Escola Secundária c/ 3ºciclo Joaquim Gomes Ferreira Alves
FalaFala-me Disso
Artigo 1.° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
FalaFala-me Disso 1º edição 10/12/2008
Sumário Palha Editorial……………..………………………………..………..4 Fala-me disto………………………………………..………..5 O Que Realmente Interessa Autismo…………………………………………………….......6 Astronomia…………………….………………….……...…..8 Direitos Humanos……………………………….………….10 Adopção…………………………………………….…………..14 Eleições Associação de Estudantes…………….........15
Direcção: Daniel Silva, Joana Carlos, Oscar Esteves, Pedro Graça Coordenadora: Professora Albertina Viana Cronistas: Pedro Graça (Portugal, o País da mão-de-obra qualificada), (A Velha Utopia), (Eleições Americanas); Joana Cabral (Crónica de Inverno), (Página Branca); Daniel Silva (Como ser Eleito para a AE (receita crónica)) Colaboradores: Cátia Veríssimo, Nélson
Sousa, Marlene San-
tos, Sara
Loureiro, (Autismo);
Hugo Ferreira, João Tiago Soutei-
Gran Finale
ro,
O Julgamento…………...…………………………………...16
Figueiredo,
História de Uma Coisa e do resto das Coisas……..18 Portugal, o país da mão-de-obra qualificada….....19 Cinema…………………………………………………..........20 Como ser eleito para a AE (receitas crónicas)..…..21 A velha Utopia……………………………………....……….23 Crónica de Inverno……………………………........…….24
Miguel
Rocha
Fernandes,
(Astronomia); Bárbara
Tiago
Ana
de
Martins,
Catarina Lopes, Fábio Dias, Sara Pires (Adopção); Catarina Madruga (História de Uma Coisa e do Resto das Coisas); Joana Cabral, José Santos, José Oliveira, Lúcia Valadares
(Cinema);
Cármen
Brandão (A Liberdade); Catarina Almeida, Eva Diaz, Soraia Santos, Vânia Pereira, (Moda); Elsa Santos, Zita Lopes, Rui Marques, Cár-
Eleições Americanas………………….……….…….…....26 Página Branca……………………………….……………....27 A Liberdade…………………………………………………...28 Moda…………………………………….……………………...30 Teatro…………………………………………………………...31 Criminalidade………………………………………………..32
men
Brandão,
Silo
Brandão
(Teatro); André Leite, Andreia Lima,
Cátia
Matos
(Criminalidade); Miguel Ângelo (Tiro o chapéu àqueles que voam sem medo); David Rego (Sozinho); Inês Monteiro (Carta a Fernando Pessoa 1); Inês Alves (Carta a Fernando Pessoa 2)
Poetas de Bolso……………………………………………...33 Fernando Pessoa…………………………………………….35 Espaço Lúdico……..………………………………………...38
Fala-me Disso
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Palha
Editorial
A ideia de criar uma revista escolar deu-se devido à falta de outras ideias mais criativas para a disciplina de Área de Projecto. Assim, decidimos criar uma revista escolar para preencher a vaga deixada pel’O Conta Coisas, o antigo jornal escolar, aventurando-nos assim nas lides jornalísticas. O nome do jornal "Fala-me disso" foi proposto por uma colega da turma, e aceitámo-lo porque entra mais em contacto com os jovens de hoje. O jornal apresenta os mesmos o objectivos que o projecto "ler +" porque é exactamente para fazer com que a leitura nas escolas aumente, e também para dar aos alunos algo que lhes seja agradável, pondo de parte os manuais e estatutos e todas as regras. Pretendemos fazer da escola uma comunidade ao contribuir-mos para a união através da leitura. Os alunos na frente do projecto, os "cabecilhas", fazem parte da turma do 12º D, são Daniel Silva, Joana Carlos, Oscar Esteves, e Pedro Graça. Refira-se que esta é a nossa primeira experiência jornalística, contamos ainda ter muitas gralhas e aspectos menos conseguidos, mas agradecíamos que sempre que o leitor detecte algum que nos avise, de modo a não voltarmos a cometer um erro desse género. Refira-se ainda que o “jornal" é baseado em diversas revistas de renome, e visámos lançar pelo menos 3 edições, uma por cada período escolar, contado nós com uma maior participação da comunidade escolar para o próximo número. A Direcção
1º Edição
4
Palha
Fala-me Disto
Será mesmo o Ser Humano todo igual? Ou as regalias de uns cortam as de outros? É este o tema que queremos lançar para discussão. Formula a tua opinião e manda para fala.me.disso@gmail.com e se a tua opinião for uma das melhores aparecerá no próximo número do Fala-me disso.
DESENHO: Dalcio Machado Fala-me Disso
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Autismo “Uma Outra Realidade”
O que realmente interessa
Autismo
N
o âmbito da disciplina de
Assim, para estes projectos se reali-
Área de Projecto, os alunos
zarem, de mês a mês, elaborámos bar-
Cátia Veríssimo, Marlene
raquinhas de comes e bebes para anga-
Santos, Nelson Sousa e
riação de fundos, entre outros projec-
Sara Loureiro, sabendo que a escola trata-
va com a problemática do autismo, resolveram trabalhar o tema.
tos ainda em mente. Contudo, sabemos que esta problemática não é totalmente aceite por
O autismo é uma alteração "cerebral" /
todos os membros da comunidade
"comportamental" que afecta a capacida-
escolar, para tal, aludimos a participa-
de da pessoa comunicar, de estabelecer
ção de todos nas actividades que vão
relacionamen-
acontecendo no
tos e de respon-
recinto
der apropriada-
Infelizmente,
mente
ao
uma doença que
ambiente que a
ainda se desco-
rodeia.
nhece as origens
Este
e
grupo
escolar.
como
é
tal,
como
nenhum de nós,
objectivos inte-
ou dos nossos
grar os alunos
familiares,
na
dos nossos futu-
tem
restante
comunidade escolar, transmitir e dar a
ou
ros filhos se poderão livrar.
conhecer à escola o que é o autismo, os
As actividades realizadas pelo gru-
efeitos, as consequências, entre outros,
po serão sempre avisadas com antece-
através de palestras, debates, exposições e
dência e expostas por vários locais da
filmes, levantar dados estatísticos sobre a
escola.
problemática, estudá-los e justificá-los e,
Concluindo, sentimo-nos motiva-
como projecto final, apresentar as nossas
dos para trabalhar o tema, cumprir
conclusões, verificar se os objectivos
todos os objectivos, mas para isso,
foram cumpridos e proporcionar um dia
agradecemos a colaboração de todos.
diferente com os meninos com autismo.
Contamos com o teu apoio. Obrigado!
Fala-me Disso
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Astronomia
O que realmente interessa
Astronomia
A
Astronomia é indubitavelmente uma das mais antigas ciências, cujo nascimento se deu quando o Homem olhou para os céus, e no seu estado de plena ignorância se questionou sobre a imensidão de algo que o rodeava. Falando um pouco da origem desta ciência, podemos dizer que a palavra Astronomia nasceu dos étimos gregos άστρο + νόµος ("lei das estrelas A área de estudo da Astronomia é fortemente alicerçada pela Física e pela Matemática, e hoje em dia já se considera a Biologia como uma outra ciência essencial para a Astronomia. (quando se fala por exemplo, em exobiologia)").
A origem da Astronomia baseia-se na antiga astrologia, hoje considerada pseudociência, praticada desde tempos remotos. Todos os povos desenvolveram, ao observar o céu, um ou outro tipo de calendário, para medir as variações do clima no decorrer do ano. A função primordial destes calendários era prever eventos cíclicos dos quais dependia a sobrevivência humana, como a chegada das chuvas ou das secas. Esse conhecimento empírico foi a base de classificações variadas dos corpos celestes.
Nebulosa "Cat's Eye" (NGC 6543) Nebulosa planetária na constelação do Dragão. Estruturalmente é uma das nebulosas mais complexas conhecidas, tendo-se observado em alta resolução através do Telescópio Espacial Hubble, mostrando emissões de material e numerosas estruturas em forma de arco. Foi descoberta por William Herschel em 15 de Fevereiro de 1786.
Galáxia Andrómeda, NGC 224 ou M31 M31, popularmente conhecida como Galáxia de Andrómeda é uma galáxia espiral localizada a cerca de dois milhões e novecentos mil anos-luz de distância na direcção da constelação de Andrómeda.
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DIREITOS HUMANOS O BICHO Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. Manuel Bandeira
O que realmente interessa
Direitos Humanos
S
omos um país rico, rico em muita coisa. Até somos ricos em pobreza. A pergunta é: Se somos assim tão ricos porque estamos na cauda da Europa? Bem, a resposta é simples. Nesta comunidade, onde a vida em sociedade prevalece desde há muito pouco tempo em “democracia”, a maioria ganha e chamam-nos “unidos”... será? Vamos para a escola e aprendemos a grande Revolução Francesa, consequentemente aprendemos também os três valores supremos que foram a base da Declaração Universal dos Direitos do Homem, são eles: liberdade, igualdade, e fraternidade. Bom, com o passar do tempo esses valores permaneceram, mas sofreram algumas alterações, tal como um contracto que estamos prestes a assinar nos parece muito bom, mas tem sempre algumas letrinhas que mudam tudo. Pois a “liberté, egalité, fraternité” acabaram por carregar letrinhas pequeninas que mostram o mundo actualmente.
Vejamos: Liberdade: para quem pode; segundo a tal declaração todos nascem iguais, mas nem todos nascem livres. Quem tem o azar de nascer em países do terceiro mundo não pode ser chamado livre, esse sim é preso, é um completo escravo da escravidão, a pobreza e a miséria que ele enfrenta todos os dias da sua curta vida condenam-no, e ai de quem o aclamar como livre. E ele é livre porquê? Porque não está por detrás de umas grades de ferro? Uma pessoa que vive com 1/5 de pão por dia, num dia de sorte... essa pessoa é livre? Desde quando? Liberdade... isso tenho eu, e todas as pessoas que lêem o que escrevo. Essas pessoas são livres... de quê? São livres de mudança, são livres de escolha. Sim, ninguém escolhe a sua família, nem onde nasce e tudo o resto. Mas nós, classe média, temos o poder de ajudar quem precisa... eles apenas têm o poder de receber ajuda, se é que se pode chamar a isso “poder”, porque sinceramente eles toda a vida anseiam por ajuda.
Cronologia Cilindro de Ciro( Babilónia séc. VI, a.C.): Considerados por muitos historiadores como a primeira declaração de direitos humanos da história, em razão de sua referência à tolerância religiosa.
Grécia (776-323 a.C.): Direitos civis e políticos do indivíduo são tomados em consideração, são lançadas as bases do direito actual.
Fala-me Disso
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O que realmente interessa
Direitos Humanos
Num documentário feito há uns anos atrás, uma mulher africana reencontrou o seu filho. E pobre coita que chorou, até mais não ao vê-lo, mas não chorou de alegria... foi tristeza por não ter como o sustentar, nem ela própria comia. Chamem-me livre, sim... mas a eles, os que realmente precisam de ajuda, comecem por lhes chamar escravos, porque a liberdade, é para quem pode. - Igualdade:
para quem não existe; mais uma vez, segundo a tal declaração todos somos iguais com os mesmos direitos e deveres. Pois bem, não há uma pessoa no mundo que seja igual a outra, nunca houve, e nunca haverá. Não me venham com filosofias dizendo que ninguém igual porque a personalidade de cada um é única. Sim, isso está correcto, mas não é por isso que somos diferentes. Somos diferentes porque somos pessoas curiosas, megeras sedentas por saber da vida dos outros e esconder a nossa. Como a nossa vida não nos satisfaz ou é medíocre, vejamos a dos outros para ver se é pior, assim sentimo-nos melhor connosco próprios. É assim a nossa sociedade “unida” e “democrata”.
Portanto, todos têm defeitos, senão inventa-se. Só é igual quem não existe, e eu tenho a minha quota de defeitos. As típicas “cusquices da Dª Rosa”, abrangeram não só Portugal, como o planeta inteiro. Fomos invadidos, não por marcianos, mas por reality-shows que nos mostram a vida de outrem de forma a pormos de parte a nossa vida. Dividindo sexos, os homens têm o futebol para se abstrair do mundo, as mulheres têm os cabeleireiros, os filhos têm o MSN, e a família toda, quando reunida, têm o “Momento da Verdade”, “Big-Brother”, e uma panóplia - Fraternidade: para quem sente; por fim, e outra vez recorrendo ao contrato que nunca assinei, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, todos “devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Mais uma utopia da Sr.ª Declaração, que pensa que só por nos encontrarmos no século XXI, evoluímos de tal forma que aceitamos a pura fraternidade na nossa sociedade.
Cronologia Roma Antiga: Filósofos estóicos defendem a igualdade entre os cidadãos; Nascimento do direito romano
Magna Carta (Inglaterrs,1215): assinada pelo rei inglês João Sem-terra, foi redigida para proteger os privilégios dos barões e os direitos dos homens livres. É considerada o documento básico das liberdades inglesas.
1º Edição
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O que realmente interessa
Direitos Humanos
Ajudar o próximo? Não, nós é que precisamos de ajuda. Bem, acho que precisamos é de aprender, aprender a fazer os possíveis para combater a discrepância entre classes sociais. A classe média deixa de existir a cada dia que passa e cabe nos a nós, a quem pode, a quem é diferente, mas é livre, ajudar quem precisa, com ou sem declarações e organizações onde se debate e volta a debater e não se resolve quase nada. A maioria do hemisfério Sul passa fome, ajudamo-los? Não. Há confrontos na Grécia entre estudantes e a polícia, ajudamo-los? Não. Há uma série de confrontos entre países que envolve o terrorismo, ajudamo-los? Não. ... Há uma pessoa na rua, a pedir pão ou dinheiro para poder comprar comida já que passa fome dia e noite... ajudamolo? Não. Não, não e não. Temos vergonha de ajudar, se formos vistos com quem não tem possibilidades, somos desrespeitados. Que sociedade tão fraterna! Tudo isto é verdade, não é apenas um texto de um estudante. É preciso abrir os olhos, acordar e ver o que realmente se passa no mundo, ver que damos ajuda a quem não precisa, é preciso ver que há
pessoas que precisam de ajuda. . A escravidão, a corrupção, tudo de mal existe... nós é que não queremos ver, não queremos acreditar que há pessoas que vivem no mesmo mundo que nós e que destroem a dignidade humana das piores formas possíveis, não queremos acreditar que acabámos de dar um aperto de mão a essa pessoa e lhes demos um elogio, não queremos ver para lá da aparência, porque senão... quem somos nós? Alguém que apoia o terrorismo, ou vai contra a protecção do Homem? Pois... não ajudamos e viramos a cara aos problemas e a quem precisa, isso faz de nós melhores pessoas? Não me parece... Coragem! Daniel Silva
Cronologia Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789): Base da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Foi o primeiro texto onde eram proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do Homem de forma ecuménica, visando abarcar toda a humanidade.
Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): Escrito à 60 anos, é o mais valioso e o mais prestigioso texto alguma vez escrito, nele encontram-se os direitos fundamentais do Ser Humano
Fala-me Disso
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O que realmente interessa
Adopção
N
o âmbito da disciplina de Área de Projecto, da turma do 12ºD, os alunos, Ana de Figueiredo, Bárbara Martins, Catarina Lopes, Fábio Dias e Sara Pires, formam o grupo de desenvolve o tema “Adopção – Pequenos e Grandes Heróis”. Neste artigo, abordaremos as questões mais relevantes sobre o tema da adopção. Em primeiro lugar, há que estabelecer a diferença entre crianças institucionalizadas, que são cerca de 11.000 no nosso país, estas são crianças que se encontram em instituições de cariz social e que podem vir a estar em situação de adoptabilidade ou não. Por outro lado, existem crianças que o tribunal já deu ordem adopção – estas estão em situação de adoptabilidade. Em segundo lugar, é de salientar que existe um desajuste entre os candidatos a adoptar (2000) e as crianças aptas para a adopção (cerca de 500), destas, apenas 410 foram adoptadas (estes dados são relativos ao ano de 2007). O reduzido número de crianças em condições de serem adoptadas deve-se ao facto, em primeiro lugar, os candidatos a pais adoptantes preferem crianças mais pequenas, e em segundo lugar, este desajuste deve-se ao facto de uma dificuldade sentida de fazer os encontros entre os candidatos e as crianças. Esta dificuldade deve-se a ineficácia e falta de agilidade do cruzamento das informações dos processos das crianças e dos candidatos. Em seguida, vamos referir o único processo legal para conduzir uma adopção, que é conduzida pelos organismos competentes, ou seja, pela segurança social, isto para permitir a segurança das crianças e dos futuros pais. Por último, abordaremos a questão da origem das crianças que se encontram em situação de adoptabilidade. Há crianças que são retiradas às famílias devido a maus tratos, crianças que são abandonadas à nascença e ainda crianças que são entregues para a adopção pelas mães nos hospitais no momento do nascimento. Concluído, achamos que este problema social, está bem presente na sociedade portuguesa, e o nosso objectivo, com a elaboração deste projecto, é sensibilizar a comunidade escola para esta realidade.
1º Edição
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O que realmente interessa
Eleições A.E. 2008/2009
No ano lectivo de 2008/2009, a disputa
Todavia, a participação activa do debate
pela Associação de Estudantes concretizou
foi apenas entre o presidente da lista B e o
-se no dia 20 de Novembro de 2008
presidente e vice-presidente da lista A que
(quinta-feira) no recinto escolar. Nessa
apelaram ao direito de voto de todos os
disputa deparámo-nos apenas com duas
alunos ganhasse quem ganhasse.
listas adversárias – A vs. B –, contudo, a vitória coube à lista B.
Na verdade, a adesão do público foi notória com algumas questões pertinentes
De facto, a campanha de ambas as listas
aos representantes das listas, que pronta-
revelou-se uma habitual campanha de
mente responderam. O debate foi algo bre-
escola com a distribuição de panfletos com
ve, terminou pelas 14h15/14h30, porém a
os programas de cada lista, doces, muito
campanha continuou até às 17h15.
alarido e energia, porém, este ano não
Consequentemente, como em todas as
houve música, o que também não contri-
campanhas anteriormente realizadas nos
buiu para uma campanha mais silenciosa.
anos lectivos passados, o local escolhido
A lista B presenteou-nos com uma
para a campanha ficou num estado um
demonstração de dança tecktonik, isto já
tanto ou quanto indecente e os membros
fora do recinto escolar, ao meio-dia, pelo
das listas prontamente se afirmaram para
que chamou bastante a atenção da comu-
limpar a área, demonstrando assim respei-
nidade escolar que se reuniu à volta do
to pelas funcionárias do nosso estabeleci-
grupo de tecktonik.
mento escolar.
O auge da campanha foi talvez no deba-
Ansiosamente
esperou-se
pelo
dia
te entre os presidentes e vice-presidentes
seguinte, na medida em que, seria o dia em
das duas listas, que se realizou novamente
que os alunos da escola revelariam quem
no interior da escola, mais precisamente
desejavam para os representar durante
no auditório, pelas 13h45 com um ligeiro
mais um ano escolar. A votação realizou-se
atraso, que contou com a presença de um
no auditório com uma excelente organiza-
abundante número de alunos e alguns
ção e cooperação por parte de alguns
professores. A moderadora do debate foi a
órgãos do conselho executivo, e de delega-
aluna Catarina Madruga (11ºA) e, em ter-
dos dos diferentes anos.
mos de conteúdo, este debate foi nada
No final da tarde do dia 21 de Novem-
mais, nada menos, que uma exposição do
bro, finalmente desvendou-se a lista vence-
programa de cada lista ao invés da discus-
dora, a lista B “por uma escol(h)a melhor”
são dos mesmos por parte de cada lista.
com uma diferença de 91 votos em relação à lista oponente. Joana Carlos
Fala-me Disso
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Gran Finale
O Julgamento
No dia 30 de Dezembro de 2006 foi executado em frente às câmaras Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque. Julgado na sua terra Natal pelo Tribunal especial Iraquiano, Saddam enfrentava acusações de assassínio de centenas de pessoas (curdos e xiitas) e desrespeito pelos direitos humanos. Provadas as acusações, Saddam foi enforcado no dia 30 de Dezembro de 2006 em frente às câmaras. Pergunta-se o leitor, porquê esta repetitiva alusão à data e ao facto da sua execução ter sido divulgada por todos os meios de comunicação? Bem, a verdade é que a principal acusação que Saddam enfrentava era o desrespeito total que o seu regime tinha tido pelos direitos humanos. No entanto, talvez ironia ou não, o seu julgamento foi marcado por enormes atropelos à sua dignidade como pessoa e ser humano e culminou no momento da sua morte com uma mediatização de um acontecimento tão íntimo. Não parecia que estávamos perante um cenário de morte mas sim de um circo. Saddam era apenas um número, bastante esperado por sinal. A sua morte e agonia foram transmitidas para todos os canais do mundo. Lutávamos contra o total desprezo que este homem tinha tido em vida pelo ser humano mas no momento da sua morte, fomos nós os principais causadores das maiores atrocidades feitas no decorrer da sua execução e julgamento. Condenou-se à morte o homem que até ai tinha sido um ditador e um déspota mas esquecemo-nos que as atitudes que tivemos perante a sua condenação não foram tão diferentes daquelas que ele teve em relação ao seu povo e aos direitos que lhe assistiam. Não nos importávamos que ele fosse enforcado com tamanha celeuma e espectáculo, desde que ele morresse, desaparecesse da face da terra e a sua morte trouxesse aos grandes líderes, por fim, algum controlo na caótica situação que o Iraque atravessava. Saddam morreu e passado 2 anos o Iraque está pior do que quando ele estava no poder, enfrenta uma grave situação de colapso financeiro e social. O Iraque ainda hoje luta para se recompor da crise que assolou o país. Saddam morreu. E nós, europeus, norte-americanos e demais países que apoiaram esta situação, somos os precursores da errada ideia que a morte seja a solução para a resolução de conflitos políticos. Perante isto só me resta uma conclusão. Será que estaremos nós correctos ao decidirmos os destinos dos nossos pares? A pena de morte até aqui só mostrou ser uma forma de eliminação daquilo que não interessa à sociedade. E Saddam ? Que aconteceria se não tivesse sido enforcado? A verdade que Saddam na qualidade de ex-líder, seria sempre alguém cuja posição seria de peso perante a comunidade mundial, mas talvez o melhor caminho para o ser humano não seja optar pelos mesmos caminhos que tanto julgamos e tentarmos a via do respeito, tolerância e acima de tudo do diálogo. Saddam foi um político que muitos erros cometeu mas a solução não era a sua morte e a comunidade internacional como veículo de mensagem de respeito pela vida deve procurar outros meios de resolução de questões politicas que não passam pelo recurso à pena de morte. Lisa Moitas
1º Edição
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Gran Finale
História de Uma Coisa e do resto das Coisas
Uma Coisa era Coisa e tal como o resto das Coisas, era feliz. Sentia-se orgulhosa pelo facto de ter no nome um determinante artigo indefinido e que ainda por cima era feminino do singular. Todas as outras Coisas eram simplesmente Coisas, sem direito a determinantes e muito menos definidos. Mas Uma Coisa era ainda mais especial. Além de ser Uma Coisa (o que a distinguia do resto das Coisas), tinha sentimentos… daqueles que só os donos das Coisas têm. Tinha aquilo a que chamam de personalidade. Uma Coisa adorava brincar com as Coisinhas (as Coisas pequeninas); via televisão com elas e cantava “A música das Coisas”, mas do que ela realmente gostava era de jogar “Coisas e Coisinhas” - o jogo preferido de todas as Coisas. Num dia de chuva (daqueles em que as coitadas das Coisas têm de passar o dia fechadas em casa), Uma Coisa ouviu o dono das Coisas chamar Coisa a um Objecto que, até aquele dia, nunca tinha sido denominado como tal. Foi a gota de água, neste caso foi um aguaceiro! A partir daquele dia, os donos das Coisas começaram a chamar Coisa a quase tudo; tudo o que não tinha nome era Coisa: o que caía do céu era Coisa, o que estava no chão era Coisa, tudo era Coisa. Mas nos primeiros anos de vida das Coisas, isso não acontecia; para um Objecto atingir o grau de Coisa tinha de caminhar muito (sim, porque as coisas também caminham) e a maior parte das vezes, acabava por desistir. Nestas situações, Uma Coisa entrava em acção e foi o que fez. Começou por reunir todas as Coisas: as mais velhas, as mais novas, as mais acanhadas, aquelas que não paravam de falar, todas as Coisas foram convocadas. Tinham de, em conjunto, arranjar maneira de mostrar aos donos das Coisas que nem tudo o que vinha ao mundo tinha de ser Coisa. Chegaram à conclusão que o problema estava no facto dos donos das Coisas não saberem o que chamar a tudo aquilo que tinham. Aos telemóveis, às carteiras, ao verniz, aos óculos e às suas caixas, às mesas e cadeiras, aos fogões e frigoríficos, às panelas, às portas e às janelas. Foi então que, sem se saber muito bem de onde, surgiu uma Coisinha (a mais pequena das Coisas) e com a sua vozinha disse “E se essas Coisas que não são Coisas passassem a ser chamadas de Cenas?”. Fez-se silêncio. Uma Coisa escreveu uma carta ao dono das Coisas a pedir que o pedido das Coisas fosse aceite e assim foi. O dono aceitou-o e passou a chamar Coisas às Coisas, Objectos aos Objectos e Cenas às Cenas. A moda pegou e, hoje em dia, há mais Cenas do que Coisas. Os tempos são de mudança e só temos de a aceitar. Catarina Madruga
1º Edição
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Gran Finale
Portugal, o país da mão-de-obra qualificada
Caros portugueses, portuguesas e outros tantos, deparei-me com uma situação que me deixou estupefacto. Esta semana uma entidade estatística qualquer, que eu não vou publicitar o nome porque não me paga e também por não saber, fez uma sondagem a nível europeu e Portugal ficou nos primeiros lugares, e não estamos falar de obesidade! Esta dita estatística aferiu o real emprego dos imigrantes que andam a trabalhar na construção civil, ora muito bem Portugal tem o maior número de construtores civis licenciados. E não pensem que é por causa das Novas Oportunidades! A maior parte destes senhores, era no seu país de origem médicos, arquitectos, engenheiros, músicos, advogados e outras variadas profissões. Mas a necessidade de uma vida melhor (abro aqui um parênteses para me rir deles que vêm para Portugal à procura de uma melhor vida….) trouxe-os ao nosso país, e como as suas licenciaturas não são consideradas válidas em solo português contentamse com as obras… Mas nem pensem que estou a criticar, eu estou a aplaudir a iniciativa! Quem me dera a mim ter um colega nas obras que percebesse de medicina. Com as condições de segurança que se evidenciam no mundo da construção civil dava-me sempre jeito ter quem me tratasse enquanto os Bombeiros e o INEM andassem a chutar de um para o outro o caso. E um músico? Quem não queria ter na pausa da manhãzinha um músico mesmo ao lado a tocar Beethoven ou Mozart na perfeição? Eu queria! Motivar-me-ia muito mais no meu dia de trabalho. Ou mesmo um engenheiro! Seria bestial ter alguém que verdadeiramente percebesse de construção civil! Alguém que não mandasse bitaites para o tecto sem perceber nada do assunto, refiro-me às óptimas empresas de construção civil, em que os patrões não percebem patavina do assunto. Mas eu acho que já percebi o porquê do país não aceitar válidos os seus cursos, e aplaudo de novo porque é brilhante a ideia. É tudo economia….quanto fica pagar a um médico para ele ir tratar dos trabalhadores? Quanto custa ter um animador ou um músico para alegrar os trabalhadores? Quanto custa ter um parecer de um arquitecto? Ou vá lá de um advogado? Custa muito mais que o salário de um construtor civil….logo estamos a poupar e ainda criticam o nosso Ministro da Economia… Um visionário! Pedro Graça
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Gran Finale
Cinema
O cinema, uma das mais importantes formas de arte do século XX, sofreu uma transformação significativa. De arte experimental, evoluiu como um verdadeiro fenómeno de massas (sobretudo a partir da década de vinte do século passado) que serve de veículo, quer para os autores quer para os espectadores, criando uma visão única e diferente sobre o nosso mundo. Tudo começou com uma simples experiência que envolveu fotografar a corrida de um cavalo com 12 câmaras a dispararem numa milésima de segundo. Foi a primeira aproximação à captação em filme de “movimento”. Continuaram a realizar-se experiências semelhantes, com temas tão banais como o simples espirro de um homem! Por mais ridículo que pareça, foi com pequenos passos como este que o cinema foi passando gradualmente de experiência para arte em exibição, com o contributo dos irmãos franceses Auguste e Louis Lumière, realizadores da primeira projecção privada de cinema em 1985. Motivadas por este impulso, surgiram grandes companhias interessadas em investir nesta arte inovadora e em 1900 já se viam os primeiros “efeitos especiais”, ainda que rudimentares. Seguiram-se décadas de constante evolução, com a descoberta de novas técnicas (cor (1) e som (2)) e explorando novos temas, culminando na era de Hollywood e dos chamados “blockbusters” que rapidamente se inseriram no quotidiano cultural da sociedade. Se gostas de cinema e estás interessado em descobrir mais curiosidades sobre a 7ª arte, fica atento às exposições em que, durante o ano, encontrarás informação detalhada e específica. Também podes contar com exibições periódicas de filmes no espaço escolar, se quiseres usufruir de bons momentos e apreciar cinema gratuitamente. 1"Cupid Angling", filme mudo de 2“The Jazz Singer”, de 1927.
1º Edição
20
Gran Finale
Como ser eleito para a AE (receitas crónicas)
Lição 1: Ter bases Se quer ganhar um lugar na associação de estudantes da escola primeiro tem que ter tudo em ordem, e isso envolve documentos. Junte a papelada toda numa mesa plana e comece a dividir por secções. Quando acabar deverá ter tudo pronto, mas lembre-se que deve ter tudo devidamente preenchido. O mais importante e mais básico desta lição, é que deve fazer parte da escola, ser um aluno, de preferência do ensino secundário. Lição 2: Ter imaginação Para concorrer à presidência na associação de estudantes, tem obrigatoriamente que fazer um programa, e isso requer muita imaginação. O Programa convém que não seja longo, nem curto, médio será o ideal para as críticas que surgiram das outras listas. Seja objectivo e um pouco vago, assim, se não cumprir algum ponto, sempre pode disfarçar dizendo que não foi possível devido a factores externos – esta desculpa cai sempre bem por entre professores e presidentes de conselho. À parte do programa deverá ter também desculpas e mais desculpas, de forma a que esteja preparado para a oposição. Lição 3: Ser persistente Bom, é importante lembrar que para ser presidente da associação de estudantes muita gente vai maçá-lo com assuntos completamente aborrecidos e você terá de fazer o mesmo. Deve ser persistente seja em que caso for. Para convencer serão precisos mais do que bons argumentos, por isso terá de insistir e persistir de forma a que leve a sua avante e votem em si. Se tem pouca experiência nesta área, pratique no conselho executivo da sua escola. Passe lá alguns dos seus intervalos à procura de pessoal docente e não docente, verá que com algum esforço conseguirá o que quer. Lição 4: Ter pessoal Você é o presidente, mas uma associação não é feita por um só residente, precisará de uma panóplia de alunos interessados em trabalhar e que queiram saber do seu projecto. É óbvio que para conseguir completar esta lição, deverá ter a lição 3 completa há já algum tempo. Não se esqueça que o pessoal, deve querer trabalhar, mas também deve ter boa voz (verá mais para a frente) e deverá ter bons contactos, quer dentro, quer fora da escola.
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Como ser eleito para a AE (receitas crónicas)
Lição 5: Ser organizado Ninguém quer um presidente desorganizado. Tal como na lição 1, tenha a papelada toda em ordem, nunca se esqueça de nada e nunca se esqueça de entregar tudo no respectivo dia. Não deve ser desleixado, tenha cuidado com a sua aparência porque vai ter de dar a cara a muitas pessoas. Vista-se correctamente, tente um estilo que agrade tanto a alunos como a professores, e tenha um ar de confiança, mostre aos seus oponentes que não tem medo deles e que sabe que vai ganhar! Lição 6: Ter boa voz, energia, dinheiro, doces, entre outros Quer ser presidente da AE, mas não é assim tão simples, primeiro tem de ganhar, para isso ter mais votos, e antes, criar uma lista, ter um programa, e mais importante, fazer campanha. Os professores não gostam do barulho, mas não importa, porque não são eles que votam. Quem vota são os alunos, e eles gostam de atenção, gostam de saber que têm importância, e acima de tudo, gostam de barulho, muito barulho. Por isso, tem de ter uma boa voz, vá treinando porque não é uma coisa que esteja à venda no supermercado. Vai ter de fazer alarido, e para isso, gritar muito e bem, provavelmente durante um dia inteiro. Deverá também possuir boas quantias de dinheiro. Será necessário comprar panfletos, doces, ..., material consumível, ou não, mas que chame à atenção. Se quiser dar algum espectáculo terá de pagar, por isso, apronte-se. Não há nada melhor para chamar um jovem estudante que doces, tenha muitos à disposição porque eles vão voltar para mais. Por fim, tal como noutros pontos, tenha conhecimentos. O seu pessoal deverá ser o ideal de uma lista, se não gostar dele para a AE, sempre poderá dispersar a lista e criar a Associação com novos alunos. Mas por agora, esse pessoa, também deverá ter boa voz, muita energia para aguentar o dia inteiro, deverá contribuir com esforço e dinheiro, e deverá ter bons contactos de forma a conseguir apoiantes só com um estalar de dedos. Siga todos estes passos e conseguirá o seu lugar na nova AE da sua escola. Acima de tudo: força e determinação! Daniel Silva
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A velha Utopia
Às vezes pondero sobre a mais velha e consolidada utopia do mundo, Deus. Olho para o que me rodeio e desafio-me a mim mesmo sobre a óbvia ou não (95% da população terrestre acredita que sim) existência de uma entidade superior. Se pensarmos bem, ou existe um padrão em comum entre o raciocínio de todos os Homens ou então Ele existe. Vamos pensar na sua criação, Ele apareceu e aparece em todas as culturas, sejam elas onde forem ou quando foram, e aparece para explicar o inexplicável. E de facto, ainda actualmente é usado para isso, tal como outrem foi usado para explicar fenómenos naturais hoje também o é. Duvida? Então pense na criação do universo e no seu fim, não é a mesma coisa que as tempestades ou como os vulcões? Para tentar explicar o ainda inexplicável recorresse à entidade superior, a Deus. A única diferença é que agora tenta-se outras vias, a ciência. Tudo porque o nosso pensamento evoluiu. Ou não? Será que a ciência não será uma nova religião? Consideremos, parte do mundo (grande parte) acredita fielmente e muitas vezes cegamente na ciência. Okey, podem sempre argumentar que a ciência prova o que apresenta. Mas… a religião não fazia o mesmo? Fazia! Dava provas não daquelas que se encontra no laboratório, mas daquelas que no seu tempo eram possíveis. Provas de moral. Provas de intelecto. As únicas confiáveis da época. Só que actualmente, debate-se com o problema de ter de enfiar Deus numa proveta para voltar a asseguram hegemonia que teve durante centenas de anos. E é aqui que a ciência lhe passa a perna, já que nesta área a ciência sente-se como um “peixe dentro de água”. Assim sendo a Igreja tem que recorrer à sua “botija de oxigénio”, as pessoas de mais idade que foram educadas pelas normas religiosas, por outra palavras os últimos crentes. A minha geração, tal como a anterior, fez uma “finta” à religião, confiando mais na ciência do que em alguma coisa mais. Se um cientista diz que o universo existiu a partir de uma grande explosão, eles acreditam. Tal como os seus antepassados acreditavam que o universo tinha sido criação de Deus. E se foi Este que acendeu o rastio para essa grande explosão? Será que a religião não se mistura com a ciência? Sinceramente este é um tema que me fascina, a tentativa da religião voltar ao seu lugar e a ciência a reclama-lo com uma força como nunca teve.
Uma nasceu do pensamento mítico, a outra para o exterminar. Pedro Graça
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Crónica de Inverno
É inerente à minha existência, como jovem que sou, observar o que me rodeia. Foi neste processo aparentemente desprovido de qualquer tipo de complexidade e atenção, aquele que é o processo de integração da minha personalidade enquanto indivíduo singular numa outra personalidade mais alargada que é a da sociedade que me envolve, que determinados factos me saltaram à vista e me causaram, nas palavras de um grande amigo, “um certa comichão”. Pois é meus caros, estamos em Dezembro, e que mês fantástico este. Para começar em beleza, dia 1 é feriado e dia 8 também. Pergunto-me se alguém ainda lembra o porquê de sermos brindados por estes feriados que começam o nosso mês todos os anos, para além de uma desculpa para encher os centros comerciais com o intuito de comprar um monte de tralhas inúteis para oferecer no Natal, mais a quem devemos que a quem gostamos. Este é também o mês da comemoração do Dia Mundial dos Direitos Humanos, do Dia Mundial da SIDA, do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura e do Dia Internacional dos Deficientes. Ora este ponto merece uma abordagem mais delicada. Experimenta consultar a internet, pesquisar as palavras-chave “Dias Mundiais” e encontrarás uma ampla e interminável lista de dias assim categorizados, categorização esta que já em si mesma deixa muito a desejar, pois só me parece lógico que todos os dias do ano sejam Mundiais e Internacionais. Mais preocupante que o nome que damos a estes dias, devo confessar ser o seu conteúdo. Sinto-me infeliz por viver num meio em que é necessária a criação de um marco de agenda para lembrar a humanidade que os direitos humanos existem e devem ser respeitados, que há pessoas infectadas com o vírus do HIV que precisam de ajuda, que a escravatura infernizou e inferniza, ainda que disfarçadamente, o mundo e que há pessoas que sofrem todos os dias por diferirem do padrão normal que guia a própria concepção humana. É o mês dos tablóides de imprensa que nos emocionam e das reportagens de telejornal que nos comovem na mesa do jantar (mas que nem por isso nos tiram o apetite), ambos abundantes, ou não, no carácter informativo que deviam conter e mais sensacionalistas que preocupados com o que narram. Acima de tudo, é o mês das merecidas férias que ansiamos desde a véspera do primeiro dia de aulas, porque estudante que é estudante não estuda, ou se estuda, não o faz por gosto. Por isso, lá vamos nós apanhar as nossas bebedeiras e gozar as nossas mocas, porque a ausência delas no nosso quotidiano é motivo suficiente para justificar a sua esporadicidade trimestral.
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Crónica de Inverno
Toda esta conjuntura atribulada faz-me concluir que Dezembro é, então, o mês ideal para aquilo que esta tal personalidade social, que tão arduamente tento integrar na minha própria, melhor aprendeu a fazer: o mês da hipocrisia. Por isso amigos, invadam as ruas e os centros comerciais sem reparar nas pessoas que dormem nas portas e não comem e, se repararem naquilo que de errado está neste mundo, façam-no só quando a agenda o indicar. Comprem o jornal com a triste história da menina que mora do outro lado do país e não tem família, e vejam as reportagens sobre as refeições de Natal que as instituições de solidariedade social tão generosamente oferecem nestes dias, mas nem por isso notem a pequena que vive no literal fundo da vossa rua ou interrompam o vosso acolhedor jantar para o partilhar com ela. Por último, não esqueçam, bebam e comam à grande, apreciem as merecidas férias, porque esta vida de levantar todos os dias e ir confortavelmente para a escola, faculdade ou trabalho e regressar à quente, acolhedora e atulhada casa com coisas que nos queixamos de não ter tempo de gozar, mas que nem por isso deixamos de comprar, cansa que se farta. Bebam, amigos! E brindem! Brindem a mais um fantástico Dezembro, o mais encantado e hipócrita de todos os meses do ano! Joana Cabral
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Eleições Americanas
Gostaria de dar os parabéns aos portugueses. Acho que somos o único país do mundo onde se pode falar mesmo em globalização. Eu já me explico: fiquei maravilhado em ver que a maior parte do povo português é capaz de escolher entre Mccain e Obama. Foi um motivo de orgulho para mim saber que os portugueses se interessavam por política externa, saber que os portugueses estavam a par das políticas internacionais. Foi bonito ver opiniões públicas em diversos canais televisivos e rádios a falar sobre o mundo, a falar sobre o futuro, a falar sobre um bem comum, um bem que verdadeiramente interessasse a todos, a falar com esperança de um mundo melhor. Eu como ser mundial que sou pensei: “Finalmente há uma união internacional, os países apoiam-se verdadeiramente”. No dia seguinte cheguei à escola e tinha colegas meus a falar sobre as eleições americanas, a pensarem mesmo sobre o que tinha sido dito. Nesse momento sentime a pessoa mais orgulhosa do mundo, especialmente por achar que era uma vingança ao Presidente da República depois do seu discurso em que assinalava o mau conhecimento político dos jovens. Uns dias depois vi um programa na Tv sobre Sócrates e Manuela Ferreira Leite, enchi-me de confiança que o nosso grande povo português estaria a debater-se sobre o que era dito. No dia seguinte chego à escola e começo a falar sobre o programa, com expectativa dum feedback tão bom ou melhor que o que tive sobre as eleições americanas. Pura ilusão minha, ninguém tinha visto, ou melhor poucos tinham visto e os que viram mal pensaram no assunto. Fiquei parvo, pensei que era um problema dos meus colegas, comecei a falar com várias pessoas, de várias idades, e nada, raros eram os que tinham visto. Deparando-me com esta situação fui ver as audiências do programa, fiquei ainda mais parvo, eram baixíssimas. E pior, reparei que as audiências do debate Mccain/Obama passado em directo durante a madrugada tinham sido maiores. A partir disto só posso concluir uma coisa, os portugueses são um povo de modas. Como é “bonito” falar sobre as eleições americanas nós metemos o bedelho, mas para os nossos problemas reais não ligamos, deixamos correr, nem queremos saber. Ora muito bem, eu acho que já arranjei solução para o nosso problema. É fácil, se damos mais importância às eleições americanas e todos sonham em poder escolher entre Mccain e Obama, porque não pedir para fazermos parte da América? Lajes já é quase deles. Porque não dar o resto? Já que nos interessamos mais pelos problemas deles que pelos nossos. Tal como diz o povo: ” Os problemas dos outros eu resolvo-os todos, agora os meus….” Pedro Graça
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Gran Finale
Página Branca
A página branca, imaculada. Perfeita na sua pureza. Cheia de um nada que do nada se pode transformar num tudo. Assustadora para aquele que segura a caneta por entre os dedos. Aquele que se prepara para lhe arrancar a pureza como tantas vezes fez nos quartos de hotel com quem de puro já nada tinha. Por vezes dá por si a encarar o espelho sem obter reflexo. Sente-se podre. Tem tanto medo da pagina branca, do bloqueio, da falha, que se esqueceu já do que é viver assobiando pelas ruas e encolhendo os ombros ao desconhecido. Tornou-se tão vazio, tão determinado em conseguir atingir algo indeterminado, que já não sabe viver. Os momentos no quarto de hotel são o mais prático para obter a satisfação e prazer físico. Basta-lhe uma nota e dispensam -se explicações. Cada vez se encontra mais velho como observa das poucas vezes que passa em frente ao espelho e vê o seu reflexo. Talvez tudo fosse diferente se a sua entrega também o tivesse sido. Talvez se não tivesse tanto medo do puro tivesse histórias suficientes para tirar o branco à folha. Talvez tivesse descoberto o verdadeiro toque da pureza. Talvez caminhasse agora assobiando e encolhendo os ombros ao desconhecido, guardando as notas para o natal. Mas agora é tarde, e limita-se a escrever em páginas de cor, compensando a sua falta de branco. Repetidamente, constantemente, quase como uma tortura, relembrando que não há nada mais puro que a folha banca. Joana Cabral
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A Liberdade
1º Edição
A liberdade é um desejo colectivo, vago, único, insensível no sentido em que não se vê, não se toca, não se ouve. Sendo assim, só podemos ter se a praticarmos. Deste modo surge um conceito que a princípio parece que está aqui para matar a liberdade mas que depois, deixando a teimosia, o individualismo e a vontade excessiva de lado, pensando bem, ele está aqui para que a liberdade possa dar poder a quem a quiser escutar, a quem quiser ser herói sem precisar de capa. Platão propunha uma liberdade supostamente maior ou mais verdadeira, baseada no conhecimento do bem; Charles Taylor argumentava que “exaltar” a liberdade de escolha significava exaltá-la “como uma capacidade humana, e fazer isso significa que “ela carrega consigo a exigência de que nos tornemos seres capazes de escolher, que nos elevemos ao nível de auto consciência e autonomia de onde possamos exercer as escolhas, que não permaneçamos paralisados por medo, preguiça, monotonia, ignorância ou superstição em algum código imposto pela tradição, pela sociedade ou pelo destino que nos diga como devemos dispor de nossas propriedades”. Citando estas palavras, reparo que a verdadeira liberdade não é apenas dizer “ o que vem à boca”. A verdadeira liberdade está na sua própria realização e não na realização de outros conceitos e/ ou objectivos que a representem, como a felicidade e a verdade, mas que não a definem nem a completam. A liberdade não é singular, não é só uma imagem de perfeição; é a união mágica de vários juízos aparentemente dispersos. Com isto, a liberdade ganha efeito, noções sem tamanho ou altura, ganha vida, ideais a compreender e a exercer. Mas nem sempre tudo é assim, preto no branco, simples, sem complicações, sem mesquinhices. Há alturas em que ter boas intenções só não basta, há alturas em que o centro desaparece e tudo o resto ganha volume, fica-se pequeno, medíocre. Aqui a liberdade fracassa-os.
O caso dos países subdesenvolvidos, a prova viva disso! As riquezas são escassas e segundo muitos, estas pertencem a quem não sabe dar-lhes o devido uso, a quem tem muito e faz pouco, a quem sofre de fartura. África é um dos continentes mais ricos em recursos naturais, nomeadamente o ouro, os diamantes e o petróleo. E mesmo assim a esperança média de vida nesses países raramente ultrapassa os 50 anos de idade. Nos países africanos, ou se morre de doença, fome, pobreza, tristeza, ou se sobrevive. A criminalidade pode não ser tão fantástica como nos E.U.A., onde há serial killers, gangs, triplos homicídios e sabe-se lá mais o quê, mas é de certeza a mais assustadora, no sentido em que se morre de uma doença curável, simplesmente porque não há condições monetárias nem serviços para suportar o caminho para a vida. E para realçar ainda mais todo este mal, África não é a única a sofrer. Na Ásia, o tráfico de mulheres e crianças e a sua exploração como mão-de-obra escrava é o “pão-nosso de cada dia”. A China é perita na atracção de multinacionais através de incentivos fiscais, juros baixos, mão-de-obra abundante, alta produtividade, desrespeito das leis laborais fazendo uso de mão-deobra infantil e idosa, e ainda sem preocupações ambientais. Na América do Sul, as drogas são o bem mais precioso, extraordinário, transformador no sentido em que desfiguram sorrisos e criam perigos e doenças fatais. 28
Gran Finale
A Liberdade
Aqui a liberdade fracassa, os direitos humanos não têm qualquer pulso; aqui tudo cai e ao cair, arrasta por todo o mundo a peste que é abusar do poder de livre arbítrio e transformá-lo numa máquina capitalista com o único objectivo de fazer os ricos ainda mais ricos e os pobres ainda mais pobres. Isto é a Terra, o planeta azul, é o que há para além da janela, da porta de casa, é o que me faz esquecer, ainda que por segundos, a futilidade pela qual estou rodeada e dependo. Radicalizando ainda mais as coisas, o capitalismo não é único a enfraquecer a liberdade pois o preconceito põe-na entre a espada e a parede. Temas como a homossexualidade, o aborto, a eutanásia, a igualdade entre raças, para muita gente, são tabus, atentados ao pudor à moral e aos bons costumes. A voz do conformismo e muitas vezes da ignorância fala mais alto e converte o amor em epidemia, a simplicidade em mal-entendido, o dia em agonia. Bens como a alegria e a extravagância são convertidos em estereótipos, o rosa torna-se menina e o azul rapaz; os rótulos são colados nas costas daqueles que fogem à regra; há nome e lugar para tudo; o exagero da disciplina confundido com a ordem e organização instalase. Em concreto: se és homem não podes ser bailarino ou estilista, porque senão és gay e isso é crime. És mulher: então tens de ficar em casa, a cuidar dos filhos e do marido; e se seguires a carreira profissional serão raras as vezes em que serás recompensada seja de que maneira for. És negro: mereces a escravidão ou a morte, porque a raça eugénica é superior a todas e é a única que merece a devida glorificação. És a favor do aborto e/ou da eutanásia: és herege, doido varrido e precisas de ser internado. Dito desta forma até tem piada mas nos dias de hoje tudo isto é ridículo, mas a verdade é que esta idiotice existe, está à solta. Não és obrigado a gostar de negros, homossexuais, ser a favor da eutanásia e/ou do aborto, mas és moralmente obrigado a respeitar a diferença e
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a aceitá-la, só “porque sim”, só porque sem ela o mundo era imundo e pobre por mais “papel verde” que possuísse. A diferença é uma riqueza mundial, dela parte a diversidade e esta por sua vez constrói a unidade, constrói a tua casa. Se estas palavras não te convencem, se continuas convicto de ti e fiel aos teus princípios então respeita e aceita a diferença para teu próprio bem, porque senão, em países onde o racismo e a discriminação praticada são crimes, podes ser preso com pena de prisão perpétua ou condenado á morte legal, a chamada “agulha americana”. Aqueles velhos ditados que dizem “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” ou “cá se fazem cá se pagam” são ouvidos e cumpridos de acordo com a lei. A autoridade existe para manter o equilíbrio entre a liberdade e a segurança, não aumentando uma nem diminuindo a outra, mas calculando a soma das duas para reforçar a tranquilidade e proteger a vida em sociedade. Assim, a liberdade e todos os sonhos do mundo que a acompanham estão assegurados, e talvez, com um pouco de sorte e fé no ser humano, se realizem. Cármen Brandão
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Moda
Da turma do 12º D, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, surgiu um grupo decidido a dar asas à imaginação e transformar um tema fútil em algo útil. Por isso e para isso, nada melhor do que a área da Moda, capaz de nos transportar a uma dimensão de brilho e “glamour”, como forma de ver com outros olhos a História política, económica, social e cultural da Idade Contemporânea - compreendida entre 1789 e os nossos dias. Deste modo, é de salientar que o ano anteriormente referido foi o da célebre Revolução Francesa, ocorrida em Paris, curiosamente capital da moda. Esta, estimulou a independência da mulher e declarou guerra à tirania da moda, tornando-a mais informal. Simplicidade e conforto eram as palavras chaves: a sobriedade foi imposta aos trajes, retirando-lhes todos os exageros que os tinham caracterizado até então. Convertida em questões políticas, a moda transformar-se-ia, pela primeira vez, numa forma de expressão…
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Teatro
Nos dias de hoje o Teatro é uma arte em queda. Para muitos é mais fácil e agradável ficar em casa e ligar a televisão; e para outros é mais apelativo e divertido ir ao cinema. Mas não nos esqueçamos de que antes do cinema e da televisão, houve o teatro e que este foi, e é, o “pai” do cinema e o “avô” da televisão. A sociedade evolui com a função de minimizar os problemas do indivíduo, de facilitar todo o seu percurso, até mesmo aquele em que o simples gozo de sair de casa e ir ao teatro se torna fútil e complicado. Por isso, e não querendo menosprezar a tecnologia, é que o teatro saiu de cena para dar lugar à comodidade e inovação de uma sala de cinema ou de uma televisão. E repito, não quero ofender nenhum amante do cinema ou da televisão, quero apenas salientar que a espontaneidade do improviso e a verdadeira essência do acto em directo está no Teatro - é o Teatro. Para fundamentar a minha critica à sociedade actual, vou falar-vos do teatro, da sua história e características, com a esperança e o desejo de que ao menos pensem em ir ao teatro. Na Grécia antiga o teatro, enquanto espectáculo, dava-se em função das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A existência de máscaras, uma feliz e outra triste, não era nada mais do que uma forma de ilustrar o sentimento explorado na peça. Na Idade Média, nas feiras medievais, o teatro existia para distrair o povo com dramas, tragédias, histórias de amor e comédias, sobretudo comédias. Antes e durante 1ª Guerra Mundial, o teatro assumiu um papel essencial na sociedade da época, ir á ópera, por exemplo, não era só uma moda, era também um prazer, uma forma de esquecer a terrível monotonia do dia-a-dia e sonhar com uma realidade imaginária, sentir um turbilhão de sentimentos só de ver a peça. Com a entrada do cinema, da televisão, do computador, da Internet, o teatro foi posto de lado e quase que se extinguiu. Existem vários géneros de teatro; os mais praticados são o drama e a comédia. Hoje em dia, uma boa forma de fazer comédia em Teatro é o stand-up comedy, onde o actor livre de pormenores e acessórios, critica a sociedade a todos os níveis, ridicularizandoa e alertando-a de forma indirecta e divertida. Para os sonhadores e amantes de uma boa história de amor, os musicais e a ópera são ideais para quem quer rir e chorar e nunca mais parar. Como podes ver, o Teatro não é nem nunca será primitivo e reduzido no sentido em que se resume a um palco e a cenários pouco digitais, o Teatro pode não ter toda a alegoria da imagem a cores mas tem de certeza a mesma essência e verdade que esta. E se queres saber mais sobre o teatro, convido-te nos dias 10 a 12 de Dezembro, a ir á Biblioteca da escola, visitar uma exposição sobre o Teatro, feita pelo grupo de Teatro da disciplina de Área de Projecto da turma 12ºE.
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Criminalidade
No passado mês de Novembro, foram distribuídos dois inquéritos por uma amostra significativa da comunidade escolar (abrangendo funcionários e alunos do 11º e 12º anos). Esses foram elaborados por três alunos do 12ºA, na sequência do trabalho que se encontravam a desenvolver para a disciplina de Área de Projecto que tem como objectivo estudar o comportamento dos criminosos. Ora, os referidos inquéritos serviram para conhecer as vivências, relativas à criminalidade, que os inquiridos já experimentaram (no caso de essas existirem). Começamos por questionar os funcionários da escola sendo que, para isso, recorremos a uma amostra de 16 colaboradores. De entre as várias respostas às questões colocadas realçaram-se algumas mais intrigantes. Da população em estudo, 37% já foi vítima de violência na escola, em todos os casos praticada por alunos deste mesmo estabelecimento. Segundo uma avaliação dos mesmos funcionários, 87% afirma que esta não é uma escola segura, embora mais de metade declare que a situação foi melhorando ao longo dos anos, uma vez que o Conselho Executivo conseguiu acompanhar a crescente perda de civismo por parte dos jovens. No segundo inquérito (dirigido aos alunos), as respostas obtidas não foram menos curiosas que as anteriores. De uma população de 175 estudantes, 72% afirma que presenciou actos de violência, 14% confessa que participou num acto como agressor e os restantes declaram que participaram como vítimas. De todos os tipos de vio-
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lência enumerados no questionário, os mais praticados, sofridos e/ou presenciados foram violência física, violência verbal e ainda violência psicológica. Em relação à violência na escola, aproximadamente metade dos inquiridos entende que existe violência neste estabelecimento de ensino, 14% afirma o contrário e ainda 29% declara que nunca presenciou nenhum acto de violência no estabelecimento em questão, mas considera que os mesmos existem. Face a uma questão que tinha como objectivo apurar o parecer dos alunos em relação às estratégias postas em prática pela escola no combate à violência, a quase totalidade dos inquiridos afirmou que essas não são eficientes. Alguns deixaram ainda sugestões para auxiliar no combate à criminalidade na escola. As estratégias privilegiadas pelos alunos foram a implantação de dispositivos de segurança, a maior severidade nos castigos aplicados aos culpados e, por fim, o aumento do número de funcionários e de polícias na escola. Para terminar gostaríamos de agradecer a todos aqueles que se empenharam na colaboração para a realização deste estudo (pois sem eles nada conseguiríamos), e, especialmente, àqueles que prestaram o seu apoio com rectidão e seriedade. Para além disso, apelamos aos agressores que repensem as suas atitudes e tentem cumprir as regras que existem para garantir o bemestar de toda a comunidade escolar, assim como incitamos as vítimas a não fazerem do seu sofrimento um sofrimento solitário e silencioso pois existem imensas pessoas dispostas a apoiá-las; basta procurar ajuda. Assim, com um pouco de empenho por parte de cada um, podemos mudar o que está mal e fazer desta escola um local de convívio ainda mais agradável e mais seguro, porque a tua atitude faz toda a diferença!
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Poetas de Bolso
Sensações
Poema Dadaísta
E se eu morresse?
(ou uma estupidez minha)
E se tudo o que vês, cheiras, sentes e admiras ficasse aqui contigo enquanto que quem caminhava a teu lado, quem te amou como um louco, quem nunca te esqueceu, e quem nunca te perdeu porque nunca te teve ... E se essa pessoa partisse? deixasse de estar contigo para sempre, para todo o sempre...
Asaparicarucavizica, Vataricapicaupa, Erzigavicauparica, Patazimparacaum, Zarvigangalacaupa, Idarimzipatim, Irarimvicarizim, Utacacalapaupum
Que me dizias, meu amor? Que farias se isso acontecesse?
Psampamlimpanzimpimpim,
Lançavas um sorriso triste à Lua crescente? Ou rias-te, risos contínuos e mergulhados
Rastaviquelipapim,
num alívio há muito esperado?
Zainguezinguezum,
Ou então... não fazias nada, ficavas à minha espera para todo o sempre... Será que sim?
Parapapumlimpadapum,
Já me perdeste uma vez... voltei para ti por não suportar a dor.
Zringuezinguezague,
Sdavaricalapavum, Prajanicalacauca, Vtinpaziravicalum, Pedro Graça
Perdes a segunda vez e não consigo voltar para ti? Refastelas-te contra uma sombra profunda... Eu digo-te: - Não morri, mas o meu amor sim... mataste-o. Daniel Silva
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Gran Finale
Poetas de Bolso
Alguma coisa
Waiting Sento-me à espera, à espera da morte mas sinto-me sem sorte. Pode ser que me encontrem nesta valeta escura e sombria. Se calhar há por aí alguém à procura de alguém, se calhar há por aí alguém há procura de alguém que não ligue à minha vida impura e fria.
Arrependido fiquei, Pela vida que levei, No obscuro estarei, Até me virem buscar, Ou eu próprio me salvar, Nesta caca de vida, Que eu esperava tornar uma utopia, Quis falar com Deus, Tive medo da resposta, Esperei que fosse composta, Infelizmente tinha o telefone desligado, Devia de estar ocupado, Com alguém certo, Alguém que não fosse como eu, Um deserto. Um deserto de valores é o que sou, Nada mais de mim ninguém esperou, Nada mais de mim alguém conseguiu alcançar, Nesta vida só me quis suicidar. Por isso Deus, Estou à espera de uma resposta dos teus, Ajuda este coitado, Que passou a vida viciado. Pedro Graça
Sento-me à espera, continuo à espera mas não sei do quê. porque nem morte, nem vida nem nada, nem ninguém. Cansei-me de esperar... saio da valeta e corro para um beco, um sem fim, sem saída. Arranco o coração e dou-o aos pombos... AH, AH, AH!!! - rio-me. deve ter piada ser comido pior animais ... não sei. O que são emoções? ... não sei. O que é o amor, a dor, o sofrimento, o desespero e a plenitude? ... não sei! ... não sei! não sei e tenho raiva de quem sabe! Porque eles sabem sempre mais que eu! E amam mais que eu! E vivem!, e nascem!, e matam!, ... Tudo mais que eu!!! ... Mas ninguém morre como eu… Daniel Silva
Fala-me Disso
Gran Finale
Fernando Pessoa
Tiro o chapéu àqueles que voam sem medo
Sozinho…
àqueles que livres conhecem.
Naquele mundo só teu.
À pessoa que de Pessoa se aproxime
Vias a tua imaginação Soltar-se pelo horizonte.
nem que por um pouco se subestime tentando ser uma não qualquer pessoa.
Nasciam pensamentos, E entre todos eles
Não será Pessoa uma simples multiplicação?
Apareceram homens.
Existir vivendo o nada como tudo
Grandes homens.
Mudo, escreve o mundo
A cada um deste um nome,
Cada pedaço como o último.
Uma imagem, Um objectivo,
Pessoa em si era nada,
E, por fim, uma vida.
invisível ao mundo. Expressavas sentimentos,
Pondo o chapéu, tirando o chapéu,
Os teus e os dos outros.
Pessoa foi nada, Pessoa foi tudo.
Vivias tudo de todas as maneiras. Que vida!
Como uma andorinha nasceu, E tu…
cresceu
Continuavas arduamente
e desprovido de receio partiu.
A construir aquele mundo De uma forma apaixonante, Como uma andorinha
E tão simples…
Que por entre as nuvens desaparece Libertaste-te do outro Mundo
Pessoa sabe que afinal sempre existiu.
Aquele por onde passavas, Miguel Ângelo
Tão leve, sem cor… E acabaste por deixar a tua marca. És fonte de inspiração. Oh! Grande homem tu és! David Rego
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Gran Finale
Fernando Pessoa
Lisboa, 6 de Outubro de 1930
Caro Fernando, Passeava eu pelos passeios sujos e cinzentos desta nossa Lisboa, quando me deparei com uma caricatura. Nela estavam Reis, Caeiro e Campos, numa conversa acesa, à mesa de um café na “Baixa”. Suscitaram-me interesse e por isso entrei e sentei-me a um canto, um pouco afastado da mesa deles, mas perto o suficiente par os poder ouvir. Falavam do grande criador. Falavam de mim que os observo ou de ti que os comandas? Deixei de os conseguir entender, interrompiam-se, contradiziam-se e corroboravam-se, mas sem nunca parar! A discussão levava um ritmo alucinante. Queriam os três sobressair e fazerem-se ouvir, mas não conseguiam. Os três funcionavam como três pequenas partes de alô maior, completavam-se. Eram tão diferentes, não só em aspecto, mas também em ideais e no modo de agir. Mas de uma certa maneira estavam interligados. De repente, Campos pára e bebe um longo gole do seu café já frio. Tinha atingido o pico máximo da sua euforia e entrava então num profundo estado de disforia. A discussão cessara. Tudo se desvanecia e as imagens mudavam à minha volta. Via agora a minha cómoda com os meus papéis em cima … A minha mão segurava a pena molhada com a tinta a pingar sob um papel com um poema ainda fresco… Dois copos já se esvaziaram e o terceiro já vai a meio. Bebi demasiado ou estive só mergulhado no ínfimo do meu ser? Abraços do, para sempre, teu,
Inês Monteiro
1º Edição
36
Gran Finale
Fernando Pessoa
Olhando em frente procuro as mais belas respostas do universo, finto esse chapéu solitário e olho para o plenilúnio, onde te pergunto “de onde vim”, “quem sou” e “para onde vou”. Tu agora sabes as respostas! Eu não sei de onde vim, nem para onde vou, mas sei que estou aqui para ser quem tu queres que seja. Sim! Já sei que não olho para a vida como se fosse um malmequer, sei que ando doente dos olhos, Caeiro, ou será que te posso dizer, não filosofando, mas sentindo, que olho para o chocolate como tu, Campos? Ai! A metafísica! Poderei ainda dizer para te sentares aqui comigo e para me dares a mão, Ricardo Reis, mas talvez seja melhor não o fazermos, não quero sofrer nesse teu mundo cheio de almas. Não, não quero que voltes como D. Sebastião, não me quero desiludir. És Tudo no mundo e um Nada profundo. Em ti, só o que é material se vê, por isso é que só te vejo o chapéu, pois tu és tu e os teus óculos, porque eles também te dão a sentir, e sentem contigo, essa liberdade azul que gostarias que te acompanhasse nas noites em que a lua solitária e magoada te acompanha e te ajuda a escrever todos esses versos. Tu és tu e os teus óculos, só tu no teu mundo, tão longe, tão distante, um único mundo cheio de almas, heterónimos que trazem o que nunca te deram. És o mundo, o universo, és Tudo e um precioso Nada.
Jinhos e mais jinhos para o meu homem que “queria ser gato”.
Inês Alves
Inês Monteiro
Fala-me Disso
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Gran Finale
Espaço Lúdico
Anedota: Adão e Eva estavam dando umas voltas pelo Paraíso, quando ela perguntou: -Adão, amas-me? Ele, resmungando, responde: -E eu lá tenho alguma alternativa?
Adivinhas: Qual é coisa, qual é ela, que é redonda como o Sol, tem mais raios do que uma trovoada e anda sempre aos pares? R:.A RODA DA BICICLETA
Adivinhas: Qual é coisa, qual é ela, que tem uma perna mais comprida que a outra e noite e dia anda sem parar? R:.O RELÓGIO
Anedota: O Joãozinho entra em casa a correr e mostra ao pai um canivete novo que achou na rua. - Mas tens a certeza que foi perdido? - Pergunta o pai. - Foi perdido foi, que eu bem vi o homem à procura dele.
Ilusão Óptica
Julian Beever
Tudo o que se encontra no chão é desenhado.
Ao dispor com as seguintes marcas: - Rossodisera; Sistés; Please; Northland; Sexy Woman; Ogo; Rinascimento; Jus d’orange; ...
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