Sensacionismo e orpheu

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO – CAC

ANNA GABRIELLA C. M. ALMEIDA FÁTIMA LUIZA DA SILVA SANTOS HANNAH C. M. SANTOS PAULO RAFAEL BARROS DE AGUIAR

SENSACIONISMO E REVISTA ORPHEU

Recife, 2015


ANNA GABRIELLA C. M. ALMEIDA FÁTIMA LUIZA DA SILVA SANTOS HANNAH C. M. SANTOS PAULO RAFAEL BARROS DE AGUIAR

SENSACIONISMO E REVISTA ORPHEU

Trabalho

feito

por

graduandos

em

Letras/Lic. Em Língua Inglesa com o objetivo

de

avaliação

para

nota

na

disciplina de Teoria da Literatura II – Poesia,

na

Universidade

Federal

de

Pernambuco. Orientadora: Professora Ermelinda Ferreira

Recife, 2015


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …………………………………………………….………………4 2 A EUROPA DO INÍCIO DO SÉCULO XX …………………………...………….5 2.1 AS VANGUARDAS EUROPEIAS ……………………………………………..5 2.1.1 Cubismo ………………………………………………………………..……..5 2.1.2 Dadaísmo ………………………………………………………………...…...6 2.1.3 Expressionismo ………………………………………………………….…..9 2.1.4 Surrealismo ………………………………………………………….……...10 2.1.5 Futurismo ……………………………………………………………….…...10 3 SENSACIONISMO …………………………………………………………..…..13 3.1 ANÁLISES DE POEMAS SENSACIONISTAS ………………………..…….14 3.1.1 Ah, aonde estou – Álvaro de Campos ……………………………..…...14 3.1.2 Ao volante – Álvaro de Campos …………………………………...…….15 3.1.3 Escavação – Mário de Sá-Carneiro ……………………………………...16 3.1.4 Esta velha Angústia – Álvaro de Campos ………………………….......17 4 REVISTA ORPHEU …………………………………………………………...….20 5 CONCLUSÃO ………………………………………………………………...…..23 6 REFERÊNCIAS ………………………………………………………………......24


1 INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda a revista Orpheu e o Sensacionismo de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. O objetivo do trabalho é traçar uma ligação entre a revista trimestral portuguesa e o movimento literário conhecido como sensacionismo, que teve como principais nomes Pessoa, Sá Carneiro e Álvaro de Campos. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. A revista Orpheu foi uma revista portuguesa trimestral publicada e organizada em Lisboa por escritores como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros. Era planejada para ser lançada trimestralmente, porém apenas nos dois primeiros trimestres de 1915 suas duas e únicas edições foram publicadas, sua terceira edição foi cancelada por problemas financeiros. Influenciou posteriormente vários movimentos vanguardistas na área da literatura sendo primeiramente polêmica e também foi planejada para ter edições brasileiras, editadas por Ronald de Carvalho. Para Fernando Pessoa, o Sensacionismo estava profundamente ligado à revista, pois os textos publicados nela chocam e desconstroem ideias preestabelecidas pela sociedade da época, por isso a polêmica ao publicar a revista e a falta de financiamento para dar continuidade a ela. Pessoa foi influenciado pelas vanguardas europeias, principalmente cubismo e futurismo elabora uma reinterpretação própria dele para essas duas formas de expressão artísticas e adaptando-as a literatura, que era a área do poeta e também com o intuito de mostrar os sentimentos colocados em seus escritos. Até mesmo pela própria instabilidade social, época em que acontecia a primeira guerra mundial existia um sentimento de pessimismo entre a sociedade, quem reflete isso em suas publicações na revista é o escritor Mário de Sá Carneiro, escrevendo contos e poemas sobre sua crise de personalidade e sobre não conseguir se encaixar nem se identificar no local no qual está inserido na sociedade. Em relação às vanguardas europeias, é de fundamental importância entendê-las para que se tenha um melhor embasamento e compreensão da obra de Fernando Pessoa, a que mais o influenciou foi o Futurismo, pois é nele que seu heterônimo Álvaro de Campos se manifesta e apresenta seus pontos de vista e ideais em seus poemas.

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2 A EUROPA DO INÍCIO DO SÉCULO XX O século XX foi marcado por diversas mudanças científicas, sociais e artísticas. O anúncio da teoria da relatividade, a invenção da fotografia, a publicação do manifesto futurista, o desenvolvimento do fordismo, a expansão do capitalismo e o início da Primeira Guerra Mundial foram alguns dos eventos que marcaram as primeiras décadas. No meio de todos esses acontecimentos, surgiram as vanguardas europeias, movimentos artísticos que tiveram grande influência no sensacionismo e na geração Orpheu. 2.1 As vanguardas europeias Valorizando as colagens, cores, a geometrização das formas, os sonhos ou desprezando o passado, cada vanguarda teve sua importância no cenário cultural da época com suas características bem definidas e obras de artes valorizadas até hoje. 2.1.1 Cubismo O Cubismo surge em 1907 em Paris, ano do quadro As Senhoritas de Avignon de Pablo Picasso.

“As Senhoritas de Avignon”, 1907. Pablo Picasso. Fonte: Digestivo Cultural

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O Cubismo tem origem na obra do impressionista Cézanne porque ele já trazia pintura com formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Porém, os cubistas vão além disso. Eles tentam representar os objetos em três dimensões numa superfície plana com formas geométricas. As principais características do cubismo são: • geometrização das formas e volumes; • renúncia à perspectiva; • o claro-escuro perde sua função; • representação do volume colorido sobre superfícies planas; • sensação de pintura escultórica; • cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave. No Brasil, o principal representante do Cubismo é Cândido Portinari. Em suas obras nota-se claramente a influência picassiana nos traços de pintura. 2.1.2 Dadaísmo Dada não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros Jesus chamando criancinhas do dia, o retorno ao primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano. —Tristan Tzara, 1918

O dadaísmo, ou movimento dada, é, talvez, a mais peculiar das vanguardas que surgiram na Europa. Originou-se em um clube artístico, o Cabaret Voltaire, em 1915, em Zurique, Suíça, liderado por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. O nome dadaísmo tem origem incerta, não se sabe ao certo qual foi a forma que foi escolhido o nome, mas, existem algumas teorias em relação a escolha. Uma delas é a de que dadaísmo vem das primeiras palavras pronunciadas por um bebe: “dada”. Outra teoria diz que o nome foi 6


escolhido quando se abriu um dicionário e o nome dada apareceu. Significa cavalinho de brinquedo em Frances. Independente da origem, o nome vem a representar o caráter antirracionalista do movimento dadaísta. O movimento dadaísta surgiu no período da primeira guerra mundial. Ele veio com um sentimento de revolta e apresentava isso em sua arte, o dadaísmo era contra o capitalismo e contra a guerra movida pelo capitalismo, o dadaísmo queria destruir esses valores burgueses. O movimento dada queria criar uma “anti-arte”, negava todos os valores artísticos e estéticos atuais a sua época. O dadaísmo foi presente nas artes plásticas, pinturas e esculturas e na literatura. Na pintura e escultura dadaísta é comum o uso de objetos encontrados na rua, pedaços de metal. Também é importante ressaltar o uso de colagens como expressão máxima dadaísta.

Colagem Dadaísta, 1930. Hannah Höch. Fonte: MoMA

A obra apresentada é uma colagem dadaísta da artista alemã Hannah Höch, importantíssima artista do movimento dada e precursora da fotomontagem. O dadaísmo tem como característica principal o non-sense, o ilogismo e foi na literatura que essas características tiveram sua expressão máxima. Um exemplo que podemos ter dessas características na literatura foi dado por Tristan Tzara, fundador e maior divulgador dessa vanguarda: A receita de como se fazer um poema dadaísta. 7


A Receita pra fazer um poema dadaísta.          

Pegue um jornal. Pegue uma tesoura. Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema. Recorte o artigo. Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Seguidamente, tire os recortes um por um. Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco. O poema será parecido consigo. E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo. O Dadaísmo também deixou sua marca no Brasil. Na pintura brasileira, temos

como referência dadaísta de destaque os pintores Ismael Nery e Flavio de Carvalho. A literatura foi o maior veículo de disseminação do dadaísmo no Brasil. Mario de Andrade, um dos precursores do modernismo brasileiro, teve forte influência do non-sense em sua obra, pauliceia desvairada, por exemplo, característica claramente dadaísta. Manuel Bandeira, um dos maiores poetas brasileiros, também apresentou influência dadaísta em sua obra, principalmente em seus poema-piada. Ode ao burguês “Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem feita de São Paulo! O homem-curva! o homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)” Mário de Andrade Ode ao burguês é um poema do escritor Mario de Andrade, publicado no livro Paulicéia desvairada. Característica clara do dadaísmo no poema é a crítica ao burguês, por exemplo. Ainda no livro Paulicéia desvairada, em seu prefácio, Mario de Andrade recomenda que leiam os poemas aqueles que sabem urrar, outra característica do 8


dadaísmo que procurava outras formas de expressão. 2.1.3 Expressionismo O Expressionismo surgiu em 1910 na Alemanha, como oposição ao estilo impressionista francês de arte. Os expressionistas valorizavam a pintura com traços e efeitos da luz do sol e a valorização das cores. Do expressionismo destacam-se as obras "O grito" (1893) de Edward Munch. Este foi considerado o primeiro quadro expressionista.

“O grito”, Edward Munch. Fonte: Saber Cultural

A arte expressionista surge durante o Romantismo alemão e traz consigo as manifestações do período como a materialização do sentimento do artista sem se preocupar exatamente com o belo da imagem representada. Fora da Alemanha, o expressionismo se expressa em outros países da Europa, dentre eles Bélgica e Holanda. No Brasil, a pintora Anita Malfatti produz obras no estilo expressionista. Esta arte de vanguarda teve declínio em produção artística a partir do momento em que Adolf Hitler começa a tomar o poder na Alemanha e a criar seu estado ditatorial que se opunha às artes livres.

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2.1.4 Surrealismo O Surrealismo é um movimento de vanguarda que durou 21 anos, entre 1924 e 1945. Em 1924 foi escrito o primeiro Manifesto Surrealista pelo francês André Breton, definindo o movimento em termos filosóficos e psicológicos. A ideia do Surrealismo era o “estado de fantasia supernaturalista” de Guillaume Apollinaire. Havia a crítica à racionalidade burguesa em favor do fantástico e dos sonhos. Esse movimento de manifesta na literatura, pintura, fotografia e cinema. Um dos nomes mais conhecidos é o catalão Salvador Dalí.

A persistência da memória, 1931. Salvador Dalí. Fonte: Educação Pública

O Surrealismo rapidamente se espalha de Paris por toda Europa até o Brasil e Estados Unidos. Neste, o surrealismo inspira para o expressionismo abstrato e a arte pop. Naquele, aparece em diversas obras como as de Ismael Nery e Cicero Dias, assim como nas fotomontagens de Jorge de Lima. Nos dias atuais artistas continuam a tirar proveito das lições surrealistas. 2.1.5 Futurismo “Olhe-nos!

Nós

não

estamos

esfalfados...Nosso

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coração não tem a menor fadiga. Porque ele está nutrido pelo fogo, pelo ódio e pela velocidade!...Isso o espanta?” “Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas ideias que matam, e o menosprezo à mulher.” – Filippo Marinetti, 1909

Movimento artístico extremamente radical, o futurismo, movimento artístico e literário, e primeira vanguarda histórica do século xx, surgiu em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação do manifesto futurista pelo poeta italiano Filippo Marinetti na revista francesa Le Figaro. O manifesto de 1909 foi primeiro de muitos manifestos publicados desse movimento, Mais de trinta deles foram publicados. O primeiro manifesto carregava o slogan “Les mots in liberté” (Liberdade para as palavras). O futurismo era extremamente radical em suas ideias, sempre manteve uma posição de desprezo com o passado, com o antiquado, desprezo esse muito bem representado por Marinetti. O futurismo exaltava a modernidade, o novo, o progresso, o futurismo tinha uma paixão pelo maquinário a um ponto que pode ser comparado com o erotismo, a fetichização desses objetos que eram a marca máxima da modernidade, do progresso científico. O movimento pregava que a arte tinha como deve demolir aquilo que era antigo e exaltar o novo, desvalorizava todo moralismo e tradição e a propaganda era o veículo principal do movimento futurista. Filippo Tommasso Marinetti é o fundador e principal divulgador do futurismo, italiano nascido na cidade de Alexandria no Egito, sempre glorificou o moderno como também a guerra. Para Marinetti, a guerra é a única forma de higiene do mundo e sempre teve a primeira guerra mundial como o mais belo poema futurista. Marinetti era fascista e essas ideologias influenciaram demais o movimento futurista. A pintura futurista teve como maiores representantes os pintores e escultores G. Balla, Carlo Carrá, Luigi Russolo e Umberto Boccioni. A pintura futurista é marcada pela abstração, cores vivas e contrastes. Para o pintor futurista não interessa capturar, por exemplo, o automóvel em sim, mas sim o movimento daquele automóvel, a velocidade, algo que é tão exaltado pelo movimento futurista.

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Dinamismo de un'Automobile, 1912. Luigi Russolo. Fonte: GaleryIntel

Como exemplo de pintura futurista temos a pintura a cima de Luigi Russolo: “O dinamismo do automóvel”. A pintura data de 1911. Nela podemos ver marcas do futurismo, como o registro da velocidade do automóvel. A literatura futurista também é extremamente marcada pela revolta com o padrão antigo e defasado das normas gramaticais, rompia com a norma culta. As frases nas obras futuristas eram fragmentadas, procurando passar a ideia de velocidade, apresentavam onomatopeias, figuras de linguagem. Os próprios manifestos tinham essa marca. Exemplo temos “O manifesto técnico da literatura futurista” que propunha a “destruição da sintaxe”. As obras futuristas queriam representar por meio das palavras a velocidade, os sons mecânicos, o progresso moderno. No Brasil, o futurismo foi trazido por Anita Malfatti e Oswald de Andrade que, em suas viagens a Europa, tiveram acesso ao manifesto futurista. A semana de arte moderna de 1922, que buscava a rejeição ao passado e a glorificação da modernidade, foi inspirada pelo futurismo. Em Portugal, apesar de ter sido apresentado anteriormente, o futurismo só apareceu como movimento com a publicação da segunda edição da Revista Orpheu, de Fernando Pessoa e Mario de Sá-Carneiro. Na revista apareceram obras como a Ode triunfal de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando pessoa, Obra esta tida como a obra prima do futurismo por Mario de Sá-Carneiro. Na revista aparecem, também, pinturas futuristas de Santa-Rita pintor.

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3 SENSACIONISMO

Disse Fernando Pessoa: “Sentir é criar”. Surge então o Sensasionismo, corrente de vanguarda portuguesa, entre os anos de 1914 a 1917. No período da primeira guerra mundial mais especificamente, o modernismo, que já era vivenciado, vinha com o objetivo de substituir o velho nas artes por novas formas de expressões artísticas e, em meio de diversas vanguardas que surgiam na Europa naquela época, o poeta português defende com afinco seus ideais que viriam a dar vida ao sensacionismo. O sensacionismo teve seu início com a amizade entre Fernando Pessoa e Mario de Sá-carneiro, através de cartas que este enviava para Pessoa contando sobre as novidades de paris, cidade onde Sá-carneiro morou ate o dia em que cometeu suicídio em 1916. Fernando pessoa, na época já era critico literário da revista A águia, e, em seus ensaios, defendia a necessidade de uma mudança estética e social. Através dos ideais sustentados pelo poeta, de que a realidade é a sensação e a única realidade na arte é a consciência das sensações, o sensacionismo já dava seus primeiros passos, mas é interessante ressaltar que não foi a revista A águia “o veículo” do sensacionismo, mas sim a revista Orpheu, dirigida por Fernando Pessoa e Mario de Sá-carneiro. O Orpheu era o veículo privilegiado do sensacionismo, dizia pessoa. O sensacionismo buscava com todo esforço a renovação, olhava para o futuro e procura se distanciar de valores clássicos, rejeitava a ideia de que a arte tinha que ser simples, sem o envolvimento do temperamento do artista. O sensacionismo foi um movimento estritamente literário, essa corrente tinha como característica principal o valor máximo que dava as sensações, ou seja, a base de toda arte é a sensação. Toda a arte é a conversão de uma sensação do artista em objeto, numa outra sensação. Outra característica marcante do sensacionismo é a de que, enquanto as outras vanguardas tinham muitas vezes ideais de determinar a arte, assim, excluindo toda e qualquer escola literária, a corrente sensacionista buscava admitir todas elas. O sensacionismo propôs um movimento aberto e pacífico. Como expoente temos Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Campos foi o único heterônimo a manifestar-se por fases poéticas diferentes, uma dessa 13


fase foi a “fase sensacionista”, onde produz inúmeros poemas de exaltação ao moderno, ao progresso. O lema de Álvaro de Campos é: “Sentir tudo a sua maneira”.

3.1 Análises de poemas sensacionistas 3.1.1 Ah, aonde estou – Álvaro de Campos1 O poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, traz primeiramente uma sextilha com versos brancos, apenas com um jogo de palavras em seus dois primeiros versos e a repetição da palavra “gente” no terceiro e quarto versos. Na segunda estrofe, o poeta não tem preocupação com rima mais uma vez, trazendo um dístico. Nota-se também as exclamações utilizadas nos terceiro, quarto e quinto versos para marcar a entonação do poema, sendo bem característica da segunda fase de Álvaro de Campos, visto que esse heterônimo foi o único em que teve três fases, a primeira sendo decadentista, influenciada por Romantismo e Simbolismo, movimentos literários nos quais se caracterizam pelo tédio, a apreciação da morte, a náusea. A segunda sendo a sensacionista que tem como base ideias do Futurismo, o qual traz pensamentos sobre a máquina e o avanço tecnológico como temas tratados, e até mesmo o próprio nojo que o autor sentia pela sociedade, sendo bem retratados no poema apresentado acima e, principalmente, em Ode triunfal mostrando essa necessidade de sempre sentir algo novo, essa busca de sentimentos, o que o afasta até de seu outro heterônimo, Alberto Caeiro. Em sua terceira, e última, fase Álvaro retorna um pouco à sua primeira fase, sendo bastante pessimista e utilizando-se de sentimentos bucólicos também, se aproximando da obra de seu “criador”, Fernando Pessoa. É importante ressaltar e notar, que esse poema especificamente, é quase uma exceção à regra, pois é muito característico de Álvaro de campos, em sua segunda fase, fazer poemas extensos e irônicos até, já em “Ah onde estou” o heterônimo de Fernando Pessoa é bem mais objetivo e claro ao falar sobre seus sentimentos em relação a sociedade. Sentimentos esse que puxam a parte de profundidade do poema, notando-se que Fernando Pessoa traz consigo nele o nojo em que ele sentia pela sociedade, considerando-a hipócrita e criticando-a por isso. No quinto verso da primeira estrofe, ele comenta que está cansado de ver e ouvir e que não pode desfazer esses atos, pois para ¹Análise por: Anna Gabriella C. M. Almeida

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ele a sociedade em que vive é digna de pena, ele está cansado de ver tanta hipocrisia e tanta valorização de algo, que para ele, não vale a pena. No sexto verso ele traz palavras como murmúrio, regatos e arvoredo que provavelmente faz uma ligação com o verso anterior com a palavra “ouvir”, e, com isso, o breve “comentário” entre parênteses o autor talvez se aproxime um pouco de seu outro heterônimo, Alberto Caeiro, o qual se aproximava bastante da natureza, chegando até a ser um pouco bucólico. Na última estrofe, o nojo volta e nota-se um campo semântico de palavras, as quais são vomitar, alvorotado e náusea. Porém essas palavras significariam algo extremamente físico relacionadas ao corpo humano, se o escritor não tivesse colocado “alma” em sua última estrofe, pois esse enjoo que ele sente é motivado pela sociedade em que vive e que faz questão de tentar não se incluir nela. 3.1.2 Ao volante – Álvaro de Campos2 O engenheiro sensacionista, Álvaro de Campos, Heterônimo do poeta português Fernando Pessoa, teve, durante toda sua vida como poeta, passagem por três momentos de escrita, cada fase marcada por características e estilo diferente. A segunda fase do poeta, Sensacionista/Futurista, é marcada pelo louvor a modernidade, exalta o progresso em uma quase erotização pelo maquinário. Essas características futuristas podem ser encontradas em um poema seu: O volante. O Poema é estruturado em 9 estrofes, 50 versos brancos, 4 sextilhas, 2 quartetos, 1 monóstico, 1 septilha e 1 décima. Na primeira estrofe do poema, o homem ao volante esta a caminho da Sintra, vindo de Lisboa, controlando um automóvel, um carro Chevrolet na estrada deserta. Logo nos primeiros versos, já é perceptível que aquilo, se dirigir a Sintra, não é a vontade do motorista, aquilo não o satisfaz por completo. Isso é algo que vem a se confirmar nos primeiros versos da segunda estrofe do poema, o motorista não queria ter deixado Lisboa, ele vai passar a noite em Sintra por não poder ter passado em Lisboa. Seguindo, o motorista toma consciência de si. A discussão interna do eu-lírico, suas angustia e inquietações se fazem presente e ele as define como coisas sem propósito, sem nexo. Uma angustia excessiva por coisa nenhuma. Na terceira estrofe do poema, o autor volta ao automóvel Chevrolet, o carro que lhe emprestaram. O motorista tem os carros sobre seu comando, a ilusão de que o homem controla a máquina, os carros, maleável ao seu ²Análise por: Paulo Rafael Barros Aguiar

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movimentos subconscientes. Nas próximas estrofes, o motorista já vê o automóvel de forma diferente e é, também, apresentado novas maneiras como esse automóvel é visto por outras pessoas. A esquerda ele vê um casebre a beira da estrada, mas, o motorista vê o casebre de dentro do carro, nesse momento, ele toma consciência que o carro emprestado é, na verdade, sua prisão, é onde ele está fechado, pois apenas o controla se estiver dentro dele, o símbolo da liberdade que era o carro agora é o seu confinamento e, agora, é através das janelas desse Chevrolet que o motorista enxerga o mundo a sua volta. Ele vê o casebre, que julga modesto, e as pessoas ali dentro, e pensa que ali sim a vida deve ser feliz, só por que essa vida não é a sua, sentimento este que contrasta com os sentimentos daqueles que vivem no casebre. Estes observam o motorista passar dentro do carro e o admiram, o veem como diz, como um sonho, uma fada real, pois pensam que ele sim é feliz, pois esse tem um carro, símbolo máximo da liberdade como visto pelos demais, mas, também, símbolo de prisão, como é visto pelo motorista. Essas estrofes representam a relação da burguesia e os demais em sociedade, um olhando e admirando o outro, sem consciência da realidade oposta. O motorista agora acelera, deixando pra trás o casebre a caminho de Sintra, mas, admite ter deixado pra trás seu coração insatisfeito.

3.1.3 Escavação – Mário de Sá-Carneiro³ A construção do sujeito na obra de Mário de Sá Carneiro é uma busca por uma identidade dentro de um processo de vida dolorosamente incessante. Ele adota uma Escrita Intimista, das sensações do íntimo. A publicação de Escavação data de 1913 no livro Dispersão. Os versos do poema trazem questionamentos quanto à existência e identidade do eu-lírico e uma busca incessante por respostas quase inalcançáveis. Escavação possui quatro estrofes, dois quartetos e dois tercetos. A maioria dos versos possui dez sílabas poéticas e as rimas são ABBA/BAAB/CCD/EED, ou seja, são de acordo com a forma "soneto". Além disso, nos dois quartetos há a apresentação de um tema cujo desenvolvimento vem nos dois tercetos. Assim, o soneto é construído por apresentação, desenvolvimento e conclusão. Escavação poderia ser considerado um soneto simbolista (final do século XIX - início do século XX) por seguir essa rigorosa ³Análise por: Fátima Luiza da Silva Santos

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característica. Entretanto, há versos compostos por nove sílabas poéticas e um verso de onze sílabas. Os poemas de Mário de Sá-Carneiro trazem uma natureza da vida dele. Ele, através dos versos, conta o sentimento dele em relação ao que está vivendo. Talvez, ele tenha tido sentimentos repreendidos e os coloca em seus versos. 3.1.4 Esta velha angústia – Álvaro de Campos 4 Segundo o Dicionário Aurélio (2010), heterônimo é o “outro nome, imaginário, que um autor empresta a suposto autor de certas obras suas”. Fernando Pessoa criou heterônimos com personalidades e estilos diferentes, entre os quais, os mais relevantes para este trabalho são: Alberto Caeiro, o mestre dos seus heterônimos; Ricardo Reis, que busca o racionalismo; e Álvaro de Campos, único com 3 fases poéticas definidas e que teve grande importância para o sensacionismo. O poema Esta Velha Angústia, assinado por Álvaro de Campos, heterônimo no qual Pessoa afirma em sua carta a Adolfo Casais Monteiro (1935) ter depositado toda a emoção que não dava à si e nem à vida, relata em 38 versos livres de rimas brancas, um grande sentimento de angústia. Tais versos estão organizados em 6 estrofes: duas oitavas, duas sextilhas, uma nona e um monóstico, demonstrando a afirmação de Pessoa encontrada na mesma carta citada de que escrevia em nome de Campos quando sentia uma súbita necessidade de escrever, mesmo sem saber exatamente o quê. Logo no inicio do poema, o eu-lírico relata ser consumido por uma angústia que carrega há séculos e que transborda da vasilha, o recipiente de toda essa angústia, ou seja, o próprio eu-lírico, em lágrimas e grandes imaginações, mostrando como o autor transformou essa dor em arte, confirmando a natureza "histericamente histérica" de Campos (Pessoa, 1935), assim como os seus "sonhos em estilo pesadelo sem terror" e as suas "grandes emoções súbitas sem sentido algum". Na segunda estrofe o sujeito poético mostra como esse sentimento o afetou. Perdido, ele afirma que mal sabe como conduzir a vida, reforça o mal-estar que sente e que cria "pregas na alma" e demonstra seu desejo de enlouquecer, pois sente que o meio do caminho, o "estar entre" a tristeza e a loucura é o que alimenta o sentimento de angústia que o eu-lírico carrega consigo, o que pode ser percebido através da frase não terminada no penúltimo verso, seguida por um pronome demonstrativo que não termina o 4

Análise por: Hannah C. M. Santos

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seu pensamento e nos leva de volta ao sentimento da angústia. O autor começa a estrofe seguinte afirmando que "Um internado num manicômio é, ao menos, alguém/Eu sou um internado num manicômio sem manicômio" demonstrando como se sente aprisionado mesmo estando livre e como não se sente merecedor de ser considerado alguém. Esse sentimento também é encontrado em outro poema do mesmo heterônimo, Tabacaria, em que afirma não ser nada, nunca poder ser nada e não poder querer ser nada. E então, n'Esta Velha Angústia, começa a listar mais contradições em si: lúcido e louco, alheio e igual, dormindo e desperto. Vale aqui uma atenção especial ao 6º e ao 7º verso dessa estrofe: "Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura/Porque não são sonhos". Nessa parte o autor além de retomar as contradições, retoma também os sonhos da primeira estrofe e a ideia de meio do caminho, por assumir que seus sonhos só podem ser loucura, por não serem devidamente sonhos. O autor, então, volta a recorrer à frase não terminada, passando uma sensação de falta, de fragilidade. Na estrofe seguinte o eu-lírico começa a falar de forma exclamativa de sua casa de infância. Romantizando a casa de infância, ele dialoga com ela e indaga o que foi feito do menino que lá viveu, afirmando que está agora maluco, mostrando que não mais quer ser maluco, como afirma querer ser no 4º verso da segunda estrofe e deixa subentendido na terceira, mas que agora verdadeiramente o é. Em seguida o sujeito poético discorre sobre a sua desesperança. Deseja que tivesse uma religião, algo para ter fé. Octavio Paz afirma em O Arco e a lira (1982, p. 166) que apesar de religião e poesias serem ambas um mudar de natureza que é também um regresso à natureza original, a poesia difere da religião por ser uma revelação de si mesmo que o homem faz a si mesmo, enquanto a segunda pretende nos revelar um mistério que nos é alheio. Nos versos seguintes Campos fala então do manipanso que havia na sua casa de juventude, situada na África, fazendo referência à juventude de Fernando Pessoa. E em seguida despreza o manipanso: diz que era feio e grotesco, e logo emenda: “Mas havia nele a divindade de tudo em que se crer”. O manipanso é qualquer coisa, física ou não, real ou abstrata, que possua uma essência sobrenatural. Mas não é só no manipanso que ele deseja acreditar: deseja ter fé em Júpiter, em Jeová ou na humanidade, mostrando toda a sua desilusão modernista. Na última estrofe, um monóstico, Álvaro de Campos exclama: “Estala, coração de vidro pintado!”, dando a ideia de que além de rachado, quebrado, em pedaços (“Estala”), o coração é também falso, não só em matéria (“de vidro”), mas também em cor e 18


essência (“pintado”).

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4 REVISTA ORPHEU Orpheu foi uma revista trimestral de literatura e arte destinada a Portugal e Brasil que teve sua primeira edição publicada em 25 de março de 1915, correspondente a Janeiro, Fevereiro e Março. A revista continha 83 páginas impressas em papel de excelente qualidade. A introdução fora escrita por Luís de Montalvor definindo as intenções da obra de um grupo de jovens artistas. A Geração de Orpheu foi a responsável pela introdução do Modernismo nas artes e literatura portuguesas. Esse grupo seguia as tendências das vanguardas europeias do início do século XX, principalmente o Futurismo. Nas palavras de Fernando Pessoa: “Pertenço a uma geração que ainda está por vir, cuja alma não conhece já, realmente, a sinceridade e os sentimentos sociais”.

Capa da 1ª edição de Orpheu, 1915. Fonte: Expresso

Classificada como literatura subversiva ou revista de malucos pela sociedade conservadora da época, o periódico era destinado a um público intelectual e exigente, ao 20


contrário de outras revistas de artes da época, que procuravam levar uma leitura leve ao público geral. Os leitores eram encorajados a assinar ou comprar a revista, para que assim os organizadores continuassem a sustentar a publicação da mesma. A geração Orpheu tinha como foco o futuro, esquecendo o que havia passado. A segunda edição de Orpheu, correspondendo aos meses de abril, maio e junho, veio como uma espécie de resposta aos críticos que descreveram a revista como “órgão dos malucos”. Ângelo de Lima, poeta internado em um manicômio, foi convidado por Fernando Pessoa a publicar na revista. Seus Poemas Inéditos, então, preencheram 5 páginas do segundo número de Orpheu.

Capa da 2ª edição de Orpheu, 1915. Fonte: Biblioteca digital da Universidade de Coimbra

A segunda edição da revista também contou com poemas de Mário de SáCarneiro, Violante de Cysneiros (nome usado por Côrtes-Rodrigues para assinar os poemas publicados na revista) e Fernando Pessoa, assinando poemas como ele mesmo e como Álvaro de Campos. Uma terceira publicação foi organizada por Fernando Pessoa, 21


mas foi cancelada por falta de verba quando o pai de Mário de Sá-Carneiro, que até então custeava a publicação da revista, suspendeu o financiamento do projeto.

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5 CONCLUSÃO Ao longo da pesquisa pode-se notar que Fernando Pessoa foi uma pessoa fundamental para o Modernismo português, contando sempre com a ajuda de Mário de Sá Carneiro para introduzi-lo as ideias vanguardistas europeias. Dando início ao Sensacionismo e caracterizando-o na revista Orpheu tratados no trabalho. O engrandecimento do trabalho deve-se também as influências que Fernando Pessoa teve ao escrever suas poesias, principalmente com as vanguardas europeias e sempre fazendo uma conexão com elas, pois foram inspiradoras e fundamentais para a obra tanto de Pessoa, quanto para seus heterônimos, um dos quais mais citado, sendo Álvaro de Campos, principalmente a futurista. A análise de poemas também foi fundamental para melhor conseguir interpretar os sentimentos observados e tratados no decorrer do trabalho, pois ter contato com as obras do artista ajuda-nos a compreender o que os escritores tentaram passar para os leitores.

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