seu comportamento suporta esta crença. (e.g. Velter et al, 2011; Motta e Rossi, 2003). “A possível discrepância entre a intenção ambiental e o impacto ambiental gera importantes perguntas de pesquisa sobre a natureza e os determinantes das convicções das pessoas sobre a significação ambiental de seus comportamentos” (STERN, 2000, p. 408). Este posicionamento remete à lacuna existente entre a intenção de agir em prol do ambiente e a ação propriamente dita, que pode se mostrar contraditória na prática. (BECK, 2010) Estes fatores representam questionamentos interessantes sobre as crenças e intenções dos indivíduos que os levam a comportamentos sustentáveis (ou não). Diante desta problemática, supõe-se que as emoções e a informação podem assumir o papel de influenciadoras do comportamento haja vista que estudos mostram seu impacto nas intenções comportamentais (WHITE; YU, 2005). Izard (1977) defende ainda que os indivíduos se rodeiam de pessoas e coisas com as quais elas estão ligadas emocionalmente e que as emoções são capazes de afetar a memória, o raciocínio e a imaginação, constituindo o sistema motivacional primário dos seres humanos. Mower (apud IZARD, 1977) afirma que as emoções têm um papel indispensável nas mudanças de comportamento, que são quase de extraordinária importância na economia total dos organismos vivos e que não devem ser colocadas em confronto com a inteligência. De acordo com Beck (2010) o acesso à informação e o conhecimento adquirido permitem distinguir o certo do errado em termos ambientais e estes parecem ser fatores primordiais para auxiliar no processo de decisão tanto para a compra, bem como durante o consumo e posterior descarte. Ainda conforme a autora, a conscientização acerca dos problemas e das consequências adversas pode influenciar e promover alterações nos padrões de consumo, fazendo com que os consumidores passem a buscar produtos que não causem impactos negativos no meio ambiente. (BECK, 2010). Por esta razão elas são vistas aqui como influenciadoras do comportamento de consumo sustentável preenchendo a lacuna teórica que existe relativa ao hiato entre consciência ambiental e comportamento de consumo sustentável. 4.1. INFORMAÇÃO COMO INFLUENCIADORA DO COMPORTAMENTO Crenças, quando baseadas no conhecimento prévio, podem ser as formadoras da intenção e influenciadoras das atitudes que levarão ao comportamento (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008). Portanto, o conhecimento sobre


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um determinado assunto atua como antecedente do comportamento, já que, neste caso, o indivíduo estaria exercendo um controle volitivo (percebido) sobre sua ação (AJZEN, 2006), pois este conhecimento adquirido atua como formador do sistema de crenças, que levam à intenção de agir e, consequentemente, ao comportamento. A partir destas definições, infere-se que o conhecimento é um determinante do comportamento (Figura 1). Conhecimento

Formação dos Valores e Crenças Individuais

Intenções e Atitudes

Comportamento

Figura 1 - Antecedentes do Comportamento Fonte: adaptado a partir de Blackwell, Miniard e Engel (2008). O papel que o conhecimento, os valores e as crenças culturalmente aceitas por uma coletividade exercem no sentido de moldar atitudes pró-ambientais vem sendo mundialmente estudado, principalmente nas áreas de psicologia social e de comportamento do consumidor. Muitas pesquisas de mercado e acadêmicas buscam definir e entender melhor o comportamento do consumidor consciente e os influenciadores que moldam as atitudes e levam a ações pró-ambientais. Straughan e Roberts (1999) e Roberts e Bacon (1997) argumentam que o comportamento consciente do consumidor irá variar consoante o seu nível individual de conhecimento ambiental. O conhecimento se adquire pela combinação da experiência direta e da respectiva informação originária de várias fontes (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). As ações pró-ambientais são ativadas quando o indivíduo acredita que a violação a uma norma vai promover efeitos adversos. O consumidor que tem uma maior conscientização ambiental tende a demonstrar preocupações diferentes relacionadas ao meio ambiente, assumindo a responsabilidade pelo impacto ambiental gerado por suas decisões. Estas atitudes individuais influenciam comportamentos e devem ser direcionadas para um modo de pensar e agir em prol do meio ambiente, sendo esta uma forma de evitar a insustentabilidade da vida humana no planeta. (BECK, 2010) O aumento dos níveis de poluição e todas as formas de degradação do planeta amplamente divulgadas pelos meios de comunicação atuam como um alerta sobre os riscos que cada ser humano pode sofrer. Pesquisadores estão adotando a premissa de que aumentar o conhecimento ambiental resultará em maior desejo de comprar produtos verdes. A conscientização acerca dos problemas e das consequências adversas pode influenciar e promover alterações nos padrões de consumo, fazendo com que os consumidores passem a buscar produtos que não causem impactos negativos no meio ambiente. Esta conscientização promove uma motivação para a mudança e é definida como atitude ecológica. (BECK, 2010).


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4.2. EMOÇÃO COMO INFLUENCIADORA DO COMPORTAMENTO As emoções afetam os processos do corpo e de percepção e também afetam a memória, o raciocínio, e a imaginação (IZARD, 1977). Nesse sentido, qualquer experiência de consumo é capaz de evocar emoções (ESPINOZA; NIQUE, 2003). Para Shoefer e Ennew (2005), as emoções são entendidas como crescentemente importantes para entender os consumidores sob diversas perspectivas. Schiffman e Kanuk (2000) examinam a tomada de decisão do consumidor no contexto de todos os tipos de escolhas de consumo. Os autores consideram quatro perspectivas de pensamento que encaram o processo de decisão de maneiras diferentes e, em função dessas quatro visões, definem modelos de consumidores. A primeira perspectiva é a visão econômica, onde o consumidor é caracterizado como um tomador de decisões puramente racional. No seu oposto está a visão passiva, que mostra o consumidor como submisso aos interesses e esforços promocionais do marketing, sendo percebido, portanto, como um comprador impulsivo e irracional. A perspectiva seguinte, denominada visão cognitiva, coloca o consumidor como um solucionador de problemas, ou um processador de informações. E, por fim, a quarta e última é a visão emocional. Nesta perspectiva o consumo é caracterizado por motivações determinadas por um conjunto de emoções. O mais interessante desta última visão é que as decisões emocionais não são, necessariamente, irracionais. Quando a decisão apresenta base emocional, a ênfase está menos localizada na busca de informações e mais nos sentimentos. O fato de um consumidor comprar um produto que o satisfaz emocionalmente é uma decisão de consumo que pode ser encarada como racional. Assim, muitas pessoas podem comprar um produto porque se sentem bem, sem que esse fato desconsidere a racionalidade da decisão (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Espinoza e Nique (2003) observaram que as experiências emocionais exercem influência sobre a atitude dos consumidores a respeito do produto e incidem sobre a intenção de comportamento. Daí sua importância como importante influenciadora do comportamento dos indivíduos no sentido de conscientizá-los a respeito da importância do comportamento de consumo sustentável.

V

CONCLUSÃO

De acordo com Gonçalves-Dias e Moura (2007) o desafio atual é satisfazer a exigência por uma melhor qualidade de vida e o subsequente consumo de produtos e serviços de maneira que não seja cumulativamente destrutivo para os recursos e ameaçador para a vida. Um dos desafios da sustentabilidade está em construir novas estratégias de ação que resgatem valores básicos compatíveis com a ética e o respeito à dignidade humana. Diante do exposto neste artigo, pode-se concluir que o papel da informação associado ao da emoção são fundamentais para a mudança de comportamento de consumo da sociedade. As empresas, ONG´s, governos e instituições de ensino de-


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vem ater-se ao valor desses fatores para a conscientização dos indivíduos a respeito da importância de comportamentos que sejam adequados para sustentabilidade do planeta. Campanhas informativas que envolvam elementos emocionais, portanto, parecem ser um instrumento adequado para a sensibilização e conscientização acerca das vantagens da preocupação com a sustentabilidade. Neste mesmo sentido, as instituições de ensino devem se preocupar cada vez mais em transmitir valores e informações transformadoras que estimulem comportamentos sustentáveis. As instituições de ensino possuem ainda o potencial de estimular seus estudantes e professores a serem em propagadores desses ideais além dos muros das escolas/ universidades. O ideal da sustentabilidade busca um pleno desenvolvimento socioeconômico em equilíbrio com o meio ambiente e a qualidade de vida. Os desafios da sociedade contemporânea exigem uma releitura de conceitos e redefinição de novos paradigmas que atendam essas necessidades REFERÊNCIAS BAGOZZI, Richard P.; GOPINATH, Mahesh; NYER, Prashanth U. The role of emotions in marketing. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 27, p. 184-206, n. 2, 1999. BECK, Ceres Grehs. Consumo Ambiental Consciente: os meus, os seus e os nossos interesses. João Pessoa: UFPB, 2010. Dissertação (Mestrado em Administração), PPGA, Universidade Federal da Paraíba, 2010. BLACKWELL, Roger; MINIARD, Paul; ENGEL, James. Comportamento do Consumidor. São Paulo: Cengage Learning, 2008. CAVALARI, O. & SILVA, V. G. Cidadania corporativa como estratégia de fidelização de clientes no setor industrial alimentício do Espírito Santo. Anais do XXX Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ENANPAD 2006). Salvador: Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD), set 2006, CD-ROM. ESPINOZA, Francine da Silveira. Impacto de experiências emocionais na atitude e intenção de comportamento do consumidor. Porto Alegre: UFRGS, 2004. Dissertação (Mestrado em Administração), Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004. ESPINOZA, Francine da Silveira; NIQUE, Walter Meucci. Experiências emocionais em situações de consumo de produtos: evidências e proposições de pesquisa. Anais do XXVII Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ENANPAD 2003). Atibaia: Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD), 24-27/09/2003, CD-ROM.


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DESENVOLVIMENTO REGIONAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM TEMPOS DE DESAFIOS SOCIAIS: A RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E ECONOMIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO Luiza Maria Pontual Costa e Silva Doutora em Ciências Políticas pela Universidad Autónoma de Madrid

Resumo: Este artigo traz um breve apanhado histórico da economia e da política no Estado de Pernambuco, buscando analisar a relação entre as duas dimensões, bem como seu papel na formação dos enormes desafios políticos e sociais que hoje nos são colocados. Enfatizamos especialmente a urgente necessidade de resgatar a dimensão humana e ética na formação de profissionais, sem descuidar da excelência técnica necessária para enfrentar a complexidade cada vez maior dos problemas que se apresentam em nossa Sociedade. Esse panorama parece colocar em pauta a necessidade de uma abordagem multidisciplinar das questões a serem tratadas. Palavras-Chave: Economia; política; Estado de Pernambuco; desafios. Abstract: This article features a brief, historically oriented survey of the political and economical development of the State of Pernambuco, analyzing the relationship between these two spheres, as well as their role in shaping the tremendous political and social challenges which we now face. We especially emphasize the urgent need to reestablish ethical and humanitarian values in the formation of professionals, without disregard for the technical excellence required to affront the concrete, increasingly complex problems in our society. This scenario seems to suggest a multidisciplinary approach as the best one to handle the multifarious questions involved. Keywords: Economy; Politics; Pernambuco; challenges.


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I

INTRODUÇÃO

Com este trabalho se busca resgatar, de forma breve, alguns momentos importantes da economia e da política em Pernambuco na tentativa de responder aos seguintes questionamentos: até que ponto a política e a economia vem andando juntas em Pernambuco e de que forma uma esfera vem interferindo na outra? Até que ponto o atraso econômico que amargamos é uma consequência direta do modelo político elitista e excludente que historicamente tivemos na nossa região e mais especificamente no nosso Estado? Nessa perspectiva, qual tem sido o papel da educação ou mesmo da sua ausência para a perpetuação desse modelo? O que poderá ser feito no sentido de contribuir para tornar a sociedade pernambucana mais preparada para garantir que os benefícios que estão sendo gerados no momento atual sejam de fato apropriados por todos os pernambucanos? O que fazer para evitar que aconteça o que ocorreu na época da implementação das teses desenvolvimentistas, quando os frutos do crescimento gerado serviram apenas para concentrar a renda ainda mais? Parece claro que o momento atual acena com grandes esperanças, uma vez que pela primeira vez em nossa história, vivemos vinte e cinco anos seguidos de democracia. Essa democracia, enquanto clama por maior aperfeiçoamento, inegavelmente já forma um pano de fundo bastante promissor para a construção de uma sociedade mais justa e equânime. Essa construção inevitavelmente precisa ter como referência a democracia, necessita envolver toda a sociedade na discussão dos caminhos a serem pautados. Nessa tarefa, um determinado modelo de educação comprometido com a formação da cidadania desempenha um papel que parece bastante relevante.

II

UMA VISÃO DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA DE PERNAMBUCO 2.1. OS PRIMEIROS TEMPOS

A despeito do destaque econômico e político experimentado por Pernambuco durante o século XVII, toda sua base econômica esteve assentada em uma perspectiva escravocrata e nos grandes latifúndios. Apesar do empenho de alguns personagens ilustres da época, por exemplo, Maurício de Nassau, cujos projetos de urbanização para Recife eram bastante ousados e avançados para a época, a exportação baseada em um modelo agrário com base no latifúndio e na escravidão não permitiu maiores progressos. O modelo político-econômico era por natureza excludente, racista e extremamente elitista, o que repercutiu fortemente em todas as esferas da sociedade da época, com reflexos importantes até os dias de hoje. Durante todo o século XVIII, mesmo depois de proclamada a República, a realidade social se mostrava profundamente desigual, pois apenas os ricos podiam dar-se ao luxo de estudar, e para fazer um curso superior havia que se possuir dinheiro para ir estudar em Portugal ou na França.


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Aos jovens que podiam, por seu talento, alimentar aspirações acadêmicas, mas aos quais faltavam condições materiais, restava a alternativa de estudar no Seminário de Olinda. De fato, a prática normal nas famílias abastadas era que o primeiro filho fosse para a Europa, quase sempre para estudar Direito, cabendo ao segundo filho a alternativa de enveredar pela vida religiosa. Devido a um modelo econômico onde o investimento na produção e na iniciativa econômica de pequenos e médios produtores estava virtualmente ausente, e no qual a classe economicamente privilegiada vivia no mais parasitário estilo de nobreza europeia, sem, no entanto, ter o compromisso com a excelência técnica e científica que caracterizava os europeus, toda a estrutura econômica sustentava-se no trabalho escravo. Com a libertação destes em 1888, as condições para concorrer economicamente com São Paulo, que já despontara como produtor de cana-de-açúcar com estrutura bem mais moderna, começaram a tornar-se cada vez mais remotas. Sendo assim, Pernambuco passou a amargar dias cada vez mais difíceis do ponto de vista econômico, não obstante ter-se consagrado como a “capital cultural do Nordeste” e berço de grandes ideólogos que lutaram por uma sociedade menos injusta, tais como Frei Caneca, Tobias Barreto, entre outros. Se a situação econômica do Estado de Pernambuco tornou-se significativamente mais precária durante todo o século dezenove, a situação dos demais estados da Região chegava a ser desesperadora. Um ponto de inflexão na história político-econômica de Pernambuco ocorreu com o advento da SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, no início da década dos sessenta do século passado. A sede desta organização foi fincada em Pernambuco por ter este Estado condições econômicas menos precárias se comparada com outros estados da Região, além de uma situação geográfica favorável que lhe possibilitava constituir-se em um ponto aglutinador para os dirigentes dos demais estados nordestinos, que todos os meses se reuniam no Conselho Deliberativo da autarquia para discutir as políticas para a região. No entanto, vale salientar que ao projeto de criação da SUDENE opuseram-se parlamentares da própria região, que não pareciam ter nenhum interesse no seu desenvolvimento. A preocupação maior destes políticos era justamente manter os bolsões de pobreza e eternizar a chamada “Indústria da seca”. Afinal, essa situação favorecia a obtenção de votos em troca de uma feira, uma dentadura, ou outro pequeno favor, o conhecido “voto de cabresto”. No entanto, o governador de Pernambuco, que na época era Cid Sampaio, apoiava as teses desenvolvimentistas e teve um papel importante na luta pela criação da SUDENE. O Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste - GTDN encarregado da tarefa de pensar a SUDENE, trabalhou sob a regência do economista nordestino de João Pessoa Celso Furtado, que logrou reunir um grupo de profissionais de reconhecida competência. Para iniciar os trabalhos, estes se subme-


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teram a um treinamento específico na área de planejamento, ganhando desse modo o aperfeiçoamento necessário para intervir na realidade local, de forma eficiente e planejada. A ideia era interferir também nas áreas sociais de forma harmônica, e não somente promover o crescimento econômico. A SUDENE iniciou os seus trabalhos no início da década de sessenta, mas logo em 1964, ocorreu o golpe militar que, paulatinamente, foi desvirtuando a ideia original de atuação da autarquia, transformando-a em um braço importante do modelo específico de crescimento econômico preconizado pelos militares. O conceito inicial de desenvolvimento harmonioso que contemplava as questões sociais foi paulatinamente deixado de lado, dando lugar à ideia liberal de que o importante é produzir riqueza, pois a distribuição acontecerá pela própria ação do Mercado. Nessa perspectiva, a prioridade era apoiar às iniciativas industriais, relegando as questões sociais, como saúde, educação e infraestrutura, para um segundo momento. É bem conhecido que na Doutrina Liberal clássica, “os vícios individuais produzem virtudes coletivas”. Se o Estado apoia fortemente os mais ricos, esses produzirão mais riqueza, e nessa esteira todos serão beneficiados sem necessidade de uma intervenção específica no setor social. A intervenção do Estado nessa área caracteriza-se como paternalismo, promovendo a apatia e a acomodação na sociedade, além de limitar as liberdades dos indivíduos. Isto ocorre porque, para os liberais, existe uma oposição entre poder e liberdade, ou seja, sempre que o Estado interfere regulando ou normatizando, está limitando as liberdades individuais; nessa perspectiva, o Estado é visto como um “mal necessário” (BOBBIO, 1988). É evidente que o ideário liberal não era aplicado na sua totalidade, já que se tratava de uma ditadura. Mas, na economia aplicava-se convenientemente às intenções do governo, especialmente porque o isentava de suas responsabilidades sociais e criava todas as facilidades para o capital dominante, inclusive com forte arrocho salarial. O modelo industrial incentivado na Região foi complementar a indústria de São Paulo, onde as máquinas eram adquiridas; desse modo, os benefícios maiores foram para aquele estado, que tinha aqui suas filiais de mão de obra barata. A indústria incentivada a instalar-se na Região era a que investia fortemente em capital, gerando poucas oportunidades de emprego para os locais; a maioria dos empregos mais bem pagos exigia uma mão de obra bem mais qualificada que a disponível na Região, que não preenchia as condições exigidas para tal; daí, parte da mão de obra requerida vinha do Sudeste. Por outro lado, como se tratava de uma ditadura, o secular problema brasileiro da corrupção grassava livre, com o jogo de influência e a troca de favores também ocorrendo de forma bastante ampliada, já que a sociedade brasileira estava silenciada e completamente alheia a todos os funestos arranjos orquestrados à sua revelia.


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Não é possível negar que a despeito de tantas distorções, a Região conquistou certa medida de crescimento; no entanto, este ficou muito aquém do esperado, considerando os recursos públicos investidos. É que estes recursos serviram principalmente para aumentar as fortunas pessoais de alguns falsos empresários da Região com incentivos recebidos irregularmente, com a conivência de alguns servidores da autarquia, generosamente gratificados por tais “empresários”. Alguns processos administrativos foram abertos na época, com a consequente demissão de alguns funcionários subalternos. Com a redemocratização brasileira (1985), e a adoção oficial do Neoliberalismo a partir do chamado “Consenso de Washington” de 1989, a orientação tornou-se promover o enxugamento do Estado, com privatizações, abertura de mercado. Novamente, as despesas com saúde, educação e infraestrutura deveriam ser reduzidas ao mínimo indispensável. Se uma medida com esse perfil já é impactante para uma região onde existe uma correta distribuição de renda, no nosso caso, onde a concentração de renda já era uma das maiores do mundo ocidental, os efeitos foram catastróficos. Naturalmente, o maior impacto dessas medidas ocorreu nas áreas mais pobres das Regiões Norte e Nordeste. Os órgãos de desenvolvimento regional, como SUDENE e SUDAM, foram extintos sob a alegação de que estavam corrompidos, o que não era uma inverdade. Mas em nenhum momento se pensou em retomar os propósitos iniciais daqueles órgãos, já que isto significaria a intervenção do Estado na economia, o que como já mencionamos, entendia-se que deveria ser evitado; os seculares problemas sociais da Região foram se tornando cada vez mais agudos. 2.2. OS TEMPOS ATUAIS: O PARTICULAR CASO DE SUAPE Em abril de 1972, um relatório da Fundação dos Estudos do Mar, sob o título “Um novo porto para o Nordeste”, foi entregue ao governador de Pernambuco, que na ocasião era Eraldo Gueiros; tal relatório defendia a construção de um porto industrial no Estado de Pernambuco e indicava SUAPE como o local ideal para a sua instalação. A ampliação do Porto do Recife tinha sido descartada por um estudo realizado pelo almirante Paulo Moreira, que assinalava, entre outras razões técnicas, uma localização portuária que impedia a instalação de indústrias em seus arredores. O impulso definitivo para o projeto portuário de SUAPE foi a decisão da Petrobras, no governo Lula, de implantar, naquela área, uma refinaria de petróleo com características específicas. Esta seria a única no Brasil projetada para processar petróleo pesado, com a mais atualizada tecnologia do mundo para tal processamento; o Estado de Pernambuco perseguia, há pelo menos cinquenta anos, a instalação de uma refinaria de petróleo em seu território (GARCIA e MUSSALEM, 2011).


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Segundo dados colhidos pelo autor acima referido, no mesmo complexo portuário os investimentos estão definidos conforme indica o quadro seguinte. O impacto da refinaria não fica limitado à Região Nordeste, já que o mercado de diesel a ser atendido por esta se estende por outras regiões do País. QUADRO 1 – PERFIL DOS INVESTIMENTOS NO COMPLEXO DE SUAPE Item Valor do investimento Capacidade de processamento (refino de óleo bruto por dia) Empregos gerados durante o processo construtivo da unidade de refino Empregos diretos na operação da unidade de refino Empregos indiretos que serão gerados a partir da operação da unidade de refino Previsão inicial de inauguração Nova previsão para inauguração Estrutura societária

Quantitativo US$ 4 bilhões 200.000 barris 20.000 empregos 1.500 empregos 1.300 empregos dezembro de 2010 dezembro de 2011 60% da Petrobras 40% da PDVSA (Venezuela)

Por seu turno, o estaleiro Atlântico Sul, que também está sendo implantado em SUAPE, envolve investimentos bastante significativos como pode ser visualizado no breve perfil delineado no quadro a seguir. QUADRO 2 – PERFIL DOS INVESTIMENTOS NO ESTALEIRO ATLÂNTICO SUL Item Investimentos iniciais Linha de produção Tipos de embarcação

Consórcio Empreendedor

Quantitativo US$ 220 milhões navios de grande porte e plataformas de prospecção petrolífera navios do tipo Suezmax e Panamax, os primeiros com porte para utilizar o Canal de Suez e os segundos com capacidade para utilizar o Canal do Panamá Camargo Correia /Queiroz Galvão/ Promar


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Área total do estaleiro Área de produção Geração de empregos diretos Geração de empregos indiretos Capacidade de produção Posição no hemisfério Posição quanto às encomendas

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780.000 m dois diques secos de 520 m de extensão, 140 m de largura e 15 m de profundidade 5.000 postos de trabalhos 25.000 postos de trabalho dois navios a cada dezoito meses e uma plataforma de petróleo a cada vinte e quatro meses o estaleiro Atlântico Sul será o maior de todo o hemisfério sul o estaleiro já possui encomendas firmadas para a construção de dez navios de grande porte tipo Suezmax

Um projeto grandioso como SUAPE, além de gerar fortes impactos no ecossistema, impõe mudanças radicais no processo de qualificação da mão de obra no Estado de Pernambuco. Com SUAPE, Pernambuco está ampliando a sua presença no mercado global; os grandes investimentos estruturadores e os requerimentos com relação à mão de obra especializada é crescente, daí a necessidade de investimentos maciços na formação dessa mão de obra. Dentre os investimentos estruturadores, o de maior potencial gerador de empregos diretos é a Refinaria de Petróleo, seguida pelo Estaleiro Atlântico Sul e pela Petroquímica SUAPE, ou fábrica de PTA. Na perspectiva de (MUSSALEM, 2011), a partir de 2012 a geração de emprego deverá ocorrer de acordo com a projeção indicada no quadro a seguir.

QUADRO 3 – GERAÇÃO DE EMPREGOS INDIRETOS POR EMPREENDIMENTO

Item Refinaria Abreu e Lima Estaleiro Atlântico Sul Fábrica de PTA Outros empreendimentos

Quantitativo 130.000 empregos indiretos 25.000 empregos indiretos 167.900 empregos indiretos 175.000 empregos indiretos


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O resumo dos empreendimentos em negociação atinge a cifra de US$ 10.125.300.000,00 (dez bilhões, cento e vinte e cinco milhões e trezentos mil dólares). Por outro lado, a taxa de crescimento do PIB pernambucano já é hoje maior que a do Brasil, colocando-se em pauta, com muita força, a necessidade de repensar Pernambuco e a Região Nordeste dentro de uma perspectiva ético-humanitária, com vistas à, entre outros aspectos, preservação do meio ambiente; o boom de SUAPE criou uma nova demanda de mão-de-obra diferenciada, forçando o Estado e os Municípios a investirem em novos cursos de formação, centros tecnológicos e escolas técnicas, voltados especialmente para o complexo industrial portuário.

III

UMA VISÃO DA EVOLUÇÃO POLÍTICA DE PERNAMBUCO: UMA TRAJETÓRIA 3.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

A primeira Assembleia Legislativa da América do Sul funcionou em Pernambuco, no Recife, durante o domínio holandês: a abertura ocorreu no dia 27 de agosto de 1640 e os trabalhos legislativos aconteceram até o dia 04 de setembro daquele mesmo ano; a Assembleia era composta por 55 deputados. Depois de 300 anos de Imperialismo Colonial, o Brasil logrou finalmente sua independência, e no dia 03 de junho de 1822 o Imperador D. Pedro I convocou a primeira Assembleia Legislativa Constituinte da história política brasileira; as Províncias elegeram 90 deputados, que chegaram ao Rio de Janeiro em abril de 1823 (Pernambuco enviou 13 representantes). O deputado Antônio Carlos de Andrada, representante de São Paulo, apresentou um modelo liberal de Carta Magna, em que os poderes do Imperador estariam limitados. Isto provocou uma reação radical do monarca, que dissolveu a Assembleia Constituinte; os parlamentares foram presos, não sem reação forte por parte das Províncias (em Pernambuco, por exemplo, eclodiu a Confederação do Equador). 1 Dentre os 36 primeiros deputados eleitos em Pernambuco, estavam 10 padres: a Igreja Católica tinha expressiva participação na estrutura de poder local. As lideranças religiosas tiveram papel preponderante na luta pela democracia (o carmelita Frei Joaquim do Amor Divino Caneca foi um ícone dessa luta); por outro lado, quem não fosse católico não poderia ser deputado ou senador. Em 26 de fevereiro de 1835, o Diário de Pernambuco publicou a lista dos primeiros deputados eleitos em Pernambuco; naquela ocasião, a população do Estado era de aproximadamente 300 mil habitantes; a eleição era censitária e indi1 A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário que lutava contra a política centralizadora de D. Pedro e defendia para o Brasil, uma república nos moldes da norte-americana.


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reta. Os negros, os índios, os pobres, os analfabetos e as mulheres não participavam do processo eleitoral. Os primeiros deputados de Pernambuco ganhavam muito bem: o salário era de 6400 réis por dia, e os que moravam além de 6 léguas do Recife percebiam um adicional de 8000 réis. Para ter o direito de votar, o cidadão tinha que comprovar uma renda superior a 100 mil réis por ano e para ser candidato a deputado estadual, o postulante deveria ter uma renda anual acima de 400 mil réis; para concorrer ao cargo vitalício de Senador, a renda anual precisava ser superior a 800 mil réis. Fica evidente que o povo estava fora da atividade política, que ficava restrita aos mais ricos; em outras palavras, a maioria do povo não estava representado na esfera política. Para ser deputado no século XIX, havia que ter condição financeira muito boa, formação universitária feita na Europa ou ter passado pelo Seminário de Olinda, onde recebia-se lições humanísticas e políticas. No período do Império, que foi de 1826 a 1889, oito pernambucanos assumiram a Presidência da Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, o que representou uma posição privilegiada no cenário nacional. Pernambuco, a despeito de todas as condições econômicas adversas, foi sempre um celeiro de grandes líderes, que encetaram significativas lutas por mais justiça social. No entanto, o declínio econômico do estado cobrou um preço também nessa seara. Observou-se marcado retrocesso político, fortemente agravado pelas ditaduras subsequentes, aspecto que já discutimos acima. 3.2. OS TEMPOS ATUAIS Vivemos hoje, no Estado de Pernambuco, um momento auspicioso, motivado em grande parte pela ação da Petrobras durante o governo Lula, que resultou em aporte significativo de recursos e grande impulso para o projeto de SUAPE. Essas ações trouxeram para o Estado sua tão disputada refinaria, o que eleva Pernambuco a uma situação privilegiada. No entanto, é justamente frente a esta realidade que os desafios multiplicaram-se. É preciso que saibamos aproveitar este impulso econômico e político para que finalmente logremos o desenvolvimento esboçado no início da década de 60, com o advento da SUDENE, e logo abortado com o golpe militar de 1964. Registramos, pela primeira vez na história do Brasil, 25 anos seguidos de democracia, combinados com um auspicioso momento de crescimento econômico em Pernambuco, que, entretanto ainda precisa ser transformado em um verdadeiro desenvolvimento. Não basta que nos limitemos apenas a registrar aumentos significativos do PIB estadual; É imperativo que consigamos avançar, sobretudo, em trazer a grande massa de nossa população, historicamente alienada da participação político-econômica em nosso Estado, à sua devida condição de sujeitos de nossa História. Isto é necessário não apenas de um ponto de vista humanístico, mas até mesmo por um viés pragmático, já que essa alienação tem se revelado economicamente desastrosa para Pernambuco e para o Brasil. É amplamente consensual, por


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exemplo, o papel da disseminação de educação de qualidade entre a população na competitividade econômica de qualquer País no cenário internacional. A detenção e desenvolvimento do Conhecimento tornou-se uma commodity valiosa. Nesse quesito, em que pesem vários avanços das últimas décadas, estamos ainda entre as piores posições do mundo Ocidental. Construindo uma sociedade justa e sustentável, com o desenvolvimento da cidadania por parte de todos os pernambucanos, teremos melhores condições de enfrentar os enormes desafios que a globalização nos impõe.

IV

FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM TEMPOS DE DESAFIOS SOCIAIS “Tu me dizes, eu esqueço; tu me ensinas, eu lembro; tu me envolves, eu aprendo”. Confúcio

É inegável que a prática educativa se rege por princípios políticos e filosóficos, já que é possível fazer uma educação para a passividade e a submissão, ou uma educação para a construção da cidadania. A educação para a passividade e submissão interessa àqueles que gozam de privilégios na Sociedade, inclusive à custa do sacrifício da maioria, e que temem perder prerrogativas. A pedagogia requerida para atender a esses interesses é meramente transmissora de fatos estanques: a massa não pode exercer reflexão. A pedagogia geradora da passividade é formadora de consciências corruptas e corruptoras. Por seu turno, a educação para a cidadania requer uma pedagogia voltada para a construção das condições necessárias para que o cidadão possa construir-se como sujeito responsável, capaz de responder pelas suas decisões morais e intelectuais. As pessoas portadoras de uma consciência passiva não têm condições de operar qualquer transformação social e muito menos de assumir-se como sujeitos autônomos e livres. É a unidade entre pensamento e ação que permite assumir, conscientemente, o papel histórico que cada pessoa está chamada a exercer. A realidade do mundo moderno é complexa e contraditória. Essa complexidade fica evidente nas relações sociais, face a aspirações, desejos e atitudes frequentemente dissonantes por parte dos indivíduos de uma dada sociedade, hoje tão diversificada. Isto requer de cada um de nós um poderoso senso moral e intenso espírito de colaboração, para que reconheçamos o direito do outro e tenhamos nosso próprio valor reconhecido; para que a convivência com os demais não se torne um peso insuportável. Além dessa complexidade social, a massa sem precedente de informações desconexas proporcionada hoje por nossos sofisticados meios de comunicação clama por uma poderosa capacidade de síntese para converter todo esse Conhecimento em sabedoria para o indivíduo, aumentando efetivamente seu patrimônio cultural, e não uma outra ferramenta de sua alienação. Conhecimento unido ao poder de crítica consequente e à generosidade de sentimento e ação são os novos requisitos para nossos jovens em formação. Nisso temos falhado miseravelmente.


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No esforço para compreender a realidade de hoje, que mais do que nunca se apresenta multifacetada, para compreender o fenômeno da dependência da opressão e da exclusão em seus vários níveis, e em toda a sua gravidade, a atuação isolada de uma dada disciplina especializada é fútil. Urge uma análise interdisciplinar que reúna de modo harmonioso vários ramos do saber para uma correta avaliação do nosso cenário moderno. Isso envolve sem dúvida uma quebra de paradigma; mas a interdisciplinaridade é fundamental para o nosso destino no mundo, e é preciso formar pessoas com essa visão. É sabido que a Educação não pode ser entendida fora da cultura em que está inserida e que sem sombra de dúvida exerce a função reprodutora dessa cultura. Mas não precisa, e não deve, limitar-se a esse papel. Cabe-lhe também a tarefa de conscientizar e revolucionar em interação com toda a conjuntura a situação desumanizadora da cultura vigente. Em Pernambuco, como na maioria dos estados brasileiros, a preocupação com educação pública foi sempre muito pequena e foi piorando cada vez mais: logo depois da Proclamação da República, havia mais de 700 escolas isoladas, enquanto que, em 1915, eram, apenas, pouco mais de 100. À manutenção do modelo excludente, classista e preconceituoso não era interessante uma boa educação para o povo, que no máximo deveria aprender um ofício, para dessa forma reproduzir o modelo, sem jamais insurgir-se contra ele. A escola brasileira, historicamente, mal preparou as pessoas com melhor renda para entrarem no sistema produtivo do Capitalismo, para serem eficazes na sua reprodução. No entanto, os jovens de hoje estarão entrando no mercado de trabalho em uma nova era do Conhecimento, e esta Sociedade do Conhecimento precisa ainda reencontrar o caminho da ética e da humanidade. A UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, preconizou que “o século XXI precisa ser o século da educação e a grande prioridade desta educação deve ser o ensinar a pensar: desenvolver um pensamento autoestimulador que evolui por sua própria força”; hoje, não é mais suficiente uma boa formação técnico-científica: é preciso ir além, para aprender a pensar de forma independente; é preciso desenvolver a capacidade de saber distinguir o essencial do manipulado. É muito bem sabido que a melhor forma de levar as pessoas a pensarem é instigar-lhes a fazer perguntas, a problematizar a realidade. Esta foi, entretanto, a razão pela qual Sócrates foi acusado de estar corrompendo os jovens atenienses da sua época! Ensinar a pensar, como disse Paulo Freire, não é suportável por nenhuma ordem opressora. Sempre que o professor deixa claro que um fenômeno nunca tem apenas um lado, mas muitos, já que a realidade é multifacetada, estará ajudando o jovem a pensar. No entanto, quando o jovem começa a perceber que os fenômenos não possuem apenas um aspecto, corre o risco, segundo (AHLERT, 2003) de cair em ceticismo e relativismo desenfreados, tornando-se cínicos em relação ao mundo que os cerca. Daí a UNESCO, através do Relatório de Jacques (DELORS,1998, PP.89102) menciona quatro competências que a educação precisa desenvolver. Primeira, APRENDER A SER, que significa desenvolver a identidade, a autoestima e a autodeterminação. Vivemos em uma sociedade profundamente hedonista e utilitarista,


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que vive de aparências; a busca pelos valores essenciais do homem perdeu-se, o que nos levou à profunda crise moral em que hoje estamos afundados. Precisamos, portanto, aprender a reencontrar a nossa humanidade. Segunda, APRENDER A CONVIVER, o que significa aprender a relacionar-se com os demais, aprender e aplicar as relações de cidadania, urbanidade e solidariedade. Esses valores foram perdidos a ponto de afirmar-se, como na Teoria política dos atores racionais, que solidariedade não existe. Nessa visão, o ser humano é movido apenas por interesses. Isso leva ao corolário de que ninguém ajuda ninguém sem antes fazer o cálculo do custo/ benefício, num completo descrédito com respeito á generosidade humana. Terceira, APRENDER A FAZER, que significa aprender as habilidades necessárias para atuar em mercado de trabalho cada vez mais exigente. Afinal é impossível que o indivíduo preserve sua autoestima e desempenhe seu papel com sentido de seu valor sem ter ferramentas de informações concretas a seu dispor. Finalmente a quarta, APRENDER A APRENDER, que significa buscar o conhecimento de forma incansável, nas mais diferentes fontes: bibliotecas, laboratórios, periódicos on-line. Ou seja, o jovem deve aprender a tornar-se um pesquisador, um eterno estudante, aprender a não ficar numa atitude passiva, esperando receber apenas da autoridade do professor na sala de aula. Deve buscar elementos para discutir com o professor; aprender a tornar-se coautor do seu aprendizado, já que, nesse processo, o professor é apenas um facilitador, que embora deva estar muito bem preparado para seu papel, não pode e não deve ser a única fonte do aprendizado.

V

CONCLUSÕES

A economia pernambucana baseada nos grandes latifúndios constituiu-se em uma base significativa para manter o status quo de exclusão e autoritarismo político numa sociedade em que, durante muitos anos, os maiores empregadores eram os usineiros, que conseguiam manter uma relação de emprego que em muitos casos chegava perto de um modelo escravocrata. Não havia espaço para a ocorrência de progressão no consentimento de direitos e de elementos de justiça social; a ausência da noção da existência de direitos gera insensibilidade moral, conformismo e negação desses mesmos direitos. Como afirmou Dalmo de Abreu Dallari “Os homens que na segunda metade do século XX aspiram à liberdade já perceberam que o direito de ser livre é mera fantasia, é uma fórmula vazia, um simples jogo de palavras, se não lhes for assegurada a possibilidade de serem livres”. A restritíssima participação da maioria das pessoas nas atividades culturais e educacionais cristalizou a exclusão social; nesse sentido, um dos grandes desafios que precisam ser enfrentados diz respeito ao aperfeiçoamento da democracia com uma educação voltada para o fortalecimento da cidadania. A modernidade promoveu um boom tecnológico admirável, muita riqueza foi produzida. Mas essa riqueza permanece concentrada nas mãos de poucos. Sendo assim, grandes horrores ainda são produzidos diariamente em nossa sociedade. Estamos frente a um impasse, que coloca para a Educação uma tarefa urgente, que é contribuir para romper com um modelo cuja única preocupação é a mera instru-


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ção, e não a formação de pessoas capazes de um posicionamento crítico frente aos problemas, que precisam ser enfrentados com competência, coragem e audácia. É necessário pensar diretrizes curriculares estruturadas sobre a interdisciplinaridade, que vinculem a Educação não só ao mundo do trabalho mas também à prática social, com princípios voltados para fortalecer os laços de solidariedade, de tolerância recíproca, e o aprimoramento da perspectiva ética e da cidadania. Estes aspectos têm sido historicamente mutuamente excludentes em nossa Educação, com consequências desastrosas. Precisamos reverter esse quadro. É óbvio que nesse processo, para que a escola possa efetivar a sua contribuição, é preciso poder contar com a Sociedade e com o Estado, tendo como pano de fundo a democracia, que viabiliza o diálogo dessas instâncias. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Maria Cristina de Albuquerque. A Escola Nova em Pernambuco: educação e modernidade. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2002. AHLERT, Alvori. A eticidade da educação: o discurso de uma práxis solidária/universal. 2ª ed. Porto Alegre: Ed. UNIJUÍ, 2003. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8ª Ed. São Paulo: Ática, 1997. DALLARI, Dalmo de Abreu. O renascer do direito. São Paulo: José Bushatsky (Ed.), 1976. DELORS, Jacques e outros. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1998. DIAZ, Elias. Estado de direito e sociedade democrática. Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1972. DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. Trad. Affonso Blacheyre. Ver. Cássio Fonseca. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GARCIA, Carlos e MUSSALEM, Josué. SUAPE muito mais que um porto: uma visão econômica. Recife: Comunigraf Editora, 2011. MELO, Jones. Memórias legislativas: De Nassau a Nabuco. Recife: Assembléia Legislativa, 2011. MARCON, Telmo (Org.). Educação e Universidade, práxis e emancipação: uma homenagem a Elli Benincá. Passo Fundo: Ediup, 1998.


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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS NA REVISTA INFOCUS

I

INSTRUÇÕES GERAIS

As instruções constantes deste anexo não eximem o(s) autor(es) da consulta às normas da ABNT aplicáveis à publicação de artigos científicos, apenas tratando-se de um guia com as principais regras para a confecção do artigo. As normas da ABNT aplicáveis são as seguintes: NBR 6021:2003. Informação e documentação – Publicação periódica cientifica impressa – Apresentação. NBR 6022:2003. Informação e documentação – Artigo em publicação periódica cientifica impressa – Apresentação NBR 6023:2002. Informação e documentação – Referências NBR 6027:2003. Informação e documentação – Sumário – Apresentação NBR 6028:2003. Informação e documentação – Resumo – Apresentação NBR 10520:2003. Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação 1.1 NÚMERO DE LAUDAS O texto deverá ter no mínimo 15 e máximo de 20 laudas (somente anverso), no formato A4, numeradas sequencialmente em algarismos arábicos. 1.2 Formatação do texto 1.2 FORMATAÇÃO DO TEXTO Ao longo do texto podem ser utilizadas as fontes Times New Roman, tamanho 12. Nas citações longas com mais de quatro linhas, as quais deverão vir justificadas a 4cm; em notas de rodapé (que devem ser apenas explicativas, não sendo utilizadas para referências), e em legendas de tabelas ou figuras, o tamanho da fonte deve ser 11.


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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS NA REVISTA INFOCUS

O espacejamento ao longo do texto deverá ser de 1,5cm (exceto Resumo, Absract, Citações longas e Tabelas, quando o espacejamento deverá ser simples). As margens superior e esquerda devem ser de 3,0cm; as margens inferior e direita devem ser de 2,0 cm. 1.3 RESUMO, ABSTRACT E PALAVRAS-CHAVE O texto deve ser precedido por um resumo com no mínimo 150 e máximo de 250 palavras e uma relação de três a cinco palavras-chave, configurado em espacejamento simples, iniciando-se pela palavra RESUMO, na fonte Times New Roman no tamanho 10. O Abstract deve ser inserido logo após o resumo. O texto deve ser justificado e digitado em espacejamento simples, começando por ABSTRACT, em parágrafo único. Deve ser redigido em inglês ou espanhol, em no máximo dez linhas. Palavras-chave/key-words deverão ser apresentadas imediatamente após o Resumo/Abstract, em ordem alfabética e no máximo 6. Na escolha dos termos-chave são consideradas palavras que facilitem o resgate do texto em pesquisas bibliográficas. As palavras-chave/key-words, deverão ser digitadas em letras iniciais maiúsculas, com alinhamento justificado e separadas por ponto.

II

ESTRUTURA DO ARTIGO 2.1 GERAL

O artigo deverá ser dividido em seções com cabeçalho centralizado, em negrito, na seguinte ordem: Resumo, Abstract e demais seções. Os parágrafos devem iniciar a 1,0 cm da margem esquerda. Ainda deve-se observar o formato a seguir: 1 SEÇÃO PRIMÁRIA 1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA 1.1.1 Seção terciária 1.1.1.1 Seção quaternária 1.1.1.1.1 Seção quinária a) alínea; b) alínea, - subalínea 2.2 Título


NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS NA REVISTA INFOCUS

Deve ser preciso e informativo. Quinze palavras são o ideal e 25, o máximo. Digitá-lo em negrito e centralizado 2.3 AUTORES Devem-se listar todos os autores do trabalho. A primeira letra de cada nome/sobrenome deve ser maiúscula, centralizado e em negrito. Não listá-los apenas com as iniciais e o último sobrenome Digitá-los separados por vírgula, com chamadas de rodapé numeradas e em sobrescrito, que indicarão o vínculo profissional dos autores. Informar somente o endereço eletrônico do responsável pelo artigo. 2.4 Tabelas e Figuras 2.4. TABELAS E FIGURAS São expressas em forma bilíngue (português e língua estrangeira utilizada no Abstract), em que o correspondente expresso em língua estrangeira deve ser digitado em tamanho menor e italizado. Devem ser numeradas seqüencialmente em algarismos arábicos e apresentadas logo após a chamada no texto. O título de tabelas e figuras deve ser curto e informativo. 2.5. ABREVIATURAS E SIGLAS Quando aparecem no texto pela primeira vez, coloca-se seu nome por extenso, acrescentando a sigla/abreviatura entre parênteses. Ex.: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 2.6. LITERATURA CITADA. É normalizada segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (NBR 6023), à exceção das exigências de local dos periódicos. Em obras com dois e três autores, mencionam-se os autores separados por ponto e vírgula e naquelas com mais de três autores, os três primeiros vêm seguidos de et al. O termo et al. não deve ser italizado e nem precedido de vírgula. Deve ser redigida em página separada e ordenada alfabeticamente pelo(s) sobrenome(s) do(s) autor(es). Os destaques deverão ser em negrito e os nomes científicos, em itálico. Indica-se o(s) autor(es) com entrada pelo último sobrenome seguido do(s) prenome(s) abreviado (s), exceto para nomes de origem espanhola, em que entram os dois últimos sobrenomes. Digitá-las em espaço simples e formatá-las segundo as seguintes instruções: no menu FORMATAR, escolha a opção PARÁGRAFO... ESPAÇAMENTO... ANTES...6 pts. 2.7 MODELOS DE REFERÊNCIAS

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VIOLENCIA SEXUAL E CUIDADO: REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO OFERECIDA ÀS MULHERES NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

a) Livros Apenas um autor: GOMES, L. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: Editora da UFF, 1998. Mais de três autores: URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Brasília (DF): IPEA, 1994. b) Capítulos de livros SANTOS, F. A colonização da terra. In: SILVA, B. História do Amapá. 2ª ed. Macapá: Valcan, 1994. Cap.3. c) Dissertações e Teses BARCELOS, M. Ensaio tecnológico, bioquímico e sensorial da soja. 1998. 160p Tese (Doutorado em Nutrição. Faculdade de Engenharia de Alimentos. Universidade Estadual de Campinas, 1998. d) Artigos de Periódicos SANTOS, N. Globalização e planejamento regional. Symposium, Recife, v.2, n.1, p.37-41, jan/jun, 1998. e) Texto eletrônico/publicação na Internet SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Rio de Janeiro, Nov.1998. Seção Ponto de Vista.Disponível em http://www.brazinet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm Acesso em: 28 nov. 1998.

III

DISPOSIÇÕES FINAIS

A Comissão Editorial da Revista INFOCUS poderá aceitar, recusar ou reapresentar o original ao autor, sugerindo alterações no texto. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail: luiza_pontual@ig.com.br Contato: Revista Infocus Rua Dom Bosco, 551, Boa Vista - 50070-070 Recife-PE. Tel. (81) 2129.5900 - e-mail: revista@fasne.edu.br


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