TCC arqurbuvv A reconciliação entre o rio e a cidade: Intervenção urbana às margens do Rio Itanguá.

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A reconciliação entre o rio e a cidade: Intervenção urbana às margens do Rio Itanguá, Cariacica (ES) “A paisagem vai ser. Agora é um branco a tingir-se de verde, marrom, cinza, mas a cor não se prendeu a superfícies, não modela. A pedra só é pedra no amadurecer longínquo. E a água deste riacho não molha o corpo nu: molha mais tarde. A água é um projeto de viver.” (Carlos Drummond de Andrade)

FAGNER VIEIRA DA COSTA Vila Velha 2014


FAGNER VIEIRA DA COSTA

A reconciliação entre o rio e a cidade: Intervenção urbana às margens do Rio Itanguá, Cariacica (ES)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Profº Clóvis Aquino de Freitas Cunha

Vila Velha 2014


FAGNER VIEIRA DA COSTA

A reconciliação entre o rio e a cidade: Intervenção urbana às margens do Rio Itanguá, Cariacica (ES)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Comissão Examinadora: _____________________________________ Profº Clóvis Aquino de Freitas Cunha Universidade Vila Velha Orientador _____________________________________ Profª. Larissa Leticia Andara Ramos Universidade Vila Velha Avaliador Interno _____________________________________ Arquiteta Ivana Souza Marques Avaliador Externo Convidado

Parecer da Comissão Examinadora em 26 de Junho de 2014: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________


“A paisagem vai ser. Agora é um branco a tingir-se de verde, marrom, cinza, mas a cor não se prende a superfícies, não modela. A pedra só é pedra no amadurecer longínquo. E a água deste riacho não molha o corpo nu: molha mais tarde. A água é um projeto de viver.” (Carlos Drummond de Andrade)


AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Deus que com mãos fortes me sustentou nos momentos mais difíceis e me direcionou quando eu não sabia por onde começar. Pelas promessas cumpridas e segurança de que Ele nunca falha. Aos meus amigos que souberam entender as recusas de passeios e torceram para que este dia chegasse. A Thiago Pavuna, que ouviu todas as minhas ideias projetuais e ainda se arriscou a dar conselhos, sua ajuda foi fundamental. Aos meus mestres pela dedicação em ensinar, criticar quando necessário e estimular quando eu voava baixo demais. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para este trabalho.


DEDICAÇÕES Dedico este trabalho a minha mãe que me forjou o caráter e instruiu acerca de todas as coisas, preparando-me para enfrentar a vida de cabeça erguida certo de que tudo é possível. Dedico também a Josiane Tuller e Andressa Barcelos, conhecer vocês nesta caminhada foi extremamente importante e creio que prosseguiremos a caminhar em parceria. Dedico, por fim, a vida que embora sendo um sopro, me permite experimentar inúmeras alegrias e desafios.


RESUMO Embora seja um assunto relativamente atual, a criação de parques lineares no Brasil apresenta alguns exemplares de sucesso. A busca pela recuperação dos rios urbanos e requalificação das áreas ribeirinhas já apresenta inúmeros indícios de melhora da qualidade de vida e de incentivo ao lazer e esporte nestas áreas. O objetivo deste trabalho é a criação de uma Praça pública no local em que o Rio Itanguá torna-se visível no bairro de Nova Brasília e uma praça linear às margens do Rio Itanguá, Cariacica (ES), buscando resgatar a identidade do rio e seu potencial ambiental. As propostas deste trabalho priorizam o usuário e buscam criar atrativos por meio de atividades esportivas e equipamentos de lazer atendendo as necessidades da população identificadas no diagnóstico elaborado. A metodologia utilizada nesta pesquisa consiste na conceituação dos temas referentes ao assunto (pesquisas documentais e bibliográficas), estudos de casos precedentes e diagnóstico das potencialidades e deficiências do local. Os resultados deste trabalho permitem a definição das propostas de intervenção na área de projeto.

Palavras-chave: Requalificação. Rios. Cidade. Praça Linear.


ABSTRACT Even though the creation of linear parks in Brazil is a relatively current issue, it presents some successful case studies. The pursuit of recovery and redevelopment of coastal rivers in urban areas already shows innumerable indications of life quality improvement and encouragement for recreation and sport in these areas. The aim of this study is the creation of a public Plaza in the place where the River Itanguá becomes visible in Nova Brasília neighborhood and a linear square by the river Itanguá, Cariacica (ES), in order to recover the identity of the river and its environmental potential. The proposal in this paper prioritizes the users and seeks to create attractive sports and leisure facilities to meet the populations’ needs, which had been identified and elaborated in the diagnosis. The methodology used for this research is the conceptualization of issues related to the subject matter (literature and research), analysis of previous case studies and the strengths and weaknesses diagnosis of the site. The results allow the definition of a plan of action in the project area.

Keywords: Rehabilitation. Rivers. City. Linear Square.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10 1

EMBASAMENTO CONCEITUAL....................................................................13

1.1 O RIO NO MEIO URBANO.................................................................................13 1.1.1 Legislação.......................................................................................................16 1.1.1.1 Política Nacional De Recursos Hídricos........................................................16 1.1.1.2 Resolução 303/02 - Conama.........................................................................17 1.1.1.3 Lei 12.651/12 Código Florestal Brasileiro......................................................18 1.1.1.4 Política Estadual De Recursos Hídricos........................................................18 1.1.1.5 Política Florestal Estadual.............................................................................19 1.1.1.6 Parcelamento do Solo...................................................................................20 1.1.1.7 Plano Diretor Municipal De Cariacica............................................................20 1.2 PAISAGISMO......................................................................................................23 1.3 PARQUES E PRAÇAS........................................................................................25 1.4 PARQUE LINEAR...............................................................................................26 2

ESTUDO DE PRECEDENTES........................................................................28

2.1 PROJETOBEIRA RIO - RIO PIRACICABA - SP.................................................28 2.2 REQUALIFICAÇÃO DO RIO CHEONGGYECHEON..........................................36 2.3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS ESTUDOS APRESENTADOS...................43 3

ÁREA DE ESTUDO.........................................................................................45

3.1 EVOLUÇÃO DO MUNICÍPIO DE CARIACICA - ES............................................45 3.2 INSERÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...................................................................47


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PROJETO DE INTERVENÇÃO.......................................................................52

4.1 DIAGNÓSTICO...................................................................................................52 4.1.1 Morfologia Urbana..........................................................................................53 4.1.2 Estrutura Viária...............................................................................................57 4.1.3 Uso Do Solo...................................................................................................63 4.1.4 Gabarito...........................................................................................................67 4.1.5 Setorização Sensorial....................................................................................69 4.1.6 Cenas e Apropriações....................................................................................72 4.1.7 Elementos Bióticos........................................................................................79 4.1.8 Elementos Abióticos......................................................................................82 4.1.9 Considerações Do Diagnóstico....................................................................85 4.2 PROPOSTA DE PROJETO.................................................................................87 4.3 PROJETO PRAÇA DAS ÁGUAS........................................................................92 4.3.1 Partido Arquitetônico.....................................................................................94 4.3.2 Descrição Do Projeto Da Praça Das Águas.................................................95 4.4 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO...................................................................111 4.4.1 Materiais para pavimentação......................................................................111 4.4.2 Espécies para vegetação............................................................................116 4.4.3 Mobiliário urbano.........................................................................................139 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................147

REFERÊNCIAS........................................................................................................148 ANEXO.....................................................................................................................151


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INTRODUÇÃO A existência de rios sempre foi algo favorável ao surgimento e crescimento das cidades. Esta estreita ligação entre o rio e a cidade resultou, dessa maneira, na formação dos núcleos habitacionais que deram início as ocupações do território brasileiro. A justificativa desta ligação está nos benefícios extraídos do rio e nas possibilidades de navegação e transporte de produtos para comercialização (COSTA, 2006). Ainda segundo a autora, com o passar do tempo, com o surgimento de outros meios de transporte, tecnologias avançadas e outros meios de sobrevivência, os rios deixaram de ser elemento primordial nas cidades, tornando-se obras de engenharia. Dessa maneira, o rio urbano tornou-se, muitas vezes, um problema nas cidades, sendo atribuída a ele toda responsabilidade por inundações e constantes enchentes. Em decorrência da perda do sentimento que liga a cidade ao rio, as áreas ribeirinhas tornaram-se, muitas vezes, local apenas de passagem, sem nenhum atrativo de lazer ou contemplação que estimule a permanência do usuário, resultando em áreas de acúmulo de lixos, uso de drogas e de ocupações informais que avançam em direção do rio delimitando e impedindo o acesso da população. Com o Rio Itanguá, Cariacica (ES), não foi diferente. O rio que durantes décadas foi um elemento que favoreceu o desenvolvimento e a evolução dos bairros ao longo de sua margem, servido de meio de transporte prático e seguro para comercialização de mercadorias, passou pelos mesmos problemas que levam os rios urbanos ao esquecimento no mundo, como, perda do sentimento de ligação com a cidade, retificação e canalização das margens, destino final de dejetos e esgoto, dentre outras característica, que são identificados no desenvolvimento do estudo deste trabalho. O objetivo deste trabalho é a criação de uma Praça pública no local em que o Rio Itanguá torna-se visível no bairro de Nova Brasília e uma praça linear às margens do Rio Itanguá, com a justificativa de resgatar o sentimento de apropriação do espaço por parte da população, propondo a reconciliação entre o rio e a cidade. O corredor verde busca ser atrativo também à população dos bairros vizinhos, no desfrute de


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equipamentos de esporte e lazer, áreas para caminhadas, espaços para contemplação da paisagem e principalmente resgate do contato com o rio. Este trabalho justifica-se na necessidade de espaços para lazer, esporte e integração com o meio ambiente na cidade de Cariacica, ES. A intervenção é importante para a comunidade, pois propicia a criação de uma Praça Linear interligado ao Rio Itanguá, que teve sua importância na vida social e econômica dos bairros vizinhos, como pesca, lavagem de roupas, navegação, dentre outros beneficios. A cidade de Cariacica não possui atualmente áreas destinadas a parques públicos que possuam equipamentos que atendam às necessidades da população. A escolha deste tema e área para implantação da Praça Linear justifica-se, ainda, por atender os objetivos definidos no Plano Diretor Municipal de Cariacica (Lei 005/2006) e as necessidades identificadas no local, explanados no decorrer deste trabalho. A metodologia consiste primeiramente num embasamento conceitual através de bibliografias referentes ao tema, como livro, artigos e dissertações de mestrado. Em um segundo momento é feito um estudo da área de intervenção com observações do pesquisador para levantamento de dados para embasamento projetual. Esta etapa foi registrada através de mapas e fotografias. Desta maneira, o trabalho foi dividido em cinco capítulos. O capítulo um aborda assuntos referentes a conceituação do tema rio no meio urbano, legislação vigente, paisagismo e a implantação de parques

como

instrumento de planejamento urbano-ambiental de áreas de fundo de vale, objeto deste trabalho. O capítulo dois apresenta estudos de precedente sobre projetos de Parques Lineares considerados referências. Foram escolhidos para estes estudos o Projeto Beira Rio, localizado na cidade de Piracicaba (SP) e o projeto de renovação urbana do Rio Cheonggyecheon, cidade de Seul, Coréia do Sul. Esta etapa foi desenvolvida com base na percepção do autor em analisar e compreender os projetos por meios de imagens fotográficas e mapas. O objetivo deste capítulo foi buscar diretrizes que possam ser aplicadas nas propostas para a área de projeto deste trabalho.


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O capítulo três apresenta a inserção da cidade de Cariacica e sua localização no estado do Espírito Santo e história da evolução dos bairros dentro da área de estudo e do seu entorno imediato para conhecimento das principais características e especificidades do local. Dessa maneira, busca apresentar a ligação existente entre o Rio Itanguá e os bairros que ao longo do processo de ocupação das terras, desfrutaram e se beneficiaram dos recursos extraídos do seu leito. Por último, no capítulo quatro, num primeiro momento, foi elaborado o inventário com o mapeamento da área de estudo com registro de dados levantados em visitas a campo. Estes mapas buscam fornecer informações necessárias ao entendimento das necessidades e potencialidades dos bairros que se inserem dentro da área de estudo e em seu entorno imediato. Num segundo momento, com base na sobreposição de todos os mapas de diagnóstico, foram identificadas as principais necessidades do local e definidas as propostas de intervenção para a área de projeto deste trabalho.


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EMBASAMENTO CONCEITUAL

Neste capítulo são abordados conceitos e definições referentes ao objeto de estudo deste trabalho. O objetivo deste capítulo é apresentar conceitos atuais referentes à inserção dos rios urbanos na cidade, e a forma de apropriação destes elementos naturais. Serão abordados ainda, definições de paisagismo e o surgimento dos parques e praças como elemento de integração social e de permanência. Ainda neste capítulo serão apresentadas algumas definições referentes ao surgimento e importância dos parques lineares no Brasil. 1.1 O RIO NO MEIO URBANO A ligação entre os rios, quer sejam grandes, médios ou pequenos cursos d’água e a vida urbana, sempre foi favorável para o surgimento dos núcleos de habitação que deram início as ocupações dos territórios brasileiros (COSTA, 2006). Tal relação de intimidade entre as cidades e os rios também é evidenciada em outras civilizações, como Egito e Rio Nilo, Roterdã, às margens do Maas (Figura 1.1); Paris, às margens do Senna (Figura 1.2) (HOLZ, 2012), entre outras cidades que desfrutaram dos benefícios que os rios tinham a oferecer, como controle territorial, fertilidade no plantio, rápida locomoção e deslocamento de pessoas e bens, entre outros além, da água potável (COSTA, 2006).

Figura 1.1 - Rio Maas, Roterdã Fonte: Disponível em: http://www.clickgratis.com.br/virtual/lugaresturismo/roterda-arrasada-e-revitalizada/. Acesso: agosto/2013

Figura 1.2 - Paris, às margens do Rio Senna. Fonte: www.cronicas-da-lilian.com. brimagensparis-002-p021.JPG Acesso: Agosto/2013

Segundo Cunha (2009), as margens dos rios não apenas permitem a recreação, como também tem sido o centro das ocupações humanas. O rio deve estar inserido


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na paisagem, ter visibilidade, receber valor por parte da população que se conscientiza de sua importância enquanto elemento natural e atua como agente de preservação, garantindo acesso às margens como espaço público (UTIMATI, 2007). A existência de cursos d’água na cidade influencia na qualidade de vida humana, além de proporcionar ambientes de lazer e paisagens para contemplação (HOLZ, 2012). Esta qualidade de vida é proveniente do conhecer, habitar e se descobrir como parte desta paisagem, identificando semelhanças próprias e tornar-se um com o rio e o meio ambiente (COSTA, 2006, p.10). Costa (2006) descreve que para os rios, em especial os de pequeno porte, atravessar a malha urbana é uma tarefa muito difícil. Esta definição se caracteriza enquanto a visão de rios como estruturas de saneamento e drenagem (Figura 1.3). Rios inseridos em malha urbana têm sua formação natural alterada ao longo dos anos, como foi observado no capítulo anterior, e estas alterações são provenientes de propostas de intervenções, que no caso da área de estudo resultou no acréscimo do índice de freqüência das enchentes.

Figura 1.3 - Rio Itanguá, Área de estudo - lançamento de resíduos domiciliares no leito do rio. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

As frequentes enchentes e poluição dos leitos de rios são as causas da desvalorização das áreas ribeirinhas e desprezo quanto às propostas de urbanização, gerando uma paisagem residual sujeita a ocupações irregulares da faixa marginal dos mesmos (Figura 1.4).


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Figura 1.4 – Rua Vila Velha, Itanguá. Enchente constante na área de estudo. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Atualmente, os rios têm sido tratados com obras de engenharias que os retificam e canalizam criando imensos sistemas de drenagem subterrânea, como justificativa a evitar os alagamentos e as enchentes e permitir a melhor ocupação urbana num território de baixada (COSTA, 2006). A figura 1.4 evidencia que estas obras de engenharias não são eficientes em todos os casos e a solução prevê um resultado pontual ignorando, em muitos os casos, a questão paisagística e cultural local. Outro fator a se questionar nestas obras é o destino final dessa água canalizada, geralmente em áreas que não recebe infraestrutura suficiente para suportar o novo volume de água, surgindo assim outras áreas alagadiças. Segundo Gorski (2010), a canalização afeta intensamente a qualidade da paisagem, matas ciliares são extintas e as margens quando não executadas com contenção de concreto recebem taludes ou escoramentos formados por vegetações que dependem de produtos químicos e herbicidas para sua permanência. A criação de leis para proteção da faixa marginal, bem como políticas para ordenamento urbano, é inoperante se não forem integrados a políticas de habitação (Figura 1.5) (COSTA, 2006).


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Figura 1.5 - Área de estudo, Trecho canalizado extinto de vegetação. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

1.1.1 Legislação Neste item são abordadas Leis a níveis Federal, Estadual e Municipal que tratam e dão parâmetros para preservação dos cursos d’água, prevenção de eventos hidrológicos e visam garantir a preservação dos recursos naturais. Com base nesta pesquisa é possível observar que em alguns casos, a degradação das áreas ribeirinhas é resultado do descumprimento das leis em vigor. Para esta análise foram selecionadas as leis de maior pertinência às características da área de estudo, sendo elas, a nível Federal: Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), Resolução CONAMA (303 /2002)

e

Código

Florestal

Brasileiro (Lei nº 12.651/12); Nível Estadual: Política Florestal (Lei nº 5.361/96), Parcelamento do Solo (Lei 7.943/04) e Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei nº 5.818/98); Nível Municipal: Plano Diretor Municipal de Cariacica (Lei nº 005/2006). 1.1.1.1 Política Nacional De Recursos Hídricos A lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos que baseia-se nos fundamentos de que a água é um recurso natural limitado, dotado de valores econômicos e de domínio público. Define ainda, em seu artigo primeiro, que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada, proporcionar usos múltiplos e contar com participação do poder público, dos usuários e das comunidades.


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A Lei também busca, em seu artigo segundo, assegurar à geração atual e futura, a necessidade de disponibilidade de água de qualidade adequada para a vida e preservação e defesa contras os eventos hídricos naturais ou decorrentes do inadequado uso dos recursos naturais. Das diretrizes para implementação desta Lei, destaca-se, em especial para este trabalho, a necessidade de articulação do planejamento de recursos Hídricos com os setores usuários e planejamentos regional, estadual e nacional, além da articulação desta gestão com o uso do solo. A União se articula com o Estado para gerenciar os recursos de interesse comum. A Lei ainda estabelece o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com objetivo de coordenar a gestão integrada das águas (art. 32º) e implementar a Política Nacional, o Conselho Nacional que, dentre outras atribuições, deve promover a articulação do planejamento deste recursos com o planejamento nacional, estadual, regional e dos setores usuários (art. 35º). 1.1.1.2 Resolução 303/02 – Conama A resolução 303, de 20 de março de 2002, aborda: parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente. Desta lei foram estudadas as principais normativas aplicáveis à área de estudo com objetivo de compreender e analisar a atual situação do Rio Itanguá e sua condição ideal. A resolução, em seu artigo segundo, considerando que as áreas de preservação permanente e outros territórios protegidos como instrumento de interesse ambiental constituem o desenvolvimento sustentável e devem ser objetivo da atual e futura geração, define como área de preservação permanente a faixa marginal situada a trinta metros para o curso d’água com menos de dez metros de largura. De acordo com a definição do art. 2º desta resolução, a faixa marginal de trinta metros do eixo do Rio Itanguá deve ser considerada como área de preservação permanente, não sendo assim permitida a ocupação do solo com moradias, porém, ser alvo de intervenções urbanas para preservação e requalificação dos recursos naturais.


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1.1.1.3 Lei 12.651/12 Código Florestal Brasileiro Dentre as normas gerais da Lei nº 12.651/12, é pertinente a este estudo as normas referentes à proteção da vegetação e áreas de preservação permanente. A Lei prevê ainda, instrumentos econômicos e financeiros para o alcance dos objetivos estabelecidos na mesma. Entende-se por Área de Preservação Permanente (APP) toda faixa protegida com cobertura ou não de vegetação nativa, visando à preservação dos recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade e proteger o solo garantindo o bem estar humano. Atividades que proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais são permitidas nestas áreas. Esta Lei permite em APP'S abertura de vias de pequeno porte para acesso local, construção de pontes para travessia dos corpos d’água, plantio de espécies nativas, desde que não implique na supressão das espécies existente e não interfira na função ambiental da área. A lei ainda define como área verde urbana, os espaços, públicos ou privados, com vegetação nativa predominante natural ou recuperada definidas no Plano Diretor e identificadas como indisponível para moradia. Estas áreas devem ter finalidade recreativa e de lazer além de implementar melhoria da qualidade ambiental. A Lei estabelece como área de preservação permanente as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene ou intermitente, desde a borda da calha do leito regular com largura mínima de 30 (trinta) metros, para cursos d’água menor que 10 (dez) metros de largura. Intervenções e supressão de vegetações nativas em APP são permitidas nos casos de utilidade pública, de interesse social ou que não gerem impactos ambientais. 1.1.1.4 Política Estadual De Recursos Hídricos A Lei nº 5.818, de 29 de dezembro de 1998, institui o Sistema integrado de Gerenciamento e Monitoramento dos Recursos Hídricos Estadual.

Tendo por

princípios básicos a água como bem de domínio público, um recurso limitado, dotado de valores econômicos [..]. Esta política estadual ainda visa atender a gestão dos


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recursos hídricos de maneira a propiciar o uso múltiplo da água, descentralizada e com participação do poder público, dos usuários e da comunidade. Desde que não comprometa a qualidade das águas o acesso deve ser permitido a toda população (art. 2º). A política tem por objetivo gerenciar a proteção, conservação, recuperação e o desenvolvimento da água no estado. Assegurando padrões de qualidade adequados ao uso, gerenciar o crescimento econômico e social de forma a ser compatível com a proteção do meio ambiente e garantir a prevenção e defesa contra eventos hídricos de origem natural ou resultante do uso inadequado da água (art. 3º). Dentre as diretrizes da Lei, destacam-se o controle das cheias com ações preventivas para inundações, como drenagens e a correta utilização das várzeas e o zoneamento dessas áreas inundáveis, restringindo usos incompatíveis, onde as inundações forem mais frequentes, e manutenção da capacidade de infiltração do solo (art.4º). O inciso XIII do art. 6º define como área marginal toda a faixa de terra que faz limite com o curso d’água não estabelecendo medidas a serem implantadas. Conforme foi apresentada pelo Código Florestal, esta faixa deve ser de 30 (trinta) metros a partir da borda da calha do leito. 1.1.1.5 Política Florestal Estadual A Lei 5.361, de 30 de dezembro de 1996, estabelece que a qualidade e regularidade de vazão de águas, a paisagem, dentre outros elementos do meio ambiente são bens de interesse comum, considerando degradação ambiental ou uso nocivo da propriedade toda ação contrária as definições da Lei (art. 1º). Dos princípios da Lei, destaca-se no artigo segundo, a melhoria da qualidade de vida e ambiental, proteger e recuperar os recursos hídricos, proteger as paisagens naturais de notável beleza cênica e controle do desenvolvimento sócio econômico compatível com a preservação ambiental, qualidade de vida e equilibrar o uso dos recursos ambientais.


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Promover e estimular a conservação, proteção, recuperação e utilização apropriada dos recursos hídricos, (art. 3º) são os principais objetivos da lei aplicáveis a área de estudo desta pesquisa, tendo a criação de zoneamentos e controle de fiscalização, como instrumentos de implantação (art. 4º). 1.1.1.6 Parcelamento do Solo A Lei nº 7.943/04 trata do parcelamento do solo no estado do Espírito Santo para fins urbanos. A Lei estabelece que não seja permitido o parcelamento do solo em áreas alagadas ou terrenos sujeitos a inundações, exceto em casos que favoreçam a conservação ou proteção do meio ambiente. Fica proibido, ainda, a ocupação dos pontais do litoral e estuários (local em que o rio se lança ao mar) dos rios (art. 9º). 1.1.1.7 Plano Diretor Municipal De Cariacica O Plano Diretor Municipal de Cariacica, instituído pelo projeto de lei 005/2006, insere a área de estudo desta pesquisa nas seguintes zonas (Figura 1.6): Bairro Itanguá como Zona de Ocupação Limitada 08 (ZOP 08), por se tratar de área urbana com densidade ocupacional baixa e dotada de vazios urbanos; Bairro Nova Brasília em Zona de Ocupação Preferencial 3 (ZOP 3), classificada como área de melhor infraestrutura municipal; Bairro Mata da Praia em zona Especial de Interesse Social (ZEIS), áreas dentro do perímetro urbano que necessitam de tratamento diferenciado quanto aos parâmetros de ocupação. As Zeis são áreas com predomínio por população de baixa renda resultante de loteamentos irregulares com baixa infraestrutura urbana. Projetos de urbanização, regularização urbanística e fundiária são essenciais a estas áreas e previstas no Plano Municipal. O artigo 79 indica que para as Zonas de Proteção Ambiental 1 (ZAP 1), como exemplo do parque do mangue de Itanguá, fica restrito a promoção de pesquisas científicas e visitação com fim educacional e de incentivo a preservação ambiental. (FIGURA 1.7). A Zona de Proteção Ambiental 2 (ZAP 2) tem por finalidade prevista no Plano a implantação de parques urbanos (art. 80º).


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Figura 1.6 – Zoneamento da área de estudo. Fonte: Plano Diretor do Município de Cariacica. Nota: Adaptado pelo autor

Dentre os objetivos principais para as Zonas Especiais de Interesse Social, destacase nesta pesquisa a necessidade de regularização urbanística e fundiária, ampliação de áreas de equipamentos sociais, bem como equipamentos públicos e serviços, viabilização de áreas para implantação de habitações de interesse social e dinamização do comércio e serviço local (art. 100º).

Figura 1.7 – ZAP 1 Parque Municipal Manguezal do Itanguá. Fonte: Madeira, apud Romanelli (2012).

Conforme análise do Plano Diretor Municipal e do Mapa de Zoneamento da área de estudo, é possível identificar que o curso d’água do Rio Itanguá não se insere dentro


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de zoneamento específico para preservação dos recursos hídricos e paisagísticos, ficando estabelecida apenas como Zona de Proteção Ambiental a área nomeada Parque Natural Municipal do Manguezal de Itanguá e área destinada ao Parque Cravo e a Rosa (Figura 1.8).

Parque Municipal Cravo e a Rosa Parque Municipal do Manguezal de Itanguá

Figura 1.8 - Parque Municipal Cravo e a Rosa e Parque Manguezal do Itanguá. Fonte:Plano Diretor do Município de Cariacica. Nota: Adaptado pelo autor.

Embora não definida como Zona de Proteção Ambiental, o curso d’água do Rio Itanguá é citado no Plano Diretor como área especial de intervenção urbana. As áreas de intervenção são definidas no plano como áreas que exigem políticas urbanas específicas a cada setor, tendo como objetivo a urbanização e reestruturação urbana para dinamizar e revitalizar atividades e práticas existentes na região. Garantir inserção social e econômica da população, preservação ambiental e proporcionar sistemas de mobilidade e acessibilidade, são diretrizes apontadas no Plano como elementos fundamentais, devendo ser atendidos nos projetos de intervenção (art. 139º). Dos objetivos básicos da Área Especial de Intervenção Urbana, destacam-se: a necessidade de recuperação e preservação das áreas de interesse ambiental, o incentivo a visitação do local e a introdução de novas dinâmicas urbanas (ART 143º). Quanto à mobilidade urbana, no que diz respeito à realização de intervenções


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viárias, identifica-se como objetivo básico: a implantação do sistema cicloviário às margens do Rio Itanguá, com objetivo de conectar a área com regiões vizinhas, opção de modal em substituição do veículo motorizado, lazer e turismo (art. 122, 123 e 124º). 1.2 PAISAGISMO Para entendimento do tema paisagismo é necessário antes conhecer alguns conceitos e definições do que é paisagem.

O tema paisagem é discutido e

conceituado por diversos autores em diversas áreas como na arquitetura, na geografia, no urbanismo, na história, entre ambientalistas, dentre outros.

A

paisagem é definida como um espaço possível de ser observado com apenas um olhar, materialização da ecologia num espaço físico que se pode chamar de natural (MASCARÓ, 2008). Segundo Gorsk (2010), paisagem é o conjunto de elementos que alteram a formação e evolução de uma cidade, além de definir a paisagem como elemento dinâmico e não estático e capaz de se modificar por meios de ações humanas capaz de assumir significados através da percepção estética e emocional. Para Tabacow (2004), existem dois tipos de paisagem, a natural e a humana, que se constroem e representam as interferências da ação humana resultantes de suas necessidades de adaptação e apropriação dos espaços e de seus benefícios naturais. O paisagismo é a ciência do conhecimento que estuda o espaço exterior e sua organização. O paisagismo pode ser definido como a junção de arte, técnica, criatividade e bom senso em função das reais necessidades de cada indivíduo (MASCARÓ, 2008). Ainda segundo Mascaró (2008), o paisagismo também pode ser representado por meio de escalas de intervenção, onde cada escala apresenta uma complexidade de fatores para ordenamento. Quanto menor a escala de intervenção onde se aproxima do pequeno espaço, maior o peso das propostas a serem definidas com base no ângulo de observação do usuário. Tratando de escalas de paisagismo urbano para elaboração de propostas, três são indispensáveis:


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1 - Os jardins: são espaços geralmente fechados e implantados próximos a edificações, com representações e formas sintéticas. Nos locais onde o adensamento é intenso estas áreas são reduzidas a pequenas áreas verdes (MASCARÓ, 2008). As áreas destinadas aos jardins na cidade não devem ser resultado de áreas urbanas ociosas, tão pouco uma massa verde que mascara a imperfeição de um espaço urbano não aproveitado e sim como elemento fundamental para a vida civilizada (TABACOW, 2004). 2 - As praças: caracterizadas como espaços abertos, composto por jardins, geralmente ocupam uma ou duas quadras sendo circundada por vias (MASCARÓ 2008). A Praça Darlí Soares, em Nova Brasília, Cariacica, é um exemplo de Praça localizada em áreas centrais de cidades, cercada por vias de grande movimentação (Figura 1.9).

Figura 1.9 – Praça Darlí Soares, Nova Brasília, Cariacica. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

3 - Os parques urbanos: espaços abertos que ocupam vários hectares de solo urbano, formados por corredores de vegetação e setorizado por vias que dão acesso a visitantes ao interior dos parques e definem seu limite físico marcando suas entradas. Assim, o paisagismo se apresenta desde pequenos espaços a grandes áreas, que ultrapassam a capacidade de observação e impossibilita a percepção do espaço


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como um todo (MASCARÓ, 2008). O tema praças e parques serão aprofundados no capítulo a seguir. 1.3 PARQUES E PRAÇAS Como já definido no capítulo anterior, para Mascaró (2008), o que difere entre praças e parques urbanos é, dentre outros elementos, suas dimensões e maneiras como se relacionam com seu entorno. O autor descreve ainda que os parques podem ser classificados como urbano e suburbano. Os parques suburbanos apresentam área entre 50 e 150 Hectares e não são inseridos dentro das cidades, tendo visitações eventuais, com aumento deste índice nos finais de semana. Suas características são vegetações naturais e existência de matas virgens e devem dispor de estrutura capaz de atender todos os grupos etários e proporcionar áreas de jogos, espaços para refeições e equipamento sanitários, além de estacionamentos para veículos, ciclovias e pistas para pedestre, caso permita sua formação espacial (MASCARÓ, 2008). Os parques urbanos possuem menor área física ocupando entre 10 e 50 ha do território urbano. Estes parques estão inseridos dentro da malha urbana e são servidos de transportes públicos e privados, como exemplo o Parque da Cidade no município da Serra e Pedra da Cebola no município de Vitória (Figuras 1.13 e 1.14).

Figura 1.13 – Parque da Cidade, Serra, ES. Parque inserido dentro da malha Urbana. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 1.14 – Parque Pedra da Cebola, Vitória, ES. Parque inserido dentro da malha Urbana. Fonte: www.pedradacebola.blogspot.com.br Acesso: Setembro, 2013.


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Em relação às praças, para Tabacow (2004), no Brasil não existe uma conscientização de respeito, deixando de ser consideradas estruturas de urgência nas cidades gerando perda da qualidade de vida e deixando de se relacionar com a boa arquitetura da cidade. O sentimento de apropriação das praças é perdido quando não existe incentivo para valorização e uso, surgindo assim cenários que não são compatíveis com o ideal da cidade, como depósitos de lixo e sucatas, espaços sendo habitados por desabrigados e pontos de venda de produtos ilegais. Para Sun (2008), espaços livres no meio urbano, onde nem sempre existe preservação do elemento verde, refletem o ideal da vida urbana, tendo sua função se destacando durante a evolução e transformação das cidades. Tais vazios têm suas funções esquecidas e passadas a um segundo plano no que se refere à criação de políticas urbanas. É necessário planejamento e valorização de suas riquezas para que espaços com potencialidades de criações de áreas de convivência não sejam tratadas como muros ou barreiras impenetráveis. 1.4 PARQUE LINEAR Segundo Costa (2006), os parques lineares são espaços beira rio dotados de equipamentos para esporte e lazer. Esta faixa verde deve contemplar quadras de esportes, equipamentos recreativos, ciclovias, playgrounds e outros elementos para atividades física e ambiental que atendam a população local e vizinha. Segundo Friedrich (2007), embora o conceito parque linear seja uma definição atual no Brasil, o surgimento é datada do século XIX no continente europeu. O projeto do Birkenhead em 1843 e o Plano de Berlin, entre as décadas de 1840 e 1850, são exemplares de intervenções urbanas na cidade. O objetivo destes planos era o melhoramento das condições ambientais no conjunto viário, e no caso de Berlin, criar conexão entre e parque e rio permitindo acesso a navegação e sistemas de drenagem. Foi na década de 1930 que as influências europeias referentes ao tratamento paisagístico deixam de ser referência no Brasil, momento este que o país assume um novo pensamento alterando o rumo das produções artísticas. Nas décadas de


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1940 e 1950 as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo tornaram-se exemplos destas intervenções paisagísticas, enriquecendo a paisagem urbana (FARAH, 2010). Ainda segundo a autora, a arquitetura paisagística contemporânea no Brasil foi visível entre as décadas de 1970 e 1980. Neste período as questões ambientais e ecológicas foram destacadas e receberam maior ênfase nos projetos de parques objetivando a preservação dos recursos naturais. Segundo Friedrich (2007), o surgimento dos parques lineares no século XX, teve grande influência dos movimentos ecológicos, que defendiam a conservação das vegetações nativas encontradas no meio urbano que não recebiam valorização alguma pela população, sendo retiradas ou simplesmente ignoradas. Neste contexto, a criação dos parques lineares tornou-se um importante instrumento para aplicação em áreas de beira rio, com objetivo de solucionar os problemas urbanos e ambientais. Ainda segundo a autora, os parques lineares possuem capacidade de preservar a estrutura da paisagem. Proteger e recuperar o ecossistema são umas das funções atribuídas aos parques às margens de rios urbanos, além de serem elementos de conexão entre diversas estruturas viárias, gerando acesso ao lazer e convívio social, funcionam como controladores de enchentes e alagamentos. O projeto de aterro do parque do Flamengo na cidade de Rio de Janeiro é um exemplar de sucesso da criação de parques lineares, atuando como elemento de ligação entre diversas modalidades de transporte (Figura 1.15).

Figura 1.15 – Parque Linear, Aterro do Flamengo, rio de Janeiro. Fonte: http://www.riofilmcommission.rj.gov.br/location/ aterro-do-flamengo. Acesso em Outubro 2013.


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2 ESTUDO DE PRECEDENTES Neste capítulo dois projetos são analisados como precedentes de áreas ribeirinhas que foram requalificadas por meio de intervenções urbanas. Dentre eles estão o projeto Beira Rio, na cidade de Piracicaba São Paulo, e o caso do Rio Cheonggyecheon, na cidade de Seul, Coréia do Sul. Os projetos escolhidos para esta análise são considerados exemplares de sucesso tanto nacional quanto internacional no que se refere a requalificação de áreas degradadas a beira de rios urbanos. Os resultados alcançados nestes projetos proporcionaram o resgate da memória e identidade tanto do local quanto da população. 2.1 PROJETO BEIRA RIO - RIO PIRACICABA - SP O Rio Piracicaba está localizado na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo. O projeto de requalificação ambiental e urbanística de suas margens é uma das experiências brasileiras de sucesso por proporcionar a integração entre o rio, seus valores culturais e a cidade. O estudo deste caso tem como objetivo compreender as soluções nacionais acerca da requalificação de áreas ribeirinhas e a criação de um acervo de dados para as propostas da área de estudo deste trabalho. O Rio Piracicaba tem o Parque do Mirante em sua margem direita e a Avenida BeiraRio junto a cidade de Piracicaba em sua margem esquerda. A cidade perdeu a relação existente com o rio, virando as costas para seus benefícios e com o passar dos anos o mesmo tornou-se destino final de esgotos domiciliares, poluindo as águas e perdendo ainda mais seu valor. O projeto de requalificação do rio buscou a valorização de suas margens e integração ambiental e cultural com a cidade. Com início em janeiro de 2001, o projeto contou com uma equipe de consultoria para elaboração do diagnóstico e uma comissão composta por trinta e sete membros que representavam instituições governamentais e população. A figura 2.1 mostra a proposta de implantação do projeto no local (GORSKI, 2010).


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Figura 2.1 – Implantação do projeto e das edificações históricas. Fonte: htt:pcasabellissimo.com.brcentro-cultural-e-deeventos-de-piracicaba. Acesso em Outubro de 2013.

No estudo das propostas do projeto de requalificação do Rio Piracicaba, observa-se um elemento comum ao se tratar de intervenção em áreas ribeirinhas. A preocupação em aproximar o usuário com o leito do rio para criar o contato físico entre o indivíduo e o elemento água, como demonstrado na figura 2.2. O projeto contempla áreas para caminhada, em níveis mais próximos ao leito do rio. Estas áreas recebem pavimentações apropriadas à prática de atividade. O paisagismo destes percursos busca tornar a caminhada agradável e propor a integração do indivíduo com o meio ambiente. São áreas dotadas de vegetação de médio porte criando sombreamento e maior conforto ao usuário (Figura 2.2). A criação de circulação em níveis diferentes e a possibilidade do usuário trafegar em maior segurança é elemento notável no projeto Beira-Rio. Ainda analisando a figura 2.2, foi possível identificar a diversidade de materiais aplicados nos pisos gerando assim dinâmica e definição de cada uso. Os canteiros são compostos por vegetação de baixo porte entre as vias e árvores que proporcionam sombreamento das áreas dos decks, destinadas a permanência de pessoas. A composição da vegetação instalada ao longo do rio é tratada de forma a manter o campo de visão do observador. Esta intenção obteve sucesso com a orientação dos canteiros e plantio de espécies arbustivas de médio porte.


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Figura 2.2 – Rua do Porto, Projeto Beira-Rio Piracicaba. Fonte: IPPLAP, 2002

Em outro trecho do rio, a via passa a ter características de rua para pedestre e assume esse papel quando usuários e comerciantes locais fazem uso do espaço instalando mesas ao longo da via. Na figura 2.3 é possível observar a utilização destes espaços. Esta prática intensifica o número de usuários no local em busca de lazer e convivência social. A vegetação ao redor das vias cria áreas de sombreamento, tornando acolhedor e gerando paisagens diferentes. Este trecho do rio é atrativo turístico devido a grande variedade de produtos comercializados no local (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Rua do Porto, exclusiva para pedestres. Fonte: ARAÚJO, 2013.


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Na figura 2.4 é possível identificar a solução adotada no projeto para a junção do piso das calçadas com as edificações. O acesso as edificações são em mesmo nível que as calçadas que por sua vez estão em nível mais elevado que a via. Este nivelamento das calçadas em contato direto com as edificações geram no ambiente maior harmonia e unificação do espaço.

Figura 2.4 – Rua do Porto, Encontro da edificação e calçada. Fonte: ARAÚJO, 2013.

Os trechos de maior desnível entre vias e rio, possuem escadas e rampas que dão acesso ao nível mais baixo e são compostas por guarda-corpo em estrutura metálica, permitindo a visualização de quase toda a extensão do rio, como mostra a figura 2.5. O piso destas escadas em grande parte constituídos em pedras aparente. Esta definição projetual remete ao usuário a imagem de rusticidade dos elementos que reforçam a identidade do local.

Figura 2.5 – Escadas em concreto e pedra. Fonte: ARAÚJO, 2013.


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O acesso ao rio é possibilitado por rampas e escadas com composição e formas variadas. Os tipos de pavimentação se alternam dando leveza e criando movimento aos elementos estruturais, como é possível observar na figura 2.6. Ainda nesta figura observa-se a instalação de equipamentos para iluminação pública inseridos dentro dos canteiros. Estes equipamentos são luminárias em estrutura metálica com lixeiras. Ainda na figura 2.6, é possível identificar que o paisagismo não é aplicado apenas com vegetação. Os elementos estruturais e urbanos são especificados de maneira a compor a paisagem do local. Escadas são implantadas em seguimentos diferentes induzindo o usuário a percorre maior área do projeto. A variação de tonalidades aplicadas ao piso mantém a linha de tom de cinza que se integre ao ambiente de forma harmônica.

Figura 2.6 – Rampas e Escadas de acesso ao Rio. Fonte: GORSK, 2010.

A figura 2.7 apresenta outro trecho do projeto com implantação de escadas em seguimentos distintos que geram acessos alternativos às margens do rio, além de criar diferentes paisagens na formação do espaço. Ainda é possível observar escadas inseridas no projeto como elemento monumental. Vãos que poderiam ser vencidos por pequenas escadas recebem escadas monumentais que buscam valorizar o espaço e criar movimento e dinâmica.


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Figura 2.7 – Guarda-corpo e Escadas de acesso ao Rio. Fonte: ARAÚJO, 2013.

O projeto de requalificação do Rio Piracicaba também contempla áreas destinadas ao lazer infantil, como mostra a figura 2.8. Estas áreas são parques em áreas abertas, compostos por equipamentos como escorregador, balanços, permitindo contato com a areia e a natureza. As árvores são elementos que cercam o parquinho permitindo a incidência do sol na área dos brinquedos.

Figura 2.8 – Parque Infantil. Fonte: ARAÚJO, 2013.

Também foi previsto no projeto área para instalação de academia popular a céu aberto. Este espaço visa atender a necessidade de atividade física de pessoas na terceira idade. Esta academia foi implantada em harmonia com a vegetação


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existente no local, o que permitiu o sombreamento natural, eliminando a estrutura de cobertura (Figura 2.9).

Figura 2.9 – Academia popular. Fonte: ARAÚJO, 2013.

Ainda abordando o tema lazer, é possível identificar na figura 2.10, a implantação de atividades de lazer dentro da água por meio de passeios em estrutura que simulam cisnes. Esta atividade intensifica o contato do usuário com a água e reforça a ligação entre ambos. Para exploração do rio em locais mais distantes da margem, foi implantado no local serviço que oferece passeios em botes coletivos (Figura 2.11).

Figura 2.10 – Atividades de passeio na água. Fonte: ARAÚJO, 2013.


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Figura 2.11 – Passeios de botes. Fonte: ARAÚJO, 2013.

Como no processo de requalificação de áreas ribeirinhas um dos objetivos principais é resgatar o contato do indivíduo com o elemento água, é comum a criação de trechos em que o rio possui profundidade menor permitindo travessia do usuário as duas margens do mesmo como mostra a figura 2.12. Esta prática é notada também no caso a seguir, em que o usuário ao caminhar pelo rio reencontra sua identidade e reafirma a apropriação do espaço e o sentimento de posse.

Figura 2.12 – Travessia do rio por pedestres. Fonte: ARAÚJO, 2013.


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2.2 REQUALIFICAÇÃO DO RIO CHEONGGYECHEON Este estudo analisa o caso de requalificação do Rio Cheonggyecheon, localizado na cidade de Seul, Coréia do Sul. Este projeto buscou a requalificação do rio que ao longo dos anos foi deixando de ser importante para a vida da cidade de Seul, perdendo sua relação com cidade e com a população. O projeto é uma das intervenções urbanas de beira de rio mais bem sucedida da atualidade, servindo de exemplar para a criação de propostas aplicáveis em outras regiões ribeirinhas em que esta mesma perda de referencial social e ambiental ocorreu, como no caso do Rio Itanguá. Segundo Rowe (2013), na década de 1910 o Rio Cheonggyecheon era apenas um córrego intermitente que cortava o centro da cidade de leste a oeste. Devido às suas condições naturais e áreas inundáveis, o rio passou pelas intervenções já descritas neste trabalho, como retificação e canalização das margens e criação das vias de rodagem aplicáveis em todo córrego. Ainda segundo o autor, foi por volta da década de 1940 que se iniciou a preocupação quanto a segurança e a saúde pública, momento este que o rio recebeu o nome de Cheonggyecheon, que traduzido da língua japonesa significa "água limpa". Apesar de sua importância para a cidade, o rio foi encoberto parcialmente para construção de edifícios e posteriormente coberto em quase sua totalidade para dar espaço a construções de vias. As vias elevadas e os leitos carroçáveis criaram grande bloqueio visual, além de segmentar a cidade. As figuras 2.13 e 2.14 mostram este impacto e a poluição visual que estas estruturas geraram no local. Devido a grande movimentação de veículos e ausência de elementos urbanos de lazer, a utilização ficou restrita a veículos automotores. Ainda analisando a imagem observa-se que não existe nenhum elemento que identifique o rio existente sob as vias pavimentadas. Este fato reforça a perda da memória da cidade com o rio e com seus benefícios, gerados no desenvolvimento da cidade de Seul.


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Figura 2.13 – Estruturas elevadas para tráfego de automóveis. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/umaimpressionante-renovacao-urbana-em-seul Acesso em Outubro 2013.

Figura 2.14 – Vista aérea da estruturas elevadas para tráfego de automóveis. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/umaimpressionante-renovacao-urbana-em-seul Acesso em Outubro 2013.

Foi no início da década de 2000, que iniciou-se a ideia de requalificação do rio, transformando-o em um córrego aberto, com margens para recreação, melhorias do meio ambiente e resgate do contato com a água, trazendo o retorno da identidade e memória que estão ligadas ao sentimento de apropriação do espaço por parte dos habitantes da cidade de Seul. Esta proposta consistiu na demolição das vias elevadas e dos leitos carroçáveis existentes. Outra proposta do projeto previa uma área de conservação histórica e meios de revitalizar a economia local. A figura 2.15 apresenta a extensão da área de intervenção do projeto de requalificação das margens do rio Cheonggyecheon. As obras tiveram início em 2002 (ROWE, 2013).

Figura 2.15 – Implantação do projeto. Fonte: http://acidadeinvisivel.wordpress.com/page/12/ Acesso em Outubro 2013.

Das propostas do projeto, incluíam o alargamento do rio em 20% em relação ao tamanho original levando em conta as cheias dos anos anteriores. Ainda segundo o autor, a abertura do leito do córrego em 20% foi necessária para prevenção dos


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alagamentos e das enchentes no local. A definição desta largura foi estabelecida com base nos registros das últimas cheias históricas num intervalo de 50 e 200 anos. O projeto ainda previa instalações de artes públicas, caminhos às margens do rio para pedestres e prática de caminhadas, a implantação do centro comunitário do bairro e reconfiguração viária priorizando o pedestre e estruturas que permitem diferentes formas de cruzar as margens do córrego. A criação de eixos cívicos, eixo de mídia, eixo verde e eixo criativo foram também propostas integrantes do projeto de intervenção (ROWE, 2013). A figura 2.16 mostra o estudo das cheias históricas num intervalo de 200 anos. Esta análise deu diretrizes para o projeto, definindo a formação de cada nível aplicada no projeto. Com base neste estudo foi especificado cada material a compor a estética do projeto de forma a ser funcional em casos de cheias (ROWE, 2013).

Figura 2.16 – Corte do leito do Rio para prevenção de inundações. Fonte: Jean Chung, 2013.

As margens do rio no processo de intervenção receberam caminhos para uso exclusivo de pedestres e para práticas de atividades físicas, como corridas. Configurados em níveis distintos, os caminhos geram movimento e alteram a paisagem, a medida que se percorre o rio, conforme demonstra a figura 2.17.


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Figura 2.17 – Caminhos dentro do leito do rio e desníveis às margens do Rio. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/uma-impressionanterenovacao-urbana-em-seul. Acesso em Outubro 2013.

Com o objetivo de criar possibilidades de cruzar o rio de formas agradáveis e integrar os usuários ao meio, foram instaladas rochas dentro do rio de forma linear que permitem o contato do usuário com a água (Figura 2.18). Este acesso é viabilizado por escadas e rampas que ligam a parte baixa do leito do rio com a via (Figura 2.19)

Figura 2.18 – Elementos para cruzar as margens do rio. Fonte: Jean Chung, 2013.


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Figura 2.19 – Instalação de acesso ao nível d'água por escadas e rampas. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/umaimpressionante-renovacao-urbana-em-seul. Acesso em Outubro 2013.

No projeto de requalificação do Rio Cheonggyecheon é notável a desvalorização do veículo automotor e priorização da convivência e integração do homem ao meio ambiente. A figura 2.20, mostra que o rio se transformou em local de permanência e lazer e evidencia a apropriação do usuário quanto aos valores da paisagem e perda do domínio do veículo na cidade.

Figura 2.20 – Travessia do leito do rio por pedestres. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/ uma-impressionante-renovacaourbana-em-seul. Acesso em Outubro 2013.


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As instalações de artes públicas também são atrativos do local. Mosaicos e outras obras são inseridos com objetivo de contar a história local e reforçar a identidade perdida. A figura 2.21 mostra a instalação do "Banchado". O retrato conta a procissão do Rei Jeongjo em placas cerâmicas com 630m de comprimento (GIARETTA, 2011).

Figura 2.21 – Mosaico em cerâmica. Procissão do rei Jeongjo. Fonte:http://www.arquitetonico.ufsc.br/uma-impressionante-renovacao-urbana-em-seul. Acesso em Outubro 2013.

Analisando as propostas de intervenção do Rio Cheonggyecheon, observa-se que o mobiliário é inserido de maneira a possibilitar a integração entre os usuários. O elemento banco, comum nas praças e em áreas públicas, é substituído por estruturas em concreto que são utilizadas como assento, aproximando o contato do usuário com os elementos do projeto e o rio, como demonstra a figura 2.22.

Figura 2.22 – Utilização dos degraus como elemento de descanso. Fonte: Jean Chung, 2013.


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Os eixos criados no projeto permitiram que os espaços se tornassem dinâmicos e novos a medida que os usuários percorrem as margens do rio. Grandes corredores verdes são identificados ao longo de todo o leito composto por atividades de lazer e elementos para contemplação da paisagem natural (Figura 2.23).

Figura 2.23 – Corredor verde e eixos criados para integração do usuário com o meio ambiente. Fonte: Jean Chung, 2013.

Analisando as imagens do projeto de requalificação do Rio Cheonggyecheon, foi identificada a ausência de elementos como lixeiras e telefones públicos. As áreas de sombreamento são locadas ao longo de quase toda a margem. A ausência de elementos para geração de sombras em alguns trechos está ligada ao clima local e a necessidade de incidência solar. Foi identificado ainda, com base nas imagens estudadas, que o sentimento de posse e apropriação do espaço foi recuperado como resultado do processo de qualificação do rio. O elemento automotivo perde sua prioridade dando espaço ao lazer e à cultura, valorizando assim o elemento natural e gerando outras possibilidades de entretenimento, práticas esportivas e atividade cultural. Observa-se ainda que a ausência do elemento banco gerou maior integração entre o indivíduo e o meio ambiente. A utilização do próprio piso, escadas e rampas como assento, além de aproximar o usuário da água, elimina em grande potencial a segregação e isolamento entre os usuários


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Segundo Rowe (2013), o projeto de requalificação do Rio Cheonggyecheon, além de resgatar a história local e reforçar o sentimento de apropriação, transformou as margens do rio em local de encontro de casais, espaços para lazer, cultura, atividade esportiva, integração com o meio ambiente, habitat para várias espécies animais e atrativos para crianças e adolescentes que se reúnem para piquenique e outras atividades em família (Figura 2.24).

Figura 2.24 – Adolescentes e famílias utilizando o espaço para lazer. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/uma-impressionanterenovacao-urbana-em-seul Acesso em Outubro 2013.

2.3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS ESTUDOS APRESENTADOS Embora existam no Brasil exemplos de sucesso na requalificação de áreas ribeirinhas, como o caso do projeto Beira-Rio, na cidade de Piracicaba, esta prática ainda não é constante no país. Como foi apontado anteriormente, em geral estes rios são canalizados e quase sempre encoberto por vias, como foi feito inicialmente com o Rio Cheonggyecheon. A partir dos estudos apresentados neste trabalho é possível concluir que alguns elementos são comuns nos projetos de intervenção e requalificação dos rios urbanos em questão. Dentre estes elementos destaca-se a criação de vias e caminhos em diferentes níveis tratados com materiais específicos a cada uso. Estes caminhos e vias construídos em níveis diferentes, como foram identificados nos estudos,


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permitem o contato do indivíduo com a água e maior integração entre o rio e a população. Com base nas imagens apresentadas também foi possível perceber que a criação de calçadas em níveis diferentes ao da via criam segmentação do espaço. A calçada em mesmo nível da via, demarcada apenas com a mudança do tipo de pavimento, criam espaços com maior facilidade de circulação e sentimento de prioridade do pedestre. A vegetação entra como elemento fundamental na composição dos corredores verdes. Além de ter função de filtrar o ar, trabalha como elemento de bloqueio e ameniza ruídos. Foi identificado ainda que a alternância entre os portes vegetativos geram movimento na paisagem impedindo a monotonia visual. O mobiliário a ser inserido no local deve estar relacionado às características do mesmo, como foi apresentado nos estudos de casos deste trabalho ao fazerem uso de materiais como rochas brutas e não revestidas. As áreas de permanência devem ser dotadas de bancos e outros equipamentos públicos que atraiam o usuário e lhe proporcione momentos de contemplação da paisagem. Embora não tenha sido identificada nos estudos apresentados a instalação de equipamentos de esporte e lazer, estes são elementos que cooperam para a maior utilização dos espaços públicos e geram constante ocupação de usuários de diversas faixas etárias. A iluminação pública e os equipamentos de manutenção da limpeza são elementos que devem ser bem definidos na concepção das propostas de intervenção. Estes equipamentos devem ter características e propriedades bem definidas quanto a resistência ao uso e a estética que o projeto busca. Conclui-se, ainda, que os resultados apresentados nos projetos de requalificação de margens de rios no Brasil e no exterior são satisfatórios quando analisados os aspectos ambiental, socioeconômico e paisagístico.


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3 ÁREA DE ESTUDO 3.1

EVOLUÇÃO DO MUNICÍPIO DE CARIACICA - ES

O município de Cariacica está localizado na região metropolitana do Espírito Santo e é um dos municípios da Grande Vitória. Limita-se ao norte com Santa Leopoldina, Viana ao sul, Vila Velha, Serra e Vitória a leste e Domingos Martins a oeste (Figura 3.1). Cariacica tem origem da palavra carijacica que na língua tupi significa “chegada do branco” (ROMANELLI, 2009).

Figura 3.1 – Município de Cariacica no Espírito Santo. Fonte: http://www.cariacica.es.gov.br/images/ mapa_localizacao_menor.jpg Acesso em: Setembro 2013. Adaptada pelo autor.

Originalmente as terras do município eram ocupadas pelos índios da tribo goitacás e posteriormente os Jesuítas se instalaram na região nas localidades de Itapoca, Roças Velhas, Caçaroca, Maricá e Ibiapava, e implantaram fazendas para plantio de cana, algodão, cereais e engenhos (ROMANELLI, 2009). Somente em 1567, os


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Jesuítas fundaram o primeiro povoado do município, na região do rio Cariacica que desce do Mouxoara, uma serra próxima de formação granítica e de grande altitude (ESPÍRITO SANTO, 1983). Cariacica em 1880 já apresentava condições econômicas suficientes para uma autonomia de vida e teve este título obtido através do Decreto de Lei Estadual nº 57, de 25 de novembro de 1890, que derivou a cidade como Vila de Cariacica. Por meio do Decreto de Lei Estadual nº 9.941 de 11 de Novembro de 1938, Cariacica passa por uma divisão territorial formando dois distritos: Cariacica (sede) e Itaquari (ESPÍRITO SANTO, 1983). Por volta de 1830, imigrantes de origem Alemã chegaram a Cariacica e deram início a construção da linha férrea que deveria ligar o bairro de Itacibá a Minas Gerais, porém, somente em 1903, a construção da estrada de ferro Vitória-Minas é efetivamente iniciada tendo tráfego a partir de 1904. Neste mesmo contexto de imigração outros estrangeiros foram atraídos para o município pela concessão de sesmarias por meio do instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção (ESPÍRITO SANTO, 1983). Na década de 1960, movida pela erradicação do cafezal e estimulada pela implantação dos chamados grandes projetos na capital Vitória, milhares de pessoas migraram para a periferia concentrando-se em grande parte nas cidades de Cariacica e Vila Velha, o que estimulou a ocupação de Cariacica, inclusive em regiões próximas ao mar, através de invasões com implantação de loteamentos informais (ESPÍRITO SANTO, 1983). O surgimento de alguns bairros no município de Cariacica se fez de maneira desordenada e desarticulada, com deficiência de planejamento para controle da estruturação do espaço. Estes assentamentos subnormais surgiram em áreas periféricas, em locais desfavoráveis à urbanização, como o caso do bairro de Itanguá, local de estudo e intervenção do presente trabalho (ESPÍRITO SANTO, 1980).


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3.2

INSERÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Dentre os bairros localizados no município de Cariacica está o bairro Itanguá às margens do Rio Itanguá, que também faz parte do bairro Nova Brasília próximo à Rodovia do Contorno (Figura 3.2).

Figura 3.2 – Localização da área de estudo. Município de Cariacica. Fonte: GoogleEarth, acesso em 2013. Adaptado pelo autor.

A palavra Itanguá significa vale ou baixada das conchas, e tem origem indígena em que “Itam” significa conchas e “guá” ou “gué” significa baixada. “Água de um lado, matagal do outro”, assim o morador Miguel Martins descreve o bairro do início de sua ocupação. As terras que deram origem ao bairro Itanguá, pertenciam à fazenda família Martins e Lovate que foram vendidas aos poucos na década de 1950, fase em que a região era considerada um centro comercial do café, com comercialização facilitada pela navegação do Rio Itanguá, que também era fonte de sustento de muitas famílias (VIAGEM..., 2002, p.9). Itanguá desenvolveu-se linearmente entre a “vala” do Rio Itanguá e a via que liga Itanguá e Itacibá, conhecida como estrada de Piranema, formada pelas ruas Clério Ribeiro, Francisco Experidião, São Jorge e Argeu Ribeiro (ESPÍRITO SANTO, 1980). A estrada é apresentada na figura 3.3 com marcação em verde.


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Figura 3.3– Ocupação do Rio Itanguá, 1970. Fonte: www.veracidade.com.br. Adaptado pelo autor.

Na figura 3.3, também é possível identificar que na década de 1970 o Rio Itanguá possuía grande influência na vida da população que ocupava a região, através das manchas brancas na imagem que representam as terras em processo de apropriação. Na parte noroeste da imagem, encontram-se as primeiras ocupações do bairro Nova Brasília, em proximidades com a atual Praça Darlí Soares que ocupa o local da antiga lagoa, conforme marcação em amarelo. Nesta data o Rio Itanguá, marcado em azul, possuía uma composição mais sinuosa em relação a atual formação. Miguel de Martin, morador da região desde sua formação inicial relata em entrevista ao Jornal Atribuna, que no local da atual Rua Clarício Alves Ribeiro passava a linha de trem estilo Maria fumaça (ITANGUÁ...,2007, p.10). A figura 3.4, identifica o provável trecho percorrido pelo trem no bairro de Itanguá, especificamente na Rua Clarício Alves Ribeiro que tem início no bairro de Itacibá e fim na Rodovia do Contorno. Com a implantação do frigorífico no final da década de 1960, na região de Nova Brasília, surge a construção da primeira ponte ligando Itanguá à Nova Brasília nomeada Ponte Rosinda, muito utilizada pelas carretas que faziam o transporte de carne (Figura 3.4). A prática das atividades de corte de carne gerava imensa movimentação de caminhões e atraía trabalhadores que atuavam com revezamento de turnos diurno e noturno (ITANGUÁ...,2007, p.10).


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Figura 3.4 – Trecho identificado como percurso da linha de trem, 1978 Fonte: www.veracidade.com.br. Acesso em Setembro 2013. Adaptado pelo autor. Rio Itanguá Provável percurso do trem na Rua Clarício Alves Ribeiro Instalações do frigorífico Frincasa Provável localização da Ponte Rosinda

Analisando a foto aérea de 1978, observa-se que os terrenos atualmente ocupados pelo residencial Itanguá, foram umas das últimas áreas a serem ocupadas nas margens do Rio Itanguá sendo mantida como área verde até a década de 1980, quando o cenário local foi alterado com a construção do conjunto residencial, que significou uma grande mudança na estrutura do bairro, gerando uma nova dinâmica de mobilidade. A figura 3.6 demonstra que no ano de 1985, Nova Brasília já possuía ocupação consolidada, enquanto Itanguá ainda passava pelo processo de expansão e ocupação das terras provenientes do loteamento da família Lovate. Por razão da nova demanda de moradores nessa região o sistema viário foi alterado e a Rua Clarício Alves Ribeiro tornou-se elemento principal de ligação, não só entre os bairros de Itanguá e Nova Brasília, como também meio de ligação a Itacibá e Novo Brasil (COSTA, 2013).


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Figura 1.6 – Residencial Itanguá e Rua Clarício Alves Ribeiro, 1985 Fonte: www.veracidade.com.br. Acesso em Setembro 2013. Adaptado pelo autor.

Em decorrência das atividades desenvolvidas no frigorífico, os terrenos foram comercializados na região do extenso manguezal. Pessoas foram atraídas para o local em busca de novas possibilidades de vida beneficiadas pela exploração do rio Itanguá (COSTA, 2013). Itanguá foi um centro comercial do café e seu rio, atual "valão", era utilizado com rota de barcos para transporte das mercadorias até a capital, Vitória. O rio tinha outra grande importância para a população, pois o sustento de muitas famílias vinha da pesca de peixes, camarões e outros pescados (ITANGUÁ...,2007, p.10). Para os artesões o rio também tinha outra função importante, pois os mesmos utilizavam o barro retirado do fundo dos rios para produção de blocos de tijolos e telhas para construções de moradias. O rio também era o meio de transporte para os moradores da região, que iam até o mercado da Vila Rubim, em Vitória, em busca de mercadorias, pois as mercearias locais não mais atendiam a demanda de moradores e este meio perdurou até que um comerciante local comprou dois ônibus que passou a fazer este trajeto por terra (VIAGEM...,2002, p.9). De posse das informações descritas nesta etapa do trabalho, foi possível evidenciar a importância do elemento Rio para o surgimento e evolução dos bairros Itanguá, Nova Brasília e regiões vizinhas, que durante décadas desfrutaram dos benefícios proporcionados à população, como navegação, pesca e meio de transporte.


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Ao longo dos anos a região sofreu processos de intervenções por meio de canalizações e asfaltamento, intervenções que resultaram no rompimento entre o rio e os bairros que o margeia. Este rompimento eliminou o sentimento de posse dos recursos naturais e benefícios que o rio oferecia a população local, o que acentuou no decorrer do acelerar das ocupações informais as margens do rio. As construções informais inseridas no local criaram um ambiente não convidativo à apreciação das paisagens naturais, bem como o surgimento de alamedas que não permitem o atendimento de serviços de saneamento básico e infraestrutura urbana. As deficiências e problemáticas identificadas na área de estudo, são elementos que nortearam e deram embasamento para as propostas de intervenções deste projeto. O Plano Diretor do Município de Cariacica (PDM) apontam propostas a serem implantadas as margens do Rio Itanguá, que tem como destino final uma zona de preservação ambiental visando a recuperação e a conservação dos recursos naturais e paisagísticos.


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4 PROJETO DE INTERVENÇÃO 4.1 DIAGNÓSTICO A área de intervenção deste trabalho foi definida com base no mapeamento do local e nas diretrizes de projeto do Plano Diretor Municipal de Cariacica para o mesmo. O local está inserido às margens do Rio Itanguá, entre os bairros Itanguá, Nova Brasília e Oriente. O trecho do rio estabelecido para a implantação da Praça Linear possui cerca de 7,3Km de extensão e a faixa ribeirinha escolhida para esta intervenção busca fazer a conexão entre o Parque Municipal Cravo e Rosa e o Parque do Mangue Itanguá. Os parques mencionados anteriormente estão inseridos em uma Zona de Preservação Permanente e já possuem projetos de intervenção em andamento na Prefeitura Municipal de Cariacica. Dessa maneira, não é objetivo deste trabalho fazer propostas para estas áreas, concentrando-se nas regiões onde não há projetos previstos pela Prefeitura.

Mapa 01 – Localização da área de projeto. Fonte: Google Earth, 2013. Adaptado pelo autor

Este capítulo tem como objetivo mapear as principais potencialidades e problemáticas identificadas na área de estudo deste trabalho. As deficiências e


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potencialidades encontradas neste estudo foram registrados por meio de mapas e relatórios fotográficos. Para elaboração deste capítulo foi aplicado a metodogia de inventário com base nos dados apresentados nos mapas de figura fundo para análise da morfologia urbana, estrutura viária, usos do solo, gabarito, mapa sensorial, cenários e apropriações, e elementos bióticos e abióticos. As informações obtidas na sobreposição de todos os mapas deste diagnóstico, possibilitaram a definição das principais áreas para intervenção de acordo com sua necessidade identificada.

4.1.1 Morfologia Urbana O estudo da configuração e da estrutura de um lugar é possível através da leitura da morfologia urbana. A interpretação das formas que configuram o tecido da cidade e das características exteriores ao meio urbano é identificada quando se faz uso deste método (LAMAS, 1993). Para análise da morfologia urbana um dos métodos utilizados é o figura fundo, pois permite claramente a leitura das variadas relações dos tecidos urbanos, além de explicar a origem de sua formação. Ao aplicar a metodologia de Lamas à área de estudo deste projeto, é possível identificar aspectos importantes na formação e na configuração dos bairros que estão em seu entorno. No mapa de figura fundo (Mapa 02-B) identifica-se que grande parcela do solo destinada aos bairros de Itanguá, Oriente e Itacibá se desenvolveram de forma espontânea e com formação de quadras irregulares e orgânicas, gerando grandes aglomerados, pontos de concentração e adensamento. As vias apresentam larguras variadas com grande quantidade de vias estreitas e becos sem saída. Ainda nesta leitura observa-se que apenas o bairro de Nova Brasília possui configuração geométrica uniforme, dotada de quadras retangulares e estrutura viária retilínea (Mapa 2A). Também é na área de ocupação deste bairro que se identificam questões de afastamentos maiores entre as unidades habitacionais, configuração esta que permite a circulação e a renovação do ar no interior dos lotes e quadras permitindo maior salubridade.


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Segundo Penerai (2006), outra metodologia para analisar o meio urbano é por meio de agrupamentos das tipologias. O autor indica a busca da classificação do objeto de forma abstrata, agrupando propriedades particulares e essenciais para o entendimento da estrutura urbana e da população residente no local. Desta maneira, identifica-se no mapa 02-A que a área de estudo deste trabalho é composta por áreas de adensamentos ao longo das margens do rio, o que reforça a ligação entre o elemento água e a população. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), dentre os bairros que integram a área de estudo, o Bairro de Itanguá é o mais adensado com 5.876 habitantes entre homens e mulheres, seguido de Nova Brasília com 5.766 e Oriente com 4.612 habitantes. No mapa 02-A é possível identificar a delimitação da área definida como acesso não permitido. Nestes locais o levantamento de dados para elaboração dos mapas deste diagnóstico foi impedido por parte de moradores que receavam ser para outros fins. Outro motivo para este bloqueio foram as atividades de comercialização de drogas feitas no local, gerando um ambiente inseguro para a circulação.


354000

355000

356000

ÁREA DE ESTUDO

±

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ RESIDENCIA ROD. CONTORNO ACESSO NÃO PERMITIDO

NOVA VALVERDE

7752000

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA

ORIENTE MUCURÍ RIO BRANCO ITANGUÁ

0 354000

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

MAPA FIGURA FUNDO

0,25

0,5

Km

356000

MAPA 02-A

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


354000

355000

356000

±

ÁREA DE ESTUDO ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ROD. CONTORNO QUADRAS

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA

ORIENTE

ITANGUÁ

354000

0

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0,25

MAPA FIGURA FUNDO

0,5

Km 356000

MAPA 02-B

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

7752000

ZPA


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4.1.2 Estrutura Viária O crescimento das cidades e o surgimento de novos núcleos de atividades geram maior deslocamento do indivíduo para obter acesso às atividades e aos serviços essenciais. Nesse contexto, dentre outros elementos, no processo de formação das cidades a prioridade é dada ao transporte automotivo, sendo este um dos fatores que geram problemas no interior de áreas mais adensadas. Segundo Raia (1997), o deslocamento do indivíduo no interior das cidades é analisado de maneira conceitual, articulando a mobilidade urbana representada pelos números populacionais e seus deslocamentos a vias que distribuem os deslocamentos e fluxos que condicionam e orientam a formação do espaço. A mobilidade nas cidades é pensada, muitas vezes, de maneira individual, porém deveriam ser pensadas conjuntamente. Prever e criar outras modalidades poderia resolver determinados problemas identificados na área de projeto deste estudo, como exemplo os pontos nodais apresentados no mapa 03 de estrutura viária. A figura 4.1 apresenta o cruzamento entre vias arteriais, local de constante congestionamento em horários de pico.

Figura 4.1 – Cruzamento de vias arterial. Ponto nodal na área de estudo. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Ao analisar a estrutura viária da área de estudo, é possível identificar o grande número de vias sem saída criadas sem objetivo de conexão com as demais vias.


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Existe uma maior concentração deste perfil na área pertencente ao bairro Oriente e parte de Itanguá conforme é possível identificar no mapa 02-B. O uso predominante das vias na área de estudo é de veículos automotores. Embora existam vias exclusivas para pedestre dentro a área de projeto, estas são subutilizadas por falta de infraestrutura, como iluminação e equipamentos públicos. A via de pedestres demonstrada na figura 4.2, foi criada após a construção de uma estrutura de drenagem no início da via que impede o tráfego de veículos. Não há na área ciclovias e nem vias que integrem esta modalidade. Esta deficiência gera conflitos de fluxos e usos no interior dos bairros inseridos dentro da área de estudo.

Figura 4.2 – Rua exclusiva para pedestre. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

O suprimento da demanda de transporte coletivo é atendido por duas linhas municipais, uma atende o bairro de Itanguá e Rio Branco e outra a demanda de Nova Brasília e Nova Valverde, como apresentado no mapa de estrutura viária (Mapa 03). Dentro da área de estudo são identificados 10 pontos de parada de ônibus. Com base na análise da locação destes pontos é possível observar que, embora sejam suficientes em número, não são adequados para atender a população, pois não são dotados de abrigo para proteção de intempéries. As vias não apresentam largura constante como é possível observar no mapa 02-B e a pavimentação asfáltica em sua grande maioria. Trechos das vias de maior fluxo


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encontram-se danificados e necessitando de manutenção, como mostra a figura 4.3. Além disso, algumas áreas ainda não receberam nenhum tipo de pavimentação. Estas vias por serem subutilizadas tornam-se locais para acúmulo de lixo e despejo de restos de construção, lançados por moradores do local (Figura 4.4).

Figura 4.3 – Rua Juvenil. Pavimentação danificada. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.4 – Rua sem pavimentação e acúmulo de lixo e restos de construção – Nova Brasília. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Em toda a área de estudo não foi identificada nenhuma demarcação de estacionamento regulamentado. Por não haver áreas para estacionamento destes veículos, pontos de estacionamento espontâneo são criados em vários locais como mostra a figura 4.5.


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Em visita a campo para levantamento de dados para este trabalho, foi identificado que somente nas vias de maior fluxo existem demarcações de faixas de pedestres, porém estas não estão em boas condições, necessitando de manutenção, como mostra a figura 4.6.

Figura 4.5 – Terreno vazio estacionamento espontâneo. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

utilizado

como

Figura 4.6 – Faixas de pedestre, Rua Clarício A. Ribeiro, Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

A circulação de pedestre nas vias da área de estudo acontece no mesmo leito dos veículos, pois não há calçadas em condições de circulação, servindo as existentes apenas para acabamento entre edificação e rua. Estas calçadas individuais são construídas pelos moradores com objetivo isolado de melhoramento de seus acessos, sem compromisso com a circulação de pedestres. Identifica-se ainda que


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não há um nível definido e uniforme nas calçadas existentes, o que não permite acessibilidade em nenhum ponto (Figura 4.7). Na área de estudo existe também uma grande deficiência de equipamentos como telefones públicos, caixas de correio e lixeiras. Dos equipamentos encontrados na área de projeto, estes estão instalados em pontos de comércio ou isoladamente em pontos distintos. Há apenas duas bancas de revistas inseridas dentro da área, sendo apenas uma dentro da área de projeto.

Figura 4.7 – Via com calçada estreitas e irregulares. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


354000

355000

356000

ÁREA DE ESTUDO

±

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ROD. CONTORNO

j k

PARADA DE ÔNIBUS VIAS PONTE PONTO NODAL ESTACIONAMENTO BANCA DE REVISTA FAIXA DE PEDESTRE TRANSPORTE COLETIVO PAVIMENTAÇÃO INEXISTENTE EXCLUSIVA PARA PEDESTRE

NOVA VALVERDE

7752000

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA

4.7 4.4 4.3

4.5

4.1 4.6

ORIENTE

4.2

ITANGUÁ 0 354000

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0,25

MAPA DA ESTRUTURA VIÁRIA

0,5

Km 356000

MAPA 0 3

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.3 Uso Do Solo

A área de estudo deste projeto apresenta uma grande diversidade de usos, embora o uso residencial seja predominante na área de estudo, como mostrado no mapa 04. Não há nenhuma centralidade de atividade especializada, estando os usos comerciais segmentados por toda a extensão da poligonal de estudo (Figura 4.8).

Figura 4.8 – Uso Misto, Rua Clarício A. Ribeiro. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

As edificações de uso institucional estão localizadas de maneira isolada uma das outras. Foram identificadas duas escolas de Ensino Fundamental, uma de Ensino Médio e um Centro de Educação Infantil. Destas instituições apenas uma é privada, sendo esta destinada a educação de ensino fundamental. A Praça Darlí Soares, no bairro de Nova Brasília, apresenta o único núcleo de concentração de comércio, seguindo a mesma tipologia de uso comercial no pavimento térreo e residencial nos demais pavimentos, como mostram a figura 4.9. Dos serviços comercializados neste pólo, predomina a comercialização de vestuários e utilidades para o lar. Ainda foi identificado que a Praça Darlí Soares é utilizada para realização de feiras livre, práticas de esportes e apresentações religiosas e culturais. Estes eventos geram maior utilização do espaço o que beneficia os comerciantes que atuam como ambulantes no local.


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Figura 4.9 – Uso Misto, Praça de Nova Brasília. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Há também a existência de diversos galpões utilizados como estoque por transportadoras, como mostra a figura 4.10. Este uso encontra-se centralizado nas proximidades da Rodovia do Contorno e embora ocupe uma extensa parcela do solo, não gera conflitos de tráfego no local (Figura 4.10).

Figura 4.10 – Galpão Rua João Manoel Scarpino Nova Brasília. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Ao analisar o mapa de usos (Mapa 04) foi possível identificar terrenos sem usos e vazios urbanos, locais com potencial para implantação de futuras instalações de equipamentos urbanos e abertura de novos acessos criando outras conexões entre o Rio Itanguá e Rua do Canal (Figura 4.11 e 4.12).


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Na área de projeto deste trabalho encontram-se poucas áreas verdes ou espaços destinados ao lazer e atividades físicas. Apenas a Praça Darlí Soares possui elementos para desenvolvimentos destas atividades, como academia popular e quadras de esportes. Como é possível identificar no mapa 04, a área destinada ao Parque Municipal Cravo e Rosa é a maior concentração de espaços verdes.

Figura 4.11 – Terrenos vazios, Rua do Canal, Nova Brasília. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.12 – Terreno vazio, Rua do Canal. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


+354000

ÁREA DE ESTUDO ÁREA DE PROJETO ROD. CONTORNO RIO ITANGUÁ IGREJA GALPÕES USO MISTO COMERCIAL RESIDENCIAL LOTES VAZIOS

+355000

+356000

EDIFICAÇÕES SIGNIFICATIVAS 01 02 03 04 05 06 07 08 09

-

±

COLÉGIO THOMAS EDSON SUPERMERCADO IPAMAR EEEFM - PROFº JOAQUIM B. QUITIBA RESIDÊNCIAL ITANGUÁ PRAÇA DARLÍ SOARES UNIDADE DE SAÚDE EMEF - JOSÉ MARIA FERREIRA CEMEI - CORINA SERRANO MOTA FRIGORÍFICO FRINCASA (DESATIVADO)

INSTITUCIONAL UNIDADE DE SAÚDE ACESSO NÃO PERMITIDO PRAÇAS E ÁREAS VERDES

+7752000

08

+7752000

NOVA VALVERDE

ITACIBÁ

09

NOVA BRASÍLIA

05

01 4.10

02

4.9

06 4.8

MUCURÍ

07

03 4.11

ORIENTE

04

4.12

ITANGUÁ

+354000

+355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0

0,25

MAPA DE USO DO SOLO

0,5

km +356000

MAPA 04

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.4 Gabarito Para analisar o gabarito da área de projeto, foi adotada a metodologia tipológica de acordo com o número de pavimentos de cada edificação. Nos bairro inseridos na área de estudo deste trabalho, no que se refere ao gabarito construído, é possível identificar uma predominância de edificações com 1 e 2 pavimentos como mostra o mapa 05. Este perfil de gabarito se justifica pela autoconstrução e constante adaptações ou conhecidos "puxadinhos", embora o Plano Diretor Municipal permita gabarito de até quatro pavimentos para uso residencial multifamiliar e misto. Não há na área de projeto deste trabalho fiscalização eficaz para controle da expansão das moradias, desta maneira os índices urbanísticos deixam de ser aplicados justificando assim a variação de gabarito e até mesmo ausência de afastamentos e áreas permeáveis. Na área de projeto é possível identificar a predominância de edificações com 2 pavimentos, embora existam edificações com mais de 3 pavimentos inseridas no local. Estas estão distribuídas dentro da área de projeto, como mostra o mapa 05. Ainda com base nas informações inseridas no mapa de gabarito é possível identificar que as margens do Rio Itanguá a predominância construtiva é formada por edificações de 2 pavimentos. Na margem esquerda do Rio Itanguá esta predominância é mais notada.


354000

355000

356000

ÁREA DE ESTUDO

±

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ACIMA DE 3 PAVIMENTOS 1 PAVIMENTO 2 PAVIMENTOS 3 PAVIMENTOS ROD. CONTORNO ACESSO NÃO PERMITIDO

NOVA VALVERDE

7752000

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA

ORIENTE MUCURÍ

ITANGUÁ

354000

0

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

MAPA DE GABARITO

0,25

0,5

Km 356000

MAPA 05

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.5 Setorização Sensorial Segundo Lynch (1960), a cidade ideal, legível ou visível é aquela que tem sua imagem bem formada, distinta e com potencial capaz de atrair olhares e contemplações. O controle sensorial deste espaço não seria limitado ou simplificado, mas abrangeria escalas maiores e mais profundas. Aplicando o conceito de Lynch a área de estudo é possível notar as diversas sensações que os usuários percebem ao circular pelo espaço em questão. O mapa sensorial apresenta claramente essas mudanças, definindo cada espaço como individual e dotado de deficiências ou qualidades específicas. Para elaboração deste mapa foi utilizada uma abordagem única e pessoal acerca das sensações percebidas ao circular a área de estudo deste trabalho. Em visita ao campo para levantamento de dados estas sensações foram identificadas e registradas no mapa 06. Nova Brasília é composta por vias mais definidas e uniformes que geram sentimento de vizinhança. Por serem configuradas por edificações de padrão mais elevado, foi possível observar o convívio e o livre acesso às vias bairro. Mesmo sentimento foi observado nas vias do bairro de Itanguá (Figura 4.13).

Figura 4.13 – Cruzamento da Rua Iconha com Rua E, em Nova Brasília vias com intensidade do sentimento de vizinhança. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


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Com poucas áreas de lazer na área de estudo, o sentimento de diversão foi sentido na região da Praça Darlí Soares e no ponto final do transporte coletivo, como mostra o mapa 06. Estas áreas são dotadas de quadras de esporte, mesas de jogos e local para festas abertas à comunidade. A área em lilás no mapa 06 representa sentimentos e sensações pessoais. Os locais em questão eram atrativos de crianças e adolescentes em décadas passadas devido à prática de pesca no Rio Itanguá e visitação ao frigorífico para contemplação de um Leão mantido no local. Ainda no mapa 06, foi registrado o sentimento de liberdade ao percorrer a área destinada ao futuro Parque Municipal Cravo e Rosa, o que reforça a vocação do local para a implantação deste equipamento. A área é composta por uma grande área verde dotada de belas visuais e paisagens. O sentimento de insegurança foi percebido em vários locais dentro da área de estudo, este sentimento foi registrado no mapa 06 em cor rosa. Este sentimento foi identificado nas áreas em que ocorre a comercialização de drogas, estando ligado ao forte adensamento no local e à grande quantidade de alamedas. Ao circular pela margem do Rio Itanguá é possível notar o odor proveniente do rio. Por ser destino final do lançamento de esgoto domiciliar e restos de resíduo, este local exala um forte mau cheiro em toda a sua extensão, como mostra o mapa 06. Estes odores ainda são atrativos para a presença de aves que se alimentam de materiais potrificados.


354000

355000

356000

ÁREA DE ESTUDO

±

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ROD. CONTORNO INSEGURANÇA VIZINHANÇA ODORES MEMÓRIA LIBERDADE DIVERSÃO

7752000

7752000

NOVA VALVERDE

NOVA BRASÍLIA

ITACIBÁ

ORIENTE

4.13

MUCURÍ ITANGUÁ 0

354000

355000

0,25

MAPA DE SETORIZAÇÃO SENSORIAL

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0,5

Km

356000

MAPA 06

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.6 Cenas e Apropriações Segundo Lynch (1960), a imagem da cidade é formada na memória daqueles que desfrutam de suas especificidades e características, sendo marcantes e distintas a cada indivíduo. A valorização adequada dos potenciais locais cria elementos significativos para a geração do sentimento de posse e relação de convivência com estas áreas que são degradadas ao longo do tempo. [...] um ambiente característico e legível não oferece apenas segurança, mas também intensifica profundidade e a intensidade da experiência humana. Embora a vida no caos exterior da cidade moderna esteja longe de ser impossível, a mesma ação diária poderia adquirir um novo significado quando levada a cabo numa estrutura mais viva. A cidade é potencialmente o símbolo poderoso de uma sociedade complexa. Se for bem desenvolvida do ponto de vista óptico, pode ter um forte significado expressivo (LYNCH, 1960, P.15).

O Rio Itanguá esteve ligado a vida social e econômica da região em que se insere durante décadas, perdendo seu valor a medida que novos meios de locomoção foram implantados para atender a população. Neste contexto os elementos naturais foram desvalorizados gradativamente, perdendo seu potencial e sua relação com a memória dos moradores. Por estar localizado em área plana e cercado por elevações, poucas visuais são notadas ao percorrer as margens do rio Itanguá, apresentando apenas a vista da área das futuras instalações do Parque Cravo e Rosa, conforme identificado no mapa de cenas e apropriações (Mapa 07) e na figura 4.14. Ainda segundo Lynch (1960), os marcos identificados na cidade tornam-se referências, servindo de orientação ao usuário. Ao percorrer a área de projeto é possível identificar que não há visual significativa para constituir direção constante ao circular dentro do bairro. A figura 4.15 apresenta a elevação do bairro de Oriente e Itanguá. Do mesmo local também é possível visualizar o bairro Nova Valverde, apresentado na figura 4.16. Estas duas imagens apresentam, ainda, a relação entre a área de projeto numa região plana e as elevações em seu entorno, bem como seus elementos naturais e paisagísticos.


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Figura 4.14 – Vista da área da futura instalação do Parque Cravo e Rosa. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.15 – Vista de Oriente e Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.16 – Vista de Nova Valverde. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


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Uma vez que se perde a relação entre o indivíduo e o meio ambiente, neste caso o Rio Itanguá e suas margens, surgem nessas áreas setores isolados de apropriações diversas. A falta de utilização direta e devida proporciona áreas de usos indevidos ou surgimento de espaços subutilizados. Na figura 4.17 é possível identificar a apropriação de um determinado trecho as margens do rio, local de constante consumo de droga. As manifestações deste usuário são notadas nas pichações feitas nos muros com frases e imagens alucinógenas. A procedência do veículo representado na figura 4.17 não foi conhecida, assim como também não foi identificado o motivo de permanência do mesmo no local.

Figura 4.17– Ponto de uso de drogas. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Outros locais de apropriação são identificados na área de projeto. Quatro pontos são utilizados para despejo de lixo domiciliar e entulho proveniente de construções próximas. Esta prática é identificada no mapa 07 e através das figuras 4.18 e 4.19, sendo estes dois pontos o mais significativos no que se refere ao volume e à intensidade desta prática.


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Figura 4.18 – Descarte de lixo e entulho em rua subutilizada. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.19 – Descarte de lixo e entulho. Fundos do Residencial Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Por não haver rede coletora de esgoto no local, os resíduos domiciliares são despejados no leito de todo o Rio Itanguá sem que receba nenhum tipo de tratamento ou controle (Figuras 4.20 e 4.21). Esta prática é um dos elementos de apropriação do espaço urbano que mais geram problemáticas no local, pois é um fator de grande contribuição para o entupimento do canal, gerando constantes alagamentos em períodos de chuvas.


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Figura 4.20 – Lançamento de esgoto domiciliar no Rio Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.21 – Lançamento de esgoto domiciliar no Rio Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

O grande número de lixo e dejetos que são lançados no rio acumulam-se em determinadas áreas do canal, gerando mau cheiro ao longo de toda a extensão do rio. A figura 4.22 apresenta um determinado trecho onde tal situação é notada na área de projeto deste estudo.

Figura 4.22 – Acúmulo de lixo e dejetos lançado no Rio Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Por fazer conexão com a Rodovia do Contorno, trechos da área de projeto apresentam índices de ruídos altíssimos gerados pelo intenso tráfego de veículos de cargas que transitam diariamente no local, conforme mostra a figura 4.23. Outra fonte geradora de ruídos identificada são as escolas inseridas na área de estudo em períodos de troca de turnos.


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Figura 4.23 – Rodovia do Contorno Trafego Intenso. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Ainda foi possível identificar na área de projeto a utilização da via que margeia o Rio Itanguá para prática de caminhada e realização de atividades físicas. Esta prática é permitida devido ao baixo fluxo de veículos que circulam no local e por dotar de grande extensão linear sem obstáculos físicos. Na figura 4.24, observa-se o desenvolvimento desta atividade, que é realizada em dois horários: no início das manhãs e nos finais de tarde. Por não ser dotado de vegetações é mais frequente a prática de caminhada no horário matutino. Não é notada na margem do rio a prática de caminhadas no período noturno, devido a falta de iluminação, que gera insegurança para circulação.

Figura 4.24 – Atividade de caminhada desenvolvida as margens do Rio Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


354000

355000

356000

±

ÁREA DE ESTUDO ÁREA DE PROJETO ROD. CONTORNO RIO ITANGUÁ

! .

LIXO A CÉU ABERTO

1 $

USO DE INTORPECENTE PERCURSO DE CAMINHADA ODORES RUÍDOS

4.16

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA

4.14 4.18

4.22 4.17

MUCURÍ

4.23

4.21

4.19

ORIENTE

4.20

0

ITANGUÁ

354000

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0,25

MAPA DE CENAS E APROPRIAÇÕES

0,5 Km 356000

MAPA 0 7

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

7752000

4.15

NOVA VALVERDE


Página | 79

4.1.7 Elementos Bióticos A área destinada ao futuro Parque Cravo e Rosa pertencente à área de estudo, foi estabelecida no Plano Diretor Municipal de Cariacica (Lei nº 005/2006) como Zona de Proteção Ambiental (Mapa 08), sendo esta a única zona destinada a proteção ambiental e à implantação de equipamento de lazer e convivência. Ao longo do Rio Itanguá foi possível identificar pequenas áreas verdes. Tais áreas são compostas por vegetações baixas e espécies de folhagens com suas raízes em grande parte dentro do leito do rio. Outros grupos isolados de vegetação foram identificados na figura 4.25 e apontados no mapa 08, porém não há na área de estudo uma concentração significante de elementos ou grupos vegetativos, exceto pela zona de proteção ambiental indicada no mapa 08.

Figura 4.25 – Vegetação as margens do Rio Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Nestas áreas de vegetação às margens do rio, foi identificada a presença constante de garças e outras aves em busca de alimentos. Devido ao baixo fluxo de pedestres e veículos no local, a presença destas aves tem se tornado mais frequente em diversos pontos, como mostra a figura 4.27. Às margens da Rodovia do Contorno foi identificada uma considerável massa verde. O local é fonte geradora de grandes índices de ruídos devido ao tráfego intenso de veículos pesados, que é amenizado com a presença desta massa verde existente composta por árvores de pequeno e médio portes.


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Figura 4.27 – Garças e urubu no Rio Itanguá em busca de alimento proveniente das residências. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Devido à execução das obras de duplicação da Rodovia, parte desta vegetação foi retirada, o que gerou aumento dos ruídos no interior do bairro. Somente uma única área de jardim foi identificada no local. A área é composta por vegetação de forrações, árvores de pequeno porte e outras espécies sendo mantida por moradores do local (Figura 4.28).

Figura 4.28 – Jardins, Avenida Principal em Nova Brasília. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.


354000

355000

356000

ÁREA DE ESTUDO

±

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ROD. CONTORNO ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MASSA VERDE JARDINS LAGO

ARVORES

NOVA VALVERDE ZPA 2/03

7752000

7752000

ITACIBÁ

NOVA BRASÍLIA 4.28

4.26

ORIENTE

4.27

MUCURÍ

ITANGUÁ

354000

0

0,25

0,5

Km

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

356000

MAPA DE ELEMENTOS BIÓTICOS

MAPA 0 8

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.8 Elementos Abióticos Como mencionado anteriormente, a área de projeto está inserida numa região plana e cercada por elevações. Estas elevações, como os bairros de Nova Valverde, parte de Itanguá e Oriente, são regiões adensadas e geradoras de grande volume dos dejetos lançados no Rio Itanguá (Figura 4.29).

Figura 4.29 – Vista das elevações de Itanguá e Oriente. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

O Rio Itanguá é o principal elemento de condução das águas pluviais que são lançadas ao mar. Suas áreas de assoreamento, trechos ainda em obra de canalização e grande quantidade de lixo, contribuem para que o fluxo da água seja lento, favorecendo assim as enchentes e constantes alagamentos nas áreas próximas ao seu leito. Foram identificadas na pesquisa e representadas no mapa 09 as principais áreas de inundações em épocas de chuvas, bem como os canais de drenagem da água pluvial. Com esta análise é possível notar que os bairros de Itanguá e Oriente são os mais prejudicados em ocasiões de inundações. As áreas alagadiças identificadas no mapa 09 são as que estão fortemente ligadas ao Rio Itanguá e regiões que se deram a partir dos aterros no processo de evolução. As figuras 4.30 e 4.31 mostram o alagamento dentro da área de projeto no cruzamento da Rua Vila Velha com a Rua Clarício A. Ribeiro, em fevereiro de 2010.


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Figura 4.30 – Enchente no cruzamento da Rua Vila Velha com Rua Clarício A. Ribeiro. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Figura 4.31 – Enchente na Rua Vila Velha, Itanguá. Fonte: Arquivo Pessoal, 2013.

Além do problema do lixo e do assoreamento do rio, em quase sua totalidade, as vias inseridas na área de estudo receberam pavimentação asfáltica, revestimento este que impede a permeabilidade das águas para o solo e acelera o fluxo em áreas de declives, causando o acúmulo de grandes volumes em curto tempo nas proximidades da área de projeto.


354000

355000

356000

±

ÁREA DE ESTUDO

ÁREA DE PROJETO RIO ITANGUÁ ELEVAÇÃO

ROD. CONTORNO

ÁREA INUNDÁVEL

LINHA DE DRENAGEM

4.29

7752000

7752000

NOVA VALVERDE

4.31

4.30

0

NOVA BRASÍLIA 354000

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS -2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

0,25

MAPA DE ELEMENTOS ABIÓTICOS

0,5

Km 356000

MAPA 0 9

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


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4.1.9 Considerações Do Diagnóstico Com base nos números apresentados pelo IBGE e na formação das quadras identificadas no mapa de figura fundo (Mapa 02-B), é possível identificar a necessidade de se propor uma nova configuração das vias por meio de renovação fundiária e reassentamento para permitir a melhor circulação da população e criar outras maneiras de acesso à área de projeto deste trabalho. Ainda com este objetivo de melhorias viárias identifica-se, ao analisar os mapas 02B e 03 a importância de propor abertura de novas vias e alargamentos das alamedas existentes, gerando melhores condições de salubridade e instalações de infraestrutura. A necessidade de equipamentos públicos na área de estudo foi identificada no mapa 03. A instalação destes equipamentos na área de projeto propicia a utilização e permanência do indivíduo no espaço. Implantação de bancos e mobiliários de lazer contribui para atrair o usuário que utiliza o espaço apenas para passagem. Ainda foi identificada no mapa 03 a necessidade de criação de ciclovias ou ciclofaixas integradas às vias dentro da área de projeto. Esta modalidade é apontada no Plano Diretor como objeto de intervenção na área do Rio Itanguá e áreas próximas, servindo como elemento de ligação entre outros bairros. Conforme já apresentado nesta pesquisa, os rios devem ter uma área de abrangência de 30m a contar de seu leito. Esta faixa deve ser livre de qualquer edificação e serem dotadas de atividades para lazer, cultura e preservação ambiental. Com base nesta determinação, o mapa de gabarito (Mapa 05) possibilita a análise e definição das possíveis desapropriações dentro da área de projeto, com objetivo de propor menor realocação de moradias e geração de custos. Com objetivo de solucionar os problemas de alagamentos na área de estudo, identifica-se a necessidade de substituição da pavimentação asfáltica da via paralela ao rio e criação de jardins de água reduzindo o volume de água pluvial lançada no rio. Estas ações beneficiam a capacidade de permeabilidade do solo, além de favorecer a irrigação de jardins e canteiros verdes.


Página | 86

Foi possível ainda identificar nos mapas a existência de lotes vazios. Estes vazios estão ligados diretamente ao rio, podendo assim ser utilizados para a criação de novas vias para conexão entres as duas margens do Rio Itanguá. Em análise dos mapas foi possível identificar ainda trechos de vias que são exclusivamente utilizadas para pedestres, podendo também ser conectadas a área de projeto deste trabalho. A área ocupada por galpões em proximidade com a Rodovia do Contorno apresenta grande vocação à criação de uma praça. A deficiência dos bairros vizinhos em áreas de lazer e prática de esportes justifica a apropriação deste espaço. A proposta de uma praça neste local permite a implantação de pistas de skate, ciclismo, playground, áreas de jardins e arvores para sombreamento. A grande área deste local permite a implantação de uma praça que atenderia não só os bairros de Itanguá e Nova Brasília, mas também bairros vizinhos como Mucuri e Santa Cecília.


Página | 87

4.2

PROPOSTA DE PROJETO

Estas propostas foram definidas com base nos dados e informações apontadas no diagnóstico deste trabalho e na vivência como morador do local. As necessidades identificadas em visita a campo e registradas neste capítulo deram diretrizes e embasamento para a escolha de cada equipamento implantado, como também os instrumentos de intervenção descritos no Plano Diretor Municipal de Cariacica e outras Leis referentes ao tema, apresentados no subcapítulo 1.1.1 deste trabalho.

As propostas de intervenção definidas para a área de projeto são a criação de uma Praça pública com cerca de 38.325,00m² no local atualmente ocupado por galpões subutilizados, sendo esta a área em que o Rio Itanguá torna-se visível aos moradores. Esta apropriação do espaço será possível por meio da aplicação da outorga

onerosa,

um

instrumento

jurídico,

utilizado

para

o

incentivo

ao

desenvolvimento urbano viabilizando a criação de espaços públicos e comunitário. A implantação desta Praça será apresentada neste trabalho em forma de anteprojeto de urbanização.

Fica definida neste trabalho como intenções de projeto a criação de uma Praça Linear às margens do Rio Itanguá com cerca de 7 km de extensão buscando a integração do usuário e o meio ambiente de forma a resgatar a identidade local, consciência do sítio natural e sentimento de apropriação do espaço. Esta Praça busca a integração entre a praça pública proposta e o Parque Cravo e Rosa a ser implantado pela Prefeitura de Cariacica. Com objetivo de tornar o local atrativo e dinamizar o espaço ao longo de toda a extensão da praça, devem ser propostos espaços e equipamentos esportivos como ciclovias, pista de caminhada, áreas de permanência composta por decks e pérgulas e arborização criando um grande corredor verde como é possível identificar na figura 4.32 e 4.33. A utilização deste espaço é destinada a todo o público local, que busca lazer e descanso em contato com meio ambiente.


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Figura 4.32 – Croqui esquemático Praça Linear/Rua de lazer. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Figura 4.33 – Croqui esquemático Praça Linear. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Para que futuramente não seja comprometida a continuidade da área de preservação da praça linear, terrenos que se encontram vazios devem ser destinados a uso público. Estes lotes vazios devem receber instalações de equipamentos de lazer como balanços, bancos, pérgulas para sombreamento e percursos para tráfego de pedestre adequado as suas dimensões.


Página | 89

Estes terrenos serão transformados em pequenos corredores verdes possuindo ainda função de ligação entre a praça e demais áreas dos bairros vizinhos possibilitado pela construção de novas pontes como mostra a figura 4.34. Novos usos também devem ser propostos, possibilitando novos pontos comerciais e tornando-se atrativo ao local.

Figura 4.34 – Croqui esquemático – Novos eixos e acessos. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Outra intenção de projeto é a criação da rua de lazer, busca reforçar a utilização prioritária para pedestres da rua paralela a EEEFM - Professor Joaquim Barbosa Quitiba, no bairro de Itanguá. Como demonstra o mapa 03, a via recebeu a vocação exclusiva para pedestres em decorrência de uma estrutura de drenagem construída em sua ligação com a Rua Clarício Alves Ribeiro. Nesta via não há entradas para residências, o que justifica este bloqueio de acesso a veículos. Para esta via fica proposto neste trabalho um canteiro central arborizado com formação orgânica criando movimento e equipamentos de lazer que atendam tanto os moradores local quanto os estudantes da escola ao lado, como bancos, pérgulas e áreas de sombreamento. A proposta ainda estabelece a substituição dos muros, tanto da escola quanto da residência por gradil, permitindo maior integração entre os ambientes e a criação de espaços destinados à comunidade local para eventos religiosos e comercialização de produtos como mostra a figura 4.35.


Página | 90

Figura 4.35 – Croqui esquemático – Rua de Lazer. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Com objetivo de organizar o sistema viário dos bairros inseridos dentro da área de estudo deste trabalho e resolver os nós viários identificados, fica definido também como intenção de projeto uma requalificação urbana, com reorganização do fluxo das vias, alterando sentido de tráfego com definições de mão dupla e mão única de acordo com as necessidades identificadas no diagnóstico e alargamento das calçadas e elevações das faixas de pedestres nas vias de maior fluxo. Esta proposta busca garantir maior acessibilidade de acesso as calçadas devendo ser ampliadas e receber floreiras e árvores ao longo da via. A implantação da Praça Pública bem como as demais propostas definidas como intenções de projeto são apresentadas no mapa de propostas de intervenção urbana (MAPA 10) e prancha 08/08 deste trabalho.


354000

355000

356000

±

PROPOSTA PARA A PRAÇA LINEAR E RUA DE LAZER

ÁREA DE ESTUDO

ÁREA DE PROJETO

PRAÇA DAS ÁGUAS

TRECHO 01 TRECHO 02 TRECHO 03 TRECHO 04 TRECHO 05

RIO ITANGUÁ

ROD. CONTORNO

ABERTURA DE VIAS RUA DE LAZER MASSA VERDE

PRAÇA LINEAR COMERCIAL GALPÃO IGREJA

INSTITUCIONAL

POSTO DE SAÚDE RESIDENCIA USO MISTO

ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

PARQUE MUNICIPAL CRAVO E ROSA

7752000

NOVA VALVERDE

7752000

REQUALIFICAÇÃO URBANA

ITACIBÁ NOVA BRASÍLIA

PRAÇA DARLI SOARES

PRAÇA DAS ÁGUAS

05 ¬ « 03 ¬ «

01

¬ « 04

¬ «

MUCURÍ

02 ¬ «

ORIENTE

0

0,25

0,5

Km

ITANGUÁ 354000

355000

SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S GCS_SIRGAS_2000 DATUM: D_SIRGAS-2000 FONTE: GOOGLE EARTH 2013

MAPA DE PROPOSTAS

356000

MAPA 10

ADAPTAÇÃO: FAGNER VIEIRA DA COSTA UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


Página | 92

4.3

PROJETO PRAÇA DAS ÁGUAS

Figura 4.36 – Implantação da Praça Pública. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Com base no referencial teórico elaborado neste trabalho, nas necessidades identificadas no diagnóstico e nas diretrizes apontadas no Plano Diretor Municipal foi proposto para a praça das águas equipamentos como quadras poliesportivas, pista de skate e patinação, academia popular, pista de caminhada, vestiários e um anfiteatro para apresentações artísticas, um setor comunitário e outro comercial. Desta forma a Praça se divide em 4 setores, sendo eles: comercial (01), cultural (02), esportivo (03) e comunitário (04), como é possível identificar na figura 4.37.


Página | 93

Figura 4.37 – Implantação da Praça Pública. Fonte: Prefeitura de Cariacica, 2013. Adaptado pelo autor


Página | 94

Figura 4.38 – Perspectiva geral - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

4.3.1 Partido Arquitetônico O partido arquitetônico adotado para a criação da Praça foi definido com base nas curvas e sinuosidade dos rios urbanos, que se apresentam com formas e dimensões variadas ao longo de suas margens criando paisagens únicas de acordo com o olhar e percepção de cada usuário. Os canteiros são tratados com formas orgânicas e os caminhos surgem do encontro destas curvas. A composição dos canteiros e sua disposição buscam criar percurso agradáveis e ressaltar a exuberância da paisagem criada e valorização do próprio sítio buscando dialogo do usuário e o meio ambiente. A criação da fonte de água e o espelho d’água são os elementos principais deste projeto, pois eles marcam o surgimento do Rio Itanguá dentro do sítio e reforça a memória e identidade dos moradores. Esta fonte tem como intenção simbolizar a esperança de ressurgimento das riquezas naturais já desfrutadas na região fornecidas pela exploração do rio.


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4.3.2 Descrição Do Projeto Da Praça Das Águas • Setor 01 – COMERCIAL O setor 01 denominado comercial tem a implantação de um restaurante como elemento central. Esta edificação tem por função atrair em horários alternados o público para o local, além de atender e ser suporte aos funcionários que atuam nas instituições públicas e privadas no entorno da praça. Esta é uma das necessidades identificadas no diagnóstico elaborado neste trabalho, como ausência de local para refeições não domiciliar que integrando lazer familiar e vivência com os demais moradores da comunidade dos bairros inseridos dentro da área de estudo.

Figura 4.39 – Vista do acesso pela Rua João M. Scarpin - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

A proposta é uma construção sobre espelho d’água fazendo referência a presença do rio no local. Com o objetivo de enfatizar esta intenção foi proposto anexo ao restaurante decks em madeira com cobertura removível sobre a lâmina d’água permitindo o contato do usuário com o elemento água, como mostra a figura 4.40.


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Figura 4.40 – Setor 01 – Comercial e Playground. Fonte: Prefeitura de Cariacica, 2013. Adaptado pelo autor

O restaurante possui cerca de 800,00m² disposto em dois pavimentos. No primeiro pavimento foi proposta uma cafeteria, composto por um quiosque central para atendimento ao cliente, um setor para leitura formado por estantes onde é possível ter acesso a revistas, jornais e periódicos e o deck onde estão dispostas mesas para apreciação da paisagem. No segundo pavimento foi proposto a cozinha e um salão que funciona apenas nos horários de refeições. Para acesso a este pavimento foi proposto uma escada e dois elevadores, sendo uma para serviço. A proposta é que exista ainda neste pavimento uma varanda coberta para refeições ao ar livre.


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Figura 4.41 – Setor Comercial e Área do Playground - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Ainda neste setor foi locado o playground para atividades de lazer infantil composto por brinquedos interativos e equipamentos que buscam a prática de exercício físico, mental e que estimule o processo criativo e interativo dos usuários. A figura 4.42 e 4.43 são exemplos destes equipamentos implantados.

Figura 4.42 – Setor 01 – Exemplo de brinquedo para Playground. Fonte: www.landezine.comindex.php201403mid-main-park-hapa-collaborative Acesso em Abril, 2014.


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Figura 4.43 – Setor 01 – Exemplo de brinquedo para Playground. Fonte: www.landezine.comindex.php201310australian-fine-china-by-hassellaustfinechina_ hassell_01_ peterbennetts Acesso em Abril, 2014.

Para atender a demanda de usuários que frequentarão o local foi projetado um estacionamento paralelo ao restaurante composto por 34 vagas para veículos. A proposta para que este estacionamento não polua a visual sua implantação foi locada dentro de uma bolsa de vegetação composta por forração, grama arbusto e arvores de médio porte. Foi projetado ainda um acesso direto ao restaurante não obrigando o usuário a contornar a bolsa de estacionamento.

• Setor 02 – CULTURAL Este setor recebe a vocação cultural, pois tem como edificação principal o palco estilo concha acústica e bancos em pedra de granito que comportam 102 pessoas sentadas. Este palco tem como função atender a necessidade de espaços para apresentações teatrais e demais eventos ou festividades comuns na comunidade local, como encenações e festas beneficentes.


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Figura 4.44 – Setor Cultural – Concha Acústica - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

O local definido para a implantação da concha e sua posição foi estabelecido com base na orientação solar de forma a não criar ofuscamento tanto ao público quanto ao artista em apresentação. A área destinada a esta ocupação foi locada entre canteiros gramados de forma a delimitar o espaço destinado ao fim definido como é possível ver na figura 4.45. Para atender o público nas ocasiões de utilização do palco foi projetado um módulos de quiosques e outro para sanitário. Estas unidades são concedidas aos moradores por meio legal. A estrutura em aço foi definida para a construção dos módulos sua vedação em aço e vidro e cobertura em aço e telha metálica. O bosque ao lado da concha acústica além de ter função de barreira acústica filtrando o excesso de barulho proveniente do alto tráfego na Rodovia do Contorno funciona como bloqueio solar. Esta condição garante ao setor cultural a exclusividade de espaço e áreas de sombreamento durante todo o dia.


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Figura 4.45 – Setor 02 – Concha Acústica Fonte: Prefeitura de Cariacica, 2013. Adaptado pelo autor

• Setor 03 – ESPORTIVO Uma das maiores ou principais necessidades dentro das grandes cidades é a criação de espaços destinados a práticas esportivas e atividades físicas em geral. Buscando suprir esta necessidade dentro da área de projeto foi projetado dentro da Praça Pública o setor esportivo. Este setor é formado por um complexo de equipamentos destinados a prática esportiva contendo uma quadra poliesportiva e uma de grama sintética, arquibancadas, uma pista de patinação e skate, uma academia popular e um módulo de vestiário masculino e feminino como é possível identificar na figura 4.46.


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Figura 4.46 – Setor 03 – Complexo Esportivo. Fonte: Prefeitura de Cariacica, 2013. Adaptado pelo autor

A quadra poliesportiva projetada possui dimensões de quadra oficial e iluminação por meio de projetores localizados nas laterais de cada quadra. A vedação das quadras é feita com tela tipo alambrado revestido em pvc de cor verde folha garantindo a segurança do público ao redor das quadras.


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Figura 4.47 – Setor Esportivo - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

As arquibancadas projetadas são em estrutura de aço com assento em madeira. Esta especificação tem por finalidade inserir o equipamento na praça de maneira a evitar contrastes com os demais equipamentos e bloqueio visual. A ocupação prevista para as arquibancadas são de 128 pessoas sentadas. O vestiário projetado possui 60,00m² divididos entre masculino e feminino. A estrutura adotada é em concreto armado e vedações em alvenaria de bloco de concreto. O exterior do módulo deve ser revestido com argamassa e receber “grafitagem” artística com imagem definida pelo centro comunitário local. A academia popular projetada no setor é um espaço ao ar livre com 100,00m² e tem finalidade atender o público da terceira idade, sendo assim os equipamentos definidos para o local são específicos para a realização de exercícios de alongamento muscular e coordenação motora como é possível ver exemplos destes equipamentos nas figuras 4.48, 4.49 e 4.50.


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Para o piso da academia foi especificado grama sintética verde aplicada sobre base em concreto armado. Com o objetivo de evitar a formação de quinas ou desníveis o local é projetado no mesmo nível da praça dispensando fechamentos laterais ou vedações.

Figura 4.48 – Setor 03 – Rotação diagonal. Equipamento Esportivo. Fonte: http://www.academiaaoarlivre.ind.br Acesso em Maio 2014.


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Figura 4.49 – Setor 03 – Multi Exercitador. Equipamento Esportivo. Fonte: http://www.academiaaoarlivre.ind.br Acesso em Maio 2014.

Figura 4.50 – Setor 03 – remada Sentada. Equipamento Esportivo. Fonte: http://www.academiaaoarlivre.ind.br Acesso em Maio 2014.


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A pista de patinação e skate projetado possui 235,00m². Foi especificada a modalidade Banks composto por variações de bacias não possuindo pista vertical como é possível identificar na figura 4.51 e 4.52. A estrutura em concreto foi projetada 150cm elevada do chão e 50cm abaixo no nível da praça.

Figura 4.51 – Setor 03 – Exemplo de pista com modalidade Banks. Fonte: www.skatecuriosidade.com/pistas-skt/vale-de-transicao Acesso em Maio 2014.

Figura 4.52 – Setor Esportivo - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.


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Por estar elevado do nível da praça e pela necessidade de ser resistente foi projetado para a pista um guarda corpo em tubos de aço galvanizado na borda do tanque. Esta estrutura possui altura total de 110cm e divisões intermediárias garantindo assim a segurança do praticantes do esporte no equipamento. Para atender a demanda gerada pelo setor esportivo foi projetado um estacionamento as margens da Rua Clarício Alves Ribeiro com 13 vagas para veículos de passeio.

Figura 4.53 – Setor Esportivo –Módulos de Quiosques – Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

• Setor 04 – COMUNITÁRIO O setor comunitário é local onde foram implantadas as edificações de uso social e segurança pública. Para atender a função social e garantir a presença e ação comunitária na praça, neste setor foi implantado o centro comunitário dos bairros de Itanguá e Nova Brasília como é possível identificar na figura 4.54.


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Figura 4.54 – Setor 04 – Comunitário. Fonte: Prefeitura de Cariacica, 2013. Adaptado pelo autor.

Figura 4.55 – Setor Comunitário – Acesso pela Rua Clarício A. Ribeiro - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.


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A edificação foi projetada com 450,00m² divididos em dois pavimentos. O layout básico projetado para a edificação é composto no pavimento térreo por uma recepção para triagem, um auditório para palestras e treinamentos, duas salas administrativas, duas salas para ministração de cursos e dois módulos de sanitários. Para acesso ao segundo pavimento, local onde foi proposto quatro salas de multiuso com vedações removíveis é feito por escada e elevador que garante o acesso a pessoas com mobilidade reduzida. Neste pavimento ainda foi proposto dois módulos de sanitários. Ainda neste setor foi locado um posto policial com 56,25m² dividido em recepção, sala do delegado, sanitário social, copa, sala de reconhecimento e cela. A presença desta edificação tem como o objetivo garantir a conservação dos equipamentos na praça e proporcionar maior segurança ao usuário. Um módulo de sanitário masculino e feminino de uso público foi projetado neste setor atendendo a demanda gerada. Foi projetado junto ao setor 22 vagas de estacionamento. O setor 4 fica anexo ao muro de quatro terrenos que foram mantidos no local. Estes muros receberão revestimento em pedra rústica na face voltada para a praça. Com o objetivo de esconder as edificações existentes nesses terrenos o muro será elevado a cota de 4m de altura. Foi projetado ainda próximo ao setor quatro módulos de quiosques e uma banca de revista. A ocupação destes quiosques se dará por meio de contratos ou acordos administrados pelo centro comunitário inserido no setor. A figura 4.57 mostra um exemplo de módulo a ser adotado na praça.

Figura 4.56 – Deck de madeira - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.


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Figura 4.57 – Exemplo Quiosque para a praça. Fonte: http://tiradentesguaru.wordpress.com/tag/quiosques/ Acesso em Maio 2014.

• SETOR 5 – CICLOVIA ARBORIZADA Buscando tirar partido do talude natural existente no terreno junto a Rodovia do Contorno foi projetada uma barreia verde que neste trabalho recebe o adjetivo de bosque, pois além de ter função filtrar o ruído gerado pela rodovia e bloquear a incidência do sol no período da tarde na praça e equipamentos junto ao talude implantado, busca proporcionar aconchego e criar um ambiente com maior adensamento vegetativo.

Figura 4.58 – Ciclovia – Acesso pela Rua Clarício A. Ribeiro - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.


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Foi projetado dentro do bosque uma ciclovia e caminhos circulares para cooper formados por cascalhos e seixos rolados de pequena granulometria que geram maciez do solo e permite confortável caminhada. Ao longo de toda a extensão do bosque foi projetado três escadas que cruzam a ciclovia e fazem a ligação entre a rodovia e a praça.

• FONTE E ESPELHO D’ÁGUA A construção da fonte e espelho d’água na praça foi projetada em concreto armado elevada em 50 cm do nível da praça. Este desnível é formado em forma de talude gramado sem a instalação de gradil ou qualquer outro elemento que bloqueie o acesso do usuário ao elemento água como é possível observar na figura 4.59.

Figura 4.59 – Fonte / Espelho D’água - Praça das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Como a fonte transborda em forma de cascata no local onde o Rio Itanguá inicia dentro da área de projeto, neste ponto onde o nível do fundo do rio é mais baixo foi projetado uma cerca viva em arbustos impedindo que o usuário se aproxime da borda evitando acidentes.


Página | 111

Foi projetado ainda um deck em madeira dos dois lados do rio e uma ponte permitindo a ligação e dando acesso a outra margem do Rio Itanguá. A proposta é que este deck funcione como uma praça reservada podendo ser utilizada pelo centro comunitário ou para disposição de mesas para usuários dos quiosques.

4.4 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO Neste capítulo será apresentada uma breve relação de materiais para pavimentação, espécies de vegetação, mobiliários e outros equipamentos para a implantação da praça. Em todo o projeto foi proposto equipamentos e espécies de vegetação comumente utilizados em projetos de praças e parque no Brasil. A vegetação adotada são adequadas ao clima tropical brasileiro.

4.4.1 Materiais para pavimentação Buscando garantir a drenagem da água pluvial em toda a extensão da praça enviando menor volume de água ao sistema de drenagem foi proposto para a pavimentação da mesma, revestimento cimentício com cores cinza natural, terracota e fungui conforme exemplo na figura 4.60. As juntas das pacas serão executadas em concreto poroso cor natural e sem polimento. Para a pavimentação da Rua Albania, Rua João Manoel Scarpino e bolsa de estacionamento do setor comercial foi especificado piso intertravado de concreto cinza tipo pavi ondas como mostra a figura 4.61. A escolha deste pavimento busca da mesma forma permitir e permeabilidade das águas no solo por meio das juntas com areia entre as peças.


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Figura 4.60 – Placa cimentícia Fonte:www.solariumrevestimentos.c om.br/produtos/revestimentos-pisoe-parede/permeare/permeare, 2014

Figura 4.61 – Pavi onda, Dim.11x22x8cm. Fonte: TECPAVI, 2014

Toda extensão da praça é marcada por faixas de ladrilho hidráulico liso em cores de vermelho, amarelo e azul como mostra a figura 4.62. Esta marcação no piso funcionam como eixos além de criarem requadros no piso garantindo a formação da paginação das placas cimentícias.

Figura 4.62 – Ladrilho liso colorido, Dim.20x20cm. Fonte:http://www.telhanorte.com.br/ceramicahidraulica-20x20cm-linha-1900-verde-colormix1351818/p Acesso em: Maio, 2014.


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A delimitação das vidas laterais e canteiros gramados no interior da praça são executados com guias de concreto aparente. O conhecido meio fio possibilitarão o desnível de 15 cm entre vias e o nível da praça. Na figura 4.63 e 4.64 é possível identificar este elemento.

Figura 4.63 – Guia de concreto, Dim. 100x15x30cm. Fonte: TECPAVI, 2014

Figura 4.64 – Guia de concreto para jardim, Dim. 50x3x170cm. Fonte: TECPAVI, 2014

A acessibilidade da praça foi alcançada com definição de quase toda a extensão da praça em mesmo plano, tendo como desnível o acesso a alguns equipamentos e o desnível da praça com a via. Este desnível é vencido por rampas com inclinação de 8,33%. Para segura locomoção dos usuários com deficiência visual ao longo de toda a calçada foi projetado uma faixa revestida com placas de ladrilho hidráulico de alerta tátil e direcional em cor azul. A figura 4.65 apresenta imagem de referência.

Figura 4.65 – Ladrilho hidráulico tátil de alerta e direcional Fonte: http://www.ibericaladrilhos.com.br/antiderrapante.html Acesso em: Maio, 2014.


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Com o objetivo de marcar o talude ao redor da fonte e espelho d’água foi especificado uma faixa 150 cm com placas de concreto tipo concregrama cor cinza como mostra a figura 4.66 E 4.67. Este modelo de piso além do efeito paisagístico permite uma permeabilidade maior ao solo.

Figura 4.66 – Piso Concregrama Fonte: TECPAVI, 2014

Figura 4.67 – Aplicação Piso Concregrama Fonte: TECPAVI, 2014

Para todo o trajeto de ciclovias e trilhas projetado no talude natural do terreno foi especificado cascalho de pedras. Este material possibilita uma maior maciez ao piso e reduz o impacto nas pisadas dos usuários do local. A figura 4.68 apresenta exemplo de ciclovias com cascalho.

Figura 4.68 – Parque Estadual da Cantareira, Trilha em solo natural e cascalhos. Fonte:http://www.fotosefotos.com/page_img/26888/parque_es tadual_da_cantareira Acesso em: Maio, 2014.


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Os decks que compõe a praça junto ao setor comunitário, a ponte que integram as margens do Rio Itanguá e o deck do setor comercial foi projetado em madeira de lei tipo cumaru, em peças de 10 cm de largura. A figura 4.69 apresenta exemplo de deck em madeira.

Figura 4.69 – Deck em madeira. Fonte:www.cobrire.com.br Acesso em: Maio, 2014.

Para a área de lazer do playground foi especificado piso ecológico de amortecimento, produzido com pneu reciclado na cor verde e vermelho, como é possível visualizar o exemplo na figura 4.70.

Figura 4.70 – Piso ecológico de borracha Fonte: http://www.esportesexpress.com/piso-ecologico-deborracha-para-playgrounds-playground-cod-030 Acesso em: Maio, 2014.


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4.4.2 Espécies para vegetação As espécies de vegetação escolhidas para compor o projeto paisagístico da praça foram definidas de acordo com seu porte, dimensões da copa, altura média de crescimento da espécie quando adulta e sua função estética. Para as áreas de estacionamentos foi proposto o plantio de sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), árvore com grande copa e raízes que permitem seu crescimento controlado não danificando a pavimentação e jardineiras.

SETOR COMERCIAL

Figura 4.71 – Sibipuruna Fonte:www.arvoresdf.com.br/especies/exoticas/sibipiruna.htm Acesso em: Maio, 2014.

SIBIPURUNA PORTE Grande

ALTURA 16,00m

Caesalpinia peltophoroides COPA FLOR 10,00m Amarelas


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Por ser considerada uma árvore com grande característica ornamental foi especificado para o espelho d’água do restaurante o plantio do Salgueiro chorão (Salixbabylonica).

Figura 4.72 – Salgueiro Chorão Fonte:http://pixabay.com/pt/arvore-salgueiro-chorão-primavera-112028/ Acesso em: Maio, 2014.

SALGUEIRO CHORÃO PORTE Médio

ALTURA 8,00m

Salixbabylonica COPA 6,00m

FLOR Esverdeadas

Por possuir excelente capacidade de marcação de acessos e criação de eixos visuais, foi proposto para a entrada do restaurante palmeira imperial (Roystone regia).

Figura 4.73 – Palmeira Imperial Fonte:www.marronmudas.com.br Acesso em: Maio, 2014.


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PALMEIRA IMPERIAL PORTE Grande

ALTURA 30,00m

Roystone regia COPA 5,00m

FLOR Creme

Ainda para os canteiros do setor comercial foram escolhidas Jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia), Flamboyant mirim (Caesalpina pulcherrima) e Ipê amarelo (Tabebuia chrysotricha). Estas árvores foram especificadas por criarem áreas de sombreamento e por sua beleza natural com folhas e flores em cores vivas.

Figura 4.74 – Jacarandá Mimoso Fonte:www.sitiocarvalho.com.br/imagem/a%20jacaran da%20mimoso.JPG Acesso em: Maio, 2014.

JACARANÁ MIMOSO PORTE Grande

ALTURA 12,00m

Jacaranda mimosaefolia COPA 10,00m

FLOR Lilás


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Figura 4.75 – Flamboyant Mirim Fonte:http://www.plantasonya.com.br/arvores-e-palmeiras /flamboyanzinho-caesalpinia-pulcherrima.html/commentpage-1 Acesso em: Maio, 2014.

FLAMBOYANT MIRIM PORTE PEQUENO

ALTURA 4,00m

Caesalpina pulcherrima COPA FLOR 4,00m Vermelhas/Amarelas

Figura 4.76 – Ipê Amarelo Fonte: http://nanquin.blogspot.com.br/2011/06/ipe-amarelo_05.html Acesso em: Maio, 2014.

IPÊ AMARELO PORTE GRANDE

ALTURA 10,00m

Tabebuia chrysotricha COPA 8,00m

FLOR Amarelas


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Os canteiros inseridos neste setor também recebem forrações para áreas de meiasombra.

Figura 4.77 – Lírio-do-vento Fonte:http://torredasflores.com.br/produtos/ caixaria/pagina/3 Acesso em: Maio, 2014.

LÍRIO-DO-VENTO PORTE 20-30 cm

LUZ Meia-sombra

Zephyranthes candida COR DA FLOR FLORAÇÃO Branca Primavera-Verão

Figura 4.78 – Hera-crespa Fonte:jardineiro.net Acesso em: Maio, 2014.

HERA-ROXA PORTE 15-20 cm

LUZ Meia-sombra

Hemigraphis alternata COR DA FLOR FLORAÇÃO Branca Primavera-Verão


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Figura 4.79 – Beijo pintado Fonte:http://plantas-ornamentais.blogspot.com.br/2011/11/beijo-pintadoimpatiens-hawkeri-hybrid.html Acesso em: Maio, 2014.

BEIJO PINTADO PORTE 30-50 cm

LUZ Meia-sombra

Impatiens hawkeri COR DA FLOR Vermelha/Rosa

FLORAÇÃO Ano todo

Figura 4.80 – Azulzinha Fonte:http://flores.culturamix.com/flores/evolvuloevolvulus-glomeratus-pequenas-flores-azuis Acesso em: Maio, 2014.

AZULZINHA PORTE 20-30 cm

LUZ Meia-sombra

Evolvulos glomerantus COR DA FLOR FLORAÇÃO Azul Ano todo


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Foi escolhida grama-batatais para áreas sombreadas e grama esmeralda em locais a sol pleno.

Figura 4.81 – Grama-batatais resistente a áreas Sombreadas. Fonte: www.gramadinhoverde.com.br Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.82 – Grama esmeralda resistente a pisoteio. Fonte: www.gramadinhoverde.com.br Acesso em: Maio, 2014.

Os Arbustos especificados para o setor se dividem em pequeno, médio e grande porte. Para compor a parede revestida em pedra no muro das edificações vizinhas ao restaurante foi especificado árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis).


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Figura 4.83 – Árvore-do-viajante. Fonte: www.bemparana.com.br Acesso em: Maio, 2014.

ÁRVORE-DO-VIAJANTE PORTE LUZ 4,00m Sol Pleno

Ravenala madagascariensis COR DA FLOR FOLHAS Branca Verde

Figura 4.84 – Palmeira azul. Fonte: www.omundodaspalmeiras.com.br Acesso em: Maio, 2014.

PALMEIRA AZUL PORTE GRANDE

LUZ Sol pleno / Meia Sombra

Bismarckia nobilis COR DA FLOR _

FOLHAS Verde Azulada


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Figura 4.85 – Buxinho. Fonte: www.mondiniplantas.com.br Acesso em: Maio, 2014.

BUXINHO PORTE 80cm

LUZ Sol Pleno

Buxus sempervirens L. COR DA FLOR -

FOLHAS Branca

Figura 4.86 – Camélia. Fonte:http://www.onmarkproductions.com/kkflowers/HT ML/tsubaki.html Acesso em: Maio, 2014.

CAMÉLIA PORTE MÉDIO

LUZ Meia Sombra

Camelia japonica COR DA FLOR Vermelha

FLORAÇÃO Outono-Inverno


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SETOR CULTURAL E COMUNITÁRIO Para compor o setor cultural e comunitário foram escolhidas árvores de médio e grande porte. As escolhas destas espécies buscam criar grandes áreas sombreadas possibilitadas pelas copas das árvores fechadas e floridas. Além das forrações e arbustos já especificados no setor comercial que foram utilizadas neste setor, foram escolhidos árvores e arbustos específicos para o setor cultural e comunitário como mostra as figuras a seguir.

Figura 4.87 – Flamboyant. Fonte:http://timblindim.wordpress.com/arvores/flamboyant Acesso em: Maio, 2014.

FLAMBOYANT PORTE MÉDIO

ALTURA 8,00m

Delonix regia COPA 12,00m

FLOR Vermelha


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Figura 4.88 – Paineira rosa. Fonte:http://sobasombradasarvores.files.wordpress.com/2012/0 6/paineira.jpg Acesso em: Maio, 2014.

PAINEIRA ROSA PORTE GRANDE

ALTURA 20,00m

Ceiba speciosa COPA 14,00m

FLOR Rosa

Figura 4.89 – Cássia rodoviária. Fonte:www.panoramio.com/user/5787939/tags/TREE? photo_page=6 Acesso em: Maio, 2014.

CÁSSIA RODOVIÁRIA PORTE GRANDE

ALTURA 18,00m

Cenostigma tocantinum Ducke COPA FLOR 14,00m Amarelas


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Figura 4.90 – Afelandra-zebra. Fonte: www.verdejantepaisagismo.com.br Acesso em: Maio, 2014.

AFELANDRA-ZEBRA PORTE 50-90 cm

LUZ Meia Sombra

Aphelandra squarrosa Nees COR DA FLOR FLORAÇÃO Amarelas Primavera-verão

Figura 4.91 – Clívia. Fonte: www.bloominbert.com/clivia_miniata.htm Acesso em: Maio, 2014.

CLÍVIA PORTE 30-40 cm

LUZ Meia Sombra

Clivia miniata Regel COR DA FLOR Alaranjadas

FLORAÇÃO Primavera


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Figura 4.92 – Espadinha. Fonte: www.ecogardenpaisagismo.com.br Acesso em: Maio, 2014.

ESPADINHA PORTE 15-20 cm

LUZ Meia Sombra

Sansevieria trifasciata Hort COR DA FLOR FLORAÇÃO -

Para compor o talude que contorna a fonte e espelho d’água no setor comunitário foi escolhido o agapanto (Agapanthus africanus), arbusto relativamente baixo em que suas flores em tom azul e branco que sobressaem a folhagem.

Figura 4.93 – Agapanto. Fonte: http://bmaxima.blogspot.com.br/2010/08/os-agapantosdao-beleza-ao-meu-jardim.html Acesso em: Maio, 2014.

AGAPANTO PORTE 40-80 cm

LUZ Meia Sombra

Agapanthus africanus COR DA FLOR FLORAÇÃO Azul e branca Primavera-verão


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Figura 4.94 – Copo-de-leite amarelo. Fonte:http://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/06/26/coposde-leite-zantedeschia-aethiopica/ Acesso em: Maio, 2014.

COPO-DE-LEITE AMARELO PORTE LUZ 40-70 cm Meia Sombra

Zantedeschia elliottiana COR DA FLOR FLORAÇÃO Amarelas Primavera-verão

SETOR ESPORTIVO E CICLOVIA ARBORIZADA Para o setor esportivo foi escolhido o plantio de árvores de médio e grande porte como a chuva de ouro (Cassia fistula), ipê branco (Tabeluia róseo-alba) e outras com copas e floração exuberante. Para compor a arborização da ciclovia e trilhas foram escolhidas árvores de grande porte como o pau-ferro(Caesalpinia ferrea), pau formiga (Triplaris brasiliana) e eucalipto arco-íris (Eucalyptus deglupta).

Figura 4.95 – Chuva de ouro. Fonte:www.associacaobanestado.com.br/ab2009_SubSedes_ Maringa.asp Acesso em: Maio, 2014.


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CHUVA DE OURO PORTE MÉDIO

ALTURA 10,00m

Cassia fistula COPA 4,00m

FLOR Amarelas

Figura 4.96 – Ipê branco. Fonte:www.nutriflorafertil.com.br/blog/index.php/2013/10/01/pla nta-da-semana-ipe/ Acesso em: Maio, 2014.

IPÊ BRANCO PORTE GRANDE

ALTURA 10,00m

Tabeluia róseo-alba COPA 6,00m

Figura 4.97 – Espatódea. Fonte: www.panoramio.com/photo/24741543 Acesso em: Maio, 2014.

FLOR Brancas


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ESPATÓDEA PORTE GRANDE

ALTURA 10,00m

Spathodea nilótica Seem COPA FLOR 10,00m VermelhoAlaranjado

Figura 4.98 – Sucupira. Fonte: www.overmundo.com.br/banco/sucupira-branca Acesso em: Maio, 2014.

SUCUPIRA PORTE GRANDE

ALTURA 12,00m

Bowdichia virgilioides COPA 8,00m

Figura 4.99 – Pau ferro. Fonte: http://serradoengenhonovo.com.br/novo/ projeto/pau-ferro Acesso em: Maio, 2014.

FLOR Lilases


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PAU FERRO PORTE GRANDE

ALTURA 20,00m

Caesalpinia ferrea COPA 16,00m

FLOR Amarelas

Figura 4.100 – Pau formiga. Fonte:www.djibnet.com/photo/anttree/pau-formiga-triplarisamericana-5286455779.html Acesso em: Maio, 2014.

PAU FORMIGA PORTE GRANDE

ALTURA 16,00m

Triplaris brasiliana COPA 6,00m

FLOR Alaranjadas

Figura 4.101 – Oiti. Fonte:http://planteumaarvorenasuacalcada.blogspot.com.br/20 09/12/oiti.html Acesso em: Maio, 2014.


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OITI PORTE GRANDE

ALTURA 10,00m

Licania tomentosa COPA 8,00m

FLOR Brancas

Figura 4.102 – Eucalipto Arco-íris. Fonte:http://mercado.ruralcentro.com.br/oferta/51862/mudaseucalyptos-arco-iris Acesso em: Maio, 2014.

EUCALIPTO ARCO-ÍRIS PORTE ALTURA GRANDE 25,00m

Eucalyptus deglupta COPA 5,50m

FLOR -

Os arbustos e forrações especificados para o setor esportivo buscam manter o mesmo aspecto paisagístico e criação de ambientes agradável a permanência do usuário no local. As figuras a seguir são ilustrações das espécies escolhidas para o setor.


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Figura 4.103 – Barléria vermelha. Fonte: http://jardim-mel.blogspot.com.br/2010/06/jurassica.html Acesso em: Maio, 2014.

BARLÉRIA VERMELHA PORTE LUZ 40-60 cm Meia Sombra

Barleria repens COR DA FLOR Vermelhas

FLORAÇÃO Primavera-verão

Figura 4.104 – Camaradinha rasteira. Fonte: www.plantasonya.com.br/page/162 Acesso em: Maio, 2014.

CAMARADINHA RASTEIRA PORTE LUZ 10-15 cm Meia Sombra

Glandularia tennuisecta COR DA FLOR FLORAÇÃO Rosa e roxas Primavera-verão


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Figura 4.105 – Cica. Fonte: www.plantstop.net/palm-trees.html Acesso em: Maio, 2014.

CICA PORTE 5m

LUZ Meia Sombra

Cycas circinallis Roxb. COR DA FLOR FLORAÇÃO -

Figura 4.106 – Palmeira-leque. Fonte:www.casacomdesign.com.br/index.php/2013/03/05/belez a-verde-as-palmeiras-leque/ Acesso em: Maio, 2014.

PALMEIRA-LEQUE PORTE 4m

LUZ Meia Sombra

Licuala grandis COR DA FLOR -

FLORAÇÃO -


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Para a ciclovia arborizada foi especificado forrações que se adaptam ao clima úmido e mais frio criado no interior do bosque devido a grande quantidade de árvores especificadas para o local.

Figura 4.107 – Inhame-pintado. Fonte:www.aroidpictures.fr/LYON/schicalyptrata050070.html Acesso em: Maio, 2014.

INHAME-PINTADO PORTE 40-60 cm

LUZ Meia Sombra

Schismatoglottis neoguineensis COR DA FLOR FLORAÇÃO -

Figura 4.108 – Guaimbê-sulcado. Fonte:http://plantasexoticascultivadasemportugal.blog spot.com.br/2012_08_01_archive.html Acesso em: Maio, 2014.

GUAIMBÊ-SULCADO PORTE LUZ 5-10 m Meia Sombra

Rhaphidophora decursiva COR DA FLOR FLORAÇÃO -


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Figura 4.109 – Bromélia vermelha. Fonte:www.giardinaggiosanfruttuoso.it/P/46/ANGO LO-DELLE-CURIOSITA-/BROMELIACEE.html Acesso em: Maio, 2014.

BROMÉLIA VERMELHA PORTE LUZ 20-30 cm Meia Sombra

Vriesea COR DA FLOR Vermelha

FLORAÇÃO Verão

Figura 4.110 – Espada-de-fogo. Fonte: www.florartistica.it/?attachment_id=291 Acesso em: Maio, 2014.

BROESPADA-DE-FOGO PORTE LUZ 30-50 cm Meia Sombra

Vriesea splendens COR DA FLOR Alaranjadas

FLORAÇÃO Verão

Ao longo de todo o talude da praça com a Rodovia do contorno foi projetada uma cerca viva como guarda corpo natural no desnível do terreno. Foi especificada a murta de cheiro (Murraya paniculata) e ligustro (Ligustrum sinense), devido sua


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formação em ramas fechadas com folhas resistentes e pequenas flores geralmente brancas.

Figura 4.111 – Murta de cheiro. Fonte:www.rosesementes.com.br/site/produtos/ produtos_int.php?PROD1_COD=326 Acesso em: Maio, 2014.

MURTA DE CHEIRO PORTE 4-6 m

LUZ Meia Sombra

Murraya paniculata COR DA FLOR brancas

FLORAÇÃO Todo ano

Figura 4.112 – Ligustro. Fonte:www.jardineiro.net/plantas/ligustroarbustivo-ligustrum-sinense.html Acesso em: Maio, 2014.

LIGUSTRO PORTE 1,20 m

LUZ Sol Pleno

Ligustrum sinense COR DA FLOR brancas

FLORAÇÃO Todo ano


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4.4.3 Mobiliário urbano Para o mobiliário da praça buscou-se especificar equipamentos que se integrem a paisagem criada, unindo estética e função com o objetivo de garantir o conforto ao usuário. Os bancos projetados para a praça foram desenhados com formas sinuosas que se harmonizam com o formato dos canteiros.

Figura 4.113 – Exemplo de banco curvo em concreto ou concreto e madeira. Fonte:www.servibo.be/nl/straatmeubilair/escofet/designzitbanken/s/modular/modular-element-concaaf/30/ Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.114 – Exemplo de banco ondulado em concreto ou concreto e madeira para a concha acústica. Fonte:www.servibo.be/nl/straatmeubilair/escofet/design-zitbanken /s/modular/modular-element-concaaf/30/ Acesso em: Maio, 2014.


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Figura 4.115 – Exemplo de banco ondulado em concreto ou concreto e madeira para a concha acústica. Fonte:www.hassellstudio.com/en/cms-projects/detail/australian-fine-china/ Acesso em: Maio, 2014.

Em toda a área da praça existe locais propícios a instalação de mesas e bancos que permitem a permanência do usuário no local. Foi especificado jogos de mesas em concreto aparente que permitem a utilização de jogos de cartaz, dominó e outros usos.

Figura 4.116 – Exemplo de jogo de mesa em concreto. Fonte: www.woodhouse.co.uk/escofet-canal-table.html Acesso em: Maio, 2014.


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Para o deck em madeira junto a fonte e setor comunitário foi especificado mesas e bancos removíveis em concreto e madeira.

Figura 4.117 – Exemplo de jogo de mesa em concreto e madeira. Fonte: www.escofet.com Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.118 – Exemplo de lixeira colorida em aço perfurado. Fonte: www.nomen.com.br/produtos/lixeira-ciclo Acesso em: Maio, 2014.


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Figura 4.119 – Exemplo de bebedouro em aço Fonte: http://www.archiexpo.es/prod/escofet/dispensadores -agua-espacios-publicos-51516-341950.html Acesso em: Maio, 2014.

Tanto para as vias ao redor da praça como as demais vias inseridas dentro da área de projeto foi especificado que nos principais eixos sejam instalados módulos de sinalização como mostra o exemplo a seguir.

Figura 4.120 – Exemplo de placa de sinalização. Fonte: www.archiexpo.es/prod/escofet/dispensadores-aguaespacios-publicos-51516-341950.html Acesso em: Maio, 2014.


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Para a iluminação da praça foi especificado equipamentos específicos a cada setor e utilização. Os modelos escolhidos buscam integrar estética e funcionalidade, criando espaços bem iluminados e seguro.

Figura 4.121 – Poste Philips Selenium para iluminação de Rodovias – 12m altura. Fonte:www.mazgas.lt/pk/sviestuvai/lauko/gatviniai/dujosvyciai/ selenium Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.122 – Poste Philips RoadStar para iluminação de pedestre e vias – 6m altura. Fonte: http://www.lightfair.com/ Acesso em: Maio, 2014.


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Figura 4.123 – Poste Philips Gullwing para iluminação em led para praça – 4m altura. Fonte: www.lightfair.com/ Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.124 – Poste para iluminação da ciclovia – 4m altura. Fonte: www.superled.com.br/luminaria-led.php Acesso em: Maio, 2014.


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Figura 4.125 – Balizador metálico. Fonte:www.lojadosom.com.br/especiais/balizador-met%C3%A1lico/ Acesso em: Maio, 2014.

Figura 4.126 – Spot externo para piso de praça. Fonte:www.yamamura.com.br/SPOT-EMBUTIDO-DE-SOLO-1020PMAXIMO-222026.aspx/p Acesso em: Maio, 2014.


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Figura 4.127 – Projetor para iluminação de vegetação e edificações. Fonte:www.luzetc.com.br/loja/projetor-refletor-decorlux_4727.html Acesso em: Maio, 2014.

Entende-se que o mobiliário urbano tem o potencial de alterar a paisagem local criando ambientes acolhedores e aconchegantes ao usuário. Esta função foi elemento principal na escolha de cada equipamento e mobiliário especificado neste trabalho. A função dos equipamentos escolhidos especificamente para cada setor da praça buscou integração e harmonia com as formas geométricas dadas aos jardins e seus usos. As cores e formas escolhidas para os bancos, lixeiras e demais equipamentos buscou dar ao projeto uma única linguagem.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em toda a cidade de Cariacica é possível observar a ausência de espaços destinados a atividades esportivas e convívio social. Esta situação é agravada nos bairros em que sua ocupação se deu por apropriação espontânea das terras como aconteceu em algumas áreas dos bairros de Nova Brasília e Itanguá. As áreas as margens do Rio Itanguá são as que mais apresentam os problemas provenientes deste tipo de ocupação, como áreas degradadas, pontos de utilização de entorpecentes, acúmulos de lixo e consequentemente pontos com frequentes alagamentos em épocas das chuvas como foi apresentado no diagnóstico deste trabalho. Os estudos de caso estudados mostram que por meio de intervenções urbanas é possível requalificar áreas ribeirinhas criando novas paisagens e resgate da memória e identidade local. Ainda nesta análise de projetos considerados de sucesso em revitalização de beira rio é possível observar a melhoria da qualidade de vida da comunidade inserida no local, devido à criação de novas oportunidades de lazer, trabalho e contato com o meio ambiente. Com base nos resultados obtidos no diagnóstico e as diretrizes do Plano Diretor Municipal foi projetada a Praça das Águas em nível de anteprojeto e definido estudo preliminar da Praça linear, novos eixos viários e Rua de lazer. O projeto da Praça das Águas busca ser atrativo não somente para a comunidade local, mas também para os bairros vizinhos que buscam espaços de lazer de qualidade e espaço para apresentações artísticas e religiosas. Desta maneira, este trabalho buscou mostrar a necessidade e importância de preservação e valorização das áreas beira rio e de seus recursos, além de apresentar novas possibilidades de usos aplicáveis as margens de rios urbanos. Contribui ainda para a cidade de Cariacica como proposta para implantação de parques e praças criando novas paisagens e valorizando as potencialidades existentes na cidade.


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REFERÊNCIAS ARAÚJO, Cesar. Projeto Beira Rio, Piracicaba, SP, 2013. 2013. 9 fotografias, coloridas, 6,99x9,31cm. BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da União. Brasília, 1997. BRASIL. Resolução CONAMA nº 303/02, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Diário Oficial da União. Brasília, 2002. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2012. CARIACICA. Lei nº 005/2006. Institui O Plano Diretor Municipal do Município de Cariacica, altera o Perímetro Urbano, define o Zoneamento Urbano e Rural e dá outras providências. Cariacica, 2006. CHUNG, J. Respirar, de novo. AU: arquitetura e urbanismo. v.28, n.234, p. 64-71, set. 2013. COSTA, D. V. Evolução do bairro Itanguá. 2013. Entrevista concedida a Fagner Vieira da Costa, Cariacica, 6 ago. 2013. COSTA, L. M. S. A. (org). Rios e Paisagens Urbanas em Cidades Brasileiras. Viana e Mosley: Rio de Janeiro, 2006. CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira (organizadores.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. 5ª ed. 219p.

ESPÍRITO SANTO. Lei nº 5.818, de 29 de dezembro de 1998. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento e Monitoramento dos Recursos Hídricos, do Estado do Espírito Santo - SIGERH/ES, e dá outras providências. Diário Oficial do Espírito Santo. Vitória, 1998. ESPÍRITO SANTO. Lei nº 5.361, de 30 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a Política Florestal do Estado do Espírito Santo e dá outras providências. Diário Oficial do Espírito Santo. Vitória, 1996.


Página | 149

ESPÍRITO SANTO. Lei nº 7.943, de 16 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o parcelamento do solo para fins urbanos e dá outras providências. Diário Oficial do Espírito Santo. Vitória, 2004. ESPÍRITO SANTO (Estado). Coordenação Estadual de Planejamento. Programa CPM/BIRD-subprojeto Vitória: perfil da cidade: estratégia de intervenção: v.2. Vitória: Instituto Jones dos Santos Neves, 1980. ESPÍRITO SANTO (Estado). Coordenação Estadual de Planejamento. Estudo básico de organização socio-economica do município de Cariacica: (versão final). Vitória: Instituto Jones dos Santos Neves, 1983. FARAH, I.; SCHLEE, M. B.; TRADIN, R. Arquitetura paisagística contemporânea no Brasil. 1. ed. São Paulo: editora SENAC, 2010. FRIEDRICH, D. O parque linear como instrumento de planejamento e gestão das áreas de fundo de vale urbanas. Dissertação de Mestrado: Porto Alegre, 2007. GIARETTA, R. Uma impressionante renovação urbana em Seul. Disponível em: http://www.arquitetonico.ufsc.br/uma-impressionante-renovacao-urbana-em-seul. Acesso em Outubro, 2013. GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. São Paulo: Editora Senac, 2010. 300p. HOLZ, Ingrid Herzog. Urbanização e Impactos Sobre Áreas de Preservação Permanente: O Caso do Rio Jucú - ES. Dissertação de Mestrado: Espírito Santo, 2012. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Espírito Santo: IBGE, 2010. ITANGUÁ surge de fazenda loteada. ATribuna, Vitória, 21 mar. 2007. Cidades, p.10. LAMAS, J.M. R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Sl: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 1993. LYNCH, K. A imagem da cidade. Lisboa/Portugal. Editora Edições 70, 1960. MASCARÓ, J. L. (org). Infra-estrutura da paisagem. Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2008. PENERAI, P. Análise urbana. Editora universidade de Brasília. Brasília, 2006. RAIA, Jr. A.A. (1997) O uso da técnica Traffic Calming na segurança do trânsito. In: 5a Conferência Estadual sobre Segurança do Trânsito, Campinas. ROMANELLI, M. A. C. Cariacica-ES:avaliação do plano diretor. Cariacica:[s.n.], 2009.


Página | 150

ROMANELLI, Marco & STELZER, Patricia, "Uso e Ocupação do Solo no Meio Rural e Urbano", in PMC - Prefeitura Municipal de Cariacica, "Agenda Cariacica 2010-2030", Cariacica, PMC, 2012. ROWE, P. G. Respirar, de novo. AU: arquitetura e urbanismo. v.28, n.234, p. 6471, set. 2013. SUN, A. Projeto da Praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Editora SENAC, 2008. TABACOW, J. (org). Arte & Paisagem: Roberto Burle Marx;Conferências escolhidas. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2004. UTIMATI, Aletha T. Et al. Reabilitação de Ambientes Urbanos Situados às Margens de corpos d'água. São Paulo, v.1, p.6, 2007. VIAGEM ao passado do vale das conchas. ATribuna, Vitória, 25 jan. 2002. Cidades, p.9.


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ANEXO


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

01/08

DESENHO:

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

02/08

DESENHO:

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

03/08

DESENHO: CORTE AA E CORTE BB

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

04/08

DESENHO: CORTE CC, CORTE DD E CORTE EE

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

05/08

DESENHO: DETALHES CONSTRUTIVOS

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

06/08

DESENHO:

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

07/08

DESENHO:

FOLHA:


UNIVERSIDADE VILA VELHA TITULO DO PROJETO:

MATRIC.: 201146415 00

AUTOR: FAGNER VIEIRA DA COSTA ORIENTADOR:

ESCALA:

COORIENTADOR: MEMBRO EXT.:

DATA:

INDICADA

JUNHO/2014

08/08

DESENHO:

FOLHA:


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