Praça D. Joao I - Um palco

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Praรงa D. Joรฃo I - Porto Um Palco

Ricardo Miguel Nunes Leal - Turma D - Planeamento Urbano - FAUP 2006/2007


Ă?ndice 3

Um Palco

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Anexo

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Bibliografia

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Praça D. João I - Um Palco “A praça D. João I, monumentalizada pela construção de dois edifícios notáveis, o “arranhacéus” de Rogério Azevedo e o Palácio Atlântico de ARS-Arquitectos, que rompem a escala dos edifícios civis da cidade, é um exemplo muito interessante da retórica compositiva de neo-racionalismo fascizante, que aqui encontra um momento único no nosso país (…).”1 A proposta de Alexandre Alves Costa e de Sérgio Fernadez no âmbito da “Porto 2001 – Capital da cultura” apoiou-se na assunção de que a cidade do porto deixou de necessitar de mais planos no sentido moderno, mas sim de planos feitos para “consolidação e ordenamento da cidade existente” e não para expansão. A praça foi tratada com uma certa autonomia projectual ao ser interpretada como um “meeting point” por se encontrar no cruzamento de duas ruas, as quais representam duas correntes de interesses diferentes – Bonjardim e Passos Manuel/Magalhães Lemos. Assim, a Praça D. João foi completamente redesenhada decidindo-se, no entanto preservar a sua simetria e orientação – subjugada ao edifício dos ARS-Arquitectos e que ignora o resto da envolvente. Mesmo tendo sido avaliada como a proposta que melhor compreendia a Baixa como espaço de estar, essa mesma proposta acabou por não conseguir atingir os seus objectivos. Dentro das contestações mais apregoadas figuram algumas decisões projectais como a decisão de não repor o pavimento original de calçada à portuguesa e a remoção da fonte central a qual repousa agora na Praça do Marquês. A substituição da calçada portuguesa em diversos pontos da cidade tem sido, talvez, um dos maiores baluartes dos críticos às recentes intervenções urbanísticas a par da remoção dos espaços verdes como aconteceu no apelidado “sizentismo” da Avenida dos Aliados. O objectivo da eliminação do “chafariz” foi exactamente o de recuperar o desenho original do pavimento, mas em material marmóreo, brilhante, “como que permanentemente humedecido”. Outra proposta não cumprida foi o retorno de actividades comerciais aos locais da antiga Garagem Fénix e outros que estão fechados à Praça. De facto estava proposta a existência de um “moderno e cosmopolita café e restaurante ampliado em esplanada para a praça e aberto até às duas ou três horas da manhã, se possível com música ao vivo”. 1

A. Alves Costa e Sérgio Fernadez in Porto 2001 - Regresso à Baixa

Desenho original da Praça D. João de ARS-Arquitectos que desenharam tanto o edifício do Palácio Atlântico como o arranjo urbano. Repare-se no “autismo” do seu desenho em relação ao resto da envolvente.

Vista da praça a partir de rua Passos Manuel - é na praça que a rua Passos Manuel establiza a cota. Vista aéria onde se pode ver a fonte.

Proposta de Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez inserida nas intervenções da “Porto 2001 - Capital da Cultura”. O desenho preserva a orientação e simetrias originais. Repare-se no desenho cuidado demarca a plataforma central separando-a dos demais espaços. A homogenização dos espaços seria conseguida pelo pavimento em microcubo que contamina o perímetro da plataforma central alastrando-se aos passeios. A área em frente ao rivoli apresenta-se como que cortada por uma via de transito condicionado que acaba por separa-la da plataforma central.

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Tanto a proposta de José Gigante como a de Pedro Ramalho, identificaram que o desenho da praça era nitidamente protagonizado pelo edifício do Palácio Atlântico e que a sua clara simetria fazia (faz?) com que a praça pareça quase que exclusivamente comprometida com o edifício. Logo, a simples conexão da plataforma central da praça à frente edificada do Teatro Rivoli, para enfatizar o sentido pedonal da área envolvente, iria acentuar os desequilíbrios se apenas se limitasse a esse acto. Estas propostas propunham, assim, a negação do papel dominante do edifício do Palácio Atlântico, introduzindo subtis mudanças e apostando em limites mais difusos o que iria permitir que a praça extravasasse a sua configuração de origem passando a reconhecer toda a envolvente. José Gigante propunha um desenho que reinterpretasse o sentido original da praça tendo em conta as novas relações que a alteração de usos sugere. As escadas continuariam a articular os níveis entre as ruas e a plataforma central da praça mas apostando na continuidade em vez da demarcação. Propunha também que o tabuleiro superior avançasse, cobrindo eventuais áreas de esplanada e galeria comercial articuladas com o estacionamento.

Proposta de José Gigante foi prejudicada por uma certa indefinição na concretização dos conceitos.

Com a perda do seu elemento central, a fonte, a Praça D. João I adopta um carácter ainda mais inóspito que com a simples falta de fixação e só em certas ocasiões é um espaço com vida própria. É uma praça ampla e moderna com boas acessibilidades, mesmo para deficientes motores, situa-se num local central e possui um bom parque subterrâneo – embora com preços algo excessivos - para além de ser um local relativamente seguro de dia dada a excelente visibilidade que existe em todos os pontos da praça e o movimento perimetral constante de pessoas. É o local ideal para se assumir como um palco ao ar livre para a realização de diversos eventos que envolvam grandes massas sejam concertos, teatro, animação de rua cinema ou transmissões de eventos em ecrã gigante. De facto já confirmou este estatuto quer com o Euro 2004 quer com o recente Festival de Marionetas durante o qual foi implantado um tapete de relva natural que potenciou uma verdadeira ocupação pelos cidadãos ou visitantes que por lá se estiraram numa breve semana de verão. A praça num dia qualquer e durante o Festival de Marionetas realizado em 2006.

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O que intriga é a necessidade de subterfúgios externos a sí mesmo deste privilegiado espaço para a sua dinamização - um dos poucos espaços na cidade do porto que se encontra tão racionalmente contido. Ou seja, contrariando as virtudes acima referidas a Praça não cria simpatia junto da população, não é um espaço aprazível e para onde as pessoas se desloquem propositadamente. É um local utilizado como passagem e que em situações normais se encontra desprovido de utilidade não existindo estruturas de apoio nem espaços verdes. O espaço central encontra-se sempre deserto e poucos se sentam nas escadarias. A animação da praça não é feita regularmente, existindo acontecimentos esporádicos que não fixam um público específico. A praça sente saudades do Euro 2004. Contextualizando a praça na cidade do Porto observa-se a existência de outros locais com as mesmas valências entre os quais o espaço entre o jardim da Cordoaria e a antiga Cadeia da Relação. A existência de tais espaços, pouco acolhedores mas perfeitos para eventos ao ar livre é essencial para a vida urbana de uma cidade. O que pode ser criticável é a existência de um número exagerado de tais espaços dada a quantidade de espectáculos existentes no Porto. Antes da remodelação (quase simultânea) destes três locais devia ter sido feito um estudo sobre a capacidade empreendedora, em termos artísticos e económicos, da sociedade portuense para organizar eventos culturais regulares nestes recintos. Caso esse estudo tenha sido efectuado, com esta análise chega-se à conclusão que na Praça D. João I ele falhou.

A praça durante o Euro 2004.

Perfil da Praça D. João I, no qual se vê a plataforma central de níel.

Por outro lado, os eventos ao ar livre estão muito dependentes das condições atmosféricas. Dado não existirem estruturas de protecção em relação à chuva, e sendo o Porto uma cidade pouco habitada nos meses de Verão, existe logo aí um grande óbice à organização de eventos. Por outro lado, os investimentos da cidade do Porto efectuados na área cultural têm sido menores de ano para ano, o que não augura um futuro melhor para esta praça. A inexistência de esplanadas, cafés e restaurantes também tem um efeito bastante negativo.

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Se é certo que a Praça foi construída para dar visibilidade à sede um um banco, a criação de um pólo contrastante no lado oposto beneficiaria o espaço, contrariamente ao que acontece já que existe uma sucursal do mesmo banco no edifício sul. Por ultimo, o Rivoli, a poente, vive à margem de um local que foi remodelado com o objectivo de servir como um “terceiro auditório”, com uma relação “nem óbvia, nem exclusiva” sendo que a interacção entre os dois espaços, embora exigível, é inexistente. O regresso à baixa acontecerá se esta se transformar num local aprazível e que satisfaça diversos grupos de utentes desde aqueles que procuram espectáculos de rua até aos que anseiam por calmas esplanadas onde satisfarão o prazer pela leitura passando pelos cinéfilos que procuram obras de culto.

As escadas podem servir como um anfiteatro, ou para exibir instalações. Pessoas a assistir a teatro de performance no tapete de relvado natural e instalação da escultora Néle Azevedo de mil esculturas de gelo, ambos os eventos inseridos na programação do Festival da Marionetas realizado no Teatro Rivoli, festival que renomeou a praça para “Espaço do Encontro” durante a duração do mesmo. Cidadãos e turistas apareceram e permaneceram, alguns avisados outros apanhados de surpresa.

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Anexo

Proposta Para a zona “Leste B” das intervenções “Porto 2001”.

Maquete e Vista aéria durante as obras.

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Bibliografia Porto 2001: Regresso à Baixa – Edições FAUP, 2000 Internet: Diário de Notícias, 12 Setembro 2006 Blogue Ouriço Cacheiro - http://ouricocacheiro.blogspot.com/ Blogue Portuense - http://portuense.blogspot.com/ Blogue Pelos Caminhos de Portugal - http://peloscaminhosdeportugal.blogspot.com/ A Baixa do Porto - http://www.porto.taf.net/ Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana - http://www.portovivosru.pt/

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