EDIÇÃO N° 7
>> EDITORIAL
Linchamento moral e Perseguição Aldimar Assis Presidente do SASP
O
Brasil vem passando por um processo de recrudescimento político com viés de direita preocupante, só visto nos atos hostis contra o presidente João Goular t em seu curto mandato entre 1962 e 1964, nos atos ‘populares’ criados ar tificialmente para a viabilização do golpe que ceifou a democracia no País por 21 anos. Um dos exemplos deste fenômeno foi o lamentável episódio dos protestos em frente ao Fórum da Barra Funda no dia 17 de fevereiro, quando entraram em confronto, defensores do ex-presidente Lula e grupos de direita, inclusive par tidários da “Intervenção Militar”, que brandiam faixas com os dizeres “Somos todos Sérgio Moro”. O Instituto Lula protestou contra a perseguição ao ex-presidente por meio de nota, afirmando que “são infundadas as suspeitas do Ministério Público de São Paulo e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por par te do ex-presidente Lula ou seus familiares”. Em outra nota o Instituto também afirmou que “medidas serão tomadas diante da conduta irregular e arbitrária do promotor Cássio Conserino”. O promotor teria antecipado sua ação contra Lula e Marisa à revista Veja, órgão claramente golpista e que vem realizando uma campanha sistemática de linchamento moral do ex-presidente
e de toda a esquerda. No protesto contra Lula, convocado entre outros por um blog de nome “Reaçonaria” (não poderia ser mais emblemático), par ticiparam também um grupo audodenominado “Endireita Brasil”, e os “Revoltados Online”, entre outros. Em uma das convocações para o protesto contra o ex-presidente um tuiteiro sugeria: “leve fruta podre ovo lixo pra jogar no comunista sem dedo”.(sic) O momento é de reflexão. Defendemos apurações contra todos os envolvidos em qualquer ato de corrupção, mas há uma preocupante seletividade do Judiciário e do MP contra uma parcela de acusados, e uma enorme leniência para com outros, desequilibrando o estado democráti-
co de direito. Norber to Bobbio, em sua obra “Qual Democracia?” (2010) afirma que “o regime democrático é caracterizado não tanto pelas instituições de que se vale quanto pelos valores fundamentais que o inspiram”, visando “realizar, tanto quanto possível, a igualdade entre os homens”. Sem igualdade de direitos - inclusive os de defesa - não há que se falar em democracia (e isto inclui a ampla defesa e trânsito em julgado das decisões) conspurcada recentemente - e infelizmente - pela mais alta Cor te de nosso País, ao decidir absurdamente pela prisão imediata dos réus com condenação em 2ª. Instância, ainda que pendentes recursos para Tribunais Superiores. #