Nem tanto, nem tão pouco - reflexões em educação socioambiental

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nem tanto, nem tão pouco algumas reflexões em educação socioambiental

FRANCISCO ANTONIO ROMANELLI

Varginha, MG – 2007

O presente trabalho constitui-se de pequenos artigos originalmente publicados entre os anos de 2004 e 2006 em colunas periódicas dos jornais Jornal do Sul de Minas e Correio do Sul, com circulação na região do Sul de Minas Gerais, e em outras publicações esparsas de diversas localidades.


À guisa de apresentação

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os que tiverem acesso a este trabalho, ou partes dele, confiamos a tarefa de bem aproveitá-lo.

Como?

Inicialmente, reconhecendo que todos nós precisamos melhorar nossas consciências ambientais: todos degradamos, todos somos responsáveis pela redução da qualidade ambiental do planeta e, por isso, sempre temos campo para aprimorar nossa consciência ambiental e social, em busca de um mundo melhor, mais justo, mais bonito, mais limpo, com mais saúde e com melhor qualidade de vida.

Devemos isso ao nosso planeta, a nossos semelhantes, a nós mesmos e, principalmente, a nossos descendentes. Nossos filhos

não deveriam ser onerados com a responsabilidade de consertar aquilo que estragamos. Nem deveriam sofrer, na saúde e na vida, as nefastas consequências de nossa inconsequência.

Aprimorar a consciência é essencial. Mas não é tudo. O leitor bem intencionado deverá aconselhar-se com sua consciência ampliada e fazer coisas práticas. Melhorar efetivamente o mundo que o rodeia, o mundo que é parte do universo a seu redor e sobre o qual tem influência. Qualquer pequena ação será sempre enorme, quando somada a inúmeras outras pequenas ações.

Por fim, a cada um de nós sempre cabe a missão de retransmitir, paciente e dedicadamente, a todos a quem pudermos, nossa ansiedade pela cura do ambiente planetário; a cessação da degradação e o início da recuperação. Somos todos educadores e dessa tarefa missionária não devemos nos apartar em nenhum instante de nossa existência.


NEM TANTO, NEM TÃO POUCO

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xistiria uma medida exata em que fosse possível avaliar o grau de consciência ecológica de cada indivíduo? Estamos todos em um mesmo barco, ou uma mesma nave, como queiram (ou em um lindo balão azul), viajando pelos confins do espaço, na periferia de uma galáxia que nós denominamos de Via Láctea. Sim. Somos punks da periferia. Algo como estar morando em um bairro que ficasse a dois ou três quilômetros do centro da cidade. Quando olhamos para o azul noturno estrelado e aveludado do céu (isso onde não há excesso de poluentes que ofusquem a visão), e vemos aquele caminho conhecido como via láctea, estamos, nem mais nem menos, que olhando as luzes do centro da "cidade", ou melhor, da galáxia.

Somos, portanto, algo como um cidadão classe média do espaço, que mora nos arredores do centro movimentado e nervoso da cidade. Somos pouco importantes, em termos astronômicos. Nossa estrela, uma estrela média, sem

características de grande importância, perdida dentre as prováveis outras duzentos milhões de estrelas da galáxia. Não bastasse isso, nossa galáxia se perde em seu próprio grupo local de galáxias e nosso grupo local se perde nas estimadas duzentos milhões de grupos. Enfim, olhar para o centro da cidade, para o brilho das estrelas mais distantes - e todas as visíveis a olho nu estão dentro da galáxia - é olhar para o infinito.

E o que isso tem a ver com o grau de consciência ecológica do indivíduo? Muito. Se soubéssemos o quão frágil e pequeno é nosso sistema planetário, a rede que abarca a vida e todos os sistemas vivos, teríamos mais cuidado com esse pequeno ponto azul esquecido em uma via secundária de uma periferia distante, em uma galáxia perdida, onde, para o macro, somos quimeras e poeira. Uma existência sem ser percebida, um sistema que desaparece na distração do imenso colosso de construções estelares que compõem a galáxia. Idem, para a nossa galáxia em meio às demais. Idem, para o ser humano em uma visão planetária...

Não somos tanto, mas também nem pouco. Partimos do princípio que somos dotados da maior riqueza que se pode imaginar no universo. A vida. E dentro de um quadro de tamanha fragilidade, essa vida precisa e merece ser cuidada e preservada. Conscientizar-se ecologicamente é perceber a importância desse quase nada que merece quase tudo; é batalhar pela sua permanência e persistência na vastidão do espaço. Ao infinito e além, sempre. Conhecer problemas sociais,


econômicos, ambientais é uma coisa. Estar consciente o risco que esses problemas representam ao nosso precioso tesouro, a vida, é outra conversa...

Os números, os dados, as estatísticas não mentem. Somos a maior das causas de destruição em massa da vida no planeta. Estamos reduzindo nossa biodiversidade a uma acelerada velocidade que pode estar chegando a duas ou três espécies extintas por hora. Nem mesmo a famosa catástrofe cósmica representada pela possível queda de um asteroide ou de um cometa nas costas do México e que provocou a extinção da dinastia sáuria no planeta se equipara à nossa força de destruição. Vamos nos conscientizar de que se não somos tão pouco, também não somos tanto a ponto de se arvorar na espécie que pode subjugar, dominar e destruir as demais. Tarde demais, aprenderemos que a extinção das espécies por nós gerenciada será a nossa própria extinção.


ÁGUA, O TESOURO QUE VASA PELO RALO

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im, quando se trata de recursos naturais, o Brasil é o grande vencedor. Medalha de ouro em quantidade de água (cerca de 13% da água potável disponível no planeta), em biodiversidade (quase 20% das espécies vivas), em florestas (cerca de 60% da maior floresta tropical úmida, a Amazônica). Mas, na direção oposta, somos também grandes competidores: alto índice de desmatamento (a Mata Atlântica está reduzida a míseros 5 ou 6% da área original – tendo como parâmetro o descobrimento oficial, 1500 -, a floresta Amazônica está sofrendo um desmatamento equivalente a uns três mil metros quadrados por hora), poluição atmosférica crescente (milhares de toneladas de carbono originárias das queimadas, dos motores a combustíveis fósseis, das fábricas) etc.

Fixemo-nos, por ora, no enorme desperdício da água. A metade da água distribuída é desperdiçada, quantidade que

daria para abastecer ao mesmo tempo a França, Bélgica, Suíça, Norte da Itália e Holanda, conforme atesta o teólogo, filósofo e ecologista Leonardo Boff. Ressalta, ainda, que, para que seja produzido um quilo de carne bovina, são gastos 15 mil litros de água; um quilo de vegetais, mil e 300 litros. Um ovo nos custaria mais de mil litros.

Apenas 3% da água existente no planeta são potáveis e somente 0,75% está acessível para consumo humano e utilização agrícola e industrial. A maior parte, cerca de 70%, vai para a irrigação e produção agrícola e para a agroindústria. As indústrias utilizam a média de 20% e 10% são utilizados nas casas. O maior desperdício vem na má utilização, distribuição irregular e poluição da água urbana e industrial. As construções e vias impermeabilizam o solo, cerca de ¼ parte da água tratada e distribuída se perde em vazamentos, entre o fornecedor e as torneiras do consumidor. A destruição da cobertura vegetal, principalmente a eliminação das matas de topo, alteram radicalmente a distribuição dos reservatórios. A falta das matas ciliares permite que as águas escoem em velocidade inconveniente para os cursos principais, provocando assoreamentos e não raramente enchentes no período de chuvas e escassez no período de secas.

O excesso de agrotóxico utilizado nas lavouras, além de contaminar lençóis freáticos, escoa com rapidez, água abaixo, contaminando cursos de água. Idem, no que se refere ao lixo irregularmente atirado no ambiente. As queimadas ressecam e


aquecem em demasia o ar, alterando os ciclos dos ventos e das chuvas. As consequências: desertificação, tempestades tropicais e extratropicais anômalas, secas em um dos pratos da balança, com temperaturas extremamente altas, e esfriamento em outro, com tempestades de neve, inundações etc. etc.

Hoje, perto de 70% das internações hospitalares e doenças tratadas têm origem em veiculações hídricas, ou seja, vêm da água ou de sua carência. Mais de 2 bilhões de humanos, dos 6 que habitam o planeta, padecem pela falta ou má qualidade da água, segundo dados da ONU, que também adverte que essa proporção crescerá, em menos de vinte e cinco anos, para 2/3 do contingente populacional. A água, também segundo dados da ONU, mata, pela má qualidade, dez vezes mais que as guerras armadas. Informa que cerca de 70 conflitos existem hoje pelo acesso a esse precioso líquido. O grande tesouro do século atual se degrada rapidamente. Nós estamos sofrendo as consequências da degradação. Sofreremos cada vez mais, enquanto não soubermos aproveitar bem tão precioso. Sem dúvida, estamos deixando escapar pelos ralos uma riqueza inestimável. Nossos descendentes nos cobrarão essa dívida.


DE VOLTA AO MEU ACONCHEGO

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e volta ao meu aconchego, depois de uns dias em missões extra urbanas, penso no quão bom e agradável é estar em nossa casa, nosso Lar. E faço, em meus devaneios, uma analogia com o planeta. Se de volta de uma viagem interestelar, encontrasse o descanso em nossa casa global. Imagino a sensação de ver surgir na escotilha reluzente de minha nave, na escuridão do espaço, uma pérola azul, brilhando ao ser iluminada pela estrela mais próxima, de início pequena, depois aumentando... aumentando... Tanto contentamento, só no campo da imaginação. Nos devaneios de quem se recorda que é morador de uma casa comum, o planeta Terra.

Hoje, dia em que escrevo esta coluna, 22 de abril, é dia internacional da Terra. Nosso planeta lar. Uma pérola azul perdida na imensidão do espaço. Um abrigo para algo em torno

de alguns milhões de espécies de vida, inclusive para mais de 6 bilhões de indivíduos da espécie dominante, conhecida como humana, que se arvorou em proprietária absoluta e definitiva desse lindo balão azul. No artigo da semana passada, que não chegou a ser publicado, pois se extraviou nas linhas complexas da rede mundial de computadores (ah, essas tecnologias terrestres de ponta...), refletia sobre o dia da conservação do solo, 15 de abril, e constatava que a degradação continuou e continua cada vez mais acelerada. Estamos corroendo nossa mãe Terra, nosso lar, quais vorazes cupins cuja fome é insaciável.

Ki, meu imaginário amigo do imaginário planeta Og (se existisse, estaria orbitando a estrela Tetha da Constelação de Centauros), depois de visitar uma vez mais a Terra, para colher materiais para sua dissertação de mestrado, volta ao seu próprio lar, esboçando um tópico do trabalho (em hologramas de altíssima resolução, já que a tecnologia ogniana superou, há milênios, a necessidade de se fabricar papéis utilizando a celulose da madeira, evitando derrubadas espetaculares e desmatamentos formidáveis), pondera: "Há vida inteligente no Planeta Terra? Provavelmente, sim. Pesquisas recentes, contrariando as linhas de pensamento acadêmicas majoritárias, demonstraram que uma das bilhares de espécies de vida existentes no planeta, conhecida por canina, e que vive se fazendo acompanhar e habitando junto com a espécie dominante, conhecida como humana, tem demonstrado manifestar uma espécie de inteligência, ainda que primária e rude".


A pergunta sobre a existência de vida inteligente no espaço não é recente, mas foi retomada após alguns fatos ufológicos da década de 50. As décadas de 60 e 70 viveram momentos de uma fantástica revolução intelectual e de costumes. A pergunta cada vez mais aguçou o pensamento pseudocientífico e científico do período. Mas os olhos estavam voltados para o espaço, para as utopias, para os sonhos, para os ideais e ninguém se olhou. Nem se olhou no espelho. Perguntaram, movimentos culturais e comunidades hippies, se havia inteligência no Planeta Terra. Ninguém soube responder.

Os mesmos, hoje, desbastados de suas vastas cabeleireiras, substituídas por calvas da idade, despidos de suas vestes floridas e da embriaguez sonambúlica dos ideais que trajavam e que foram substituídas por terno e gravata, se assentam nas cadeiras do poder. São os dirigentes do mundo. Agitaram a bandeira do "paz e amor". Hoje fabricam guerras e sugam riquezas, atos iguais aos ancestrais, então combatidos. Mero erro conceitual. A frase deveria ser "paz é amor"...


MEIO AMBIENTE COMO INSTRUMENTO DE BEM ESTAR SOCIAL

Os instrumentos técnicos de proteção ambiental são disponibilizados constitucionalmente para uso do Estado como um todo (englobados os três poderes políticos – Executivo, Legislativo e Judiciário – e os três níveis de governo da federação – Federal, Estadual e Municipal). São eles, principalmente, o processo legislativo (Legislativo), a execução das normas legais (Administração) e sua aplicação coercitiva (Judiciário).

Da soma desse encadeamento político surge a efetividade das normas de proteção ambiental visando o bem estar social.

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dequada condição ambiental propicia qualidade de vida ao indivíduo e, consequentemente, contribui com o bem estar social.

O bem estar social depende da sadia qualidade de vida da população. E a sadia qualidade de vida é baseada em um meio ambiente equilibrado e em um ideal de cidade sustentável. Isso significa uma população que tenha acesso à saúde, ao emprego pleno, à moradia, à educação, à segurança etc.

Esse processo visa, primordialmente, nos agrupamentos sociais, o saneamento básico, a disposição de resíduos sólidos e a preservação de ambientes necessários à qualidade de vida e à saúde da população.

Na parte de saneamento, destacam-se a qualidade das águas, seu tratamento e distribuição, o esgotamento sanitário de resíduos líquidos e seu tratamento para devolução aos cursos de água etc.

Quanto aos resíduos sólidos, a maneira de coleta (coleta seletiva, reciclagem etc.) e a deposição final dos resíduos (aterro sanitário, aterro controlado, lixão).


Na preservação ambiental, a proteção de áreas verdes, a educação ambiental, criação de unidades de preservação (parques, estações ecológicas etc.), o monitoramento da qualidade das águas, o combate às diversas formas de poluição (incluindo a poluição do ar: queima de combustíveis fósseis, emissões oriundas do processo fabril, queimadas etc.).

O Estado dispõe de um sistema de meio ambiente, tanto a nível federal, como estadual e municipal. Na União, o Ministério do Meio Ambiente, no Estado a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e nos municípios a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou um serviço especializado e adequado às funções de preservação ambiental.

Todos esses sistemas são assessorados por Conselhos (CONAMA, da União, COPAM, no Estado de Minas Gerais, e CODEMA, no Município de Varginha), que são órgãos de elaboração da política ambiental e por autarquias ou fundações, que são os órgãos técnicos (IBAMA – federal -, IEF, FEAM – estaduais. O município de Varginha ainda não possui órgão equivalente).

Através desse sistema de proteção ambiental são feitas as análises de impacto e o licenciamento de atividades

potencialmente poluidoras, administrativa dos infratores.

a

fiscalização

e

a

punição

Todo esse sistema visa o bem estar social através do ambiente equilibrado e que possa abrigar vida que tenha uma qualidade ideal e seja saudável.


AMAZÔNIA, SOB FOGO CERRADO A alegria durou pouco. Quando o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que monitora, via satélite, a degradação amazônica, publicou seu relatório 2003 (que inclui as medições entre agosto de 2001 a julho de 2002) o susto foi geral. De uma devastação de cerca de 17 mil e 500 quilômetros quadrados apurada no período anterior (agosto 2000 a julho de 2001), o desastre saltara para 23 mil e 500 quilômetros quadrados. O Presidente da República, assustado, pediu novas medições, que confirmaram o quadro nada agradável. A devastação galopante assola sem piedade a floresta.

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Amazônia nunca esteve tão em evidência nos meios científicos e governamentais. Em primeiro lugar, uma revista de circulação nacional, em fins do ano passado, informou que o desmatamento estava diminuindo. E os que se preocupam com aquele vasto ecossistema respiraram aliviados. Afinal, a informação vinha de fontes possivelmente bem credenciadas. Dois anos antes, o IPA – Instituto de Pesquisas da Amazônia, em trabalho conjunto com o Smithonian Institution, face iminente risco de desastre que se potencializava no projeto governamental “Avança Brasil”, publicaram um relatório nada confortável. Segundo suas previsões, até 2020 pelo menos 25% da Floresta Amazônica brasileira teria desaparecido (utilizandose como parâmetro o ano de 1500, ano da descoberta oficial do Brasil). Isso em uma visão otimista. Uma visão pessimista apontava o desmatamento de cerca de 47%. Até 2000, segundo o mesmo estudo, já haviam desaparecido 13% da imensa floresta.

Culpados foram apontados, ora pecuaristas, que estariam desmatando e queimando áreas enormes para criação de gado. Ora, agricultores, que causavam semelhante desastre para abrir áreas de plantação, principalmente de soja. Madeireiros abocanham um bom naco da culpa. A construção da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém (fruto do projeto Avança Brasil) é outra dos muitos vilões que interpretam esse drama.

Em seguida, vieram ideias de privatização das áreas públicas amazônicas colocando mais lenha na fogueira – digo, na mata. O Estado de São Paulo, publicação renomada de circulação nacional, publicou ontem – 16/8, na seção Geral (pág. A-13), que “Pesquisadores brasileiros e americanos vão tocar fogo na Amazônia a partir de hoje. O experimento faz parte do Projeto Savanização, que vai estudar a dinâmica do fogo e os seus


efeitos sobre a floresta em áreas de transição com o Cerrado, a savana brasileira. Os pesquisadores querem saber detalhes como a velocidade de propagação, a temperatura e a altura das chamas de uma queimada em diferentes situações”.

Os ruralistas, bancada de produtores rurais na Câmara e no Senado, querem que a lei seja modificada, para que apenas 20% da Amazônia brasileira possam ter o status de área de preservação. A soja avança, a criação de gado avança, a economia avança, a estrada, a despeito das muitas controvérsias e brigas judiciais a respeito, também avançará. O fogo transforma parte do território em cerrado. A floresta chorou gotas de chuva maiores de que quaisquer outras anteriormente anotadas pela ciência. Sem dúvida, a maior floresta tropical do mundo, que abriga o maior volume da água do planeta, a maior biodiversidade da Terra, está declinando, sob fogo cerrado...


OS PROPRIETÁRIOS RURAIS E A RESPONSABILIDADE NA RECARGA HÍDRICA

P

assa da hora de focalizar atenção nas propriedades rurais, como principais colhedores e receptáculos das águas. As informações escolares sobre o “nascimento” das fontes de água são, dentro de um padrão didático, razoáveis. O aluno aprende que a água vem das chuvas, que vêm das nuvens, que vêm da evaporação da água. Em níveis mais adiantados, aprende até que grandes evaporações ocorrem nos oceanos e que o regime dos ventos conduz grandes nuvens que deságuam nos continentes. Pronto: o milagre da formação da água aconteceu.

Tal quantidade de informação acadêmica poderia ser suficiente não houvesse necessidade de otimizar o aproveitamento dessa dádiva preciosa da natureza. Os seres vivos são, no geral e na média, água em mais de 70% de sua

composição. Para os humanos, além do consumo direto, a água ainda é preciosa para lazer, higiene, processos industriais etc. Ocorre que o século XX terminou com a consciência e o conhecimento humanos em xeque. A razão: pela forma e no ritmo em que é utilizada, a água aproveitável está ficando cada vez mais escassa.

A população aumenta, o consumo também e em proporção ainda muito maior. Há sobrecarga de poluentes e resíduos que são direcionados para o solo ou cursos de água – e daí sempre para os reservatórios hídricos. Atividade humana pressupõe crescimento econômico: mais produção, mais construções, o que equivale a desmatamento, e impermeabilização de solo; o que equivale a menos retenção hídrica em ambiente natural.

Qual a solução imediata? “Fabricar” mais água. É possível? Claro, mas apenas se houver esforço maciço e conjunto de todos os órgãos de educação e preservação ambiental, públicos ou privados, para alertar os proprietários e produtores rurais da sua responsabilidade na captação de água e na ampliação da recarga hídrica. Demonstrar a importância, como preciosos instrumentos de captação e retenção da água, das matas de topo, das barragens e poços de contenção das chuvas, das áreas de nascentes, das matas ciliares e áreas de reserva legal etc. Basicamente, tornar nítido que a propriedade valiosa do futuro será aquela que possuir um melhor índice de riquezas naturais, principalmente água.


QUEM É O VILÃO DA NOSSA HISTÓRIA?

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de junho, Dia Mundial da Ecologia está próximo. Muitas manifestações preparadas ao redor de todo o planeta. Há o que comemorar? Plantar mudas de árvores, participar de encontros em escolas, falar sobre os muitos problemas e as poucas soluções que existem... Mas vamos fazer um exame de consciência ecológica? Reconhecer as nossas culpas? Ótimo. A reflexão é a mãe da sabedoria. Mas, daí, até vestir a carapuça de vilão ecológico de nossa história, ainda há muita distância. "Você já foi ao espelho, nego? Não?! Então, vá" (*). Nós temos medo de ir ao espelho, fitar os nossos olhos de vilões. Ser obrigado a reconhecer nossa vilania. Porque, se assim fizer, teremos que repensar nosso modo de vida, mudar nossa maneira de pensar e, por acréscimo, nossa maneira de habitar o planeta. E quebrar um paradigma é muito mais difícil que quebrar um recorde.

Aliás, em termos de degradação ambiental, o ser humano nem mais se surpreende, tantos os recordes quebrados. Estudos da ONU concluíram que 60% da água potável do planeta já foram degradadas, poluídas e contaminadas e que a veiculação hídrica é responsável por cerca de 50% das doenças e óbitos, matando 10 vezes mais que as guerras. A NASA já concluiu que temos tanta poluição suspensa na atmosfera que o planeta precisaria de cerca de 500 anos para reciclar-se. O desmatamento da Amazônia no último ano, bateu o recorde de mais de 25.000 k² devastados no período. Na Mata Atlântica, se muito, restam 5 a 7% da área original. Pesquisas dão conta que nos dias atuais, dos prováveis 30 ou 40 bilhões de espécies que compõem a biodiversidade planetária, estamos vorazmente extinguindo de uma a duas por hora... Houve um aquecimento médio de 1ºC desde 1850 - e isso representou um aumento de 15 cm no nível dos oceanos, por degelo de calotas polares. Pressupõe-se que a temperatura irá se elevar em até 10°C até o final do século. Dá para imaginar as catástrofes que isso representaria?

Tá bem. Sua consciência está pedindo-lhe que plante uma muda de árvore. Faça-o. A Natureza agradecerá. Mas não deixe de se olhar fundo nos olhos, na frente do espelho, e questionar o percentual de vilania com que você tem tratado o meio ambiente. Claro que você não poderá, de uma hora para outra, deixar de degradar. Afinal, precisamos de veículos motorizados, precisamos de minérios e madeiras, precisamos ler e nos informar, ao custo da vida de algumas árvores. Não se pode estancar bruscamente o crescimento. O problema social


seria, de imediato, uma catástrofe ainda maior e mais perniciosa. Mas vamos por passos, aos poucos. Que tal começar a pensar na separação seletiva do lixo? Doe os materiais recicláveis (papeis secos e limpos, latas, garrafas plásticas etc.). Que tal começar a fiscalizar as incipientes queimadas? Não as faça, não deixe que outros as façam. Denuncie os piromaníacos ao CODEMA ou à Polícia Militar Ambiental. Que tal não atirar resíduos a esmo? Que tal....?? Que tal fazer um profundo exame de consciência na frente do espelho, no dia internacional da ecologia?

Falta ao ser humano a humildade de reconhecer que ele, e sua gananciosa maneira de querer, é o grande vilão da nossa história atual. E começar, com os pequenos gestos, uma grandiosa ação de socorro à vida humana. (*) trecho da letra de música de Raul Seixas


TERRA, UMA MÃE ESQUECIDA

poupada um pouco dos ataques reais que lhe são desferidos, a golpes duros e impiedosos.

Se não lhe posso render as merecidas homenagens, nem me comprazer daquelas que por outros filhos seriam prestadas, mitigo minha dor de inconsciência em uma oração:

Querida Mãe,

M

ais uma vez, com a vinda do segundo domingo de maio, comemoramos o dia das mães. Festividades. Abraços. Risos. Choros. Presentes... Homenagens e mais homenagens. Mensagens, cartões, flores, comerciais e notícias, muitas notícias. A mãe nos deu luz, vida e amor; carinho, renúncias, cuidados, ternura e alimentos. Foi quem nos gerou e nos nutriu, física, psicológica e espiritualmente. São justas as homenagens. Merecidas, apropriadas e apreciadas.

tu, que nos geraste no amor de tuas benditas dádivas, que nos nutres com a vida de teu sopro e a matéria de teu corpo; que nos dás calor, luz, alimento; que nos acolhes e abrigas na segurança de tua proteção, no carinho de teu aconchego, na confiança de tua provisão;

Mas, como é habitual, uma mãe continua esquecida e carente das homenagens que merece: a Mãe Terra. Doa-se a nós, como qualquer mãe faz. Está se sacrificando, exaurida, vilipendiada, ofendida e degradada, com o risco da própria existência, para nos manter vivos. Não foi lembrada, nem homenageada, nem ao menos, nem por isso, pelo menos

tu, que nos concedes todas essas graças pela benignidade paciente e gratuita da grande Mãe que és;


perdoa-nos se pelo ar que nos concedes tu, que dás arrimo

como alento e vida,

às obras da razão,

nós, desastrados,

aos voos de sonhos e ideais

envenenamos a atmosfera

que em ti são concretizados;

e na ganância de adquirir poder e lucro

tu, que nos sustentas e amparas

nela depositamos elementos perniciosos a toda forma de vida;

e nos conduzes com o carinho de teu amor em nossa viagem pelo universo infinito,

perdoa-nos se em troca de teu abrigo e de tua proteção nós desmatamos,

perdoa-nos.

destruímos, matamos,

Perdoa-nos se subjugamos

ofendemos,

e oprimimos nossos semelhantes

queimamos;

aviltando neles o milagre e a graça da vida que lhes concedeste;

se cegamente, ferozes, te violentamos todo o tempo, e tantas e tão profundas chagas te provocamos;

perdoa-nos se em troca dos alimentos que, gentil, nos ofereces, nós devastamos as tuas riquezas, destruímos tuas belezas e fazemos desertos de teu solo;

perdoa-nos se, impiedosos, te degradamos, arrancando com ganância, dores e danos os frutos de tuas vísceras; perdoa-nos se tornamos estéril e venenosa a abençoada água,


que tão docemente nos concedeste para sangue de nosso corpo e para alimento de todos os teus rebentos;

em troca te devolvemos todos esses e tantos outros sofrimentos; perdoa-nos porque era de nossa obrigação e responsabilidade

se depositamos detritos e sujeiras e escórias

conhecer que enquanto houver um só ferimento na harmonia da Criação,

nos tapetes das habitações que em ti nos acolhem;

em ti, em toda a tua extensão, em cada um dos elementos de tua existência,

perdoa-nos se em troca da abundância que nos concedes,

existirá a dor agoniante e o lamento angustiante

nós fomentamos a miséria

que, pelo filho,

e a degradação física e moral

só a mãe é capaz de sofrer.

dos que são mais fracos e menos afortunados;

Perdoa-nos, Mãe,

se lhes destruímos a dignidade,

perdoa-nos, se puderes,

e os humilhamos, e os aniquilamos

porque...

pelas doenças não tratadas, pela fome não satisfeita, pela esperança destruída, pela instrução sonegada;

perdoa-nos se por tantas bênçãos e dádivas que a cada segundo nos ofereces,

...nós não sabemos o que fazemos!


MEIO AMBIENTE COMO INSTRUMENTO DE BEM ESTAR SOCIAL

Legislativo e Judiciário – e os três níveis de governo da federação – Federal, Estadual e Municipal). São eles, principalmente, o processo legislativo (Legislativo), a execução das normas legais (Administração) e sua aplicação coercitiva (Judiciário).

Da soma desse encadeamento político surge a efetividade das normas de proteção ambiental visando o bem estar social.

A

dequada condição ambiental propicia qualidade de vida ao indivíduo e, consequentemente, contribui com o bem estar social.

O bem estar social depende da sadia qualidade de vida da população. E a sadia qualidade de vida é baseada em um meio ambiente equilibrado e em um ideal de cidade sustentável. Isso significa uma população que tenha acesso à saúde, ao emprego pleno, à moradia, à educação, à segurança etc.

Os instrumentos técnicos de proteção ambiental são disponibilizados constitucionalmente para uso do Estado como um todo (englobados os três poderes políticos – Executivo,

Esse processo visa, primordialmente, nos agrupamentos sociais, o saneamento básico, a disposição de resíduos sólidos e a preservação de ambientes necessários à qualidade de vida e à saúde da população.

Na parte de saneamento, destacam-se a qualidade das águas, seu tratamento e distribuição, o esgotamento sanitário de resíduos líquidos e seu tratamento para devolução aos cursos de água etc.

Quanto aos resíduos sólidos, a maneira de coleta (coleta seletiva, reciclagem etc.) e a deposição final dos resíduos (aterro sanitário, aterro controlado, lixão).


Na preservação ambiental, a proteção de áreas verdes, a educação ambiental, criação de unidades de preservação (parques, estações ecológicas etc.), o monitoramento da qualidade das águas, o combate às diversas formas de poluição (incluindo a poluição do ar: queima de combustíveis fósseis, emissões oriundas do processo fabril, queimadas etc.).

O Estado dispõe de um sistema de meio ambiente, tanto a nível federal, como estadual e municipal. Na União, o Ministério do Meio Ambiente, no Estado a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e nos municípios a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou um serviço especializado e adequado às funções de preservação ambiental.

Todos esses sistemas são assessorados por Conselhos (CONAMA, da União, COPAM, no Estado de Minas Gerais, e CODEMA, no Município de Varginha), que são órgãos de elaboração da política ambiental e por autarquias ou fundações, que são os órgãos técnicos (IBAMA – federal -, IEF, FEAM – estaduais. O município de Varginha ainda não possui órgão equivalente).

Através desse sistema de proteção ambiental são feitas as análises de impacto e o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, a fiscalização e a punição administrativa dos infratores.

Todo esse sistema visa o bem estar social através do ambiente equilibrado e que possa abrigar vida que tenha uma qualidade ideal e seja saudável.


COMPETIÇÃO x COOPERAÇÃO

A

natureza, protegendo a evolução da vida no planeta, criou a competição entre espécies e entre seres de uma mesma espécie. Uma maneira de especializar e de controlar raças. De proporcionar proles mais fortes e mais adaptadas ao ambiente, aumentando, assim, a chance de sobrevivência da espécie. Mas, dentro de um mesmo quadro de evolução, alguns seres aprenderam que a cooperação proporcionaria uma melhor oportunidade de evoluir e passaram a ter uma relação simbiótica. Assim, a Criação trabalha seu próprio progresso, protegendo e preservando a vida.

O que dizer dos seres humanos? Tal e qual os irmãos naturais, são também seres viventes que compartilham ambiente comum, mas desenvolveram técnicas diferentes de competir, partindo de cérebros mais complexos. Seres racionais, enquanto o resto da vida planetária é, segundo rotulado, irracional. Razão

utilizada como ferramenta de crescimento tecnológico e avaliação unilateral dos sistemas vivos que coabitam o meio ambiente planetário, causando visão equivocada de superioridade aos demais seres da biodiversidade - supremacia predatória e destrutiva. Os artefatos tecnológicos humanos não permitem a competição honesta e equilibrada. Afetados ou atacados por alguns "seres", como microrganismos, têm pronta resposta tecnológica através de drogas e medicamentos que restabelecem condições saudáveis ou aumentam a vida.

Nessa deslealdade competitiva, a raça dominou, procriou em excesso e colocou seus rebentos em um patamar cada vez mais alto de segurança contra os demais seres. Nada de errado em ser a raça dominante da atualidade. Outras, como a dos dinossauros, dominaram em tempos remotos. Ao contrário, deveria ser motivo de orgulho. Aliada à razão, essa supremacia coroaria a obra prima da Criação: a vida comandada pela razão e pela inteligência. Mas esse "projeto divino", digamos assim, está naufragando. A arca de Noé afunda rapidamente. Em nome da razão, se arremessa para o extermínio da raça, levando junto inúmeras outras. A razão se aliou à vaidade e à competitividade. Isso gerou a máquina que está nos devorando. Um monstro que embala uma desmedida ânsia de poder e de domínio. Poder, sempre poder e, por fim, mais poder. Traduzindo: competição elevada ao grau de sofisticação que permitiu o uso de uma razão mais refinada.


Gostamos de levar vantagem em tudo, certo? Lei de Gerson, artigo único. Pobre ex-jogador que, submisso ao poder econômico, naturalmente inconsciente do deslize, além de propagandear o uso dos reconhecidos venenos tabaco e nicotina, teve seu nome agregado a uma norma que é expressão exata de nosso cinismo desmascarado. Sim, gostamos, queremos e exigimos levar vantagem em tudo quanto nos for possível. Ao custo da própria permanência no planeta. E da vida de milhões de outros seres da biodiversidade.

Está na hora de revogar esse artigo e editar a provável Lei do Bom Senso, para sustento e esteio da vida. Cooperar, ao invés de competir. Afinal, irracionais, os dinossauros dominaram cerca de 300 milhões de anos. Nós estamos no comando há pouco tempo - 150 mil anos? - e naufragando. Se não taparmos logo os furos do barco, desta vez a arca de Noé não poderá nos conduzir a uma sobrevida além de um curto, negro e doloroso futuro. De que nos valeram a inteligência e a razão?


A LUTA CONTRA A DESERTIFICAÇÃO E A CONSERVAÇÃO DO SOLO

U

m dos problemas ambientais de grande potencial de danos a médio e longo prazo é a insidiosa desertificação. Como o próprio nome indica, a desertificação é um processo de esterilização do ambiente afetado. A imagem de um ambiente desértico não é novidade para qualquer pessoa de cultura mediana ou que tenha atravessado os primeiros anos escolares do ensino básico. Fala-se em deserto e logo vêm à mente as paisagens arenosas, quase estéreis e inóspitas do grande Saara, o maior do planeta. Não é esse conceito de deserto que se pretende destacar aqui, mas sim aquele que teve origem em ações humanas.

O grande erro do raciocínio civilizado a respeito é exatamente esse: não conceber a grandiosidade do problema nas pequenas, múltiplas e espalhadas áreas de desertificação

que brotam em todos os lugares, na imensidão do planeta, onde a conservação do solo não é parte da preocupação dos habitantes locais. Diz-se aqui conservação do solo uma vez que o foco dessa pequena análise é exatamente o deserto que nasce nas regiões secas, deixando-se por ora a denúncia das áreas aquáticas, de corpos hídricos menores, rios e oceanos, que têm sido esterilizadas pela ação direta do ser humano.

Os desertos somados ocupam cerca de 1/3 da superfície seca do planeta, o que representa mais de 51 milhões de quilômetros quadrados de solo. Grande parte deles tem seu ponto inicial nas ações típicas do ser humano. Em razão do descuido na preservação do solo, nascem e crescem, insidiosamente, geralmente sem que sejam percebidos, os pequenos e perniciosos desertos domésticos.

De onde vêm? Para onde vão?

Esses nocivos desertos têm início em ações simples, habitualmente consideradas necessárias para a sobrevivência humana: desmatamentos para ocupação, construção, plantio e pecuária. O solo desnudo é presa fácil para processos erosivos, provocados habitualmente pelas chuvas e auxiliados pelos ventos. A terra descoberta é levada de roldão pelos volumes de água das precipitações. No meio desse processo também é levada a verdadeira riqueza produtiva do solo: a cobertura de


compostos orgânicos que lhe dão fertilidade. E um pequeno deserto começa a aparecer.

Mas não somente os locais de fácil erosão são vítimas da desertificação. Desde a deposição de resíduos produzidos pelos humanos, como as áreas transformadas em lixões ou aterros, até o pisoteio provocado pela atividade do gado, uma enorme gama de intervenções quebra o frágil equilíbrio da proteção verde do terreno e cria uma chaga que nem sempre tem condições de se cicatrizar. Um bom exemplo disso são as queimadas ditas controladas. Com o interesse de limpar o solo para plantio de culturas vegetais necessárias ao consumo humano, ou pastos necessários à sobrevivência da pecuária, utiliza-se do fogo como instrumento de capina. A alta eficácia e o baixo custo do processo motivam essa antiga prática rural extremamente danosa ao solo.

O empobrecimento da fertilidade da área é rápido, porém gradual, dando de início ao proprietário a falsa ilusão de que o sistema é eficaz. Quando chega a se conscientizar dos danos que provoca, de modo geral já é muito tarde e a área já se tornou estéril e improdutiva.

O ciclo de desertificação é, por outro lado, um círculo vicioso: qualquer processo de redução da cobertura vegetal diminui a fertilidade e provoca o empobrecimento produtivo da área, tornando-a sempre mais suscetível aos processos erosivos e

cada vez menos protegida. Como consequência, paulatinamente sem vida. A morte do solo dá oportunidade ao surgimento de um deserto que, como uma ferida infectada, vai quase sempre se expandindo para horizontes sempre mais distantes.

Os seres humanos, cegos à sua interferência, de um modo geral abandonam aquela gleba destruída e vão reiniciar o processo em outro local, dando início a um novo movimento degenerativo.

A situação ameaça o equilíbrio ecológico do planeta e, nessa esteira, a sobrevida da espécie e a sadia qualidade de vida que se pretende destinar ao homem. Por isso, inúmeros encontros internacionais têm ocorrido desde os anos setenta, no final do século XX, para avaliação da extensão do problema, sua evolução e os mecanismos de luta contra o processo de desertificação. Esses encontros culminaram com a aprovação e assinatura, por mais de 160 países, em 17 de junho de 1994, em Paris, da Convenção Mundial de Luta contra a Desertificação.

Por esse motivo, o dia 17 de junho passou a ser considerado o dia mundial de combate à desertificação. Não é uma data que incentiva qualquer comemoração, mas incita a uma luta que emerge como uma das mais importantes batalhas ambientais: a preservação do solo.


A RESPEITO DE HUMANOS E HUMANIDADE

T

emos como uma das definições do termo humano um agregado moral que enaltece as qualidades nobres do indivíduo: bondade, caridade, grandeza de alma etc. Segundo o Houaiss eletrônico, “que mostra piedade, indulgência, compreensão para com outra(s) pessoa(s)”. No mesmo dicionário a etimologia apontada é “lat. humánus,a,um 'próprio do homem, bondoso, erudito, instruído nas humanidades'”.

Pela lógica caolha do humor típico das comunidades de internautas, se ser humano é ser bondoso logo o Ser Humano é bondoso. Certo? Infelizmente, não. Essa talvez seja uma das máximas menos adequadas a qualificar essa espécie de mamífero que adquiriu capacidades tecnológicas, se expandiu, adaptou-se, habitou e dominou todo o planeta.

A toda poderosa espécie humana, que se diz criação direta das mãos da Divindade Suprema, e se gaba de ser representação material da imagem e semelhança do Criador, é também a única que se diverte pela perversidade. De todas as espécies vivas que habitam o planeta, e que os cientistas estimam em cerca de dez ou quinze milhões, uma única goza e se compraz no sofrimento de outras e de outrem de sua própria espécie. Infelizmente, fala-se aqui da espécie humana. De cérebro capaz de elaborar questões metafísicas da mais alta indagação, processar cálculos de extrema complexidade e de engendrar e construir parafernálias tecnológicas de altíssima precisão e complexos arquitetônicos de assustadora grandiosidade, o indivíduo da espécie humana sente prazer em provocar e presenciar dor.

Para que houvesse equilíbrio no desenvolvimento da vida no planeta, a Criação, em sabedoria quase didática, adotou um mecanismo de controle rígido conhecido por predação. Todos os seres vivos que compõem o sistema natural do planeta Terra são predadores. Isso significa que há um processo natural de seleção através do desenvolvimento da chamada cadeia trófica, isto é, ainda nas palavras do Houaiss eletrônico, “forma esquemática us. para representar a transferência de energia ou as relações alimentares, em parte de uma comunidade ou ecossistema, através de uma série em que os seres vivos se alimentam e servem de alimento para outros seres vivos”. Nesse processo, a crueldade inerente ao indivíduo de qualquer espécie tem como característica a utilidade. O impulso de


sobrevivência está diretamente ligado à predação de indivíduos de outra espécie que, por solução da própria natureza, passaram a compor a cadeia alimentar do predador.

O mecanismo natural é simples e eficaz, embora muitas vezes reputado de cruel. Propicia a manutenção da vida, o controle da quantidade de indivíduos, a sobrevivência dos mais aptos e o desenvolvimento do processo de seleção natural.

Fora desse sistema, os animais sempre nos surpreendem com atos de verdadeira caridade, sem discriminar espécies. Exemplo recente, fartamente explorado pelas mídias, é o da cadelinha que salvou um recém nascido humano. O ser humano, no entanto, quebrou a regra natural. Privilegiado com a evolução de cérebro dotado de maior capacidade de processamento de dados, aprendeu a burlar os mecanismos naturais de existência e aumentou suas possibilidades de sobrevivência. Graças a seu processo mental pôde se adaptar às mais variadas e adversas condições do ambiente.

Esse mesmo mecanismo cerebral de extrema complexidade e altíssima capacidade de elaboração acabou por solidificar processos psicológicos intrincados e enigmáticos. Um deles é a gratificação psicológica que o humano sente em presenciar ou provocar a dor em outros seres vivos. Nem Freud explicaria. E se explicasse, não se justificaria. As crueldades gozosas enfocam não só a própria espécie – vejam-se exemplos de esportes

violentos, como os de luta – mas as demais espécies naturais, principalmente animais. Nem é preciso apontar exemplos, que abundantes eles são: maltratos em rodeios, circos, zoológicos, rinhas de galo, caçadas, adestramento etc. Isso sem falar em queimadas, poluição generalizada, extração comercial inescrupulosa de riquezas etc.

Para confirmação basta acessar as páginas www.renctas.org.br e www.pea.org.br . Mostram o trabalho de duas instituições brasileiras sérias que combatem, respectivamente, o tráfico de animais silvestres e a crueldade contra animais.

O certo é que a espécie humana precisa reformular seus conceitos sobre humanidade. Ou nós usamos esse maravilhoso cérebro que nos diferencia dos demais seres vivos do planeta para aprimoramento de nossas relações harmoniosas entre os seres da própria espécie e entre seres humanos e outras espécies vivas ou então devemos rever e reescrever em nossos dicionários algumas das acepções ligadas às palavras humano e humanidade.


O CALOR NOSSO DE HOJE EM DIA

E

studos publicados por cientistas da Universidade de Estocolmo, Suécia, dão conta de que não existe qualquer registro de uma década tão quente como a de 90. Mesmo o registro natural em vegetais, fósseis e rochas autoriza a afirmativa de que não houve década mais quente nos dois últimos milênios. O fascinante estudo, que considera dados obtidos pela análise dos núcleos dos sedimentos e dos anéis dos troncos de árvore, acompanhou a variação da temperatura nos últimos dois mil anos e confirmou o que as ciências ambientais vêm relatando: apesar de existir variações de temperatura por causas absolutamente naturais, a interferência humana está acelerando o processo de aquecimento global.

As pressões naturais sobre o aquecimento vêm habitualmente de grandes erupções vulcânicas, responsáveis pelo depósito de quantidades enormes de gases carbonados,

principalmente CO2 (dióxido de carbono), na atmosfera e de alterações dos ciclos de radiação solar. Mas a existência de uma vida tecnologicamente avançada, creditada ao ser humano, interage com os processos naturais provocando uma aceleração incontida no processo.

Por um lado, no mundo civilizado de hoje é necessário aumentar as emissões de gases carbono pela queima artificial de combustíveis fósseis, principalmente para manter a continuidade e o crescimento do processo fabril e a grande frota de veículos automotores em funcionamento. Por outro, imperativo que se destruam áreas verdes, responsáveis pela absorção desses gases, para ampliação de culturas e pastagens e para sustentar o crescimento demográfico e a extração de riquezas.

O crescente processo de “desertificação” dos mares e oceanos do globo, principalmente pela deposição de resíduos de esgotos domésticos e industriais, mata enormes áreas de fitoplânctons, alga unicelular que é responsável tanto por emissão significativa de oxigênio como pelo sequestro de gases carbono.

Estudos pessimistas afirmam que a temperatura do planeta subiu 1° C em média nos últimos cento e cinquenta anos e subirá, ainda dentro deste século, cerca de mais 15° C. Os otimistas fixam esses limites em 0,5° C e 5° C. Mas em uma coisa


todas as pesquisas convergem: o planeta está em franco processo de aquecimento. Cinco ou quinze graus representam catástrofes de grande amplitude – enormes áreas submersas ou alagadas, tempestades abundantes e destruidoras, redução de áreas para sobrevivência humana, maior concentração demográfica, processo de destruição mais acelerado... tudo isso contabilizando o corte de milhares de vidas – humanas ou não.

No extinguir do século XX a humanidade participou de uma grande convenção sobre aquecimento global. Dela, surgiu um protocolo de ações que visa a redução gradual da emissão de gases causadores do chamado efeito estufa. São ações tímidas, frente a uma situação de tremendo potencial agressivo. Com a queda da cortina de ferro e do muro de Berlim, o capitalismo desenfreado ampliou a cultura do consumo e da extração ilimitada de riquezas. Fala-se muito em crescimento sustentável e consumo sustentável. Mas nenhum processo se sustentará, em um quadro de mudanças climáticas tão rápidas como as que se tem vivenciado e que ainda serão vividas, enquanto faltar o principal ingrediente dessa fórmula: o bom senso do governo dos países economicamente mais poderosos.


O FUTURO DO PLANETA: ESTAMOS PRONTOS PARA VIVER O NONO DIA DA CRIAÇÃO ou O SEGUNDO DIA DA DESTRUIÇÃO?

Os países mais ricos têm que se conscientizar que, ao invés de exercitar a atual política imperialista adotada vorazmente em todo o mundo, eles precisam auxiliar os países devedores e os países pobres. A sua própria sobrevivência depende disso.

As pessoas mais ricas, em todos os países, precisam ter consciência em melhorar a distribuição de renda.

A legislação ambiental precisa ser ampliada e cumprida e aplicada. As mínimas agressões ao meio ambiente devem ser impedidas e evitadas.

A

grande questão desse início de milênio e de século é avaliar as possibilidades de paralisar e reverter o quadro dramático da degradação de nosso planeta. Caso isso não ocorra a humanidade será, em futuro bastante próximo, flagelada por catástrofes ambientais de grandes consequências, dizimando não só a raça humana como todas as demais espécies que o habitam.

Para que o planeta tenha futuro há a necessidade de um movimento imediato no sentido de reverter o quadro atual. Isso depende da conscientização global sobre a existência dos problemas e da vontade de cada um de tomar parte na luta pela recuperação e pela preservação do ambiente planetário.

O ser humano precisa de se conscientizar, imediatamente, que ele não é um organismo único e isolado no planeta, que ele não está só, nem sobrevive individualmente, mas que faz parte de um grande organismo vivo, que serve de sua morada e de fonte de alimentos e riquezas, o planeta Terra. Que esse grande organismo também pode adoecer e até morrer. A morte desse organismo, por qualquer motivo que seja, vitimará todos os seus habitantes.

Há a necessidade de adoção de novos paradigmas. O ser humano precisa deslocar-se de seu centro individualista e se colocar em comunhão mental e espiritual com seus semelhantes


e com todas as formas vivas do planeta. Precisa entender que há uma interdependência cósmica unindo, como uma única trama de fio, toda a espécie de vida em todo o planeta. Qualquer coisa que prejudique qualquer forma de vida em um singelo e longínquo recanto ressoa em todo o planeta.

Ouçamos a voz da arte e reflitamos sobre seus poderosos desígnios:

Não, não haverá para os ecossistemas aniquilados Dia seguinte,

Como medidas objetivas, é necessário que, imediatamente haja educação permanente e persistente, maciça e impositiva, apontando a necessidade de se reconstruir muito do que já foi prejudicado. Há que se preservar o que ainda existe e criar condições mais favoráveis ao meio ambiente, priorizando-se a contenção do crescimento demográfico, a cessação das atividades degradadoras, a erradicação da miséria e a reversão drástica de degradações ambientais perigosas.

O ranúnculo da esperança não brota No dia seguinte A vida harmoniosa não se restaura No dia seguinte. O vazio da noite, o vazio de tudo Será o dia seguinte.

O futuro imediato poderá ser para nós ou o nono dia da Criação, ou o segundo e definitivo dia da destruição. Cabe ao ser humano decidir por qual dos dois caminhos irá optar.

Como será nosso “dia seguinte” dentro da Criação?

Será que o belo poema de Carlos Drummond de Andrade, Dia seguinte, da obra Mata Atlântica, deixará o campo da poesia e se solidificará em tenebrosa profecia?


PLANETA TERRA, UMA MÃE PEDINDO SOCORRO

No globo ocular colidem a visão e a percepção, a criação e a reflexão. As esferas oculares de Jano são uma porta giratória mágica em que o espírito criador encontra a si mesmo no criado. O olho que olha para o Universo é o olho do próprio Universo. (...) Precisa-se de bilhões de anos para criar um ser humano. E ele só precisa de alguns segundos para morrer.

Jostein Gaarder(*)

O

Planeta Terra é o nosso lar na imensidão do universo. É o único lugar onde podemos viver e sobreviver. De suas riquezas, extraímos todo o necessário à nossa existência,

desde a matéria que forma nosso corpo, o alimento que nos nutre, até o ar que nos mantém vivos, o material para nossas habitações e os lugares para nossa diversão. A Terra é a nossa grande mãe. Ela nos gera e nos sustenta, e vai gerar e sustentar nossos filhos e descendentes.

Mas, agora, esse nosso lar, essa grande mãe, corre perigo de morrer. Ela está contaminada por uma doença que, à semelhança de um câncer devorador, a está corroendo e esgotando sua força vital. Essa doença está matando o único lar que nós temos certeza que pode abrigar nossa forma de vida, e que pode abrigar vida com consciência. A morte de nosso lar vai ser a nossa morte, a morte de nossos filhos, e a não existência de nossos netos. A vida levou quatro bilhões de anos para chegar ao ser humano, o único animal que, segundo sabemos, pôde abrigar a consciência. Em questão de poucos anos todo o imenso trabalho dessa Consciência Cósmica pode vir a ser destruído pela doença que corrói nosso planeta.

Essa doença somos nós mesmos. Os mesmos seres que tiveram o privilégio de, após alguns bilhões de anos de evolução, receber a dádiva da consciência, hoje a estão usando para destruir o próprio meio em que sua evolução foi incubada e em que sua consciência foi gerada... Nós, seres humanos que tivemos o privilégio de receber a consciência, a mais alta benção divina entre todos os seres vivos por nós conhecidos no universo – e talvez sejamos um caso único, ou raro, na vastidão do espaço infinito –, somos um câncer a


devorar a vida dessa nossa grande geradora e provedora: nossa mãe Terra.

Nós consumimos as áreas verdes que são responsáveis pelo equilíbrio da distribuição de nossa água, pela conservação de nosso solo, pelo abrigo de milhares de outras formas de vida, pelo frescor da temperatura, pela qualidade do ar que respiramos... Nós produzimos lixo que intoxica a terra, que mata os cursos de água, que contamina por diversas formas nosso ambiente; nós provocamos queimadas, que destroem o verde, exterminam florestas e sua biodiversidade – uma imensa e rica massa de formas de vida que, na maioria das vezes, jamais iremos conhecer, jamais iremos saber quantos e tantos remédios para grandes males são e foram assim perdidos, quantos e tantos alimentos que nós nunca experimentamos ou experimentaremos... Nós provocamos queimadas de entulhos, lixos, elementos tóxicos e nocivos, que causam doenças e danos, que apodrecem nosso ar, o ar que respiramos, que nossos filhos respiram, que nossos netos respirariam, se pudessem viver...

Nós jogamos grandes quantidades de elementos perniciosos no ar que nos alenta, como fumaça, excesso de gás carbônico, metano, e muitos outros, que nos envenenam e que sobrecarregam a atmosfera de gases efeito estufa, aumentando o calor do planeta e as catástrofes naturais, como secas, enchentes, furacões, desertificação, carência de água em alguns lugares e excesso em outros. Nós nos procriamos sem

medidas e submetemos nossos semelhantes à escravidão do poder econômico, gerando miséria, com todas as suas nefastas consequências, como violência, fome, doenças, e degradação ambiental de grande porte.

Nós somos a ingrata e nefasta doença que está envenenando, corroendo, destruindo e matando nossa grande mãe, a Terra. A grande mãe, que agora nos pede socorro. Que agora nos implora para que a socorramos, para que cessemos de destruí-la, para que a poupemos da morte que se demonstra iminente. Não implora a vida para que possa sobreviver para si mesma, porque seu objetivo, pelos bilhões de anos de sua existência, como uma pérola perdida no infinito do espaço sideral, sempre foi o de abrigar a vida de seus filhos e de lhes conceder a consciência, para que, como verdadeiros filhos, pudessem fazer a consciência divina se manifestar e ser consciente de si mesma; para que a vida consciente manifestada no ser humano possa se evoluir a patamares mais altos de – quem sabe? – um projeto maior de Deus.

Com o coração negro pelo luto que brota dessa terrível doença que está matando a nossa mãe, infelizmente não podemos, de sã consciência, comemorar com despreocupada alegria e com a tranquilidade que o amor nos oferece, a nossa existência.


Meus pêsames, meus irmãos, meus pêsames... porque nós estamos matando nossa mãe e temos tapado nossos ouvidos a seus apelos de socorro e fechado nossos olhos às chagas abertas que ela, ainda com humilde doçura, nos oferece como testemunho da nossa culpa, esperando, talvez, que a consciência que ela gestou por bilhões de anos para nos presentear, como uma flor nascida do lodo do pântano, desabroche em um ato manifesto de amor que a possa salvar e, assim, ainda possa salvar seus filhos... Inclusive a própria raça humana.

(*) Do livro “Maya”, Companhia das Letras, SP, 2000


REFLEXÕES SOBRE O TEMA: “O PLANETA TEM FUTURO?”

O

2. Há uma urgente necessidade de mudança de paradigmas. O ser humano precisa se deslocar do foco da individualização cega para o da humanização; precisa saber e sentir que é apenas uma parte de um todo maior e infinito e que tudo o que lhe diz respeito afeta o todo e a todos os demais, assim como é afetado por qualquer alteração do todo.

3. O futuro do planeta depende de como cada um dos seus habitantes passe a se relacionar e a interagir com o todo. Cada um tem que se conscientizar da existência dos problemas ambientais e perceber que é um dos responsáveis pelo estado geral do meio ambiente, sendo agente conjunto de sua degradação ou de sua recuperação. bservando os problemas ambientais, sociais e econômicos do nosso Planeta, tornam-se óbvias a nossos olhos as seguintes conclusões:

1. Se persistir o modelo de civilização hoje adotado, baseado na submissão, no exercício de poder pela força, no extrativismo ilimitado, no imperialismo e na falta de harmonia e comunhão entre os seres que habitam o planeta, a humanidade está em rota de choques iminentes com desgraças e hecatombes ambientais, que poderão comprometer toda a forma de vida que o habita.

4. Cada um tem que adotar seriamente posição definida e eficaz no sentido de direcionar suas ações para uma melhora do mundo como um todo. Há de se acatar como lema a filosofia do grande pacifista Gandhi de que “Nós precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo” e se libertar urgentemente do paradigma atual, que hoje, mais que nunca, pode ser identificado pela desolação íntima e pessoal muito bem retratada pela frase “Erguemos muros que nos dão a garantia que morreremos cheios de uma vida tão vazia” (trecho de letra de música da banda Engenheiros do Hawaii).

5. Cabe, portanto, a cada um de nós, como parte integrante e indivisível do todo, consciente da participação


efetiva nos processos de coexistência com os demais seres e elementos do planeta e de ocupação e utilização ambiental, responder se a Terra tem futuro, e qual a qualidade do futuro que terá.


OS PROPRIETÁRIOS RURAIS E A RESPONSABILIDADE NA RECARGA HÍDRICA

P

assa da hora de focalizar atenção nas propriedades rurais, como principais colhedores e receptáculos das águas. As informações escolares sobre o “nascimento” das fontes de água são, dentro de um padrão didático, razoáveis. O aluno aprende que a água vem das chuvas, que vêm das nuvens, que vêm da evaporação da água. Em níveis mais adiantados, aprende até que grandes evaporações ocorrem nos oceanos e que o regime dos ventos conduz grandes nuvens que deságuam nos continentes. Pronto: o milagre da formação da água aconteceu.

Tal quantidade de informação acadêmica poderia ser suficiente não houvesse necessidade de otimizar o aproveitamento dessa dádiva preciosa da natureza. Os seres vivos são, no geral e na média, água em mais de 70% de sua

composição. Para os humanos, além do consumo direto, a água ainda é preciosa para lazer, higiene, processos industriais etc. Ocorre que o século XX terminou com a consciência e o conhecimento humanos em xeque. A razão: pela forma e no ritmo em que é utilizada, a água aproveitável está ficando cada vez mais escassa.

A população aumenta, o consumo também e em proporção ainda muito maior. Há sobrecarga de poluentes e resíduos que são direcionados para o solo ou cursos de água – e daí sempre para os reservatórios hídricos. Atividade humana pressupõe crescimento econômico: mais produção, mais construções, o que equivale a desmatamento, e impermeabilização de solo; o que equivale a menos retenção hídrica em ambiente natural.

Qual a solução imediata? “Fabricar” mais água. É possível? Claro, mas apenas se houver esforço maciço e conjunto de todos os órgãos de educação e preservação ambiental, públicos ou privados, para alertar os proprietários e produtores rurais da sua responsabilidade na captação de água e na ampliação da recarga hídrica. Demonstrar a importância, como preciosos instrumentos de captação e retenção da água, das matas de topo, das barragens e poços de contenção das chuvas, das áreas de nascentes, das matas ciliares e áreas de reserva legal etc. Basicamente, tornar nítido que a propriedade valiosa do futuro será aquela que possuir um melhor índice de riquezas naturais, principalmente água.


INVERNO, FRIO E SECA - UMA MISTURA INCENDIÁRIA

O

frio chegou. Novas frentes frias estão chegando ao litoral sul. Provavelmente devem trazer geadas para nossa região. Com a natural seca do tempo frio, baixa umidade do ar e matos ressequidos, chega o triste período das queimadas. Neste ano, por uma generosidade natural, a temporada de chuvas se estendeu até agora, reduzindo o risco dos incêndios. No entanto, a seca tarda mas não falha. É o estopim das queimadas.

A despeito da ignorância da maioria a respeito, queimar lotes urbanos é crime. Essa má técnica utilizada para limpeza, está, em vários aspectos, enquadrada como atividade criminosa na Lei dos Crimes Ambientais, com previsão de penas que variam entre quatro meses e oito anos, dependendo da gravidade do resultado que a queimada atingiu.

A queimada provoca morte e extinção de seres da biodiversidade, como animais e plantas. Coloca no ar uma quantidade perigosa de diversos tipos de poluentes, inclusive alguns venenosos, como, por exemplo, o resíduo da queima de plásticos, pneus, tintas, peças industrializadas, pilhas etc. Essa poluição, somada à baixa umidade do ar, acarreta um visível aumento de doenças nos seres humanos e em animais de estimação. São doenças cardiorrespiratórias, alergias de amplo espectro, doenças oculares, irritação de pele, vômitos, enjôos, dores de cabeça... As principais vítimas, os idosos e os recém nascidos.

Há um vultoso aumento das internações hospitalares no período. Socorros médicos são procurados de forma incessante. Há prejuízos econômicos ao setor produtivo. A previdência, que já se diz deficitária, arca com um volume enorme de prejuízos em internações, atendimentos, exames e fornecimento de remédios.

Prevenir, nos diz a sabedoria dos antigos, continua sendo o melhor remédio. A ausência de poluição atmosférica provavelmente reduziria os atendimentos médicos e hospitalares em até 50%, ou mais, e representaria uma economia bastante apreciável tanto ao setor produtivo como ao setor público. E essas despesas são naturalmente contabilizadas aos consumidores e aos contribuintes. O repasse final de qualquer prejuízo, em qualquer esfera, é para o povo. A população, como um todo, não apenas sofre os efeitos diretos e imediatos


em sua saúde e em sua qualidade de vida, como também em seu bolso, já naturalmente extorquido pela economia recessiva que maltrata o país.

Não bastasse isso, o acúmulo exagerado de gases efeito estufa, na atmosfera, sofre uma maior pressão, contribuindo para o aquecimento global e as naturais catástrofes que isso provoca. Os jornais mostram diariamente o resultado desse desarranjo natural: secas, tempestades e inundações, frio intenso em algumas regiões, enquanto em outras o calor mata dezenas de pessoas. Até o Brasil, país que se sentia imune ao ataque de ciclones extratropicais vem sendo por eles vitimado.

Um ar mais limpo e puro proporciona uma condição bastante melhor de existência, mais conforto, mais calma, menos estresse. Vamos dar nossa contribuição para reduzir esse mal que nos afeta ano após ano. Não faça queimadas. Não permita que outros a façam. Denuncie os incendiários. Eduque, quem estiver ao alcance de seu poder de persuasão para que não as faça. Vamos melhorar nosso ar, nossa qualidade de vida e nossa saúde e a de nossos filhos.


OLHOS BAÇOS E OUVIDOS MOUCOS

D

ormi mal.

Acordei com os olhos ardendo. Arranhados pela secura e pela sujeira do ar. Olho, da janela, a cidade, sonolenta ainda, acordando aos poucos. Embaçada. Horizontes imprecisos, de cor indefinida. Serão meus olhos, gastos pelo tempo e cansados pela vida, que as lentes dos óculos não conseguem corrigir? Ou fumaças vagueando insidiosas nas brumas da manhã? Lembranças brotam desconexas, miasmas em cantos indefinidos da mente, e invadem meus pensamentos. Distantes no tempo, as aulas da D.ª Cecília, em manhãs sonolentas como esta, ecoam no silêncio da sala de aulas do Grupo Escolar Aphonso Pena (ou no escuro de minha memória?): “O céu é azul marinho”. E era. A gente via, comprovava.

“Lembranças, quantas lembranças / dos tempos que lá se vão ”. Lembrança puxa lembrança e sopra versos nostálgicos no poema de infância: “... vai para o céu a fumaça / fica na terra o carvão”. A fumaça está no céu, e o céu deixou de ser anil. A memória infantil realça os detalhes. O azul marinho seria apenas uma aquarela a reforçar a memória de criança? Acho que não. Para os jovens de hoje eu garanto: “meninos, eu vi!”. Vi de fato um céu anil; azul profundo, lindo e comovente. Manhãs como esta, dias claros e limpos, ficávamos em algum ponto alto olhando o perfil da Serra da Mantiqueira, compondo e recompondo as linhas mágicas, divisas de uma Shangrilá de maravilhas incalculáveis, olhos postos longe no horizonte que sonhávamos ganhar e ultrapassar. Hoje, os horizontes estão próximos e indistintos. Não se prestam a embalar sonhos das crianças aventureiras. “...Criança! /Não verás nenhum país como este! / Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta! / A natureza, aqui, perpetuamente em festa...”. Em sã consciência eu poderia atiçar a imaginação das crianças de hoje: olha que céu, que mar?! Vã ilusão. Que céu sujo! que mar poluído! Difícil me vestir do patriotismo do poeta. Afinal, que país é esse que ostenta o nefasto título de quarto maior emissor mundial de gases prejudiciais ao ar? E ao azul do céu? Que país é esse onde as queimadas destroem as matas, matam a vida e vedam a vista de céus e horizontes? De esperanças e de sonhos? “Santa Clara, clareai”, mais um eco no meio de tantos outros. Clareai o anil de nossos céus, mas também e principalmente a mente e a alma de nosso povo. Com sabedoria, diz o popular que pior cego é aquele que não quer


enxergar. Horizontes opacos são ideais para quem não quer enxergar. Um homem sábio e justo já disse: “quem tem olhos, veja; quem tem ouvidos, ouça”. Eu me pergunto: quem quer enxergar? Há alguém disposto a ver? O carro passa acelerado na rua, dispersando meus devaneios no ruído do motor desregulado e barulhento. Solta fumaça escura e fedorenta. Lá dentro, o rádio ligado executa tão alto quanto o motor, ou mais alto ainda, uma sequência de batidas fortes (que alguém me disse se chamar funk): “tem-quetê, tem-que-tê, tem-que-tê uma amante!”. E essa lágrima, teimosa, que insiste em correr? É a secura do ar?


AGENDA 21 ESCOLAR

D

esde a realização da Eco-92, também conhecida como Rio-92, fala-se de Agenda 21, mas poucos se aprofundaram no assunto. Apesar de cobertura jornalística razoável, persistem dúvidas, confusões e mal entendidos. O documento mestre que resultou do evento, a Agenda 21 Global, é vasto, com quarenta tópicos. A ideia que veicula, entretanto, é simples: desenvolvimento sustentável. Ou seja, como não se pode frear o desenvolvimento a curto prazo, há que se balizá-lo para que não haja degradação ambiental, social e individual como incômodo e perigoso resíduo do progresso.

As bases do modelo econômico dominante não se sustentarão sem que sofram uma radical e eficaz interferência e correção de rumos e nós, bípedes dominantes do planeta, seremos engolidos e devorados pela ânsia de poder e lucro,

junto com muitos outros seres da biodiversidade. Quadro perturbador e evidência iminente: em algumas dezenas ou em uma centena de anos, nossa raça será fustigada e destroçada por cataclismos e catástrofes ambientais de larga escala. Enterrados no monstruoso volume do lixo que produzimos, queimamos a atmosfera, destruímos reservas naturais e envenenamos o ar. Promovemos mudanças da temperatura. Degradamos e desperdiçamos água. Cultivamos a miséria e a segregação social, amplificando a violência a níveis assustadores.

A ideia de se adotar a Agenda 21, ou seja, um modelo mais tolerável e menos prejudicial no século XXI, surge em momento crucial na história da humanidade. Dependemos de predatória extração de riquezas da natureza. Madeira, ferro, barro, cimento e areia para nossas casas. Utilizamos e queimamos produtos e subprodutos de elementos fossilizados. Agora, há que se controlar o estouro da ânsia que impele às chamadas riquezas e ao sonhado progresso, à custa de um preço que pode vir a ser impossível de se pagar. E a palavra mágica para esse momento é: sustentabilidade.

Previu-se a criação das agendas 21 nacionais e locais. As primeiras para uso dos países participantes. As segundas, para adoção por estados, municípios, distritos, localidades, regiões, etc. A genialidade da ideia está em que poderá ser ela adaptada para qualquer universo, tanto no macro como no microcosmo da ocupação humana. Pretende-se que possa ser


estendida a um conceito de idealização, servindo de meta para um ajuste a médio ou longo prazo, mas que também seja aplicada, de forma prática, de imediato, aos fatos emergentes; é, ao mesmo tempo, um horizonte a se chegar e os primeiros passos a dar. Parte-se da prática do caminhar, no aqui e agora, corrigindo direção, evitando tropeços, aprendendo caminhos.

O primeiro e mais importante passo pode estar potencializado no embrião da cultura e do conhecimento, elo que na base e na alma une indivíduos, meio social, econômico e ambiental: a escola. É aí - na fertilidade do terreno onde se formam opiniões, pensamentos e se produz conhecimento - que encontramos solo para plantar uma primeira semente, a Agenda 21 Escolar...


POSSO PERGUNTAR?

Q

uando se fala de problemas ambientais, é seguro que todos têm ciência de grande parte deles. Ninguém desconhece que, persistindo a atual situação geral, de deposição irregular dos resíduos humanos, chamados de resíduos sólidos, o planeta vai ficar literalmente atolado em lixo. Da mesma forma, todos sabem que o lixo contamina e polui água, solo e ar. Não é mistério para ninguém que o volume de água doce disponível para consumo está sofrendo redução gradual, cada vez mais acelerada, principalmente pela poluição oriunda dos esgotos domésticos e industriais, pelo uso inconsequente e pela distribuição irregular, fruto de desmatamentos, queimadas e outras atividades humanas que interferem na qualidade da água e nos regimes dos ventos e chuvas.

Quando se fala em aquecimento global, todos são verdadeiros especialistas. Muitos, escorados na ampla divulgação da mídia, sabem qual vai ser o potencial das águas gélidas que se somarão aos oceanos, aumentando-lhes nível e afetando negativamente a atualmente famosa Corrente do Golfo, em razão do derretimento das geleiras da Groelândia. Sabem quantos graus a temperatura vai se elevar nos próximos dez anos, quantos centímetros os oceanos vão subir, qual o aumento da incidência de furacões, tornados e outras tempestades tropicais.

O mesmo acontece quanto a outros prejuízos ambientais causados pelas atividades humanas no planeta. Difícil encontrar quem não se diga conhecedor de situações prejudiciais de grande vulto, causadas por atividades como queimadas ou uso descontrolado e excessivo de produtos químicos, papel, água ou energia elétrica.

Se alguém perguntar para qualquer estudante, dona de casa, operário ou empresário, servidor público (aqui incluídos os políticos) ou a quem quer que seja quem é o responsável pelos agravos à natureza, a resposta é unânime: o homem, no sentido lato de ser humano. Cada um de nós observa com bastante acuidade a “pegada ecológica” de nosso semelhante. Pegada ecológica, aqui, tem o sentido técnico que lhe é emprestado: a pressão que cada um exerce no ambiente pela sua maneira de viver, produzir e consumir. Mas poucos olham, atrás de si, seu próprio rastro no ambiente.


Vamos simplificar. Se você tem casa, carro, consumo de classe média, provavelmente para que todos os habitantes do planeta pudessem ter o mesmo padrão de vida que o seu, seria necessária a existência de riquezas equivalentes às disponíveis em dois planetas Terra. Assusta? Mas essa é a realidade. Segundo estudos dos técnicos responsáveis pela avaliação de dados do “peso” ecológico de cada um, um padrão de classe média do cidadão dos EEUU pede a existência de três a quatro planetas Terra de riqueza. A conta é complexa, mas lógica: pega-se o valor somado das riquezas globais disponíveis e disponibilizáveis, dividindo-o pelo número de habitantes. O resultado é a riqueza a que cada um de nós tem direito. Usar mais que isso é ter uma pegada ecológica mais pesada do que o sistema natural pode suportar.

Tire a prova dos nove: veja seu peso ecológico no site www.myfootprint.org. Na página principal, direcione o mouse no mapa do Brasil, clique em português (esse é o idioma escolhido) e faça o teste que se abre a seguir. No final, o site vai certamente acusá-lo de excesso de peso na natureza. Naturalmente, para seguir esses procedimentos ou para ler este artigo você necessita ter computador e ligação com a rede mundial. Só esse privilégio já o posiciona em uma situação ambiental pouco confortável: não dá para toda a população do planeta gozar desses privilégios.

Vamos, então, ligar os elos de nosso raciocínio: conhecemos os problemas ambientais, sabemos que o ser humano é causa

de influência negativa e aceleração desses processos de degradação, temos consciência de que somos humanos e que, portanto, degradamos produzindo lixo, gastando água, usando combustível fóssil à base de carbono e consumimos excessivamente. Parece lógico concluir-se que se somos a causa de efeitos negativos ao ambiente, basta desacelerar nossa influência prejudicial ao meio que os problemas serão minimizados. Lógico, mas...

Incoerentes. É o que somos: incoerentes. Será que não percebemos e não tivemos nossa consciência desperta para o fato de que se somos o agente prejudicial podemos, por nossa vontade espontânea, ajudar a reverter a gravidade da situação? Qualquer um sabe prever as catástrofes que estão por vir, sabe identificar o porquê dessas catástrofes. Será que não pode contribuir para estancar as causas das catástrofes? Em sua própria vida, em sua casa, em seu trabalho, em seu consumo?

Então, posso perguntar? O que você tem feito de efetivo e prático para reduzir a sua influência perniciosa no ambiente? Você já percebeu que você é, como todos os outros seis bilhões e meio de habitantes do planeta, responsável pela degradação ambiental? Pense nisso. Pergunte-se isso na próxima vez que se mirar em um espelho.


PROBLEMAS AMBIENTAIS RELEVANTES: UM RESUMO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE MAIS ASSUSTAM OS BRASILEIROS

necessidades humanas - 0,7% dessa água são águas subterrâneas - 0,05% águas de superfície

Dados da Organização das Nações Unidas - 2000: "No ritmo atual de poluição e explosão demográfica, as perspectivas são sombrias. Em 25 anos um terço da humanidade estará morrendo por sede ou contaminação de água. As primeiras vítimas serão moradores de metrópoles e regiões desérticas". Uso da água pelo ser humano: O desaparecimento da água potável

- alimento - ingestão direta

D

isponibilidade: 97,5% de água salgada e 2,5% de água doce, assim distribuídos: - 68,9% calotas polares e geleiras

- agricultura - elaboração de alimentos - doméstica

- 29,9% águas subterrâneas

- industrial

- 0,9% outros reservatórios

- escassez de água

- 0,3% rios e lagos

- fome

- 0,75% da água do planeta é disponível para satisfazer as

- desidratação


O corpo humano é composto de 70% de água

Necessita de consumir, em estado natural, uma média de 2/3 litros dia

O consumo sobe em média 5% ao ano - tendendo a aumentar proporcionalmente ao aumento da população

Isso equivale à construção de uma Usina de Itaipu a cada 4 anos

O corpo humano perde: - 0,80 litro pela transpiração - 1,5 a 3 litros, pela urina

78% da água do Brasil estão na Região Norte, sendo 60% só na Amazônia

- 0,50 litro na respiração - 0,20 nas fezes

13% de toda água doce disponível no mundo estão no Brasil Os problemas da falta d’água são em razão de:

Cerca de 3 a 4,5 litros/dia de perda.

- distribuição irregular dos reservatórios - contaminação

Média ideal de gasto por pessoa dia: 40 litros

- poluição - desperdício

Média de gasto no Brasil, por pessoa dia: 200 litros de água tratada.

Estima-se que 70% da água tratada no Brasil são desperdiçados em vazamentos

- maior demanda (crescimento demográfico e ampliação dos rebanhos)

Mais de um bilhão de pessoas no mundo não tem acesso a água potável


58% dos municípios brasileiros não têm água tratada

25 mil pessoas morrem diariamente como consequência direta ou indireta da carência de água Poluição/Contaminação:

O consumo dobra em média a cada 25 anos, tendendo a aumentar

No ritmo atual, em 2008 - 60% da população mundial não disporá de água doce potável.

- produtos químicos e pesticidas (Sul) - metais tóxicos - mercúrio (Centro) - esgotos industriais e residenciais (Sudeste)

No agreste nordestino uma lata de 20 litros custa 50 centavos

Em São Paulo, mil litros de água tratada custam 66 centavos (no agreste, a mesma quantidade custaria 25 reais)

Segundo dados das Nações Unidas, em menos de 25 anos 2 em cada 3 habitantes do planeta serão afetados por alguma forma de escassez: sede, pobreza ou doenças contagiosas. Hoje, a proporção é de 1 por 3.

Desmatamento – Amazônia

Q

uase 70% das florestas do mundo estão distribuídas entre Brasil, Rússia e Canadá.

Madagascar hoje tem apenas 10% da cobertura original Hoje há pelo menos 70 conflitos declarados por causa da água.


Indonésia e Ilhas Sumatra e Bornéos, 7,8%

- queimadas - madeireiras

Filipinas, 3%.

- ocupação humana

No Brasil: - 13% da área da Floresta desmatados desde 1500

Amazônica

brasileira

foram

- 57,4% da Floresta Amazônica está no Brasil - equivalente a 4,9 milhões de quilômetros quadrados

O programa oficial Avança Brasil - a ser implantado até 2007 com pavimentação da BR 163 - Cuiabá/Santarém vai acelerar o desmatamento da Amazônia, que poderá chegar, em 20/30 anos a 42% da floresta brasileira original (de 1.500), com apenas 5% de área intocada (dados do IMPA e do Smithsonian Institucion)

- Os cerrados têm apenas 20% da área original - A Mata Atlântica, apenas 7,5%

75% do desmatamento ocorrem em torno das rodovias

A cobertura vegetal é necessária para - ambiente para vida - ecossistemas

Até 100 quilômetros ao lado delas são ocupados

- liberar oxigênio necessário à respiração - reter dióxido de carbono - prejudicial - sombrear - refrescar - reter água na terra e umidade no ar - produzir frutos/alimento e abrigo - proteger o solo da desertificação As destruições de cobertura vegetal se dão principalmente em razão de:

O consumo de madeira cresceu em mais de 60% em 40 anos, a maior parte, como lenha nas regiões pobres (aumentando a pobreza, aumenta o desmatamento para esse fim).


Aquecimento Global

A

Com o aumento do nível do mar, morrem os recifes de coral, responsáveis pela habitação de 65% das espécies de peixes.

umentos periódicos de temperatura são comuns (em períodos de cerca de 120 mil anos)

O aquecimento altera e prejudica todo o ecossistema do mundo

O aquecimento hoje é causado em grande parte pelo homem. Vai afetar sua existência.

Pesquisadores e o último Painel Intergovernamental da ONU apontam o ser humano como o responsável por uma assombrosa mudança no clima.

Efeito estufa é causado principalmente pelo acúmulo de CO2, gás carbônico na biosfera, impedindo a fuga de parte do calor. É imprescindível para a vida (sem os gases “efeito estufa” a temperatura média do planeta seria em torno de - 18º). A concentração desses gases está crescendo de forma alarmante, Principalmente, por causa de: - queima de combustíveis fósseis (carros, indústrias) - incêndios e queimadas - plantações de arroz e criação de gado (metano, óxido nitroso e outros) Acredita-se que a emissão desses gases deve dobrar neste século Desde 1861, o nível do mar já subiu até 15 cm em razão de degelo de geleiras.

Há previsão de que a temperatura suba cerca de 6º até o final do século, causando inúmeras catástrofes em todo o mundo e para toda forma de vida. O aquecimento agrava o problema - das queimadas, - da desertificação, - dos desmatamentos - e, consequentemente, da fome, da miséria, etc - das áreas próprias para ocupação - que diminuem Com o aquecimento, aumenta o nível dos mares, pelo degelo das calotas polares e pelo aquecimento da água (que, aquecida, aumenta de volume). A água e a atmosfera aquecidas propiciam maior número de catástrofes naturais, como tufões, furacões, tornados, temporais tropicais, etc. Apenas por interesses econômicos, os países do mundo não chegam a um consenso quanto à redução de emissões.


Os EEUU, com 4% da população mundial e responsável por 25% da emissão de gases, não aceitam em firmar o Protocolo de Kioto que prevê a redução gradativa dessas emissões.

- manchas solares - queimaduras - prejuízos ao sistema imunológico Prejuízos nos ecossistemas marinhos: - afetam os fitoplânctons (algas unicelulares), prejudicando toda a cadeia alimentar dos oceanos - prejudica a fotossíntese - altera estruturas de DNA

Destruição da amada de ozônio - chuva ácida

A

tribuem-se a destruição da camada de ozônio aos gases clorofluorcarbonos

A camada de ozônio, na estratosfera, retém parte dos raios ultravioletas vindos do sol. Os buracos são áreas com a camada mais rarefeita. Prejuízos no ser humano: - câncer de pele - envelhecimento precoce da pele

Chuvas ácidas são provocadas por gases provenientes de combustíveis fósseis que se convertem, através de reações químicas na atmosfera, em ácidos nítrico e sulfúrico. São depostos pela chuva ou neve.


O que fazer com o lixo?

C

ada brasileiro produz, pela média, 440.000 quilos de lixo/ano

O Brasil produz 88 milhões de toneladas/ano e 240.000 toneladas/dia Degradação no meio ambiente:

No Brasil, 25% da população joga lixo nas ruas, terrenos baldios e encostas

O lixão, praticado na maior parte das cidades do país, é um sério problema, já que deixa o lixo a céu aberto

O lixo industrial é altamente tóxico - indústrias químicas, eletroeletrônicas, metalúrgicas, indústrias de peças para carros e materiais de borracha, etc.

- papel, 3 meses - filtro de cigarro, 1 a 2 anos - goma de mascar, 5 anos

Cerca de 50% do volume e 30% do peso do lixo são compostos por embalagens

- madeira pintada, 14 anos - náilon, 30 anos - latas alumínio, 200 a 500 anos

O lixo atômico é composto principalmente de plutônio, que leva cerca de meio milhão de anos para perder seu potencial agressivo

- plásticos, 450 anos - fraldas descartáveis, 600 anos - vidro, 4.000 anos

A produção anual de plutônio é de cerca de 200 a 250 quilos, sendo que bastariam 500 gramas para causar câncer de pulmão em todos os habitantes do planeta.

- borracha, inestimado No Brasil, apenas 137 municípios, dos 5.507 existentes, praticam alguma forma de coleta seletiva de lixo.


A velocidade da destruição das espécies: São Paulo produz 13.800 toneladas de lixo dia. Segundo dados da Limpurb, 92% vão para grandes aterros, 7% para incineradores e usinas de compostagem e 1% é reciclado.

- Entre 1500 e 1850 - 1 espécie eliminada por cada dez anos

PERDA DA BIODIVERSIDADE

- Em 1990 foram eliminadas 10 espécies por dia

- Entre 1850 e 1950 - 1 espécie por ano

- Em 2000, uma espécie por hora ou 24 por dia. Biodiversidade estimada no mundo: 5 a 50 milhões de espécies. Dessas, apenas cerca de 1,4 milhão foram identificadas e catalogadas.

De 1975 a 2000 foram extintas 20% das espécies vivas.

- 800 mil insetos

De 1950/2000 eliminado 1/5 das florestas tropicais

- 250 mil vegetais - 40 mil vertebrados

Mais de 14% das espécies vegetais estão em extinção

- restante: invertebrados, algas, fundos e microrganismos.

No Brasil estão 10 a 20% de todas as espécies do planeta.

2/3 das 9.600 espécies de aves do planeta estão em declínio e 11% ameaçadas de extinção

A biodiversidade é destruída por - desmatamentos

11% das 4.400 espécies de mamíferos encontram-se em perigo iminente de desaparecimento

- queimadas - extração mineral - comércio ilegal de variedades

1/3 de todas as espécies de peixes estão sob ameaça.


Excesso de poluição no ar, na água e no solo

D

esde o início da revolução industrial - 1751 - 271 bilhões de toneladas de carbono foram depositadas na atmosfera.

Nos últimos 50 anos, apenas os EEUU lançaram 186 bilhões de toneladas. Problemas mais sérios:

A poluição sonora provoca estresse, distúrbios físicos, mentais, psicológicos, insônia, deficiência auditiva, altera a pressão arterial, causa problemas digestivos, má irrigação sanguínea da pele e até impotência sexual.

A poluição do solo vem principalmente da deposição de resíduos e da excessiva e má utilização de agrotóxicos e algumas formas de adubo. Afeta diretamente água, solo e atmosfera.

- gases "efeito estufa" em quantidade excessiva - resíduos tóxicos nas bacias hidrográficas - "smog" - massa de ar estagnado composto por diversos gases, vapores de ar e fumaça

80% da poluição atmosférica das grandes cidades vêm do escapamento dos carros.

20% das fábricas, incineradores de lixo, incêndios, etc.

A poluição das águas é causada por lixo, esgoto, deposição de detritos e outras formas de sujeira, mercúrio dos garimpos, resíduos de baterias e pilhas, etc.

A poluição visual prejudica a qualidade de vida das pessoas, ofende sua integridade psíquica, causa nervosismo, cansaço e mal estar; prejudica o hábito de alguns animais, confundindo-os.


Queimadas

- aquecimento global

S

- deposição de gases tóxicos pela queima de lixo (borracha, tintas, materiais de construção, etc.) e materiais químicos - e industriais

ão responsáveis em grande parte pela extinção da biodiversidade, eliminando plantas e animais.

Causam: - desertificação. - doenças nos seres humanos: - respiratórias - asfixia - alérgicas - oculares - de pele - cardiológicas, etc.

Superpopulação

- ressecamento da atmosfera

A

- aumento da poluição do ar, do solo e das águas

Para 2010 estão previstos 7 bilhões de habitantes e 8 bilhões em 2021.

tualmente, pouco mais de 6 bilhões de habitantes ocupam o planeta.


Nos últimos 25 anos a população cresceu em 2 bilhões de pessoas; no mesmo período, a cobertura florestal planetária diminuiu 10%, as 100 principais espécies de água doce reduziram-se em 45%, desapareceram 50% de todos os mangues e várzeas - houve uma queda de 30% nos ecossistemas (1,5% ao ano) - segundo o IPV (Índice Planeta Vivo) do Fundo Mundial da Natureza.

quadrados, o equivalentes a 1 milhão e 800 mil Maracanãs, ou 49,34 quilômetros/dia, equivalentes a 4.931,5 Maracanãs.

O aumento da população provoca derrubada de árvores para ocupação, deposição de lixo e resíduos no solo, nos rios e oceanos, eliminando formas de vida, aumento da atividade produtiva agrícola e industrial, na criação de gados, aumento da emissão de gás carbônico, de incêndios e queimadas, demandas por alimentos, etc.

Estimam-se 90 milhões de novos habitantes por ano, o que vai exigir 26 milhões de toneladas de alimentos a mais em cada ano.

Nos últimos 40 anos, a pesca oceânica saltou de 18 milhões de toneladas anuais para 95 milhões. As espécies mais importantes estão esgotadas.

Nos próximos 30 anos, os 30% de países mais pobres responderão por 90% do crescimento populacional. O que pensar do nosso futuro? Segundo o relatório "State of the World", do Worldwatch Institute, "dentro de no máximo uma geração países como Mauritânia, Etiópia e Haiti estarão praticamente sem vegetação por causa da busca de lenha para cozinhar".

O desmatamento da Amazônia brasileira - responsável por 20% de toda a biodiversidade mundial - chega a 18.000 quilômetros

A

grande questão desse início de milênio e de século é avaliar as possibilidades de paralisar e reverter o quadro dramático de nosso planeta.

Para que a vida no planeta tenha futuro há a necessidade de um movimento emergente no sentido de reverter o quadro. Isso


depende da conscientização global da existência dos problemas e da vontade de cada um de tomar parte nessa luta.

Os países mais ricos têm que se conscientizar que, ao invés de exercitar a atual política imperialista adotada vorazmente em todo o mundo, eles precisam auxiliar os países devedores e os países pobres. Sua própria subsistência depende disso.

Algumas medidas possíveis de serem adotadas

A

principal medida a ser adotada é a de que o ser humano se conscientize de que ele não é um organismo único no planeta, que ele não está só, mas faz parte de um grande organismo vivo. A morte desse organismo, por qualquer motivo que seja, vitimará todos os seus habitantes. A doença social ou ambiental desse organismo afetará igualmente a todos de uma ou de outra forma.

Os mais ricos, em todos os países, precisam ter consciência em melhorar a distribuição de renda.

A legislação ambiental precisa ser ampliada e cumprida e aplicada. As mínimas agressões ao meio ambiente devem ser coibidas.

Há a necessidade de adoção de novos paradigmas. O ser humano precisa se ver em seus semelhantes e em todas as vidas do planeta. Precisa entender que há uma interdependência cósmica unindo toda a espécie de vida em todo o planeta como um único fio. O que prejudica a vida em um singelo e longínquo lugar ressoa em toda a vida, em todo o planeta. E talvez em todo o Universo.

Como medidas objetivas, é necessário que, imediatamente:

- haja uma educação permanente e persistente, maciça e impositiva, apontando a necessidade de se reconstruir o muito que já foi prejudicado, preservar o que ainda existe, e construir condições mais favoráveis ao meio ambiente; - contenha-se a explosão demográfica;


- cessem as atividades de degradação; - a miséria seja erradicada; - haja a reversão de degradações, principalmente em regiões ambientalmente vulneráveis ou que representem situações ambientais perigosas.

O futuro imediato poderá ser para nós ou o nono dia da Criação, ou o segundo e definitivo dia da destruição.

Cabe ao ser humano decidir sobre qual dos dois caminhos irá adotar.


15 DE ABRIL - DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO

P

adrão de solidez e robustez para nossas comparações cotidianas, suporte de 6 bilhões de habitantes da raça humana, o solo começa a dar mostras de cansaço e de esgotamento. O solo terrestre não é muito novo, já que a formação do sistema solar data de alguns bilhões de anos. Nunca foi muito calmo, passando por transformações constantes e muitas vezes violentas no vômito de uma atividade vulcânica, no sacolejo de um terremoto. Foi estruturado e reestruturado, pintado, desenhado, redesenhado, esculpido, e transformado, pelos cinzéis afiados do vento, das tempestades, dos cursos de água, mas sempre sustentou uma importante fatia da biota planetária.

Esbarrou, enfim, com a sofreguidão, a ânsia e a ganância de uma das raças que sustentou e alimentou, a humana. E esse filho

desnaturado está a comprometer, sem medidas e sem precauções, a vitalidade do solo, a exemplo de um tumor maligno que alastra-se por toda a pele até sua máxima exaustão e morte (naturalmente, morrendo junto) do hospedeiro. Parece uma comparação drástica. Afinal, a raça humana, pressuposto de uma criação superior divina, tem consciência, tirocínio e inteligência. Sabe avaliar e diagnosticar, comparar e medir, criar e corrigir. Mas, a comparação procede. Agimos como câncer de pele, deitando tentáculos e sugando a vitalidade de nosso hospedeiro, o planeta.

Dia 15 de abril foi, acanhado, dia nacional comemorativo da preservação do solo, instituído pela Lei 7.876/89. Comemorativo?! Quando se trata de itens ambientais dificilmente há um dia comemorativo. No máximo, uma vaga lembrança e na melhor das hipóteses, um dia de reflexão. Não é diferente, quando se trata da conservação do solo, degradado de forma irresponsável pela deposição de uma quantidade alarmante de detritos, e pelo despejo de metais tóxicos e pesados, pesticidas, adubos e outros produtos agro protetores de alto potencial danoso.

Difícil acreditar que uma simples goma de mascar possa demorar 5 anos para se decompor no solo, como parece coisa de ecologista leviano estimar que o plástico pode durar 500 anos sem se degradar. A preocupação com produtos químicos, agrotóxicos, adubos e metais pesados parece arroubo de pessimistas românticos estressados que vêem em tudo um risco à


existência. Não há pessimismo (ainda que haja muito estresse) em tais constatações. Alguns venenos usados na agricultura ou na pecuária podem levar dezenas de anos para se decompor. O mesmo se diz de muitos outros produtos químicos, às vezes camuflado na singeleza da tinta que deu graça e vida a um simples rótulo de um produto de consumo qualquer. Centros mundiais de pesquisa avaliam os custos dessa verdadeira invasão às entranhas de nosso solo. Queimadas, desmatamentos, impermeabilizações e outras atividades típicas do ser humano também constrangem as possibilidades naturais de auto regulação e de se auto recuperação do solo. Criamos desertos em um canto, ilhas de concreto em outro, terras pisoteadas e improdutivas mais adiante. Extraímos das vísceras da terra grande parte das chamadas "riquezas minerais", deixando catastróficos impactos no ambiente manipulado.

Não comemorados. Nem deveríamos. Mas, vamos aproveitar a oportunidade e a chance de refletir sobre a importância de nosso solo e o descaso com o qual o vimos tratando.


ESTAMOS QUEIMANDO NOSSA ATMOSFERA

Q

uem assistiu ao primeiro dos filmes da série Matrix, realizado no final dos anos 90, viu que o nosso planeta, depois de ter sua atmosfera queimada pelos seres humanos, passou a viver em um inferno glacial (perdoem a aparente contradição dos termos). Foi um filme chocante que ocupou e incentivou acaloradas discussões filosóficas dos meios acadêmicos e, dentre uma série de temas focados, trouxe à baila discussões ecológicas relevantes. Pôs a claro e denunciou chagas profundas que a humanidade dissimula em favor de interesses particulares. Acusou o ser humano de se comportar não como um mamífero, mas sim como um vírus: uma forma de vida danosa a seu hospedeiro e que pode destruí-lo. Ficção à parte, o ser humano está, literal e velozmente, queimando a atmosfera do planeta. Entre abril e outubro época que antigamente era caracterizada pelo famoso céu azul-anil – a paisagem comum é manchada por densos e grossos novelos de fumaça em todos os cantos das cidades e ao longo

das estradas, como se cercadas por uma infinidade de vulcões ativos com suas esfaimadas e destrutivas bocas prontas a engolir o ambiente natural. Essa fumaça está envenenando o ar pela deposição de gases tóxicos, provocando ou agravando inúmeras doenças. Os que mais sofrem são os idosos e as crianças, o que se agrava para os portadores de problemas cardiorrespiratórios e alérgicos. Por outro lado, grandes são os prejuízos ecológicos, principalmente pelo aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera, que acelera o famoso efeito estufa, aquecendo desmesurada e irregularmente o planeta. Os brasileiros aprenderam e aprendem que o Brasil é o grande paraíso ecológico da humanidade, mas não tomaram consciência de que está entre os vinte países mais poluidores da atmosfera global. Na maior parte em virtude das inúmeras queimadas que ocorrem em todo o território nacional. Em alguns dias secos os satélites de monitoramento chegam a captar seis ou oito mil grandes focos de incêndios no país. O sonho de alguns, de receber ajuda econômica pelo hoje em dia tão divulgado seqüestro de carbono pode estar ameaçado pelo excesso que as queimadas depositam na atmosfera. Quase 80% dos gases efeito estufa produzidos no Brasil são compostos por dióxido de carbono liberado pelos focos de incêndio. Em 1997 uma grande parcela dos países do planeta se reuniu no Japão, em Kyoto, quando se firmou um acordo para redução das emissões de gases que provocam o aquecimento global. A despeito de apontar metas para a redução de gasesestufa para vários países, a convenção, conhecida como


Protocolo de Kyoto, não estabelece metas para o Brasil, apesar de ser ele um dos países signatários do acordo. Mesmo um olhar mais acanhado para as cidades demonstra a gravidade dessa situação. Em alguns dias, cidades do porte de Varginha chegam a ter 10 ou 15 rolos de fumaça evoluindo na atmosfera do entardecer. Um cenário às vezes semelhante a um campo de guerra recém bombardeado. A fuligem e a fumaça, e o característico mau cheiro, prejudicam imensamente a qualidade do ar. Não existe mais o céu azul-anil de antigamente. Os olhos dos jovens de hoje não puderam, e os das gerações futuras não poderão ver o profundo azul, típico dessa época, que os olhos dos jovens de ontem, um dia tiveram o privilégio de admirar. Os netos das atuais gerações, provavelmente nem mais verão o azul pálido e anêmico dos dias de hoje, se conseguirem sobreviver às catástrofes ecológicas iminentes. A comparação com uma infestação virótica do planeta, como feito no filme acima citado, foi bem colocada. E o que é pior: a humanidade não está participando de uma superprodução hollywoodiana, não está vivendo em um hipotético mundo no reino da ficção científica, descartável nos letreiros finais, mas na mais dura e crua realidade.


O TEMPO ENLOUQUECEU OU ENLOUQUECEMOS NÓS?

A

ntigamente, as águas de março fechavam o verão. As enchentes das goiabas. Hoje, todos se perguntam sobre os destemperos do tempo. Ano passado foi muito seco. Este ano está chovendo muito, a não mais parar... Meados de maio, época de estio, mas, lá fora, a chuva continua caindo, impassível, como se não conhecesse as mínimas leis de respeito aos ciclos do tempo. No começo do ano, época de chuvas, fez seca no sul. Mas o sertão nordestino, que costuma ser ressequido, inundou. O sertão virou mar, os campos plantados de soja, no sul, viraram desertos.

No litoral sul do país, ciclones extratropicais provocaram estragos, mortes e, acima de tudo, sustos. Até nos cientistas. Não existiam registros desse tipo de temporal no Brasil. As altas temperaturas do verão europeu, no ano passado, mataram

centenas de pessoas. Os governos, principalmente o francês, estão preocupados e tomando medidas que mitiguem os danos de um verão ainda mais quente este ano. A previsão é que a temperatura vá subir muito além do que deveria. No Canadá, no Alasca e no norte dos EEUU, ursos acordam de sua hibernação natural cedo demais. Não há alimentos, nem é temporada de seus petiscos prediletos. Invadem cidades e fazendas em busca de alimentos. Tempos de tempo maluco. Imprevisível.

O tempo enlouqueceu... Ou nós enlouquecemos. Afinal, dos motores de nossos carros, das chaminés de nossas indústrias, dos pastos que queimamos para “limpeza”, sobem centenas de toneladas de compostos e particulados para a atmosfera todos os dias. Gazes, alguns venenosos, tóxicos, outros que sobrecarregam a atmosfera, agravando o efeito estufa. É bem verdade que, sem um efeito estufa providencial, teríamos dias extremamente quentes e noites geladas. A temperatura média do planeta cairia para alguns graus Célsius abaixo de zero e a vida humana seria inviável.

O planeta especializou-se, no curso de alguns bilhões de anos, em abrigar e manter a vida, tal como a conhecemos. Em apenas alguns anos, desequilibramos o sistema. Os processos naturais são lentos e eficientes. Afoitos, assumimos o papel que a filosofia e a literatura antecipavam: homem, lobo do homem. Alteramos o ambiente aquecendo a atmosfera, matando-nos a nós próprios e outras vidas do sistema. Considerando-se o pouco


tempo que a raça humana é a dominante, e a velocidade meteórica com que se multiplica e multiplica os processos de agressão ao ambiente, estamos em acelerado ritmo de autodestruição. Desde 1850, quando começaram medições, houve aumento médio da temperatura do planeta em 1º C. Os mares subiram cerca de 15 centímetros (por degelo de calotas polares). Estudos otimistas concluem que, na velocidade atual de poluição atmosférica e acréscimo de gases efeito estufa, a temperatura média se elevará em pelo menos 4 graus neste século 21. O suficiente para causar catástrofes inconcebíveis, alagamentos de cidades costeiras, inundação de países baixos e tempestades gigantescas de alto poder destrutivo. Os mais pessimistas... bem, é melhor não citá-los.

Para nossas loucuras, a resposta não menos louca da natureza. Ação e reação. Recebemos o retorno dos próprias atos. O tempo não enlouqueceu: nós, em nossa insana maneira de viver, estamos provocando-o a se alterar. O resultado, nem mesmo as raras mentes sãs podem prevê-lo.


EM BUSCA DE ESMERALDAS NO RIO DOS DOURADOS

R

io de águas esmeraldas. Pontos de luzidios reflexos verdes. Águas que abrigam vida, muita vida. E dourados – peixe grande, escamas de ouro, de carne saborosa, em imensos cardumes. Haja fartura. E as matas das margens? Árvores imensas, pendidas em um balanço dolente, abaixando-se em solene cumprimento à passagem às vezes molenga, outras apressadas e até brabas de vez em quando, das águas mornas de vida. Cipós, lianas, flores. Capões e capoeirões a se perder de vista. Cheios de vida alegre e saltitante, gritos animados de muriquis, sauás e bugios. E o barulho da passarada? Nem dá para separar, tantos tons de sons, tantos tons de cores, que se sobrepõem e se mostram e escondem nas vastidões desses maciços da Mata Atlântica.

Água que nasce prata, nas muitas pingadeiras, cascatas, que correm e se precipitam em centenas, ou milhares, de pontos

murmurantes, qual arrulho de juriti apaixonada, refletindo, quando o sol invade sua intimidade, mil pontos de estrelas; constelação no meio da mata, na flor da terra. Joias celestes incrustadas em pedacinho de chão. Milagre divino de Criação! Isso lá dentro da frondosa Mata Atlântica, que veste de muita riqueza as vertentes, costas e encostas da Mantiqueira. Prata que acolhe o ouro dos dourados e que se transforma nas esmeraldas da correnteza que vai deslizando suas riquezas pelos mansos, remansos, caudalosos, escandalosos, precipitados, mas sempre vivos, deliciosos e delicados caminhos em direção ao grande rio, ao Rio Grande – lá onde se despeja com muita graça e contribui, solene mas em humilde entrega, para reforçar a grandeza do donatário... - depois de ser dadivado com tributários limpos e cristalinos, que ainda trazem o perfume e o cheio das matas.

Rio Verde.

Rio Verde?!

É; Rio Verde de minha infância. Tempos distantes, quase meio século atrás. Serão tão distantes assim? Para a humilde mediocridade de uma vida que, se tanto, pode apenas resvalar em 80 anos, parecem um não mais findar de voltas do planeta, a seu redor, ao redor do Sol... Mas, comparando-os aos quatro bilhões de anos em que a Terra é depositária da vida, riqueza maior da Criação, são, quando muito, um único grão de areia


jogado nas praias sem fim desse nosso belo país. Pode ser. Mas tempo suficiente para que o rio fosse esterilizado. Para que as matas fossem destroçadas, e sua infertilidade matasse a alegria da vida esfuziante e esvoaçante que as ornamentava, impedindo a plenitude de seu ciclo de captura e aproveitamento de água. Para que secassem nascentes, corrompessem terrenos e envenenassem a seiva do sangue de transluzido verde, dando-lhe coloração escura, opaca e indefinida.

A infância dos meus filhos é mais moderna, mais civilizada. Mas muito mais pobre. Pobre deles, que não podem colher as riquezas da prata, do ouro, das esmeraldas, que eram vivas, alegres e puras. Pobres de meus netos que hão de nascer, pobres deles ao receberem a perversa herança de uma modernidade corrompida, de uma civilização destroçada. E de uma existência sem qualidade necessária o suficiente para sustentar padrões mínimos de saúde e de alegria. Sem as riquezas de prata, ouro e esmeraldas do Rio Verde, que, submisso e humilhado, chora sua correnteza por lamentos soluçados nas pedras afiadas que rasgam seu peito. Febris delírios pelo leito imundo de tralhas, lixos e esgotos. Coitado, nem se pode dar ao luxo de se sentir verde...


PLANO DE AÇÃO DO SOLDADO AMBIENTALISTA

equilíbrio ambiental se escora no tripé: natureza, sociedade e economia. Sem um desses pés, os outros dois desabam.

O ecologista moderno engaja-se nessa guerra consciente de que somente a vitória poderá fazer com que o mundo seja viável para as futuras gerações. E, por isso, luta sem se descuidar um só momento, e luta bravamente.

Aqui está um pequeno plano de ação, com batalhas que você pode lutar e vencer:

O

ambientalista moderno não é apenas um estudioso dos problemas ambientais e das condições de vida do meio ambiente. É um verdadeiro soldado, engajado na luta para a reversão da degradação ambiental, para a preservação do ambiente ainda intacto e para a recuperação moral e ética do ser humano. Batalha na natureza, nos gabinetes dos políticos e administradores, nas escolas e estabelecimentos educacionais, nas organizações governamentais e não governamentais, nas praças e logradouros.

Sabe que precisa vencer a violência e a miséria. Que o desemprego e a falta de instrução são inimigos do bem estar comum e colocam em risco a existência e a coexistência pacífica da espécie. Sabe que não se pode falar em meio ambiente ecologicamente equilibrado referindo-se apenas ao meio ambiente natural – ar, água, solo, fauna e flora – mas que o

Assuma uma missão ecológica diária:

Todos os dias, determine-se alguma ação concreta em prol do ambiente. Se não puder fazer algo grande, faça uma tarefa simples: coleta seletiva em sua casa, um plano para economizar energia e água ou para o consumo útil e consciente. Destine-se uma tarefa como, por exemplo, catar dez garrafas ou latas de bebidas que estiverem espalhadas em vias públicas ou terrenos baldios e coloque-as apropriadamente no lixo. Use a criatividade.

Faça uma agenda de conscientização ecológica:


Adquira uma agenda, ou um caderno, e anote todos os dias, como em um diário, de um lado, em uma primeira coluna, as boas ações socioambientais praticadas. Faça um exame de consciência e anote em uma segunda coluna os atos ecologicamente incorretos (jogar lixo em lugares impróprios, quebrar ou danificar árvores ou arbustos etc) e as omissões (poderia ter gasto menos eletricidade, gasto menos água, poderia ter ajudado a plantar uma árvore etc). Esforce-se permanentemente para que a cada dia mais ações sejam registradas na primeira coluna e menos na segunda.

Adote uma árvore:

Escolha uma árvore em uma praça pública e cuide dela. Peça ajuda a pessoal especializado. Acompanhe seu crescimento. Informe-se sobre sua espécie e suas características próprias. Observe a vida que depende dela (pássaros, insetos etc).

Exerça a cidadania:

Anote as boas ideias que beneficiem o meio socioambiental. Apresente suas ideias aos órgãos oficiais responsáveis. Apresente-as aos políticos (prefeito, secretários, vereadores) de sua cidade. Cobre o resultado das ações apropriadas. Fiscalize a execução das obras. Una-se a outras pessoas, interessadas na

solução dos mesmos problemas, para juntos exercerem com mais eficácia esse controle.

Participe:

Exerça com energia a cidadania, mas não espere que os resultados venham apenas dos poderes políticos. Faça sua parte. Avalie ações com as quais você pode participar. Esforcese para colocar em prática suas ideias. Procure parceiros e amigos. Arregace as mangas e trabalhe. Sempre que possível, procure sensibilizar as pessoas de seu relacionamento: parentes, amigos, vizinhos, colegas. Some forças.

Some forças:

Seja ativo em uma organização ou em um movimento de cidadania socioambiental. Procure algum grupo já existente e afilie-se a ele ou forme um grupo com seus amigos ou colegas e seja atuante. Mantenha-se em contato com outras entidades ambientalistas ou sociais, principalmente com aquelas que têm mais experiência e maior número de projetos realizados.

Recrimine os atos ecologicamente incorretos:


Demonstre sua insatisfação com empresas, entidades ou pessoas que pratiquem atos prejudiciais ao meio socioambiental. Não compre produtos de origem duvidosa. Não adquira nem crie animais selvagens. Boicote estabelecimentos ecologicamente incorretos e prestigie os que respeitam e protegem o meio ambiente e têm compromissos de responsabilidade social.

Cuide dos resíduos:

Não jogue poluentes em cursos d'água ou no esgoto. Separe o lixo reciclável, doando a entidades beneficentes os papelões, as latas de alumínio e as garrafas de refrigerante. Não deixe pilhas e baterias jogadas diretamente no meio ambiente. Cuide para que o lixo de sua casa seja acondicionado de maneira apropriada e entregue aos caminhões de coleta.

Este plano é só um esboço. Acrescente-lhe ações apropriadas. Execute-as. Divulgue-as sempre em seu meio de relacionamento. Lembre-se: um soldado deve estar sempre alerta e sua batalha deve ser continuada. Comece a agir agora. A situação socioambiental do mundo de hoje exige ação imediata. Não há tempo para pausas ou descansos.


QUEIMADAS – SAÚDE, DINHEIRO E BEM ESTAR QUE VIRAM FULIGEM E FUMAÇA

U

m dos grandes problemas que assolam em especial o ambiente planetário e, em particular, o brasileiro são as queimadas. Com ocorrência habitual entre os meses de maio e outubro, época mais seca, são geralmente provocadas de forma intencional. Ou seja, com autoria consciente, prédeterminada e intencional de um ser humano. Sejam as queimadas urbanas ou rurais, ambas causando elevado grau de prejuízo ambiental, são uma forma drástica e danosa de, literalmente, queimar dinheiro e saúde. As queimadas, em qualquer ambiente em que ocorram, lançam no ar uma quantidade enorme e prejudicial de gases efeito estufa, como o dióxido de carbono, contribuindo para o acelerado processo de aquecimento global que hoje já causa sérios transtornos – como inundações, fortes temporais intra e extra tropicais, excesso de nevascas, calor, seca etc.

É de se considerar ainda que, computando-se as inúmeras queimadas nesse período em território brasileiro, o País é o quarto maior emissor de gases efeito estufa do planeta.

Mas não param aí os estorvos e prejuízos do ar poluído pelos gases que se originam das queimadas. Há um aumento de distúrbios físicos consequentes: desde pequenas irritações oculares, peles ressecadas, enjoos e mal estar digestivos, até sérios problemas cardíacos e respiratórios. Ocorre considerável volume de internações hospitalares associadas à má qualidade do ar, fruto principalmente de escapamento de veículos automotores, fábricas e incêndios. Muitos óbitos são, inclusive, registrados e associados a tais causas nos períodos secos, normalmente agravados pela coincidência com a época de frio. Além disso, relacionam-se à má qualidade do ar o aparecimento ou agravamento de cânceres e a ocorrência de morte súbita em recém nascidos.

O período seco e frio do ano é época de fácil transmissão de gripes e pneumonias e a má qualidade do ar, que provoca irritação e pequenas lesões nas vias respiratórias superiores (nariz, garganta), facilita grandemente a transmissão e o contágio dessas doenças, possibilitando fácil ingresso dos respectivos agentes patogênicos nos organismos humano e de animais domésticos.


As queimadas rurais empobrecem a terra, destroem cobertura vegetal imprescindível à manutenção do ciclo hídrico regular e causam desertificação. O solo, sem a proteção da cobertura vegetal, é vulnerável às erosões. A radiação de calor devolvida ao espaço aumenta, incrementando o processo de aquecimento do planeta. Isso quando o prejuízo não é infinitamente maior pela transposição do fogo para matas e florestas, destruindo habitações da fauna, inviabilizando a ocorrência de biodiversidade e ressecando áreas de recarga de água, sem falar no agravamento das chuvas ácidas.

Áreas, sejam rurais ou urbanas, submetidas insistentemente às queimadas acabam por ter seu valor econômico diminuído. Isso, sem falar nos inúmeros acidentes que o fogo acarreta, danificando e destruindo patrimônios públicos e particulares, além de danos nas linhas de transmissão de eletricidade, gerando grande custo a todos. Pesquisas realizadas por universidades concluíram que a desvalorização patrimonial em razão de danos ambientais pode chegar a mais de 20%. Lugares, com áreas naturais preservadas, são comercialmente mais valorizados e, consequentemente, mais procurados.

O fogo sacrifica a vida que se tenta proteger nos parques florestais. Terras expostas em razão de queima da cobertura vegetal, permitem um fluxo maior e mais rápido de poluentes e agentes contaminantes para o ar e para os leitos de água. Permitem, também, um trânsito rápido e inadequado de material orgânico necessário à qualidade sadia do solo. A

queima de produtos tóxicos, como plásticos, tintas, papéis industrializados, borracha etc., envenena o ar. Os prejuízos são incontáveis: desde o aborrecimento das donas de casa, assaltadas pela sujeira impertinente da fuligem, até as graves doenças associadas ao ar ressequido, poluído e envenenado.

É imprescindível que sejam tomadas medidas drásticas e imediatas para reduzir o volume das queimadas. Cabe a cada cidadão, no exercício do direito e do dever de resguardar um ambiente saudável e adequado para a manutenção da vida no planeta, principalmente das gerações futuras, impedir que atos tão perniciosos, como a prática danosa de provocar queimadas, continuem a ocorrer.


ÁGUA, O TESOURO QUE VASA PELO RALO

S

im, quando se trata de recursos naturais, o Brasil é o grande vencedor. Medalha de ouro em quantidade de água (cerca de 13% da água potável disponível no planeta), em biodiversidade (quase 20% das espécies vivas), em florestas (cerca de 60% da maior floresta tropical úmida, a Amazônica). Mas, na direção oposta, somos também grandes competidores: alto índice de desmatamento (a Mata Atlântica está reduzida a míseros 5 ou 6% da área original – tendo como parâmetro o descobrimento oficial, 1500 -, a floresta Amazônica está sofrendo um desmatamento equivalente a uns três mil metros quadrados por hora), poluição atmosférica crescente (milhares de toneladas de carbono originárias das queimadas, dos motores a combustíveis fósseis, das fábricas) etc.

Fixemo-nos, por ora, no enorme desperdício da água. A metade da água distribuída é desperdiçada, quantidade que

daria para abastecer ao mesmo tempo a França, Bélgica, Suíça, Norte da Itália e Holanda, conforme atesta o teólogo, filósofo e ecologista Leonardo Boff. Ressalta, ainda, que, para que seja produzido um quilo de carne bovina, são gastos 15 mil litros de água; um quilo de vegetais, mil e 300 litros. Um ovo nos custaria mais de mil litros.

Apenas 3% da água existente no planeta são potáveis e somente 0,75% está acessível para consumo humano e utilização agrícola e industrial. A maior parte, cerca de 70%, vai para a irrigação e produção agrícola e para a agroindústria. As indústrias utilizam a média de 20% e 10% são utilizados nas casas. O maior desperdício vem na má utilização, distribuição irregular e poluição da água urbana e industrial. As construções e vias impermeabilizam o solo, cerca de ¼ parte da água tratada e distribuída se perde em vazamentos, entre o fornecedor e as torneiras do consumidor. A destruição da cobertura vegetal, principalmente a eliminação das matas de topo, alteram radicalmente a distribuição dos reservatórios. A falta das matas ciliares permite que as águas escoem em velocidade inconveniente para os cursos principais, provocando assoreamentos e não raramente enchentes no período de chuvas e escassez no período de secas.

O excesso de agrotóxico utilizado nas lavouras, além de contaminar lençóis freáticos, escoa com rapidez, água abaixo, contaminando cursos de água. Idem, no que se refere ao lixo irregularmente atirado no ambiente. As queimadas ressecam e


aquecem em demasia o ar, alterando os ciclos dos ventos e das chuvas. As consequências: desertificação, tempestades tropicais e extratropicais anômalas, secas em um dos pratos da balança, com temperaturas extremamente altas, e esfriamento em outro, com tempestades de neve, inundações etc. etc.

Hoje, perto de 70% das internações hospitalares e doenças tratadas têm origem em veiculações hídricas, ou seja, vêm da água ou de sua carência. Mais de 2 bilhões de humanos, dos 6 que habitam o planeta, padecem pela falta ou má qualidade da água, segundo dados da ONU, que também adverte que essa proporção crescerá, em menos de vinte e cinco anos, para 2/3 do contingente populacional.

A água, também segundo dados da ONU, mata, pela má qualidade, dez vezes mais que as guerras armadas. Informa que cerca de 70 conflitos existem hoje pelo acesso a esse precioso líquido. O grande tesouro do século atual se degrada rapidamente. Nós estamos sofrendo as consequências da degradação. Sofreremos cada vez mais, enquanto não soubermos aproveitar bem tão precioso. Sem dúvida, estamos deixando escapar pelos ralos uma riqueza inestimável. Nossos descendentes nos cobrarão essa dívida.


CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA: A ÁGUA QUE MATA A SEDE E O SER QUE MATA A ÁGUA

espécies de peixes marinhos, grande fonte de alimentação, estão criticamente ameaçadas pela progressão das zonas mortas.

Queimadas ressecam o ar, prejudicam a saúde da biodiversidade, destroem habitat e, dentre tantos outros prejuízos, envenenam a água, além de interferir prejudicialmente no ciclo das chuvas. Os inúmeros rolos de fumaça que evoluem na atmosfera das periferias e arredores mostram um cenário de pós-bombardeio. Um campo de batalha onde todos são vilões e vítimas.

A

evidência da “morte” de nossas águas salta à vista: a má qualidade hídrica é responsável por cerca de até 70% das doenças diagnosticadas e internações hospitalares. Mais da metade da água doce aproveitável do mundo está comprometida por poluição e contaminação. De todos os grandes rios do planeta, apenas dois estão despoluídos: o Amazonas, na América do Sul, e o Congo, na África.

A imundície carregada pelos cursos de água já transformou imensas áreas marinhas em verdadeiros desertos – cerca de 150 zonas mortas, uma delas no sudeste brasileiro – que estão evoluindo em ritmo veloz e voraz. Cada um com um índice de oxigênio dissolvido na água inferior ao necessário para manter a vida. A cada década a área morta dos oceanos dobra. Muitas

O quadro de desolação não tem um fim: esgotos nos cursos de água, lixo atirado a esmo, agrotóxicos esbanjados contaminando lençóis freáticos e aqüíferos; garimpos despejando mercúrio e assoreando os leitos aquosos; desmatamentos, impedindo a concentração de água na atmosfera e no solo... Uma interminável lista de armas letais que estão levando nossos escassos recursos hídricos – menos de 1% do total da água planetária – à morte.

Enquanto isso, por outro lado, a demanda aumenta. Durante o século XX a população mundial triplicou (de 2 para 6 bilhões de habitantes), o consumo de água foi multiplicado por sete, as áreas irrigadas cresceram mais de 6 vezes, enquanto a degradação dos mananciais subtraiu um terço das reservas hídricas do planeta. Estão nítidas as advertências de morte da


água potável. Ou acordamos a tempo de resgatar a vida da água que nos mata a sede, ou morreremos junto com ela, na maior e mais catastrófica extinção de espécies que já pudemos algum dia supor.


DIA DA AMAZÔNIA – 5 DE SETEMBRO

brasileira – país que tem sob sua responsabilidade uma média de 12% de toda a água doce do mundo.

Você não acha isso pouco, acha? Por apenas esses pequenos dados você consegue ter consciência da grandeza e da riqueza da Amazônia? Resumo em uma única e pequena frase: é a área naturalmente mais rica – e incrivelmente mais rica do que qualquer outra – de todo o mundo. E é, em grande parte, brasileira. Esses, por si só, já seriam motivos suficientes para que pensássemos permanentemente nela.

T

alvez alguém se pergunte: por que nós, que estamos tão distantes da Amazônia, devemos nos preocupar com a lembrança do dia instituído em sua homenagem? A resposta é fácil: nós devemos efetivamente nos ocupar em lembrar daquela imensa área de nosso país, como nos preocupar com o que acontece com ela.

Quer um motivo simples? Ela é nossa. Mais da metade – cerca de 60% - da Floresta Amazônica está no território brasileiro. Some-se a isso o fato de ser ela a maior floresta do mundo. Acrescente que detém entre dez a vinte por cento da biodiversidade global, sendo a área que comporta a maior diversidade de vida do planeta. Lembre-se, ainda, que é a área que possui maior quantidade de água doce disponível de todo o globo, sustentando cerca de sessenta por cento da água

Recentemente circulou pela internet – e ainda circula até hoje – um mapa mundi, que teoricamente seria elaborado por autoridades americanas (dos Estados Unidos da América do Norte), destacando a Amazônia não como uma área brasileira, mas sim multinacional, de interesse de todos os governos do mundo. Milhares de internautas circularam o tal mapa, cheios de indignação e de orgulho cívico ferido. Um professor universitário comentou em classe com os alunos que, tendo visitado a América do Norte, viu, ao vivo, em cores e em papel, o Atlas em que estaria estampado. Posteriormente, e de forma tímida, circulou um desmentido – o mapa brasileiro, com a deformação que lhe emprestava a carência da Amazônia, teria sido um trote, um brincadeira comum a alguns internautas, habitualmente geniais mas com maturidade que beira a infância, que sentem prazer e orgulho em engodar, via eletrônica, os milhares de consumidores dessa mídia.


Brincadeira de mau gosto, ou verdade, o fato é que a Amazônia realmente interessa a todo o mundo. É nela que está o rio que tem o maior volume de água do planeta e que também pode ser considerado seu maior rio (no meio científico tradicional, o Rio Nilo continua a ser apontado como o de maior extensão, mas estudiosos mais evoluídos e mais comprometidos com a verdade, aceitam que o Rio Amazonas é o detentor desse status). Na imensa biodiversidade vegetal existem ainda, às escondidas, milhares de elementos químicos que poderão se transformar em remédios e medicamentos, aguardando apenas que o ser humano os saiba pesquisar. Lá estão animais e incontáveis formas de vida que contribuem para o equilíbrio ecológico do planeta. Se destruída, a temperatura da Terra, apenas por isso, elevaria em mais de um grau Celsius. Se fosse queimada de uma hora para outra, sua fumaça encobriria o céu no mundo todo.

Temos motivos para pensar na Amazônia? Para deseja-la íntegra e protegida? Sim, porque apesar de constituir tamanha riqueza, está sofrendo um ataque de degradação incalculável. Por hora, hoje, são desmatados cerca de dois quilômetros quadrados da Floresta, o que corresponde a uma cidade de porte médio. Milhares de espécies vivas estão sendo definitivamente destruídas ou correm risco de desaparecimento iminente, em razão de queimadas, de ocupação humana, do desmatamento e da caça e do comércio ilegal de variedades. Poucos dias atrás, satélites do Impe apontaram o absurdo número de mais de cinco mil focos de queimadas no país, a maioria na Amazônia. A degradação chega a um tamanho tão

absurdo que é percebida do espaço, pelos astronautas da NASA.

A Amazônia é a maior riqueza natural do mundo, é vital para a existência humana, e sua maior parte está em nosso território. Temos por isso muitos motivos para permanentemente pensar a respeito de sua proteção. Antes que, por uma forte pressão de interesses econômicos, às vezes até baseados na força bélica, desculpando-se em nome da preservação ambiental de uma Floresta que afeta em muitos aspectos todo o mundo, aquele mapa espúrio da internet acabe sendo oficial e definitivamente estampado em todos os Atlas Geográficos do globo.


MALEFÍCIOS DAS QUEIMADAS (parte 1)

Pesquisa universitária realizada por alunos da USP demonstrou que em bairros limpos, não poluídos, sem lixo espalhado, sem queimadas, os imóveis valem em média cerca 30% a mais que em bairros semelhantes que sofram problemas ambientais.

Pesquisas médicas indicam que a qualidade de vida em bairros ambientalmente preservados, com arborização de calçadas, praças e parques cuidados, é muito superior à de áreas não preservadas. Morar em ambiente preservado ajuda a eliminar o estresse, incentiva o rejuvenescimento e colabora para que as pessoas sejam mais calmas e tranquilas, e, portanto, mais felizes. Desvalorização patrimonial

A

s queimadas, comuns nas épocas secas do ano, podem provocar acidentes, destruir patrimônios, prejudicar a saúde humana e agredir ao meio ambiente, além de ser uma prática criminosa.

Observe como as queimadas são danosas: sujam suas residências e degradam o ambiente de sua rua e seu bairro, onde são realizadas e, por isso, desvalorizam seu patrimônio.

Ambientes preservados são mais arejados, têm temperatura mais amena, são mais agradáveis de se viver e, portanto, fazem bem à saúde física e mental dos habitantes.


Danos à saúde

A

s queimadas provocam danos sérios à saúde humana e de animais. As queimadas poluem o ar que respiramos, depositando nele fuligem, fumaça e gases tóxicos e prejudiciais à saúde e à vida. Quando os ambientes queimados contêm lixo ou entulhos, há muitas vezes a deposição no ar de gases venenosos oriundos da queima de pneus, borrachas, plásticos, certos alimentos e óleos, tintas, vernizes, remédios, materiais de limpeza, lixos contaminados etc. Esse ar poluído e contaminado, ao entrar em contato com o organismo humano e dos animais, através da respiração e do contato com a pele, provoca inúmeros males, destacando-se: pessoas idosas, com problemas respiratórios podem ser vítimas de pneumonias, ataques de bronquites, agravamento de asmas, diminuição da circulação cardiovascular, falta de oxigenação cerebral e ataques cardíacos. Muitas vezes, casos de óbito são relacionados com suspeita de má-qualidade do ar respirado. Crianças, principalmente recém-nascidos, sofrem de intoxicação, asfixia, problemas alérgicos, bronquite, asma, broncopneumonias, rinites, sinusites e agravamentos de outras doenças crônicas ou episódicas, como gripes etc. Existem inúmeros casos de óbitos infantis relacionados com suspeitas do envenenamento por poluição do ar.

Em qualquer idade, há agravamento de doenças cardiovasculares, respiratórias, oculares, secura de pele, aparecimento de escamas, eczemas e feridas pelo corpo, agravamento de feridas provocadas por varizes, redução da circulação periférica e da circulação cerebral, nervosismo, falta de ar, tonturas, enjoos, vômitos, mal estar generalizado, dores de cabeça, irritação dos olhos e da conjuntiva (conjuntivite), perda de apetite, disfunções sexuais, fadigas imotivadas, desatenção etc. Como se vê, apesar de as crianças e os idosos serem os mais prejudicados, mesmo pessoas jovens e saudáveis sofrem os efeitos do ar poluído pelos gases oriundos das queimadas. Animais, inclusive animais domésticos, são também prejudicados com o ar poluído, chegando muitas vezes a morrer por causa de intoxicação e envenenamento causados pelo ar de má qualidade. O excesso de gases venenosos no ar, inclusive o gás carbônico, diminui a oxigenação necessária à boa saúde física e mental das pessoas, em qualquer idade e mesmo que saudáveis.


MALEFÍCIOS DAS QUEIMADAS

etc. No Brasil, são responsáveis por mais de 70% da poluição atmosférica total do país.

(parte 2) As queimadas degradam o solo, muitas vezes tornando-o estéril e provocando a desertificação de grandes áreas, propiciando as erosões, tornando o solo improdutivo ou fraco. As queimadas ressecam o ar, destroem a cobertura vegetal que é necessária para conservar a umidade do ar, formar evaporação necessária às nuvens, resfriar as altas temperaturas, manter nascentes e cursos de água. Com isso, agravam o problema do aquecimento ambiental, diminuem a quantidade de chuva, reduzem o volume de água das nascentes, ribeiros e rios.

Degradação ambiental

A

s queimadas degradam o meio ambiente. Dentre inúmeros prejuízos que as queimadas provocam ao meio ambiente, podem ser destacados os seguintes: as queimadas, por colocarem grande quantidade de micro resíduos na atmosfera, juntamente com os gases de escapamento dos carros e os chaminés de indústrias, reforçam a camada (cúpula) de elementos que impedem o necessário vazamento do calor vindo do sol para o espaço, aumentando o “efeito estufa” e o calor médio do planeta, o que é causa de muitas catástrofes naturais, como secas, calor excessivo, enchentes, furacões e tornados, ventania, diminuição da água

As queimadas destroem locais de habitação e ninho de animais silvestres, além de matar diversos animais, principalmente filhotes, provocando, com isso, desequilíbrio ecológico. Animais daninhos, como ratos, ou peçonhentos, como cobras, fogem das queimadas e das áreas estéreis podendo invadir áreas urbanizadas, colocando em risco a saúde e integridade física dos moradores. O gás carbônico, abundante nas queimadas, e outros gases produzidos pelas queimadas, são fatores prejudiciais à destruição da camada de ozônio.


As queimadas são ilícitas

A

s queimadas são legalmente ilícitas e até criminosas. A prática de se fazer queimadas é punida pela lei, inclusive pela lei penal, podendo sujeitar o infrator a diversas penalidades, dentre elas:

As queimadas colocam patrimônios em risco de incêndio ou outros danos, são uma das grandes causas de acidentes, inclusive com vítimas fatais e lesões graves e irreversíveis.

Proteja seu patrimônio, Proteja sua vida, Proteja a vida e a saúde de seus filhos,

a) processo criminal: poluir o ar, por queimadas, prejudicar a saúde pública, através dos gases resultantes das queimadas, destruir áreas de preservação permanente ou de interesse público, destruir a fauna ou a flora, são atividades criminosas, sujeitando o infrator a prisão de até seis anos, dependendo dos resultados agravados de seu ato; b) indenização em dinheiro: além do processo criminal, o infrator poderá ser condenado a indenizar o meio ambiente, através da ação civil pública, e a indenizar o proprietário da área atingida, por perdas e danos ocasionadas pelo fogo. Tais indenizações são pecuniárias e podem atingir a grandes cifras de dinheiro; c) multas e penalidades alternativas, administrativas: além de se sujeitar a processo crime, de indenizar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, a pessoa envolvida na prática de queimadas pode ser ainda multada pelo poder público em valores que atingem cifras superiores a mil reais, ou se submeter ao exercício de trabalho comunitário alternativo.

Respeite o meio ambiente, Tenha melhor qualidade de vida, vida mais longa e mais saudável. Seja mais feliz:

Dê um basta às queimadas!

Denuncie quem as provoca ao Corpo de Bombeiros, à Polícia Militar do Meio Ambiente, à Vigilância Sanitária ou Secretaria de Saúde do seu município, ao CODEMA, nos municípios em que existir, ao Promotor de Justiça Curador do Meio Ambiente ou a ONGs atuantes. Mas não fique calado! Não permita que destruam sua vida, a vida de seus entes queridos, seu patrimônio e sua qualidade de vida.


INVERNO, FRIO E SECA - UMA MISTURA INCENDIÁRIA A queimada provoca morte e extinção de seres da biodiversidade, como animais e plantas. Coloca no ar uma quantidade perigosa de diversos tipos de poluentes, inclusive alguns venenosos, como, por exemplo, o resíduo da queima de plásticos, pneus, tintas, peças industrializadas, pilhas etc. Essa poluição, somada à baixa umidade do ar, acarreta um visível aumento de doenças nos seres humanos e em animais de estimação. São doenças cardiorrespiratórias, alergias de amplo espectro, doenças oculares, irritação de pele, vômitos, enjoos, dores de cabeça... As principais vítimas, os idosos e os recémnascidos.

O

frio chegou. Novas frentes frias estão chegando ao litoral sul. Provavelmente devem trazer geadas para nossa região. Com a natural seca do tempo frio, baixa umidade do ar e matos ressequidos, chega o triste período das queimadas. Neste ano, por uma generosidade natural, a temporada de chuvas se estendeu até agora, reduzindo o risco dos incêndios. No entanto, a seca tarda, mas não falha. É o estopim das queimadas.

A despeito da ignorância da maioria a respeito, queimar lotes urbanos é crime. Essa má técnica utilizada para limpeza, está, em vários aspectos, enquadrada como atividade criminosa na Lei dos Crimes Ambientais, com previsão de penas que variam entre quatro meses e oito anos, dependendo da gravidade do resultado que a queimada atingiu.

Há um vultoso aumento das internações hospitalares no período. Socorros médicos são procurados de forma incessante. Há prejuízos econômicos ao setor produtivo. A previdência, que já se diz deficitária, arca com um volume enorme de prejuízos em internações, atendimentos, exames e fornecimento de remédios.

Prevenir, nos diz a sabedoria dos antigos, continua sendo o melhor remédio. A ausência de poluição atmosférica provavelmente reduziria os atendimentos médicos e hospitalares em até 50%, ou mais, e representaria uma economia bastante apreciável tanto ao setor produtivo como ao setor público. E essas despesas são naturalmente contabilizadas aos consumidores e aos contribuintes. O repasse final de qualquer


prejuízo, em qualquer esfera, é para o povo. A população, como um todo, não apenas sofre os efeitos diretos e imediatos em sua saúde e em sua qualidade de vida, como também em seu bolso, já naturalmente extorquido pela economia recessiva que maltrata o país.

Não bastasse isso, o acúmulo exagerado de gases efeito estufa, na atmosfera, sofre uma maior pressão, contribuindo para o aquecimento global e as naturais catástrofes que isso provoca. Os jornais mostram diariamente o resultado desse desarranjo natural: secas, tempestades e inundações, frio intenso em algumas regiões, enquanto em outras o calor mata dezenas de pessoas. Até o Brasil, país que se sentia imune ao ataque de ciclones extratropicais vem sendo por eles vitimado.

Um ar mais limpo e puro proporciona uma condição bastante melhor de existência, mais conforto, mais calma, menos estresse. Vamos dar nossa contribuição para reduzir esse mal que nos afeta ano após ano. Não faça queimadas. Não permita que outros a façam. Denuncie os incendiários. Eduque, quem estiver ao alcance de seu poder de persuasão para que não as faça. Vamos melhorar nosso ar, nossa qualidade de vida e nossa saúde e a de nossos filhos.


O conteúdo desse trabalho pode ser livremente copiado, replicado, repassado, retransmitido, divulgado, publicado, distribuído etc. para uso em atividades educacionais e/ou com objetivo socioambiental. Mas, por favor, não o adultere e sempre faça a citação da fonte. Caso queira contatar o autor, escreva para faromanelli@gmail.com.



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