Revista Infra nº 187

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Prédio | por Alexandre Raith

DESIGN E TECNOLOGIA Edifício em Belo Horizonte adota modelo construtivo que reforça o planejamento da obra e realça o aspecto estético

Fachada do Domani Business Center é revestida por vidro e alumínio composto, nas cores azul e prata

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m terreno de 1,8 mil m2 em uma região com expoente potencial econômico era o cenário para a edificação do Domani Business Center. Entretanto, havia um porém. A presença na área construtiva de um imóvel tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Diante desse contexto, a saída foi adotar a tecnologia BIM (Modelagem da Informação da Construção, em português), a fim de impedir os erros de projeto, reduzir o tempo de obra e evitar o desperdício de material na construção do empreendimento de 21 pavimentos, realizada pela incorporadora Caparaó. Segundo Bernardo Farkasvölgyi, Arquiteto responsável pelo projeto do Domani Business Center, a concepção do empreendimento partiu da situação do terreno. “Optou-se por realizar uma integração do espaço privado com o público, com a exclusão de muros e gradis junto ao recuo frontal, de cerca de 30 metros do alinhamento da rua até o edifício. Isso significa que pedestres podem circular em volta do imóvel, a partir de circulações definidas no projeto. Essa ideia se enquadra numa abordagem de uma arquitetura mais humanizada.”

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Raquel Colares

Segundo Farkasvölgyi, havia a prerrogativa de manter o conjunto cultural e a preservação dos elementos significativos que constituem seu contexto. Por isso, o imóvel tombado está em primeiro plano, sem interferência visual e apenas envolto pelo jardim. O Arquiteto ainda destaca a inovação estética e técnica do edifício, marcado por linhas modernas e materiais tecnológicos. “O desenho intui para a sensação de ritmo, a partir da proposta das variações dos triângulos nos três volumes verticais, que rodeia as quatro faces do edifício, salientadas pelas diferenciações de tons dos vidros”, explica. A fachada do Domani Business Center é revestida por vidro e alumínio composto, nas cores azul e prata. A variação de tonalidade pretende realçar a estética do empreendimento. Já a saliência em perfil de alumínio, aplicado em planos triangulares, ressalta as linhas que formam os triângulos. A casa presente no terreno também influenciou a escolha do produto. “O vidro aplicado no embasamento acentua a identidade do imóvel tombado e sua visibilidade. O Domani tem solução plástica coerente ao entorno,

Bernardo Farkasvölgyi, Arquiteto responsável pelo projeto do Domani Business Center

harmonizado com os bens tombados e respeitando sua relação com a escala urbana”, conta o Arquiteto. Já o projeto de paisagismo foi além do fator estético ao optar por vegetação adequada para aumentar a permeabilidade no solo e excluir espécies com raízes agressivas ou profundas, que poderiam danificar a estrutura da edificação.

SUSTENTABILIDADE CONSTRUTIVA A opção pela aplicação da tecnologia BIM mostra que o projeto do Domani Business Center estabeleceu prioridades sustentáveis desde a fase de pré-obras, já que as principais características de tal técnica são a racionalização e o planejamento. A etapa de implantação da infraestrutura predial também expôs preocupação com a sustentabilidade. O edifício conta com automação nos sistemas de iluminação, hidráulico, elétrico e ar condicionado, e nas portas de acessos. Além disso, há o reaproveitamento de água para irrigação e caixa de retenção de chuva. “Conciliar o design com as soluções estratégicas e sustentáveis de um empreendimento se apresenta como os grandes diferenciais dos projetos. Não apenas a escolha dos materiais é importante, mas a eficiência do processo construtivo também é fundamental, com redução dos desperdícios, mais agilidade e uma produção menor de resíduos”, acredita Farkasvölgyi. Na opinião do Arquiteto, é preciso ter sensibilidade para enxergar o projeto como um todo, e não apenas um aspecto em si. “A sustentabilidade inclui pensar a cidade e transformá-la em um lugar mais generoso, sem esquecer

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A inovação estética e técnica do edifício, marcado por linhas modernas e materiais tecnológicos, pode também ser observada no hall de entrada

a funcionalidade e a criatividade. O projeto tem de estar bem inserido no contexto, dialogar com a cidade e, principalmente, ser pensado e repensado do ponto de vista do observador que transita pelas ruas”, afirma o Diretor da Farkasvölgyi Arquitetura.

INFRAESTRUTURA PREDIAL Projetado pela DW Engenharia, o sistema de ar condicionado das salas comerciais é do tipo expansão direta, com uso de água para condensação do gás refrigerante recuperada em torres de arrefecimento. O atendimento individual se realiza por unidades condensadoras do tipo split, sendo que a aquisição e a instalação dos equipamentos, dutos, difusores e tubulações são de responsabilidade dos condôminos. Os engenheiros Danilo Werneck e Célia Lobo, da DW Engenharia, des-

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tacam entre os desafios do projeto a oferta de flexibilidade para a instalação dos futuros usuários, com menor custo de implantação e maior eficiência do sistema. Além da independência operacional, já que as torres e as bombas são responsáveis por cerca de 20% do gasto proveniente do sistema de ar condicionado. Os projetistas ressaltam, ainda, que as torres são de baixo ruído e comportam a utilização de sistemas tipo self contained digital scroll de alta eficiência e VRF, com condensadores para circuitos abertos. Enquanto os motores das torres e ventiladores dos sistemas de exaustão e ar exterior são dotados de partida soft starter. Já o projeto de elétrica, elaborado pela Projelet Ecom Engenharia, focou na eficiência energética. Um grupo gerador atende, com exceção do sistema

de ar condicionado, todas as instalações das áreas comuns, e o uso de no-breaks garante o funcionamento do sistema de segurança, que compreende CFTV, controle de acessos, rede de computadores e automação. O Diretor da Projelet Ecom Magno Costa destaca a compatibilização da arquitetura ousada às normas vigentes como um dos desafios do projeto. Para superar o obstáculo, a empresa realizou estudos de carga e propôs soluções para assegurar flexibilidade ao empreendimento. Para isso, a empresa projetista priorizou o atendimento automatizado das áreas comuns. Segundo Costa, toda a iluminação é controlada através de quadros de automação, enquanto os demais sistemas, como bombas e quadros elétricos, são monitorados por sistema supervisório.

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