A LOJA DOS BRINQUEDOS ENCANTADOS
Peça infantil em um ato
Baseada no livro infantil Pituchinha, de Marieta Leite
Adaptação: Ester(1) e seu vovô Francisco(2)(3)
Cenário: Salão de uma loja de brinquedos, cheia de brinquedos, e uma cozinha anexa.
Personagens: As bonecas Pituchinha, Pompom, Lili e Lalá; os bonecos Manoel (dono da loja), Soldado Dodô, seus ajudantes os guardas Dudu e Didi; a bruxa Zilda e a fada Nilda; os bichinhos de pelúcia: Gatinha Amarela e outros (pode ser Onça, Cão, Lobo, Raposa, Coelho etc., dependendo da disponibilidade de fantasias, da quantidade de personagens necessários e da diversidade de gênero existente entre os atores. Não se aconselha personagem macaco para evitar erro lógico da estória, já que 1
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1 Ester Nogueira Romanelli Cardoso. Aluna do Mimos 4 (do Berçário Pedagógico Mimos, de Varginha, MG) e da Tia Aline Reis Sacramento. Francisco A. Romanelli. Avô da Ester. Precisa ser mais alguma coisa, além disso? Final alternativo, adotado, foi sugerido pela Tia Aline.
por suas habilidades naturais o macaco resolveria sem dificuldades o problema central dos personagens – pegar a lata de doces).
Materiais de apoio sugeridos: Cadeira de balanço para o proprietário; latas barulhentas para os doces; brinquedos espalhados pelo cenário; material para os bonecos deitarem (papelão, plástico bolha ou outro); lanterna, para o soldado; espada para o soldado; vassoura ou rodo, para puxar a lata; fitas de papel para amarrar os brinquedos; iluminação que possa sugerir o anoitecer e o amanhecer, som e o que mais a criatividade de cada um recomendar.
Sonorização: Decidido pelos realizadores, de acordo com suas possibilidades.
Nível escolar: Alfabetização /Educação Infantil.
Observações: Pode-se adaptar o número de personagens ao número de atores envolvidos, aumentando ou diminuindo os animais de pelúcia ou os bonecos (o conto original tem apenas 4 personagens: Pituchinha, Pompom, Polichinelo e o Soldado). Se os alunos não se adaptarem à existência da bruxa, pode-se substituí-la por uma Fada Mal humorada ou semelhante. Dependendo da idade e da desenvoltura dos alunos envolvidos no projeto, deve-se aumentar a interação entre atores e público (como, p. e., atores perguntando ao público sobre o soldado, o soldado perguntando sobre os bonecos fujões, os bichinhos “perturbando” etc., etc., etc.). O narrador, naturalmente, deverá ser um adulto letrado ou a/o professor(a).
TEXTO Cenário semi-escuro
NARRADOR
Eu sei uma estória muito bonita. Aconteceu em uma loja com lindos brinquedos, uma bonequinha com muita vontade de comer doces e um soldado de pau muito bravo... O cenário é iluminado
NARRADOR
Era uma vez uma cidade distante, muito próxima de um reino mágico do mundo da fantasia. Nessa cidade existia uma grande loja de brinquedos, com muitos - mas muitos mesmo - brinquedos maravilhosos. O dono da loja era o Sr. Manoel...
AÇÃO: Sr Manoel entra no salão, cantarolando e vai espanando os brinquedos e arranjando tudo em seu lugar. Dá uma volta entre os brinquedos e volta para a porta
SR. MANOEL
(falando para a platéia) Minha loja é a mais bonita do mundo. Meus brinquedos são os mais lindos. Vocês querem comprar algum? (espera a resposta da platéia) Voltem amanhã. Hoje já está na hora de fechar (faz que tranca a loja, diminui as luzes e sai de cena). Cenário semi escuro
NARRADOR
Mas nessa cidade existia também uma bruxa muito malvada que gostava de fazer as crianças infelizes e, por isso, vivia estragando seus brinquedos. Era a bruxa Zilda.
BRUXA
(entrando apressadamente) Eu odeio esta loja. Odeio estes lindos
ZILDA
brinquedos. Vou lançar um feitiço neles.
NARRADOR
Mas a bruxa Zilda tinha uma irmã, muito boazinha, a Fada Nilda, que gostava de fazer crianças felizes e, por isso, vivia protegendo os seus brinquedos.
FADA NILDA
(entrando de maneira suave, com uma vara de condão nas mãos) Não, bruxa Zilda, você não vai enfeitiçar os brinquedos. Eu não vou deixar.
BRUXA
Eu odeio crianças. Eu odeio brinquedos. Vou lançar um feitiço. Os
ZILDA
brinquedos vão ganhar vida e se rebelarem contra as crianças!
FADA NILDA
Não vai, não. Eu vou lançar um encanto, para proteger os brinquedos.
BRUXA
Chega de conversa! Vou lançar o feitiço!
ZILDA FADA NILDA
Não e não! Vou lançar o encanto!
NARRADOR
As duas balançaram ao mesmo tempo suas varas mágicas e tanto o feitiço como o encanto pegaram apenas em parte. Por isso, os brinquedos ganharam vida, mas só depois da meia-noite e só até o nascer do dia. Além disso, não ficaram malvados, mas apenas levados. (pausa) Hiii, a meia-noite já está chegando. O que será que vai acontecer? (barulho de relógio tiquetaqueando e, depois, som de batida das horas)
AÇÃO: Pituchinha começa a se movimentar. Espreguiça, abre os olhos e se levanta.
PITUCHINHA Nossa como está escuro! Eu não tenho medo do escuro. Estou com muita vontade de comer doces. Eu vou na cozinha pegar doces. NARRADOR
Tudo está quietinho, quietinho. Os bonecos dormem. Os bichinhos dormem. Tudo está quietinho, quietinho. Pituchinha foge da caixinha. Ela quer um doce. O doce está dentro da lata amarela. A lata amarela está na cozinha. Pituchinha vai buscar o doce. Ela não tem medo do escuro (pausa, enquanto Pituchinha anda pela loja e para perto do soldado). O soldado Dodô dorme. O soldado é um boneco de pau. Ele é que está guardando a loja, com seus ajudantes, os guardas Dudu e Didi. O soldado tem uma espada. Pituchinha tem medo da espada do soldado. Ela é enorme e perigosa. Tudo está quietinho, quietinho. Pituchinha vai devagarzinho, devagarzinho. Pé cá, pé lá...
AÇÃO: Pituchinha tropeça na caixinha da Pompom. Ruídos. Puft! Ai, ui!
POMPOM
(Acorda. Levanta-se). Chi! Está escuro.
PITUCHINHA Você tem medo do escuro, Pompom? POMPOM
Não.
PITUCHINHA Eu vou buscar doces na cozinha, Pompom. Quer vir comigo?
POMPOM
Quero! Eu gosto muito de doces!
NARRADOR
Pompom não tem medo do escuro. Ela vai com Pituchinha. Pompom também gosta de doce.
PITUCHINHA Psiu... Vá devagarzinho, Pompom. Olhe que o soldado acorda. NARRADOR
Pompom tem medo da espada do soldado. Ela vai devagarzinho, devagarzinho. Pituchinha vai devagarzinho, Pompom vai devagarzinho. Pé cá, pé lá, pé cá, pé lá...
AÇÃO: Pituchinha tropeça na caixinha da Polichinelo. Ruídos. Puft! Ai, ui!
POMPOM
Chi! Olha que o soldado acorda!
POLICHINELO (Acorda. Se levanta). Chi! Está escuro! PITUCHINHA
Você tem medo do escuro, Polichinelo?
POLICHINELO Não. Não tenho medo do escuro. PITUCHINHA
Eu vou buscar doces na cozinha, Polichinelo. Quer vir comigo?
NARRADOR
Polichinelo vai com Pituchinha. Ele também gosta de doce.
PITUCHINHA
Psiu... Vá devagarzinho, Polichinelo. Olhe que o soldado acorda.
NARRADOR
Polichinelo também tem medo da espada do soldado. Pituchinha tem medo do soldado. Pompom tem medo do soldado.
Polichinelo tem medo do soldado. Eles vão devagarzinho, devagarzinho. Eles vão pé ante pé.
AÇÃO: Os três passam pelas bonequinhas Lili e Lalá. As bonequinhas acordam.
LILI
Ah! É você, Pituchinha? É você Pompom? É você Polichinelo?
OS TRÊS
Chiiii!!! Olhe que o soldado acorda! O soldado tem uma espada enorme.
LALÁ
Aonde vocês vão? Eu tenho medo do soldado.
PITUCHINHA Vocês têm medo do escuro? LILI e LALÁ
Nós não temos medo do escuro.
PITUCHINHA Nós vamos buscar doces na cozinha, Lalá. Vocês querem vir -
conosco?
NARRADOR
Lili e Lalá vão com Pituchinha, Pompom e Polichinelo. Elas também gostam de doce. Os cinco saem em fila. A gatinha amarela também acorda e também vai seguindo a fila. Gatos não têm medo de escuro. Gatos enxergam no escuro. A gatinha amarela também gosta de doce.
GATINHA
Miau, miau.
AMARELA OS OUTROS
Chiii!!! Olhe que o soldado acorda! O soldado tem uma espada
enorme.
AÇÃO: A turma passa pelos animaizinhos (o número dos animaizinhos e as espécies vão variar de acordo com a possibilidade e a necessidade.). Os animaizinhos também acordam.
ANIMAIZINH (Cada um emite o som característico ao animal da espécie que OS
representa)
OS OUTROS
Chiii!!! Cuidado, que o soldado acorda! O soldado tem uma espada enorme e perigosa!
PITUCHINHA Animaizinhos, nós estamos indo para a cozinha pegar doces. Vocês gostam de doce? ANIMAIZINH (sons característicos das espécies) OS PITUCHINHA Então vamos. Mas não façam barulho, senão o soldado acorda. NARRADOR
Pituchinha, Pompom, Polichinelo, Lili, Lalá, os animaizinhos e o gato amarelo vão em direção à cozinha. Está escuro, escuro. Eles vão devagarzinho, devagarzinho. Eles não têm medo do escuro. Eles têm medo da espada do soldado.
AÇÃO: Perto do soldado, Pituchinha tropeça em um brinquedo no chão. Faz um barulho característico. O soldado começa a acordar e boceja. Todos voltam correndo para seus lugares e deitam. Fazem de conta que estão dormindo.
SOLDADO
(Levantando-se) O que está acontecendo? Eu ouvi um barulho!
DODÔ
(tira a espada da cinta) Guardas! Ajudantes! Vocês ouviram alguma coisa?
DUDU
(Levantando-se e se espreguiçando) Eu não ouvi nada. Eu estava dormindo.
DIDI
(Também levantando-se e se espreguiçando) Eu também não ouvi nada. Também estava dormindo.
SOLDADO
Então vamos verificar. Dudu, olhe aquele lado. Didi, olhe o outro
DODÔ
lado. Eu vou olhar o lado de cá (o soldado e os guardas andam por todo o salão, observando os brinquedos).
DUDU
Estão todos quietinhos, quietinhos.
DIDI
Todos estão dormindo, dormindo.
SOLDADO
Então vamos dormir de novo. Mas fiquem atentos (o soldado e os
DODÔ
guardas voltam para seus lugares e tornam a dormir).
NARRADOR
Mas assim que o soldado e os guardas dormem, Pituchinha se levanta. Ela vai caminhando devagarzinho, devagarzinho. Ela tem medo do soldado. Ela chama Pompom, ela chama Polichinelo, ela chama as bonecas Lili e Lalá. O gatinho amarelo levanta-se e acompanha o grupo. Os animaizinhos também acompanham o grupo. Eles vão pé ante pé. Devagarzinho, devagarzinho. Eles tem medo de acordar o soldado. A espada do soldado é enorme.
AÇÃO: O grupo anda devagarzinho pelo salão e, no caminho da cozinha, voltam a
passar pelo soldado que está dormindo. O soldado ronca mais forte e se mexe. O grupo fica com medo e, de novo, volta correndo para seus lugares e ficam alguns segundos deitados. Depois se levantam e retomam a marcha em direção à cozinha. Chegam à prateleira onde está a lata de doces.
NARRADOR
O grupo chega na prateleira. Olham para a lata amarela de doce. A lata está lá no alto. Quem vai conseguir pegar a lata amarela no alto da prateleira?
POLICHINELO Nossa, a lata está muito alta. Vou tentar pegá-la. Ufa, ufa, não consigo. (tenta, mas não consegue). PITUCHINHA
Eu vou tentar pegá-la. Ufa, ufa, não consigo. (tenta, mas não consegue).
POMPOM
Eu vou tentar pegá-la. Ufa, ufa, não consigo. (tenta, mas não consegue).
AÇÃO: Outros personagens podem tentar também, mas, da mesma forma, não conseguem.
NARRADOR
A lata amarela está lá no alto. Pituchinha é pequenina, pequenina. Ela não alcança a lata. Polichinelo é pequenino, pequenino. Ele não alcança a lata. Pompom é pequenina, pequenina. Ela não alcança a lata. Os outros também não alcançam a lata. A lata está lá, lá no alto. Como há de ser?
POLICHINELO Pituchinha, eu seguro você e você pega a lata. (Polichinelo segura Pituchinha. Pituchinha tenta alcançar a lata, mas ainda não consegue) PITUCHINHA
Ufa, ufa. Eu não consigo pegar a lata. Pompom, eu seguro você. O Polichinelo me segura e você pega a lata (Polichinelo segura Pituchinha, Pituchinha segura Pompom e a Pompom tenta pegar a lata, mas não consegue).
POMPOM
Ufa, ufa. Eu não consigo pegar a lata.
NARRADOR
Polichinelo segurou a Pituchinha; a Pituchinha segurou a Pompom, mas mesmo assim não conseguiram alcançar a lata. Então Lalá teve uma idéia.
LALÁ
Olhe. Tomem uma vassoura. Puxem a lata com a vassoura.
AÇÃO: Pompom pegou a vassoura. Esticou o braço e, com a vassoura, puxou a lata de doce. Puxou, puxou. A gatinha amarela correu pela cozinha, embaraçou nas pernas do Polichinelo. Ele levou um susto e caiu, puxando a Pituchinha, que também caiu, puxando a Pompom, que também caiu, puxando a lata de doces. A lata caiu, fazendo uma barulheira danada.
NARRADOR
A lata caiu. O doce caiu. O soldado acordou. Os guardas acordaram. Pompom se levanta e corre. Pituchinha se levanta e corre. Polichinelo corre. Todos correm. Depressa, Pituchinha; depressa, Pompom; depressa, Polichinelo; depressa, Lili e Lalá; depressa gatinha amarela; depressa animaizinhos. O soldado
acordou. Os guardas acordaram. Eles estão muito bravos.
AÇÃO: Os personagens vão fazendo o que o narrador fala. O soldado se levanta e puxa a espada.
SOLDADO
(Levantando-se) O que está acontecendo? Eu ouvi um barulho! (tira a espada da cinta) Guardas! Ajudantes! Vocês ouviram alguma coisa?
DUDU e DIDI
Alguma coisa caiu. Foi uma barulheira danada.
SOLDADO
Vamos ver como estão os brinquedos! (O soldado e os guardas andam pelo salão olhando com atenção cada um dos brinquedos).
NARRADOR
O soldado vai à caixa de Pompom. Ela está quietinha, quietinha. O soldado vai à caixinha de Polichinelo. Ele está quietinho, quietinho! O soldado vai à caixinha de Pituchinha. Ela está quietinha, quietinha! Os guardas vão às caixinhas dos outros brinquedos. Todos estão quietinhos, quietinhos! Pompom dorme. Polichinelo dorme. Pituchinha dorme. Os outros brinquedos dormem. Todos dormem. Mas o soldado não é bobo, não! Ele fez assim: pegou o barbante e amarrou Pituchinha. Ele amarrou com força, mesmo! Depois ele amarrou Polichinelo. Ele amarrou Pompom também. Os guardas amarraram todos os outros brinquedos. Desde esse dia, todas as bonequinhas vieram amarradas sem suas caixinhas.
AÇÃO: O soldado e os guardas voltam para seus lugares. Pausa pequena. Um galo canta. Seu Manoel, o proprietário chega para abrir a loja. Ele abre a loja. Espana de novo todos os brinquedos. Ele se volta para a platéia.
O cenário é iluminado
SR MANOEL
Pronto. Minha loja está aberta. Agora, vocês podem vir comprar brinquedos. Mas alguma coisa estranha aconteceu esta noite. Eu não me lembro de ter amarrado os bonecos. Vou ficar esperando os fregueses. (senta-se na cadeira de balanço e fica descansando).
BRUXA
(entrando em cena) Tá vendo? Meu feitiço deu certo! Os
ZILDA
brinquedos criaram vida!!
FADA NILDA
(também entrando em cena) Deu certo nada! Meu encanto deu certo. Os brinquedos não fizeram maldades.
BRUXA
Mentira! Meu feitiço é que deu certo!
ZILDA FADA NILDA
Não, não! Meu encanto é que deu certo!
AÇÃO: As duas ficam discutindo e saem de cena discutindo calorosamente.
NARRADOR
Os brinquedos, amarradinhos ficaram bem tristezinhos. Será que a nossa estória vai acabar assim? Será que vai? (perguntando para a platéia. Depois da resposta, continua) Não sei, não. A Fada Nilda
não ficou nada satisfeita... Depois de discutir um pouco com a bruxa Zilda, ela voltou para a loja. FADA NILDA
(entrando em cena devagar e cuidadosamente) Os bonecos estão amarrados. Eles estão tristes, tristes. Eu gosto de ver bonecos alegres. As crianças ficam felizes. Vou tirar as fitas! (sacode sua varinha mágica)
AÇÃO: Música alegre, dançante. Todos os brinquedos arrebentam as cordinhas, se levantam e começam a dançar. A fada, Sr. Manoel e até a bruxa Zilda entram em cena e dançam junto com os brinquedos.