O bom dinossauro 2015

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O que os nossos brinquedos fariam quando não estamos por perto? E se o bicho papão não conseguisse voltar para “casa” depois de visitar o quarto das crianças à noite? Se a sua família tivesse superpoderes, como fazer para esconder as habilidades do restante da sociedade? Foi assim, brincando com a imaginação de crianças – e adultos! – que a Pixar construiu um line-up de longas de animação capaz de emocionar o mais duro dos habitantes do planeta, ao longo de pouco mais de 20 anos de história(s).

Note que “não tem a mesma força das produções anteriores da companhia” não significa não ter força nenhuma. Apesar de não ser exatamente emocionante (no sentido de excitante), The Good Dinosaur (no original) é emotivo; ou seja, apela para o coração, mais do que entrega uma experiência de diversão completa – a que a Pixar nos acostumou (ainda mais com a complexidade de Divertida Mente fresca no imaginário).

Após viver uma tragédia pessoal, o jovem protagonista se perde da família e – ao formar uma dupla com o humano Spot (menino, que é uma espécie de animal de estimação do dinossauro), tem como missão a jornada de volta para casa.

Com O Bom Dinossauro, a premissa é: e se o asteroide que atingiu a Terra há 65 milhões de anos, extinguindo os dinossauros, tivesse errado o alvo? Um ponto de partida criativo e condizente com as especulações fantasiosas do estúdio a respeito do “cotidiano”, mas que resulta em um filme que não tem a mesma força das produções anteriores da companhia.

Na trama, uma vez que a tragédia maior (a colisão) é evitada, conhecemos Arlo, um dino teen, e sua família. A espécie do nosso herói vive em paz com a família, tendo a agricultura como base da sobrevivência do grupo – outra boa sacada, quando o filme do diretor Peter Sohn (estreando no comando de um longa, ele é um rosto conhecido da empresa – literalmente – uma vez que, além de ter trabalhado no departamento artístico e no texto de filmes como Ratatouille e Wall-E, serviu de inspiração para o menininho de Up - Altas Aventuras) põe nas patas dos jurássicos animais o desenvolvimento da prática agrícola como inevitável.


A aparição do Forrest Woodbush (voz do próprio Sohn), um tricerátopo meio hippie, meio nonsense, é um lampejo em meio aos personagens um tanto quanto previsíveis. Mas é só uma participação, infelizmente, desse que poderia ser o alívio cômico do filme.

É sutil a construção das relações entre os personagens – principalmente o elo que se estabelece entre Arlo e Spot –, com o intuito de espalhar a mensagem do quão importante a família é – o que é conduzido evitando a pieguice (ufa!). No fim, fica difícil não chorar com O Bom Dinossauro; tampouco rir.

Foi-se o tempo em que as animações eram um tipo de produção destinado única e exclusivamente ao público infantil. Os supracitados (ou referenciados) Toy Story, Monstros S.A. e Os Incríveis (só para permanecer na Pixar), por exemplo, são provas de que “desenho animado” pode agradar tanto às crianças quanto aos pais que as levam aos cinemas. E é nesse sentido que O Bom Dinossauro deixa a desejar. Com uma trama quase pueril, o resultado é “apenas” infantil.

O foco na separação (mesmo que momentânea) da família, explorado à exaustão pelo cinema do gênero (Bambi? O Rei Leão? Em Busca do Vale Encantado – este, inclusive, protagonizado por dinossauros?) é replicado aqui com uma sensação de déjà vu. A novidade fica por conta da equipe técnica, capaz de recriar o cenário de maneira tão realista, que se confunde com o live action – num nível nunca antes visto na história dessa companhia.


113CURTIDAS A Pixar, desde o seu inicio, produziu animações que expandiram as possibilidades de se fazer desenhos animados. Em associação e depois fazendo parte do conglomerado da principal empresa de animação, Disney, aquela realizou filmes icônicos, como Toy Story (1995), Procurando Nemo (2003) e, o mais recente, Divertida Mente. Para começar o ano com chave de ouro, Pixar e Disney lançam mais um longa: O Bom Dinossauro. Arlo, ao contrário dos seus irmãos, tem uma série de dificuldades em se estabelecer no mundo. Os pais tentam fazer com que ele consiga se desenvolver de todas as maneiras. Os irmãos, obviamente, como acontece em todas as famílias – seja de dinossauros, seja de humanos – brincam com o irmão menor por causa dos seus problemas. Ele, então, é a força-matriz da história. Os acontecimentos acabam girando ao seu redor e vamos conhecendo diversos personagens ao longo do filme.

Baseado na ideia do E se…, O Bom Dinossauro conta a história de uma família de Apatossauros que vivem no meio oeste do que seriam os Estados Unidos atualmente. O pai, Poppa (Jeffrey Wrigh, da franquia Jogos Vorazes), a mãe, Momma (Frances McDormand, de Terra Prometida) e seus filhos, Buck (Marcus Scribner), Libby (Maleah Nipay-Padilla) e o pequeno, medroso e desajeitado Arlo (Raymond Ochoa) formam essa família. E é pelos olhos de Arlo que acompanhamos a história. Os mais importantes destes personagens são, exatamente, o cenário – o meio oeste – e uma pequena criança humana, Spot (Jack Bright). Arlo e Spot acabam se tornando amigos inseparáveis ao longo de jornada que o pequeno dinossauro enfrenta, exatamente, por causa de Spot. O departamento de animação está de parabéns. A reconstrução daquela localidade americana está impressionantemente real, principalmente, a água. Outro aspecto da animação que deixa qualquer um de queixo caído é a luz do sol, principalmente este em interação com água.


O Bom Dinossauro foi dirigido por Peter Sohn. Este é a primeira vez que o animador cuida desta parte em um longa. Apesar de novato, ele conseguiu fazer este trabalho perfeitamente. Ele trabalha com animação desde O Gigante de Ferro (1999), portanto, ele soube como uma deveria ser inteira e nos mínimos detalhes. Peter foi o responsável pelo desenvolvimento da história, criada por Bob Peterson, conjuntamente com este e mais Erik Benson (Carros 2), Kelsey Mann (Universidade de Monstros, como supervisor de animação) e Meg LeFauve (Divertida Mente). Esta última foi a responsável por finalizar o roteiro

A trilha sonora, como na maioria dos filmes – sejam animação, sejam live action – só pontua os diferentes momentos pelos quais Arlo vai passando. Criada pelos irmãos Danna, Jeff (A Lista, 2014) e Mychael (Transcendence: A Revolução, 2014), ela é foi bem executada, mas é bem arroz com feijão: básica e sem grandes momentos de genialidade. Stephen Schaffer (WALL-E, 2008) foi o editor. Ele também fez um trabalho arroz com feijão, porém de forma bem feita. Stephen deu a velocidade certa e pôs as imagens certas tanto em cenas mais rápidas, quando em cenas mais lentas. Quando é necessária uma transição, na qual as imagens poéticas possam ser usadas, ele soube fazer isto.

O Bom Dinossauro é mais um filme com qual a Pixar e a Disney nos fazem passar por diferentes emoções em um único trabalho. Muito bom!


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