livro
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livre
Um livro é uma sequência de espaços. Cada um desses espaços é percebido em um momento diferente – um livro também é uma sequência de momentos. Um livro não é um mostruário de palavras, nem um saco de palavras, nem um portador de palavras. Um escritor, ao contrário da opinião popular, não escreve livros. Um escritor escreve textos. O livro existiu originalmente como recipiente de um texto (literário). Mas o livro, considerado como uma realidade autônoma, pode conter qualquer linguagem (escrita), não somente a linguagem literária, até mesmo qualquer outro sistema de signos.
Ulises Carrión [Fazer Livros / The New Art of Making Books, 1975]
queríamos falar sobre como fazemos livros fazendo um livro. no intervalo de tempo entre o primeiro e o último dia do seminário, colhemos anotações dos participantes.
ela sorriu quando dissemos que não sabíamos bem o que estávamos fazendo.
ele demonstrou alguma frustração ao constatar que a princípio nos interessaríamos por qualquer coisa.
“o que vou te mostrar não é qualquer coisa.”
“canto ao despertar. desperta-canto.”
ela escolheu com cuidado o que iria compartilhar e arrancou a pรกgina do caderno.
tomate ouroboros. anotação pública porém não autorizada.
não falávamos a mesma língua. Clementine. mexerica. sambista. o namorado dela se lembrou da personagem do filme sobre o procedimento de apagar a memória amorosa.
“vamos fazer uma publicação.” “que loucura!”
“essa é a minha sobrinha.”
“palavras anotadas durante a construção de um trabalho. a tentativa de dar nome ao que não tem nome. dúvida: isso me tolhe ou isso me lança?”
ela disse que queria ver seu desenho na capa.
seminário poesia e ação casa de rui barbosa rio de janeiro novembro de 2014