Caderno te cnico 02 v04

CADERNOS

TÉCNICOS DE SAÚDE ISSN: 2525-3336

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EDIÇÃO

02

Cadernos Técnicos de Saúde Volume 01|Edição 02 - ISSN: 2525-3336 Editores dos Cadernos Técnicos: Edson Nascimento Campos Jonas Carlos Campos Pereira Revisor Linguístico e Técnico-Científico: Edson Nascimento Campos Jonas Carlos Campos Pereira Revisor Bibliográfico: Sônia Aparecida dos Santos – Bibliotecária Centro de Soluções Educacionais - Concepção Editorial Tecnológica: Anderson Pimentel Borges Claudia Silveira da Cunha Secretária dos Cadernos Técnicos: Daniela Carla Pereira Divulgação: Digital Layout e Editoração: Comunicação da FASEH Periodicidade: Semestral Centro de Ensino Superior de Vespasiano Presidente: Ricardo Queiroz Guimarães Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH) Centro de Ensino Superior de Vespasiano Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH)

Diretor Geral: João Lúcio dos Santos Júnior Diretor Acadêmico: Aloísio André dos Santos

Correspondência: R. São Paulo, 958, Jardim Alterosa.Vespasiano, MG Cep:33 200 – 000 E-mail: daniela@Faseh.edu.br

Permite-se a reprodução total ou parcial, sem consulta prévia, desde que seja citada a fonte.

EDITORIAL Vem a público este Volume II dos Cadernos Técnicos de Saúde e sai com a confirmação do perfil original de publicação técnico-científica que se destina à produção e à recepção de textos associados a diversos gêneros de escrita. Tal traço de identidade marca a diferença desses Cadernos em relação à publicação do tipo Revista, a qual privilegia a publicação do gênero Artigo, relativo à produção científica, e, quando muito, do gênero Resenha, pelo poder que esse tipo apresenta ao propiciar esclarecimentos sobre a história da ciência, presente nos documentos de produção científica como artigos e livros.

Fiel a seu traço identitário no tratamento da diversidade de gêneros, este Volume II privilegia o gênero Artigo naquilo que ele traz de característico da produção da pesquisa científica: é o caso dos textos que abordam a mortalidade por cirurgia cardíaca, a hidronefrose fetal, o uso de estimulantes do sistema nervoso central e, por último, a temática contemporânea do uso de uma segunda língua, estrangeira, como determinante da constituição de uma identidade humana alargada. Por outro lado, o volume privilegia também o Artigo que se caracteriza por promover a revisão da produção científica associada à miocardiopatia chagásica, ao controle da esquistossomose e ao tratamento técnico-legal da polêmica que envolve o Programa Mais Médicos e o exercício profissional da Medicina.

Merecem destaque de publicação, os textos dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos alunos do curso de Medicina da FASEH, desenvolvidos e defendidos junto às bancas examinadoras, os quais aqui aparecem sob a indicação formal do gênero Resumo.

Destaca-se aqui ainda a divulgação do gênero ANAIS, que reúne, seletivamente, uma coletânea de Trabalhos de Iniciação Científica apresentados na 11ª Semana Científica da FASEH, de 19 a 23 de outubro de 2015: os que se apresentaram, pelo Curso de Medicina, como Bolsistas da FAPEMIG e como Bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação Científica - PROBIC - da FASEH. A esse conjunto de textos, acrescentam-se também aqueles textos apresentados como Trabalhos Acadêmicos da disciplina Bioquímica, desenvolvidos por alunos do Curso de Enfermagem.

Os Cadernos Técnicos não poderiam deixar de ressaltar a importância do trabalho cotidiano do professor naquilo em que ele se manifesta como gênero Aula: contempla-se, pois, a publicação do texto de aula ministrada na FASEH sobre a elaboração de projeto de pesquisa.

Ainda, merecendo o destaque do trabalho de análise conceitual, sem o qual não se realiza nenhum trabalho científico, publica-se a reflexão cuidadosa e sistemática sobre os conceitos de paternalismo e arrogância, articulados como textos analíticos dentro do gênero Comentário.

Finalmente, no exercício da lembrança do saudoso Dr. Paulo Roberto Ferreira Henriques, um grupo de seus ex-alunos registra, na operação de inibir o esquecimento do professor, mestre querido, um texto que figura bem na condição do gênero Homenagem.

Portanto, os Cadernos Técnicos de Saúde, no esforço de acolher os diversos gêneros de produção de textos, na condição de publicação técnico-científica aberta aos diversos locutores e interlocutores da prática de fazer ciência, acabam eles, como divulgação científica, por assumir uma postura atenta, voltada democraticamente para a disseminação da multiplicidade de vozes que, interlocutivamente, se manifestam nos espaços desse fazer.

Edson Nascimento Campos e Jonas Carlos Campos Pereira Editores

Recomendação As informações referenciadas, as opiniões expressas e os apelos disseminados ao longo dos textos publicados nos Cadernos Técnicos de Saúde são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores.

Comissão Editorial Alcinéa Eustáquia Costa Marques Pinto Alexandre Ravski Aristides José Vieira Carvalho Carlos Nunes Senra Carlos Ernesto Ferreira Starling Cesar Coelho Xavier Edson Nascimento Campos Fernando Augusto Proietti Gustavo Nunes Tasca Ferreira Helen Reis de Morais Couto Henrique Segall Nascimento Campos Hérica Soraya Albano Teixeira Jacqueline de Castro Laranjo Jonas Carlos Campos Pereira José Carlos Nogueira Marcos de Bastos Márcio Vinicius Lins de Barros Patrícia Alves Maia Guidine Paulo Roberto Ferreira Henriques (In memoriam) Renato Assunção Rodrigues da Silva Maciel

sumário

artigo Avaliação da mortalidade da cirurgia cardíaca nos anos de 2011 e 2012, em serviço da rede privada de Belo Horizonte: análise de subgrupos pelo Euroscore .......................................................................................................... 10 Rocha, E. A.V; Santos, J. P; El Aouar, J. R. ; Moreira, J., Franco, R. C.

Avaliação dopplerfluxométrica das artérias renais de fetos portadores de hidronefrose por uropatia obstrutiva ......................................................... 14 Senra, C. N.

Uso não prescrito de metilfenidato por estudantes de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana ...................................................... 18 Souza, D.F, CarmoT. H. P., Guidine, P. A. M.

As lembranças de Eneias. A memória e a alteridade como constituição da identidade cultural romana ........................................................................... 24 Campos, H. S. N.

Aspectos atuais na abordagem da Cardiopatia Chagásica Crônica ......... 30 Barros, M.V.L

Controle da Esquistossomose Mansoni no Brasil: uma revisão das medidas adotadas e dos entraves enfrentados ........................................................... 37 Oliveira, W. J.; Requeijo, M. H. R. ; Drumond, P. G.; Magalhães, L. B. H

Médicos e médicos: efeitos do Projeto Mais Médicos para o Brasil ........ 41 Martins, D.M., Francisco, R. B., Silva,V. A. N., Oliveira, D.R.

Resumo Avaliação da angiotomografia de coronárias na predição de eventos cardíacos adversos em pacientes com déficit perfusional não significativo pela cintilografia miocárdica: um estudo de coorte ................................... 46 Generoso, A.B; Lima, B.G.L.; Pereira, L.D.G.; Prado, T.V; Barros, M.V.L.

Ecocardiografia com strain bidimensional na detecção precoce de cardiotoxicidade em pacientes submetidos à quimioterapia .................. 47 Barros, E.H.C; Lopes, F.G.; Souza, M.C.D.; Pinheiro, M.R.; Inácio, R.V.; Macedo, A.V.S.; Barros, M.V.L.

Qualidade de registros do banco de dados do DRG (Disease Related

Groups) de hospital público com modelagem de preditores para longa permanência hospitalar ................................................................................ 48

Corrêa, A.; Miranda, E.F.; França, T.M.A.P.; Netto,Y.D.; Bastos, M.

Análise das taxas médias de permanência e taxas de mortalidade hospitalar específicas para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doenças psiquiátricas em hospital público de grande porte, segundo sistema de grupos diagnósticos relacionados ............................. 49 Machado, A.L.G.; Costa, J.V.M.; Almeida, L.M.M.; Rodrigues, L.C.V.; Leite, M.C. ; Bastos, M.1

Avaliação dos determinantes de recorrência de trombose venosa em pacientes hospitalizados: um estudo caso-controle aninhado ................ 50 Araújo, G.A.R.; Rocha, G.A.; Silva, G.B; Brito, G.H.B.; Mattos,V.P.; Barros, M.V.L. Bastos, M.

Uso de métodos contraceptivos por estudantes de medicina e direito de uma instituição de ensino superior privada ................................................ 51 Goulart, A.P.C.; Nunes, B.L.; Menezes, I.L; Laranjo, J.C.; Requeijo, M.J.R; Oliveira, F.R.

Uso de avaliação dos tipos e determinantes de abortamento em um hospital público: um estudo de coorte ......................................................... 52 Vargas, I.M.; Motta, K.A.;Verdolin, L.F.A.; Bastos, M.; Oliveira, F.R.

Risco de internação em UTI neonatal: comparação entre recém-nascidos a termo precoce e tardio ....,,,,,,,.................................................................... 53 Anício, B.C.; Carvalho, B.H.M.; Salgado, D.C.; Peixoto, K.C.F.; Lima, T.A.F.; Oliveira, F.R.; Senra, C.N

Impacto de um programa de atividade física na pressão arterial de crianças entre 6 e 9 anos com sobrepeso e obesidade .............................................. 54 Sales, B.Q.V.; Braga, E.J.; Zogheib, N.B; Freitas, A.E.; Barros, M.V.L.

Validade de dados clinicolaboratoriais, ecocardiográficos e eletrocardiográficos na determinação da etiologia da síndrome coronariana aguda em indivíduos com cineangiocoronariografia normal ............................................................................................................................ 55 Oliveira, A.C.; Pinheiro, C.C.; Gomes, M.X; Ornelas, C.E.; Barros, M.V.L.

Comparação entre antibióticos inalatórios de manutenção em portadores de fibrose cística em um centro de referência entre 2011 e 2013: um estudo de coorte ............................................................................................ 56 Pádua, B.J.; Giudice, E.L.F.; Prates, L.J; Pinto, M.L.S.M.; Duarte, T.D. Fuccio, M.B.; Souza, M.B.1

Mapa do SUS: análise da distribuição espacial de médicos e leitos hospitalares de Minas Gerais em 2014 ........................................................ 57 Silveira, C.L.; Fuentes, I.; Paulo, L.C.T.; Sobrinho, L.M.F.; Silva, T.T.D. Santos, G.C.M.

Avaliação de determinantes de óbitos hospitalares segundo a metodologia DRG (Disease Related Groups) ..................................................................... 58

Lima, A.C.A.A.; Penna, B.P.M.; Souza, P.A.D.; Bastos, M.

ANAIS Estudo da prevalência do sobrepeso e da obesidade na população hipertensos e/ou diabéticos em tratamento em uma equipe de saúde da família do município de Vespasiano: um estudo transversal ................... 59 Andrade, G.L.; Benevides, I. A

Isotretinoína (Roacutan) ................................................................................ 61 Pinto, A. E. C. M.; Silva, M. B. S.; Pereira, N. A.; Ferreira, W.

Febre Chikungunya - revisão bibliográfica ................................................ 63 Carvalho, D. C. M.; Jacinto, R. S.; Silvia, S. S.; Souza,V. R.; Reis, E. F.

Agentes teratogênicos: mercúrio e chumbo ............................................... 65 Duarte, B. S.; Soares, E. C. O.; Arcanjo, G. H. S.; Reis; E. F.

Febre Maculosa Brasileira .............................................................................. 67 Faria, A. P. L.; Laurito, A. C.; Carneiro; C. C.; Marinho; C. F.; Reis, E. F.

Interrupção do aleitamento materno exclusivo de crianças com idade entre zero e seis meses: investigação dos fatores associados ................ 69 Freitas, G. M.1; Alvim, R.C1

Análise da concordância entre biópsias transretais ecoguiadas e material de prostatectomia radical no diagnóstico histológico de câncer de próstata ............................................................................................................................. 71 Silva, N. A. H. L.; Morais,V. F.; Maciel, R. A. R. S.; Bastos, M.; Pereira, J. C. C.; Vianna, L. S. B.

aula A elaboração de um projeto de pesquisa ..................................................... 73 Pinto, A.E.C.M.

Comentário O paternalismo no contexto da relação do médico com o paciente ............ ............................................................................................................................ 78

Raposo,Y.

A contemporaneidade da arrogância ........................................................... 87 Vale,V. L.

homenagem

In memoriam .................................................................................................... 90 Homenagem dos acadêmicos da turma XXI da Faseh, 15 de outubro de 2015

ERRATA Contatos dos autores Cadernos de Técnicos de Saúde Volume I ............................................................................................................................ 90

ARTIGO

Avaliação da mortalidade da cirurgia cardíaca nos anos de 2011 e 2012, em serviço da rede privada de Belo Horizonte: análise de subgrupos pelo Euroscore Rocha, E. A.V A; Santos, J. PB; El Aouar, J. R. B; Moreira, J.B, Franco, R. C.B A B

Professor do Curso de Medicina da FASEH. Acadêmicos de Medicina da FASEH

INTRODUÇÃO Desde os anos 50, com o início da cirurgia cardíaca, diversas barreiras científicas foram quebradas1. Implementou-se a circulação extracorpórea por Gibbon*, que permitiu operar pacientes com maior segurança e tranquilidade. Desde então, ocorreram diversos fatos marcantes, dentre eles: o início da revascularização miocárdica com Favaloro2, em 1969, que é a intervenção cirúrgica mais realizada ao longo dos tempos. O desafio atual é a busca da excelência. A possibilidade de prever os resultados dos procedimentos cirúrgicos seria de grande valia e, para isso, alguns modelos foram criados como preditores de mortalidade. O primeiro foi o de Parsonett3.

Contudo, outros algoritmos são mais frequentemente utilizados na prática: como o EUROSCORE, que usa dados da Sociedade Europeia de Cirurgia Cardiovascular (EACTS) e o STS Risk Calculator, fundamentado em dados da Sociedade Americana de Cirurgia Torácica (STS). Há necessidade de calibração desses algoritmos para a realidade local. O Euroscore utiliza-se de um website específico onde se inserem dados a partir dos quais são elaborados e se fazem análises de regressão linear múltipla. Foram identificados alguns fatores de risco pre-operatórios associados com a mortalidade pós-operatória4. Esses fatores subsidiam a estratificação do risco cirúrgico. A avaliação pelo Euroscore foi escolhida, neste estudo, em função de sua objetividade, simplicidade e confiabilidade dos dados. De acordo com dados do DATASUS2, as doenças de origem do aparelho circulatório totalizaram em 2010, segundo o CID-10, 326.371 mortes hospitalares, ressaltando a importância da validação desse modelo5. Em nosso país, ainda não possuímos um registro, ou um escore de risco, para predição desse modelo na cirurgia cardiovascular6,7. O Euroscore, mesmo não tendo sido originado no Brasil, tem sido aplicado. Dessa forma, há necessidade de se verificar se as taxas esperadas e observadas de óbito são coincidentes ou se diferem. Não existem estudos brasileiros que discriminem esse algoritmo nas faixas de risco Contato: E-mail: eduardo.medico@terra.com.br

* Gibbon and his Heart-Lung Machine: 50 Years and Beyond. Philadelphia, Pennsylvania, USA. May 2, 2003”. Ann.Thorac.Surg. 76 (6):S2185–259. December 2003. Disponível em :doi:10.1016/j. athoracsur .2003.09.136. PMID 14667681. Acessado em 3/5/2016.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 10

propostas originalmente pelo EuroScore. Os escores, para avaliação de risco em cirurgia cardíaca, mais utilizados são o do sistema europeu (EuroScore) e o da Sociedade de Cirurgiões Torácicos Americanos (STS) em risco previsto de mortalidade8. Porém, mesmo com algumas limitações, o Parsonnet score também é utilizado em alguns grupos9,10. O sistema do STS, por sua vez, é o mais completo, gerando dados de mortalidade e morbidade, o que não se vê nos outros algoritmos.

Optou-se pelo Euroscore para aplicação neste estudo devido a sua simples aplicabilidade e pelo fato de já ser bastante difundido no serviço em questão.

MÉTODOS

O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde e Ecologia Humanas (FASEH), inserido, através da Plataforma Brasil com o seguinte número de registro: CAAE23165313.6.0000.5101.

RESULTADOS Dos 224 pacientes operados, 105 apresentaram baixo risco (0 a 2% de mortalidade), 40 de médio risco (2% a 6%) e 79 de alto risco (acima de 6%). A taxa geral de mortalidade geral ,esperada pelo Euroscore, era de 7,58% e a encontrada foi de vinte e sete pacientes que totalizaram 12,05%. O valor de p calculado foi de 0,20. Nos doentes de baixo risco, a mortalidade esperada era de 1,55% e a encontrada foi de zero pacientes (0%). Com valor de p de 0,477.Nos doentes de médio risco, a mortalidade esperada era de 4,65% e a encontrada foi de apenas um paciente (2,50%).

O valor de p correspondente a essa faixa de risco foi de 1,000, também não significativo. Nos doentes de alto risco, a mortalidade esperada era de 16,45% e a encontrada foi de vinte e seis pacientes (32,91%).

O valor de p calculado foi de 0,027 (significativo).

Este trabalho utilizou dados do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital Vera Cruz. Todos os pacientes que foram submetidos à cirurgia cardíaca, de janeiro de 2011 a Dezembro de 2012, tiveram seus dados inseridos no website da EACTS (www.euroscore. org), no pré-operatório. Os dados foram analisados mediante regressão. A mortalidade prevista, expressa em percentual ou em faixas de risco, foram então inseridas em uma planilha EXCELR. A mortalidade hospitalar, por convenção,foi considerada até 30 dias após a intervenção cirúrgica. Realizou-se estudo prospectivo, comparando-se a mortalidade esperada pelo EuroScore e a constatada no Serviço de Cirurgia DISCUSSÃO Cardiovascular do Hospital Vera Cruz, localizado na cidade de Belo Horizonte, Brasil.

A mortalidade isolada, sem comparação com escores de risco, é muitas vezes adotada como indicador da qualidade do serviço. Contudo, se não se levar em conta Cálculo Amostral o perfil dos pacientes pode-se interpretar a mortalidade de um serviço com grandes vieses10. Poder-se-ia, por No corrente estudo foram adotados, como pressupostos exemplo, evitar a operação de doentes de maior risco de para o cálculo do tamanho de amostra, as seguintes que decorreriam resultados insatisfatórios associados condições: a) Zα que corresponde ao nível de confiança a uma análise enviesada. Tendo em vista esse aspecto, do estudo correspondente ao valor da tabela de os fatores de risco pré-operatório foram avaliados em distribuição normal sendo α = 0,05; b) estimativa de diversos bancos de dados e cada fator recebeu um peso proporção de mortalidade cardíaca até 30 dias após a específico, surgindo, assim, os modelos de predição 11 intervenção cirúrgica de 0,5 (p=0,5); c) erro amostral de risco . Comparar a mortalidade esperada com a marginal (d2 ) de 6,5%, arbitrado para este estudo. constatada pode nos dar uma análise mais adequada Com essas condições, aqui explicitadas,o tamanho da de qualificação dos serviços. Alguns trabalhos fizeram amostra para se efetivar o estudo proposto é de 224 a calibração dos algoritmos existentes adaptando-se 12 pacientes. Estudo não paramétrico ,mediante uso do à realidade local . Os modelos de predição auxiliam, teste Qui-quadrado, foi utilizado para avaliar eventuais também, na tomada de decisão sobre a indicação dos associações entre os riscos de mortalidade (leve, médio procedimentos cirúrgicos.A análise dos bancos de dados, europeus, americanos e outros, mostraram que e alto) com escores considerados. as condições pré-operatórias dos doentes são fatores determinantes de mortalidade e de complicações pósAspectos éticos Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 11

operatórias. No Brasil, porém, não há um banco de dados completamente aplicável. Estudos como o de Andrade et al14, permitem conluir que o Euroscore é aplicável ao Brasil. Porém, não foram avaliadas ,separadamente, as diferentes faixas de risco, como proposto neste estudo.

Entre o Euroscore, o Parssonet e o STS, existem variáveis semelhantes. Porém, por ser de preenchimento mais simples (usar apenas 19 variáveis), adotou-se o EuroScore no presente estudo15,12. Trabalhos nacionais têm tentado criar escores de risco calibrados para a realidade brasileira12 . No presente estudo, verificouse que, na mortalidade global, não houve diferença significativa entre o risco calculado pelo Euroscore (7,58%) e a mortalidade encontrada (12,05%), com valor p = 0,20. Isso mostrou que, para a amostra em estudo, o euroscore seria o mais aplicável.

Nas faixas de baixo e médio riscos, o Euroescore também apresentou resultados comparáveis com os do serviço estudado. Por outro lado, já não se viu o mesmo resultado nos doentes de alto risco, o que mostrou ser necessário um algoritmo que reflita a realidade brasileira.Atik et al16 evidenciaram a falta de calibração do EuroScore, com resultados divergentes aos aqui achados, nos doentes de médio e alto riscos. Mejia et al12 publicaram algoritmo desenvolvido no Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (INCOR- USP), no estado de São Paulo, com a capacidade de prever a mortalidade no Brasil, usando apenas dez variáveis. Há uma linha de pesquisa no Incor-USP em andamento, nesta direção. Percebe-se, como limitação deste estudo, aqui apresentado, a utilização de um centro único, e não se pode extrapolar os dados para outros serviços no Brasil, uma vez que temos realidades muito diversas no serviço público, no serviço privado e entre as diversas regiões do país. O serviço em questão é privado e diferencia-se dos serviços do Sistema único de Saúde entre outros aspectos pela estrutura disponível. Após algumas avaliações e calibrações, demonstrou-se que o Euroscore superestimava, em todas as faixas de risco, a mortalidade dos pacientes 17,18. Por essa razão,criouse o Euroscore II, com recalibração mais adequada aos serviços europeus. A evolução tecnológica e a dos cuidados pré e pós-operatórios podem ter sido responsáveis por essa perda de acurácia. Neste estudo não se utilizou o Euroscore II que foi publicado quando os dados da amostra aqui utilizados já estavam contabilizados.Notou-se que a mediana do EuroScore do grupo de alto risco no serviço estudado foi muito elevado (16,45%), mais elevado que a mediana de EuroScore dos doentes de alto risco europeus (11,2%)15.

Com isso, verifica-se que os doentes graves, incluídos

no presente estudo apresentaram mais fatores de risco que os europeus19. Apesar de se saber que a escolaridade, por conseguinte o entendimento dos pacientes sobre sua doença, além da dificuldade de acesso aos serviços de saúde do Brasil serem reconhecidamente piores que os da Europa, não se pode afirmar que foram esses os fatores determinantes desses achados. É de conhecimento geral que a estrutura médica e hospitalar europeia é melhor que a brasileira, contudo não se têm dados suficientes para convalidar tal afirmação. Os pacientes do grupo de alto risco, sabidamente, necessitaram de mais cuidados, equipamentos, materiais e técnicas de suporte que os doentes de outras faixas. Os doentes de baixo e médio riscos, por sua vez, necessitariam de menores cuidados.

Uma cirurgia realizada com destreza técnica e precisão, na maioria das vezes, é suficiente para uma evolução favorável. Isto pode explicar a superposição dos resultados aqui relatados, nessa faixa de risco, sobre os resultados do banco de dados europeu20.

CONCLUSÃO Na amostra considerada, o EuroScore revelou-se calibrado nas faixas de baixo e médio riscos, e na análise global dos doentes. Contudo, nos pacientes de alto risco, o Euroscore subestima a mortalidade para o hospital e serviços considerados no estudado.

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6. CADORE, M. P., GUARAGNA, J. C. V. C., ANACKER, J. F.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 12

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7. GUARAGNA, J. C. V. C., BODANESE, L. C., BUENO, F. L., GOLDANI, M. A. Proposta de escore de risco pré-operatório para pacientes candidatos à cirurgia cardíaca valvar. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 94, no. 4, p. 541-548.

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29, no. 2, Apr./June 2014.

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Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 13

artigo

Avaliação Dopplerfluxométrica das Artérias Renais de Fetos Portadores de Hidronefrose por Uropatia Obstrutiva Senra, C. N.A

A

Professor do Curso de Medicina da FASEH

Resumo: Objetivos: Estudar o comportamento do índice de resistência das artérias renais de fetos portadores de hidronefrose renal por uropatia obstrutiva e analisar a possibilidade de obtenção de parâmetros de valores diagnósticos e prognósticos na hidronefrose fetal.

Métodos: Estudo retrospectivo com análise de fetos com hidronefrose, acompanhados entre dezembro de 2000 e maio de 2002, e que tiveram diagnóstico pela presença de hidronefrose, confirmada através do exame ecográfico, que mostrava dilatação da pelve renal cujo DAP igual ou superior a 5mm e pelo exame dopplerfluxométrico com valores obtidos do maior diâmetro da pelve renal. Cada rim comprometido foi considerado uma unidade renal. Foram excluídos os fetos que apresentavam dificuldade de insonação ou valores de exames não confiáveis, como também gemelaridade e fetos com mal formação associada.

Resultados: Foram estudados 49 fetos dos quais 34 apresentavam hidronefrose bilateral e 15 unilateral, portanto 83 unidades renais.Utilizou-se o estudo morfológico do trato urinário que mostrou a medida do diâmetro ântero posterior da pelve renal do feto igual ou maior que 5mm.Não houve diferenças significativas dos resultados obtidos em rins hidronefróticos unilaterais comparados com os bilaterais, e nem entre os fetos normais e aqueles com hidronefrose. Conclusão: A análise dopplerfluxométrica das artérias renais em fetos portadores de hidronefrose não apresentou comportamento diferenciado ao serem comparados com fetos normais.O estudo dopplerfluxométrico das artérias renais, em fetos com hidronefrose, não apresenta valor diagnóstico ou prognóstico para a referida lesão.

Palavras-chave: Hidronefrose fetal, uropatia obstrutiva, feto, unidade renal,dilatação da pelve, artéria rena, Ultrassonografia, Dopplerfluxometria, índice de resistência,

Contato: E-mail: cnsenra@globo.com

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INTRODUÇÃO O grande progresso tecnológico e científico das técnicas de diagnóstico por imagem possibilitou o conhecimento da vida intra-uterina em condições basais e em tempo real.As doenças renais são de grande prevalência, destacando-se o benefício dos avanços diagnósticos referidos ao estudar as nefrouropatias fetais. A Organização Mundial de Saúde reconhece o diagnóstico intraútero como procedimento do pré-natal (CARRERA,J.M. 1987). Dessa forma, o feto passou a ser individualizado como paciente. Atualmente, o neonatologista presta assistência ao neonato portador de determinada doença ou malformação cujos diagnóstico, história natural, prognóstico e, eventualmente, tratamento já se encontravam delineados no pré-natal.

As doenças renais estão entre as mais prevalentes em função do complexo desenvolvimento embriológico do sistema renal (CALLAN,N.A. et al. 1990). Dificilmente estão associadas a fatores extrínsecos, tais como agentes teratogênicos ou infecciosos, sendo, na sua maioria, de origem multifatorial. Algumas delas, entretanto, apresentam padrão de origem familiar. O risco de recorrência varia com a doença em questão, porém, em sua maioria, é, de natureza, esporádico. Associam-se a anomalias cromossômicas em 2,5% dos casos, podendo chegar a 23% quando presentes outras patologias ou o crescimento intrauterino restrito (NICOLAIDES,K.H. et al. 1992a). As uropatias fetais têm elevada incidência quando se utiliza, como critério de análise e ultrassonografia, situando-se em torno de 1% de todos os neonatos (ELDER,J.S. 1992). Estima-se prevalência de doenças urinárias em cerca de um para 200 a um para 1000 nascimentos e de 0,3 a 17% de malformações diagnosticadas intrauterinamente. (BONSID,S.M. 1998). No Brasil, estudiosos demonstram que cerca de 30% das crianças portadoras de insuficiência renal crônica apresentam alguma uropatia. Evidencia-se a necessidade de diagnóstico precoce das uropatias.

(BATES,J.A.; EVANS,J.A.MASON. 1996; DI MIEGO et al. 1997; FREEMAN et al. 1997) As nefrouropatias são anomalias do trato urinário que englobam um grupo de doenças envolvendo o rim, desde sua forma, número e posição, até seu parênquima e vias urinárias.

As anomalias das vias excretoras, denominadas uropatias obstrutivas, podem ocorrer em períodos variados e em localizações diversas de todo o trato urinário em desenvolvimento. Estão entre as anomalias de mais frequência no pré-natal, correspondendo a 17% das malformações diagnosticadas intraútero.

(MAHONY,B.S.; CALLEN,P.W.; FILY,R.A. 1985). A hidronefrose é definida como a dilatação da pelve e dos cálices renais. É o achado ultrassonográfico encontrado com mais frequência nos casos suspeitos de uropatia.

MÉTODOS Foram acompanhados 54 fetos portadores de hidronefrose, de mães com gravidez única, sem manifestações clínicas de qualquer doença, com idades gestacionais entre 20 e 40 semanas, tendo como referência a data da última menstruação e confirmado pelo exame ecográfico. Cada rim comprometido foi considerado como unidade renal e o estudo relativo às dimensões da hidronefrose, bem como os valores dopplerfluxométricos da artéria renal correspondente foram individualizados, conforme preconizado por SHIMADA et al. Em 2000. O grupo de fetos hidronefróticos foi constituído por aqueles que apresentavam dilatação da pelve e com DAP (diâmetro antero-posterior) igual ou superior a 5mm. Fetos que apresetavam dificuldade na insonação pelo Doppler pulsátil ou valores de exames não confiáveis, fetos malformados ou gemelares foram excluídos do estudo.

Este estudo foi previamente aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da UFMG. Dos 54 fetos acompanhados, cinco foram excluídos por dificuldade de insonação da artéria renal.Assim, 49 fetos constituíram a amostra considerada no estudo.

Dos 49 fetos analisados, 34 apresentavam hidronefrose bilateral (68 unidades renais) e 15 hidronefrose unilateral (15 unidades renais), sendo 10 à esquerda e 5 à direita (Tabela 1).

TABELA 1 – Distribuição dos fetos conforme a hidronefrose Parâmetro Unilateral Direita Esquerda Bilateral Total

Número

% do Total

05 10 34 49

10,2 20,4 69,4 100,0

Foram considerados pela dopplerfluxometria das artérias renais, 44 rins com hidronefrose esquerda e 39 com hidronefrose direita, com frequência, portanto, similar. (Tabela 2)

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Tabela 2 – Distribuição das unidades renais estudadas extremo dilatado da pelve posterior, em milímetros. pela doppllerfluxometria Realizou-se o exame dopplerfluxométrico da artéria Localização Número % do Total renal dos fetos com a paciente em decúbito dorsal, Direita 39 47,0 determinando-se à ecografia a estática fetal. Em Esquerda 44 53,0 seguida, o corte sagital no nível da bifurcação da artéria Total 83 100,0 aorta abdominal com visibilidade do hilo renal, quando se aplicou a onda Doppler nesse segmento vascular, Na Tabela 3 apresentam-se os casos de hidronefrose de obtendo-se o índice de velocidade de fluxo, aqui acordo com a idade gestacional, agrupada em classes de caracterizado como índice de resistência (IR). variação.

Os métodos estatísticos utilizados possibilitaram a descrição da frequência e gravidade da hidronefrose TABELA 3 - Distribuição das unidades renais pela diagnosticada nos 49 fetos, a análise comparativa entre idade gestacional ecográfica, no momento da inclusão os valores médios do IR da artéria renal da população de referência e os valores médios do grupo de estudo. no estudo O índice de resistência, obtido a partir do Doppler da artéria renal fetal, foi plotado em gráfico cartesiano.

12 14,5 Os valores normais, obtidos previamente na população 45 54,2 do Centro de Medicina Fetal do HC da UFMG, 26 31,3 foram utilizados como parâmetros de normalidade 83 100,0 para comparação com os valores encontrados nashidronefroses unilateral, bilateral e geral em cores Trata-se de estudo transversal, de acompanhamento diferentes, de acordo com a gravidade do achado. prospectivo, no qual se procurou determinar, nos 49 fetos acompanhados, a confiabilidade de determinados RESULTADOS critérios para avaliar o comportamento dos índices dopplerfluxométricos das artérias renais dos portadores Utilizou-se o exame ecográfico para mensurar, morfologicamente, o trato urinário e quantificar a de hidronefrose. medida do diâmetro anteroposterior da pelve renal do Os fetos incluídos foram submetidos à ultrassonografia feto igual ou maior que 5 mm. Na tabela 4 apresentammorfológica detalhada, seriada, utilizando-se o se os resultados referentes à mensuração da pelve renal, equipamento Aloka SSP 650 CL, com a mesma equipe utilizada para mensurar a gravidade da hidronefrose. de examinadores ao longo do estudo.

Os casos caracterizam-se por serem hidronefrose graus Foram realizados cortes longitudinais, transversais II, III ou IV da Society for Fetal Urology.

Idade gestacional (semanas) 20 - 28 28 - 34 34 - 40 TOTAL

Número

% do Total

e coronais, verificando-se os seguintes aspectos: localização e relações anatômicas, contornos, ecogenicidade, volume e estruturas anatômicas do ureter, uretra e bexiga. Em condições normais não é visibilizada a uretra à ecografia, considerando-se como dilatada a identificação de linha anecoica e a angulação em direção ao períneo. As doenças obstrutivas foram classificadas quanto à localização da lesão, atribuindose a nomenclatura genérica de obstrução, uma vez que, do ponto de vista ecográfico, não é possível identificar o substrato da lesão, ou seja se estrutural ou funcional.

Dessa forma, o diagnóstico da lesão obstrutiva incluiu a obstrução da junção ureteropélvica,da junção ureterovesical e obstrução uretral. Mediu-se o DAP da pelve renal em corte longitudinal do rim fetal, obtendose maior diâmetro desde a porção anterior até o ponto

TABELA 4 – Distribuição das unidades renais conforme mensuração da pelve renal do feto* Medida ( mm) 5 - 10 10 - 20 >20 TOTAL

Número 26 45 12 83

% do Total 31,3 54,2 14,5 100,0

*Medida do diâmetro anteroposterior da pelve

Os resultados obtidos em rins hidronefróticos unilaterais, comparados com os bilaterais, no aspecto índice de resistência das artérias renais de 83 casos de dilatação da pelve renal, sendo 15 unilateral e 68 bilateral, revelaram que os valores médios encontrados não apresentaram diferenças significativas, como

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mostra o valor p ( p ≥ 0,05)( Tabela 5)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATES, J. A.; EVANS, J.A.; MASON, G. Differentiation of

TABELA 5 – Análise comparativa dos valores do IR growth retarded from normally grown fetuses and prediction of intrauterine growth retardation using Doppler ultrasound. Br.J. da hidronefrose unilateral com a bilateral obstet. Gynecol., London, v. 103, n. 7, p. 670-675, jul. 1996.

Característica da Hidronefrose Unilateral Bilateral

IR Médio 0,883 0,888

BATES,J.A.; IRVING,H.C. Inability of color and spectral doppler to identify fetal renal obstruction. J. Ultrasound Med., United Kingdom, v. 11, nº 9, p. 469-472, sept. 1992.

P= 0,79

BONSID,S.M. Fetal obstructive uropathy without renal dysplasia: a study of renal findings in 13 cases presenting with megacystis.

J.Urol, Little Rock, v. 160, n.6, p. 2166-2170, dec.1998.

A análise dopplerfluxométrica comparativa entre os fetos normais* e aqueles com hidronefrose,constatados neste estudo, é apresentada na tabela 6 onde se poder verque não houve diferença significativa (p 0,05) conforme revela o valor p ≥ 0,05. Os casos foram comparados de acordo com as faixas da idade gestacional.

CALLAN,N.A. et al. Fetal genitourinary tract anomalies: evaluation, operative correction and follow up. Obstet.Gynecol., Baltimore, v. 75, p. 67-74, 1990.

Idade Gestacional 20 - 24 24 - 28 28 - 32 32 - 36 36 - 40

Índice de Resistência Médio (Valor de referência) 0,907 ± 0,04 0,920 ±0,04 0,897± 0,03 0,901± 0,04 0,889± 0,04

Índice de Resistência Médio ( Grupo de estudo) 0,940 ± 0,01 0,918± 0,02 0,885 ± 0,09 0,878 ± 0,07 0,883 ± 0,05

Valor p

0,22 0,86 0,57 0,18 0,61

* Curva de normalidade do Centro de Medicinal do HC / UFMG

Dos casos de hidronefrose, entre os 83 casos estudados, cujos IR da artéria renal, plotados na curva de normalidade do Centro de Medicina Fetal do HC da UFMG, foram considerados normais 64 (77,1%) e 19 alterados (22,9%).Verificou-se maior acometimento bilateral em 82% das unidades renais estudadas.

CARRERA,J. M. Diagnóstico pré-natal: un concepto en evolución.

In: _____. Ecografía en diagnóstico prenatal. Barcelona: Salvat Editores, 1987. cap. 1, p.3-9.

DI MIEGO, A.; CIMMINO, E.; IACONO, A. G. Uropatieostruttivefetali: diagnosiprenaatale, management prée postnatale. PediatrMedChir, Napoli, v. 19, n. 1, p.11-14, 1997.

ELDER,J. S. Antenatal hidronefrosis: fetal and neonatal management.Pediatric Clinics of North America, Cleveland, v. 44, n. 5, p. 1299-1321, oct.1997.

FREEDMAN,A.L. et aL. Use of beta-2-microglobulin to predict severe renal damage in fetal obstructive uropathy.Fetal diagn.

Ther.,Basel, v. 12, n. 1, p. 1-6, jan./feb.1997.

MAHONY,B.S.; CALLEN, P.W.; FILLY, R.A. Fetal urethral obstruction: US evaluation. Radiology, USA, v. 152, p. 221-224, oct.1985.

NICOLAIDES,K.H. et al.

Fetal urine biochemistreinassementuropathy. Am. J. obstet. gynecol.,London, v. 166, n. 3, p. 932-937, mar. 1992.

SEPULVEDA,W. et al. Sirenomelia sequence versus renal ageneis: prenatal differentiation with power doppler ultrasound. Ultrasound obstet. gynecol., Santiago, v. 11, n. 6, p. 445-449, 1998.

SHIMADA,K. et al. Congenital hidronephrosis detected by prenatal ultrasonography: the effect of pieloplasty of renal function. The Japanese Journal of Urology. Osaka, v.91, n. 4, p. 473-478, apr.2000.

CONCLUSÕES A análise dopplerfluxométrica das artérias renais em fetos portadores de hidronefrose não revelou comportamento diferenciado ao serem comparados com fetos normais. O estudo dopplerfluxométrico das artérias renais em fetos com hidronefrose não constitui valor diagnóstico ou prognóstico para a referida lesão.

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ARTIGO

USO NÃO PRESCRITO DE METILFENIDATO POR ESTUDANTES DE MEDICINA DA FACULDADE DA SAÚDE E ECOLOGIA HUMANA Souza, D.F A, CarmoT. H. P.A, Guidine, P. A. M.B A B

Acadêmicos de Medicina da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana, Vespasiano, Minas Gerais, Professor de Medicina da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana, Vespasiano, Minas Gerais

Resumo: INTRODUÇÃO: O metilfenidato é um estimulante do SNC que pertence ao grupo das anfetaminas, atuando como uma droga simpaticomimética. Apesar de ter indicações clínicas bem definidas, como o Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tem sido usado nos últimos anos com o intuito de melhorar a cognição em indivíduos saudáveis, submetidos a rotinas estressantes. Objetivos: Este trabalho objetiva verificar o uso indiscriminado de drogas psicoestimulantes,como o metilfenidato, por estudantes de Medicina do 1º ao 8º períodos da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana.

Material e Métodos: Estudo observacional descritivo do tipo transversal, realizado a partir de um questionário aplicado aos alunos do 1° ao 8° períodos do curso de Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, do município de Vespasiano, Minas Gerais, entre os meses de maio e agosto de 2014. As informações coletadas foram analisadas, discutidas e comparadas com dados encontrados na literatura. Resultados: Constatouse uma prevalência de 26% para o uso indiscriminado desse estimulante entre os acadêmicos de Medicina estudados. Dentre os alunos que utilizam o medicamento sem a devida prescrição, 55,83% são homens e 44,17% são mulheres. 77% relatam que o poder de concentração tornou-se aumentado, 35% utilizam a droga durante todo o período letivo e 23% sentiram necessidade de aumentar a dose que utilizavam do medicamento inicialmente. Conclusão: Visto que 26% dos acadêmicos participantes fazem uso da droga para ampliar desempenho cognitivo e que o medicamento em questão pode trazer prejuízos à saúde desses estudantes, faz-se necessário conscientizá-los sobre os riscos do uso não prescrito dessa droga.

Palavras chave: Metilfenidato; Estudantes de Medicina; Uso indiscriminado.

Contato: E-mail: patríciamaia.neurociencia@yahoo.com.br

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INTRODUÇÃO

adversos e riscos de seu uso indiscriminado.

O metilfenidato é um estimulante leve do SNC pertencente ao grupo das anfetaminas, que são simpaticomiméticos (GOODMAN; GILMAN, 2012).

Apresenta ação direta que consiste no estímulo de receptores α e β adrenérgicos e, a ação indireta, na liberação de dopamina e noradrenalina dos terminais sinápticos (PASTURA, 2005).

Desenvolvimento

O metilfenidato foi sintetizado pela primeira vez em 1940 e comercializado somente em 1955 pela CibaGeigy com o nome comercial de Ritalina®. Em geral, seus usuários eram homens e mulheres de meia-idade, ou idosos que relatavam precisar de um “tônico” para a tristeza, solidão e depressão (SINGH, 2007).

Os benefícios do metilfenidato no tratamento de crianças hiperativas e distraídas começaram a ser ressaltados somente a partir dos anos 60. Hoje, sua principal indicação terapêutica reside no tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças (BARROS, 2009). Outras indicações são a narcolepsia, letargia causada por outras drogas, depressão e para reduzir o cansaço, principalmente em idosos (SILVA, 2010).

Entretanto, nos últimos anos têm sido encontrados na literatura científica relatos do uso indiscriminado do metilfenidato. Essa utilização é feita, em grande parte, por universitários, empresários e profissionais da área de saúde, que se consideram “detentores do conhecimento científico” sobre a droga, em relação à população em geral. Assim, esse fármaco começou a ser associado ao aumento de produtividade (escolar e profissional) e à crença de melhor sociabilidade ou de melhor desempenho (BRANT; CARVALHO, 2012).

Nesse contexto, em estudo realizado na Universidade Federal da Bahia, os autores encontraram prevalência de 8,6% para o uso não prescrito do metilfenidato entre os acadêmicos de Medicina. Outro estudo, conduzido pelo Ministério da Saúde da Colômbia, demonstrou que os acadêmicos de Medicina foram os maiores consumidores entre os grupos de universitários selecionados (CRUZ, 2011).

Entretanto, apesar da realidade vivenciada, poucos estudos têm sido realizados no mundo com o intuito de verificar a prevalência do uso indiscriminado de metilfenidato. Dessa forma, faz-se necessário o levantamento do uso de psicoestimulantes no meio acadêmico e a conscientização desse meio em relação aos mecanismos de ação desses fármacos, efeitos

Material e métodos O projeto foi desenvolvido mediante uma pesquisa básica, elaborando um estudo observacional descritivo do tipo transversal para analisar a prevalência do uso não prescrito do metilfenidato. A pesquisa foi realizada entre os meses de maio a agosto de 2014, na Faculdade da Saúde e Ecologia Humana de Vespasiano - MG. Participaram do estudo os alunos do 1° ao 8 ° períodos do curso de Medicina. Foram sorteados 15 alunos de cada sala, totalizando uma amostra correspondente a 120 pessoas.

Os alunos foram elegíveis quando atendessem aos seguintes requisitos: ser aluno regularmente matriculado na FASEH; possuir idade entre 18 e 40 anos e concordar em participar do estudo. Os critérios de exclusão foram os alunos com idade inferior a dezoito anos; casos de prescrição correta para estudantes portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou outros transtornos psiquiátricos; recusa à participação do estudo; presença de outras patologias importantes que comprometam os resultados dos estudos e gestantes. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FASEH (Parecer número 30607114.0.0000.5101).

Resultados Entre os participantes do estudo, 44,17 % (53) eram do sexo feminino e 55,83 % (67) do sexo masculino.

Dos resultados avaliados, 98% (118) dos participantes já ouviram falar da droga metilfenidato e 36% (43) do total conhecem o mecanismo de ação. Entre os alunos analisados, 26% (31) relatam que já fizeram ou fazem o uso indiscriminado da droga.

Dentre as pessoas que utilizam o medicamento indiscriminadamente, 19 são homens, representando 28,36% da amostra masculina de 67 participantes, e 12 são do sexo feminino, representando 22,64% das 53 mulheres que participaram da pesquisa (Gráfico I).

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Discussão

Gráfico I: Número de usuários por gênero.

As pessoas que fazem o uso indiscriminado e que informaram ter apresentado efeitos colaterais citaram, como os mais frequentes, taquicardia (31%) e perda de apetite (24%), seguidos de boca seca (15%) e alterações comportamentais (9%)(Gráfico II). Mesmo apresentando efeitos colaterais, 64,5% (20) continuam fazendo o uso da droga de acordo com o nível de sobrecarga das atividades do semestre na faculdade. E, ainda, 45% (14) sentem-se cansados após o término do efeito.

Gráfico II: Efeitos colaterais do uso de Metilfenidato.

Desses, 35,48% (11) usam o fármaco a fim de estudar para todas as provas do período letivo, e 22,58% (7) tiveram que aumentar a dose da droga para tentar obter o mesmo efeito de quando iniciou o uso. Por outro lado, mesmo com todas essas desvantagens citadas, 16% (05) dos que usam indiscriminadamente relataram melhora do poder de concentração e ainda 65% (20) observaram uma melhora do rendimento acadêmico. A partir das informações coletadas, não se observou relação direta entre o aumento do uso do fármaco e o maior número de semestres cursados. A distribuição dos 31 participantes que já fizeram uso do metilfenidato de forma indiscriminada se deu, entre o 1º e 8º período, da seguinte forma: no 1º período, manifestou-se a ocorrência de 3 alunos, no 2° período a ocorrência de 4 alunos, 3° período foram 6 alunos, 4° período foram 5 alunos, no 5º período, 3 relataram uso. No 6º período, nenhum estudante relatou fazer o uso indiscriminado de MFD, no 7º período, foram 8 pessoas e no 8° período apenas 2 pessoas.

O metilfenidato tem sido visto como recurso farmacológico para aqueles que buscam uma potencialização do desempenho cognitivo em determinadas situações. De acordo com CARNEIRO et al (2013), estudantes de Medicina parecem formar um grupo em que se observa, com frequência, a utilização desse medicamento para esse fim, pelo grande esforço exigido pelo curso. Nesse trabalho, foi avaliado o uso não prescrito da droga por uma população específica de universitários. Constatouse prevalência de 26% para o uso indiscriminado desse estimulante entre os estudantes de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana. Os valores que mais se aproximaram dessa prevalência, foram os encontrados por Babcock e Byrne (2000), DeSantis et al. (2008) e Carneiro et al. (2013), 16%, 34% e 23,72%, respectivamente. Já Mc Cabe et al. (2005) revelaram a frequência de 6,9% e Cruz et al. (2011) apresentaram uma prevalência de 8,6%. Esses dados ajudam a confirmar a hipótese de que o uso não prescrito dessa substância é prática comum entre os universitários e que o curso de Medicina pode ser considerado fator de risco importante, como propunha Posada (1996, apud MENDONZA, 2002), em estudo realizado pelo Ministério da Saúde da Colômbia, uma vez que, dentre grupos pré-selecionados, os maiores consumidores foram os futuros médicos.

Entre os acadêmicos de Medicina da FASEH, não houve diferença significativa de consumo entre os gêneros masculino (28,35% dos homens entrevistados) e feminino (22,64% das participantes). Tal situaçãotambém foi observada por Teter et al. (2006), em estudo realizado em universidades do sudeste dos Estados Unidos e por Carneiro et al (2013), no Centro Universitário de Volta Redonda. Por outro lado, Cruz et al. (2011) encontraram diferença marcante entre os dois gêneros, sendo o masculino o maior consumidor da droga sem prescrição.

Apesar de a maioria das pessoas que assumiram o uso indiscriminado relatarem a ocorrência de efeitos colaterais como taquicardia, perda de apetite e boca seca, elas veem algumas vantagens na utilização como o aumento da capacidade de concentração e uma melhora do rendimento acadêmico após o início de seu uso. De fato, De Santis (2008) demonstrou que a maioria dos usuários, sem diagnóstico de TDAH ou sem qualquer necessidade de prescrição de MTD, fazia o uso da droga em períodos de estresse elevado

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e que a substância reduzia a fadiga e aumentava o entendimento de leitura, o interesse, a cognição e por fim, a memória. É importante ressaltar, também, que alguns participantes relataram que precisam usar a substância para conseguir estudar para todas as provas do período letivo, e outros informaram a necessidade de aumentar a dose com o decorrer do tempo para tentar obter o mesmo efeito de quando iniciou o uso, o que pode ser entendido como quadro de tolerância ao medicamento. No entanto, segundo Pastura e Mattos (2004), o quadro de dependência medicamentosa ao metilfenidato não parece ser significativo.

BARROS, Denise B. Aprimoramento cognitivo farmacológico: grupos focais com universitário. 2009. 117f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e Saúde) -Universidade do Estado do Rio de Janeiro,Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro. 2009.

Quanto à distribuição dos usuários ao longo do curso, não houve uma relação direta de aumento do consumo no decorrer dos semestres cursados. Os períodos com maior número de estudantes participantes que utilizaram o psicoestimulante foram 7º, 3º e 4º, em ordem decrescente de uso. Esse dado pode estar associado às disciplinas que compõem esses semestres, que talvez exijam maior dedicação dos alunos; entretanto, esse tipo de estudo não suporta essa conclusão Destaca-se, enfim, que esse padrão não foi encontrado por outros estudos semelhantes. Segundo Carneiro et al (2013), em estudo desenvolvido no Centro Universitário de VoltaRedonda, observou-se que o uso da substância aumentou com o decorrer do curso, uma vez que uma maior distribuição dos participantes que usam indiscriminadamente se deu nos últimos períodos analisados.

CARNEIRO, Samara Guerra et al.O uso não prescrito de metilfenidato entre acadêmicos de Medicina.Cadernos UniFOA. Edição Especial Ciências da Saúde e Biológicas. Volta Redonda, RJ, p. 53-59, abr. 2013.

Conclusão A prevalência do uso indiscriminado do metilfenidato entre os acadêmicos de medicina da FASEH é considerada alta quando comparada à de outros estudos analisados, ficando abaixo apenas da prevalência encontrada por De Santis et al. (2008). Há necessidade de se compreender melhor os diferentes fatores envolvidos na resposta e na adaptação ao estresse inerentes ao curso de Medicina para subsidiar a prevenção do uso inadequado de metilfenidato pelos futuros médicos. A informação e a educação dos estudantes, associadas ao treino de habilidades para melhor lidar com estresse, podem se mostrar úteis na prevenção do uso indiscriminado dessas drogas.

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Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 22

Anexo Questionário de pesquisa: Sexo: Masc. ( ) Fem. ( ) Idade: ______ Período: ____ 1) Hoje em dia vê-se muito o uso indiscriminado da substância Metilfenidato, cujo nome comercial mais famoso é Ritalina®.

Você conhece e/ou já ouviu falar dessa droga?

Sim ( ) Não ( ) Caso a resposta seja sim, prossiga. Caso contrário pode encerrar as respostas.

2) Conhece mecanismo de ação da droga? Sim ( ) Não ( ). Se você respondeu sim, qual o mecanismo de ação do MFD? 3) Já fez uso da substância? Sim ( ) Não ( ) Caso a resposta da questão anterior tenha sido sim, o seu uso é feito sob prescrição médica?

Sim ( ) Não ( ) Se a resposta for sim, qual a indicação clínica? _________________________________ 4) Você acha que essa droga aumenta o seu poder de concentração?

Sim ( ) Não ( ) ao realizar tarefas específicas?

5) Já apresentou algum efeito colateral decorrente do uso de MFD? Sim ( ) Não ( ) Caso a resposta seja não, vá para a questão 9.

6) Caso a resposta tenha sido sim, quais dos efeitos abaixo você já apresentou? Obs.: Essa pergunta pode ter mais de uma resposta. ( ) Taquicardia ( ) Perda de apetite ( ) Tremores nas mãos ( ) Boca seca ( ) Ansiedade ( ) Alterações comportamentais ( ) Outros Se você respondeu outros, qual efeito colateral você já teve?

7) Mesmo apresentando esses sintomas, continua fazendo o uso indiscriminado da droga de acordo com suas necessidades na faculdade? Sim ( ) Não ( ) 8) Você utiliza a droga no estudo para todas as provas do período letivo? Sim ( ) Não ( ) 9)Sente-se cansado após acabar o efeito da droga? Sim ( ) Não ( ) 10) Desde que você começou a utilizar o fármaco, notou que teve de aumentar a sua dose para obter o mesmo efeito de quando iniciou o uso da droga? Sim ( ) Não ( ) 11)Você tem notado melhora no seu rendimento acadêmico com o uso da substância?

Não ( )

Sim ( )

12. Você já usou essa droga por mais de 2 semanas, de forma contínua?

13. Você já usou alguma outra droga para melhora de desempenho cognitivo? Qual?

Adaptado de Carneiro et al., 2013.

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 23

artigo

As lembranças de Eneias. A memória e a alteridade como constituição da identidade cultural romanA Campos, H. S. N.A

A

Professor de Direito da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH)

Apresentação No prólogo de seu livro, O império Greco-romano, Paul Veyne problematiza as razões do título de sua obra com a qual proporia uma investigação sobre a história da civilização romana em seu vir a ser. Um império que se constituíra com grande magnitude e pujança, que fora capaz de espalhar sua influência sobre áreas que vão da Escócia ao Afeganistão, pode-se dizer ao mesmo tempo herdeiro da Hélade? Roma, em sua parte ocidental, certamente encontrava no vernáculo latino a língua dominante, ou pelo menos a língua mais difundida. No entanto, uma vez direcionando nossos sentidos em direção ao oriente, a língua grega, e a reboque toda a tradição de pensamento singular de um povo que fora capaz, acima de tudo, de pensar filosoficamente, se mostrava dotada de uma energia que conferiria a ela a condição de reunir povos de origens as mais diversas sob um teto comum.

Fazia a língua grega a “mundialização”, a “globalização” da cultura com qual tinha de lidar o romano, inclusive, para dar conta de estar presente nas mais diversas regiões e fazer valer as razões de seu poder.

Se submeter culturalmente aos helênicos seria uma estratégia para alcançar maioridade em seus domínios? “Nada mais coerente - diz o historiador francês - pois, que, por sua vez, os romanos helenizados helenizassem em latim o Ocidente que conquistaram no decorrer dos dois últimos séculos antes de nossa era1”. Roma, de certo, sofrera a influência grega - embora aculturação e identificação sejam coisas bem diferentes - mas será que os romanos se consideravam menos romanos por esta influência? Será que não guardavam consigo nada de próprio com o qual pudessem se afirmar, em detrimento da cultura grega dominante? Qual seria o papel de obras literárias da grandeza da Eneida na constituição desta identidade? Como se comporta o herói Eneias em sua saga para a fundação de Roma?

Artigo apresentado como trabalho final do curso de Língua e Literatura Latinas do CENEX- FALE/ UFMG em 2011.

Contato: E-mail: henriquesegall@gmail.com

Levando-se em consideração estas e outras questões, pretendemos no presente artigo, dentro dos limites estreitos de tempo e espaço a nós conferidos, apontar uma alternativa de leitura para o modo de constituição da identidade romana à luz do significado que tem a lembrança de Eneias, ao final do livro I e ao longo de todo 1

VEYNE, 2009, p. 1.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 24

o livro II da obra da qual é protagonista. Entendemos que a lembrança da batalha travada com os gregos e a consequente queda de Troia, nos levaria a pensar que a presença do outro (do grego), da alteridade, mesmo que de modo conflituoso, ou negativo, na memória do herói, seja elemento importante para pensarmos o processo de constituição da identidade do próprio Eneias como romano, e não mais troiano, como personificação do processo de constituição da identidade romana como povo. Para ajudar-nos a estabelecer, teoricamente, a interpretação em questão nos valeremos das contribuições de Paul Ricoeur e ainda de Santo Agostinho, autores que valeram-se da temática da memória e subjetividade.

Vale ressaltar que a nosso intuito é indicar, de modo bem geral, uma leitura da memória de Eneias. Isto não significa que tenhamos o compromisso de indicar, ou fazer uma investigação da subjetividade antiga na sua expressão romana, além de traçar os modos de expressão desta subjetividade para que caibam nela os desenhos categoriais da subjetividade moderna e dê conta dos termos da individualidade. Tão pouco nos interessa aqui fazer história, ou apresentar um texto que contenhas as pretensões de um trabalho propositivo em termos historiográficos, como se de fato a lembrança de Enéias nos levou à fundação de Roma.

Talvez seja mais adequado, ainda que com cautela, dizer que a memória do herói seja manifestação da memória coletiva, pois, nos parece, a personagem guarda em si a metáfora do povo romano que quer se realizar autonomamente como civilização, mesmo que para isso tenha de assumir a vinculação cultural da Hélade, da qual a queda de Troia seja símbolo, expressão distinta do conflito, desse passado comum que o romano deseja superar. Assumir o passado grego para o romano e se diferenciar, se afirmando, requer um acerto de contas com os conflitos desta relação. Ricoeur lembra que o preço que se paga por uma radicalização subjetivista é alto, pois ,com isso, um sujeito coletivo seria impensável.

De fato, não pensamos a interioridade de Eneias como uma interioridade radicalizada, individualizada, amplamente definida pelas contribuições que a modernidade deu ao tema cujo esboço deu-se desde os trabalhos realiados pelo bispo de Hipona. Nossa proposta de leitura estaria autorizada, o tema da memória de Eneias e sua possível associação com outras formas de expressão dessas memórias em termos 2

de subjetividade autônoma, quando nos valemos de metáforas2.

Desenvolvimento A partir do que foi indicado, entendemos que haveria, para justificar a constituição dessa identidade a partir da leitura que propomos, a necessidade de marcar um certo distanciamento em relação à vinculação helênica da cultura romana expressa pela iniciativa de Eneias, ainda que o reconhecimento dessa influência se faça decisivo porque, ao nosso ver, a identidade só seria plenamente constituída se identificada e determinada a diferença, algum tipo de estranhamento que leve a pensarmos no outro como um outro de mim mesmo.

Nestes termos, o recurso mnemônico usado por Virgílio para a personagem principal, ao nosso ver, é carregado de significados que guardam certa importância para o compromisso assumido pelo poeta, de dar contornos mais precisos à Roma do tempo de Augusto, aos símbolos constitutivos da civilização que humanizaria o mundo do qual, ainda hoje, somos herdeiros.

Uma vez dito isso, por outro lado, somos convidados a dizer que a Eneida, em certo sentido, participa da imitação, de vinculação à tradição de poesia a partir de Homero, com a Ilíada e Odisseia. Desse modo, é como se o poeta romano recebesse a influência de um background intelectual helenista, constituinte da Paideia romana, pela escolha de uma época na qual o passado mítico, possa ao mesmo tempo a habitar o presente de uma civilização marcadamente urbana, como é o caso dos latinos. O propósito virgiliano de representar em Eneias o herói comprometido com o patriotismo e com o ideário das virtudes e educação romanas, movimenta o pensar para um passado no sentido de um reconhecimento dessa expressão textual, ao mesmo tempo que simultaneamente afirma-se e nega-se esta influência da poesia homérica. De outro modo, apresentaria um estado de coisas, um sistema de pensamento alternativo àquele dos quais os próprios gregos, inclusive, almejavam se distanciar, com o movimento de crítica levada a cabo pelo fenômeno do trágico. O próprio recurso utilizado pelos gregos,de afirmar e negar a si mesmo pelo seu passado, é retomado, segundo imaginamos, por Virgílio para, segundo a influência da poesia de Homero, traduzir os novos símbolos da Roma que há de vir. Dizia Otis

Cf. RICOEUR, Paul. A Memória, a História e o Esquecimento, p. 106.

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 25

que “somente a Eneida aspirou ser ambas, heróica e palavras que marcariam essa recordação: civilizada, remota e contemporânea, ambas homérica e “Mandas-me, ó rainha, augustiniana3”. renove a dor infanda: o como os Dânaos Nesse aspecto, entendemos que a lembrança de Eneias, narrada ao longo do livro II, marca um intento, pelo estatuto que tem a memória, de dar significado a essa tentativa virgiliana de conciliar o inegável peso da tradição Greco-homérica de cultura com o presente urbano, de motivações jurídicas políticas e, neste rumo, direcionar a constituição de si do povo romano. A lembrança de Eneias seria a lembrança do povo romano, o símbolo de um passado que está presente, mas que não deve ser mais o elemento último na constituição da Roma cantada pelo poeta. Em outros termos, Ricoeur nos indica, no trecho que se segue, os traços conceituais da memória como retorno a si, aspecto relevante para determinar o significado que a lembrança tem como recurso constitutivo de uma possível constituição de identidades: “A memória parece de fato ser radicalmente singular: minhas lembranças não são suas. Não se pode transferir as lembranças de um para a memória do outro. Enquanto minha, a memória é um modelo de minhadade, de possessão privada, para todas as experiências vivenciadas pelo sujeito. Em seguida, o vínculo original da consciência com o passado parece residir na memória4”.

Embora se trate aqui da descrição da memória na letra de uma subjetividade autonomamente estabelecida por meio das conquistas da modernidade, entendemos que o procedimento da lembrança de Eneias que pretende traduzir a memória particular do povo romano a ser constituído, do sujeito coletivo, participaria, também, desse processo de reconhecimento de si como reconhecimento exclusivo, privado, restrito da experiência troiana, que não pode ser a lembrança sentida pelo outro, realizado por um outro. A memória pode, ainda, fazer dar as mãos o passado e o presente pensado, numa união de continuidade temporal, na consciência singular de quem recorda. Portanto, nessa minhadade da memória, o herói poderia se reconhecer, pelo que foi, para ser o que virá, ganhar as condições para a afirmação de si mesmo, de modo a garantir e sustentar o processo de conversão pelo qual passará, posteriormente, ao sair do mundo dos mortos descrito no livro VI. Vejamos, nos versos iniciais do livro II, as 3

OTIS, 1995, p. 2

4

RICOEUR, 2007, p. 107

5

VIRGÍLIO, 2005, p. 59

6

BRAND, Susanna Morton. In. The Cambridge Companion to Virgil, p. 216

D’Ilio a pujança o reino lamentável Derrocaram: misérias que eu vi mesmo E em que fui grande parte. Ao relatá-las, Dólope ou Mirmídon, de Ulisses duro Há soldado que as lágrimas estanque?

E a úmida noite já do céu descamba.

E as estrelas caindo ao sono induzem: Mas, se é teu gosto ouvir os nossos casos, E em breve o extremo afã saber de Troia, Bem que à lembrança luto e horror me esquivam, Narrálos vou5.

Curiosamente, ao atender um pedido de Dido, Eneias lembra-se de si ao mesmo tempo que recorda e reconhece em si o outro, o grego. Existe aí o grego na memória, como o outro de si, o outro em si, como necessária estranheza, como conflito fundamental para fazer emergir o plano da comparação, da diferenciação a partir da qual qualquer tomada de consciência deve alcançar. Em outras palavras, nos parece que a queda de Troia, o conflito com os gregos, surge como elemento fundante de uma metáfora que pretende expressar o reconhecimento, como já foi ressaltado, da Grécia em Roma, mas ainda, a reação de Eneias no intuito de efetivar seu dever, ou seja, de realizar a nova cidade e o novo povo, pondo em movimento motivações determinadas por virtudes patrióticas e cívicas, características singulares do romanismo, que colocam as obrigações e feitos heróicos a serviço, acima de qualquer vontade pessoal6, da grandeza pátria. A lembrança do infortúnio implicaria, com isso, uma obrigação que levada a cabo, tende a satisfazer a pergunta quem é Eneias?, ou em outras palavras, a pergunta quem é Roma? e a consequente tomada de “consciência de si” da civilização que há de vir.

De outro modo, de forma parecida, indicamos que o plano da interioridade e delineado nas Confissões de Agostinho, talvez, nos ajudaria a compreender e ler a lembrança do herói, pela alteridade no curso da memória, o encontro consigo por intermédio do outro.

No interesse de Agostinho, o encontro com o outro é o encontro com Deus. Diz assim o bispo de Hipona:

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 26

seja, “a alma de Santo Agostinho não se reifica; como habitação de Deus, ela sempre se ultrapassa; como memória ela já se revela como algo maior do que ela mesma10”. Pode-se perceber nas palavras de Agostinho uma certa diminuição do eu, ao mesmo tempo que o ponto de chegada das Confissões indique mais uma redefinição da relação (grifo nosso) entre o eu e Deus, do que uma afirmação última da interioridade, muito Na investigação de si, empreendida no “palácio da mais um encontro com o outro, do que um encontro memória”, nos deparamos, em Agostinho, com uma consigo próprio, ao mesmo tempo que conduz a um faculdade capaz de não só recolher as imagens sensíveis movimento de conversão ao outro. das coisas, mas ainda com os próprios inteligíveis, com a “matéria”do pensar. Diz Ricoeur que, “memória das Muito embora haja, para os ganhos da presença de Deus coisas e memória de mim se coincidem: aí encontro como verdade, um procedimento de esvaziamento também a mim mesmo, lembro-me de mim, do que do eu, para nossas pretensões, no entanto, Agostinho fiz, quando e onde fiz e da impressão que tive ao fazê- nos ajuda a perceber, a interpretar nas lembranças lo8”. Com isso, a busca por Deus, empreendida pelo de Eneias a presença do outro, ao lado deste estatuto bispo de Hipona, leva-o a trilhar os caminhos de sua de singularização dos dados da memória. Assim, interioridade, os caminhos que, em certa medida, Eneias só podia se lembrar da batalha de Troia levam-no a se conhecer e a conhecer a verdade que se como uma lembrança do que fez, mas ainda como realiza na presença da alteridade divina. lembrança de si. Nesses termos, a presença do grego na lembrança promove um encontro com o outro, Nesse âmbito, o conhecimento de si de Agostinho só um movimento de reconhecimento do outro, e de si se realiza plenamente com a presença de um outro, porque o outro, nos termos de Agostinho, habita os de Deus internamente. Neste percurso de retorno a si, palácios da memória de Eneias. O herói virgiliano, Agostinho passa a compreender a profunda diferença representando metaforicamente a memória de Roma, existente entre a natureza humana e divina. Isto passa, diferentemente do espírito agostiniano, a significa que Deus, no interior do homem, aparece carregar os ganhos do helenismo em si, mas sem se porque o profundo amor a Deus, a busca do que se esvaziar, leva ainda os elementos específicos da vida quer, é ao mesmo tempo desejo e conhecimento de romana constituintes de sua identidade. Nessa narrativa Deus, ou seja, a busca do desejo e o conhecimento são épica de Virgílio, o encontro com o outro, embora revelados como sendo resultados da condição dada marcadamente conflituoso, nunca aniquila o acordo11 por Deus. O que a alma sabe de si, diz Birchal, “por tácito estabelecido pelo poeta, acordo que leva o herói meio desta presença interior e real, não é dado como a se converter12, saindo do mundo dos mortos, não uma imagem apreendida em analogia com as coisas, mais como troiano, mas como romano. Nos parece que no espelho das coisas, mas é a própria experiência a conversão de Enéias não é uma conversão ao outro, de pensar, de se lembrar e de querer, que se mostra mas com o outro, para um outro. Desce Enéias com a presente e se formula indubitável e imediatamente em Troia guerreira de Homero13 e retorna o romano com conhecimento9”. A verdade, ademais, que se manifesta sua descendência assegurada, ao capacitar o herói, em nós não provém de Deus como emanação, mas é posteriormente, de manejar o escudo no qual se Deus presente. Justamente porque a alma não pode se inscreve, já, a vida cívica conturbada de um tempo que encerrar em si mesma, não pode se bastar, que há um teve de suportar um tipo como Catilina. direcionamento para algo além de seus domínios, ou “Ainda que eu procure um lugar destes no qual habites, seriam, de fato, os lugares verdadeiramente? Habitas, certamente, neste, já que lembro-me de ti, desde que me dediquei a ti, quando recordo-me de ti.(...) Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei. Eis que dentro estavas, mas eu fora, aí te procurava, e, deformado, me atirava nesta que fizeste formosa. Comigo estavas, mas contigo não estava7.”

7 Segue o texto original latino para conferência de nossa tradução: “Et quid quaero quo loco eius habites, quasi vero loca ibi sint? Habitas certe in ea, quoniam tui memini, ex quo te didici, et in ea te invenio, cum recordor te. (...)Sero te amavi, pulchritudo tam antiqua et tam nova, sero te amavi! Et ecce intus eras et ego foris, et ibi te quaerebam, et

in ista formosa quae fecisti deformis inruebam. Mecum eras, et tecum non eram. In. http://www.thelatinlibrary.com/augustine/conf10.shtml. Acesso em 13 de agosto 2011.

8

RICOEUR, 2007, p. 110.

9

BIRCHAL, 2002, p. 233.

10

Id. Ibid. p.237.

11

Zetzel comenta em seu artigo que é “Roma e seus destinos a retrospectiva justificativa para as ações de Enéias e seus sofrimentos. Embora Roma não seja fundada

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 27

Nessa perspectiva, Agostinho nos ajuda a ler a presença da alteridade e o fenômeno da conversão, no herói da narrativa épica de Virgílio, mesmo que os destinos e os resultados de alguns elementos - vale lembrar o aspecto interiorizado14 e subjetivista da perspectiva escrita em 1ª pessoa do texto confessional - guardem entre as obras, gêneros literários e autores mais distâncias do que aproximações. Em suma, da questão agostiniana e do que foi discutido de modo geral, retivemos a presença da alteridade como condição para o reconhecimento de si pelo outro, com o auxílio da memória em seu estatuto, aspecto que nos parece ser característico, metaforicamente falando, da lembrança do diferente, do conflito, do estranho que marca a trajetória, a errância de uma personagem à procura dos referenciais específicos, e não mais comuns aos gregos, para afirmar a identidade cultural romana.

Conclusão Em suma, entendemos, talvez, que o propósito virgiliano de representar Eneias como o herói imprime a marca de um povo, ainda que admirado por tudo aquilo que a Grécia construiu, agora comprometido com novos valores a defender, o patriotismo e o ideário das virtudes e educação romanas. Da mesma forma, a própria escrita épica de Virgílio e as tensões por que passa Eneias, os conflitos emocionais, mostram um movimento em que

o próprio poeta pode olhar para trás, para a maestria de Homero, mas também para frente, num movimento de afirmação, de independência e de superação em relação ao universo grego, contra o qual os próprios gregos, inclusive, um dia se distanciaram, quando passaram a questionar, com a tragédia15, com a figura de uma Antígona, por exemplo, o passado mítico que poderia não mais dar conta, exclusivamente, da vida na cidade, marcada por decisões demasiadamente humanas.

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The Cambridge Companion to Virgil. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 204-221 HEINZE, Richard. Virgil’s epic technique. Translated by Hazel and David Harvey and Fred Robertson. London: Bristol Classic Press, 2004.

pela narrativa do poema, a criação de Roma e de seu povo é seu objetivo.(...) Profecias e comentários do próprio narrador lembram o leitor das etiologias dos costumes particulares e nomes de Roma e dos eventos entre o fim da narrativa e o tempo do poeta: o estabelecimento de uma colonização conjunta de troianos e latinos em Lavinium, a história de Alba Longa e a fundação de Roma(...)”. In. The Cambridge Campanion to Virgil, p. 188-189.

12 A título de ilustração, vejamos os versos nos quais estão presentes as predições de Anquises: “Eia, a glória que os Dárdanos espera,/ Do Ítalo tronco descendentes nossos/ Que a fama ilustrarão dos seus maiores,/ Hei de explicar-te, e aprenderás teus fados. Notas? Próximo à luz por sorte, um jovem/Se arrima em hasta pura: às auras, misto/ Latino sangue, surgirá primeiro,/ Silvio, póstumo teu, de nome Albano/(...).”In. VIRGÍLIO, Eneida. Trad. Odorico Mendes. p. 156. Cabe ressaltar que a predição da descendência e o futuro legado a Eneias é possível porque houve uma morte do herói troiano e um renascimento, na saída do mundo dos mortos, do fundador romano. A morte de um torna possível a segunda vida do outro, desde que se tenha demarcado a presença de um passado o qual se deve ultrapassar, superar. Em suma, vemos aí a explanação de um processo de morte e renascimento, de abandono e conversão, possível, apenas, a partir do estado anterior que caracterizava o herói.

13 Entendemos, mais uma vez, que a tarefa de escrever um poema que expresse o momento simbólico da fundação de Roma leva a um processo de construção de uma identidade cultural romana, embora seja impossível esquecer a presença da cultura grega, quando se tem no gênero de poesia épica, o mito heróico, a tradução mais acabada de um mundo homérico. Somos levados a crer que escrever uma poesia épica depois de Homero seja tarefa difícil, ainda mais quando se quer representar um outro estado de coisas, que seja constituinte de uma cultura romana própria. A escolha do gênero épico, com isso, a escrita épica, traduz a presença grega, tensa muitas das vezes, em um mundo no qual, talvez, não seja suportável mais o mundo homérico. A tradição e o gênero nos autorizam a pensar na presença grega no eu lírico do poeta, que luta para demarcar as fronteiras e os modos de vida do império com o qual se compromete. Cf. OTIS, Brooks, A study in civilized poetry, University of Oklahoma Press, 1995.

14 Talvez, por outro lado, nos seja autorizado reconhecer uma dimensão subjetivada das desventuras do herói de Virgílio porque, como indica Heinze, há um acentuação marcante às dores emocionais de Eneias. Talvez o protagonista seja descrito como alguém que manifesta um sofrimento, e expressa, por isso, a perseverança e os deveres para com os deuses e com a terra natal, de forma distinta das desventuras e perigos físicos enfrentados, objetivamente, por um herói como Ulisses. Diz o comentador que “Virgílio certamente não tentou dar a impressão que seu herói teve uma sorte mais fácil. O que ele teve de sofrer foi a dor emocional com a qual o poeta pode se envolver em um grau mais profundo do que com a dor física e os perigos de morte”. In. Virgil’s epic technique, 2004, p. 84-85. A partir destes termos, entendemos que há uma mudança de registro e, para nós, uma conciliação entre gênero, tradição e culturas gregas, com os quais teve de lidar o poeta para dar sentido, com o heroísmo de Eneias, ao mundo no qual estava inserido. Talvez arriscaríamos dizer que o herói de Virgílio marca já a determinação de uma época na história que não mais aceita, em bloco e sem os ajustes, a simbologia e modos de vida do tempo homérico.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 28

OTIS, Brooks. Virgil: a study in civilized poetry. Oklahoma: University of Oklahoma Press, 1995.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain François. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

VERNANT, Jean Pierre. Entre mito e política. Tradução: Cristina Murachco. 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2002.

VEYNE, Paul. O império greco-romano. Tradução: Marisa Motta; Revisão Técnica Mary Del Priore. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

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Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 29

artigo

Aspectos atuais na Abordagem da Cardiopatia Chagásica Crônica Barros, M.V.LA A

Professor do curso de Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH)

INTRODUÇÃO A doença de Chagas (DCh) é causada pelo protozoário Trypanosomacruzi e foi descrita, pela primeira vez, pelo médico brasileiro Carlos Chagas em 1909,que nomeou o parasita em honra do seu mentor, Oswaldo Cruz1. A DCh é uma das doenças infecciosas mais prevalentes na América Latina e embora os programas de saúde pública tenham reduzido, significativamente,sua prevalência latinoamericana, nas últimas décadas, o número de infecções nos Estados Unidos e países não endêmicos na Europa continua a aumentar, tornando-se um problema de saúde em países não endêmicos2.

O acometimento cardíaco é a manifestação mais importante da Dch e é caracterizada por insuficiência cardíaca, arritmias ventriculares e fenômenos tromboembólicos, podendo resultar em mortalidade precoce e incapacidade laborativa, manifestando-se, muitas vezes, na população mais produtiva, com grande impacto sócio-econômico. A DCh apresenta características peculiares em diversos aspectos relacionados à epidemiologia, patogênese e tratamento e seu reconhecimento é essencial no manejo adequado desses pacientes.

Epidemiologia

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A doença de Chagas é zoonose, transmitida, principalmente, através de secreções de triatomíneos hematófagos, sendo endêmica no sub-continente latino-americano, onde a evidência de doença humana data de cerca de 9.000 anos atrás, pelo isolamento de material parasita, através da técnica de PCR, em múmias humanas, encontradas no norte do Chile e sul do Peru3. Esses insetos estão presentes em toda a América do Sul e Central, México e no sul dos Estados Unidos. A doença, também, pode ser transmitida através de transfusão de sangue, doação de órgãos e de mãe para filho ao nascimento. A transmissão oral foi, recentemente, reconhecida como a causa de surtos esporádicos, principalmente em região amazônica. Casos acidentais de transmissão laboratorial, também, têm sido relatados4. A doença é endêmica em todos os países latino-americanos os quais concentram a maior parte dos casos. Em relatório recente, com base em dados de 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima em 5,7 milhões de Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 30

pessoas infectadas com o T. cruzi, em 21 países latinoamericanos, sendo que o Brasil apresenta cerca de 1,2 milhões de chagásicos5. Esses números, muito inferiores do que as estimativas anteriores, parecem refletir o bom resultado de iniciativas multinacionais coordenadas e apoiadas pela Organização Panamericana de Saúde e da OMS, relacionados, principalmente, ao controle dos vetores através de pulverização sistemática com inseticidas residuais nas casas e triagem de doadores de sangue. No entanto, transmissão vetorial ativa ainda persiste na Bolívia, Colômbia, México, Peru e Argentina. Em regiões endêmicas nas quais a transmissão já foi controlada, a doença de Chagas, agora, é, principalmente, um problema de saúde pública entre os indivíduos mais velhos e continua a ser uma das principais causas de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e morte6.

Devido aos fluxos migratórios de países endêmicos da América Latina para os EUA, Europa e outros países desenvolvidos, os pacientes com doença de Chagas podem, agora, ser encontrados em números alarmantes, fora dos países endêmicos. Na Europa, a prevalência da doença de Chagas em imigrantes latino-americanos é alta (4,2%), principalmente de migrantes da Bolívia e do Paraguai, embora uma estimativa confiável de quantos pessoas infectadas vivem na Europa seja ainda imprecisa7,8. Recentemente, o perfil epidemiológico mudou devido aos movimentos migratórios que levaram tanto à urbanização quanto à globalização da doença.

A doença de Chagas foi, classicamente, associada à pobreza nas zonas rurais, entretanto, a migração urbana das áreas rurais que ocorreu na América Latina, nas décadas de 1970 e 1980, mudou o tradicional padrão epidemiológico da DCh em uma infecção urbana9.

Muitos médicos consideram a DCh uma doença restrita ao México e América Latina, e essa hipótese faz com que médicos nos Estados Unidos e na Europa ignorem essa condição quando estão diante de um paciente com miocardiopatia dilatada, sendo frequentemente diagnosticada como cardiomiopatia idiopática. Do mesmo modo, pacientes com DCh podem não estar cientes da sua infecção e, potencialmente, transmitir o parasita através do sangue ou doação de órgãos10.

incluindo implante de marcapasso e desfibrilador cardíaco implantável, além do transplante cardíaco, aumentando-se, substancialmente, os custos relacionados com a doença. Vários estudos têm demonstrado as vantagens econômicas da prevenção da doença mediante programas de controle de vetores11-13.

Patogênese A fase aguda da doença de Chagas é caracterizada por intensa parasitemia e parasitismo tecidual, principalmente no coração, esôfago, cólon e no sistema nervoso central14. Estudos histopatológicos demonstram parasitismo tecidual e inflamação intensa,adjacente às células infectadas, com ativação de células T, B, CD4+ e CD8+, induzindo a uma citotoxicidade ao parasito, associado à secreção de citocinas e produção de anticorpos específicos15. O despovoamento neuronal dos plexos de Meissner e Auerbach, que ocorre em tecidos do esôfago e cólon, durante a fase aguda, é o principal fator para o aparecimento de megaesôfago e megacólon na fase crônica16. A patogênese da cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) ainda não foi completamente elucidada, mas a maioria dos pesquisadores acredita que os principais mecanismos de patogênese da CCC estão, intimamente, relacionados à presença persistente do parasita, com a instalação e progressão de uma miocardite crônica persistente17.

O despovoamento neuronal, principalmente do sistema parassimpático,associado a uma regulação autonômica cardíaca prejudicada, pode ocorrer nas fases iniciais da doença de Chagas, com a possibilidade, inclusive, de preceder a disfunção ventricular18. Além disso, estudos mais recentes, usando métodos que permitem a investigação da inervação simpática ao nível do miocárdio, trouxeram novas evidências sobre a participação de denervação simpática no processo da doença, demonstrando correlação entre a gravidade da denervação simpática e a extensão da disfunção ventricular19. Além disso, a presença de taquicardia ventricular sustentada foi associada com maiores áreas de viabilidade vinculadas ao miocárdio desnervado, sugerindo envolvimento da denervação simpática na gênese de arritmias ventriculares, potencialmente fatais, A Dch apresenta importante impacto econômico. A em pacientes com CCC20. mortalidade precoce e incapacidade laborativa causada por essa doença, que muitas vezes ocorre na população Há evidências de anormalidades microvasculares mais produtiva, resultam em perda econômica coronárias em corações chagásicos, incluindo aumento significativa. Complicações cardíacas e digestivas, da atividade plaquetária, presença de microtrombos, frequentemente, podem conduzir à necessidade de espasmo microvascular, disfunção endotelial e redução tratamento a longo prazo e procedimentos cirúrgicos, da reserva coronariana, mesmo em indivíduos na Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 31

forma indeterminada da doença21. Embora as artérias coronárias do epicárdio sejam, geralmente, normais na angiografia e em estudos patológicos, alguns pacientes com CCC exibem reatividade anormal a estímulos vasodilatadores e vasoconstritores, mesmo na fase indeterminada da doença22.

Técnicas baseadas em PCR e imunohistoquímica têm permitido a detecção dos antígenos do parasita em focos inflamatórios na biópsia e autópsia de pacientes com CCC, levando ao consenso atual de este mecanismo ser um dos principais responsáveis pela lesão cardíaca nessa doença23. Além disso, outros mecanismos podem estar implicados tais como a lesão cardíaca imunomediada e mecanismos de autoimunidade, que envolvem a ativação policlonal eautomimetismo molecular de antígenos de parasitas24. Entretanto, estudos futuros ainda são necessários para avaliar a relevância clínica de autoimunidade no desencadeamento de dano miocárdico na CCC. Aspectos clínicos O acometimento do coração é responsável pela elevada morbimortalidade dessa doença, podendo determinar a morte por arritmia, insuficiência cardíaca ou por fenômenos tromboembólicos. A doença pode ser dividida em duas fases: aguda e crônica25.

A fase aguda inicia com a penetração do T. cruzi nas membranas mucosas ou da pele a partir de fezes infectadas, liberadas pelos triatomíneos após a alimentação. A fase aguda, geralmente, se apresenta de forma leve ou oligossintomática, podendo, em alguns casos, se mostrar grave e fatal, especialmente em crianças. Em pacientes sintomáticos, as manifestações incluem inflamação e inchaço no local da inoculação (chamado “chagoma”), febre, linfadenopatia generalizada, edema, hepatoesplenomegalia e, em casos mais graves, miocardite clinicamente aparente e ou encefalopatia. O sinal de Romaña, um edema periorbital, unilateral e indolor, associado à adenopatia satélite, é uma das características típicas da infecção aguda. Essa fase tem duração em torno de 4 a 12 semanas, ao fim das quais o quadro febril e a parasitemia (detectada por métodos diretos) tendem a desaparecer, conjuntamente com o decréscimo dos níveis de imunoglobulinas da classe M e elevação dos níveis de IgG26. Esses elementos, praticamente, definem a transição para a fase crônica da doença de Chagas.

A fase crônica da doença de Chagas pode ser

subdividida em várias formas: as formas crônicas, ditas determinadas (cardíaca, digestiva, cardiodigestiva e nervosa), iniciam-se com cerca de 10 a 20 anos após a fase aguda. Durante essa fase, os indivíduos infectados, geralmente, têm boa saúde geral, não apresentando sintomas específicos, tendo, apenas, como marcador de anormalidade, a presença de exames sorológicos e/ou parasitológicos específicos positivos, caracterizando a chamada forma crônica indeterminada (FI) da doença de Chagas25. Cerca de 50% dos pacientes infectados em áreas endêmicas encontram-se na FI e embora a característica principal desses pacientes seja a ausência de anormalidades clínicas, eletrocardiográficas e radiológicas significativas, tem-se observado alterações morfofuncionais cardíacas quando se utilizam métodos complementares mais sofisticados, tais como ergometria, eletrocardiografia dinâmica, provas autonômicas não-invasivas, ventriculografia radioisotópica e ecocardiografia27. Embora vários estudos longitudinais tenham demonstrado o bom prognóstico dos pacientes na FI, cerca de 2 a 5% desses pacientes evoluem para uma das outras formas crônicas da doença, geralmente com padrão benigno, eventualmente progredindo para formas graves e potencialmente letais. Estima-se que dentro de cinco a 10 anos, cerca de 30% desses pacientes evoluam para cardiopatia crônica. Além disso, tem-se relatado a presença de morte súbita em chagásicos como a primeira manifestação clínica da doença25,27.

A forma crônica cardíaca manifesta-se por uma das três síndromes principais que podem ocorrer em associação: insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e tromboembolismo2. As manifestações iniciais de cardiomiopatia são geralmente leves e a maioria dos pacientes assintomáticos apresentam ECG com alterações, tais como: bloqueio de ramo direito e bradicardia, e alterações ecocardiográficas como alteração contrátil segmentar. Quanto maior for a intensidade do dano miocárdico, particularmente a dilatação ventricular esquerda, mais frequentes e complexas são as anormalidades eletrocardiográficas, em especial a complexidade da arritmia ventricular28,29.

Os pacientes com doença mais avançada frequentemente têm insuficiência cardíaca, que está associada com um prognóstico desfavorável e parece ser mais letal do que outras miocardiopatias. A morte súbita representa uma das formas mais frequentes de morte em chagásicos, podendo ocorrer em associação com doença cardíaca avançada, ou,também, como a primeira manifestação de cardiomiopatia chagásica

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em pacientes assintomáticos30-32. A CCC é uma causa frequente de implante de marcapasso em pacientes de países endêmicos uma vez que bloqueio cardíaco avançado e doença do nó sinusal são manifestações comuns da doença. As arritmias ventriculares são manifestações importantes de cardiomiopatia chagásica e a taquicardia ventricular não-sustentada é um marcador estabelecido de maior risco de morte33,34.

Pacientes com taquicardia ventricular sustentada podem exigir terapias específicas, tais como a implantação de cardiodesfibriladores e ablação terapêutica35.

Diagnóstico O diagnóstico da infecção aguda por T. cruzi pode ser feito por meio da detecção dos parasitas no sangue de forma direta ou baseada em PCR. A hemocultura pode ser utilizada, no entanto pode não ser clinicamente útil, pois os resultados podem demorar várias semanas para ser obtido. O diagnóstico da doença de Chagas crônica é baseado em exames sorológicos.

Existem várias técnicas utilizadas para a detecção de anticorpos, incluindo a imunofluorescência indireta, imunoensaios enzimáticos (ELISA), hemaglutinação e teste rápido36. A sensibilidade desses testes pode variar significativamente e a recomendação é que o diagnóstico sorológico da doença de Chagas deva ser rastreado por dois métodos diferentes, de forma paralela. No entanto, como os ensaios de ELISA são amplamente utilizados para rastreamento em bancos de sangue, o consenso atual é que um único exame altamente sensível pode ser utilizado como screening do T. cruzi. Para o diagnóstico de confirmação, tem-se utilizado o teste de imunofluorescência37,38.

Dentre os métodos propedêuticos utilizados na avaliação da DCh merecem destaque a eletrocardiografia e a ecocardiografia. A cardiopatia chagásica apresenta alta prevalência de distúrbios de condução e ritmo cardíaco e a avaliação com o eletrocardiograma representa papel fundamental na avaliação clínica e prognóstica na DCh. O achado de um ECG normal representa excelente prognóstico em 10 anos e a avaliação com esse método é preconizada na abordagem inicial e periódica dos pacientes com DCh. A avaliação da função ventricular representa um dos principais fatores prognósticos na cardiopatia chagásica e a ecocardiografia é o método de escolha na avaliação morfofuncional do coração, pelo seu caráter não invasivo, de baixo custo e elevada acurácia 2,25,40.

Tratamento O tratamento da cardiopatia chagásica envolve aquele específico da parasitemia e terapia adjuvante para a insuficiência cardíaca, tromboembolismo e arritmia. A terapia antiparasitária é indicada para pacientes com infecção aguda, em crianças e pessoas recém-infectadas, naqueles com forma congênita da DCh e reativação devido à imunossupressão39. Embora alguns estudos sugiram que o tratamento específico possa adiar a progressão da doença crônica, ainda não existe uma recomendação neste sentido40,41. Os medicamentos atualmente disponíveis (benzonidazol e nifurtimox) demandam tratamento prolongado, apresentam risco elevado de efeitos adversos e precisam de acompanhamento cuidadoso. Em estudo multicêntrico, ainda em curso, estão sendo avaliados os efeitos da terapia etiológica empacientes com cardiomiopatia chagásica crônica42.

As abordagens terapêuticas para o tratamento da cardiomiopatia chagásica seguem as recomendações padronizadas para o tratamento de insuficiência cardíaca atribuídas a outras causas. No entanto, os tratamentos são baseados em dados de grandes ensaios clínicos que não incidem especificamente sobre insuficiência cardíaca secundária à DCh. Embora os betabloqueadores tenham sido evitados em pacientes de CHD por causa de bradiarritmias, alguns estudos têm demonstrado que a terapia com betabloqueador é segura e foi associada com melhor sobrevida, e seus efeitos no sistema adrenérgico parecem ser uma estratégia atrativa para prevenir a morte súbita cardíaca.

O transplante cardíaco é o tratamento de escolha para pacientes com insuficiência cardíaca avançada, incluindo aqueles dependentes de drogas inotrópicas e, ou, suporte circulatório. A sobrevida entre os pacientes chagásicos parece ser melhor do que a relatada para pacientes transplantados por outros tipos de doença cardíaca. Uma das principais preocupações no coração receptor de transplante é a reativação da infecção por T. cruzi secundário à terapia de imunossupressão43.

Desde a descrição original feita por Chagas e Villela (90), vários estudos têm documentado a ocorrência de disfunção vagal em pacientes com DCh. Esses pacientes apresentam uma redução da modulação vagal sobre o nó sinusal, determinando uma resposta da frequência cardíaca reduzida a estímulos fisiológicos e farmacológicos. Essas anormalidades ocorrem precocemente no curso da doença e antes do desenvolvimento da disfunção ventricular esquerda.

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Um dos principais objetivos terapêuticos na cardiomiopatia chagásica é a prevenção primária e secundária de morte súbita, que é geralmente causada por fibrilação ventricular, precedido ou não por taquicardia ventricular. A terapia com cardiodesfibrilador implantável (CDI) é o tratamento padrão para a prevenção secundária de morte súbita, como naqueles recuperados da morte súbita, com TV sustentada espontânea ou com síncope e TV induzida no estudo eletrofisiológico. A prevenção secundária com CDI pode ser ainda mais útil em pacientes com DCh do que outras cardiopatias, devido ao elevado perfil arritmogênico da DCh44. A escolha da melhor estratégia de prevenção primária de morte súbita na cardiomiopatia chagásica é controversa32. Embora a utilização da amiodarona e da terapia com CDI tenham sido utilizadas e indicadas para indivíduos de alto risco, os dados de pacientes chagásicos são escassos, as evidências clínicas para apoiar estas recomendações são, principalmente, derivadas de resultados obtidos em outras cardiopatias45. Além disso, a forma de identificar os indivíduos de alto risco é, ainda, imprecisa, porque a maioria dos modelos de previsão disponíveis foi concebida para reconhecer a morte de todas as causas (e não morte arrítmica).

O implante de marcapasso definitivo é um tratamento eficaz para a doença do nó sinusal sintomático e bloqueio atrioventricular avançado na DCh, e as indicações devem seguir as orientações internacionais em vigor. Em comparação com pacientes portadores de marcapasso sem DCh, os pacientes chagásicos são significativamente mais jovens, com menor fração de ejeção do VE e arritmia ventricular mais frequente.

Prognóstico

aguda, estado nutricional, alcoolismo e outras doenças concomitantes25. A resposta imune do hospedeiro também é um determinante importante do prognóstico.

As taxas de mortalidade entre os estudos anuais variam de 0,2% a 19,2%. Os preditores independentes mais consistentes de morte identificados na maioria dos estudos são a disfunção ventricular esquerda, a classe funcional determinada pela NYHA, e taquicardia ventricular não sustentada ao Holter46. Rassi et al (2007) desenvolveram um marcador de predição de mortalidade que combinasse estas variáveis e a cada uma das variáveis ​​foi atribuído um escore de pontos.

Sintomas de insuficiência cardíaca estão expressos como NYHA classe funcional III ou IV (5 pontos), evidência de cardiomegalia em uma radiografia de tórax (5 pontos),anormalidade contrátil segmentar ou global no ecocardiograma(3 pontos), TV não sustentada ao Holterou testes de estresse (3 pontos), baixa voltagem do QRS emECG (2 pontos) e sexo masculino (2 pontos).

Um escore derivado da combinação dessas variáveis aninhado em baixo, intermediário e alto determinou taxas de mortalidade de 10 anos de 10%, 44%, e 84%, respectivamente34.

Conclusões A doença de Chagas, mais de 100 anos após sua descoberta, ainda continua sendo um desafio para a comunidade médica. Nas últimas décadas, foi feito um progresso notável na prevenção e controle da DCh, entretanto ela ainda representa um grande desafio de saúde pública na América Latina e um problema emergente de saúde em países não endêmicos. Diversos aspectos relacionados à patogênese, tratamento e prognóstico da cardiopatia chagásica crônica ainda necessitam de estudos definitivos para um manejo adequado dos milhões de pacientes que padecem desta doença grave e incurável.

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ARTIGO

Controle da Esquistossomose Mansoni no Brasil: uma revisão das medidas adotadas e dos entraves enfrentados.

Oliveira, W. J.B; Requeijo, M. H. R. A; Drumond, P. G.B; Magalhães, L. B. HB

A B

Ex- professor do Curso de Medicina da FASEH. Acadêmicos da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, Minas Gerais,

INTRODUÇÃO As doenças negligenciadas são doenças que, além de prevalecerem em condições de pobreza, favorecem, também, a manutenção da desigualdade social, já que representam forte entrave ao desenvolvimento dos países (DECIT, 2010).

Dentre elas, destaca-se a esquistossomose, que é uma doença ocasionada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma. As principais espécies são S. haematobium(Bilharz, 1852) que se distribuiu no território africano, principalmente no Egito, e Oriente Médio, S. japonicum (Katsurada, 1904), encontrado em ampla área do continente asiático, como na China e Ilhas Filipinase S. mansoni (Sambon, 1907), encontrada nas Américas, Caribe e África.

No caso da esquistossomose mansoni, os vermes adultos parasitam o sistema porta-hepático do hospedeiro onde, após o acasalamento, as fêmeas realizam a postura dos ovos, os quais serão eliminados nas fezes. Os caramujos do gênero Biomphalaria são tidos como os hospedeiros intermediários. Os indivíduos infectados por S. mansoni podem apresentar manifestações clínicas tais como formação de granulomas hepáticos ou entéricos (Farid, 1993), anemia, fibrose do sistema portal, hepatomegalia e ascite (Lambertucci, 1993).

Estima-se que, no Brasil, cerca de 25 milhões de pessoas residam em regiões sob o risco de serem infectadas com o parasito (Brasil, 2014). Há registros de transmissão da doença em todas as suas regiões, atingindo 18 estados da federação e o Distrito Federal.

As principais áreas endêmicas situam-se nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco, enquanto áreas focais são registradas no Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil, 2014).

Dentre essas áreas focais, a última a ser descoberta foi em 1997, no município de Esteio, no Rio Grande do Sul (Graeff-Teixeira, 1999).

Contato: E-mail: marciorequeijo3@hotmail.com

Entretanto, nos últimos anos, o poder público brasileiro adotou diversas medidas para combater os altos índices de endemicidade para esquistossomose, até então registrados no país. Dentre essas medidas governamentais, ressalta-se a criação do Programa de Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 37

Controle da Esquistossomose (PCE), na década de 1980. O programa, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), estabeleceu o método Kato-Katz, como padrão-ouro, para o diagnóstico da doença, devido à elevada especificidade, ao baixo custo e facilidade operacional (WHO, 1994).

Além disso, no intuito de controlar o avanço da doença, a adoção de tratamento em massa, a correta destinação das excretas, a melhoria do acesso à água potável e, também, a ampliação da educação têm contribuído amplamente, para a redução da prevalência e incidência da esquistossomose. (WHO, 2005; WHO, 2009).

indivíduos com acesso a água potável e adequada estrutura de saneamento em suas moradias. Para o ano de 2015, projetou-se um índice superior a 97% para o primeiro fator e cerca de 80% para o segundo fator (WHO, 2014). Acrescenta-se ainda, o combate ao molusco por meio do uso de moluscicidas nas coleções d’água.

O controle dos hospedeiros intermediários não é uma prática utilizada rotineiramente e seu emprego apenas é recomendado em casos especiais e em caráter complementar. Um exemplo de situação em que sua adoção é recomendada baseia em localidades com altas Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apresentar prevalências que persistem mesmo com o tratamento as principais medidas de intervenção governamental, periódico da população ou quando há surtos localizados adotadas para o controle da esquistossomose no de casos agudos (Brasil, 2008). território brasileiro, bem como os principais entraves Entretanto, o controle efetivo da esquistossomose no encontrados na profilaxia dessa doença.

Brasil é tarefa de difícil execução, destacando-se as seguintes razões: (a) alto custo e baixa eficácia dos Metodologia moluscicidas, além dos mecanismos de escape dos hospedeiros intermediários ao produto; (b) elevados Para a realização deste estudo, foram realizadas buscas custos para implantação de condições sanitárias e de bibliográficas em três indexadores: Lilacs, ou Literatura abastecimento de água nas áreas rurais; (c) o tratamento Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde maciço é eficaz para controlar a morbidade, mas não (http://www.bireme. br/bvs); PubMed-MEDLINE, da para reduzir a prevalência que decorre de constantes Nacional Library of Medicine dos Estados Unidos da reinfecções; (d) a ausência de vacina eficaz para a América (http://www. pubmed.com.br); e SciELO, ou prevenção da esquistossomose (Coura, JR & Amaral, ScientificElectronic Library Online (http://www.scielo.

RS, 2004). Além disso, em áreas de baixa endemicidade, org). A partir de tais indexadores, foram utilizados, a maioria dos indivíduos infectados por S. mansoni são como descritores, os termos Schistosoma mansoni, assintomáticos ou manifestam baixa morbidade, além Schistosomiasis, Prevention&Control e Diagnosis. Como de apresentarem taxa de eliminação de ovos inferior critério de seleção e inclusão de artigos, utilizou-se o a 100 ovos por grama de fezes, resultando em elevado abstract e/ou resumo no qual foram selecionados os número de indivíduos falso-negativos (Noya et al., documentos que mais se enquadravam na temática 2006). proposta.

Sendo assim, no Brasil ainda existem inúmeras áreas de baixa e média transmissão da esquistossomose mansoni Resultados e Discussão (WHO, 2013). Contudo, no intuito de controlar e Em uma análise do impacto do programa de controle erradicar a doença, o uso do fármaco Praziquantel da esquistossomose, no Brasil, realizada por Amaral como meio de tratamento e quimioterapia preventiva et al. (2006), observou-se que, ao longo dos últimos tem sido, também, preconizado há alguns anos (WHO, anos, o PCE realizou milhões de exames coproscópicos, 2006). Essa medida contribuiu para reduzir não só a bem como o tratamento quimioterápico de indivíduos endemicidade, mas também a intensidade das infecções diagnosticados como positivos. Esses dados foram por S. mansoni, o que, também, ocorre quando os recentemente confirmados por publicação do Ministério indivíduos tratados são reinfectados. Essa imunidade da Saúde que revelou diminuição do percentual de adquirida à infecção pode ser explicada pelo balanço positividade nas populações examinadas, atingindo seu entre as respostas imunes Th1 e Th2, além de baixos níveis de IgG4 contra-antígenos solúveis do parasito menor percentual (4,5%) em 2012 (Brasil, 2014).

(Oliveira, 2012). Desse modo, tem-se observado Outra importante medida de controle da diminuição do número de ovos eliminados por grama esquistossomose foi o aumento do número de de fezes (OPG), por parte desses indivíduos.

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Entretanto, apesar do método Kato-Katz, recomendado pela OMS, ser eficaz para o diagnóstico em áreas de média e alta endemicidade, esse método tem como limitação sua baixa sensibilidade quando utilizado em áreas de baixa endemicidade ou em indivíduos com infecções de leve intensidade (Enk et al., 2008), pois o reduzido número de ovos,eliminados nas fezes, dificulta o diagnóstico.

Os métodos imunológicos, por sua vez, destacamse como possível alternativa para o diagnóstico dos indivíduos residentes em áreas de baixa endemicidade, ou com reduzida carga parasitária. No entanto, são falhos no aspecto de se distinguir uma infecção ativa ou curada, além de haver a possibilidade de reação cruzada com outros helmintos (Rabelo et al., 2008).

Conclusão Para que se possa controlar e até eliminar o parasito em áreas de baixa transmissão e de infecções de baixa intensidade, é necessária a utilização, em nível individual, de métodos parasitológicos e imunológicos de alta sensibilidade e especificidade a fim de se obter uma correta identificação dos indivíduos infectados para que os mesmos possam ser, devidamente, tratados e acompanhados.

O desenvolvimento de novos métodos, ou o aperfeiçoamento das atuais técnicas de diagnóstico para a esquistossomose, deve ser estimulado, visto que o mapeamento, a estimativa do ônus da doença, a avaliação da eficácia dos quimioterápicos, o monitoramento dos programas de controle e verificação dos locais de eliminação dependem de diagnósticos precisos.

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ARTIGO

Médicos e médicos: efeitos do Projeto Mais Médicos para o Brasil Martins, D.MA, Francisco, R. B.A, Silva,V. A. N.A, Oliveira, D.R.B

A B

Acadêmicos da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, Minas Gerais Professora do Curso de Medicina da FASEH.

Resumo Introdução: o exercício da profissão médica, garantido pela Constituição, e a boa prática profissional, mantida pelo trabalho dos conselhos de medicina, são temas que merecem reflexão, considerando a recente entrada de milhares de médicos estrangeiros no Brasil sem a realização do REVALIDA. O objetivo desse trabalho é relacionar e discutir alguns aspectos da legislação que regula o exercício da profissão médica frente à legislação e ações implementadas pelo Projeto Mais Médicos. Metodologia: Para a realização da discussão foram revisados livros textos indicados na bibliografia da disciplina de Deontologia do Curso de Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH), o Código de Ética Médica (CEM), além de sites relacionados com o tema: Planalto Federal; Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (INEP); Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; O Estrangeiro; Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Para a busca de informações nos referidos sites foram utilizadas como palavras-chave: Programa Mais Médicos, REVALIDA, ética e legislação. Discussão e Conclusão: A Constituição Federal, o Decreto 44.045/58 e o CEM garantem o exercício legal da profissão médica e, portanto, a exclusividade do exercício profissional. Essa garantia pode ser interpretada como um direito médico primordial, além de estabelecer a adequada prática profissional. Apesar disso, o Governo Federal, com o aval do Supremo Tribunal Federal, criou a Lei nº 12.871/13 inserindo o Projeto Mais Médicos, colocando à prova o exercício e a qualidade do trabalho médico no Brasil.

Palavras-chave: Ética; Legislação; Programa Mais Médicos; REVALIDA.

Contato: E-mail: danifilodir@yahoo.com

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INTRODUÇÃO Discussões sobre o direito ao exercício profissional são válidas a qualquer tempo, pois revelam que existe dinamismo nas relações sociais, o que pode indicar processos de reorganização e evolução em uma sociedade. Além disso, essas discussões provocam reflexões que podem auxiliar as relações de trabalho e a aplicação de justiça, componentes tão importantes de uma sociedade democrática. A princípio, o direito ao exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão está garantido no artigo 5º da Constituição e ainda, conforme esse documento, as restrições quanto a esse direito são regulamentadas exclusivamente por atos normativos de competência do Congresso Federal, como refere o artigo 22º. Por outro lado, conforme norma expedida pelo Ministério da Educação, cabe aos Conselhos Profissionais garantirem a aplicação da legislação nacional relacionada ao exercício da profissão que regulam. Além disso, essa normatização aponta que:

as mais diretas para causar danos às integridades física e emocional do ser humano. Destoando dessas observações, o atual governo brasileiro, em meados de 2013, praticou ato que atingiu gravemente a garantia da manutenção do exercício eficaz da medicina com o lançamento do Projeto Mais Médicos, componente do Programa Mais Médicos. A partir desse lançamento, o Brasil passou a contar com o trabalho de milhares de médicos intercambistas que iniciaram seus trabalhos sem averiguação de suas habilidades (PROGRAMA MAIS MÉDICOS, 2013). Porém, em meio à chegada dos médicos do programa no Brasil, em sua maioria cubanos, uma parcela da população (incluindo parte da classe médica), assumiu posturas questionáveis, que beiraram o racismo e a xenofobia(OESTRANGEIRO. ORG, 2012). A partir disso, a mídia noticiou tristes embates durante a recepção dos médicos estrangeiros no país, o que dividiu a opinião pública, desviando o foco da questão original: a violação do direito à exclusividade profissional do médico e à garantia da prática eficaz da profissão.

Cabe, assim, aos Conselhos Profissionais, com base na legislação específica que regulamenta o exercício profissional das diferentes áreas, estabelecer requisitos e mecanismos que assegurem o exercício eficaz da profissão, de modo a apresentar à sociedade um profissional com as garantias que correspondem aos parâmetros da fiscalização do seu exercício, quer em termos éticos, quer em termos técnicos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013).

O objetivo do presente trabalho é discutir a legislação que regula a condição para o exercício da profissão médica no Brasil e, em quê o Projeto Mais Médicos viola direitos conquistados e práticas construídas no exercício da medicina brasileira. Tal discussão se fez à luz da Constituição Federal, da legislação específica e do Código de Ética Médica (CEM).

Assim, considerando o que postula a Constituição Brasileira e os conselhos profissionais, com seus respectivos códigos de ética e guardadas as especificidades de cada área, reúnem-se direitos profissionais que são fundamentais por sustentarem a própria existência das profissões no Brasil. De maneira geral, esses Direitos convergem para os seguintes pontos: no reconhecimento legal da profissão e na garantia de exclusividade do exercício profissional (ART. 133 DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988; CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE ENGENHARIA, DA AGRONOMIA, DA GEOLOGIA, DA GEOGRAFIA E DA METEREOLOGIA, 2002; CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, 2009).

Desenvolvimento Metodologia

Para a realização da discussão foram revisados livros-textos indicados na bibliografia da disciplina de Deontologia do Curso de Medicina da FASEH, o CEM 2009, além de sites relacionados com o tema, sendo: Planalto Federal; Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (INEP); Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; O Estrangeiro; Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça.

Apesar de a legitimação do exercício de todas as Nos referidos sites, durante a navegação, algumas profissões, reconhecidas no Brasil, possuírem o informações estavam indicadas em abas ou links. De mesmo valor, a legitimidade do exercício da medicina, outra forma, as buscas foram realizadas, utilizando-se garantida pela Constituição e respaldada pelo Conselho como palavras-chave: Ética; Legislação; Programa Mais Federal de Medicina, merece atenção especial. Tal Médicos; REVALIDA. relevância justifica-se pelo fato de o médico possuir ferramentas de atuação profissional que, talvez, sejam Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 42

Discussão O Código de Ética Médica contempla, em seu capítulo dois, os Direitos dos Médicos e inicia as afirmações com o direito de exercer a medicina sem sofrer discriminações de qualquer natureza (CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, 2009). Conforme citado na introdução, quando da chegada dos médicos intercambistas no Brasil, em meados de 2013, muito se falou a respeito da violação desse direito. Pois, diante das grotescas manifestações por parte de vários setores da sociedade, inclusive de profissionais médicos, ficou evidente o cunho discriminatório por questões de etnia e nacionalidade. Diante desse fato, foi dada grande atenção à discriminação e ao desrespeito aos recémchegados profissionais, especialmente aos médicos cubanos. É indiscutível que a atitude discriminatória de alguns foi lamentável e muito condenável. Contudo, o mérito da questão não tem relação alguma com etnia ou nacionalidade dos médicos estrangeiros, e o foco da discussão deveria ser retomado com o devido equilíbrio de ideias.

julgarem incompatíveis com o exercício da profissão.2 Assim, a questão do trabalho dos médicos que não conquistaram o reconhecimento de seus diplomas pode ser considerada dupla violação do direito médico: por não assegurar a garantia do reconhecimento legal de profissionais e por não cumprir com requisitos que resguardam a qualidade do serviço médico (DECRETO N. 44.045/ 58; CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988; CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, 2009; CABETTE, 2011).

O processo de reconhecimento de diplomas médicos estrangeiros no Brasil foi motivado pela crescente demanda nacional, principalmente a partir da última década.No ano de 2011 iniciaram-se os trabalhos de revalidação com destacado papel do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Como um breve histórico, o INEP utilizou a Lei de Diretrizes de Bases (Lei 9.394/96) para embasar o processo. Essa lei determina que diplomas estrangeiros poderão ser validados por universidades públicas brasileiras que contenham o curso do mesmo nível e área equivalente e que os acordos internacionais de Diante do que regulamenta o artigo 1º do Decreto reciprocidade ou equiparação deverão ser respeitados.

44.045/58, sobre o exercício legal da profissão Assim, o Ministério da Educação e o Ministério da médica, não se pode dizer que a retaliação a médicos Saúde, por meio do INEP dispuseram, pela Portaria que não realizam a revalidação do diploma, seja Interministerial nº 278/2011, o exame de revalidação ato discriminatório e, portanto, violação de direito do diploma médico, conhecido como REVALIDA (Lei (DECRETO N. 44.045/ 58; CABETTE, 2011).1 Nesse de Diretrizes e Bases, 1996; INEP, 2011). raciocínio, corrobora ainda o artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso XIII, o qual estabelece que é livre Apesar disso, sob a alegação da urgente necessidade de o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão ações de saúde em regiões prioritárias para o Sistema desde que as qualificações profissionais, conforme Único de Saúde (SUS), o atual governo implementou estabelece a lei, sejam atendidas. Esse artigo, inicia a entrada maciça de médicos estrangeiros no Brasil suas disposições com os seguintes dizeres: “Todos sem a devida aferição de competência profissional. são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer Cumprindo com fidelidade seu modus operandi, o natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros Governo Federal lançou a Medida Provisória nº 621 residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, em julho de 2013 em que, entre outros objetivos, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade tratava da vinda desses “profissionais” para o Brasil.

Com impressionante agilidade, a Medida Provisória nº [...]”(CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988).

621 foi transforma na Lei nº 12.871/13 (PROGRAMA Valendo-se dos argumentos apresentados e MAIS MÉDICOS, 2013). considerando o inciso III dos Direitos dos Médicos do CEM, justificam-se discordâncias por parte dos médicos No âmbito dessa discussão, o artigo 16ª da Lei nº em compactuar com normas, contratos e práticas 12.871/13 merece destaque, porque dispõe sobre internas das instituições em que trabalham, quando as a dispensa da revalidação do diploma do médico intercambista inserido no Projeto Mais Médicos. Essa 1 Art. 1º Os médicos legalmente habilitados ao exercício da profissão em virtude dos diplomasque lhes foram conferidos pelas Faculdades de Medicina oficiais ou reconhecidas do país só poderão desempenhá-lo efetivamente depois de inscreverem-se nos Conselhos Regionais de Medicina que jurisdicionarem a área de sua atividade profissional.

2 III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição.

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dispensa é justificada no parágrafo 2º desse artigo com a argumentação de que o fato de o médico intercambista estar a serviço do Projeto Mais Médicos, é condição suficiente para o exercício da medicina. Ainda nesse parágrafo da lei, os relatores foram cuidadosos em citar que os ditames da Lei nº 3.268/57 e do Decreto nº 44.045/58 não são aplicáveis nesse caso. Em outras palavras, o Governo Federal ignorou a existência do órgão máximo que regulamenta, fiscaliza e garante a boa práticada profissão médica, o Conselho Federal de Medicina (PROGRAMA MAIS MÉDICOS, 2013).

como um todo. Como os ministros do STF entendem que os recursos contra a legislação do Programa Mais Médicos são infraconstitucionais, era de se esperar que houvesse algo em tramitação ou informações sobre o assunto no Superior Tribunal de Justiça. Porém, não existem registros de recursos que envolvam discussões da Lei 12.871/13 no Superior Tribunal de Justiça (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2013; SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA).

Conclusão

As informações contidas no site oficial do Programa Mais Médicos levam os leitores a entenderem que a legislação que norteia suas ações foi elaborada com base em amplo debate público, junto à sociedade e no Congresso Nacional. Porém, não são fornecidos dados para subsidiar essa informação como, por exemplo, consultas públicas ou aos Conselhos Médicos. Além disso, a pesquisa do histórico da Lei nº 12.871/13 infere sobre uma construção abrupta, sem projetos ou aperfeiçoamentos. Confirma essa observação, o lapso evolutivo de Medida Provisória a Lei, no decorrer de quatro meses (PROGRAMA MAIS MÉDICOS, 2013).

A implementação do Projeto Mais Médicos, que conta com a atuação de profissionais cujos diplomas de medicina não são revalidados, viola a classe médica brasileira em seu direito mais primordial: a preservação da exclusividade do exercício profissional. Além disso, a Lei 12.871/13,em seu artigo 16º, retira a competência dos conselhos de medicina de garantir a boa prática profissional. Infelizmente a sociedade assiste ao não enfrentamento da questão por parte dos órgãos máximos da justiça brasileira. Essa postura confirma a predominância de interesses políticos em lugar da preservação da justiça para o bem coletivo. Cabe aos Algumas universidades federais entraram com recursos médicos que, arduamente conquistaram seus diplomas contra o Governo Federal questionando a legislação e trabalham nos ditames das leis, fazerem valer seus do Programa Mais Médicos, especialmente a parte do direitos, cuidando para que o exercício da profissão Projeto Mais Médicos. Tais recursos foram analisados se dê livre de qualquer preconceito, com competência, no Supremo Tribunal Federal (STF) e a motivação responsabilidade e dignidade. das ações pairava sobre a dispensa de revalidação dos diplomas dos médicos estrangeiros. Infelizmente todos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS os recursos foram recusados pelos ministros. Segundo o entendimento desses magistrados, a questão em BRASIL. Congresso Nacional. Decreto n. 44.045 de 19 de julho jogo, que versa sobre a não aferição da competência de 1958. Aprova o regulamento do Conselho Federal e Conselhos técnica de médicos estrangeiros para assistência da Regionais de Medicina a que se refere a Lei n. 3.268 de 30 de setembro de 1957. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ população brasileira, é ausente de repercussão geral. ccivil_03/decreto/1950-1969/D44045.htm>. Acesso em: 20 set.

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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução n. 1931 de 24 de setembro de 2009. Código de Ética Médica. Dispõe sobre os direitos dos médicos bem como sobre os apontamentos éticos, profissionais. Disponível em: <www. cfm.or.br>. Acesso em: 20 set.

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Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Desenvolvido pelo Governo Federal, 2011. Apresenta informação sobre a área educacional do país em todos os níveis.

Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2015.

O estrangeiro. Desenvolvido por oestrangeiro.org, 2012. Fornece discussões e informações sobre imigração no Brasil. Disponível em: <oestrangeiro.org>. Acesso em: 20 set.2015.

Programa “Mais Médicos”. Desenvolvido pelo Governo Federal, 2013. Apresenta informações sobre o Programa “Mais Médicos”.

Disponível em: <www.maismedicos.gov.br>. Acesso em: 20 set.

2015.

Superior Tribunal de Justiça. Desenvolvido pelo poder judiciário da República Federativa do Brasil. Disponível em: <www.stj.jus. br>. Acesso em: 20 set. 2015.

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RESUMO

AVALIAÇÃO DA ANGIOTOMOGRAFIA DE CORONÁRIAS NA PREDIÇÃO DE EVENTOS CARDÍACOS ADVERSOS EM PACIENTES COM DÉFICIT PERFUSIONAL NÃO SIGNIFICATIVO PELA CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA: um estudo de coorte.

Generoso, A.B2; Lima, B.G.L.2; Pereira, L.D.G.2; Prado, T.V.2; Barros, M.V.L.1

Introdução: A Cintilografia de Perfusão Miocárdica (CPM) é um método de diagnóstico importante no manejo de pacientes com suspeita de Doença Arterial Coronariana (DAC). No entanto, defeitos de perfusão leve a moderado à CPM podem associar-se ao cateterismo desnecessariamente. A Angiotomografia de Coronárias (ATC) é método com alta acurácia - sensibilidade (94% a 99%); especificidade (95% a 97%), na avaliação de DAC, mas o seu papel na estratificação dos pacientes ainda não foi totalmente esclarecido.

Objetivos: Avaliar o potencial da ATC na predição de eventos cardíacos adversos em pacientes com suspeita de DAC com defeitos de perfusão não significativos à CPM. Métodos: Foi realizado estudo de coorte em 292 pacientes com defeitos de perfusão não significativas à CPM submetidos à ATC. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS (versão 18.0, SPSS inc., Chicago, Illinois) e p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: No total de pacientes incluídos no estudo, a maioria (144/227 = 58,2%) era do sexo masculino, com idade média de 56,8 ± 12,3 anos.

O seguimento médio foi de 34 meses (intervalo 3-66 meses). Durante o seguimento houve 37 eventos cardíacos adversos dentre os 264 pacientes. No modelo de Cox multivariado de riscos proporcionais, hipertensão e ATC foram preditores independentes de MACE (Major Adverse Combined Events) . Os pacientes que apresentaram obstrução coronariana significativa pela ATC evidenciaram alto risco de MACE, Major Adverse Combined Events, (HR 15,3; IC95% 4,06-57,90; P <0,001). A curva de Kaplan-Meier mostrou diferença significativa (χ2 log-rank; p <0,001), ao utilizar a ATC na predição de MACE. A taxa de sobrevida livre de eventos em um, dois e quatro anos de acompanhamento foi de 99%, 97% e 96%,respectivamente, em pacientes com ATC normal em comparação com 90,7%, 74% e 44,5% naqueles que tinham DAC obstrutiva. Conclusão: A ATC possui alto valor prognóstico na predição de eventos adversos em pacientes com suspeita de DAC com déficits perfusionais leve a moderado, podendo ser útil na estratificação de risco destes pacientes.

Palavras chave: Tomografia Coronariana. Doença Arterial Coronariana. SPECT.

GENEROSO, A.B; LIMA, B.G.L.; PEREIRA, L.D.G.; PRADO, T.V; BARROS, M.V.L.1 Avaliação da angiotomografia de coronárias na predição de eventos cardíacos adversos em pacientes com déficit perfusional não significativo pela cintilografia miocárdica: um estudo de coorte. 2015. 25F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015 Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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RESUMO

ECOCARDIOGRAFIA COM STRAIN BIDIMENSIONAL NA DETECÇÃO PRECOCE DE CARDIOTOXICIDADE EM PACIENTES SUBMETIDOS À QUIMIOTERAPIA Barros, E.H.C.2; Lopes, F.G.2; Souza, M.C.D.2; Pinheiro, M.R.2; Inácio, R.V.2; Macedo, A.V.S.2; Barros, M.V.L.1

Introdução: As antraciclinas e o trastuzumab, quimioterápicos empregados desde a década de 60, ocasionam efeitos prejudiciais ao sistema cardiovascular, sendo a cardiotoxicidade aspecto de destaque nesse contexto. Atualmente, existem vários métodos de monitorização da cardiotoxicidade, destacando-se a ecocardiografia com strain bidimensional e os biomarcadores cardíacos, BNP e troponina. Objetivo: Avaliar o desempenho da ecocardiografia com strain bidimensional na detecção precoce de cardiotoxicidade decorrente de agentes quimioterápicos. Métodos: Foram avaliados, prospectivamente, 60 pacientes, sem doenças cardiovasculares prévias, com diagnóstico oncológico confirmado histologicamente e em quimioterapia, entre janeiro de 2012 a julho de 2015. Realizou-se análise ecocardiográfica com strain bidimensional seriado e medição dos níveis de marcadores cardíacos, antes e depois do tratamento. O desfecho clínico do estudo foi a cardiotoxicidade, considerada como queda de 10 pontos percentuais ou manifestações clínicas de insuficiência cardíaca. Resultados: Dos pacientes estudados 48 eram do sexo feminino e a idade média foi de 47,3( ± 13,4) anos. 42 apresentaram câncer de mama e 12 manifestaram cardiotoxicidade. O strain (valor-p¹=0,001) e o BNP (valor-p¹=0,004) foram as únicas variáveis estatisticamente significativas. Conclusão: A técnica de ecocardiografia com strain bidimensional e o BNP parecem ser ferramentas promissoras para predizer disfunção cardíaca em pacientes submetidos à quimioterapia com antraciclinas e trastuzumab.

Palavras-chave: Antraciclina. Trastuzumab. Cardiotoxicidade. Strain Bidimensional.

Biomarcadores.

BARROS, E.H.C; LOPES,F.G.; SOUZA, M.C.D.; PINHEIRO, M.R.; INÁCIO, R.V.; MACEDO, A.V.S.; BARROS, M.V.L.1 Ecocardiografia com strain bidimensional na detecção precoce de cardiotoxicidade em pacientes submetidos à quimioterapia 2015. 24F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

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QUALIDADE DE REGISTROS DO BANCO DE DADOS DO DRG (DISEASE RELATED GROUPS) DE HOSPITAL PÚBLICO COM MODELAGEM DE PREDITORES PARA LONGA PERMANÊNCIA HOSPITALAR. Corrêa, A.2; Miranda, E.F.2; França, T.M.A.P.2; Netto,Y.D.2; Bastos, M.1

O presente artigo objetiva descrever a avaliação da qualidade de registros e a modelagem dos preditores de longa permanência em um hospital público, localizado na cidade de Belo Horizonte - MG, visando analisar as variáveis ​​associadas com a alta permanência hospitalar. Para tanto, valemo-nos do Grupo de Doenças Relacionadas, ou “Diagnosis Related Groups” (DRG), que define o sistema de classificação dos produtos hospitalares para avaliar a qualidade da atenção, manejo de custos e desempenho hospitalar. Como metodologias para tal estudo, foram utilizados dados de pacientes hospitalizados, provenientes de um Banco de Dados (BD), de uma unidade pública, no período de junho de 2012 a novembro de 2013. A variável dependente, alta permanência hospitalar, foi calculada para cada covariável, utilizando-se um ponto de corte definido pela média geométrica em 35 dias. A análise da qualidade do BD foi realizada mediante teste Kappa e, posteriormente, análise bivariada para se definir os preditores da alta permanência hospitalar através de Modelo de Regressão Logística. Tal estudo proporcionou os seguintes resultados: das 4430 internações no período considerado 221 pacientes, 4,98%, apresentaram alta permanência hospitalar. O modelo está adequado, segundo o teste de Hosmer-Lemeshoe e explica 23,9% da variabilidade da longa permanência hospitalar, pelo teste de Nagelkerke. Apesar de o modelo ainda não ter validade externa e estar se encaminhando para que ele tenha validade interna, inicialmente pode-se dizer que os preditores de longa permanência hospitalar são: Sexo Masculino, Internação pela Emergência, Presença de CID secundário, Procedimento realizado, Condição Adquirida Positiva, Óbito, RN, Internação em CTI e as categorias 1,19 e 9 do MDC. Palavras chave: Modelos Logísticos. Classificação Internacional de Doença. DRG. Tempo de internação. índice Kappa.

CORRÊA, A.; MIRANDA, E.F.; FRANÇA,T.M.A.P.; NETTO,Y.D.; BASTOS, M.1Qualidade de registros do banco de dados do DRG (disease related groups) de hospital público com modelagem de preditores para longa permanência hospitalar. 2014. 31F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2014.

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ANÁLISE DAS TAXAS MÉDIAS DE PERMANÊNCIA E TAXAS DE MORTALIDADE HOSPITALAR ESPECÍFICAS PARA INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS EM HOSPITAL PÚBLICO DE GRANDE PORTE, SEGUNDO SISTEMA DE GRUPOS DIAGNÓSTICOS RELACIONADOS Machado, A.L.G.2; Costa, J.V.M.2; Almeida, L.M.M.2; Rodrigues, L.C.V.2; Leite, M.C.2 ; Bastos, M.1

Introdução: O Diagnosis Related Groups (DRG) é utilizado para classificação de pacientes hospitalizados e para mensurar o desempenho dos hospitais. Os atributos relacionados à qualidade de um serviço de saúde podem ser mensurados pela sua eficiência e efetividade, avaliados neste estudo pela taxa média de permanência hospitalar (TPH) e taxa de mortalidade hospitalar (TMH).Objetivo: Analisar TPH e TMH para infarto agudo do miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Doenças Psiquiátricas (Esquizofrenia, Depressão Maior e Transtorno Afetivo Bipolar) em hospital público, comparando-as com as TPH norte-americanas de referência e as TMH com o SUS-MG. Métodos: Estudo transversal de banco de dados secundários, utilizando-se registros do sistema DRG, entre dezembro de 2012 e janeiro de 2015. Resultados: Foram avaliados 1003 pacientes, dos quais 198 (19,8%) com IAM, 439 (43,7%) com AVC e 366 com Doença Psiquiátrica (36,4%). Observaram-se pacientes femininos em 46%, 55,6% e 56,0% e idade média de 66,7 (±13,8) 68,4 (±15,1) e 46,3 anos (±14,1) para IAM, AVC e Doenças Psiquiátricas, respectivamente. As TPHs do HGIP de 12,2 (± 10,8), 13,4 (±19,0), 24,2 (±19,7), 15,7 (± 10,5), 14,8 dias (± 12,8) para IAM, AVC, esquizofrenia, Transtorno Afetivo Bipolar e depressão, respectivamente. Para todas as TPH das doenças p< 0,01 (Teste t de Student e Mann Whitney). As TMH para IAM, AVC e doenças psiquiátricas foram 13,6%, 10,0% e zero, respectivamente (p< 0,05 para IAM e p> 0,05 para AVC, Teste qui quadrado). Conclusão: O HGIP apresentou TPHs maiores do que as esperadas nos hospitais norte-americanos. A TMH do HGIP, ajustada pela idade, constatou resultados diferentes para IAM, superior, e para AVC, igual, quando comparadas ao SUS-MG. Palavras-chave: DRG. Indicadores básicos de saúde. Taxa de mortalidade hospitalar. Taxa média de permanência. Infarto agudo do miocárdio. Doenças cerebrovasculares. Psicose.

MACHADO, A.L.G.; COSTA, J.V.M.; ALMEIDA, L.M.M.; RODRIGUES, L.C.V.; LEITE, M.C.; BASTOS, M.1 Análise das taxas médias de permanência e taxas de mortalidade hospitalar específicas para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doenças psiquiátricas em hospital público de grande porte, segundo sistema de grupos diagnósticos relacionados. 2015. 34F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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AVALIAÇÃO DOS DETERMINANTES DE RECORRÊNCIA DE TROMBOSE VENOSA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS: UM ESTUDO CASO-CONTROLE ANINHADO Araújo, G.A.R.2; Rocha, G.A.2; Silva, G.B; Brito, G.H.B.2; Mattos,V.P.2; Barros, M.V.L.2; Bastos, M.1

Introdução: A presença de dois ou mais eventos de obstrução venosa na área de drenagem dos músculos profundos dos membros inferiores ou a migração dos fragmentos da obstrução até a circulação pulmonar caracteriza a retrombose. Esse evento ocorre em frequência de 2% a 8% ao ano, nos quatro anos seguintes ao primeiro episódio. Objetivo: Avaliar os determinantes para retrombose. Métodos: Delineamento caso-controle aninhado referente a banco de dados secundários do Hospital Naval Marcilio Dias, Rio de Janeiro, entre 1995 e 2001. Controles foram definidos como indivíduos com histórico de episódio de trombose e casos indivíduos com dois ou mais. Realizou-se análise de regressão logística para detectar influência dos determinantes encontrados sobre a retrombose. A regressão logística foi efetuada com poder para identificar determinantes com OR maior que 5 para variáveis categóricas. Resultados: Foram analisados 217 indivíduos, sendo 14 casos e 203 controles. Restrição ao leito, com OR: 3,89 [IC 95%: 1,22; 12,45]; Trombofilia, com OR: 9,73 [IC 95%: 1,52; 62,16], foram os determinantes que apresentaram significância estatística. ( p≤ 0,05). Conclusão: Identificamos dois determinantes de retrombose. Estudos de maior poder e multicêntricos são necessários para identificar outros determinantes associados à retrombose. A validação externa do modelo é requerida antes de sua aplicação clinica.

Palavras-Chave: Trombose Venosa. Retrombose. Fatores de Risco.

ARAÚJO, G.A.R.; ROCHA, G.A.; SILVA, G.B; BRITO, G.H.B.; MATTOS, V.P.; BARROS, M.V.L.1; BASTOS, M. Avaliação dos determinantes de recorrência de trombose venosa em pacientes hospitalizados: um estudo caso-controle aninhado.

2015. 30 F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS POR ESTUDANTES DE MEDICINA E DIREITO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA Goulart, A.P.C.2; Nunes, B.L.2; Menezes, I.L.2;Laranjo, J.C.1; Requeijo, M.J.R.2; Oliveira, F.R.2

Introdução: A sexualidade é um conjunto de expressões ou comportamentos do ser humano cuja percepção tem evoluído historicamente e deixado de ser tabu na sociedade moderna. Diante dessa concepção liberal, muitos jovens passaram a iniciar a prática sexual de maneira desordenada, sem prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e gravidez indesejada. O uso de métodos contraceptivos exige do indivíduo informações, determinação, avaliação médica e controle periódico. Objetivo: Comparar o uso e o conhecimento de métodos contraceptivos entre discentes dos cursos de Medicina e Direito de uma instituição privada. Métodos: O estudo do tipo transversal incluiu discentes de medicina e de direito de uma instituição privada da região metropolitana de Belo Horizonte-MG. Os participantes, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram submetidos a um questionário semiestruturado com 21 perguntas envolvendo aspectos sobre perfil social, conhecimento e uso de métodos contraceptivos. Foi utilizado o teste de Mann-Whitney para comparação entre variáveis contínuas e dois grupos independentes e os testes qui-quadrado ou o teste exato de Fisher para comparação entre variáveis categóricas e dois grupos independentes. Resultados: Foram obtidos 117 e 116 questionários dos participantes dos cursos de Medicina e de Direito, respectivamente. O perfil sociodemográfico predominante se caracteriza como: sexo feminino, estado civil solteiro, religião católica e uso de drogas lícitas. A utilização de métodos contraceptivos foi elevada em ambos os grupos, correspondendo a 95,3% (81) e 83,7% (82), dos que cursam Medicina e Direito, respectivamente (valor p = 0,016). Os anticoncepcionais orais (ACO) e preservativos foram os métodos mais frequentemente utilizados e conhecidos pelos estudantes. Conclusões: Tanto o uso quanto o conhecimento sobre métodos contraceptivos foram superiores entre os discentes do curso de Medicina cotejados com os de Direito.

Palavras-chave: Anticoncepção. Educação Sexual.

GOULART, A.P.C.; NUNES, B.L.; MENEZES, I.L; LARANJO, J.C.1; REQUEIJO, M.J.R; OLIVEIRA, F.R. Uso de métodos contraceptivos por estudantes de medicina e direito de uma instituição de ensino superior privada. 2015. 37F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professora do curso de medicina da FASEH

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USO DE AVALIAÇÃO DOS TIPOS E DETERMINANTES DE ABORTAMENTO EM UM HOSPITAL PÚBLICO: UM ESTUDO DE COORTE Vargas, I.M.2; Motta, K.A.2;Verdolin, L.F.A.2; Bastos, M.1; Oliveira, F.R.2

Objetivo: Identificar os tipos e determinantes de abortamento em um hospital público.

Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo, que avaliou pacientes admitidas em um hospital público na clínica de Ginecologia e Obstetrícia com abortamento, entre janeiro de 2013 e janeiro de 2015. É estudo do Banco de Dados secundário de registros do sistema DRG (Diagnosis Related Groups) acrescido de informações clínicas, extraídas de prontuários eletrônicos. Resultados: a amostra da pesquisa incluiu 237 gestantes, das quais 219 (92,41%) pertenciam ao grupo tipo-I (abortamento incompleto/retido) e 18 (7,59%) ao do tipo-II (abortamento completo). A idade média das gestantes foi de 32,3 anos para a amostra total. O motivo da internação foi o resultado mais significativo para predição de abortamento tipo-I pelo Teste de Fisher (p= 0,032). Das 227 internações emergenciais, 212 (93,4%) eram do tipo-I e 15 correspondiam ao tipo-II (OR= 4,97; IC95%= 1,63 - 25,17). Já entre as 10 admissões eletivas, 7 (70%) eram do tipo-I e 3 (30%) do tipo-II. A maior permanência hospitalar real revelou associação com o aborto tipo-I pelo Teste de Mann-Whitney (p = 0,03). Desse modo, a internação de urgência resultou em uma razão de chance de 4,97 (IC95%= 1,63 - 25,17) vezes de abortamento ser do tipo-I. Conclusão: O sistema DRG não revelou ser capaz de demonstrar os determinantes de abortamento. Constatou-se ser possível prever abortamento do tipo-I apenas pelo caráter de internação de urgência.

Palavras-Chave: Aborto. Abortamento. DRG. Diagnosis Related Groups. Fatores de Risco. Hospitalização. Taxa de Aborto.

VARGAS, I.M.; MOTTA, K.A.; VERDOLIN, L.F.A.; BASTOS, M.1; OLIVEIRA, F.R. Uso de avaliação dos tipos e determinantes de abortamento em um hospital público: um estudo de coorte. 2015. 31F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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RISCO DE INTERNAÇÃO EM UTI NEONATAL: COMPARAÇÃO ENTRE RECÉM-NASCIDOS A TERMO PRECOCE E TARDIO. Anício, B.C.2; Carvalho, B.H.M.2; Salgado, D.C.2; Peixoto, K.C.F.2; Lima,T.A.F.2; Oliveira, F.R.2; Senra, C.N.1

Introdução: Os nascimentos a termo são definidos como aqueles que ocorrem entre 37 e 41 semanas e seis dias de idade gestacional. Estudos recentes demonstraram maiores taxas de admissão e morbidade em unidades de terapia intensiva em neonatos nascidos a termo com menos de 39 semanas (termo precoce) de idade gestacional que aqueles nascidos após esse período (termo tardio). Objetivos: Verificar se a taxa de admissão em unidade de terapia intensiva neonatal de recém-nascidos a termo precoce é maior que a de recémnascidos a termo tardio em uma maternidade pública brasileira. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo, cujos dados foram coletados de prontuários de gestantes admitidas para interrupção eletiva da gestação na Maternidade Odete Valadares, Minas Gerais, no período de 01 de dezembro de 2012 a 30 de abril de 2014. Foram comparadas as taxas de admissão em UTIN e mortalidade de recém-nascidos a termo precoce e termo tardio. Resultados: Foram analisados 908 prontuários dos quais 311 eram de recémnascidos a termo precoce e 597 eram de recém-nascidos a termo tardio. Em relação ao desfecho internação, em unidade de terapia intensiva neonatal, 18 RNs foram internados nessa unidade, o que corresponde a 1,9% do total, sendo que desses, sete (38,89%) eram RNTP e 11 (61,11%) RNTT (p = 0,80). Não houve nenhum óbito neonatal na população estudada. Conclusão: A taxa de admissão em UTIN não diferiu entre os dois grupos de recém-nascidos estudados.

Palavras-Chave: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Idade Gestacional. Parto.

Nascimento a Termo. Mortalidade Perinatal.

ANÍCIO, B.C.; CARVALHO, B.H.M.; SALGADO, D.C.; PEIXOTO, K.C.F.; LIMA, T.A.F.; OLIVEIRA, F.R.; SENRA, C.N.1 Risco de internação em UTI neonatal: comparação entre recém-nascidos a termo precoce e tardio. 2015. 29F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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IMPACTO DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA NA PRESSÃO ARTERIAL DE CRIANÇAS ENTRE 6 E 9 ANOS COM SOBREPESO E OBESIDADE Sales, B.Q.V.2; Braga, E.J.2; Zogheib, N.B.2; Freitas, A.E.2; Barros, M.V.L.1

Introdução: A obesidade infantil representa um dos maiores desafios para a saúde pública mundial na atualidade. A percepção da gravidade dessa situação deve-se, principalmente, à forte associação da obesidade infantil com grande variedade de doenças e o risco de desenvolvê-las prematuramente. Objetivos: Avaliar o efeito crônico de um programa de atividade física nos valores de pressão arterial basal de escolares de seis a nove anos com sobrepeso e obesidade das escolas públicas de Ouro Preto, Minas Gerais. Metódos: Tratase de um estudo clínico aleatorizado de intervenção, quase-experimental, duplo cego, pragmático, tendo como unidade de estudo o indivíduo. Foram alocadas por aleatorização inconsciente em dois grupos: o grupo-intervenção(n=40) submetido à atividade física três vezes por semana de 50 minutos de duração e o grupo-controle(n=39) e acompanhados por quatro meses. A intensidade do exercício foi determinada por meio de espirometria de circuito aberto. A pressão arterial foi aferida três vezes, consecutivamente, e a média foi utilizada. Setenta e nove crianças participaram do estudo intervencional. Resultados: Após a intervenção, não foram evidenciados efeitos significativos de um programa regular de atividade física sobre os níveis basais da pressão arterial de crianças obesas entre seis e nove anos. Conclusão: No presente estudo não foram achados efeitos de um programa regular de atividade física sobre os níveis basais da pressão arterial de crianças obesas entre seis e nove anos.

Palavras-Chave: Obesidade Pediátrica. Pressão Arterial. Atividade Motora.

SALES, B.Q.V.; BRAGA, E.J.; ZOGHEIB, N.B; FREITAS, A.E.; BARROS, M.V.L1. Impacto de um programa de atividade física na pressão arterial de crianças entre 6 e 9 anos com sobrepeso e obesidade.

2015. 21 F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

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VALIDADE DE DADOS CLINICOLABORATORIAIS, ECOCARDIOGRÁFICOS E ELETROCARDIOGRÁFICOS NA DETERMINAÇÃO DA ETIOLOGIA DA SÍNDROME CORONARIANA AGUDA EM INDIVÍDUOS COM CINEANGIOCORONARIOGRAFIA NORMAL. Oliveira, A.C.2; Pinheiro, C.C.2; Gomes, M.X.2; Ornelas, C.E.2; Barros, M.V.L.1

Introdução: A Síndrome Coronariana Aguda é caracterizada por sinais e sintomas cardíacos, cujo diagnóstico é realizado na vigência de pelo menos duas das três manifestações: elevação de troponina plasmática, alteração isquêmica eletrocardiográfica e a presença de sintomas anginosos. Essas três manifestações podem estar presentes sem que haja uma doença coronária obstrutiva, constituindo-se em dilema clínico e desafio para o diagnóstico. Torna-se relevante investigar dados clínicos, laboratoriais, ecocardiográficos e eletrocardiográficos que possam contribuir para esclarecer melhor a causa da Síndrome Coronariana Aguda, de forma a estabelecer tratamento adequado Objetivos: Avaliar a validade dos dados clínicos, laboratoriais, ecocardiográficos e eletrocardiográficos para o diagnóstico de indivíduos com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda e Cineangiocoronariografia normal. Métodos: Realizou-se estudo de caráter transversal, com delineamento transversal, para o qual foram coletados dados em sistema de prontuário eletrônico de 86 pacientes com suspeita diagnóstica de Síndrome Coronariana Aguda, admitidos no serviço de urgência de hospital privado, em Belo Horizonte, no período de dezembro de 2010 a outubro de 2014. Pacientes incluídos haviam sido submetidos à Ressonância Magnética Cardíaca e à coronariografia por suspeita de Síndrome Coronariana Aguda e sem lesões coronarianas obstrutivas significativas. A comparação da validade dos dados entre os três grupos avaliados (Indeterminado, Isquemia e Inflamação) foi realizada de acordo com as variáveis analisadas. Resultados: Valores mais baixos da fração de ejeção do ventrículo esquerdo sugerem (p=0,043) uma etiologia isquêmica da Síndrome Coronariana Aguda quando comparados com os valores apresentados em pacientes com etiologia inflamatória. O pico de troponina foi considerado estatisticamente significativo (p=0,033) entre os grupos Isquemia e Indeterminado. Observou-se, também, que a ausência do ritmo sinusal no eletrocardiograma apresenta uma tendência não significativa de correlação (p=0,051) com o grupo Inflamação. Disfunção Segmentar e elevação de segmento ST apresentaram distribuição homogênea entre os grupos e não significativa (p>0,05). Conclusão: Os dados clínicolaboratoriais analisados não permitiram, na amostra estudada, a diferenciação entre as possíveis etiologias com a Síndrome Normal Coronariana Aguda e Cineangiocoronariografia normal, sendo a Ressonância Magnética Cardíaca necessária ao manejo adequado destes pacientes.

OLIVEIRA, A.C; PINHEIRO, C.C.; GOMES, M.X; ORNELAS, C.E.; BARROS, M.V.L.1 Validade de dados clinicolaboratoriais, ecocardiográficos e eletrocardiográficos na determinação da etiologia da síndrome coronariana aguda em indivíduos com cineangiocoronariografia normal.

2015. 29F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Palavras-Chave: Síndrome Coronariana Aguda. Doenças das Coronárias. Imagem por Ressonância Magnética. Miocardite.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

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RESUMO

COMPARAÇÃO ENTRE ANTIBIÓTICOS INALATÓRIOS DE MANUTENÇÃO EM PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA ENTRE 2011 E 2013: UM ESTUDO DE COORTE. Pádua, B.J.2; Giudice, E.L.F.2; Prates, L.J.2; Pinto, M.L.S.M.2; Duarte, T.D.2 Fuccio, M.B.2; Souza, M.B.1

Introdução: Fibrose Cística é uma doença genética que provoca alterações no trato respiratório, favorecendo colonização bacteriana e infecções de repetição. Por isso, muitas vezes, é necessário o uso instituição de antibioticoterapia inalatória de manutenção.

Objetivo: Comparar a evolução clínica dos fibrocísticos em uso de tobramicina ou colimicina em hospital de referência de Minas Gerais. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo com coleta de dados de prontuários dos pacientes acompanhados entre 2011 e 2013. Os dados considerados para comparação entre os grupos foram os referentes às espirometrias, números de internação e exacerbação. Resultados: As médias das diferenças entre os VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo) finais e iniciais nos grupos TOBI e COLI foram, respectivamente, -10,1 (±11,4) e -6,9 (±9,8) com p = 0,44 (Teste t; RR: 0,75). Em relação à CVF (Capacidade Vital Forçada), as médias das diferenças entre os valores finais e iniciais foram -11,9 (±10,8) para o grupo TOBI e -8,8 (±8,3) para o COLI (Teste t; p = 0,40). As médias de internações do grupo TOBI foram de 0,7 (±0,9) e do COLI, de 1,7 (±1,9) com p = 0,16 (Teste t; RR: 1,32). Em relação às exacerbações, as médias foram de 1,8 (±1,3) no grupo TOBI e 2,3 (±1,6) no COLI (Teste t; p = 0,46; RR: 1,58). Conclusão: Não houve diferenças estatísticas entre os grupos em relação aos parâmetros analisados. Estudos prospectivos de maior tamanho populacional são recomendados para assegurar a eficácia de um desses medicamentos em relação ao outro.

Palavras-Chave: Fibrose Cística. Antibioticoprofilaxia. Tobramicina. Colistina.

PÁDUA, B.J.; GIUDICE, E.L.F.; PRATES, L.J; PINTO, M.L.S.M.; DUARTE, T.D. FUCCIO, M.B.; SOUZA, M.B.1 Comparação entre antibióticos inalatórios de manutenção em portadores de fibrose cística em um centro de referência entre 2011 e 2013: um estudo de coorte. 2015. 28F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professora do curso de medicina da FASEH

1

E-mail: marciabsouza45@gmail.com

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 56

RESUMO

MAPA DO SUS: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE MÉDICOS E LEITOS HOSPITALARES DE MINAS GERAIS EM 2014.

Silveira, C.L.2; Fuentes, I.2; Paulo, L.C.T.2; Sobrinho, L.M.F.2; Silva, T.T.D.2 Santos, G.C.M.1

O presente trabalho analisou a distribuição espacial de médicos e leitos hospitalares do sistema público de saúde de Minas Gerais. Trata-se de estudo ecológico, utilizando o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES). Para coleta de dados, foi desenvolvido um crawler a fim de se buscar as informações na Internet as quais foram armazenadas em um banco de dados, por municípios e mesorregiões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sendo comparadas aos parâmetros do Ministério da Saúde e ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), utilizando-se a correlação de Spearman. O Estado possui, em média, 1,82 médicos por 1000 habitantes, porém 32,94% dos municípios não atingem a meta de um médico por 1000 habitantes.

Avaliando-se leitos, 78,54% dos municípios não atingem a meta de dois leitos por 1000 habitantes. A correlação de Spearman não evidenciou relação entre o IDH e as variáveis médicos e leitos. Os achados apontam que parte da deficiência constatada no sistema público de saúde no Estado estaria relacionada à falta de leitos hospitalares e à distribuição desigual dos profissionais, sendo necessária a compreensão desse cenário para elaboração de políticas públicas mais compatíveis com as necessidades de cada região.

Palavras-Chave: Saúde Pública. Sistema de Informação em Saúde. Epidemiologia.

SILVEIRA, C.L.; FUENTES, I1.; PAULO, L.C.T.; SOBRINHO, L.M.F.; SILVA, T.T.D. SANTOS, G.C.M. Mapa do SUS: análise da distribuição espacial de médicos e leitos hospitalares de Minas Gerais em 2014. 2015. 30F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

1

Acadêmica do curso de Medicina da Faseh

E-mail: fuentes.izabela@hotmail.com

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 57

RESUMO

AVALIAÇÃO DE DETERMINANTES DE ÓBITOS HOSPITALARES SEGUNDO A METODOLOGIA DRG (DISEASE RELATED GROUPS. Lima, A.C.A.A.2; Penna, B.P.M.2; Souza, P.A.D.2; Bastos, M.1

Objetivo: Modelar os determinantes de óbito em hospital público mediante a aplicação do sistema DRG (Diagnosis Related Groups) e calcular a taxa de mortalidade hospitalar padronizada. Métodos: Trata-se de estudo de coorte concorrente, utilizando-se de Banco de Dados secundário administrativo, gerado entre julho de 2012 a maio de 2014.

Resultados: Foram incluídos 15353 beneficiários hospitalizados com 897(5,8%) óbitos. A densidade de incidência para óbitos hospitalares foi de 6,25/1000 dias de hospitalização.

O casemix da população foi de 1,26. Os determinantes de óbito hospitalar foram ¨Caráter de Internação¨ como emergência (OR 8,75[IC 95%, 4,33-17,72]), ¨Caráter de Internação¨ como alta de outro hospital (33,17 [7,32-150,27]), ¨tipo de MDC(Categoria Diagnóstica Maior)¨ para doenças do sistema circulatório (0,54 [0,38-0,76]), doenças do sistema respiratório (1,64 [1,23-2,19]), doenças mentais (0,18 [0,06-0,57]), doenças do sistema hepatobiliar e pâncreas (1,84 [1,26-2,67]), doenças da pele e mama (1,28 [1,281,39]), ¨Tipo de DRG¨como cirúrgico (0,35 [0,25-0,51]), ser submetido a ¨Ventilação Mecânica¨(21,71 [11,96-39,38]), apresentar ¨Internação no CTI¨ (1,94 [1,20-3,13]), apresentar ¨CID secundário¨ (2, 35 [1,48-3,74]), ¨Idade em anos¨ (1,05 [1,04-1,05]) e ¨Permanência Real¨ hospitalar (1,03 [1,03-1,04]). O modelo para óbitos hospitalares apresentou especificidade de 0,73 [0,70-0,76] e sensibilidade de 0,82 [0,78-0,8515], com área sob a curva ROC (AUC) de 0,78 [0,76-0,78]. O modelo explica 34,2% dos óbitos hospitalares (Teste de Nagelkerke) e está ajustado (Teste de HosmerLemeshow, valor p=0,69). Conclusão: O modelo para óbitos hospitalares ajustado contém treze variáveis derivadas do sistema DRG. Recomenda-se a validação externa do modelo antes de sua aplicação em outras unidades.

Palavras-Chave: DRG. Grupo de Diagnóstico Homogêneos. Grupos de Doenças Relacionadas. Mortalidade Hospitalar. Modelos Logísticos.

LIMA, A.C.A.A.; PENNA, B.P.M.; SOUZA, P.A.D.; BASTOS, M.1 Avaliação de determinantes de óbitos hospitalares segundo a metodologia DRG (disease related groups). 2015. 30F. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana,Vespasiano, 2015.

Orientador: Professor do curso de medicina da FASEH

1

E-mail: marcosdebastos@gmail.com

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 58

anais

ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO SOBREPESO E DA OBESIDADE NA POPULAÇÃO HIPERTENSOS E/OU DIABÉTICOS EM TRATAMENTO EM UMA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO: um estudo transversal Andrade, G.L.2; Benevides, I. A1 1 Professora Orientadora 2 Aluna do Curso de Medicina Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH),Vespasiano, Minas Gerais Projeto de Iniciação Cientifica – FAPEMIG

INTRODUÇÃO Com a mudança no perfil de morbimortalidade do país, a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabete Melito II se destacam pela prevalência na população. Adicionalmente a essas patologias, o sobrepeso e a obesidade impactam 51% da população brasileira¹ e estudos comprovam que esta doença tem especial destaque no desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares.² Assim, maiores estudos e medidas de controle sobre este conjunto de doenças podem resultar em significativo alívio para os gastos em saúde.

Objetivo Apresentar os resultados obtidos no projeto de iniciação científica mediante coleta de dados antropométricos da população de hipertensos e/ou diabéticos da equipe de saúde da família Célvia II do município de Vespasiano, Minas Gerais.

Material e métodos Coletaram-se dados antropométricos; peso, altura, cintura, quadril, além de pressão arterial e glicemia jejum; de um número específico da população de hipertensos e/ou diabéticos. As informações coletadas foram analisadas e após tabulados foram transferidos para uma planilha Excel, onde foram gerados gráficos com os resultados. A comparação foi realizada, utilizando-se o teste quiquadrado pareado, fixando-se nível de significância em 0,05.

Resultados

Contato: E-mail: iracema.benevides@gmail.com

No início da pesquisa foram selecionados 261 hipertensos e/ ou diabéticos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão pertinentes à proposta, sendo que ao término da pesquisa dois participantes faleceram. Os resultados obtidos quanto à classificação Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 59

pelo IMC estão representados no gráfico a seguir:

18,5 - 24,9 25 -29,9 >30

Com relação a classificação por doenças a tabela ficou da seguinte maneira: HAS 182

DM II 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Vigitel Brasil 2012 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 136 p.

CARVALHO, F. O. et al., Agregação de fatores de risco cardiovascular e ocorrência de hipertensão arterial em adultos sedentários. Revista brasileira de medicina do esporte. v. 19, n. 6, p. 419–422. 2013.

MAFRA, F. O impacto da atenção básica em saúde em indicadores de Internação hospitalar no Brasil. Dissertação - mestrado em regulação e gestão de negócios - Universidade de Brasília (UNB), faculdade de economia, administração. p. 129. Brasília, 2011.

HAS + DM II 41

Com a ressalva de que em alguns diabéticos por não estarem de jejum não foi coletada a sua glicemia, não entrando no grupo dessa patologia.

Para obtenção do resultado final fez-se uso do teste quiquadrado, cujo valor achado foi de 3,26 e X² crítico 9,49, resultado que implica na aceitação da hipótese nula que pressupõe não existir relação entre obesidade em que não existe uma relação entre obesidade e soprepeso em pacientes com HAS E DM. Discussão A abrangência das equipes de Estratégia de Saúde da Família no país atinge mais de 50% da população e diante das áreas atuantes, como prevenção, tratamento de doenças crônicas e diagnósticos precoces diminui a necessidade de acesso aos níveis de maior complexidade.³ A implementação de estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para a tríade HAS, DM II e Sobrepeso/Obesidade reduzem o risco de doenças cardiovasculares, que são a principal causa de mortalidade no país.

Conclusão Mesmo a hipótese alternativa sendo rejeitada, constatou-se que o sobrepeso está presente em 65% dos participantes, valor maior que a referência brasileira¹.

Assim, o desenvolvimento da pesquisa revela-se importante para a geração de dados e elaboração de metodologias de prevenção do sobrepeso e da obesidade.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 60

anais

ISOTRETINOÍNA (ROACUTAN) Pinto, A. E. C. M.1; Silva, M. B. S.2; Pereira, N. A.2; Ferreira, W. 2.

1 2

Professora Orientadora Alunos do Curso de Enfermagem. Faculdade da Saúde e Ecologia Humana.

INTRODUÇÃO A isotretinoína, quimicamente conhecida como ácido-13cis-retinoico (Fig. 1), faz parte do amplo grupo de compostos relacionados à vitamina A. É empregada, a partir da década de 80, particularmente no tratamento da acne cística e nodular e como inibidor da proliferação de células neoplásicas, por exercer efeito regulador sobre a diferenciação celular.1 A bibliografia sobre essa temática é ampla, mas em sua maioria evidencia que o uso terapêutico da isotretinoína, comercializada no Brasil com o nome de roacutan, possui limitações em sua indicação, devido às graves reações adversas. Entre estes efeitos estão os mucocutâneo e os tóxicos sistêmicos. O primeiro por alterações nas membranas mucosas decorrentes da diminuição da produção de sebo, redução da espessura do estrato córneo, alteração da função de barreira da pele. O segundo, devido ao tratamento prolongado, mialgias, hipertensão intracraniana, alteração da acuidade visual, constipação intestinal e elevação dos níveis de colesterol e de triacilglicerídeos.2 A proposta de revisão bibliográfica justifica-se pela importância de se tratar sobre o tema de forma interdisciplinar, pois compete ao profissional da enfermagem obter o conhecimento adequado frente à necessidade de se fazer em cada paciente a avaliação adequada da relação risco-benefício do uso terapêutico desse fármaco.

OBJETIVO Apresentar aspectos que envolvem o uso da isotretinoína (roacutan), relacionados às indicações, contra indicações e efeitos adversos dentro de uma visão interdisciplinar.

DESENVOLVIMENTO Metodologicamente, para esse estudo do tipo revisão bibliográfica, as publicações foram obtidas na Base de Dados Scielo da Biblioteca Virtual da Saúde e incluiu artigos disponíveis de forma completa, usando como descritores: isotretinoína, retinoides e acne vulgar.

Contato: E-mail: wendel.ferreira89@gmail.com

A acne é uma doença inflamatória crônica do folículo pilossebáceo que acomete frequentemente jovens e adolescentes. Os fatores fisiopatológicos primários envolvidos são: hiperplasia das Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 61

glândulas sebáceas e produção excessiva de sebo, hiperqueratinização folicular; Colonização do folículo piloso pelo Propionibacterium acnes, liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente.3

Figura 2: Efeito do tratamento atni-acne com isotretinoína oral.

A tretinoína ou a isotretinoína (Fig. 1) são indicadas para o tratamento de acne vulgar, melasma, foto envelhecimento, ceratose folicular, estrias e distúrbios de queratinização. Esses retinoides atuam por ligação aos receptores nucleares específicos e interferem na expressão dos genes1.

Figura 1: Vitamina A e dois retinoides utilizados no tratamento da acne vulgar.1

Pode-se afirmar que a terapêutica com a isotretinoína na clínica dermatológica é bastante prescrita. Todavia, na área da farmacocinética, que se dedica ao estudo e/ou a análise dos processos que fazem referência à ingestão, absorção, fixação, transformação e eliminação de certos medicamentos por um ser vivo, os efeitos adversos são complexos. Tais efeitos relacionam-se à pele e membranas mucosas, sistemas nervoso, músculo esquelético, sistemas linfático, cardiorrespiratório, gastrintestinal e geniturinário, além de causar anormalidades fetais humanas.2 A isotretinoína oral é contra indicada durante a gravidez e no período de lactação. O tratamento no primeiro trimestre da gravidez é teratogênico. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (restrição de crescimento, por exemplo), ou ainda distúrbios neurocomportamentais, como retardo mental. 4 Conhecer os riscos associados à gravidez durante o tratamento com isotretinoína ajuda os enfermeiros a atuar junto a pacientes em tratamento de acne, quando em idade fértil. Saber em detalhes outros possíveis efeitos adversos é importante na atuação desse profissional. Entre esses efeitos citam-se: ressecamento labial, da pele, das mucosas bucal, nasal, genital e ocular; queda e ressecamento de cabelo; cefaléia; sangramento nasal; dores musculares e nas articulações; asma; diminuição da imunoresistência; bronquite, entre outras possíveis complicações respiratórias; urticária; alterações das enzimas hepáticas; aumento do colesterol e triglicérides; hipotireoidismo.2

Fonte:http://corpoeestetica.com/roacutanveja-fotos-do-antes-e-depois-e-de-como-funciona-o-tratamento/

CONCLUSÃO O estudo sobre a isotretinoína, (roacutan) contribuiu para a percepção da importância da interdisciplinaridade na assistência de enfermagem, com ênfase nos seus efeitos favoráveis e desfavoráveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DINIZ, D. G. A; LIMA, E. M.; ANTONIOSI FILHO, N. R. Isotretinoína: perfis farmacológico, farmacocinético e analítico. Rev. Bras. Cienc. Farm., v. 38, n. 4, p. 415-430, 2002.

2. BRITO, M. F. de M. et al . Avaliação dos efeitos adversos clínicos e alterações laboratoriais em pacientes tratados com isotretinoína oral. An. Bras. Dermatol., v. 85, n. 3, p. 331-7, 2010.

3. COSTA, A.; ALCHORNE, M. M. A.; GOLDSCHMIDT, M. C. B. Fatores etiopatogênicos da acne vulgar. An. Bras. Dermatol. v.

83, n.5, 2008.

4. GELLER, A. S. B.; ALAGIA, R. F. N.; Sacroileíte após o uso de isotretinoína oral - associação com acne fulminante ou efeito adverso?. An. Bras.Dermatol., v. 88, n. 6, supl. 1, p. 193-196, dezembro 2013.

Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 62

anais

FEBRE CHIKUNGUNYA - Revisão Bibliográfica Carvalho, D. C. M. 1; Jacinto, R. S.1; Silvia, S. S.1; Souza,V. R.1; Reis, E. F.2

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Alunos do Curso de Enfermagem.

Professor Orientador

INTRODUÇÃO A febre chikungunya é uma arbovirose causada pelo Vírus Chikungunya (CHIKV), da família Falviviridae e do gênero Alphavirus. A transmissão ocorre pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV.1 O nome Chikungunya deriva de uma palavra em Makonde, língua falada por um grupo que vive no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique, onde o vírus foi isolado pela primeira vez em 1950, Significa “aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica.

Embora de origem africana, atualmente a CHIKV tem sido relatada em vários países como a Tailândia, Indonésia, Taiwan, Cingapura, Malásia, Ilhas Maldivas, Quênia, Índia, Itália, Guiana Francesa, Estados Unidos e o Brasil.1 OBJETIVO Revisar sobre a febre Chikungunya abordando os aspectos microbiológico, fisiológico, parasitológico, farmacológico e assistência prestada pela enfermagem.

METODOLOGIA Refere-se a um estudo descritivo do tipo revisão bibliográfica, através de Bancos de Dados eletrônicos da BVS, do Ministério da Saúde, e da Secretaria de Vigilância em Saúde. Foram utilizados, na busca das publicações, os descritores: febre chikungunya, ação da enfermagem.

DESENVOLVIMENTO A febre Chikungunya é causada pelo Vírus Chikungunya, que possui envelope lipídico, capsídeo icosaédrico e genoma de RNA fita simples polaridade positiva (Fig. 1A). O vírus entra na célula por meio de endocitose mediada por receptor, uma vez liberada no citoplasma, o genoma é transcrito em fase precoce e tardia. A doença é transmitida pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV (Fig. 1B).

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 63

Figura 1: Agente etiológico e vetor da Febre Chikungunya.

Fonte: OMS e Instituto Oswaldo Cruz

A transmissão vertical pode ocorrer no momento do parto de gestantes virêmicas e, muitas vezes, provocam infeção neonatal grave. No Brasil, o A. aegypti está

prevenção, controle, evitando que a doença se agrave e até mesmo se propague.

CONCLUSÃO Os aspectos microbiológicos, fisiológicos, parasitológicos, farmacológicos e assistenciais foram abordados de forma interdisciplinar contribuindo, assim para a consolidação do nosso conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A) Agente etiológico

B) Vetor

amplamente distribuído em 4.318 municípios, enquanto o A. albopictus é encontrado em 2.126 municípios, a ampla distribuição dos vetores aumenta a probabilidade de ocorrência de casos autóctones, surtos ou mesmo epidemias da doença no país (Fig. 2).

1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis.

Preparação e resposta à INTRODUÇÃO do vírus Chikungunya no Brasil. Brasília, 2014.

2. MURRAY, Patrick; ROSENTHAL, Ken; PFALLER, Michael.

Microbiologia Médica. 6ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.592p.

3. VASCONCELOS, Pedro Fernando da Costa. Emergência do vírus Chikungunya: risco de INTRODUÇÃO no Brasil. Rev PanAmaz Saude, Ananindeua,v.5, n3, set.2014 .

Os sinais e os sintomas da febre Chikungunya são clinicamente parecidos com os da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaléia, náusea, fadiga e exantema. O sintoma mais característico da enfermidade é dor forte nas articulações, e pode perdurar por meses mesmo após o término do período febril. Estudos mostram que 3 a 28% apresentam infecção assintomática. Uma das manifestações atípicas bem estabelecidas da infecção pelo Chikungunya é a convulsão, que acomete com maior frequência pessoas com história prévia de epilepsia e/ou alcoolismo. 1,³ Fig. 2: Situação epidemiológica da febre Chikungunya no Brasil.

Fonte: https://pt.slideshare.net

O diagnóstico é feito através de exames físicos, exames sorológicos específicos para detecção de antígenos virais e exames complementares inespecíficos como prova de alterações hematológicas. O tratamento inclui analgésicos e antitérmicos e muita hidratação. A droga de escolha é o paracetamol, podendo ser utilizado a dipirona para alívio da dor e febre. Quando a febre desaparece, mas a dor nas articulações persiste, podem ser introduzidos medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia. Pacientes com febre chikungunya devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada.

A enfermagem tem o papel de promover a assistência ao paciente, orientando a hidratação oral, repouso absoluto com intuito de cuidar e organizar as ações de Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 64

anais

AGENTES TERATOGÊNICOS: MERCÚRIO E CHUMBO Duarte, B. S.1; Soares, E. C. O.1; Arcanjo, G. H. S.1; Reis; E. F.2

1 2

Alunos do Curso de Enfermagem.

Professor Orientador

INTRODUÇÃO A exposição humana aos metais pesados tem aumentado muito durante os últimos 50 anos. O uso industrial desses metais é vasto e, normalmente, as condições de trabalho presentes num grande número de indústrias brasileiras expõem o trabalhador a elevadas concentrações. O excesso de metais como mercúrio e chumbo podem acumular-se no organismo por exposição crônica, causando uma enorme variedade de sintomas, entre eles alterações do comportamento por diminuição das funções cerebrais, influenciando na produção e utilização dos neurotransmissores.

Este trabalho teve como objetivo relacionar as alterações metabólicas causadas pelo mercúrio e chumbo numa abordagem interdisciplinar.

METODOLOGIA Trata-se de trabalho descritivo do tipo revisão bibliográfica, para o qual foram realizadas pesquisas nas bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde: Scielo e Lilacs. Para a busca sobre a ação dos agentes mercúrio e chumbo no organismo humano utilizaram-se os descritores: intoxicação, metal pesado, chumbo e mercúrio.

O universo da pesquisa foi a interdisciplinaridade no estudo desses agentes e as consequências da intoxicação por esses metais.

Contato: E-mail: bethfreis@yahoo.com.br

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 65

RESULTADOS E DISCUSSÃO

pode resultar em malformações no cérebro e no sistema nervoso da criança. Esses defeitos podem ser leves ou Chumbo: seu uso industrial é vasto, sendo a produção graves. de baterias (acumuladores) a maior consumidora desta substância nos países em desenvolvimento. Os A toxicidade do mercúrio é diretamente relacionada trabalhadores desse setor, por ficarem expostos a com a sua ligação covalente aos grupos tiol das diferentes elevadas concentrações desse metal, estão sujeitos ao enzimas celulares nos lisossomas e na mitocôndria, o que leva a interrupção do metabolismo e da função saturnismo (intoxicação por chumbo). celular.

Esse elemento entra no corpo principalmente por inalação ou ingestão, sendo diretamente absorvido, interferindo nas reações químicas das células atuando como inibidor e, dessa forma, inativando as várias enzimas. Esse metal também interfere nos processos genéticos ou cromossômicos e produz alterações na estabilidade da cromatina, inibindo a reparação do DNA e é prejudicial ao cérebro e ao sistema nervoso em geral.

CONCLUSÃO Cerca de 90% do chumbo corpóreo se armazenam nos ossos, principal depósito do metal no corpo.

O mercúrio e o chumbo são metais pesados capazes Aproximadamente 5% se situam no plasma, de causar dano a um sistema biológico, alterando representando a fração lábil e biologicamente ativa, sua função ou levando a morte sob certas condições capaz de cruzar as membranas celulares e causar seus de exposição. Por isso, é importante reconhecer efeitos tóxicos. Durante a gravidez, a demanda de que estamos rodeados em nossa vida cotidiana por cálcio está aumentada, se o chumbo já estiver alojado elementos tóxicos que,a longo prazo, podem causar no tecido ósseo, ocorrerá o retorno do metal ao plasma, efeitos irreversíveis à saúde. O presente estudo deixa contaminando o organismo materno e também o feto, evidente a interdisciplinariedade do tema e sua já que a placenta não é capaz de impedir a passagem do importância para a saúde humana. chumbo para o feto. As consequências da exposição prénatal a baixos níveis de chumbo incluem peso reduzido REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ao nascer e nascimento prematuro.

Mercúrio: seu uso industrial é bastante amplo na produção de lâmpadas, fabricação de instrumentos não-eletrônicos e utensílios para uso médico, cirúrgico, odontológico, produção de cloro-soda, amalgamação de ouro, etc. Trabalhadores desses setores estão sujeitos à intoxicação que é denominada Hidrargismo ou Mercurialismo.

O mercúrio é um tóxico celular geral, provocando desintegração de tecidos e bloqueio dos sistemas enzimáticos fundamentais para a oxidação celular, agindo como veneno protoplasmático. Uma vez no sangue, ele se fixa às proteínas (albumina) e aos glóbulos vermelhos, sendo daí distribuído para vários sistemas orgânicos.

1. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Avaliação de risco à saúde humana por metais pesados - Santo Amaro da Purificação - Bahia.

Brasília: Ministério da Saúde (MS); 2003.

2. Jacob, L. C. B.; Alvarenga, K. F.; Morata, T. C. Os efeitos da exposição ocupacional ao chumbo sobre o sistema auditivo: uma revisão da literatura. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v.68, n.4, p.5649, 2002 3. Moreira, F. R.; Moreira, J. C. Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano e seu significado para a saúde. Rer. Panam.

Salud Publica, v. 15, n. 2, p. 119–29, 2004 4. ZAVARIZ, C.; GLINA, D. M. R. Efeitos da Exposição Ocupacional ao Mercúrio em Trabalhadores de uma Indústria de Lâmpadas Elétricas Localizada em Santo Amaro, São Paulo, Brasil.

Cad. Saúde Públ.,v. 9, n.2, p. 117-129, 1993.

O mercúrio pode transpor a barreira placentária e atingir fetos em desenvolvimento em mulheres gestantes, causando grandes danos a eles. Estudos mostram que a exposição a altas doses de mercúrio durante a gravidez Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 66

anais

FEBRE MACULOSA BRASILEIRA Faria, A. P. L.1; Laurito, A. C.1; Carneiro; C. C.1; Marinho; C. F.1; Reis, E. F.2

1 2

Alunos do Curso de Enfermagem.

Professor Orientador

INTRODUÇÃO A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda, de gravidade variável, cuja apresentação clínica pode variar desde as formas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. Howard T. Ricketts foi o primeiro a estabelecer a identidade da bactéria causadora da febre maculosa, que foi denominada Rickettsia rickettsii. A descoberta causou a morte do pesquisador, que acabou se contaminando em seu próprio laboratório.¹ Com a evolução dos estudos, descobriu-se que a R. rickettsii era transmitida ao homem por carrapatos da espécie Amblyomma cajennense. Os carrapatos se contaminam ao sugar animais silvestres infectados e perpetuam a transmissão entre eles próprios transovaricamente.² No Brasil, a febre maculosa foi descrita pela primeira vez pelo médico e pesquisador paulista Piza, em 1929. Já em Minas Gerais, Amílcar Viana Martins e Octávio de Magalhães foram os pioneiros na pesquisa da enfermidade, que, no País, foi chamada de Febre Maculosa Brasileira.² OBJETIVO Apresentar a importância do conhecimento sobre a Febre Maculosa Brasileira, de forma interdisciplinar.

METODOLOGIA Esse é um estudo do tipo revisão bibliográfica. As publicações foram obtidas na Biblioteca Virtual da Saúde e busca livre on line, considerando como método de inclusão documentos disponíveis em sua integra, usando como descritores Febre Maculosa, Rickettsia rickettsii e Amblyomma cajennense.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Agente Etiológico e Vetor Contato: E-mail: wendel.ferreira89@gmail.com

A Rickettsia rickettsii (Fig.1.a), principal causadora da Febre Maculosa Brasileira, é classificada como Alphaproteobacteria, Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 67

são parasitas intracelulares obrigatórias, cocobacilos Gram negativos, não possuem flagelo e medem de 0,3 a 1.0 µ Essas bactérias multiplicam-se nas células endoteliais, com dano às células e extravasamento dos vasos sanguíneos. É transmitida ao homem através da picada do carrapato da espécie Amblyomma cajennense.

(Fig.1.b).¹

Epidemiologia A febre maculosa ocorre em países ocidentais, particularmente nos Estados Unidos, no Canadá, no México, no Panamá, na Costa Rica, na Argentina, na Colômbia e no Brasil. No Brasil, a maioria dos casos de febre maculosa se concentra na Região Sudeste, com casos esparsos em outros estados brasileiros, em especial no Sul do Brasil.³ Tratamento

Figura 1: Agente etiológico e o vetor da Febre Maculosa. https://cievspalmas.files.wordpress.com/2012/03/febre-maculosa-brasileira.pdf

Fisiopatologia A disseminação da bactéria se dá por meio das vias linfáticas e hematogênica para tecidos de distintos órgãos, incluindo pele, músculos esqueléticos, cérebro, pulmões, coração, rins, baço, fígado, e segmentos do trato gastrointestinal. A febre maculosa caracteriza-se por: febre moderada a alta, cefaleia intensa, mialgia profunda, calafrios e prostração. Nos casos mais graves, podem surgir delírio, choque e insuficiência renal.³ Modo de Transmissão/Ciclo Biológico A transmissão da R. rickettsii se dá pela picada do carrapato infectado em qualquer uma de suas fases (larva, ninfa e adulto). Para que o carrapato transmita a doença, é necessário que fique aderido à pele, se alimentando, por um período de 4 a 10 horas. Ao picar, e após se alimentar, o carrapato transmite o microrganismo por meio de suas glândulas salivares.

As picadas das larvas e das ninfas, por serem menos dolorosas, são as que têm a maior probabilidade de transmitir o microrganismo, pois o ser humano não percebe a picada e permite que ocorra a transmissão (Fig. 2). A picada do adulto, por ser muito dolorida, prontamente é percebida, e pode-se retirar o carrapato a tempo de não transmitir a doença. Outra forma de contágio se dá pelo esmagamento do carrapato quando é retirado, liberando seu conteúdo gástrico. A doença não se transmite de pessoa a pessoa.³

As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro que bloqueiam o receptor na subunidade 30S que se liga ao tRNA inibindo a síntese proteica.

Elas são ativas contras as bactérias Gram positivas e negativas. Neste caso, algumas cepas resistentes a tetraciclina, são sensíveis a doxiciclina.³ Cuidados de Enfermagem3 Colher uma amostra de sangue para exame; Não esmagar os carrapatos com a unha. Coletá-los com luvas e pinças, acondicioná-los e encaminhá-los para o laboratório de referência.

Preencher a ficha de investigação e orientar a comunidade sob vigilância para procurar os serviços de saúde.

Conclusão Este estudo contribui para maior conhecimento da Febre Maculosa Brasileira aos estudantes de enfermagem, dando-lhes uma visão multidisciplinar da doença e seus impactos na saúde humana.

Referência Bibliográficas 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Superintendência de Gestão Ambiental.Febre Maculosa: Dinâmica da Doença, Hospedeiros e Vetores. São Paulo: USP.. Disponível em: http: // www. sga.usp.br/ Acesso: 15/10/2015.

2. DEL FIOL, F. S.; et al. A febre maculosa no Brasil. Rev Panam Salud Publica, v. 27,n.6, p. 461-6. 2010.

3. BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias.

8ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 444 p. : Il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).

Figura 2: Amblyomma cajennense.

Fontes: www.rtvcanal38.com.br; www.portalternurafm.com.br;

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anais

INTERRUPÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO DE CRIANÇAS COM IDADE ENTRE ZERO E SEIS MESES: INVESTIGAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS Freitas, G. M.1; Alvim, R.C2

1 2

Professor Orientador Aluno do curso de Medicina da Faseh

INTRODUÇÃO O aleitamento materno é a forma mais importante de nutrição do recém-nascido e tem grande importância para a redução da morbidade e mortalidade infantil, uma vez que confere nutrição, proteção imunitária, bem-estar mental e psíquico e promove desenvolvimento na relação interpessoal entre a mãe e a criança, reduz os riscos de desenvolvimento de diabetes para a mãe e auxilia na redução de peso corporal. A OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza que o aleitamento materno deve ser, preferencialmente, a alimentação exclusiva dos lactentes até os seis meses de idade.

As evidências científicas mostram ainda que crianças em regime de aleitamento materno exclusivo, nos primeiros seis meses, complementado a partir daí até pelo menos os dois anos de vida, têm menores chances de desenvolverem doenças crônicas não transmissíveis na infância, adolescência e vida adulta. Estudos apontam ainda que o leite materno confere proteção contra doenças crônicas como obesidade, doença de Crohn, Diabetes Melito tipo I e linfoma (KRAMER et al., 2004). Estudos postulam, também, que a amamentação exclusiva precoce está associada a melhores medidas de QI e funcionamento cognitivo na infância e adolescência (DEONI et al., 2013).

OBJETIVO O presente projeto objetivou determinar os fatores associados ao desmame precoce de crianças atendidas em um serviço de saúde na cidade de Vespasiano/Minas Gerais.

METODOLOGIA

Contato: E-mail: rosangelacarrusca@yahoo.com.br

Realizou-se um estudo transversal com as mães de crianças de ambos os sexos, entre zero e seis meses de idade que realiza consultas e acompanhamento pelos programas Estratégia de Saúde da Família I e II do bairro Serra Dourada. Todos os responsáveis/ Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 69

acompanhantes pelos lactentes elegíveis para o estudo que compareceram à unidade foram convidados a realizar uma breve entrevista investigativa.

Considerando a natureza acadêmica deste estudo e fatores como confiabilidade dos dados, disponibilidade de recursos e adequação à situação da pesquisa, optouse pela escolha de uma amostra não probabilística. Foi utilizada estatística descritiva na análise e se procederá à discussão dos resultados à luz da literatura pertinente.

O presente projeto foi aprovado pelo CEP/CONEP da FASEH.

das lactantes (58,3%), visto que apenas 30% alegaram terem inserido tais alimentos por orientação/prescrição médica. O gráfico 1 demonstra os resultados achados no presente estudo.

CONCLUSÃO

Os programas de Estratégias de Saúde da Família ( ESF) Serra Dourada I e II têm fundamental importância na orientação das lactantes, com cobertura de 100% das gestantes entrevistadas que participaram do pré-natal.

RESULTADOS No entando, ainda se fazem necessárias ações visando orientar melhor as participantes dos Grupos de PréConstatou-se que o programa de Pré Natal ofertado pelos Natal sobre a importância da posição da mamada e da ESF Serra Dourada I e II atendeu em 100% a população exclusividade do aleitamento materno, sobretudo como estudada, e todos os entrevistados afirmaram terem seus familiares, especialmente àqueles integrandes do sido orientados sobre a importância da amamentação. grupo familiar, pois parecem exercer grande influência, Entretanto há uma lacuna no que tange à orientação por aspectos socioculturais, no processo de aleitamento. sobre a posição correta para amamentação, sobre a qual 25% dos participantes alegam não terem sido orientados .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Em relação ao trauma mamilar, 91,6% dos entrevistados afirmaram terem sofrido algum tipo de trauma. Tal SWITZERLAND. World Health Organization. Expert consultation achado corrobra os resultados relatados pelos autores on optimal duration of exclusive breastfeeding. Geneva: WHO, anteriores, uma vez que a pega incorreta durante a 2001 mamada é um dos fatores causadores de fissura mamilar. KRAMER, M.S., KKUMA, R. The optimal duration of exclusive Apenas 16, 6% das mães afirmaram ter ingerido álcool, breast feeding: A systematic review. Adv Exp Biol 2004;554:63–77. tabaco e/ou drogas ilícitas durante a gestação, número DEONI, S. C.; et al. Breastfeeding and early white matter inferior ao encontrado por Caputo et al. Quanto à development: Across-sectional study. Neuroimage. 2013; Nov 15; nutrição conferida pelo leite 83,3% dos entrevistados 82:77-86. não acreditam que tal alimento seja suficiente para nutrir o recém-nascido exclusivamente até os 6 meses CAPUTO, V. G., & BORDIN, I. A. (2008). Gravidez na adolescência e uso freqüente de álcool e drogas no contexto familiar. Rev Saúde de idade.

Pública, 42(3), 402-10.

Tal fator parece ser o principal motivo alegado pelos entrevistados para justificar a introdução de outros GIUGLIANI, E. R. J. O aleitamento Materno na prática Clinica. J alimentos antes dos seis meses de idade do neonato. Pediatria, v.76, n. 03, p. 238-252, 2000.

Todas os entrevistados afirmaram saber da importância do aleitamento materno, entretanto o desmame parece ser influenciado diretamente por familiares próximos

aos entrevistados, especialmente pais, sogros e avós Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 70

anais

ANÁLISE DA CONCORDÂNCIA ENTRE BIÓPSIAS TRANSRETAIS ECOGUIADAS E MATERIAL DE PROSTATECTOMIA RADICAL NO DIAGNÓSTICO HISTOLÓGICO DE CÂNCER DE PRÓSTATA Silva, N. A. H. L.1; Morais,V. F.1; Maciel, R. A. R. S.2; Bastos, M.2; Pereira, J. C. C.3 Vianna, L. S. B.3 Professor Orientador Aluno do curso de Medicina da Faseh 3 Laboratório Hugor Silvia Brandão 1 2

INTRODUÇÃO O câncer de próstata (CaP) possui elevada morbimortalidade, constituindo-se problema de saúde pública. O aumento da incidência pode ser justificado pelo aprimoramento dos métodos diagnósticos, principalmente a biópsia transretal ecoguiada (BTR). É importante a análise da concordância entre os achados da BTR e da prostatectomia radical (PTR), a qual é padrão-ouro para o estadiamento patológico.

OBJETIVO Comparar a concordância e a associação de resultados histológicos entre a BTR e a PTR. METODOLOGIA Estudo de teste diagnóstico, comparando informes clínicos de 384 pacientes com CaP e laudos histopatológicos de BTR e de PTR de 2010 a 2014. Na análise de concordância entre a BTR e a PTR, utilizou-se o teste Kappa.

RESULTADOS A maioria dos pacientes apresentava entre 61 e 70 anos (47,40%), antígeno prostático específico entre 4,1 e 10ng/ml (56,02%) e Grau de Gleason pouco diferenciado (igual a 7). O adenocarcinoma acinar foi o único tipo histológico encontrado. Houve concordância pobre (Kappa entre 0 e 0,19) quanto ao número de sextantes acometidos e à invasão perineural, superficial (Kappa entre 0,20 e 0,39) em relação ao acometimento da base esquerda e à presença de neoplasia intraepitelial de alto grau. Houve concordância razoável (Kappa entre 0,40 e 0,59) referente ao grau de Gleason, ao número de lobos comprometidos e à positividade por sextantes.

Contato: E-mail: renatasm@gmail.com

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 71

Concordância entre achados anatomopatológicos de BTR e PTR em câncer de próstata, Belo Horizonte, 2010 a 2014 (n = 384).

Variável Grau de Gleason final Positividade por sextante BD TMD AD BE TME AE Número de sextantes acometidos Número de lobos comprometidos Presença de invasão perineural Presença de NIP de alto grau

Estatística de Kappa (IC 95%) 0,56 (IC 0,493-0,639)

Valor p <0,0001 <0,0001

0,41 (IC 0,329-0,493) 0,46 (IC 0,382-0,546) 0,48 (IC 0,407-0,567) 0,39 (IC 0,478-0,478) 0,46 (IC 0,383-0,551) 0,41 (IC 0,334-0,502) 0,19 (IC 0,143-0,249)

<0,0001

0,52 (IC 0,443-0,599)

<0,0001

0,10 (IC 0,066-0,148) 0,30 (IC 0,216-0,396)

<0,0001 <0,0001

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MINISTÉRIO DA SAÚDE; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2011.

CALVETE, A. C.; SROUGI, M.; NESRALLAH, L. J.; DALL’OGLIO, M. F.; ORTIZ, V. Avaliação da extensão da neoplasia em câncer da próstata: valor do psa, da percentagem de fragmentos positivos e da Escala de Gleason. Rev Assoc Med Bras, v. 49, n. 3, p. 250-4, 2003.

BTR: biópsia transretal ecoguiada. PTR: prostatectomia radical. BD: base direita. TMD: terço médio direito. AD: ápice direito. BE: base esquerda. TME: terço médio esquerdo. AE: ápice esquerdo. NIP: neoplasia intraepitelial.

ANDRADE, R. T.; FILHO, N. T. P., LUCENA, R. G.; SANTOS JR., M. W.; LIMA, S. V. C.; SILVA, V. M. O Percentual de Fragmentos Acometidos na Biópsia como Preditor da Extensão do Câncer de Próstata: Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 56, n. 3, p. 359-366, 2010.

ONON, T. C. A.; SCHOFFEN, J. P. F. Câncer de próstata: uma revisão de literatura. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 3, p. 403-410, 2009.

BULBUL, M. A.; EL-HOUT, Y.; HADDAD, M.; TAWIL, A.; HOUJAIJ, A.; DIAB, N.B.; DARWISH, O. Pathological correlation between needle biopsy and radical prostatectomy specimen in patients with localized prostate

CONCLUSÃO Houve concordância excelente quanto ao diagnóstico histológico do CaP, com as demais concordâncias variando de pobre a razoável. Portanto, a BTR não tem acurácia suficiente para substituir a PTR quanto ao estadiamento no meio avaliado.

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aula

A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE PESQUISA Pinto, A.E.C.MA

A

Professora dos cursos de Enfermagem e Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH)

RESUMO Para o desenvolvimento de uma pesquisa científica torna-se imprescindível a construção de um projeto, que se constitui em roteiro eficaz no método preconizado pela ciência: Método Científico. No cotidiano da prática acadêmica, frequentemente, observa-se certa resistência a essa tarefa, exceção aos pesquisadores experientes. Nesse sentido, a presente publicação apresenta os princípios gerais para a elaboração e apresentação de um projeto de pesquisa, à luz das normas brasileiras, como contribuição ao entendimento sobre as múltiplas finalidades de uma proposta baseada em diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas, traduzindo-se como guia para uma pesquisa de relevância científica.

Palavras-chave: Projeto de pesquisa. Elaboração e apresentação. Normas brasileiras.

Contato: E-mail: alci.enf.faseh@gmail.com

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INTRODUÇÃO

A submissão, avaliação e o monitoramento de protocolos de pesquisa científica são realizados, exclusivamente As normalizações na elaboração de trabalhos pela Plataforma Brasil, base nacional e unificada de acadêmicos e pesquisas científicas são importantes para registros de pesquisas, envolvendo seres humanos para o controle bibliográfico mundial e para o intercâmbio todo o sistema CEP/CONEP. de informações na comunidade científica.

Esclarecidas as duas questões, o exposto está pautado nas O órgão internacional responsável pela normalização principais normas da ABNT, que se inter-relacionam, bibliográfica é a International Organization for ao se tratar do trabalho acadêmico. As etapas da Standardization (ISO), sediada em Genebra, Suíça. Esta elaboração de um projeto de pesquisa são apresentadas, organização incentiva a formação de órgãos nacionais conforme a NBR15287 reeditada em 2011, intitulada: que adaptam suas normas às necessidades locais.

Informação e documentação — Projeto de pesquisa — Apresentação, NBR 15287(ABNT, 2005a; 2011b).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão representante da ISO no Brasil.

COMO ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA O Fórum Nacional de Normalização, para elaboração do conteúdo das Normas Brasileiras (NBRs) é O projeto de pesquisa caracteriza-se como um constituído por representantes dos setores envolvidos: “documento explicitador das ações a serem produtores, consumidores e pessoas neutras ao assunto desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa” (Gil, 2010). a ser normalizado.

Preliminarmente ao tema, ora, apresentado sobre as etapas da construção de uma proposta de pesquisa coloca-se as seguintes questões: Quais as razões da obrigatoriedade do planejamento prévio de uma pesquisa? Quais projetos devem ser encaminhados ao Comitê de Ética (CEP)? O que é um projeto de pesquisa?

Em resposta à primeira questão, Eco (2001) esclarece: A formalidade imposta para a conclusão dos estudos pode constituir-se num processo que resgate o sentido do próprio curso, desenvolvendo um exercício crítico de identificar problemas e saber expô-los por meio de técnicas específicas.

A seguir é apresentada a sequência lógica na elaboração dessa fase necessária à atividade da pesquisa, conforme as normas reconhecidas pela ciência.

1 Componentes de um projeto de pesquisa, segundo as NBRs inter-relacionadas.

1.1 Elementos pré-textuais, segundo a NBR 14724 (ABNT, 2011): 1.1.1 Capa( Elemento obrigatório)

Sobre a necessidade de apreciação ética dos projetos, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), diretamente ligada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) tem como atribuição precípua o exame dos aspectos éticos das pesquisas, que envolvem seres humanos. Como missão, elabora e atualiza as diretrizes e normas para a proteção dos participantes de pesquisa e coordena a rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, formando o Sistema CEPCONEP. A CONEP e os CEPs caracterizam-se em instâncias colegiadas, têm composição multi e transdisciplinar, contando com um representante dos usuários e são independentes de influências corporativas e institucionais. Esses órgãos examinam e emitem pareceres relativos aos aspectos éticos das pesquisas, observando-se as diretrizes da Resolução 466/2012 CNS. Cadernos Técnico de Saúde, no 02 - Junho de 2016 74

1.2 Elementos textuais obrigatórios, segundo a NBR 14724(ABNT, 2011):

1.1.2 Folha de Rosto

1.1.3 Listas de ilustrações; tabelas; siglas e abreviaturas (opcionais).

1.1.4 Sumário (obrigatório). Deve ser elaborado, conforme a NBR 6027(ABNT, 2003a). Para a numeração e a subdivisão de seções tem de se observar a NBR 6024(ABNT, 2003b).

-

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precedendo o título, dele separado por um espaço. Não se usa hífen ou ponto entre o número da seção e a sua denominação.

Quanto à paginação, todas as folhas do projeto, a partir da folha de rosto, devem ser contadas, mas não numeradas. A numeração é colocada na primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior e o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: 15287. Informação e documentação: projeto de pesquisa: apresentação. Rio de Janeiro, 2005a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: 15287. Informação e documentação: projeto de pesquisa: apresentação. Rio de Janeiro, 2011b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto deve ser digitado com a fonte 12 e espacejamento de 1,5 entrelinhas, para todo o texto.

Excetuam-se apenas as citações diretas longas (de mais de 3 linhas), notas de rodapé e legenda das ilustrações e de tabelas (se for o caso), que devem ser em tamanho menor, uniforme e em espaço simples.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: Informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: Informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003b.

As normas da ABNT admitem as duas formas de entrada BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de no texto: numérica ou sobrenome (s) do(s) autor (es).

As referências bibliográficas, ao final do projeto, devem ser em espaço simples e separadas entre si por dois espaços simples, observando-se a forma de entrada no texto: caso seja numérica, a listagem deve ser numerada, conforme a entrada numérica no texto. Caso seja por sobrenome (s) do(s) autor (es) as referências bibliográficas devem ser ordenadas alfabeticamente.

Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Resolução CNS/MS nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

ECO, Umberto. Come se fa uma tesi di láurea: le materie umanistiche, 12. ed. Milano: Tascabili Bompiani. 2001. 249p.

FRANÇA, Junia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de.

Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 8. ed. rev. Belo Horizonte: UFMG, 2011. 258 p.

O título do projeto e o nome da entidade na folha GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. de rosto devem ser alinhados no meio da página. Os São Paulo: Atlas, 2010. 184 p. títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou os sucede por dois espaços de 1,5.

O indicativo de seção é alinhado à margem esquerda,

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Comentário

O paternalismo no contexto da relação do médico com o paciente Raposo,Y. 1 1

Acadêmico do Curso de Medicina da FASEH (4º Período)

INTRODUÇÃO A atividade médica apresenta desde a Grécia Antiga um aspecto paternalista, ou seja, a autonomia do paciente é em parte subjugada pelo médico no momento de se estabelecer o diagnóstico e determinar a terapia adequada. Isso é notável inclusive no Juramento de Hipócrates.

O mundo moderno continua a apresentar tal perfil de medicina. A intensa modernização tem intensificado essa visão de superioridade de conhecimento do médico sobre a do paciente, uma vez que os diagnósticos e terapias tornaram-se cada vez mais precisos ao longo dos anos.

OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo geral discutir o paternalismo no contexto da medicina e as maneiras como a autonomia do enfermo é desrespeitada pelos profissionais da saúde.

Os objetivos específicos são: apresentar leis e resoluções do Código de Ética Médica relacionados à autonomia do paciente, discutir a autonomia no contexto das terapias paliativas e abordar o paternalismo nas questões envolvendo as crenças religiosas.

Deve-se ressaltar que a discussão a seguir não tem caráter julgatório, mas apenas reflexivo, dado que os exageros cometidos por médicos são gerados, na maioria das vezes, pela busca em se cumprir o principio da beneficência.

METODOLOGIA Para a realização do trabalho foi realizada uma busca no acervo da biblioteca da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, onde, então, foram encontrados dois livros relacionados com a deontologia na Medicina. As outras obras consultadas foram encontradas mediante buscas em bases de dados, principalmente o Google Acadêmico.

Contato: E-mail: yanraposo@yahoo.com.br

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JUSTIFICATIVA O mundo moderno vivencia um intenso desenvolvimento tecnológico. A Medicina usufrui de equipamentos para diagnóstico e tratamentos cada vez mais sofisticados. A relação médico-paciente, porém, permanece a mesma dos tempos da Grécia Antiga. Uma medicina marcada pelo paternalismo que se apodera da autonomia do paciente. Por mais que o médico se baseie no princípio da beneficência, ele deve considerar sempre os desejos do enfermo no momento de determinar uma terapia.

transitório ou permanentemente. Para avaliar tais situações é necessário analisar as condições biológicas, psíquicas e sociais do indivíduo em questão.1 O Relatório Belmont, elaborado na década de 1970, apresentou duas considerações quanto ao princípio da autonomia: a primeira afirma ser necessário o reconhecimento de cada indivíduo como um ser autônomo e a segunda alerta para o exercício da proteção daqueles cuja autonomia fora comprometida.2 Paternalismo

Faz-se necessário discutir os limites entre uma atitude pautada no principio da beneficência e o paternalismo médico. Essa concepção é importantíssima para os profissionais da área da saúde, uma vez que permite ter noção dos aspectos que permeiam a dignidade humana, sendo então possível escolher terapias que melhor satisfaçam as vontades dos enfermos, em vez de simplesmente lhe proporcionar a cura ou uma sobrevida.

O termo paternalismo surgiu, ainda, no século XIX e significava a intervenção de uma pessoa ou instituição sobre as decisões ou preferencias de outrem. Esse termo se originou da comparação de tal atitude com a ações de um pai para com os filhos, no intuito de lhes proporcionar o bem, porém, negligenciando as vontades desses indivíduos com experiências de vida menores. Sob o ponto de vista da Medicina, esse termo O presente trabalho irá discutir os aspectos religiosos e representa a tomada de decisões, por um indivíduo legislativos sobre paternalismo e autonomia no contexto com conhecimento técnico-cientifico, por exemplo um da Medicina. Além disso, serão tecidas considerações médico, sobre o destino de um paciente.3 acerca da dignidade no momento da morte.

No segundo parágrafo do Juramento de Hipócrates está escrito: ‘’Utilizarei a dieta para benefício dos que sofrem, conforme minha capacidade e discernimento, e além disso evitarei o mal e a injustiça’’.4 A sociedade, RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE portanto, convive, desde períodos remotos, com o paternalismo médico5 sob o qual as decisões médicas Autonomia são tomadas unilateralmente, baseadas sobretudo no principio da beneficência6, sendo este definido como A autonomia significa autodeterminação, ou seja, o ato de realizar procedimentos visando o bem ao ter a capacidade de decidir por si mesmo aspectos enfermo.7 Não há referências bibliográficas nesse antigo relacionados com sua vivência na sociedade. Há texto ao princípio da autonomia.8 casos em que a autonomia é comprometida de modo 1 TORRES, Adriana de Freitas. Bioética: O princípio da autonomia e o termo de consentimento livre e esclarecido. Disponível em: <http://www.crmpb.cfm.org.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=21917:bioetica-o-principio-da-autonomia-e-o-termo-de-consentimento-livre-e-esclarecido&catid=46:artigos&Item id=483>. Acesso em: 07 outubro 2015.

2

MOTA, Sílvia. Principios da Bioética. Disponível em: <http://www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/artigosbiobio/principiosdabioetica.htm>. Acesso em: 07 outubro 2015.

3

BEIER, Mônica; IANOTTI, Giovano de Castro. O paternalismo e o juramento hipocrático. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 10 (Supl. 2): S383-S389 dez., 2010.

4

RIBEIRO JR., W.A. (O juramento de Hipócrates). Disponível em: <http://warj.med.br/pdf/juramento.pdf>. Acesso em: 07 outubro 2015

5 OLIVEIRA, Marcos Aragão Couto de. Autonomia Privada Existencial e Paternalismo Jurídico: perda do Poder Familiar e bons costumes. Disponível em:<http://www. puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2013/relatorios_pdf/ccs/DIR/DIR-Marcos%20Arag%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 07 outubro 2015.

6

RIBEIRO, Diaulas Costa. Autonomia: viver a própria vida e morrer a própria morte. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(8):1749-1754, ago, 2006.

7

MOTA, Sílvia. Principios da Bioética. Disponível em: <http://www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/artigosbiobio/principiosdabioetica.htm>. Acesso em: 07 outubro 2015.

MOTA, Sílvia. Principios da Bioética. Disponível em: <http://www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/artigosbiobio/principiosdabioetica.htm>. Acesso em: 07 outubro 2015.

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França (2010, p.124) tece o seguinte comentário sobre quanto às suas vontades, enquanto que naquele, o indivíduo estaria em uma condição de fragilidade a o paternalismo: qual o impediria de tomar decisões próprias, tendo os A ideia geral é a de que todo ato médico representa uma profissionais da área da saúde o dever de decidir sobre aliança de uma consciência e uma confiança. Isso não quer as terapias a serem adotadas.14 dizer que, pelo fato de o paciente confiar, venha o médico a fazer tudo o que ele admite poder realizar, mesmo supondo estar agindo em favor do paciente.9

. . Informação

. Legislação

De acordo com o Art. 34 do Código de Ética Médica, é vedado ao médico: ‘’Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos . .Liberdade do tratamento, salvo quando a comunicação direta caso, fazer a O Código de Ética Médica diz em seu Art. 31 que é possa lhe provocar dano, devendo, nesse 15 comunicação a seu representante legal’’ . vedado ao médico: ‘’Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre O artigo supracitado está de comum acordo com o a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, inciso XIV, Art. 5, da Constituição da República de salvo em caso de iminente risco de morte’’.11 1988, no qual se afirma: é assegurado a todos o acesso O Art. 24 do Código de Ética Médica apresenta um discurso análogo ao trecho supracitado, sendo dito que é vedado ao médico: ‘’Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo’’.12 O Código Civil ainda institui em seu Art. 15 o seguinte: ‘’Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.’’13 Deve-se atentar, porém, para os tipos de paternalismo e as circunstâncias nas quais ele é aceitável. O paternalismo pode ser dividido em dois tipos, o fraco e o forte. Nesse o médico, por exemplo, estabelece os rumos terapêuticos para um indivíduo com plena capacidade de opinar

9

à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional’’.16 . . Consentimento

Baseando-se ainda no Art. 31 do Código de Ética Médica supracitado e no Art. 22 do mesmo documento no qual se afirma que é vedado ao médico: ‘’Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte’’,17 induz a se concluir que para a validação de uma prática médica é necessário estabelecer um consentimento livre e esclarecido. Isso se dará por meio do esclarecimento de todos os aspectos referentes à terapia proposta pelo médico com o emprego de uma linguagem de fácil compreensão para o paciente.18

FRANÇA, Genival Veloso de. Comentários ao código de ética médica. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 146.

10

BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica: resolução CFM n. 1931/2009. p. 35.

11

Ibid., p. 32.

12 Art. 15 do Código Civil - Lei 10406/02. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729769/artigo-15-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002>. Acesso em: 07 outubro 2015.

13 TORRES, Adriana de Freitas. Bioética: O princípio da autonomia e o termo de consentimento livre e esclarecido. Disponível em: <http://www.crmpb.cfm.org.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=21917:bioetica-o-principio-da-autonomia-e-o-termo-de-consentimento-livre-e-esclarecido&catid=46:artigos&Item id=483>. Acesso em: 07 outubro 2015.

14

BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica: resolução CFM n. 1931/2009. p. 35.

Art. 5, inc. XIV da Constituição Federal de 88. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730570/inciso-xiv-do-artigo-5-da-constituicao-federal-de-1988>.

Acesso em 07 outubro 2015.

15

16

17

18

BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica: resolução CFM n. 1931/2009. p. 32.

FRANÇA, Genival Veloso de. Comentários ao código de ética médica. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p.

VENCO, Thiago. O espetáculo da autonomia. Disponível em: < http://jornalggn.com.br/fora-pauta/o-espetaculo-da-autonomia>. Acesso em: 07 outubro 2015.

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PATERNALISMO E MORTE Sob a visão kantiana, a autonomia seria a capacidade de um indivíduo de determinar suas ações segundo critérios próprios, sem que haja qualquer influência de outra pessoa ou instituição sobre suas vontades.19 Contudo um indivíduo não tem poder sobre o início da própria vida. Sua concepção e seu nascimento são frutos da vontade alheia. É o nascimento com vida que marca o início da condição humana efetiva com a aquisição de personalidade jurídica e da aptidão para ter direitos e obrigações conforme o Código Civil.

Até então se falou de vida, contudo quando se trata de morte o indivíduo não pode discernir por si só sobre sua morte, pois existem mecanismos religiosos morais e legais que agem sobre a questão, interferindo ativamente na vontade do indivíduo. Assim sendo, ninguém tem o direito de antecipar a sua morte. O conceito de dignidade humana, todavia prevê a segurança de uma vida digna e surge, então, um questionamento. Não poderia o indivíduo prever, também, uma morte digna? A isso se associam vários questionamentos da ética médica.

Eutanásia tem origem do grego “eu-thanatos”, o que literalmente significa “boa morte”. É, portanto, utilizado para designar uma morte suave, sem sofrimento. O termo eutanásia é empregado para designar o ato pelo qual o profissional médico põe termo à vida humana de indivíduo acometido por doença incurável, para quem a morte é inevitável e iminente, e com a finalidade de evitar um sofrimento extremo. É, portanto, ação médica intencional para a abreviação ou provocação do evento morte, com exclusiva finalidade benevolente, diante de um quadro de terminalidade do paciente.22 Ortotanásia: etimologicamente, ortotanásia significa morte correta – “orto”: “certo”; “thanatos”: “morte”. Traduz a morte desejável, na qual não ocorre o prolongamento da vida artificialmente, através de procedimentos que acarretam aumento do sofrimento, o que altera o processo natural de morrer. Ela é empregada no conceito de boa morte e para tanto o foco principal de ação do médico é para com os métodos paliativos de tratamento no intuito de fornecer o máximo de conforto para uma “boa morte”.23

De posse desses conceitos, é fácil perceber o contexto no qual os médicos estão inseridos quando se trata de terapias paliativas. Questões como até que ponto intervir ou mesmo não intervir, ser ou não ser paternalista ou mesmo ser omisso, estão presentes na rotina dos profissionais da saúde. Como se não bastasse Nesse contexto, temas como dignidade na morte, a questão biológica ainda há as questões legais e morais métodos alternativos à eutanásia e ao suicídio assistido que contribuem para uma problematização ainda maior assim como o processo de desenvolvimento tecnológico acerca da morte digna. na Medicina serão temas das discussões a seguir. Dada a complexidade da discussão, envolvendo o direito à Quando buscamos no direito brasileiro sobre o tema morte digna, nada mais natural que se faça um estudo percebemos que ora se adota uma postura paternalista, mais detalhado sobre os assuntos que permeiam esse ora uma postura de omissão, conforme informa o artigo base. Nesse texto, Barroso (2010) afirma: debate. Faz-se necessário elucidar alguns conceitos: Eutanásia é uma forma ativa que é realizada por médicos a doentes terminais em que a morte é um fato inevitável em um tempo relativamente curto; surge de uma ação intencional de se antecipar essa morte com intuito de atenuar o sofrimento do paciente, assim sendo ela é um ato de “benevolência”. 20 Distanásia é a tentativa obstinada de retardo da morte eminente de um paciente, com o emprego de todos os mecanismos de que dispõe o médico sem, contudo, haver nenhuma possibilidade de cura ou melhora do paciente.21

Essa postura legislativa e doutrinária pode produzir consequências graves, pois, ao oferecer o mesmo tratamento jurídico para situações distintas, o paradigma legal reforça condutas de obstinação terapêutica e acaba por promover a distanásia. Com isso, endossa um modelo médico paternalista, que se funda na autoridade do profissional da medicina sobre o paciente e descaracteriza a condição de sujeito do enfermo. Ainda que os médicos não mais estejam vinculados eticamente a esse modelo superado de relação, o espectro da sanção pode levá-los a adotá-lo. Não apenas manterão ou iniciarão um tratamento

19

SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; SCHRAMM, Fermin Roland. Eutanásia: pelas veredas da morte e da autonomia. Ciência e saúde coletiva, v.9, n.1, p.33 e s., 2004.

20

PESSINI, Leo. Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Editora do Centro Universitário São Camilo: Loyola, 2001 .

21 MARINELI, Marcelo Romão. A declaração de vontade do paciente terminal: as diretivas antecipadas de vontade à luz da Resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina. Disponivel em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13832&revista_caderno>. 29 de setembro de 2015.

22

Junges JR. Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma discussão sobre a ortotanásia. RevBioet 2010; 18(2):275-288.

23 Barroso, Luís Roberto, and Letícia de Campos Velho Martel. “A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida.” PANÓPTICA-Direito, Sociedade e Cultura 5.2 (2010): 69-104.

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indesejado, gerador de muita agonia e padecimento, como, por vezes, adotarão algum não recomendado pela boa técnica, por sua desproporcionalidade. A arte de curar e de evitar o sofrimento se transmuda, então, no ofício mais rude de prolongar a vida a qualquer custo e sob quaisquer condições. Não é apenas a autonomia do paciente que é agredida. A liberdade de consciência do profissional da saúde pode também estar em xeque.24

Vale salientar que o Direito Penal brasileiro é da década de 40; isso sem dúvida contribui para essas falhas na legislação. No ano 2006, entretanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM), através da resolução CFM nº 1.805/2006, de 9.11.2006 embasada no artigo Quinto da Constituição Federal, no intuito de atenuar tais falhas, declarou o seguinte: “Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”. Assim, embora possa vir a ser processado, o médico possui uma ressalva pela postura paternalista empregada.

provocar a morte ou permitir que ela ocorra totalmente, de modo natural, mas, sim, proporcionar qualidade de vida ao paciente e evitar o exercício de terapias que venham gerar sofrimento, por mais que essas gerem uma sobrevida de mais algum tempo.

Não temos a morte como uma escolha e sim como uma fatalidade. Então fica difícil sustentar a existência de um direito de morrer. No entanto a medicina e a tecnologia contemporâneas são capazes de transformar o processo de morte em uma jornada mais longa e sofrida do que o necessário, em uma luta contra a natureza e o ciclo natural da vida. Nessa hora, o indivíduo deve usufruir de autonomia para opinar quanto às condições sob as quais vivenciará seus últimos momentos no leito hospitalar ou domiciliar, de modo que a morte chegue na hora certa, sem sofrimentos inúteis e degradantes uma vez que as pessoas tem o direito de passar por um processo de morte que corresponda aos seus desejos.

Um ponto a se considerar é que a atitude do médico nas terapias paliativas não é provocar a morte ou permitir que ela ocorra totalmente de modo natural, mas, sim, proporcionar qualidade de vida ao paciente e evitar o exercício de terapias que venham gerar sofrimento, por Nessa linha, a autonomia do paciente, bem como mais que essas gerem uma sobrevida de mais algum dos seus representantes legais, esbarra na questão tempo. paternalista embasada no direito à vida.25 Tendo em vista que: “No Brasil, essa valorização máxima da Verificamos que a pessoa, na sua dignidade, ou seja, vida biológica e do modelo biomédico intensivista e em sua expressão mais essencial, não deve servir de interventor tem sua origem em algumas doutrinas instrumento para a satisfação dos interesses de outros morais abrangentes, muitas de cunho religioso, que indivíduos ou à realização de metas coletivas. A dignidade é fundamento e justificação dos direitos fundamentais penetram na interpretação jurídica”26. que devem conviver entre si e harmonizarem-se com Devido a importância do direito à vida, é de fácil valores compartilhados pela sociedade. compreensão que qualquer tentativa de flexibilização desse principio gerará discussão. A dignidade humana Nesse contexto, a concepção de dignidade, baseada está implicitamente inserida nesse privilégio e a na ideia de autonomia individual, é o usufruto da anulação desse privilégio uma negação da existência da liberdade e dos direitos fundamentais. A dignidade pessoa como sujeito, pois isso é a pré-condição da vida. como heteronomia, por sua vez, funciona como uma limitação à liberdade individual pela imposição de Nessa discussão, a vida é dada de maneira compulsória valores sociais e pelo cerceamento de condutas próprias sem que haja argumentação, e da mesma maneira o que possam comprometer a dignidade do indivíduo. direito à morte não lhe é facultado. Até que ponto a vida No sistema constitucional brasileiro, embora haja é um privilégio em si mesma? Um ponto a se considerar lugar para expressões heterônomas da dignidade, é que a atitude do médico nas terapias paliativas não é ela se manifesta predominantemente sob a forma de 24

SENADO FEDERAL. “Constituição da República Federativa do Brasil.” Brasília: Senado (1988).

25 BARROSO, Luís Roberto, MARTEL, Letícia de Campos Velho. “A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida.” PANÓPTICA-Direito, Sociedade e Cultura 5.2 (2010): 69-104.

26 Barroso, Luís Roberto, and Letícia de Campos Velho Martel. “A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida.” PANÓPTICA-Direito, Sociedade e Cultura 5.2 (2010): 69-104

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autonomia individual. 27

discutidas neste trabalho pretendem abrir espaço para a reflexão sobre as práticas médicas relacionadas com A dignidade humana deve servir de embasamento para a fase terminal do indivíduo, principalmente no tocante possíveis intervenções na evolução do quadro clínico ao desenvolvimento e aperfeiçoamento dos modelos de um paciente, sobretudo quando se refere a pacientes supracitados de terapias paliativas. terminais. Além do fundamento constitucional, que dá mais valor à liberdade individual do que às metas coletivas, sabemos que a dignidade se apoia PATERNALISMO E RELIGIÃO também em um fundamento filosófico mais elevado: O respeito à autonomia do paciente estende-se às crenças o reconhecimento do indivíduo como um ser moral, religiosas. Tais valores não podem ser desconsiderados capaz de fazer escolhas e assumir responsabilidades ou minimizados por outrem, em particular pelos pelas suas consequências. profissionais de saúde. Ademais, os valores religiosos Na noção de dignidade fundamentada na autonomia podem ser um fator positivo para o conforto espiritual individual admite-se como possíveis escolhas, por e recuperação de seu quadro patológico. parte do paciente, a ortotanásia, a eutanásia e o suicídio O pluralismo étnico e religioso é grande principalmente assistido. Todavia, onde a ortotanásia é disciplinada nos tempos atuais. Assim, conflito de interesses até adequadamente, do ponto de vista médico e jurídico, mesmo filosóficos é algo recorrente, muito embora a eutanásia e o suicídio assistido perdem muito de a harmonia predomine. Esses conflitos surgem de sua expressibilidade, ficando confinados a situações algo inerente à pessoa: sustentar sua opinião, crença e excepcionais e raras. filosofia é algo que é determinante para o perfil do ser A dor e o sofrimento podem se tornar intoleráveis humano, o que faz a diferença entre as pessoas.29 quando há medo, incompreensão ou depressão. A arte Diante disso, pode-se perceber que esses conflitos é encontrar um canal para sua expressão. O sofrimento filosóficos, políticos e religiosos são muito abrangentes deve despertar no profissional o desejo do cuidado, a e, portanto, não é de se espantar que, também, empatia e a compaixão; se ele levar ao distanciamento, influenciem na área do cuidado à saúde. Desse modo, indiferença ou tecnicismo, algo está errado. Para a pessoa tem o direito de reclamar por um tratamento cuidar é preciso se deixar tocar, abrir as antenas da que julgue conveniente e que esteja de acordo com suas sensibilidade para captar os sinais emitidos por aqueles convicções religiosas. É nesse ponto que a medicina e a que se encontram sob seus cuidados. religião entram em conflito ético e moral que se estende Para trabalhar com essas situações, torna-se ao longo dos tempos. fundamental constituir uma equipe multidisciplinar Respeitar as convicções religiosas bem como as vontades afinada, sintonizada e harmônica, tendo como de um paciente adulto faz parte da conduta ética de atividades o cuidado integral da pessoa com escuta e um médico na medida em que tal prática representa o acolhimento das histórias, sentimentos, utilizando os exercício da dignidade humana. sentidos, o olhar e o toque. No caso de pacientes cujos desejos finais são expressos, deve-se procurar atendê- O tema é tratado amplamente e protegido por leis los, o que é importante para proporcionar conforto e federais e leis em âmbito mundial como na Declaração dignidade. Aqueles, porém, que não se encontram sob Universal dos Direitos do Homem, que, expressamente, as condições necessárias para concretizar tais sonhos ou estabelece no seu inciso XVIII: “Todo homem tem desejos devem, da mesma forma que os outros pacientes, direito à liberdade de pensamento, consciência e religião’’. ser acolhidos e assistidos pela equipe multidisciplinar.28 Esse direito inclui a liberdade de expressar religião ou crença através de atividades de culto e ensino, no caso Importante explanar sobre esse tema que as ideias 27 Barroso, Luís Roberto, and Letícia de Campos Velho Martel. “A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida.” PANÓPTICA-Direito, Sociedade e Cultura 5.2 (2010): 69-104 28 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

29 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001 .

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a educação religiosa. Garante-se também o exercício do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de dessas atividades em particular ou em público.30 iminente perigo de vida’’.33 A atenção do médico deve pautar-se pelo consentimento esclarecido. Além de servir como base para a decisão do A razão para essa desconsideração para com as crenças paciente, ele serve também como base jurídica e respaldo individuais, segundo alguns pensadores, seria o para as condutas médicas. Assim, o papel do médico princípio da beneficência. Esse princípio exige que o será o de explicar as várias opções de diagnóstico ou médico realize o que for melhor para o paciente. O ponto tratamento que existem para aquele caso e os riscos e de vista, porém, que deverá ser levado em consideração benefícios de cada uma das terapias. será o do paciente e não o do médico. As vontades do enfermo, portanto, é que devem ser consultadas para o É necessário então que o médico, sob uma visão holística exercício da beneficência.34 do ser humano, possa, de maneira não paternalista, orientar o melhor tratamento ao enfermo, levando Nesse sentido, portanto, o respeito à autonomia e a em consideração inclusive o pensamento religioso do beneficência contribui harmoniosamente, para o bempaciente. Portanto, quando o processo de decisão é estar do paciente como um todo. Segundo Cohen, o Art. assim partilhado, o profissional de saúde age eticamente 56 do Código de Ética Médica seria menos conflitivo se e demonstra respeito às crenças religiosas do indivíduo fosse retirada a expressão “salvo em iminente perigo de vida”. Essa expressão apresenta um valor absoluto por ele assistido.31 e próprio para o indivíduo, portanto ela deverá ser Há várias religiões cujos princípios podem conflitar respeitada tanto frente ao iminente perigo, quanto nas com alguma forma de terapia. O caso das Testemunhas decisões sobre saúde35. Entretanto, por uma questão de Jeová é um exemplo de religião na qual determinados de lógica e ética, seria totalmente inadequado que o procedimentos médicos, muitas vezes rotineiros, não profissional de saúde, consciente ou inconscientemente, são aceitos por aqueles que a professam. reagisse à recusa de um paciente no sentido de privá-lo Por uma questão de consciência religiosa as Testemunhas de tratamento médico ou algo que lhe seja de direito de Jeová recusam transfusões alogênicas de sangue, mas receber. não recusam o tratamento médico em geral. Smalley Diante disso, o código fornece um mecanismo de diz: escape, embora não completamente ético, para decisões “Provavelmente, o aspecto mais bem conhecido das crenças das Testemunhas de Jeová no campo da bioética é a posição delas quanto ao uso de sangue. Elas entendem que a Bíblia proíbe os cristãos de manterem sua vida por meio da utilização de transfusões de sangue... [Passagens bíblicas específicas] sustentam que o abster-se de sangue é moralmente tão importante para o cristão quanto o abster-se da idolatria ou da imoralidade sexual”32

drásticas do médico em situações iminentes de morte. É importante salientar que os adeptos da religião Adventícia possuem muita instrução sobre o assunto, apresentando inclusive um corpo jurídico constituído por membros da própria igreja.

Agora vem o questionamento principal do Direito Penal brasileiro: A recusa de um tratamento não poderia ser O Código de Ética médica em seu Art. 56 diz ser considerado uma tentativa de suicídio em lato sensu? vedado ao médico o seguinte : ‘’Desrespeitar o direito Quanto a isso, Garizábal escreveu que atribuir a ideia de

30 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

31 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

32

FRANÇA, Genival Veloso de. Comentários ao código de ética médica. In:Comentários ao código de ética médica. Guanabara Koogan, 1994.

33 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

34

Cohen C. Direito do paciente. Medicina (CFM), Ética em debate 1997;(87):6

35 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

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suicídio aos casos de recusa de transfusões de sangue é fruto de uma “confusão”. Ele escreve: O mero fato de se recusar um tratamento não pode ser considerado como uma maneira de morrer. O suicida que deseja morrer cumpre a decisão de acabar voluntariamente com a vida. Ao contrário, e por fidelidade à sua consciência, abster-se de usar um meio curativo não significa a intenção de matar-se. Sua vontade é outra.

Na verdade, ao escolher tratamento isento de sangue, as Testemunhas de Jeová não estão exercendo o direito de morrer, mas o direito de escolher a que tipo de tratamento se submeterão.36

Na verdade, ao escolher um tratamento isento de sangue, as Testemunhas de Jeová não estão exercendo o direito de morrer, mas o direito de escolher a que tipo de tratamento se submeterão.37 Dessa forma é necessário que se busque ao máximo, apesar do caráter conflitante entre religião e prática médica, que a autonomia do paciente seja respeitada.

Não se pode tratar um separado do outro, mas, sim, tentar aliar esses dois temas de maneira que a questão religiosa não sirva de obstáculo e, sim, de auxílio para que se obtenha o melhor para o paciente.

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A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida. Rev. fac de dir. UFU, Uberlândia, v. 38, n. 1, p. 235-274, mar. 2016. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/ revistafadir/article/view/18530/9930>. Acesso em: 31 mar. 2016.

OLIVEIRA, Marcos Aragão Couto de. Autonomia privada

36 PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. Orientador: Prof. Dr. José Nicolau Heck. Defesa em, v. 3, 2001.

Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 85

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

PINHEIRO, Douglas Antônio Rocha. Testemunhas de Jeová: uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sanguíneas. 2001. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Departamento de Filosofia e Teologia, Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2001.

FRANÇA, Genival Veloso De. Comentários ao código de ética médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. 175 p.

SOUZA, Zelita Da Silva; MORAES, Maria Isabel Dias Miorim De. A ética médica e o respeito as crenças religiosas. Bioética, Brasília, v. 6, n. 1, p. 1-4, [2000?]. Disponível em: <http://revistabioetica. cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/329/397>.

Acesso em: 31 mar. 2016.

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COMENTÁRIO

A CONTEMPORANEIDADE DA ARROGÂNCIA Vale,V. L.1 1

Psicóloga do Núcleo de Apoio Psico-pedagógico da Faseh

“Nós não vemos o que vemos, Nós vemos o que somos.

Só veem as belezas do mundo, Aqueles que têm belezas dentro de si.”

Rubem Alves

O homem é uma criatura naturalmente rica de características multíplices. Em face disso, poderíamos discorrer em muitos tratados científicos, sobre a sua estrutura complexa e ,mesmo assim, tais estudos permaneceriam incompletos. Poderia analisar muitos outros, vários, aspectos que fazem parte dessa riqueza humana. Não obstante, neste artigo quero refletir apenas num item específico: a arrogância.

No sentido mais literal e atemporal,temos este significado: “ato ou efeito de arrogar(-se), de atribuir a si direito, poder ou privilégio.

Qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez.”

Contato: E-mail: psicologa_viviane@faseh.edu.br

Os gregos antigos deixaram-nos registros e sugestões, preciosos, sobre formas diversas de como pensar, imaginar e figurar a alteridade em ação nos processos de subjetivação. Luigi Zoja, em História da Arrogância, (ZOJA, 2000), defende o seguinte: a exploração crescente de nosso planeta provoca debates cada vez mais frequentes sobre os limites do desenvolvimento humano.

Esclarece-nos ele que os estudos avançam à medida que o problema se agrava, mas analisam-se apenas seus aspectos técnicos. Interroga o autor se devemos enfrentar os excessos da nossa civilização sem levar em conta seu aspecto psicológico? Por que razão queremos um crescimento infinito? Quando começou a corrida para o ilimitado?

Esclarece-nos que os antigos gregos, que moldaram a base da mentalidade ocidental, viviam aterrorizados pela fome de infinito que se ocultava dentro do ser humano. A essa fome davam o nome de hýbris(arrogância), o único verdadeiro pecado no seu código moral: os deuses eram invejosos e puniam com a nêmesis(justiça), sem atenuações, todo aquele que desejava em excesso. Entretanto, os próprios gregos se tornaram arrogantes e começaram a inverter aquele antigo tabu dos limites, colocando-se como deuses.Se é verdade que uma cultura pode negar apenas superficialmente as suas origens, que os deuses antigos foram substituídos, ainda Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, no 02 - Junho de 2016 87

que os seus mitos renascem em formas modernas, a nossa ânsia pelos limites do desenvolvimento não é apenas, então, uma questão técnica, mas de ordem constitutiva da origem humana.

ainda mais aparente e nocivo, em si tratando de jovens,e diria mais, no jovem universitário que além da sensação de poder absoluto, advinda dos excessos citados, nutre o sentimento de vaidade, tanto pela juventude que lhe é vivenciada, quanto pela possibilidade de tornar-se No entanto, e cada vez mais, os homens vêm buscando possuidor de títulos.Veja-se o que diz, ainda, Georg substituir os deuses, e, inevitavelmente, vivem a Simmel: soberania da arrogância. A arrogância induz a novas Assim nasce a situação problemática, tão característica formas que não se restringem à alienação, à servidão, do homem moderno: o sentimento de estar cercado por mas são também formas insidiosas de autoridade. Essas uma multidão de elementos culturais que, sem lhe serem formas de autoridade se desenvolvem em processos desprovidos de sentidos, não são, no fundo, significantes; paradoxais de transparência, nos quais a visibilidade é elementos que, no conjunto, tem alguma coisa de sufocante, pois ele não pode assimilá-los todos internamente, nem quase uma obrigação e respondem auma injunção de tampouco os recusar pura e simplesmente, porque eles visibilidade para existir profissional e socialmente. entram, por assim dizer, potencialmente na esfera de seu desenvolvimento cultural. (SIMMEL,1988, p. 212)

Rubem Alves diz o seguinte: “A arrogância está intimamente ligada à vaidade. A palavra vaidade vem do latim vanus que quer dizer “vão”.

Vaidade, assim, é o vazio, o sem conteúdo, o sem valor.

O arrogante está possuído pela vaidade. Vi um lagarto arrogante. Insignificante se não se percebia visto, quando queria impressionar os outros estufava um saco vermelho que havia no pescoço. Ficava, de fato, impressionante e amedrontador. Mas seu papo vermelho era “vanus”… estava cheio de ar”. (Rubem Alves,2009)

Assim são os arrogantes.

Com a modernidade, o indivíduo, identificado como moderno, internalizou, ao longo do tempo, o sentimento de desmedida (hýbris) e, com ele, a reivindicação de uma superioridade absoluta qualquer em relação a outras formas de racionalidade e culturas.

A ética da arrogância parece inscrever-se na dinâmica de produção e consumo dos objetos culturais, de sua visibilidade e autovalorização, da estética onipotente que assumem. Isso provoca e acentua a dissociação que atinge o mais profundo do sujeito moderno, criando obstáculos para novos processos de subjetivação. Jacy Alves de Seixas, em seu texto, Formas da arrogância e História, cita o autor Georg Simmel que escreve, avançando um preciso diagnóstico: “o desenvolvimento dos sujeitos não pode mais, agora, seguir a via tomada pelos objetos; se eles entretanto a seguirem, se perderão em um impasse ou em um terreno vazio da vida mais íntima e mais específica.” (SIMMEL 1988, p. 211) Essa análise não poderia ser mais atual quando a sensação de excesso, vacuidade e insignificância ronda o indivíduo contemporâneo, sobrecarregado de novas tecnologias digitais, ou por elas, e de possibilidades, ou por elas, mais ou menos virtuais e falaciosas de afastar a morte, a solidão e a finitude. Diante dessas possibilidades, o homem se vê acima de tudo e de todos. O que se torna

Ciência: lugar da arrogância?

Por estarmos envolvidos com a vida universitária, pressupomos heterogenia, e o consequente respeito às diferenças e individualidades: os homens são desiguais por natureza, mas nem sempre são capazes de se referir à razão e de dispensar as paixões.Todos os dias, milhares de pessoas se submetem ao deus criado pela humanidade: sua santidade o cientista. Seu santuário localiza-se nos edifícios dos modernos laboratórios, hospitais e universidades. Em todos os lugares, encontramos o especialista, guardião do conhecimento científico, o qual, pretensamente, tem resposta para todos os males que afligem a humanidade. São os pequenos profetas, representantes do saber canônico legitimado pela sociedade, autoridades instituídas que têm o poder da palavra. Há quem considere que a posse da sabedoria livresca e do conhecimento titulado e legitimado pelas regras institucionais concede status superior. Não fosse o mal e o sofrimento que causa – para si e para os outros – a arrogância bem que poderia ser desconsiderada ou simplesmente debitada às compreensíveis fraquezas humanas. A arrogância moderna também opera nos “vãos” e nos espaços invisíveis, algumas vezes de forma inconsciente. Sua presença, silenciosa e efetiva, conquistadora, é marcante ao longo do processo histórico, aparando e arredondando suas arestas e dissonâncias, e afunilando tal processo ao encontro de dispositivos atrelados à racionalidade científica e à noção de progresso.

Nesse cenário, o jovem universitário, pronto a resignificar, introjetar, projetar, formalizar, perde, muitas vezes, a medida dessas possibilidades ao confrontar-se com a vaidade da possibilidade de conquista do saber e o consequente poder aí associado.

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Por vezes, ensoberbado de vaidade, julga-se à imagem e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS semelhança dos deuses, detentor de um poder absoluto ALVES, Rubem. Sobre demônios e pecados. São Paulo: Verus, e raro.

Acredito que poderá ser questionado esse ponto do texto com o seguinte: “Oh, mas essa criatura não circula entre nós.” Então lhes responderei: “Ah, circula sim, e em um número muito além de vossas suposições.” Sim, é real, em nosso dia a dia, no contexto universitário, nos campos de estágio, nas redes sociais, nas festas estudantis, nos corredores e salas de aula etc. Essa condição de ser circula em todos os meios e em número cada vez mais crescente.

2009.

ARENDT, Hannah. Walter Benjamin: 1892-1940. In: ______.

Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008. p. 165-222.

BACON, Francis. Da simulação e dissimulação. In: ______.

Ensaios. Petrópolis: Vozes, 2007. p.24-27.

HAROCHE, Claudine; LOPES, Myriam Bahia; DÉLOYE,Yves. (orgs.).Ensaios sobre a arrogância. Belo Horizonte: NEHCIT/EA UFMG, 2015.110 p.

MIRANDOLLA,Giovanni Pico Della. Discurso sobre a dignidade

Não se trata de banir o jovem universitário discente, do homem. Lisboa: Edições70, 2008. ou castigá-lo, como os deuses gregos o faziam, mas a Universidade, como lugar do Saber, precisa atentar a ZOJA, Luigi. História da arrogância: psicologia e limites do desenvolvimento humano. São Paulo: AxisMundi, 2000. essas questões que, por vezes, também estão no lado de cá, no banco dos docentes e dirigentes.Tudo depende em quem queremos nos tornar. A perversidade dos pequenos poderes é apenas uma parte da história.

Assim como existem pessoas amargas (e eternamente em busca da fama entre meia dúzia), também existem os que possuem uma atitude generosa, engajada e encorajadora em relação aos outros.Vaidade pessoal, casos de fraude, falta de ética e de humanidade, plágio, são apenas uma parte da história da academia brasileira.

Tem outra parte: a que versa sobre criatividade e liberdade que nenhum outro lugar, ou instituição,tem igual. É essa criatividade, somada à colaboração, que precisa ser explorada ao invés de ser podada.

Hoje, o Brasil tem um cenário animador com relação à educação universitária. Há uma nova geração de cotistas ou bolsistas que veem a universidade com olhos críticos, que desafiam a supremacia das camadas médias brancas que se perpetuavam nas universidades e desconstroem os paradigmas da meritocracia.

Soma-se a isso o frescor político dos corredores das universidades no pós-junho (referência às manifestações nacionais de junho de 2013) e o movimento feminista que só cresce. Uma geração questionadora da autoridade, cansada dos velhos paradigmas. É para esta geração que fica um apelo: não troquem o sonho de mudar o mundo pela arrogância cômoda de uma bela pasta de couro cheia de títulos e vazia de experiências verdadeiramente humanas. Em definitivo, se o homem sonha ser Deus, ele deve se contentar em ser um homem “dentre os homens” (Sartre), vivendo em instituições duráveis fundadas, como ele, na aceitação da “autolimitação” e repudiando a arrogância, que não pode senão criar um mundo mortífero.

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HOMENAGEM

IN MEMORIAM Homenagem dos acadêmicos da turma XXI da Faseh, 15 de outubro de 2015

Mestre da paciência, Mestre do entendimento, Mestre da Medicina, Mestre dos Mestres. Hoje dedicamos o nosso dia a você!

Obrigada por cada puxão de orelha, obrigada pela sua constante preocupação, obrigada por ter nos ajudado em diversos problemas pessoais, nos sustentando emocionalmente, obrigada por nos enaltecer e nunca nos deixar desanimar, obrigada por ter tocado tantos corações, você mais do que ninguém sabia bem como chegar até eles.

Obrigada por cada longo bate papo pós-aula, obrigada por cada momento de descontração, obrigada pela reciprocidade íntegra aluno-professor, obrigada, principalmente, pela sua última aula de quarta-feira, a sua última!!! ¨Essa vai ser uma aula relax, vamos deixar a cirurgia de lado e falar um pouco de um assunto gostoso e que eu amo: Relação Médico – Paciente ¨.

Parece mesmo que você sabia o que iria acontecer, parece mesmo que você queria passar tudo o que tem de melhor, parece que você fez de propósito. Sim, essa, dentre tantas outras teorias, foi a principal para nos tornarmos os profissionais que queremos ser.

Obrigada por tamanha humildade e carisma. Obrigada por esse coração enorme, sempre atencioso e cuidador.

Hoje agradecemos a Deus por termos tido você em nossas vidas.

Hoje entendemos a sua missão no nosso meio.

Obrigada por espalhar sorrisos. Obrigada pelo som gostoso de sua gargalhada. Obrigada por nos ensinar a Medicina de um jeito diferente. Medicina com amor, muito amor! Obrigada por nos ensinar a sermos verdadeiros seres humanos. Obrigado, querido amigo e professor.

Hoje, com grande tristeza, nos despedimos de você - grande homem! - cumpriu gloriosamente a sua missão em nosso meio.

Deixamos nossos sentimentos à família, aos amigos e colegas de trabalho. Principalmente à esposa e professora Maria de Lourdes.

Querido Paulinho, continue tocando corações daí de cima! “Te amamos muito!”

Paulinho é rei!

Contato: E-mail: nicolly_medfaseh@outlook.com

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errata

CONTATOS DOS AUTORES CADERNOS TÉCNICOS DE SAÚDE DA FASEH VOLUME I

Autor

Título

Endereço eletrônico

Anna Barbara Freitas Carneiro Proietti

Análise comparativa da prevalência de manifestações clínicas em pacientes soropositivos para HTLV-1, com ou sem doenças clássicas

annaproietti@gmail.com

Aristides José Vieira Carvalho

A abordagem preventiva do pé diabético na atenção primária: Uma revisão integrativa da literatura

ariscar@terra.com.br

Carlos Ernesto Ferreira Starling

Infecção hospitalar e seus fatores de risco em unidades de terapia intensiva

cstarling@task.com.br

Edson Nascimento Campos

Do médico escritor ao professor-médico: uma questão de identidade profissional

edncampos@terra.com.br

Flávio Capanema

Avaliação da Hipertensão Arterial pulmonar pela Ecodoplercadiografia em crianças e adolescentes, com respiração oral

fcapa@uol.com.br

Henrique Segall Nascimento Campos

Rousseau não vai ao médico: uma leitura da crítica rousseauísta à arte médica

henriquesegall@gmail.com

José A. G. Ferreira

Coinfecção Hospitalar e seus fatores de risco em unidades de terapia intensiva

jantgferr@hotmail.com

José Carlos Nogueira

Da bancada ao leito: nova droga para o tratamento do glaucoma

jocano1937@gmail.com

Marcio Vinícius Lins de Barros

Angiotomografia de coronárias na detecção de cardiopatia aterosclerótica em pacientes com déficit perfusional não significativo à cintilografia miocárdica

marciovlbarros@gmail.com

Marcos de Bastos

Introdução ao sistema de Grupos Diagnósticos Relacionados (DRG) para gestão hospitalar

marcosdebastos.hemato@gmail. com

Regina Lunardi Rocha

Determinantes relacionados ao parto por via cesárea em maternidade de Município da área metropolitana de Belo Horizonte

reginalunardi@hotmail.com

Renato Assunção Rodrigues da Silva Maciel

Documentos Médicos: a declaração de óbito

renatoarsm@gmail.com

Sandra Regina Quintino dos Santos

O Cromossomo 21: caracterização, patologias relacionadas e associação à medicina contemporânea

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Tatiane Miranda

Aids: Comparação do perfil epidemiológico de indivíduos residentes na capital de Minas Gerais em Município de sua região metropolitana no período de 2007 a 2011.

Conhecimento sobre doenças sexualmente transmisíveis e sua prevenção por adolescentes do sexo feminino, estudantes da rede estadual de Vespasiano/ MG: um estudo transversal.

tatianemiranda@uai.com.br

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