Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho

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Congresso Mineiro de

Farmacologia

Organizador Waldemar de Paula Júnior

Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho

ISSN 2236-5273 Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho V. 1, n. 1/ 2011 1º Congresso Mineiro de Farmacologia

Anual

Montes Claros


COPYRIGHT©: INSTITUTO EDUCACIONAL SANTO AGOSTINHO

Diretor Antônio Eugênio Silva

Vice-Diretora Katiane Dias Santos

A Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho visa divulgar o evento Congresso Mineiro de Farmacologia, que é uma realização da Faculdade de Saúde Santo Agostinho. Comissão Organizadora Waldemar de Paula Júnior – Presidente Karyne de Castro Lacerda – Secretária Demais Membros Ana Kláudia Flávio Pereira Lacerda Ana Paula Alves Fonseca Carla Patrícia Perpétua Medeiros Dayana Alencar Rodrigues Débora Silva Santos Lindbergh Barbosa de S. Júnior Nair Amélia Prates Barreto Pollyanna Álvaro Spósito Thales de Almeida Pinheiro Valéria Farias Andrade

Comissão Científica Ana Kláudia Flávio Pereira Lacerda Dayana Alencar Rodrigues Débora Silva Santos Karyne de Castro Lacerda Pollyanna Álvaro Spósito Thales de Almeida Pinheiro Valéria Farias Andrade Waldemar de Paula Júnior Editoração Gráfica Supervisão: Naiara Vieira Silva Ivo Diagramação: Maria Rodrigues Mendes Capa: Adriano Magno de Freitas

Revista de Farmácia das Faculdades Snato Agostinho / Faculdades Santo Agostinho. – Vol. 1, n. 1, - . - Montes Claros : Faculdades Santo Agostinho , 2011v. : il. 21 cm. Anual Vol. 1, n. 1, 2011. Organizador: Waldemar de Paula Júnior. ISSN 2236-5273 1. Saúde. 2. Medicamentos. 3. Farmácologia. I. Faculdades Santo Agostinho . II. Título CDU: 615 Catalogação Bibliotecário Edmar dos Reis de Deus CRB 6-2486


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Sumário Apresentação...........................................................................................................

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Medicamentos de Referência, Genéricos e Similares: Conhecimento de Médicos, Farmacêuticos e Usuários de Medicamentos da Cidade de Montes Claros-MG...............................................................................................................

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Atividade Antimicrobiana de Extratos Hidroalcoólicos das Folhas de Alecrim- Pimenta, Aroeira, Barbatimão, Erva Baleeira e Farelo da Casca de Pequi......................................................................................................................... 13 O Cumprimento e Conhecimento da RDC 44/09 da Anvisa sob a Dispensação e Serviços Farmacêuticos Prestados em Farmácias e Drogarias. 18 Análise de Prescrições Medicamentosas Atendidas em uma Farmácia Hospitalar de Montes Claros-MG......................................................................... 21 Docência no Ensino Superior: Percepções, Expectativas e Construção de Relações no Uso da Pesquisa como Metodologia de Ensino no Curso de Farmácia................................................................................................................... 24 Utilização de Aines Seletivos Cox-2 (Coxibes) como Antiinflamatórios.......... 27 Análise dos Dados de Intoxicações Exógenas do Município de Montes Claros, Minas Gerais................................................................................................ 31 Complicações Decorrentes do Atendimento Odontológico ao Usuário de Bifosfonatos – Revisão de Literatura.................................................................... 34 Avaliação do Uso dos Benzodiazepínicos Pelos Acadêmicos das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-MG........................................................ 37 Estudo retrospectivo de Leishmaniose no Município de Januária – MG..........

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Efeitos da Amiodarona no Controle do Hipotireoidismo.................................. 44 Estudo da Disciplina de Farmacologia em Cursos de Farmácia no Estado de Minas Gerais............................................................................................................ 47


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Atividade Antinociceptiva de Nicorandil e Investigação de seus Mecanismos de Ação.......................................................................................................................

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Incidência de Enteroparitas em Acadêmicos da Área de Saúde nas Faculdades Unidas do Norte de Minas........................................................................................

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Analise da Viabilidade da Troca de Via de medicamentos Verificando a Redução de Custo para um Hospital........................................................................

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Avaliação da Qualidade de Medicamentos por Meio de Testes Físicos................

64

Coeficiente de Cultura (Kc) e Eficiência do Uso de Água de Lippia Sidoides Cham...........................................................................................................................

68

Antipsicótico Clozapina: Boa Resposta Clínica e Risco de Agranulocitose...........................................................................................................

73

Influência da RDC Nº 13/2010 na Venda da Sibutramina em Drogarias de Rede Privada em Montes Claros-MG......................................................................

76

Medicamentos Orais Via Sonda Nasoenteral em Hospital de Montes Claros – MG..............................................................................................................................

80

Dantrolene Sódico: Droga que Mudou o Curso da Hipertermia Maligna..........

87

Avaliação do Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Individualizada na Farmácia da UTI Neonatal do Hospital Universitário Clemente Faria...........................................................................................................

90

A Inserção do Farmacêutico na Estratégia Saúde da Família - Visão da Equipe Multidisciplinar..........................................................................................................

94

O Uso de Medicamentos por Portadores de Deficiência Visual..........................

97

Avaliação da Assistência Farmacêutica em Gestantes e Lactantes no Núcleo de Atenção a Saúde Práticas Profissionalizantes (NASPP) Em Montes ClarosMG.............................................................................................................................. 100 Determinação do Perfil de Susceptibilidade a Antimicrobanos de Cepas de Escherichia Coli Isoladas de Uroculturas................................................................ 103 Maionese – Principal Alimento Envolvido em Surtos de Infecções Alimentares: uma Revisão......................................................................................... 106


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Uma Análise do Perfil e Consumo dos Antimicrobianos Procurados numa Farmácia Privada de Montes Claros/MG................................................................ 109 Análise de Prescrições Médicas em Hospital do Norte de Minas Gerais.............. 112 Estimativa do Consumo de Medicamentos Imunossupressores em Montes Claros – MG................................................................................................................ 116 Atuação do Farmacêutico na Atenção aos Portadores do Vírus HIV no Centro de Testagem e Aconselhamento do Município de Pirapora-MG.......................... 120 Desenvolvimento de Formulação e Processo Produtivo de Forma Farmacêutica Sólida de Dipirona de Liberação Prolongada.................................. 123 Uma Discussão sobre Fármacos que Potencializam a Memória........................... 127 Resistência Bacteriana e a RDC Nº 44: Uma Solução?............................................ 130 O Uso da Levodopa no Tratamento da Doença de Parkinson: uma Revisão de Literatura..................................................................................................................... 134 Perfil Epidemiologico da Dengue no Município de Montes Claros – MG no Período de 2001-2010................................................................................................. 137 Ações Terapêuticas na Evolução das Lesões Medulares Traumáticas.................. 142 Efeito Antiemético do Propofol............................................................................... 146 O Conhecimento da População do Bairro Tancredo Neves sobre Hanseníase................................................................................................................... 149 Carcinoma de Nasofaringe: Correlações Clínicas, Socio-Demográficas e Fatores de Risco.......................................................................................................... 157 Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço: Associação Imunofenotípica das Células Natural Killer com Variáveis Clínicas, Patológicas e Epidemiológicas....................................................................................................... 162 Imunolocalização da Proteína Endonuclease AP-1 no Carcinoma Epidermóide de Cabeça e Pescoço: Associações Clínico-Patológicas.................. 167


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Avaliação da Imunoexpressão de Proteínas e do Polimorfismo Genético HIF-1 Á em Carcinoma Epidermóide de Cabeça e Pescoço..............................

173

Estudo da Utilização de Antibióticos, Industrializados ou Manipulados, por Profissionais de Saúde e Usuários na Cidade de Montes Claros/MG...............

178

Perfil Parasitológico em Crianças de 02 - 06 Anos do Centro Municipal de Educação Infantil Deputado Antônio Pimenta Montes Claros/MG...............

181

“Estudo da Utilização da Planta Medicinal Bauhinia Forficata em Pacientes Portadores de Diabetes Tipo II Cadastrados no Hiperdia no Município de Lagoa Formosa........................................................................................................

184

Leishmaniose Tegumentar Americana: Análise de Citoqueratina com Imunoistoquímica..................................................................................................

187

Polimorfismos dos Gens TNF- Á no Carcinoma Epidermóide de Cabeça e Pescoço: Associação entre Fatores Clinico- Patológicos e Sobrevida.................................................................................................................

191

Correlações entre o Fator de Crescimento Endotelial Vascular e Fatores Clínico-Patológicos no Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço.....................................................................................................................

198

Assistência Farmacêutica aos Pacientes Com HIV/AIDS: uma Revisão.........

203

Prevalência de Lesões Pré-Neoplásicas do Colo Uterino em Exames Citopatológicos de Unidades Básicas de Sáude na Cidade de Montes Claros...

206

Tratamento da Hepatite C Crônica com Peginterferon e Ribavirina: Relato de Caso.....................................................................................................................

210

Análise de Pureza e Quantificação de Amostras de DNA Extraídas de Psidium Guineense (Myrtaceae) com Diferentes Protocolos de Extração......

213

Análise Biofarmacotécnica de Comprimidos de Ácido Clavulânico Associado à Amoxicilina................................................ ........................................

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Avaliação dos Anti-Hipertensivos Utilizados por um Grupo de Hipertensos de Montes Claros – MG..........................................................................................

221

Avaliação Retrospectiva dos Valores de Colesterol Total e Triglicérides de Pacientes Portadores de Insuficiência Renal Crônica Submetidos ao Tratamento de Hemodiálise...................................................................................

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Apresentação

As Ciências Médicas e Biológicas tem tido imensos avanços nos últimos tempos, principalmente no campo da terapêutica. O desenvolvimento de novos fármacos, incansável busca por terapias mais eficazes, controle de infecções, preocupação com interações medicamentosas, desafios relacionados ao diagnóstico precoce e a discussões acerca de mecanismos de ação de fármacos constituem alguns exemplos da importância da farmacologia no nosso meio, visando sempre o aumento da qualidade de vida dos usuários de medicamentos. O 1º Congresso Mineiro de Farmacologia representa um momento oportuno de atualização, envolvimento, debates e enriquecimento relacionado às mais variadas faces dessa ciência tão essencial na saúde humana. Nessa perspectiva, o 1º Congresso Mineiro de Farmacologia tem como objetivos promover atualização acadêmica e profissional em assuntos relacionados à farmacologia, discutir aspectos relacionados aos medicamentos, à pesquisa e ao desenvolvimento terapêutico, possibilitar maior aplicabilidade da farmacologia nas mais diferentes áreas de atuação dos participantes e contribuir para a interação e troca de experiências entre palestrantes e participantes do evento. A Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho representa um dos frutos do 1º Congresso Mineiro de Farmacologia contemplando a publicação de resumos científicos de trabalhos realizados na área da saúde e biológicas. Tais trabalhos se inserem principalmente nas áreas de atenção farmacêutica,

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produtos naturais, medicamentos, legislação e serviços farmacêuticos, epidemiologia e doenças infecciosas. Todos os aspectos éticos, científicos, sociais, bibliográficos, ortográficos e de compreensão de texto são de responsabilidade dos autores.

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MEDICAMENTOS DE REFERÊNCIA, GENÉRICOS E SIMILARES: CONHECIMENTO DE MÉDICOS, FARMACÊUTICOS E USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS DA CIDADE DE MONTES CLAROS-MG Pamela Xavier Dias Rocha* Jovelino Pereira Leite Júnior** INTRODUÇÃO Medicamento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (ANVISA, 2001). O mercado nacional conta com três tipos de medicamentos: os de referência, genéricos e similares. Conforme a Lei nº 9787/99, medicamento de Referência é definido como “produto inovador, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovados cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro” (BRASIL, 1999). O lançamento dos medicamentos genéricos constitui uma estratégia governamental a fim de aumentar o acesso da população a esses fármacos. O Medicamento Similar contém o(s) mesmo(s) princípio(s) ativo(s), apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação do medicamento de referência, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos (BRASIL, 1999). Conhecer as diferenças entre esses medicamentos é fundamental tanto para os profissionais da área de saúde quanto para os demais usuários, visando minimizar os riscos de reações adversas e os custos com a sua utilização.

Faculdades Integradas Pitágoras – FIPMOC. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

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OBJETIVO Objetivo deste estudo foi verificar o conhecimento e opinião de usuários, médicos e farmacêuticos da cidade de Montes Claros acerca desses três tipos de medicamentos, uma vez que foi observada a dificuldade dos mesmos em diferenciá-los. METODOLOGIA O trabalho foi realizado no molde transversal, descritivo e quantitativo. Utilizou-se de entrevista estruturada, por meio de um formulário elaborado pelos alunos e docentes das FIPMOC – MG. Tal instrumento foi aplicado a médicos e farmacêuticos em seus locais de trabalho e a usuários encontrados em farmácias e drogarias, escolhidos aleatoriamente na cidade de Montes Claros – MG. RESULTADOS E DISCUSSÕES Observou-se que a maioria dos entrevistados que possuíam o entendimento da diferenciação de medicamentos eram farmacêuticos (93%), sendo que 95% desses profissionais acreditam na sua eficácia. Este resultado deve-se à debilidade caracterizada por várias formas de resistência ao uso adequado dos medicamentos (SILVA et al,1997).

Figura 1: Distribuição dos indivíduos segundo diferenciação dos três tipos de medicamentos quanto sua eficácia. Fonte: Pesquisa de campo realizada pelos alunos de Farmácia - FIPMOC/2007

Dentre as diferenciações e características dos três grupos de medicamentos

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a maioria dos usuários declarou não saber diferenciá-los sendo o mesmo afirmado por alguns médicos e farmacêuticos. Em pesquisa promovida pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos com 900 consumidores de quatro capitais brasileiras no ano de 2004, observouse que 30% deles desconheciam o que era medicamento similar e 78% o de referência. (RUMEL et al, 2006).

Figura 2: Distribuição dos indivíduos segundo a confiança na ação dos medicamentos genéricos. Fonte: Pesquisa de campo realizada pelos alunos de Farmácia - FIPMOC/2007

A ação dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA (2001), é assegurada por meio de testes de equivalência farmacêutica e bioequivalência. Porém até mesmo médicos e farmacêuticos mostraram-se descrentes em relação ao efeito desses medicamentos. CONCLUSÕES Os médicos e farmacêuticos demonstraram maior conhecimento em relação aos usuários, porém, esperava-se menor diferença entre os grupos, já que os aspectos estudados foram simples, não lhes exigindo formação específica. A informação, cuja necessidade foi sentida majoritariamente pelos entrevistados, enfatiza então a necessidade de serem levados ao público a fim de conscientização efetiva com estudos e programas educativos em benefício direto entre eles, principalmente aos usuários.

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REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução - RDC nº 10, de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico para medicamentos genéricos. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/legis/resolucoes/10_01rd c.htm>. Acesso em 05 dez. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lei n. 9787, de 10 de fevereiro de 1999. Dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes de genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras 0

RUMEL, D.; NISHIOKA, S. A.; SANTOS, A. A. M. Intercambialidade de medicamentos: abordagem clínica e o ponto de vista do consumidor. Rev. Saúde Pública, p. 921-7, 2006. SILVA, C. D. C.; COELHO, H. L. L.; ARRAIS, P. S. D. et al. Centro de informação sobre medicamentos: contribuição para o uso racional de fármacos. Cad. Saúde Pública. v.13, p. 531-535, 1997.

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ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DAS FOLHAS DE ALECRIMPIMENTA, AROEIRA, BARBATIMÃO, ERVA BALEEIRA E FARELO DA CASCA DE PEQUI Lucinéia de Pinho , Patrícia Nery Silva Souza , Eliane Macedo Sobrinho ; Anna Christina de Almeida ; Ernane Ronie Martins 1

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INTRODUÇÃO Devido à intensa e, muitas vezes, indiscriminada utilização de antibióticos, ANTUNES et al. (2006) relatam que uma série de problemas como a resistência microbiana vem sendo provocada atualmente, gerando a necessidade de buscar o desenvolvimento de novos produtos que sejam capazes de controlar eficazmente microrganismos patogênicos. De acordo com o mesmo autor, Staphylococcus aureus e Escherichia coli são microrganismos de grande importância epidemiológica, responsáveis por diferentes processos etiológicos tanto em pacientes imunocompetentes quanto em pacientes imunodeprimidos. Trabalhos que visem estudar a capacidade de inibição do crescimento bacteriano por extratos vegetais com fins profiláticos e curativos de infecções tornam-se de grande relevância, sendo alternativas promissoras no controle de algumas bactérias (MICHELIN, et al. 2006). OBJETIVO Avaliar a atividade antimicrobiana do extrato das folhas de alecrim-pimenta, aroeira, barbatimão, erva baleeira e do farelo da casca do fruto do pequi contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli. 1

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Doutoranda em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros/MG Médica Veterinária da VALLÉE S.A. Montes Claros/MG Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais. Montes Claros/MG

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METODOLOGIA O material vegetal foi obtido no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG) no Norte de Minas Gerais de acordo com sua distribuição natural e disponibilidade local. Foi utilizada as folhas de alecrim-pimenta (Lippia sidoides), aroeira (Myracrodruon urundeuva), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), erva-baleeira (Cordea verbenacea ) e do farelo da casca do fruto do pequi (Caryocar brasiliense). O material foi seco em estufa a 40°C, moído e em seguida foi realizada a extração com solução hidroalcoólica a 50%. Em seguida os extratos foram levados em estufa a 40°C para evaporação do solvente. Foram conduzidos testes para identificação dos principais metabólitos secundários de acordo com metodologia proposta por MATOS (1997). O extrato bruto foi ressuspendido em água destilada estéril nas seguintes concentrações: 200 mg mL- , 300 mg mL , 400 mg mL ,500 mg mL . Foi utilizado o método de diluição em tubos para determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e o método de difusão em ágar para a avaliação da atividade antimicrobiana. 1

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foram detectadas antocianinas e cumarinas nos EAPs analisados. Porém, todos possuíam flavanonas, flavanonois, saponinas, taninos e taninos caquéticos, o que reforça o potencial terapêutico das espécies estudadas (Tabela 1) Conforme os resultados do teste de difusão em ágar (Tabela 2), nenhum dos extratos inibiu o crescimento de E. coli, mas S. aureus foi sensível aos extratos de barbatimão, aroeira e erva baleeira em concentrações que variaram de 200 mg.mL a 500 mg.mL . Conforme os halos de inibição observados, a menor inibição foi alcançada pelo EAP de barbatimão, e esse efeito não foi alterado com o aumento da dose de 300 para 500 mg.mL . O EAP de aroeira teve efeito bacteriostático crescente de 200 a 400 mg.mL mantendo-se constante. Já o de erva-baleeira só teve efeito acima de 400 mg.mL , mas esse efeito aumentou 5 vezes na concentração de 500 mg.mL , formando um halo de inibição maior que os obtidos com EAPs de outras espécies. -1

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Embora a CIM (concentração inibitória mínima) não tenha sido determinada pela dificuldade em observar a turvação das soluções escuras, pode-se afirmar que a CBM (concentração bactericida mínima) dos EAPs estudados contra os micro-organismos testados é superior a 500 mg.mL­ . Essa concentração que foi a mais alta testada não eliminou as colônias. -1

CONCLUSÕES Os extratos hidroalcoólicos de folhas de aroeira, barbatimão e erva-baleeira apresentam atividade antibacteriana contra a bactéria Gram-positiva S. aureus, mas não contra a bactéria Gram-negativa E. coli. Essas espécies vegetais podem ser uma alternativa sustentável, viável e acessível para tratamento antimicrobiano REFERÊNCIAS ANTUNES, R. M. P., LIMA, E. O., PEREIRA, M. S. V., CAMARA, C. A., ARRUDA, T. A., CATÃO, R. M. R., BARBOSA, T. P., NUNES X. P., DIAS, C. S., SILVA, T. M. S. Atividade antimicrobiana “in vitro” e determinação da concentração inibitória mínina (CIM) de fitoconstituintes e produtos sintéticos sobre bactérias e fungos leveduriformes. Rev. Bras Farmacogn., v. 16, p. 517-524, 2006. MICHELIN, D.C., MORESCHI, P.E., LIMA, A.C.; NASCIMENTO, G.G.F., PAGANELLI, M.O., CHAUD, M.V. Avaliação da atividade antimicrobiana de extratos vegetais. Rev. Bras Farmacogn., v.15, p. 316-320. 2005. MATOS, F.J.A. Introdução à fotoquímica experimental. 2ª ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997, 141p.

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Tabela 1 Metabólitos secundários extraídos dos órgãos testados em cada planta Grupos

Alecrim Aroeira Barbatimão Erva baleeira Pequi

Antocianidinas

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-

-

Catequinas

+

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+

Cumarina

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-

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Esteróides

+

+

+

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+

Fenois Simples

+

+

+

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+

Flavonas

-

+

-

+

+

Flavonóides

+

+

-

-

+

Flavonóis

+

+

-

-

+

Flavanonas

+

+

+

+

+

Flavanonois

+

+

+

+

+

Saponinas

+

+

+

+

+

Taninos

+

+

+

+

+

Taninos caquéticos

+

+

+

+

+

Triterpenóides

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-

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+

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Xantonas

+

+

-

+

+

- ausência + presença

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Tabela 2 Média (N=3) dos halos de inibição (mm) de crescimento bacteriano dos extratos vegetais contra S.aureus e E.coli

Cepa

Espécie

alecrim-pimenta aroeira S. aureus barbatimão ATCC29213 erva-baleeira pequi alecrim-pimenta aroeira E. coli barbatimão ATCC25753 erva-baleeira pequi

Extrato (mg mL-1) 200 300 400 500 1 2 3 3 1 1 1 5 -

Iodo1 Água2 5 8 7 8 7 2 3 3 3 3

-

- sem inibição do crescimento bacteriano controle positivo; 2controle negativo

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O CUMPRIMENTO E CONHECIMENTO DA RDC 44/09 DA ANVISA SOB A DISPENSAÇÃO E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS EM FARMÁCIAS E DROGARIAS COSTA, W. B. C. ; RIBEIRO, G. P. ; COSTA, A. R. ; DAMASCENO, E. M. A. 1

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1,2

INTRODUÇÃO A RDC 44/09 dispõe sobre a relação de produtos permitidos para dispensação e comercialização em farmácias e drogarias e sobre os serviços farmacêuticos prestados. É uma norma avançada e completa, que busca resgatar o sentido de saúde das farmácias e drogarias (BRANDÃO, 2009). Levar em consideração a implantação dessa norma é de extrema importância, pois beneficiará tanto o paciente como a farmácia. OBJETIVOS O estudo tem como objetivo investigar o cumprimento e o conhecimento da resolução em relação à dispensação de medicamentos e serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias da cidade de Montes Claros – MG. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no período entre março e dezembro de 2010, tratase de uma pesquisa de natureza descritiva, do tipo estudo de campo e com abordagem quantitativa, utilizando o questionário como instrumento de coleta de dados. A população de estudo reuniu 67 farmácias e drogarias da cidade de Montes Claros – MG. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de

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Departamento de Farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. 1,2 Departamento de Farmácia, Faculdades Unidas do Norte de Minas, Montes Claros, Brasil.

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Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros – MG (UNIMONTES) sob o protocolo nº 2108. RESULTADOS Foram avaliados 67 estabelecimentos e seus respectivos responsáveis técnicos, revelando que 63% (n=42) dos entrevistados apresentaram nível bom de conhecimento. Esses profissionais souberam citar os serviços farmacêuticos que podem ser prestados e conseguiram responder o que estabelece a RDC 44/09 de acordo com a literatura, cuja norma dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias. Aos serviços devem-se incluir: atenção farmacêutica e domiciliar, aferição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos, administração de medicamentos e perfuração do lóbulo auricular (ANVISA, 2009). Em relação à comercialização de produtos nos estabelecimentos, em 54% (n=36) eram vendidos produtos de conveniência e 7% (n=5) não comercializavam esse tipo de produto. A maioria dos estabelecimentos está de acordo com a norma, uma vez que o governador do estado de Minas Gerais decretou uma Lei que não obriga os estabelecimentos a cumprirem com alguns artigos da resolução. A Lei dispõe sobre o comércio de artigos de conveniência em farmácias e drogarias (BRASIL, 2010). CONCLUSÃO Considerando o objetivo da pesquisa, pode-se afirmar que este foi alcançado, uma vez que foi possível investigar o cumprimento e o conhecimento da RDC 44/09 em relação à dispensação de medicamentos e serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias de Montes Claros – MG. Observou-se que os entrevistados apresentam um nível de conhecimento satisfatório sobre o que estabelece a RDC 44/09 e sobre os serviços farmacêuticos que podem ser prestados de acordo com a norma. Para contribuir com a sociedade seria necessário que profissional conhecesse todas as normas referentes ao seu exercício profissional, pois como profissional de saúde, ele deve assumir a responsabilidade pela saúde e qualidade de vida dos usuários de medicamentos. Diante disso, faz-se necessário a adoção de medidas de fiscalização por parte dos órgãos

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responsáveis para que as farmácias e drogarias voltem a ser caracterizadas como locais de saúde, oferecendo aos clientes um serviço de qualidade com profissionais capacitados, para que o seu tratamento farmacológico tenha sucesso. REFERÊNCIAS

ANVISA, Resolução nº 44, de 17 de agosto de 2009. Dispões sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2009/pdf/180809_rdc_44. pdf>. Acesso em: 15 out. 2010. BRANDÃO, Aloísio. RDC 44: o reencontro das farmácias com a saúde. Pharmacia Brasileira, n. 72, p. 11 – 16, jul / ago 2009. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/122/rdc44.pdf. Acesso em: 15 out. 2010. BRASIL, Minas Gerais. Lei nº 18.679, de 23 de Dezembro de 2009. Dispõe sobre o comércio de artigos de conveniência e a prestação de serviços em farmácias e drogarias. Disponível em: <http://www.ascoferj.com.br/download/Lei18679MG.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010.

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ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES MEDICAMENTOSAS ATENDIDAS EM UMA FARMÁCIA HOSPITALAR DE MONTES CLAROS-MG TIAGO, P. F. ; ALVES, M. E. M. ; PINHEIRO, T. A. 1

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INTRODUÇÃO Em um hospital as prescrições tornam-se um meio de orientação e comunicação sobre os medicamentos entre os profissionais da área da saúde. Diante disso, elas devem ser redigidas de forma clara, legível e de acordo com os critérios estabelecidos na legislação. OBJETIVO Analisar prescrições medicamentosas de uma farmácia hospitalar em Montes Claros-MG, a fim de identificar possíveis erros. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, do tipo documental, retrospectivo, com abordagem quali-quantitativa. Durante um dia do mês de agosto de 2010 analisaram-se 126 prescrições de diferentes clínicas na referida farmácia hospitalar. Nessa pesquisa foram analisadas 32 prescrições da clínica médica A, 30 prescrições da clínica médica B, 25 prescrições da maternidade, 14 prescrições da clínica pediátrica e 25 prescrições da clínica cirúrgica. Elas foram analisadas quanto à legibilidade e à presença ou inadequações de requisitos importantes, tais como: forma farmacêutica, posologia, dose e via

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Departamento de Farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Departamento de Farmácia, Faculdade Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

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de administração. A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, sob o parecer 2039/2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Essa análise revelou que as prescrições referentes a todas as clínicas encontravam-se, na maioria das vezes, legíveis, com maior número na clínica médica A 28% (n= 29) e na clínica médica B 27% (n= 28). No entanto, 50% (n= 3) das prescrições estavam ilegíveis na cirurgia, 33% (n= 2) na maternidade e 17% (n= 1) na clínica médica B. Esses dados demonstram que algumas prescrições medicamentosas não estão de acordo com o novo Código de Ética Médica 2010, Resolução nº. 1931, de 17 de setembro de 2009, artigo 11, que estabelece que o médico tem o dever de prescrever de forma legível (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2010). Observou-se a omissão da forma farmacêutica em prescrições de todas as clínicas, com maior percentual na cirurgia 10,3% (n= 13). Ocorreu ausência de via de administração nas prescrições da pediatria, cirurgia e maternidade, com maior percentual nas prescrições da cirurgia e da pediatria ambos com 3,2% (n= 4). A omissão da dose foi observada em maior percentual na maternidade 4,8% (n= 6). A posologia estava ausente em prescrições de três clínicas (clínica médica A, clínica médica B e maternidade), somente uma prescrição por clínica. Além disso, algumas prescrições continham a presença de informações sobre os fármacos, porém, incompletas, entre elas destacam-se: forma farmacêutica com maior percentual na clínica médica A com 9,5% (n= 12), via de administração com maior percentual na clínica médica B com 2,4% (n= 3), dose com maior índice na clínica médica A com 12,7% (n= 16). A ausência da dose e posologia em uma prescrição impossibilita que o paciente alcance as metas terapêuticas estabelecidas. Já a omissão da via de administração em prescrições médicas podem provocar erros na via ou na técnica de aplicação, modificando, desta forma, os fatores farmacocinéticos do medicamento, sobretudo a absorção (GUZATTO & BUENO, 2007). CONCLUSÃO Conclui-se na pesquisa que não são todas as prescrições que proporcionam o uso correto dos medicamentos, fazendo com que a administração destes

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seja facilmente distorcida. A seleção incorreta do medicamento, devido ausência de via de administração, dose, posologia, forma farmacêutica e ilegibilidade pode afetar profundamente a terapia farmacológica do paciente, aumentando o seu tempo nas instituições hospitalares, o descrédito do paciente ao seu tratamento e aumento dos custos para a instituição. Diante disso, ressalta-se a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o assunto, a fim de esclarecer, no campo de conhecimento, as causas dos erros de prescrições, uma vez que as prescrições equivocadas podem levar à farmacoterapia ineficaz. REFERÊNCIAS AGUIAR, G.; SILVA JÚNIOR, L. A. da & FERREIRA, M. A. M. Ilegibilidade e ausência de informações nas prescrições médicas: fatores de risco relacionados a erros de medicação. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. Universidade de Fortaleza. Fortaleza, v. 19, n. 2, p. 84-91, 2006. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/408/40819205.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2010. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução nº. 1931, de 17 de setembro de 2009. Código de Ética Médica 2010. Diário Oficial da União. Brasília, de 17 de setembro de 2009. Disponível em:<http://portal.cfm.org.br/index.phpoption=com_content&view=art icle&id=20658:capitulo-iii-responsabilidade-profissional&catid=9:codigodeeticamedicaatual&Itemed=122>.Acesso em: 01 ago. 2010. GUZATTO, P. & BUENO, D. Análise de prescrições medicamentosas dispensadas na farmácia de uma unidade básica de saúde de Porto Alegre – RS. Revista HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Porto Alegre - RS, v.27, n.3, p.20-26, 2007. Disponível em:<http://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/1982/1670>. Acesso em: 09 set. 2010.

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DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: PERCEPÇÕES, EXPECTATIVAS E CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES NO USO DA PESQUISA COMO METODOLOGIA DE ENSINO NO CURSO DE FARMÁCIA SOARES, Eliana de Freitas ; ALVES, Ana Maria de Jesus Teixeira ; JUNIOR, Abel Alves Rosa ; OLIVEIRA, Leila Mary Mendes de ; SILVA, José Rodrigo da . 1

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INTRODUÇÃO O presente estudo, que se insere no campo de estudos da Educação e da Didática, foi realizado com o objetivo de conhecer a percepção dos professores sobre o ensino superior: expectativas e construção de relações no uso da pesquisa como metodologia de ensino no curso de Farmácia em uma faculdade privada situada na cidade de Montes Claros – Minas Gerais. OBJETIVOS O objetivo do presente trabalho foi verificar em qual extensão a pesquisa é utilizada como princípio educativo pelos docentes do curso de farmácia de uma instituição de ensino superior da cidade de Montes Claros – MG e como a prática desta pesquisa se insere no curso de farmácia. METODOLOGIA A presente pesquisa foi desenvolvida no segundo semestre de 2010, é de caráter qualitativa e descritiva. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário semi-estruturado que permite uma avaliaão crítica das respostas dadas pelo participantes. Nessa pesquisa, os resultados foram

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Docente da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Acadêmico do Curso de Pós Graduação em Docência e Metodologia do Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Docente do Departamento de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho, Montes ClarosMG

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expressos em narrativas mediante fragmentos das entrevistas, buscando captar a essência interpretativa dos dados. Desse modo, a pesquisa qualitativa possibilita a relação de todas as partes do estudo apoiando as ideias que irão surgir no desenvolvimento da investigação. Portanto, houve ampla liberdade teórica e metodológica durante a realização deste estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos dados possibilitou constatar que os professores ainda não construíram conhecimentos que lhes permitissem dimensionar a importância da pesquisa dentro do contexto educacional e da formação de novos saberes. A falta de tempo ainda é colocada como um dos principais empecilhos para o desenvolvimento da pesquisa junto à comunidade, na qual deveria estar totalmente inserida. CONCLUSÃO A ideia de se construir novos saberes através das dúvidas ainda é tímida na realidade pesquisada. Nota-se que a educação tradicional tem grande espaço dentro da realidade pesquisada. Necessita-se que a discussão do quão grande é o valor da pesquisa seja suscitado nesses profissionais, sendo também necessária a instrumentalização teórico-prática para o desenvolvimento da prática de pesquisa como recurso de ensinoaprendizagem e produção de conhecimentos. REFERÊNCIAS RODRIGUES-JUNIOR, A. S. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. DELTA [online]., v.26, n.1, p.193-198, 2010. ANASTASIOU, L.G.C. Ensinar, aprender, e processos de ensinagem. 2003. Disponível em: <www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/An exos/LinkAnexos/ CAPÍTULO%201%20LeaAnastasiou. pdf>. Acesso em: 20 set. 2010.

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BACHELARD, Gaston. La formation de l’ésprit scientifique. Paris: J. Vrin, 1947. Tradução por Estela dos Santos Abreu. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BERBEL NAN. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes cominhos? Interface Comun Saúde Educ. 1998; 2(2): 139-54. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. 407. p. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: Projetos de Pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. Revisado por Maria Aparecida Bessana. São Paulo: Pioneira, 2002. 320. P.

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UTILIZAÇÃO DE AINES SELETIVOS COX-2 (COXIBES) COMO ANTI-INFLAMATÓRIOS Leandro de Freitas Teles , Agostinho Gonçalves Viana , Erivelton Pereira dos Santos , Luçandra Ramos Espírito Santo , Aníbal Ribeiro Júnior 1

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INTRODUÇÃO Desde 1893, quando foi produzido o ácido acetilsalicílico, patenteado como a Aspirina, os agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) tornaram as drogas mais largamente prescritas de todo o mundo. Neste contexto, os AINES são largamente utilizados no controle da dor e da inflamação, por inibirem a enzima ciclooxigenase que existe em duas isoformas: cicloxigenase-1 (COX-1) e ciclooxigenase-2 (COX-2). A COX-1 foi inicialmente denominada constitutiva, por estar presente em praticamente todos os tecidos corporais, sendo responsável pelo desencadeamento das respostas fisiológicas (citoproteção gástrica, agregação plaquetária, etc), enquanto a COX-2 foi denominada induzida, responsável pela produção de mediadores pró-inflamatórios (FRANCO et al., 2006) (figura 1).

FIGURA 1. Papel da Cicloxigenase na homeostase e inflamação. 1

Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES-MG.

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Com a descoberta da COX-2, originou-se uma nova geração de antiinflamatórios, denominados de Coxibes (CARVALHO & RIOS-SANTOS, 2004). O primeiro composto a ser aprovado pela FDA para uso nos Estados Unidos foi o celecoxibe, a partir de então surgiram outros Coxibes (KUMMER, 2002). OBJETIVO Objetivou-se descrever o desenvolvimento e uso dos AINES seletivos Coxibes, bem como compará-los com relação à eficácia terapêutica e efeitos colaterais com os outros anti-inflamatórios não seletivos chamados AINES tradicionais. METODOLOGIA Trata-se de uma reflexão teórico-científica em que se realizou uma revisão sistemática dos artigos publicados nas bases de dados MEDLINE (PubMed), LILACS e SciELO para se estabelecer um paralelo entre os COXIBES e os AINES tradicionais com relação à eficácia terapêutica e efeitos adversos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Apesar dos relatos indicarem uma redução dos efeitos gástricos destes novos fármacos em comparação com os AINES tradicionais, permanece a controversa, dada à qualidade metodológica dos estudos-heterogêneos, de pequena duração (WANNAMACHER & BREDEMEIER, 2004). Inúmeros ensaios clínicos foram realizados com os Coxibes, com o intuito de avaliar a eficácia analgésica e anti-inflamatória, além de seus efeitos adversos (ARAUJO et al.,2005). O ensaio CLASS (n=8059 pacientes) comparou celecoxibe, ibuprofeno e diclofenaco na artrite reumatóide, sem mostrar significativa diferença de eficácia entre os agentes. O mesmo ocorreu no estudo VIGOR (n=8076) que comparou rofecoxibe a naproxeno (WANNAMACHER & BREDEMEIER, 2004).

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CLASS e VIGOR foram rigidamente criticados em alguns editoriais. O CLASS foi taxado de ensaio fantasma, nele a incidência de úlceras sintomáticas foi menor com celecoxibe ao fim de seis meses de tratamento, mas a incidência de complicações de úlcera (perfuração, obstrução e sangramento) não foi estatisticamente menor. Esse estudo publicou os resultados de seis meses de seguimento, mais favoráveis a celecoxibe, ao invés de resultados de doze meses que não mostraram diferenças entre os três fármacos analisados (WANNAMACHER, 2004). No VIGOR foi demonstrado um aumento de 5 vezes no risco de infarto agudo do miocárdio com rofecoxibe comparado com naproxeno (DAJANI & ISLAM, 2008). Outros dois ensaios com rofecoxibe (prevenção de pólipo com VIOX, APPROVEe) e celecoxibe (prevenção de adenoma com celecoxibe, APC) demonstraram aumento da incidência de alterações cardiovasculares com os COXIBES e tiveram que ser interompidos (DAJANI & ISLAM, 2008). CONCLUSÕES Concluiu-se que a proteção gástrica promovida pelos Coxibes são parciais, possuem eficácia anti-inflamatória/analgésica similar aos não seletivos e ainda levam a um aumento significativo das incidência de eventos cardio e cerebrovasculares em comparação aos controles nos ensaios clínicos estudados. Por isso, a prescrição de Coxibes deve ser reservada para pacientes com alto risco gastrintestinal. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Leila Fernandes et al. Eventos Cardiovasculares: Um Efeito de Classe dos Inibidores de COX-2. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, vol. 85, n. 3, 2005. DAJANI, E. Z. ; ISLAM K. Cardiovascular and Gastrointestinal Toxicity of Selective Ciclo-oxigenase-2 Inhibitors in Man. Journal of Phisiology and Pharmacology, v. 59, suppl 2, p. 117-133, 2008.

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FRANCO, Gilson Cesar Nobre et al. Uma análise crítica sobre a viabilidade do uso dos inibidores seletivos de COX-2 em Odontologia. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, vol. 18, n. 1, p. 75-81, 2006. KUMMER, Carmen Luize; Tereza Cristina R. B. Analgésicos Inibidores Específicos da Ciclooxigenase-2: Avanços Terapêuticos. Rev Bras Anestesiol, vol. 54, n. 3, p. 448-464, 2002. WANMACHER, Lenita; BREDEMEER, Markus. Antiinflamatórios nãoesteróides: uso indiscriminado de inibidores seletivos de cicloxigenase-2. Uso Racional de Medicamentos, ISSN 1810-0791, vol. 1, n. 2, Brasília, Janeiro de 2004.

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ANÁLISE DOS DADOS DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS DO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, MINAS GERAIS

Alice Medeiros Moura; Carla Renata Aguiar Silva; Anna Maly de Leão e Neves Eduardo1

INTRODUÇÃO As intoxicações constituem um grave problema de saúde pública em todo o mundo (ALONZO, 1994). Segundo a Organização Mundial da Saúde (1997) cerca de 500 mil pessoas devem morrer devido à intoxicações a cada ano, já que praticamente qualquer substância ingerida em grande quantidade pode ser tóxica. OBJETIVO Neste trabalho foi verificada a qualidade do preenchimento das fichas de notificação de intoxicação exógena do município de Montes Claros, bem como o perfil dessas intoxicações em função da faixa etária, causa da contaminação, localidade, via de exposição e tipos de intoxicações. METODOLOGIA O presente estudo refere-se a uma pesquisa de levantamento, com caráter quantitativo-descritivo, de delineamento transversal, com abordagem exploratória. Os dados foram coletados nas fichas de intoxicações exógenas armazenadas pela Secretaria Municipal de Saúde no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009. Para analise, os dados foram codificados e comparados com as estimativas nacionais.

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Faculdades Integradas Pitágoras –FIP-MOC- Montes Claros.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO No período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009 foram notificados 265 casos de intoxicações exógenas pelo SINAN/SMS do município de Montes Claros e verificou-se limitações na qualidade do preenchimento das fichas epidemiológicas. Os dados analisados não indicaram diferença mínima significativa entre os gêneros e mostraram que o grupo mais afetado foi na faixa etária compreendida entre 1 e 4 anos e 20 a 34 anos residentes principalmente no perímetro urbano (91,7%) A classificação do tipo de intoxicação não estava preenchida ou ignorada em 45 fichas (16,98 %). Foram constatadas 220 fichas com algum tipo de intoxicação, sendo que 44,15% dos pacientes tiveram como agente tóxico os alimentos e bebidas, 16,6 % causadas por medicamentos e 7,92 % por produtos de uso domiciliar. A via de exposição não estava preenchida ou ignorada em 61 fichas (23,01%) sendo a via oral a mais frequente (72,45%), seguida da via inalatória (4,15%). Quanto aos motivos da intoxicação, em (27,92%) não havia nenhum tipo de informação que possibilitasse a identificação da causa do acidente. Entretanto, em 171 fichas (64,5 %) havia a citação, sendo que as mais notáveis foram devido à ingestão de alimentos (31,32%), acidental (20%) e suicídio (6,03%). CONCLUSÃO Foi possível verificar o perfil da clientela atendida nas unidades de saúde do município de Montes Claros, no entanto apresentaram algumas limitações. De acordo com Presgrave et al. (2009) diz que essas são limitações que afetam substancialmente a vigilância de um relevante problema de saúde publica, reduzindo assim a sua efetividade. A revisão dos processos de coleta, registro e gerenciamento de dados se impõe para corrigir as limitações apontadas. REFERÊNCIAS ALONZO, H. G. A. Intoxicações agudas por praguicidas nos centros de toxicologia de seis hospitais universitários do Brasil em 1994 [tese]. Campinas: UNICAMP; 1995. [Citado em 2007 Out.] Disponível em: http://www.hc.unicamp.br/servicos/cci/perfi l_new.html

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PRESGRAVE, R. F.; CAMACHO, L. A. B.; VILLAS BOAS, M. H. S.. Análise dos dados dos Centros de Controle de Intoxicação do Rio de Janeiro, Brasil, como subsídio às ações de saúde pública. Cad. Saúde Pública. 2009, vol.25, n.2. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2009000200019&lng=en&nrm=iso. WHO. World Health Organization. Guidelines for poison control.1997.

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COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AO USUÁRIO DE BIFOSFONATOS – REVISÃO DE LITERATURA

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Nádia Nara S.Teixeira ; Geane Moreira

INTRODUÇÃO A osteonecrose dos ossos gnáticos tem sido descrita como a principal complicação decorrente do tratamento odontológico conduzido em usuários de drogas bifosfonadas. Os efeitos colaterais dessa classe de drogas sobre o tecido ósseo podem ser muito semelhantes a outras entidades patológicas como a osteorradionecrose e a osteomielite. Na etiologia destas complicações, sugere-se uma relação com exodontias e alterações periodontais, embora casos aparentemente espontâneos tenham sido relatados. Não existem protocolos bem estabelecidos de tratamento, variando de conservadores, utilizando a antibioticoterapia e bochechos com clorexidina, a radicais como a mandibulectomia e maxilectomia. OBJETIVO O presente trabalho tem por finalidade descrever os principais riscos apresentados pela literatura a que estão sujeitos os indivíduos usuários de bifosfonatos, quando submetidos a procedimentos odontológicos. Adicionalmente, pretende-se determinar as estratégias de tratamento para as complicações já que a instituição de protocolos prévios odontológicos a terapia dos bifosfonatos deveria ser uma rotina no início do tratamento médico, promovendo assim a prevenção da osteonecrose.

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Estudante de graduação em Odontologia - Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE) 2 Mestre em Patologia Bucal, Professora do departamento de Patologia Bucal – Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE)

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REVISÃO DE LITERATURA Os bifosfonatos são análogos sintéticos dos pirofosfatos endógenos com uma substituição de um átomo de carbono por um átomo de oxigênio. As drogas bifosfonadas possuem grande afinidade pelos tecidos mineralizados, em especial a hidroxiapatita, e atuam em sítios de grande formação e reabsorção óssea. As propriedades trópicas ósseas têm possibilitado sua utilização no planejamento de formas latentes de liberação de fármacos nas estruturas ósseas ou na medula óssea. Em virtude destas características iniciou-se o estudo do emprego desses medicamentos no tratamento de patologias ósseas Sua administração pode ser por via oral ou intravenosa, sendo bem distribuído pelo plasma e, em parte, absorvido pelo osso, sendo o restante excretado sem modificação pelos rins. .

Na década de 60 verificou-se que esse grupo de drogas podia inibir a reabsorção óssea, favorecendo a utilização no tratamento de osteogênese imperfeita, osteoporose, displasia fibrosa, doença de Paget e nas metástases ósseas de neoplasias de mama, próstata e pulmão. A administração nestes casos foi relacionada ao alívio de dor, redução da atividade lítica das lesões ósseas e de fraturas patológicas. Em cavidade bucal, recentemente, foi identificada uma nova complicação associada ao tratamento com bifosfonados, denominada Osteonecrose dos Maxilares ou Osteonecrose Associada aos Bifosfonatos. As primeiras descrições da literatura sobre a osteonecrose dos maxilares associada a bifosfonatos foram em usuários da droga por via intravenosa para tratamento de doenças ósseas metastáticas. Posteriormente, alguns casos foram relacionados ao uso das drogas por via oral, como o alendronato e o ibandronato de sódio, indicados nos casos de osteoporose e osteopenia. O aparecimento desta complicação bucal parece ser resultante de uma complexa interação entre metabolismo ósseo, trauma, infecção,

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hipovascularização e o uso dessas drogas. Fatores sistêmicos como diabetes mellitus, imunossupressão também parecem influenciar a manifestação bucal. A mandíbula costuma ser mais afetada do que a maxila. Infecções periodontais, periapicais também são eventos predisponentes. Pacientes fumantes, etilistas e com higiene oral deficiente também têm risco aumentado. O sinal clínico mais comum é a presença de rugosidades em tecido mole adjacente a área do osso necrosado, podendo haver indícios de infecção secundária. Em estágios mais avançados, os indivíduos podem queixar-se de dor intensa, e áreas de parestesia. As modalidades terapêuticas disponíveis ainda não são totalmente eficientes já que a doença é de prognóstico duvidoso. CONCLUSÃO Diante dos efeitos dos bifosfonatos nos ossos maxilares, deve-se dar ênfase no manejo preventivo da desordem. Neste contexto, torna-se importante uma maior divulgação sobre esta classe de drogas para a classe odontológica a fim de se formalizar uma postura profissional que vise à diminuição da ocorrência de novos casos bem como à redução da morbidade dos agravos. REFERÊNCIAS AAOMS. American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons Position Paper on Bisphosphonate – Related Osteonecrosis of the Jaws. J Oral Maxillo Fac Surg 2007; 65:369-376. ADRAC. Bisphosphonates and osteonecrosis of the jaw. Aust Adv Drug React Bull 2005;24:3 Marx RE, Sawatari Y, Fortin M, et al: Bisphosphonate-induced bone (osteonecrosis/osteopetrosis) of the jaws: Risk factors, prevention and treatment. J Oral Maxillofac Surg 2005; 63(11):1567-75.

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AVALIAÇÃO DO USO DOS BENZODIAZEPÍNICOS PELOS ACADÊMICOS DAS FACULDADES INTEGRADAS PITÁGORAS DE MONTES CLAROS-MG COSTA, A. R 1; RIOS, S. P. M 1; EDUARDO, A. M. L. N 1.

INTRODUÇÃO O uso de substâncias psicoativas atinge todas as camadas da população e, ultimamente, está cada vez mais precoce, atingindo a classe dos estudantes. Em razão disso, há uma grande preocupação com o uso destas substâncias entre universitários, pois eles são mais vulneráveis às diversas consequências que seu uso abusivo e incorreto pode ocasionar (PORTUGAL et al, 2008). OBJETIVO O estudo tem como objetivo avaliar o conhecimento e a utilização dos benzodiazepínicos (BZDs) em acadêmicos dos 8º períodos das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-MG. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo com objetivo descritivo, utilizando o questionário como instrumento de coleta de dados. A população de estudo foi composta por 328 acadêmicos sendo que destes apenas 147 participaram. A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, sob o parecer 2098/2010.

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Departamento de Farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Essa análise revelou que dos acadêmicos participantes da pesquisa, 21 (14,28%) fazem uso dos benzodiazepínicos (BZDs) e 126 (85,1%) não. Dos que fazem uso foi observada uma maior prevalência no sexo feminino 14 (66,6%). Apenas 7 (33,3%) eram do sexo masculino. Estudos realizados por Andrade & Wagner (2008), mostrou que a prevalência do uso de BZDs entre estudantes jovens apresentou maior tendência nos últimos anos da graduação. Em relação ao gênero foram observados resultados semelhantes em estudos realizados com acadêmicos das redes públicas e privadas, que também mostraram uma maior frequência de uso dos BZDs por estudantes do sexo feminino (PICOLOTTO et al, 2010). Essa frequência pode ser explicada pela tendência das mulheres conviverem com uma carga emocional maior ou com maiores dificuldades de lidarem com os problemas advindos do contexto sócio-familiar, fatores que contribuem para a sua exposição ao consumo desses medicamentos. Quanto ao conhecimento dos acadêmicos sobre as reações adversas que o uso dos BZDs pode causar, 8 (38,0%) tinham conhecimento e 13 (61,9%) não. Embora os BZDs sejam drogas relativamente seguras, restrições à sua utilização têm sido cada vez maiores devido à incidência dos efeitos colaterais relacionados à depressão do sistema nervoso central (BARBOSA, 2007). De acordo com Johnson & Longo (2000), dentre os principais efeitos colaterais destacam-se a diminuição da atividade psicomotora, o prejuízo na memória e a desinibição paradoxal. O número de acadêmicos que não conhecem as reações adversas é preocupante, pois os riscos do uso dos BZDs são inúmeros e a dependência causada por eles é uma realidade que não deve ser ignorada. CONCLUSÃO Considerando o objetivo da pesquisa, podemos afirmar que o mesmo foi alcançado. Do total de acadêmicos pesquisados apenas uma pequena parte relataram fazer uso desses medicamentos, sendo um índice satisfatório, já que o Brasil é um dos campeões no uso de medicamentos psicotrópicos e de automedicação. A falta de conhecimento das reações adversas da pequena parte dos usuários dos BZDs é um fator preocupante. A falta de conhecimento pode facilitar a cronificação do uso, à medida que o usuário não avalia os riscos aos quais se submete. A orientação médica e farmacêutica sobre o uso dos BZDs é um fator muito importante para

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minimizar a incidência dos efeitos colaterais, interações medicamentosas, dependência e uso abusivo desses medicamentos. A ausência desses profissionais pode trazer riscos irreparáveis para a saúde do paciente. Diante disso, faz-se necessário a presença dos profissionais da saúde no tratamento medicamentoso, pois somente eles podem fazer com que o uso dos BZDs seja somente benéfico. REFERÊNCIAS ANDRADE, Arthur Guerra de; WAGNER, Gabriela Arantes. Uso de álcool, tabaco e outras drogas entre estudantes universitários brasileiros. Rev. Psiquiatr. Clín. 2008. São Paulo. v.35. n.1. p. 48-54. PICOLOTTO, Eduardo. et al. Prevalência e fatores associados com o consumo de substâncias psicoativas por acadêmicos de enfermagem da Universidade de Passo Fundo. Rev. Ciênc. Saúde coletiva. 2010. Rio de Janeiro. v.15. n.3. p. 645-654. PORTUGAL, Flávia Batista. et al. Uso de drogas por estudantes de Farmácia da Universidade Federal do Espírito Santo. Rev J. Bras.Psiquiatr. 2008. Rio de Janeiro. v.57. n.2. p. 127-132.

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ESTUDO RETROSPECTIVO DE LEISHMANIOSE NO MUNICÍPIO DE JANUÁRIA-MG

Deyvid oliveira dias¹, waldemar de paula júnior¹², Edson rabelo cardoso¹³ ,

,

INTRODUÇÃO A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por um protozoário do gênero Leishmania. Os vetores transmissores são insetos (Lutzomyia spp.) que possuem importância no contexto ambiental. A LTA constitui importante problema de saúde pública em vários Estados brasileiros. A transmissão das leishmanioses é influenciada frequentemente por fatores ambientais, demográficos, comportamento humano e mudanças no habitat dos reservatórios e vetores. O número de casos no Brasil é crescente. Observa-se a existência de um duplo perfil epidemiológico, expresso pela manutenção de casos oriundos de focos antigos ou de áreas próximas a eles; e pelo aparecimento de surtos epidêmicos associados a fatores como o processo acelerado de expansão das fronteiras agrícolas, a implantação de garimpos, a construção de estradas e o processo de invasão na periferia das cidades. Na maioria das vezes ocorre um efeito antrópico, ou seja, o homem infecta-se ao alterar o ambiente, interpondo-se ao ciclo silvestre ao penetrar nesse ecossistema. Dessa forma, o homem adquire a infecção ao entrar em contato com as áreas florestais onde existem as diferentes espécies de Leishmania. A deterioração das condições socioeconômicas da população em áreas endêmicas aproxima o homem suscetível dos vetores e reservatórios naturais, favorecendo a instalação de surtos.

¹ Curso de Farmácia das Faculdades de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. ² Departamento de Fisiopatologia da Universidade Estadual de Montes Claros. ³ Faculdades Unidas do Norte de Minas.

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OBJETIVOS Investigar o perfil epidemiológico de leishmanioses no município de Januária-MG. Relacionar a positividade com a idade e o sexo dos pacientes. Comparar os dados obtidos entre os anos de 2008 e 2010. METODOLOGIA Esse trabalho foi desenvolvido a partir de dados obtidos em prontuários de pacientes, gentilmente cedidos pelo Centro de Zoonoses do Hospital Municipal de Januária–MG referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010. Os dados foram catalogados e analisados de acordo com o sexo e idade dos pacientes. RESULTADOS E DISCUSSÃO A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa não contagiosa considerada um grave problema de saúde pública. Os resultados deste trabalho estão apresentados nas Figuras 1, 2 e 3 e representam características da leishmaniose no Município de Januária correspondentes aos anos de 2008, 2009 e 2010. A Figura 1 apresenta a distribuição dos casos da doença, de acordo com o sexo. A maior positividade da doença no sexo masculino pode ser atribuída a atividade ocupacional dos homens, predominantemente atividades rurais, como agricultura e pecuária por se tratar de uma região de muita exploração rural. Tal atividade pode facilitar a transmissão da doença devido aos hábitos do vetor.

Figura 1: Distribuição dos Casos de Leishmaniose em Januária - MG de Acordo com o Sexo nos Anos de 2008 á 2010.

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Foi verificada a distribuição da doença, de acordo com o sexo, em todos os meses do ano (Figura 2). Houve variação entre a taxa de positividade no sexo masculino e feminino. O período de maior positividade no sexo masculino coincide com período de chuvas que é favorável para o aparecimento do mosquito, e também com a época de plantio e colheita no campo, mantendo o homem mais tempo nos locais de risco.

Figura 2: Distribuição de Diagnósticos por Mês de Leishmaniose em Januária-MG nos Anos de 2008 á 2010.

Outro aspecto interessante observado é que há uma tendência de diminuição da positividade nos dois sexos nos meses de março a julho. Essa diminuição pode estar relacionada com o clima da região nessa época ou então com a diminuição na procura por exames de diagnóstico.

Figura 3: Distribuição de Casos por Idades de Leishmaniose em Januária-MG entre os Anos de 2008 á 2010.

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Com relação à faixa etária (Figura 3), observou-se que o maior número de casos ocorreu em indivíduos maiores que 45 anos. Este resultado pode estar relacionado à diminuição da imunidade em indivíduos mais maduros. Embora estes resultados abrangem somente a distribuição da doença por sexos, idade e ano, outros aspectos precisam ser avaliados como a distribuição da doença por bairro da cidade, as características geográficas do Município, a presença dos vetores e a incidência de outros tipos de leishmaniose. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que o Município de Januária tem alta positividade de leishmaniose tegumentar americana. Essa positividade é maior em pessoas do sexo masculino e em maiores de 45 anos. Além disso, foi observado que há uma oscilação da doença nos meses do ano. REFERÊNCIAS BASANO SA, Camargo ALM. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Revista Brasileira de Epidemiologia 7:328-337, 2004. CARMARCO LMA, Barcinski MA Leishmanioses, feridas bravas e kalazar. Ciência e Cultura 2003,1:34-7. DOURADO MIC, NORONHA CV, ALCÂNTARA N, et al. Epidemiologia da leishmaniose tegumentar americana e suas relações com a lavoura e o garimpo, em localidade do Estado da Bahia (Brasil). Rev Saúde Pública, vol. 23, p. 2-8, 1989.

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EFEITOS DA AMIODARONA NO CONTROLE DO HIPOTIREOIDISMO

Cíntia Barros de Queiroz¹, Danúbia Antunes do Nascimento¹, Gilberto Mendes Almeida¹, Juliano Melo Marques¹, Sandoval Lopo de Abreu¹

INTRODUÇÃO A amiodarona é uma droga rica em iodo, utilizada no tratamento de arritmias cardíacas. O uso crônico da amiodarona está associado a vários efeitos colaterais, destacando-se as alterações na função tireoidiana, levando à indução de hipotireoidismo ou de tireotoxicose. Diversos mecanismos, incluindo distúrbios na auto-regulação tireoidiana em resposta ao excesso de iodo, fatores imunológicos e a citotoxicidade provocada pela droga, estão envolvidos na gênese da disfunção tireoidiana induzida pela amiodarona. Cerca de 50% dos indivíduos em uso crônico de amiodarona desenvolvem alguma anormalidade na função tireoidiana, o que ressalta a necessidade da monitoração das concentrações séricas dos hormônios tireoidianos e do TSH nestes pacientes³. O hipotireoidismo induzido pela amiodarona é mais frequente em mulheres e surge com menor tempo de tratamento comparado à tireotoxicose². A tireoidite de Hashimoto é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento dessa alteração e autoanticorpos tireoidianos estão presentes em grande número de pacientes que desenvolvem o quadro de hipotireoidismo induzido pela droga. Provavelmente, esse defeito de base na hormonogênese é responsável pela maior susceptibilidade da glândula ao efeito inibitório de uma sobrecarga de iodo sobre a síntese de hormônios tireoidianos (efeitoWolff-Chaikoff), e também por sua inabilidade em escapar desse efeito agudo, não reassumindo a síntese normal de hormônios tireoidianos¹.

1

Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.

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OBJETIVO Relatar um caso de hipotireoidismo estável com a terapia de reposição hormonal específica, descompensado após uso de amiodarona. DESENVOLVIMENTO Trata-se de paciente D.C.A., 55 anos, sexo masculino, em acompanhamento em serviço de endocrinologia devido a hipotireoidismo. Para tratamento dessa disfunção tireoidiana, utilizava levotiroxina 112 mcg/dia, mantendose assintomático e com níveis hormonais adequados: TSH: 0,743 µUI/ml (0,30 a 5,00 µUI/ml) e T4 livre: 1.68 ng/dl (0,7 a 1,8 ng/dL). Além disso, é portador de arritmia cardíaca e estava em uso de propafenona 300 mg/dia. Após dois anos de acompanhamento, o paciente foi internado em centro de terapia intensiva para tratamento de arritmia ventricular, onde foi suspenso o uso de propafenona e iniciado amiodarona 200 mg/dia. Aproximadamente dois anos após início da terapêutica antiarrítmica com amiodarona, ocorreu a descompensação do quadro de hipotireoidismo, sendo que a avaliação da função tireoideana demonstrou TSH: 12,520 µUI/ml. Após 4 meses, nova dosagem hormonal evidenciou um aumento do valor de TSH (33,770 µUI/ml) e, nesse momento, a dose da levotiroxina foi aumentada para 150 mcg/dia. Dois meses depois, o paciente apresentou o TSH no valor de 26.920 µUI/ml, observando-se apenas uma discreta redução. Aumentou-se então a dosagem de levotiroxina que passou a ser de 200 mcg/dia. Passados mais 2 meses, o paciente retorna ao serviço referindo redução da dose da amiodarona para 100 mg/dia, orientada pelo cardiologista. O nível de TSH dosado foi de 0,05 µUI/ml e o de T4 livre foi de 2,54 ng/dl. Diante desses níveis hormonais, reduziu-se a dose da levotiroxina para 125 mcg/dia na tentativa de regularizá-los novamente. CONCLUSÕES O caso exposto evidencia os efeitos da amiodarona no controle do hipotireoidismo, tornando-o bastante difícil. Os estudos mostram que o tratamento do hipotireoidismo associado à amiodarona consiste na terapêutica substitutiva com levotiroxina (normalmente nas doses de 100 a 150 mcg/dia) e continuação da terapêutica com amiodarona sendo as doses de levotiroxina necessárias usualmente superiores comparativamente às

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outras situações de hipotiroidismo. O TSH é o melhor parâmetro para monitorizar a terapêutica substitutiva devendo situar-se na metade superior do intervalo normal¹. Em conclusão, apesar do desenvolvimento de novos antiarrítmicos, a amiodarona persiste como uma droga amplamente utilizada em nosso meio e todo paciente a ela exposto deve ter sua tireóide sob estrita observação. Somente com uma vigilância constante pelos cardiologistas e endocrinologistas, as disfunções tireoidianas induzidas pela amiodarona poderão ser diagnosticadas e tratadas precoce e adequadamente. REFERÊNCIAS 1. Dias JCR, Senger MH. Tireóide e amiodarona: “a vítima e seu algoz”. Implicações do antiarrítmico nas disfunções tireoidianas. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba 2011: v. 13, n. 1, p. 4 – 8. 2. Hirai LK, Marumo S, Matuo FS, Oliveira FP, Santomauro AT, Úson RAS. Distireoidismo associado ao uso da amiodarona: fisiopatologia e tratamento. Acta Cirúrgica Brasileira 2003: v. 18 (Supl. 4), p. 21-22. 3. Renata P, Alexandre MX, Léa M.Z. A Amiodarona e a tireóide. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia 2004: v. 48, n. 1, p.176-182.

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ESTUDO DA DISCIPLINA DE FARMACOLOGIA EM CURSOS DE FARMÁCIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS

LÉIA CARDOSO1; RONILSON FERREIRA FREITAS2; FÁBIO PRAES1; WALDEMAR DE PAULA JÚNIOR1

INTRODUÇÃO A Farmácia estuda a manipulação de fármacos, criação e aplicação de métodos de controle de qualidade, formas de aplicação e orientação ao usuário quanto ao uso racional do medicamento, criação e aplicação de métodos de identificação e dosagem de tóxicos. Também pesquisa, desenvolve e produz novas drogas, utilizando plantas, animais e minerais (PESSOA, 2010). O currículo atual do curso de farmácia no Brasil foi definido pela Resolução CNE/CES n. 2/2002, com a formação de farmacêuticos no modelo generalista. Segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), a farmacologia é o estudo da origem, natureza, propriedades e ações das drogas, bem como de seus efeitos sobre os organismos vivos. Os conhecimentos básicos neste campo são de suma importância para a compreensão das ações dos medicamentos (MOREIRA e GUIMARÃES, 2007). O novo currículo do curso de farmácia vem sendo motivo de questionamento e análises por profissionais e educadores. Esses problemas devem ser resolvidos com o objetivo de buscar uniformidade, mantendo, entretanto, possibilidades de inovação dentro de cada curso, buscando atender as peculiaridades regionais, sendo que questões fundamentais como a carga horária da farmacologia ser condizente com o peso de sua 1 2

Curso de farmácia, Faculdades Santo Agostinho; Estudante de farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras.

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importância na formação dos farmacêuticos, ainda emergem em todas as discussões (PESSOA, 2010). OBJETIVO Avaliar o estudo da disciplina de Farmacologia nos cursos de graduação em farmácia do Estado de Minas Gerais. METODOLOGIA Foram coletadas informações das Instituições de Ensino do Estado de Minas Gerais que oferecem o curso de farmácia, tendo como referência a lista disponibilizada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em seu endereço eletrônico (http://emec.mec.gov.br). A partir da relação obtida, os detalhes das estruturas curriculares de cada curso foram levantados por meio de acesso direto ao website da Instituição, além do contato via e-mail para complementação de informações. A análise das estruturas contemplou aspectos relacionados à nomenclatura da disciplina de farmacologia, a sua distribuição em aulas teóricas e/ou práticas, carga horária e período da sua inserção durante o curso. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados 52% dos cursos de farmácia do Estado de Minas Gerais. Observou-se que a disciplina de farmacologia possui diferentes denominações (Figura 1). Não foi possível verificar quais as denominações possuem conteúdos correspondentes, já que não foram analisadas suas ementas. Entretanto, a distribuição da carga horária (Figura 2) pode indicar que a farmacologia, na maioria dos casos, é capaz de contemplar os conteúdos necessários à disciplina.

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Figura 1: Distribuição das Denominações da Disciplina de Farmacologia nos Cursos de Farmácia do Estado de Minas Gerais.

Figura 2: Carga Horária da Disciplina de Farmacologia dos Cursos de Farmácia do Estado de Minas Gerais.

Encontrou-se maior proporção de Instituições que oferecem apenas aulas teóricas, em contraposição com aquelas que disponibilizam aulas práticas em uma ou mais disciplinas da farmacologia (Figura 3). Esse dado pode estar relacionado com a dificuldade de desenvolvimento de aulas práticas, escassez de material didático para o desenvolvimento das práticas ou ainda falta de interesse ou preparo dos docentes nessa área.

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Figura 3: Tipo de Aula Ministrada nas Disciplinas de Farmacologia, por Instituições que Oferecem o Curso de Farmácia em Minas Gerais.

Observou-se que as disciplinas de farmacologia estão inseridas, na sua maioria, entre o 4º e 6º período. Neste trabalho não foi analisado o rol de disciplinas de toda a estrutura curricular dos cursos nem a relação entre elas e a farmacologia. Contudo, com a formação no modelo generalista e as interfaces com o estágio supervisionado no decorrer do curso somado à importância do farmacêutico frente à utilização racional dos medicamentos, uma análise mais detalhada deveria ser abordada.

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Tabela 1 Distribuição das Disciplinas de Farmacologia Segundo Período em que são Ofertadas, entre os Cursos de Farmácia em Minas Gerais. NOME DA DISCIPLINA Atenção farmacêutica e farmacologia clínica Farmacodinâmica e farmacocinética I Farmacocinética Farmacodinâmica e farmacocinética I Farmacologia Farmacologia básica e geral, I e II Farmacologia clínica, I e II Farmacologia I Farmacologia II Farmacologia III Farmacoterapeutica, I e II, farmacoterapia Fisiopatologia e farmacotepia I,II e III História da farmacologia Interações medicamentosas Introdução à farmacologia Total

NÚMERO DE INSTITUIÇÕES SEGUNDO PERÍODO DA DISCIPLINA 3º 4º 5º 6º 7º 8º 1 4

1 3

2 4

2

5 1 1

4

1

1

8 3 0

1 1 7 8 2

4 2

1

0

1

2

2

1

1

1

2

1 23

1 29

1 2 7

14

7

2

CONCLUSÕES Embora com nomenclatura variada, a disciplina de farmacologia é contemplada em todos os cursos analisados. O número de cursos com conteúdo prático é inferior ao número de cursos com aulas teóricas. Não existe uniformidade na distribuição de carga horária de farmacologia entre os cursos analisados, a inserção da disciplina na estrutura curricular ocorre do início ao fim dos cursos, porém com maior inserção no meio deles. REFERÊNCIAS Bliblioteca Virtual em Saúde – BVS. Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Disponível em http://decs.bvs.br/cgibin/wxis1660.exe/. Acesso em 24/04/2011.

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Curso de Graduação em Farmácia – Proposta de Diretrizes Curriculares. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Farm.pdf> Acesso em: 20 de março de 2011. MOREIRA, Fabrício A.; GUIMARÃES, Francisco S. Mecanismos de ação dos antipsicóticos: hipóteses dopaminérgicas. Medicina, Ribeirão Preto, 40 (1): 63-71, jan./mar. 2007. PESSOA, Débora Luana Ribeiro. Perfil dos Cursos de Graduação em Farmácia do Nordeste Brasileiro. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol. 6, n. 11, 2010.

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ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DE NICORANDIL E INVESTIGAÇÃO DE SEUS MECANISMOS DE AÇÃO

DUTRA, M.G.B. ; GODIN, A.M. ; FERREIRA W.C. ; CAPANEMA, A. ; COELHO, M.M. 1

1

1

1

1

INTRODUÇÃO Compostos que liberam óxido nítrico (NO) têm sido utilizados como agentes terapêuticos e também como ferramentas farmacológicas para investigar o papel do NO em vários sistemas. Além disso, o acoplamento de radicais doadores de óxido nítrico a drogas como paracetamol e ácido acetilsalicílico resultou em potencialização do efeito terapêutico desejado ou diminuição dos efeitos adversos (KEEBLE & MOORE, 2002). Recentemente, o efeito antinociceptivo induzido pela nicotinamida no modelo experimental de dor nociceptiva e inflamatória foi demonstrado (referencia 2). Nicorandil [N-(2 nitroxyethyl) nicotinamida], tem a capacidade de liberação de NO e abrir canais de K ATP-dependentes e é usado clinicamente para o tratamento de angina pectoris (EL-MOSELBY et al., 2008). +

OBJETIVO Buscou-se investigar o efeito induzido pelo nicorandil (nicotinamida acoplada ao doador de NO) e fornecer mais informações sobre o mecanismo de ação deste composto em modelo experimental de dor nociceptiva e inflamatória (TJfLSEN et al., 1992). MÉTODOS Nicorandil (50, 100 ou 150 mg / kg) ou nicotinamida (doses equimolares de nicorandil) foram administrados per os (p.o.) 1 hora antes da injeção s.c. de 1

Departamento de Produtos Farmacêuticos/ Faculdade de Farmácia, UFMG.

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formaldeído (0,92%, 20 mL) no dorso da pata traseira de camundongos machos Swiss (25-30 g). O tempo de lambida foi então cronometrado, distinguindo-se as duas fases da resposta nociceptiva deste modelo. Glibenclamida (30 ou 60 mg / kg, p.o., -1h) ou naltrexona (2 ou 5 mg / kg, i.p., -30 min) foram administradas antes da administração de nicorandil para investigar o papel de canais de K ATP-dependente ou receptores opioides , respectivamente. A atividade motora foi investigado usando um aparelho de haste girante (14 rpm, 2 min), modelo proposto por Vaz et al. (1996). Os resultados foram analisados por modelo de Anova (one-way) seguido pelo teste de Newman-Keuls (p <0,05). +

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nicorandil (50, 100 ou 150 mg / kg), mas não nicotinamida (doses equimolares de nicorandil) inibiram a segunda fase do modelo de formalina. O efeito antinociceptivo da nicorandil é bloqueado pela naltrexona (2 ou 5 mg / kg), mas não pela glibenclamida (30 ou 60 mg / kg). A atividade motora dos animais não foi prejudicada pela nicorandil. CONCLUSÃO Nicorandil, mas não a nicotinamida, apresentou atividade antinociceptiva que não esteve associada à diminuição da atividade motora. Além disso, seu mecanismo de ação envolve os receptores opioides, mas não canais de K dependentes de ATP. Estes resultados demonstram o papel dos derivados de nicotinamida e compostos liberadores de óxido nítrico como moduladores da dor. O papel do NO nos processos nociceptivos ainda está em investigação, mas é possível inferir que a atividade antinociceptiva do nicorandil não deve resultar da ação isolada da nicotinamida existente após o desacoplamento do radical NO. +

REFERÊNCIAS KEEBLE, J.E.; MOORE, P.K. Pharmacology and potential therapeutic applications of nitric oxide-releasing non-steroidal anti-inflammatory and related nitric oxide-donating drugs. B. J. Pharmacol., London, v.137, n. 3, p.295-310, oct. 2002.

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TJØLSEN, A.; BERGE, O-G.; HUNSKAAR, S.; ROSLAND, J.H.; HOLE, K. The formalin test: an evaluation of the method. Pain, Amsterdam, v. 51, n. 1, p. 5 -17, oct. 1992. VAZ, Z.R.; FILHO, V.C.; YUNES, R.A.; CALIXTO, J.B. Antinociceptive action of 2-(4bromobenzoyl)-3-methyl-4,6-dimethoxy benzofuran, a novel xanthoxyline derivative on chemical and thermal models of nociception in mice. J Pharmacol Exp Ther v. 278, p.304 –312, jul. 1996. EL-MOSELBY, M. A.; ABDEL-HAMID, N. M.; ABDEL-RAHEIM, S. R. Gastroprotective effect in indomethacin and alcohol-induced acute ulcers. Appl Biochem Biotechnol, New York, v. 152, n. 3, p. 449-459, mar 2009. Fontes de apoio à pesquisa: CNPq; CAPES; FAPEMIG.

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INCIDÊNCIA DE ENTEROPARITAS EM ACADÊMICOS DA ÁREA DE SAÚDE NAS FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS 1

1

BRUNO PORTO SOARES ; CINTIA MENDES DA SILVA ; IGO RAPHAEL ALVES DE SOUZA1; ÁRLEN ALMEIDA DUARTE 2 3 DE SOUSA ; FABRÍCIO MOREIRA MONTEIRO INTRODUÇÃO As enteroparasitoses, ou parasitoses intestinais, consistem em um importante problema de saúde pública, com maior incidência em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Esse problema adquire grande acuidade, pois não há ações efetivas, por parte dos governantes, na melhoria do saneamento básico, na disposição de água tratada para todos e outras medidas preventivas, como a implantação de programas educativos visando mudanças nos hábitos socioeconômicos e culturais os quais facilitam instalação e a disseminação dos parasitos [1,2]. A frequência de parasitoses intestinais em nosso país é notoriamente elevada, variando de acordo com a região de cada país e com as condições de saneamento básico, nível sócio-econômico, o grau de escolaridade, a idade e os hábitos de higiene dos indivíduos que nela habitam [3]. Tendo exposto um dos principais problemas de saúde pública que acomete a população, esta pesquisa teve o objetivo de identificar a incidência de enteroparasitas em acadêmicos da área de saúde nas Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE. MATERIAL E MÉTODOS Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – SOEBRAS, 1

Acadêmicos do curso de Biomedicina das Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte Fisioterapeuta Especialista em Docência do Ensino Superior 3 Docente do Curso de Biomedicina da Faculdade de Saúde Ibituruna – FASI 2

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obtendo parecer favorável sob registro 0387/09. Trata-se de uma pesquisa de campo quanti-qualitativa. A população do estudo constituiu-se de 50 acadêmicos com idade entre 18 e 25 anos, de ambos os sexos, frequentes na FUNORTE. Os dados foram coletados nos meses de novembro e dezembro de 2009, sendo eles provenientes de fonte primária (exame coproparasitológico) obtidos a partir das amostras de fezes dos acadêmicos selecionados. Após a coleta as amostras foram entregues diretamente aos pesquisadores e analisadas no laboratório de Parasitologia da FUNORTE. O método utilizado para esta análise foi HPJ. Foram feitas 2 análises de cada amostra (uma após 4 horas e outra 12 a 24 horas após a realização da técnica), sendo que em cada análise foi realizada a leitura de 3 lâminas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram analisadas 50 amostras de fezes dos acadêmicos selecionados sendo 36% de amostras masculinas e 64% de femininas. A pesquisa teve a participação de diversos cursos, sendo eles: Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Nutrição. A frequência encontrada de parasitoses intestinais nos acadêmicos da área de saúde na FUNORTE revelou-se relativamente baixa (8%) como foi pressuposto pelos pesquisadores, uma vez que os participantes são bem instruídos pelos professores a respeito a práticas sanitárias. Estas práticas são as principais medidas profiláticas contra parasitas. Dessas, 25% representavam infecções pelo complexo Entamoeba histolytica/díspar, 25% de Entamoeba coli e 25% Iodamoeba butschlii. O helminto encontrado foi Hymenolepis nana correspondendo a 25% das amostras positivas. Não foi detectado casos de poliparasitismo. A incidência de amostras positivas para o sexo masculino foi de 11,11 % e para o feminino 6,25%. Não houve nenhuma diferença significativa na positividade entre indivíduos de diferentes sexos. A baixa taxa de positividade de parasitoses intestinais

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encontrada entre os examinados no presente trabalho não elimina a necessidade de adoção de medidas de controle e erradicação da transmissão. O trabalho contribui para o conhecimento das parasitoses intestinais encontradas na localidade estudada, tendo em vista a inexistência de dados anteriores. CONCLUSÃO Conclui-se que a baixa incidência de enteroparasitoses nas amostras estudadas pode ser justificada por uma melhor obtenção de informações e melhores hábitos de higiene tanto dos acadêmicos quanto dos manipuladores de alimentos da instituição. A qualidade da água e a melhoria no saneamento básico são fatores igualmente responsáveis pela baixa incidência de enteroparasitos em acadêmicos da FUNORTE. Como os participantes da pesquisa possuem condições socioeconômicas semelhantes, os resultados apontam relação entre estas e a baixa incidência de enteroparasitos nos acadêmicos em questão. REFERÊNCIAS MACHADO C, MARCARI EL, CRISTIANE SFV, CARARETO CMA. Giardíase e helmintíases em crianças de creches e escolas de 1° e 2° graus (públicas e privadas) da cidade de Mirassol (SP, Brasil). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 32(6):697-704, novdez, 1999. NEVES, D. P., MELO, A. I. Parasitologia Humana. 11ª edição, 2005. TAVARES-DIAS, Marcos; GRANDINI, Adriana Aparecida. Prevalência e aspectos epidemiológicos de enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 32(1):63-65, jan-fev, 1999.

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ANÁLISE DA VIABILIDADE DA TROCA DE VIA DE MEDICAMENTOS VERIFICANDO A REDUÇÃO DE CUSTO PARA UM HOSPITAL Anne Karoline A. Fonseca1, Danyelle Menezes Pereira*, 2 Nair Amélia P. Barreto

INTRODUÇÃO A análise das prescrições avalia o perfil farmacoterapêutico das mesmas, garantindo o uso de medicamentos de forma segura, além de identificar interações e incompatibilidades medicamentosas. São consideradas nessa análise a quantidade de fármacos prescritos, dose e forma farmacêutica, as possíveis vias de acesso, o intervalo entre as doses e relação custo x benefício dos mesmos, o que pode interferir na evolução clínica do paciente. O interesse de implantar um serviço de assistência farmacêutica que atenda um hospital baseia-se no fato de que a falta de acompanhamento pode trazer custos desnecessários, além de diversos problemas de saúde que podem sujeitar os pacientes a problemas relacionados a medicamentos – PRMs. OBJETIVO Verificar os benefícios que a assistência farmacêutica pode proporcionar ao orçamento de um hospital através de possíveis mudanças na forma farmacêutica e via de administração. METODOLOGIA Estudo descritivo de levantamento da utilização de medicamentos com base nas prescrições medicamentosas. Realizado com a análise dos dados das 1 2

Bacharéis em Farmácia pela Faculdade de Saúde Ibituruna. Orientadora: Farmacêutica docente na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.

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prescrições dispensadas pela farmácia de um hospital geral, privado, filantrópico, com 260 leitos, em Montes Claros. O projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa UNIMONTES para avaliação dos aspectos éticos e aprovado sob o parecer n° 2248. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando em conjunto o tipo de dieta do paciente, a presença ou não de acesso venoso e a via de administração de medicamentos, observou-se que 58 pacientes apresentavam via oral livre. Foram selecionados os medicamentos com maior impacto econômico e maior frequência de prescrição. O estudo demonstra uma utilização excessiva da via endovenosa, especialmente quando se considera que a gravidade dos pacientes é relativamente baixa. A utilização da via endovenosa e a manutenção do acesso venoso infligem ao paciente maior sofrimento e riscos, além de resultar em maior custo ao hospital. A reavaliação dos hábitos de prescrição é recomendável para a racionalização do atendimento ao paciente.

FIG. 1 Análise quantitativa do número de doses prescritas de medicamento injetável e possibilidade de troca de via de administração.

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TABELA 1 Custo dos medicamentos injetáveis e materiais necessários para administração em real. Medicamento Dipirona Metoclopramida Ranitidina Metronidazol Tenoxicam Cefazolina Nbutilescopolamina + dipirona Ciprofloxacino Omeprazol

Injetável 0,23 0,16 0,21 1,68 2,75 1,09 0,50 2,70 2,42

ABD Seringa 10 mL 0,4975 0,078 0,20364 0,4975 0,078 0,4975 0,4975

0,078 0,078

0,4975

0,078

Custo total Equipo do injetável 0,8055 0,36364 0,7855 0,41 2,09 3,3255 1,6655

0,41 0,4975

1,0755 3,11 2,9175

TABELA 2 Custo dos medicamentos em apresentação oral em real Medicamento Dipirona Metoclopramida Ranitidina Metronidazol Nimesulida Cefalexina Nbutilescopolamina + dipirona Ciprofloxacino Omeprazol

Custo 0,03 0,033 0,06 0,03 0,35 0,13 0,13 0,14 0,09

A partir dessas tabelas nota-se que o medicamento na apresentação de comprimido é consideravelmente mais barato do que o medicamento endovenoso.

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FIG. 2 Impacto econômico da mudança de via de administração do medicamento em real valores logaritmizados.

Nota-se claramente que a simples troca da via de administração do medicamento resulta em uma economia significativa para o orçamento do hospital, mantendo a qualidade assistencial do paciente ou até mesmo melhorando-a, uma vez que o medicamento por via oral é indolor e reversível, trazendo mais conforto ao paciente, ao contrário da via endovenosa, que é um procedimento invasivo, com possibilidade de irritação no local de aplicação e facilidade de intoxicação. Em contrapartida, um fármaco administrado por via oral é absorvido primeiramente pelo estômago e intestino, tornando a sua absorção mais lenta e variável. Enquanto aqueles injetados por via endovenosa chegam à grande circulação sem passar pela parede intestinal e pelo fígado, obtendose assim uma resposta mais rápida e consistente, que o torna a escolha preferida dos médicos. CONCLUSÃO Conclui-se que a análise das prescrições médicas traz benefícios tanto para o hospital quanto para o paciente, uma vez que minimiza os riscos de PRMs e diminui consideravelmente os custos para o hospital.

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REFERÊNCIAS NOVAES, MRCG; SOUZA NNR; NÉRI, EDR; CARVALHO, FD; BERNADINO, HMOM; MARCOS, JF. Guia de boas práticas em Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde – SBRAFH. 1 ed. São Paulo: Ateliê Vide o Verso, 2009. STORPIRTIS... [et al.]. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. VIEIRA, Fabiola Sulpino. Possibilidades de contribuição do farmacêutico para a promoção da saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.1, pp. 213-220. ISSN 1413-8123. doi: 10.1590/S141381232007000100024.

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE MEDICAMENTOS POR MEIO DE TESTES FÍSICOS 1,2

1

Karen Lorena Rodrigues Reis , Karyne de Castro Lacerda , Larissa 1,3 1,4 Gusmão Colares , Waldemar de Paula Júnior

INTRODUÇÃO A hipertensão arterial, popularmente conhecida como Pressão Alta (PA), está inserida no grupo de morbimortalidades mais prevalentes e preocupantes da Saúde Pública. O tratamento farmacológico consiste em manter a pressão arterial em níveis controlados, impedindo que essa morbidade evolua a óbito . Devido à eficácia terapêutica e baixa toxicidade, o captopril é, na sua classe farmacológica, um dos medicamentos de primeira escolha na hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva. Foi o primeiro inibidor de enzima conversora de angiotensina (IECA) disponibilizado comercialmente . A Farmacopeia Brasileira é o Código Farmacêutico que estabelece os requisitos de qualidade relacionados a produtos para a saúde . 2,4

1

3

OBJETIVO Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de captopril 25mg de referência, genérico e similar por meio de testes físicos. METODOLOGIA Foram utilizados Captopril 25mg apresentado na forma de comprimidos na categoria de medicamento de referência (A), genérico (B) e similar (C). Para 1

Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. Discente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros. 3 Farmacêutica do Pólo Base São João das Missões, SESAI/MS. 4 Departamento de Fisiopatologia da Universidade Estadual de Montes Claros. 2

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cada tipo de medicamento foram realizados os testes de (1) determinação do peso médio, (2) dureza, (3) friabilidade, (4) desintegração e (5) dissolução de acordo com as recomendações da Farmacopeia Brasileira, 4ª edição. RESULTADOS E DISCUSSÃO A qualidade dos medicamentos pode ser avaliada pelos métodos físicos, químicos e microbiológicos. Este trabalho contemplou os seguintes métodos físicos: peso médio, dureza, friabilidade, desintegração e dissolução. O peso médio é o parâmetro de qualidade que avalia a uniformidade de distribuição do princípio ativo. Os resultados referentes ao peso médio atenderam às especificações recomendadas. O ensaio físico de dureza avalia a resistência do comprimido ao esmagamento. Os resultados obtidos estão de acordo com os padrões preconizados pela Farmacopeia, sendo o seu critério de rejeição o valor mínimo de 30N. A compactação dos pós ou grânulos influencia no tempo de desintegração, na liberação, dissolução, velocidade e concentração da droga disponível para exercer o efeito desejado. Os medicamentos B e C obtiveram durezas aproximadas e de valores superiores à dureza do medicamento A. Este fato pode ser justificado devido ao uso de diferentes excipientes que proporcionam uma compressibilidade diferenciada que leva a um maior período de desagregação. A resistência do comprimido ao desgaste foi testada pelo teste de friabilidade no qual todas as amostras apresentaram perda inferior a 1,5% do seu peso, atendendo aos padrões estabelecidos pela monografia da droga. O teste de desintegração avalia a formulação e relaciona-se à biodisponibilidade da forma farmacêutica. Neste ensaio os medicamentos obtiveram resultados satisfatórios. Porém, houve diferença significativa dos medicamentos, sendo que o medicamento apresentou um tempo de desintegração muito superior comparado aos medicamentos B e C. Essa relação pode indicar que o medicamento A apresenta componentes com diferentes forças de resistência mecânica, que influenciam na sua desintegração. A dissolução dos comprimidos permite avaliar a porcentagem de princípio ativo, liberado no meio de dissolução, dentro de um período de tempo especificado pela monografia da droga. Todas as amostras testadas se encontram de acordo com os padrões mínimos aceitáveis para o processo.

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Tabela 1 Testes Físicos Realizados na Avaliação da Qualidade de Comprimidos de Captopril 25mg: Comparação dos Resultados com as Recomendações da Farmacopeia Brasileira 4° Edição. Testes Peso Médio

Dureza

Friabilidade

Desintegração

Dissolução

Medicamentos A B C A B C A B C A B C A B C

Resultados

Farmacopéia

4,99%,

? 10%

34,35 N 37,95 N 38,8 N 0,38%; 0,83% 0,34% 3,27 min 0,42 seg 0,40 seg 98% 97% 96%

>30N

<1,5%

< 30min

90-110%

Legenda: A (Medicamento de Referência), B (Medicamento Genérico), C (Medicamento Similar)

CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, os comprimidos de Captopril testados estão aptos para utilização no tratamento da Hipertensão Arterial por apresentar parâmetros aceitáveis pela Farmacopeia Brasileira, 4º edição, no que diz respeito aos testes de Determinação do Peso Médio, Dureza, Friabilidade, Desintegração e Dissolução. REFERÊNCIAS SULTZER, H.K.; SILVA, M. A. S. Desenvolvimento e Avaliação de Comprimidos de Captopril de Liberação Prolongada. Latin American

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Journal of Pharmacy. n°26: 259-265, 2007. STRELEC, M. A. A. M.; PIERIN, A. M. G.; JUNIOR, D. M. A influência do Conhecimento Sobre a Doença e a Atitude Frente à Tomada dos Remédios no Controle da Hipertensão Arterial. Arq. Bras. Cardiol., volume 81 (n°4), 343-348, 2003. Farmacopeia Brasileira. Acessada em 02/04/11 às 17:03h. Disponível em www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeia/index. ZAITUNE, M. P. A.; BARROS, M. B. A.; CÉSAR, C. L. G.; CARANDINA, L.; GOLDBAUM, M. Hipertensão Arterial em Idosos: Prevalência, Fatores Associados e Práticas de Controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2006.

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COEFICIENTE DE CULTURA (KC) E EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA DE LIPPIA SIDOIDES CHAM

ELWIRA DAPHINN. SILVA MOREIRA¹; OTÁVIO DINIZ LOPES²; FLÁVIO GONÇALVES OLIVEIRA³; ERNANE RONIE MARTINS²

INTRODUÇÃO O alecrim pimenta Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae) é uma planta medicinal, originária do nordeste do Brasil, com ocorrência no semiárido mineiro. Apresenta grande diversidade de aplicações fitoterápicas, sendo: antimicrobiana, antiespasmódico, analgésicas e sedativas (SILVA; CASALI, 2000). O óleo, essência do alecrim pimenta, apresenta grande valor econômico, tornando-se alternativa para o aumento de renda da agricultura familiar. A deficiência hídrica está entre os estresses mais importantes, pois influencia vários processos metabólicos nas plantas (SILVA et al., 2002). Devido ao amplo potencial terapêutico da cultura, a crescente demanda da sua produção, e a carência de informações sobre suas exigências hídricas e desenvolvimento, fazem-se necessários estudos no que se refere à produção irrigada e à produção de óleo essencial. (SILVA; CASALI, 2000). OBJETIVO Este estudo visou determinar os coeficientes de cultura (Kc), eficiência do uso de água (EUA) do alecrim-pimenta em relação à produção de fitomassa e óleo essencial, nas condições do Norte de Minas Gerais. METODOLOGIA O experimento foi conduzido no ICA/UFMG, em Montes Claros, MG, de 1 Mestranda em Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG/ICA, Montes Claros- MG, daphinn@yahoo.com.br; 2 Prof. Doutor, UFMG/ICA, Montes Claros- MG; 3 Mestre em Produção Vegetal, UNIMONTES, Janaúba-MG.

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15/05 a 15/09 de 2009. Para determinação da lâmina d’água consumida pelas plantas, construiu-se um lisímetro de drenagem. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com sete lâminas de água (0,5; 0,75; 1,0; 1,2; 1,4; 1,65 e 1,9x ETo), e três repetições. A evapotranspiração potencial de referência utilizada no cálculo das lâminas de irrigação foi obtida pelo método de Penman Monteith, a partir dos dados climáticos obtidos da estação meteorológica automática instalada no ICA/UFMG. Foram avaliadas a evapotranspiração da cultura (ETc), a EUA, o Kc e a produção de óleo essencial das plantas. Avaliou-se semanalmente a altura da planta. Foi realizada a pesagem da parte aérea fresca e da matéria seca. O material fresco foi submetido à extração e à determinação do teor de óleo essencial, realizada por hidrodestilação em aparelho de Clevenger, por quatro horas. O resultado foi expresso em g de óleo por 100 g de matéria seca (MING et al., 1996). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de regressão. Os resultados foram interpretados estatisticamente por meio de análise de regressão.

FIGURA 1. Construção do lisímetro de drenagem FIGURA 2. Vista panorâmica do lisímetro

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados indicam que o alecrim-pimenta apresenta resposta positiva ao aumento da lâmina d’água aplicada, sendo a produção de biomassa e de óleo essencial, bem como a ETc mais elevadas nas maiores lâminas. O tratamento que foi responsável pelo maior índice de eficiência do uso da

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água, foi o tratamento 6 (1,65 x ETo), e 7,61 g m , e para a produção de óleo essencial o tratamento 7 (1,9 x ETo). O tratamento T7 apresentou melhor resposta para desenvolvimento e produtividade de óleo essencial (59,12 kg ha ) a partir do 120º dia após ter ocorrido o transplantio, e eficiência de uso de água para o óleo essencial. Os Kc médios determinados em todo o ciclo da cultura variaram de 0,98 na fase inicial, 1,20 no desenvolvimento vegetativo e 1,52 no florescimento. -3

-1

FIGURA 3. ETc do alecrim-pimenta em níveis crescentes de lâminas de água aplicadas.

FIGURA 4. ETc diária no período de 15/05/2009 a 15/09/2009 do alecrim-pimenta, submetido a níveis crescentes de lâmina d'água.

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FIGURA 5. Produção de óleo essencial da parte aérea do alecrim-pimenta em função da Etc.

FIGURA 6. Eficiência do uso de água de irrigação para a produção de matéria fresca em alecrim-pimenta em função das lâminas de água aplicadas, Montes Claros MG.

CONCLUSÃO A altura da planta, o diâmetro do caule e da copa, a produção de fitomassa e a produção de óleo essencial de alecrim-pimenta responderam positivamente à lâmina de água, nas condições do estudo. A evapotranspiração acumulada

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total da cultura apresentou tendência crescente em função das lâminas de água aplicadas durante seu ciclo de desenvolvimento. A evapotranspiração sazonal do alecrim-pimenta visando à maior produção de óleo essencial e de fitomassa foi de 783,84 mm (1,5.ETo) para as condições do norte de Minas Gerais na época de cultivo. AGRADECIMENTOS Aos financiadores CNPq; FAPEMIG e aos grupos de estudo GEMISA; SESU/PET. REFERÊNCIAS MING, L. C. Adubação orgânica no cultivo de Lippia Alba (Mill.) N. E. Br. Verbenaceae. In: MING, L. C., SCHEFFER, M. C., CORRÊA JÚNIOR, C., BARROS, I. B. I., MATTOS, J. K. A. Plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Botucatu: UNESP, 1998. 165-191 p. SILVA, F.; CASALI, V.W.D. Plantas Medicinais e Aromáticas: Pós colheita e óleos essenciais. Viçosa: UFV, 135p, 2000. SILVA, S. R. S.; DEMUNER, A. J.; BARBOSA, l. C. A.; CASALI, V. W. D.; EVANDRO A. NASCIMENTO, E. A.; PINHEIRO, A. L. Efeito do estresse hídrico sobre características de crescimento e a produção de óleo essencial de Melaleuca alternifólia Cheel. Acta Scientiarum Maringá, v. 24, n. 5, p. 1363-1368, 2002.

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ANTIPSICÓTICO CLOZAPINA: BOA RESPOSTA CLÍNICA E RISCO DE AGRANULOCITOSE

SANDOVAL LOPO DE ABREU¹, CÍNTIA BARROS DE QUEIROZ¹, DANÚBIA ANTUNES DO NASCIMENTO¹, JULIANO MELO MARQUES¹, FABRÍCIA VIEIRA DE MATOS¹

INTRODUÇÃO Muitos pacientes têm sido tratados com antipsicóticos desde a introdução destes na década de 1950. Embora os antipsicóticos tenham tido um impacto revolucionário benéfico na prática clínica e psiquiátrica, suas consequências, especialmente a associação quase constante dos neurolépticos mais antigos, típicos, com efeitos neurológicos extrapiramidais, também devem ser enfatizados. Os novos antipsicóticos são atípicos, apresentando menor risco de paraefeitos extrapiramidais. No entanto, essas novas drogas apresentam o risco de induzir supressão de precursores granulocíticos, culminando na redução marcante na contagem de neutrófilos, denominada agranulocitose. OBJETIVO Discutir a resposta terapêutica do antipsicótico clozapina e o risco de desenvolvimento de agranulocitose. METODOLOGIA Revisão de literatura a partir do site da Biblioteca Virtual de Saúde – BVS com os descritores “clozapina” e “agranulocitose”.

1

Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa encontrou 15 artigos com textos completos. Foram selecionados cinco artigos com informações relevantes de acordo com o objetivo do trabalho. A Esquizofrenia constitui o mais comum dos transtornos psiquiátricos graves. Aproximadamente 20 milhões de pessoas sofrem dessa doença no mundo. A incidência anual é de 2 a 4 por 10.000 indivíduos com idade entre 15 e 54 anos, não havendo diferenças significativas entre os países e os sexos. Os sintomas psicóticos comprometem a capacidade de trabalho e de relações interpessoais por toda a vida. Esses sintomas podem ser divididos em dois grandes grupos: positivos ou floridos e negativos ou defeituosos. Os primeiros são exacerbações de funções normais ou anormalidades e distorções e incluem delírios e alucinações, hiperatividade e hostilidade. Os sintomas negativos incluem discurso pobre, isolamento social, avolia, desmotivação e embotamento emocional. Alucinações, delírios, processos de pensamentos ilógicos ou incomuns e déficit na expressividade emocional e no funcionamento psicossocial são os sintomas mais frequentes. Antipsicóticos de segunda geração, incluindo clozapina, olanzapina, quetiapina, risperidona e, mais recentemente, aripiprazol e ziprazidona, são efetivos no tratamento da esquizofrenia, assim como os de primeira geração, como haloperidol, porém apresentando importante redução nos sintomas extrapiramidais. Entretanto, essas drogas têm sido relacionadas com significantes efeitos colaterais, como ganho de peso, distúrbios no metabolismo de lípides, intolerância à glicose e diabetes mellitus tipo 2 e agranulocitose . A clozapina, antipsicótico atípico , tem sua indicação restrita aos pacientes refratários ou que não toleram o tratamento com antipsicóticos clássicos . Apesar da superioridade da clozapina em relação aos antipsicóticos clássicos, o seu uso permanece limitado, devido ao risco de agranulocitose (neutrófilos + eosinófilos + basófilos < 500/mm ) que ocorre em 0,5-2% dos pacientes. O protocolo do laboratório responsável recomenda que, caso os valores de leucócitos sejam inferiores a 3.000/mm e/ou neutrófilos inferiores a 1.500/mm e/ou plaquetas inferiores a 100.000/mm , o tratamento seja interrompido definitivamente. Durante o tratamento, o controle hematológico deve ser realizado semanalmente até a 18ª semana e, posteriormente, uma vez por mês até o final do tratamento . 1

2

3

4

5

3

3

3

3

3

5

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CONCLUSÕES O presente estudo demonstra o valor clínico da clozapina no tratamento de transtornos psicóticos, para os quais costuma ter bons resultados, com melhora importante da sintomatologia dos pacientes psicóticos. No entanto, devido à conhecida associação com agranulocitose, o paciente e seus familiares devem ser informados sobre essa possibilidade e da necessidade de controle hematológico rigoroso. Dessa forma, qualquer sinal de infecção como fraqueza, febre, cefaléia, dor de garganta, ulcerações na mucosa oral e sinais de gripe, deve ser notificado ao médico. REFERÊNCIAS Cabral, C.G.; Neves, M.C.L.; Nicolato, R. Alterações hematológicas associadas ao uso de olanzapina após neutropenia por clozapina, Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(1):86-95 De Boni R.; Gama, C.S.; Lobato, M.I. Cardiomiopatia em paciente tratada com clozapina, Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(2):163-7 Gama, C.S.; Souza, C.M.S.; Lobato, M.I. Relato do uso de clozapina em 56 pacientes atendidos pelo Programa de Atenção à Esquizofrenia Refratária da Sec da Saúde e do Meio Amb do Estado do RS, Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.26 no.1 Porto Alegre Jan./Apr. 2004 Reis J. S.; RosÁRio, P.W.S. Diabetes Mellitus Associado com Drogas Antipsicóticas Atípicas: Relato de Caso e Revisão da Literatura, Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/3 Silveira, V.P.; Coutinho, D.M. Agranulocitose reversível induzida por Clozapina, Rev Bras Psiquiatr. 2006;28(2):158-65

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INFLUÊNCIA DA RDC Nº 13/2010 NA VENDA DA SIBUTRAMINA EM DROGARIAS DE REDE PRIVADA EM MONTES CLAROS-MG RIBEIRO, A.E.A,¹ MIRANDA, A.A,¹ RODRIGUES, D.A,² SANTOS, D. S. ²

INTRODUÇÃO A obesidade é considerada uma doença crônica, que abrange toda a população de ambos os sexos, faixas etárias, grupos socioeconômicos e culturais.¹²³.Os fármacos utilizados em tratamento adjuvante para combate a obesidade são chamados de psicotrópicos anorexígenos. No Brasil, a Portaria nº 344/98 discrimina sete substâncias como psicotrópicos anorexígenos. Com a atualização do anexo I, Listas de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial da Portaria Nº 344/98, realizada em 26 Março de 2010 (Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 13/2010), houve um remanejamento da substância sibutramina da lista “C1” para a lista “B2', porém a mesma não é considerada medicamento psicotrópico anorexígeno. ,

,

OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo analisar a influência da RDC Nº 13/2010 sobre a venda de Sibutramina em drogarias de rede privada de Montes Claros/MG. METODOLOGIA Realizou-se um estudo quantitativo e descritivo. Para coleta de valores foram utilizados dados de um sistema interno informatizado das drogarias participantes da pesquisa. Foram analisados números sobre a substância

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Discente do Curso de Farmácia – Faculdades Santo Agostinho - Montes Claros – MG. Docente do Curso de Farmácia – Faculdades Santo Agostinho - Montes Claros – MG.

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Sibutramina em 20 drogarias de rede privada de Montes Claros, dentre as 83 existentes no município. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a aprovação da RDC 13/2010 em 26 de março de 2010, a substância Sibutramina passou a ser comercializada apenas com a receita azul (B2), devido a regulamentação da referida resolução, esse medicamento passou a ser controlado pelo SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados) com intuito de diminuir o consumo em excesso dessa substância. Foi analisada a venda do medicamento sibutramina nos anos de 2008 a 2010, totalizando 3.072 caixas vendidas neste período. O ano de 2008 representa 36,4% de consumo do medicamento, o que equivale a 1.121 caixas vendidas. Em 2009 foram vendidas 1.397 caixas do medicamento, equivalendo 45,4% de vendas neste ano. Em 2010 foram comercializadas 554 caixas do medicamento, representando 18,03% de sua venda. De acordo com os dados analisados houve uma redução da venda de 78% entre o período de 2008 a 2010. Dentre as doze marcas comercializadas, as que destacaram foram a Sibutramina (Medley), a Ache (Biomag) e a Eurofarma (Sibus). Com a vigoração da RDC 13/2010, entre o período de 2008 a 2010, houve uma queda geral dos três laboratórios em questão, totalizando 77,99% das vendas do medicamento sibutramina. De acordo com os anos avaliados, o laboratório Medley teve 75,47% de queda das vendas do medicamento após a vigoração da RDC Nº 13/2010, o Ache (Biomag) houve uma queda de 73,20% e a Eurofarma (Sibus) uma queda de 89,90%. Abaixo os gráficos explicitando os resultados:

Fig 1: Distribuição da venda do medicamento Sibutramina entre o período de 2008 a 2010 Fonte: Dados do Sistema de Estoque das Drogarias participantes da Pesquisa

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% 90 80 70 60 50 2008 à 2010 40 30 Fig 2: Análise da venda por laboratórios após a vigoração da RDC Nº 13/2010 20 Fonte: Dados do Sistema de Estoque das Drogarias participantes da Pesquisa. 10 0 Medley CONCLUSÃO

Ache

Eurofarma

Com os dados obtidos, percebeu-se uma queda do consumo deste medicamento no ano de 2010, havendo também uma queda de vendas dos laboratórios Medley, Ache e Eurofarma, podendo ser um dos fatores a Atualização do Anexo I, da Portaria nº 344/98. A partir da RDC 13/2010, ficou restrita e controlada a venda da Sibutramina, devido à mudança de sua comercialização, passando a ser vendida somente com receita de cor azul (B2). Espera-se que, com a nova legislação haja uma redução do consumo de medicamentos emagrecedores, monitorando assim a sua comercialização. Conclui-se que, a necessidade do uso racional dessa classe de fármacos é de suma importância, e cabe a conscientização da classe médica no momento da prescrição e dos farmacêuticos no controle da dispensação. REFERÊNCIA OLDRA, F. Avaliação do uso de Medicamentos para o controle de peso por estudantes universitários de Erechim, 2008. 36f. Monografia (Titulação em Farmacêutica Bioquímica Clínica) – Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Campus de Erechim. Erechim, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução -RDC Nº 13, DE 26 DE MARÇO DE 2010. Disponível http://www.vigilanciasaude.com.br/controlado/rdc_13_30-032010_anvisa_lista_atualizada_portaria_344_controle_sibutramina_lista_

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B2.1.pdf. Acessado em 08/04/2011 às 14:30 horas. BRASIL. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Projeto Diretrizes - Obesidade: Tratamento, 2006. Disponível em http://www.projetodiretrizes.org.br/4_volume/ 24-Obesidade.pdf. Acessado em 04/04/2011 às 13:00 horas. ROSA, S.P. Análise de prescrições de medicamentos anorexígenos sujeitos a notificação B2 em farmácia Em Brasília: Associações medicamentosas e conformidade com a legislação. União Central do Planalto Educacional, Faculdades Integradas da União do Planalto Central – FACIPLAC, 2010.

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MEDICAMENTOS ORAIS VIA SONDA NASOENTERAL EM HOSPITAL DE MONTES CLAROS – MG

SILVÂNIA MAGDA OLIVEIRA SILVA1; 1 1 BRUNA LAGES NONATO ; JENIFER COSTA

INTRODUÇÃO As sondas nasoenterais constituem uma via alternativa para administração de medicamentos em pacientes cujo estado clínico o impossibilita de se alimentar e receber medicação via oral. A utilização de medicamentos por esta via requer cuidados rigorosos, desde o preparo à administração do mesmo. Segundo Dreyer et al (2004), quando é prescrito medicamento pela sonda nasoenteral, são necessários alguns cuidados mais rigorosos, pois existem medicamentos que não podem ser administrados através da sonda. Em virtude disso, para que a terapia medicamentosa seja bem-sucedida, fazse necessário trabalhar a utilização de medicamentos da forma mais otimizada possível, conhecer as particularidades de uso destes, a forma de administração e seus eventuais problemas e questões associadas à terapia medicamentosa (FERRACINI e FILHO, 2005). OBJETIVOS Esse estudo teve como objetivo principal realizar um levantamento do uso de medicamentos orais administrados através de sondas nasoentéricas, no Hospital Aroldo Tourinho, no período de agosto a setembro de 2010, e discutir mais detalhadamente as implicações dessa via de administração, sugerindo recomendações a fim de aperfeiçoar a farmacoterapia dos pacientes internados.

1

Faculdades de Ciências Biológicas e da Saúde – FACIBIOS; Faculdades Unidas do Norte de Minas.

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METODOLOGIA Foi realizado um levantamento do consumo de medicamentos orais administrados via sonda enteral em pacientes internados em um período de agosto a setembro de 2010 através da análise de prescrições médicas e prontuários. Com base nos dados da literatura pesquisada, sobre a viabilidade de fármacos por via sonda nasoenteral foram correlacionadas as formas sólidas de apresentação com a possibilidade de trituração dos medicamentos prescritos. A observação dos procedimentos técnicos dos profissionais da área de enfermagem foi feita através do acompanhamento dos mesmos nos postos de enfermagem, com o intuito de verificar a técnica de preparo e a administração dos medicamentos. A existência bem como o treinamento sobre o uso do manual de orientação foi verificada junto ao serviço de farmácia, e sua disponibilidade junto aos postos de enfermagem. As interações medicamentosas observadas foram de acordo com as descritas na monografia dos medicamentos consideradas nas referências contidas nesse estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO No período pesquisado foram aviadas 7.856 prescrições médicas, dessas, 166 prescrições que corresponde 2,11% continham medicamentos prescritos via sonda nasoenteral. Foram prescritos e analisados 41 tipos de medicamentos relacionados na tabela I. Os medicamentos padronizados dentro dos Hospital Aroldo tourinho, que são prescritos via sonda nasoenteral são fármacos da classe dos anti-hipertensivos vasodilatadores, anticonvulsivantes sedativos, diuréticos de alça, entre outros (CAETANO, 2010/2011). Quanto aos medicamentos mais utilizados foram selecionados um total de 6 medicamentos constantes no gráfico I. Dentre os mais utilizados o captopril e a fenitoína tiveram maior incidência de uso, sendo respectivamente anti-hipertensivo inibidor da enzima conversora de angiotensina e anticonvulsivante da classe das hidantoínas. Quando averiguado a respeito dos medicamentos que não poderiam ser administrados através da via sonda nasoenteral, foram listados, no quadro I, 7 medicamentos, o que corresponde a 17%. O quadro I demonstra que dentre os 41 tipos de medicamentos analisados, 7 não podem passar pelo processo de trituração, pois afeta a eficácia e estabilidade do mesmo, ou pode causar a obstrução da sonda. Depois de listados os medicamentos com

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impossibilidade de uso, via sonda nasoenteral, passou-se para a quantificação de prescrição dos mesmos, como pode ser observado no gráfico II. Apesar de não ser recomendada a utilização dos referidos medicamentos via sonda nasoenteral, números elevados de prescrições desses medicamentos foram encontradas. Para preparo dos medicamentos observou-se o uso de duas técnicas de preparo realizadas pelos técnicos de enfermagem, em diferentes clínicas, a trituração, para os medicamentos insolúveis e a diluição, para os medicamentos solúveis em água. Em relação às interações medicamento-alimento foram observados dois medicamentos, a fenitoína prescrita 56 vezes e a varfarina prescrita somente duas vezes, que apresentaram interação com a dieta, esta devendo ser interrompida antes e após a administração dos fármacos. (NEGRINI e LIMA, 2008). O gráfico III apresenta a porcentagem de medicamentos que foram utilizados de forma correta dentro do hospital. Pode-se observar que a porcentagem de medicamentos utilizados de forma correta dentro do hospital excede consideravelmente a quantidade dos medicamentos utilizados incorretamente. No entanto, por mais que apenas uma pequena quantidade de medicamentos esteja sendo utilizada de forma incorreta, é de suma importância que estes sejam observados. CONCLUSÃO Apesar de inúmeras informações contidas na literatura sobre o assunto, tanto médicos como profissionais da enfermagem não possuem os conhecimentos necessários sobre a utilização de medicamentos via sonda nasoenteral. Observou-se que por muitas vezes não havia um cuidado necessário para preparar e administrar os medicamentos. Sugere-se que seja elaborado um protocolo clínico para administração de medicamentos por sonda nasoentérica e que este esteja disponível para o corpo de enfermagem, contendo a conduta correta para o preparo dos medicamentos, administração e monitorização da terapia, realizando as devidas melhorias a fim de evitar complicações e desconforto ao paciente. REFERÊNCIAS DREYER, Elisabeth; Et Al. Manual realizado na Universidade Estadual de Campinas. Out/2004.

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FERRACINI, Fábio T.; FILHO, Wladimir M.B. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar: do planejamento à realização. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. CAETANO, Norival. BPR Guia de Medicamento. Ed: Escala, 2010/2011. NEGRINI, Neila M.M.; LIMA, Gisele. Assistência farmacêutica na administração de medicamentos via sonda: escolha da forma farmacêutica adequada. Trabalho realizado no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE. São Paulo. Dez/2008.

GRÁFICO I – Medicamentos mais utilizados via sonda.

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Tabela I Quantidade de medicamentos utilizada.

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QUADRO I – Medicamentos com impossibilidade de uso via sonda nasoenteral. Medicamentos Sólidos

Possíveis Causas

Amiodarona

Não há estudos sobre eficácia, segurança e farmacocinética. Alternativa: Ancoron® Gotas.

Atenolol Nifedipino Retard

Princípio ativo parcialmente solúvel em água Não deve se r triturado, pois perde as características de liberação controlada levando ao risco de toxicidade, manutenção inadequada do nível sérico do fármaco, além do risco de obstrução da sonda. Não há estudos sobre eficácia, segurança e farmacocinética. O comprimido possui núcleo que impede a liberação imediata do medicamento, causando alteração na eficácia. Não há estudos sobre eficácia, segurança e farmacocinética. Alternativa: Polaramine Solução. Medicamento possui revestimento e excipientes que podem obstruir a sonda quando macerados. Alternativa: Ranitidina Solução.

Nimodipino Pentoxifilina Dexclorfeniramina Ranitidina

GRÁFICO II – Quantidade prescrita de medicamentos que não podem ser administrados por sonda nasoenteral.

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Grรกfico III - Apresenta a porcentagem de medicamentos que foram utilizados de forma correta dentro do hospital.

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DANTROLENE SÓDICO: DROGA QUE MUDOU O CURSO DA HIPERTERMIA MALIGNA

DANÚBIA ANTUNES DO NASCIMENTO¹, CÍNTIA BARROS DE QUEIROZ¹, GUSTAVO NEIVA DA CUNHA MELO¹, JULIANO MELO MARQUES¹, SANDOVAL LOPO DE ABREU¹ INTRODUÇÃO Hipertermia Maligna (HM) é uma síndrome caracterizada por taquicardia, febre, rigidez muscular, taquipnéia, cianose e outros sinais de estado hipermetabólico¹. Essa patologia é desencadeada pelo uso de anestésicos voláteis - halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano e desflurano - e/ou pelo relaxante muscular despolarizante - succinilcolina. É uma doença rara, com alta letalidade e que com o advento do fármaco dantrolene sódico teve uma diminuição significativa na sua taxa de mortalidade. OBJETIVO Descrever Hipertermia Maligna e abordar o uso do dantrolene sódico como tratamento desta afecção. METODOLOGIA Pesquisa no site Google acadêmico utilizando os descritores “Hipertermia Maligna” e “Dantrolene”. RESULTADOS A pesquisa encontrou 17 artigos com os termos citados. Foram selecionados aqueles em português, cujos títulos condiziam com o tema em questão. HM é uma condição farmacogênica do músculo esquelético, ¹ Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.

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potencialmente letal, de caráter hereditário, geralmente autossômica dominante. Embora considerada doença primária do músculo esquelético, alterações em outros tecidos podem estar associadas à HM. Essa afecção apresenta incidência de 1:50.000 anestesias em adultos e 1:15.000 anestesias em crianças e está geralmente relacionada à Distrofia Muscular de Duchene e ao estrabismo. A HM geralmente é associada a uma disfunção do receptor de rianodina, um modulador do canal de cálcio do retículo endoplasmático, gerando uma liberação desordenada desse íon ao nível intracelular o que resulta numa contração muscular contínua e aumento do metabolismo glicolítico e aeróbio, produzindo excesso de CO2, ácido láctico e calor. Essa enfermidade pode manifestar-se de forma variável sendo que a rigidez do masseter, rabdomiólise, hipercarbia, taquicardia, taquipnéia, alteração da pressão arterial, disritmias, cianose, elevação da temperatura, rigidez muscular ou fasciculação são sinais clínicos frequentemente observados. O diagnóstico dessa síndrome pode ser feito durante anestesia ao se observar os sinais clínicos da doença, sendo que a biopsia muscular dará o diagnóstico definitivo da mesma. É notável que o diagnóstico precoce e o tratamento com o dantrolene sódico têm repercussão importante nessa afecção de tal forma que nos primeiros relatos dessa patologia observava-se uma taxa de mortalidade de 80% e que a partir do diagnóstico precoce e uso desse fármaco, foi possível reduzir essa taxa para menos de 7%. O dantrolene sódico, tratamento específico da HM, é um derivado hidatoínico, lipossolúvel, cuja forma de uso é apresentada em frasco ampola de 70 ml, contendo 20 mg de dantrolene, 3 g de manitol e hidróxidos de sódio suficientes para elevar o ph a 9,5 após diluição. Seu emprego deve ser instituído imediatamente após o diagnóstico e a primeira dose de 1 a 2 mg/kg por via venosa. Se necessário, essa dose pode ser repetida a cada 5 ou 10 minutos, num total de 10 mg/kg. Dependendo da gravidade do quadro, é prudente administrar dantrolene no pós operatório (infusão de 1 a 2 mg.kg1 a cada 4 horas) até alcançar a estabilidade do quadro clínico. O exato mecanismo de ação desse fármaco ainda está incerto, mas parece que o dantrolene sódico diminui os elevados níveis de cálcio intracelular, reduzindo o estímulo para a contração muscular e o excessivo metabolismo. Sua atuação, provavelmente, ocorre nas próprias células musculares ao invés das junções neuromusculares¹. Além desse fármaco, no tratamento da HM deve-se instituir hiperventilação com oxigênio a 100%, promover o controle de temperatura, acidose metabólica, débito cardíaco bem como remover os desencadeantes da patologia.

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CONCLUSÃO A HM, sendo uma patologia hereditária, faz com que seja importante a abordagem sobre a história familiar do paciente na avaliação pré-anestésica, bem como da resposta do paciente em cirurgias prévias, com o intuito de afastar uma possível complicação durante procedimento anestésico devido ao uso de anestésicos voláteis e de succinilcolina. Além disso, sabendo-se da letalidade da patologia e da capacidade do dantrolene sódico em atuar de forma a diminuir a mortalidade pela afecção, é preciso que se faça um diagnóstico precoce, tratamento rápido e que essa droga esteja sempre disponível em ambiente hospitalar. REFERÊNCIAS Leitão FBP, Cançado TOB. Hipertermia Maligna. Revista Brasileira de Anestesiologia, v.46, n.4, p.302-312, 1996. Hors CP, Garicochea B. Bases Genéticas da Hipertermia Maligna. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 49, n.4, p.277-281, 1999. Simões CM, Koishi GN, Rozatti M, Amaral JLG. Estamos Preparados para Diagnosticar e Conduzir um Episódio de Hipertermia Maliga? Revista Brasileira de Anestesiologia, v.53, n.2, p.248-257, 2003.

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AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE INDIVIDUALIZADA NA FARMÁCIA DA UTI NEONATAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTE FARIAANDRE FELIPE RUAS SPERANDIO , DAYMON LEDUHAN RODRIGUES TORRES , DAYANA ALENCAR RODRIGUES , DÉBORA SILVA SANTOS 1

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INTRODUÇÃO No meio hospitalar gastos com medicamentos estão entre os maiores custos para um adequado funcionamento e prestação de assistência à saúde com qualidade. A escolha de um correto sistema de distribuição de medicamentos na farmácia hospitalar está inteiramente relacionada aos custos dos mesmos, além de outras especificações. Segundo Wilken e Bermudez (1999), o sistema de distribuição de medicamentos é um dos mais importantes pontos dentre as atividades realizadas pela farmácia. Além disso, um sistema de distribuição bem estruturado permite ao farmacêutico maior controle sobre os medicamentos e o faturamento gasto por paciente, facilitando a observância de custos e o controle de gastos. Para a organização Pan-americana de saúde – OPAS, O sistema de distribuição de medicamentos deve ser: racional, eficiente, econômico, seguro e deve estar de acordo com a terapêutica prescrita, Sendo assim, o sistema de distribuição de medicamentos, em uma unidade hospitalar, é importante tanto tecnicamente quanto financeiramente, pois onera os gastos ao hospital. Segundo a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar - SBRAFH (2009) existem quatro tipos de sistema de distribuição de medicamentos sendo eles: o coletivo, individualizado, combinado e por dose unitária, citando a distribuição por dose unitária como a preferida.

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Discente do Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. 2 Docente do curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho.

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OBJETIVO O presente estudo teve como objetivo avaliar o sistema de distribuição de medicamentos por dose individualizada na farmácia da UTI Neonatal do Hospital Universitário Clemente Faria. METODOLOGIA Foi realizado um estudo retrospectivo das prescrições médicas da UTI Neonatal referentes aos meses de fevereiro e março de 2011. A partir deste estudo foi realizado um levantamento dos medicamentos utilizados nos esquemas de soroterapia, sendo eles o cloreto de potássio 10% 10 ml, cloreto de sódio 20% 10 ml, Glicose 5% 100 ml, Glicose 5% 250 ml, Glicose 5% 500 ml, Glicose Hipertônica 50% 20 ml e o Gluconato de cálcio 10% 10 ml. A partir deste levantamento foi analisado o consumo destes medicamentos, ou seja, a quantidade total dispensada pela farmácia e a quantidade real utilizada no paciente. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o levantamento realizado no período de fevereiro e março de 2011 da quantidade total dispensada pela farmácia e da quantidade real utilizada no paciente, foi observado um índice de desperdício de 74,2% do cloreto de potássio 10%, 82,2% do cloreto de sódio 20%, 45,8% da glicose 5% 100 ml, 41,7% da glicose 5% 250 ml, 34,8% da glicose 5% 500 ml, 59,1% da glicose hipertônica 50% 20 ml e 39,8% do gluconato de cálcio 10% (Figura 1). Pode-se observar que em todos os medicamentos descritos acima houve um valor bem elevado quanto ao desperdício, com alguns superando um índice maior que 50 %, ou seja, o índice de desperdício foi superior que a quantidade utilizada no paciente, demonstrando assim o alto grau de desperdício neste sistema de distribuição atual (figura 2). Este alto valor de desperdício na UTI Neonatal se reflete pelo fato das concentrações de fármacos utilizados para os pacientes neonatos serem muito pequenas, ou seja, a dosagem bem inferior do que a disponibilizada pela farmácia, pois pelo método de distribuição por dose individualizada adotado pela farmácia da UTI Neonatal, não é possível realizar uma fracionamento correto destes medicamentos, desta maneira havendo a necessidade de desprezar grande quantidade do mesmo.

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Figura 1: Gráfico referente ao índice de desperdícios dos esquemas de soros dos meses de fevereiro e março de 2011 na UTI Neonatal do Hospital Universitário Clemente de Faria.

Figura 2: Gráfico referente à quantidade de medicamentos utilizados x quantidades desperdiçadas dos esquemas de soros dos meses de fevereiro e março de 2011 na UTI Neonatal do Hospital Universitário Clemente de Faria.

CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que o sistema de distribuição por dose individualizada não é o mais adequado para a farmácia

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da UTI Neonatal, pois o seu fluxo favorece a um grande índice de desperdício de medicamentos, automaticamente elevando os custos com os mesmos. Lembrando que neste primeiro momento essa pesquisa se restringiu apenas a medicamentos referentes aos esquemas de soros, mas essa pesquisa pode se estender para quaisquer outros medicamentos sejam eles injetáveis líquidos ou comprimidos. Este valor elevado de desperdício poderia ser minimizado se fosse implantado um sistema mais moderno, ou seja, o sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária. REFERÊNCIAS CAVALLINI, Miriam Elias;BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia Hospitalar: um enfoque em sistema de saúde. 2°ed.Barueri SP:manole,2010. NOVAIS, Maria Rita et al.Guia de Boas Práticas em Farmácia Hospitalar e Serviço de Saúde - Sbrafh. São Paulo:Ateliê Vide o Verso,2009. WILKEN, P.R.C; BERMUDEZ J.A.Z. A Farmácia no hospital: como avaliar?.Rio de Janeiro: Editora Ágora da Ilha,1999.

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A INSERÇÃO DO FARMACÊUTICO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA - VISÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR SANTOS, DÉBORA SILVA1

INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde criou em 1994 o Programa Saúde da Família (PSF) visando à reorientação do modelo assistencial do Brasil e à valorização da Atenção Básica. A partir da Portaria nº 648/06 passa a ser denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF), sinalizando para sua concepção mais ampla, voltada para as especificidades loco - regionais, para o trabalho intersetorial e para a valorização dos saberes e práticas de interdisciplinaridades. Nesse contexto, várias experiências exitosas foram registradas de incorporação do farmacêutico na Atenção Básica, permitindo a ampliação de seu campo de atuação, historicamente vinculado à dispensação de medicamentos, para atuar também na promoção da saúde e na prevenção de agravos. No entanto, o número insuficiente de profissionais na rede assistencial, as dificuldades de inserção dos farmacêuticos no sistema de saúde e o desconhecimento da equipe multiprofissional sobre a atuação desse profissional ainda limitam sua atividade na atenção básica. OBJETIVO Este estudo objetivou identificar as visões da equipe multidisciplinar da ESF do município de Porteririnha – MG sobre a inserção do profissional farmacêutico nesse sistema.

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Docente do Curso de Farmácia – Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho - Montes Claros – MG – Brasil

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METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa transversal e descritiva, de abordagem quantitativa. Vale-se da aplicação de um formulário elaborado pela autora a 54 profissionais das equipes de Estratégia Saúde da Família do município de Porteirinha – MG, aprovado pelo comitê de ética RESULTADOS E DISCUSSÕES Os entrevistados tinham como características predominantes a faixa etária de 25 a 30 anos, sexo feminino e profissão de Agente Comunitário de Saúde nas equipes de ESF. Todos os entrevistados consideraram importante a interação entre os profissionais da equipe da ESF. Dos entrevistados, 40,74% afirmaram que a sua equipe não está completa, sendo o farmacêutico, o profissional mais mencionado pelos entrevistados para compor a equipe, visto que aproximadamente 84% dos indivíduos envolvidos na pesquisa afirmaram ter farmácias nas unidades de saúde em questão, porém não existe farmacêutico atuando neste setor e quem se responsabiliza por atividades associadas à farmácia são os enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Mesmo não existindo um conhecimento amplo sobre o papel da Farmácia, a maioria dos entrevistados (96%) considerou benéfica a inserção do farmacêutico na equipe das ESF. CONCLUSÃO O objetivo foi alcançado e conforme os resultados obtidos é possível concluir que com a ausência de farmacêuticos na Rede Municipal de Saúde e os benefícios que a equipe de saúde poderia auferir a partir de uma concepção menos restrita deste profissional, propõe-se dentro da lógica de valorização da participação popular na Atenção Básica, uma maior divulgação do campo potencial de atuação da Farmácia na Atenção Primária junto a esse segmento, atuando por meio de ações articuladas com as equipes de forma a qualificar cada vez mais a assistência no Sistema Único de Saúde.

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REFERÊNCIAS RICIERI, M. C. O Farmacêutico no Contexto da Estratégia em Saúde da Família, Que Realidade é esta?. Paraná, 2006. OPAS – ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Avaliação da Assistência Farmacêutica no Brasil: estruturas, processos e resultados. Ministério da Saúde. Brasília, 2005. GOMES, C.A.P. A assistência farmacêutica na atenção básica à saúde.Belo Horizonte: Fundação Ezequiel Dias, 2007. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. A assistência farmacêutica no SUS. Brasília, 2010.

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O USO DE MEDICAMENTOS POR PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL

SOUZA, G.S1; MATTOS A.A; 1 SANTOS D.S2; RODRIGUES, D.A2

INTRODUÇÃO De acordo com o censo de 2000 realizado pelo IBGE, 24,5 milhões de brasileiros eram portadores de algum tipo de deficiência, ou seja, 14,5% da população nacional. Desse total, 48,1% possuem deficiência visual e pertencem predominantemente às camadas mais desfavoráveis da sociedade brasileira e menos atingidas pelas políticas sociais. Entretanto, estudos de base populacional a respeito de consumo de medicamentos entre pessoas com deficiência são raros também devido ao custo e tempo. Os padrões de consumo de medicamentos entre os deficientes visuais proporcionam bases para o planejamento das ações em assistência farmacêutica e para o direcionamento de políticas assistenciais, sendo assim, a determinação do padrão de consumo de medicamentos por pessoas com deficiência visual pode contribuir para uma melhor farmacoterapia da saúde desses grupos de pessoas, melhorando não somente a sua saúde como também a sua qualidade de vida (BRASIL, 2000). OBJETIVO Avaliar o uso de medicamentos por portadores de deficiência visual.

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Discente do departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Docente do departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

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METODOLOGIA A pesquisa foi realizada na Associação de Deficientes Visuais de Montes Claros (Adevimontes) que atende 97 portadores de deficiências visuais já cadastrados. A coleta de dados foi realizada no dia 18 de abril de 2010 por meio de um formulário com questões fechadas que visaram conhecer a qualidade de vida dos deficientes visuais e acompanhar o uso de medicamentos quanto à aquisição e administração de algumas formas farmacêuticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os 47 entrevistados 57,50% são do sexo masculino e 42,10 % do sexo feminino. Do total de participantes 91,50% fazem o uso de medicamentos. Dentre as classes terapêuticas mais usadas o antiinflamatório é o medicamento mais consumido 27,65%, os medicamentos de controle especial com 12,76%, os anti-hipertensivos com 19,14%, os antibióticos com 4,25% e os antidepressivos com 17,02. Os antiinflamatórios podem ter seu maior uso justificado pela ocorrência frequente de dores e inflamações relacionado à idade, pois com o passar dos anos o limiar de dor se altera e mudanças na terapia com anti-inflamatórios se fazem necessárias. Dentre os entrevistados; 24 deles responderam que necessita da ajuda de familiares para fazer uso de medicamentos nos horários estabelecidos pelo médico; e 30 deles responderam que a maior dificuldade para a compra do medicamento é a falta de informações em braile nas respectivas embalagens. CONCLUSÃO Concluiu-se que existe uma grande quantidade de pacientes com problemas visuais que têm dificuldades para administrar corretamente os medicamentos. Alguns fatores interferem no processo do aprendizado do sistema Braille, pois apesar das medidas que estão sendo adotadas pelos laboratórios farmacêuticos de adaptar as embalagens para a impressão em Braille, a maioria dos deficientes visuais não sabem ler em Braille e esse é um problema grave quanto ao uso seguro de medicamentos, cuja identificação equivocada deste, a dosagem e horários inadequados e a percepção de reações adversas que afetam negativamente a qualidade de vida do paciente,

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aumentam custos, podendo também dificultar o sucesso da farmacoterapia. Essa grande limitação do acesso à informação sobre produtos farmacêuticos é um fato importante que contribui para o uso inadequado de medicamentos. O farmacêutico deve orientar o seu trabalho para as verdadeiras necessidades do deficiente visual, através da compreensão e da ajuda nas situações em que o uso da visão é solicitado, deve estar consciente de sua responsabilidade em contribuir para a diminuição das desigualdades e o incentivo à elevação da autoestima que faz com que certas limitações sejam superadas e o paciente perceba que sua deficiência não é incapacitante e tão pouca uma doença, deve também orientar quanto ao uso de medicamento e os perigos da automedicação. REFERÊNCIAS ISAAC, M. J. P. (tradutora) As Deficiências Visuais – Deficiências e Adaptações, Ed. Manole, SP, 1989. MINAYO MCS, Hartz ZMA, Buss PM. Qualidade de vida em saúde: um debate necessário. Ciência da Saúde Coletiva 2000; 5:7-18. BITTENCOURT ZZLC, Alves Filho G, Mazzalli M, Santos NR. Qualidade de vida em transplantados renais: importância do enxerto funcionante. Rev. Saúde Pública 2004; 38: 732-4. FORTES, Paulo Antônio de Carvalho. Ética e saúde: questões éticas. Deontológicas e legais. Tomada de decisões. Autonomia e direitos do paciente. Estudo de caso. São Paulo: E.P.U., 1998.119p. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica Programa Saúde Família. Brasília, 2000.

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AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA EM GESTANTES E LACTANTES NO NÚCLEO DE ATENÇÃO À SAÚDE PRÁTICAS PROFISSIONALIZANTES (NASPP) EM MONTES CLAROS-MG

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MLHEIRO, S. F. A ; MAIA, T. B & EDUARDO, A. M de L e N

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INTRODUÇÃO Assistência Farmacêutica é uma prática profissional em que o farmacêutico atende às necessidades dos pacientes relacionados aos medicamentos, levando à promoção, prevenção e recuperação da saúde (Brasil, 2004). Apesar da evolução farmacológica, ainda há falta de informação adequada, o que leva as gestantes a adotarem comportamentos de risco que podem ser prejudiciais ao bebê. Quanto às lactantes os efeitos causados podem ser a inibição ou estimulação da lactação ou até mesmo excretar medicamentos consumidos para o leite causando efeitos adversos na criança. Por fim, é importante a conscientização das gestantes e lactantes acerca dos malefícios que os fármacos podem causar quando mal administrados. Também é importante ressaltar que não deve interromper de forma desnecessária a amamentação frente aos benefícios que pode trazer para o bebê. OBJETIVO Avaliar a assistência farmacêutica prestada a gestantes e lactantes no Núcleo de Atenção à Saúde de Práticas Profissionalizantes (NASPP). MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado no Centro de Saúde Vila Oliveira NASPP conhecido apenas como Núcleo de Atenção à Saúde e de Práticas Profissionalizantes (NASPP) tendo como universo da pesquisa as gestantes e lactantes que 1 2

Acadêmicas das Faculdade de Farmácia, FIP-MOC, Farmacêutica e Docente das FIP-MOC

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fazem acompanhamento no NASPP. O estudo realizado foi do tipo quantitativo e descritivo e o instrumento utilizado foi um questionário, aprovado pelo comitê de ética. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundos os dados obtidos referente ao trimestre de gestação, 28% apresentaram estar no 1° trimestre, 20% representando o 2° e 24% o 3° trimestre, sendo que dentre as lactantes estavam 28%. De acordo com Carmo (2003) e Baldon et al (2006) o período da gestação é um fator importante quanto à ingestão de medicamentos, pois é nesta fase fetal que ocorre a formação dos sistemas cardiovasculares e nervosos e ocorrem as alterações mais pronunciadas na fisiologia feminina com crises de enjôos, cefaléias, edema e hipertensão. Diante dos resultados obtidos pode-se analisar que 60% das entrevistadas não guardam medicamentos em casa, mas por outro lado, 80% destas fazem uso de medicamentos sem prescrição médica. No entanto, 40% das gestantes ou lactantes que guardam medicamentos em casa, apenas 20% utilizam medicamentos sem prescrição. Em relação aos principais sintomas que levaram ao uso de medicamentos na fase gestacional e/ou amamentação, 14,3% indicaram anemia, 21,4% náuseas, 28,6% dores e carência nutricional e 7,1% início de aborto. Tais dados confirmam com os principais medicamentos que as participantes da pesquisa utilizaram, representando 43,8% de vitaminas e 25% de analgésicos. Como maior objetivo da pesquisa é avaliar a assistência farmacêutica, observou-se que 54,17% das entrevistadas receberam orientação necessária do farmacêutico do NASPP sobre o uso dos medicamentos, contra apenas 45,83% disseram que não, e ficaram satisfeitas com as informações dadas 90%. CONCLUSÃO O nosso objetivo foi alcançado e de acordo os resultados obtidos devemos sempre lembrar que a gestação é o momento mais sublime na vida do casal e, particularmente, da mulher. É um período que expira cuidados especiais, acompanhamento médico e assistência farmacêutica inclusive no pós-parto. Dessa forma, o papel do farmacêutico prestando assistência farmacêutica é de fundamental importância para que os fármacos utilizados não tragam malefícios para a mulher. Suas orientações previnem reações adversas,

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abandono do tratamento e automedicação. Este acompanhamento farmacêutico garante uma gestação e/ ou lactação seguras e eficientes. REFERÊNCIAS BALDON, J. P. et al. Conhecimento e atitudes de farmacêuticos comunitários na dispensação de medicamentos para gestantes. Paraná, Pharmacy Practice, v. 4, n.1, p. 38-43, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução CNS n 338, de 06 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 maio 2004. o

CARMO, T. A. Medicamentos e Gravidez. Rev. Saúde, Piracicaba, v.5, n.10, p. 55-61, 2003.

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DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBANOS DE CEPAS DE ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DE UROCULTURAS ANDRÉIA FARIAS ALQUIMIM, PRISCILA MARIA ANDRADE DE PRINCE, KARINA ANDRADE DE PRINCE, RAÍSSA KATHERINE RODRIGUES, HUMBERTO MEIRA ANANIAS

INTRODUÇÃO As infecções do trato urinário (ITU) são definidas como a presença de microrganismos no trato urinário, podendo localizar-se desde a uretra até os rins. Dentre as doenças infecciosas, as ITU figuram como a segunda causa mais comum na prática clínica e acometem homens e mulheres em qualquer idade [1]. O principal agente comunitário e nosocomial é a Escherichia coli (53-72%) [2]. Tem-se observado aumento considerável no número de bactérias resistentes aos antimicrobianos, sendo as quinolonas fluoradas a terapêutica empírica mais utilizada no nosso meio [3]. O conhecimento epidemiológico das ITU e do padrão de sensibilidade/resistência dos agentes causais cresce em importância diante da falha no tratamento, que na maioria das vezes é empírico, sendo que o teste de sensibilidade a antimicrobianos orienta a nova conduta terapêutica [4]. OBJETIVO A urocultura quantitativa avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, não só indica a ocorrência de multiplicação bacteriana no trato urinário, como também permite o isolamento do agente etiológico e o estudo de sua sensibilidade aos antimicrobianos através do antibiograma, o qual irá trazer subsídio para a conduta terapêutica. Com isso, o objetivo deste trabalho foi determinar o perfil de susceptibilidade a antimicrobianos de cepas de E. coli isoladas de uroculturas.

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Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros/MG

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MÉTODOS/PROCEDIMENTOS Para a realização deste trabalho, foram coletadas 50 amostras de urina provenientes de pacientes com suspeita de infecção do trato urinário (ITU). As amostras foram coletadas através da técnica do jato médio, em frascos estéreis, após a assepsia da região genital. Após a coleta das amostras, realizou-se a urocultura utilizando os meios ágar Cled e ágar MacConkey. As uroculturas positivas foram identificadas através dos métodos convencionais e as cepas de E. coli isoladas submetidas ao teste de susceptibilidade a drogas. O trabalho foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética da Unimontes. RESULTADOS Das 50 amostras analisadas, 32 amostras (64%) apresentaram urocultura positiva, sendo que em 15 amostras (47%) foram identificadas a E. coli. Das 15 cepas de E. coli submetidas ao antibiograma, 14 (93%) foram sensíveis à ofloxacina, levofloxacina e ciprofloxacina; 13 (87%) foram sensíveis à nitrofurantoína; e 12 (80%) foram sensíveis à norfloxacina e ao ácido pipemídico. Uma das cepas analisadas (7%) apresentou sensibilidade intermediária à nitrofurantoína. No entanto, 3 (20%) apresentaram resistência à norfloxacina e ao ácido pipemídico; 2 (13%) apresentaram resistência à nitrofurantoína; e 1 (7%) apresentou resistência à levofloxacina, ofloxacina e ciprofloxacina. CONCLUSÃO Como demonstrado neste estudo, os maiores níveis de resistência das cepas de E. coli foram à norfloxacina e ao ácido pipemídico, sendo os antibióticos mais utilizados na terapêutica das ITU. Assim o uso indiscriminado e constante do mesmo antibiótico, principalmente em infecções recorrentes, pode induzir a resistência microbiana desta bactéria. O conhecimento do padrão local da resistência bacteriana é de fundamental importância na orientação da escolha adequada dos antibióticos empíricos para tratamento dos pacientes com ITU.

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REFERÊNCIAS [1] SEIJA, D. V. Etiología de la infección urinaria de adquisición comunitaria y perfil de susceptibilidad de Escherichia coli a los principales agentes antimicrobianos. Rev. Méd. Uru., Montevideo, v. 26, n. 1, Mar. 2010. [2] GROSSMAN, E; CARONI, M. M. Infecção urinária na adolescência. Rev. Adol. Sau. São Paulo, v. 6, n. 4, Out. 2009. [3] DAMASCENO, D. D; TERRA, F. S; LIBÂNIO, S. C. Profile of the antimicrobial resistance in the urinary tract infection in a hospital,. Holos, v.1. 2011. [4] ERB, A. et al. Prevalence of antibiotic resistance in Escherichia coli: overview of geographical, temporal, and methodological variations. European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases, v. 26, n. 2, p. 83-90. 2007.

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MAIONESE – PRINCIPAL ALIMENTO ENVOLVIDO EM SURTOS DE INFECÇÕES ALIMENTARES: UMA REVISÃO

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NATHÁLIA FERNANDES FONSECA ; CELY VIEIRA ; EDSON RABELO CARDOSO1,2; POLLYANNA ÁLVARO SPÓSITO1,3

INTRODUÇÃO A alimentação é um importante veículo na disseminação epidemiológica de enfermidades. A conservação inadequada dos alimentos possibilita a proliferação de micro-organismos que podem ocasionar infecções. Doenças transmitidas por alimentos (DTA) são, ainda, um importante e generalizado problema de saúde pública, tanto nos países em desenvolvimento como em países desenvolvidos, tendo merecido crescente atenção pela elevada frequência e gravidade (MARTINS et al., 2008). Uma vez que um dos componentes básicos da maionese são os ovos, a probabilidade de desenvolvimento de micro-organismos é elevada, sendo este produto um dos principais veículos das DTA humanas. OBJETIVO Este artigo teve por objetivo ressaltar a importância da maionese como principal alimento causador de surtos de infecções alimentares e apresentar as principais medidas de controle e prevenção destas infecções. REVISÃO DE LITERATURA As DTA são causadas por agentes, os quais penetram no organismo humano através da ingestão de água ou alimentos contaminados. Estes agentes podem ser químicos, como pesticidas e metais tóxicos ou ¹ Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. 2 Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). 3 Faculdades Integradas Pitágoras.

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biológicos, como micro-organismos patogênicos. As toxinfecções alimentares de origem microbiana são as mais frequentes (NOTERMANS & VERDEGAAL, 1992). A maionese é a campeã invicta em número de surtos de intoxicação alimentar no Brasil. Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2001 ela esteve envolvida em 19,4% dos casos. Os principais micro-organismos encontrados foram: Bacillus cereus, Campylobacter jejuni, alguns sorovares de Salmonella, Shigella flexneri, Shigella sonnei, Escherichia coli O157:H7, Vibrio cholerae, vírus da hepatite A e Norwalk (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL - SENAC, 2001). No Brasil, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), de 1999 a 2002 ocorreram 25.281 óbitos por DTA, com uma média de 6.320 óbitos/ano (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE 2006). Dentre os fatores desencadeadores de doenças transmitidas por alimentos, destacam-se os manipuladores, em consequência do seu envolvimento em todas as etapas do processo produtivo de alimentos, visto que, por meio deles pode ocorrer a disseminação de micro-organismos, deteriorantes e/ou patogênicos, principalmente se forem portadores de algum patógeno ou não respeitarem hábitos adequados de higiene pessoal. Entre estes se sobressaem a correta antissepsia das mãos, antes de qualquer procedimento, aliada à higienização adequada de seus instrumentos de trabalho, como utensílios e equipamentos (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). CONCLUSÃO A identificação e investigação de surtos causados pela maionese é um componente essencial na prevenção e no controle das DTA. Uma vez que mediante esses dados torna-se possível a implementação de políticas de saúde públicas eficazes como também uma fiscalização por parte dos órgãos competentes direcionada aos estabelecimentos distribuidores deste alimento. O ponto principal para que ocorram melhorias em relação aos produtos adicionados de maionese consiste na conscientização dos proprietários,

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seus funcionários e clientes quanto à qualidade do processo de produção e armazenamento desse alimento. Esses procedimentos devem ser objetos constantes de fiscalização e melhorias, pois qualquer refeição oferecida ao consumo deve estar segura sob o ponto de vista higiênico-sanitário, garantindo assim a manutenção da saúde dos consumidores e consequentemente confiabilidade de mercado. REFERÊNCIAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2001. Resolução RDC n 12, de 2 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de janeiro de 2001. Disponível em <http://www.abic.com.br/arquivos/leg_resolucao12_01_anvisa.pdf>. °

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância epidemiológica das doenças transmitidas por alimentos no Brasil, 1999 – 2004. Ano 5; n. 06; 28/12/2005. Disponível em http:// portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ bol_epi_6_2005_corrigido.pdf. [Acessado em 20 de agosto de 2006]. MARTINS, L. L. et al. Avaliação do perfil bacteriológico de salsichas tipo “hot dog” comercializadas em embalagens a vácuo e a granel em supermercados dos municípios Rio de Janeiro e Niterói, RJ/Brasil. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.) [online]. 2008, vol.67, n.3, pp. 215-220. ISSN 0073-9855. NOTERMANS, S.; VERDEGAAL, A. H. Existing and emergin foodborne diseases. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v. 15, p. 197-205, 1992. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL SENAC. Manual de elementos de apoio para o sistema APPCC. Rio de Janeiro: SENAC/Departamento Nacional, 2001.

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UMA ANÁLISE DO PERFIL E CONSUMO DOS ANTIMICROBIANOS PROCURADOS NUMA FARMÁCIA PRIVADA DE MONTES CLAROS/MG

DAINHANY JANAYNE GUSMÃO ANDRADE; LÍCIO FÁBIO SOARES VELOSO & THAÍSA VIEIRA ANTUNES

INTRODUÇÃO As doenças infecciosas são combatidas com a utilização de antimicrobianos, sendo o seu uso adequado uma das principais causas de preocupação mundial. Segundo Castro e Ferreira (2002), essas drogas estão entre as mais frequentemente prescritas em hospitais. Sabe-se que a qualidade das prescrições contendo substâncias antimicrobianas tem um papel fundamental para preservar a efetividade dos fármacos disponíveis, já que o uso abusivo e indiscriminado desses medicamentos pode levar à emergência e aumento da resistência microbiana (FUNCHS, 2004; RODRIGUES & BERTOLDI, 2011). Vários fatores influenciam a prescrição inadequada, tais como, a falta de conhecimento e expectativas, tanto dos prescritores como dos pacientes, fatores econômicos e culturais, além de características relacionadas ao sistema de saúde, principalmente dos países em desenvolvimento. A ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a RDC n° 20, de 5 de maio de 2011, que estabelece regras para comercialização e dispensação, determinando que medicamentos antimicrobianos, isolados ou em associação, ficam sujeitos à retenção de receita e escrituração em farmácias e drogarias (BRASIL, 2011). OBJETIVO Descrever o perfil dos antimicrobianos procurados em uma farmácia privada de Montes Claros/MG com e sem prescrição médica, analisando a quantidade consumida.

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METODOLOGIA Realizou-se um estudo em uma farmácia privada do município de Montes Claros-MG, durante o mês de abril de 2011. Foram analisadas todas as prescrições médicas atendidas e prevalência de antimicrobianos dispensados com e sem receita médica. Além disso, o presente estudo buscou analisar quais os antimicrobianos mais frequentemente dispensados e suas respectivas quantidades. RESULTADOS E DISCUSSÃO As amoxicilinas foram os antimicrobianos mais dispensados, em seguida ficaram a azitromicina, o norfloxaxino e os colírios antimicrobianos. O alto consumo de antimicrobianos durante o período em estudo é resultado da ausência de uma política de controle dos medicamentos prescritos e da falta de acompanhamento por profissionais de saúde. Dessa forma, pode-se perceber que para um controle mais efetivo deste consumo, deve-se assumir uma política de vigilância sobre as prescrições deste grupo de medicamentos. Quanto ao uso de medicamentos dispensados sem receita médica teve destaque a amoxicilina, azitromicina e o norfloxacino, o que evidencia que os balconistas seguem o padrão das receitas médicas. Houve a presença da sulfametazol + trimetropina o que é justificável por seu baixo custo. Tal fato representa um perigo à saúde pública, já que este medicamento apresenta diversos efeitos colaterais quando comparado a outros fármacos desta classe, além do risco de causar resistência bacteriana. Os medicamentos procurados e não dispensados são aqueles que possuem embalagens com número menor de comprimido, não atendendo as exigências da nova RDC 44/2010 (suspensa e substituída pela RDC 20 de 09/05/2011 que determina as mesmas exigências da RDC 44/2010, porém enfatiza o papel do profissional farmacêutico na orientação do paciente) que estabelece tratamento de no mínimo sete dias. O número de medicamentos dispensados sem receita medica é praticamente igual ao número de medicamentos aviados com receita médica, demonstrando mais uma vez a falta de controle destes fármacos.

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CONCLUSÃO A nova RDC 20/2011 não está sendo cumprida na íntegra, o que demonstra um descaso com a saúde. Também é perceptível a falta de compromisso dos profissionais da área, tendo em vista o não acompanhamento do tratamento e a falta de orientação no momento da dispensação, isso devido à ausência de profissionais qualificados em estabelecimentos de saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº. 20, de 05 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. Diário Oficial da União 2011. CASTRO MS, Pilger D, Ferreira MBC, Kopittke L. Tendências na utilização de antimicrobianos em um hospital universitário, 1990-1996. Rev. Saúde Publica, v. 36, n. 5, p. 553-558, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v36n5/13143.pdf. Acesso: 12 de maio de 2011. Fuchs FD; Wannmacher L; Ferreira MBC. Princípios gerais do uso de antimicrobianos. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 342-359. RODRIGUES, Fernanda d’Athayde e BERTOLDI, Andréa Dâmaso. Perfil da utilização de antimicrobianos em um hospital privado. Ciênc. saúde coletiva [online], v.15, n. 1, pp. 1239-1247, 2010. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v15s1/033.pdf. Acesso em: 12 de maio de 2011.

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ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES MÉDICAS EM HOSPITAL DO NORTE DE MINAS GERAIS

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BERNARDO ASSIS ROCHA , ELLEN CAROLINE PAULA DIAS , POLLYANNA ÁLVARO SPÓSITO1,2, WALDEMAR DE PAULA 1,3 JÚNIOR INTRODUÇÃO A prescrição é o ato de definir o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a respectiva dosagem e duração do tratamento. Em geral, esse ato é expresso mediante a elaboração de uma receita médica. As prescrições podem ser classificadas em: manuais, eletrônicas e verbais. É um procedimento que envolve a união de vários profissionais: médicos, farmacêuticos e enfermeiros estando sujeitos a advertências propostas pela Legislação Brasileira obtida através de Leis Federais e Resoluções da Vigilância Sanitária. Fatores como ilegibilidade, presença de medicamentos suspensos ou com a mesma indicação, ausência de data, carimbo ou assinatura do médico são erros que contribuem para o uso incorreto dos medicamentos prejudicando a saúde do paciente hospitalizado, podendo acarretar até a sua morte. É de essencial importância que haja informações suficientes na prescrição para um bom entendimento entre os profissionais da saúde, evitando erros no fornecimento ou na administração dos medicamentos. OBJETIVO Analisar as prescrições médicas em um Hospital do Norte de Minas Gerais.

¹ Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. Faculdades Integradas Pitágoras; 3Departamento de Fisiopatologia da Universidade Estadual de Montes Claros.

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METODOLOGIA Foi realizada uma análise de caráter quantitativo/qualitativo e com coleta retrospectiva de dados, baseada em anormalidades contidas nas prescrições médicas de pacientes internados no Hospital Doutor Gil Alves, localizado na cidade de Bocaiuva-MG. Foram analisadas 315 prescrições recebidas entre os meses de janeiro e março de 2011. RESULTADOS E DISCUSSÃO A prescrição médica simboliza uma importante dimensão no processo terapêutico. Neste trabalho foram analisadas 315 prescrições recebidas na farmácia hospitalar. Os resultados estão apresentados nas Figuras 1 e 2. Foram observados erros relacionados a: nome e dados do paciente, ilegibilidade e identificação do profissional prescritor (Figura 1). A ocorrência de erros é inerente ao ser humano, portanto os profissionais de saúde são passíveis de cometê-los. Sendo assim, esforços devem ser implementados na tentativa de conhecer e explorar tais eventos, com a finalidade de desenvolver estratégias para a prevenção e promoção da segurança do paciente. Os erros observados referem-se a procedimentos simples e não diretamente relacionados ao processo terapêutico em si. Portanto são mais fáceis de serem corrigidos. O uso de tecnologia no gerenciamento da terapia medicamentosa está associado a reduções de erros potenciais. A prescrição informatizada confere melhor estruturação e legibilidade, aumentando assim a segurança dos itens prescritos. A Figura 2 mostra a distribuição mensal das anormalidades mais frequentes encontradas nas prescrições médicas no Hospital em estudo. Existem diferenças relacionadas aos meses estudados em determinados erros observados. Embora não tenha sido avaliado o porquê dessa variação, outros trabalhos necessitam ser desenvolvidos para tentar diminuir a taxa de erros independentemente do fator envolvido nas suas variações. Este trabalho refere-se somente a erros de prescrição, mas os outros erros relacionados a medicamentos como dispensação e administração também merecem atenção. Afinal somente com a interação eficiente dos três profissionais: médicos, farmacêuticos e enfermeiros, é que o paciente se encontra mais seguro em relação ao uso de medicamentos.

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Figura 1: Anormalidades mais Frequentes Encontradas nas Prescrições Médicas do Hospital Doutor Gil Alves em Bocaiuva-MG.

Figura 2: Distribuição Mensal das Anormalidades mais Frequentes Encontradas nas Prescrições Médicas do Hospital Doutor Gil Alves em Bocaiuva-MG.

CONCLUSÃO De acordo com os resultados, conclui-se que a qualidade das prescrições médicas não é satisfatória, visto que se detectaram informações que deixam os profissionais em dúvida. Os profissionais de saúde devem estar atentos aos fatores que contribuem para erros, tentando, desse modo, minimizá-los, já que os mesmos podem representar um risco em potencial aos pacientes que estão sob terapia medicamentosa. Os resultados sugerem a necessidade da padronização no processo de prescrição.

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REFERÊNCIAS Brasil. Lei n° 5.991/73. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências. Citado em 20 de Julho 2004. Disponível em: http://elegis.bvs.br/leisref/public/search.ph. Luiza VL, Gonçalves CBC. A Prescrição medicamentosa. In: Fuchs FD, Wannmacher L, Ferreira MBC. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 86-95. Organização Mundial da Saúde. Guia a para boa prescrição médica. Porto Alegre: Artmed; 1998.

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ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MEDICAMENTOS IMUNOSSUPRESSORES EM MONTES CLAROS – MG 1

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Hisabella Lorena Simões Porto , Caroline Silva de Oliveira , Ronilson Ferreira Freitas3, Léia Cardoso2, Waldemar de Paula Júnior2,4.

INTRODUÇÃO Os imunossupressores moderam as respostas imunes nos transplante de órgãos e doenças auto-imunes. As classes dos glicocorticoides, inibidores da calcineurina e agentes antiproliferativos/antimetabólicos têm alcançado sucesso clínico significativo no tratamento de distúrbios como rejeição de órgãos transplantados e doenças autoimunes. Contudo, essas terapias devem ser usadas continuamente e suprimem de maneira inespecífica o sistema imune, expondo os pacientes a riscos maiores de infecção e câncer. A utilização de imunossupressores na prática clínica foi iniciada a partir dos anos 50 com o uso de glicocorticóides associados à azatioprina e/ou globulinas antilinfocíticas permanecendo como as principais drogas até o início dos anos 80, quando a ciclosporina foi introduzida no mercado. A partir dos anos 90, agentes químicos como o tacrolimus e o micofenolato mofetil foram introduzidos no mercado e outras drogas passaram a ser avaliadas em fase clínica como o sirolimus, mizoribina, brequinar, gusperimus deoxiespergualina e o leflunomide. O arsenal terapêutico imunossupressor atual inclui moléculas pequenas (inibidores da calcineurina, agentes antimetabólicos e inibidores do alvo da rapamicina), proteínas depletoras e não-depletoras de linfócitos (monoclonais e policlonais), proteínas de fusão, imunoglobulina endovenosa e glicocorticoides. A ocorrência de condições que requerem o uso dessas drogas, como doenças autoimunes e transplantes, sugere um alto consumo desses medicamentos. Desse modo, realizar um estudo que estabeleça uma estimativa da utilização de imunossupressores numa determinada população representa a possibilidade de avaliar o uso racional dessa classe de medicamentos, bem como as situações envolvidas. 1

Acadêmica do curso médico, Unimontes. Curso de farmácia, Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. 3 Acadêmico de farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras. 4 Unimontes. 2

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OBJETIVO Avaliar a dispensação de medicamentos imunossupressores pela rede pública da Macro Região Norte de Minas Gerais. METODOLOGIA Este trabalho foi desenvolvido com base nos dados obtidos a partir dos “mapas de movimentação mensal do componente especializado da assistência farmacêutica”, gentilmente disponibilizados pela Gerência Regional de Saúde (GRS) do Estado de Minas Gerais, localizada no Município de Montes Claros. Foi avaliado o número de consumidores atendidos quanto à distribuição de medicamentos imunossupressores, no período de março a dezembro de 2010, relacionada a 53 municípios da Macro Região Norte de Minas Gerais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados deste trabalho estão apresentados na Figura e Tabela 1. Dos medicamentos distribuídos pela GRS, a ciclosporina, tacrolimus e azatioprina, nas suas diversas dosagens, foram os mais dispensados (Figura 1). A ciclosporina pode ter sido o medicamento mais dispensado devido a sua universalidade na prevenção de rejeição de enxerto, podendo ser prescrito para transplantes de rim, pulmão, fígado, coração, intestino, pâncreas e medula óssea, além de ser indicado em casos de doenças autoimunes. Embora o tacrolimus tenha uso restrito, o fato de ser mais potente sugere seu consumo médio maior em relação à azatioprina. Quando à ciclosporina apresenta sinas de nefrotoxicidade, ela, geralmente, é substituída pela azatioprina. Essa escolha pode ter contribuído para a distribuição significativa desse fármaco no ano avaliado. Quando foi avaliada a distribuição mensal dos imunossupressores, foi verificado que determinados fármacos apresentam uniformidade durante todo o ano e outros apresentam diferenças significativas entre os meses avaliados (Tabela 1). Este estudo não avaliou o porquê dessas diferenças e nem a finalidade do uso desses medicamentos. Em virtude do levantamento apresentado neste trabalho, seria interessante realizar uma avaliação da indicação desses fármacos, uma quantificação por município, e também avaliar possíveis fatores associados à demanda desses fármacos por município.

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Figura 1: Consumo médio, em número de usuários, de imunossupressores no período de março a dezembro de 2010, fornecidos pela GRS de Montes Claros.

Tabela 1 Distribuição mensal de imunossupressores no ano de 2010, fornecidos pela GRS de Montes Claros, de acordo com o número de usuários. Medicamento

Mar

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Azatioprina 50 mg Ciclosporina 100mg/mL Ciclosporina 25mg Cilcosporina 50mg Ciclosporina 100mg Etornecepte 25mg Etornecepte 50mg Evorolimo 0,5mg Evorolimo 1mg Micofenolato de Mofetila 500mg Micofenolato de Sódio 180mg Micofenolato de Sódio 360mg Sirolimo 1mg Sirolimo 2 mg Tacrolimus 1mg Tacrolimus 2mg

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CONCLUSÃO De acordo com os resultados deste trabalho, pode-se concluir que de todos os medicamentos imunossupressores dispensados pela GRS, houve maior dispensação da ciclosporina, tacrolimus e azatioprina. Além disso, nos meses avaliados, observaram-se diferenças na dispensação mensal dos fármacos analisados. REFERÊNCIAS CARVALHO, A.A.T.; FIGUEIRA, M.A.S.; MELO, S.H.L. Transplante renal: a influência da terapia imunossupressora na prevalência de manifestações estomatológicas. Odontologia. Clín. –Científ., v. 2, n. 3, 2003. GARCIA, Solange Cristina et al. Ciclosporina A e tacrolimuns: uma revisão. J. Bras. Patol. Med. Lab. v. 40, n. 6, 2004. SALOMÃO, Abrahão. Imunossupressão em transplante renal de adultos: conceitos básicos e aplicação clínica. Prática Hospitalar. Ano IX, n. 52, 2007.

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ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO AOS PORTADORES DO VÍRUS HIV NO CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO DO MUNICÍPIO DE PIRAPORA-MG

RODRIGUES, D. A. 1; SANTOS, D. S. 1,2; OLIVEIRA, J. V. T. 1; 1 COELHO, K. P. S.

INTRODUÇÃO No Brasil cerca de 90 mil pessoas estão vivendo com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), causada pela infecção do vírus HIV que afeta o Sistema imunológico. O diagnóstico é realizado em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que foram implantados no Brasil em 1988 onde fazem testes sorológicos para HIV (BASSICHETTO et al, 2004) e realizam dispensação de medicamentos assegurados pelo Ministério da Saúde que tem por meta garantir o acesso universal e gratuito aos pacientes com AIDS, recomendando que o tratamento seja iniciado somente após o paciente ter compreendido bem os objetivos e a importância da adesão (SILVEIRA et al, 2010). Para isso deve ser desenvolvida a “Atenção Farmacêutica” uma prática que baseia nos compromissos, atitudes, valores éticos, funções e responsabilidades do profissional farmacêutico na prestação de uma farmacoterapia a fim de obter uma melhora na qualidade de vida do paciente. OBJETIVO Investigar a necessidade da atuação do farmacêutico na Atenção aos portadores do vírus HIV no Centro de Testagem e Aconselhamento do município de Pirapora-MG.

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Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Departamento de Farmácia, Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

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METODOLOGIA Trata-se de um estudo com delineamento transversal e descritivo, de abordagem quantitativa, utilizando questionários com 14 questões fechadas cujos dados foram agrupados em tabelas e gráficos a fim de explicitar melhor as informações. d e fechadas tendo questor meio de questionEstes foram propostos aos portadores do Vírus HIV, tratados no CTA do município de Pirapora-MG onde se buscou identificar o perfil sóciodemográfico do paciente, efeitos colaterais mais frequentes, possíveis interações medicamentosas e dificuldades em relação à aderência ao tratamento visando a um detalhamento minucioso e constante sobre este. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram diagnosticados 84 casos, sendo registrados 4 crianças e 80 adultos. Foi constatada maior prevalência do sexo masculino uma vez que são mais vulneráveis por praticarem ato sexual com homens e profissionais do sexo (MS, 2010). De acordo com a idade, a demanda foi maior dos 30 a 39 anos para ambos os sexos. Porém foi observado nos últimos anos um aumento percentual de casos na população acima de 50 anos e um lento processo de feminilização do HIV, aumentando a incidência do vírus em crianças através da transmissão vertical. Quanto à situação conjugal, houve maior incidência da doença entre mulheres e homens solteiros. Verificou-se que a maioria dos homens estudaram cerca de 8 a 11 anos e a maioria das mulheres estudaram apenas 7 anos. No entanto, 37,93% dos homens entrevistados são desempregados. Frequentes efeitos colaterais como insônia, vômitos, diarreia, cansaço físico e mental foram identificados, sendo as maiores dificuldades enfrentadas durante o tratamento juntamente com a não aceitação da doença por partes dos pacientes e familiares. Outras dificuldades encontradas pelos pacientes como: vergonha, transporte e efeitos colaterais comprometeram o tratamento uma vez que levaram 8,16% dos pacientes entrevistados a desistirem deste. É importante ressaltar que foram constatadas possíveis interações dos ARVs com álcool, podendo desencadear quadros de hepatotoxicidade comprometendo ainda mais o quadro clínico de pacientes soropositivos para o HIV (BRASIL, 2010). Por último, foram identificados pela pesquisa pacientes que fazem uso de outras drogas como hipoglicemiantes, anti-hipertensivos e antidepressivos

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associados aos ARVs. Dos 49 entrevistados apenas 45 fazem a terapia com os ARVs e desses 45 pacientes, 9 fazem o uso de outros medicamentos estando sujeitos às interações. CONCLUSÃO Este trabalho induz uma reflexão em relação à atuação do farmacêutico na saúde pública, uma vez que é de grande importância a presença deste profissional no CTA, pois realizam campanhas de prevenção, diagnósticos, aumentando a adesão dos pacientes aos ARVs, promovendo o uso racional do medicamento, garantindo segurança, eficácia e qualidade ao tratamento, trazendo benefícios clínicos para o paciente. REFERÊNCIAS BASSICHETTO, K.C. et al. Perfil epidemiológico dos usuários de um Centro de Testagem e Aconselhamento para DST/HIV da Rede municipal de São Paulo, com sorologia positiva para o HIV. Rev. Bras. Epidemiologia. São Paulo, vol.7, N° 3, 302-310, agosto /2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico – DST/AIDS. Coordenação estadual de DST/ AIDS Minas Gerais: Ministério da Saúde, 2010. SILVEIRA, M. P. T., et al. Description of pharmaceutical care to assess their effectiveness on adherence to antiretroviral therapy—A randomized clinical Trial. Journal of Medicine and Medical Science. Vol. 1, nº 5, 171-177. June/2010.

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DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO E PROCESSO PRODUTIVO DE FORMA FARMACÊUTICA SÓLIDA DE DIPIRONA DE LIBERAÇÃO PROLONGADA ROSA JUNIOR, Abel Alves 1; ROSA, Terezinha Floriana Pereira 2; 2 RODRIGUES, Izabela Ribeiro .

INTRODUÇÃO As pesquisas de novas formas farmacêuticas visam a oferecer maior comodidade, eficácia e adesão ao tratamento. A forma farmacêutica sólida de uso oral (FFSO) é a mais amplamente utilizada por possuir maior estabilidade que as demais formulações, maior liberdade na medicação e facilidade de transporte. As formas de liberação prolongada visam a obter ainda maior adesão ao tratamento e comodidade para o paciente. Para atingir o objetivo de desenvolver e produzir uma FFSO de liberação prolongada faz-se necessário um processo produtivo robusto e reprodutível. OBJETIVOS Desenvolver a formulação e o processo produtivo de um comprimido de liberação prolongada através do processo de granulação por via úmida, compressão e revestimento pelicular em bacia rotativa. METODOLOGIA Uma formulação escolhida foi um comprimido de dipirona 500 mg sendo dipirona (80%), celulose microcistalina 102 (16,6%), dióxido de silício 1

Farmacêutico Industrial, docente do curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho, docente do curso de Farmácia das Faculdades Integradas Pitágoras – Montes Claros. 2 Acadêmico do Curso Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho.

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coloidal (1%), amidoglicolato de sódio (1,8%) e Estearato de magnésio (1%). As matérias-primas foram homogeneizadas em um mini misturador em “V” modelo LM-V LEMAQ. O granulado foi preparado por granulação em via úmida utilizando-se solução hidroalcoólica 30% em mini granulador oscilante modelo LM 300 LEMAQ, os grânulos foram secos em estufa de secagem LM-EST-3 LEMAQ (40°Cº/24 horas / 0% UR). Os grânulos foram calibrados em tamizes de tamanhos variados de abertura de malha (250 µm, 850 µm e 1,4 mm). As diferentes porções (>1,4mm, < 1,4 mm e > 850 µm e > 850 µm e < 250 µm) foram separadas e pesadas. Para verificar as características de fluidez dos grânulos, o ângulo de repouso de cada porção foi determinado pelo método do funil (figura 1) utilizando-se a fórmula tg á = h/r. Foram produzidos comprimidos com as 3 diferentes porções de grânulos por compressão em mini compressor rotativo de 8 punções e ferramental de 10 mm. Os mesmos foram submetidos a ensaios de propriedade física para avaliação do processo e da formulação. Foram utilizadas metodologias farmacopeicas para avaliação de peso médio, dureza, friabilidade e tempo de desintegração. Os comprimidos preparados com a porção >250 e <850 (figura 2) foram considerados os melhores para processo de revestimento. O revestimento foi realizado utilizando-se mini revestidor rotativo com insuflador de ar modelo LM-DR-10 Lemaq, a temperatura de núcleo mínima atingida foi de 80ºC (figura 3). O filme de revestimento utilizado foi solução comercial SURELEASE ® a 15%.

Figura 2 – Comprimido obtido com grânulos Figura 1 – Determinação do ângulo de repouso de > 850 µm e < 250 µm

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Figura 3 – Processo de revestimento e medição Figura 4 – Comprimida após o processo de revestimento da temperatura de núcleos (Cº)

RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os comprimidos dos 3 grupos de grânulos (>1,4mm, < 1,4 mm e > 850 µm e > 850 µm e < 250 µm) foram aprovados para os ensaios realizados de peso médio com desvio máximo de -3,64%, 2,44% e 0,979% respectivamente. Todos apresentaram dureza aceitável (acima de 30 N) bem como os testes de friabilidade (0%, 0,18% e 0,38% de perda) e de desintegração (5,46; 9,26; 9,37 minutos). Contudo, somente os comprimidos obtidos com os grânulos com a menor granulometria foram selecionados para o processo de revestimento. Os comprimidos obtidos do processo de revestimento apresentaram boa aparência e ausência de irregularidades (figura 4). CONCLUSÃO A FFSO de liberação prolongada foi obtida com sucesso. O maior peso médio final da formulação obtida foi de 0, 560 g, sendo que para obter uma concentração de ativo de 500 mg o peso de 0,630 g por comprimido deve ser atingido. O processo proposto mostrou-se realizável e a formulação obtida resistente ao processo de revestimento. Alterações no ferramental utilizado podem ser feitas para que o peso final necessário seja atingido.

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REFERÊNCIAS BRASIL, Farmacopéia Brasileira – 5ªed., vol 1 / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2010. 524 p. PRISTA, L. Nogueira; ALVES, A. Correia; MORGADO; Rui. TecnologiaFarmacêutica. 7º ed. vol. I, Editora.Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2008. LACHMAN, L; Lieberman, H. A; Kanig, J. L. Teoria e prática na indústria farmacêutica. vol. II, Editora.Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas- Desenvolvimento de formulações e tecnologia de obtenção de comprimidos revestidos de efavirez- terapia anti-HIV – vol. 42, n.4,out/dez. São Paulo – SP, 2006. Revista Fármacos & Medicamentos - Tecnologia de Produção de Comprimidos – Vol. 6, n.32, p.18-26, janeiro/fevereiro – São Paulo – SP, 2005.

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UMA DISCUSSÃO SOBRE FÁRMACOS QUE POTENCIALIZAM A MEMÓRIA

ANA CLÁUDIA RIBEIRO*,GEISE CRISTINE ESPÍNDOLA ,*MARINA MONTEIRO FERREIRA*

INTRODUÇÃO Há uma tentativa constante de se descobrir um fármaco que potencialize a memória. Uma vez que alguns intricados mecanismos responsáveis pela memória já são elucidados, há um futuro promissor para viabilizar a criação das drogas. A grande demanda são os indivíduos de meia idade que embora não apresentem déficit cognitivo, mostram-se incomodados pelo esquecimento natural que acompanha o envelhecimento. Esse mercado não clínico é o principal alvo da indústria (HALL, 2000). Há de se considerar também o grande número de indivíduos saudáveis que querem fazer uso dos fármacos como estimulantes cognitivos. OBJETIVOS Esta revisão bibliográfica tem como objetivos esclarecer, brevemente, alguns sistemas responsáveis pela formação da memória; e suscitar as controvérsias dos fármacos mais utilizados, discutindo a sua aplicabilidade na potencialização da memória. METODOLOGIA Esta revisão consistiu na procura de artigos em bancos de dados e periódicos. As seleções para os artigos e outras revisões foram feitas pelos critérios idioma (Inglês e Português) e atualização (2000 a 2011).

* Graduação em Medicina - Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo MACHADO, A.B.M., as principais estruturas macroscópicas responsáveis pela aquisição, consolidação e evocação de memórias são o hipocampo e o córtex entorrinal. Ambas comunicam-se com o córtex cingulado e o parietal. Outras estruturas possuem um papel fundamental na modulação das memórias, a amígdala, o núcleo magnocelular basal, locus coeruleos,e núcleos da rafe. O equivalente celular de uma memória estaria na força da conexão entre neurônios. Assim, um neurônio teria maior probabilidade de transmitir um sinal quando estivesse sendo estimulado por outros neurônios a ele conectados. Os alvos das pesquisas atuais são os receptores AMPA e a proteína CREB. Os primeiros são receptores para o neurotransmissor glutamato, que medeia os mecanismos do LTP, “Potencial de Longa Duração” (long-term potentiation — LTP). Esse corresponde a um processo de facilitação da transmissão nervosa dependente da duração e da frequência de um estímulo repetitivo. Esse fenômeno estaria ligado principalmente ao aumento na magnitude da resposta pós-sináptica por um maior período, sendo relacionado principalmente à memória de longo prazo. A CREB inicia a cadeia de reações que leva à síntese protéica para a criação de LTP permanente (HALL, 2000). Alguns fármacos, embora sem embasamento científico, são amplamente utilizados como estimulantes da memória. Dentre eles, Ginkgo biloba é o mais popular. Seus prováveis efeitos terapêuticos incluem a dilatação dos vasos sanguíneos e a inibição do fator de ativação plaquetária, ambas as ações aumentam o fluxo sanguíneo cerebral. O teor de glicosídeos flavonóides do extrato pode reduzir a concentração de radicais livres. Algumas pesquisas também sugerem efeitos agonísticos em sistemas de neurotransmissores (FORLENZA, 2003). Metilfenidato (Ritalina), uma anfetamina, é indicado para tratamento de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Seu mecanismo de ação é o estímulo de receptores alfa e beta-adrenérgicos diretamente, ou a liberação de dopamina e noradrenalina dos terminais sinápticos, indiretamente. Estudantes de nível colegial ou universitário têm usado o estimulante para aumentar a atenção, buscando uma melhora no rendimento escolar. Os efeitos positivos da Ritalina sobre a atenção são mais evidentes em tarefas simples, exigindo engajamento sustentado em problemas que requerem atenção seletiva (LYNCH, 2011).

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Modafinil (Provigil) é indicado em casos de sonolência excessiva associada à narcolepsia. Seu mecanismo de ação é desconhecido, mas seu efeito parece estar ligado a uma potencialização da atividade adrenérgica a nível cerebral, promovendo o estado de vigília como os agentes simpatomiméticos. Alguns estudos obtiveram uma clara melhora na atenção sustentada em humanos saudáveis, mas outros não conseguiram encontrar tais efeitos (LYNCH,2011). CONCLUSÃO Existem alguns fármacos que são utilizados em casos de déficit de atenção, distúrbios do sono ou como estimulantes, dentre eles o Ginko, que é utilizado em ampla escala em quase todo o mundo, o Modafinil e o Metilfenidato, mas suas eficácias como potencializadores da memória não são comprovadas. Drogas com esse intuito estão sendo pesquisadas, mas ainda se encontram em um estágio de desenvolvimento pouco avançado. REFERÊNCIAS FORLENZA, O. V. Ginkgo biloba e memória: mito ou realidade? Psiquiatria Clínica. 30(6):218-220, 2003 HALL, S. S. A busca da pílula da inteligência. Scientific American do Brasil. Ed. 17 -Outubro 2000 LYNCH, G., et al, The likelihood of cognitive enhancement, Pharmacology, Biochemistry and Behavior, 2011, doi:10.1016/j. pbb.2010.12.024 MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia funcional. 2.ed. SP. Atheneu. 2002.

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RESISTÊNCIA BACTERIANA E A RDC Nº 44: UMA SOLUÇÃO ? Ana Cláudia Ribeiro*, Geise Cristine Espíndola*, Marina Monteiro Ferreira*

INTRODUÇÃO A descoberta dos antimicrobianos foi a maior conquista novecentista. Ela possibilitou o controle e a cura de muitas doenças infecciosas que antes eram fatais, permitindo assim a maior sobrevida da população e uma melhor qualidade de vida (PEREIRA, 2005). No entanto, o uso indiscriminado de antibióticos promoveu o aumento da resistência bacteriana a esses medicamentos, tornando cada vez mais difícil o tratamento, uma vez que são necessárias drogas mais potentes para causar o mesmo efeito. Com isso, muitos países promovem iniciativas de combate à resistência bacteriana por meio de medidas que diminuam o acesso irrestrito a esses fármacos, como a RDC Nº 44 de 26 de Outubro de 2010, junto à reeducação dos profissionais e da população. OBJETIVOS Esta revisão bibliográfica pretende enfatizar a importância da descoberta dos antimicrobianos e analisar as repercussões geradas pelo uso indiscriminado deles. Além disso, objetiva elucidar as novas regras estabelecidas para a prescrição de antibióticos tal como levar os leitores a refletir sobre sua aplicabilidade e efetividade.

* Graduação em Medicina - Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

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METODOLOGIA Revisão bibliográfica de livros e artigos atualizados nos bancos de dados PUBMED,BVS, SCIELO, Anvisa, Abifarma e CFM. A busca foi feita por meio de palavras relacionadas ao tema. As seleções para os artigos e outras revisões foram feitas por alguns critérios tais como idioma (Inglês e Português) e dados recentes de 1998 a 2011. RESULTADO E DISCUSSÃO Segundo HART, C.A., a resistência bacteriana é preocupação mundial, sendo objeto das mais atuais publicações sobre antimicrobianos. Esses constituem os únicos medicamentos que influenciam não apenas o paciente em tratamento, mas todo o ecossistema onde ele está inserido, com repercussões potenciais profundas. Em 2010, a superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) causou medo no Brasil após infecções em hospitais espalhados pelo país. Esta bactéria é endêmica em vários países do mundo e não há como prever quando a superbactéria vai surgir em determinado país. Segundo GOODMAN, o sucesso da terapia antimicrobiana de uma infecção depende de diversos fatores. A concentração do fármaco no local da infecção não apenas deve inibir o micro-organismo como também deve permanecer abaixo dos níveis tóxicos para as células humanas. Se isso for conseguido o micro-organismo é considerado sensível ao antibiótico. Se não for possível obter com segurança uma concentração inibitória ou bactericida, o microorganismo é então considerado resistente ao antibiótico. Para que um antibiótico seja eficaz, este deve atingir o alvo, ligar-se a ele e interferir na sua função. A resistência bacteriana a um antibiótico pode ser dividida em 3 categorias gerais: 1) O fármaco não atinge seu alvo; 2) O fármaco não é ativo; 3) O alvo é alterado. Esses mecanismos podem ser intensificados pela automedicação aliada ao mal diagnóstico clínico. O Brasil, segundo Abifarma, possuía cerca de 80 milhões de adeptos da automedicação em 2008. O não cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação por parte da sociedade justificavam o aumento de tal prática.

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Transferência horizontal: transformação, conjugação e transdução

Nesse sentido, a Anvisa publicou a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC Nº44 de 26 de Outubro de 2010, em que dispõe sobre o controle de antimicrobianos. Entre as mais relevantes medidas está a obrigatoriedade da receita de controle especial, sendo a 1ª via retida no estabelecimento e a 2ª via devolvida ao paciente. Além disso, na receita deve conter a identificação do comprador e seus dados pessoais, tendo validade de 10 (dez) dias a contar da data de sua emissão. Há também outras exigências que restringem o uso abusivo desses fármacos. CONCLUSÃO Diante de uma luta estabelecida contra a resistência bacteriana, é necessária a criação de programas de conscientização global eficientes e a adoção de sérias estratégias governamentais que modifiquem a forma de pensar e agir dos usuários, farmacêuticos, médicos e indústrias. A RDC Nº 44 não é a solução, mas é o grande passo para o uso racional dos antibióticos.

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REFERÊNCIAS GOODMAN; GILMAN. As bases farmacológicas da terapêutica. 10ª Edição. McGraw Hill, 2005. Rio de Janeiro. HART, C. A. Antibiotic resistance: an increasing problem? Editorial v.316. Nº 7140. Abril. 1998. PEREIRA, Ana Leonor; PITA, João Rui. Alexander Fleming(1881-1955). Da descoberta da penicilina (1928) ao Prémio Nobel (1945). Revista da faculdade de letras. Porto, III Série, Vol. 6. 2005. Resolucão da diretoria colegiada RDC Nº44 disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/.../resolucao+antibioticos.pdf>. Acesso em: 21 dabr. 2011.

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O USO DA LEVODOPA NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON: UMA REVISÃO DE LITERATURA 1

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Ana Paula Soares Aguiar Hisabella Lorena Simões Porto Ana Paula Alves Fonseca1 Waldemar de Paula Júnior2

INTRODUÇÃO O parkinsonianismo é uma síndrome clínica caracterizada por quatro sinais básicos: bradicinesia (lentidão e escassez de movimentos), rigidez muscular, tremor em repouso e deficiência do equilíbrio postural, que leva a alterações de marcha. A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença degenerativa mais prevalente do sistema nervoso, depois apenas do Alzheimer, e estimase que 0,3% da população é afetada por essa patologia. A DP ocorre devido à degeneração progressiva de neurônios da pars compacta da substância negra, que produz o neurotransmissor dopamina. Apesar das causas não serem totalmente esclarecidas, sabe-se que fatores genéticos e ambientais podem provocar a neurodegeneração seletiva de neurônios que fazem conexões subcortico-corticais desencadeando a DP. Assim, o conhecimento da fisiopatologia da DP sugeriu que a reposição de dopamina poderia normalizar as funções do indivíduo. O tratamento consiste, em geral, no aumento da disponibilidade de dopamina no sistema nervoso, por meio de fármacos precursores de dopamina ou que impedem a recaptação da mesma; ou ainda pela ação de agonistas diretos sobre os receptores de dopamina. A levodopa, precursor metabólico da dopamina, representou um grande avanço na terapia da DP, gerando melhora inicial dos sinais e sintomas da doença. 1 2

Universidade Estadual de Montes Claros–Unimontes Curso de Farmácia Santo Agostinho–Unimontes

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OBJETIVO Analisar os estudos mais recentes a respeito da influência da levodopa em pacientes com DP. METODOLOGIA Este trabalho baseou-se em uma revisão de literatura através da busca na base de dados Scielo, usando-se os descritores “Parkinson e Levodopa”. Foram encontrados como resultados 28 artigos dos quais dois eram repetidos. Dos trabalhos restantes, 15 foram descartados por se tratarem de uma literatura anterior a 2006, 2 por se reportarem relatos de caso e 5 que não tinham como objetivo avaliar efeitos da levodopa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A dor pode ser o primeiro sintoma da DP e está mais associada à rigidez típica da doença. Acredita-se que a L-dopa aumente o limiar da dor em portadores de DP além de reduzir a condução da dor nas vias nociceptivas. Além disso, ela atua também na melhora da marcha. As manifestações da DP também influenciam na fala e geram expressão facial em “máscara” (hipomimia), que resulta dos déficits motores característicos da doença, interferindo negativamente na expressão comunicativa dos pacientes. Ocorre alteração na velocidade da fala, sonoridade reduzida, qualidade vocal rouco-áspero-soprosa, tremor vocal, insuficiência prosódica, repetição de palavras e ritmo alterado. A L-dopa tem influenciado positivamente em alguns aspectos relativos à voz e à fluência da fala. Observou-se aumento significativo no tempo máximo de fonação após a administração da medicação, o que refletiu a influência positiva no controle do fluxo aéreo durante a fonação, apesar de não ter sido observado aumento significativo do volume respiratório e da intensidade vocal. A L-dopa é a terapia mais eficaz no controle dos sintomas da DP. No entanto, não é desprovida de efeitos adversos, tanto periféricos – náuseas,

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vômitos e hipotensão, como centrais – psicoses e complicações motoras como flutuações e discinesias. Apesar da meia-vida da L-dopa ser curta (1 a 3 horas), no início do tratamento ela geralmente tem sua ação prolongada, principalmente nas formas mais leves da DP. No entanto, com o passar do tempo, a duração do seu efeito começa a reduzir-se, e o paciente experimenta períodos on, no qual a L-dopa tem ação satisfatória, e períodos off, momentos em que seu efeito é interrompido. CONCLUSÃO A literatura é unânime em admitir que a L-dopa é o recurso farmacológico mais eficaz para o tratamento da DP, entretanto seu uso crônico é ainda controverso e questiona-se sobre seus efeitos colaterais. Muito se tem pesquisado com o objetivo de se obterem formas mais efetivas e cômodas de administração de drogas antiparkinsonianas, como a forma gel de levodopa, administrada por bomba de infusão contínua no jejuno, que traz redução acentuada das flutuações motoras e discinesias. REFERÊNCIAS 1. AZEVEDO, L.L; CARDOSO, F. Ação da levodopa e sua influência na voz e na fala de pacientes com doença de Parkinson. Rev. Soc. Brasileira de Fonaudiologia, 2009 2. BEATO et al. Working memory in parkinson’s disease patients, Arq Neuropsiquiatr, 2008 3. CARDOSO, F; ANDRADE, L.A. Doença de Parkinson: estratégias atuais de tratamento. São Paulo: Omnifarma, 2010. 4. LETRO et al. Pain in Parkinson’s disease. Arq Neuropsiquiatr, 2009 5. SOUZA et al. Quality of life scale in parkinson’s disease. Arq Neuropsiquiatr, 2007.

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PERFIL EPIDEMIOLOGICO DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS – MG NO PERÍODO DE 2001-2010 1

1

Andréa de Matos Miranda Queiroz , Declaurice Maria da Conceição , Edson Rabelo Cardoso1,2, Thales Almeida Pinheiro1,3

INTRODUÇÃO A Dengue é uma doença febril aguda típica das regiões tropicais. O agente etiológico é um vírus do gênero Flavivírus. A transmissão se dá pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. As principais formas clínicas são Dengue Clássica, Dengue com Complicações e a Febre Hemorrágica da Dengue. As técnicas sorológicas são as mais utilizadas para diagnostico. O tratamento busca apenas minimizar os sintomas, e são usados medicamentos como analgésicos e antipiréticos, tomando o cuidado para que a fórmula não contenha ácido acetilsalicílico, pois este composto diminui a coagulação do sangue. A profilaxia eficaz para diminuir os casos da doença está centrada na eliminação do vetor. Montes Claros por ser considerada uma região endêmica e por ter apresentado um aumento expressivo de casos notificados de Dengue no ano de 2010, vê-se a necessidade da realização de novos estudos epidemiológicos a fim de definir novas políticas de saúde pública que possam reduzir o número de casos diagnosticados na região. OBJETIVO Descrever o perfil epidemiológico da Dengue no município de Montes Claros no período de 2001 a 2010. METODOLOGIA Este trabalho caracteriza-se por um estudo descritivo e retrospectivo, baseado em dados quantitativos fornecidos pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros no período de 2001 a 2010. ¹ Faculdades de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Faculdades Integradas Pitágoras, FIP-Moc.

2 3

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RESULTADO/DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra a prevalência de casos positivos de Dengue em relação ao número de casos notificados nos anos de 2001 a 2010. Nela é possível constatar que durante oito anos dos dez estudados existe uma prevalência de casos positivos. Apenas nos anos de 2001 e 2004 o número de casos negativos prevaleceu dentro dos casos notificados. Considerando toda a década estudada, pode-se constatar que 84% de todos os casos notificados foram confirmados como casos positivos (Gráfico 1). Tabela 1 Prevalência de casos positivos de Dengue em relação ao número de casos notificados no município de Montes Claros entre os anos de 2001 a 2010 ANO NOTIFICADOS

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

TOTAL

POSITIVOS

01

1479

37

12

177

822

877

1043

375

6856

11679

NÃO POSITIVOS

92

133

03

21

107

199

192

801

115

632

2295

TOTAL

93

1612

40

33

284

1021

1069

1844

490

7488

13974

Gráfico 1: Classificação dos casos notificados em positivos e negativos para Dengue no município de Montes Claros – MG, no período de 2001 a 2010.

O Gráfico 2 representa a distribuição por zona residencial (Urbana/Rural) o número de notificações dos casos de Dengue no município de Montes

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Claros entre os anos de 2001 a 2010. Vale ressaltar que em algumas notificações não foram identificadas a zona residencial e, portanto, estes casos foram tabulados como não declarados. Fazendo-se a média desta distribuição por zona residencial, desconsiderando os casos não declarados, percebe-se que 98,4% (13394) dos casos notificados ocorreram em zona urbana ao longo de todo o período estudado. Isto é justificado porque nas cidades há maior aglomeração de pessoas e fatores propícios para a proliferação do vetor.

Gráfico 2: Distribuição por zona residencial (Urbana/Rural) o número de notificações dos casos de Dengue no município de Montes Claros-MG entre os anos de 2001 a 2010.

Foi verificada a distribuição dos casos notificados da doença de acordo com o sexo entre os anos de 2001 a 2010 (Tabela 2). Nesta avaliação foi possível constatar que a prevalência da doença é maior no sexo feminino com uma taxa percentual de 55,6%, enquanto que no sexo masculino foi de 44,4%. Tabela 2 Distribuição dos casos notificados da Dengue de acordo com o sexo entre os anos de 2001 a 2010 no município de Montes Claros-MG ANO SEXO

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

TOTAL

MASC

43

680

16

13

132

427

458

853

218

3368

6208

FEM

50

932

24

20

152

594

611

991

272

4120

7766

TOTAL

93

1612

40

33

284

1021

1069

1844

490

7488

13974

139


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Outro aspecto importante observado é que no total de casos de Dengue diagnosticados no período estudado prevaleceu-se a forma da Dengue Clássica da doença, apresentando um percentual de 99,7% (11648 casos). Os casos de Dengue Hemorrágica e Dengue com Complicações representaram apenas 0,3% (31 casos). O Gráfico 3 abaixo mostra a distribuição das diferentes classificações clínicas da Dengue entre os anos de 2001 a 2010, onde foi possível constatar a prevalência da Dengue Clássica ao longo de cada ano estudado.

Gráfico 3: Distribuição das diferentes formas clínicas da Dengue entre os anos de 2001 a 2010 no município de Montes Claros-MG

A Tabela 3 seguinte mostra a evolução dos casos positivos de Dengue para cura ou óbito entre os anos de 2001 a 2010. Nela é possível constatar que 6 pacientes evoluíram para óbito. É relevante mencionar que desses 6 casos, 5 apresentavam o diagnóstico de Febre Hemorrágica da Dengue e 1 caso apresentou o diagnóstico de Dengue com Complicações. Isto confirma as informações de que a Febre Hemorrágica da Dengue apresenta maior valor de mortalidade.

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Tabela 3 Evolução dos casos positivos de Dengue para cura ou óbito entre os anos de 2001 a 2010 no município de Montes Claros-MG ANO POSITIVOS

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

TOTAL

CURA

01

1475

36

12

177

822

877

1043

375

6855

11673

ÓBITO

00

04

01

00

00

00

00

00

00

01

06

TOTAL

01

1479

37

12

177

822

877

1043

375

6856

11679

CONCLUSÃO De acordo com o estudo realizado pode-se concluir que a prevalência de casos positivos é elevada dentro dos casos notificados; e que a proporção de casos positivos se manteve praticamente constante ao longo dos anos estudados. Concluiu-se também que há uma prevalência de casos notificados na zona residencial urbana, predomínio de casos na população feminina, maior prevalência da Dengue Clássica entre as suas diferentes formas clínicas, e que a maioria dos casos positivos de Dengue que evoluíram para óbito foi diagnosticada como Febre Hemorrágica da Dengue. REFERÊNCIA FERES, V. C. Martelli C.M., Turchi M.D., Junior J.B., Nogueira R.M., Rocha BA, et AL. Laboratory surveillance of dengue vírus in Central Brazil, 1994-2003. J Clin Virol. 2006; 37: 179-83. MONTES CLAROS, Prefeitura Municipal de Montes Claros, Centro de Vigilância Epidemiológica e Centro Controle de Zoonoses. Dados de casos registrados de Dengue – 2001 a 2010. SINGHI, N Kissoon ...et al; Dengue e dengue hemorrágico: aspectos do manejo na unidade de terapia intensiva - Jornal de Pediatria (Rio) vol.83 nº2 supl.0 Porto Alegre My 2007. TAUIL, PL. Urbanização e ecologia do dengue. Cad Saúde Pública 1001; 17 (Sup 1) : 99-102.

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AÇÕES TERAPÊUTICAS NA EVOLUÇÃO DAS LESÕES MEDULARES TRAUMÁTICAS

BARRAL, Ana Beatris César Rodrigues¹; DIAS, Giselle Mayara Messias²; MAIA; Bruna Tupinambá²; VERSIANI, Camila Matos² INTRODUÇÃO O trauma raquimedular (TRM) compreende a perda da integridade dos componentes da coluna vertebral, sejam eles ósseo, ligamentar, medular, discal, vascular ou radicular (CAMPOS, 2008). A lesão medular (LM) é uma das lesões mais devastadoras do ponto de vista biopsicossocial, principalmente quando esta se instala de forma súbita. No Brasil, o coeficiente de incidência de lesão medular traumática é desconhecido e não existem dados precisos a respeito da sua incidência e prevalência, uma vez que esta condição não é sujeita à notificação (ANDRADE E GONÇALVES, 2007; CAMPOS, 2008). Segundo Defino (1999), o tratamento definitivo da lesão, no segmento vertebral fraturado, tem como principais objetivos - a preservação da anatomia e função da medula espinhal (ME), restauração do alinhamento da coluna vertebral, estabilização do segmento vertebral lesado, prevenção de complicações gerais e locais e o restabelecimento precoce das atividades dos pacientes, devendo ser realizado o mais precocemente possível, desde que as condições gerais do paciente permitam. Tendo em vista a irreversibilidade da maioria das LM, o tratamento geralmente é paliativo, tendo como principal objetivo melhorar as condições biológicas do paciente e evitar maiores agravos. As opções ¹ Professora da graduação em Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros. ² Acadêmicas do curso de Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros.

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terapêuticas englobam o tratamento medicamentoso, o cirúrgico e o conservador. METODOLOGIA A metodologia utilizada consiste numa revisão bibliográfica através da pesquisa e comparação de textos provenientes de livros e revistas científicas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O tratamento do trauma raquimedular ainda é bastante controverso em suas vertentes cirúrgicas, medicamentosa e conservadora. Assim, foram abordados os principais aspectos tangentes à terapêutica do trauma raquimedular. No que se refere ao tratamento medicamentoso, é unânime a concordância do uso da metilpredinisolona nas primeiras horas após o trauma. O uso desse medicamento e de outros moduladores das respostas endógenas visa à prevenção da isquemia medular pós-traumática secundária e à melhoria do potencial de recuperação funcional nos lesados medulares. Assim, em 1990 e 1992 foram realizados os NASCIS I e II (National Spinal Cord Injury Study), em que foi observada uma melhora neurológica significativa no grupo de pacientes em que a metilprednisolona foi administrada. A partir dos resultados observados essa droga passou a ser administrada até 8 horas após a lesão da medula espinhal (TEBET, 2003). Quanto ao tratamento cirúrgico a indicação é absoluta em alguns casos como na descompressão medular e nas lesões instáveis, mostrando-se também a importância da fixação e estabilização precoces do segmento lesado. Segundo Flores (1999), o papel do tratamento cirúrgico de indivíduos que sofreram lesão medular ainda é muito controverso, pois diversos estudos mostram que o prognóstico desses pacientes não é diferente quando tratados de forma conservadora. Não obstante, a cirurgia mantém o seu lugar na terapêutica, sobretudo em pacientes que apresentam déficits em progressão ou quando os exames de imagem indicam compressão sobre as estruturas neurovasculares.

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Já a terapia conservadora se faz significante devido à irreversibilidade das lesões, sendo determinantes na melhora da qualidade de vida dos pacientes, bem como na prevenção de intercorrências. Este tratamento, sobretudo o fisioterápico, tem como objetivo auxiliar o paciente e seus familiares durante a readaptação física, a qual deve ter início desde as etapas iniciais da LM. O tratamento conservador consiste na orientação e execução de exercícios que tem como objetivo prevenir as possíveis complicações, como cardiorrespiratórias e musculoesqueléticas, além de tornar o paciente o mais independente possível (GREVE et al., 2001). CONCLUSÕES Com base nos achados bibliográficos conclui-se que a terapêutica aplicada a um trauma raquimedular deve ser individualizada. Devem ser levados em conta os fatores intrínsecos do paciente, bem como o seu estado, a causa do trauma e estabilidade da lesão. Os estudos acerca do traumatismo raquimedular ainda são inconclusivos, entretanto a avaliação e condução corretas dos casos podem trazer diferenças cruciais na evolução e prognóstico do paciente. REFERÊNCIAS ANDRADE, M.J.; GONÇALVES, S. Lesão medular traumática: recuperação neurológica e funcional. Acta Med Port, Porto, v. 20, p. 401406, 2007. CAMPOS, M. F. et al. Epidemiologia do Traumatismo da Coluna Vertebral. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 88-93. 2008. DEFINO, H. L. A. et al. Tratamento conservador das fraturas da coluna toracolombar, Revista Brasileira de Ortopedia, v. 35, n. 8 Ago. 2000. FLORES, L.P. et al. Fatores prognósticos do trauma raquimedular por projetil de arma de fogo em pacientes submetidos a laminectomia. Arq Neuropsiquiatr, Brasília – DF, v.57, n. 3B, p. 836-842, Set. 1999.

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GREVE, J. M. et al. Diagnóstico e tratamento da lesão da medula espinal. São Paulo: Roca, 2001.400 p. TEBET, M. A.; et. al. Efeito da metilprednisolona na lesão medular em ratos: análise funcional e histológica. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 11, n. 2, p.80-87, abril-junho,2002.

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EFEITO ANTIEMÉTICO DO PROPOFOL

Juliano Melo Marques¹, Cíntia Barros de Queiroz¹, Danúbia Antunes do Nascimento¹, Luiz Cláudio de Carvalho Quintino¹, Sandoval Lopo de Abreu¹

INTRODUÇÃO Náuseas, vômitos e dor são sinais e sintomas altamente frequentes no pósoperatório de pacientes submetidos a cirurgias. Incidem em aproximadamente 25 a 30% dos adultos e até 38% das crianças, apresentando-se como a segunda complicação mais temida pelo paciente - a dor ocupa o primeiro lugar . O propofol, por apresentar propriedades antieméticas, pode ajudar na redução dessa incidência e na prevenção de mais séria complicação do vômito, pneumonia aspirativa, que tem alta mortalidade. 1

OBJETIVO Discutir o efeito antiemético do propofol. METODOLOGIA Revisão de literatura a partir de artigos selecionados do site Google Acadêmico, utilizando os descritores: “propofol” e “efeito antiemético”. RESULTADO E DISCUSSÃO A busca apresentou 149 artigos. De acordo com a relevância foram selecionados cinco artigos no idioma português. O propofol é um agente hipnótico que induz rapidamente o sono, tem curto tempo de ação e possui 1

Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

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atividade antiemética com baixa incidência de náuseas e vômitos no pósoperatório - NVPO . Alguns estudos e pesquisas demonstram que este hipnótico consegue reduzir a emese no período de pós-operatório precoce, isto é, nas primeiras 4 a 6 horas após o término da cirurgia . Pode ser a droga hipnótica de escolha, principalmente quando a anestesia venosa total é a técnica anestésica empregada, que faz uso de analgésicos opióides potentes como alfentanil, fentanil e sufentanil que possuem efeito emético. Em pacientes submetidos a cirurgias eletivas de pequeno porte, quando utilizado em doses sub-hipnóticas (10 mg), mostrou-se capaz de reduzir a incidência de náuseas e vômitos . Assim como naqueles pacientes com fatores de risco associados a NVPO: gênero feminino, história de cinetose, idade - uma vez que a maior incidência em crianças e o risco é reduzido em 10% a cada década de vida - e os associados ao ato cirúrgico: ato operatório prolongado, cirurgias intra-abdominais, laparoscópicas, de mama, plásticas, tireóide e otorrinolaringológicas. NVPO também podem ocorrer em anestesias com uso de neostigmina e opióides . Cogita-se que esse efeito antiemético é atribuído à ação antidopaminérgica D2, efeitos depressores sob a zona quimiorreceptora do gatilho, diminuição da liberação de glutamato e aspartato pelo córtex olfatório e redução de serotonina na área postrema . NVPO podem gerar, além da pneumonia aspirativa, laceração esofágica, resultando em hemorragia (síndrome de Mallory-Weiss) ou em rotura do esôfago (síndrome de Boerhaave). Podem também ocasionar fratura de costelas, herniação gástrica, fadiga muscular, tensão em fios de sutura da ferida cirúrgica, com risco de deiscência - notadamente nas cirurgias abdominais. Distúrbios metabólicos podem ocorrer, tendo como consequências: anorexia e desidratação que são mais frequentes em pacientes idosos, debilitados e em crianças, principalmente após jejum prolongado . 2

3

3

4

3

1

CONCLUSÃO Conclui-se deste estudo que, dentre os hipnóticos utilizados em técnica de anestesia geral, os barbitúricos (tiopental) e não-barbitúricos (cetamina, etomidato e propofol), o propofol por terem uma ação antiemética podem ter indicação preferencial em pacientes selecionados com muitos fatores de risco associados a NVPO em algumas cirurgias, reduzindo o risco de complicações no pós-operatório.

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REFERÊNCIAS 1. Carvalho WA, Vianna PTG, Braz JRC - Náuseas e Vômitos em Anestesia: Fisiopatologia e Tratamento. Rev Bras Anestesiol 1999; 49: 1: 65 – 79. 2. Cangiani LM, Porto AM - Anestesia Ambulatorial. Rev Bras Anestesiol 2000; 50: 1: 68 – 85. 3. Ganem MG, Fukushima FB, Medeiros da Silva DS, Nakamura G, Castiglia YMM, Vianna PTG - Eficácia do Propofol e da Associação de Propofol e Dexametasona no Controle de Náusea e Vômito no PósOperatório de Laparoscopia Ginecológica. Rev Bras Anestesiolgia 2002; 52: 4: 394 – 401. 4. Gondim CRN, Japiassú AM, Portari Filho PE, Almeida GF, Kalichsztein M, Nobre GF - Prevenção e tratamento de náuseas e vômitos no período pós-operatório. Rev Bras Ter Intensiva. 2009; 21(1):89-95. 5. Udelsmann A, Silva WV, Conceição VM, Pereira RIC - Dor a Injeção Venosa de Propofol em Crianças: Efeitos da Adição de Lidocaína e da Inalação de Óxido Nitroso. Rev Bras Anestesiol 2001; 51: 5: 394 – 400.

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O CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DO BAIRRO TANCREDO NEVES SOBRE HANSENÍASE

OLIVEIRA, Eliene de¹; OLIVEIRA, Suzane Fonseca de²; LEAL, Ana 4 5 Paula dos Reis³; SOARES, Daniel Charles ; SILVA, Deiviane Pereira da

INTRODUÇÃO A hanseníase é uma doença de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente a faixa economicamente ativa e as camadas mais pobres da população, apresentando endemicidade em todas as macrorregiões brasileiras (QUEIROZ, 1995). O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal dessa enfermidade, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem evoluir para deformidades acarretando alguns problemas, como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos (BRASIL, 2002). OBJETIVO Verificar o conhecimento da população da área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família Tancredo Neves sobre hanseníase. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo e quantitativo, realizada na cidade de Montes Claros, no bairro Tancredo neves, nos meses de março a 1,3

Acadêmicas de Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE. Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. 4 Graduado em Enfermagem - Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE. 5 Especialista em Saúde da Família e professora do curso de Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE. 2

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maio de 2010. Tendo como público-alvo pessoas de 15 a 65 anos ou de mais idade, residentes no território da ESF do bairro Tancredo Neves. Os dados foram coletados através de entrevista, aplicada por meio da pesquisa de campo, que analisou os seguintes dados: sexo, faixa etária, conhecimento sobre o que é a hanseníase, transmissão, sinais, sintomas e tratamento. Foram entrevistadas 79 pessoas. Esta pesquisa foi realizada obedecendo aos preceitos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos. Após coleta, os dados foram tabulados em gráficos e tabelas usando o programa Office 2003-2007. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Classificação da população estudada segundo o sexo Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

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Classificação da população estudada segundo a faixa etária Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

Classificação da população estudada segundo a escolaridade Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

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Classificação dos meios de comunicação através dos quais a população estudada obteve o conhecimento a respeito de hanseniase Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

Observa-se através desses dados o impacto dos meios de comunicação na população estudada, havendo prevalência do meio televisivo, o que aumenta o conhecimento dos indivíduos sobre essa afecção, influenciando na tomada medidas preventivas e na conclusão do tratamento.

Classificação sobre o conhecimento da população estudada a respeito dos sintomas da hanseniase Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

De acordo com esse dado, verificou-se que a maioria da população (69,7%) não conhece os sintomas da hanseníase. Tornando-se imprescindível que os profissionais de saúde realizem educação dirigida à população sobre a presença de manchas e áreas dormentes a fim de detectar precocemente essa afecção (BRASIL, 2006).

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Classificação sobre o conhecimento da população estudada a respeito da forma de transmissão da hanseniase Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

Sabe-se que o contágio da hanseníase dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratado, elimina-o para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. Sendo o trato respiratório a porta de entrada no organismo passível de ser infectado (BRASIL, 2002). F o i constatado que a maioria da população (84,5%) desconhece o meio de transmissão da hanseníase, sendo necessário divulgação a esse respeito para população em geral a fim de que essa se previna, evitando, dessa forma, o surgimento de novos casos da doença.

Classificação do conhecimento da população estudada de pessoas que já tiveram hanseniase Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

Observou-se que da população estudada, 22,8% conhecia algum indivíduo que já apresentou hanseníase. E durante a entrevista foi possível observar

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que essa parte da população possuía determinado conhecimento sobre essa enfermidade devido ao contato com pessoas que já tiveram essa doença.

Classificação do conhecimento da população estudada sobre a cura da hanseniase Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

A hanseníase é uma doença curável, e quanto mais precocemente diagnosticada e tratada mais rapidamente ocorre a cura do paciente (BRASIL, 2002). Observa-se que 62% da população estudada considera a hanseníase como incurável, o que influencia de forma significativa na conclusão do tratamento e na prevenção das incapacidades físicas causadas por essa doença (BRASIL, 2002).

Classificação da definição de hanseniase pela população estudada Fonte: Pesquisa de campo realizada na ESF Tancredo Neves, 2010.

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A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos, como lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (FREITAS, et al 2008). Verificou-se que grande parte da população estudada (48%) não sabia definir a doença hanseníase, tornando-se necessário divulgação do conceito, etiologia, forma de transmissão, sinais e sintomas, tratamento e cura dessa doença. Além disso, grande parte não conhecia a doença como hanseníase e sim como lepra, o que demonstra a presença de estigma e preconceito em relação à doença (BRASIL, 2002). CONCLUSÃO A partir dos resultados apresentados conclui-se que uma considerável parcela da população estudada não sabe definir o conceito de hanseníase, desconhece os sintomas e a forma de transmissão dessa enfermidade. Dessa forma, a realização de trabalhos de educação em saúde e a divulgação dos sinais e sintomas da doença para a população em geral é imprescindível para que ocorra prevenção, diagnóstico precoce e alcance cura para essa afecção. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção a saúde do adulto: hanseníase. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. FREITAS, Cibelly Aliny Siqueira Lima et al. Consulta de enfermagem ao portador de hanseníase no território da Estratégia da Saúde da Família: percepções de enfermeiro e pacientes. Rev. bras. enferm. [online]. 2008, vol.61, n.spe, pp. 757-763.

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QUEIROZ, Marcos S.. Hanseníase: representações sobre a doença. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, dez. 1995. Disponível em <http://www.scielosp.org/scielo>. Acessos em 01 abr. 2011.

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CARCINOMA DE NASOFARINGE: CORRELAÇÕES CLÍNICAS, SOCIO-DEMOGRÁFICAS E FATORES DE RISCO

GABRIELA ALENCAR BANDEIRA¹, LUCAS RODRIGUES ALVES¹, CARLOS ALBERTO DE CARVALHO FRAGA¹, CAMILA SANTOS PEREIRA¹, ALFREDO MAURÍCIO BATISTA DE PAULA¹

INTRODUÇÃO Os tumores mais comuns da nasofaringe são as neoplasias epiteliais nãoglandulares e não-linfáticas, agrupadas como Carcinoma Nasofaríngeo (CN). O CN corresponde a 2% dos tumores de cabeça e pescoço e a 0,5% de todos os tumores malignos humanos, especialmente em países ocidentais. A doença apresenta dois picos de incidência [1]. Os sintomas da doença neoplásica da nasofaringe estão diretamente relacionados com a localização, com o tamanho e com a velocidade do crescimento do tumor primário. Em 70% dos casos nota-se acometimento metastático ganglionar no momento do diagnóstico. Fatores ambientais e genéticos podem estar associados à etiopatogenia do CN. Quanto à susceptibilidade genética, tem sido demonstrado que alterações moleculares no complexo de histocompatibilida HLAII e a ocorrência de deleção no braço curto do cromossomo 3 são achados frequentes. Quanto aos fatores ambientais, tem sido apontada uma ação oncogênica promovida por nitrosaminas, hidrocarbonetos policíclicos, níquel/cromo, madeira, produtos têxteis, refinados de petróleo, dieta e um quadro inflamatório crônico nos seios paranasais [2,3]. O vírus EpsteinBarr (EBV) tem sido relatado como o principal agente oncogênico indutor da transformação maligna em estudos epidemiológicos e moleculares. O EBV infecta o tecido epitelial através de receptores na superfície celular do epitélio nasofaríngeo. O complexo vírus-receptor sofre endocitose ocorrendo ao final a integração do DNA viral ao DNA humano, em que

¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

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pode ocasionar a transformação neoplásica atuando em genes importantes para o controle do crescimento e da diferenciação celular [4,5]. OBJETIVOS O objetivo desse estudo foi estudar uma amostra de pacientes acometidos pelo CN e investigar possíveis correlações entre os aspectos clínicos, sóciodemográficos e fatores de risco. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de base epidemiológica, sendo caracterizado como transversal, descritivo e analítico a respeito dos dados de 39 pacientes com carcinoma nasofaríngeo (CN), oriundos de um serviço de oncologia, na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Foram avaliadas as seguintes variáveis epidemiológicas: idade (jovem-menor de 45 anos e não jovemmaior que 45 anos); sexo, cor da pele (branco e não-branco), consumo de álcool e fumo (ausente e presente). As variáveis clínicas investigadas foram: estadiamento clinico TNM (I/II-inicial e III/IV-tardio), recidiva local (ausente e presente), tamanho da lesão (T1/T2-menor que 4 centímetros e T3/T4- maior que 4 centímetros), metástase cervical (ausente e presente). Todos os dados coletados foram digitalizados no programa de estatística SPSS , versão 17.0, para Windows . Posteriormente, as variáveis independentes epidemiológicas foram associadas aos fatores clínicos (variáveis dependentes) com a utilização dos testes estatísticos bivariados de qui-quadrado e exato de Fisher. O nível de significância considerado nos testes estatísticos foi fixado em 95% (p<0,05). ®

®

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros, recebendo parecer favorável para sua execução (parecer Coep: 1187/2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO As variáveis sócio-demográficas, fatores de riscos e clínicas da amostra desse estudo estão representadas na Tabela 1. Observou-se que o CN

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acometeu 70% de homens, achado comumente relatado em outros estudos. O CN apresentou-se em estágios de pequeno tamanho em 59% dos casos, e 90% dos casos estavam acometidos por metástases regionais, evidenciando que o diagnóstico da doença é tipicamente tardio (77%). Nenhuma variável independente desse estudo apresentou associação com os fatores clínicos investigados (tabela 2). Tais achados foram similares aos já encontrados na literatura. De destaque, deve ser considerado que o tamanho da amostra desse estudo representa uma importante limitação da amostra, assim como, a identificação de uma provável associação de causa ou efeito evidenciado em estudos transversais. Pesquisas multicêntricas são fundamentais para permitir um melhor entendimento sobre a importância dos fatores ambientais para a ocorrência e o desenvolvimento da doença. Estudos moleculares em oncogenes, genes supressores de tumor, de reparo de DNA, apoptose devem ser investigados para melhor esclarecer a influência de fatores ambientais/genéticos/epigenéticas que melhor possam esclarecer sobre o comportamento clínico-biológico das lesões de CN que ainda foram pouco exploradas do ponto de vista científico. CONCLUSÃO Nossos dados demonstraram que as variáveis epidemiológicas e clínicas avaliadas não influenciaram fatores clínicos de prognóstico em indivíduos com CN. O estudo teve apoio financeiro da FAPEMIG, CNPQ e CAPES. REFERÊNCIAS [1] HO, J.H.C. 1975. Epidemiology of nasopharyngeal carcinoma. Journal of the Royal College of Surgeons of Edinburgh & Ireland; v. 20, p. 223-35. [2] NEEL, H. B. 2001. Nasopharyngeal Cancer. Otolaryngology - Head and Neck Surgery, n. 2, p. 1413-26. [3] McGUIRE, L.J.; LEE, J.C. 1990. The histopathologic diagnosis of nasopharyngeal carcinoma. Ear Nose Throat J. v. 69, n. 4, p. 229-36.

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[4] CHEN, C. J.; LIANG, K. Y.; CHANG, Y. S.; WANG, Y. F.; HSIEH, T.; HSU, M. M. et al. 1990. Multiple risk factors of nasopharyngeal carcinoma: Epstein-Barr virus, malarial infection, cigarette smoking and familial tendency. Anticancer Res, n. 10, p. 547-53. [5] TAY, W.L.; TAN, P.H.; YIP, G.W.; BAY, B.H.. 2008. Nasopharingeal carcinoma: an enigmatic tumor. Annual Review Biomedical Sciences, v. 10, p. 27-35. TABELA 1 Variáveis epidemiológicas e clínicas dos pacientes com CN desse estudo (n = 39). VARIÁVEIS

n

%

Sexo

VARIÁVEIS

n

%

Idade

Masculino

27

69.2

Jovem

24

61.5

Feminino Cor da pele

12

30.8

Velho História de Câncer na Família

15

38.5

Branco

02

5.1

Não

28

71.8

Não branco Estado Nutricional

37

94.9

Sim Tabagismo

11

28.2

Eutrófico

22

56.4

Ausente

21

53.8

Desnutrido Etilismo

17

43.6

Presente

18

46.2

Ausente

24

Sim

20

51.3

Presente

15

Não

19

48.7

Exposição Solar Crônica 61.5 38.5

Tamanho da Lesão Primária

Estadiamento TNM

T1/T2

23

59.0

Inicial (I/II)

09

23.1

T3/T4 Metástase Cervical

16

41.0

Tardio (III/IV) Recidiva

30

76.9

Ausente

04

10.3

Não

36

92.3

Presente

35

89.7

Sim

03

7.7

160


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

TABELA 2 Análise bivariada entre variáveis epidemiológicas e fatores clínicos nos pacientes com CN. Tamanho do Tumor VARIÁVEIS

Valor p

Metástase Cervical

T1/T2

T3/T4

Ausente Presente Valor p

Masculino Feminino Cor da pele

08 15

04 12

0.386

01 03

11 24

Branco Não-branco História de Câncer na Família

02 21

0 16

0.341

0 04

Não Sim Estado Nutricional

16 07

12 04

0.500

Eutrófico Desnutrido Exposição Solar Crônica Sim Não Tabagismo

13 10

09 07

13 10

07 09

Ausente

11

07

Presente

12

09

Ausente

07

08

Presente

16

08

Estadiamento TNM Valor p

Recidiva

I/II

III/IV

0.640

05 04

07 23

0.080

26 10

01 02

0.219

02 33

0.803

0 09

02 28

0.587

02 34

0 03

0.850

03 01

25 10

0.687

05 04

23 07

0.205

26 10

02 01

0.642

0.621

02 02

20 15

0.593

06 03

16 14

0.377

21 15

01 02

0.402

0.323

02 02

18 17

0.678

05 04

15 15

0.535

18 18

02 01

0.520

02

16

04

14

19

02

02

19

05

16

17

01

02

13

01

14

22

02

02

22

08

16

14

01

Ausente Presente

Valor p

Sexo

0.531

0.636

0.605

0.559

Etilismo 0.184

0.502

0.058

0.674

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CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE CABEÇA E PESCOÇO: ASSOCIAÇÃO IMUNOFENOTÍPICA DAS CÉLULAS NATURAL KILLER COM VARIÁVEIS CLÍNICAS, PATOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS GABRIELA ALENCAR BANDEIRA¹, LUCAS RODRIGUES ALVES¹, LUCAS OLIVEIRA BARROS¹, CAMILA SANTOS PEREIRA¹, ALFREDO MAURÍCIO BATISTA DE PAULA¹ INTRODUÇÃO O câncer de cabeça e pescoço, em especial o carcinoma de células escamosas (CCECP), representa o principal problema de saúde pública em muitas partes do mundo [1]. Entre os principais agentes causadores estão incluídos o álcool e o tabaco, além de outros fatores de risco como a predisposição genética [2,3]. As células Natural killer (NK) representam um grupo de linfócitos granulares presentes no sangue periférico e nos tecidos, que estão sendo consideradas como a primeira linha de defesa na regulação contra a progressão tumoral [4]. A análise de características fenotípicas das células NK no infiltrado peritumoral é; portanto, uma importante estratégia para enriquecer a compreensão sobre o complexo mecanismo da atividade imunológica na patogênese e evolução de neoplasias malignas como o CCEPC. OBJETIVO O objetivo desse estudo foi avaliar a associação entre a imunofenotipagem das células NK, localizadas no estroma de lesões de CCECP e variáveis epidemiológicas, clínicas e patológicas. METODOLOGIA O trabalho envolveu a coleta de amostras de biópsia de 70 pacientes portadores de CCECP, pareados por sexo, faixa etária e hábito tabagista. As ¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

162


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

informações clínicas foram obtidas a partir dos prontuários dos pacientes. Todas as informações pertinentes aos fatores de risco, aspectos epidemiológicos de interesse, e aspectos clínicos e morfológicos foram devidamente coletadas. As lesões de arquivo foram submetidas a cortes microscópicos 3 a 6?m num micrótomo semi-automático e estendidas sobre lâminas de vidro previamente tratadas com a substância adesiva 3-aminopropiltrietoxisilano (SIGMA). O método estreptavidina-biotina-peroxidase foi empregado nas reações de imunoistoquímica para identificação do antígeno CD57. Quanto à abordagem quantitativa, os procedimentos de contagem de células positivas foram realizados por 2 observadores sob microscopia de luz no aumento de 400X para estudo quantitativo. Para a análise qualitativa de perfil, foi considerado o resultado “baixo” e “alta” contagem, após ser estabelecida média da contagem de células NK imunodetectadas. Todos esses dados foram digitalizados no programa de estatística SPSS , versão 17.0 para Windows e posteriormente submetidos a análises específicas. Os testes empregados foram ? , regressão logística binária, Kaplan Meier e análise de regressão de Cox. O nível de significância considerado nos mesmos foi fixado em 95% (p<0,05). ®

®

2

O projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes (parecer 983/CEPEX2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados clínicos-patológicos e sua correlação com a média da contagem de células NK estão demonstrados na Tabela 1. Com relação à classificação TNM, 82,8% dos pacientes encontravam-se no estágio tardio para a doença. Os resultados demonstraram que tecidos com altas contagens de NK ocorreram em pacientes que apresentaram metástase cervical e que apresentavam lesões de maiores tamanhos clínicos, o que pode ser observado na Tabela 2. A Tabela 3 mostra as taxas de riscos ajustadas para todas as variáveis incluídas no modelo de regressão de Cox. Como pode ser visto, a alta taxa de imunomarcação de CD57 foi associada ao aumento do risco de TNM, T e N estágios.

163


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

Nesse estudo, foi encontrada uma correlação entre parâmetros clínicopatológicos e prognóstico de CCECP e infiltração de células CD57+ no estroma do câncer. Essas células têm uma importante função na eliminação de células tumorais e no controle da expansão metastática da doença [5]. Significativamente, as células NK são também capazes de matar células de tumores malignos, sem necessidade de reconhecimento de antigénios específicos do tumor ou de sensibilização prévia, o que as torna interessantes como células efetoras para as estratégias imunes no controle e tratamento do câncer humano. As atividades das células CD57 T parecem ser mais eficientes no controle das metástases do que no carcinoma primário. CONCLUSÃO Células NK parecem contribuir para a regulação do comportamento clínico-biológico do CCECP. Controversamente, uma alta contagem de células NK no estroma das lesões foi associada à ocorrência de metástases cervicais e com lesões de grande tamanho clínico. Especulamos que, embora presente ocorra uma falta de ativação funcional de células NK no estroma do CCECP. Esse fenótip o supressor da célula NK permitiria um comportamento neoplásico maligno mais agressivo. Futuros estudos são necessários para esclarecer a participação de células NK como possível fator de predição e de prognóstico para o CCECP. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1] ALMEIDA, F. C. S.; VACCAREZZA, G. F.; CAZAL, C. 2004. Dental management of the oral cancer patients before and after radiation therapy: a protocol purpose. Pesquisa Brasileira Odontopediatria Clinica Integrada, n.1, p. 25-31. [2] PARKIN, D. M.; PISANI, P.; FERLAY, J. 1993. Estimative of the worldwide incidence of eighteen major cancers in 1985. Int J Cancer, n.

164


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

54, p. 594-606. [3] MACFARLANE, G.; BOYLE, P.; EVSTIFEEVA, T.; ROBERTSON, C.; SCULLY, C. 1994. Rising trends of oral cancer mortality among maes worldwide; the return of an old public health problem. Cancer Causer Control, n. 5, p. 259-265. [4] TAKASAKI, S.; HAYASHIDA, K.; MORITA, C. 2000. CD56 directly interacts in the process of NCAM-positive terget cell-killing by NK cells. Cell Biology International, p. 101-108. [5] TAKANAMI, I.; TAKEUCHI, K.; GIGA, M. 2001. The prognostic value of natural killer cell infiltration in resected pulmonary adenocarcinoma. Journal Thorac Cardiovascular Surgar, n. 121, p. 10581063.Tabela 1. Imunolocalização das células CD57 T em CCECP de acordo com dados clínicos e parâmetros morfológicos. TABELA 1 Imunolocalização das células CD57 T em CCECP de acordo com dados clínicos e parâmetros morfológicos. Parâmetros Idade Jovem (n= 23) Velho (n= 47) Sexo Feminino (n= 09) Masculino (n= 61) Parâmetro T T1/T2 (n= 19) T3/T4 (n= 51) Parâmetro N Ausente (n= 27) Presente (n= 43) TNM I/II (n= 09) III/IV (n= 61) Gradação do Fronte Invasivo F1/F2 (escore F3 (escore Gradação WHO I (n= 20) II (n= 20) III (n= 30)

Baixo

Células CD57 T Alto

12 23

11 24

0.500

06 29

03 32

0.239

13 22

06 29

0.053**

18 17

09 26

0.011*

07 28

02 33

0.074**

19 21

21 14

0.405

13 10 12

07 10 18

0.223

Valor p

Medias foram calculados pelo teste estatístico c . * valor de p significativo; ** valor de p limítrofe. 2

165


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TABELA 2 Análise de regressão logística binária em pacientes de CCECP. TNM 95% Cl

Variáveis OR

Lower

NS NS

-

0.906

0.189

6.130

Upper

Parâmetro T 95% Cl Valor p

OR

Referente -

0.998 0.998

Referente 4.336

Referente 1.095 34.328

Lower

Parâmetro N 95% Cl

Upper

Valor p

OR

0.043 0.055

Referente 0.004 0.464 0.006 0.541

0.010*

0.902

0.616

Referente 0.166 2.282

0.039*

4.938

Referente 1.404 17.373

Lower

Upper

Valor p

1.366 1.105

Referente 0.338 5.529 0.322 3.796

0.662 0.874

0.468

1.088

Referente 0.353 3.354

0.884

0.013*

3.009

Referente 1.074 8.432

0.036*

WHO I II III Idade Jovem Velho Células CD57 T Baixo Alto

* Resultados estatisticamente significativos. NS: não significativo.

TABELA 3 Análise de regressão de Cox em pacientes CCECP com follow-up de 1060-dias. Sobrevida Variáveis

95% Cl OR

Lower

Upper

Valor p

1.332

Referente 0.622

2.849

0.460

4.577

Referente 1.324

15.825

0.016*

2.205

Referente 0.915

5.314

0.068**

1.742

Referente 0.612

2.849

0.298

1.218

Referente 0.560

2.650

0.619

Bryne F1/F2 (escore ? 12) F3 (escore ?13) Parâmetro T T1/T2 T3/T4 Parâmetro N Ausente Presente Gênero Masculino Feminino Células CD57 T Baixo Alto

* Resultados estatisticamente significantes; ** valor p borderline.

166


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IMUNOLOCALIZAÇÃO DA PROTEÍNA ENDONUCLEASE AP-1 NO CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE CABEÇA E PESCOÇO: ASSOCIAÇÕES CLÍNICO-PATOLÓGICAS

Gabriela Alencar Bandeira¹, Camila Santos Pereira¹, Lucas Rodrigues Alves¹, Agostinho Gonçalves Viana¹, Carlos Alberto de Carvalho¹

INTRODUÇÃO O carcinoma epidermóide de cabeça e pescoço (CECP) compreende cerca de 6% de todas as neoplasias malignas [1] e é considerada também a neoplasia maligna de origem epitelial mais frequente na região de cabeça e pescoço. Esse tipo de câncer é representativo dos mais agressivos, e atinge cerca de 18 mil pessoas no Brasil a cada ano, segundo dados consolidados da OMS, com a ocorrência de mais de 9.000 óbitos [2]. Várias proteínas estão envolvidas no reparo de excisão de bases, dentre elas a AP (Apurinic/apyrimidinic) endonuclease I destaca-se pela maior prevalência entre as endonucleases AP humanas [3]. O gene HAP1 localiza-se no cromossomo 14q11.2-q12 que codifica a proteína envolvida no reparo de excisão de bases e na regulação da expressão de genes co-ativadores redox de diferentes fatores de transcrição, tais como p53 [4]. OBJETIVOS Este estudo objetivou verificar a expressão do HAP-1 em amostras de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço e correlacioná-la com fatores clinico-patológicos. METODOLOGIA O trabalho envolveu a coleta de dados clínico-epidemiológicos e de lesões primárias de 55 pacientes portadores de CECP atendidos na cidade de ¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

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Montes Claros – Minas Gerais, no período de 2000 a 2008. Secções histológicas na espessura de 5 micrômetros foram desparafinizadas e coradas com hematoxilina/eosina para a realização da gradação adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As reações de imunoistoquímica foram realizadas em cortes histológicos em que foi utilizado o anticorpo monoclonal HAP-1 (Clone 2104, ABCAM) em lesões primárias. Todos os dados coletados foram digitalizados no programa de estatística SPSS®, versão 17.0, para Windows®. O teste qui-quadrado e exato de fisher foram aplicados para testar a existência de associação estatística entre a expressão de APE1 e os parâmetros epidemiológicos e clínico-patológicos. O nível de significância a ser considerado nos testes estatísticos foi fixado em 95% (p<0,05). Este projeto de pesquisa foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de relevância recebendo parecer favorável para sua execução (parecer 740/Unimotes/Cepex). RESULTADOS E DISCUSSÃO A caracterização da amostra deste estudo encontra-se na tabela 1 com a distribuição dos pacientes de acordo com parâmetros epidemiológicos, clínicos e morfológicos. A prevalência do sexo masculino foi revelada na proporção homem/mulher de 4:1, ou seja, uma prevalência de 81,0% de homens. A proporção de pacientes com idade inferior a 60 anos foi de 50,9%. Dentre os fatores de risco avaliados nesse estudo, o hábito tabagista foi verificado em 70,5% dos pacientes. Em relação aos parâmetros morfológicos das lesões do CECP, o estadiamento clínico da lesão no momento do diagnóstico demonstrou que somente 9,1% dos pacientes se encontravam nos estádios clínicos iniciais da doença (TNM I e II). A Tabela 2 mostra a correlação entre os parâmetros clínico-patológicos e a média da contagem do HAP-1. Em nosso estudo foi verificada nenhuma associação entre a imunolocalização de HAP-1 (Figura 1) e os fatores clínicopatológicos analisados. A endonuclease HAP-1 tem sido correlacionada por reparar danos ao DNA causados por agentes oxidantes, alquilantes e radiação. Vários estudos têm investigado a significância clínica da expressão de HAP-1 com resposta a tratamento radioterápico, e prognóstico em vários tipos de tumores [5]. Neste estudo, não foi verificada associação entre os parâmetros clínico-patológicos e a imunoexpressão de HAP-1. A expressão de HAP-1 foi correlacionada com avançado envolvimento nodal e pior sobrevida no carcinoma epidermóide de cabeça [6] e pior prognóstico

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em outros tipos de cânceres. No entanto, associações entre a alta expressão de HAP-1 e melhor comportamento clínico da doença foram verificadas em outros estudos, indicando a relevância dessa proteína em seu papel funcional de reparo do DNA. Ausência ou baixa expressão nuclear de HAP1 tem sido apontada como relevante no processo oncogênico devido à perda de sua função de reparo ou falhas na ativação de p53 e outros fatores transcricionais. Por fim, mais estudos ainda são necessários buscando associações dessa proteína com seus alvos protéicos em diferentes vias moleculares, a fim de se ter uma maior caracterização de seu papel na etiopatogênese do CECP. CONCLUSÃO Nossos resultados verificaram que a imunolocalização da proteína HAP-1 não foi associada a nenhum dos parâmetros clínicos avaliados. Mais estudos são necessários para um melhor entendimento da função dessa proteína na gênese do CECP. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1]-Koskinen WJ. Prognostic markers in head and neck carcinoma. Cancer immunol immunother. 2006; 55 (7):151-9. [2]-Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil Rio de Janeiro: INCA, 2007. [3]-Demple B, Harrison L. Repair of oxidative damage to DNA: enzymology and biology. Annu. Rev. Biochem. 1994;63(12):915–948. [4]-Tell G, Damante G, Caldwell D, Kelley MR. The intracellular localization of APE1/Ref-1: more than a passive phenomenon? Antioxid. Redox. Signal. 2005; 7(5):367–384. [5] - Bobola MS, Emond MJ, Blank A, et al. Apurinic endonuclease

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activity in adult gliomas and time to tumor progression after alkylating agent-based chemotherapy and after radiotherapy. Clin Cancer Res, 2004;10:7875-83. [6]- Michael I. Koukourakis, Alexandra Giatromanolaki, Stelios Kakolyris, Efthimios Sivridis, Vassilis Georgoulias, George Funtzilas, Ian D. Hickson, Kevin C. Gatter, Adrian L. Harris. Nuclear expression of human apurinic/apyrimidinic endonuclease (hap1/ref-1) in head-andneck cancer is associated with resistance to chemoradiotherapy and poor outcome. Int. J. Radiation Oncology Biol. Phys. 2001; 50 (1): 27–36.

TABELA 1 Distribuição dos parâmetros clínicos, epidemiológicos e morfológicos no CECP. Variáveis Idade ? 60 years > 60 years Gênero Feminino Masculino Hábito Tabagista Não Sim Hábito Etilista Não Sim Sítio Anatômico Anterior Posterior Recorrência Locorregional Não Sim TNM Staging I/II III/IV Tamanho do Tumor T1/T2 T3/T4 Metástase Locorregional Não Sim Gradação OMS I II III

170

n

%

28 27

50.9 49.1

10 45

18.2 81.8

14 41

25.5 74.5

18 37

32.7 67.3

20 35

36.4 63.6

38 17

69.1 30.9

5 50

9.1 90.9

8 47

14.5 85.5

24 31

43.6 56.4

11 28 15

20 50.9 27.3


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TABELA 2 Associação entre parâmetros clínico-patológicos e expressão do APE1 no CECP. Variáveis

HAP-1 Baixa expressão

Alta Expressão

p

Jovem

14

14

0.999

Idoso

14

13

Anterior

10

10

Posterior

18

17

Não

18

20

Sim

10

7

Idade

Sito Anatômico 0.999

Recidiva Locorregional 0.562

Estadiamento TNM I/II

2

3

III/IV

26

24

0.669

Tamanho do Tumor <4cm (n= )

4

4

>4cm (n= )

24

23

Não

10

14

Sim

18

13

0.999

Metástases 0.282

Gradação OMS I

5

6

II

13

15

III

10

5

0.401

171


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Figura 1. Imunolocalização do HAP-1 no fronte de invasão do CECP. (Coloração: DAB. Contracoloração: Hematoxilina de Mayer’s).

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AVALIAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS E DO POLIMORFISMO GENÉTICO HIF-1 Á EM CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE CABEÇA E PESCOÇO Gabriela Alencar Bandeira¹, Carlos Alberto de Carvalho¹, Lucas Rodrigues Alves¹, Lucas Oliveira Barros¹, André Luiz Sena Guimarães¹.

INTRODUÇÃO Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (CCECP), um dos cânceres mais comuns em todo o mundo, é de natureza multigênica, cujos principais agentes etiológicos são o tabaco e o álcool [1]. Além disso, outros fatores de risco, tais como a predisposição genética, têm papel importante na gênese e progressão da doença [2]. A hipóxia é um fenômeno comum que ocorre em tumores sólidos devido ao aumento no número de células. A expansão rápida do tumor leva a uma maior demanda de oxigênio, entretanto a vascularização do tumor é incapaz de suprir esta demanda, formando uma das principais características da hipóxia, que é a formação de regiões mal oxigenadas [3]. A hipóxia tem sido associada não só com a resistência ao tratamento, mas também à metástase. A resposta do estado de hipóxia é regulada pelo fator de indução HIF-1. OBJETIVO Determinar a função da proteína HIF-1á na geração de metástases. Foi hipotetizado que os polimorfismos do gene HIF-1á possam auxiliar nesse contexto, via ativação de proteínas associadas à progressão metastática.

¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

173


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

METODOLOGIA Trata-se de um estudo retrospectivo, em que foram analisados pacientes diagnosticados na clínica de estomatologia e encaminhados para o serviço de cabeça e pescoço da Universidade Estadual de Montes Claros (Minas Gerais, Brasil), entre 1998 e 2008. O presente estudo avaliou 52 lesões primárias e 78 linfonodos de 52 pacientes portadores de CECP. As lesões primárias foram divididas em dois grupos segundo a presença de metástase (n = 26) e a ausência de metástase (n = 26). Ambos os grupos foram pareados por sexo, idade, localização anatômica, tabagismo e consumo de álcool. Os linfonodos foram divididos em 3 grupos: metastático (n=26), não metastático (n=26), e grupo controle (n=26) de linfonodos sem metástase dos mesmos pacientes. Foi verificada a expressão das proteínas HIF-1á, VEGF-A, VEGFR1, VEGFR2, MMP9 e CD105 pela técnica da imunoistoquímica. A reação em cadeia de polimerase, PCR-RFLP, foi utilizada para avaliar os polimorfismos C1779T e G1790A do gene HIF-1á. Para as análises estatísticas utilizou-se o software SPSS® versão 17.0 para Windows ®

Por se tratar de um estudo envolvendo humanos, todos os preceitos da bioética foram criteriosamente seguidos. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros, recebendo parecer favorável para sua execução (parecer Coep:1852/10). RESULTADOS E DISCUSSÃO A distribuição dos genótipos de acordo com a presença de metástase revelam uma associação entre o polimorfismo C1772T e a presença de metástases (p = 0,023), uma vez que foi observado uma frequência maior do genótipo CT. Além disso, a presença de metástase também foi associada à baixa expressão de VEGFR-1 (p= 0,023). A análise dos linfonodos mostrou que a expressão da proteína HIF-1á foi maior na presença do alelo T e nos linfonodos dos pacientes sem metástase os níveis das proteínas HIF-1á, VEGFR1 e MMP9 foi maior. Análise de Spearman demonstrou que a expressão da proteína HIF-1 á foi correlacionada a MMP9 e, esta, por sua

174


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vez, correlacionada à proteína VEGFR1. A análise de sobrevida demonstrou que o polimorfismo GA (OR=37.898, p=0.003) bem como aumento da expressão das proteínas MMP9 na lesão primária (OR=1.016, p=0.007) e HIF-1 á nos linfonodos (OR=1.013, p=0.014). (Ver Figura 1 e 2) A metástase é uma das marcas de doença maligna e causa da morte para a maioria dos pacientes com câncer, consiste em mecanismo das células tumorais escaparem da defesa do hospedeiro [5]. A hipóxia tem sido mostrado como fator promotor de metástases regionais em tumores sólidos, e sua resposta é regulada pelo complexo HIF-1 [3]. A metástase do tumor é iniciada por uma sequência bem definida de eventos dependentes do padrão de expressão de fibronectina e VLA4, VEGFR1 que ditam disseminação do tumor órgão-específico. Estes agregados podem modificar o microambiente através da produção de MMP9 e permitir a atração de células tumorais e o seu estabelecimento em um nicho [4]. A HIF-1á pode reforçar esta sinalização para uma regulação das proteínas MMP9 e VEGFR1 nestes sítios [6]. CONCLUSÃO Nossos achados sugerem que o HIF-1á pode estar associado a metástases em carcinoma epidermóide. Mais estudos são necessários para elucidar a via HIF-1á e para desenvolver novas terapêuticas para prevenir e tratar a metástase em carcinoma epidermóide e outros tumores sólidos. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1] Argiris, A, Karamouzis, MV, Raben, D, Ferris, RL.Head and neck cancer. Lancet 2008; 371: 1695-709. [2] Scully, C, Field, JK, Tanzawa, H.Genetic aberrations in oral or head and neck squamous cell carcinoma 2: chromosomal aberrations. Oral Oncol 2000; 36: 311-27. [3] Wang, GL, Jiang, BH, Rue, EA, Semenza, GL.Hypoxia-inducible

175


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factor 1 is a basic-helix-loop-helix-PAS heterodimer regulated by cellular O2 tension. Proc Natl Acad Sci U S A 1995; 92: 5510-4. [4] Kaplan, RN, Riba, RD, Zacharoulis, S et al.VEGFR1-positive haematopoietic bone marrow progenitors initiate the pre-metastatic niche. Nature 2005; 438: 820-7. [5] Le, QT, Harris, J, Magliocco, AM et al.Validation of lysyl oxidase as a prognostic marker for metastasis and survival in head and neck squamous cell carcinoma: Radiation Therapy Oncology Group trial 9003. J Clin Oncol 2009; 27: 4281-6. [6] Kim, SJ, Rabbani, ZN, Dewhirst, MW et al.Expression of HIF1alpha, CA IX, VEGF, and MMP-9 in surgically resected non-small cell lung cancer. Lung Cancer 2005; 49: 325-35.

Figura 1- A-Médias de expressão das proteínas HIF-1á, VEGF-A, VEGFR1, VEGFR2, MMP9 e CD105 nas lesões primárias. A análise realizada pelo teste t de student demonstrou diferença estatisticamente significativa entre os grupos presente e ausente de acordo com a proteína CD105 (a) (p <0.001). B - Imunoexpressão da proteína HIF-1á.

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Figura 2 - Médias de expressão das proteínas HIF-1á, VEGF-A, VEGFR1, VEGFR2, MMP9 e CD105 nos linfonodos. A análise realizada pelo teste Mann-Whitney demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos metastáticos e não metastáticos de acordo com as proteínas HIF-1á (a) (p=0.047), VEGFR1 (b) (p=0.003) e VEGFR2 (c) (p=0.003. Ainda, percebeu-se diferenças estatisticamente significativas entre os grupos controle e metastático considerando as proteínas HIF-1á (a) (p=0.029), VEGFR1 (b) (p<0.001), VEGFR2 (c) (p=0.006) e MMP9 (d) (p=0.022).

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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS, INDUSTRIALIZADOS OU MANIPULADOS, POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE E USUÁRIOS NA CIDADE DE MONTES CLAROS/MG Jamille Fernandes Lula ; Vanúcio Hebert Lacerda de Moura ; Waldeck Pereira Azevedo ; Cléia Maria Almeida Prado ; 1

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INTRODUÇÃO Segundo a OMS, 75% dos antibióticos são prescritos inadequadamente e define o uso apropriado de antibióticos como o uso custo efetivo-efetivo no qual são maximizados os efeitos terapêuticos e minimizados os efeitos tóxicos e o surgimento de resistência antimicrobiana. (Ministério da Saúde, 2004). Nos Estados Unidos estima-se que o mau uso pode alcançar 50% das prescrições envolvendo estes medicamentos, sendo que a incidência de efeitos colaterais destes agentes pode chegar a 20%, esses efeitos colaterais são considerados uma das seis principais causas de mortalidade. (BISSON, 2007). A resistência microbiana aos antibióticos vem aumentando rapidamente devido ao uso indiscriminado e equivocado de antibióticos que facilita o surgimento de bactérias e outros microorganismos cada vez mais resistentes, reduzindo a eficácia dos medicamentos. OBJETIVO Este trabalho tem por finalidade avaliar alguns aspectos do emprego de antibióticos pelos profissionais de saúde, bem como a utilização destes fármacos pelos moradores da cidade de Montes Claros, Minas Gerais, através da aplicação de questionários.

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Farmacêutica Mestre, Universidade Estadual de Montes Claros; 2,3 Graduados em Farmácia, Faculdade de Saúde Ibituruna; 4 Professora e Farmacêutica Especialista, Universidade Estadual de Montes Claros.

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METODOLOGIA A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista/questionário com enfoque qualitativo em novembro de 2008, o público alvo foram profissionais médicos, farmacêuticos, balconistas de farmácias ou drogarias e população de Montes Claros. Os questionários (55) foram elaborados para cada grupo de entrevistados, a fim de obter informações sobre os critérios de emprego de antibióticos pelos profissionais de saúde citados e para verificar o nível de conhecimento e os critérios de utilização de antibióticos pela população (28 indivíduos). Foram levados em consideração os aspectos éticos da pesquisa que envolve seres humanos, como preconiza a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observamos que uma menor parte dos médicos entrevistados (20%) não utiliza métodos auxiliares do diagnóstico clínico, uma minoria não acha que o antibiograma é um auxiliar valioso na escolha do antibiótico e maioria (40%) não solicita antibiograma antes da prescrição. Sabe-se que a prescrição somente com base no diagnóstico clínico aumenta a utilização de antibióticos de amplo espectro, os quais são os mais associados ao desenvolvimento de cepas resistentes (WANNMACHER, 2004). Sobre a resistência bacteriana todos os médicos afirmam que há casos em que foi necessário prescrever um segundo ou terceiro antibiótico ao paciente. Entretanto, os profissionais balconistas de farmácia ou drogaria, na totalidade dos entrevistados, responderam afirmadamente que, de um modo geral, o cliente poderia comprar antibióticos sem receita médica, sendo que 42% dos entrevistados fazem uso de antibióticos por conta própria e 46% desses não consultam médico antes de tomar antibióticos. Dos indivíduos populares entrevistados, 42% tomam antibióticos quando estão gripados ou tem algum tipo de resfriado. Antibióticos não são antipiréticos (BISSON, 2007). Embora os antibióticos sejam extensivamente prescritos e adquiridos, somente 32,1% da população entrevistada afirmou utilizar estes fármacos mais de uma vez por ano. 85,7% dos farmacêuticos acreditam que eventos de resistência a antibióticos têm aumentado, dado confirmado pelos médicos (50%) que tem observado aumento no número de eventos de resistência a antibióticos. Dos indivíduos populares, 50% dizem que já procuraram assistência a um farmacêutico

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profissional; 78,6% disseram que já receberam orientação de como tomar o antibiótico na farmácia. Apenas 64,3% dos entrevistados na população realizaram tratamento antibacteriano completo. CONCLUSÕES Conclui-se que, quanto aos usuários de antibióticos manipulados ou industrializados, eles fazem má utilização deste grupo de medicamentos. Quanto ao tratamento, faz-se necessário aumentar o percentual de tratamento completo, principalmente para os usuários da camada social mais baixa da cidade e fazer com que estes usuários se informem dos princípios básicos do uso de antibióticos para evitar reflexos nos custos em saúde e outras consequências. REFERÊNCIAS BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. 2. ed. Baruerí: Manole, 2007. 371p. Ministério da Saúde – OMS alerta para riscos de uso indevido. 30/03/2004. Disponível em: < http://www.sistemas.aids.gov..be/imprensa/notícias.asp?NOTcod=5532 0>; acessado em 20/11/2008. WANNMACHER, L. Uso indiscriminado de antibióticos e resistência microbiana: Uma guerra perdida? Uso Racional de medicamentos: temas relacionados. v. 1. n. 4. p. 1-6, 2004.

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PERFIL PARASITOLÓGICO EM CRIANÇAS DE 2 - 6 ANOS DO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL DEPUTADO ANTÔNIO PIMENTA MONTES CLAROS/MG

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Cléia Maria Almeida Prado ; Cláudio Alexandre Borba Chaves ; Lívio Santos Gonçalves3; Jamille Fernandes Lula4

INTRODUÇÃO Os parasitas intestinais estão entre os patógenos mais frequentemente encontrados em seres humanos (FERREIRA, FERREIRA, MONTEIRO, 2007). É sabido que no Brasil e nos demais países em desenvolvimento, as enteroparasitoses constituem um grave problema de saúde pública, sofrendo variações de acordo com as condições de saneamento básico, nível sócio-econômico, grau de escolaridade, idade e hábitos de higiene. Sendo as crianças mais acometidas por agentes parasitológicos, devido frequentarem ambientes potenciais de contaminação como creches e escolas (ARONSON, 1990 apud: MONTEIRO, et.al., 2009). OBJETIVO Este trabalho objetivou conhecer o perfil de infestações parasitárias em crianças entre as faixas etárias de 2 a 5 anos de idade que frequentam dois Centros Educacionais Infantis do Município de Montes Claros-MG, através da realização do exame parasitológico de fezes; e, diante da incidência de análises parasitológicas positivas e negativas, conhecer os indicadores do nível socioeconômico familiar e as condições de higiene do centro educacional.

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Professora e Farmacêutica Especialista, Universidade Estadual de Montes Claros; 2,3 Graduados em Biomedicina, Faculdades Unidas do Norte de Minas; 4 Farmacêutica Mestre, Universidade Estadual de Montes Claros.

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METODOLOGIA Neste estudo foi utilizada a técnica por amostragem do tipo aleatória simples, sendo este aprovado pelo CEP/Soebras, protocolo número 0107/2007. Foi realizado exame parasitológico de fezes (Hoffmann, Pons e Janer e Centrifugo-Flutuação) e questionário aplicado aos pais e/ou responsáveis dos alunos, para o conhecimento das condições higiênicas e alimentares das crianças de 2 a 5 anos de idade. A pesquisa foi realizada com 80 alunos de dois Centros Educacionais Infantis localizados no Bairro Jardim Palmeiras do Município de Montes Claros. RESULTADOS E DISCUSSÃO Constatou-se que das 80 amostras analisadas 32 casos foram positivos (40 %) e 48 dos casos foram negativos (60%). Dos parasitas intestinais que foram encontrados no exame parasitológico de fezes diagnosticou-se 28 protozooses (82,36%) e apenas 6 casos de helmintoses (17,64%). Verificou-se que das enteroparasitoses diagnosticadas o parasita que obteve maior prevalência foi do protozoário Giárdia lamblia com 35,29% dos casos, sendo 6 casos do sexo masculino e 6 do sexo feminino (percentualizando 50% em cada sexo). Já Salles (2006), em estudo realizado em Municípios do Rio de Janeiro-RJ, diagnosticou-se um alto índice de Giárdia lamblia, correspondendo a 5,29% dos casos positivos analisados. De acordo com os dados analisados do questionamento em relação ao abastecimento de água 79(98,75%) dos questionados responderam que possuíam água tratada em casa enquanto 01(1,25%) não possuía. A água mais utilizada pelas famílias para beberem em casa foi a água tratada em filtros, correspondendo a (63,75%), 17,50% utilizavam água mineral, 16,25% água de cisternas e 2,50% água diretamente da torneira. Não houve nenhum caso de utilização das águas diretamente dos rios. Pode-se observar que no total dos 32 casos positivos (40%) de 80 amostras analisadas, 07 crianças eram de 2 anos (21,87%), 3 crianças de 3 anos (9,37%), 10 de 4 anos (31,25%) e 12 de 5 anos (37,50%). Segundo Salles (2006), a maioria dos casos positivos está presente principalmente em

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decorrência não só da questão social, mas pela falta de infraestrutura adequada em relação ao saneamento básico. CONCLUSÕES Esse estudo pôde mostrar-nos que a Região Norte do estado de Minas Gerais, principalmente no Município de Montes Claros, é uma região onde falta esclarecimento em termos de prevenção contra verminoses, por ser uma região em que a desigualdade sócio-econômica é grande e a população sofre ainda com problemas de saneamento básico. REFERÊNCIAS ARONSON, S.S.; Political and social aspects of child care. Sem Ped Infect Dis 1: 195-203, 1990, Apud: MONTEIRO, Adriana Maria de C.; SILVA, Elizângela F.; ALMEIDA, Katyane de S.; SOUZA, João Jonilson N.; MATHIAS, Luis Antônio; BAPTISTA, Francisco; et.al., Parasitoses intestinais em crianças de creches públicas localizadas em bairros periféricos do município de Coari, Amazonas, Brasil. Revista de Patologia Tropical. 284 – 290. 2009. FERREIRA, Marcelo Urbano, FERREIRA, Cláudio dos Santos e MONTEIRO, Carlos Augusto. Tendência secular das parasitoses intestinais na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). Rev. Saúde Pública, dez. 2000, vol.34, no.6,supl,p.7382.ISSN00348910.Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v34n6s0/3520.pdf> Acesso em: 02 Maio 2007. SALLES, Paulo Correia. Os Protozoários, 2006. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/biologia/protozoarios.htm> Acesso em 21. Out.2007.

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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA PLANTA MEDICINAL BAUHINIA FORFICATA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES TIPO II CADASTRADOS NO HIPERDIA NO MUNICÍPIO DE LAGOA FORMOSA Janaina Aparecida de Oliveira1 2 Janainne Nunes Alves Patrícia Guimarães Barcelos Gontijo3 Este artigo trata de uma pesquisa em andamento realizada na Faculdade de Patos de Minas, que se insere na disciplina de farmacologia do curso de farmácia e que possui como temática central - “ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA PLANTA MEDICINAL Bauhinia forficata EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES TIPO II, CADASTRADOS NO HIPERDIA NO MUNICÍPIO DE LAGOA FORMOSA”. INTRODUÇÃO O diabetes mellitus tipo II é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e se caracteriza principalmente pela deficiência na produção de insulina pelo pâncreas. Com a disponibilidade de vários fármacos para o tratamento de diabetes que resulta em uma politerapia com reações adversas cada vez mais frequentes, muitos dos pacientes buscam um tratamento à base de produtos naturais, sendo mais econômico e menos agressivo. Objetivo: Identificar os metabólitos secundários presentes na Bauhinia forficata, pois, a ação de diversas plantas terapêutica deve-se a esses compostos; e verificar a atividade terapêutica do uso no tratamento dos pacientes com diabetes mellitus tipo II. Metodologia: Foram realizados testes

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Acadêmica do curso de Farmácia 7° período (FPM). Licenciatura em Química (UNIPAM), Bacharelado em Química tecnológica Industrial (UNIPAM), Mestrado em Química Orgânica- Química de produtos naturais (UFU), Doutorado em andamento (UFU). Graduação em Farmácia – (UNIPAM-2005), Especialista em Farmácia Magistral – (UNIPAM – 2007), Especialista em Saúde Pública - (SESPA/PASSO 1 – 2008). FACULDADE PATOS DE MINAS - FPM.

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de identificação dos metabólicos secundários, alcalóides, glucosídeos cardiotônicos, flavonóides, taninos e saponinas e será realizada uma pesquisa com um grupo de 10 pessoas que já fazem uso do chá da planta Bauhinia forficata e por um grupo de controle com 10 pessoas (pacientes portadores que não fazem uso de nenhuma planta medicinal). Inicialmente será realizado e arquivado o teste para verificar a concentração de glicose em cada individuo. Ao longo deste período será realizada num intervalo de três vezes por semana durante quatro semanas a concentração glicêmica de cada membro do grupo, também será monitorado quanto à sua alimentação, atividade física e hábitos de vida. Resultados e Discussão: Os resultados de identificação dos metabólicos mostraram a presença de todos os compostos: alcalóides, glucosídeos cardiotônicos, flavonóides, taninos e saponinas. Dentre eles, a presença de alcalóides, substancias indispensáveis para o tratamento de muitas enfermidades e também porque muitas plantas são matérias-primas para a síntese de fármacos. Conclusões: Esta pesquisa está em andamento. Os resultados obtidos na identificação dos metabólicos serão utilizados clinicamente em todos os participantes da pesquisa. REFERÊNCIAS AIRES, M. M. et. al. Fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro ed. Guanabara Koogan, 1999 p850-854. GOODMAN, L. S. GILMAN, A. As Bases farmacológicas da terapêutica. ed. 11. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2006. GUYTON, A.C.; HALL, J.E; Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa-SP: Instituto Plantarum, 2002. p.544 . Revista Brasileira de Plantas Medicinais = Brazilian Journal of Medicinal Plants. Fundação do Instituto de Biociências. Vol. 1, n.1 1998. Botucatu, SP – Brasil: UNESP. 2010.

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Figura 1 - Bahinia forficata FONTE: Flor pata-de-vaca; Foto de TerĂŞ Thomazini

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LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: ANÁLISE DE CITOQUERATINA COM IMUNOISTOQUÍMICA* Lucas Rodrigues Alves¹, Agostinho Gonçalves Viana¹, Gabriela Alencar Bandeira¹, Patrícia Luciana Batista¹, Paulo Rogério Ferreti Bonam¹

INTRODUÇÃO A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma zoonose de evolução crônica, que acomete a pele e mucosas de forma localizada ou difusa [1], cujo quadro histopatológico varia desde um infiltrado inflamatório de células mononucleares e neutrófilos, até reações granulomatosas com ou sem necrose. Queratinas são as proteínas do citoesqueleto, predominantes nas células do epitélio [2]. Citoqueratinas são proteínas estruturais constituintes ou que se apresentam depois de injúria do tecido [3]. Neste estudo foi avaliado o perfil de citoqueratinas em hiperplasias pseudoepiteliomatosas em casos de leishmaniose tegumentar americana, com o objetivo de avaliar a imunomarcação das citoqueratinas Cks 4, 5, 6, 13, 14, 16 em lesões de LTA. OBJETIVO Analisar o perfil de citoqueratinas em hiperplasias pseudo-epiteliomatosas em lesões de LTA, com o objetivo de avaliar a imunomarcação das citoqueratinas Cks 4, 5, 6, 13, 14, 16 nessas lesões. METODOLOGIA Foram utilizadas no estudo biópsias de lesões em blocos de parafina de pacientes com leishmaniose tegumentar americana, atendidos pela

* Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes nº 1827/2009. ¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

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Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros. Num total foram 37 casos, com idade entre 6 a 85 anos, sendo 10 do gênero feminino e 27 do gênero masculino, nos quais todos apresentaram lesões cutâneas. O epitélio foi histologicamente dividido em camadas: basal, parabasal e suprabasal. Para a avaliação das citoqueratinas, foram realizadas imunoistoquímicas, em que foram feitos cortes histológicos de três µm, desparafinizados em xilol e rehidratados em cadeia descendente de etanol. A recuperação antigênica foi realizada com o tampão Citrato pH 6,0 por 5 minutos a 125ºC em panela de vapor. Para a inibição da peroxidase endógena os cortes passaram por banhos de 15 minutos em solução de peróxido de hidrogênio, sendo posteriormente lavados em cinco banhos de água destilada. Em seguida houve a incubação com os anticorpos primários Cks 4 (6B10), 5(XM26), 6(LHK6B), 13(KS-1A3), 14(LL002) da BioSystem, CA, USA e 16(LL025) da BioCare Medical, CA, USA. Foram utilizados o anticorpo secundário e o complexo terciário pertencentes ao Kit LSAB (Dako Corporation, USA). A reação foi revelada com a solução cromógena diaminobenzidina associada a peróxido de hidrogênio. A contra-coloração foi realizada em solução hematoxilina de Mayer. Para o controle positivo da reação foi utilizada biópsia de pele normal. O projeto recebeu parecer favorável do Comitê de Ética para sua execução (Unimontes/CEP- 1827/2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o padrão de marcação positiva das Cks, observou-se coloração acastanhada no citoplasma/membrana de células epiteliais (Fig. 1). Nas amostras de LTA, houve positividade de marcação para todas as Cks. Os 37 casos analisados apresentaram hiperplasia pseudoepiteliomatosa (HPE). O controle de marcação da Ck 4, mostrou positividade na camada basal e parabasal, entretanto nas amostras de LTA, 4 (10,8%) casos mostraram marcação nas camadas basal e parabasal. No controle da Ck 13, 2 (5,4%) casos apresentaram positividade. Já o controle da Ck 5 apresentou positividade em todas as camadas. Nas amostras, 29 (78,4%) apresentaram positividade nas três camadas. Para a Ck 14, o controle positivo apresentou predomínio de positividade nas camadas basal e parabasal, entretanto, nas amostras todas apresentaram marcação nas três camadas. A Ck6 foi abrangentemente positiva em todas as camadas, tanto no controle quanto nas amostras. Já na Ck 16, o controle apresentou marcação nas três camadas. Na reação, 100% das amostras apresentaram positividade na camada

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parabasal e suprabasal, entretanto, curiosamente na camada basal apenas 20 (54,1%) amostras apresentaram positividade. Os resultados encontrados estão representados na Tab. 1. As Cks 6 e 16 podem estar relacionadas com estado de hiperproliferação do ceratinócito, a expressão reforça que o ceratinócito responde a um estímulo com um padrão alternativo de diferenciação [4]. As Cks 5 e 14 sugerem uma importância funcional para a estabilidade física da epiderme no desenvolvimento da HPE [5]. Os resultados demonstraram mudanças na expressão das citoqueratinas nas lesões de LTA. Acredita-se que a presença de citocinas na inflamação, tanto no epitélio ou na camada sub-epitelial do tecido conjuntivo pode desempenhar um papel importante [6]. CONCLUSÃO A mudança no padrão de expressão das citoqueratinas é um indicador de que algum fator indutivo seja desencadeado pelo parasita. Primariamente atua no nível do citoesqueleto, e secundariamente irá se manifestar com o aspecto de hiperproliferação celular [4]. Observa-se que com o padrão de marcação de algumas Cks em lesões de LTA revelou-se reforço epitelial intenso, proteção e proliferação. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1] MARZOCHI, M. C. A, SABROZA PC, SOUZA MA. 1988. Observações sobre leishmaniose tegumentar, cinco anos após profilaxia. Revista de Saúde Pública; 22: 73-77. [2] LIAO J., LOWTHERT L. A., KU N. O., FERNANDEZ R., OMARY M. B. 1995. Dynamics of Human Keratin 18 Phosphorylation: Polarized Distribution of Phosphorylated Keratins in Simple Epithelial Tissues. J Cell Biol; 5: p. 1291-1301. [3] BONAN P. R. F., KAMINAGAKURA E., PIRES F. R., VARGAS P. A., ALMEIDA O. P. 2006. Cytokeratin expression in initial oral mucositis of head and neck irradiated patients. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod;101: p. 205-211.

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[4] NOGUEIRA-CASTAÑON, M. C. M, MAYA, T. C., NEVES, R. C. 2004. Expressão das citoceratinas em dermatoses infecto-parasitárias associadas à hiperplasia epidérmica. Anais brasileiros de dermatologia, 79(6): p. 679-687. [5] MOLL, R., DIVO M., LANGBEIN L. 2008. The human keratins: biology and pathology. Histochem Cell Biol.,129: p. 705-33. [6] KAMINAGAKURA, E., BONAN, P. R.F., LOPES, M. A., ALMEIDA, O. P., SCULLY, C. 2004. Cytokeratin expression in pseudoepitheliomatous hyperplasia of oral

paracoccidiodomycosis. Medical Mycology, p. 1-6. TABELA 1 Porcentagem da expressão das citoqueratinas em hiperplasia pseudoepiteliomatosa na leishmaniose tegumentar americana HPE Suprabasal Parabasal

Ck4 100% 4 (10,8%)

Ck13 100% -

Ck5 100% 29 (78,4%) 29 (78,4%)

Ck14 100% 37 (100%) 37 (100%)

Ck6 100% 37 (100%) 37 (100%)

Ck16 100% 37 (100%) 37 (100%)

Basal

4 (10,8%)

2 (5,4%)

29 (78,4%)

37 (100%)

37 (100%)

20 (54,1%)

A

B

C

D

Figura 1. Padrão de marcação de citoqueratinas em hiperplasias pseudoepiteliomatosas em leishmaniose tegumentar americana. Fig. 1A. Ck5 positividade basal, parabasal e suprabasal (100x); Fig. 1B. Ck14 positividade em todas as camadas (100X); Fig. 1C. Ck6 padrão de marcação em todas as camadas (100X); Fig1. 1D. Ck16 marcação negativa na camada basal (400X).

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POLIMORFISMOS DOS GENS TNF- Á NO CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE CABEÇA E PESCOÇO: ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES CLÍNICO- PATOLÓGICOS E SOBREVIDA Lucas Rodrigues Alves¹, Gefter Thiago Batista Corrêa¹, Gabriela Alencar Bandeira¹, Bruna Gonçalves Cavalcanti¹, Alfredo Maurício Batista de Paula¹

INTRODUÇÃO O carcinoma epidermóide de cabeça e pescoço (CECP) é o sexto carcinoma mais comum, representando cerca de 3% de todas as lesões malignas em homens e 2% em mulheres [1,2]. O escore do ECOG (Eastern Cooperative Oncology Group) utiliza uma escala de 0 a 5, sendo que 0 indica que o paciente é completamente ativo e 5 é atribuído ao paciente morto. Polimorfismos são alterações na carga genética dos indivíduos [3,4]. O TNF-á é um polipeptídeo que pode regular vários processos fisiológicos como diferenciação celular, proliferação e apoptose [5]. O gen do TNF-a, pode ser considerado um membro chave na família das citocinas que orquestram estruturas multicelulares [5]. O TNF-a parece exibir caminhos paradoxos no câncer. Altas dosagens locais terapêuticas apresentam poderosas ações antineoplásicas. Já quando produzida cronicamente essa citocina age como um promotor tumoral endógeno, contribuindo para a remodelagem tecidual necessária para o crescimento tumoral [6]. O gen do TNF-a exibe um polimorfismo funcional na sua região promotora, localizado na posição -308. Essa variação genética resulta em 2 formas alélicas, uma com a presença da guanina (G) que define a variante comum, e a presença da adenina (A), a variante polimórfica. O polimorfismo no gene TNF-a na posição +308 (G/A) está associado com uma produção alterada da citocina. Vários estudos mostraram uma associação entre o polimorfismo do nucleotídeo do gene TNF e risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer. A análise do polimorfismo genético do TNF-a evidenciou ser impactante de prognóstico em alguns cânceres humanos. Porém, não existem estudos mostrando o impacto do polimorfismo genético do TNF-alfa no prognóstico de pacientes portadores de CECP. ¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

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OBJETIVOS Analisar se variantes polimórficas do gene TNF-á apresentam associação a diferentes avaliações do estado físico pela escala ECOG; e verificar se fatores epidemiológicos, clínicos e morfológicos podem se associar com diferentes variantes polimórficas alélicas e genotípicas do gene TNF-á (308) de individuos com CECP. METODOLOGIA O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros, recebendo parecer favorável para sua execução (Unimontes/CEP-1564/2008). O trabalho envolveu a coleta e análise de dados clínicos e blocos de parafina de uma amostra de 89 pacientes portadores da doença. As informações clínico-patológicas foram devidamente coletadas. O estado físico dos pacientes foi avaliado pela aplicação da escala ECOG no momento do diagnóstico. A sobrevida global foi obtida a partir da data do diagnóstico até a data da última consulta. O polimorfismo de TNF-a foi analisado por técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR – RFLP). Toda a análise estatística (bivariada e multivariada) foi realizada utilizando o software estatístico SPSS® versão 17.0 para Windows®. Análises apresentando confiança acima de 95% (p<0,05) foram consideradas significantes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados podem ser visualizados nas tabelas 1, 2 e 3. Foram notadas associações entre a escala ECOG e os parâmetros, presença de história familiar de câncer, lesões de tamanho clínico T3/T4, ocorrência de metástase cervical e queixa de disfagia. Para o gene TNF-á, os resultados mostraram que os portadores do alelo A e o haplótipo AA apresentaram associação significante com piores escores ECOG (OR=2.82, p= 0.039), lesões localizadas na região posterior do trato aéreo-digestivo superior (OR=4.02, p= 0.002), e tumores T3/T4 (OR= 2.91, p= 0.015). Na análise de sobrevida, apenas pacientes que apresentavam lesões de tamanho T3/T4 (OR=4.87, p= 0.005) e presença de metástase cervical (OR=2.50, p= 0.018) apresentaram pior prognóstico. O estado físico dos pacientes portadores do CCECP apresenta associação com parâmetros clínicos de prognóstico e

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pode indicar comportamentos mais agressivos para a doença. A associação do alelo A, e da variante polimórfica AA, parece contribuir para uma maior agressividade clínica da lesão primária do CECP. A sobrevida dos pacientes com CCECP é determinada de forma significativa pela presença de lesões de maiores tamanhos clínicos e de doença metastática. CONCLUSÃO Portadores do alelo A e do haplótipo AA apresentaram associação significante com piores escores da escala ECOG. A associação do alelo A e da variante polimórfica AA parece contribuir para uma maior agressividade clínica da lesão primária da doença. A sobrevida dos pacientes com CECP é determinada de forma significativa pela presença de lesões de maiores tamanhos clínicos e de doença metastática. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1]- Parkin, DM. Global cancer statistics in the year 2000. Lancet Oncol 2001; 2(9):533-543. [2]- Warnakulasuriya, S. Global epidemiology of oral and oropharyngeal cancer. Oral Oncol 2009; 45(4-5): [3]- Balkwill, F. Cancer and the chemokine network. Nat Rev Cancer 2004; 4(7):540-550. [4]- Gupta, R, Sharma, SC, Das, SN. Association of TNF-alpha and TNFR1 promoters and 3' UTR region of TNFR2 gene polymorphisms with genetic susceptibility to tobacco-related oral carcinoma in Asian Indians. Oral Oncol 2008; 44(5):455-463. [5]- Yapijakis, C, Serefoglou, Z, Vylliotis, A, Nkenke, E, Derka, S, Vassiliou, S et al. Association of polymorphisms in Tumor Necrosis Factor Alpha and Beta genes with increased risk for oral cancer. Anticancer Res 2009; 29(6):2379-2386.

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[6]- Roila, F, Lupattelli, M, Sassi, M, Basurto, C, Bracarda, S, Picciafuoco, M et al. Intra and interobserver variability in cancer patients’ performance status assessed according to Karnofsky and ECOG scales. Ann Oncol 1991; 2(6): Tabelas Table 1 - Baseline characteristics of HNSCC Patients investigated in this study.

194

Variables Age Young Older

n

%

n

%

18 82

Variables Gender Female Male

16 73

9 80

10.1 89.9

TobacooHabit Present Absent

25 64

28.1 71.9

AlcoholHabit Present Absent

43 46

48.3 51.7

Cancer Family Present Absent

52 37

58.4 41.6

Weightloss Absent Present

77 12

86.5 13.5

ECOG Good Poor

65 24

73.0 27.0

Anatomical Site Anterior Posterior

40 49

44.9 55.1

Tumor Size T1/T2 T3/T4

34 55

38.2 61.8

Cervical Metastasis Absent Present

44 45

49.4 50.6

Overall Survival ? 700 days > 700 days

45 44

50.6 49.4

WHO Grade I II III

22 38 29

24.7 42.7 32.6

(-308)TNF-a Haplotype GG GA AA

46 31 12

51.7 34.8 13.5

Carrier Allele A Absent (GG) Present (GA/AA)

46 43

51.7 48.3


Revista de Farmรกcia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

Table 2 Analysis between the socio-demographical and clinicopathologic covariates according to the allelic (-G308)TNF-a polymorphisms in the HNSCC sample. Variables

G

(-308)TNF-a Allelic Frequencies A OR (CI95%)

p value

ECOG-PS Good Poor

38 (58.5%) 8 (33.3%)

27 (41.5%) 16 (66.7%)

2.82 (1.06-7.51)

0.039*

Anatomical Site Anterior Posterior

28 (70%) 18 (36.7%)

12 (30%) 31 (63.3%)

4.02 (1.65-9.80)

0.002*

Tumor Size T1/T2 T3/T4

23 (67.6%) 23 (48.1%)

11 (32.4%) 32 (58.2%)

2.91 (1.19-7.22)

0.015*

Cervical Metastasis Absent Present

22 (50%) 24 (53.3%)

22 (50%) 31 (46.7%)

0.88 (0.38-2.01)

0.459

WHO Grade I-II III

34 (56.7%) 12 (41.4%)

26 (43.3%) 17 (58.6%)

1.85 (0.76-4.55)

0.130

*Values bearing asterisks are statistically significant using the Mantel-Haenszel Pearson รท test.

2

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Table 3 Analysis between the clinicopathological covariates according to the haplotype (-G308)TNF-a polymorphisms in the HNSCC sample. Variables (n/%)

GG

(-308)TNF-a Haplotype Frequencies GA AA

ECOG-PS Good Poor OR (CI95%) p value

38 (58.5%) 8 (33.3%) Referent

22 (33.8%) 9 (37.5%) 1.942 (0.173-5.780) 0.231

Anatomical Site Anterior Posterior OR (CI95%) p value

28 (70%) 18 (36.7%) Referent

7 (17.5%) 24 (49%) 5.35 (0.07-14.93) 0.356

Tumor Size T1/T2 T3/T4 OR (CI95%) p value

23 (67.6%) 23 (48.1%) Referent

9 (26.5%) 22 (40%) 2.45 (0.16-6.41) 0.546

Cervical Metastasis Absent Present OR (CI95%) p value

22 (50%) 24 (53.3%) Referent

14 (31.8%) 17 (37.8%) 1.11 (0.36-2.78) 0.818

WHO Grade I-II III OR (CI95%) p value

34(56.7%) 12(51.7%) Referent

17 (28.3%) 14 (34.8%) 2.33 (0.89-6.14) 0.086

5 (7.7%) 7 (29.2%) 6.667 (0.04-26.32) 0.007* 5 (12.5%) 7 (14.3%) 2.18 (0.13-7.94) 0.238 2 (5.9%) 10 (18.2%) 5.00 (0.04-25.64) 0.052 8 (18.2%) 4 (8.9%) 0.46 (0.58-1.74) 0.251 9 (15%) 3 (13.5%) 0.94 (0.25-4.08) 0.939

*Values bearing asterisks are statistically significant using the Mantel-Haenszel Pearson รท test. 2

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Figure 01: Polyacrylamide gel electrophoresis for detection of TNFA (308 G/A) polymorphism. Base pair ladder (100 bp) (lane 1); PCR product without digestion = 107 bp (lane 2); genotype AA = 107 bp (lane 7); genotype G/A = 107 + 87 bp (lanes 3; 4); genotype GG = 87 bp (lanes 5;6)

Figure 2: Survival in patients with HNSCC according to age after 1826 days. The difference between groups was evaluated by the log-rank test and the differences were statistically signi没cant.

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Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

CORRELAÇÕES ENTRE O FATOR DE CRESCIMENTO ENDOTELIAL VASCULAR E FATORES CLÍNICOPATOLÓGICOS NO CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE CABEÇA E PESCOÇO Lucas Rodrigues Alves¹, Camila Santos Pereira¹, Gabriela Alencar Bandeira¹, Patrícia Luciana Batista Domingos¹, Carlos Alberto de Carvalho Fraga¹

INTRODUÇÃO O Carcinoma epidermóide é a mais importante neoplasia maligna encontrada na região de cabeça e pescoço [1,2]. Através de estudos voltados à possível associação de fatores relacionados à metástase do carcinoma, pôde-se comprovar que um dos fenômenos produzidos por este relacionamento é o crescimento de uma nova rede de vasos sanguíneos, a qual é denominada angiogênese tumoral. Angiogênese é o processo de crescimento vascular via vasos pré-existentes. Um estimulador da angiogênese é o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que permite a proliferação e migração de células endoteliais, além de inibir a apoptose [3]. VEGF é derivado das células endoteliais das artérias, veias e vasos linfáticos, sendo este uma proteína de 21kD e estruturalmente relacionada às da família dos fatores de crescimento [4]. À medida que as vias de sinalização inibem a expressão de VEGF, a angiogênese tumoral e consequentemente o tamanho tumoral são inibidos [5]. OBJETIVOS O presente trabalho objetivou avaliar a imunoexpressão do VEGF em células neoplásicas do fronte invasivo de pacientes com CECP. Ainda investigaram-se possíveis correlações com parâmetros clínico-patológicos. ¹ Universidade Estadual de Montes Claros.

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METODOLOGIA O trabalho envolveu a coleta e análise de dados clínicos e blocos de parafina de uma amostra de 39 pacientes portadores da doença e que não passaram por nenhum tratamento que envolvesse radioterapia. Amostras parafinizadas dos tecidos foram utilizadas para avaliação da expressão do VEGF. Nessa técnica foi utilizado o kit streptoavidina-biotina-peroxidase (LSAB Kit, Dako, Glostrup, Denmark). O estudo foi conduzido de acordo com os preceitos determinados pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes/COEP, protocolo 1187/2008). Todas as avaliações microscópicas utilizaram aumento 400X. As amostras consideradas positivas foram aquelas que apresentaram imunolocalização positiva para o VEGF, sendo que todas as amostras positivas apresentaram percentagem de células imunomarcadas superior a 90%. Associações entre a expressão do VEGF e os parâmetros clínico-patológicos foram analisadas pelos testes estatísticos de ÷2. Análises apresentando confiança acima de 95% (p<0,05) foram consideradas significantes. Toda a análise estatística foi realizada utilizando o software estatístico SPSS® versão 17.0 para Windows®. RESULTADOS E DISCUSSÃO Da população estudada, 32 pacientes (82,05%) eram do sexo masculino e 7 pacientes (17,95%) eram do sexo feminino; e a média de idade foi de 59,26 anos (37-83 anos), apresentando uma maior parcela de pacientes jovens (58,97%) em comparação com os pacientes idosos (41,03%). Analisando os sítios anatômicos da localização do tumor foi encontrado 30,80% na cavidade bucal. Com relação à classificação TNM, 30 pacientes estavam no estadiamento III ou IV, enquanto apenas 9 encontravam-se no estadiamento I ou II. No presente estudo, a imunolocalização do VEGF foi verificada em 11 casos. A contagem das células neoplásicas foi realizada apenas no fronte de invasão (Fig. 1). A Tabela 1 mostra a correlação entre os parâmetros clínicopatológicos e a média da contagem do VEGF. Os resultados apresentaram que a imunolocalização do VEGF não foi significativamente relacionada aos parâmetros analisados.

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Embora CECP ter sido caracterizado como um tipo de neoplasia em que o prognóstico é determinado sobretudo pelo estádio clínico, há a necessidade de avaliação de diversos marcadores de prognóstico alternativos. Neste estudo não foi verificada associação entre os parâmetros clínicopatológicos e a imunoexpressão do VEGF. Vários fatores contribuem para o aumento da expressão do VEGF no tumor. A baixa concentração de oxigênio intracelular bloqueia a degradação do fator indutor da hipóxia (HIF-1a), o que eleva os níveis e determina a hipóxia intracelular, que, por sua vez, determina o aumento da atividade angiogênica pela ativação da transcrição do gene VEGF [6]. A clivagem das proteínas extracelulares pelas metaloproteinases de matriz (MMP) também libera o VEGF e a endostatina pela clivagem do colágeno IV, sendo esta última uma inibidora da angiogênese. Uma mutação no gene supressor p53 também determina um aumento na expressão do VEGF [6]. CONCLUSÃO Os dados indicam que o VEGF não contribui na regulação de progressão do tumor e não pode ser considerado um marcador de prognóstico para o CECP. Mais estudos são necessários para um melhor entendimento da função dessa proteína na gênese do CECP, bem como para permitir o desenvolvimento de possíveis terapias contra o câncer. FAPEMIG; CNPQ; CAPES. REFERÊNCIAS [1] MOORE, S. R.; JOHNSON, N. W.; PIERCE, A. M.; WILSON, D. F. 2000. The epidemiology of mouth cancer: a review of global incidence. Oral Disease, n. 2, p. 65-74. [2] NEVILLE, B. W.; DAMM, D. D.; ALLEN, C. M.; BOUQUOT, J. E. W.B. 2004. Patologia Oral e Maxilofacial. Saunders, 768p. [3] RAVI, D.; RAMADAS, K.; MATHEW, B. S.; NALINAKUMARI, K. R. 1998. Angiogenesis during tumor progression in the oral cavity is related to reduced apoptosis and high tumor cell proliferation. Oral Oncology, n. 6, p. 543-548.

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[4] PARK, J. E.; KELLER, G. A.; FERRARA, N. 1993. The vascular endothelial growth factor (VEGF) isoforms: differential deposition into the subepithelial extracellular matrix and bioactivity of extracellular matrix-bound VEGF. Molecular Biology Cell, n. 12, p. 1317-1326. [5] KIM, K. J.; LI, B.; WINER, J.; ARMANINI, M. 1993. Inhibition of vascular endothelial growth factor-induced angiogenesis suppresses tumour growth in vivo. Nature, n. 6423, p. 841-844. [6] BOUDREAU, N.; MYERS, C. 2003. Breast cancer-induced angiogenesis: multiple mechanisms and the role of the microenvironment. Breast Cancer Res. p. 140-146. TABELA 1 Associação entre parâmetros clínico-patológicos e expressão do VEGF no CECP. Parâmetro Idade < 60 anos ?60 anos

VEGF positivo

VEGF negativo

p

7 4

16 12

0.711

Sexo Feminino Masculino

1 10

6 22

0.366

Gradação OMS Bem diferenciado Moderadamente diferenciado Pouco diferenciado

1 8 2

6 15 7

Tamanho T1/T2 T3/T4

4 7

10 18

0.970

Metástase loco-regional Ausente Presente

7 4

18 10

0.970

Estadiamento TNM I/II III/IV

3 8

6 22

0.697

0.517

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Figura 1. Imunoexpressão do VEGF em células neoplásicas e inflamatórias do CECP. Fig. 1A - Imunolocalização do VEGF no fronte de invasão do CECP. Fig. 1B - Imunolocalização do VEGF em células infiltrativas no CECP. Fig. 1C Imunolocalização do VEGF no controle positivo (amostra de rim). Fig. 1D Imunolocalização do VEGF no controle positivo (amostra de rim). (Coloração: DAB. Contracoloração: Hematoxilina de Mayer’s. Fig. 1A, Fig. 1B, 1C e 1D aumento de 400X).

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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AOS PACIENTES COM HIV/AIDS: UMA REVISÃO

Dias, M. E. G.1; Figueiredo I. B.1; Santos, D. S.2; Rodrigues D. A.2

INTRODUÇÃO HIV é a sigla em inglês do Vírus da Imunodeficiência Humana que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Esse quadro leva ao aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o que aumenta a suscetibilidade para múltiplas infecções de etiologia variada. Desde a descoberta da AIDS tem-se investido muito na distribuição de medicamentos, realização de testes laboratoriais, campanhas, difusão de informação através da mídia, de escolas, serviços de saúde. Entretanto, observa-se que o número de portadores do vírus HIV vem apresentando um crescimento exponencial. Dados do Ministério da Saúde apontam que no Brasil em 1987 havia 2.775 casos notificados, e em 2009 esse número chegou a 544.846 (BRASIL, 2010). Neste contexto, a Assistência Farmacêutica apresenta-se como um importante instrumento, uma vez que desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo indivíduo com HIV/AIDS. Objetivo: Avaliar as ações da assistência farmacêutica aos pacientes portadores de HIV/AIDS. Metodologia: Este estudo tem caráter exploratório, tendo sido elaborado a partir da revisão de artigos científicos publicados entre 2006 e 2010 na base de dados do SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) e acessando LILACS (Sistema Latino Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde) para tanto, utilizou-se os descritores Assistência Farmacêutica, HIV e AIDS. Desenvolvimento: No início da

1

2

Discente do Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. Docente do Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

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década de 1980 a humanidade encontrou o grande desafio de enfrentar a pandemia da AIDS, doença que hoje ocupa lugar de destaque entre os principais problemas de saúde no mundo (ABDALLA; NICHIATA, 2008). O HIV infecta os macrófagos, as células dentríticas e, principalmente, os linfócitos T auxiliares-indutores, também denominados de T helper cells (células T auxiliares) que são responsáveis pela modulação da resposta imunológica (LAZZAROTTO, 2007). Embora a cura para a infecção pelo HIV ainda não seja conhecida, alguns medicamentos antiviróticos aumentam a sobrevida e a qualidade de vida dos indivíduos com HIV/AIDS (UNICEF, s/d). O sucesso da terapêutica está intimamente relacionado à utilização correta dos antirretrovirais e; portanto, dependente da adesão contínua do paciente ao tratamento. A Assistência Farmacêutica contribui para o uso racional de medicamentos, na medida em que desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo indivíduo, buscando avaliar e garantir a necessidade, a segurança e a efetividade do processo de utilização de medicamentos, proporcionando resultados mais favoráveis durante a farmacoterapia (BRASIL, 2010). A Atenção Farmacêutica pode ser definida como um conjunto de procedimentos necessários à promoção, prevenção e recuperação da saúde, individual e coletiva, centrado no medicamento, englobando as atividades de pesquisa, produção, distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação, esta última entendida como o ato essencialmente de orientação quanto ao uso adequado dos medicamentos e sendo privativa do profissional farmacêutico (ARAÚJO et al., 2008). O envolvimento do farmacêutico no processo de atenção à saúde é fundamental para a prevenção dos danos causados pelo uso inadequado de medicamentos (ARAÚJO et al., 2008). Conclusão: A Assistência Farmacêutica aos pacientes com HIV/AIDS é um instrumento salutar, uma vez que contribui de forma efetiva na continuidade e qualidade do processo terapêutico, minimizando assim, a dificuldade de adesão ao tratamento com antirretrovirais. REFERÊNCIAS ABDALLA, F. T. de M.; NICHIATA, L. Y. I. A Abertura da privacidade e o sigilo das informações sobre o HIV/Aids das mulheres atendidas pelo Programa Saúde da Família no município de São Paulo, Brasil. Saude Soc., v.17, n.2, p.140-152, 2008.

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ARAÚJO, A. da L. A. de, et al. Perfil da assistência farmacêutica na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13(Sup), 2008. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo de assistência farmacêutica em DST/HIV/Aids: recomendações do Grupo de Trabalho de Assistência Farmacêutica. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. LAZZAROTTO, A. R. DERESZ, L. F. SPRINZ, E. HIV/AIDS e Treinamento Concorrente: a Revisão Sistemática. Rev Bras Med Esporte, v.16, n.2, p.149-154, 2007. UNICEF, Promovendo a Utilização Racional de Medicamentos e a Administração Correta de Casos nos Serviços Básicos de Saúde. Publicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância em cooperação com a Organização Mundial da Saúde e o UNAIDS. Disponível em: http://www.unicef.org. Acesso em: 22/01/2011.

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PREVALÊNCIA DE LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS DO COLO UTERINO EM EXAMES CITOPATOLÓGICOS DE UNIDADES BÁSICAS DE SÁUDE NA CIDADE DE MONTES CLAROS 1

1

2

N.C.M. Oliva , R.M. Machado , D.F.R. Jesus , T.A. Pinheiro1,3, E.R. Cardoso1,4 INTRODUÇÃO O trato genital feminino é, ainda, sede frequente de infecções e neoplasias, mesmo com o fácil acesso ao exame ginecológico e aos métodos diagnósticos que são oferecidos. Dentre estas neoplasias destaca-se o câncer do colo do útero. No Brasil, o câncer de colo uterino é estimado como a terceira neoplasia maligna mais comum entre mulheres, sendo também considerada a quarta causa de morte por câncer. É caracterizado por alterações intraepiteliais cervicais, que podem se desenvolver ao longo de décadas para um estágio invasivo. A presença do Vírus Papiloma Humano (HPV) de alto risco, de carga viral alta e de infecção persistente são fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer invasivo a partir de neoplasia intraepitelial cervical. Em 1943, o exame citopatológico (Papanicolau) foi introduzido como método citológico de rastreamento do câncer de colo de útero, tornando possível que lesões precursoras tratáveis fossem detectáveis. A equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), através do acompanhamento de todos os membros da família, apresenta todas as condições que os tornam capazes de motivar as mulheres a realizarem precocemente o exame de Papanicolau.

¹ Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho; Biomédico, Pós-Graduado em Análises Clínicas; 3 Faculdades Integradas Pitágoras, FIP-Moc; 4 Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE);

2

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OBJETIVO Definir a prevalência de lesões precursoras do câncer de colo uterino, diagnosticadas nos exames citopatológicos de mulheres atendidas em unidades básicas de saúde em Montes Claros, especificando o grau destas lesões de acordo com o Sistema Bethesda, bem como a faixa etária mais acometida. METODOLOGIA A população do estudo se constituiu de 4269 laudos citopatológicos de mulheres atendidas em duas unidades básicas de saúde em Montes Claros, que realizaram exame preventivo de câncer de colo uterino, no período de julho de 2006 a dezembro de 2009. Os resultados dos exames foram fornecidos através dos registros do Sistema de Informações do Câncer do Colo do Útero – SISCOLO – da Secretaria de Estado de Saúde da mesma cidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 4269 laudos analisados, verificou-se um total de 58 (1,36%) casos positivos para alterações citopatológicas, com atipias em células escamosas, sendo o restante 4211 (98,64%) casos negativos. (Gráfico 1).

GRÁFICO 1: Prevalência das atipias em células escamosas.

Das 58 (1,36%) citologias atípicas houve uma prevalência de 47 (81%) para lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) compreendendo efeito citopático pelo HPV, 10 (17%) para lesão intraepitelial de alto grau – II e III (HSIL), e somente 1 (2%) alteração possivelmente não neoplásica (ASCUS) (Gráfico 2).

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Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

GRÁFICO 2: Distribuição dos resultados em células escamosas atípicas.

Nossos achados foram concordantes com os estudos de Gaurisi et al. (2004), em que também foi identificada uma predominância de citopatologias compatíveis com HPV/NIC I. Por outro lado, discordaram dos achados de Saldanha e Vargas (2008), em que havia uma maior predominância de citopatologias em células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS). Em relação à idade das mulheres no momento do diagnóstico, 17 (29%) possuíam entre 13-22 anos, 24 (41%) entre 23-32, 12 (21%) entre 3342, 4 (7%) entre 43-60 e, somente 1 (2%) acima de 60 anos de idade (Tabela 01). Estes dados concordam, novamente, com os achados de Guarisi et al. (2004) em que verificou-se predominância de alterações citopatológicas em mulheres menores de 35 anos.

TABELA 1 Prevalência de Idade (por faixa etária) no momento do diagnóstico Idade

n 13-22 23-32 33-42 43-60 >60

208

% 17 24 12 4 1

29 41 21 7 2


Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

CONCLUSÃO Conforme dados da pesquisa podemos concluir que dos 4269 exames analisados, somente 58 (1,36%) foram positivos para alterações celulares com atipias em células escamosas. Destes 58, a maioria das mulheres (41%) apresentou lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) compreendendo efeito citopático pelo HPV. A faixa etária de maior acometimento por estas lesões foi a de 23-32 anos (41%). REFERÊNCIAS DAVIM, R. M. B.; TORRES, G. V.; SILVA, R. A. R.; SILVA, D. A. R. Conhecimento de mulheres de uma unidade básica de saúde da cidade de Natal/RN sobre o exame de papanicolau. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 39; 296-302. 2005. NONNENMACHER, B.; BREITENBACHA, V.; VILLAB, L. L.; PROLLAC, J. C.; BOZZETTIC, M. C. Identificação do papilomavírus humano por biologia molecular em mulheres assintomáticas. Revista de Saúde Pública, 36; 95-100. 2002. SANTANA, E.A.; BISELLI, P.M.; BISELLI, J.M.; ALMEIDA, M.T.G.; BERTELLI, E.C.P. Câncer cervical: etiologia, diagnóstico e prevenção. Arquivo de Ciências da Saúde, 15; 199-204. 2008. VEIGA, F.R., RUSSOMANO, f.; CAMARGO, M.J.; MONTEIRO, A.C.S.; REIS, A.; TRISTÃO, M.A. Prevalência das lesões intra-epiteliais de alto grau em pacientes com citologia com diagnóstico persistente de ASCUS. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 28; 75-80. 2006.

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Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v.1, n. 1/2011

TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA COM PEGINTERFERON E RIBAVIRINA: RELATO DE CASO

Alexandre Viana Reis¹, Carolina Lage de Freitas², Cristiane Mendes Gonçalves Lima², Patrícia Jorge Schwenck de Carvalho², Vinícius Gomes Souza²

1 INTRODUÇÃO A hepatite C acomete aproximadamente 170 milhões de pessoas em todo mundo. O VHC é capaz de sofrer enorme variabilidade genética, determinando o elevado índice de cronificação da doença. O tratamento recomendado consiste na combinação de interferon peguilado (peg-IFN) e ribavirina. Os IFNs são citocinas potentes com ações antivirais e imunomoduladoras e a ribavirina atua inibindo a síntese de RNAm viral. 2 RELATO DE CASO Paciente A.A.V., sexo masculino, 63 anos, hipertenso, diabético, etilista e extabagista, procurou o serviço de saúde em 20/08/09 relatando perda ponderal progressiva há 5 anos. Durante investigação foi feito o diagnóstico de hepatite C. Nega transfusões sanguíneas, tatuagens, uso de drogas injetáveis e relata histórico de DSTs. Ao exame físico, apresentava-se anictérico. Avaliação laboratorial inicial mostrou PCR-HCV 3.400.000 cópias/ml (6,5log) genótipo 1, HBsAg negativo, Hb 14,2g/dL, global de leucócitos 3.800/ml (segmentados 51%), plaquetas 135.000/ml, atividade de protrombina 66,1%, RNI 1,16, ferritina 303,2ng/mL, bilirrubina total 1,2mg/dL (direta 0,6mg/dL), glicemia de jejum 124mg/dL, AST 115U/L, ALT 185U/L, GGT 197,4U/L. Biópsia hepática A2F2 pela classificação da Sociedade Brasileira de Patologia. Em 22/12/09, iniciou-se a terapia de 48 semanas com peg-IFN a2a 180µg/semana associado à ribavirina 1g/dia. ¹ Gastro-hepatologista do Hospital Universitário Clemente de Faria ² Graduando em Medicina pela Universidade Estadual de Montes Claros. Liga Acadêmica Norte Mineira de Doenças Infecciosas e Parasitárias

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Durante grande parte do tratamento queixava-se de mialgia, febre, hiporexia e adinamia. Na 10ª semana de terapia, os exames revelaram Hb 9,8g/dL, reticulócitos 42%, ferritina 1.976ng/mL, vitamina B12 323pg/mL, ácido fólico 7,2ng/mL, TSH 5,11µg/dL, global de leucócitos 1.700/ml (segmentados 32%) e plaquetas 129.000/ml. Frente aos resultados, iniciouse o uso de eritropoetina humana 40.000UI 3/sem e filgrastim 300mg 1/sem. Na 12ª semana de tratamento, novo PCR-HCV indicou 61UI/mL (1,8log), continuando-se a terapia. Na 14ª, exames mostraram Hb 7,0g/dL e global de leucócitos 1.200/mL (segmentados 30%), sendo então reduzidas as doses de ribavirina para 750mg/dia e peg-IFN para 136mcg/sem. Após 8 semanas, na vigência de uma leucopenia sustentada, ajustou-se o filgrastim para 300mg 2/sem,obtendo-se resultados favoráveis na 30ª semana de tratamento, sendo então suspendido o filgrastim e restabelecidas as doses de peg-IFN e ribavirina. Após o término da terapia, paciente relata estar mais disposto, revelando PCR-HCV negativo e avaliações hepática e renal satisfatórias, apresentando leucopenia (1.180/mL), plaquetopenia (92.000/mL) e níveis normais de hemoglobina (10,7g/dL). Como conduta final foi solicitado controle mensal dos exames alterados e novo PCR-HCV qualitativo dentro de 6 meses para avaliação da resposta virológica sustentada. 3 DISCUSSÃO O tratamento visa eliminar o VHC, interromper o processo inflamatório e fibrótico do fígado e prevenir cirrose e hepatocarcinoma. Apesar da grande expectativa gerada pelo peg-IFN com ribavirina, com eficácia de 40 a 60% dos casos de hepatite C genótipo 1, o sucesso terapêutico depende de fatores como o genótipo e carga virais, adesão ao tratamento e tolerabilidade aos efeitos colaterais. O principal efeito adverso precoce do peg-IFN é uma síndrome gripal com tolerância gradual na maioria dos pacientes. Observase menos frequentemente efeitos tardios como persistência do quadro gripal, reações autoimunes, psiquiátricas e hematológicas. Neste caso foram observadas leucopenia e plaquetopenia decorrentes do efeito mielossupressor do IFN, além de síndrome gripal prolongada. O paciente evoluiu também com anemia hemolítica pelo uso da ribavirina, droga que permanece por mais tempo nos eritrócitos provocando assim hemólise extravascular.

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4 CONCLUSÃO O surgimento dos efeitos hematológicos decorrentes desse tratamento não deve impedir a continuidade do esquema terapêutico, mas indica necessidade de complementação com fatores de crescimento mielóide, como a eritropoetina humana e o filgrastim. Apenas se não houver melhora hematológica, recomenda-se a redução das doses do peg-IFN e/ou ribavirina, o que poderá comprometer as chances de uma resposta virológica sustentada satisfatória. REFERÊNCIAS CECIL, Russell L; GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis (Ed). Cecil tratado de medicina interna. 23ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. FOCACCIA, Roberto (Ed). Veronesi: tratado de infectologia. 3ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005. GOODMAN, Louis Sanford; GILMAN, Alfred Goodman. As bases farmacológicas da terapêutica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2003.

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ANÁLISE DE PUREZA E QUANTIFICAÇÃO DE AMOSTRAS DE DNA EXTRAÍDAS DE PSIDIUM GUINEENSE (MYRTACEAE) COM DIFERENTES PROTOCOLOS DE EXTRAÇÃO Magalhães, Paula Fernanda Xavier¹, Batista, Sarah Christina 4 Carvalho², Gomes, Amanda Silva³, Cota , Leide Gonçalves , Junior, Afrânio Farias De Melo5 INTRODUÇÃO O araçazeiro (Psidium guineense) apresenta potencial para exploração econômica devido à boa aceitação de seus frutos para consumo in natura, pelo elevado teor de vitamina C, quatro vezes maior que as frutas cítricas. Além disso, possui alta capacidade de frutificação, de resistência a doenças e pragas (exceto à mosca das frutas) e de dispersão, que indica a adaptação da espécie a diferentes ambientes [7]. Desse modo, fazem-se necessários estudos ecológico, genético e evolutivo das populações naturais de P. guineense para que sejam estabelecidas estratégias de conservação e uso sustentável da espécie. Atualmente, uma das ferramentas mais importantes no estudo de parâmetros genéticos é a biologia molecular, cujos recentes avanços abriram novas perspectivas para a pesquisa em conservação de espécies e para os estudos de biologia populacional como um todo. A extração de DNA está entre as etapas primordiais no acesso à estrutura genética de populações, e para verificar o grau de variabilidade genética existente em uma determinada espécie [2]. 1

Aluna da Universidade Estadual de Montes Claros, Departamento de Biologia Geral, Montes Claros, MG, Brasil . 2 Graduada em Biomedicina - Faculdades Unidas do Norte de Minas, Instituto de Ciências da Saúde, Montes Claros, MG, Brasil. 3 Aluna da Universidade Estadual de Montes Claros, Departamento de Biologia Geral, Montes Claros, MG, Brasil. 4 Aluna de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros, Departamento de Biologia Geral, Montes Claros, MG, Brasil. 5 Professor do Departamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, MG, Brasil.

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O teste de diferentes protocolos de extração de DNA é necessário para que se tenha uma otimização nos processos de obtenção de DNA de qualidade para análises moleculares. Além disso, a identificação e caracterização da diversidade genética de plantas por meio das técnicas moleculares envolvem a avaliação de vários indivíduos, necessitando-se, portanto, de métodos rápidos e precisos de extração do DNA [5]. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi avaliar a pureza e quantificar amostras de DNA extraídas de Psidium guineense com dois protocolos de extração de DNA, a fim de obter DNA de qualidade de Psidium guineense, para a caracterização genética de populações naturais da espécie. METODOLOGIA Folhas jovens de 9 indivíduos de Psidium guineense foram coletadas e conduzidas ao Laboratório de Bioprospecção e Recursos Genéticos da Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES. Os seguintes protocolos foram testados para a realização do processo de extração de DNA: o proposto por Mogg e Bond (2003) [4] e o descrito por Doyle e Doyle (1987) [1] e adaptado por Machado et al. (2002) [3] . Após a extração, a pureza do DNA foi determinada através de espectrofotometria, por meio da leitura da absorbância da amostra nos comprimentos de onda de 260 nm (concentração do DNA em mg/ml) e 280 nm (quantificação de proteínas) no espectrofotômetro UV Vis Shimadzu. A razão A260/A280 foi utilizada como indicativo de grau de pureza do DNA obtido [6]. RESULTADOS E DISCUSSÃO O protocolo proposto por Doyle e Doyle (1987) [1] e adaptado por Machado et al. (2002) [3] mostrou mais eficiência na extração de DNA de Psidium guineense, uma vez que foi obtido DNA em boa quantidade e com qualidade, como é observado pela análise de pureza examinada pela relação A260/A280 (Tabela 1). Já o protocolo descrito por Mogg e Bond (2003) [4] foi menos eficiente na extração.

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O processo de extração, conforme o protocolo proposto por Doyle e Doyle (1987) [1] e adaptado por Machado et al. (2002) [3], exige maiores cuidados na manipulação de alguns reagentes utilizados, devido à toxicidade e volatilidade desses, como por exemplo, o â-mercaptoetanol. Porém, essa metodologia de extração faz uso de reagentes que contornam um dos problemas na extração de DNA, que são os metabólitos secundários, produzidos em grande quantidade pela espécie analisada. CONCLUSÃO Com base nos experimentos ficou evidente que o proposto por Doyle e Doyle (1987) [1] e adaptado por Machado et al. (2002) [3] é mais eficiente no que diz respeito à avaliação do grau de pureza do DNA obtido de Psidium guineense. Assim, é o sugerido para a extração de um DNA de qualidade e em quantidade satisfatória para as análises moleculares da espécie. REFERÊNCIAS [1] DOYLE, J.J., DOYLE, J.L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus. 12:13–15. [2] FERREIRA, M. E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares em análise genética. 1998. Brasília: EMBRAPA, 220p. [3] MACHADO, F.R.B; VINSON, C.C; SILVA, V.P.; CIAMPI, A.Y. 2002. Extração de DNA genômico de câmbios de espécies madeireiras tropicais. In: Recife PE, editor. 53_ Congresso Nacional de Botânica. Sociedade Brasileira de Botânica. Recife, Pernanbuco, Brazil, 2002. [4] MOGG, R. J. & BOND, J. M. 2003. A cheap, reliable and rapid method of extracting high quality DNA from plants. Molecular Ecology Notes, v. 3, p. 666-668. [5] MOLINARI, H. B. & CHOCHEMORE, M. L. 2001. Extração de DNA Genômico de Passiflora spp. Para Análises PCR-RAPD. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, SP, v. 23, n. 2, p. 447-450.

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[6] MOREIRA, P.A.& OLIVEIRA, D.A. Leaf age affects the quality of DNA extracted from Dimorphandra mollis (Fabaceae), a tropical tree species from the Cerrado region of Brazil. Genetics and Molecular Research 10 (1): 353-358 (2011). [7] RASEIRA, A.; R, M. C.B. “Ya - cy”, Cultivar de araçazeiro lançada pela EMBRAPA / CPACT. Hirti Sul, Pelotas, v.3, n.1, p.37-39, 1994.

TABELA 1 Análise de pureza e quantificação das amostras de DNA extraídas de Psidium guineense, leituras de absorbância e 260 e 280nm. 1A a 9A – amostras extraídas utilizando o protocolo descrito por Doyle e Doyle (1987) [1] e adaptado por Machado et al. (2002) [3].; 1B a 9B – amostras extraídas com o uso do protocolo proposto por Mogg e Bond (2003) [4].

Amostra 1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A 8A 9A 1B 2B 3B 4B 5B 6B 7B 8B 9B

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A260 2,5540 0,1770 2,3270 1,2310 4,1940 1,9900 3,5950 1,7110 1,6670 0,9050 1,2280 1,8230 0,9380 1,7900 2,2530 1,4390 0,7540 0,7550

A280 1,3360 0,1410 1,2470 0,7430 2,3050 1,0780 1,9100 0,9390 0,8680 0,8000 1,1210 1,6320 0,8470 1,5620 1,9790 1,2910 0,6410 0,6660

Grau de pureza do [DNA] DNA ng/ul A260/A280 1,91 1277,00 1,26 88,50 1,87 1163,50 1,66 615,50 1,82 2097,00 1,85 995,00 1,88 1797,50 1,82 855,50 1,92 833,50 1,13 452,50 1,10 614,00 1,12 911,50 1,11 469,00 1,15 895,00 1,14 1126,50 1,11 719,50 1,18 377,00 1,13 377,50


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ANÁLISE BIOFARMACOTÉCNICA DE COMPRIMIDOS DE ÁCIDO CLAVULÂNICO ASSOCIADO À AMOXICILINA 1

1

Rafael Mendes Cardoso ; Rafael Cândido Paraíso ; Karyne de Castro Lacerda1; Waldemar de Paula Júnior1,2

INTRODUÇÃO A amoxicilina é um antibiótico pertencente ao grupo das penicilinas e atua contra diversos microrganismos gram-positivos e gram-negativos. O ácido clavulânico é considerado como um poderoso e inibidor de enzimas blactamases produzidas por bactérias resistentes às penicilinas e cefalosporinas. A associação do ácido clavulânico com a amoxicilina numa mesma formulação representa o uso de um antibiótico b-lactâmico sensível à b-lactamase, juntamente com um inibidor desta enzima. A associação de ácido clavulânico e a amoxicilina pode ser comercializada na forma de comprimidos. Essa forma farmacêutica é caracterizada como sendo revestidos de cor branca amarelada, ovais, biconvexos e ranhurados de ambos os lados. Como a utilização de ácido clavulânico associado à amoxicilina é comum em pessoas de todas as idades devido a infecções orofaríngeas, o seu processo de produção deve ser altamente controlado e dentro de especificações recomendadas. Alterações durante a produção desses medicamentos podem resultar em efeitos indesejáveis ao paciente como, perda do efeito terapêutico e até mesmo toxicidade. Portanto, é de suma importância avaliar a qualidade dessa formulação e, sobretudo, comparar a sua apresentação em diferentes formas de comércio: referência, similar e genérico. OBJETIVO: Avaliar a qualidade biofarmacotécnica de ácido clavulânico associado à amoxicilina apresentado na forma de comprimidos comercializados como medicamentos de referência, similar e genérico. METODOLOGIA: Foram utilizados comprimidos de

1 2

Curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. Departamento de Fisiopatologia da Universidade Estadual de Montes Claros.

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amoxicilina 500mg com ácido clavulânico 125mg apresentado na categoria de medicamento Genérico (A), Similar (B), Referência (C e D). Para cada tipo de medicamento foram realizados os testes de (1) determinação do peso médio, (2) dureza e (3) desintegração de acordo com as recomendações da Farmacopeia Brasileira, 5ª edição. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados deste trabalho estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. O controle de qualidade permite assegurar a aparência do produto e a sua eficácia terapêutica. Os comprimidos devem apresentar estabilidades física e química, desintegrarem-se no tempo ideal, serem pouco friáveis, apresentarem integridade e superfície lisa e brilhante, sendo destituídos de alguns defeitos como fissuras, falhas e contaminações. Há ainda variações entre si, em relação à espessura, diâmetro, tamanho, peso, forma, dureza, características de desintegração, dependendo do método de fabricação e da finalidade da sua utilização. Comprimidos são obtidos através da compactação de sistemas sólidos particulados por aplicação de uma pressão até que o sistema se rearranje e deforme, dando origem a uma massa compacta de forma bem definida. O ensaio de peso médio permite verificar se existe homogeneidade entre as unidades de um mesmo lote. Aqueles que apresentarem pesos distintos podem possuir teores de ativos também distintos. Para avaliar a concentração de princípios ativos em cada unidade dos comprimidos analisados estão ligados ao controle do peso, as três classes de medicamentos (similar, genérico e referência) estão em conformidade com a monografia utilizada, apresentando um coeficiente de variação d” 10%. Os resultados dos testes de desintegração obtidos para os medicamentos referência, similares e genéricos cumpriram com os requisitos necessários para a aprovação, tendo um tempo abaixo preconizado pela farmacopeia brasileira da 5ª edição. As amostras testadas neste trabalho apresentaram-se dentro das especificações recomendadas. As propriedades como tamisação, mistura, granulação e compactação, e a densidade (influencia a compressibilidade, a porosidade e a dissolução dos comprimidos) podem influenciar decisivamente as características físicas dos comprimidos produzidos, como homogeneidade de peso, friabilidade, dureza e desintegração. CONCLUSÃO: De acordo com os resultados deste trabalho podemos concluir que, considerando os testes realizados, todos os medicamentos avaliados estão dentro das especificações recomendadas.

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REFERÊNCIAS OLIVEIRA, Jaine; GRANATO, Ana Claudia; HIRATA, Daniela B. Ácido Clavulânico e Cefamicina C: Uma Perspectiva da Biossíntese, Processos de Isolamento e Mecanismo de Ação. Quim. Nova,São Paulo Vol. 32, No. 8, 2142-2150, 20/10/09. KÖHler, Luis Fernando et. al.. Avaliação biofarmacotécnica e perfil de dissolução de comprimidos de dipirona: equivalências farmacêutica entre medicamentos de referência, genéricos e similares. Rev. Bras. Farm., 227, 90-4, 2009. TABELA 1 Peso Médio de Comprimidos de Amoxicilina 500mg com Ácido Clavulânico 125mg Genérico (A), Similar (B), Referência (C e D). Amostra A

Desvio (%)

Amostra B

Desvio (%)

Amostra C

Desvio (%)

Amostra D

Desvio (%)

1,1012

0,57493573

1,1089

2,35512

1,1550

0,17337

1,1443

5,6226549

1,1018

0,62973500

1,0816

-0,16476

1,145

-0,69393

1,1476

5,9272558

1,0916

-0,30185267

1,0874

0,3706

1,1583

0,45958

1,1783

8,7609668

1,0831

-1,07817573

1,0898

0,59213

1,1584

0,46826

1,1504

6,1857050

1,1027

0,71193391

1,1017

1,69053

1,145

-0,69393

1,1400

5,2257508

1,0921

-0,25618661

1,0547

-2,64772

1,169

1,3876

1,1582

6,9056707

1,0836

-1,03250967

1,076

-0,68166

1,154

0,08664

1,1565

6,7487551

1,0912

-0,33838552

1,0832

-0,01708

1,1552

0,19072

1,1400

5,2257508

1,0845

-0,95031076

1,0890

0,51828

1,1515

-0,13018

1,1682

7,8287036

1,088

-0,63064832

1,0720

-1,05087

1,1564

0,2948

1,1456

5,7426492

1,0939

-0,09178879

1,0772

-0,5709

1,1375

-1,3444

1,159

6,9795133

1,0979

0,27353971

1,0400

-4,00458

1,154

0,08664

1,1205

3,4258366

1,0867

-0,74938008

1,0989

1,43209

1,1588

0,50295

1,1500

6,1487837

1,0784

-1,50743672

1,0674

-1,47547

1,1563

0,28612

1,1260

3,9335047

1,1132

1,67092122

1,092

0,79519

1,1485

-0,39037

1,1860

9,4717021

1,0908

-0,37491837

1,0788

-0,42321

1,1584

0,46826

1,1330

4,5796277

1,1106

1,43345770

1,0915

0,74904

1,1443

-0,75464

1,1329

4,5703974

1,1066

1,06812920

1,0950

1,0721

1,1589

0,51162

1,1550

6,6103001

1,0962

0,11827510

1,1000

1,53362

1,143

-0,86739

1,1555

6,6564518

1,104

0,83066567

1,0826

-0,07246

1,1527

-0,02611

1,1425

5,4565090

1,09491

1,08339

1,153

1,14948

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TABELA 2 Dureza e Tempo de Desintegração de Comprimidos de Amoxicilina 500mg com Ácido Clavulânico 125mg Genérico (A), Similar (B), Referência (C e D).

A

Dureza (N) 190,738

Desintegração (min:seg) 00:15:15

B

234,1285

00:13:45

C

200,9383

00:07:10

D

185,5516

00:14:15

Amostras

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AVALIAÇÃO DOS ANTI-HIPERTENSIVOS UTILIZADOS POR UM GRUPO DE HIPERTENSOS DE MONTES CLAROS – MG Ana Paula Alves Fonseca1, Fernanda Oliveira Gomes1, Isabella 1 1 Cristina Mendes de Sá e Silva , Kênia Souto Antunes , 1 Ramom Ribeiro Lélis de Sousa

INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares. O diagnóstico da HAS é feito quando se aferem valores de PA sistólica e” 140 mmHg e/ou de PA diastólica e” 90mmHg em, pelo menos, três ocasiões. O objetivo primordial do tratamento da HAS é a redução da morbimortalidade cardiovascular, que pode ser alcançada com o uso de diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (I-ECA), bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA II) e com antagonistas dos canais de cálcio (ACC). Os diuréticos agem no néfron inibindo o transporte de sódio, aumentando sua excreção e o volume urinário. São classificados de acordo com o segmento do néfron em que atuam: os diuréticos de alça, como a furosemida, inibem o cotransportador Na /K /2Cl, na porção espessa da alça de Henle; os diuréticos tiazídicos, como a hidroclorotiazida, inibem o +

1

+

-

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde.

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cotransportador Na /Cl, no túbulo distal; já os bloqueadores do canal de sódio, como o amiloride, e os antagonistas da aldosterona, como a espironolactona, agem no túbulo coletor. +

-

Os betabloqueadores inibem as respostas cronotrópicas, inotrópicas e vasoconstritoras à ação das catecolaminas. São classificados quanto à seletividade em: a) Não seletivos, como o propanolol: bloqueiam tanto os receptores â quanto os â , apresentando efeitos periféricos mais acentuados, como aumento da resistência arterial periférica e broncoconstrição.

1

2

b) Cardiosseletivos, como o atenolol: bloqueiam apenas os receptores â , presentes em maior parte no coração, no sistema nervoso e nos rins e; portanto, sem os efeitos periféricos indesejáveis. 1

c) Vasodilatadores: antagonizam o receptor alfa-1 periférico, como o carvedilol, e produzem óxido nítrico, como o nebivolol. Os I-ECA impedem a conversão de angiotensina I em angiotensina II. Esta atua na vasoconstrição das arteríolas, estimula a secreção de aldosterona e age no sistema nervoso simpático, levando ao aumento de catecolaminas. O antagonismo da angiotensina II pelos BRA-II, como losartana, também é efetivo no tratamento da HAS. Já os ACC, como a nifedipina, agem sobre a musculatura arterial sistêmica, coronariana e miocárdica, e no sistema de condução cardíaca, diminuindo a hipertrofia e melhorando o desempenho diastólico do ventrículo esquerdo. A escolha do medicamento é individualizada, sendo a monoterapia a estratégia inicial para pacientes com HAS estágio 1, e com risco cardiovascular baixo a moderado. Quando à monoterapia é insuficiente (2/3 dos casos), opta-se pela terapêutica combinada, sobretudo nos estágios 2 e 3.

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OBJETIVOS Objetiva-se fazer um levantamento dos principais anti-hipertensivos utilizados na microárea 5, sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família, do bairro Vila Telma do município de Montes Claros, MG. METODOLOGIA Trata-se de um estudo quantitativo, a partir de informações extraídas do programa HiperDia, Sistema de Cadastramento e Acompanhamento dos Hipertensos e Diabéticos, realizado em fevereiro e março de 2011. Foram avaliados 51 pacientes, sendo 31 mulheres e 20 homens com idade entre 34 e 85 anos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 51 hipertensos, 11,7% usam monoterapia e 88,3% estão em terapia conjugada. Os diuréticos são utilizados por 84,3% dos pacientes, sendo a hidroclorotiazida 76,7% desses. Os I-ECA correspondem a 58,8% do total, sendo o captopril 70% desses. Os bloqueadores adrenérgicos representam 35,2% do total, sendo o propanolol 44,4% desses. Dos BRA-II, 17,6% do total, somente o losartana é utilizado. Já os ACC, exclusivamente representados pela nifedipina, correspondem a 7,8%. CONCLUSÃO Conclui-se que a maioria dos pacientes utiliza mais de um anti-hipertensivo e que os diuréticos constituem a principal monoterapia e escolha terapêutica. O sucesso terapêutico depende de um tratamento individualizado, em que haja adesão do paciente e conhecimento por parte do médico acerca da farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos disponíveis. REFERÊNCIAS III Consenso Brasileiro de Hipertensão, Revista Brasileira de Clínica Terapêutica, 1998.

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RANG, H. P. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sociedade Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2008.

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AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DOS VALORES DE COLESTEROL TOTAL E TRIGLICÉRIDES DE PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA SUMETIDOS AO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE Jéssyka Maria dos Santos¹, Renata Beatriz Rocha Fróes¹, Edson Rabelo Cardoso¹² Thales de Almeida Pinheiro¹³. ,

,

INTRODUÇÃO A insuficiência renal crônica (IRC), quadro em que há necessidade de hemodiálise ou transplante renal, é uma situação clínica cuja prevalência no Brasil é de aproximadamente 391/1.000.000 de habitantes. A prevalência e incidência da IRC têm aumentado progressivamente em escala mundial com crescente aumento nos custos para o sistema de saúde em razão do crescimento no número de diabéticos, hipertensos e do envelhecimento da população . Para controlar a IRC é requerido ao paciente o exame denominado perfil lipídico, no qual se dosa os níveis de colesterol total, HDL-Colesterol, LDL-Colesterol e triglicérides para avaliação preventiva de risco de doenças aterosclerótica e cardiovasculares. Colesterol é um tipo de gordura produzido exclusivamente por animais, inclusive os humanos. O colesterol circula normalmente no sangue, sendo usado pelas células do corpo para construir as membranas celulares, sintetizar alguns hormônios e vitaminas, e também como fonte de energia. O aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos é assintomático na maioria dos casos e predispõe a doença graves como: angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e problemas circulatórios. Pacientes portadores de IRC podem apresentar um perfil lipídico variável ao longo do tratamento de hemodiálise. Deste modo, este estudo objetivou avaliar os valores de colesterol total e triglicérides dos pacientes portadores de IRC submetidos à hemodiálise. [1

e2]

[3]

¹ Faculdades de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho. ² Faculdades Unidas do Norte de Minas. ² Faculdades Integradas Pitágoras, FIP-MOc.

225


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METODOLOGIA O estudo foi realizado a partir de prontuários de pacientes cadastrados em um centro de tratamento de hemodiálise do município de Montes Claros, sendo avaliados 41 dos 92 pacientes cadastrados. O critério de escolha dos pacientes se deu por ordem de chegada durante a realização do procedimento de hemodiálise. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se que 16 (39.02%) pacientes apresentavam hipertensão arterial sistêmica; 8 (19.51%) pacientes são portadores de Diabete Melito; 1 (2.43%) paciente faz uso de bebida alcoólica e nenhum paciente é considerado tabagista (Tabela 1). TABELA 1 Fatores predisponentes ao desenvolvimento de dislipidemia dos pacientes com Insuficiência Renal Crônica submetidos à Hemodiálise * Fator predisponente Hemodiálise (41) Tabagismo 0 Hipertensão arterial 16 (39.02) Alcoolismo 1 (2.43) Diabete melito 8 (19.51) * Resultados são apresentados como nº. absoluto (percentual)

Os valores de colesterol total reduziram durante o tratamento de hemodiálise em 25 (63%) pacientes, e em 15 (37%) elevaram-se, 1 (2%) paciente manteve o valor inalterado. Em relação aos níveis de triglicérides, 22 (54%) pacientes apresentaram seus índices reduzidos e 19 (46%) aumentados. A concentração de triglicérides está usualmente alterada em pacientes com IRC, os quais podem apresentar perfil lipídico altamente trombogênico com elevação dos níveis de triglicérides e redução dos níveis de colesterol durante o tratamento de hemodiálise. Estes valores quando alterados, durante o tratamento, acarretam em lesão glomerular, dentre outras doenças . Por outro lado, o colesterol total encontra-se normal, e em alguns casos de IRC terminal estes níveis encontram-se diminuídos. Muitos fatores contribuem para a alteração destes índices, como por exemplo, a [2]

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dieta nutricional, o índice de massa corpórea, o uso de medicamentos, as doenças de base e a hipertensão . Neste estudo não foram avaliados as frações de colesterol, devido à ausência destes dados no prontuário dos pacientes cadastrados no período em estudo (Tabela 2). [3]

TABELA 2 Perfil de Colesterol total e triglicérides dos pacientes com insuficiência renal crônica submetidos á Hemodiálise Dosagens

Fev.2010

Dez.2010

Lipídeos Paciente 1

CT

T GR

CT

T GR

195

212

173

Paciente 2

200

163

113

Paciente 3

195

192

Paciente 4

136

Paciente 5

Dosagens

Fev.2010

Dez.2010

Lipídeos

CT

T GR

CT

T GR

119

Paciente 22

232

178

162

177

79

Paciente 23

303

179

277

270

188

186

Paciente 24

197

107

173

119

91

143

136

Paciente 25

96

50

116

110

196

156

217

161

Paciente 26

191

109

61

78

Paciente 6

140

134

182

200

Paciente 27

153

86

104

92

Paciente 7

200

241

190

83

Paciente 28

166

85

166

218

Paciente 8

130

106

150

50

Paciente 29

184

112

171

67

Paciente 9 Paciente 10 Paciente 11 Paciente 12 Paciente 13 Paciente 14 Paciente 15 Paciente 16 Paciente 17 Paciente 18 Paciente 19 Paciente 20 Paciente 21

111

66

132

79

Paciente 30

128

101

126

90

257

256

205

222

Paciente 31

147

290

196

207

109

108

159

119

Paciente 32

110

48

231

237

225

390

231

237

Paciente 33

141

90

154

149

227

175

170

103

Paciente 34

289

300

247

445

123

62

132

84

Paciente 35

127

384

139

361

170

121

158

74

Paciente 36

126

76

109

62

172

160

193

78

Paciente 37

236

244

158

85

197

49

156

85

Paciente 38

143

65

122

64

154

83

133

86

Paciente 39

187

139

170

53

257

256

224

231

Paciente 40

126

100

133

105

138

56

132

89

Paciente 41

154

92

125

98

165

151

120

95

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CONCLUSÃO As correlações observadas indicam que, na amostra estudada, os valores de colesterol total reduziram em 25 pacientes (63%) e os níveis de triglicérides reduziram em 22 pacientes (54%). Estes dados estão de acordo com alguns estudos nos quais também foram observadas reduções nos níveis de colesterol total e triglicérides em pacientes portadores de IRC submetidos a tratamento de hemodiálise. É de fundamental importância a dosagem das frações de colesterol para acompanhamento da progressão da IRC, visto que estas dosagens refletem de forma mais fidedigna a predisposição da ocorrência de doenças cardiovasculares. A hemodiálise contribui positivamente para a qualidade de vida do paciente, uma vez que aumenta a sua sobrevida. REFERÊNCIAS 1. Diretrizes Brasileiras de Doença Renal Crônica. J Bras Nefrol. 2004; 26(Supl 1):S1-S49. 2. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Censos. [Acesso em 2007 Jul. 7]. Disponível em: http://www.sbn.org.br/censos.htm. 3. Jussara C. de Almeida, Vanessa D. de Mello,Luis H. Canani1, Jorge L. Gross, Mirela J. de Azevedo; Papel dos lipídeos da dieta na nefropatia diabética. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2009; 53/5 4. Coresh J, Astor BC, Greene T, Eknoyan G, Levey AS. Prevalence of chronic kidney disease and decreased kidney function in the adult US population: Third National Health and Nutrition Examination Survey. Am J Kidney Dis. 2003; 41:1 -12.

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