Falando de Axé - Edição 06 - Novembro de 2011

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Falando de Axé “TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”.

ANO 1 — Edição 06 Òrìsà do Mês Egúngún, O Ancestral que vence a Morte (Esquecimento)

Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011 Nação Jèjí no Brasil 1

Novembro de 2011

Falando de Axé com Mãe Elis Peralta

Zumbi dos Palmares, o maior Ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil


EDITORIAL Saudações amigos leitores, cá estamos nós, com mais uma edição da Falando de Axé, Novembro de 2011, que está um pouco atrasadinha, mas prontinha para a apreciação de vocês. Gostaríamos de comunicar à todos, que estamos diminuído as cores da revista, já que a mesma não é impressa, ficará melhor para àqueles que desejarem imprimi-la para ler, pois, os pedidos são muitos. "Olódùmarè (Meu Deus), ajuda-me a dizer a palavra da verdade na cara dos fortes, e a não mentir para obter o aplauso dos débeis." -

Mahatma Gandhi

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Nossa equipe tem se esforçado bastante, para que a cada edição, a revista esteja melhor e do agrado de todos vocês. Por isso, contaremos sempre, com as críticas e sugestões de vocês, amigos leitores. Esperamos que gostem desta nova edição e uma Ótima Leitura à todos.

Hérick Lechinski - O Editor


Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O meu Criador. Ilè Ògéré Ìbà - Terra, cujo poder se espalha por todo o Universo, Saudações. Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente saúdo Èsù, o Poderoso Venerável. Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!!

ÍNDICE Consciência Negra Pág. 04 Quem são os Bantus? Parte II Pág. 05 Criação do Mundo segundo a Tradição Bantu Pág. 08 Cultura Vòdún, a Nação Jèjí no Brasil Pág. 13 Òrìsà do Mês: Egúngún, o Ancestral que vence a Morte (esquecimento) Pág. 16 Odù do Mês: Òyékú méjì, o Odù da Morte Pág. 21 Folha do Mês: Tètèrègún, a Folha da Vida e da Morte Pág. 24 Existe Ògán raspado e Ìyàwó pode tocar atabaques? Pág. 26 Para onde caminha a Umbanda? Pág. 29 Entrevista do Mês: Mãe Elis Peralta Pág. 30 A Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011 Pág. 35 Livro do Mês: A Umbanda às suas ordens Pág. 36 Santo do Mês: Nossa Senhora do Rocio, a Mãe padroeira do Paraná Pág. 37 Personalidades Negras: Zumbi do Palmares Pág. 42 Contatos Pág. 47 3


Consciência Negra

Consciência e com ciência... Consciência negra não é coisa só para negros, mas sim para todos, negros, brancos e de todas as cores, pois, antes de tudo somos iguais. Iguais, semelhantes, esta é a consciência que todos devemos ter. A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura AfroBrasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país. A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888. Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham desigualdades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Há muito o que melhorar. 4

Fonte: IBGE Teen


QUEM SÃO OS BANTUS? Parte II

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no Brasil de que os negros estavam usando os santos católicos à maneira de feitiços, tal como usavam suas próprias divindades, acrescidos do fato de que em África, brancos católicos acabavam recorrendo aos poderes e saberes dos sacerdotes tradicionais. Os casamentos de nativos, ou casamentos mistos, eram celebrados na igreja de acordo com os ritos católicos, só que ao som de tambores e embalados por crenças nativas. Os enterros e velórios recebiam tanto a benção do padre católico quanto os exorcismos e oferendas do sacerdote da terra. A aceitação do catolicismo por parte dos africanos bantu sempre foi POVO BAKONGO tranqüila na África ou no Brasil, mas O s b a k o n g o s sempre de acordo com suas conveniêne ambundos apresentam uma caracte- cias e decisões. rística que é peculiar a todos os povos No congo, relatam os cronistas, os bantu, que é a extrema capacidade de assimilação e adaptação às condições, santos católicos eram levados em provalores e crenças locais. São capazes de cissão e louvados ao lado dos Minkissi o elaborar sucessivas releituras daqueles que causava nos padres Capuchinhos elementos religiosos que lhes são estra- profunda repugnância e revolta. As irnhos, recriando sempre e em cada cir- mandades religiosas brasileiras são a cunstância um novo discurso de sua vi- clara demonstração dessa maneira pevência e prática cotidiana, acrescidos culiar de como os povos bantu encaram dos elementos até então exógenos a sua a questão da religiosidade. No pensamento mais profundo bantu impera a lei cultura. do nguzu ou do móoio, força vital que Quando do contato com os portu- perpassa todos os elementos animados gueses, sobretudo na esfera da religiosi- ou inanimados assim como todos os sedade adaptaram-se perfeitamente ao res humanos, não humanos e celestiais. catolicismo português, aceitando as no- Tudo possui nguzu e sem ele não há vivas divindades e seus atributos, cultuan- da, não há movimento, não há realizado os santos católicos ao lado de suas ção. O nguzu diminui ou aumenta de acordo com o procedimento do indivíduo próprias divindades. e sem ele o homem torna-se um mortoDebalde clamavam as autoridades vivo. Uma estátua ou um ídolo podem eclesiásticas portuguesas em África ou tornar-se vivos e atuantes de acordo


com o nguzu que recebe das mãos daquele que o confeccionou ou daquele que através de seu próprio nguzu elaborou elementos para a sua vivificação. Tudo que existe pode receber mais nguzu e tornar-se mais potente e ao contrário, pode também na mesma medida perder nguzo, tornar-se impotente e findar-se. Segundo a lógica bantu, Kalunga, aquele que se criou a si mesmo, ou Nzambi Ampungo, o grande criador, é a fonte de toda a potência e dele emana nguzu continuamente, por isso sua criação é eficiente, presente e contínua. Os bakongos foram o primeiro povo a ter contato com os portugueses, em 1483, através do navegador Diogo Cão que aportou na foz do Rio Zaire. O navegador foi acolhido pelo Mani de Soyo, dignitário de uma província do noroeste do Reino do Congo na época em que governava o Reino o manicongo Nzinga a Nkuwa, que reinava da capital Mbanza Kongo, a alguns quilômetros terra adentro. O contato com os congoleses foi amistoso e Diogo Cão levou alguns bakongos consigo para o reino, cujo monarca representava e também deixou alguns homens em terra do manicongo. Quando retornou em 1485 os quatro bakongos que haviam passado dois anos em Portugal fizeram relatos muito positivos ao Rei sobre os novos instrumentos de guerra que conheceram, as novidades que viram, o que impressionou vivamente o Rei. Essas informações convenceram o Manicongo a enviar uma embaixada ao rei português, D.João II com o objetivo de aprender com os portugueses tudo aquilo que seus súditos haviam visto 6

no outro lado do mundo, e com esses conhecimentos, ele, o manicongo, tornar-se-ia um monarca muito poderoso. Por sua vez, o rei português sonhava em solidificar em África alianças que garantissem sua passagem tranqüila para as Índias, essa sim, alvo da cobiça comercial portuguesa. A aliança entre os dois monarcas teve como conseqüência a cristianização do congo, num primeiro momento, e a implantação do escravismo comercial e da dominação portugues a e m Á f r i c a . Os bakongos, hoje, ocupam as províncias angolanas de Cabinda, Uíge e Zaire, onde nesta última se localiza a antiga capital do reino do Congo. É a terceira maior população de Angola e suas provinciais situam-se a noroeste do país. São agricultores e sua principal fonte de alimentação está no plantio da mandioca, que consomem crua, cozida ou em forma de farinha. É um povo que se organiza em clãs e tem na Kanda, o clã por descendência matrilinear, seu maior esteio e apoio. Há um provérbio congolês que diz: Alguém apanhado fora do clã e como um gafanhoto sem asas. Na esfera religiosa, grande parte é cristã desde o século XVI por influência portuguesa, mas continuam a professar sua religião tradicional. De acordo com suas concepções religiosas cada pessoa compõe-se de quatro elementos: o corpo (nitu), duas almas, uma espiritual e outra sensível ( moio e mfumu kutu ) e um nome (Zina). O deus criador é Nzambi Ampugo, mas raramente se dirigem diretamente a ele e sim por intermédio dos antepassados, os bakulus ou os Minkissi.


CRENÇAS BAKONGO

Para os bakongos Nzambi Ampungo é o deus criador que se criou a si mesmo ou é o incriado. Como primeiro ato de criação, Nzambi criou um grande saco colocando nele todas as coisas necessárias a sobrevivência do homem. Depositou ali o ar, a terra, a água, o fogo, os animais úteis e perigosos ao homem, as plantas comestíveis e venenosas, a maldade e a bondade, ou seja, tudo que fosse necessário para o homem viver em harmonia. Criou também as divindades, boas e más, as atitudes, a saúde e a doença. Feito isso, Nzambi deu um nó na boca do saco, selando com esse nó o segredo da vida, pertencente apenas a Nzambi e a ninguém mais.

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Para o homem bakongo, viver bem é viver de acordo com as leis da natureza, buscando a harmonia entre todas as

coisas, pois, segundo ele, o bom complementa o ruim, o falso complementa o verdadeiro, e assim por diante. Tudo pode ser feito pelo homem, todas as ações são possíveis e factíveis, apenas ao homem não é dado conhecer o segredo da vida, o nó feito por Nzambi ao fechar o saco da criação. Quando o homem descobrir e compartilhar esse segredo com Nzambi o saco da criação se autodestruirá porque o segredo da vida foi desvendado e esse só Nzambi pode saber. Como todos vivem no mesmo saco da existência a comunidade é composta não apenas dos homens vivos, mas também dos homens mortos (os antepassados) e daqueles que estão para nascer. Nenhuma atitude mais séria, ou uma ação mais objetiva são tomadas na comunidade sem antes se consultar o antepassado, ou um Nkissi. Daí que a figura do Nganga, o sacerdote é muito importante entre esse povo.

Por Profº. Dr. Sérgio Paulo Adolfo (Tata Kiundudulu)


Criação do Mundo segundo a Tradição Bantu

Segundo a história tradicional contada pêlos mais idosos e categorizados Nganga (sacerdotes) de tribo bantu (Angola), que todos os povos negros descenderiam dos Bungu e estes diretamente do Nzambi (Deus Supremo da mitologia bantu). Eis a história tal qual foi contada, da criação do Mundo e a ascendência divina destes povos. Nzambi, a quem também chamam Ndala Karitanga (Deus criador de si próprio), Nzambi ia Kalunga (Deus Supremo e Infinito) e Nzambi Ampungu (Deus Poderoso), depois de ter criado o Mundo e tudo quanto nele existe , criou uma mulher para que fosse sua esposa e para que, por seu intermédio, pudesse ter descendência humana, a fim de que esta povoasse a Terra e dominasse todos os animais selvagens, por ele criado. Disse a sua esposa que passaria a chamar-se Ná Kalunga, em virtude da filha que iria dar a luz, se chamar Kalunga. Com efeito, tal como Nzambi tinha anunciado, passados nove meses, nasceu sua filha. Esta foi crescendo como qualquer criança normal, junto de seus divinos pais, na Sanzala dia Nzambi (aldeia de Deus). Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua esposa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três meses retornaria.

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Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acompanhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, além de seu marido, era também seu Deus. Contrariada, mas impotente para obrigar Nzambi a desistir do seu intento, limitou-se a deixar ir à filha com o pai, enquanto ela ficou a chorar amargamente.


Logo que anoiteceu, Nzambi, instantaneamente, construiu uma Kuabata (palhoça), na qual instalou uma só cama. Ao ver único leito, a filha recusou-se a dormir com o pai e saiu, a chorar da cabana. Ao ver a recusa da filha e não podendo convencê-la de outra forma, disse-lhe que se não viesse imediatamente para junto dele, seria devorada pelas feras que infestavam a floresta. Transitada de medo pelo que acabava de ouvir, Kalunga entrou novamente na cabana, deitou-se junto de seu pai e com ele dormiu não só naquela noite, mas durante todo o tempo que durou a viagem. Finda esta, regressaram a casa e, Ná Kalunga, tal como tinha previsto, verificou que a filha estava grávida do próprio pai. Enraivecida pelo fato e pelo desgosto, no meio das maiores blasfêmias, enforcou-se numa árvore, perante os olhos atônitos da filha e de Nzambi, que nada fez para evitar tal suicídio. Desgostoso pela atitude da mulher, que não compreendeu os seus desígnios para povoar o Mundo que ele tinha criado, mostrando ser indigna de continuar a ser esposa daquele que lhe tinha dado o ser, em vez de lhe dar vida, novamente, a amaldiçoou e transformou-a num espírito maligno, a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira mãe que existiu na Terra). A partir dessa altura, Nzambi passou então a viver maritalmente com sua filha Kalunga, a qual depois da morte da mãe passou a chamar-se também Ndala Karitanga e a ser a segunda divindade. Algum tempo depois da morte de sua mãe, durante um sonho, teve uma visão que deixou apavorada. Viu a mãe com a cabeça apoiada nas mãos, a olhá-la com rancor e a insultá-la, dizendo que ainda ia devorá-la, enquanto ela envergonhada, pedia perdão a mãe e dizia que de nada era culpada, posto que, seu pai a tal a tinha obrigado. No meio desta aflição, acordou e contou ao pai o pesadelo. Este a sossegou, dizendo-lhe que nada receasse daquela que tinha sido sua mãe e que agora era espírito mal, pois nenhum mal lhe poderia fazer, mas apenas lhe pedir comida. Portanto, disse Nzambi, vamos dar-lhe.

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Levantaram-se ambos e Nzambi preparou um pequeno montículo de terra, junto da porta casa simulando uma sepultura. Disse ele então a filha, que fosse buscar carne e outra comida e a pusesse sobre aquela sepultura, proferindo, ao mesmo tempo, as seguintes palavras: Mam’é nzanga ua-ku-kurila. Halapuila kanda uiza kuri yami nawa: ny ngu-na-ku mono nawa, ngu n’eza ny ku ku cheha (minha mãe acabo de vir chorar-te; agora, não voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-te, venho matar-te). Nzambi (aldeia de Deus).


Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua esposa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três meses retornaria. Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acompanhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, além de seu marido, era também seu Deus. Chegado que foi o tempo, Kalunga deu à luz um filho ao qual Nzambi deu também, o nome de Ndala Karitanga, passando este a ser a terceira divindade. Logo que o seu filho-neto cresceu e atingiu a adolescência, Nzambi ordenou-lhe que casasse com sua mãe Kalunga, para que esta concebesse dele muitos filhos de ambos os sexos, a fim de povoarem a Terra e dominarem todos os animais. Cumprindo as ordens de Nzambi, sua filha e seu filho-neto casaram e tiveram um filho e uma filha. Quando estes chegaram à maioridade, Nzambi ordenou, então, que o primeiro casasse com sua mãe e a filha casasse com seu pai, dizendo que já não se justificava a primeira união que ele tinha ordenado, informando-os, ainda que depois daquelas uniões, as seguintes se fizessem sós entre primos. Por fim, depois de lhes ter ensinado tudo o que deveriam fazer, para a que sua descendência crescesse e multiplicasse, para que lutasse contra as doenças e os 10


feitiços que um dos descendentes do sexo feminino, viria a possuir, porque ele lhes legaria. Disse, também, que viriam outros descendentes divinos e que após deixarem a vida terrena, cada um dentro de sua atribuição, iria supervisionar o mundo que ele havia criado. Nzambi despediu-se de todos, chamando depois, o seu cão, que sempre o acompanhava, dirigiu-se para à Sanzala Kasembe diá Nzambi (Aldeia Encantada de Deus), e dali subiu para o espaço, levando consigo o cão. Naquela altura as rochas estavam moles, por terem sido formadas a pouco tempo. Ainda hoje se podem observar as pegadas esculpidas, numa rocha ali existente, especialmente do pé direito de Nzambi, assim como da pata dianteira do seu cão, estas pegadas existem também em diversas outras rochas espalhadas por toda a África, incluindo Angola.(vide pré - história da Lunda do autor). Foi, pois, dali, que o Nzambi subiu à TCHEUNDA TCHA NZAMBI (aldeia de deus), ou céu como nós lhe chamamos, onde se conserva, através dos séculos, para recompensar os bons e castigar os maus. A pergunta feita a diferentes sacerdotes bantu, como é e quem foi que criou Nzambi, eles responderam que, sendo ele Ndala Karitanga, se deve ter criado a si mesmo e que tudo o mais é mistério que jamais alguém conseguiu ou conseguirá desvendar. A resumida lenda que acabamos de expor, foi contada por dois velhos naturais da região do Sombo, conselho de Camissombo. Um chamava-se Tchinjamba Sá Fuca e o outro Sá Hongo, ambos já falecidos. O primeiro morreu no Luaco, o segundo faleceu na sua terra natal com cerca de 90 anos em 1994.

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Comprovação feita pela Seção de Arqueologia e pré-história do Museu do Dundo-Angola, de que são originais e não forjadas por mãos humanas. Segundo as indicações dos nativos, a Sanzala Kasembe diá Nzambi, situa-se entre os rios Luembe e Kasai, junto da nascente do Mbanze. Dão-lhe estes nomes, por estar perto do Meue (estrangulamento) do Kasai. Neste ponto, o rio tem apenas cerca de quatro metros de largura. Segundo a tradição oral, foi junto à nascente do Mbanze que se estabeleceram, primeiramente, os chefes e autoridades divinas, Ndumba ua Tembu, Muambumba, Muaxisenge e outros, quando fugiram à soberania do Muatianvua. Foi naquele mesmo ponto que mais tarde, reuniram-se novamente, e ali planearam a separação e distribuição de terras que cada um deveria ocupar. 

Lenda é a narração escrita ou oral de caráter maravilhoso, na qual os fatos históricos são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética *. Nzambi s.m. – Deus Criador. Autor da existência e de suas características dominantes - o bem e mal.

Conquanto seja o Ente supremo, não rege diretamente os destinos do Universo. No tocante ao nosso planeta, serve-se de intermediários a entidade espiritual. Em face das atribuições de que se revestem, assumem o caráter de semideuses. Por efeito desse privilégio, é a elas, pois, a quem os crentes se dirigem em suas emergências. Decorrentemente, a quem prestam culto. Enquanto as entidades espirituais permanecem nas profundezas do globo. Nzambi paira em toda parte, sem lugar determinado. Pelo alheamento a que votou os problemas mundanos, só são invocados em última instância. Tal como noutros povos, também existem sinônimos para designá-lo, Kalunga, Lumbi lua Suku, etc. Kalungangombe, o juiz dos mortos, tem o poder de suprimir a existência. Mas, se Nzambi não concordar com a decisão, o mortal continuará subsistindo. Portanto, intervém quando necessário.

Do Livro: Crenças, Adivinhação e Medicina Tradicionais dos TCHOKWE do Norte de Angola Por Tata Mungangaiami, Curitiba–PR. 12


CULTURA VÒDÚN, A NAÇÃO JÈJÍ NO BRASIL

Como costume da maioria dos povos no mundo, o culto aos antepassados é um elo com o passado que dá sentido e justifica o presente e faz projetar o futuro. Esse tipo de culto é movido pela admiração, saudade e também utilizado como um oráculo de orientação e aconselhamento. A terminologia ´´Vòdún´´ é designada para explicar os fenômenos da natureza e como deificação de ancestral. Este é um costume dos Povos que habitam o Benin, Togo, Gana e Nigéria. Fazendo um recorte étnico poderíamos falar que tal nome ´´Vòdún´´ é usual dos Povos Fòn, Gún, Ajá (antigo Èwé), Bariba e Somba. Falando sobre Vòdún, podemos dizer que um grande raio que cai sobre uma árvore pode ser chamado de Vòdún e como um ancestral que teve uma grande relevância aos olhos de um povo também pode ser elevado ao status de Vòdún. Em sua pátria-raiz, o Benin, o Culto aos Vòdún é de extrema importância para constituição familiar, fazendo um tipo de organograma de importâncias e organizando a questão hierárquica dentro da chamada ´´ Hε̆nnù´´ ou família. O culto também é importante como resgate e manutenção das tradições mais remotas das famílias tradicionais do Benin e assim mantendo-se vivo o elo com o passado. 13


O Culto preserva muito a questão familiar tendo em seu mais velho o chamado ´´Hε̆nnùgán´´ ou também conhecido como ´´Dàá´´ o Grande Patriarca. Entrando no âmbito religioso e apoiado nos costumes familiares a religião Vòdún ´´Vòdúnsínsɛ́n´´ é organizada por clãs como as famílias no Benin são organizadas e com o mesmo cunho orgranomático onde os Vòdún são divididos por clãs. E cada clã tem o seu fundador chamado de Akɔ̀ Vòdún que é a liderança e o mais respeitado, ele também recebendo o nome de Gbenúgán, Akɔ̀ nɔ̀ , Akɔ̀ sú ou Dàdá/Dàá. Existem outras variáveis de nomenclaturas para tal cargo dependendo do costume de cada povo ou família. Também é atribuído a cada Vòdún um domínio de algum fenômeno da natureza ou costume como a caça, pesca, guerra, agricultura e afins. O que nós conhecemos como Culto Vòdún com tais divisões e organização foi fruto do pensamento de um revolucionário que viveu entre os séc. X e XI com o nome de Yegú Tennú Gesu, filho do Rei Tenú Gesú da cidade de Tàdó que mais tarde o jovem Yegú seria conhecido como Agàsú (O Bastardo), Ajáhutɔ́ (O matador de Ajá), Kpɔ̀ ví (O filho da pantera), Kpɔ̀ sú (A Panteramacho), Dàdáxó (O grandioso Patriarca) e como Kɔ̀ kpon (O rei fundador da terra). Ele foi o fundador da cidade do Allada e seus filhos fundaram muitas cidades e como principais a cidade do Dànxomɛ̀, Glènxwé, Ajácɛ́ ou Hògbònú (Porto Novo). O culto tem uma divisão básica entre dois elementos: Àyì (Terra) e Jí (Céu) e assim temos os Àyìvòdún que seriam os Vòdún ligados aos elementos e fenômenos da Terra que é encabeçado por Sàkpàtá e os Jívòdùn que seriam os Vòdún ligados aos elementos e fenômenos do céu que é encabeçado por Xɛbyosò. Dentro desta divisão existem subdivisões e classificações como exemplo: Àyìvòdún: Vòdún da terra Zùnvòdún: Vòdún da floresta. Atínhùnvé: Vòdún que habita o interior das árvores. Não seria: àtínmɛ̀vòdún ou Àtínvòdún Sòvòdún: Vòdún do trovão e raio. Tɔ̀ vòdún: Vòdún das águas Hε̆nnùvòdún: Vòdún de ancestrais reais. Em relação às práticas religiosas existem tanto no Benin quanto no Brasil cerimônias públicas e privadas. Isto é uma característica do Culto Vòdún e a participação da comunidade é de extrema importância, pois as festas públicas são realizadas para o contato dos ancestrais com os seus descendentes, assim acontecendo uma troca importantíssima entre o passado e o presente. No Benin os cultos mais importantes são dos Hε̆nnùvòdún por estar mais próximo a uma realidade atual, porém existem os cultos tradicionais que podemos destacar três: Xɛbyosò, Sàkpàtá e Dàn. No Brasil a herança dos cultos reais pouco ficou, mas dos três principais Vòdún, sim! 14


Em suma, podemos dizer que o Culto Vòdún é basicamente uma forma de cultuar ancestrais e fenômenos da natureza. Estes dois misturam-se quando o culto é praticado assim como, exemplo: Sògbó é um Vòdún ancestral ligado ao poder do raio. No Brasil, algumas formas de Culto chegaram como O Kerebetãn de Zòmádonù (Tradição dos Mina/Dànxomé - Maranhão), Os Tambores do Egito e Turquia (Tradição Ewe, Fanti, Ashanti e Ajá – Maranhão), Zo godo Bogun Male Hundó (Tradição dos Maxí/Bariba - Bahia), Xwe Sejá Hùn De (Tradição dos Maxí/ Bariba - Bahia), Xwe Kpo Zenhen (Tradição dos Aja/Ayizo – Bahia), Xwe Kpo e Ji (Tradição dos Maxí/Savalú - Bahia), Casa Amarela (Tradição dos Fòn/Dànxomé – Pernambuco), Xwé Kpɔ̀ Dàgbá (Tradição dos Màxí/Alàdá – Rio de Janeiro) e também em algumas casas no Sul do Brasil dentro do costume do rito Batuque. Em relação à relevância do nome do Culto no Brasil temos O Kerebetãn (Xwélegbetan) de Zomadonu com os Cultos Reais, Os Tambores com os Vòdún Togolêses e Ganêses, Zo Godo Bogun Male Hundó com o culto aos Sòvòdún, Xwe Se Já Hùn De com os cultos a Dàn e Sàkpàtá, Xwé Kpɔ̀ Dàgbá com o culto a Sakpatá, Gú, Dàn, Atòlú e Jɔ̀ .

Por Ralph Mesquita (Doté Vodùnnò Zodaáví Fasóví Xebyososí) 15


ÒRÌSÀ DO MÊS Egúngún, o Ancestral que vence a Morte (Esquecimento)

Egúngún, o que é? Um culto? Uma atividade folclórica? Uma divindade? Um conjunto de divindades? A representação dos mortos? Em fim... O que é e para que é que serve Egúngún? Você quer descobrir? Se você amigo leitor, deseja realmente entender um pouco mais sobre isso, viaje comigo nesta leitura e desvende alguns dos vários mistérios que envolvem essa Divindade: EGÚNGÚN. Egúngún é uma palavra só, que representa muitas coisas, primeiramente é preciso entender que Egúngún é o culto aos ancestrais veneráveis do sexo masculino, note que a palavra venerável designa pessoas veneráveis, ou seja, não é qualquer ancestral. Na visão tradicionalista yorùbá, um homem, para se tornar um ancestral venerável, precisa concluir algumas etapas na vida material e espiritual. Algumas delas são: Ser iniciado, especialmente em Ifá, que é o grande revelador do destino humano. Ter cumprido as determinações de Ifá, ter sido um devoto ou sacerdote de òrìsà sério e comprometido, ter após seu falecimento, sido submetido aos rituais de ajéjé (rituais fúnebres). No campo material ele necessita de algumas coisas como, ter adquirido casa própria, constituído família (ter muitos filhos), ter atingido idade avançada (mais de 60 anos de idade), ter uma influência social e familiar muito grande. Esses são alguns dos requisitos necessários para que um homem, após seu falecimento, seja considerado pela 16


Awòrìsà) a comunidade, a iniciação em qualquer òrìsà, tem como objetivo principal tornar aquela pessoa um membro do culto daquela determinada divindade. No Brasil, talvez pelo egoísmo de nosso povo, foi aglomerado, num mesmo sacerdote, várias funções, que faz com que o mesmo, independente de ser iniciado ou não em determinado òrìsà, inicie outras pessoas, não condeno isso, porém isso foge do principio de que, só podemos dar aquilo que temos. Sendo assim, só posso dar o àse de Òsun para alguém, se eu tiver este àse, se não, o máximo que posso fazer é indicar alguém de confiança que o tenha. Na Nigéria é assim que funciona, uma pessoa pode perfeitamente, ser iniciada em quantas divindades quiser e PUDER, para isso existe Ifá, para mostrar a necessidade daquele determinado Orí (cabeça). Logo, qualquer culto tem seu grupo de devotos e sacerdotes, que podem adorar sociedade yorùbá, um ancestral vene- outras divindades, sem problema, mas, sarável, ou seja, um homem digno de culto, bendo que cada culto e cada divindade tem sua forma e suas particularidades. um membro da sociedade Egúngún. Ora, eu disse sociedade egúngún certo? Certo! Pois é isso que egúngún é, uma sociedade que representa os ancestrais masculinos dignos de culto. Além disso, a palavra egúngún representa um òrìsà, ou seja, uma divindade que lidera e representa essa sociedade. Muitos dizem que egúngún não é òrìsà, o que é um grande equivoco, pois, na visão yorùbá, tudo aquilo que é cultuado para trazer benefícios aos seres humanos, é considerado òrìsà. Assim como, tudo aquilo que é APENAS (veja, APENAS) apaziguado para não prejudicar o homem é considerado um ajógun. Sendo, egúngún um òrìsà, porque razão seu culto é diferente das demais divindades? Eu digo! Pelo simples fato de que nenhum culto é igual ao outro! Ifá é òrìsà, porém possui um culto e símbolos diferentes das demais divindades, assim como Ògún, Òsàlá, Òsun e muitas outras divindades. Todas possuem suas particularidades, logo, é preciso entender que a iniciação visa muito mais que fazer uma festa no domingo e apresentar o Ìyàwó (Adósù, Elégùn, 17


Voltando à Egúngún, bem, já sabemos que além de tudo, egúngún é um òrìsà com um culto diferenciado, mas é uma divindade que auxilia o ser humano em seu desenvolvimento material, mental e espiritual, agora nos resta saber pra que serve essa energia, certo? Bem, egúngún pode ser saudado, evocado e reverenciado por vários motivos, alguns deles são: Òkànràn méjì: Mostra a necessidade de se cultuar egúngún para que o ancestral não fique em esquecimento e para que a vida de seus descendentes seja de alegria e felicidade. Òfún méjì: Mostra a necessidade de agradar egúngún para evitar que o espirito de uma criança abortada (propositalmente) retorne na forma de Àbíkú. Òwónrín méjì: Mostra a necessidade de cultuar egúngún para que a pessoa volte a dormir bem, pois pode estar sendo vítima de algum ègún (espirito maléfico). Lembrando que, Egúngún representa a divindade e o culto, em quanto Égún representa um determinado ancestral venerável, já a palavra Ègún representa qualquer espírito que esteja perdido e que se alimenta da energia vital das pessoas, causando à elas insônia e outros tipos de problemas. Egúngún também é muito cultuado para que a pessoa tenha longevidade, saúde e resistência. É usado também para solucionar problemas na família, ou seja, o espirito continua orientando os descendentes nos assuntos familiares. Egúngún também pode quebrar com certas negatividades que perseguem uma mesma família por 7 gerações, ou seja, se aquela família sofre muito com mudanças por 7 gerações, o problema pode estar em algum erro cometido por algum ancestral, que só será solucionado através do culto de egúngún. 18


Elas podem descobrir o awo de Ìgúnnukò Elas podem assistir Agemo Porém, elas não podem descobrir o awo de Orò.”(...) Awo é uma palavra que possui vários sentidos, nesse seria segredo. Ìgúnnukò e Agemo são outros tipos de culto aos ancestrais. Para Egúngún podemos oferecer de tudo, uma comida que algum ancestral nosso gostava, bebidas e etc... Porém, as oferendas prediletas do Òrìsà Egúngún são: Èko (akassa), Àkàrà (acarajé), Obì, Orógbó, Otí (Gyn) e Àgbò (carneiro). Por último, desejo falar sobre a polêLembremos que, a religião dos orimica: MULHER X EGÚNGÚN, PODE OU xás é uma religião INICIÁTICA, ou seja, paNÃO PODE? ra fazer certas coisas é necessário ter INICIAÇÃO, pois só através dela que se adSIM, PODE! O porquê, eu explico: quiri o axé para colocar em prática certos Mulheres também possuem pai, avô, conhecimentos e até se aprofundar mais. E bisavô e etc... Certo? Certo! Logo, o que as no que se diz respeito à Egúngún, isso deimpediria de terem contato com o culto de ve ser levado muito a sério, há uma orin egúngún? Nada! (cântico) que explica bem isso: Na Nigéria, algumas mulheres, por orientação de Ifá, precisam cultuar egúngún e são iniciadas neste culto, esta são as Ìyá-agan. Elas possuem uma responsabilidade igual a dos Òjè e Olójè, a diferença é que as mulheres não podem vestir a roupa, isso a tarefa para os homens. No Brasil este interdito foi criado por algum motivo, que realmente desconheço, talvez pelo fato de terem associado aqui, egúngún à uma outra energia que representa os ancestrais masculinos, esta chamada de Orò, que de fato, as mulheres não podem ter nenhum tipo de envolvimento. Há uma cantiga de Orò que a tradução seria mais ou menos assim: “A mulher pode descobrir o awo de Gèlèdè Elas podem descobrir o awo de Egúngún,

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“Bàbá ímàlè Mo le o, Bàbá ímàlè Ogberi to l’oun fé seré awo Bàbá ímàlè le o!” (...) “O pai dos imalé É bravo! O pai dos imalé Com o não iniciado que quer descobrir o awo (segredo)” (...) Ousar a praticar atos que você nunca viu, ou a evocar e alimentar energias que você desconhece, é um risco muito grande! Tudo tem seu tempo e sua hora, por isso, tenha Súùrú (paciência). Eu Zarcel Carnielli (Ilésire) espero que este texto tenha lhe ajudado a desvendar um pouco, dos muitos mistérios criado em torno desta energia, agradeço ao amigo Hérick Lechiski pelo espaço e ao meu amigo e sacerdote Bàbá Olójè Àpésì (Rasaki Sàlámì Sàláwu), que me ajudou e muito a escrever essa matéria. Desejo à todos que o Àse de Egúngún os acompanhe por toda a vida! Ire o!

Por Zarcel Carnielli (Bàbá Ilésire Òsàlásínà Omigbàmi)

Ilé Àÿç Àpésì Ôlöõjê Templo de Culto Tradicional Iorubá São Paulo - SP Bàbálöòrìsà e Ôlöõjê Rasaki Tel: 11 6448-9094 20


ODÙ DO MÊS

Quando a Morte (Ikú) veio à Terra (Àiyé) pela primeira vez, venho através deste signo (Odù). Por isso Õyêkú rege tudo que esteja ligado a Ikú. Rege o Ajéjé (culto fúnebre) e tudo que estiver ligado ao mesmo. Regendo também as almas desencarnadas.

Õyêkú méjì

O Odù da Morte Õyêkú méjì, Èjì Õyê ou Èjì Ôlögbôn é o segundo (2º) Odù na ordem de Ifá, fala no Mërìndínlógún Ifá (Jogo de búzios) com treze (13) búzios abertos e três (3) búzios fechados. É um odù de natureza feminina, ligado ao elemento água, regente do Oeste. Õyêkú méjì (Èjì Ôlögbôn) é o oposto (complemento) de Èjì Ogbè (Èjì Onílê), enquanto Èjì ogbè é a Luz, Õyêkú méjì é as Trevas. Enquanto um é a vida, o outro é a morte, Ogbè rege o Dia, Õyêkú rege a Noite. Ogbè rege o Sol (Òòrùn), Õyêkú rege a Lua (Òÿùpá).

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Sob a regência deste Odù, vieram ao Mundo os peixes, o couro do Crocodilo, o focinho do Hipopótamo, o chifre do Rinoceronte e todos os animais e aves Noturnas. Foi através deste Odù, que os seres humanos aprenderam a comer peixes. Este Odù possui domínio sobre as nodosidades das Árvores e também sobre os nós das cordas. É um signo bastante perigoso, rege a Madrugada. - Àwon Òrìÿà que falam neste Odù = Ìyámi Odù (Odùlogboje), Nàná Bùkúù, Sõnpõnná, Egúngún, Ômôlú, Ôlökun, Yèmôja, Abíkú. - Suas cores = O Negro (dúdú). Suas folhas = Tëtë (Amarunthus viridis – Caruru),


Ewé egbo, Ôsàn, Wëwë, Etípönlá (Boerhaavia diffusa – Erva tostão), Àgbáyun. - Corpo Humano = Rege o maxilar superior. - Os filhos deste Odù = As pessoas nascida sob este odù (signo) são pessoas bastante negativas, mesquinhas, que só pensam em si. Velhos, ranzinzas. São perturbadas por ègún (espíritos perdidos) e devem cultuar Egúngún (Ancestrais) para obterem realizações. Devem tomar cuidado com acidentes e mortes prematuras. Devem estar sempre bem amparados espiritualmente. Quando assim estão, serão pessoas prósperas, porém pão-duras. Alguns filhos deste odù, geralmente são Abíkú. Geralmente possuem problemas de sangue. - Èwò’s deste Odù = As pessoas que nascem neste odù, não devem comer ave de rapina (qualquer uma), não devem usar perfumes fortes, roupas vermelhas, não podem beber vinho de palma, não devem cultivar plantas e flores espinhosas e nem oferecê-las em oferendas às Divindades (Irúnmôlê), não podem destruir formigueiros, devem evitar utilizar-se de amuletos e o principal, tocar em coisas mortas (animais, pessoas, etc.). Odù em Ire – Positivo Este Odù em Ire fala de Vida Longa, mudanças favoráveis, fim de situação difícil e sofrimento, o recebimento de conselhos que devem ser seguidos. Prosperidade. Vitória sobre Inimigos, descobrimento de pessoa falsa (falso amigo). Fidelidade amorosa. Fim de brigas amorosas. Manter sempre a calma para atingir realizações. Boa Intuição. Tudo que for realizado a noite terá sucesso. Bênçãos de Egúngún.

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Odù em Ibi – Negativo Este Odù em Ibi fala de Morte prematura, doenças, principalmente de sangue, no maxilar superior e bexiga, depressão. Fim de situações agradáveis, notícias desagradáveis chegando, cansaço, esgotamento. Evitar tomar decisões. Vitória dos Inimigos, traição e vingança por parte dos inimigos. Falta de dinheiro, desemprego, caminhos fechados. Problemas emocionais, rompimento amoroso sem volta. Doenças em casas. Problemas com abortos (Abíkú). Pessoa sofrendo perturbações psíquicas, obsessões, pessoa vê fantasmas. Problemas com Ègún e Egúngún, não vestir roupa preta e nem sair após as 00h00min.

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Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


FOLHA DO MÊS

Tètèrègún – A Folha da Vida e da Morte É da regência de Obàtálá e Bàbá Egúngún. Uma das folhas mais utilizadas dentro da Liturgia do Culto a Òrìsà no Brasil (Candomblé) e na Nigéria (Èsìn yorùbá). Folha de grande importância e fundamento, e isso se dão ao fato, de Tètèrègún ser capaz de proporcionar a Vida ou a Morte a alguém. A mesma é utilizada em Iniciações (Igbèrè), na sacralização de elementos ritualísticos, em magias e medicinas = Oògùn, etc. No Brasil, é uma das oito (8) principais folhas (ewé) que fazem parte da composição do Àgbo (mistura vegetal) que banha o Iniciado (Ìyàwó) no período de reclusão Nome Yorùbá = Tètèrègún, Tètè Egún, para seu Orixá. Representando a Morte Tètèègúndò. (para a vida profana) e a Vida (nascimento Nome Bantu = Mueki Rizanga. para a vida religiosa). É também capaz de Nomes Populares = Cana-do-brejo, Cana- provocar o transe em omo Obàtálá (filhos de-macaco, Cana-do-mato, Sanguelavô, de Oxalá), omo Sàngó (filhos de Xangô) e Sangolovô, Ubacaia. omo Ògún (filhos de Ògún). Nome Científico = Costus spicatus. É uma das principais folhas de Obàtálá Tètèrègún é uma folha nativa do Brasil, é (Oxalá), sendo utilizada em quase todos encontrada em todo o território nacional os ritos que se utilizam de folhas, para o e também e outros continentes. Grande Rei do Pano Branco. Folha Gún (de exitação), Masculina, ligada Medicinalmente a Cana-do-brejo é utilizaao elemento Ar. da no combate a solitárias, vermes e principalmente nos casos de cálculos renais.

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“Têtêrêgún òjò do m’pá Têtêrêgún òjò wo bi wá” Têtêrêgún é como a chuva que mata. Têtêrêgún é como a chuva que dá vida. Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) ————————————————————————-

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Existe Ògán Raspado e Ìyàwó Pode Tocar Atabaques?

Para responder essas perguntas, precisamos discorrer um pouco sobre o que é Ìyàwó e o que seria Ògán. Há uma grande polêmica acerca do tema em título. Hoje, sobretudo no Sudeste, há uma grande discussão em relação se aqueles que foram iniciados na Religião dos Òrìsàs, Raspados, “Adoxados”, contudo não são manifestados por Òrìsà (rodantes), seriam ou não Ògáns. Nesse aspecto, afirmo de forma indubitável, com toda a segurança que não, ou seja, Ògáns Não São Raspados! Face ao exposto, surge a indagação: Àqueles que são raspados, “adoxados”, entretanto não são manifestados por Òrìsà, seriam o que, então? Respondo categoricamente: Ìyàwó – Iniciado na Religião do Culto aos Òrìsàs Candomblé! Hoje, infelizmente, pela falta de cultura e, sobretudo, pela falta de interesse à busca da informação correta, muitos crêem que o “ato de tocar atabaques” está correlacionado ao tipo de iniciação, o que é uma inverdade. Nesse sentido, não há óbices religiosos fundamentados que interditem um Ìyàwó homem que não manifeste Òrìsà, em tocar atabaques. Aqui, posso mencionar uma lista de Grandes Tocadores, todos não Ògáns, que são respeitados pela sua arte musical, inclusive por Ògáns e, chamados por muitos de Ògáns. O fato da confusão generalizada em acreditar que um Ìyàwó Raspado que não é manifestado por Òrìsà seja Ògán e não Ìyàwó em grande parte, deve-se aos próprios sa26cerdotes, vejamos:


O indivíduo que entra em uma Casa de Candomblé, antes mesmo de ser suspenso, confirmado, ou iniciado, mas que não é manifestado por Òrìsà é chamado pelo sacerdote como? Ògán! Seus “irmãos”, o chamam de qual forma? Ògán! Como ele se autodenomina? Ògán! Quando esse indivíduo (“Ògán”) adentra oficialmente na religião, se ao invés de ser confirmado como ògán, ele for raspado e adoxado, ele está sendo iniciado como Ìyàwó? Portanto é Ìyàwó - e não Ògán. Não obstante, todos, inclusive seu Sacerdote continuarão (via de regra é isso que ocorre) a chamá-lo de Ògán e não Ìyàwó! Aliás, se perguntarmos aos Sacerdotes, uma definição sobre Ògán, a maioria será breve e dirão erroneamente: Ògán é o indivíduo homem que não é manifestado por Òrìsà, sem discorrer sobre os pormenores com acuro. Desta forma, observa-se que esse erro comum, decorre do processo de aprendizagem do noviço na religião. No exemplo supracitado, o correto, independente de manifestar ou não, o noviço deverá ser considerado “Àbían”. O fato do Àbían não manifestar Òrìsà, a priori não lhe concede a posição de Ògán. Esse “status”, além de indevido, gera as inevitáveis dúvidas sobre o tema em questão, principalmente no futuro da vida religiosa desse noviço. Ante a afirmativa acima; o que seria um Ògán? À luz do Candomblé Tradicional Baiano, Ògán é o indivíduo (Homem) que não é manifestado por Òrìsà, mas que é CONFIRMADO (E NÃO INICIADO). A princípio, esse Ògán, em suma, é “apontado” (escolhido) por um Òrìsà em alguma determinada festa, ou mesmo função dentro do Ilé Òrìsà. Na ocasião, esse Ògán é “suspenso”, por outros desta confraria. Daí, o advento do termo “Ògán Suspenso”. Deste momento, à diante, esse indivíduo passa a executar tarefas no Ilé Òrìsà, sem cunho religioso. Posteriormente, a Ìyálòrìsà/Bàbálòrìsà, determinará que esse Ògán (suspenso), deverá ser Confirmado (leia-se confirmado e não iniciado) – geralmente para o Òrìsà que o suspendeu. Daí a razão de na Bahia, por exemplo, um Ògán ser do Òrìsà Ògún (ele é filho de Ògún), mas ser chamado de Ògán de Omolú (pois, muito embora o Òrìsà dele ser Ògún, ele fora suspenso e, posteriormente confirmado para ser Ògán do Omolú de “beltrana”). O processo de Confirmação de um Ògán diverge demasiadamente do processo de iniciação (Ìyàwó). Não posso aprofundar no tema, por tratar-se de Awo (segredo que não compete àqueles que não são iniciados). Mas um Ògán Confirmado, não saí à sala no “Arole Komurajo” (cantiga destinada à Ìyàwó). Há um conjunto de cânticos e rituais específicos para a Confirmação de um Ògán (que reitero, não se trata do “Arole Komurajo”). Caso esse Ògán, por exemplo, seja confirmado Alabê, há ainda, outra seqüência especifica de cantigas; o mesmo ocorre para alguns outros títulos. Quando pensamos em iniciação no culto aos Òrìsàs na África, não são encontrados indícios/relatos de alguma iniciação com o “modus” da Confirmação de Ògán no Brasil. Em verdade, esse tema é muito mais polêmico que parece. Quando pensamos em Confirmação de ògán, temos que entender que esse indivíduo não está sendo iniciado em todas as etapas que a religião apregoa, dessa forma,

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jamais o Ògán poderá proceder a iniciação de um Ìyàwó. Mas se na África, berço da cultura dos Òrìsàs não há esse processo, qual teria sido a razão do aparecimento deste no Brasil? Vejo como um fato histórico, liderado pelas Ìyálòrìsàs de outrora, à busca da manutenção da hegemonia da mulher nos cargos de liderança nas comunidades Nàgó. Quando da fundação das mais tradicionais Casas de Candomblé da Bahia, todas, sem exceção, tiveram o apoio religioso de homens (iniciados – porém não rodantes), exemplifico: Bangbose Obitiko, Okarinde, Oje Lade, Oba Sanya, dentre outros. Entretanto, após a fundação dessas casas, para que não houvesse a concorrência masculina no sacerdócio, as Ìyálòrìsàs começaram a não iniciar homens (quer seja rodante, quer não). Contudo, a figura masculina permanecia essencial para o bom andamento da casa. Nesse sentido, como manter o homem na casa de Candomblé, com funções distintas, sem que esse se tornar-se Sacerdote futuramente e, por conseqüência, concorrente do poder supra-sumo da mulher? Criando a figura do Ògán (ou seja, realizando alguns rituais para que os homens não rodantes – pudessem ser partícipes de algumas atividades na casa). Nessa busca contumaz, as mulheres do Candomblé da Bahia, cercearam da religião os homens rodantes (uma espécie de apartheid), configurando status e poder aos Ògáns, figuras criadas pelas mesmas, - mas que não lhe ameaçavam na supremacia do Candomblé. À eles eram concedidas funções como Tocar Atabaques e Cantar. Razão pela qual, erroneamente, crê-se que somente os Ògáns podem tocar atabaques. Diante disso, o que posso afirmar é que, se não rodante e homem – independente de Ògán ou Ìyàwó, ele pode tocar sim atabaques. O que digo, mas por concepção religiosa minha, sem embasamento teológico algum, é que a privação em tocar atabaques deve ocorrer àqueles que são manifestados por Òrìsà. Essa óptica deve-se única e exclusivamente há eminente possibilidade de um Ìyàwó que manifeste Òrìsà, poder entrar em transe, durante a execução do toque. O mesmo emprega-se às mulheres, também, sem fundamentação teológica. Por fim, apesar de distintos, não vejo como macular, o iniciado não rodante, denominar-se Ògán, sobretudo pelo vício de linguagem, fato que ocorre mesmo comigo. No entanto, é importante que todos saibam que são distintos, com funções distintas, com processos iniciatórios distintos! Espero, com a explanação acima, tirar um pouco da dúvida de muitos sobre a questão!

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Por Carlos Vinícius Santana (Òpotún Vinícius)


Para onde caminha a Umbanda?

Não temos dúvidas de algumas falhas, desentendimentos, obscuridades, segredos invioláveis, imperfeições superficiais, porém, passíveis de correções e aprimoramento com o tempo. O Catolicismo foi assim; o Protestantismo sofreu perseguições, o Kardecismo teve críticas e ceticismo. Mas o povo e o tempo tudo mudam. Adaptando a Umbanda e seus rituais à organização do Catolicismo, à dedicação do Protestantismo e à filosofia do Kardecismo, teremos uma Religião quase perfeita. Quase perfeita, porque perfeição só em Deus. Conciliaremos também o Atavismo a adoração temerosa que guardamos, desde tempos remotíssimos, às coisas misteriosas ou respeito a um Ser Supremo que nos criou e que passa de geração, através do inconsciente coletivo, porém de modo mais racional. Existe no subconsciente de cada um. Faz parte da humanidade e levará séculos para desaparecer.

Hoje, com seus 103 anos de Fundação, a Umbanda (Brasileira) se alastra por todo o País (Brasil), derramando-se até pelos países vizinhos. Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Venezuela já possuem Tendas Umbandistas. Qual o futuro dessa religião que já preocupou autoridades eclesiásticas, dirigentes religiosos, pastores, sociólogos, psicólogos e até adeptos do Ocultismo? Tornar-se-á a Religião oficial do Brasil? Estagnar-se-á? Irá para o esquecimento? Ou continuará se alastrando por todo o Globo terrestre? Malgrado o combate que ainda lhe fazem, ela continua crescendo assustadora e solenemente. 29

A Umbanda Brasileira, como é praticada, é única no Mundo. Não existe similar, nem mesmo na África – Uma de suas Raízes – Pois lá não há tupis e nem baianos. Uma coisa é certa: Ela (a Umbanda) permanecerá inapagável no seio do povo, porque a sua tônica principal é a Caridade pura e desinteressada. Está concorde aos ensinamentos milenares de Jesus Cristo (sincretizado com Oxalá), cujos princípios e fundamentos, eternos e imutáveis, constituem a base do Espiritualismo, da qual nossa Umbanda faz parte.

Texto de J. Edson Orphanake (Livro ―A Umbanda às suas Ordens) Readaptado por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


ENTREVISTA DO MÊS

Falando de Axé com Mãe Elis Peralta Falando de Axé Mãe Elis, você poderia nos falar como e quando você conheceu a Umbanda e o que lhe levou a escolher a mesma como Religião?

cer pessoas que foram muito generosas em me passar aprendizados, e me direcionar nessa maravilhosa religião que é a Umbanda.

Falando de Axé O que é Umbanda e o que esta magnífica Mãe Elis Tenho uma história muito “peculiar” em re- Religião Brasileira representa para você? lação à Umbanda. Desde nova, freqüentava um Centro de Umbanda no qual meu Pai era Mãe Elis médium, porém, confesso, ia obrigada, de- Umbanda representa pra mim o sentido da testava e não me sentia bem, conforme fui força grandiosa da natureza, é a maleabilicrescendo, minha aversão também, chegan- dade das Águas, a firmeza e transformação do ao ponto de por volta dos meus 14 anos, da Terra, o ímpeto do Fogo, o dinamismo tomar cinco tranqüilizantes para não ter que do Ar, é a união desses elementos que se ir numa gira com meus pais. Muita água traduzem também por Orixás, que se consopassou por debaixo da ponte, mas de certa lida em nossa Doutrina em nosso Pentagraforma, minha vida sempre se entrelaçava ma Umbandista que é a manifestação do escom a Umbanda e eu cada vez “correndo” pírito em prol da Caridade e da Evolução mais dela. Até que num belo dia, numa as- espiritual, através dos ensinamentos de nossistência, sentadinha, temerosa, ressabiada e sos Mentores e do Pai maior. É o som do indo porque andava “sentindo-me” muito atabaque, o conselho amoroso do Pretomal fisicamente, Mª Cigana pela 1ª vez em Velho, a seriedade do Caboclo, a faceirice minha vida me fez sentir a força de sua in- das moças, a firmeza do Exú, o jogo de cincorporação, daí por diante enveredei por um tura da Malandragem e a felicidade das Crilongo caminho, iniciei numa casa de Can- anças (erês)... domblé, que tocava Umbanda também, a- É também a oportunidade dada a nós que prendi, conheci vários universos dentre es- escolhemos e fomos escolhidos de propagar sas maravilhosas religiões, fui de a simplicidade e força de nossa religião. É “Umbanda Traçada”, “Omolokô”, ter orgulho, porque em nossa Doutrina fala“Umbanda Branca”, tive a honra de conhe- mos com o “Alto” e com o “Embaixo”, 30


lidamos com dores, sorrimos, transformamos, abraçamos, sem distinção de cor, raça, credo, saber, condição material, espiritual e até opção sexual, sabemos que perante a eles todos somos um... Umbanda (Uma Banda)...

Malandros, Ciganos, Baianos, Marinheiros, Cangaceiros... Outra mudança fundamental e que realmente nesse centenário se torna o divisor de Águas para uma estrutura complexa, firme e cada vez mais forte, é a busca do aprendizado, é o entendimento, que assim como o mundo, evolui, precisamos mostrar que nossa religião é tão forte justamente por ser fundamentada na força e ensinamentos da própria Natureza. Falando de Axé O que você poderia nos falar sobre o completar dos 103 anos de Fundação da Umbanda, neste ano?

Mãe Elis Podemos dizer que somos vitoriosos... Porque completar 103 anos de uma religião completamente descriminada, em que podemos constatar absurdos vindos, não somente de outras religiões que esquecem o sentido principal do livre-arbítrio, fraternidade, amor ao próximo e de um Pai maior que é UNO a todos, temos também adeptos de nossa própria Umbanda (que se intitulam umbandistas...) que transformam nossa religião em algo muito longe do que foi e é passado por nossos Guias espirituais. Mas graças a Lei Divina, paralelo a tudo isFalando de Axé Como você descreve a Umbanda de hoje, so, existe um movimento cada vez maior será que possui diferença em relação à Um- vindo de todas as esferas, espirituais e carbanda de antes? nais de desmistificar, ensinar e realmente fundamentar nossa religião, por isso podemos dizer que nesse momento ela se enconMãe Elis A Umbanda é uma religião tão vasta justa- tra em processo de crescimento estrutural. mente por essa capacidade mutável que possui, capacidade de agregar as mais diferen- Falando de Axé tes visões, doutrinas e principalmente opor- Para você, qual é a Importância das Criantunidade de aprender com os ensinamentos ças e dos Jovens dentro da Religião Umbandaqueles que são muitas vezes mal vistos dista? pela “sociedade”. Exemplos dessa diferença da nossa “Umbanda de antes”, podemos ver Mãe Elis em entidades que vieram somar a nossa reli- Assim como para qualquer religião ou o gião e que antes eram desconhecidas, tais próprio mundo, eles são o futuro... como: Temos que descortinar a nós primeiramente

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e depois aos nossos filhos, eles têm que terem orgulho e entendimento, para ao serem questionados sobre sua religião, poderem dizer livremente: Sou Umbandista, sem medo de retaliações, chacotas ou descriminações. A mediunidade não pode ser vista como um fardo, tem que ser explicada pois é uma faculdade inerente a todos nós e desenvolvê-la cria em nós uma energia altamente positiva e Divina. Em todas as religiões, vemos Pais que levam seus filhos e ensinam desde novos o caminho de sua Fé e a vivência se dá por osmose, porque na nossa que é tão bela não o fazemos também? Afinal, ensinamos a ter Fé, praticamos a Caridade, valorizamos muito a ajuda ao irmão, nossa religião não é para ser escondida e sim propagada e somente através de nossas crianças e do ensinamento de nossa Doutrina, atingiremos esse ideal.

de estruturar os médiuns de minha casa, atualmente somos por volta de 50, tenho médiuns comigo há 3 anos, que é o tempo que nossa Casa foi fundada - 15/11/2008, exatamente no centenário da Umbanda, mas desde de seu início visei o desenvolvimento mediúnico, trabalhando de portas fechadas, ou em pontos da Natureza, até por falta de local para trabalho, neste ano em 23/04/11 abrimos nossa Tenda à Público numa belíssima Homenagem ao grande Sr. Ogum. Trabalhamos desde então com muito desenvolvimento, Giras de atendimento ao público, e como converso muito com eles, temos que fundamentar nossa casa, poderíamos dizer que eles são os funcionários de uma grande empresa e que precisam estar bem capacitados para poder crescer cada vez mais. Já estamos em andamento com projetos de ensino para nossas Crianças e Jovens, Tratamento Holístico para os que necessitarem e muito por vir daqui pra frente.

Falando de Axé O que justifica pra você, a Umbanda ser u- Falando de Axé ma religião tão descriminada? De acordo com a sua vivência, o que você acredita que falta, para que nossa religião seja mais respeitada e menos descriminada Mãe Elis A falta de conhecimento, de divulgação, de por todos? clareza sobre a verdade de nossa doutrina. A vaidade de alguns que intitulam que seu guia pratica o mal, que castiga, que sua casa é “forte” porque faz “trabalhos pesados”... Casas que cobram, trabalham com amarrações, prometem milagres e comercializam a fé, e para todos esses casos recorrem ao nome de Umbanda. Transformando a grande oportunidade do ato da incorporação num verdadeiro circo de horrores... Falando de Axé Em seu Templo de Umbanda, é realizado algum projeto social? Se sim, por quê? Se não, por quê? Mãe Elis Nesse momento ainda não. Estou em fase

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Mãe Elis Cabe a nós, médiuns de Umbanda, mudar essa imagem negativa cultuada ao longo do tempo. Entender que “Levar ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá” está muito mais do que palavras de nosso hino... Está em mostrar a verdadeira face da Umbanda, que é uma religião que prega as mesmas verdades e busca a mesma paz de espírito que todas as outras religiões. Umbanda é dedicação, disciplina, doação, respeito, reforma íntima, é a conscientização sobre o Bem e o Mal. Umbanda não é milagre, mas merecimento. É estudo e consciência e não comodismo ou achismo. É respeito à natureza, pois Umbanda é natureza.

é diferente de mim...), é dona de uma sabedoria ímpar, que me faz ouvir, que me mostrou ao longo desse caminho a minha missão e a deles (meus guias) junto a mim e a essas “crianças”, seus “fiotos” como ela carinhosamente os chama. Mas tem muito mais, tem a seriedade de DªJupira, a firmeza de seu Giramundo, a esperteza de Mariazinha, o desprendimento de seu Caveira, a leveza de Mª Cigana e o ensinamento e talvez a maior lição de vida espiritual que já tive que se chama Mª Navalha (um dia em outra prosa eu conto...). Falando de Axé Para finalizar essa nossa maravilhosa conversa, qual é a Mensagem que a senhora deixa para os Umbandistas?

Falando de Axé Mãe Elis, você poderia nos falar o que Mãe Oxum, seu Orixá de Cabeça e Vovó Cam- Mãe Elis binda representam em sua vida? Orgulhem-se de serem Umbandistas, tragam no Peito, na Alma, na Fé. Estudem, pois, só assim daremos base e traremos respeito a nossa religião. E acima de tudo pratiquem a Umbanda, sejam umbandistas 24 horas ao dia e não somente no momento de adentrar em sua Tenda. Deixo a todos um ponto feito pela médium e intérprete Rosana Pinheiro no qual o transformei em hino da T.U.E.A Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda, que acho perfeito como mensagem a todos os Umbandistas...

Mãe Elis Nossa! Simplesmente assim: TUDO! Oxum é minha Vida, meu Caminho, minha Luz, minha Srª Amada, Querida, que me acalenta, me repreende, me direciona e me dá sentido... Minha “Velha” é a calma em pessoa (como

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“ESTAVA NA BEIRA DE UM CAMINHO, CHORANDO, SOFRENDO SOZINHO, DE REPENTE UMA LUZ ME APARECEU, ESSA LUZ VEIO DE OXALÁ, ESSA LUZ VEIO DE DEUS. ESSA LUZ ME APONTOU UM NOVO CAMINHO, HOJE SOU FILHO DE UMBANDA, NUNCA MAIS ESTOU SOZINHO. É, É, É, É, UMBANDA É PRA QUEM TEM FÉ, PRA QUEM TEM FÉ É, É, É, É, UMBANDA É CARIDADE, UMBANDA É FELICIDADE.”


T.U.E.A - Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda Cascadura - Rio de Janeiro/RJ. Tel. 21 3471-2114 http://www.estradacigana.blogspot.com/

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Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011

A Umbanda completou (15/11/2011) seus 103 anos, desde que o Caboclo das 7 Encruzilhadas anunciou o seu início. Foram 103 anos difíceis de perseguições, incompreensões e todo o tipo de preconceito que se possa imaginar. Não foram anos fáceis e os anos que vem pela frente não serão menos difíceis do que os que passaram, isso porque o preconceito ainda é grande e muitos ainda vêem a Umbanda apenas como forma de trazer a pessoa amada em 7 dias ou qualquer outro tipo de “amarrações” que anunciam por aí, sujando o nome da nossa religião. Mas nós resistimos e resistiremos a qualquer tipo de preconceito porque o verdadeiro umbandista trás dentro de si a esperança das crianças, a firmeza dos caboclos, a sabedoria dos pretos velhos, a coragem do povo baiano, a capacidade de adaptação do povo cigano e o jogo de cintura dos nossos compadres e comadres. O verdadeiro umbandista não vai ao terreiro à procura de trazer a pessoa amada em 7 dias, não vai ao terreiro à procura de amarrações e nem à procura de riquezas materiais. O verdadeiro umbandista está sempre à procura de outro tipo de riqueza, a riqueza espiritual, a riqueza da sabedoria em lidar com as questões difíceis do dia-a-dia, a paciência de aguardar o que não está em tempo, a firmeza e a coragem para enfrentar de frente todas as intempéries da vida, a capacidade de mudar quando a mudança é realmente necessária e a alegria de receber apenas o que lhe é designado. O verdadeiro umbandista sabe como agir ou sabe a quem recorrer quando lhe falta a sabedoria para lidar com as questões mais difíceis, quando lhe falta coragem para encarar de frente o que deve ser encarado, quando lhe falta o olhar da simplicidade para enxergar o verdadeiro motivo das coisas e quando lhe falta o jogo de cintura para lidar com os inimigos mais traiçoeiros que aparecem. Sim, estamos aqui pacientemente firmes levando a nossa mensagem para todos os que desejam ouvi-la, senti-la e vivê-la. Somos e sempre devemos ser a mão que acolhe sem pré julgamentos, sem o olhar de reprovação e apenas com a bondade no coração e na alma. Parabéns, Umbanda, por seus 103 anos e por todos os outros que ainda virão. Obrigado, Umbanda, por fazer de nós pessoas ainda melhores.

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http://www.saravaumbanda.com/textos/103-anos-de-umbanda


Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei . 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena”.

Livro do Mês Ao apresentarmos esta obra, não foi o nosso intuito fazermos Umbanda. Quando nascemos, ela já existia. Nem ensiná-la em suas práticas a pais de santo, babá e tatás. Mas, formularmos pequeno e humilde estudo, até mesmo superficial, de sua existência, visando mostrar virtudes, princípios e fundamentos, além de falhas (não dos guias e protetores, mas de dirigentes e praticantes), que sirvam para orientar futuros interessados em dar-lhes bases estruturais definitivas.

A Umbanda às suas Ordens J. Edson Orphanake Tríade Editorial

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Vintes e poucos anos de estudos e pesquisas não foram suficientes para penetrarmos “in totum” a Umbanda. Mesmo porque sua profundidade é infinita como a espiritualidade, da qual faz parte... Mas, se nosso pequeno estudo puder, ainda que insuficientemente, contribuir para melhorar a compreensão de irmãos carentes de entendimento de pontos que lhes pareçam obscuros, no emaranhado religioso Umbandista, já nos damos por satisfeitos. O Autor.


SANTO DO MÊS Nossa Senhora do Rocio, A Mãe Padroeira do Paraná 15 de Novembro A Falando de Axé esse mês, através da coluna Santo do Mês, homenageia Nossa Senhora do Rocio, a Santa Padroeira do Paraná, sincretizada com a Orixá Oxum e algumas vezes com a Orixá Iemanjá, em alguns Templos de Umbanda do Paraná, uma maneira que o Idealizador desta Revista, Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) encontrou para homenagear a Santa Padroeira de seu Estado (Paraná), que tem sua festa comemorativa realizada todo dia 15 de Novembro na Cidade de Paranaguá, cidade onde o mesmo nasceu e reside. Vamos agora conhecer um pouco de Nossa Senhora do Rocio. O culto à Virgem do Rocio teve inicio no séc. XVII, logo após a elevação do pelourinho em Paranaguá, em 1648. Quando, em 1686, os habitantes desta Vila, às margens de sua baia, foram assolados por uma peste, essa gente recorreu aos favores de Maria, Mãe de Jesus, invocada neste título, para que os livrasse desta terrível lamúria. Desde aí, esta Virgem vem sendo o socorro das aflições dos devotos católicos paranaenses. Rocio era o perímetro das Vilas, onde terminava a povoação, o arruamento, e começava a se condensar orvalho matutino. Rocio quer dizer orvalho, em português arcaico Nossa Senhora do Rocio é Nossa Senhora do Orvalho Matutino, Nossa Senhora do Amanhecer. O Paraná amanheceu no rocio de Paranaguá As festas do Rocio fizeram-se famosas pelos fandangos caboclos, com violas, rabecas, e tambores de madeira tiradas das árvores das ilhas e dos manguezais da baía de Paranaguá. Na gravura da Impressora Paranaense (casa fundada pelo Barão do Sêrro Azul), o pintor paranaense Arthur Nísio - na época do Centenário do Paraná (1953) - idealizou a Virgem, orvalhando com sua bênção, seu santuário e a baía, antes das modificações que o afastaram do mar. O Papa Paulo VI em 1977 declarou Nossa Senhora do Rocio como a padroeira do Paraná, sendo a iniciativa ratificada pelo governador Jaime Canet.

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A proclamação como Rainha do Paranaguá Foi durante a 24ª Assembléia dos Bispos do Paraná, que Dom Bernardo José Nolker comunicou a realização de uma aspiração do Episcopado e do povo do Paraná: Nossa Senhora do Rocio fora proclamada Padroeira Perpétua do Estado do Paraná. No dia 11 de março de 1977. A petição havia sido feita por dois Arcebispos e 22 bispos do Estado do Paraná, além dos pedidos formais do governador do Estado, Poder Legislativo e Judiciário. A concessão feita ao estado do Paraná, pelo que se sabe, é a única, não constando que outros Estados a tenham conseguido ou solicitado. O Decreto Decreto, Protocolo CD 768/77 da Sagrada Congregação para os sacramentos e o culto Divino, declara em nome do Papa Paulo VI, Nossa Senhora do Rosário do Rocio eleita Padroeira do Paraná, junto a Deus. O Protocolo fez-se acompanhar de Breve Apostólico (carta) com data de 30 de julho de 1977, assinada pelo Cardeal João Villot, Secretário de Estado do Vaticano, declarando Nossa Senhora do Rocio Padroeira do Paraná para o presente e futuro, "ad aeternum". Dom Bernardo José Nolker, Bispo da Diocese de Paranaguá, onde está o Santuário da padroeira, entende que o privilégio que o Papa concedeu servirá para intensificar a devoção a Nossa Senhora. D. João Francisco Braga, primeiro Arcebispo do Paraná, há mais de cinqüenta anos. Assim se expressava: "Que a província Eclesiástica de Maria tenha o seu Santuário, de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá". Histórico A referência histórica mais antiga é de 1686, quando da epidemia chamada "Peste da Bicha", em Paranaguá, narrada por Vieira dos Santos, quando a cidade contava com apenas 38 anos de fundação e a devoção à Virgem do Rocio já havia conquistado a população que a cultuava num modesto oratório doméstico, próximo à praia, onde fora encontrada por pescadores. Em fases sucessivas de acontecimentos, esta devoção tem longa história até o estágio atual. Entre outras seguem-se algumas datas marcantes. Em 1939 a imagem de Nossa Senhora deixou seu Santuário em Paranaguá, para ser transportada à Curitiba, em viagem triunfal, a fim de presidir os atos que marcaram o Jubileu da Congregação Mariana da Catedral. Em 1948, pelo Jubileu Episcopal de D. Ático Eusébio da Rocha, Arcebispo Metropolitano, realizou-se o 1º Congresso Mariano do Paraná, que antes do atual decreto tinha um sentido apenas popular.

Em 1953, pela terceira vez a imagem esteve em Curitiba para presidir o Congresso Eucarístico Nacional, na oportunidade, o Paraná comemorava o seu 1º Centenário da Emancipação Política. Nessa ocasião, a imagem peregrinou também durante 105 dias, pelo interior do Estado. 38


Começaram então a chegar às mãos do arcebispo Metropolitano, Dom Manoel da Silveira Delboux, inúmeros pedidos para solicitar ao Papa que declarasse N. Sra. do Rocio Padroeira do Estado do Paraná , o que hoje tornou-se realidade. Perante o privilégio agora concedido e em face da atual renovação da igreja, no sentido de atualizar-se. D. Bernardo afirmou: "Não é coincidência mais esta conquista mariana, onde os Redentoristas têm um importante papel. Nosso Fundador, S. Afonso de Ligório foi grande devoto de Maria e deixou esta herança espiritual a seus filhos que a levam através dos séculos. Sob nosso cuidados estão o Santuário de Aparecida, em Aparecida/SP; a igreja do Perpétuo Socorro em Curitiba recebendo mais de 30 mil fiéis por semana. E, agora, em Paranaguá, o Santuário de N. Sra. do Rocio, Padroeira do Paraná. Os Redentoristas teriam então nesse momento a missão de fortalecer a devoção mariana, porque os brasileiros são devotos de Maria desde as origens de nossa história, a partir da catequese de Anchieta. Atualidades Todo o ano, de 06 a 15 de Novembro, realiza-se na histórica cidade de Paranaguá, litoral do Paraná - Brasil, a Festa de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Estado. O dia da Festa, 15 de Novembro, é marcado por inúmeras celebrações, para as quais acorrem milhares de fiéis romeiros de varias cidades do Paraná, além da incontável presença de devotos da Diocese de Paranaguá, onde se localiza o Santuário da Padroeira. "A devoção a Nossa Senhora do Rocio tem raízes profundas na vida do povo do litoral do Paraná, pois data dos meados do século XVII, pouco tempo após a elevação de Paranaguá à Vila, em 1648" (Pe. Karl Eugene Esker, Jornal "Voz Vicentina do Paraná").

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Segundo nos relata o historiador paranaense Vieira dos Santos, já em 1686 os habitantes da então Vila de Paranaguá "haviam recorrido aos favores da Virgem do Rocio para que os livrasse da terrível peste que assolava o litoral, nessa época". Antes dessa data, sabemos somente que um pescador chamado Pai Berê achou a imagem que é de Nossa Senhora do Rosário, em estilo barroco. Uma lenda diz que ele retirou a imagem da margem da baía na rede, enquanto pescava. Outra diz que a encontrou num campo de rosas loucas, no barranco à beira da baía. Por um tempo ficou num oratório na casa de Pai Berê, onde se tornou objeto da devoção dos pescadores, sendo batizada com o nome de Nossa Senhora do Rocio.

"O culto à imagem se difundiu, aumentando a fé e a esperança em Nossa Senhora do Rosário do Rocio, atraindo devotos não somente das redondezas, mas também da Vila" (Waldomiro Ferreira de Freitas, Aspecto Histórico e Turístico de Paranaguá). Milagres atribuídos a Nossa Senhora do Rocio Através dos anos, a devoção cresceu até o milagre que deu fim a peste, em 1686, milagre que se repetiu ao longo dos séculos em inúmeras ocasiões em que a Santa do Rocio atendeu aos seus devotos com curas individuais e coletivas, como nos casos da Peste Bubônica, em 1901 e da Gripe espanhola, em 1918. Há ainda inúmeros registros do socorro da Virgem do Rocio prestado aos marinheiros em violentas tempestades e tragédias no mar, os quais se tornaram seus devotos e a homenagearam com procissões e comoventes romarias pelas ruas da cidade, rumo ao Santuário. É o caso do navio "Raul Soares", no dia 26 de junho de 1931; do navio "Philadélphia", em julho de 1931; e do navio "Maria M", no dia 08 de agosto de 1932.

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Oração à Nossa Senhora do Rocio, A Padroeira do Paraná (15 de Novembro)

Virgem Gloriosa do Rocio, Mãe e Rainha de teus filhos todos, eis-nos aqui para te louvar, te bendizer e agradecer por tudo que somos, por tudo que temos, por tudo que fomos chamados a ser. Humildemente pedimos, ó Mãe bondosa, o teu olhar misericordioso sobre todos os nossos momentos de desamor, sobre todos os nossos pecados. Imploramos aos teus pés, Mãe querida do Rocio, aquela chuva de graças sobre graças para nossa Pátria, as nossas famílias, os nossos filhos, os idosos, os doentes e aflitos, os deprimidos e os excluídos. Fortalece as nossas comunidades, faze crescer o Reino da Paz, da justiça, do amor, do perdão e da misericórdia. Virgem Senhora do Rocio, Santa Mãe querida, abençoa - nos, protege-nos, levanos ao encontro eterno com teu Filho Jesus. Amém. Assim seja!

Fonte: http://www.cot.org.br/igreja/ns-rocio.php 41


PERSONALINADES NEGRAS Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil Zumbi, símbolo da resistência negra Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 – não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras. Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares. Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife. O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo. 42


Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares. Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje. Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco. Contudo, em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição. “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

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A Revista Falando de Axé está fazendo uma promoção de divulgação, faça suas divulgações na Revista, nos próximos meses: Janeiro, Fevereiro e Março. GRATUITAMENTE!!! É só entrar em contato conosco, mandando sua divulgação pelo e-mail: falandodeaxe@live.com Ou nos contatando pelos telefones: 41 8469-1985 (OI) – 41 9805-9770(TIM), Hérick Lechinski. Aguardamos seu contato...

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